5-O papel da mulher

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    O PAPEL DA MULHER em Memorial do Convento, de José Saramago.

    Elizabete Costa Malheiros

    O romance Memorial do Convento, de José Saramago, representa uma investidano campo da narrativa histórica. A obra percorre um perodo de apro!imadamente "#anos na história de $ortugal % época da &n'uisi()o. O autor critica $ortugal 'uesubmetia o povo % e!plora()o e % miséria, apesar da ri'ueza do pas. As suas

    personagens est)o divididas entre a so*stica()o da Corte e a simplicidade da vidapopular. +esses dois grupos distintos, José Saramago trata as personagensfemininas de forma espeial,  mostrando os seus dierentes comportamentos.Através da personagem !lim"nda, e por meio da sua capacidade e!traordin-ria dever o 'ue realmente h- no mundo, o narrador pode olhar dentro da história do século/&&& e en!ergar verdadeiramente os deslizes religiosos e morais, mostrando acorrup()o da &gre0a, os e!cessos da nobreza, bem como o investimento carssimo de1. Jo)o / na constru()o do Convento de Mara, a ac()o da &n'uisi()o, instalada em$ortugal para atender os interesses da Coroa visando o enri'uecimento, através dosbens tomados dos 0udeus, e a imagem verdadeira de uma sociedade 'ue escondia

    suas ragilidades2 su0eira, doen(as e dieren(as sociais.

    A personagem D# Maria Ana  é apresentada como uma rainha triste einsatiseita, vivendo um casamento de apar3ncia, onde as regras e ormalidades seestendem até o leito con0ugal, azendo do acto de amor com el4rei um encontro rio,programado e indierente, 'ue tem como maior ob0ectivo o milagre da ecunda()o, o'ue levou el4rei a azer uma promessa de levantar um convento em Mara, caso aconcep()o ocorresse. Dona Maria Ana estende ao rei a mãozinha suada e fria, 'uemesmo tendo a'uecido debai!o do cobertor logo arreece ao ar gélido do 'uarto, e el4rei, 'ue 0- cumpriu o seu dever, e tudo espera do convencimento e criativo esor(ocom 'ue o cumpriu, bei0a4lha como a rainha e utura m)e, se n)o presumiu demasiadorei António de S)o José. 5MC, 678. Essa car3ncia dei!a % rainha somente apossibilidade de realizar os seus dese0os através dos sonhos nocturnos 'ue tem com ocunhado. E é também por essas ra'uezas, e por se sentir culpada, 'ue ela procura,através da ora()o, redimir4se. Porém, Vossa Majestade sonha comigo quase todas asnoites, que eu bem no sei, É verdade que sonho, são fraquezas de mulher guardadasno meu coração.  MC, 6#98.  E, assim, 1. Maria Ana vive pressionada pelaresponsabilidade de dar herdeiros ao marido, 0- 'ue a culpa de tal ainda n)o teracontecido é dela, pois esterilidade como o narrador lembra, ironicamente, n)o éproblema dos homens, ali-s o 'ue se v3 na Corte é um n:mero consider-vel debastardos, o 'ue prova a virilidade do rei. +esse ambiente onde as proibi(;es erepress;es ditadas pela &gre0a e pelo Estado intererem directamente nocomportamento, a ela é proibida 'ual'uer atitude 'ue u0a aos padr;es do modelo deamlia e!igidos pela sociedade. Em meio ao lu!o e % ri'ueza, 1. Maria Ana vaiacumulando dentro de si uma sensualidade 'ue n)o pode e!plorar, 0- 'ue seusencontros se!uais com el4rei representam unicamente o cumprimento do devercon0ugal. A ela cabe a passividade diante da vida.

    Mas h- outra personagem chamada !lim"nda, José Saramago d-caractersticas ortes, sensualidade e intelig3ncia. Através de

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    ormalidades para escraviz-4la. Mundo dierente da'uele vivido por 1. Maria Ana, 'uerecebe de seu conessor ensinamentos para resignar4se com as trai(;es do marido,inclusive a'uelas cometidas com as reiras nos mosteiros, a 'uem ele emprenha umaapós outra.

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    ouro, ao azer um buraco no lugar indicado por ela. +a sua simplicidade, ela declara'ue conunde ouro com prata. 

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    principal ob0ectivo do narrador é desconstruir os conceitos religiosos no 'ue se reere% e!ist3ncia do esprito, negando 'ue este suba aos céus, após a morte do corpo, 0-'ue