5. Moeda e Política Monetária - fep.up.pt aulas 2011-12/CAP5... · Em teoria, o Banco Central...

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5. Moeda e Política Monetária 5. Moeda e Política Monetária 5.1. Introdução 5.2. Oferta de Moeda 5.3. Procura de Moeda 5.4. Equilíbrio de curto Prazo no Mercado Monetário Burda & Wyplosz, 5ª Edição, Capítulo 9 Nota: A secção 5.2. é muito abreviada, porque é matéria a aprofundar na unidade curricular da especialidade, Economia Monetária 1E304. Em consequência, as secções 9.4 e 9.5 do manual não são alvo de avaliação (com excepção da subsecção 9.4.3.). 1

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5. Moeda e Política Monetária

5. Moeda e Política Monetária

5.1. Introdução

5.2. Oferta de Moeda

5.3. Procura de Moeda

5.4. Equilíbrio de curto Prazo no Mercado Monetário

Burda & Wyplosz, 5ª Edição, Capítulo 9

Nota: A secção 5.2. é muito abreviada, porque é matéria a aprofundar na unidade curricular da especialidade, Economia Monetária 1E304.

Em consequência, as secções 9.4 e 9.5 do manual não são alvo de avaliação (com excepção da subsecção 9.4.3.).

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5. Moeda e Política Monetária

5.1. Introdução

Em cada momento, os agentes económicos têm a sua riqueza aplicada num portfolio:

o Ativos reais (e.g. casas, terrenos, joias,…), e

o Ativos financeiros (ações, obrigações, depósitos, notas,…).

A Moeda é a parte dos ativos financeiros que se caracteriza por:

(i) Liquidez – capacidade para realizar transações e liquidar dívidas, imediatamente e sem custos de transação;

(ii) Aceitação universal – circulação obrigatória numa nação.

A Moeda cumpre 3 funções:

1. Meio de pagamento – capacidade para concretizar pagamentos;

2. Unidade de medida – capacidade para exprimir o valor de mercado de bens, serviços e ativos numa unidade comum (preço: valor monetário);

3. Reserva de valor – capacidade para armazenar valores para compras futuras.

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5. Moeda e Política Monetária

5.1. Introdução

A Moeda é Responsabilidade [passivo] do setor monetário da economia –

Banco Central e bancos

Disponibilidade [ativo] do setor não monetário da economia –

Famílias, Empresas não Financeiras Monetárias, Estado (o Público)

A Moeda é Criada [oferecida] pelo setor monetário da economia – Banco

Central e bancos

Detida [procurada] pelo setor não monetário da economia –

Famílias, Empresas não Financeiras Monetárias (o público)

Nota: Dado que, no concreto, muitos ativos financeiros são facilmente substituíveis (convertíveis) na cadeia de liquidez e que a natureza dos ativos financeiros, das transações e dos meios de pagamento evolui ao longo do tempo, não é sempre claro quais os ativos financeiros que têm um grau de liquidez suficiente para serem classificados como Moeda.

Daí que os Bancos Centrais calculem vários agregados monetários

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5.2. Oferta de Moeda

Setor Monetário da Economia:

Base Monetária

Massa Monetária

MM: Moeda detida pelo setor não monetário, que influencia diretamente a evolução económica agregada

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Banco Central (BC)

Ativos de reserva

Circulação monetária

Crédito a bancos

Depósitos de bancos

Títulos Depósitos do Estado

Situação líquida

Bancos

Moeda nos cofres e

Depósitos no BC

Crédito do BC

Títulos Depósitos do setor

não monetário

Crédito ao setor não monetário

Situação líquida

Setor Monetário (BC + bancos)

Ativos de reserva

Circulação Monetária

Títulos Depósitos do setor

não monetário

Crédito ao setor não monetário

Situação líquida

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5. Moeda e Política Monetária

5.2. Oferta de Moeda

Emissão de BM: o BC tem o monopólio da emissão primária

Notas e Moedas detidas pelo setor não monetário (Circulação)

Depósitos por prazos muito curtos dos bancos no BC (Reservas)

A criação de BM pode assentar na troca de ativos de reserva por BM, na concessão de crédito pelo BC a bancos ou na compra de títulos pelo BC.

De especial importância é a criação de BM por crédito do BC a bancos, que ocorre no mercado interbancário.

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Banco Central (BC)

Ativos de reserva

Circulação monetária

Crédito a bancos

Depósitos de bancos

Títulos Depósitos do Estado

Situação líquida

Bancos

Moeda nos cofres e

Depósitos no BC

Crédito do BC

Títulos Depósitos do setor

não monetário

Crédito ao setor não monetário

Situação líquida

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5.2. Oferta de Moeda

Mercado interbancário: mercado de reservas bancárias.

i. Os bancos transacionam Reservas entre si, por prazos curtos (overnight, 1 semana,… até 1 ano).

ii. O BC tem instrumentos de controlo por forma a guiar a quantidade e o preço de transação (taxa de juro) das Reservas bancárias no sistema monetário.

Controlo Monetário e Política

Monetária: com base em

instrumentos de quantidade ou de taxa de juro, o BC faz controlo (indireto) das condições de financiamento da Economia

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Banco Central (BC)

Ativos de reserva

Circulação monetária

Crédito a bancos

Depósitos de bancos

Títulos Depósitos do Estado

Situação líquida

Bancos

Moeda nos cofres e

Depósitos no BC

Crédito do BC

Títulos Depósitos do setor

não monetário

Crédito ao setor não monetário

Situação líquida

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5.2. Oferta de Moeda

Financiamento dos bancos: crédito do BC + Depósitos do setor não monetário

i. Nos sistemas monetários contemporâneos, os bancos são obrigados a reter uma pequena parte dos depósitos recolhidos sob a forma de reservas mínimas obrigatórias. As restantes reservas estão livres para concederem crédito.

ii. Negócio bancário: • Transformação de maturidades: passivos de curto prazo ativos de

médio/longo prazo; • Assumção dos respetivos riscos (com implicações de vária ordem: regulação, supervisão, crises bancárias)

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Banco Central (BC)

Ativos de reserva

Circulação monetária

Crédito a bancos

Depósitos de bancos

Títulos Depósitos do Estado

Situação líquida

Bancos

Moeda nos cofres e

Depósitos no BC

Crédito do BC

Títulos Depósitos do setor

não monetário

Crédito ao setor não monetário

Situação líquida

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5. Moeda e Política Monetária

5.2. Oferta de Moeda

O processo de criação de moeda pelos bancos através do crédito: multiplicador monetário

Exemplo: suponha-se um sistema com uma taxa de reserva legal mínima rr = 10%.

• Se um banco comercial recebe um depósito no valor de 1000, é obrigado a imobilizar 0.1×1000=100 como reserva mínima, depositada no BC; pode,

contudo, emprestar os restantes 900 a um agente do setor não monetário que procure crédito; dando crédito, constitui um saldo em nome desse cliente por esse valor.

• Esse cliente usará esse saldo bancário de 900 para fazer pagamentos; recebidos por terceiros, serão depositados nas respetivas contas bancárias, num banco comercial.

• Estes bancos terão de imobilizar 0.1×900=90 a título de reserva legal, depositada

no BC; mas estarão disponíveis para conceder um valor de crédito igual a 900-90=810.

E assim sucessivamente...

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5. Moeda e Política Monetária

5.2. Oferta de Moeda

i. No limite, cada unidade de depósito nos bancos (cuja criação última é feita pelo BC) pode original d unidades de depósitos totais nos bancos (e, portanto, d

unidades de M):

No exemplo, em que rr = 10%, o multiplicador dos depósitos seria m = 1/0.1 = 10

ii. Pressupostos deste multiplicador monetário (simplificado):

1. Existe uma única fuga ao processo: reservas legais;

2. Há procura de crédito pelo Público até à exaustão das Reservas excedentárias.

N a realidade, existem outras fugas: o público deseja deter uma parte dos seus ativos líquidos sob a forma de Circulação, em vez de depósitos; os bancos desejam deter algumas reservas para além das legais mínimas. Por isso, o multiplicador monetário é, de facto, menor do que 1/rr.

iii. Para nós interessa reter que, grosso modo, M=m×BM

9

0 1 2 3 4

1 1 1 1 1 ...d rr rr rr rr rr

0

1 1lim 1

1 1

n i

n irr

rr rr

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5.2. Oferta de Moeda

Mercados de Liquidez: Há então 2 mercados e 2 Procuras/Ofertas

Mercado Interbancário Bancos procuram Reservas (BM) entre si e junto do BC; o BC oferece Reservas (BM). A quantidade e a taxa de juro do mercado interbancário são guiadas pelas intervenções do BC.

Mercado Monetário Setor não monetário procura liquidez via crédito, junto dos bancos. Estes oferecem crédito; a quantidade e a taxa de juro dessa oferta são, por sua vez, função das condições em que obtiveram fundos no mercado interbancário.

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Bancos

Moeda nos cofres e

Depósitos no BC

Crédito do BC

Títulos Depósitos do setor

não monetário

Crédito ao setor não monetário

Situação líquida

Setor Monetário (BC + bancos)

Ativos de reserva

Circulação Monetária

Títulos Depósitos do setor

não monetário

Crédito ao setor não monetário

Situação líquida

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A procura de Moeda (M) pelo Setor não Monetário implica uma procura (derivada) de Reservas (BM) pelos bancos: Mercado Interbancário Mercado Monetário

Dreservas

BM

Taxa d

e juro

5. Moeda e Política Monetária

5.2. Oferta de Moeda

Dmoeda

Taxa d

e juro

M

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Se o Setor não Monetário desejar deter mais M, para cada nível de taxa de juro, então a função procura de Reservas (BM) pelos bancos deslocar-se-ia para a direita: Mercado Interbancário Mercado Monetário

Dreservas

BM

Taxa d

e juro

5. Moeda e Política Monetária

5.2. Oferta de Moeda

Taxa d

e juro

M

†Dreservas

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D

moeda

†Dmoeda

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Instrumentos de quantidade vs. Instrumentos de taxa de juro

Em teoria, o Banco Central pode (i) escolher a quantidade de reservas e de BM criada (sendo a taxa de juro interbancária determinada pela procura) ou (ii) escolher a taxa de juro interbancária (sendo a quantidade de BM determinada pela procura).

BC escolhe r interbancária BC escolhe quantidade BM

≠ Dreservas

BM

Taxa d

e juro

5. Moeda e Política Monetária

5.2. Oferta de Moeda

Dreservas

Taxa d

e juro

BM

†Dreservas

†Dreservas

SBM S†BM SBM

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Relação entre objetivos e instrumentos de politica monetária

i. Uma forma simples de sintetizar a forma como os BCs operam na realidade é a Regra de Taylor:

ii. O BC intervem no mercado interbancário de forma a obter uma taxa de juro (instrumento) que influencie os objetivos; que, no caso da regra de Taylor, são

•Estabilizar a taxa de inflação próxima dum objetivo;

•Estabilizar o PIB real próximo do PIB real Natural;

iii. Note-se que o instrumento deverá corresponder a uma taxa de juro natural (função apenas de fatores reais) quando a economia está num output gap nulo e a inflação no objetivo p*.

iv. Política monetária no curto prazo não neutralidade de M no curto prazo.

v. Relação entre M e a macroeconomia no longo prazo Neutralidade da Moeda

5. Moeda e Política Monetária

5.2. Oferta de Moeda

* ln ln Ni i a b Y Yp p

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Em resumo:

o O equilíbrio entre BMS e Dreservas determina a quantidade de BM criada e o seu custo para os bancos.

o A oferta total de M ao setor não monetário pode ser vista como resultante da multiplicação da BM:

M=m×BM

o O equilíbrio no mercado monetário depende da interação entre a Oferta de M (MS) pelo setor monetário e a Procura de Moeda (MD) pelo setor não monetário.

o Há, agora, que estudar os determinantes da Procura de Moeda (MD).

5. Moeda e Política Monetária

5.2. Oferta de Moeda

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5. Moeda e Política Monetária

5.3. Procura de Moeda

Procura de Moeda: stock de moeda que o setor não monetário deseja deter, como

parte da sua riqueza, durante um dado período de tempo, em função dos respetivos determinantes.

Determinantes: benefícios (utilidade) vs. custos (desutilidade) prestados por M.

Utilidade da Moeda:

• Cumprir funções de meio de pagamento, unidade de medida e reserva de valor;

• Liquidez – capacidade para realizar transações de bens e ativos no presente e no futuro (capacidade para reservar valores com disponibilidade imediata no futuro).

• Risco nominal nulo – capacidade para reservar valores com muito reduzido risco.

Desutilidade da Moeda:

• Custo de deter liquidez: Custo de oportunidade pela renúncia a ativos menos

líquidos e de maior risco mas que oferecem retorno superior (taxa de juro).

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5. Moeda e Política Monetária

5.3. Procura de Moeda

A Procura de Moeda como função da taxa de juro nominal (i)

Há uma razão essencial para que

1. A taxa de juro nominal (i) é o custo de oportunidade de se deter uma parte da

riqueza sob a forma de liquidez, i.e. ativos imediatamente disponíveis para fazer pagamentos, sem retorno e sem risco significativo.

Quanto maior i, maior é a rentabilidade perdida pelo facto de se substituir

alguns ativos não líquidos, mais arriscados e rentáveis (e.g. ações, obrigações,…) por ativos líquidos;

Teoria da Carteira: é otimizador que uma parte da carteira de ativos do setor não monetário inclua M, dada a vantagem da diversificação de ativos – incluir na carteira diferentes níveis de risco e retorno.

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DM f i

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5.3. Procura de Moeda

A Procura de Moeda como função do Produto nominal (P.Y)

Há uma razão essencial para que

1. O Produto nominal (P.Y) é o melhor indicador macroeconómico do valor das transações de bens e serviços na Economia – quanto maior P.Y, maior é a

quantidade de M que o Público deseja deter, tudo o resto constante;

M é procurada, nesta perspetiva, pela sua natureza – intrínseca e exclusiva – de ativo líquido, i.e. de ativo cuja utilidade decorre de ter a capacidade para concretizar pagamentos de forma imediata e sem custos.

Formalizando MD num modelo fundamentado microeconomicamente:

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DM .f P Y

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5. Moeda e Política Monetária

5.3. Procura de Moeda

Modelo de Baumol-Tobin

Pressupostos:

• O rendimento (P.Y) é recebido uma vez por período (por ex., no início do período, o mês), mas as despesas ocorrem regularmente ao longo do período.

• O agente gasta (P.Y) por período.

No decurso desse período, o agente pode aplicar o seu rendimento:

- num ativo financeiro não líquido (AFNL), cuja taxa de retorno nominal é i , ou

- em moeda (M), que não tem remuneração, em termos nominais.

- Existe um custo fixo nominal (P.b) por cada operação de conversão entre moeda e o AFNL; considera-se que b é um custo fixo real.

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5. Moeda e Política Monetária

5.3. Procura de Moeda

Escolha:

O agente escolhe a quantidade de moeda que detém, ou implicitamente, o número de vezes (T ) que converte ativos financeiros não líquidos em moeda.

Há uma relação entre o número de transações de conversão de ativos não líquidos em moeda e o stock médio de moeda detido pelo agente no decurso do período, ou seja, a procura de moeda:

Md = quantidade média de moeda, em termos nominais, na posse do agente, durante o período.

Se houver um único levantamento de liquidez para todo o período (T=1), dado que as despesas decorrem a ritmo constante durante o período, então :

Md = P.Y/2

Quanto maior for T, menor é a quantidade média de moeda na posse dos agentes:

20

2 2

d

d

PY PYM T

T M

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5.3. Procura de Moeda

Nota: (em que C é a quantidade de moeda que o agente converte

de cada vez que vai ao banco)

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PY

CT

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5.3. Procura de Moeda

Stock médio ótimo de moeda (Md*): a quantidade de moeda que minimiza os

custos associados à detenção de um certo stock médio de moeda MD.

Custo de oportunidade de deter moeda = i . Md

Custos de conversão de AFNL em M = P . b .T

… igualando a 0 a derivada dos custos em ordem a MD, vem:

o Stock ótimo de moeda:

Nota: tendo em conta que , então

22

min min2

d d

d d

dM M

PYiM PbT iM Pb

M

i

YbPM d

2

2*

T

PYM d

2

b

YiT

2

*

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5.3. Procura de Moeda

Em síntese, segundo o modelo de Baumol-Tobin a procura de moeda é dada por:

A segunda expressão explicita a importante ideia de que as decisões de procurar moeda são tomadas em termos do stock real de M e não do stock nominal.

Agregando, ao nível macroeconómico os determinantes da procura de moeda são:

Preços: P MD

Rendimento real: Y MD

Taxa de juro: i MD

Custos de transação: b MD

Apesar de estritamente dirigido à explicação de MD pelo motivo de transação, o

modelo de Baumol-Tobin engloba os principais determinantes de MD quer pela utilidade (benefícios) de M quer pelos custos de detenção de M. Em particular, estabelece a existência da sensibilidade da procura de moeda à taxa de juro.

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2

2 2

dd bP Y M bY

Mi P i

, , ,DM f P Y i b

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5. Moeda e Política Monetária

5.4. Equilíbrio de curto prazo mercado monetário

Equilíbrio do mercado monetário

o Para um determinado nível de Y, de P

e de b, a função MD é decrescente com i.

o No muito curto prazo, é razoável formular tais pressupostos.

o O equilíbrio do MM corresponde à combinação [i, M] na qual MD = MS.

o O Banco central pode decidir intervir, em termos instrumentais, mais pelo preço (i), ou mais pela quantidade (M).

o Alterações de Y, P ou b, deslocam a função MD e alteram

o equilíbrio de curto prazo do mercado monetário.

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MSi

MSM

MD

Taxa d

e juro

M