5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

91
80 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES Neste tópico incialmente serão abordados os resultados referentes ao mapeamento do derrame alterado sob rocha sã no Planalto de Palmas (PR)/Água Doce (SC), discutindo-se sua distribuição espacial e sua relação com as formas de relevo, no final dessa primeira parte as feições estruturais que possivelmente estão influenciando a área de estudo também serão abordadas. Na sequência as características do derrame alterado serão apresentadas com o objetivo de elucidar a sua gênese. 5.1. DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE DERRAME ALTERADO NO PLANALTO DE PALMAS (PR)/ ÁGUA DOCE (SC) E O RELEVO DA ÁREA 5.1.1. Aspectos gerais Sobre a Bacia Sedimentar do Paraná individualiza-se Terceiro Planalto Paranaense (SANTOS et al., 2006). Tal unidade morfoescultural insere-se no contexto geológico da Formação Serra Geral. No Paraná esta grande unidade morfoescultural se subdivide em várias subunidades menores (SANTOS et al., 2006). Esculturado sobre as rochas ácidas do Membro Palmas o Planalto de Palmas (PR)/Água Doce (SC) é uma dessas subunidades (Paisani et al., 2008a). Neste planalto além de rochas ácidas do Membro Palmas, amplamente discutidas na literatura científica (CLEMENTE, 1988; VOLKMER, 1999; NARDY et al., 2002, 2008, entre outros), aflora uma facies de gênese e distribuição geográfica ainda desconhecida, constituindo-se como derrame de rocha completamente alterado. Na paisagem este material aparece sob derrame de rocha sã (PAISANI et al., 2008a). Sendo assim, visando entender o papel dessa litologia na configuração do relevo da área de estudo, como discutido na introdução, realizou-se seu mapeamento. Para isto selecionou-se recorte espacial entre as latitudes S 26º 32’ 24” - S 26º 38’ 24” e as longitudes W 51º 31’ 31” - W 51º 43’ 08” no Planalto de Palmas (PR)/Água Doce (SC). Tal mapeamento foi executado empregando técnicas de campo e laboratório. Os trabalhos foram direcionados visando mapear as morfologias da área de estudo e entender a sua relação com a litologia, bem como estabelecer os limites de domínio do derrame alterado sob rocha sã na área de estudo. Feições como lineamentos negativos

Transcript of 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Page 1: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Neste tópico incialmente serão abordados os resultados referentes ao

mapeamento do derrame alterado sob rocha sã no Planalto de Palmas (PR)/Água Doce

(SC), discutindo-se sua distribuição espacial e sua relação com as formas de relevo, no

final dessa primeira parte as feições estruturais que possivelmente estão influenciando a

área de estudo também serão abordadas. Na sequência as características do derrame

alterado serão apresentadas com o objetivo de elucidar a sua gênese.

5.1. DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE DERRAME ALTERADO NO PLANALTO DE

PALMAS (PR)/ ÁGUA DOCE (SC) E O RELEVO DA ÁREA

5.1.1. Aspectos gerais

Sobre a Bacia Sedimentar do Paraná individualiza-se Terceiro Planalto

Paranaense (SANTOS et al., 2006). Tal unidade morfoescultural insere-se no contexto

geológico da Formação Serra Geral.

No Paraná esta grande unidade morfoescultural se subdivide em várias

subunidades menores (SANTOS et al., 2006). Esculturado sobre as rochas ácidas do

Membro Palmas o Planalto de Palmas (PR)/Água Doce (SC) é uma dessas subunidades

(Paisani et al., 2008a).

Neste planalto além de rochas ácidas do Membro Palmas, amplamente discutidas

na literatura científica (CLEMENTE, 1988; VOLKMER, 1999; NARDY et al., 2002,

2008, entre outros), aflora uma facies de gênese e distribuição geográfica ainda

desconhecida, constituindo-se como derrame de rocha completamente alterado. Na

paisagem este material aparece sob derrame de rocha sã (PAISANI et al., 2008a).

Sendo assim, visando entender o papel dessa litologia na configuração do relevo

da área de estudo, como discutido na introdução, realizou-se seu mapeamento. Para isto

selecionou-se recorte espacial entre as latitudes S 26º 32’ 24” - S 26º 38’ 24” e as

longitudes W 51º 31’ 31” - W 51º 43’ 08” no Planalto de Palmas (PR)/Água Doce (SC).

Tal mapeamento foi executado empregando técnicas de campo e laboratório. Os

trabalhos foram direcionados visando mapear as morfologias da área de estudo e

entender a sua relação com a litologia, bem como estabelecer os limites de domínio do

derrame alterado sob rocha sã na área de estudo. Feições como lineamentos negativos

Page 2: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

81

(rios), lineamentos positivos (relevo), curvas anômalas, entre outras, foram também

mapeadas com o intuito de entender qual o papel da estrutura na formação do relevo da

área de estudo e identificar possíveis atividades neotectônicas.

5.1.2. Geologia Local

O Planalto de Palmas Paraná (PR)/Água Doce (SC) individualiza-se no domínio

geológico da Formação Serra Geral - Membro Palmas. As rochas desse tipo geralmente

ocorrem acima de 1000m de altitude (NARDY et al., 2002), e são divididas em cinco

subgrupos distintos: Clevelândia; Santa Maria; Anita Garibaldi, Caxias do Sul e Jacuí.

O Planalto de Palmas (PR)/Água Doce (SC) insere-se no subgrupo denominado

Clevelândia, que se estende por área de 4.087 km² ao sul do Estado do Paraná,

aproximadamente de General Carneiro até Clevelândia, com espessura média de 150 m

e volume da ordem de 613 km³ (NARDY et al., 2008).

Nas rochas ácidas do Membro Palmas foram reconhecidos três níveis distintos

(figura 31): o nível inferior ou basal que se caracteriza por apresentar na zona de contato

com o basalto maciço, presença de vesículas e amígdalas, diaclasamento e brechas

epiclásticas, com acamamento ígneo horizontal. O domínio intermediário ou principal

(apresenta as maiores espessuras) se configura como zona maciça com diaclasamento

vertical. O domínio superior ou de topo é o que apresenta a maior diversidade: uma

zona com acamamento ígneo horizontal por vezes contorcido em contato com o

domínio maciço principal: na seqüência se destacam pichestones em forma de lente e

logo acima zona vesicular que constitui a base do basalto maciço que, por vezes, aflora

na superfície (NARDY et al., 2002).

Na área de estudo tem-se uma amplitude altimétrica de mais de 150m, e o que se

observa em campo não possibilita a construção de sequência que se aproxime da

proposta por Nardy et al. (2002). Em campo é possível observar por meio de cortes de

estrada apenas afloramentos de rocha ácida com desplacamento ígneo bem

desenvolvido, característico da porção principal e superior dessa sequência (figura 32).

Page 3: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

82

Figura 31. Representação esquemática de uma seqüência completa e ideal de rochas ácidas do Membro

Palmas. Fonte: NARDY et al., 2008.

Figura 32. Rocha ácida do Membro Palmas, no Planalto de Palmas (PR)/Água Doce (SC) – topo do

Morro Chato, com desplacamento ígneo bem desenvolvido, característico da porção principal e superior

de uma seqüência de rochas dessa natureza. Fonte: Marga Eliz Pontelli, 2011.

Page 4: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

83

É comum encontrar em vários cortes de estrada, na área de estudo, derrame

alterado sob rocha ácida sã. Afloramentos com essa característica se distribuem em

altitudes que podem variar de 1200 a 1350 m. Tal litologia aflora tanto na forma de

arco/abóboda sob a rocha sã (figura 33-A) como interdigitando-se com rocha ácida sã

(figura 33-B).

Figura 33. Afloramentos de derrame alterado sob rocha sã no Planalto de Palmas (PR)/Água Doce (SC).

(A) derrame alterado sob rocha sã com aspecto de arco/abóboda. (B) derrame alterado interdigitando-se

com a rocha sã. Fonte: (A) Marcia Regina Calegari (2011) e (B) Jacson Gosman Gomes de Lima (2011).

O derrame alterado, por vezes aflora direto na superfície, principalmente nas

áreas mais baixas próximas as drenagens, sob o qual desenvolve-se solo raso (figura

34).

Figura 34. (A) Divisor de águas mantido por rocha ácida sã. (B) área próxima ao fundo de vale, onde o

solo se desenvolveu diretamente sob o derrame de rocha alterada. Fonte: Leandro Oliveira, 2012.

Page 5: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

84

É importante deixar claro que a distribuição do derrame alterado sob rocha sã se

estende além dos limites da área de estudo estabelecida nesta dissertação. Apresenta

distribuição regional, sendo encontrado possivelmente em todo o Planalto de Palmas

(PR)/Água Doce (SC). O que corrobora para essa inferência é fato de terem sido

identificados afloramentos desta natureza desde as proximidades da cidade de Palmas

(PR) a mais ou menos 26 km a oeste da área de estudo, e também afloramentos de

derrame aletrado 4 km a leste da área de estudo nas proximidades do posto de

combustíveis de Horizonte.

Page 6: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

85

Page 7: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

86

Como pode ser visto no mapa geológico-geomorfológico da área de estudo

(mapa 1), os relevos residuais na sua grande maioria são mantidos por rocha ácida sã.

Apenas em um relevo residual aflora derrame alterado. Sob o derrame de rocha sã que

mantem os topos em muitos cortes de estrada pode-se observar o derrame alterado, esse

por vezes se estende pela encosta chegando até a drenagem, que em alguns casos se

instalou sobre ele (figura 35) e em outros sobre a rocha sã (figura 36).

Figura 35. Disposição da drenagem em relação às litologias da área de estudo. (A) Bloco diagrama

esquemático mostrando a drenagem estabelecida sobre o derrame alterado. (B) Perfil esquemático

mostrando a drenagem sobre o derrame alterado. 1: topo de morro (relevos residuais). 2: drenagem. 3:

localização do perfil (B) no bloco diagrama (A). 4: derrame alterado. 5: derrame de rocha riolítica sã.6:

nível da água no corte transversal da drenagem.

Figura 36. Disposição da drenagem em relação às litologias da área de estudo. (A) Bloco diagrama

esquemático mostrando a drenagem correndo sobre a rocha sã. (B) Perfil esquemático mostrando um

derrame de rocha alterada entre derrames de rocha sã. 1: topo de morro (relevos residuais). 2: drenagem.

3: localização do perfil (B) no bloco diagrama (A). 4: derrame alterado. 5: derrame de rocha riolítica sã.

Na área de estudo o derrame alterado aflora em altitudes variadas, é possível

encontrar essa litologia tanto nas áreas mais altas acima de 1300 m quanto em áreas

mais baixas com menos de 1250 m de altitude. Desse modo não é possível estabelecer

uma cota padrão em que o derrame alterado aflore. Considerando isso e a presença de

Page 8: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

87

cobertura superficial que, apesar de delgada, impossibilitou a extrapolação de cota

padrão que pudesse ser inferida como limite de afloramento do derrame alterado, no

mapa geológico-geomorfológico da área de estudo tal derrame é representado na forma

de manchas descontinuas (mapa 1).

Também não foi possível inferir se há controle litológico nas morfologias da

área de estudo (mapa 1). Pois as litologias da área de estudo não têm um padrão de

distribuição. O derrame alterado aflora tanto na encosta quanto no fundo de fale, há

casos em que tal litologia se estende pela encosta e mantem também o leito do rio

(figura 35), e também situações em que o leito do rio é mantido pela rocha sã (figura

36). Contudo, em geral os relevos residuais da área de estudo são mantidos, na sua

grande maioria, pela rocha sã (mapa 1).

Ao analisar a distribuição das manchas de derrame alterado no mapa geológico-

geomorfológico da área de estudo percebe-se que na porção sul do divisor de águas

regional dos sistemas hidrográficos Iguaçu-Uruguai, território pertencente ao município

de Água Doce (SC), tais manchas são mais abundantes em relação à porção norte da

área de estudo, pertencente a Palmas (PR). Isso pode ser justificado pelo fato que, em

Água Doce está sendo ampliado o parque eólico, sendo grande o número de novas

estradas abertas. Com isso ficam expostos inúmeros afloramentos do derrame alterado.

No entanto de maneira geral o derrame alterado distribui-se amplamente pela

área de estudo, tanto a sul quanto a norte (mapa 1). Essa característica permite inferir

que tal litologia está distribuída homogeneamente sob o derrame de rocha sã que

mantêm os relevos residuais. É possível inferir também que abaixo do derrame alterado

há outro derrame de rocha sã (figura 37), em muitos locais a drenagem já dissecou o

derrame alterado e o leito do rio corre sobre a rocha sã (figura 36 e 37).

Figura 37. Disposição da drenagem em relação ao derrame alterado. (A) Leito do rio sobre o derrame

alterado. (B) Leito de rio sobre o derrame de rocha sã que está abaixo do alterado. (C) Relevos residuais

mantidos por rocha sã. 1: Derrame de rocha sã. 2: Derrame alterado. 3: Drenagens.

Page 9: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

88

Afloramento de rocha sã sob o derrame alterado foi encontrado nas margens da

BR 280, aproximadamente 26 km a oeste da área de estudo (figura 39 - pag.87 em

tamanho A3). A existência desse afloramento confirma que o derrame alterado está

realmente entre dois derrames de rocha sã como inferido anteriormente.

Tal afloramento está localizado entre as coordenadas de latitude S 26º 31’ 53” e

longitude W 51º 58’ 20”, na altitude de 1054 m. A localização geográfica e posição

topográfica desse derrame confirmam também que o derrame alterado encontrado na

área de estudo tem distribuição de fato regional, extrapolando os limites do Planalto de

Palmas (PR)/Água Doce (SC).

Relevos residuais mantidos pelo derrame alterado (RRMDA) na área de estudo

são pouco comuns, foi identificado apenas um topo de morro com essa característica

(RRMDA - mapa 1). Tal relevo residual está inserido na cota de 1320 m (figura 38-B).

Contudo cabe destacar que na região do Planalto de Palmas (PR)/Água Doce (SC), fora

do recorte espacial da área de estudo, é possível verificar outros relevos residuais

mantidos pelo derrame alterado.

Figura 38. Localização do relevo residual mantido por rocha alterada (RRMDA) em relação ao Morro

Chato na área de estudo. (A) Localização do perfil da figura B. (B) Perfil mostrando a situação altimétrica

do Morro Chato em relação RRMDA. 1: Morro Chato. 2: relevo residual mantido pelo derrame alterado

(RRMDA) 3: drenagem. 4: cota principal de 1300 m. 5: cotas intermediárias.

Page 10: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

89

Figura 39. Afloramento de derrame alterado sobre derrame de rocha sã nas margens da BR 280. I: derrame alterado. II: derrame de rocha sã.

Page 11: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

90

Levando em consideração que a maioria dos relevos residuais da área de estudo

são mantidos pelo derrame de rocha sã e em alguns locais o derrame alterado encontra-

se sotoposto, pode-se inferir que no caso do RRMDA (figura 38-A-2) o derrame sã que

estaria sobre ele foi dissecado pela erosão. O Morro Chato (figura 38-A-1) tem seu topo

mantido por rocha ácida sã, abaixo dessa litologia com mais ou menos 20 m de

espessura no local, aparece o derrame alterado. Tal fato corrobora com ideia de que

sobre o RRMDA havia rocha sã.

Tudo o que foi apresentado até aqui possibilita inferir que o derrame alterado

sob rocha sã no Planalto de Palmas (PR)/Água Doce (SC) situa-se entre dois derrames

de rocha sã. Nos locais em que ele mantem relevos residuais, como no caso do

RRMDA, significa que o derrame sobre ele foi dissecado.

A distribuição da cobertura superficial não é apresentada no mapa geológico-

geomorfológico da área de estudo porque o objetivo desse mapeamento foi estabelecer a

distribuição do derrame alterado, enfocando a sua relação com o derrame de rocha sã

sobre ele. Contudo, de maneira resumida pode-se dizer que a cobertura superficial da

área de estudo é formada principalmente por solos rasos, do tipo Neossolos e

Cambissolos (VOLKMER, 1999). Também podem ser encontrados paleossolos

húmicos enterrados e camadas de sedimentos coluviais, colúvio-aluviais e aluviais que

encontram-se entulhando paleovales secundários (PAISANI et al., 2012).

Por fim, em relação ao papel do derrame alterado na estrutura da paisagem,

verifica-se que este não mantém a superfície II, como se havia considerado. Tal derrame

aflora tanto abaixo de 1200m na superfície III como acima de 1300m superfície I de

Paisani et al. (2008a). Isto demonstra que o derrame alterado extrapola os limites do

Planalto de Palmas (PR)/Água Doce (SC), tendo possivelmente distribuição regional.

Contudo, para que se conheçam precisamente os limites regionais e topográficos de tal

litologia é necessária ampliação do mapeamento geológico-geomorfológico.

5.1.3. Relação das formas com a litologia

A área de estudo no Planalto de Palmas (PR)/Água Doce (SC) está situada entre

as coordenadas de latitude S 26º 32’ 24” - S 26º 38’ 24” e longitudes W 51º 31’ 31” - W

51º 43’ 08”. Nesta área as altitudes variam de menos de 1200m a mais de 1300m.

Conforme a classificação hipsométrica de Paisani et al. (2008a) as altitudes < 1200m

Page 12: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

91

correspondem à superfície III, entre 1201m e 1300m a superfície II e > 1300m a

superfície I (figura 40).

Figura 40. Bloco diagrama da área de estudo no Planalto de Palmas (PR)/Água Doce (SC). Como

superfícies sugeridas por Paisani et al. (2008).

O relevo em tal área é homogêneo e caracterizado como suave-ondulado. As

declividades são brandas, verificando-se que 76% da área de estudo tem declividade

variando entre 5 e 12%, 19,1% declividades entre 12 e 30%, e acima de 30% de

declividade apenas 2% da área (figura 41).

Figura 41. Mapa de declividade da área de estudo.

Page 13: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

92

As formas que mais se destacam na paisagem são os relevos residuais (mapa 1).

É de fácil percepção que muitos deles encontram-se alinhados nos divisores de água da

rede de drenagem, constituindo-se como morfolineamentos (mapa 1).

Entre o topo dos relevos residuais e a drenagem em geral formam-se ombreiras

(mapa 1). Estas em alguns locais aparecem mantidas pelo derrame alterado em outros

sobre a rocha sã, demonstrando que sua existência não é controlada pelas diferenças

litológicas.

Em relação as encostas não se observa um padrão predominante, ocorrendo tanto

as retilíneas, quanto côncavas e convexas (mapa 1). Os fundos de vale são em geral

estreitos e de fundo chato, vales em V são encontrados somente nos trechos de rio onde

a declividade é mais acentuada (figura 41).

Uma característica marcante na área de estudo é o grande número de depressões

fechadas, formando pequenos lagos intermitentes (mapa 1). Tais lagos foram

denominadas de dales por Kuller (apud Volkmer 1999). Para a autora sua formação

estaria relacionada à variação no nível do lençol freático.

5.1.4. Comportamento estrutural da área de estudo

De modo Geral, a drenagem na área de estudo mostra-se do centro para norte

subordinada ao sistema hidrográfico do Rio Iguaçu (PR) e do centro para sul ao sistema

hidrográfico do Rio Uruguai (SC). O divisor local desses sistemas corresponde ao

divisor regional marcado pela Serra da Fartura.

Em relação à morfoestruturas, de maneira geral pode-se dizer que o Planalto de

Palmas (PR)/Água Doce (SC) sofreu influência do Arco de Ponta Grossa, pois esta é a

feição que mais influenciou na configuração do relevo e do direcionamento da

drenagem no Estado do Paraná (AB’SABER, 2001). Em relação às estruturas que

influenciaram mais diretamente, sabe-se apenas que toda a região desse planalto

encontra-se no domínio de um eixo de arqueamento negativo mergulhante, de direção

NW (PAIVA FILHO et al. apud VOLKMER; FORTES, 2003), o qual ocasionou

intenso fraturamento de direção NE de alto ângulo (AMARAL; CRÓSTA, 1983). Tal

feição estrutural teria influenciado também a formação do relevo suave-ondulado da

área de estudo, este tipo de relevo é uma resposta aos altos e baixos estruturais regionais

com mergulho de suas camadas para NW e SW e fraturamentos NW-SE (VOLKMER;

FORTES, 2003).

Page 14: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

93

No Planalto de Palmas (PR)/Água Doce (SC) as depressões fechadas,

denominadas de dales por Kuller (apud Volkmer e Fortes 2003), são comumente

adjacentes aos lineamentos estruturais de direção NE. Sua ocorrência sugere controle

estrutural na evolução das feições geomorfológicas da região. A presença de

lineamentos estruturais com direção NS, que representam na região desse planalto

trechos retilinizado da drenagem que podem atingir até 10 km de extensão reforça a

ideia de controle estrutural (VOLKMER; FORTES, 2003).

A partir do que foi discutido acima fica evidente que o relevo do Planalto de

Palmas (PR)/Água Doce (SC) sofreu influência estrutural. Essa ideia é totalmente

plausível, pois conforme Saadi (1998), não é possível conceber a existência de porções

da litosfera dotadas de absoluta estabilidade crustal. No entanto, é preciso saber que

estruturas condicionaram a evolução do relevo na área de estudo. Com esse objetivo foi

realizada análise da rede de drenagem buscando reconhecer padrões de drenagem,

feições retilíneas (lineamentos negativos), feições de drenagem anômalas (curvas

isoladas e cotovelos).

O padrão de drenagem predominante na área de estudo é o dendrítico (mapa 2),

apresenta ramos irregulares com origem em diversas direções e variados ângulos de

junção entre os canais principais e tributários. No divisor de águas regional

Iguaçu/Uruguai observa-se também setores cuja drenagem apresenta-se radial centrífuga

(mapa 2). Nesses setores os canais drenam a partir de relevos residuais, formas comuns

na área de estudo.

Com base nos critérios de análise da forma da rede de drenagem propostos por

Soares e Fiori (1976), a área de estudo no Planalto de Palmas (PR)/Água Doce (SC)

apresenta densidade de textura da drenagem média, sinuosidade dos elementos texturais

de drenagem misto, angularidade média, tropia multidirecional e assimetria fraca. Em

relação a anomalias de drenagem, são comuns trechos retilíneos que constituem

lineamentos negativos, assim como vários cotovelos e curvas anômalas (mapa 2). Tais

anomalias, discordantes do arranjo geral da drenagem, são indicativos de influência

estrutural (SOARES; FIORI, 1976).

Identificou-se 62 curvas anômalas (mapa 2) que, como feições relacionadas a

controle estrutural podem ser indicativos de movimentação tectônica recente ou

inversão do relevo (HOWARD apud VARGAS, 2012). Na área de estudo observa-se

inúmeros paleocanais de 2ª ordem nos divisores de água. Tais paleocanais, segundo

Paisani et al. (2012), indicam que a inversão do relevo é nítida. Cotovelos de drenagem

Page 15: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

94

são abundantes na área de estudo, tendo sido marcados os 47 cotovelos considerados

mais evidentes (mapa 2). Feições desse tipo são típicas de rios com padrão retangular e

forte controle estrutural (CHRISTOFOLETTI, 1981). Desse modo, o grande número de

curvas anômalas, a existência de paleocanais de 2ª ordem nos divisores de água,

juntamente com os cotovelos de drenagem são fortes indicadores de que a área de

estudo foi ou estaria sendo afetada por movimentação tectônica, ou seja, neotectônica.

Os lineamentos extraídos a partir da drenagem apresentam segmentos métricos a

quilométricos. Estes apresentam heterogeneidade no que concerne à quantidade dos

traços, como pode ser visualizado no mapa de anomalias de drenagem (mapa 2). Na

porção norte da área de estudo, setor cuja drenagem pertence ao sistema hidrográfico do

Rio Iguaçu, a concentração de lineamentos é maior em relação à porção sul da área de

estudo, subordinada ao Sistema Hidrográfico do Rio Uruguai.

As direções dos 80 lineamentos negativos individualizados podem ser

observadas no gráfico de rosetas (figura 42-a). Em relação ao comprimento médio dos

lineamentos, aqueles orientados para NW variam de 785 m a 1240 m, já os orientados

para NE variam de 720 m a 2060 m. Percebe-se que há maior frequência de lineamentos

no quadrante NW (63,21%), principalmente nas direções N 40-50 W (12,64%), N 30-40

W (10,34%), N 50-60 W (9,19%) e N 60-70 W (9,19%). Esses 4 trends somados

correspondem há 41,36% dos lineamentos individualizados na área de estudo. O

número de lineamentos concentrados nesses 4 trends é superior ao número de

lineamentos direcionados para NE (39,71,%).

A orientação predominante dos lineamentos negativos para NW é concordante

com o eixo de arqueamento negativo mergulhante de direção NW, feição estrutural

dominante na região do Planalto de Palmas (PR)/Água Doce (SC) (PAIVA FILHO et

al. apud VOLKMER; FORTES, 2003).

A direção dos lineamentos predominante para NW, na escala da Bacia

Sedimentar do Paraná, pode ser correlacionada com o lineamento tectônico do Rio

Iguaçu, também orientado para NW. Esta grande estrutura está relacionada ao Arco de

Ponta Grossa, feição morfoestrutural que mais influenciou na configuração do relevo e

no direcionamento da drenagem no Estado do Paraná (AB’SABER, 2001).

Page 16: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

95

Mapa 2. Mapa de anomalias de drenagem na área de estudo.

Page 17: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

Figura 42. Rosetas: (a) lineamentos negativos; (b) orientação dos canais de 1ª ordem; (c) orientação das

juntas das rochas; (d) orientação das falhas inferidas; (e) lineamentos positivos; (f) lineamentos positivos

da porção da porção N da área de estudo; (g) lineamentos positivos da porção S da área de estudo.

De acordo com Volkmer e Fortes (2003) as incisões relacionadas ao Rio Iguaçu,

na área de estudo, constituem indicativos de provável controle tectônico no

retrabalhamento de boa parte dos rios, com orientação em geral para a direção N 50 W.

Tal direção coincide com as direções nas quais se concentram a maior parte dos

lineamentos de drenagem da área de estudo, o que denota que o lineamento tectônico do

Rio Iguaçu é possivelmente a estrutura que exerceu ou exerce maior influência no

direcionamento da drenagem no Planalto de Palmas (PR)/Água Doce (SC).

Page 18: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

Para melhor entendimento da influência estrutural na configuração da drenagem

foram obtidas também a orientação dos canais de 1ª ordem (figura 42-b). Estes na área

de estudo mostraram homogeneidade no que se refere às suas orientações, 52,24% deles

estão orientados para o quadrante NW e 47,76% para NE. Contudo, observa-se um

maior destaque dos mesmos no quadrante NW, especialmente nas direções N 60-70 W

(12,92%), N 50-60 W (9,16%) e N 40-50 W (7,91). A análise da direção das drenagens

de 1ª ordem mostra que o esforço mais recente e principal é o de NW. Estas direções

coincidem com as direções predominantes dos lineamentos negativos (figura 42-a), o

que significa que as mesmas estruturas que estão possivelmente condicionando os

lineamentos negativos, controlam também o direcionamento de boa parte dos canais de

1ª ordem.

No entanto o grande número de canais orientados para o quadrante NE, com

destaque para o trend N 70-80 E, pode estar sendo condicionado pelas juntas das

rochas. A rocha do tipo riolito, na área de estudo, apresenta-se intensamente fraturada.

Medições de orientação realizadas em campo mostram que as juntas desse tipo de

rochas estão orientadas predominantemente para NE (figura 42-c).

Apesar de estarem presentes em grande número, não é possível saber se

representam esforços tectônicos ou correspondem a diaclases geradas durante o

resfriamento do magma que gerou as rochas. Tais juntas exibem orientação

predominante para NE (62,55%). Tal informação vai de encontro com o que foi dito por

Amaral e Crosta (1983), quando afirmam que em toda a região desse planalto está

ocorrendo intenso fraturamento de direção preferencial NE de alto ângulo.

A partir da drenagem, com base na metodologia proposta por Sores e Fiori

(1976), foram inferidas possíveis falha na área de estudo. Tais falhas são concordantes

com os lineamentos negativos, estando 66,56% delas orientadas para o quadrante NW,

enquanto 33,44% estão orientadas para NE (figura 42-d). Como pode ser visualizado no

mapa de anomalias de drenagem (mapa 2) a maior parte das falhas inferidas estão

situadas na porção S da área de estudo. Em campo não foi possível identificar falhas

pois o grande número de juntas nos afloramentos de rocha impossibilita verificar

qualquer deslocamento de camadas, os quais seriam bons indicadores de movimentação

de blocos. No entanto, a maioria das falhas inferidas estão orientadas para o quadrante

NW, coincidindo com a orientação preferencial dos lineamentos de drenagem e canais

de 1ª ordem. Isso é mais um elemento que reforça a influência estrutural do lineamento

tectônico do Rio Iguaçu na geomorfologia do Planalto de Palmas (PR)/Água Doce (SC).

Page 19: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

Além dos lineamentos negativos (de drenagem) a partir da fotointerpretação foi

possível verificar que os morros residuais, formas de relevo bastante comuns na área de

estudo, encontram-se alinhados nos divisores de água, constituindo assim lineamentos

positivos. Os alinhamentos de relevo constituem feição bastante saliente, com

disposição retilínea ou levemente curva, e forte estruturação dos elementos de relevo, de

modo geral apresentando conjunto de lineações paralelas que constituem crista simétrica

ou levemente assimétrica (SOARES; FIORI, 1976).

Identificar as direções preferenciais das feições lineares do relevo (positivas),

associando-as à orientação das feições lineares da drenagem (negativas), pode ajudar a

compreender melhor as possíveis influências estruturais na configuração

geomorfológica (SANT’ANNA; SANTOS, 1996; ARAÚJO et al., 2003;

STEPANCÍKOVÁ et al., 2008; NASCIMENTO et al., 2012).

Sendo assim foram obtidas as orientações dos 37 lineamentos positivos

identificados na área de estudo (mapa 1). Desses 62,13% estão orientados para o

quadrante NW e 37,87% para NE (figura 42-e).

Os lineamentos positivos orientados para NW têm classe modal N 50-60 W

(13,51%) e comprimentos médios variando entre 1680 m a 2640 m. Para NE estes

apresentam comprimentos médios variando entre 1860 m e 3000 m e como classe

modal tem-se a direção N 60-70 E (13,51%).

Dos 37 lineamentos de relevo individualizados 59,45% estão distribuídos na

porção N da área de estudo, sistema hidrográfico do Rio Iguaçu (PR). Tais lineamentos

estão orientados principalmente para o quadrante NW (figura 42-f). Para estes tem-se

como classe modal a direção N 50-60 W (22,72%), tal trend é concordante com as

principais direções de orientação dos lineamentos de negativos e também dos canais de

1ª ordem. Os lineamentos de relevo pertencentes ao Sistema Hidrográfico do Rio Iguaçu

tem sua orientação paralela à orientação das drenagens subordinadas ao Rio

Chopinzinho. Tais feições em muitos casos são paralelas aos lineamentos negativos

(mapa 1). Esses positivos são os divisores de água dos afluentes do Rio Chopinzinho

que nascem na área de estudo.

Na porção S da área de estudo, Sistema Hidrográfico do Rio Uruguai, foram

traçados 15 lineamentos positivos, orientados principalmente para o quadrante NE

(figura 42-g).

Page 20: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

Tais lineamentos têm comprimento médio variando entre 1680 m e 3120 m, e

como classe modal tem a direção N 60-70 E (figura 42-g), para onde estão orientados

26,66% dos lineamentos positivos da porção sul da área de estudo.

Os lineamentos de relevo da porção S, assim como os da porção N constituem

divisores de água. Muitos deles são paralelos às drenagens subordinadas ao Rio

Chapecozinho. Mas ao contrário dos lineamentos positivos da porção N, os quais tem

orientação concordante com o lineamento tectônico do Rio Iguaçu, os da porção S da

área de estudo estão orientados para NE, não coincidindo com a orientação do

lineamento tectônico do Rio Uruguai e nem mesmo do Rio Iguaçu, ambos para NW. A

orientação predominante para NE coincide mais com a disposição das juntas das rochas,

contudo não é possível saber até que ponto estas tem relação com os lineamentos

positivos.

Isso sugere que possivelmente os morros residuais, por constituírem divisores de

água, sendo assim paralelos aos rios, estão orientados mais segundo o eixo de

dissecação dos rios do que ajustados as possíveis influências estruturais. Já a drenagem

no Planalto de Palmas (PR)/Água Doce (SC) apresenta forte concordância direcional

com o lineamento tectônico do Rio Iguaçu orientado para NW, pois tanto os

lineamentos de drenagem quanto os canais de 1ª ordem e as falhas inferidas apresentam-

se orientados principalmente para NW.

Apesar de não ter sido feita uma análise das estruturas tectônicas regionais, é

possível deduzir que na área de estudo os esforços tectônicos foram transcorrentes

(comandados pelo Rio Iguaçu – transcorrência dextral) com componentes verticais.

O movimento dextral do lineamento do Rio Iguaçu pode ser deduzido pela

direção dos seus afluentes (NW), na área de estudo a influência dos lineamentos NW foi

identificada a partir dos gráficos de rosetas (figura 42).

A partir do Mapa Geológico-Geomorfológico da Área de Estudo (mapa 1) com

base na análise das curvas dos rios percebeu-se diversas transcorrências, estas

constituem grandes lineamentos que cortam a área de estudo na direção NW e

coincidem com o afloramento do derrame alterado (mapa 1). É possível perceber que a

seção SS2 parece condicionada por um binário sinestral de direção N-S e cuja falha

passa longitudinalmente pelo morro chato (mapa 1).

Embora o estilo de movimentos tectônicos predominante na área de estudo seja

transcorrente, componentes normais também podem ser constatados. Nesse sentido as

evidencias mais importantes são os paleocanais de 2ª ordem no topo dos morros, bem

Page 21: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

como as diferentes posições topográficas dos derrames alterados também podem ser

evidencias de falhas normais.

Com base no que foi apresentado até aqui, levando em conta a forte

concordância direcional dos rios na área de estudo, com feições estruturais regionais e o

grande número de anomalias de drenagem (lineamentos, curvas anômalas e cotovelos),

pode-se inferir que a geomorfologia do Planalto de Palmas (PR)/Água Doce (SC), foi

fortemente influenciada pelo lineamento tectônico do Rio Iguaçu. Como já referido

anteriormente, a presença de grande número de curvas anômalas na rede de drenagem e

paleocanais de 2ª ordem nos divisores de água indicariam que a área de estudo sofreu ou

estaria sofrendo movimentações neotectônicas.

Por fim, cabe salientar que apesar do grande número de indicadores de

influência estrutural, não é possível estabelecer blocos morfoestruturais homólogos na

área de estudo, pois esta apresenta grande homogeneidade no que concerne à

distribuição das anomalias identificadas.

5.2. CARACTERIZAÇÃO DO DERRAME ALTERADO SOB ROCHA SÃ

Para caracterização do derrame alterado sob rocha sã presente no Planalto de

Palmas (PR)/Água Doce (SC), foram estabelecidas duas seções guia, denominadas SS1

e SS2 (figura 30)

5.2.1. Seção SS1

A seção SS1 se localiza em corte de estrada na BR-280 na divisa de Água Doce

(SC) e Palmas (PR), entre as coordenadas S 26º 34’ 38” / W 51º 42’ 38”.

Topograficamente situa-se entre as cotas de 1200 e 1300m, que correspondem à

remanescente de superfície incompletamente aplainada II (PAISANI et al., 2008a). Tal

seção tem extensão lateral de 15,1 m e altura de 8,1 m (figura 43).

Page 22: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

Figura 43. Seção SS1. Litofácies encontradas na área de estudo. I: Rocha riolítica fraturada. II: derrame

alterado.

Nessa seção pode-se observar camada de rocha sã riolítica sobre derrame de

rocha completamente alterado. Por meio das características físicas e estruturais dos

materiais descritos em campo, foi possível individualizar quatro volumes ao longo da

seção (figura 44).

Figura 44. Desenho esquemático da seção SS1. I...IV: volumes individualizados. A5...A1: localização

das amostras coletadas para granulometria e DRX na seção. (1) Blocos paralelepípedos < que 30 cm. (2)

Blocos paralelepípedos > 30 cm. (3) Finas fraturas irregulares preenchidas por material de alteração

branco a rosado. (4) Veios e lentes de zeólita caulinizada. (5) Linhas de subdivisão do volume I. (6)

Estruturas arredondadas e alongadas que podem ser fenocristais caulinizados, calcedônia ou feldspatóides

alterados.

O volume I tem espessura média de 4,3 m, é constituído de rocha ácida riolítica

halohialina, afanítica e equigranular, de cor marrom amarelada (10YR 6/2), fraturada

vertical e horizontalmente, formando blocos de tamanhos variados. Tais blocos podem

ser divididos em dois grupos, maiores e menores que 30 cm (figura 44). As fraturas

verticais apresentam densidade de 3 fraturas.m-² e as horizontais 10 fraturas.m

-². Neste

volume não foi realizada análise granulométrica, pois trata-se de rocha não alterada.

A partir de 4,3 m a rocha fraturada vertical e horizontalmente dá lugar a material

totalmente alterado e levemente ácido (com pH 5), de textura média (quadro 4) e cor

Page 23: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

marrom clara (7.5YR 6/4). Esse material apresenta estrutura maciça no perfil que,

quando coletado, a amostra fragmenta-se em blocos, variando de angulares a

prismáticos. Tais blocos se quebram com facilidade, desagregando-se completamente

sob a pressão dos dedos. O material do volume II (figura 44) apresenta textura sedosa,

consistência macia quando seco e solta com umidade. Quando molhado mostra-se

pouco plástico e pouco pegajoso. Os dados granulométricos indicam textura média

(quadro 4).

No volume III o material apresenta cor marrom (7.5YR 5/4), e a principal

mudança em relação ao volume II é a presença, em pequenas proporções, de material de

cor branca provavelmente de constituição zeólita, na forma de veios e lentes (figura 44-

4). O pH de 4,9 do material desse volume é bem próximo do apresentado pelo volume

anterior. A estrutura apresenta pequena variação em relação ao volume II, quando

coletada quebra-se em blocos que variam de sub-angulares a angulares, e a textura muda

para siltosa (quadro 4). A consistência do material é macia quando seco, passando a

solto com umidade e pouco plástico e pouco pegajoso quando molhado.

Quadro 4. Dados granulométricos (%) da seção SS1.

Volume Argila total Silte total Areia Total Classificação

EMBRAPA

(1997)

II 26% 35% 38% Textura média

III 33% 65% 2% Textura siltosa

Transição III -

IV

26% 64% 10% Textura siltosa

AMV* 12% 70% 18% Textura siltosa

AMB** 8% 90% 2% Textura Siltosa

*Amostra de material vermelho do volume IV. **Amostra de material branco do volume IV.

A partir dos 5,25 m de profundidade individualiza-se o volume IV (figura 44).

Este é levemente ácido, com pH entre 5,4 e 5,5, e com características macroscópicas

que permitem individualização de dois materiais distintos. Uma massa de cor vermelha

(7.5YR 5/3), textura siltosa (quadro 4) e estruturas menores de 2 mm, que variam de

alongadas à arredondadas (figura 44-6) de material siltoso branco (5Y 8/1), perfazendo

em média 35% do material do volume. Outra característica é a presença de fraturas com

espessuras menores que 10 mm, orientadas em diversas direções, preenchidas por

material também de coloração branca e textura siltosa (figura 44-3). Nessas fraturas

também encontra-se material de coloração escura, provavelmente de constituição óxido

Page 24: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

de manganês. Quando coletado o material desse volume se desfaz em blocos sub-

angulares, apresentando a mesma consistência do volume III.

5.2.1.1. Atributos da mineralogia da fração argila (seção SS1)

Existem técnicas de análise especificas que podem auxiliar na caracterização de

determinado tipo de material alterado. Um bom exemplo é a técnica de difratometria de

raios-X (DRX), que tem por finalidade principal identificar os argilominerais presentes

na fração argila do material analisado (RESENDE, 2005).

Desse modo, com o objetivo de caracterizar a mineralogia de argila da seção

SS1 e entender os processos envolvidos na sua gênese, foram submetidas amostras de

material dos volumes individualizados nesta seção à DRX.

Os minerais identificados nos difratogramas tiveram sua ocorrência e associação

determinadas a partir de pesquisa bibliográfica em dissertações, teses, artigos científicos

e bancos de dados online, a exemplo foram usados o Banco de Dados de Minerais da

UNESP (www.unesp.com.br), dos sites www.mineralienatlas.de,

www.handbookmineralogy.com e mindat.org. Tais bancos de dados foram mais uteis

principalmente quando discutiu-se a mineralogia da seção SS2.

A amostra do volume II da seção SS1 foi coletada entre 4,1 m e 4,2 m de

profundidade no perfil (figura 44–A5). O material desse volume, submetido à

difratometria de raio-X de argila tanto nos tratamentos natural, quanto glicolado e

calcinado apresenta comportamento similar, não aparecendo picos representativos de

minerais secundários bem cristalizados. Ocorrendo apenas picos de quartzo (figura 45).

Page 25: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

Figura 45. DRX da amostra coleta no volume II da seção SS1entre 4,1 m e 4,2 m (A5). Qz: quartzo.

O mineral quartzo já foi identificado tanto em perfis de alteração supérgena de

rochas basálticas na região nordeste do Planalto Sul-Riograndense (KAMPF; KLAMT,

1978), como em horizontes de alteração supérgena na região de Palmas-PR, onde

predomina rocha ácida. Na região de Palmas-PR foi considerado de origem secundária

através da análise por microscopia eletrônica de varredura (CLEMENTE, 2001).

Contudo, o mineral quartzo é também comum em sistemas hidrotermais epitermais

tanto de sulfetação baixa (low sulfidation) como de sulfetação alta (high sulfidation),

sendo estável em condições hidrotermais em temperaturas acima de 150º C (WHITE;

HEDENQUIST, 1995). Nesse tipo de sistema hidrotermal o estágio de alteração dos

minerais é o propilítico, com assembleia mineralógica típica formada por epidoto,

calcita, caulinita, esmectita, clorita, serpentina. Em adição a esses minerais podem

aparecer também quartzo, albita, K-feldspato e sericita (BURNHAM, 1962).

No volume III o material submetido ao DRX foi coletado entre 4,7 m e 4,8 m de

profundidade (figura 44-A4), O material desse volume apresentou na análise ao natural

e glicolada, além de picos bem desenvolvidos de cristobalita e quartzo, também baixos

reflexos de caulinita e baixíssimos de ilita/esmectita (figura 46). Ao ser calcinado o

material mantém os reflexos bem desenvolvidos de cristobalita e muito baixo de quartzo

(figura 46).

Page 26: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

Figura 46. DRX de amostra coleta no volume III da seção SS1entre 4,7 m e 4, 8 m (A4). I/E:

ilita/esmectita. Ca: caulinita. Cr: cristobalita. Qz: Quartzo.

A cristobalita é mineral primário da família da sílica, que pode se apresentar no

tamanho argila (Clemente, 2001). Em relação à alteração hidrotermal a cristobalita

primária indica rochas alteradas por último e pelos fluidos de mais baixa temperatura,

este mineral é estável entre 100º C e 150º C, aparecendo naqueles depósitos mais

afastados da fonte de fluído quente (WHITE; HEDENQUIST, 1995). Caulinita foi

identificada em perfis de alteração supérgena estudados por Clemente (1988) e Volkmer

(1999) na região de Palmas (PR). Esse autores interpretam a presença da caulinita como

intemperismo não muito intenso, indicativo de hidrólise parcial (monossialitização).

Contudo, a caulinita é um argilomineral comum não só como produto residual do

intemperismo supérgeno, mas também do hidrotermal (BURNHAM, 1962; TARDY,

1993). Em sistemas hidrotermais epitermais a caulinita é um mineral formado em

condições de relativa acidez, sendo comum em sistemas do tipo sulfetação alta (high

sulfidation). Contudo, em sistemas do tipo sulfetação baixa (low sulfidation) também

podem aparecer, mas com menos frequência. Este mineral é estável em ampla faixa de

temperatura, que se estende de 300º C a menos de 100º C (WHITE; HEDENQUIST,

1995). Em depósitos onde o estágio de alteração dos minerais é o propilítico a caulinita

pode estar presente, associada a outros minerais como descrito anteriormente. O

interestratificado ilita/esmectita é estável em sistemas epitermais em temperaturas entre

150º e 200º C. Em sistemas hidrotermais desse tipo seria uma transição entre a faixa de

Page 27: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

estabilidade da esmectita (estável em temperaturas menores que 150º C) e a ilita, estável

em temperaturas entre 200º e 300º C. (WHITE; HEDENQUIST, 1995).

Em 5,25 m de profundidade, no contato entre o volume III e IV, foi coletada

amostra para difratometria (figura 44-A3). Tanto na análise natural quanto glicolada e

calcinada o material apresentou resultados muito parecidos, com reflexos agudos de

cristobalita e baixíssimos reflexos de ilita (figura 47).

Figura 47. DRX de amostra coleta no contato entre o volume III e IV da seção SS1 em 5,25 m de

profundidade (A3). I: ilita. Cr: cristobalita.

Do volume IV duas amostras foram submetidas ao DRX, uma coletada em 5,4 m

e outra em 6,4 m de profundidade (figura 44-A2 e A1). Em 5,4 m o material submetido

ao DRX de forma natural apresentou resultados semelhantes ao material glicolado,

exceto pela inexistência de esmectita (figura 47). Glicolado o material apresentou

reflexo agudo de cristobalita, bem como baixíssimos reflexos de esmectita, ilita e

quartzo. A amostra calcinada revelou reflexo agudo de cristobalita e baixos reflexos de

quartzo (figura 48). Aos 6,4 m de profundidade, o material apresentou baixos reflexos

de ilita e quartzo na análise calcinada, baixos reflexo de esmectita, ilita e quartzo no

tratamento glicolado e ao natural (figura 49).

Page 28: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

Figura 48. DRX de amostra coleta no volume IV da seção SS1 em 5,4 m de profundidade (A2). Cr:

cristobalita. E: esmectita. I: ilita. Qz: quartzo.

Ilita e esmectita já foram registradas em alteração de riolitos da região de Palmas

(PR) por Clemente (2001, 1988), e na região de Santa Maria (RS) por Menegotto e

Gasparetto (1987). Contudo, esmectita também foi encontrada em perfis de alteração de

rochas básicas, entre Vacaria e Lagoa Vermelha (RS) e Lages (SC) (OLIVEIRA et al.,

1998). Ilita é um argilomineral comumente encontrado em estágios iniciais da alteração

de feldspatos potássicos, enquanto a esmectita aparece em estágios de intemperismo um

pouco mais intenso (MEUNIER, 2005).

Em relação à alteração hidrotermal, ilita e esmectita são argilominerais comum

em sistemas epitermais de baixa sulfetação, a ilita é estável entre 200º e 300º C e a

esmectita em temperaturas inferiores a 150º C (WHITE; HEDENQUIST, 1995). Esses

dois minerais são comuns em depósitos hidrotermais cujo estágio de alteração

dominante é o propilítico (BURNHAM, 1962). Ilita e esmectita foram encontradas em

zonas de alteração hidrotermal localizadas mais ou menos entre 814 e 1020m de

profundidade no Sistema Hidrotermal Tusla, no Çanakkale – Turquia (SENER;

GEVREK, 2000). Segundo esses autores ilita e esmectita indicam que o fluido

geotermal que provocou a alteração hidrotermal tinha temperaturas variando entre 150 e

220º C, informação que vai de encontro com as de White e Hedenquist (1995).

Recentemente ilita associada à clorita foi encontrada por meio de DRX em zona de

alteração distal e intermediária no leste de Mindanao, nas Filipinas (SONNTAG et al.,

2012).

Page 29: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

Figura 49. DRX de amostra coleta no volume IV da seção SS1 em 6,4 m de profundidade (A1). E:

esmectita. I: ilita. Qz: quartzo.

De modo geral, percebe-se que nos materiais que integram os volumes

identificados na seção SS1 o quartzo aparece em todos os volumes, a cristobalita

predomina no volume III e IV e na transição entre esses volumes, a ilita a esmectita

aparecem predominantemente no volume IV, já o interestratificado ilita/esmectita e a

caulinita somente no volume III (quadro 5).

Quadro 5. Minerais identificados na seção SS1.

Volumes SS1- amostras Minerais identificados

II-A5 Qz

III-A4 I/E, Ca, Cr, Qz

Transição III e IV-A3 I, Cr

IV-A2 E, I, Cr, Qz

IV-A1 E, I, Qz Qz: quartzo. I/E: interestratificado ilita/esmectita. Ca: caulinita. Cr: Cristobalita. I: ilita. E: esmectita.

5.2.1.2. Geoquímica do material alterado (Seção SS1)

A seção SS1 caracteriza-se por apresentar sob rocha sã derrame de material

completamente alterado. Nesse derrame foram individualizados, a partir de

características macroscópicas, três volumes (figura 44). Por meio de análise de

fluorescência de raio-X (FRX) realizou-se a caracterização geoquímica de todos os

volumes de material alterado da seção SS1 (figura 44). As amostras SS1-A5, SS1-A4,

SS1-A3, SS1-A2 e SS1-A1 foram coletadas, respectivamente, no volume II, III, na

transição do volume III para o IV, no centro e na base do volume IV (tabela 1).

Page 30: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

Tabela 1. Dados geoquímicos dos volumes individualizados na seção SS1.

ATP SS1-A5 SS1-A4 SS1-A3 SS1-A2 SS1-A1

SiO2 70,24 72,49 53,57 47,15 57,61 65,68

TiO2 0,78 1,072 1,254 1,332 1,170 1,101

Al2O3 12,12 9,83 23,87 26,61 20,24 15,91

Fe2O3 5,43 7,98 9,14 9,88 8,68 8,13

MnO 0,088 0,083 0,065 0,667 0,298 0,215

MgO 0,73 0,65 0,60 1,31 1,76 1,14

CaO 1,9 0,22 0,07 0,08 0,10 0,13

Na2O 2,67 0,39 <0.02 <0.02 <0.02 <0.02

K2O 4,8 1,88 0,08 0,10 0,07 0,20

P2O5 0,21 0,235 0,145 0,106 0,034 0,075

SS1-A5...SS1-A1: identificação das amostras na seção SS1. (ATP) Ácida Tipo Palmas –

Subgrupo Clevelândia segundo Nardy et al. (2008) química média de 6 amostras.

Os teores dos elementos químicos da rocha ácida sã da área de estudo que está

sobre o material alterado já são amplamente conhecidos. Na literatura científica é

possível encontrar inúmeros trabalhos que apresentem esses dados. Sendo assim como

referência utilizou-se os dados de Nardy et al. (2008) para as rochas ácidas inalteradas

do Membro Palmas – Subgrupo Clevelândia, no qual se insere o Planalto de Palmas

(PR)/Água Doce (SC) (tabela 1-ATP).

Analisando a fórmula química dos minerais presentes nas rochas ácidas do

Membro Palmas, percebe-se que o SiO2 é o óxido mais abundante nesse tipo de rocha,

estando vinculado principalmente ao quartzo. O Al2O3 é o segundo elemento mais

abundante no riolito, sua ocorrência está relacionada aos plagioclásios, feldspato-K e

piroxênios. TiO2 ocorre na rocha como Ti-magnetita e o Fe2O3 está presente nos

piroxênios, mas principalmente associado a magnetita. MnO ocorre em pequena

quantidade no riolito como parte da composição química piroxênios (augitas e ferro-

augitas). Os elementos K2O e Na2O estão vinculados aos feldspatos-K, o CaO

relaciona-se particularmente aos plagioclásios, podendo estar presente no piroxênios

mais cálcicos e a ocorrência de MgO está mais restrita aos piroxênios. O P2O5 ocorre

em pequena quantidade na rocha ácida, associado à apatita (VOLKMER, 1999).

A partir de análise geral dos teores dos elementos químicos do material alterado

em relação à rocha sã (riolito) observa-se que houve enriquecimento relativo de TiO2,

Al2O3 e Fe2O3 em detrimento da perda de SiO2 (figura 50). Isso pode ser inferido

porque como pode ser observado na tabelas 1, nas amostras de material alterado quanto

menor o teor de SiO2 maior o teor dos outros três elementos citados. Esse é um

comportamento comum de alteração supérgena (RUXTON, 1968; LACERDA et al,

Page 31: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

2002). Contudo, em sistemas de alteração hidrotermal isso também pode ocorrer

(BURNHAM, 1962; SENER; GEVREK; 200).

Figura 50. Variação dos teores de SiO2, Al2O3, Fe2O3 e TiO2.

Em relação ao SiO2 apenas o volume II da seção SS1 (figura 50–SS1-A5)

apresentou teores maiores que os encontrados no riolito. Esse enriquecimento de SiO2

pode ser relativo e estar relacionado a perda de Al2O3 que no material alterado desse

volume é de 9,83% em relação a 12,12% na rocha ATP (tabela 1). O maior teor de sílica

no volume II possivelmente esta relacionado à presença do quartzo, conforme

identificado pela análise de mineralogia de argila (figura 45).

No que diz respeito aos cátions básicos (CaO, Na2O, MgO e K2O) nos volumes

II e III da seção SS1 (figura 44) estes elementos apresentam teores menores que da

rocha sã (figura 51–SS1-A5 e SS1-A4). Nos sistemas de alteração supérgena esses

elementos são os mais solúveis, em geral são os primeiros a serem lixiviados

(RUXTON, 1968). A exceção na seção SS1 está no volume IV (figura 50), onde apesar

dos elementos CaO, Na2O e K2O já terem sido amplamente lixiviados (tabela 1–SS1-

A3, SS1-4, SS1-A5) com teores bem baixos, houve enriquecimento relativo de MgO em

relação a rocha sã (figura 51). Esse elemento químico conforme a ordem de perda dos

constituintes proposta por Palynov (1937) apud Lacerda et al. (2002) é mais solúvel que

o potássio. Sendo assim, os teores maiores de MgO devem estar possivelmente

relacionados a existência de esmectita identificada pelo DRX (figuras 48 e 49). A

esmectita é o único dos minerais identificados que pode conter mesmo em pequena

Page 32: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

quantidade MgO (SENER; GEVREK, 2000) retido entre suas camadas (BURNHAM,

1962). Em caso de alteração hidrotermal com estágio de alteração dos minerais

propilítico, em comparação com a rocha parental alterada há geralmente mais CaO

(calcita e epidoto), MgO (clorita e esmectita e dolomita), Na2O (albita) (BURNHAM,

1962). Nesse caso o teor mais elevado de MgO em relação a rocha sã e os demais

cátions básicos são juntamente com a mineralogia, indicador de alteração hidrotermal

propilítica.

Figura 51. Variação dos teores CaO, Na2O, MgO e K2O.

O MnO apresentou teores menores que o da rocha sã no material alterado dos

volumes II e III da seção SS1 (tabela 1-figura 52). No entanto, no volume IV a

quantidade de MnO no material alterado é bem acentuada em relação a rocha sã. Na

amostra SS1-A3 houve acréscimo desse elemento, em cerca de 8 vezes mais (figura 52).

Essa amostra foi coletada na transição dos volumes III e IV da seção SS1, no entanto a

amostras SS1-A2 coletado no centro desse volume e a amostra SS1-A1, na base,

demonstraram teores menores de MnO em relação a amostra SS1-A3, mas também

superiores ao encontrado na rocha sã. O volume IV da seção SS1 (figura 44–3)

macroscopicamente apresenta fissuras preenchidas por material branco e escuro. A este

material escuro foi atribuído, incialmente, possível constituição por óxido de manganês.

Desse modo os terrores de MnO registrados pela FRX possivelmente estão relacionados

a concentração desse elemento nas fissuras existentes no material alterado do volume

IV. Esse elemento pode também fazer parte da composição dos argilominerais

Page 33: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

identificados pelo DRX nesse volume (ilita e esmectita), pois segundo Sener e Gevrek

(2000) e Borges et al. (2009) a partir de analise de microssonda eletrônica em argilas

demonstraram que o MnO faz parte da composição desses argilominerais encontrados

em alterações hidrotermais.

Figura 52. Variação dos teores de MnO e P2O5.

No que se relaciona ao P2O5, como pode ser observado na tabela 1e na figura

52-SS1-A5, apenas no volume II da seção SS1 (figura 44) esse elemento apresentou

teores levemente maiores que o da rocha sã. Dos minerais identificados por meio do

DRX nesse volume nenhum apresenta relação com o P2O5. Sendo assim, possivelmente

a concentração levemente maior desse elemento no volume II esta relacionada à apatita

residual que por estar presente em pequena quantidade não foi registrada no DRX.

5.2.1.3. Análise micromorfológica da seção SS1

Para análise micromorfológica foram coletadas 5 amostras indeformadas da

seção SS1, a amostra A5 do volume I, A4 da transição do volume I para o volume II,

A3 do volume III e as amostras A2 e A1 do volume IV (figura 53). A partir de tais

amostras foram confeccionadas lâminas delgadas analisadas em microscópio

petrográfico.

Page 34: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

Figura 53. Desenho esquemático da seção SS1 com localização das análises micromorfológicas. I...IV:

volumes individualizados. A5...A1: localização das análises micromorfológicas na seção. (1) Blocos

paralelepípedos < que 30 cm. (2) Blocos paralelepípedos > 30 cm. (3) Finas fraturas irregulares

preenchidas por material de alteração branco a rosado. (4) Veios e lentes de zeólita caulinizada. (5)

Linhas de subdivisão do volume I. (6) Estruturas arredondadas e alongadas que podem ser fenocristais

caulinizados, calcedônia ou feldspatóides alterados.

O volume I da seção SS1 corresponde a rocha ácida riolítica halohialina,

afanítica e equigranular, de cor marrom amarelada (10YR 6/2), fraturada vertical e

horizontalmente, formando blocos de tamanhos variados como descrito

macroscopicamente. Ao microscópio percebe-se que esta rocha está bastante alterada

em relação à amostra de riolito descrito no anexo I.

Com aumento de 1,25x observa-se fissuras do tipo planar (Prancha 1-a)

(DELVIGNE, 1981). Em relação aos minerais primários encontrados na amostra do

riolito (anexo I), na micrografia do volume I da seção SS1, é possível reconhecer apenas

os minerais opacos. Tais minerais (prancha 1-c), assim como na amostra de riolito do

anexo I tem padrão de alteração do tipo peculiar (peculiar type) (DELVIGNE, 1981).

Segundo Nardy et al. (2008) estes minerais correspondem a magnetita, pois é rara a

ocorrência de ilmenita nas rochas ácidas (CLEMENTE, 1988).

Minerais da família dos feldspatos e piroxênios não foram individualizados no

material do volume I. Apenas estruturas alongadas (prancha 1-b), que lembram ripas de

feldspato podem ser visualizadas dispersas no alteroplasma. Se considerarmos que tais

estruturas poderiam ser plagioclásios intemperizado (prancha 1-b), é evidente que estão

mais alterados que os descritos na amostra de riolito do anexo I. Conforme Clemente

(1988) com o avanço da alteração as finas fraturas (prancha 10-c-d do anexo I) dividem

Page 35: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

os plagioclásios em algumas fases distintas. Os espaços entre as fissuras são

preenchidos ora por plasma de alteração, ora por partes residuais dos cristais, formando

ilhas do plagioclásio inalterado (prancha 1-b).

Prancha 1. Micrografias de lâmina do volume I da seção SS1 (lâmina A5-figura 59). a) organização geral

dos materiais na lâmina A5, aumento 1,25x, nicóis paralelos (NP). b) estruturas alongadas que lembram

minerais da família dos feldspatos, aumento 4x, NP. c) Minerais opacos (possivelmente magnetita),

aumento 10x, NP. Plg: plagioclásio. O: opacos.

A partir da comparação da alteração dos plagioclásios e magnetita do volume I

da seção SS1 com os minerais desse tipo do riolito descrito no anexo I, e os resultados

de Clemente (1988) sobre a evolução supérgena dos minerais primários de rochas ácidas

da região dos Planaltos de Guarapuava e Palmas, pode-se inferir que a rocha

correspondente ao volume I da seção SS1 foi alterada por processos supérgenos.

A amostra indeformada A4 foi coletada na transição do volume I para o volume

II da seção SS1 (figura 53). A lâmina confeccionada a partir dessa amostra analisada em

microscópio petrográfico com aumento de 1,25x demonstra que o material do volume II

da seção SS1 está completamente alterado (prancha 2-a), com fissuras do tipo planares-

rachaduras (DELVIGNE, 1981). Os materiais estão completamente desorganizados, não

lembrando em nada a organização cristalina do riolito (prancha 10-anexo I).

Page 36: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

O alteroplasma apresenta cor predominante variando entre bruno (7.5YR4/4) e

bruno amarelado (10YR4/4) (prancha 2-b), e campos na lâmina onde predomina

alteroplasma opaco (prancha 2-a).

No alteroplasma é possível identificar estruturas brancas (5Y 8/1), de bordas

irregulares (prancha 2-a-b- setas vermelhas), as quais correspondem possivelmente

àquelas descritas macroscopicamente nos volumes III e IV da seção SS1. Além dessas

estruturas no alteroplasma pode-se identificar ripas de feldspato (prancha 2-b-setas

verdes).

Em alguns campos da lâmina A4 os feldspatos encontram-se completamente

envolvidos por alteroplasma bruno (7.5YR4/4) (prancha 2-c). A presença desse mineral

bem preservado, em meio a material completamente alterado, permite inferir que se

trata de K-feldspato. Os dados da mineralogia de argila e química total do material

alterado da seção SS1 indicam possível alteração hidrotermal propilítica. Neste tipo de

alteração o K-feldspato, juntamente com o quartzo, é estável, se mantendo inalterado

(BURNHAM, 1962; PIRAJNO, 1992). Contudo para determinar com segurança se, de

fato trata-se de K-feldspato é indicado o uso de microssonda eletrônica (ME), técnica

que permite análises químicas pontuais que ajudariam a determinar o tipo de mineral.

Na amostra A3, coletada no volume III da seção SS1 (figura 59), análise

microscópica com aumento de 1,25x permite distinguir alteroplasma opaco, vazios

correspondentes a poros (coloridos artificialmente com corante azul) e estruturas de

coloração branca (5Y 8/1) (prancha 3-a). Ainda com esse aumento observa-se que o

alteroplasma opaco apresenta, conforme Delvigne (1981) fissuras do tipo transmineral

(prancha 3-b- seta vermelha).

A cor opaca do alteroplasma pode estar relacionada ao conteúdo de Fe2O3 no

volume III que é de 9,14%, maior que o teor de 5,43% da rocha ATP usada como base

de comparação (tabela 1). Contudo não é possível saber com os dados que se tem até o

momento se o material alterado da seção SS1 evoluiu a partir da rocha ATP, e nem

mesmo qual a composição química do alteroplasma opaco.

Page 37: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

Prancha 2. Micrografias de lâmina da transição do volume I para o volume II da seção SS1 (lâmina A4-

figura 59). a) organização geral dos materiais na lâmina A4, aumento 1,25x, nicóis paralelos (NP). b)

estruturas brancas (5Y 8/1) de bordas irregulares correspondentes possivelmente aquelas descritas

macroscopicamente nos volumes III e IV da seção SS1, setas vermelhas e ripas de minerais da família dos

feldspatos, setas verdes, aumento de 4x, NP. c) minerais da família dos feldspatos envolvidos

completamente por alteroplasma. f: minerais da família dos feldspatos.

Page 38: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

Prancha 3. Micrografias de lâmina do volume III da seção SS1 (lâmina A3-figura 59). a) organização

geral dos materiais na lâmina A3, aumento 1,25x, nicóis paralelos (NP). b) fissuras do tipo transmineral

no alteroplasma indicadas pelas setas vermelhas, aumento 1,25x, NP. c) minerais da família dos

feldspatos, aumento 40x, NP. d) quartzo, aumento 40x, NP. e) poros, aumento 4x, NP. f) estruturas no

interior das fissuras com bordas escuras e centros com brilho vítreo, aumento 4x, NP. g) bolha de ar,

aumento 4x, NP. f: minerais da família dos feldspatos. Qz: quartzo.

As estruturas de coloração branca identificadas microscópicamente neste volume

correspodem aquelas identificadas macroscópicamente na seção SS1. Para essas

estruturas inferiu-se inicialmente que poderiam ser fenocristais caulinizados, calcedônia

ou feldspatóides alterados. O difratograma de raio-X da amostra coletada no volume III

da seção SS1, ao natural revelou a existência de pico insipientes de caulinita. Isto

corrobora com a ideia inicial de que tais estruturas brancas poderiam ser fenocristais

caulinizados.

Page 39: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

Com aumento de 40x em alguns campos da lâmina A3, observa-se que os

mineriais da família dos feldspatos estão bem preservados (prancha 3-c) mesmo em

meio ao alteroplasma. Como visto nas lâminas de riolito alterado em condições

supérgenas (prancha 1 e prancha 10-anexo I) o plagioclásio é um dos primeiros minerais

a se alterar. Isso sugere, como já discutido para a lâmina A4, que os mineriais da família

dos feldspatos da lâmina A3, por estarem bem presarvados são possivelmente K-

feldspatos, mineral primário do riolito (NARDY et al., 2002). O K-feldspato,

juntamente com o quartzo, é estável em condições de alteração hidrotermal propilítica

(BURNHAM, 1962; PIRAJNO, 1992).

Ainda com aumento de 40x observa-se também cristais de quartzo (prancha 3-

d), que na mineralogia de argila registram picos bem formados no volume III. Assim

como o K-feldspato, o quartzo é um mineral residual do riolito, estável em condições de

alteração hidrotermal do tipo propilítica (BURNHAM, 1962; PIRAJNO, 1992).

Na lâmina A3 os espaços vazios em cor azul, correspondem aos poros. Estes

apresentam no seu interior estruturas de tonalidades opacas que com aumento de 4x

aparecem apenas como pontinhos pretos (prancha 3-e). Contudo, com aumento de 40x,

observa-se que estas têm formas variadas em geral com faces retilíneas (prancha 3-f). A

tonalidade opaca dessas estruturas e também a do alteroplasma, podem estar

relacionadas ao elevado teor de Fe2O3 do material alterado do volume III (9,14% - SS1-

A4 tabela 1), valor quase duas vezes maior que o do riolito sã (5,43% - ATP tabela 1)

segundo Nardy et al. (2008)

No topo do volume IV, próximo a base do volume III, foi coletada a amostra

indeformada A2 (figura 53), a partir da qual se confeccionou lâmina delgada analisada

em microscópio petrográfico. Com aumento de 1,25x observa-se que o material da

lâmina A2 é constituído por estruturas brancas (5Y8/1) e alteroplasma opaco (prancha

4-a).

As estruturas brancas como já discutido na lâmina A3, são correspondentes

aquelas descritas macroscopicamente em campo. O alteroplasma opacos como discutido

anteriormente pode estar relacionado ao conteúdo de Fe2O3, que no topo do volume IV

é de 9,88% valor bem superior ao da rocha ATP usada para comparação quando se

discutiu a geoquímica do material alterado.

Page 40: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

Prancha 4. Micrografias de lâmina do topo do volume IV da seção SS1 (lâmina A2-figura 65). a)

organização geral dos materiais na lâmina A2, aumento 1,25x, nicóis paralelos (NP). b) minerais silicatos

- seta vermelha, aumento 10x, NP. c) minerais silicatos - seta vermelha, aumento 4x, NP. d) material de

coloração verde disseminado na amostra, aumento 4x, NP. e) azul do corante usado para evidenciar os

poros da lâmina nas estruturas que macroscopicamente são brancas, aumento 1,25x, NP. f) material bruno

(2.5YR4/8) que preenchendo fissuras - setas vermelhas, aumento 1,25x, NP.

Ainda com aumento de 1,25x pode-se visualizar no alteroplasma inúmeros

pontinhos brilhantes (prancha 4-a). Estes com aumentos de 10x (prancha 4-b-setas

vermelhas) e 4x (prancha 4-c-setas vermelhas) revelam brilho vítreo, sendo

possivelmente cristobalita e/ou quartzo. Estes dois minerais foram identificados pela

mineralogia de argila no material do volume IV da seção SS1. Tais minerais estão

presentes em grande quantidade (prancha 4-c-setas vermelhas). Na mineralogia de

argila foram os que apresentaram os picos mais representativos e bem formados.

Page 41: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

Uma característica microscopicamente evidente no material da lâmina A2 são

campos com tons esverdeados, em especial nas estruturas que macroscopicamente

parecem brancas (prancha 4-a-b-c-d-e-f). A título de esclarecimento, deve-se

primeiramente considerar que a cor azul de algumas feições das micrografias da prancha

4 está relacionada ao corante usado para evidenciar a porosidade do material. Contudo,

a cor verde pode estar relacionada à mineralogia dessas estruturas, por exemplo, a

clorita encontrada em depósitos hidrotermais propilíticos pode conferir tal cor ao

material (BORGES et al., 2009). Contudo este argilomineral não foi identificado por

meio de DRX no material do volume IV da seção SS1.

A amostra indeformada A1 foi coletada na porção central do volume IV (figura

53). Assim como para as demais amostras foi confeccionada lâmina delgada analisada

em microscópio petrográfico. Nessa lâmina, assim como nas demais lâminas delgadas

do material alterado da seção SS1, chama atenção o alteroplasma opaco, que

possivelmente esteja relacionado ao conteúdo de Fe2O3 no material alterado (prancha 5-

a). Também são encontrados poros com estruturas de tonalidades opacas, como

discutido na lâmina A3 (prancha 5-b). Estruturas brancas também estão presentes

(prancha 5-f-seta alaranjada).

No alteroplasma opaco se destaca o grande número de ripas de minerais da

família dos feldspatos (prancha 5-d-setas vermelhas), possivelmente K-feldspato.

Nessa lâmina foi observado também mineral opaco acicular (prancha 5-f-g-setas

vermelhas). Este muito se assemelha aos piroxênios aciculares do riolito descrito no

anexo I. Opacos de facies retilíneas e formato retangular também foram identificados

(prancha 5-f-seta azul), estes podem ser magnetita, como a descrita no riolito do anexo

I.

O material de cor verde disseminado nas estruturas da lâmina A2, na lâmina A1

foi identificado em uma fissura (prancha 5-h-seta vermelha). Tal material pode ser

constituído de argila. A clorita, por exemplo, em depósitos hidrotermais propilíticos

pode conferir cor verde ao material alterado (BORGES et al., 2009). Porém, como

mencionado anteriormente, clorita não foi identificada no material alterado do volume

IV da seção SS1, apenas ilita e esmectita.

Page 42: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

Prancha 5. Micrografias de lâmina do centro do volume IV da seção SS1 (lâmina A1-figura 65). a)

organização geral dos materiais na lâmina A1- setas vermelhas indicam ripas de feldspato, aumento

1,25x, nicóis paralelos (NP). b) poro, aumento 1,25x, NP. c) minerais silicatos – setas vermelhas,

aumento 1,25x, NP. d) ripas de feldspatos – setas vermelhas, aumento 4x, NP. e) minerais silicatos – setas

vermelhas, aumento 4x, NP. f) seta vermelha: opaco semelhante a piroxênio acicular do riolito descrito no

anexo III; seta verde: ripa de feldspato; seta azul: opaco com facies retilíneas que pode ser magnetita; seta

alaranjada estrutura branca que corresponde as descritas macroscopicamente no volume IV, aumento 10x,

NP. g) opaco semelhante a piroxênio acicular do riolito descrito no anexo III – seta vermelha, aumento

40x, NP. h) material verde em contato com as paredes de uma fissura – seta vermelha, aumento 10x, NP.

Page 43: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

5.2.2. Seção SS2

A seção SS2 corresponde à corte de estrada rural no Planalto de Palmas (PR) e

Água Doce Santa (SC), localizando-se na base do Morro Chato (figura 54-A).

Figura 54. Seção SS2. (A) Vista geral da área. (B) Foto da seção em corte de estrada. (C) Desenho

esquemático da seção. (1) Rocha sã cinza clara fraturada vertical e horizontalmente. (2) Rocha Sã de

coloração roxa fraturada diagonalmente. (3) Colúvio com presença de clastos arredondados. (4) Solo

atual. (5) Rocha alterada. (6) Linha que delimita o contato entre a rocha alterada e as demais litologias.

Tal seção situa-se entre as coordenadas S 26º 34’ 38” / W 51º 36’ 55”,

topograficamente acima de 1300 m, superfície I de Paisani et al. (2008a). Essa seção

está inscrita em corte de barranco com mais de 50 m de extensão lateral e 10 m de altura

Page 44: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

(figura 54-B). Nesse barranco delimitou-se janela com aproximadamente 7 m de

profundidade e 1 m de largura, constituindo a seção SS2 (figura 54-C).

Na seção SS2, assim como na seção SS1, busca-se entender a relação da rocha

riolítica sã com derrame alterado sob riolito, por isso a janela que constitui a seção SS2

abrange somente o contato rocha sã/rocha alterada, desconsiderando o colúvio e o solo

atual individualizado na figura 54-C. Nessa janela foram identificados sete volumes

(figura 55).

Figura 55. Janela da seção SS2. I...VII volumes individualizados. (1) Veios e lentes de zeólita

caulinizada. (2) Fragmento de rocha ácida sã. A2...A7a, A7b: local de coleta para granulometria e DRX.

O volume I tem espessura média de 1 m, sendo constituído de rocha ácida

riolítica halohialina, afanítica e equigranular, fraturada vertical e horizontalmente,

formando blocos de tamanho pequeno com dimensões médias entre 10x15x10 cm.

Page 45: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

Esses blocos de rocha apresentam textura amigdaloidal. Tais amigdalas são preenchidas

por zeólita. A cor predominante na rocha é vermelho roxo acinzentado (5RP4/2),

podendo apresentar manchas de cor vermelho roxo pálido (5RP6/2).

A partir de 5,4 m a rocha fraturada vertical e horizontalmente da lugar a material

totalmente alterado levemente ácido (com pH 5,4) e textura siltosa (quadro 6), de cor

bruno muito claro (10YR7/4). No perfil esse material apresenta estrutura maciça (figura

55). Quando coletada a amostra quebra-se em blocos de estrutura fraca, que variam de

angulares a prismáticos. O material desagregado quando friccionado entre os dedos

apresenta textura sedosa. A consistência do material do volume II quando seco é macio,

com umidade torna-se solto, e se molhado é friável e pouco pegajoso.

Quadro 6. Dados granulométricos (%) da seção SS2.

Volume Argila total Silte total Areia Total Classificação

EMBRAPA

(1997)

II 2% 80% 18% Textura siltosa

III 20% 75% 5% Textura siltosa

IV 8% 89% 3% Textura siltosa

V 9% 78% 13% Textura siltosa

VI 5% 85% 10% Textura Siltosa

VII 2% 91% 7% Textura siltosa

Em 5,8 m inicia-se o volume III, que macroscopicamente se parece muito com

volume IV da seção SS1 (figura 44). O pH do material neste volume é de 5,1, valor bem

próximo do registrado no volume II. Caracteriza-se por apresentar dois materiais

distintos. Uma massa de cor vermelha (2.5YR5/8) e textura siltosa (quadro 6), que se

comporta como massa vítrea. Em meio a essa massa aparecem distribuídos

aleatoriamente estruturas menores de 2mm, que variam de alongadas à arredondadas, de

material siltoso branco (5Y 8/1). No momento da coleta o material desagrega-se em

pequenos blocos sub-angulares de resistência moderada a forte. Quando seco esse

material é macio e sedoso, molhado é pouco plástico e pouco pegajoso.

Com pH 5 a principal mudança nas características físicas do volume IV em

relação ao volume III é a resistência dos blocos sub-angulares, que nesse volume é

fraca. As demais características de cor, plasticidade, pegajosidade e textura não mudam

em relação ao volume III.

A partir 6,7 m individualiza-se o volume V, também levemente ácido com pH 5,

de cor bruno avermelhado fraco (2.5YR6/4) e textura siltosa (quadro 6). Como descrito

Page 46: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

no volume III e IV o volume V também apresenta dois materiais distintos. No perfil o

material desse volume apresenta estrutura maciça. Na coleta quebra-se em blocos sub-

angulares de resistência moderada a forte. Quando seco o material é macio e sedoso,

molhado é pouco plástico e pegajoso.

O volume VI inicia-se em 8,1 m diferindo do volume V principalmente em

relação a cor bruno fraco (2.5YR6/8), o pH de 5,2 varia pouco em relação aos volumes

anteriores. As demais características de textura, estrutura, pegajosidade e plasticidade se

assemelham muito ao volume anteriormente descrito.

A partir de 9,9 m individualizou-se o volume VII, com pH variando entre 5,2 e

5,3. O material desse volume tem textura siltosa (quadro 6), e cor variando entre bruno

avermelhado (2.5YR4/4) e bruno avermelhado fraco (2.5YR7/4). A estrutura do

material quando coletado se desagrega em blocos sub-angulares de resistência forte.

Quando seco o material é macio e sedoso, molhado é pouco plástico e pouco pegajoso.

Em relação aos demais volumes da seção SS2, neste volume notou-se concentração

maior das estruturas alongadas menores que 2 mm de cor branca (5Y8/1), envoltas em

material de coloração avermelhada. Essas estruturas no volume VII correspondem mais

ou menos a 40% do material. Em alguns lugares esse material branco se deposita na

forma de veios e lentes maiores de zeólita caulinizada (figura 55-1).

5.2.2.1. Atributos da mineralogia da fração argila (seção SS2)

Na Seção SS2 sete amostras foram submetidas ao tratamento por DRX, sendo

uma amostra de cada um dos volumes de material alterado II-A2, III-A3, IV-A4, V-A5,

VI-A6 e 2 amostras do VII-A7a-A7b (figura 56). Tais amostras foram tratadas pelos

métodos do pó-Mg, pó-K, natural, calcinadas a 550ºC, calcinada, a 350ºC e glicoladas.

O material do volume II-A2 foi coletado na profundidade de 5,5 m na seção SS2

(figura 55). O material desse volume submetido à difratograma de raios-X de argila

apresentou argilominerais (2:1): esmectita e ilita; mineral do grupo dos sulfatos

hidratados: aluminita (sulfato de alumínio) e hexahidrita (sulfato de Mg); do grupo das

serpentinas: amesita; do grupo das micas: muscovita e do grupo dos sulfatos: gipsita

(figura 56).

Picos de esmectita foram registrados na amostra submetida ao DRX nos métodos

do pó-Mg, pó-K , calcinada a 350ºC e natural, tendo respectivamente nos três primeiros

apresentado picos agudos bem desenvolvidos, já ao natural a esmectita apresentou

Page 47: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

reflexos bem menos expressivos. A ilita apareceu somente na amostra no método

calcinado a 350ºC e 550ºC, com reflexos bem baixos. Esmectita e Ilita são

argilominerais (2:1) que tem ampla ocorrência, já identificadas em alteração supérgena

de riolito (MENEGOTTO; GASPARETTO, 1987; CLEMENTE, 1988, 2001), e

também em perfis de alteração de rochas básicas (OLIVEIRA et al., 1998). Como já

referido quando se discutia a mineralogia da seção SS1, a ilita é um argilomineral

comumente encontrado em estágios iniciais da alteração supérgena de feldspatos

potássicos, enquanto a esmectita aparece em estágios de intemperismo um pouco mais

intenso (MEUNIER, 2005). Em relação à alteração hidrotermal, ilita é um

argilomineral comum em sistemas epitermais de sulfetação baixa sendo estável em

temperaturas > 220º C, já a esmectita é um mineral estável em temperaturas < 160º C

(WHITE; HEDENQUIST, 1995). Como já discutido anteriormente esse minerais são

comuns onde predomina a alteração propilítica (BURNHAM, 1962).

Figura 56. DRX da amostra A2 da seção SS2. E: esmectita. I: ilita. Al: aluminita. H: hexahidrita. A:

amesita. Gp: gipsita.

Aluminita é um mineral do grupo dos sulfatos hidratados, que tem como

principal elemento de sua composição o alumínio. Apresenta picos pouco expressivos

registrados na amostra glicolada e calcinada. Conforme consulta nos bancos de dados de

mineralogia inicialmente apresentados, este é um mineral monoclínico de cor branco

terrosa a branco acinzentado, tipicamente encontrado na forma argilácea, raramente

Page 48: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

encontrado na sua forma cristalina, ocorre associado à basaluminita e a

hidrobasaluminita. Aluminita aparece tipicamente em veios de depósitos minerais

hidrotermais, como identificado em depósitos de ouro e mercúrio na Ucrânia

(ARTEMENKO, 2004). Do mesmo grupo da aluminita, a hexahidrita tem como

principal elemento de sua composição o Mg, sua presença foi registrada pelo DRX com

amostra glicolada. Este mineral é derivado da alteração de rochas magnesianas e

também pode ser encontrado em depósitos hidrotermais (Banco de Dados

Mineralienatlas).

Amesita é um mineral do grupo das serpentinas, foi registrado na amostra pelo

método do pó-K, calcinada a 350ºC e 550ºC e do etileno-glicol (glicolada). Está

relacionada a metamorfismo de baixo grau em rochas ricas em Al e Mg (Banco de

Dados do mindat. org). Serpentina é um grupo de mineral comum em depósitos

hidrotermais propilíticos (BURNHAM, 1962).

A muscovita é um mineral do grupo das micas comum em muitos tipos de

rochas, tais como filitos, xistos, gnaisses, arenitos e granitos (Banco de dados de

minerais da UNESP). Tal mineral do grupo das micas possui estrutura 2:1 e tem como

principais elementos de sua composição química K, Al e Si (COELHO; SANTOS,

2007). É formado a partir de outros minerais em condições hidrotermais e pode ser

detrítico em arenitos (Banco de Dados Mineralienatlas).

Gipsita é um mineral do grupo dos sulfatos rico em Ca que foi registrado no

DRX da amostra A2 apenas com o método do etileno-glicol (glicolada), tendo sido

registrado apenas um pico pouco expressivo. Este mineral pode ser produto da alteração

dos feldspatos sódico-cálcicos presentes no riolito que está sobre o derrame alterado no

Planalto de Palmas (PR)/Água Doce (SC).

Em 5,8 m foi coletado o material do volume III-A3 submetido à DRX (figura

61). Neste volume o material analisado apresentou em comum à amostra do volume II-

A2 a esmectita, aluminita e a muscovita (figura 57). Contudo foram registrados outros

minerais, do grupo da clorita: clorita; do grupo do talco-pirofilita: pirofilita e talco; do

grupo dos sulfatos: barita; do grupo dos feldspatos sódico-cálcicos: albita.

Com o método do pó-Mg, pó-K e a amostra ao natural, o DRX apesentou picos

correspondentes à clorita (figura 57). Este é um mineral de estrutura (2:1) composto

quimicamente por Mg, Al, Fe, Si e O2 (COELHO; SANTOS, 2007). A clorita pode ser

gerada por processos supérgenos, hidrotermais e metamórficos (Banco de Dados de

Page 49: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

Minerais da UNESP). Tal mineral é comum em alterações hidrotermais do tipo

propilítica (BATEMAN, 1956; BURNHAM, 1962).

Figura 57. DRX da amostra A3 da seção SS2. CL: clorita. E: esmectita. P:pirofilita. Al: aluminita. T:

talco. Ba: barita. M: muscovita. Ca-F: albita.

Quando hidrotermal a clorita é estável acima de 200º C, em faixas de

temperaturas maiores que as de estabilidade da esmectita e ilita (WHITE;

HEDENQUIST, 1995). Silva (2007) estudando o Depósito Pilar na região de Santa

Bárbara e Barão dos Cocais (MG) identificou três halos de alteração hidrotermal, distal

intermediário e proximal. Conforme o mesmo autor no halo distal, aquele mais afastado

da fonte de fluidos quentes, o mineral mais representativo e comum é a clorita, presente

em todos os litotipos afetados pela alteração hidrotermal naquela área de estudo (xistos

máficos, xistos vulcanoclásticos, xistos pelíticos e na formação ferrífera). Borges et al.

(2009) estudando processos hidrotermais associados ao depósito de ouro São Jorge,

Província Aurífera de Tapajós no Cráton Amazônico, registrou a presença de quatro

(1,2,3 e 4) associações minerais nesse depósito. Na associação mineral 3 os principais

marcadores mineralógicos são Clorita + Plagioclásio descalcificado + Biotita. Os

autores identificaram o estágio de alteração como propilítico, o principal estágio de

formação dos minerais é a cloritização. A temperatura de formação de tal assemblei

mineralógica foi estimada entre 280º C e 340º C. Essa temperatura foi estimada usando

o geotermômetro proposto por Cathelineau (1988) que indicou temperaturas de 300º C a

Page 50: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

340º C para a formação da clorita (BORGES et al., 2009). Este mineral foi encontrado

em zonas de alteração hidrotermal localizadas mais ou menos entre 814 e 1020m de

profundidade no Sistema Hidrotermal Tusla, no Çanakkale – Turquia (SENER;

GEVREK, 2000). Usando DRX Sonntag et al. (2012) descobriram que clorita e ilita são

os minerais dominantes em um sistema epitermal de baixa sulfetação localizado no leste

de Mindanao, Filipinas.

A presença de pirofilita foi registrada no DRX apenas com a amostra glicolada

(figura 57). Este mineral é um silicato de alumínio hidratado, sua ocorrência é pouco

comum, podendo ser encontrado tanto em veios como em depósitos hidrotermais e entre

camadas de rochas metamórficas xistosas. Quando ocorre está comumente associado a

minerais aluminosos (por exemplo: aluminita, basaluminita, hidrobasaluminita), cianita,

topázio, mica e quartzo (Banco de Dados de Minerais da UNESP; Banco de Dados

Mineralienatlas). Aparece em quantidade variada em depósitos hidrotermais de

sulfetação alta e sulfetação baixa (WHITE; HEDENQUIST, 1995).

O talco é um silicato de magnésio hidratado. Foi registrado no DRX com a

amostra submetida ao método do pó-Mg (figura 57). Este mineral geralmente está

associado à biotita, clorita, serpentina e carbonatos. É gerado em processo de alteração

hidrotermal de minerais magnesianos, especialmente de olivinas e ortopiroxênios, bem

como em metamorfismo regional ou de contato sobre calcários magnesianos ou rochas

ultrabásicas (Banco de Dados de Minerais da UNESP).

Picos pouco representativos de barita foram registrados pelo DRX em todos os

métodos aplicados para a amostra do volume III (figura 57). Frequentemente de origem

hidrotermal, barita é comumente encontrado como um mineral de ganga em depósitos

de minério metálico de origem epitermal ou mesotermal (Banco de Dados do

mindat.org). Tal mineral é comum em pequenas quantidades tanto em depósitos

epitermais de sulfetação baixa como de sulfetação alta (WHITE; HEDENQUIST,

1995). Lima et al. (2000) estuando o Batólito Granítico de Teixeira (Província da

Borborema, Nordeste do Brasil) inferiram que a formação de barita (BaSO4) ocupando

fissuras provavelmente ocorreu na desestabilização do feldspato potássico e mica que

liberam Ba+2

. A existência desse mineral em áreas que sofreram hidrotermalismo é

amplamente registrada na literatura (ALCOVER NETO; TOLEDO, 1993; LIMA et al.,

2000; HERNÁNDEZ, 2002, entre outros).

Com a amostra glicolada foi registrado um único pico de albita (figura 57). Este

é um mineral primário que aparece na composição do riolito, rocha sã que se sobrepõe

Page 51: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

ao material alterado das seções SS1 e SS2 no Planalto de Palmas (PR)/Água Doce (SC).

Albita é também um mineral típico de alterações hidrotermais do tipo propilítica,

aparecendo associado à epidoto, clorita, carbonatos, K-feldspato e pirita (BURHAM,

1962; PIRAJNO, 1992; SENER; GEVREK, 2000).

Entre 5,9 m e 6,7 m na seção SS2 está situado o volume IV (figura 58), no qual

foi coletada a amostra A4 para DRX (figura 58). Assim como no volume III, nesse

volume o DRX apresentou picos agudos de clorita com o método do pó-Mg, pó-K e ao

natural. Contudo no volume IV o material submetido ao DRX também apresentou pico

agudo de clorita com a amostra glicolada. Além dos minerais já discutidos

anteriormente nos difratogramas das amostras A2 e A3, na amostra A4 ocorre também a

heulandita, mineral do grupo da zeólita.

Figura 58. DRX da amostra A4 da seção SS2. CL: clorita. Al: aluminita. HUL: heulandita. Ca-F: albita.

A heulandita é um alumino silicato hidratado, ocorrendo em amigdalas, geodos e

em fraturas das rochas vulcânicas (Banco de Dados do mindat. org). No derrame

alterado sob rocha sã no Planalto de Palmas (PR)/Água Doce (SC) é grande o número

de geodos de zeólita e quartzo, podendo essa ser a origem da heulandita encontrada no

material do volume IV.

Page 52: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

O volume V se inicia em 6,7 m e se estende até 8,1 m na seção SS2 (figura 59).

No centro desse volume foi coletado o material submetido à DRX. Dos minerais

identificados na amostra A5, além daquele que ocorrem nas amostras A2, A3 e A4 tem-

se apenas o feldspato potássico (K-feldspato) (figura 59).

Figura 59. DRX da amostra A5 da seção SS2. CL: clorita. P: pirofilita. HUL: heulandita. K-F: K-

feldspato. M: muscovita. E: esmectita.

O K-feldspato é um mineral primário do riolito (NARDY et al., 2002), rocha sã

que se encontra sobre o derrame alterado no Planalto de Palmas (PR)/Água Doce (SC).

Contudo esse mineral é um mineral comum em depósitos hidrotermais (Banco de Dados

de Minerais da UNESP). Neste tipo de depósito, onde predomina a alteração propilítica

o K-feldspato ocorre associado à epidoto, calcita, caulinita, esmectita, clorita,

serpentina, quartzo e albita (BURNHAM, 1962). O K-feldspato, juntamente com o

quartzo, é estável nas condições de alteração do tipo propilítica (PIRAJNO, 1992).

Desse modo o K-feldspato identificado pelo DRX no volume IV da seção SS2 pode ser

mineral primário residual derivado da rocha que foi alterada hidrotermalmente.

O mais espesso dos volumes individualizados na seção SS2 inicia-se em 8,1 m e

se estende até 9,9 m, intervalos que constitui o volume VI (figura 60). A amostra A6

submetida à DRX foi coletada no centro desse volume (figura 60). Os picos mais

Page 53: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

representativos dos difratogramas da amostra A6 correspondem à clorita e esmectita,

além do K-feldspato, albita e a aluminita (figura 60).

Figura 60. DRX da amostra A6 da seção SS2. CL; clorita. E; esmectita. Al: aluminita. Ca-F: albita.

Pode-se observar que o DRX da amostra A6 é muito semelhante aos

difratogramas das amostras A3 e A4, tanto na forma dos picos representativo dos

minerais quanto na assembleia mineralógica, a qual se caracteriza pelo predomínio de

minerais de estrutura (2:1), clorita e esmectita (figura 60).

A partir de 9,9 m inicia-se o volume VII da seção SS2, no qual foram coletadas

duas amostras. A amostra A7a, coletada em zona descrita macroscopicamente como de

concentração de veios de zeólita caulinizada (figura 61-1) e a amostra A7b coletada a

direita da primeira representando material mais homogêneo do volume (figura 61).

A amostra A7a (figura 61) apresentou além da pirofilita, K-feldspato e

muscovita o quartzo. Este mineral primário está presente no riolito sobreposto ao

derrame alterado da seção SS2. Contudo é também comum em sistemas epitermais tanto

do tipo baixa sulfetação como alta sulfetação, sendo estável em condições hidrotermais

em faixas de temperatura bastante ampla (WHITE; HEDENQUIST, 1995). Como já

discutido anteriormente o K-feldspato, juntamente com o quartzo, é estável às condições

de alteração do tipo propilítica (PIRAJNO, 1992). Sendo assim o quartzo, assim como o

K-feldspato encontrado no volume VII, possivelmente é residual.

Page 54: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

Figura 61. DRX da amostra A7a da seção SS2. P: pirofilita. K-F: K-feldspato. M: muscovita. Qz:

Quartzo.

A amostra A7b apresentou além da muscovita e talco, minerais anteriormente

descritos, a anidrita e a ankerita (figura 62).

A anidrita é mineral do grupo dos sulfatos e a ankerita do grupo da dolomita. A

anidrita ocorre em pequenas quantidades ligada a veios metalíferos ou amigdalas em

rochas vulcânicas (Banco de Dados de Minerais da UNESP, 2012), bem como em

produto de alteração de depósitos hidrotermais (Banco de Dados Mineralienatlas, 2012).

Em geral a anidrita aparece associada à K-feldspato, caulinita, calcita, rutilo e apatita

em depósitos hidrotermais (PIRAJNO, 1992).

Ankerita é um carbonato em geral associado a rochas como calcário, dolomita e

marga, mas também pode ocorrer em rochas metamórficas ricas em ferro e depósitos

minerais de origem hidrotermal (Banco de Dados de Minerais da UNESP, 2012).

Minerais do grupo dos carbonatos são comuns em depósitos epitermais propilíticos

(BURNHAM, 1962, PIRAJNO, 1992).

Page 55: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

Figura 62. DRX da amostra A7b da seção SS2. AD: anidrita. M: muscovita. T: talco. AK: ankerita.

De modo geral, percebe-se que os materiais que integram os volumes

identificados na seção SS2 apresentam tendências principais de distribuição nos

volumes: a clorita foi identificada nos volumes III, IV, IV e VI; a esmectita e a

aluminita no volume II, III e VI; muscovita nos volumes II, III e VII nas amostras A7a e

A7b; albita nos volumes III, IV e VI; heulandita nos volumes IV e V.

Quadro 7. Minerais identificados na seção SS2.

Volumes SS2 - amostras Minerais identificados

II-A2 E, I, Al, H, M, A, Gp

III-A3 CL, E, P, Al, T, Ba, M, Ca-F

IV-A4 CL, Al, HUL, Ca-F

V-A5 CL, P, K-F, HUL, M, E

VI-A6 CL, E, Al, Ca-F

VII-A7a P, K-F, M, Qz

VII-A7b AD, M, T, AK Quadro 7. Minerais identificados na seção SS2 e pH. E: esmectita. I: ilita. Al: aluminita. M: muscovita.

H: hexahidrita. A: amesita. Gp: Gipsita. CL: clorita. P: pirofilita. T: talco. Ba: barita. Ca-F: albita. HUL:

Heulandita. K-F: feldspato potássico. Qz: quartzo. AD: anidrita. AK: ankerita.

5.2.2.2. Geoquímica do material alterado (Seção SS2)

A seção SS2 (figura 55) é constituída por 7 volumes, dos quais o volume I é

formado por rocha consolidada fraturada vertical e horizontalmente, formando blocos

Page 56: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

de tamanho pequeno com dimensões médias entre 10x15x10cm. Esse volume

corresponde a um núcleo de rocha preservada entre o derrame alterado (figura 55). Os

demais 6 volumes são formados por material completamente alterado. Para

fluorescência de raio-X (FRX) foram coletadas amostras representativas de cada volume

da seção, respectivamente SS2-A1, SS2-A2, SS2-A3, SS2-A4, SS2-A5, SS2-A6 e SS2-

A7b (tabela 2). Apenas a amostra A7a (figura 55), por apresentar material correlato ao

da amostra SS2-A6, não foi submetida a fluorescência de raio-X (FRX).

Tabela 2. Dados geoquímicos dos volumes individualizados na seção SS2.

ATP SS2

A1

SS2

A2

SS2

A3

SS2

A4

SS2

A5

SS2

A6

SS2

A7

SiO2 70,24 66,41 49,71 52,26 53,80 58,01 50,80 58,58

TiO2 0,78 0,940 1,493 1,166 1,031 1,365 1,296 1,218

Al2O3 12,12 16,70 25,03 18,97 21,67 19,52 23,14 20,13

Fe2O3 5,43 6,32 10,13 11,78 7,97 10,18 9,51 9,10

MnO 0,09 0,046 0,062 0,222 0,675 0,345 0,179 0,147

MgO 0,73 0,43 1,16 3,99 3,75 1,01 3,07 0,75

CaO 1,9 0,08 0,10 0,13 0,09 0,07 0,11 0,09

Na2O 2,67 0,11 < 0.02 <0.02 <0.02 < 0.02 < 0.02 <0.02

K2O 4,8 1,47 0,43 0,32 0,22 0,29 0,05 0,13

P2O5 0,21 0,166 0,257 0,109 0,035 0,072 0,031 0,070

SS1-A5...SS1-A1: identificação das amostras na seção SS1. (ATP) Ácida Tipo Palmas –

Subgrupo Clevelândia segundo Nardy et al. (2008), química média de 6 amostras.

Assim como para as amostras dos volumes do material alterado da seção

SS1, os teores dos elementos químicos dos volumes do material alterado da seção SS2

foram comparados aos dados de Nardy et al. (2008), referentes as rochas ácidas do

Membro Palmas – Subgrupo Clevelândia. Como na seção SS1, na seção SS2 houve

enriquecimento relativo de TiO2, Al2O3 e Fe2O3 em detrimento da perda de SiO2 (figura

63). Como discutido anteriormente, esse é um comportamento comum de alteração

supérgena (RUXTON, 1968; LACERDA et al, 2002), mas que pode ocorrer também na

alteração hidrotermal (BURNHAM, 1962; SENER; GEVREK; 200).

O material do volume I da seção SS2, constituído por rocha sã apresentou teores

de SiO2, Al2O3, Fe2O3 e TiO2 muito próximos ao do riolito do Membro Palmas -

Subgrupo Clevelândia (tabela 2 e figura 63). No que concerne aos cátions básicos CaO,

Na2O, MgO e K2O (figura 64) os teores são bem menores em relação ao riolito,

indicando que o material desse volume já apresenta alteração bem desenvolvida. Os

teores de P2O5 e MnO no material do volume I, assim como os cátions básicos, são bem

menores que os do riolito e servem também como indicadores de que o material desse

volume já está alterado (figura 65).

Page 57: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

Figura 63. Variação dos teores de SiO2, Al2O3, Fe2O3 e TiO2.

Figura 64. Variação dos teores de CaO, Na2O, MgO e K2O.

Os teores de CaO, Na2O, MgO, e K2O nos volumes de material alterado da seção

SS2, apresentam comportamento semelhante ao da seção SS1. O elementos CaO, Na2O

e K2O têm teores bem menores que o do riolito, contudo o MgO apresenta valores bem

acima dos da rocha e também acima do material alterado da seção SS1. Com destaque

para as amostras do volume III (SS2-A3–figura 69), volume IV (SS2-A4–figura 70) e

volume VI (SS2-A6–figura 71).

Os teores acentuados de MgO nos volumes de material alterado está

possivelmente relacionado a clorita e esmectita identificadas por meio de DRX. Esses

Page 58: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

dois filossilicatos podem conter esse elemento na sua composição química. A clorita,

por exemplo, tem na sua composição em média mais de 20% de MgO (BORGES et al.,

2009). Na seção SS2 os volumes de material alterado que apresentaram os maiores

teores de MgO são os mesmos que apresentaram como picos mais agudos e

representativos no DRX a clorita. O que mostra que há forte relação entre a clorita e o

enriquecimento relativo de MgO nos volumes de material alterado da seção SS2, o

conteúdo desse elemento existente na rocha antes da sua alteração foi possivelmente

repassado para a estrutura aluminossilicática da clorita. Neste caso o enriquecimento de

MgO pode ser indicador de alteração hidrotermal propilítica (BURNHAM, 1962).

Em relação ao P2O5 apenas o material do volume II (SS2-A2 – figura 71)

apresentou valor pouco maior que o desse elemento no riolito. Dos minerais

identificados pelo DRX na seção SS2 nenhum apresenta relação com esse elemento

químico. Sendo assim, possivelmente o teor levemente maior do P2O5 em relação ao

riolito deve estar relacionado à apatita residual que, por existir em pequena quantidade

não foi identificada pelo DRX.

Figura 65. Variação dos teores de P2O5 e MnO.

No que concerne ao MnO no volume II do material alterado o teor é menor em

relação ao riolito, contudo nos demais volumes é maior. Como na seção SS1, a maior

concentração poderia ser relacionada a acumulo em fissuras muito pequenas presentes

no material alterado. Esse elemento, também, pode estar relacionado aos argilominerais

identificados pelo DRX (clorita, ilita e esmectita), pois Sener e Gevrek (2000) e Borges

et al. (2009), a partir de analise de microssonda eletrônica demonstraram que o MnO faz

parte da composição desses argilominerais encontrados em alterações hidrotermais.

Page 59: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

5.2.2.3. Análise micromorfológica da seção SS2

Para análise micromorfológica da seção SS2 foram coletadas 4 amostras

indeformadas do material alterado, a amostra A3 do início do volume V, A2 da

transição do volume V para o VI, A1 da base do volume VI e A4 no volume VII (figura

66). Tais amostras foram coletadas onde o material alterado da seção SS2 apresenta

transições bruscas. No caso dos volumes II, III e IV, apesar de apresentarem

características distintas, a transição entre volumes é gradativa, por isso não se

considerou necessário à coleta de amostras indeformadas para análise

micromorfológica.

Figura 66. Localização das análises micromorfológicas na janela da seção SS2. I...VII volumes

individualizados. (1) Veios e lentes de zeólita caulinizada. (2) Fragmento de rocha ácida sã. A4...A1:

localização das análises micromorfológicas na seção.

A lâmina A3, coletada no início do volume V (figura 66), apresenta organização

dos materiais bastante complexa. O alteroplasma varia de bruno (2YR4/8) a bruno

amarelado (5YR5/8) (prancha 6a-a).

Page 60: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

Prancha 6a. Micrografias de lâmina do volume V da seção SS2 (lâmina A3-figura 78). a) organização

geral dos materiais na lâmina A3, aumento 1,25x, nicóis paralelos (NP). b) estruturas brancas

correspondentes aquelas descritas macroscopicamente no material alterado da seção SS2-setas vermelhas,

aumento 10x, NP. c) opacos - seta verde e minerais da família dos feldspatos – seta vermelha, aumento

10x, NP. d) minerais da família dos feldspatos com alteração do tipo peculiar, aumento 63x, NP. e)

feldspato com alteração do tipo regular paralelo, aumento 40x, nicóis cruzados (NC). f) minerais opacos,

aumento 40x, NP.

O alteroplasma é cortado horizontalmente por fissuras preenchidas por material

de cor branca sob luz paralela, com nicóis cruzados tal material apresentam brilho

(prancha 6a-a). Há também fissuras nas quais pode-se distinguir pontinhos pretos

(prancha 6a-a-b), estes correspondem às estruturas opacas descritas na lâmina A3 da

seção SS1. Tais fissuras parecem posteriores aquelas preenchidas por material branco,

pois como pode ser visto na micrografia “a e j” das pranchas 6a e 6b cortam

Page 61: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

verticalmente tanto as fissuras horizontais quanto o alteroplasma. As fissuras descritas

anteriormente são classificadas como do tipo planar-rachaduras (DELVIGNE, 1981).

Prancha 6b. Micrografias de lâmina do volume V da seção SS2 (lâmina A3-figura 78). g) espaço vazio

com bordas preenchidas por material opaco, que também forma ilhas no seu interior, aumento 40x, NP. h)

fissuras que apresentam no seu interior estruturas opacas, aumento 4x, NP. i) estruturas opacas, aumento

10x, NP. j) horizontalmente fissuras preenchidas com material branco e verticalmente fissura com

estruturas opacas (óxidos), aumento 10x, NP. l) fissura vista com nicóis cruzados o que permite distinguir

extratos de materiais diferentes, aumento 40x, NC. f: minerais da família dos feldspatos. o: minerais

opacos.

Macroscopicamente o volume V da seção SS2 apresenta estruturas brancas

como as descritas no volume III e IV da seção SS1. Microscopicamente também é

grande o número de estruturas desse tipo (prancha 6a-b-setas vermelhas). Estas

encontram-se com as bordas envolvidas por material opaco, que pode ser constituído de

MgO, MnO ou Fe2O3, ou ambos os elementos químicos citados. Infere-se isso, pois a

Page 62: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

química total revelou que nesse volume o teor desses elementos é bem maior que os da

rocha ácida ATP utilizada para comparação quando discutiu-se a geoquímica do

material alterado da seção SS2 (tabela 2).

Entre o alteroplasma podem ser encontradas ripas de minerais da família dos

feldspatos (prancha 6a-c-setas vermelhas), estes podem ser K-feldspatos, pois no

volume V da seção SS2 a mineralogia de argila registra a presença desse mineral.

Minerais opacos também aparecem nessa lâmina (prancha 6a-c-setas verdes).

Os opacos identificados apresentam facies retilíneas e aparentemente não

apresentam nem um tipo de alteração (prancha 6a-f). Contudo, com aumento de 63x é

possível perceber que há minerais da família dos feldspatos se alterando a partir das

bordas (prancha 6a-d), configurando alteração do tipo peculiar (peculiar type)

(DELVIGNE, 1981). É possível identificar nessa lâmina ainda feldspatos com padrão

de fissuras segundo Delvigne (1981) do tipo paralelo (regular paralelo), a partir das

quais a alteração está avançando (prancha 6a-e).

No alteroplasma é possível encontrar também poros (prancha 6b-g), nos quais as

bordas são preenchidas por material opaco, que também forma ilhas no seu interior. Tal

material opaco pode ser constituído por Fe2O3, MnO ou MgO, no volume V da seção

SS2 o teor desses elementos é respectivamente de 10,18%, 0,345% e 1,01%, valores

bem superiores ao da rocha ATP (5,43%, 0,09%, 0,73% - tabela 2).

Nessa lâmina nas fissuras as estruturas opacas, como as descritas na lâmina A3

da seção SS1, encontram-se alinhadas (prancha 6b-h-setas vermelhas).

As fissuras com material de cor branca, vistas com nicóis paralelos parecem

homogêneas (pranchas 6s-a e 6b-j), já com nicóis cruzados tais fissuras parecem estar

sendo preenchidas por extratos de materiais diferentes (prancha 6b-l). Nestas no contato

com o alteroplasma, nas paredes da fissura, pode-se visualizar um extrato de material

cinza esverdeado (Gley1_6/N). Que pode corresponder a clorita, este argilomineral em

alterações hidrotermal do tipo propilítica pode apresentar cor verde (BORGES et al.,

2009). Picos bem desenvolvidos de clorita foram identificados por meio de DRX no

material alterado do volume V. Na sequência tem-se um extrato de material opaco, este

possivelmente é constituído por Fe2O3, MnO ou MgO, óxidos que no material do

volume V apresentam teores elevados. O MgO, por exemplo, em alterações

hidrotermais do tipo propilítica pode apresentar teor elevado (BURNHAM, 1962).

Posteriormente tem-se material brilhoso que se estende na forma de manchas

disseminadas no interior da fissura que é preenchida por material cinza esverdeado,

Page 63: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

correspondente ao extrato em contato com o alteroplasma. O material brilhoso

disseminado na fissura visto ao microscópio com nicóis cruzados, ao girar-se a platina

apresenta birrefringência, característica típica de argilas (CASTRO, 2008). No material

alterado do volume V, o DRX, além de clorita apresentou picos de esmectita, que

poderia corresponder ao material brilhoso disseminado no interior da fissura.

A lâmina A2 foi coletada na transição do volume V para o VI (figura 66). Nesta

identificou-se com aumento de 1,25x dois principais campos de descrição, o do

alteroplasma e das fissuras (prancha 7-a). O alteroplasma tem cor predominante bruno

amarelada (5YR85/8) e apresenta fissuras do tipo planar-rachaduras (DELVIGNE,

1981).

Há ainda campos nessa lâmina nos quais o alteroplasma é opaco (prancha 7-e).

Como já discutido nas micrografias anteriores, este pode ter relação com o

enriquecimento de MgO (3,07%), MnO (0,179%) e Fe2O3 (9,51%) no volume VI, os

teores desse elemento são bem maiores que o da rocha ATP usada para comparação

quando discutiu-se a geoquímica da seção SS2 (tabela 2).

No alteroplasma bruno amarelado com aumento de 40x identifica-se ripas de

minerais da família dos feldspatos (prancha 7-b), estes são possivelmente K-feldspatos

estáveis em alterações hidrotermais propilíticas (BURNHAM, 1962; PIRAJNO, 1992),

É possível ainda encontrar no alteroplasma estruturas de material branco

(prancha 7-c-setas vermelhas), como as descritas na lâmina A3 da seção SS2, e ainda

minerais opacos, correspondente possivelmente a magnetita (prancha 7-d).

Page 64: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

Prancha 7. Micrografias de lâmina coleta na transição do volume V para o VI da seção SS2 (lâmina A2-

figura 78). a) organização geral dos materiais na lâmina A2, aumento 1,25x, nicóis paralelos (NP). b)

mineral da família dos feldspatos, aumento 40x, NP. c) estruturas brancas correspondentes aquelas

descritas macroscopicamente no material alterado da seção SS2-setas vermelhas, aumento 10x, NP. d)

mineral opaco, aumento 40x, NP. e) alteroplasma opaco, aumento 10x, NP. f) fissura cortando

diagonalmente a lâmina A2, aumento 1,25x, NP. g) fissura com ripas de minerais da família do feldspato,

aumento 4x, nicóis cruzados (NC). h) albita, aumento 40x, NC. f: minerais da família dos feldspatos. o:

minerais opacos.

Page 65: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

A lâmina A2 é cortada diagonalmente por uma grande fissura, semelhante a

descrita na lâmina A3, mas que apresenta material de cor amarelada. Neste, com nicóis

paralelos observa-se linhas de material opaco, constituído possivelmente por MgO,

MnO ou Fe2O3, principalmente nas bordas no contato com o alteroplasma (prancha 7-f).

Com aumento de 4x e nicóis paralelos tal fissura apresenta inúmeros pontos

brilhantes, muitos deles com forma de ripas (prancha 7-g). Com aumento de 40x essas

ripas demonstram forma alongada retangular, onde se alternam faixas de cor branca e

preta, que constituem as maclas do feldspato (prancha 7-h). Usando como referência

Delvigne (1998) este mineral foi classificado como albita. A mineralogia de argila do

volume VI da seção SS2 registrou a presença desse mineral, servindo desse modo como

um indicativo para confirmar a inferência feita a partir da micromorfologia. Albita é um

mineral típico de sistema hidrotermal propilítico (PIRAJNO, 1992, 2009).

A lâmina A1 foi confeccionada a partir da mostra indeformada A1 coletada na

base do volume VI da seção SS2 (figura 72). Observando a lâmina com aumento de

1,25x individualizam-se dois campos distintos de descrição. Um campo formado por

alteroplasma com cor predominante bruno amarelado (5YR5/8), e outro correspondente

fissuras, nas quais com nicóis paralelos, o material é de cor branca (5Y 8/1) (prancha

8a-a).

No alteroplasma a porosidade é do tipo planar-rachaduras (prancha 8a-b-c)

(DELVIGNE, 1981).

É grande o número de minerais da família dos feldspatos encontrados no

alteroplasma (prancha 8a-b-setas vermelhas). Minerais opacos também foram

identificados no alteroplasma, estes podem correspondem possivelmente a magnetita

(prancha 8a-c).

É possível observar também no alteroplasma, que o material bruno amarelado

(5YR5/8) divide espaço com alteroplasma opaco (prancha 8a-b-c). Este pode estar

relacionado à concentração de MgO, MnO e Fe2O3 como já discutido anteriormente.

No campo de domínio do alteroplasma existem espaços vazios, que podem ter

sido formados por dissolução do alteroplasma (prancha 8a-d). No interior desses vazios

pode-se individualizar estruturas opacas, como as discutidas anteriormente.

Page 66: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

Prancha 8a. Micrografias de lâmina da base do volume VI da seção SS2 (lâmina A1-figura 78). a)

organização geral dos materiais na lâmina A1, aumento 1,25x, nicóis paralelos (NP). b) minerais da

família dos feldspatos encontrados no alteroplasma –setas vermelhas, aumento 4x, NP. c) minerais opacos

também foram identificados no alteroplasma, aumento 4x, NP. d) poros, que podem ter sido formados por

forte dissolução do alteroplasma, aumento 4x, NP. e) fissuras orientadas no sentido horizontal, aumento

1,25x, NP. f) fissuras horizontais cortadas por fissura vertical adquirindo aspecto de espinha de peixe,

aumento 40x, NP.

As fissuras preenchidas por material branco encontradas nessa lâmina estão

orientadas em geral no sentido horizontal (prancha 8a-e). Com aumento de 1,25x

percebe-se que tais feições são horizontalmente paralelas umas as outras, e em alguns

campos da lâmina são cortadas por uma fissura vertical adquirindo aspecto de espinha

de peixe (prancha 8a-f).

Page 67: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

Prancha 8b. Continuação da prancha 8.1. (lâmina A1). g) fissura preenchida de material de cor verde,

aumento 10x, NP. h) fissura de material com aspecto radial, aumento 10x, NP. i) material com aspecto

radial no interior da fissura, aumento 40x, NP. J) material com aspecto radial no interior da fissura,

aumento 40x, nicóis cruzados (NC).

Com aumento de 10x, e nicóis paralelos, percebe-se que o material no interior

desses veios adquire cor verde (Gley1_6/N) (prancha 8b-g). Essa cor pode estar

relacionada à presença de clorita, este argilomineral quando hidrotermal apresenta esta

cor (BORGES et al., 2009). No volume VI da seção SS2, por meio de DRX, foram

identificados picos expressivos de clorita, o que da mais sustentação a ideia

anteriormente aventada.

Com aumento de 40x observa-se que em algumas fissuras o material que as

preenche organiza-se formando estruturas de aspecto radial (prancha 8b-i-j). Ao girar a

platina do microscópio percebe-se que as mesmas apresentam birrefringência,

característica típica de argilominerais (CASTRO, 2008). No volume VI da seção SS2

por meio de DRX identificou-se picos de clorita e esmectita, argilominerais que podem

estar preenchendo as fissuras. Estas poderiam ser amigdalas que sofreram alteração

pseudomórfica (DELVIGNE, 1981), por isso os possíveis argilominerais no seu interior

teriam aspecto radial, o que seria herança da forma original do mineral primário

cristalizado no interior das amigdalas.

Page 68: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

Em algumas fissuras, o material com aspecto radial apresenta cores brunadas,

tanto com nicóis paralelos quanto com nicóis cruzados (prancha 8b-i-j), cores que

podem estar relacionadas ao teor de Fe2O3, MnO e MgO. O material alterado do volume

VI submetido a fluorescência de raio-X apresentou teor de 9,51% de Fe2O3, 0,345 de

MnO e 1,01 MgO valores bem superiores ao da rocha ácida ATP (tabela 2-ATP).

A lâmina A4 foi confeccionada a partir de amostra indeformada coletada no

volume 7 da seção SS2 (figura 66). Nesta lâmina o material apresenta organização

extremamente complexa. Com aumento de 1,25x observa-se que é grande o número de

ripas de minerais da família dos feldspatos no alteroplasma bruno (2YR4/8) (prancha 9-

a). Tais minerais apresentam-se bem preservados, sem fissuramento e sem bordas

alteradas (prancha 9-b). A mineralogia de argila identificou picos bem formados de K-

feldspato no volume 7, no local onde foi coletada essa amostra para micromorfologia. A

presença deste mineral em material tão alterado é possível, pois como já indicado

anteriormente em alterações hidrotermais propilíticas o K-feldspato é estável

(BURNHAM, 1962; PIRJNO, 1992).

É possível encontrar também minerais opacos (prancha 9-c), estes como já

discutido anteriormente são possivelmente magnetita.

No alteroplasma é possível encontrar também amigdalas de cor amarela

(10YR8/8), as quais com nicóis cruzados apresentam materiais com arranjo radial

(prancha 9-d). Estas possivelmente tem correlação com as fissuras descritas na lâmina

A1 anteriormente.

Grandes concentrações de material branco (5Y8/1) também podem ser

visualizadas na lâmina A4 (prancha 9-e). Estas correspondem aos veios e lentes

caulinizados descritos macroscopicamente no volume VII (figura 66). No centro dessa

lâmina identificou-se uma dessas estruturas de cor amarela (10YR8/8) (prancha 9-f). No

canto direito dessa estrutura há concentração de material amarelo brilhante, que

poderiam ser domínios argílicos em meio a material impregnado com óxidos (prancha

9-g), estes vistos com aumento de 40x tem aspecto alongado (prancha 9-h). Tal material

encontra-se também preenchendo algumas fissuras no alteroplasma (prancha 9-i-setas

vermelhas). Contudo, o material do volume VII submetido a DRX não apresentou, nem

mesmo picos insipientes de argilominerais.

Page 69: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

Prancha 9. Micrografias de lâmina do volume VII da seção SS2 (lâmina A4-figura 78). a) ripas de

minerais família dos feldspatos no alteroplasma bruno (2YR4/8), aumento 4x, nicóis paralelos (NP). b)

mineral da família do feldspato, aumento de 40x, NP. c) minerais opacos, aumento 40x, NP. d) amigdala, aumento 40x, nicóis cruzados (NC). e) material branco (5Y8/1) correspondente aos veios e lentes

descritos macroscopicamente no volume VII, aumento 1,25x, NP. f) estruturas de cor amarela (2Y8/8),

aumento 1,25x, NC. g) concentração de material amarelo brilhante – dentro do circulo vermelho, aumento

4x, NC. h) material amarelo brilhante com aspecto alongado, aumento 40x, NC. i) material amarelo

brilhante preenchendo algumas fissuras no alteroplasma, aumento 10x, NC. f: minerais da família dos

feldspatos. o: minerais opacos.

Page 70: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

Pela pesquisa bibliográfica realizada nem um dos minerais identificados pela

mineralogia de argila no material alterado do volume VII da seção SS1, pode apresentar

cor amarela. No entanto a pirita, mineral hidrotermal que ocorre tipicamente em veios,

pode apresentar a cor amarela (Banco e Dados de Minerais da Unesp). Se este for

mineral do tipo pirita a gênese hidrotermal inferida para o derrame alterado sob rocha sã

no Planalto de Palmas (PR)/Água Doce (SC) poderia ser confirmada.

Page 71: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presença de derrame de rocha alterada sob rocha sã no Planalto de Palmas

(PR)/Água Doce (SC), suscitou inicialmente algumas perguntas, as quais buscou-se

responder nessa dissertação. Tais perguntas podem ser agrupadas em duas

problemáticas principais, a primeira relaciona-se ao papel do derrame alterado na

estrutura da paisagem e a segunda à gênese da alteração de tal derrame.

A primeira problemática trouxe os seguintes questionamentos. Qual o papel do

derrame alterado na estrutura da paisagem? O derrame alterado estaria mantendo a

superfície II? Para responder a tais questionamentos selecionou-se recorte espacial entre

as latitudes S 26º 32’ 24” - S 26º 38’ 24” e as longitudes W 51º 31’ 31” - W 51º 43’ 08”

no referido planalto. Dentro desse limite geográfico procedeu-se ao mapeamento do

derrame alterado. Tal mapeamento foi executado empregando técnicas de campo e

laboratório. Os trabalhos foram direcionados visando mapear as morfologias da área de

estudo e entender a sua relação com a litologia, bem como estabelecer os limites de

domínio do derrame alterado sob rocha sã.

Os resultados do mapeamento possibilitam inferir que o derrame alterado sob

rocha sã no Planalto de Palmas (PR)/Água Doce (SC) estratigraficamente encontra-se

entre dois derrames de rocha sã. Nos locais em que ele mantem relevos residuais, como

no caso do RRMDA tratado no item resultados e discussões, significa que o derrame

sobre ele foi dissecado. Onde a drenagem se instalou sobre o derrame alterado a

dissecação ainda não atingiu a rocha sã sotoposta.

A partir dos resultados apresentados observa-se que o derrame alterado não

mantem a superfície II, tal derrame aflora tanto abaixo de 1200m na superfície III como

acima de 1300m, superfície I de Paisani et al. (2008a). Isso demonstra que a sua

distribuição extrapola os limites do Planalto de Palmas (PR)/Água Doce (SC) ou seja,

das superfícies I e II de Paisani et al. (2008a), conferindo-lhe caráter regional. No

entanto, é preciso salientar que, para conhecer precisamente os limites regionais e

topográficos de tal litologia é preciso estender a área de mapeamento, bem como

aumentar o número de pontos mapeados.

O mapeamento geológico-geomorfológico da área de estudo demonstrou ainda

que esta apresenta relevo homogêneo, o que não possibilita a determinação de diferentes

domínios geomorfológicos ou zonas homólogas.

Page 72: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

Além de entender o papel do derrame alterado na estrutura da paisagem buscou-

se também verificar se há influência estrutural na evolução do relevo da área de estudo.

Com esse objetivo analisou-se feições como lineamentos negativos e positivos, curvas

anômalas, entre outras.

O resultado da análise dos lineamentos negativos correlacionados à orientação

dos canais de 1ª ordem e lineamentos positivos revelou forte concordância direcional

dos rios na área de estudo com o lineamento tectônico do Rio Iguaçu. Como

demonstrado nos resultados, o grande número de curvas anômalas na rede de drenagem

e paleocanais de 2ª ordem nos divisores de água indicariam que a área de estudo sofreu

ou estaria sofrendo movimentações neotectônicas. Com isso pode-se inferir que a

geomorfologia da área de estudo foi fortemente influenciada pelo lineamento tectônico

do Rio Iguaçu, de idade Paleozoica, e recentemente por esforços neotectônicos que

ocasionaram a formação das curvas anômalas na rede de drenagem e a inversão do

relevo que isolou paleocanais de 2ª ordem no divisor de águas regional Iguaçu/Uruguai.

Contudo, apesar do grande número de indicadores de influência estrutural, não foi

possível individualizar blocos morfoestruturais na área de estudo, pois esta apresenta

grande homogeneidade no que concerne as formas do relevo e à distribuição das

anomalias identificadas.

A problemática referente à gênese do derrame alterado sob rocha sã no Planalto

de Palmas (PR)/Água Doce (SC) levou a formulação de três hipóteses. Na primeira

cogitou-se que os afloramentos de rocha alterada seriam paleoperfis de intemperismo de

idade Cretácea. A segunda que a rocha alterada seria o produto da alteração de derrame

básico em contato com o derrame ácido. A terceira atribui origem hidrotermal para a

alteração de tal derrame.

Com o objetivo de estabelecer a gênese do derrame alterado sob rocha sã no

Planalto de Palmas (PR)/Água Doce (SC), procedeu-se sua caracterização macroscópica

em campo, microscópica em laboratório, bem como por meio de difração de raio-X

(DRX) da fração argila determinou-se sua mineralogia e pela fluorescência de raio-X

(FRX) sua composição química.

No entanto é preciso salientar primeiramente, que a análise micromorfológica

das seções SS1 e SS2 contribuiu pouco em relação à inferência de alteração hidrotermal

para o derrame alterado. Esta permitiu apenas descrever a organização dos materiais do

derrame alterado e do riolito sobre ele. No caso do riolito por meio da comparação do

tipo de alteração dos minerais identificados a partir da micromorfologia, com os

Page 73: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

resultados de Clemente (1988), pode-se determinar estágio inicial de alteração

supérgena. Além do descrito acima a micromorfologia deixa claro que para

compreender melhor o tipo de alteração hidrotermal inferido é primordial a aplicação de

microssonda eletrônica. Tal técnica ajudaria principalmente a determinar o estágio de

formação dos minerais hidrotermais no derrame alterado.

Os tipos de alteração hidrotermal são classificados em função da assembleia

mineralógica e das mudanças químicas (PIRAJNO, 2009). Comparando a assembleia

mineralógica das seções SS1 e SS2 com trabalhos clássicos que caracterizam os

principais tipos de sistemas hidrotermais e resultados de pesquisas já realizados em

regiões sujeitas a esse tipo de alteração das rochas, infere-se que o derrame alterado sob

rocha sã no Planalto de Palmas (PR)/Água Doce (SC) constitui um sistema hidrotermal

epitermal propilítico de baixa sulfetação. No quadro 8 são apresentadas as principais

características desse tipo de sistema hidrotermal (BURNHAM, 1962; PIRAJNO, 1992;

WHITE; HENDQUIST, 1995; SENER; GEVREK, 2000)

Quadro 8. Características de sistema hidrotermal epitermal propilítico de baixa

sulfetação.

Autores Assembleia mineralógica principal pH

Burnham

(1962)

Epidoto, calcita, caulinita, esmectita, clorita,

serpentina, quartzo, albita e K-feldspato.

Próximo a

neutro.

Pirajno (1992) Epidoto, clorita, carbonatos, albita, K-feldspato e pirita. -

White e

Hedenquist

(1995)

Quartzo, cristobalita, calcedônia, calcita, adularia, ilita,

caulinita, pirofilita, alunita e barita.

entre 5 e

6.

Sener e Gevrek

(2000)

K-feldspato, albita, clorita, alunita, caulinita, esmectita,

ilita e minerais opacos.

-

Dos minerais apresentados no quadro 8 na seção SS2 foram encontrados:

esmectita, ilita, clorita, amesita (grupo das serpentinas), pirofilita, barita, albita, K-

feldspato, quartzo e ankerita (grupo dos carbonatos). Outra característica que ajudou na

interpretação do tipo de alteração hidrotermal foi o pH da seção SS2 entre 5 e 6, estes

valores se aproximam dos apontados por Burnham (1962) e White e Hedenquist (1995)

(quadro 8). Como discutido anteriormente o enriquecimento de MgO, típico em

alterações hidrotermais propilíticas, também ajudou na interpretação e caracterização do

tipo de alteração (BURNHAM, 1962).

Além dos minerais que compõem a assembleia mineralógica principal de um

sistema hidrotermal epitermal propilítico de baixa sulfetação, na seção SS2 foram

Page 74: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

encontrados outros minerais que podem ter gênese hidrotermal. Dentre eles, como já

discutido anteriormente: a aluminita (ARTEMENKO, 2004); a hexahidrita e a

muscovita (Banco de Dados Mineralienatlas, 2012); talco (Banco de Dados de Minerais

da UNESP, 2012); Anidrita (PIRAJNO, 1992; Banco de Dados Mineralienatlas, 2012).

Dos minerais identificados por meio de DRX na seção SS2, os argilominerais

foram os que apresentaram os picos mais agudos e representativos, a esmectita e a

clorita no volume II e a clorita e esmectita nos volumes III, IV, V e VI. No Brasil Silva

(2007) estudou o Depósito Pilar na região de Santa Bárbara e Barão dos Cocais (MG),

identificando três halos de alteração hidrotermal: distal, intermediário e proximal. No

halo distal, aquele mais afastado da fonte dos fluidos que causou a mineralização do

Depósito Pilar, Silva (2007) descobriu que o mineral mais representativo e comum é a

clorita, presente em todos os litotipos afetados pela alteração hidrotermal naquela área

de estudo (xistos máficos, xistos vulcanoclásticos, xistos pelíticos e na formação

ferrífera). No exterior, recentemente ilita associada à clorita foi encontrada por meio de

DRX nos depósitos hidrotermais em zona de alteração distal e intermediária no leste de

Mindanao, nas Filipinas (SONNTAG et al., 2012). Tais informações correlacionadas

com as características do derrame alterado sob rocha sã no Planalto de Palmas

(PR)/Água Doce (SC), permitem inferir que os afloramentos desse tipo na área de

estudo são apenas o halo distal de um sistema hidrotermal maior.

Como já referido anteriormente, também no Brasil, Borges et al. (2009)

estudando processos hidrotermais no Cráton Amazônico, registrou a presença de quatro

(1,2,3 e 4) associações minerais. Na associação mineral 3 os principais marcadores

mineralógicos são Clorita + Plagioclásio descalcificado + Biotita, a partir desses

minerais Borges et al. (2009) apontou que o estágio de alteração é o propilítico, o

principal estágio de formação dos minerais é a cloritização, a temperatura de formação

de tal assembleia mineralógica foi estimada entre 280º C e 340º C por meio do uso do

geotermômetro proposto por Cathelineau (1988) que indicou temperaturas de 300º C a

340º C para a formação da clorita. Levando em conta que a clorita apresentou picos

agudos e bem desenvolvidos na seção SS2 nos volumes III, IV, V e VI, usando o

geotermômetro proposto por Cathelineau (1988 apud Borges 2009) pode-se estimar que

o derrame alterado encontrado sob rocha sã na seção SS2 foi alterado por fluidos

hidrotermais que atingiram temperaturas superiores a 300º C.

Na seção SS1 a assembleia mineralógica é bem menos diversificada que a da

SS2, estão presentes apenas minerais silicatos e argilominerais (quadro 3). O pH assim

Page 75: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

como na seção SS2 está entre 5 e 6, houve também, assim como na seção SS2,

enriquecimento de MgO no volume IV. Nessa seção, pelo DRX os minerais que tem os

picos mais agudos e representativos são a cristobalita e o quartzo. O quartzo é um

mineral estável em condições hidrotermais em temperaturas acima de 150º C (WHITE;

HEDENQUIST, 1995). Segundo o mesmo autor a cristobalita primária indica rochas

alteradas por último e pelos fluidos de mais baixa temperatura, sendo estável na faixa de

temperatura entre 100º C e 150º C, aparecendo naqueles depósitos mais afastados da

fonte de fluído quente. Com base nessas informações, associando-as as considerações

feitas para a seção SS2, pode-se inferir que a seção SS1 também é parte de um sistema

hidrotermal epitermal propilítico de baixa sulfetação. Esta, em relação à seção SS2,

estaria mais afastada da fonte de fluidos quentes que provocou a alteração hidrotermal

do derrame alterado sob rocha sã no Planalto de Palmas (PR)/Água Doce (SC). Por isso

apresenta picos agudos de quartzo e cristobalita e picos incipientes de argilominerais (E,

I, I/E e Ca). Situação oposta da seção SS2 que apresenta picos agudos de argilominerais,

principalmente clorita e esmectita, e nem mesmo apresenta picos incipientes de

cristobalita.

O fato de o derrame alterado apresentar textura completamente diferente da

rocha sã sobre ele permite inferir que o estilo de alteração hidrotermal predominante nas

seções SS1 e SS2 é o estilo pervasivo. Este é caracterizado pela substituição total ou da

maior parte dos minerais da rocha original, resultando na obliteração parcial ou total da

textura original da rocha afetada pelo hidrotermalismo (PIRAJNO, 1992, 2009).

Para finalizar é importante esclarecer que os sistemas hidrotermais epitermais

ocorrem entre 1 e 2 km na crosta terrestre (WHITE; HEDENQUIST, 1995). Desse

modo a presença de um sistema desse tipo aflorando próximo a superfície no Planalto

de Palmas (PR)/Água Doce (SC) indicaria que a área de estudo sofreu soerguimento.

Nesse planalto esse tipo de esforço tectônico foi apontado por Paisani et al. (2008a),

quando propuseram modelo evolutivo para o relevo do SW do Paraná e NW de Santa

Catarina. Tal soerguimento intensificou a morfogênese nesse planalto (PAISANI et.

al.,2012). Intensa morfogênese significa mais erosão, esse foi possivelmente um dos

fatores que fizeram com que o derrame alterado hidrotermalmente esteja aflorando na

superfície hoje, pois conforme Bateman (1956) os depósitos hidrotermais formados em

profundidade tem sido expostos por erosão profunda.

A dedução de que o derrame alterado sob rocha sã no Planalto de Palmas

(PR)/Água Doce (SC) é produto de alteração hidrotermal confirma as ideias de Paisani

Page 76: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

et al. (2008a), os quais inferiram que o relevo em escadaria do Sudoeste do Paraná e

Noroeste de Santa Catarina estaria relacionado a soerguimento a leste no Planalto de

Palmas (PR)/Água Doce (SC), e subsidência a oeste na calha do rio Paraná.

Com base no que foi discutido até aqui, de maneira resumida pode-se dizer que:

1. A geomorfologia do Planalto de Palmas (PR)/Água Doce (SC) foi fortemente

influenciada pelo lineamento tectônico do Rio Iguaçu, de idade Paleozoica e

recentemente por esforços neotectônicos que ocasionaram a formação de curvas

anômala na rede de drenagem e a inversão do relevo que isolou paleocanais de

2ª ordem no divisor de águas regional Iguaçu/Uruguai;

2. A exposição, na superfície, do derrame alterado hidrotermalmente está

provavelmente ligada ao soerguimento do Planalto de Palmas (PR)/Água Doce

(SC), processo já inferido por Paisani et al. (2008a);

3. O derrame alterado situado neste planalto estratigraficamente encontra-se entre

dois derrames de rocha sã;

4. Afloramentos desse tipo são encontrados tanto abaixo de 1200m, na superfície

III, como acima de 1300m, superfície I de Paisani et al. (2008a). Demonstrando

que sua distribuição extrapola os limites do Planalto de Palmas (PR)/Água Doce

(SC), conferindo-lhe caráter regional;

5. Em relação à gênese desse derrame infere-se que o mesmo faz parte de um

sistema hidrotermal epitermal de baixa sulfetação, cujo estilo de alteração

hidrotermal é o pervasivo e o estágio de alteração desse derrame é o propilítico;

6. Tal derrame, alterado hidrotermalmente, corresponde ao halo distal de um

sistema hidrotermal maior;

7. Na seção SS2 o mineral mais representativo é a clorita, usando esse mineral

como um geotermômetro é possível inferir que o derrame alterado nessa seção

esteve sujeito a fluidos hidrotermais com temperatura acima de 300º C;

8. Na seção SS1 o mineral mais representativo é a cristobalita. A presença deste

mineral no derrame alterado indica que esteve sujeito a fluidos de mais baixa

temperatura, tal mineral é estável na faixa de temperatura entre 100º C e 150º C,

aparecendo naqueles depósitos mais afastados da fonte de fluído quente.

9. Apesar dos resultados que se tem até o momento ainda ficaram algumas

questões em aberto, as quais podem conduzir estudos futuros. Por exemplo: a)

Page 77: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

Quais os limites regionais e topográficos do derrame alterado? b) Qual o limite

temporal da movimentação neotectônica inferida para o Planalto de Palmas

(PR)/Água Doce (SC)? c) Qual a fonte de fluidos quentes que ocasionou a

alteração hidrotermal neste planalto?

Page 78: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

7. REFERENCIAL BIBLIOGRAFICO

AB’SABER, A. Z. Megageomorfologia do território brasileiro. In: CUNHA, S.B.;

GUERRA, A.J.T. (Org). Geomorfologia do Brasil. 2 ed. Rio de Janeiro: Bertrand

Brasil, 2001, p. 71-106.

AB’SABER, A. N.; BIGARELLA, J. J. Considerações sobre a geomorfogênese da

Serra do Mar no Paraná. Boletim Paranaense de Geografia. V. 4 e 5, p. 94-110, 1961.

ALCOVER NETO, A.; TOLEDO, M. C. M. Evolução supérgena do Carbonatito de

Juquiá (SP). Rev. IG, São Paulo, v. 14, n. 1, p. 31-43, 1993.

ALMEIDA, F. F. M. O Planalto Basáltico da Bacia do Paraná. Boletim Paulista de

Geografia, nº 24, p. 3-34, 1956.

ALMEIDA, F. F. M. Fundamentos geológicos do relevo paulista. Bol. IGG, n. 41, p.

167-223. 1964.

ALMEIDA, F. M. Relações tectônicas das rochas alcalinas mesozóicas da região

meridional da Plataforma Sul-Americana. Revista Brasileira de Geociências, v.13 n. 3,

p. 139-158, Set. 1983.

ALMEIDA, F. M. Distribuição regional e relações tectônicas do magmatismo Pós-

Paleozoico no Brasil. Revista Brasileira de Geociências, v. 16, n. 4, p. 325-349, Dez.

1986.

ALVES, V. M. P.; CASTRO, P. T. A. Influência de feições geológicas na morfologia

da Bacia do Rio do Tanque (MG) baseada no estudo de parâmetros morfométricos e

análise de padrões de lineamentos. Revista Brasileira de Geociências, v. 33, n. 2, p.

117-124, Jun. 2003.

AMARAL, G; CRÓSTA, A.P. Comportamento estrutural e estratigráfico dos

diferenciados ácidos da Formação Serra Geral na porção sul da Bacia do Paraná. In:

Simpósio Regional de Geologia, São Paulo-SP, Atas..., 1983, p.197-210.

ANDRADES FILHO, C. O. Análise morfoestrutural da porção central da Bacia

Paraíba (PB) a partir de dados MDE-SRTM e ALOS-PALSAR FBD. 2010. 173 p.

Dissertação (Mestrado em Sensoriamento Remoto) – Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais, São José dos Campos. 2010.

ARAÚJO, C. C.; YAMAMOTO, J. K.; MADRUCCI, V. Análise morfoestrutural em

área de ocorrência de arenito asfáltico, Bacia do Paraná, São Paulo. Revista do

Instituto Geológico, v. 24, n. 2, p. 25-41, 2003.

ARTEMENKO, V.M. Geochemistry and mineralogy of the Gold-Mercury ore

formation of Ukraine. Geophysical Research Abstracts, v.6, 01030, 2004.

Banco de dados do museu de minerais da UNESP. Disponível em:

<http://www.unesp.org.br/>. Acesso em 24 agost. 2012.

Page 79: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

Banco de dados de minerais. Disponível em: <http://www.mineralienatlas.de/>. Acesso

em 27 agost. 2012.

Banco de dados de minerais. Disponível em: <http://www.mindat.org/>. Acesso em: 1

set. 2012.

Banco de dados de minerais. Disponível em: <http://www.handbookmineralogy.com/>.

Acesso em: 4 set. 2012.

BANNISTER., E. Joint and Drainage Orientation of SW Pennsylvania. Z. Geomorph.,

Berlin, v. 24, n. 3, p. 273-286, 1980.

BATEMAN, A. M. Economic mineral deposits. United States of America. John Wiley

e Sons, Inc. 1956. p. 99-141.

BERTOLDO, E. Registro paleoambiental em cabeceira de drenagem inscrita no

remanescente de superfície aplainada VIII (A.R.I.E do Buriti - SW PR). 2010. 79 f.

Dissertação (Mestrado em Geografia) – Universidade Estadual do Oeste do Paraná,

Francisco Beltrão.

BIGARELLA, J. J.; MOUSINHO, M. R.; SILVA, J. X. Pediplanos, pedimentos e seus

depósitos correlativos no Brasil. Boletim Paranaense de Geografia, n. 16 e 17, 1965.

BIGARELLA, J. J.; BECKER, R. D.; SANTOS, G. F. Estrutura e origem das

paisagens tropicais e subtropicais. Florianópolis: Ed. UFSC, 1994.

BJORNBERG, A. J. S.; LANDIM, P. M. B. Contribuição ao estudo da Formação Rio

Claro (Neocenozóico). Bol. Soc. Bras. Geol., v. 15, n. 4, p. 43-68. 1966.

BLAND, W.; ROLLS, D. Weathering: an introduction to scientific principles. New

York: MPG Books Ltd, Bodmin, Cornwall, 1998.

BORGES, M. K. B. et al. Petrografia, química mineral e processos hidrotermais

associados ao depósito de ouro São Jorge, Província Aurífera do Tapajós, Cráton

Amazônico. Revista Brasileira de Geociências, v.39, n. 2, p. 375-393, Jun. de 2009.

BRAGAS, L. A. S. S. Caracterização da cobertura superficial em cabeceira de

drenagem sobre substrato vulcânico – Campo Erê (SC). 2010. 94 f. Dissertação

(Mestrado em Geografia) – Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Francisco

Beltrão.

BRANCACCIO, L.; CASTIGLIONI, G. B.; CHIARINI, E.; CORTEMIGLIA, G.;

D’OREFICE, M; DRAMIS, F.; GRACIOTTI, R.; LAPOSTA, E.; PALMIERI, E. L.;

ONORATI, G.; PANIZZA, M.; PANNUZI, L; PAPASODARO, F.; PELEGRINE, G.

B. Carta geomorfológica D’Itália 1:50.000 – guia ao rilevamento. Servizio

Geológico Nazionale, Quaderni Serie III, vol. 4, 1994.

BÜDEL, J. Climatic and Climatomorphic Geomorphology. Zeitschrift für

Geomorphologie, Supplementband 36, 1980.

Page 80: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

BURNHAM, C. W. Facies and Types of Hydrothermal Alteration. Economic Geology,

v. 57, p. 768-784, 1962.

CALEGARI, M. R. Ocorrência e significado paleoambiental do horizonte A húmico

em Latossolos. Piracicaba, 2008. 259 f. Tese (Doutorado em Agronomia), Escola

Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2008.

CARVALHO, N. O. Hidrossedimentologia prática. Rio de Janeiro, Editora

Luterciência, 2ª Ed., 2008.

CASSETI, V. Elementos de Geomorfologia. São Paulo: Contexto, 2001.

CASTRO, S.S. Micromorfologia de solos- Base para Descrição de Lâminas

Delgadas. São Paulo: USP, 2008.

CHAMLEY, H. Hydrothermal environment. Berlin: Spring-Verlang GMBH e CO.

KG, 1989.

CHESWORTH, W. Weathering systems. In: MARTIN, I. P.; CHESWORTH, W.

Weathering, soil and paleosols. Elsevier, p. 19-40, 1992.

CHRISTOFOLETTI, A. Geomorfologia. 2 ed., São Paulo, Edgard Blücher, 1980.

CLEMENTE, C. Alteração de solos desenvolvidos sobre rocha vulcânica ácida da

Formação Serra Geral nos Planaltos de Guarapuava e Palmas, Região Centro Sul

do Estado do Paraná. Piracicaba. 1988. 210p. Tese (doutorado em Agronomia). Escola

Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, UNESP.

CLEMENTE, C. A. Intemperismo de riólitos e riodacitos da Formação Serra Geral

(Jurássico-Cretáceo), das regiões sul e sudeste do Brasil. 2001. 216p. Tese (Livre

Docência) – Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz/USP, Piracicaba, 2001.

COELHO, A. C. V.; SANTOS, P. S. Argilas Especiais: o que são, caracterização e

propriedades. Quim. Nova, v. 30, n. 1, p. 146-152, 2007.

CORRÊA, J. Mineralogia e gênese das principais classes de solos de encostas

basálticas do estado de Santa Catarina. 2003. 146 f. Dissertação (Mestrado em

Ciência do Solo) – Universidade Estadual de Santa Catarina, Lages, 2003.

CORRÊA, A. C. B.; FONSÊCA, D. N. Lineamentos de drenagem e de relevo como

subsídio para a caracterização morfoestrutural e reativações neotectônicas da área da

Bacia do Rio Preto, Serra do Espinhaço Meridional – MG. Revista de Geografia,

Recife, UFPE – DCG/NAPA, v. especial VIII SINAGEO, n. 1, Set. 2010.

COUTO, E. V. Influência morfotectônica e morfoestrutural na evolução das

drenagens nas bordas planálticas do Alto Ivaí – Rio Alonzo – Sul do Brasil. 2011.109 p. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Programa de Pós-Graduação em

Geografia, Universidade Estadual de Maringá.

Page 81: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

CURI, N.; KAMPF, N.; RESENDE, M. Mineralogia, Química, Morfologia e

geomorfologia de solos originados de rochas efusivas das encostas superior e inferior do

Nordeste, no Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de Ciência dos Solos, 1984.

DAVIS, W. M. Geographical Cycle. Geographical Journal, v. 14, n.5, p. 481-504,

1899.

DELVIGNE, J. E. Curso de micromorfologia das alterações minerais. IG – USP.

1981. 155p. Apostila elaborada para as aulas de micromorfologia das alterações

minerais da pós-graduação.

DELVIGNE, J. E. Atlas of micromorphology of mineral alteration and weathering.

The Canadian Mineralogist, Special Publication 3, ORSTOM, 1998.

DRAMIS, F. BISCI, C. Cartografia geomorfológica – Manuale de introduzione al

rilevantamento el ala rappresentazione degli aspetti fisici del territorio. Bolonha:

Ed. Pitagora Editrice, 1998, 215p.

DUCHAUFOUR, P. Abrégé de Pédologie – Sol, végétation, environnement. Paris:

Masson, 1997.

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISAS AGROPECUÁRIAS. Manual de

métodos de análise de solo. Rio de Janeiro. 1997.

EVANS, L. J. Alteration products at the earth’s surface – the clay minerals. In:

MARTIN, I. P.; CHESWORTH, W. Weathering, soil and paleosols. Elsevier, p. 107-

122, 1992.

FERNANDES, N. F.; ALMEIDA, J. C. H. Processos endogenéticos na formação do

relevo. In; CUNHA, S. D.; GUERRA, A. J. T. (Orgs). Geomorfologia: exercícios,

técnicas e aplicações. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 1996. P. 57-101.

FIGUEIREDO, B. R. Minérios e ambiente. Campinas, Editora da Unicamp. 2000.

FORTES, E. et al. Anomalias de drenagem e controles morfotectônicos da evolução dos

terraços do baixo curso do Rio Ivinhema – MS. Geociências, v. 26, n. 3, p. 249-261,

2007.

FULVARO, V. J. et al. Compartimentação e evolução tectônica da Bacia do Paraná.

Revista Brasileira de Geociências, São Paulo, v. 12, n.4, p. 590-611, Dez. 1982.

GARBOSSA, R. A. O controle litoestrutural na organização espacial da bacia do

Rio Tagaçaba (Paraná): uma análise morfométrica da rede de drenagem. Curitiba.

2003. 123 p. Dissertação (Mestrado em Geologia Ambiental). Universidade Federal do

Paraná.

GASPARETTO, N. V. L. Alteração intempérica de rochas vulcânicas ácidas na

Região Central do Estado do Rio Grande do Sul. 1990. 123p. Dissertação (Mestrado

em Geociências). Instituto de Geociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul,

Porto Alegre.

Page 82: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

GUERRA, S. Abrangência espacial e temporal da morfogênese e pedogênese no

Planalto De Palmas (PR) e Água Doce (SC): subsídio ao estudo da evolução da

paisagem quaternária. 2010. 100 f. Dissertação (Mestrado em Geografia) –

Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Francisco Beltrão.

GUILBERT, J. M. The geology of ore deposits. United States of America: W. H.

Freeman and Company, 1986.

HASUI, Y. Neotectônica e Aspectos Fundamentais da Tectônica Ressurgente no Brasil.

SBG/MG. In: Workshop sobre Neotectônica e Sedimentação Cenozóica Continental no

Sudeste Brasileiro, Belo Horizonte, Anais..., 1990. p. 1-31.

HERNÁDEZ, C. J. G. Los yacimientos de minerales geológicamente explotables en la

región Mixteca Oaxaqueña. TEMAS, janeiro-abril, p. 46-54, 2002.

IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Mapas de

Biomas do Brasil. Rio de Janeiro, 2005.

IAPAR - INSTITUTO AGRONÔMICO DO PARANÁ. Cartas climáticas básicas do

Estado do Paraná. Londrina, 1978.

KAMPF, N; KLAMT, E. Mineralogia e gênese de latossolos (oxisols) e solos

podzólicos da região nordeste do Planalto Sul-Riograndense. Revista Brasileira de

Ciências do Solo, v. 2, p. 68-73, 1978.

LACERDA, M. P. C.; HANDRADE, H; QUÉMÉNEUR, J. J. G. Pedogeoquímica em

perfis de alteração na região de Lavras (MG). I – Elementos maiores – óxidos

constituintes. Revista Brasileira de Ciências do Solo, v. 26, p. 75-85, 2002.

LANDIM, P. M. B. Depósitos cenozoicos na região Centro-Sul do Brasil. Notícias

Geomorfológicas, v. 16, n. 31, p. 17-39, 1976.

LEINZ, V.; BARTORELLI, A.; ISOTTA, C. A. L. Contribuição ao estudo do

magmatismo Mesozóico da Bacia do Paraná. In: Anais... Academia Brasileira de

Ciências, 1968, p. 167-181.

LEITE, A. F. Análise teórico-filosófica dos modelos de evolução da paisagem:

tendências passadas e atuais. Revista Geográfica de América Central, Número

Especial EGAL, 2011- Costa Rica, II Semestre 2011, pp. 1-17.

LEPSCH, I. F. Formação e conservação dos solos. São Paulo: Oficina de Textos,

2002.

LIMA, R. G. et al. Anomalias de suscetibilidade magnética no Batólito Granítico de

Teixeira (Província da Borborema, Nordeste do Brasil) e sua relação com a zona de

cisalhamento de Itapetim. Revista Brasileira de Geociências, v. 30, n. 4, p. 685-692,

2000.

LIMA, A. G. Controle geológico e hidráulico na morfologia do perfil longitudinal

em rio sobre rochas vulcânicas básicas da Formação Serra Geral no Estado do

Page 83: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

Paraná. 2009. 219p. Tese (Doutorado em Geografia), Universidade Federal de Santa

Catarina, Florianópolis.

LIMA, J. G. G et al. Características físicas de material alterado sob rocha sã em

remanescente de superfície aplainada II, planalto de palmas (SW/PR – NW/SC). In:

Anais. I Seminário Internacional Dos Espaços de Fronteira, Marechal Cândido Rondon,

2011, 9p.

LIMA, J. G. G.; OLIVEIRA, L. Análise de lineamentos no Planalto de Palmas

(PR)/Água Doce (SC). In: VI Simpósio Paranaense de Pós-Graduação e Pesquisa em

Geografia, Guarapuava, Anais..., 2012. p. 1499-1515.

MAACK, R. Breves notícias sobre a Geologia dos Estados do Paraná e Santa Catarina.

Arquivos de Biologia e Tecnologia, v. 2, p. 63-154, 1947.

MACHADO, F. B. Geologia e possíveis zonas de efusão do magmatismo ácido

cretácico da Bacia do Paraná. Rio Claro. 2003. 94 p. Monografia (Graduação em

Geologia) - Curso de Geologia do Instituto de Geociências e Ciências Exatas –

Universidade Estadual de São Paulo.

MACHADO, F. B. Geologia e aspectos petrológicos das rochas intrusivas e efusivas

mesozóicas de parte da borda leste da Bacia do Paraná no estado de São Paulo. Rio

Claro. 2005. 193 p. Dissertação (Mestrado em Geociências) - Instituto de Geociências e

Ciências e Exatas, Universidade Estadual de São Paulo.

MACHADO, F. B. Petrologia e caracterização geoquímica das fontes mantélicas da

região noroeste da Província Magmática do Paraná. Rio Claro. 2009. 205 p. Tese

(Doutorado em Geociências) - Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Universidade

Estadual de São Paulo.

MANFREDINI, S.; DIAS, S.M.F; QUEIROZ NETO, J.P; OLIVEIRA, D.; FERREIRA,

R.P.D. – Técnicas em Pedologia. In: VENTURI, L.A.B. (Org). Praticando Geografia:

técnicas de campo e laboratório. São Paulo: Oficina de Textos, 2005, p.85-98.

MANIERI, D. D. Comportamento morfoestrutural e dinâmica das formas de relevo

da Bacia Hidrográfica do Ribeirão São Pedro - Faxinal – PR. Maringá, 2010. 89 p.

Dissertação (Mestrado em Geografia) – Programa de Pós-Graduação em Geografia,

Universidade Estadual de Maringá.

MANTELLI, R. L.; ROSSETI, D. F. Significado tectônico de lineamentos de drenagem

no sudoeste da ilha do Marajó. Revista Brasileira de Geociências, v. 39, n. 1, p. 02-14,

Mar. 2009.

MARQUES, J. S. Ciência Geomorfológica. In: CUNHA, S.B.; GUERRA, A. J. T;

CUNHA, S.B. Geomorfologia: uma atualização de bases e conceitos. Bertrand Brasil,

Rio de Janeiro, 1994, p. 23-50.

MARTINS, T. D. Superfícies Aplainadas na Bacia Hidrográfica do Altíssimo Rio

Tibagi – PR. 2008. 92p. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Universidade Federal

do Paraná, Curitiba.

Page 84: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

MELO, M. S.; CUCHIERATO, G.: COIMBRA, A. M. Níveis planálticos da porção

centro-leste de São Paulo e sedimentação associada. Boletim Paranaense de

Geociências, n. 46, p. 105-116, 1998.

MENEGOTTO, E.; GASPARETTO, N.V.L. Intemperização de rochas vulcânicas

básica e ácidas na região de Santa Maria-RS. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE

GEOQUÍMICA, 1.,1987, Anais... 1987. v.2, p. 69-83.

MEUNIER, A. Clays. Nova York: Springer Berlin Heidelberg, 2005.

MILANI, E. J. et al. Bacia do Paraná: possibilidades petrolíferas da calha central.

Boletim de Geociências Petrobras, v.4, n.1, 21-34, jan./mar. 1990.

MILANI, E. J. et al. Bacia do Paraná. Boletim de Geociências Petrobras, v. 15, n. 2, p.

265-287, maio./nov. 2007.

MINERAIS DO PARANÁ S. A. Geoquímica de solo – horizonte B: Relatório Final

de Projeto. Curitiba, 2005.

MISAS, C. M. E. Evolução magmática, alteração hidrotermal e gênese da

mineralização de ouro e cobre do Palito, Província Aurífera do Tapajós (PA).

2010. 179p. Dissertação (Mestrado em Mineralogia e Petrologia), Instituto de

Geociências, USP, São Paulo.

MOORE, D.M. & REYNOLDS JR, R.C. X-ray diffraction and the identification and

analysis of clay minerals. 2ª ed. Oxford University Press, 1997.

MUTZENBERG, D. S.; TAVARES, B. A. C.; CORRÊA, A. C. B. Influência dos controles

estruturais sobre a morfogênese e a sedimentação neógena na Bacia do Rio Carnaúba

(RN). In: VI Simpósio Nacional de Geomorfologia/Regional Conference on

Geomorphology, Goiânia, Anais..., 2006, p. 1-11.

NARDY, et al. Geologia e Estratigrafia da Formação Serra Geral. Geociências, São

Paulo, v. 21, n. 1/2. p. 15-32. 2002.

NARDY, A. J. R.; MACHADO, F. B. OLIVEIRA, M. A. F. As rochas vulcânicas

mesozóicas ácidas da Bacia do Paraná litoestratigrafia e considerações geoquímico-

estratigráficas. Geociências, São Paulo, v. 38, n. 1, p. 178-195, 2008.

NASCIMENTO, S. O. et al. Análise morfoestrutural da Bacia Sedimentar do Tacutu –

RR. Revista Geonorte, Edição Especial, v.2, n.4, p. 1273-1278, 2012.

OKA-FIORI, C. Mapeamento das formações superficiais entre Piracicaba e São Carlos

(SP). Boletim Paranaense de Geociências, n. 37, p. 53-64, 1987.

O’LEARY, D. W.; FRIEDMAN, D. D.; POHN, A. A. Lineament, linear, lineation:

some proposed new standards for old terms. Bull Geol. Soc. Am., v. 87, p. 1207-1248,

1976.

Page 85: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

OLIVEIRA et al. Clay mineral facies and laterization in basalts of the southeaster

Parana Basin, Brazil. Journal of South American Earth Sciences, v. 11, n. 4, p. 365-

377, 1998.

PAISANI, J. C.; PONTELLI, M. E; GEREMIA, F.; FORTES J. A. E. Análise de

lineamentos na bacia do Rio Quatorze – sudoeste do Paraná. Revista Varia Scientia,

v.5, v.10, p.65-74, 2005.

PAISANI, J. C.; PONTELLI, M. E.; GEREMIA, F. Cabeceiras de drenagem na Bacia

do Rio Quatorze – Formação Serra Geral (WS do Paraná): distribuição espacial,

propriedades morfológicas e controle estrutural. RAE’GA, n.12, p.211-219, 2006.

PAISANI, J.C.; PONTELLI, M.E.; ANDRES, J. Superfícies aplainadas em Zona

Morfoclimática Subtropical Úmida no Planalto Basáltico da Bacia do Paraná (SW

Paraná/ NW Santa Catarina): Primeira aproximação. Geociências, v. 27, n. 4. P. 541-

553, 2008a.

PAISANI, J. C.; PONTELLI, M. E.; ANDRES, J.; PASA, V.; MARINHO. F. R.

Características geológicas da Formação Serra Geral na área drenada pelo Rio Marrecas

(SW Paraná): fundamentos para a análise geomorfológica. Geografia, v.17, n.2, p.49-

65, 2008b.

PAISANI, J. C.; PONTELLI, M. E.; PASA, V.; ANDRES, J. Verificação da Influência

da Sequência de Derrames Vulcânicos da Formação Serra Geral na Ocorrência de

Patamares na Área Drenada pelo Rio Marrecas – SW PR. In: SIMPÓSIO NACIONAL

DE GEOMORFOLOGIA, 7, ENCONTRO LATINO AMERICANO DE

GEOMORFOLOGIA, 2008c, Belo Horizonte, Anais..., Belo Horizonte 2008c.

PAISANI, J. C.; PONTELLI, M. E; BERTOLDO, E.; BASSO, G. Resultados

preliminares da caracterização de seção pedoestratigráfica em Palmas / PR, Simpósio

Paranaense de Pós-Graduação em Geografia / Simpgeo, 4, 2009, Mar.Cand.Rondon,

Anais ..., Mar.Cand.Rondon, 2009, CD-Rom, 10p.

PAISANI, J.C.; PONTELLI, M. E. Grau de evolução pedológica de área fonte de

depósitos coluviais a partir da análise da mineralogia de argilas – Planalto Basáltico –

SW PR. Revista de Geografia. UFPE – DCG/NAP, v. especial VIII SINAGEO, n. 1,

Set. 2010.

PAISANI, J.C.; PONTELLI, M. E; CALEGARI, M. R. Evolução de bacias de baixa

ordem nos 41.000 anos ap – Brasil Meridional. Mercator, v. 11, n. 26, p. 131-148,

Set./Dez. 2012.

PALHA, W. S. M.; CARVALHO, C. A. S. Extração automática de lineamentos e

análise neotectônica preliminar da região hidrográfica Centro Amazonense utilizando

dados de interfometria de radar. In: XII Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto,

Goiânia, 2005, Anais... p. 16-21.

PEDRON, F. A. P. Mineralogia, Morfologia e Classificação de Saprolito e Neossolos

derivados de rochas vulcânicas no rio Grande do Sul. 2007. 160p. (Doutora em

Ciências do Solo) – Centro de Ciências Rurais, Universidade Feral de Santa Maria,

Santa Maria – RS.

Page 86: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

PENHA, H. M. Processos endogenéticos na Formação do relevo. In: CUNHA, S.B.;

GUERRA, A. J. T; CUNHA, S.B. Geomorfologia: uma atualização de bases e

conceitos. Bertrand Brasil, Rio de Janeiro, 1994, p. 51-92.

PENTEADO, M. M. Geomorfologia do setor centro-ocidental da Depressão

Periférica Paulista. São Paulo: IGEOG/USP, 1976. 86 p.

PEULVAST, J. P.; SALES, V. C. Aplainamento e geodinâmica: revisitando um

problema clássico em geomorfologia. Mercator, v. 01, n. 01, p. 113-150. 2002.

PIRAJNO, F. 1992. Hydrothermal mineral deposits, principles and fundamentals

concepts for the exploration geologist. New York: Spring-Verlang, 709p.

PIRAJNO, F. 2009. Hydrothermal Process and Mineral Systems. Australia: Spring-

Verlang. 1250p.

RAITZ, E. Coleção de referência de silicofitólitos da flora do sudoeste do Paraná:

subsídios para estudos paleoambientais. 2012. 204 p. Dissertação (Mestrado em

Geografia) – Programa de Pós-Graduação em Geografia, Universidade Estadual do

Oeste do Paraná, Francisco Beltrão - PR.

RESENDE, M.; CURI, N.; REZENDE, S. B. Mineralogia de solos brasileiros. Lavras:

UFLA, 2005.

RESENDE et al. Pedologia: base para distinção de ambientes. 5ª ed. Lavras: UFLA,

2007.

RUELLAN, A.; DOSSO, M. – Regards sur Le soil. Paris: Les Éditions Foucher, 1993.

RUXTON, B. P. Measure of The Degree of Chemical Weathering of Rocks. Journal of

Geology, v. 76, p. 518-527, 1968.

SAADI, A. Neotectônica da Plataforma Brasileira: esboço e interpretação preliminares.

Geonomos, v. 1, n.1, p. 1-15, 1993.

SAADI, A. Modelos morfogenéticos e tectônica global: reflexões conciliatórias.

Geonomos, v.6, n. 2, p. 55-63, 1998.

SAADI, A. et al. Neotectônica da Plataforma Brasileira. In: SOUZA, C. R.G; SUGUIO,

K.; SANTOS, A. M.; OLIVEIRA, P. E. Quaternário no Brasil. Holos Editora, 1ª

edição, 2005, p. 211-234.

SALGADO, A. A. R. Superfícies de aplainamento: antigos paradigmas revistos pela

ótica dos novos conhecimentos geomorfológicos. Geografias, v. 3, n 1, p. 64-78, 2007.

Page 87: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

SALAMUNI, E.; EBERT, H. D.; HASUI, Y. Morfotectônica da Bacia Sedimentar de

Curitiba. Revista Brasileira de Geociências, São Paulo, v. 34, n. 4, p. 469-478, Dez.

2004.

SANT’ANNA, M. V.; SANTOS, A. R. Identificação e análise de estruturas tectônicas

rúpteis e rúpteis-dúcteis em parte do Quadrilátero Ferrífero e Serra do Espinhaço

Meridional, Minas Gerais, Brasil, utilizando técnicas de sensoriamento remoto. In: VIII

Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, Anais..., Salvador, 14-19 abril 1996,

INPE, p. 659-662.

SANTOS L. J. C. et al. Mapeamento geomorfológico do Estado do Paraná. Revista

Brasileira de Geomorfologia, Ano 7, n. 2, p. 3-12, 2006.

SCHNEIDER, R.L.; MUHLMANN, H.; TOMMASI, E.; MEDEIROS, R.A.;

DAEMON, R.F.; NOGUEIRA, A.A. Revisão estratigráfica da Bacia do Paraná. In:

XXVIII Congresso Brasileiro de Geologia, Anais..., Porto Alegre, 1974, p.47-65.

SENER, M.; GEVREK, A. I. Distribution and significance of hydrothermal alteration

minerals in the Tuzla hydrothermal system, Çanakkale, Turkey. Journal of

Volcanology and Geothermal Research, n. 96, p. 215–228, 2000.

SILVA, L. C. F. Depósito Pilar: Contexto geológico, alteração hidrotermal e

mineralização aurífera. 2007. 123p. Dissertação (Mestrado em Geologia) – Instituto

de Geociências, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.

SOARES, P. C. Elementos Estruturais da parte nordeste da Bacia do Paraná:

classificação e gênese. Congresso Brasileiro de Geologia, Anais... Porto Alegre, 1974,

v. 4, p.107-121.

SOARES, P. C.; FIORI, A. P. Lógica e sistemática na análise e interpretação de

fotografias aéreas em geologia. Notícia Geomorfológica, n. 16, v. 32, p. 71-104, 1976.

SONNTAG, I.; LAUKAMP, C.; HAGEMANN, S. G. Low potassium hydrothermal

alteration in low sulfidation epithermal systems as detected by IRS and XRD: An

example from the Co–O mine, Eastern Mindanao, Philippines. Ore Geology Reviews,

n. 45, p. 47–60, 2012.

SQUISATO et al. Litoquímica e aspectos petrogenéticos dos basaltos da Província

Magmática do Paraná na porção centro-norte do Estado de São Paulo. Geociências, v.

28, p. 27-41, 2009.

STEPANCIKOVÁ, P. et al. Neotectonic development of drainage network in the East

Sudeten Mountains and monitoring of recent fault displacement (Czech Republic).

Geomorphology, v. 102, p. 68-80, 2008.

STRAHLER, A. N. Geología física. Barcelona: Ediciones Omega S. A., 1987, 629 p.

TARDY, Y. Pétrologie des laterites et des sols tropicaux. Paris: Masson, 1993.

TEIXEIRA, W. et al. Decifrando a terra. São Paulo: Oficina de Textos, 2001.

Page 88: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

THOMAS, M. F. Geomorphology in the tropics: A study of weathering and

denudation in low latitudes. New York: John Wiley e Sons, 1994.

THOMAZ, E. L. Aspectos geomorfopedológicos de uma vertente em área de basalto no

município de Guarapuava – PR. Mercator - Revista de Geografia da UFC, ano 07, n.

14, 2008.

TRUFFI, S. A. Alteração de solos desenvolvidos a partir de rocha vulcânica ácida

da Formação Serra Geral na região de Pirajú (SP). 2000. 140p. Dissertação

(Mestrado em Agronomia). Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, UNESP,

Piracicaba.

VALADÃO, R. C. Evolução de longo-termo do relevo do Brasil Oriental. 1998.

243p. Tese (Doutorado em Geologia). Instituto de Geociências, Universidade Federal da

Bahia, Salvador.

VARGAS, K. B. Caracterização morfoestrutural e evolução da paisagem na Bacia

Hidrográfica do Ribeirão Água das Antas – PR. Maringá, 2012. 98 p. Dissertação

(Mestrado em Geografia) – Programa de Pós-Graduação em Geografia, Universidade

Estadual de Maringá.

VITTE, A. C. Considerações sobre a teoria da etchplanação e sua aplicação nos estudos

das formas de relevo nas regiões quentes e úmidas. Terra Livre, n.16, p.11-24, 2001.

VITTE, A. C. Etchplanação dinâmica e episódica nos trópicos quentes e úmidos.

Revista do Departamento de Geografia, v. 16, p. 105-118, 2005.

VOLKMER, S. Mineralogia e morfologia de coberturas de alteração desenvolvidas

em rochas vulcânicas ácidas: os exemplos de Palmas e Pinhão, PR. 1999. 189p. Tese

(Doutorado em Geoquímica e Geotectônica) – Instituto de Geociências, Universidade

de São Paulo, São Paulo.

VOLKMER, S.; FORTES, E. Análise preliminar da Geomorfologia dos terrenos

vulcânicos da Região Oeste do Estado do Paraná. In: X Simpósio Brasileiro de

Geografia Física Aplicada, Anais... 2003. Disponível Em:

<http://www.cibergeo.org/xsbgfa/cdrom/eixo3/3.4/247/247.htm>. Acesso em:

09.jul.2004.

WHITE, N. C.; HEDENQUIST, J. W. Epithermal gold deposits: styles, characteristics

and exploration. SEG Newsletter, n. 23, pp. 1, p. 9-23, 1995.

ZAINE, J. E. Geologia da Formação Rio Claro na folha Rio Claro (SP). Rio Claro,

1994. 90 p. Dissertação (Mestrado). Instituto de Geociências e Ciências Exatas,

Universidade Estadual de São Paulo.

Page 89: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

ANEXO I

Descrição petrográfica do riolito

Para descrição petrográfica do riolito encontrado no Planalto de Palmas

(PR)/Água Doce (SC) coletou-se em campo amostra da rocha sã. Com esta

confeccionou-se lâmina delgada utilizada para analise em microscópio petrográfico.

Quanto à cristalinidade o riolito é hialocristalino, ou seja, constituído por mistura

de cristais e vidro formados através do resfriamento rápido do magma. Em relação à

granulometria, com olho desarmado não é possível a distinção de minerais sendo esta

rocha classificada como afanítica. Ao microscópio a mesma é classificada como

microcristalina, pois os minerais são distinguíveis. Conforme Machado (2003) o riolito

apresenta aspecto afírico e estrutura “sal e pimenta”, formada por quantidades semelhantes

de cristais claros e escuros (prancha 10-a), sendo hipohialino (mais de 60% de vidro).

A mineralogia de tal rocha é relativamente simples, é constituído por 16% de

microfenocristais de plagioclásio, 11% augita, 3% pigeonita, 5% magnetita, 1% apatita,

e cristais de piroxênios com hábito acicular, envolvidos por trama de quartzo e feldspato

alcalino em intenso crescimento granofírico que corresponde em média a 63% do

volume total da rocha (NARDY et. al., 2008).

Dos minerais citados acima a análise petrográfica da lâmina do riolito do

Planalto de Palmas (PR)/Água Doce (SC), com aumentos de até 63x, possibilitou a

identificação de plagioclásio, piroxênio e minerais opacos, possivelmente magnetita

(prancha 10).

Os cristais de plagioclásio possuem formas ripadas, mais ou menos alongadas, e

terminação em “cauda de andorinha” (prancha 10-b-e). Este tipo de terminação é

evidencia de rápido resfriamento do magma que originou a rocha (MACHADO, 2003).

Os cristais de piroxênio apresentam hábito acicular (prancha 10-f-g), segundo o mesmo

autor também são evidencias de rápido resfriamento. Os minerais opacos tem hábito

variando de cúbico, octaédrico, prismático, tabular, ameboide até esqueletiforme

(MACHADO, 2005). Segundo Nardy et al. (2008) estes minerais correspondem a

magnetita (prancha 10-h-i), sendo rara a ocorrência de ilmenita (CLEMENTE, 1988).

A partir de análise mais detalhada da lâmina, observa-se que há minerais em

processo de alteração, especialmente os plagioclásios (prancha 10-c-d-e). Isto porque

este mineral contem na sua composição elementos químicos bastante solúveis (Na e/ou

Ca), em geral os primeiros a serem lixiviados.

Page 90: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

Prancha 10. Micrografias de lâmina do riolito. a) aspecto geral do riolito, aumento 1,25x, com nicóis

paralelos (NP); b) plagioclásio com terminação em cauda de andorinha, aumento 40x, NP; c) plagioclásio

com rede linear irregular de fissuras (irregular linear pattern), 63x, com NP; d) plagioclásio com padrão

de alteração do tipo particular (particular type) e rede linear irregular de fissuras (irregular linear

pattern), 40x, NP; e) plagioclásio com terminação em cauda de andorinha, 40x, NP; f) piroxênio, 40x,

NP; g) piroxênios, 40x, NP; h) opaco, possivelmente magnetita com padrão de alteração do tipo peculiar

(peculiar type), 40x, NP; i) opaco, possivelmente magnetita com padrão de alteração do tipo peculiar

(peculiar type), 40x, NP. Plg: plagioclásio. P: piroxênio. O: mineral opaco.

Apesar de apresentarem indícios de alteração, a forma dos plagioclásios está

bem preservada (prancha 10-c-d-e), configurando desse modo alteração mesomorfa

(DELVIGNE, 1981). Tal alteração está avançando a partir das superfícies externas do

mineral (prancha 10-d) e também progredindo a partir das superfícies de fraturas

intraminerias (prancha 10-c-d). Há casos em que a alteração progride anarquicamente

em manchas individuais, disseminadas sem ordem no interior do mineral primário

(prancha 10-e). Segundo Delvigne (1981) no caso da prancha 10-d tem-se padrão de

alteração do tipo peculiar (peculiar type), na prancha 10-c rede linear irregular

(irregular linear pattern), prancha 10-e (dottedd pattern), estes são todos padrões

típicos de estágio inicial de alteração. Clemente (1988) destaca que as primeiras

manifestações da alteração dos plagioclásios consistem no aparecimento de finas

fraturas que não seguem os planos de clivagem ou macla do plagioclásio, como descrito

anteriormente (prancha 10-c-d).

Page 91: 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

80

Além dos plagioclásios, a magnetita (prancha 10-h-i) também está em processo

inicial de alteração, com padrão de alteração do tipo peculiar (DELVIGNE, 1981).

Como este mineral não apresenta fraturas nem direções cristalográficas preferenciais e

particulares desenvolve inicialmente alteração do tipo peculiar, caso em que esta

progride em direção ao interior do mineral a partir de suas bordas (CLEMENTE, 1988).

A partir do que foi discutido acima, apesar de macroscopicamente a amostra de

riolito coletada no Planalto de Palmas (PR)/Água Doce (SC) apresentar-se

aparentemente sã, a microscopia mostrou que a rocha está em estágio inicial de

alteração.