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500 anos: o Brasil-Colônia na TV Episódio 1: “Gente colonial”

Resumo Apresentada por bonecos animados, a série 500 anos: o Brasil-Colônia na TV é

composta por vários episódios da história colonial, dispostos em ordem cronológica.

O processo de colonização portuguesa é narrado a partir de alguns acontecimentos

representativos da história da conquista, exploração e construção do Brasil. O

episódio “Gente Colonial” inicia-se com o contato entre os colonizadores e os

indígenas. Sua integração, conflitos, aculturação e miscigenação. As dificuldades

encontradas pelos pioneiros da colonização, em especial na adaptação de seus

costumes aos dos nativos, deram início a uma nova maneira de viver, bem diferente

daquela regrada pela tradição europeia cristã. A chegada dos padres jesuítas foi uma

tentativa de estabelecer aqui os padrões de comportamento europeus, como a

monogamia, totalmente desrespeitada pelos colonos. O casamento religioso não

existia, pois os portugueses tinham várias concubinas indígenas, com quem tinham

inúmeros filhos, considerados ilegítimos pela Igreja. Essas famílias mestiças

originaram uma população que não seguia nem as tradições indígenas, nem as

portuguesas. Os religiosos vieram também com a missão de expandir a fé cristã e

catequizar os nativos. Nos séculos XVI e XVII chegaram mais colonos e, dentre

eles, mulheres europeias, destinadas a se casarem e a construírem o modelo de

família patriarcal. Com a vinda dos escravos africanos para trabalhar nas fazendas e

engenhos, a mestiçagem estendeu-se da casa-grande até a senzala, originando uma

diversidade ainda maior na população brasileira. O cotidiano desses habitantes do

Brasil colonial é resgatado, oferecendo aspectos interessantes para a discussão em

sala de aula.




Palavras-chave Colonização, povos indígenas, mestiçagem, igreja católica, aculturação,

conhecimentos tradicionais.

Nível de ensino Fundamental (6º e 7º anos).

Componente curricular História.

Disciplinas relacionadas Ciências.

Aspectos relevantes do vídeo

Esse primeiro episódio dá início ao estudo da história da colonização

brasileira. “Gente Colonial” aborda, sobretudo, a sociedade que se construiu durante

o século XVI a partir da miscigenação entre portugueses e índios e, depois, entre

portugueses e africanos. Longe do controle da Igreja, esses colonos criaram um

modo de vida singular, porém condenável aos olhos dos religiosos, pois não

respeitavam a monogamia e relacionavam-se com a população indígena não-cristã,

considerada inferior pela civilização europeia.

O documentário é uma ótima oportunidade para se trabalhar com temas

relacionados às culturas indígenas, quase sempre esquecidos ou vistos a partir da

visão ocidental. O processo de conquista e aculturação imposto pela Igreja deixou




marcas na atual situação dos povos indígenas, como a perda de tradições, a extinção

de línguas nativas, a catequização e o afastamento das práticas tradicionais. No

entanto, os movimentos de resistência e resgate dessas culturas, juntamente com a

política indigenista, buscam minimizar os efeitos devastadores dos mais de 500 anos

de contato com os não índios.

Cabe ressaltar também que a incorporação de valores e práticas foi uma via

de mão dupla, isto é, não apenas os índios incorporaram novos padrões de

comportamento, também os colonizadores aprenderam e adotaram práticas

tradicionais indígenas, hoje presentes em diferentes formas de manifestações

culturais pelo Brasil.

Duração da atividade Contando com a exibição do documentário, estima-se que a atividade demandará

quatro horas/aula. Para as disciplinas que participarem – como Ciências e Português

– outras aulas são necessárias (mínimo de duas por disciplina).

O que o aluno poderá aprender com esta aula Identificar as consequências do processo de colonização portuguesa no Brasil.

Ampliar o conhecimento sobre os povos indígenas, destacando a diversidade

cultural existente.

Estabelecer relações entre diferentes temporalidades no estudo dos povos indígenas.

Compreender as práticas sociais, políticas, econômicas e culturais em seus

contextos históricos.

Valorizar a herança cultural indígena na formação da diversidade cultural brasileira.

Afirmar políticas de convivência de diferentes práticas culturais.




Valorizar os conhecimentos tradicionais indígenas para a sociedade atual.

Conhecimentos prévios que devem ser trabalhados pelo professor com o aluno Grandes navegações.

Descobrimento da América e do Brasil.

Colonização portuguesa.

Diversidade cultural indígena.

Aculturação.

Catequese e jesuítas.

Tais conhecimentos prévios são retomados durante a atividade, mas devem

fazer parte do repertório dos alunos para que a discussão possa trilhar novas

questões, além daquelas abordadas tradicionalmente nos livros didáticos e

conteúdos programáticos.

Estratégias e recursos da aula/descrição das atividades A atividade inicia-se com a exibição do episódio (aula 1), em momento do

curso escolhido pelo professor. A ideia é que os conhecimentos prévios indicados

anteriormente já tenham sido trabalhados no contexto histórico, isto é, que os alunos

já conheçam os processos de expansão marítima e descobrimento da América,

seguidos da colonização e exploração dessas terras pelos europeus, de acordo com

as regras do mercantilismo adotado pelos Estados monárquicos em formação na

Europa durante os séculos XV e XVI.

Após assistirem ao vídeo, solicite que os alunos comentem os aspectos que

mais lhes chamaram atenção, destacando o que já sabiam sobre esses primeiros




tempos da colonização, bem como o que foi novidade para eles em relação à

população e aos hábitos naquela época.

Questione se os alunos sabiam que os colonos praticavam a poligamia; que

não havia quase mulheres no Brasil colonial; que a Igreja condenava o

relacionamento de portugueses com as índias. Pergunte-lhes o que mais ficaram

sabendo ao assistirem a esse episódio.

Se preferir, os alunos podem registrar suas impressões. É necessário ficar

atento a possíveis ideias do senso comum ou que manifestem preconceito cultural

e/ou racial, para trabalhar tais ideias nas aulas seguintes.

Na segunda aula, um trecho do documentário é revisto, dando início ao

debate. Os primeiros dois minutos do vídeo destacam a visão da Igreja sobre os

indígenas e uma das personagens (colono português) afirma: “os padres dizem que o

índio é o mesmo que bicho” (1’37”). Após a exibição, promova uma análise desse

trecho, pedindo aos alunos que comentem a fala apresentada. Quais os objetivos dos

jesuítas no Brasil Colonial? Durante a catequese, que costumes europeus foram

também impostos aos índios das missões? Contextualize essas questões destacando

o sentimento de superioridade que os europeus tinham em relação aos indígenas. O

conceito de selvagem (indígenas) em oposição ao civilizado (europeus) pode ser

trabalhado nessa aula. Complementando a discussão, solicite que os alunos façam a

leitura da seguinte imagem de época, na qual está representada a catequese.



digital banda C Vert /Freq. 3965 Na internet acesse http://tvescola.mec.gov.br

Fonte: Anchieta na selva, de G. Marion, Bélgica, século XVIII (disponível no books google).

A análise dessa imagem revela a visão dos europeus em relação aos nativos:

o padre jesuíta, destacado pela “luz divina”, ocupa uma posição de superioridade na

composição, enquanto que índio e animais estão representados como inferiores, no

e assista ao vivo, 24 horas.

http://books.google.com.br/books?id=jiOb-k5A82cC&pg=PA46&lpg=PA46&dq=g.marion+anchieta&source=bl&ots=pjp_Jxk_KF&sig=39twLLdzemrd95JIZHr4hGnl29I&hl=pt-BR&ei=uE_5S829GcenuAf3vaW-Dg&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=3&ved=0CBoQ6AEwAg#v=onepage&q=g.marion%20anchieta&f=false




mesmo grau de vida selvagem. A leitura dessa imagem é bastante produtiva para a

discussão do conceito de civilização e as consequências no processo de aculturação.

Para a aula seguinte (aula 3), solicite uma pesquisa sobre os povos indígenas

atuais. Tal proposta tem como objetivo atualizar a discussão sobre o tema, trazendo

para o presente o índio no Brasil. É muito comum que se estude apenas os índios no

passado e suas contribuições para a cultura brasileira. Tais aspectos são abordados

no documentário (2’30” a 3’20”), quando as mulheres indígenas citam todos os

conhecimentos ensinados aos colonos portugueses, como a rede, o banho, as ervas,

os caminhos na mata, as comidas nativas, dentre outros. Nossa proposta é conhecer

a situação das populações indígenas atuais, sua diversidade e possibilidade de

convívio com os não índios.

Para isso, sugere-se a consulta ao site do Instituto Socioambiental (ISA),

organização não governamental que se dedica ao estudo dos povos indígenas

brasileiros. A pesquisa deve ser feita na enciclopédia virtual Povos Indígenas no

Brasil, que traz informações sobre todas as culturas indígenas, com dados sobre a

população, território, tradições, línguas, modos de vida etc.

Cada aluno deve consultar a enciclopédia, no site indicado, e escolher um

povo. Pode ser feita uma ficha padronizada para que os alunos busquem as mesmas

informações, a fim de possibilitar comparações entre a situação das diferentes

nações. Por exemplo: nome do povo, texto de apresentação, línguas, localização,

produção, etnias e demografia, organização social etc. Pode-se construir com os

alunos a ficha padrão para a pesquisa.

Assim, na terceira aula, os alunos trazem os dados coletados e organizados,

apresentam para o grupo, comentam e organizam um texto coletivo com as

conclusões sobre os povos indígenas que vivem atualmente no Brasil. A mediação

http://www.socioambiental.org/

http://pib.socioambiental.org/pt

http://pib.socioambiental.org/pt




do professor é fundamental para que não se perca o objetivo – ampliar o

conhecimento sobre os índios no presente. Caso a escola tenha um laboratório de

informática, com acesso à internet, tal pesquisa pode ser feita na aula, com auxílio

do professor no uso das ferramentas de pesquisa e na seleção e organização dos

dados.

Para a quarta aula, indique a leitura de textos complementares que abordem

a relação dos índios com os não índios nos dias de hoje. Divida a turma em grupos

de 5 a 6 alunos, cada grupo recebe um texto para a leitura. Propomos a pesquisa de

textos jornalísticos que enfoquem as contribuições indígenas, com seus saberes

tradicionais, para os estudos científicos e acadêmicos. Nessa etapa, juntamente com

o professor de Ciências, os alunos podem iniciar uma discussão sobre a importância

cultural, bem como o valor comercial, desses saberes tradicionais, como o manejo

da floresta, os princípios ativos das ervas, raízes e frutos, a biodiversidade em seu

território, dentre outros.

Os professores podem indicar outras leituras. A seguir, algumas sugestões

sobre as quais poderão se apoiar os debates em sala de aula:

Saberes tradicionais – sobre um curso da Universidade de Brasília (UnB) que visa a

valorização dos conhecimentos dos mestres indígenas para a formação acadêmica.

Medicina tradicional indígena – sobre a valorização dos saberes tradicionais na

política de saúde entre os povos indígenas.

Modernidade não dá espaço a saberes tradicionais – artigo sobre a ameaça aos

saberes de comunidades tradicionais diante do processo de modernização.

Novas tecnologias e a propriedade intelectual – artigo discute a relação entre os

saberes tradicionais e as patentes industriais.

Acesso e uso de conhecimentos tradicionais geram polêmica no Pará.

http://www.cultura.gov.br/site/2010/07/14/saberes-tradicionais/

http://www.funasa.gov.br/internet/vigSubII_medInd.asp

http://www.reporterbrasil.org.br/exibe.php?id=55

http://www.socioambiental.org/nsa/detalhe?id=2112

http://www.ufpa.br/beiradorio/novo/index.php/2006/20-edicao-45/204-acesso-e-uso-de-conhecimentos-tradicionais-geram-polemica




Recomendamos a edição dos textos originais, pois alguns são longos e

podem dificultar a leitura para os alunos dessa faixa etária.

Após lerem, os alunos apresentam as ideias principais de cada texto e

elaboram um texto conclusivo sobre a contribuição dos saberes tradicionais

indígenas para a sociedade brasileira atual. Nessa etapa final da atividade, os

professores de História e Língua Portuguesa podem compartilhar a produção do

texto, desenvolvendo as habilidades de escrita presentes nesse gênero textual.

Questões para discussão Ao documentário, apesar de bem feito, cabe uma visão crítica sobre a

representação dada à “correspondente ameríndia” – Tainá Fulni-Ô –, que apresenta

as cenas teatralizadas. Tal repórter está vestida “como índia” ou é uma

caracterização estereotipada? Pode ser feita uma discussão sobre a imagem criada

para tal personagem (cabelo, pinturas, acessórios, roupas etc.), como ela

desconsidera a diversidade cultural e como reflete a visão do não índio sobre tais

povos. Questione os alunos: Como os índios se representariam? Como os índios

representariam os “homens brancos”? A visão de alteridade pode ser explorada em

uma atividade paralela. Para motivar essa discussão, sugere-se a série Índios no

Brasil, da TV Escola, episódio “Quem são eles?”, que inicia um debate sobre os

povos indígenas do Brasil atual.

Outro aspecto interessante para a discussão é sobre a família patriarcal, seu

modelo e seus padrões de comportamento. Faça a mediação no debate dos possíveis

modelos familiares, enfocando as mudanças e permanências nessa instituição social

ao longo dos séculos.

http://tvescola.mec.gov.br/index.php?option=com_zoo&view=item&item_id=4935




Bibliografia

ALMEIDA, Maria Regina Celestino de. Os índios na história do Brasil. Rio de

Janeiro: Editora FGV, 2010. (FGV de Bolso)

CUNHA, Manuela Carneira da. História dos índios no Brasil. 2. ed. São Paulo:

Companhia das Letras, 1992.

DIEGUES, Antonio Carlos (Org.). Os saberes tradicionais e a biodiversidade no

Brasil. Brasília: MMA; São Paulo: USP, 2001. Versão em PDF disponível em:

<http://www.usp.br/nupaub/saberes/saberes.htm>. Acesso em: 20/06/2011.

FURTADO, Junia Ferreira. Cultura e sociedade no Brasil Colônia. São Paulo:

Atual, 2004. (Discutindo a História)

Consultora: Denise Mendes.

http://www.usp.br/nupaub/saberes/saberes.htm

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