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    O MAL QUE

    AMAMOS

    Todo o mal comea em algum lugar, e Simon Lewis aprende como o Crculo liderado por Valentim Morgenstern comeou. A Academia dos Caadoresde Sombras presencia a perigosa ascenso do Crculo. Agora, a escola podenalmente admitir o !ue aconteceu !uando Valentim era um estudante.

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    1 Bem-vindo Academia dos Caadores de Sombras

    2 O Herondale erdido

    ! O "em#nio de $%i&ec%a'el

    ( )ada Al*m de Sombras

    + O Mal ,e Amamos

    . /eis e r0nci'es lidos

    Amar3o da L0n3a

    4 A rova de 5o3o

    6 )ascido na )oi&e 7n8ni&a

    19 An:os Caem "as ;e

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    "a#ia, Simon Lewis ac$a#a, muitas maneiras de destruir uma carta. Voc%podia rasg&'la em con(ete. )odia botar (ogo nela. )odia d&'la de comer a umcac$orro ou um dem*nio "+dra. Voc% podia, com a auda do amigel

    (eiticeiro da #i-in$ana, ir de )ortal para o "a#a e og&'la na boca de um#ulco.

    com todas as poss#eis op/es para destruir uma carta, Simon ac$a#a !ueo (ato de 0sabelle Lig$twood de#ol#er sua carta intacta tal#e- ti#esse algumsignicado. Tal#e- (osse at1 um bom sinal.

    2u pelo menos um sinal no completamente $orr#el.

    0sso, pelo menos, era o !ue Simon $a#ia (alado para si mesmo durante os3ltimos meses.

    Mas at1 ele tin$a !ue admitir !ue !uando a carta em !uesto era meio !ueuma carta de amor, uma carta !ue inclua sentimentos, (rases $umil$antescomo 4#oc% 1 incr#el5 e 4sei !ue sou a!uele cara !ue #oc% ama#a5 e!uando essa carta era de#ol#ida (ec$ada, e com 46V2LV7 A27MT8T5 escrito com batom #ermel$o 4no completamente $orr#el5pode ser at1 um pouco otimista demais.

    )elo menos ela tin$a se re(erido a ele como 4remetente5. Simon tin$acerte-a de !ue 0sabelle pensara em outros nomes para ele no toamigeis. 9m dem*nio tin$a sugado todas as suas mem:rias, mas sua

    capacidade de obser#ao esta#a intacta e ele obser#ara !ue 0sabelleLig$twood no era o tipo de garota !ue gosta#a de ser reeitada. Simon, emdesao a todas as leis da nature-a e do senso comum, a reeitara duas#e-es.

    le tin$a tentado se e;plicar na carta, se desculpar por t%'la a(astado. Tin$acon(essado como !ueria #oltar a ser a pessoa !ue uma #e- (ora. 2 Simondela. 2u pelo menos, um Simon !ue a merecia.

    Izzy... eu no sei por que voc esperaria por mim, mas se o fzer, prometoque valer a pena, ele tin$a escrito. Ou tentarei azer com que valha. Posso

    prometer que vou tentar.

    < < = o compan$eiro de !uarto de Simon na Academia,?eorge Lo#elace, resmungou. le se ogou na cama, colocando um brao

    dramaticamente em sua cabea.

    = 2$, 0sabelle, min$a !uerida, se eu encarar essa carta por muito tempo,tal#e- eu #& telepaticamente tra-%'la de #olta para o meu seio c$orando.

    = u no ten$o seios = disse Simon, com o m&;imo de dignidade poss#el.

    = ten$o certe-a de !ue se eu ti#esse, no estariam c$orando.

    = Ar(ando, ento> 0sso 1 o !ue seios (a-em, no 1>

    = u nunca passei muito tempo perto deles = Simon admitiu.

    )elo menos, no !ue ele se lembrasse."ou#e a!uela tentati#a abortada detocar os de Sop$ie "ill+er na nona s1rie, mas a me dela o pegou antes !ueele pudesse ac$ar o (ec$o de seu suti, muito menos domin&'lo.Aparentemente, $ou#e 0sabelle. Mas Simon tenta#a no pensar muito nissoesses dias. 2 (ec$o do suti de 0sabelle, as mos dele no corpo de 0sabelle,o gosto de...

    Simon balanou a cabea #iolentamente para limp&'la.

    = 8:s podemos para de (alar sobre seios> Tipo, para sempre>

    = 8o ti#e a inteno de interromper o seu importante momento4remoendo 0--+5.

    = u no estou remoendo = Simon mentiu.

    = ;celente = ?eorge sorriu triun(ante, e Simon percebeu !ue ele tin$acado em algum tipo de armadil$a.

    = nto #oc% #ai comigo para o campo de treinamento audar a roubar asno#as adagas. 8:s estamos disputando, mundanos contra a elite

    perdedores t%m !ue comer por/es e;tras de sopa por uma semana.= A$ sim, Caadores de Sombras realmente sabem como se di#ertir.

    2 corao dele no esta#a no sarcasmo. A #erdade era !ue seuscompan$eiros estudantes realmente sabiam como se di#ertir, mesmo !ue aideia deles de di#erso normalmente en#ol#esse armas aadas. Com ose;ames & tendo passado e apenas mais uma semana at1 a (esta de m deano e as (1rias de #ero, a Academia dos Caadores de Sombras pareciamais com um acampamento do !ue com uma escola. Simon no conseguiaacreditar !ue ele cara l& durante todo o ano escolar, no conseguia

    acreditar !ue tin$a sobrevividoo ano. le aprendera latim, escrita de runase um pouco de C$t$oniano, lutara contra pe!uenos dem*nios na @oresta,

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    suportara uma noite de lua c$eia com um lobisomem rec1m'nascido,montara e !uase (ora pisoteadoB ca#alo, comeu o seu peso em sopa, eem todo esse tempo, no tin$a sido nem e;pulso nem aleiado. le tin$acrescido o suciente para trocar seu uni(orme de combate (eminino por ummasculino, mesmo !ue o menor dispon#el.

    Contra todas as probabilidades, a Academia tin$a comeado a parecer como seu lar. 9m lar #iscoso, mo(ado, parecido com um calabouo e semban$eiros !ue (uncionam tal#e-, no entanto, seu lar. le e ?eorge tin$amat1 dado nomes para os ratos !ue #i#iam atr&s de suas paredes. Todas asnoites eles dei;a#am um pedao de po #el$o para Don Cartwrig$t Dr, 000 e 0Vmordiscarem, na esperana de eles pre(erirem as migal$as a p1s $umanos.

    ssa 3ltima semana era tempo para celebrar e (estear at1 tarde, apostasmes!uin$as sobre lutas de adagas. Mas Simon no conseguia encontrar a#ontade de se di#ertir. Tal#e- (osse a iminente sombra das (1rias de #ero a e;pectati#a de ir para casa, para um lugar !ue no parecia mais como suacasa.

    2u tal#e- (osse, como sempre, 0sabelle.

    = 6eniti#amente #oc% #ai se di#ertir mais a!ui, mal $umorado = ?eorgedisse en!uanto ele coloca#a seu uni(orme de combate. = Eobagem min$asugerir outra coisa.

    Simon suspirou.

    = Voc% no entenderia.

    ?eorge tin$a o rosto de uma estrela de cinema, sota!ue escoc%s, bron-eadonatural e o tipo de m3sculos !ue (a-iam as garotas at1 as garotas daAcademia dos Caadores de Sombras, !ue, aparentemente, at1 con$eceremSimon nunca tin$am encontrado um $umano do g%nero masculino sem umtan!uin$o darem risadin$as e desmaiarem. )roblemas com garotas,particularmente o tipo en#ol#endo $umil$ao e reeio, esta#am al1m dacompreenso dele.

    = S: para dei;ar claro = ?eorge disse, com um (orte sota!ue escoc%s !ue

    at1 Simon no conseguia no ac$ar c$armoso = #oc% no lembra nadasobre namorar essa garota> Voc% no se lembra de estar apai;onado porela, no lembra como (oi !uando #oc%s dois...

    = 0sso mesmo = Simon o cortou.

    = 2u at1 se #oc%s dois...

    = 6e no#o, correto = Simon disse rapidamente.

    le odia#a admitir, mas isso era uma das coisas !ue mais o incomoda#a

    sobre a amn1sia demonaca. Fue tipo de garoto de de-essete anos nosabe se 1 ou no #irgem>

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    = )or!ue #oc% est& aparentemente com poucas c1lulas cerebrais. Voc% di-para essa garota linda !ue es!ueceu tudo sobre ela, a reeita publicamentee, !uando mostra o seu amor para ela em alguma pat1tica carta romGntica,ca surpreso !ue ela no estea aceitando. nto #oc% passa os pr:;imosdois meses deseando'a. 0sso est& certo>

    Simon dei;ou a cabea cair em suas mos.

    = st& bem, !uando #oc% (ala desse eito, no (a- nen$um sentido.

    = 2$, eu vi0sabelle Lig$twood (a- todo o sentido no mundo = ?eorge riu.= u s: !ueria esclarecer os (atos.

    le saiu pela porta antes !ue Simon pudesse esclarecer !ue no era sobrea apar%ncia de 0sabelle embora (osse #erdade !ue ela era, para Simon, agarota mais bonita do mundo. Mas no era sobre sua cortina de cabelos

    pretos sedosos ou o castan$o innito de seus ol$os ou a graa @uda emortal com a !ual ela balana#a o seu c$icote de electrum. le noconseguiria e;plicar sobre o !ue era, & !ue ?eorge esta#a certo, ele no selembra#a de nada sobre ela ou o !ue os dois tin$am sido como um casal.le ainda no conseguia acreditar !ue eles oramum casal.

    le s: sabia, em um n#el abai;o da ra-o e mem:ria, !ue alguma partedele esta#a ligado a 0sabelle. Tal#e- at1pertencesse a 0sabelle. Fuer elelembrasse por!ue ou no.

    le tin$a escrito uma carta Clar+ tamb1m, contando para ela como ele

    !ueria lembrar da ami-ade deles pedindo auda. Ao contr&rio de 0sabelle,ela $a#ia respondido, contando para ele $ist:rias de como eles secon$eceram. Hoi a primeira de muitas cartas, todas elas adicionandoepis:dios para a 1pica #ida de e;celentes a#enturas de Clar+ e Simon.Fuanto mais Simon lia, mais ele lembra#a, e s #e-es at1 escre#ia de #oltacom $ist:rias dele. )arecia seguro, de alguma maneira, corresponder porcartaI no $a#ia a c$ance de Clar+ esperar nada dele, e nen$uma c$ancede ele desapont&'la, #er a dor nos ol$os dela !uando ela percebesse deno#o !ue o Simon dela no e;istia mais. Carta por carta, as mem:rias deClar+ !ue Simon tin$a esta#am comeando a se unir.

    0sabelle era di(erente. )arecia !ue suas mem:rias de 0sabelle esta#amenterradas dentro de um buraco negro algo perigoso e #ora-, ameaandoconsumi'lo se c$egasse muito perto.

    Simon #iera para a Academia, em parte, para escapar de sua con(usa edolorosa #iso dupla do passado, a desarmonia cogniti#a entre a #ida !ueele lembra#a e a !ue ele tin$a realmente #i#ido. ra como a piada boba e#el$a !ue seu pai adora#a.

    = 6outor, meu brao d:i !uando eu me;o assim = Simon di-ia, mo#endo'o.

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    Seu pai respondia em um ruim sota!ue alemo, sua #erso da 4#o- dodoutor5J

    = nto... no o mo#a assim.

    n!uanto Simon no pensasse no passado, o passado no poderiamac$uc&'lo. Mas, cada #e- mais, ele no podia se impedir.

    "a#ia muito pra-er na dor.

    < <

    ?eorge tin$a, tal#e-, abraado o esprito de celebrao um poucoentusiasmadamente tarde.

    8a (rente do salo, a reitora )en$allow limpa#a sua garganta alto, ol$andodiretamente na direo deles.

    = Tal#e- n:s pud1ssemos ter um pouco de sil%ncio, por (a#or>

    As pessoas no salo continua#am con#ersando, e a reitora )en$allowcontinua#a limpando a garganta e pedindo de maneira ner#osa por ordem.As coisas podiam ter continuado assim a man$ toda se 6elane+ Scarsbur+,mestre de treinamento deles, no ti#esse subido em uma cadeira.

    = 8:s teremos sil%ncio, ou seno cem @e;/es = ele disparou.

    2 local silenciou rapidamente.

    = Supon$o !ue todos #oc%s caram se perguntando como #o se manter

    ocupados agora !ue os e;ames acabaram> = a 7eitora )en$allow (alou, sua#o- se ele#ando no nal da (rase. A reitora tin$a um eito de trans(ormar!uase tudo em uma pergunta. = Ac$o !ue todos #oc%s recon$ecem opalestrante dessa semana>

    9m intimidante $omem em um manto cin-a camin$ou at1 o palcotempor&rio. 2 salo ar(ou. Simon ar(ou tamb1m, mas no (oi a apar%ncia do0n!uisidor !ue o dei;ado c$ocado. ra a garota se arrastando atr&s dele,ol$ando (uriosamente para o manto dele como se esperasse botar (ogo nelecom sua mente. A garota com uma cortina de cabelos pretos sedosos eol$os castan$os innitosJ a l$a do 0n!uisidor. Con$ecida como 0sabelle

    Lig$twood para amigos, (amlia e e;'namorados reeitados de (orma$umil$ante.

    ?eorge deu uma coto#elada nele.

    = Voc% est& #endo o !ue eu estou #endo> = ele sussurrou. = Fuer umleno>

    Simon no conseguia no se lembrar da 3ltima #e- !ue 0--+ tin$a aparecidona Academia com o r&pido proposito de a#isar todas as garotas da escolapara carem longe dele. le $a#ia cado $orrori-ado. Agora, no

    conseguiria imaginar nada mel$or. Mas 0sabelle no parecia inclinada a (alar

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    nada para a classe. la simplesmente sentou atr&s de seu pai, os braoscru-ados, irritada.

    = la 1 ainda mais bonita !uando est& bra#a = Don sussurrou.

    Com um milagroso triun(o de moderao, Simon no (urou o ol$o dele comuma caneta.

    = Voc%s esto !uase completando seu primeiro ano na Academia = 7obertLig$twood disse ao amontoado de alunos, de alguma maneira (a-endo issosoar menos como uma parabeni-ao do !ue com uma ameaa. = Min$al$a me disse !ue um dos grandes $er:is dos mundanos tem uma (rase,4Com grandes poderes #%m grandes responsabilidades5.

    Simon cou bo!uiaberto. S: $a#ia uma maneira de 0sabelle Lig$twood, tolonge de uma nerd por !uadrin$os como uma pessoa podia ser, saber uma

    (ala mesmo uma con$ecida do "omem Aran$a. la esta#a citandoSimon.

    0sso tin$a !ue signicar alguma coisa... Certo>

    le tentou capturar o ol$ar dela.

    le (al$ou.

    = Voc%s aprenderam muito sobre poder esse ano = 7obert Lig$twoodcontinuou. = ssa semana #ou (alar com #oc%s sobre responsabilidade. isso acontece !uando o poder no 1 con(erido, ou 1 li#remente dado pessoa errada. u #ou (alar sobre o Crculo.

    Com essas pala#ras, um sil%ncio correu pelo salo. A Academia, como amaior parte dos Caadores de Sombras, era muito cuidadosa em e#itar oassunto do Crculo o grupo de Caadores de Sombras do mal !ue ValentimMorgenstern liderara na 7e#olta. 2s estudantes sabiam sobre Valentim todo mundo sabia sobre Valentim mas eles aprenderam rapidamente ano perguntar muito sobre ele. 8o 3ltimo ano, Simon tin$a entendido !ue osCaadores de Sombras pre(eriam acreditar !ue suas escol$as eramper(eitas, !ue suas leis eram in(al#eis. les no gosta#am de pensar sobre

    !uando (oram !uase destrudos por um grupo deles pr:prios.

    0sso e;plica#a, pelo menos, por!ue a reitora esta#a dando esta aula, e no apro(essora de $ist:ria, Catarina Loss. A (eiticeira parecia tolerar a maiorparte dos Caadores de Sombras duramente. Simon suspeita#a de !ue!uando a aula era sobre e;'integrantes do Crculo duramente era pedirmuito.

    7obert limpou a garganta.

    = u gostaria !ue todos #oc%s se perguntassem o !ue teriam (eito se

    (ossem estudantes a!ui na 1poca de Valentim. Teriam entrado para o

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    Crculo> Teriam cado do lado de Valentim na 7e#olta> Le#ante sua mo se#oc% ac$a !ue seria poss#el.

    Simon no cou surpreso em no #er nen$uma mo le#antada. le & tin$aogado esse ogo na escola mundana toda #e- !ue a aula de $ist:ria era

    sobre a Segunda ?uerra Mundial, ningu1m nunca ac$a#a !ue seria umna-ista.

    Simon tamb1m sabia !ue, estatisticamente, a maioria deles esta#a errada.

    = Agora, eu gostaria !ue #oc% le#antasse a mo se #oc% se ac$a umCaador de Sombras e;emplar, !ue (aria !ual!uer coisa para ser#ir a Cla#e= 7obert disse.

    Sem surpresas, muito mais mos (oram le#antadas dessa #e-, a mais altaera de Don Cartwrig$t.

    7obert sorriu melanc:lico.

    = ram a!ueles mais ansiosos e leais de n:s !ue (oram os primeiros a seuntar a Valentim = ele l$es contou.

    = ram a!ueles de n:s mais dedicados causa dos Caadores de Sombras!ue nos encontramos como a presa mais (&cil.

    "ou#e um murm3rio na multido.

    = Sim. u (alei n:s, por!ue eu esta#a entre os discpulos de Valentim. u

    esta#a no Crculo.

    2 sussurro se trans(ormou em uma tempestade. Alguns estudantes nopareciam surpresos, mas #&rios deles agiam como se uma bomba nuclearti#esse acabado de e;plodir em seus c1rebros. Clar+ $a#ia contado a Simon!ue 7obert Lig$twood era um membro do Crculo, mas era ob#iamentedi(cil para algumas pessoas conciliarem isso com a posio de 0n!uisidor!ue esse alto e tem#el $omem agora tin$a.

    = 2 0n!uisidor> = Dulie respirou, com os ol$os arregalados. = Como odei;aram>

    Eeatri- parecia surpresa.

    = Meu pai sempre disse !ue tin$a alguma coisa errada com ele = Donmurmurou.

    = ssa semana ensinarei a #oc%s sobre o uso impr:prio do poder, sobregrandes males e como isso pode ter #&rias (ormas. Min$a talentosa l$a,0sabelle Lig$twood, audar& um pouco com o trabal$o da aula.

    le (e- um gesto para 0sabelle, !ue ol$ou rapidamente para a multido, seu

    ol$ar cruel cando impossi#elmente ainda mais cruel.

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    = Acima de tudo, #ou ensinar #oc%s sobre o Crculo, como ele comeou epor !ue. Se prestarem ateno, alguns de #oc%s tal#e- at1 aprendamalguma coisa.

    Simon no esta#a ou#indo. le encara#a 0sabelle, esperando !ue ela ol$asse

    para ele. 0sabelle encara#a seu p1 estudiosamente. 7obert Lig$twood, o0n!uisidor da Cla#e, &rbitro de tudo relacionado Lei, comeou a contar a$ist:ria de Valentim Morgenstern e a!ueles !ue uma #e- o amaram.

    < < specialmente osbonitos>

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    Simon #iu metade da classe se untando atr&s dele, ansiosos para (alar coma (amosa 0sabelle Lig$twood. 8a (rente do bando esta#am ?eorge e Don, o3ltimo praticamente babando.

    Don andou para a (rente de Simon e estendeu uma mo.

    = Don Cartwrig$t, a seu dispor = ele (alou em uma #o- !ue solta#a c$arme,como uma bol$a solta pus.

    0sabelle pegou sua mo e em #e- de derrub&'lo com um golpe de iu'tsu$umil$ante ou arrancar a mo dele do pulso com seu c$icote de electrum,ela o dei;ou pegar a mo dela e le#&'la aos l&bios. nto ela (e- umare#er%ncia. la piscou. o pior de tudo, ela deu uma risadin$a.

    Simon pensou !ue tal#e- pudesse #omitar.

    0nnitos minutos de tortura passaramJ ?eorge corando e (a-endo tentati#aspatetas de piadas, Dulie c$ocada e sem pala#ras, Marisol ngindo estaracima de tudo, Eeatri- atraindo uma con#ersa sem graa, mas educadacon#ersa r&pida sobre con$ecidos das duas, Sunil se balanando na partede tr&s da multido tentando ser #isto, e, acima de tudo, Don dando umsorriso (also e 0sabelle bril$ando e piscando seus ol$os em uma e;ibio !ues: podia ser (eita para (a-er o est*mago de Simon re#irar.

    )elo menos, ele espera#a desesperadamente !ue (osse (eita para isso.

    )or!ue a outra opo a possibilidade de 0sabelle estar sorrindo para Don

    simplesmente por!ue !ueria, e !ue ela aceita#a o con#ite dele para apertarseus grandes bceps por!ue !ueria sentir os m3sculos dele contraindoembai;o de seu aperto delicado era impensel.

    = nto o !ue as pessoas por a!ui (a-em para se di#ertir> = ela perguntounalmente, ento apertou seus ol$os @ertando com Don. = no diga 4me#eem5.

    !u " estou morto#,Simon pensou sem esperanas. Isso $ o inerno#

    = 8em as circunstGncias nem as pessoas a!ui se pro#aram (a#oreis

    di#erso = Don disse pomposamente, como se a alga-arra em sua #o-pudesse dis(arar o (ogo em suas boc$ec$as.

    = Tudo isso #ai mudar esta noite = disse 0sabelle, e ento #irou'se em seusalto agul$a e andou para longe.

    ?eorge balanou a cabea, dei;ando sair um asso#io de apro#ao.

    = Simon, a sua namorada...

    = ;'namorada = Don corrigiu.

    = la 1 magnca = Dulie suspirou, e pelo ol$ar no rosto dos outros, elaesta#a (alando por todo o grupo.

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    Simon re#irou os ol$os e correu atr&s de 0sabelle estendendo o brao paraagarrar seu ombro, ento repensando do 3ltimo momento. Agarrar 0sabelleLig$twood por tr&s pro#a#elmente era um con#ite para amputao.

    = 0sabelle = ele disse bruscamente. la acelerou. le tamb1m, imaginando

    para onde ela esta#a se dirigindo.

    = 0sabelle = ele c$amou no#amente.

    les entraram mais ainda na escola, o ar pesado com umidade e mo(o, oc$o de pedra cada #e- mais escorregadio embai;o de seus p1s.ncontraram uma encru-il$ada, ramica/es do corredor para a es!uerda epara a direita. la parou antes de escol$er o da es!uerda.

    = 8:s normalmente no #amos por esse camin$o = Simon disse. 8ada.= )rincipalmente por causa da lesma do taman$o de um ele(ante !ue #i#e

    no nal dele.0sso no era um e;agero. 6i-em !ue um antigo membro descontente daAcademia um (eiticeiro !ue tin$a sido demitido na corrente contra osintegrantes do Submundo dei;ara o bic$o para tr&s como um presente departida.

    0sabelle continuou andando, mais de#agar agora, escol$endocuidadosamente seu camin$o sobre poas inltradas de gosma. Algumacoisa sacudiu (a-endo barul$o no alto. la no $esitou mas ol$ou paracima, e Simon #iu seus dedos brincando com o c$icote enrolado.

    = tamb1m por causa dos ratos = ele completou.

    le e ?eorge tin$am ido a uma e;pedio por esse corredor procurando pelasuposta lesma... desistiram depois !ue o terceiro rato caiu do teto e dealguma maneira encontrou o camin$o para a cala de ?eorge.

    0sabelle deu um (orte suspiro.

    = Fual 1 0--+, espere.

    6e alguma maneira ele tropeou nas pala#ras m&gicas. la girou seu rosto

    para ele.

    = 8o me c$ame assim = ela #oci(erou.

    = 2 !u%>

    = Meus amigos me c$amam de 0--+ = ela disse. = Voc% perdeu essedireito.

    = 0--+... !uer di-er, 0sabelle. Se #oc% leu min$a carta...

    = 8o. 8o me c$ame de 0--+, no me mande cartas, no me siga porcorredores escuros e tente me sal#ar de ratos.

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    = Cone em mim, se n:s #irmos um rato, 1 cada um por si.

    0sabelle ol$ou para ele como se !uisesse d&'lo de alimento para a lesmagigante.

    = 2 meu ponto, Simon Lewis, 1 !ue #oc% e eu somos estran$os agora,e;atamente como #oc% !ueria.

    = Se isso 1 #erdade, ento o !ue #oc% est& (a-endo a!ui>

    0sabelle parecia incr1dula.

    = 9ma coisa 1 Dace ac$ar !ue o mundo gira em torno dele, mas #amos l&.u sei !ue #oc% adora (antasia, Simon, mas a suspenso da realidade s:pode ir at1 certo ponto.

    = ssa 1 a min$a escola, 0sabelle. #oc% 1 a min$a...

    la s: o encarou, como se esti#esse desando'o a pensar em umsubstanti#o !ue usticasse o pronome possessi#o.

    0sso no esta#a indo da maneira !ue ele $a#ia planeado.

    = Tudo bem, ento por !ue #oc% est& a!ui> por !ue est& sendo to legalcom todos os meus, $, amigos>

    = )or!ue meu pai est& me (orando a estar a!ui. )or!ue eu ac$o !ue elepensa !ue um desagradel tempo criando laos de pai e l$a em um (osso

    coberto de gosma #ai (a-er eu me es!uecer !ue ele 1 um traidor !ueabandonou sua (amlia. estou sendo legal com os seus amigos por!ue eusou uma pessoa legal.

    Agora era Simon !ue parecia incr1dulo.

    = Tudo bem, eu no sou = ela admitiu. = Mas nunca #im realmente para aAcademia, #oc% sabe. )ensei !ue se eu ten$o !ue estar a!ui, de#o tirar omel$or disso. Ver o !ue estou perdendo. P in(ormao suciente para #oc%>

    = ntendo !ue #oc% estea bra#a comigo, mas...

    la balanou sua cabea.

    = Voc% no entende. u no estou bra#a com #oc%. 8o estou nada com#oc%, Simon. Voc% me pediu para aceitar !ue #oc% 1 uma pessoa di(erenteagora, algu1m !ue no con$eo. nto eu aceitei isso. u amei algu1m elese (oi agora. Voc% no 1 ningu1m !ue eu con$ea e, !ue eu saiba, ningu1m!ue eu precise con$ecer. S: sero alguns dias, e ento n:s nunca mais#amos precisar nos #er. Fue tal n:s no tornarmos isso mais di(cil do !ue &1>

    le no conseguia respirar muito bem.

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    !u amei al%u$m, ela disse, e era o mais perto !ue ela ou !ual!uer garota & tin$a c$egado de di-er eu te amo para Simon.

    ;ceto !ue no era nem um pouco perto, era>

    sta#a a um mundo de distGncia.

    = Tudo bem.

    ram as 3nicas pala#ras !ue ele conseguiu (orar para (ora, mas ela &esta#a andando pelo corredor. la no precisa#a da permisso dele para seruma estran$a, no precisa#a de nada dele.

    = Voc% est& indo pelo camin$o erradoR = ele gritou para ela.

    8o sabia para onde ela !ueria ir, mas no tin$a muita c$ance de ela !uererir lutar com uma lesma.

    = les esto todos errados = ela gritou de #olta, sem se #irar.

    le tentou captar um signicado oculto nas pala#ras dela, um lampeo dedor. Algo !ue mostraria !ue sua declarao era uma mentira, trairia ossentimentos !ue ela ainda tin$a por ele pro#ar !ue isso era di(cil econ(uso para ela como era para ele.

    Mas a suspenso da realidade s: pode ir at1 certo ponto.

    < < = 0sabelle nalmenteperguntou.

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    Don me;eu as sobrancel$as.

    = S: (ale a pala#ra.

    0sabelle riu e tocou o ombro dele.

    Simon imaginou se a Academia o e;pulsaria por matar Don Cartwrig$ten!uanto ele dormia.

    = 8o esse tipo de di#erso. u !uero di-er, !uando samos escondidos docampus> 0r (estear em Alicante> 8adar no Lago L+n> 0r = ela parou,nalmente notando !ue os outros esta#am ol$ando bo!uiabertos para elacomo se ela esti#esse (alando em outra lngua. =Voc%s esto me di-endo !ue no (a-em nada disso#

    = 8:s no estamos a!ui para nos di#ertir = Eeatri- (alou, meiorigidamente. = stamos a!ui para aprender a ser Caadores de Sombras.;istem regras por um moti#o.

    0sabelle re#irou os ol$os.

    = Voc%s no ou#iram (alar !ue regras so (eitas para ser !uebradas>studantes de#eriam entrar em alguns problemas na Academia pelomenos os mel$ores estudantes. )or !ue #oc%s ac$am !ue regras so torgidas> )ara s: os mel$ores conseguirem !uebr&'las. )ensem nisso comocr1dito e;tra.

    = Como #oc% sabe> = Eeatri- perguntou. Simon cou surpreso com seutom. 8ormalmente ela era a mais calada deles, sempre dei;ando @uir. Mas$a#ia uma ponta em sua #o- agora, algo !ue o lembra#a de !ue, mesmogentil como ela parecia, nascera uma guerreira. = 8o 1 comose #oc% (osse car a!ui.

    = u #en$o de uma longa lin$agem de graduados na Academia = 0sabelledisse. = u sei o !ue eu preciso saber.

    = 8:s no estamos interessados em seguir os passos de seu pai = Eeatri-respondeu, ento se le#antou e saiu da sala.

    2 sil%ncio permaneceu, todos tensos esperando a reao de 0sabelle.

    2 sorriso dela no #acilou, mas Simon conseguia sentir o calor irradiandodela e entendeu !ue esta#a gastando muita energia para ela no e;plodir ou ter um colapso. le no sabia !ual seriaI no sabia como ela se sentiasobre seu pai ter sido um dos seguidores de Valentim. 8o sabia nada sobreela, no de #erdade. le admitia isso. Mas ainda !ueria abra&'la at1 atempestade passar.

    = 8ingu1m nunca acusou meu pai de ser di#ertido = 0sabelle dissecategoricamente. = Mas eu assumo !ue min$a reputao me segue. Se#oc%s me encontrarem a!ui aman$ meia'noite, #ou mostrar o !ue #oc%s

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    esto perdendo = ela pegou a mo de Don e permitiu !ue ele a le#antassedo so(&.

    =Agora, #oc% pode me mostrar o camin$o para o meu !uarto> sse lugar 1simplesmente imposs#el de se ac$ar.

    = Ser& umprazer= Don disse, piscando para Simon.

    nto eles $a#iam ido.

    Duntos.

    < < 5 Valentim l$e dissera, mais cedo, !uando 7obert operguntou como ele podia estar to certo do amor, to cedo. 4"& mais doAno nela do !ue no resto de n:s. "& bondade nela. la bril$a como opr:prio 7a-iel.5

    = Voc% s: !uer transbordar o mundo de genes = Mic$ael respondeu. =0magino !ue #oc% pense !ue o mundo seria mel$or se cada Caador deSombras ti#esse um pouco de Morgenstern neles.

    Valentim riu.

    = D& (alei !ue (alsa mod1stia no 1 uma das min$as !ualidades, ento...sem coment&rios.

    = n!uanto estamos nesse assunto = Step$en disse, suas boc$ec$ascorando. = u pedi a Amatis. ela disse sim.

    = )ediu o !u%> = 7obert perguntou.

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    Mic$ael e Valentim s: riram, as boc$ec$as de Step$en pegaram (ogo.

    = )ara se casar comigo = ele admitiu. = 2 !ue #oc%s ac$am>

    A pergunta era ob#iamente direcionada a todos eles, mas o seu ol$ar esta#a;o em Valentim, !ue $esitou por um tempo muito longo antes deresponder.

    = Amatis> = ele perguntou nalmente, (ran-indo a testa como se eleti#esse !ue pensar seriamente no assunto.

    Step$en prendeu a respirao, e na!uele momento, 7obert !uase ac$ou!ue era poss#el !ue ele precisasse da apro#ao de Valentim !ue apesarde (a-er o pedido para Amatis, apesar de am&'la to pro(unda edesesperadamente !ue ele !uase tremia com emoo !uando ela c$ega#aperto, apesar de escre#er a!uela abominel cano de amor !ue 7obert

    uma #e- encontrou amassada de bai;o de sua cama, Step$en a dei;aria delado se Valentim mandasse.

    8a!uele momento, 7obert !uase ac$ou !ue era poss#el !ue Valentimmandasse, s: para #er o !ue aconteceria.

    nto o rosto de Valentim rela;ou em um grande sorriso sel#agem, e eleogou um brao em #olta de Step$en, di-endoJ

    = D& era $ora. u no sei o !ue #oc% esta#a esperando, seu tolo. Fuando setem sorte suciente de ter um ?ra+marO ao seu lado, (aa o !ue puder para

    garantir !ue sea para sempre. u de#eria saber.nto todo mundo esta#a rindo, brindando, planeando a despedida desolteiro e pro#ocando Step$en sobre suas poucas tentati#as em escre#erm3sicas, e (oi 7obert !uem se sentiu um idiota, imaginando por umsegundo !ue o amor de Step$en por Amatis podia #acilar, ou !ue Valentimtin$a alguma coisa al1m dos mel$ores interesses em seu corao.

    sses eram seus amigos, os mel$ores !ue ele podia ter, ou !ue !ual!uerum podia ter.

    sses eram seus compan$eiros em seus braos, e noites como essa,e;plos/es de alegria sob o c1u estrelado, eram suas recompensas pelaligao especial !ue eles tin$am.

    0maginar outra maneira era apenas um sintoma da (ra!ue-a secreta de7obert, sua grande (alta de con#ico, e ele resol#eu no se dei;ar le#ar porisso no#amente.

    = #oc%, meu #el$o> = Valentim perguntou a 7obert. = Como se euti#esse !ue perguntar. Todos sabem !ue Mar+se (a- o !ue !uer.

    = , ine;plica#elmente, ela parece !uerer #oc% = Step$en adicionou.

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    Mic$ael, !ue esta#a em um sil%ncio incomum, ol$ou nos ol$os de 7obert. S:Mic$ael sabia como 7obert no gosta#a de pensar muito sobre seu (uturo,especialmente essa parte dele. Como ele temia ser (orado a se casar, serpai, ter responsabilidades. Se 7obert pudesse escol$er, caria na Academiapara sempre. Ha-ia pouco sentido. )or causa do !ue aconteceu !uando ele

    era criana, ele era dois anos mais #el$o !ue seus amigos ele de#eriaestar irritado com as restri/es da u#entude.

    Mas tal#e- por causa do !ue aconteceu parte dele sempre se sentiriatrada e !uereria a!uele tempo de #olta. le passou tanto tempo !uerendo a#ida !ue tin$a agora. 8o esta#a pronto para dei;&'la ainda.

    = Eem, esse #el$o a!ui est& e;austo = 7obert (alou, e#itando a pergunta.= Ac$o !ue min$a tenda est& me c$amando.

    n!uanto eles apaga#am o (ogo e arruma#am o local, Mic$ael l$e lanou

    um sorriso grato, tendo sido poupado de sua pr:pria interrogao. nicodeles ainda solteiro, Mic$ael no gosta#a desse tipo de con#ersa mais !ue7obert. ra uma das muitas coisas !ue eles tin$am em comumJ os doisgosta#am mais da compan$ia um do outro do !ue a de !ual!uer garota.Casamento parecia um conceito to mal orientado, 7obert s #e-espensa#a. Como ele poderia se importar mais com uma esposa do !ue seimporta#a com seu parabatai, a outra metade de sua alma> )or !uede#eriam esperar isso dele>

    le no conseguia dormir.

    Fuando saiu da tenda para o sil%ncio !ue antecedia o aman$ecer,encontrou Mic$ael sentado perto das cin-as da (ogueira. le se #irou para7obert sem surpresa, !uase como se $ou#esse esperado seu parabatai se

    untar a ele. Tal#e- $ou#esse. 7obert no sabia se era um e(eito do ritual deligao ou simplesmente a denio de um mel$or amigo, mas ele eMic$ael #i#iam e respira#am em ritmos similares.

    Antes de eles serem colegas de !uarto, s #e-es se encontra#am peloscorredores da Academia, sem sono #agando pela noite.

    = Camin$ada> = Mic$ael sugeriu.7obert concordou com a cabea.

    les perambularam calados pela mata, dei;ando os sons da @orestadormindo la#&'los. C$iados de p&ssaros noturnos, c$ilreados de insetos, osussurro do #ento me;endo as (ol$as, o triturar da grama e gal$os sob seusp1s. "a#ia perigos espreitando ali, os dois sabiam disso muito bem. Muitasdas miss/es de treinamento da Academia eram na Hloresta Erocelind, suas&r#ores densas 3teis como re(3gios para lobisomens, #ampiros e at1 algunsdem*nios, mesmo !ue a maior parte desses (osse solta pela pr:pria

    Academia, um 3ltimo teste para estudantes promissores.

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    ssa noite a @oresta parecia segura. 2u tal#e- (osse 7obert !uem se sentiain#enc#el.

    n!uanto anda#am, ele pensou no na misso !ue esta#a por #ir, mas emMic$ael, !ue $a#ia sido seu primeiro amigo de #erdade.

    le ti#era amigos !uando era pe!ueno, supun$a. As crianas crescendo emAlicante con$eciam umas as outras, e ele tin$a #agas mem:rias de e;plorara Cidade de Vidro com pe!uenos grupos de crianas, seus rostos muteis,suas lealdades ine;istentes. Como ele mesmo descobriu !uando (e- do-eanos e recebeu sua primeira Marca.

    ste era, para a maior parte das crianas Caadoras de Sombras, um dia deorgul$o, um para !ual eles ca#am ansiosos e (antasia#am da mesmamaneira !ue crianas mundanas ine;plica#elmente ;a#am'se emani#ers&rios. m algumas (amlias, a primeira runa era aplicada de maneira

    r&pida e prossional, a criana era Marcada e seguia em (renteI em outras,$a#ia (esta, presentes, bal/es e um ban!uete de celebrao.

    , claro, em um pe!ueno n3mero de (amlias, a primeira runa era a 3ltima, oto!ue da estela !ueimando a pele da criana, le#ando'a loucura ou aoc$o!ue, uma (ebre to intensa !ue apenas cortar a Marca sal#aria sua #ida.ssas crianas nunca seriam Caadoras de Sombras, essas (amlias nuncaseriam as mesmas.

    8ingu1m nunca pensou !ue isso aconteceria com eles.

    Com do-e anos, 7obert $a#ia sido magrelo, mas seguro de si mesmo, r&pidopara a sua idade, (orte para seu taman$o, certo da gl:ria de caar sombras!ue o espera#a. Com toda a sua (amlia reunida ol$ando para ele, seu paicuidadosamente desen$ou a runa da Viso na mo de 7obert.

    A ponta da estela cra#ou suas lin$as graciosas em sua pele p&lida. A Marcacompleta resplandecia, era tanto bril$o !ue 7obert (ec$ou seus ol$os porcausa da claridade.

    ssa era a 3ltima coisa de !ue ele se lembra#a.

    )elo menos, !ue ele lembra#a claramente.

    6epois disso $a#ia tudo o !ue ele tin$a tentado tanto es!uecer.

    "a#ia a dor.

    ra uma dor !ue !ueima#a como um relGmpago, a dor !ue arruina#a einunda#a como ser le#ado pela corrente-a. "a#ia a dor no corpo dele, lin$asde agonia irradiando da Marca, indo da sua carne para seus :rgos e paraseus ossos e ento, muito pior, $a#ia a dor em sua mente, ou tal#e- (ossesua alma, uma ine;plicel sensao de (erimento, como se alguma criatura

    ti#esse ca#ado at1 as pro(unde-as de seu c1rebro e cado (aminta com o(ogo de cada neur*nio e encontro de c1lula ner#osa. Mac$uca#a pensar,

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    mac$uca#a sentir, mac$uca#a lembrar mas parecia necess&rio (a-er essascoisas, mesmo com muita agonia, alguma parte escura de 7obertpermanecia alerta o suciente para saber !ue se ele no casse rme, nosentisse a dor, escaparia para sempre.

    Mais tarde ele usaria todas essas pala#ras e mais para descre#er a dor, masnen$uma delas capta#a a e;peri%ncia. 2 !ue $a#ia acontecido, o !ue ele$a#ia sentido, isso esta#a al1m das pala#ras.

    "a#iam outros tormentos para aguentar pela eternidade !ue ele coudeitado na cama, insens#el a tudo em #olta dele, aprisionado pela Marca.

    Tin$a #is/es. le #ia dem*nios, insultando'o e torturando'o, e pior, ele #iaos rostos de !uem ama#a (alando !ue ele no #alia a pena, di-endo'l$e !ueele estaria mel$or morto. le #ia plancies desertas !ueimadas e umaparede de (ogo, a dimenso do in(erno esperando'o se sua menteescorregasse, e ainda assim, por tudo isso, de alguma maneira, eleaguentou.

    le perdeu toda a noo do mundo sua #olta, perdeu suas pala#ras e seunome mas aguentou. At1 !ue nalmente, um m%s depois, a dor redu-iu.As #is/es desbotaram. 7obert acordou.

    le descobriu uma #e- !ue ele $a#ia se recuperado o suciente paraentender e se importar !ue tin$a cado semiconsciente por #&riassemanas en!uanto uma batal$a acontecia em #olta dele, membros da Cla#elutando com seus pais sobre seu tratamento em !uanto dois 0rmos do

    Sil%ncio (a-iam o seu mel$or para mant%'lo #i#o.Todos !ueriam tir&'lo a Marca, seus pais l$e contaram, os 0rmos do Sil%ncioa#isaram diariamente !ue essa era a 3nica maneira de assegurar a suasobre#i#%ncia e poup&'lo de dor (utura. 6ei;&'lo #i#er sua #ida como ummundanoJ esse era um tratamento con#encional para Caadores deSombras !ue no suporta#am Marcas.

    = 8:s no podamos dei;&'los (a-er isso com #oc% = sua me l$e (alou.

    = Voc% 1 um Lig$twood. 8asceu para essa #ida = seu pai disse a ele. =

    ssa #ida e mais nen$uma.2 !ue eles no (alaram, e nem precisaram (alar (oiJ &'s preer(amos v)lomorto do que como um mundano.

    6epois disso as coisas caram di(erentes entre eles. 7obert era grato aosseus pais por acreditarem nele ele tamb1m pre(eriria estar morto. Mas issomuda#a alguma coisa, saber !ue o amor de seus pais por ele tin$a umlimite. alguma coisa de#e ter mudado para eles tamb1m, descobrir !ueparte de seu l$o no aguentaria uma #ida de Caador de Sombras, serem(orados a aguentar essa #ergon$a.

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    Agora 7obert no conseguia mais lembrar como sua (amlia tin$a sido antesda Marca. le lembra#a s: dos anos seguintes, da (rie-a !ue #i#ia entreeles. les (a-iam sua parteJ pai amoroso, me corua, l$o d:cil. Mas era napresena deles !ue 7obert mais se sentia so-in$o.

    le ca#a, nos meses !ue passou se recuperando, (re!uentemente so-in$o.As crianas !ue ele pensa#a serem seus amigos no !ueriam nada com ele.Fuando eram (oradas a estar em sua presena, elas se intimida#am, comose ele ti#esse algo contagioso.

    8o $a#ia nada de errado com ele, disseram os 0rmos do Sil%ncio. Tendosobre#i#ido !uela e;peri%ncia com a Marca intacta, no $a#ia nen$umperigo (uturo. Seu corpo balanara beira da reeio, mas sua (ora de#ontade mudara o camin$o. Fuando os 0rmos do Sil%ncio o e;aminarampela 3ltima #e-, um deles (alou sombriamente em sua cabea, umamensagem somente para 7obert.

    oc ser tentado a achar que esse acontecimento o marca como raco. *oinv$s disso, lembre)se dele como uma prova de sua or+a.

    Mas 7obert tin$a do-e anos. Seus antigos amigos esta#am se marcandocom 7unas, indo para a Academia, (a-endo tudo o !ue espera#a'se !ueCaadores de Sombras normais -essem en!uanto 7obert se escondia emseu !uarto, abandonado por seus amigos, despre-ado por sua (amlia e commedo de sua pr:pria estela. Com tantas e#id%ncias para a (ra!ue-a, at1 um0rmo do Sil%ncio no podia (a-%'lo se sentir (orte.

    Fuase um ano $a#ia se passado dessa maneira e 7obert comeou aimaginar como seria o resto de sua #ida. le teria somente o nome de umCaador de Sombras, um Caador de Sombras com medo de Marcas.

    s #e-es, na escurido da noite, ele desea#a !ue sua (ora de #ontade noti#esse sido to (orte, !ue ele ti#esse se dei;ado perder. Seria mel$or do!ue a #ida para !ual ele $a#ia retornado.

    nto ele con$eceu Mic$ael Na+land e tudo mudou.

    les no se con$eciam muito bem antes. Mic$ael era uma criana estran$a,

    tin$a a permisso de andar com os outros, mas nunca (oi muito aceito. leera inclinado distrao e dei;ar a imaginao #oar, parando no meio deuma luta para pensar de onde tin$am #indo os Sensores e !uem pensou emin#ent&'los.

    Mic$ael aparecera no solar Lig$twood um dia perguntando se 7obertgostaria de passear ca#alo. les passaram #&rias $oras galopando pelocampo, e uma #e- !ue eles $a#iam terminado, Mic$ael disse 4Veo #oc%aman$5 como se (osse uma concluso ine#itel. le continua#a #oltando.

    = )or!ue #oc% 1 interessante = Mic$ael disse, !uando 7obert nalmentel$e perguntou o moti#o. ssa era outra coisa sobre Mic$ael. le sempre

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    (ala#a e;atamente o !ue esta#a em sua cabea, no importa !uoindelicado ou peculiar. = Min$a me me (e- prometer no te perguntarsobre o !ue aconteceu com #oc%.

    = )or !u%>

    = )or!ue isso seria rude. 2 !ue #oc% ac$a> 0sso seria rude>

    7obert deu de ombros. 8ingu1m nunca tin$a l$e perguntado sobre isso ouse re(erido ao acontecimento, nem mesmo seus pais. 8unca l$e ocorrera opor!u%, ou se isso era ruim. Simplesmente era a maneira !ue as coisaseram.

    = u no me importo em ser rude = Mic$ael disse. = Voc% #ai me contar>Como (oi>

    ra estan$o !ue pudesse ser to simples. stran$o, !ue 7obert podia estarmorrendo de #ontade de contar a algu1m sem nem perceber. Fue tudo o!ue ele precisa#a era algu1m !ue perguntasse. As comportas se abriram.7obert (alou e (alou, e !uando para#a, com medo de estar indo longedemais, Mic$ael apenas indaga#a outra coisa.

    = )or !ue #oc% ac$a !ue isso aconteceu com #oc%> = Mic$ael perguntou.= Ac$a !ue 1 gen1tico> 2u, tipo, alguma parte de #oc% s: no (oi (eita paraser um Caador de Sombras>

    0sso era, claro, o maior e mais secreto medo de 7obert mas ou#ir isso dito

    to casualmente desse eito tira#a todo seu poder.= Tal#e-> = 7obert respondeu, e, ao in#1s de se a(astar dele, os ol$os deMic$ael se iluminaram com uma curiosidade cientca.

    le sorriu.

    = 8:s de#eramos descobrir.

    les trans(ormaram isso na misso delesJ in#estiga#am em bibliotecas,procuraram por te;tos antigos, pergunta#am coisas !ue nen$um adulto!ueria ou#ir. "a#iam muito poucos registros escritos de Caadores de

    Sombras !ue #i#enciaram a!uilo esse tipo de coisa costuma#a ser umsegredo #ergon$oso de (amlia, nunca (alado no#amente. 8o !ue Mic$aelse importasse com !uantas pessoas ele irritou ou !ual tradi/es elederrubou. le no era particularmente coraoso, mas parecia no ter medo.

    A misso deles (al$ou. 8o $a#ia nen$uma e;plicao racional de por !ue7obert tin$a reagido to (ortemente Marca, mas, ao nal do ano, isso noimporta#a. Mic$ael $a#ia trans(ormado um pesadelo em um desao etin$a se tornado o mel$or amigo de 7obert.

    les reali-aram o ritual parabatai antes de ir para a Academia, (a-endo ouramento sem $esitao. 8essa 1poca, eles tin$am !uin-e anos, um par

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    aparentemente impro#elJ 7obert $a#ia nalmente parado de crescer ealcanara seus colegas, seus m3sculos cresceram, sua sombra de barbacando mais grossa a cada dia. Mic$ael era magro e rio, seus cac$oscompridos e e;presso son$adora o (a-endo parecer mais no#o.

    &o insistas comi%o para que te abandones

    ! dei-e de se%uir)te.

    Onde ores, irei

    Onde morreres, morrerei, e l serei enterrado/

    0ue o *n"o o a+a por mim, e ainda mais,

    1e qualquer coisa al$m da morte nos separar.2

    7obert recitou as pala#ras, mas elas eram desnecess&rias. Seu lao $a#iasido cimentado no dia em !ue ele (e- !uator-e anos, !uando ele nalmentecriou coragem para Marcar'se no#amente. Mic$ael (oi o 3nico para !uem elecontou, e en!uanto segura#a a estela sobre a pele, (oi o ol$ar constante deMic$ael !ue l$e deu coragem para suportar.

    ra impensel !ue eles ti#essem s: mais um ano antes de terem !ue se

    separar. 2 lao parabatai deles se manteria depois da Academia, claro. lessempre seriam mel$ores amigosI sempre iriam para a batal$a lado a lado.Mas no seria a mesma coisa. les se casariam, mudariam cada um parasuas casas, redirecionariam a ateno e amor. les sempre teriam umpedao na alma um do outro. Mas depois do pr:;imo ano, no seriam maisa pessoa mais importante na #ida do outro. 0sso, 7obert sabia, erasimplesmente como a #ida (unciona#a. Assim era crescer. le s: noconseguia imaginar, e no !ueria.

    Como se esti#esse ou#indo os pensamentos de 7obert, Mic$ael ecoou apergunta de !ue ele $a#ia escapado antes.

    = 2 !ue realmente est& acontecendo entre #oc% e Mar+se> = eleperguntou. = Voc% ac$a !ue 1 de #erdade> Tipo, para sempre>

    8o $a#ia necessidade de mentir para Mic$ael.

    = u no sei = respondeu $onestamente. = u nem sei como isso seria.la 1 per(eita para mim. u amo passar tempo com ela, eu amo... #oc%sabe, com ela. Mas isso signica !ue eu a ame> 6e#eria, mas...

    = Tem alguma coisa (altando>

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    = 8a #erdade no entre a gente = 7obert disse. = P como se ti#essealguma coisa (altando em mim. u #eo com Step$en ol$a para Amatis,como Valentim ol$a para a Docel+n...

    = Como Lucian ol$a para a Docel+n = Mic$ael adicionou com uma risada

    ir*nica.

    les dois gosta#am de Lucian, apesar de sua tend%ncia irritante de agir em(a#or de Valentim $ou#esse l$e dado uma apar%ncia al1m de seus anos.Mas depois de todos esses anos #endo'o desear Docel+n, era di(cil le#&'locompletamente a s1rio. A mesma coisa para Docel+n, !ue de algumamaneira conseguia se manter distrada. 7obert no conseguia imaginarcomo se poderia ser o centro do mundo de algu1m sem nem perceber.

    = u no sei = ele admitiu, imaginando se alguma garota poderia ser ocentro de seu mundo. = s #e-es eu me preocupo !ue $aa alguma coisa

    errada comigo.

    Mic$ael bateu sua mo no ombro dele e ;ou'l$e com um ol$ar pro(undo.

    = 8o $& nada de errado com #oc%, 7obert. u !ueria !ue #oc% nalmentepercebesse isso.

    7obert c$acoal$ou sua cabea, diminuindo o peso do momento.

    = #oc%> = ele perguntou com uma satis(ao (orada. = Horam, o !u%,tr%s encontros com li-a 7osewain>

    = Fuatro = Mic$ael admitiu.

    le $a#ia (eito 7obert urar segredo sobre li-a, di-endo !ue no !ueria !ueos outros garotos soubessem at1 ele ter certe-a !ue era de #erdade. 7obertsuspeita#a !ue ele no !ueria !ue Valentim soubesse, & !ue a li-a era umespin$o no p1 o Valentim. la (a-ia !uase tantas perguntas desrespeitosas!uanto ele, e tin$a um desd1m semel$ante pelas polticas atuais da Cla#e,mas ela no !ueria ter nada a #er com o Crculo ou seus obeti#os. li-apensa#a !ue um comeo no#o e unido com os mundanos e integrantes doSubmundo era a c$a#e para o (uturo. la discutia grita#a, e para o

    desgosto da maior parte da Academia !ue os Caadores de Sombrasde#eriam estar resol#endo os problemas mundanos. la podia #&rias #e-esser encontrada no p&tio, enando (ol$etos indeseados na cara dos alunos,(alando alto sobre testes nucleares, tiranos do petr:leo no 2riente M1dio,alguns problemas !ue ningu1m entendia na U(rica do Sul, alguma doena!ue ningu1m !ueria aceitar na Am1rica... 7obert escuta#a todos os serm/esinteiros, por!ue Mic$ael sempre insistia em car para ou#ir.

    = la 1 muito estran$a = Mic$ael disse. = u gosto disso.

    = 2$ = era uma surpresa, uma no completamente agradel. Mic$ael

    nunca gosta#a de ningu1m. At1 agora, 7obert no tin$a percebido como eleconta#a com isso.

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    = nto #oc% de#eria ir em (rente = ele disse, esperando !ue ti#esse soadosincero.

    = S1rio> = Mic$ael parecia ainda mais surpreso.

    = Sim. 6eniti#amente = 7obert se lembrouJ com quanto menos certezavoc se sentir, com mais certeza voc a%e. = la 1 per(eita para #oc%.

    = 2$ = Mic$ael parou de andar e sentou em bai;o da sombra de uma&r#ore.

    7obert se ogou no c$o atr&s dele.

    = )osso te perguntar uma coisa, 7obert>

    = Fual!uer coisa.

    = Voc% & se apai;onou> 6e #erdade>= Voc% sabe !ue eu nunca me apai;onei. 8o ac$a !ue eu teriamencionado>

    = Mas como pode ter certe-a se #oc% no sabe como 1> Tal#e- ten$aacontecido e #oc% nem percebeu. Tal#e- #oc% estea esperando por algu1m!ue & ten$a.

    "a#ia uma parte de 7obert !ue !ueria !ue esse (osse o caso, !ue o !ue elesentia por Mar+se era o tipo de amor eterno, de almas g%meas sobre a !ual

    todo mundo (ala#a. Tal#e- suas e;pectati#as (ossem simplesmente muitoaltas.

    = )enso !ue no ten$o certe-a = ele admitiu. = #oc%> Voc% ac$a !uesabe como 1>

    = Amor> = Mic$ael sorriu e ol$ou para suas mos. = Amor, amor#erdadeiro, 1 #er. Con$ecer a parte mais (eia de algu1m, e am&'la de!ual!uer maneira. ... eu ac$o !ue duas pessoas apai;onadas setrans(ormam em outra coisa, alguma coisa maior do !ue a soma de suaspartes, sabe> 6e#e ser como criar um mundo no#o !ue e;iste s: para #oc%s

    dois. Ser deuses de seu pr:prio uni#erso de bolso = ele riu um pouco, comose se sentisse bobo. = 0sso de#e soar ridculo.

    = 8o = 7obert disse, a #erdade al#orecendo sobre ele. Mic$ael no (ala#acomo algu1m !ue esti#esse adi#in$ando ele (ala#a como algu1m !uesabia. ra poss#el !ue ap:s !uatro encontros com li-a, ele realmenteti#esse se apai;onado> ra poss#el !ue o mundo inteiro de seuparabataiti#esse mudado e 7obert nem percebera>

    = 0sso soa... legal.

    Mic$ael #irou a cabea para encarar 7obert, o rosto dele contraiu'se comuma incerte-a incomum.

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    = 7obert, tem uma coisa !ue eu esta#a !uerendo te contar... tal#e-,precisando te contar.

    =Fual!uer coisa.

    8o era a cara de Mic$ael $esitar. les conta#am tudo um para o outro,sempre tin$am contado.

    = u...

    le parou e ento sacudiu a cabea.

    = 2 !ue (oi> = 7obert pressionou.

    = 8o, no 1 nada. s!uece.

    2 est*mago de 7obert re#irou. P assim !ue seria agora, !ue Mic$ael esta#a

    apai;onado> "a#eria uma no#a distancia entre eles, coisas importantes noseriam ditas>

    le sentia como se Mic$ael esti#esse dei;ando'o para tr&s, cru-ando umalin$a para uma terra onde o parabatai dele no podia segui'lo e por mais!ue soubesse !ue no podia culpar Mic$ael, ele no conseguia resistir.

    < < = Simon perguntou.= P mel$or !ue ten$a um inc%ndio. 2u um ata!ue de dem*nios. )resteateno, eu no estou (alando sobre um pe!ueno dem*nio de bai;o n#el.Se #oc% !uer me acordar no meio de um son$o sobre ser uma estrela dorocO, 1 mel$or ser um 6em*nio Maior.

    = P a 0sabelle = ?eorge disse.

    Simon saltou da cama ou, pelo menos, coraosamente tentou. le cou um

    pouco enrolado em seus len:is, ento (oi mais como se ele ti#esse cado'

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    torcido'despencado da cama, mas e#entualmente ele cou de p1, prontopara entrar em ao. = 2 !ue aconteceu com a 0sabelle>

    = )or !ue alguma coisa teria acontecido com a 0sabelle>

    = Voc% disse... = Simon es(regou os ol$os, suspirando. = Vamos comearde no#o. Voc% est& me acordando por!ue...>

    = 8:s #amos encontrar a 0sabelle. Ter uma a#entura. Lembra>

    = 2$ = Simon tin$a dado o seu mel$or para es!uecer sobre isso. leescalou de #olta para sua cama. = Voc% pode me contar sobre isso aman$.

    = Voc% no #em> = ?eorge perguntou, como se Simon ti#esse dito !uepassaria o resto da noite (a-endo aulas e;tras com 6elane+ Scarsbur+ s:para se di#ertir.

    = Voc% acertou = Simon pu;ou o cobertor para cima da cabea e ngiudormir.

    = Mas #oc% #ai perder toda a di#erso.

    = ssa 1 e;atamente a min$a inteno = Simon (alou.

    apertou seus ol$os (ec$ados at1 !ue esti#esse realmente dormindo.

    < < 0sso 1 tudo o !ue #oc% #ai (a-er>

    = 2 !ue #oc% !uer !ue eu (aa>

    = u no sei. Alguma coisaR

    = Eem, eu estou (a-endo alguma coisa = Simon disse. = Vou #oltar para acama. Vou son$ar com ca(1 e com uma Hendor Stratocaster no#a e se?eorge no ti#er #oltado pela man$, (alarei para a reitora )en$allow !ueele est& doente, para !ue ele no entre em problemas. a eu #ou comeara me preocupar.

    Eeatri- bu(ou.

    = 2brigada por nada.

    = 6e nada = Simon gritou. Mas ele esperou at1 a porta bater atr&s delapara (a-er isso.

    < < = Simon sussurrou !uando seu colega de !uarto sentou nacadeira atr&s dele.

    = Muito incr#el = ?eorge murmurou.

    Fuando Simon o pressionou para mais detal$es, ?eorge s: balanou acabea e colocou um dedo nos l&bios.

    = S1rio> S: me conte.

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    = u urei segredo = ?eorge sussurrou. = Mas s: #ai car mel$or. Voc%!uer participar, #en$a comigo $oe de noite.

    7obert Lig$twood limpou sua garganta alto.

    = u gostaria de comear a aula de $oe, presumindo !ue estea tudo bempara as pessoas do (undo.

    ?eorge ol$ou para os lados de maneira sel#agem.

    = les #o ser#ir umbu $oe> u estou (aminto.

    Simon suspirou.

    ?eorge boceou.

    7obert recomeou.

    < < A Cla#ese recusa#a a lidar com isso. les !ueriam mais e#id%ncias no por!ueno tin$am certe-a de !ue esses lobos eram imundos criminosos #iolentos,mas por!ue no !ueriam lidar com !uei;as de integrantes do Submundo.

    les no !ueriam ter !ue se e;plicarI no !ueriam ter !ue di-er (alar / &'s

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    sab(amos que eles eram culpados, ento lide com isso. !les eram, emoutras palavras, racos. In3teis.

    Valentim disse !ue eles de#iam car orgul$osos por (a-er o trabal$o !ue aCla#e no esta#a disposta a (a-er, !ue eles esta#am audando as pessoas,

    mesmo tendo dado a #olta nas Leis, e com suas pala#ras, 7obert sentiu seuorgul$o @orescer. 4ei-em os outros estudantes da *cademia terem suasestas e seus pequenos melodramas da escola. 4ei-em)nos pensarem quecrescer era se ormar, casar, ir para reuni5es. 0sso era crescer, e;atamentecomo Valentim disse. Ver uma inustia e (a-er alguma coisa sobre isso, noimporta o risco. 8o importa as conse!u%ncias.

    2s lobos tin$am um ol(ato apurado e instintos aados, mesmo em sua(orma $umana, ento os Caadores de Sombras (oram cuidadosos. les searrastaram pela manso decada, espreitaram pelas anelas, esperaram,#igiaram. )lanearam. Cinco lobisomens e !uatro o#ens Caadores deSombras essas eram c$ances !ue at1 Valentim no !ueria arriscar. ntoeles (oram pacientes e cuidadosos.

    les esperaram at1 anoitecer.

    ra desconcertante ol$ar para os lobos em sua (orma $umana, incorporandouma (amlia $umana normal, o $omem mais o#em la#ando a louaen!uanto o mais #el$o (a-ia c$&, a criana sentada de pernas cru-adas noc$o (a-endo corridas com seus carrin$os de brin!uedo. 7obert se lembroude !ue esses in(ratores esta#am rei#indicando uma casa e uma #ida !ue

    no mereciam !ue eles mataram inocentes e podiam ter audado aassassinar o pai de Valentim. Mesmo assim, cou ali#iado !uando a luaapareceu e eles se trans(ormaram em sua (orma monstruosa.

    7obert e os outros se misturaram s sombras en!uanto em tr%s membrosdo bando apareciam pelos e caninos, e eles pula#am pela anela !uebradapara a noite. les saram para caar dei;ando, como Valentim suspeitou!ue iriam (a-er, seus mais #ulnereis para tr&s. 2 $omem #el$o e acriana.

    ssas c$ances eram mais do gosto de Valentim.

    8o (oi muito uma luta.

    Fuando os dois lobos restantes registraram o ata!ue, esta#am cercados.8em ti#eram tempo para se trans(ormar. sta#a acabado em minutos,Step$en dei;ando o mais #el$o inconsciente com uma batida na cabea, acriana se escondendo no canto, a centmetros da ponta da espada deMic$ael.

    = 8:s #amos le#ar os dois para interrogat:rio = Valentim (alou.

    Mic$ael balanou a cabea.

    = 8o a criana.

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    = 2s dois so criminosos = Valentim discutiu. = Cada membro dessebando 1 culpado por...

    = la 1 uma criana pe!uenaR = Mic$ael disse, #irando'se para seuparabatai em busca de apoio. = Hale para ele !ue n:s no #amos arrastar

    uma criana para o meio da @oresta para atir&'la sob a compai;o da Cla#e.

    le tin$a um ponto... mas Valentim tamb1m tin$a. 7obert no disse nada.

    = 8:s no le#aremos a criana = Mic$ael (alou, e o ol$ar em seu rostosugeria !ue ele esta#a disposto a apoiar suas pala#ras com a/es.

    Step$en e 7obert caram tensos, esperando a e;ploso. Valentim nogosta#a de ser desaadoI tin$a pouca e;peri%ncia com isso. Mas elesomente suspirou e deu um triste sorriso.

    = P claro !ue no. 8o sei em !ue eu esta#a pensando. nto s: o #el$o. Ano ser !ue #oc%s ten$am uma obeo a isso tamb1m>

    8ingu1m tin$a obeo, e o #el$o inconsciente era pele e osso, seu pesomal era notel nos ombros largos de 7obert. les trancaram a criana emum arm&rio, ento carregaram o $omem pela @oresta, de #olta aoacampamento.

    les o amarraram em uma &r#ore.

    A corda era tecida com lamentos de prata !uando o #el$o acordasse,acordaria com dor. 0sso pro#a#elmente no o seguraria em sua (orma delobo, no se ele esti#esse determinado a escapar. Mas iria atras&'lo. Asadagas de prata (ariam o resto.

    = Voc%s dois, patrul$em um permetro de um !uil*metro = Valentim (aloupara Mic$ael e Step$en. = 8:s no !ueremos nen$um de seus amiguin$osnegligentes o (areando. 7obert e eu #amos guardar o prisioneiro.

    Step$en acenou com a cabea se#eramente, ansioso como sempre para(a-er o !ue Valentim !ueria.

    = !uando ele acordar> = Mic$ael perguntou.

    = Fuando isso acordar, 7obert e eu #amos interrog&'lo sobre seus crimes, esobre o !ue ele sabe dos crimes de seus compan$eiros = Valentim disse. =9ma #e- !ue ten$amos assegurado sua consso, no #amos entreg&'lopara a Cla#e para sua punio. 0sso te dei;a satis(eito, Mic$ael>

    le no parecia ligar para a resposta, e Mic$ael no deu uma a ele.

    = nto agora a gente espera> = 7obert perguntou, uma #e- !ue elescaram so-in$os.

    Valentim sorriu.

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    Fuando ele !ueria, o sorriso de Valentim podia derreter at1 o corao maisprotegido, derret%'lo inteiro. Mas o sorriso !ue ele deu agora no eracaloroso. ra um sorriso (rio, e es(riou 7obert at1 a alma.

    = u estou cansado de esperar = Valentim (alou, e pegou uma adaga. A

    prata pura re@etiu a lu- da lua.

    Antes !ue 7obert pudesse (alar alguma coisa, Valentim pressionou o ladoac$atado da lGmina contra o peito descoberto do $omem. "ou#e um c$iadona pele, ento um buraco , en!uanto o prisioneiro acordou em agonia.

    = u no (aria isso = Valentim disse calmamente, en!uanto as (ei/es do#el$o comearam a se assemel$ar com as de um lobo, pelos brotando deseu corpo pelado. = Sim, eu #ou te mac$ucar.Mas mude de #olta para um lobo e, eu prometo, #ou te matar.

    A trans(ormao parou to rapidamente !uanto $a#ia comeado.2 $omem emitiu uma s1rie de tosses torturantes !ue balana#am seu corpomagro da cabea aos p1s. le era magro, to magro !ue suas costelasproeta#am'se sob a pele p&lida. "a#ia manc$as escuras embai;o de seusol$os e apenas alguns tristes os de cabelo cin-a atra#essando seu crGniomanc$ado. 7obert nunca tin$a pensado !ue um lobisomem podia carcareca. m outras circunstGncias, esse pensamento poderia t%'lo di#ertido.

    Mas no $a#ia nada de di#ertido no som !ue o $omem (a-ia en!uantoValentim traa#a a ponta da adaga de sua cla#cula saliente at1 o umbigo.

    = Valentim, ele 1 s: um $omem #el$o = 7obert disse de (orma $esitante.= Tal#e- n:s de#%ssemos...

    = 2ua seu amigo = o #el$o (alou em uma #o- pedinte e bai;a. = upoderia ser o seu a#*.

    Valentim o atacou no rosto com o pun$o da adaga.

    = 0sso no 1 nen$um tipo de $omem = ele (alou para 7obert. = P ummonstro. tem (eito coisas !ue no de#eria (a-er, no 1 #erdade>

    2 lobisomem, aparentemente percebendo !ue bancar o #el$o (raco no iriatir&'lo dessa, se le#antou ereto e mostrou os dentes aados. Sua #o-,!uando ele (alou, tin$a perdido seu tremor.

    = Fuem 1 #oc%, Caador de Sombras, para me di-er o !ue eu posso ou noposso (a-er>

    = nto #oc% admite = 7obert disse ansioso. = Voc% #iolou os Acordos.

    Se ele con(essasse to (acilmente, eles podiam acabar com esse casoin(ame, entregar o prisioneiro para a Cla#e, e ir para casa.

    = u no (ao acordos com assassinos e (racos = o lobisomem cuspiu.

  • 7/25/2019 5 O Mal que Amamos

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    = Heli-mente, eu no preciso de seu acordo = Valentim disse. = u s:preciso de in(ormao. Voc% me di- o !ue preciso saber e o dei;amos ir.

    0sso no era o !ue eles tin$am discutido, mas 7obert cou de boca (ec$ada.

    = 6ois meses atr&s, um bando de lobisomens matou um Caador deSombras na parte oeste dessa @oresta. 2nde posso encontr&'los>

    = como eu saberia disso>

    2 sorriso gelado de Valentim #oltou.

    = Mel$or #oc% saber, por!ue seno, no ser& mais 3til para mim.

    = nto, pensando bem, tal#e- eu ten$a ou#ido sobre esse Caador deSombras morto !ue #oc% (alou = o lobo latiu uma risada.= Fueria ter estado l& para #%'lo morrer. )ara pro#ar sua carne doce. P o

    medo !ue d& o sabor carne, sabe. 2 mel$or 1 !uando c$oram primeiro,um pouco de sal com o doce. di-em !ue seu Caador de Sombrascondenado c$orou baldes. sse era co#arde.

    = 7obert, segure a boca dele aberta = a #o- de Valentim esta#a rme, mas7obert con$ecia Valentim o suciente para sentir a (3ria por bai;o dela.

    =Tal#e- n:s de#%ssemos parar por um momento para...

    6 1e%ure a boca dele aberta.

    7obert agarrou a mandbula (raca do $omem e a abriu.Valentim pressionou a parte ac$atada da adaga na lngua do $omem e asegurou l& en!uanto o grito dele se trans(orma#a em um engasgo,en!uanto seus m3sculos es!uel1ticos inc$a#am e a pele abria na carne,en!uanto a lngua borbul$a#a e empola#a, e ento, !uando o lobocompletamente trans(ormado mordia a corda, Valentim cortou a lngua (ora.n!uanto orra#a sangue da boca dele, Valentim cortou uma lin$a naatra#1s da regio do abd*men do lobo. 2 corte era preciso e pro(undo, e olobo caiu no c$o, intestinos saindo de sua (erida.

    Valentim pulou em cima da criatura !ue se contorcia, es(a!ueando'o ecortando, rasgando seu couro, es(olando a carne at1 o osso, mesmo !uandoa criatura acaba#a e tin$a espasmos $orr#eis embai;o deles, mesmo!uando a luta acabou, mesmo !uando seu ol$ar cou #a-io, mesmo !uandoseu corpo !uebrado retomou a (orma $umana, deitado na terra sangrenta, orosto de um $omem #el$o sangrento e p&lido sem #ida para o c1u da noite.

    = Easta = 7obert continua#a di-endo, bai;o, inutilmente. = Valentim, &basta.

    Mas ele no (e- nada para par&'lo.

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    !uando seus amigos #oltaram da patrul$a e ac$aram Valentim e 7obertem cima do corpo desentran$ado, ele no contrariou a #erso de Valentimdos e#entosJ o lobisomem tin$a se soltado da corda e tentado escapar. lesti#eram resistido a uma batal$a (ero-, matado em autode(esa.

    2 esboo da $ist:ria era, tecnicamente, #erdade.

    Step$en deu batidin$as nas costas de Valentim, sendo solid&rio com ele porter perdido uma pista para o assassino de seu pai. Mic$ael ;ou seu ol$arem 7obert, sua pergunta to clara como se ti#esse (alado em #o- alta.

    O que realmente aconteceu#

    O que voc dei-ou acontecer#

    7obert des#iou o ol$ar.

    < < = ele cobrou de Mic$ael.

    Seu parabatai tin$a um segredo, ele sabia disso agora. Valentim disse isso.

    "ou#e uma longa pausa. m seguida, Mic$ael (alou.

    = u menti para #oc% todos os dias, 7obert.

    Hoi como um c$ute no est*mago.

    8o era apenas um segredo, no era apenas uma menina. ra... 7obert nemsabia o !ue era.

    0nsondel.

    le parou e se #irou para Mic$ael, incr1dulo.

    = Se #oc% est& tentando me c$ocar para te di-er alguma coisa...

    = u no estou tentando c$oc&'lo. u apenas... estou tentando di-er a#erdade. Hinalmente. Sei !ue #oc% est& me escondendo algo, algoimportante.

    = u no estou = 7obert insistiu.

  • 7/25/2019 5 O Mal que Amamos

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    = Voc% est&, e isso d:i. me mac$uca, ento s: posso imaginar... = eleparou, respirou (undo, e se (orou. = u no podia suportar, se ten$o temac$ucado desse eito todos estes anos. Mesmo se no percebi isso. Mesmose #oc% no percebeu.

    = Mic$ael, #oc% no est& (a-endo nen$um sentido.

    les c$egaram a um tronco cado, espesso, com musgo. Mic$ael a(undounele, de repente parecendo cansado. Como se ele ti#esse en#el$ecido cemanos no 3ltimo minuto. 7obert sentou'se ao lado dele e colocou a mo noombro do amigo.

    = 2 !ue 1 isso> = ele bateu de le#e na cabea de Mic$ael, tentando sorrir,di-endo a si mesmo !ue era apenas Mic$ael sendo Mic$ael. stran$o, masinconse!uente. = 2 !ue est& acontecendonesse $ospcio !ue #oc% c$amar de c1rebro>

    Mic$ael bai;ou a cabea.

    le parecia to #ulnerel assim, a nuca nua e e;posta, 7obert no podiasuportar.

    = stou apai;onado = Mic$ael sussurrou.

    7obert deu uma gargal$ada, ali#io orrando atra#1s dele.

    = 0sso 1 tudo> Voc% no ac$a !ue percebi isso, idiota> u te disse, li-a 1:tima...

    m seguida, Mic$ael disse outra coisa.

    Algo !ue 7obert de#e ter ou#ido mal.

    = 2 !u%> = indagou, embora no !uisesse saber.

    6esta #e-, Mic$ael le#antou a cabea, ol$ou nos ol$os de 7obert, e (alouclaramente.

    = u estou apai;onado por #oc%.

    7obert esta#a de p1 antes !ue mesmo !ue pudesse processar as pala#ras.

    )arecia de repente muito importante ter espao entre ele e Mic$ael. Tantoespao !uanto poss#el.

    = Voc% o !u%>

    le no tin$a a inteno de gritar.

    = 0sso no 1 engraado = acrescentou 7obert, tentando modelar a sua #o-.

    = 8o 1 uma piada. stou apai...= 8o diga isso de no#o. Voc% nunca #ai di-er isso de no#o.

  • 7/25/2019 5 O Mal que Amamos

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    Mic$ael empalideceu.

    = u sei !ue #oc% pro#a#elmente... sei !ue #oc% no se sente da mesma(orma, !ue #oc% no pode...

    Tudo de uma #e-, com uma (ora !ue !uase tirou seus p1s do c$o, 7obert(oi inundado por uma onda de mem:riasJ a mo de Mic$ael ao seu redor emum abrao. Mic$ael lutando com ele. Mic$ael austando sua#emente seucontrole sobre a espada. Mic$ael deitado na cama a poucos passos dele,noite ap:s noite. Mic$ael se despindo, pegando sua mo, pu;ando'o para oLago L+n. Mic$ael, peito nu, o cabelo enc$arcado, os ol$os bril$ando,deitado na grama ao lado dele.

    7obert !ueria #omitar.

    = 8ada tem !ue mudar = disse Mic$ael, e 7obert teria rido, se no isso no

    (osse (a-%'lo #omitar. = u ainda sou a mesma pessoa. 8o estou pedindonada de #oc%. stou apenas sendo $onesto. u s: precisa#a !ue #oc%soubesse.

    0sto era o !ue 7obert sabiaJ !ue Mic$ael era o mel$or amigo !ue ele & te#e,e pro#a#elmente a mais pura alma !ue ele & con$eceu. le de#eria sesentar ao lado de Mic$ael, prometer'l$e !ue esta#a tudo bem, !ue nadaprecisa#a mudar, !ue o uramento !ue $a#iam (eito um ao outro era#erdade, e para sempre. Fue no $a#ia nada a temer no o est*mago de7obert se re#irou com a pala#ra amor de Mic$ael. Fue 7obert era umaseta em lin$a reta, !ue era o to!ue de Mar+se !ue (a-ia seu corpo car #i#o,

    a mem:ria do peito de Mar+se !ue (a-ia seu pulso correr e a consso deMic$ael no traria nen$uma d3#ida nisso. le sabia !ue de#eria di-er algorecon(ortante para Mic$ael, algo como, 4u no posso te amar desse eito,mas #ou te amar para sempre5.

    Mas ele tamb1m sabia o !ue as pessoas iriam pensar.

    2 !ue pensariam sobre Mic$ael... o !ue suporiam sobre 7obert.

    As pessoas (alariam, (o(ocariam, suspeitariam de coisas. )arabatai nopodiam sair um com o outro, 1 claro. no podiam... algo a mais.

    Mas Mic$ael e 7obert eram bem pr:;imosI Mic$ael e 7obert esta#am to emsincroniaI certamente as pessoas gosta#am de saber eram o mesmo.

    Certamente as pessoas pensariam.

    le no podia suportar. le trabal$ou muito duro para se tornar o $omem!ue era, o Caador das Sombras !ue era.

    no podia suportar ter pessoas ol$ando para ele da!uele eito de no#o,como se ele (osse di(erente.

    ele no poderia ter Mic$ael ol$ando para ele assim.

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    )or!ue e se ele comeasse a se perguntar, tamb1m>

    = Voc% nunca #ai di-er isso de no#o = 7obert (alou (riamente. = seinsistir nisso, ser& a 3ltima coisa !ue alguma #e- dir& para mim. Voc% meentendeu> = Mic$ael apenas o encarou, ol$os arregalados e sem

    compreender. = #oc% nunca #ai (alar sobre isso a ningu1m, tampouco. uno #ou ter as pessoas pensando isso sobre n:s. Sobre #oc%.

    Mic$ael murmurou algo inintelig#el.

    = 2 !u%> = 7obert perguntou cortantemente.

    = u disse, o !ue eles #o pensar>

    = les #o pensar !ue #oc% 1 noento = disse 7obert.

    = 6o eito !ue est& pensando>

    9ma #o- no (undo da mente de 7obert disse, Pare. !sta $ a sua 3ltimachance. Mas (alou muito calmamente.

    le no tin$a certe-a.

    = Sim = disse 7obert, e ele (alou com rme-a suciente para !ue no$ou#esse d3#ida do !ue ele !uis di-er.= Ac$o !ue #oc% 1 noento. Hi- um uramento a #oc%, e #ou $onr&'lo. Masno se enganeJ nada entre n:s nunca ser& o mesmo. 8a #erdade, a partirde agora, no $& nada entre n:s, ponto.

    Mic$ael no discutiu. le no disse nada. le simplesmente se #irou, (ugiupara as &r#ores e dei;ou 7obert so-in$o.

    2 !ue ele disse, o !ue ele tin$a (eito... era imperdoel. 7obert sabia disso.le disse a si mesmoJ era culpa de Mic$ael, a deciso era de Mic$ael.

    le disse a si mesmoJ ele s: esta#a (a-endo o !ue precisa#a (a-er parasobre#i#er.

    Mas ele #iu a #erdade agora. Valentim esta#a certo. 7obert no era capa-

    de amar ou ter absoluta lealdade.le pensou !ue Mic$ael era a e;ceo, a pro#a de !ue ele poderia ser acerte-a de algu1m !ue podia ser constante, no importa#a o !ue.

    Agora isso se (oi.

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    < <

    = A mesma coisa !ue #oc% = disse Dulie. m seguida, ela corou e l$e deuum en#ergon$ado encol$er de ombros. = Ac$o !ue #oc% argumentou bem.

    = Mas como #oc% c$egou a!ui antes de mim>

    = u peguei a escada leste, ob#iamente. 6epois a!uele corredor por tr&s dasala de armas...

    = Mas no tem um beco sem sada no re(eit:rio>

    = S: se #oc%...

    = Tal#e- possamos dei;ar de lado essa (ascinante discusso cartogr&caat1 mais tarde = disse Catarina Loss le#emente. = Ac$o !ue temos algomais importante nas mos.

    = Como ensinar a seus alunos idiotas uma lio = 7obert Lig$twoodrosnou, e saiu do escrit:rio.

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    Catarina e a reitora camin$aram atr&s dele.

    Simon trocou um ol$ar ner#oso com Dulie.

    = Voc%, $, ac$a !ue de#emos segui'los>

    = )ro#a#elmente = disse ela, ento suspirou. = 8:s tamb1m podemosdei;&'los e;pulsar a todos n:s em um tiro.

    les camin$aram atr&s de seus pro(essores, dei;ando'se car mais e maispara tr&s.

    Fuando se apro;imaram do !uarto de Don, os gritos de 7obert eram aud#eisa partir do meio do corredor. les no conseguiam distinguir suas pala#rasatra#1s da porta grossa, mas o #olume e a cad%ncia torna#am a situaomuito clara.

    Simon e Dulie abriram a porta e entraram.

    ?eorge, Don e os outros esta#am alin$ados contra a parede, rostos p&lidos,os ol$os arregalados, todos parecendo preparados para um peloto de(u-ilamentos. n!uanto 0sabelle esta#a de p1 ao lado de seu pai... radiante#

    = Hal$aram, todos #oc%sR = 7obert Lig$twood ressoou. = Sup/e'se !ue#oc%s seam os mel$ores e mais bril$antes !ue esta escola tem parao(erecer, e isso 1 o !ue #oc%s t%m para mostrar> u a#isei a #oc%s sobre osperigos do carisma. u (alei da necessidade de de(ender o !ue 1 certo.Mesmo !ue doa a !uem #oc%s mais amam. todos #oc%s no conseguiramou#ir.

    0sabelle tossiu incisi#amente.

    = Todos #oc%s, e;ceto dois = 7obert permitiu, sacudindo a cabea paraSimon e Dulie. = Eem (eito. 0sabelle esta#a certa sobre #oc%s.

    Simon esta#a se recuperando.

    = Tudo isso (oi um est3pido teste> = Don gritou.

    = 9m teste bastante inteligente, se me perguntarem = apontou a reitora)en$allow.

    Catarina parecia !uerer di-er algumas coisas sobre o t:pico de Caadoresde Sombras tolos !ue ogam ogos de gato e rato com os seus pr:prios, mascomo de costume, ela mordeu a lngua.

    = Fual a porcentagem de nossas notas isso tomar&> = perguntou Sunil.

    Com isso, $ou#e muita gritaria. 9m pouco de (alat:rio sobre aresponsabilidade sagrada e descuido e !uo desagradel uma noite nos

    calabouos da Cidade do Sil%ncio pode ser.

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    7obert tro#eou como Weus, a reitora )en$allow (e- o seu mel$or para nosoar como uma bab& repreendendo sobre roubar um biscoito e;tra,en!uanto Catarina Loss colocou uma ocasional obser#ao sarc&stica sobreo !ue aconteceu com os Caadores das Sombras !ue pensa#am !ue eradi#ertido circular numa &rea de (eiticeiros. m um ponto, ela interrompeu o

    discurso de 7obert Lig$twood para adicionar um coment&rio aguado sobre6art$ Vader e um ol$ar astuto para Simon !ue o (e- se perguntar, nopela primeira #e-, !uo perto ela esta#a obser#ando'o, e por !u%.

    Atra#1s de tudo isso, 0sabelle obser#ou Simon, algo inesperado em seuol$ar.

    Algo !uase como... orgul$o.

    = Concluindo, da pr:;ima #e- #oc%s ou#iro !uando os mais #el$os (alarem= 7obert Lig$twood gritou.

    = )or !ue algu1m ou#iria !ual!uer coisa !ue #oc% tem a di-er sobre a (a-era coisa certa> = 0sabelle rebateu.

    2 rosto de 7obert cou #ermel$o. le se #irou para ela lentamente, ;ando'a com o tipo 0n!uisidor de bril$o gelado !ue teria dei;ado !ual!uer umc$oramingando em posio (etal. 0sabelle no #acilou.

    = Agora !ue esse neg:cio s:rdido (oi concludo, peo a todos para dar amim e a min$a l$a obediente alguma pri#acidade. Acredito !ue temosalgumas coisas para resol#er = disse 7obert.

    = Mas esse 1 o meu !uarto = Don lamentou.

    7obert no precisou (alar, apenas #irou o ol$ar do 0n!uisidor sobre eleI Donse encol$eu.

    le (ugiu, unto com todos os outros, e Simon esta#a prestes a seguir omesmo camin$o !uando os dedos de 0sabelle arrebataram seu pulso.

    = le ca = ela disse para seu pai.

    = Certamente !ue no.

    = Simon ca comigo, ou eu saio com ele = 0sabelle (alou. = ssas so assuas escol$as.

    = r, eu caria (eli- em ir... = Simon comeou, (eli- sendo um substitutoeducado para desesperado.

    = Voc% ca = 0sabelle ordenou.

    7obert suspirou.

    = Tudo bem. Voc% ca.

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    0sso acabou com a discusso. Simon sentou'se na beira da cama de Don,deseando ser in#is#el.

    = P :b#io para mim !ue #oc% no !uer estar a!ui = 7obert disse para sual$a.

    = 2 !ue isso te mostrou> 2 (ato de !ue eu l$e disse um mil$o de #e-es!ue eu no !ueria #ir> Fue no !ueria ogar o seu ogo est3pido> Fuepensei !ue era cruel e manipulador e um total desperdcio de tempo>

    = Sim = disse 7obert. = 0sso.

    = ainda assim #oc% me (e- #ir de !ual!uer maneira.

    = Sim.

    = 2l$a, se #oc% pensou !ue um tempo de con##io (orado corrigiria ou

    mel$oraria o !ue #oc%...

    7obert suspirou pro(undamente.

    = u & l$e disse antes, o !ue aconteceu entre mim e sua me no temnada a #er com #oc%.

    = Tem tudo a #er comigoR

    = 0sabelle... = 7obert ol$ou para Simon, em seguida, bai;ou a #o-. = urealmente prero (a-er isso sem uma audi%ncia.

    = Fue pena.

    Simon tentou ainda mais desaparecer no (undo, esperando !ue tal#e- se elese es(orasse o suciente, sua pele assumiria o mesmo padrosurpreendentemente @orido da parede de Don Cartwrig$t.

    = Voc% e eu, n:s nunca (alamos sobre o meu tempo no Crculo, ou por !ueeu segui Valentim = disse 7obert. = u espera#a !ue #oc%s, crianas,nunca ti#essem !ue saber sobre essa parte min$a.

    = u ou#i a sua palestra, como todo mundo = ela (alou, carrancuda.

    = 8:s dois sabemos !ue a $ist:ria adaptada para o consumo p3blico nunca1 toda a #erdade = 7obert (ran-iu a testa. = 2 !ue eu no disse a essesestudantes !ue eu nunca disse a ningu1m 1 !ue ao contr&rio da maioriado Crculo, eu no era o !ue #oc% c$amaria de um #erdadeiro crente. 2soutros pensa#am !ue eram a espada de 7a-iel em (orma $umana. Voc%de#eria ter #isto sua me, bril$ando com a ustia.

    = )ortanto, agora 1 tudo culpa da mame> Eom, papai. Muito bom. ude#eria pensar !ue #oc% 1 um cara impressionante por #er atra#1s de

    Valentim, mas (oi unto com ele de !ual!uer maneira> )or!ue a suanamorada disse isso>

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    le balanou a cabea.

    = Voc% est& perdendo o meu argumento. u era o !ue mais merecia aculpa. Sua me, os outros, eles ac$a#am !ue esta#am (a-endo o !ue eracerto. les adora#am Valentim. Adora#am a causa. les acredita#am. u

    nunca poderia reunir essa (1... mas (ui unto de !ual!uer maneira. 8opor!ue eu pensa#a !ue era certo. )or!ue era (&cil. )or!ue Valentim pareciato certo. Substituir sua certe-a pela min$a parecia o camin$o de menorresist%ncia.

    = )or !ue est& me contando isso> = um pouco do #eneno tin$a sidodrenado da #o- de 0sabelle.

    = no entendi, ento, o !ue signicaria ter #erdadeiramente certe-a dealguma coisa = continuou 7obert. = u no sabia como era a sensao deamar algo, ou algu1m, al1m de toda a reser#a. 0ncondicionalmente. )ensei

    !ue tal#e-, com meu parabatai, mas ento... = ele engoliu tudo o !ueesta#a prestes a di-er.

    Simon se perguntou como poderia ser pior do !ue ele & tin$a con(essado.

    = #entualmente, ac$ei !ue eu simplesmente no tin$a isso em mim. Fueeu no (ui construdo para esse tio de amor.

    = Se #oc% est& prestes a me di-er !ue o encontrou com a sua amante... =0sabelle estremeceu.

    = 0sabelle = 7obert pegou as mos de sua l$a nas suas pr:prias. = stoudi-endo a #oc% !ue eu o encontrei com Alec. Com #oc%. Com... = ele ol$oupara bai;o. = Com Ma;. Ter #oc%s, 0sabelle, mudou tudo.

    = P por isso !ue passou anos tratando Alec como se ele ti#esse a peste> Passim !ue #oc% mostra a seus l$os !ue #oc% os ama>

    nto, se 1 !ue era poss#el, 7obert pareceu ainda mais en#ergon$ado de simesmo.

    = Amar algu1m no signica !ue #oc% nunca #ai cometer erros = ele (alou.

    = u - mais do !ue meu !uin$o. Sei disso. alguns deles !ue eu nuncaterei a c$ance de compensar. Mas estou tentando o meu mel$or com o seuirmo. le sabe o !uanto eu o amo. Como estou orgul$oso dele. u preciso!ue #oc% saiba disso tamb1m. Voc%s crianas, so a 3nica coisa !ue ten$ocerte-a, a 3nica coisa !ue sempre terei certe-a. 8o a Cla#e. 8o,in(eli-mente, o meu casamento. Voc%s. se precisar, passarei o resto damin$a #ida tentando pro#ar !ue #oc% pode conar em mim.

    < <

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    Hoi uma (esta c$ata, do tipo !ue mesmo Simon te#e !ue admitir !ue poderiater sido animada por um dem*nio ou dois. As decora/es algumas tristes@Gmulas, um par de bal/es de $1lio murc$os, e um carta- (eito modi-endo )A7AEP8S parecendo ter sido atirados untos a contragosto no3ltimo minuto por um grupo de alunos do !uinto ano em deteno. A mesa

    de re(rescos esta#a lotada com a comida !ue ti#esse sobrado do nal dosemestre, incluindo croissants en#el$ecidos, uma caarola c$eia de gelatinalarana, um barril de co-ido e #&rios pratos repletos de carnes noidenticeis. Como a eletricidade no (unciona#a em 0dris e ningu1m tin$apensado em contratar uma banda, no $a#ia m3sica, mas um pun$ado demembros do corpo docente tin$a tomado para si impro#isar um !uarteto decordas. 2 !ue, na mente de Simon, no se !ualica#a como m3sica.B 2grupo de 0sabelle !ue con#ocaria um dem*nio tin$a sido dei;ado com umabronca se#era, e mesmo permitidos a participar da (esta, nen$um delesparecia muito no clima para comemora/es ou, compreensi#elmente, para

    Simon.

    le esta#a permanentemente so-in$o na bacia de ponc$e !ue c$eira#acomo pei;e o suciente para impedi'lo, na #erdade, ser#ir'se de !ual!uerponc$e !uando 0sabelle se untou a ele.

    = #itando seus amigos> = ela perguntou.

    = Amigos> = ele riu. = Ac$o !ue #oc% !uer di-er 4pessoas !ue meodeiam5. Sim, eu tendo a e#it&'los.

    = les no te odeiam. sto en#ergon$ados por!ue #oc% esta#a certo eeles (oram est3pidos. les #o superar. Voc%s sempre (a-em.

    = 8o parecia pro#el, mas, em seguida, no $a#ia muito o !ue tin$aacontecido este ano !ue se en!uadraria na categoria de 4provvel2.

    = nto, eu ac$o, obrigada por car comigo com toda a!uela coisa com omeu pai = disse 0sabelle.

    = Voc% no me deu e;atamente muita escol$a = ele ressaltou.

    0sabelle riu, !uase com carin$o.

    = Voc% realmente no tem ideia de como um encontro social supostamentede#e ser, no 1> u digo 4Obri%ada5I #oc% di- 4por nada5.

    = Como se eu dissesse, 4obrigado por enganar todos os meus amigos ao(a-%'los pensar !ue #oc% (osse uma sel#agem e louca in#ocadora dedem*nios para !ue eles pudessem entrar em problemas com a reitora5,#oc% diria...>

    = 6e nada por l$es ensinar uma lio #aliosa = ela sorriu. = 9ma !ue,aparentemente, #oc% no precisa aprender.

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    = Sim. Sobre isso... = mesmo !ue tudo ti#esse sido um teste mesmo !ue,aparentemente, 0sabelle ti#esse !uerido !ue ele a denunciasse, ele ainda sesentia culpado. = u sinto muito, no descobri o!ue #oc% esta#a (a-endo. 8o conei em #oc%.

    = ra um ngimento, Simon. Voc% no de#eria conar em mim.

    = Mas eu no de#eria ter cado nisso. 6e todas as pessoas...

    = Voc% no pode esperar me con$ecer = $a#ia uma gentile-a imposs#elna #o- de 0sabelle. = u entendo, Simon. Sei !ue as coisas t%m sido...di(ceis entre n:s, mas eu no estou me enganando. )osso no gostar darealidade, mas no posso negar isso.

    "a#ia tantas coisas !ue ele !ueria di-er a ela.

    , no entanto, neste e;ato momento de alta presso, sua mente esta#a embranco.

    2 silencio descon(ortel assentou'se pesadamente entre eles. 0sabellemudou seu peso de p1.

    = Eem, se isso 1 tudo, ento...

    = Vai #oltar para o seu encontro com Don> = Simon no podia se impedir deperguntar. = 2u... era apenas parte do ngimento>

    le espera#a !ue ela no percebesse a nota pat1tica de esperana em sua

    #o-.

    = Hoi um ngimento di(erente, Simon. Acalme'se. Alguma #e- l$e ocorreu!ue eu apenas gosto de tortur&'lo>

    "ou#e a!uele sorriso per#erso no#amente, e Simon sentiu !ue ela tin$a opoder de acender o (ogo neleI sentiu !ue & esta#a !ueimando.

    = nto, #oc% e ele, #oc%s nunca...

    = Don no 1 e;atamente o meu tipo.

    2 pr:;imo sil%ncio (oi um pouco mais con(ortel. 2 tipo de sil%ncio, Simonpensou, onde #oc% encara#a com os ol$os arregalados para algu1m at1 !uea tenso s: pudesse ser !uebrada com um beio.

    Easta se inclinar, ele disse a si mesmo, por!ue mesmo !ue ele no pudessese lembrar de (a-er o primeiro mo#imento em uma garota como essa, eleob#iamente tin$a (eito isso no passado. 2 !ue signica#a !ue ele tin$a issonele. m algum lugar.

    )are de ser to co#arde e em pGnico. S 08CL08.

    le ainda esta#a reunindo toda a sua coragem, !uando o momento passou.la deu um passo para tr&s.

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    = Assim... o !ue $a#ia na carta, de !ual!uer maneira>

    le tin$a memori-ado. )oderia recit&'la para ela agora, di-er'l$e !ue ela eraincr#el, !ue mesmo !ue seu c1rebro no se lembrasse de am&'la, sua almaesta#a permanentemente moldada para se encai;ar na dela, como uma

    esp1cie de cortador de biscoitos em (orma de 0sabelle !ue carimbara o seucorao. Mas escre#er era di(erente de (alar em #o- alta e em p3blico.

    le deu de ombros.

    = u realmente no me lembro, apenas um pedido de desculpas por tergritado com #oc% na!uele momento. na outra #e-. u ac$o.

    = 2$.

    Ser& !ue ela parecia desapontada> Ali#iada> 0rritada> Simon procurou emseu rosto por pistas, mas era indeci(rel.

    = Eem... desculpas aceitas. pare de ol$ar como se eu ti#esse algo emmeu nari-.

    = 6esculpe. 6e no#o.

    = ... eu ac$o... me desculpe se eu a de#ol#i sem l%'la.

    Simon no se lembra#a se ela & tin$a se desculpado com ele antes. la noparecia o tipo !ue pedia desculpas a ningu1m.

    = Se #oc% me escre#er outra em algum momento, eu poderia at1 mesmol%'la = disse ela, com indi(erena estudada.

    = A escola termina esse semestre, lembra> ste m de semana eu #oltopara o ErooOl+n.

    )arecia inimaginel.

    = les no t%m cai;as de correio no ErooOl+n>

    = Ac$o !ue eu poderia l$e en#iar um carto postal da ponte do ErooOl+n =Simon permitiu ento respirou (undo, e (oi para ela.

    = 2u eu poderia entregar uma pessoalmente. 8o 0nstituto, !uero di-er. Se#oc% !uiser. Alguma $ora. 2u alguma coisa.

    = Alguma $ora. Alguma coisa... = 0sabelle re@etiu sobre isso, dei;ando aspala#ras @utuando por poucos intermineis segundos agoni-antes. nto,seu sorriso se alargou at1 !ue Simon pensou !ue poderia realmente searder.

    = Ac$o !ue temos um encontro.

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