5-A promessa do Pai

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INTRODUÇÃO: O ESPÍRITO DO MINISTÉRIO DE SEMINÁRIO DE VIDA NO ESPÍRITO SANTO O Senhor Deus, na sua infinita misericórdia, quis realizar uma obra nova no meio do seu povo, renovando a face da terra através de uma nova efusão do Seu Espírito. Ele derramou sobre Sua Igreja uma graça especial, que nós chamamos de Renovação Carismática Católica, como cumprimento de uma promessa, como resposta da súplica da própria Igreja. O Espírito Santo é a alma da Igreja. É o motor da Igreja para que ela corresponda aos desafios próprios deste tempo. Deus vai utilizando formas para que a Sua graça penetre dentro da Igreja e atinja toda humanidade. Assim como Stª Teresa, São Francisco, os monges, os eremitas e todos os santos e ordens fundadas são meios que o Senhor se utiliza para penetrar a Sua graça na Igreja e em cada homem, a RCC também é uma graça com características e meios próprios que Deus utiliza para penetrá-la na Igreja e no mundo. Todos nós que tivemos essa nova experiência do batismo no Espírito Santo somos portadores desta graça para comunicá-la a Igreja e ao mundo. E o Seminário de Vida no Espírito Santo é um dos canais para que possamos comunicar esta graça . Tudo devemos fazer para preservá-la. Devemos ter um zelo especial por ela, procurar vivê-la da melhor forma para poder comunicá-la de forma fiel, sem deformá-la, sem abafá-la, sem minimizá-la. “Nós existimos como Shalom para levar esta graça para a Igreja e toda humanidade. Precisamos conhecê-la mais. Ser fiel a ela é ser fiel a nossa vocação. Deformá-la é deformar também a nossa vocação. A dimensão carismática é parte essencial da nossa vocação e faz parte da nossa missão. Se colocarmos isto de lado, nós estaremos sendo inúteis para a Igreja...Na hora que isto não for importante para nós estamos preparados para morrer porque seremos inúteis para a Igreja. Somos zeladores e comunicadores desta graça... Acolher, animar e comunicar esta graça deve ser a nossa atitude. É nossa responsabilidade acolher e viver bem esta graça. Deus nos está dando e precisamos acolhê-la e vivê-la com qualidade, com profundidade. Viver isto no meio da Igreja é a nossa missão e a Igreja reconhece esta graça em nós, por isto ela precisa ser bem acolhida, bem trabalhada e bem comunicada. Ela é muito especial, ela é uma graça com “G” maiúsculo. Todos nós somos responsáveis de vivê-la com qualidade e fazê-la multiplicar. Devemos ter um zelo especial para vivermos esta graça, o batismo no Espírito Santo, o exercício dos carismas do Espírito Santo.” ( Parte da palestra do Moysés no retiro comunitário da Comunidade de Aliança em maio/96). Todas as nossas ações devem estar impregnadas desta graça, porque todas as ações acontecem em vista deste desígnio de Deus, de cumprir este desígnio de Deus. Reter esta graça é como reter uma grande fonte num dique. O desígnio de Deus pode ser frustado. Todos nós precisamos estar atentos para não frustarmos o desígnio de Deus. Deus nos constituiu para esta missão. Comunicar esta graça deve ser a nossa prioridade, tudo o mais passa para segundo plano. Devemos estar mobilizados para isto. O mundo está passando por transformações violentas a nível social, econômico, cultural e Deus nos convocou para comunicarmos esta graça. Precisamos tudo fazer em vista do cumprimento deste desígnio de Deus. A Graça do Espírito Santo é para toda a Igreja e toda a humanidade, não é apenas para um grupo de privilegiados, os místicos, mas de todos os batizados.

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Conteúdo da pregação "A promessa do Pai"do seminário de vida no Espírito Santo.

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INTRODUÇÃO: O ESPÍRITO DO MINISTÉRIO DE SEMINÁRIO DE VIDA NO ESPÍRITO SANTO

O Senhor Deus, na sua infinita misericórdia, quis realizar uma obra nova no meio do seu povo, renovando a face da terra através de uma nova efusão do Seu Espírito. Ele derramou sobre Sua Igreja uma graça especial, que nós chamamos de Renovação Carismática Católica, como cumprimento de uma promessa, como resposta da súplica da própria Igreja. O Espírito Santo é a alma da Igreja. É o motor da Igreja para que ela corresponda aos desafios próprios deste tempo.

Deus vai utilizando formas para que a Sua graça penetre dentro da Igreja e atinja toda humanidade. Assim como Stª Teresa, São Francisco, os monges, os eremitas e todos os santos e ordens fundadas são meios que o Senhor se utiliza para penetrar a Sua graça na Igreja e em cada homem, a RCC também é uma graça com características e meios próprios que Deus utiliza para penetrá-la na Igreja e no mundo.

Todos nós que tivemos essa nova experiência do batismo no Espírito Santo somos portadores desta graça para comunicá-la a Igreja e ao mundo. E o Seminário de Vida no Espírito Santo é um dos canais para que possamos comunicar esta graça. Tudo devemos fazer para preservá-la. Devemos ter um zelo especial por ela, procurar vivê-la da melhor forma para poder comunicá-la de forma fiel, sem deformá-la, sem abafá-la, sem minimizá-la. “Nós existimos como Shalom para levar esta graça para a Igreja e toda humanidade. Precisamos conhecê-la mais. Ser fiel a ela é ser fiel a nossa vocação. Deformá-la é deformar também a nossa vocação. A dimensão carismática é parte essencial da nossa vocação e faz parte da nossa missão. Se colocarmos isto de lado, nós estaremos sendo inúteis para a Igreja...Na hora que isto não for importante para nós estamos preparados para morrer porque seremos inúteis para a Igreja. Somos zeladores e comunicadores desta graça... Acolher, animar e comunicar esta graça deve ser a nossa atitude. É nossa responsabilidade acolher e viver bem esta graça. Deus nos está dando e precisamos acolhê-la e vivê-la com qualidade, com profundidade. Viver isto no meio da Igreja é a nossa missão e a Igreja reconhece esta graça em nós, por isto ela precisa ser bem acolhida, bem trabalhada e bem comunicada. Ela é muito especial, ela é uma graça com “G” maiúsculo. Todos nós somos responsáveis de vivê-la com qualidade e fazê-la multiplicar. Devemos ter um zelo especial para vivermos esta graça, o batismo no Espírito Santo, o exercício dos carismas do Espírito Santo.” ( Parte da palestra do Moysés no retiro comunitário da Comunidade de Aliança em maio/96).

Todas as nossas ações devem estar impregnadas desta graça, porque todas as ações acontecem em vista deste desígnio de Deus, de cumprir este desígnio de Deus. Reter esta graça é como reter uma grande fonte num dique. O desígnio de Deus pode ser frustado. Todos nós precisamos estar atentos para não frustarmos o desígnio de Deus. Deus nos constituiu para esta missão. Comunicar esta graça deve ser a nossa prioridade, tudo o mais passa para segundo plano. Devemos estar mobilizados para isto. O mundo está passando por transformações violentas a nível social, econômico, cultural e Deus nos convocou para comunicarmos esta graça. Precisamos tudo fazer em vista do cumprimento deste desígnio de Deus. A Graça do Espírito Santo é para toda a Igreja e toda a humanidade, não é apenas para um grupo de privilegiados, os místicos, mas de todos os batizados.

Nós recebemos uma graça específica: a partir de uma experiência do batismo no Espírito Santo. “O Santo Papa Paulo VI dirigiu aos dez mil participantes reunidos na Basílica de São Pedro ( no dia imediato de Pentecostes de 1975, por ocasião do encerramento do Congresso Mundial da Renovação Carismática na Igreja Católica) um discurso que continua sendo até agora, para a Renovação, o documento mais importante para conhecer o que a hierarquia da Igreja pensa e espera da Renovação. Tendo acabado de ler o discurso oficial, o Papa acrescentou, de improviso, estas palavras: Bebamos com alegria a sóbria embriaguez do Espírito” ( A Poderosa Unção do Espírito Santo, pág. 09, Raniero Cantalamessa, Editora Raboni, Campinas/SP).

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Esta experiência da sóbria embriaguez do Espírito realiza no homem uma purificação dos pecados, um novo fervor para o coração, um entusiasmo espiritual, como que um vulcão aceso e uma elevação da sua mente a um conhecimento especial de Deus, uma certa experiência direta de Deus, que “o leva a um estado no qual o homem se sente possuído e conduzido por Deus; porém um estado que, em vez de nos alienar, dissuadindo-nos do envolvimento com os irmãos, conduz-nos a esse dever, exigindo-o e freqüentemente tornando-o mais fácil e glorioso... um entusiasmo, mas um entusiasmo baseado na cruz e que se alimenta da cruz” ( A Poderosa Unção do Espírito Santo, págs. 15 e 16).

Todos estes fatos nos levam a afirmar que estamos diante de uma vontade e de um pedido exato de Deus, por isto os Seminários de Vida no Espírito Santo devem ser momentos cheios desta experiência concreta de Deus, deste encontro pessoal com Jesus Cristo que transforma, muda, como que divide a nossa vida no meio, que derrama sobre nós o Seu poder, o Seu amor. É um encontro com Jesus Cristo Ressuscitado que traz as marcas da paixão como nos descreve o evangelho de São João no capítulo 20,19-29. É o encontro também com a cruz de Cristo na perspectiva da ressurreição que interpela aquele que encontra. Esta experiência com Jesus é ver Jesus. Não se pode mais negar a Sua ação em nossas vidas. Iniciou-se todo um relacionamento com este Ressuscitado, com Jesus vivo, real. Não é uma idéia, um pensamento, uma doutrina, um relacionamento impessoal, mas sim pessoal, é conhecer Jesus em pessoa. Somos apresentados pessoalmente a Jesus. Ele toca a nossa alma, o nosso coração, o nosso corpo, todo o nosso ser.

Desta experiência brota a intimidade com Jesus. O “eu” e o “Tu”, que nós falamos e somos ouvidos, que nós olhamos e somos olhados , que nós amamos e somos amados. É uma experiência com alguém que nos dá a paz, que nos dá o Seu Espírito e assim a intimidade com Ele começa a se desenvolver. Este encontro íntimo tem o poder de gerar muitos outros encontros, será preciso apenas que nós favoreçamos estes encontros novos. É preciso que esta intimidade seja reavivada contínuamente em nossas vidas. Precisamos alimentar contínuamente a intimidade com Deus, o amor esponsal, a comunhão que nos foi dada neste primeiro encontro.

A partir desta experiência passamos para a segunda etapa desta graça que é testemunhar, anunciar Jesus Cristo para todos aqueles que ainda não tiveram esta experiência com Ele: “Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio. Tendo assim falado, soprou sobre eles e lhes disse: Recebei o Espírito Santo” ( Jo 20, 21-22). A partir da graça recebida, do contato íntimo com Jesus que produz muitas outras graças, nós somos impulsionados a sermos suas autênticas testemunhas, a anunciá-lo para todos os outros que ainda não O conhecem. Somos chamados a ser testemunhas concretas que Deus cura, liberta, transforma a vida dos homens, porque aconteceu em nossas vidas : “Não podemos deixar de falar das coisas que temos visto e ouvido” ( At 4,20)... “O que era desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com nossos próprios olhos, o que temos contemplado e as nossas mãos têm apalpado no tocante ao Verbo da vida - porque a vida se manifestou, e nós a temos visto: damos testemunho e vos anunciamos a vida eterna, que estava no Pai e que se nos manifestou -, o que vimos e ouvimos nós vos anunciamos, para que também vós tenhais comunhão conosco. Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho Jesus Cristo” ( I Jo 1,1-3).

O Seminário de Vida no Espírito Santo é um dos meios eficazes para que possamos comunicar esta graça da experiência pessoal com Jesus Cristo, por isso mesmo deve ser ministrado com todo o fervor, com todo o poder do Espírito, com a manifestação dos seus carismas. Devemos anunciar Jesus Cristo com todo entusiasmo capaz de fazer com que as pessoas que nos escutam sintam-se atraídas por Ele, tenham uma experiência com a Sua salvação, a salvação cristã, que antes de tudo “não é apenas algo de negativo, um “tirar”, ainda que seja o pecado. É sobretudo algo de positivo: é um “dar”, um infundir vida nova, vida do Espírito : “Ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo” ( Mt 3,11). É um renascimento. A destruição do pecado surge como o caminho e a condição para a doação do Espírito, que é o objetivo último, a doação suprema” (Preparai os Caminhos do Senhor, pág.91, Raniero Cantalamessa, Edições Loyola, São Paulo, Brasil, 1997).

Por esta razão, no Seminário de Vida no Espírito Santo, devemos conscientizar a respeito do pecado, mas nesta perspectiva de condição para a doação do Espírito e não de aprofundar a teologia sobre o pecado. Neste primeiro momento, neste primeiro

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encontro devemos falar mais do amor de Deus, da Sua salvação, do Seu perdão, da Sua ação concreta no mundo, na vida dos homens, devemos proclamar a Boa Nova de Deus que nos salva gratuitamente, pela graça, mediante a fé no Evangelho, para que eles se sintam atraídos a Deus por amor e não por temor. “Inverter essa ordem e pôr as doutrinas e as obrigações do Evangelho na frente da descoberta de Jesus seria como pôr os vagões de um trem adiante da locomotiva que deve puxá-los. A pessoa de Jesus é aquilo que abre caminho no coração à aceitação de tudo o mais. Quem conheceu uma vez Jesus vivo não precisa de outro impulso; é ele mesmo quem arde de desejo de conhecer seu pensamento, sua vontade, sua palavra” (Ungidos pelo Espírito, pág. 80, Raniero Cantalamessa, Edições Loyola). Além de tudo isto, esse primeiro anúncio deve ser também recheado dos dons carismáticos. Não podemos ter medo de exercitá-los, pelo contrário, esses dons devem fluir livre e eficazmente para que este anúncio seja cheio da ação e do poder do Espírito Santo.

O Espírito Santo é a alma de todo anúncio e de toda evangelização. Omitir, deixar de ensinar, não incentivar a ação carismática do Espírito é deixar o anúncio incompleto, é ferir a vontade de Deus, é diminuir os canais da ação de Deus no meio do seu povo: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado. Estes milagres acompanharão os que crerem...” ( Mc 16,15-18). Os homens não querem apenas ouvir vozes que falem de Deus, mas ouvir a voz de Deus através de nossas palavras. O Espírito Santo deve passar sem obstáculo por meio de nossas palavras.

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QUINTA PALESTRA: A PROMESSA DO PAI

1. A GRAÇA DE DEUS NOS IMPULSIONA A VIVER O EVANGELHO:

Nós vimos que é necessário aceitarmos Jesus como Senhor de nossas vidas e que, aceitar Jesus como Senhor de nossas vidas é vivermos a vida segundo a mentalidade do Evangelho. Porém freqüentemente temos a tendência de nos acostumarmos com certos tipos de comportamento que vão se tornando hábito para nós. Quando Jesus entra em nossas vidas Ele “desarruma a nossa casa” de muitas formas. Lutamos muito para mudar certos hábitos que temos, mas parece que quanto mais tentamos, mais difícil fica de superar certas dificuldades. Nessas horas acontece que muitas pessoas querem desistir de caminhar com Jesus, porque não têm forças para cumprir com toda a mentalidade do Evangelho.

Jesus conhece o nosso coração e sabe de que somos feitos. Ele sabe que somos fracos, pecadores e sabe também que somente com nossas forças jamais conseguiríamos viver nem sequer uma linha do Evangelho. A conversão de nossas vidas não vem na frente da salvação operada por Cristo para nós. A conversão é fruto da salvação. A ordem nova trazida por Cristo é pecado-salvação-conversão. Em primeiro lugar está o “dom” de Deus, está a obra de Deus e depois a resposta do homem, não vice-versa. Não são os homens que de repente mudaram de vida, de mentalidade, de hábitos, começando a fazer o bem, mas é Deus quem agiu na vida do homem através da sua salvação, dada de forma gratuita e, a partir daí o homem pode realizar as boas obras que Deus tem preparado para ele.

Diante das exigências do Evangelho nos sentimos muitas vezes desanimados porque elas parecem muito maiores do que nós, no entanto a Boa Nova do Evangelho é vivenciada por Graça de Deus, pelo Dom de Deus e não pelas nossas forças somente. Tudo o que Deus nos pede para viver ele nos deu antes a graça de viver, por isto o Evangelho não é algo impossível de ser vivido, não é um peso colocado sobre os ombros dos homens, mas Deus nos dá a graça de viver suas exigências, a vida elevada que ele tem preparado para nós. Por isto todas as situações de nossas vidas podem ser mudadas, por mais difíceis que elas sejam, podemos vencer os pecados mais graves das nossas vidas porque todas estas coisas não são vencidas somente por nossas próprias forças, mas juntamente com a graça de Deus.

O que é preciso fazer da nossa parte é acolher a Boa Nova de Deus como uma criança e acolher a Boa Nova do Evangelho como uma criança é acolhê-la como uma graça, como um dom, não como algo conquistado apenas pelas nossas próprias forças . As crianças reconhecem que tudo o que precisam não podem conseguir sozinhas, então elas pedem aos pais as coisas de que precisam, porque sabem que são amadas por eles, sabem que são seus filhos, que são herdeiras de tudo. Desta forma a idéia de recompensa, de mérito, de mortificação, de renúncia, de vivência das virtudes é colocada no seu devido lugar porque todas estas coisas são vividas não para conquistarem a salvação, pelo contrário, são vividas por causa da salvação de Jesus. Nós podemos fazer as boas obras do Evangelho porque fomos salvos e não para alcançarmos a salvação.

Esse novo modo de viver é-nos dado por graça, é “como as moedinhas que um pai põe, às escondidas, no bolso do filho, a fim de que possa comprar-lhe um presentinho na festa do papai” ( Ungidos pelo Espírito, pág. 66, Raniero Cantalamessa, Edições Loyola, São Paulo, Brasil).

Portanto, a conquista do Evangelho pelo homem, a sua libertação espiritual, não depende do seu esforço, não provém dos seus próprios meios e forças, mas do “poder de Deus”, da graça de Deus.

A salvação não pode ser conquistada “para além da fé”, “para além de Cristo”. Nós não podemos traçar uma via de salvação para nos libertarmos das nossas dores, dos nossos pecados, dos nossos problemas. Jesus não só nos deu o exemplo, mas deu-nos, além do exemplo, a capacidade de seguir o seu exemplo.

“O Evangelho cristão é o ‘Evangelho da graça’ ( At 14,3). Ai de nós se nos esquecermos! No cristianismo, a primeira coisa não é o dever, mas o dom. ‘Amar a Deus de todo o coração’ é o primeiro mandamento; sim, mas não é a primeira coisa,

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porque antes do primeiro mandamento está o dom: ‘Nós o amamos porque ele nos amou primeiro” ( I Jo 4,19)( Ungidos pelo Espírito, pág. 69, Raniero Cantalamessa, Edições Loyola, São Paulo, Brasil, 1996).

As boas obras são muito importantes, mas elas são frutos da ação da graça de Deus em nossas vidas: “Não nos salvamos pelas boas obras, mas da mesma maneira não nos salvamos sem as boas obras” (Concílio de Trento).

2. O ESPÍRITO SANTO, A PROMESSA DO PAI:

O segredo dessa vida nova se encontra no Espírito Santo, aquele que o Pai prometeu que derramaria sobre as nossas vidas. É Ele a lei nova que dá a vida ( Rm 8,2). O Espírito é a graça operante em nós e conosco. O próprio Jesus chama inicialmente o Espírito Santo de “A PROMESSA DO PAI”, pois esta promessa era um compromisso de Deus com os homens, por meio de Jesus Cristo. O envio do Espírito Santo é o cumprimento do que Deus havia prometido pelos Profetas no Antigo Testamento ( Lc 24, 49).

Tome Ez 11,19-20. Nesta passagem o Senhor fala através do profeta que vai fazer uma conversão no nosso coração, trocando o nosso coração de pedra por um coração de carne para que guardemos as suas leis e os seus mandamentos e assim Ele será o nosso Deus e nós seremos o Seu povo.

Com isso concluímos que é impossível observarmos os mandamentos de Deus, guardar as Suas leis e praticá-las, se não tivermos este coração novo e este Espírito Novo que o Pai nos promete por meio de Seu Filho Jesus.

No livro dos Atos dos Apóstolos encontramos o cumprimento real desta promessa do Pai e o seu crescimento. Tome At 1,7-8: Jesus diz aos Apóstolos que eles seriam suas testemunhas e que, para isto enviaria o Espírito Santo de Deus, que é a própria graça de Deus, a força do alto. Essa graça de Deus, a força do alto vem sobre nós através do Espírito Santo. O peso de Jesus é leve porque ele carrega conosco através do Seu Espírito Santo. É esta a promessa do Pai: O Espírito Santo.

O coração do homem, contaminado pelo pecado, mas salvo por Jesus, anseia viver uma vida agradável a Deus, mas isto é impossível se o Espírito Santo não intervir para fazer a renovação interior deste coração. Só o Espírito Santo poderá renová-lo e transformá-lo.

No Evangelho Jesus propõe uma nova mentalidade, uma mudança de coração, e nos promete o Espírito Santo para nos capacitar a vivê-la. É o Espírito Santo que nos leva a conhecer Jesus e faz com que Jesus viva em nós. É o Espírito Santo que nos transforma, fazendo-nos amar a Deus, viver Sua Palavra e ter Jesus como único Senhor. O Espírito Santo é aquele que nos dá a vida verdadeira, por isto Ele nos faz novas criaturas.

Em Jo 14,16, o Espírito Santo é chamado de Paráclito, Jesus o chama de “um outro Paráclito” e isto dá a entender que já existe um Paráclito, que é Ele próprio, e o Espírito será um outro que virá.

A palavra Paráclito significa “advogado” ou, literalmente, “aquele que segura a outra ponta”, ou ainda “aquele que é chamado para estar ao lado de”. O Espírito Santo, Paráclito, é aquele que nos consola, advoga nossas causas e as causas de Deus em nossos corações, nos fortalece, nos reanima...

A conversão que acontece em nosso coração é fruto de uma ação conjunta do Espírito Santo com toda a Sua força e poder, e a pessoa sobre quem Ele age fazendo essa ação transformadora, como São Paulo evidencia tão claramente relatando a nossa situação de pecado e a obra de santificação, de justificação realizada em nome do Senhor Jesus e pelo Espírito Santo, em I Cor 6,9-11. Que Palavra Consoladora! Que Espírito Consolador!

Se vivemos alguma situação de pecado, como as que São Paulo enumera nesta carta, que nos tornam impuros, idólatras, adúlteros, homossexuais, ladrões, avarentos, bêbados, difamadores e salteadores, saibamos que Jesus já nos salvou de toda impureza e que o Espírito Santo já veio para selar esta obra redentora de Jesus no mundo e em cada um de nós.

“Não sabeis que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?” ( I Cor 3,16): Quando nós somos batizados somos “mergulhados” no sangue redentor de Cristo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Neste momento, o Espírito Santo

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passa a habitar em nossas almas. Tornamo-nos filhos de Deus, que passa a morar em nós por meio do Espírito Santo.

Este Espírito que nos lava e santifica, começa então a agir em nós e a esculpir em nossas almas a mais importante e bela de Suas obras: A OBRA DE SANTIFICAÇÃO. Deus nos deseja santos e quem nos santifica é o Seu Espírito, que age em nós purificando e fortalecendo a fé, esperança e caridade.

3. OS DONS INFUSOS:

Chamamos a ação do Espírito Santo em nós de DONS DO ESPÍRITO SANTO. Estes dons são presentes que, pela ação do Espírito, Deus nos dá para nossa santificação e o serviço dos irmãos. Em Is 11,2, a Bíblia nos fala da ação do Espírito em nós, desde o nosso batismo, para a nossa santificação. É o que chamamos de DONS INFUSOS ou DONS DE SANTIFICAÇÃO. Os sete dons de santificação, os “instrumentos de ação” do Espírito Santo em nós para educar nossas almas e nos santificar são: Temor de Deus, Sabedoria, Ciência, Entendimento, Prudência ou Conselho, Fortaleza ou Coragem e Piedade.

“Certamente tu lhe pedirias e ele te daria uma água viva” ( Jo 4,10): Jesus disse esta frase a mulher samaritana, à beira de um poço, de onde os judeus haviam tirado água por muitos séculos. Ele está oferecendo à mulher samaritana uma água nova , diferente, que viria brotar de seu coração e levá-la a Deus.

Esta mesma água, que é o Espírito Santo, Deus oferece a cada um de nós hoje. Como nós somos batizados e já temos em nós o Espírito de Deus, Ele faz a nós o convite de nos deixarmos mudar pelo Espírito, a deixar que o Espírito opere em nós com Seus dons de santificação.

4. ORAÇÃO DE CURA INTERIOR:

Todos nós recebemos estes dons de santificação em nosso batismo. Eles deveriam agir em nós livremente e nos levar assim a uma vida santa e bem centrada na vontade de Deus. Porém, nosso pecado ainda não confessado, as marcas ou feridas de nosso passado, nossa possível passagem por seitas e doutrinas falsas ou a leitura de seus livros, seja por nossa parte, seja por parte de nossos pais, cônjuge, filhos, não nos deixam livres, abertos para receber com alegria e colaborar com a graça de Deus e os dons e frutos do Espírito Santo, porque podem ter colocado pedras sobre este “poço de água viva” que é o nosso coração de batizado. Assim, a água viva flui, mas flui em filete, enquanto que o desejo de Deus é que ela flua como em uma cachoeira.

Quando o Espírito Santo começa a agir em nossas vidas começam a surgir os frutos de Sua Vida Divina em nós que são: Alegria, Caridade, Paz, Paciência, Afabilidade, Bondade, Fidelidade, Brandura, Temperança ( Gal 5,22-23).

Para vivermos a vida de Deus em nós, para vivermos “no Espírito” é imprescindível a oração para pedirmos a Deus que vá passando em nossas vidas desde o momento em que fomos gerados no seio de nossa mãe e vá, com o poder do Sangue de Jesus, retirando o que entrava, purificando o que mancha, curando o que está enfermo.

O pregador ou alguém do ministério de cura, após a palestra, deve fazer uma oração de cura interior.

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1. PRIMEIRA PALESTRA: O AMOR DE DEUS

OBJETIVO: Apresentar Deus como Pai amoroso e Levar as pessoas a uma experiência pessoal do amor de Deus.

2. SEGUNDA PALESTRA: PECADO E SALVAÇÃO

OBJETIVO: Levar as pessoas a serem convencidas ( não acusadas) sobre o pecado e que por isto mesmo necessitam de salvação, porque nenhum homem pode, sem a salvação de Jesus, vencer o pecado, que é a causa de todos os males.

3. TERCEIRA PALESTRA: O SENHORIO DE JESUS

OBJETIVO: Levar os fiéis a terem uma resposta de gratidão e coerência ao compreender a enorme graça do amor de Deus e da Salvação.

4. QUARTA PALESTRA: SERÁS INTEIRAMENTE DO SENHOR TEU DEUS

OBJETIVO: Levar as pessoas a darem uma resposta de fidelidade a Jesus e a sua Igreja, rechaçando toda falsa doutrina, superstição ou idolatria. Ministrar a oração de Renúncia.

5. QUINTA PALESTRA: A PROMESSA DO PAIOBJETIVO: Apresentar a Pessoa do Espírito Santo como Dom do Pai e do Filho para cada um de nós, Levar cada um a reconhecer que a sede que tem é uma sede de Amor que só o Espírito Santo pode saciar.

6. SEXTA PALESTRA: BATISMO NO ESPÍRITO SANTOOBJETIVO: Explicar o que é a experiência do Batismo no Espírito Santo, preparar e ministrar a oração clamando a Efusão do Espírito Santo.

7. SÉTIMA PALESTRA: PARA CRESCER NA GRAÇA

OBJETIVO: Levar os fiéis a deixar crescer a intimidade com Deus e a vida divina em suas vidas. Mostrar a importância de perseverar na vida comunitária em um grupo de oração.