503º Encontro Semanal do Pacto de Cooperação da Agropecuária … · 2011-10-10 · 27 DE AGOSTO...

22
27 DE AGOSTO DE 2007 503º Encontro Semanal do Pacto de Cooperação da Agropecuária Cearense – AGROPACTO – TEMA: “Outros Produtos da Castanha e Amêndoa do Caju” PALESTRANTE: Professor LUIZ OSVALDO BEZERRA CARIOCA, Docente Aposentado da Universidade Federal do Ceará. DEBATEDOR: Engenheiro Químico RAIMUNDO GUILHERME CORREA, Professor da Universidade Federal do Ceará.

Transcript of 503º Encontro Semanal do Pacto de Cooperação da Agropecuária … · 2011-10-10 · 27 DE AGOSTO...

Page 1: 503º Encontro Semanal do Pacto de Cooperação da Agropecuária … · 2011-10-10 · 27 DE AGOSTO DE 2007 503º Encontro Semanal do Pacto de Cooperação da Agropecuária Cearense

27 DE AGOSTO DE 2007

503º Encontro Semanal do Pacto de Cooperação da Agropecuária Cearense – AGROPACTO –

TEMA: “Outros Produtos da Castanha e Amêndoa do Caju”

PALESTRANTE: Professor LUIZ OSVALDO BEZERRA CARIOCA, Docente Aposentado da Universidade Federal do Ceará.

DEBATEDOR: Engenheiro Químico RAIMUNDO GUILHERME CORREA, Professor da Universidade Federal do Ceará.

Page 2: 503º Encontro Semanal do Pacto de Cooperação da Agropecuária … · 2011-10-10 · 27 DE AGOSTO DE 2007 503º Encontro Semanal do Pacto de Cooperação da Agropecuária Cearense

SR. COORDENADOR TORRES DE MELO: Vamos dar início a nossa reunião de hoje do AGROPACTO. Para compor a nossa Mesa, convidamos os senhores: representante do Banco do Nordeste; o representante da Universidade, Dr. Sebastião; o representante do Sebrae. O Deputado Hermínio Resende; nosso palestrante, Professor Osvaldo Carioca. Meus amigos, vamos iniciar esta reunião, que será a última, do ciclo de palestras sobre cajucultura. Foi uma palestra inclusive, acrescida ao que havia sido projetado, em função da importância do assunto. Tratamos do pedúnculo, tratamos da castanha, mas não tratamos dos outros produtos, o LCC, entre eles. Por esta razão, o Professor Carioca, que já esteve aqui numa das reuniões, num dos dias em que eu estava em Brasília e introduziu o tema, para debate. Queremos convidar o Dr. Luiz Osvaldo Bezerra Carioca e o Engenheiro Químico, Raimundo Guilherme Gouveia, para sentarem à Mesa, aqui do lado direito do Deputado. O Tema da palestra é: Outros Produtos da Castanha e Amêndoa do Caju. Eu queria inicialmente, justificar perante o palestrante e o debatedor, acho que posso fazer isso também em nome do Deputado Hermínio, porquanto, às 9 horas, haverá uma Audiência Pública, na Comissão de Orçamento da Assembléia, aonde será debatido o Projeto de Lei nº 6.916, que trata das dívidas de uma maneira geral, contraídas pelo Governo do Estado, para a privatização do BEC. E sendo esse um assunto de alta importância, ao qual eu tenho dedicado grande parte do meu tempo, eu serei o expositor. A Lei ia ser votada na semana passada, por solicitação nossa aos muitos Deputados, inclusive, com a interferência do Peixoto, que falou o problema com o Deputado Hermínio Resende, com o Cirilo Pimenta falamos nós, falamos com outros Deputados, com o próprio Presidente da Assembléia. A votação foi adiada, está prevista para amanhã, se não tivermos a capacidade de demonstrar que ainda há vantagem para o Governo do Estado e fazer um estudo mais acurado, dada a complexidade do tema que está sendo abordado, na nossa opinião, é o que vamos transmitir lá, de forma pouco amadurecida. Dito essas palavras, queria pedir licença antecipado, mas vamos sair daqui às 8h30min, creio que está bom, para a Assembléia e sem aviso prévio. Não interromperemos. Convido o meu amigo João Nicédio, para dirigir os trabalhos na nossa ausência, assim que nos retiremos, automaticamente, ocuparia o lugar, se assim concordar. (Sr. João Nicédio concorda em ser o coordenador) Agradeço a gentileza e passo a palavra ao Professor Carioca. SR. JOSÉ OSVALDO BEZERRA CARIOCA: Amigos Bom-dia: Antes de começar, quero fazer uma série de agradecimentos às pessoas que temos nessa trajetória, porque o que vamos apresentar para vocês, constitui mais ou menos 15 anos de experiência nesse assunto. Acho que o momento foi muito oportuno, porque nós estamos, digamos assim, prestes a colocar esse resultado todo na rua.

Então, durante essa trajetória, na qual eu e o meu amigo Professor Guilherme temos estado presentes, vários empresários locais têm colaborado conosco. O primeiro, de saudosa memória, foi quem nos ajudou, o Grupo Machado, o empresário José Maria Machado, foi a pessoa que durante muitos anos pagou, com recursos da empresa dele, o desenvolvimento de até alguns clones, bem no início. E nós, eu e o Professor Guilherme, desenvolvemos juntos com algumas pessoas da Inglaterra, a questão do LCC; mandamos o LCC, fizemos testes, acompanhamos isso no exterior. Então, eu queria deixar isso bem claro, eu sou uma pessoa muito fiel àquelas pessoas: dois empresários muito importantes, que depois desse momento nos ajudaram e têm nos ajudado, foi o Presidente do Sindicaju, na época, o João Hudson e depois o Dr. Humberto Fontenele, na pessoa do seu filho, Ronaldo Fontenele. Depois que a

Page 3: 503º Encontro Semanal do Pacto de Cooperação da Agropecuária … · 2011-10-10 · 27 DE AGOSTO DE 2007 503º Encontro Semanal do Pacto de Cooperação da Agropecuária Cearense

Embrapa foi criada, nós temos desde a administração do Pratagil, com o Férrer e agora, excepcionalmente com o Lucas, onde demos as mãos para essa causa, que é muito importante. Então, aos que eu não posso mencionar aqui, que foram mais passageiros, aqui fica este agradecimento. Agora, o que é importante é o seguinte: tem uma pessoa que é muito importante nisso tudo, que se chama o Senador Inácio Arruda. O Senador Inácio Arruda, não falta oportunidade, para ele sair dos seus afazeres e ir lá para dentro do nosso laboratório, conversar conosco, assistir inclusive e ver os estudantes. Isso é uma pessoa excepcional, porque ele sente as dificuldades, que muitas vezes, nós técnicos temos, de colocar. Então, ele tem estado presente conosco, não falta dele um abraço, um respeito, um carinho de nos ajudar nessa trajetória. Eu queria deixar isto muito claro, para vocês.

De forma especial, eu queria em nome dos colegas da Embrapa, sem mencionar todos, o colega Lucas, com o qual estamos publicando um livro com a Embrapa, é importante o grupo saber, onde estamos colocando todas as questões ligadas ao agronegócio do caju, desde a parte agrícola até a parte comercial. Esse livro, nós esperamos até o começo de janeiro, ele já está praticamente escrito. Foi decidido fazermos esse livro inicialmente, em inglês, acho que isso é um problema, mas dado a importância desse aspecto, os mercados nossos são todos os mercados internacionais. É muito pequeno a fração hoje do mercado nacional. Então, esse é um trabalho que juntos a Universidade e a Embrapa estão fazendo com outras instituições do exterior, por exemplo, da Alemanha Nós temos a cooperação do Instituto de Tecnologia dos Trópicos. Então, vão aí estes agradecimentos e volto a dizer. Desde de 1990, eu e o meu amigo, químico, Guilherme Correia, temos estado com isso. Só para nós sabermos, aí o caju separado na castanha e no pedúnculo, isso é o tradicional. São os números que a realidade mostra, a realidade biológica, vamos dizer assim. Aqui, entram os processos industriais. Então, os números que estão do lado de cá, eles variam às vezes, de empresa para empresa, de País para País, porque aqui tem um processo. O processo é uma atividade industrial, que existe modificações, mas então, o que queremos mostrar, é que o processo hoje instalado no Estado do Ceará, o LCC, por exemplo, é um subproduto da amêndoa. Portanto, talvez isso explique porque nunca o LCC tem estado na evidência, nem mesmo até o pedúnculo, na sua importante carga, tem estado. Então, a amêndoa é sempre a questão mais importante, porque é quem está no mercado. Mas, nós vamos exatamente mostrar que é esse LCC que é extraído no processo mecânico uma parte e a outra vai sair depois, portanto, temos aqui uma fração significativa, ele dentro de uma perspectiva que vamos mostrar a vocês, pode vir a ser o principal componente do agronegócio do caju. Isso é o que vamos mostrar e o Professor Guilherme vai mostrar com muito mais detalhes. Então, fica aqui portanto, essa primeira colocação geral. Aí está a composição do LCC, natural, o LCC que é extraído sem o processo de laboratório com solvente. Aqui estão portanto, os grandes componentes do LCC e vamos ver que ó ácido anacárdico, que depois vai se tornar cardanol, esse aqui, é a fração significativa. Essa molécula que está dentro do que nós chamamos LCC Líquido da Casca da Castanha, analisado por diferentes técnicas, como: Cromatografia em camada, cromatografia em gás, técnica de ultra-violeta. Aí mostram os números, dizendo que esses dois componentes são componentes importantes. Aí só parar vocês conhecerem a cara, esse é o cardanol, esse é o cardol, esse é um outro componente que tem aqui entre os dois, hidroxila e aqui o ácido anacárdico. Quer dizer, na planta, na castanha, quase tudo é ácido anacárdico. Mas, depois, a indústria aquece esse produto, libera esse CO2 e portanto, esse ácido anacárdico vira cardanol. Portanto, nós vamos ter uma proporção. Essa análise aqui, mostra uma coisa, já um segundo ponto importante, que foi o aparecimento de polímeros desse cardanol, desse cardol de dois metilcardol, mostrando que a tecnologia hoje em prática no Nordeste, no Brasil, é uma tecnologia que é ótima para a castanha, mas para o LCC, ela não presta,

Page 4: 503º Encontro Semanal do Pacto de Cooperação da Agropecuária … · 2011-10-10 · 27 DE AGOSTO DE 2007 503º Encontro Semanal do Pacto de Cooperação da Agropecuária Cearense

porque o principal componente foi transformado 23%, no aquecimento do processo, em polímeros. Então, isso é muito importante, nós termos essa segunda característica. Aí está uma especificação do LCC, produzido pelas diferentes fábricas do País. Nós temos aqui os Países indianos, que é o padrão, digamos assim, tradicional, porque foi a Inglaterra o País, o celeiro desses estudos, sobre LCC, portanto, esse padrão internacional e aqui, vários fornecedores, mostrando que o LCC que é produzido no processo brasileiro, que é diferente no processo indiano, porque o processo lá é todo manual, está dentro das especificações, com poucas variações, por exemplo, na viscosidade, basicamente isso aí e conseqüentemente, na identidade. Mas, todos os fornecedores nacionais e digo aí, as grandes empresas, fornecem u produto que atende o mercado. Então, qual é uma síntese que temos aqui hoje? Praticamente, todo LCC que tem no País é exportado in natura, para Países desenvolvidos. Estados Unidos, Japão, Alemanha, Inglaterra, uma parcela mínima de LCC é utilizada no Brasil, isso é importante, basicamente são produzidos resinas e materiais poliméricos, todos considerados produtos de baixo valor agregado. Aqui nós já vamos citar um número para vocês. Essas resinas e esses polímeros, são produtos que estão a 500 dólares a tonelada. O LCC é vendido geralmente... é por isso que o preço dele nos últimos anos tem se estabilizado em torno de 200, 300 dólares a tonelada, porque hoje a grande utilização dele no Exterior, são esses grandes materiais poliméricos e portanto, estão na faixa de 500 dólares a tonelada. As exportações atuais geram divisas de 4,3 milhões para o País. Aí é que está o ponto importante: diferentemente dos outros componentes do caju, o LCC não comporta a produção em pequena escala. Ele até pode ser produzido em pequena escala, estou me referindo ao seu beneficiamento, porque como vocês viram, essas moléculas são extremamente importantes. A estrutura fenólica desses componentes, o LCC é um dos únicos óleos vegetais que têm uma estrutura fenólica. Todos os óleos que nós conhecemos da soja, do algodão, de todas oleaginosas, são óleos que estão numa classe de produtos chamados triglicerídios. O LCC é um óleo fenólico. Portanto, só o petróleo tem esse tipo de estrutura. A sua utilidade na indústria química é muito grande. Agora, para isso, não podemos chegar lá com esse LCC, que é produzido. Essa tem sido uma grande experiência nossa. Talvez esses 15, 20 anos que temos trabalhado com isso, essa foi o grande conhecimento que adquirimos. Isso é um retrato do que é o uso do LCC. Essa é a razão porque o LCC é extraído do processo de produção da amêndoa, como um subproduto, ele é estocado na fábrica, armazenado e quando o preço convém, ele é exportado. E daí, o País não tira absolutamente nada. Esse é o trabalho e graças a participação também do Senador e graças a essa experiência, nós nos envolvemos em um contrato de desenvolvimento de tecnologia com a Petrobrás; essa é a razão porque existem algumas coisas que eu não queria omitir para vocês, mas que infelizmente, vou tirar da apresentação e vou mandar para vocês, praticamente tudo o que vai sair, porque nós estamos com um conjunto patentes para entregar agora à Petrobrás, até outubro e portanto, se divulgarmos esse resultado, de forma escrita, perdemos a viabilidade disso. Mas, virá à palestra sem esses pequenos detalhes. Então, meu amigo Torres, isso nós vamos mostrar que está aí uma proposta. Já estamos em via de quantificar economicamente essas coisas. A Petrobrás está fazendo isso e é interesse dela, porque os produtos que hoje produzimos, a partir do LCC, são de interesse direto da Petrobrás. Aí estão os produtos de mercado. Por exemplo, as principais empresas, a Cardolite, que é uma empresa que está bem perto de Nova Iorque lá, as resinas que eles fazem, são basicamente, resinas para freios, resinas para fricção. Essa empresa indiana que é um grande parceiro, nós já trouxemos, com ajuda do Dr. João Hudson, esse pessoal ao Brasil, essa empresa Satya Cashew Chemicals e Bola

Page 5: 503º Encontro Semanal do Pacto de Cooperação da Agropecuária … · 2011-10-10 · 27 DE AGOSTO DE 2007 503º Encontro Semanal do Pacto de Cooperação da Agropecuária Cearense

Raghavendra Kamath and sons, que é uma outra empresa indiana; conforme vocês vão ver, todos esses produtos estão na classe dos produtos poliméricos. Esses produtos poliméricos, aquele cardanol, quando sujeitos a temperaturas que o processo de castanha hoje utiliza, eles são hoje todos polimerizados. Aí só para poder mostrarmos economicamente, o significado do LCC. Aí estão os dados fornecidos pelo Sindicaju, mostrando a quantidade de LCC, que hoje exportamos. Vocês vêem que essa exportação está mais ou menos estabilizada. O que nós produzimos, o que a Índia produz, o mercado absorve dentro de um contexto específico, porque as empresas que utilizam o LCC para derivar produtos secundários, elas são poucas e estão todas concentradas nos mesmos produtos. E vocês vêem também, que o preço média não tem oscilado tanto. Em algum momento varia, mas é diferente de 30 anos passados, que o LCC chegou a custar 1.800 dólares/tonelada. Isso não tem mais chance de se observar isso. Aqui para mostrar também, a importância da castanha de caju, do LCC, na pauta das exportações no Estado. Quer dizer, fora o camarão e os calçados, o LCC,... camarão já era, não? Então, fora o coureiro calçadista, o LCC é a base econômica deste Estado. Isso é uma realidade, portanto, este Estado deve muito a esse agronegócio. Aí nós vamos só mostrar, não entrando em detalhes. Vejam bem, aqui está o processo d e todas as etapas de produzir a amêndoa e num certo trecho, o LCC sofre aquecimentos muito alto, ou seja, porque a própria castanha é cozinhada dentro do LCC e portanto, saem aqueles 12%, 18% de LCC, que aqui ele já perdeu as características todas, porque ele já formou uma grande fração de polímeros, que chega a 20; o resto é o processamento da castanha, isso por sistema que chamamos de mecanizado. Aqui está o sistema das mini-fábricas, difere um pouco, porque o LCC não é tão aquecido, ele apenas passa por um processo de alto clavagem, mais brando, mas também lá, eles sofrem o mesmo processo, esta é a verdade. A estrutura química do LCC, Guilherme vai tratar disso depois, não vou entrar em detalhes, é uma estrutura muito débil, o que torna essas moléculas excepcional, para finalidades químicas, nenhum aquecimento se faz necessário, qualquer aquecimento prejudica a qualidade. Aí só para vocês terem idéia, da árvore de produtos do LCC. Isso é a visão, vamos dizer assim, de 20, 30 anos, é a visão clássica indiana, a visão clássica inglesa, onde o máximo que se conseguiu fazer foi destilar, separar o cardanol e aí vamos para produtos de alto valor agregado, comparativamente, aos demais produtos, que são todos produtos de 500 dólares/tonelada. Aqui nós por exemplo, poderemos chegar a esse produto. Então, é essa matéria química que como disse na reunião passada, aí é um setor que exige conhecimento científico, que existe na Universidade, centros de pesquisas, onde a Universidade e a Embrapa estão capacitadas para fazer isso. Aí algumas conclusões. O processo térmico utilizado na produção de amêndoa, não é adequado à plena utilização química do LCC. Não quer dizer, meu amigo Torres, que não pode acontecer algumas coisas, pode. Por exemplo, já houve uma empresa local, que produziu resina e vendeu, mas volto a dizer, produtos de baixo valor agregado, comparativamente, com os produtos que estamos desenvolvendo com a Petrobrás, cujo preço vamos ver, oscila mais. Podemos chegar a 3 mil dólares a tonelada. Melhorar a qualidade do LCC, visando agregação de valor, é condição necessária, para viabilidade desse agronegócio, diferentemente, do caju indiano. A Índia não pode, digamos assim, ser comparada tecnicamente conosco, porque eles têm uma visão completamente social do problema. A realidade social econômica da Índia é completamente diferente da nossa. Portanto, nós temos que ir buscar os nossos

Page 6: 503º Encontro Semanal do Pacto de Cooperação da Agropecuária … · 2011-10-10 · 27 DE AGOSTO DE 2007 503º Encontro Semanal do Pacto de Cooperação da Agropecuária Cearense

caminhos. Através do processo a frio, seria possível otimizar e maximizar a recuperação dos componentes. Hoje é o que chamamos de acionamento natural do LCC, ou seja, aqueles componentes lá sejam separados e portanto, individualmente, ao invés de agregar valor ao conjunto todo, que eu não estou fazendo distinção do que é o joio, do que é o trigo. Os produtos a serem obtidos pertencem a classe de produtos de química fina, cujo preço médio pode chegar a 2 dólares e meio o quilo. Esse fato coloca o LCC como uma matéria prima ideal, para obtenção de produtos de alto valor agregado, tornando portanto, um componente mais importante do agronegócio. Aí estão alguns exemplos do que colocamos. A exportação in natura, 300 dólares. Por exemplo, o cardanol hidrogenado e a resina, o cardanol hidrogenado é 1.500 dólares a tonelada. Se que eu tiro do LCC só o cardanol hidrogênio, e coloco no mercado, esse é um mercado existente, existe o mercado, existem empresas americanas que já estão tentando chegar lá e o resíduo da destilação, é 500 dólares a tonelada. Aqui é o primeiro produto que estamos patenteando este ano com a Petrobrás, é um anti-oxidante, cujo preço médio, é 1.500 dólares. Existem outros que estamos trabalhando. Cardanol fosforado e toxilado, que são produtos bem mais interessantes, cujo valor não temos acesso ainda. O Professor Guilherme vai falar nisso, não vou entrar. Portanto, essa é a nossa visão. Tornar o LCC uma matéria prima, aonde vários produtos são possíveis de serem obtidos. Lógico, esses produtos estão no rol de produtos que estão no interesse da Petrobrás, é importante que façamos um desenvolvimento, focalizados no mercado. Nós pelo menos, o nosso grupo, o meu amigo Torres de Melo me conhece, nos conhecemos há muito anos, eu não sou pesquisador acadêmico, sou uma pessoa que durante toda a minha vida tive envolvimento direto com a indústria. Então, aí está uma série de produtos possíveis de serem obtidos. Com a Petrobrás agora em outubro, vamos entregá-los 5 patentes e portanto, isso é muito importante. Aí está portanto, já um primeiro resultado de uma necessidade que tivemos. Nós não temos vocação para o estudo, apesar de estarmos situados dentro do Centro de Ciências Agrárias, eu pertenço ao Departamento de Tecnologia de Alimentos, mas a minha vocação do nosso grupo é industrial. E portanto, nós tivemos que voltar, nos darmos as mãos aí com o Dr. Paiva e olhar as castanhas, verificar o que podíamos fazer, para obter um LCC diferente, do que o que a indústria produz. Então, aqui vocês estão vendo as amêndoas, evidentemente, elas foram cortadas inadequadamente, elas foram fracionadas, mas vocês estão vendo aqui, uma amêndoa branca, absolutamente branca. O LCC está nesta casca aqui. Aí estão umas amêndoas, sem nenhum tratamento obtido, digamos assim. Esse é o grande problema da indústria local. Esse aquecimento que é feito na castanha, existe uma película que está entre a amêndoa e a casca, essa película é uma película cujos componentes não podem nem ver calor e portanto, esse processo que hoje é utilizado, danifica essa película e ela adere à superfície da amêndoa, desqualificando-a, porque a amêndoa é vendida basicamente, pelo tamanho e pela cor. Então, mostram que o LCC, que é um componente tóxico e muitas vezes, ele fica aderido à superfície. Esse processo aqui, o LCC não está aderido e portanto, ele é uma amêndoa de qualidade praticamente, igual ao que é obtido lá na Índia, mas de maneira diferente. Aqui estamos mostrando uma película que deixamos ali de propósito. Essa película por esse novo processo a frio, ela sai facilmente e fica a superfície absolutamente, limpa e clara. Aí estão as películas, basicamente, essas películas são 2% a 3% do peso da castanha. Essas películas têm um valor econômico também, porque existe um produto dentro dela, o Guilherme pode falar isso depois, são as catequinas e que no processo atual, é totalmente degradada.

Page 7: 503º Encontro Semanal do Pacto de Cooperação da Agropecuária … · 2011-10-10 · 27 DE AGOSTO DE 2007 503º Encontro Semanal do Pacto de Cooperação da Agropecuária Cearense

Eu vou falar agora, do projeto com a Petrobrás. É aí onde entram, por exemplo, nesse processo aqui a frio, nós estamos agora passando esse trabalho para a Embrapa, porque isso é a vocação da Embrapa. Tem uma aluna do nosso curso de engenharia de alimentos, que está fazendo uma tese, está quantificando esse processo todo aí e portanto, parece que esse processo vai ser muito adequado às mini-fábricas. Então, aqui vamos falar sobre o projeto com a Petrobrás. Essa é uma planta piloto, é a única que tem aqui na América do Sul, foi desenvolvida com os colegas da Itália. Nós aqui destilamos esse LCC que a indústria produz. Por isso, não podemos dizer que ele é totalmente inadequado. Nós produzimos algumas coisas dele. Para isso, eu tenho um processo de destilação, que nós chamamos de película cadente, é um processo que submetemos o LCC a um vácuo e a uma temperatura e separamos uma fração rica em cardanol, mas essa fração infelizmente, contém componentes tóxicos, que é o cardol e o 2 metilcardol. Aí é uma outra parte, onde nós temos reatores e onde nós fazemos várias coisas. Existe uma outra parte que está aqui, nós não fotografamos. PROCESSO A FRIO – QUALIDADE DAS AMÊNDOAS

Aí está a nossa visão que apresentamos à Petrobrás, ou seja, o que podemos fazer na primeira geração de produtos, ou seja, o LCC seria destilado, ele é hidrogenado e produziria esse primeiro produto para a Petrobrás e esse resíduo faria resinas, como é tradicional. Depois nós teríamos o LCC aminado, teríamos outro LCC e uma terceira geração de produtos. Então, agora estamos partindo para essa segunda fase aqui, estamos acabando de renovar o contrato com a Petrobrás, estamos concluindo a parte de engenharia dessa parte aqui.

Page 8: 503º Encontro Semanal do Pacto de Cooperação da Agropecuária … · 2011-10-10 · 27 DE AGOSTO DE 2007 503º Encontro Semanal do Pacto de Cooperação da Agropecuária Cearense

Eu vou mostrar alguns dados econômicos. Esses dados fazem parte de um estudo que fizemos para a Petrobrás. Então, colocamos aqui esse anti-oxidante, esse outro produto. Aqui estão as quantidades que deveríamos produzir e as rotas de processo que usamos. Aqui está geração de receitas que uma fábrica poderia produzir esses produtos com esses preços médios e os preços em dólares. Aqui estão custos e margens desses produtos e participação no faturamento. Aí uma análise econômica dos resultados. Aqui é só para mostrar para vocês, que esse casamento que fizemos com a Petrobrás, mostra assim um casamento muito adequado, por ser uma empresa brasileira nº 1, por era uma empresa que tem ligações direto com a Petroquímica, são os produtos de alto valor agregado, portanto, aqui tem uma série de aditivos que a Petrobrás usa. Aqui uma projeção de mercado desses produtos. Hoje não podemos na indústria química em geral, na indústria farmacêutica, na indústria alimentícia, ninguém vive sem os aditivos. Os aditivos são moléculas extremamente especiais, que são utilizados para conferir certas qualidades que o produto original não tem. Então, é esse o mercado que estamos trabalhando, é um mercado portanto, de meio bilhão de dólares, isso só o mercado da Petrobrás, ou seja, o mercado dos produtos que a Petrobrás importa. Isso é importante falar isso. SR. COORDENADOR TORRES DE MELO: E o agregado à fábrica é uma unidade? SR. JOSÉ OSVALDO BEZERRA CARIOCA: É uma unidade separada. SR. COORDENADOR TORRES DE MELO: Dentro da própria indústria? SR. JOSÉ OSVALDO BEZERRA CARIOCA: Não. É uma unidade separada da indústria local, ela forneceria o LCC, tanto da mini-fábrica como da grande fábrica, nós compraríamos o LCC e passaríamos a processar. A razão disso é muito simples, porque administrar uma empresa, como o agronegócio do caju, cuja vocação tradicionalmente, é para os setor de alimentos e você introduzir ali dentro, uma outra fábrica, cuja vocação é química, produto de química fina, nós achamos que essa idéia não nos parece muito razoável. Ficaria difícil a estão disso. Entretanto, um grupo de empresários poderiam juntar-se e montar um complexo desses, ligado com a Petrobrás. Isso e parece a razão mais lógica. PLANTA PILOTO DE DESTILAÇÃO

Page 9: 503º Encontro Semanal do Pacto de Cooperação da Agropecuária … · 2011-10-10 · 27 DE AGOSTO DE 2007 503º Encontro Semanal do Pacto de Cooperação da Agropecuária Cearense

Aí só para mostrar para vocês a produção de castanha no mundo hoje. Está um pouquinho defasado, foi 2002. O Brasil hoje já perdeu a posição de segundo maior, ele hoje já tem na frente dele, a Índia, que sempre foi o nosso rival, etc. Eu vou parar por aqui. O Professor Guilherme vai voltar para aquele quadro. O Professor como químico, ai mostrar os mercados, vai falar sobre isso. Muito obrigado. (Aplausos). SR. GUILHERME CORREIA: Meu nome é Guilherme Correia, trabalho na Universidade com o Carioca, já estou aposentado de aulas, mas é como digo para a minha mulher. Faço parte dos aposentados sem-vergonhas, continuo trabalhando. Mas agora vivo só no laboratório, não tenho mais obrigação de ir para a sala de aula. Aí venho, quando me chamam para um seminário, palestra, ajudo no que posso. Meu caso é mexer com química. Sou químico, a parte econômica, o Carioca é quem mais se interessa e mexe com isso, eu digo que da parte econômica, eu só faço é controlar a minha receita, minha despesa no Banco do Brasil, o que eu ganho de salário, aí vai toda a minha economia. Daí para frente, eu não entendo. Eu mexo com química e procuro desenvolver essas cosias, que dizem respeito do processamento do LCC. O nosso objetivo é agregar valor às coisas que podem ser tiradas e beneficiadas do LCC. É muito triste olharmos o LCC só como o Ceará exportando, metendo no tanque de navio e mandando para fora e ninguém sabe o que fazem, o que eles estão fazendo com isso aí e o que estão vendendo mundo afora. Eu acho que está na hora de começarmos a abrir os olhos e pensarmos fazer certas coisas aqui.

Page 10: 503º Encontro Semanal do Pacto de Cooperação da Agropecuária … · 2011-10-10 · 27 DE AGOSTO DE 2007 503º Encontro Semanal do Pacto de Cooperação da Agropecuária Cearense

Nós temos esse projeto com a Petrobrás, ela tem nos ajudado e estamos batalhando e temos tido bons resultados. Algumas coisas aí, até pedirei desculpas, não posso detalhar, porque a Petrobrás exige certos sigilos, ela quer patentear algumas coisas. Então, não podemos divulgar, antes dela patentear. Eles sempre vêm por aqui, conversam conosco e fiscalizam. Sexta-feira, tinha o nosso gerente de lá, que trata desse assunto e veio aqui, nos reunimos, discutimos, mostramos resultado e ver em que pé estão as coisas. Estamos quase chegando ao fim do primeiro contrato, eles acenam como uma renovação para continuar, porque têm certas coisas aí, que precisam de um melhor desenvolvimento e vamos tocando. Então, voltando aqui para os derivados do cardanol. O que nós chamamos aqui de 3 Pentadecilfenol, que nos abreviamos com esse nome trecho PDP, na verdade, o cardanol, como vocês viram naquela projeção que o Carioca mostrou, é o componente fenólico, monofenólico, do LCC, que tem uma insaturação. Na insaturação, nós dizemos em química, uma dupla ligação carbono-carbono. Essa dupla ligação para certas coisas é boa e para outras, atrapalha. Então, tem coisas que precisam ter essa insaturação, nessa cadeia lateral do cardanol e outras que se elas tiverem, só atrapalha. Então, têm que ser eliminadas. Como é que nós eliminamos? Hidrogenando. Hidrogenando, significa adicionar hidrogênio, com isso se satura essa ligação, aí a molécula passa a ter um comportamento totalmente diferente. Então, isso aqui é o quadro que resume as coisas que são feitas, a partir do cardanol hidrogenado. 3 PDP Pentadecilfenol. Por exemplo, do lado de cá, nós temos esses componentes alquilados, sulfurados, tensoativos busfenólicos, extratantes de metais e resinas. Do outro lado, não quer dizer que sejam processos que não podem misturar um com o outro. Ao contrário, têm coisas aí, que levam componentes de cá e levam do lado de lá. Então, desativadores de metais, derivados fosforados, aditivos de lubricidade, retardantes de chamas, laminados e compósitos.

Então, por exemplo, um dos produtos que estamos desenvolvendo que a Petrobrás tem bastante interesse, seriam derivados desse tipo alquilado do 3 PDP, mas ao mesmo tempo, ele é alquilado e ele é animado. Então, vejam bem, na mesma molécula temos essas duas feições. Mas, só os componentes do alquilado, já têm algumas aplicações específicas. Esses derivados sulforados, o nome está dizendo, sulfo, em química, significa meter enxofre. Então, são componentes que já têm que meter átomo de enxofre na molécula. Isso tem algumas funções específicas.

Atenção! No cardanol nas coisas do LCC, nem de longe têm enxofre na molécula. Isso é uma coisa que é feita via química no laboratório. Tensoativos, busfenólicos, por exemplo, os busfenólicos são compostos que podem ter aplicação para certas colas, como do tipo como é feita a araldite, coisa desse tipo aí. Isso aí tem futuro. Extratantes de metais. São substâncias, como o nome está dizendo aqui, que são capazes de agarrar metal e tirar de certo processo. Então, têm certos processos industriais, que se tiver metal lá dentro, atrapalha , complica, cria dificuldade. Então, esses metais têm que ser retirados. Estamos tentando usar derivados do LCC, para fazer substâncias desse tipo. Resinas. Algumas resinas têm aplicações mais específicas. Desativadores de metais, também. São substâncias que tema capacidade de quelar. Quelar significa fazer uma semi-ligação química, com certos metais. Atenção, não são todos os metais. Não pensem que qualquer metal que estiver lá dentro, um desses desativadores de metais desses, vai prestar. Não é assim. Tem a questão da valência, do elemento, afinidade química. Então, isso tem toda uma química, por detrás, para saber que tipo de metal é que pode ser quelato. Os derivados fosforados. Esses são usados como certos anti-oxidantes. Estão na moda, têm muitos anti-oxidantes fosforados sendo lançados na indústria, mas não têm nada a ver com o LCC. Tem grupos fortes americanos lançando esses derivados, mas têm uma estrutura totalmente diferente do LCC.

Page 11: 503º Encontro Semanal do Pacto de Cooperação da Agropecuária … · 2011-10-10 · 27 DE AGOSTO DE 2007 503º Encontro Semanal do Pacto de Cooperação da Agropecuária Cearense

Aditivos de lubricidade. Esse é um outro ponto também, que a Petrobrás tem um projeto conosco, nós estudamos substâncias, para adicionar no óleo diesel, por exemplo. Não sei se vocês ouviram falar, mas a Petrobrás tem em andamento um projeto, que se chama GTL, Gás Tulípede. Quer dizer, fazer diesel a partir de gás. Nós temos um amigo lá que coordena esse projeto, eles tomam o gás e com um processamento químico vão a transformar isso em diesel. É o diesel, digamos, dos sonhos, porque é o diesel que não vem com enxofre e não vem com aromático. Então, sobre esse aspecto, é um diesel impecável. Mas, tem lá seus pecados; ele não tem lubricidade. Então, o diesel para queimar no motor, para funcionar dentro do motor diesel, ele tem que ter uma certa lubricidade. Senão, não vai ter esse seguro de motor que agüente, ou melhor, não faz as partes móveis do motor utilizar com facilidade, se usasse um diesel desse tipo, sem esses aditivos de lubricidade, o motor griparia rapidinho, em poucas horas. Então, para isso tem que se adicionar esses aditivos de lubricidade, aí sim, o diesel fica mais utilizável. A Petrobrás está investindo muito nisso. Eles estão construindo um laboratório lá no Rio, que esse amigo nosso cuida lá do projeto e disse que recebeu um dinheirão, para construir toda essa unidade, porque a Petrobrás está de olho e quer fazer esse projeto andar de qualquer jeito. Retardante de chamas. São substâncias que uma vez impregnadas, não vai evitar que a coisa deixe de pegar fogo, mas o nome está dizendo: vai retardar o incêndio. Então, esses materiais de revestimento, de isolamento na Europa, já existe regulamentação, para que certas coisas... acho que desde 2006, no ano passado, não podem mais ser fabricadas, se não tiver esse retardante de chamas. É como disse: Não é fazer com que a coisa deixe de queimar, mas vai pegar fogo mais devagar, não vai ser aquele incêndio rápido fulminante, virar tudo cinza em 3 segundos, não, a coisa vai agir mais no fogo, pra que ele tenha mais dificuldade, para dar tempo de acionar bombeiro, para tomar as providências para apagar o fogo na fase inicial. Esses aminados, outro produto também, que temos um outro projeto aí, em andamento, que na mesma molécula nós vamos incluir um derivado alquilado e um aminado. Isso aí atende dois pedidos da Petrobrás, porque ela usa esses derivados para combustíveis. Sendo que ela usa dois produtos diferentes, e nós estamos propondo para ela, que ao invés de dois, ela faça um único produto, que tenha essas duas características, para usar só um no combustível. Isso está em andamento e provavelmente, vai ter uma patente já e já, sobre isso aí. Esses compostos são esses materiais novos que estão sendo lançados no comércio e fazem parte dos novos materiais. Então, isso também tem muita aplicação. Há pouco tempo vi através da televisão um documentário sobre esse avião novo 380 da Airbus, a quantidade enorme de novos materiais, que eles estão usando para o avião, é impressionante. O novo avião da boing, a quantidade de material novo que está sendo utilizado, já diminuiu não sei quantos por cento a quantidade de chapa de alumínio, porque exatamente, o que era de chapa de alumínio está entrando com esses novos materiais. Daqui a pouco tem um avião de plástico voando aí. Aqui como o Carioca falou, tem esses processos que são envolvidos. Nessa primeira etapa, eu diria que são os processos mais simples, porque houve operações extremamente, no nosso ponto de vista aqui, elementares. É um projeto para hidrogenar a molécula do cardanol, como está mostrando aqui. Isso para nós não tem muito mistério. Mas, o que vai ser gerado, quer dizer, esse cardanol hidrogenado, é que vai dar origem. Olha lá, tudo vem do LCC, passa por aqui, hidrogena o cardanol e pronto. É a partir dele que essas coisas começam a se consolidar. Nessa segunda fase, basicamente, nós temos tudo que é derivado, vindo do cardanol hidrogenado. Aminação, etoxilação, etilação, e por aí vai. Na terceira fase, eu diria que já é uma fase de produto acabado. Então, aquilo são produtos que já vão para uma finalidade específica.

Page 12: 503º Encontro Semanal do Pacto de Cooperação da Agropecuária … · 2011-10-10 · 27 DE AGOSTO DE 2007 503º Encontro Semanal do Pacto de Cooperação da Agropecuária Cearense

Tinha um outro quadro, mas eram muitas fórmulas de química e oi Carioca disse: “Olha, eu não sei se é pegar pesado com química aqui”. Isso aqui é mais resumindo tudo isso que acabei de falar. Para se ter uma idéia da estrutura das moléculas, eu mexo com química, só me interessa a parte química. A parte agronômica são nossos amigos e colegas da Embrapa. Victor Hugo... o pessoal que fala e temos que ir lá. Eu ainda me meto a mexer na espécie botânica do caju. Paiva é que dá as dicas, o Lucas. Então, são os nossos parceiros pela parte agronômica. Eu me interesso pela parte química, nem a parte econômica me atrevo a falar, porque já sei que vou falar besteira. Mas, o que diz respeito a parte química, sim me interessa. Então, se você olhar aqui o trecho PDP, vejam lá. Todo esta árvore aqui, tem coisas que eu nem toquei. Por exemplo, porfirinas. Nós temos um projeto também, financiado pela Petrobrás, para preparar porfirinas que são substâncias que têm moléculas imensas. Antigamente se dizia nos cursos de química, que do petróleo você tirava as proteínas, essas coisas. Eu acho que o LCC está começando, porque essas porfirinas, se nós olharmos no núcleo da molécula, mo interior da molécula, é exatamente, o núcleo que temos na molécula hemoglobina do nosso sangue. Se você olhar a molécula da hemoglobina, tem aquele anel grande, um buraco lá no meio, essas porfirinas fazem o uso exatamente, nesse buraco. Agora nós perguntamos: O que tem a ver isso com a hemoglobina? É exatamente, esse buraco que gera lá no meio da molécula, aí serve para seqüestrar metal. Então, certos metais vão, se alojam ali e com isso, arrancam metais do meio de outros processos. Vejam como as coisas começam a se interligar. Esse aqui etoxilados por exemplo, são produtos que a Oxiteno tem interesse e têm conversado conosco para fornecer para eles, que eles querem usar nos processos que estão empregando, hoje em dia Como entre outras coisas, eles usam o manilfenol, que está com os dias contados, porque é tosco, está para ser tirado do mercado, para ser banido, eles estão atrás de um sucedâneo, que vá motivar, como no caso do manilfenol e faça o papel dele.

Lá em cima vocês vão ver essa estrutura de um derivado alquilado. Aqui em baixo, nós temos um processo eu estamos inovando. É fazer uma alquilação com o MTBE, que é o metil terbutil éter, que é um derivado que a Petrobrás usa aí nos combustíveis e nós estamos tentando modificar o que existe na química hoje em dia. Têm mais dois derivados para usar resina como catalisadores, eólita, e lá em baixo, nós temos um derivado fosforado e alquilado ao mesmo tempo. Esse aqui é uma coisa que também estava também, nos projetos da Petrobrás. Bem, é isso que estamos fazendo e enfim, temos que pensar bastante e estudar, para não fazer bobagem. Muito obrigado, ficamos aqui à disposição, para algum questionamento. (Aplausos) SR. COORDENADOR JOÃO NICÉDIO: Agradecemos ao palestrante e passamos agora, aos debates. Nós retornamos alguns anos, ao tempo de estudantes, na questão da química. As inscrições estão abertas. Com a palavra, o Sr. Aníbal Arruda. SR. ANÍBAL ARRUDA: Eu quero parabenizar ao carioca e ao Guilherme pelo trabalho que vocês estão fazendo. eu luto, há muito tempo, aqui no Agropacto, sobre o LCC, vocês se lembram que há 4 anos eu levei aqueles dois livros, que tinham 600 patentes ainda, sobre o LCC.

Eu comecei a me interessar pelo LCC, quando eu estava na Petrolusa e nós fabricávamos graxa de um produto que é um anti-oxidante, caríssimo, aí jogávamos 4%, para a graxa não escurecer. E eu e Edmilson, querendo recuperar a Petrolusa, fomos atrás de outro produto, desde a origem dele e vimos que é o LCC. Então, eu disse: rapaz, vamos começar a estudar o LCC. Depois de 2 anos que ele

Page 13: 503º Encontro Semanal do Pacto de Cooperação da Agropecuária … · 2011-10-10 · 27 DE AGOSTO DE 2007 503º Encontro Semanal do Pacto de Cooperação da Agropecuária Cearense

estudava o LCC, ele chegou para mim e disse: “É impossível conseguir, não tem literatura, é difícil”. E falou que o LCC era uma destilação diferente da fracionada, tinha que ter quebra de moléculas na destilação e que o Brasil não dominava. Então, procurei o saudoso Miguel Arcanjo, que foi o pioneiro na industrialização da castanha e da carnaúba e ele me disse: “Olha, eu deixei a minha fábrica de castanha, porque no futuro, vai todo mundo quebrar”. Eu perguntei: Por que? “Porque eu vendi o LCC a 3M, a 3M fazia todos os produtos derivados do LCC, e a Índia está com 600 patentes derivadas dos ingleses, que estudam o LCC há mais de 60 anos e eles vão baixar o preço do LCC de 1.800 dólares, para 200 dólares. Foi aí que o filho do Ernani Viana, de Caucaia, tinha a CIOL, era só operar o LCC, fazia a extração manual, para não estragar. Hoje estamos usando o LCC como solvente do próprio LCC, que estraga o LCC. Aí o Napoleão, filho do Ernani, quando chegou a 200 dólares a tonelada, ele foi na indústria de cimento e estava vendendo o LCC para ser queimado nos fornos de cimento. Para verem a degradação e como é importante esse estudo. Mas, a minha preocupação é o seguinte: quando comecei a ver esse LCC muito grande e eu tinha uma patente, de um trem, uma coisa inovadora, procurei o Gil, que é muito meu amigo, da indústria naval, para construirmos esse trem. E lá, conversei sobre o LCC com o Gil. E tinha um chinês que estava comprando um iate, ia sempre lá. E contratou um iate luxuoso, e eu falando com o Gil sobre o LCC, que falou com ele em chinês e ele disse: “ Não tem problema, eu tenho uma indústria de refinamento na China, etc.”. então, chamamos o Napoleão para ele entrar no negócio, foi feito e ia dar entre 5 milhões de dólares a refinaria. Tudo certo para trazermos essa refinaria. Mas, o que aconteceu? Aí é que é interessante: é que depois o chinês disse que não viria, porque a Shell impediu, senão eles fariam o dumping dos produtos deles na China. Então, a Shell tem uma parte química, como a Petrobrás tem, ela não deixa ninguém...

Aí é onde pergunto: Não seria interessante, Carioca, meter na cabeça para a Petrobrás, que tem poder de fogo, para ela trazer uma refinaria dessas já, em parceria com a própria Shell, para que pudéssemos ter a chance, já que temos o caminho, de poder pescar essas tecnologias? É isso que pergunto ao Carioca. Nós não podemos convencer o Governador em trocar a refinaria, que foi para Recife, por uma refinaria de LCC? Porque a Petrobrás tem o poder de fogo, como a Shell tem. SR. COORDENADOR JOÃO NICÉDIO: Com a palavra Dr. José Ismar. SR. JOSÉ ISMAR: Em primeiro lugar, quero parabenizar o Professor Carioca e o Professor Guilherme, pela importância das palestras e ao mesmo tempo mostrar o que na verdade está sendo desenvolvido hoje, pela universidade e pelo Padetec também. Nós que conhecemos o trabalho do professor Carioca há muito tempo e acompanhamos, não de perto, mas por informes e ao mesmo tempo, por algumas outras questões. O que gostaria de colocar, dentro da visão que o Aníbal iniciou, não com a visão de se trabalhar dentro da indústria. Nós sabemos que houve o lançamento daquelas patentes que hoje se encontram em desuso público, e hoje eu creio, que o Brasil já tomou conhecimento disso e já dispondo de equipamentos e com a competência que ele tem na área de ciência e tecnologia, eu creio que poderíamos dar um passo muito grande, para uma revisão da fórmula daqueles trabalhos que foram feitos na década de 60 e 70, patenteados através do Indian... eu creio que poderíamos dar um passo mais avançado. Essa é uma visão na verdade que nós temos, com relação à questão do LCC. Um outro ponto também que acho que perguntaríamos ao Professor Carioca, é sobre esse novo processo que ele está, eu diria, avançando nele, com relação a questão bioenergia, esse processo do ponto de vista industrial, não seria um processo buscado? Logicamente, nós teríamos que mexer

Page 14: 503º Encontro Semanal do Pacto de Cooperação da Agropecuária … · 2011-10-10 · 27 DE AGOSTO DE 2007 503º Encontro Semanal do Pacto de Cooperação da Agropecuária Cearense

bastante na estrutura industrial que o Estado do Ceará está assentado já há muito tempo. Isso na verdade, são preocupações que hoje nós temos e estamos investindo em outras áreas, com relação a questão da tecnologia do caju, isso estaria logicamente, também, dentro de uma visão eu creio, que mais ampla. SR. COORDENADOR JOÃO NICÉDIO: Obrigado. Com a palavra Trajano. SR. JOSÉ TRAJANO: Eu estava até agora comentando com o Mavignier, com o Professor Carioca e o professor Guilherme, com relação à Petrobrás, porque a Petrobrás está dentro do Estado. Mas, vamos voltar a realidade, porque pode ser que um dia a Petrobrás veja que o Ceará tem alguma coisa e precisa aproveitar. Porque o que tinha que aproveitar com a Petrobrás, já tirou do ar, que era a siderúrgica. É triste bater de frente com a realidade. Carioca, meus parabéns. Eu estava querendo saber e comentar alguma coisa do que o senhor falou, com relação a essa pesquisa do LCC, que é uma coisa tão importante, com a Coelce. E eu uma vez assisti uma palestra do senhor e não deu para eu falar, foi muito pouco tempo e me despertou uma curiosidade grande.

Eu agradeço, um bom-dia para o senhor e a ONG caju está à disposição do senhor, professor Carioca, para qualquer hora, qualquer instante, para fazer qualquer negócio, porque é uma organização séria, para ajudar nesse projeto do LCC. Combinado? SR. COORDENADOR JOÃO NICÉDIO: Muito obrigado Trajano, muito bom, excelente. Professor Carioca, é com o senhor. SR. JOSÉ OSVALDO BEZERRA CARIOCA: Com relação ao Aníbal, nós sabemos da sua preocupação; acho que durante 15 anos, todo esse trabalho que temos estudado na Universidade, é a primeira vez que estamos colocando isso ao público. Isso não é uma coisa muito fácil. Primeiro, por uma questão de não termos recursos para fazer pesquisas. Mesmo o Banco do Nordeste com os estudos que têm, os melhores recursos vieram na iniciativa privada, os primeiros momentos do nosso trabalho foi justamente com um grupo industrial, o Grupo Machado, e isso permitiu entrarmos em consonância com o que já estava sendo feito. Então Aníbal, nós somos os maiores torcedores, porque sabemos da sua luta, que é a nossa luta. A questão de uma refinaria, eu acho que a idéia que mostramos a você sé que o LCC comportaria um complexo químico, todos os produtores desses subprodutos e as pequenas fábricas, isso é que não pode tirar o foco, porque indústria química tem que ter escala para viabilizar produtos. Esse é o primeiro ponto. O segundo ponto é que produtos competitivos como esse têm que estar com know-how, e poucas são as empresas brasileiras que têm grupo de pesquisa vocacionado para isso, um exemplo é a Petrobrás. Então, o caminho, pelo que estamos conversando, é esse, e nós podemos ter o apoio de vocês para fortalecer essa relação com a Petrobrás. Há uma sensibilidade muito grande no que diz respeito a essa questão, de uma unidade industrial. E acho que vai já, já chegar esse momento, já articulamos com a parte de testes da Petrobrás... vejam bem, esses produtos estão todos dentro dessa lógica que você falou. O produto da Shell é um anti-oxidante, e eu até já me comprometi com o Edmilson, a mandar esses produtos para lá. Acontece que por contrato, eu tenho que obedecer primeiro aos testes laboratoriais. Segundo, nós estamos produzindo um produto para ir a teste nas refinarias, ou seja, testes de campo. Passado esse momento, está encerrado. E posso até contar um fato em relação à Shell: o

Page 15: 503º Encontro Semanal do Pacto de Cooperação da Agropecuária … · 2011-10-10 · 27 DE AGOSTO DE 2007 503º Encontro Semanal do Pacto de Cooperação da Agropecuária Cearense

químico que montou o processo da Shell, 40 anos atrás, que é uma patente vendida, assistiu a uma palestra nossa no Rio de Janeiro e ficou encantado. Chegou reservadamente e... (TRECHO NÃO GRAVADO E NÃO TRANSCRITO POR SOLICITAÇÃO DO PALESTRANTE). Então, agora não é segredo para a Shell, para a Petrobrás, para ninguém, mas ainda não tivemos a publicação da patente. A Petrobrás também, é importante olhar a questão, não é só querer, depende de uma série de circunstâncias. Por exemplo, a linha Lubrax 4, ela tem um compromisso de 10 anos de comprar os aditivos dessas empresas. Então, o que a Petrobrás está fazendo? Gradativamente ela já está selecionando uma linha de produtos onde vamos entrar com esse projeto. Já existe os incorporados, que é um dos produtos que já estão prontos e esse, eu diria que a menina dos olhos de ouro das empresas de aditivos, porque é caríssimo esse projeto, e o nosso produto está se mostrando equivalente. Então, este momento é importante e essa foi a razão que eu pressupus a abrir esses dados a vocês e mostrar tudo, e grande parte dessas informações nós vamos divulgar, mas infelizmente todas não podemos, por razões contratuais. E a Petrobrás está extremamente sensível, como falei, na semana passada, nós entramos no terceiro nível de contrato com a Petrobrás. Então, agora já estamos trabalhando um plano de engenharia, a Petrobrás também está colocando um engenheiro deles do lado da gente. Só lembrando uma questão: eu sou engenheiro químico, não sou economista, então, o engenheiro químico não pode trabalhar nenhuma informação sem o dado econômico, e eu trabalho com o Guilherme, que é voltado para a parte química, e eu tenho que fazer a continuidade ao trabalho dele, desenhando uma unidade industrial, e essa unidade tem que ter viabilidade econômica. Esse é o meu trabalho. Então, está em estudo e muito em breve vamos dar uma posição, onde vamos trazer a Petrobrás aqui, para começar essa instalação dessa unidade. Então, como comentei, até janeiro, nós, juntamente com a Embrapa, estaremos lançando um livro com toda a história do caju, o que é feito, desde a goma (trabalho da Embrapa, com os clones), à industrialização do suco. Pena que eu não pude vir aqui, mas desenvolvemos com a Embrapa, uma tese, fizemos o clareamento do suco de caju. Existe um engenheiro, o Fernando, que está trabalhando com isso, nós fizemos uma tese, junto com ele. Esse livro é da Embrapa, junto com a universidade, e o Sindicaju está ajudando a fazer isso. Esse livre vai ter tudo, toda a árvore química do LCC, da goma, do pedúnculo, está praticamente escrito, estamos revisando as propostas, esperando que essas patentes entrem, para podermos explicar. Aquele livro de revisão de patentes que o meu amigo Jarbas conseguiu em 1980, uma cópia desses livros, eles estão absolutamente démodé, como se diz, fora de perspectivas, porque eles trabalharam muito no conceito de resina, de polímero, e hoje até mesmo a África já tem unidade de polimerizar. E este trabalho vai trazer o LCC como uma visão de coisa nova. Com relação a sua preocupação, a nossa idéia do processo a frio é uma tese que um aluno está fazendo. Ao amigo Trajano, nós não colocamos sobre a Coelce aqui, porque também é uma patente que nós estamos lançando. Tem dois produtos de enorme repercussão, como o aditivo. Desde 1985, existia um processo do qual me retirei, porque a minha visão é completamente diferente do Professor Expedito Parente. Primeiro reconhecer que as patentes existiram na Bélgica, na China, e portanto, nós brasileiros não temos como ser pioneiros nesse fato. Então, nós fizemos dois produtos, o testes foram feitos na refinaria de Manaus,a mandado no nosso Ministro, e tem lá o primeiro documento brasileiro, foi a proposição de gerar diesel a partir de óleos vegetais. Então, eu tenho que reconhecer quem trabalha com tecnologia.

Page 16: 503º Encontro Semanal do Pacto de Cooperação da Agropecuária … · 2011-10-10 · 27 DE AGOSTO DE 2007 503º Encontro Semanal do Pacto de Cooperação da Agropecuária Cearense

A minha posição é muito clara em relação a esse trabalho e me retirei, por não concordar com afirmações feitas. Os óleos vegetais, a maior violação que se pode fazer é queimar um óleo vegetal em motor diesel, em face das outras oportunidades que se tem de usar outro combustível, como o etanol. Esse aditivo de lubricidade, a Petrobrás está desenvolvendo... o futuro diesel não é de óleo vegetal, ele vem de uma derivação que está sendo feitas com carvão da Europa, na China e em todo lugar. A Petrobrás, portanto, está se adiantando no tempo, mas ela não vai estar comentando isso com A, B ou C. Agora, esse diesel precisa de um aditivo de lubricidade, então nós estamos apresentando uma molécula derivada do LCC, fosforado, que deu testes excelentes sobre a lubricidade. Nós já entregamos esses testes á Petrobrás. Nós temos também um contrato com a Coelce, onde estamos trabalhando com transformadores, operando com um óleo isolante derivado da mamona e outros derivados do LCC e estão dando excelentes resultados. Mas, o da mamona está mais adiantado, nós estamos tentando a patente agora. O projeto é todo financiado pela Coelce. E o outro produto é um derivado do LCC, que o Professor Guilherme está trabalhando e está dando resultados excelentes. Esses resultados vão colocar o Brasil numa situação excepcional em relação a óleo de transformadores. Se os óleos de transformadores entrarem no mercado, quem é que vai deixar de usar um óleo vegetal, a 6, 8 reais o quilo, para vender a 1,50 na Petrobrás? Ninguém. Então, o momento é a mesma briga para substituir os derivados do petróleo. Agora é substituir os derivados de petróleo para usar nos transformadores, pois são muitos milhões de galões usados em óleo isolante e isso hoje é irreversível, porque a legislação ambiental não permite mais utilizar esses óleos, porque se o transformador der algum vazamento, cai óleo no chão e contamina o lençol. E no caso dos óleos vegetais, eles são biiodegradáveis. Então, é uma patente que está sendo entregue à Coelce e nós estamos fazendo o casamento disso com a Petrobrás. Só existem três companhias no mundo, que fizeram isso, a patente brasileira será a primeira patente brasileira e a quarta do mundo, a Cargil e a BB Power e uma outra inglesa. SR. COORDENADOR JOÃO NICÉDIO: Neste bloco, o primeiro inscrito é o Edmar Vieira. SR. EDMAR VIEIRA FILHO: Bom-dia a todos. Quero parabenizar aos palestrantes e fazer alguns questionamentos. O LCC, há uns 15, 20 anos, pagava a mão-de-obra de uma fábrica de castanha, era vendido puro, sem agregar nenhuma valor. Sobre processo de corte mecanizado e manual. No corte mecanizado, a amêndoa fica mais escura, e vem o outro gargalo na frente, que é a retirada do LCC, a película para ter a amêndoa inteira. Tem condições de fazer produção em escala porque o processo é outro, é o processo limpo – eu chamo o outro de processo sujo. Então, no processo limpo coloca a 70 graus, e no outro é o sistema de autoclavagem, ou seja, dilata a casca até a amêndoa com película. Quando solta, a amêndoa está toda revestida com película, então não há penetração do LCC nos alvéolos. E no processo manual a amêndoa não tem problema de cor, ela fica muito alva. SR. DALTO TEIXEIRA: Quero parabenizar ao palestrante e fazer um resgate histórico do trabalho do Professor Carioca, sobre desenvolvimento de energias alternativas, sobre o etanol e biodíesel, que foi pioneiro e pelos quais não recebe o devido mérito.

Page 17: 503º Encontro Semanal do Pacto de Cooperação da Agropecuária … · 2011-10-10 · 27 DE AGOSTO DE 2007 503º Encontro Semanal do Pacto de Cooperação da Agropecuária Cearense

Dizer que a área onde o caju é produzido é muito importante, se na área praiana, ou não, porque tem uma diferença brutal. Outra observação para reflexão de todos. em feiras passadas, todas as inovações eram colocadas em ambiente fechado, porque o japonês chegava lá e batia fotografia de tudo e no dia seguinte estava fazendo tudo aquilo ali, com poucas diferença. E eles passaram a não deixar entrar nenhum japonês com máquina, era proibido. Então, eu acho que o projeto do etanol, que passou pelas mãos do Carioca, e se comentou que era falho, e que hoje é exemplo mundial, o Sr. Carioca não está recebendo os créditos dele, que foi um dos pioneiros. Muito obrigado. SR. COORDENADOR JOÃO NICÉDIO: Vamos ouvir o Dr. Victor Hugo. SR. VICTOR HUGO: Dizer ao professor carioca e Professor Guilherme, que a Embrapa sente-se extremamente honrada em partilhar esses trabalhos e estudos ora em andamento, alguns já em fase de conclusão, que deverão ainda este ano estar consolidados em forma de livro. Nós temos a honra de integrar um dos capítulos desse livro que o Professor Carioca está coordenando e acreditamos que o Estado da arte do agronegócio Brasil vai estar muito bem representado. A Embrapa também sente-se extremamente feliz em ter participado da engenharia, da configuração dessas cinco palestras que aqui forma apresentadas. Na oportunidade quero destacar, nos bastidores de tudo isso, além do trabalho importante da FAEC, a tarefa do Torres de Melo, temos um colega que está dando todo seu empenho e que trabalhou na construção dessa programação, o colega Crisóstomo. (Aplausos). Então, quero destacar esse trabalho que ele está fazendo, que deverá redundar em um documento a ser apresentado. Aliás, são seis palestras, com esta. Era só isso que queria registrar, do orgulho que a Embrapa tem em trabalhar nisso e que esperamos continuar por mais algum tempo nessa parceria. SR. JOSÉ OSVALDO BEZERRA CARIOCA: Quando a gente cita nomes, a gente às vezes peca, e eu não citei o colega Crisóstomo, que foi quem em convidou para dar palestra aqui. Fica aqui o nosso agradecimento e alegria em trabalhar com ele, desde quando era da diretoria da Embrapa, com nosso colega Pratagil. Um pequeno detalhe: quando referenciei ao processo mecânico e processo manual, foi que ambos usam processo térmico, e que no caso do processo manual, apesar de ser muito pequeno o nível de aquecimento, mas também ocorre uma polimerização do LCC. Eu não fiz referência sobre a cor, a qualidade, a intensidade da brancura do processo manual, porque todos sabemos que é muito grande. Eu apenas fiz referência ao fato de que no processo mecanizado há um rompimento da película e que o LCC torna aquela cor mais escura. Amigo Dalto, obrigado pelo seu reconhecimento, sua delicadeza, mas a gente está para trabalhar, não para esse tipo de vaidade. Em nível daqui, nos conhecemos há muito tempo e ele sabe que o trabalho que fizemos junto com o engenheiro César Cals. Aliás, quero dar uma notícia para vocês: em novembro, agora, estaremos realizando,a universidade, a Embrapa, Governo do Estado, Petrobrás e Finep, uma reunião internacional, um workshop em Química Verde, e vamos trazer para essa reunião talvez 12 pessoas da maior expressividade nacional.

Page 18: 503º Encontro Semanal do Pacto de Cooperação da Agropecuária … · 2011-10-10 · 27 DE AGOSTO DE 2007 503º Encontro Semanal do Pacto de Cooperação da Agropecuária Cearense

Lembro que quando cheguei do doutorado, fiz uma palestra na FIEC e tinha um colega que disse assim: rapaz, você é um grande visionário. Mas isso que é interessante na vida de uma pessoa que está dentro da universidade. Hoje eu pego um livro que escrevemos em 1978, tem um capítulo de bioenergia. E o Governo, a iniciativa privada, só 20 anos depois é que reconhece que a bioenergia é importante. A Embrapa está criando um centro de agroeneregia. O futuro deste País passa por aí. É nisso que o País tem que acreditar: a sua verdadeira vocação é o agronegócio. Então, colegas, o que fizemos, vamos continuar fazendo, é em benefício deste Estado e do País. Com relação à mineralogia, quero chamar atenção que quando referenciei sobre a castanha (10%) e o pedúnculo (9%), claro que isso varia de região para região, de idade para idade. E quando referenciei aos números que estavam lá, aqueles números são dados em matéria seca. Em matéria úmida dá 10%, mas em matéria seca, a película representa no máximo 2%. Ao colega Victor Hugo, só temos a agradecer essa parceria, que tenho apreço muito grande pro essa instituição, essa empresa que se chama Embrapa. Eu acho que ela é realmente a cara do Brasil, a cara do que o Brasil pode fazer. SR. GUILHERME CORREIA: Eu agradeço também, espero não ter chateado muito o pessoal, com muita química. Eu sou químico, gosto de química, vivo em torno de química. Conheço o Aníbal há muito tempo, também, não sei se lembra de mim. ele e falou no anti-oxidante na Petrolusa, eu ia me equivocando, ia dizer: é ionol , mas quando falou no caso do chinês, que a Shell foi em cima dele e atrapalhou os planos dele, isso é só para mostrar que multinacional não pega leve, joga pesado mesmo. SR. EDUARDO QUEIROZ: Antes de tudo parabenizar aos palestrantes. A preocupação nossa é com relação a LCC, se a Petrobrás realmente... é até uma reflexão: porque o produtor não vê, em nenhum momento, esse valor do LCC indo para o bolso dele. E aí, como é que a Petrobrás vai ver isso? Porque se aumentarmos realmente a exportação com o LCC, o produtor tem que ser também beneficiado. Em nenhum momento se fala em comercialização de LCC em nível de produtor. É só para fazermos uma reflexão sobre isso. E a Petrobrás poderia ter um grande apoio nesse sentido, de ter o retorno ao produtor, dessa participação do LCC. Desculpem a ignorância, mas eu desconheço esse processo a frio, se fosse possível comentar qual a possibilidade desse processo ser adequado às mini-fábricas, já que as tornaria até mais eficientes. SR. JOÃO CRISÓSTOMO: Bom-dia a todos. Nós estamos chegando ao final desses painéis, estamos caminhando para o último agora, que é uma contextualização de todos eles.

O que passa pela nossa cabeça, dos colegas que formam esse chamado GIAP, é que no final, a cajucultura sai ganhando; se ela não ganhar, se a ela não for acrescido algo, de certo modo, passamos os meses de julho e agosto debatendo e assistindo boas apresentações, e no final, a cajucultura, o agronegócio como um todo, não ficou feliz. Esse é o nosso pensamento e estamos colocando para o Agropacto desde o começo.

O que eu tenho dito, eu estou ouvindo tudo, anotando tudo, até os cochichos. Então, coloco as seguintes questões: nós anotamos atentamente na apresentação, que o Professor

Carioca disse, na primeira vez que esteve aqui, que o LCC seria um grande negócio, poderá ou deverá ser um grande negócio para a cajucultura, talvez mais importante que a amêndoa – e ele hoje mostrou isso aqui. E o colega Eduardo questionou como o setor primário poderia se beneficiar disso. Eu reforço a questão do Eduardo: que exercício nós faríamos? Eu estou anotando tudo isso, Professor carioca, como

Page 19: 503º Encontro Semanal do Pacto de Cooperação da Agropecuária … · 2011-10-10 · 27 DE AGOSTO DE 2007 503º Encontro Semanal do Pacto de Cooperação da Agropecuária Cearense

qualquer intervenção que saia dos painéis, poderá ser benéfica para o futuro da cajucultura, ou seja, para maior sustentabilidade da cajucultura.

Então, gostaria de um pouco de exercício mental em cima disso, já que nós estamos no final e dentro do horário, graças a Deus.

A última pergunta. O senhor colocou, e eu fiz aqui mais ou menos um fluxograma de um aproveitamento mais nobre para o LCC hoje, que seria, nós temos a matéria-prima, ou seja, casca de castanha, vindo para as grandes indústrias, com o processo a quente. E das mini-fábricas, com processo de autoclavagem e outros. Então, a pergunta seria um comentário: como é que passa na cabeça dos senhores esse novo complexo, inserindo na cajucultura, em termos, primeiro de escala, quer dizer, essa matéria-prima geraria escala? Ela constituiria escala para ser montada uma indústria? Por pessoas da iniciativa privada e por pessoas da Petrobrás. Geraria, teria escala? Enquanto uma indústria dessas, no Ceará, aumentasse o valor agregado, viesse agregar mais valor à cajucultura?

Então, solicitaria esse exercício, porque estamos alocando tudo para, no final, se apresentar um documento às autoridades.

Outro aspecto é que o senhor colocou que são 12 produtos nobres possíveis de obtenção. Esse “possíveis”, numa escala temporal, uma indústria desse tipo viabilizaria a entrada desses produtos nobres no mercado? SR. JOSÉ OSVALDO BEZERRA CARIOCA: O que eu posso dizer a vocês neste momento é que a idéia é extremamente simples, com relação à idéia da separação do processo a frio, que não usa criogenia, nada, mas usa frio. Se conseguir, e é possível ser feito, porque já estamos fazendo, um nível de hidratação da castanha, que permita que você, num sistema frio, congele a amêndoa, nós estamos fazendo isso a -18 graus. Isso se consegue no freezer da geladeira. Com essa temperatura, a castanha fica absolutamente rígida e é facilmente cortada. Esse é o caminho. Estamos trabalhando agora, vamos pegar com a Embrapa clones de diferentes localidades, chochas, mas temos que primeiro quantificar isso. Agora, os dados são evidentes. Então, nós temos testado a -18, mas vamos ainda testar a -30, -20, não precisamos estar emergindo em criogenia. Com relação ao colega, eu vou fazer o seguinte: eu vou voltar até um trecho lá, que vai dar a idéia temporal, do que estamos pensando.

Qual é a realidade? A realidade é que temos um carro que está andando, ou seja, existem várias indústrias que estão aí instaladas, com um processo mecânico e não podemos ignorar isso. Então, a nossa idéia é primeiro partir desse LCC e ver o que podemos fazer melhor com ele. Então, isso é uma conclusão já, nossa. Curto prazo é destilar ele e dar para você obter um bom rendimento baixo de 30%, 40% de cardanol, porque o resto polimeriza todo. Mas, a agregação de valor é tamanha, vou mostrar a vocês depois, que justifica o processo de destilação. Acho que quando o Aníbal começou a pensar isso como nós, havia um verdadeiro boom, que o processo de película cadente resolvia, se antes não tivesse havido o aquecimento. Só essa a questão. A indústria que está estabelecida, se lembra da extensão que usei na outra vez, faz-se com o LCC, como muita gente faz, com o jogador de futebol. Ele está ali. “Eu sei jogar futebol”, entra em campo e joga. Quando começa o jogo, com 30 minutos, ele não tinha coração, ele morria de um enfarto. Foi mais ou menos isso que aconteceu com o LCC. Chamaram-no, produziram-no, mas ele não tem qualidade, ele morre no mercado, bem ali na praia, porque a qualidade dele não se adequa ao grande potencial que ele tem. Então, está aqui a primeira geração de produtos. Nós achamos que uma fábrica, o Aníbal sabe. Nós estamos concluindo aparte de engenharia. Mandar isso para a indústria, mandar isso, contratar, leva uns

Page 20: 503º Encontro Semanal do Pacto de Cooperação da Agropecuária … · 2011-10-10 · 27 DE AGOSTO DE 2007 503º Encontro Semanal do Pacto de Cooperação da Agropecuária Cearense

bons 2 anos, por mais rápido que você seja. Então, vamos colocar isso aqui, é partida que está no mercado há 3 anos. Em 3 anos é factível está isso aqui. O cardanol hidrogenado, é 1 dólar e meio o quilo no mercado. Quem quiser cardanol hidrogenado, você pode vender hoje. No mercado internacional, é regulado o preço. Então, é bom as pessoas saberem. Essa é a razão de não esperar mais que o LCC vai chegar a 1.500 dólares, jamais. O preço do LCC, hoje, é ditado pelo mercado de resina, como hoje, as fábricas que produzem resina. O preço dessas resinas estão todos na faixa de 500 dólares, eles não podem pagar o LCC mais de 300. Então, há essa questão. Isso eu aprendi numa viagem que fiz à Nova York. Agora, esse mercado da resina, é um mercado prostituído, todo mundo se mete a fazer isso. Nós temos uma tese que foi feita por um professor da UFRJ, por recomendação nossa, aliás até um cearense, da família Milfont, onde ele analisou todos esses mercados dessas resinas, que são: O resíduo da destilação daí. Então, os japoneses deitam e rolam aí, mandam nos americanos, empresas britânicas. Nós temos uma ligação muito forte e esse cara é louco para vir para o Brasil. A única empresa indiana que hoje está no mercado, que vende para a British Petróleo, ele é louco para se associar conosco, para vir para o Brasil. Então, lá ele fabrica quase 20 tipos de resinas e nenhuma passa de 500, 600 dólares o quilo. Então, isso é uma realidade. Então, polimerizar é fazer isso e o segundo, é hidrogenar o cardanol e hidrogenado, já vem o primeiro produto. E aí, vem o produto da Petrobrás, que é o substituto do ionol . Esse já está acertado, esse a patente já está patenteado está no INPI, não temos segredos disso. Todos os nossos estudantes fazem isso hoje no laboratório tranqüilamente. Entendeu, Aníbal? E competitivamente, com o ionol . A Petrobrás já comparou o ionol para gasolina, já comparou para lubrificante, inclusive, já está feito. Agora vamos produzir em maior escala, por um outro processo de oscilação, para ir para a refinaria. O teste agora vai ser feito na própria refinaria. Então, isso é o que achamos que é para fazer. Olha aqui a gama de produtos que vêem numa segunda geração de mais 2 anos, não de 2 anos de desenvolvimento, aquilo já está pronto, em 2 anos, é instalar a parte industrial dessa outra parte. Então, tem lá mais 5 anos e daí pra frente, nós ainda não temos perspectivas. Por exemplo, esse produto aqui é o diesel , aditivo do diesel sintético fosforado. Agora, o LCC para ir, ele vem de duas origens. O LCC esse polimerizado e esse LCC das castanhas. Não esqueça que esse LCC é hoje um LCC que está comprometido, porque todo mundo compra a casca para queimar nos fornos das indústrias. Então, nós, eu e o Lucas, redigimos um documento, posso depois proporcionar esse documento para você, da Petrobrás, mostrando qual é o estado da indústria de caju instalado, qual seria a estratégia de usarmos. Então, isso está colocado nesse documento. E aí vem o futuro. Entrando com esse processo frio, agora respondendo ao colega Eduardo, ele é adequado demais, para a pequena fábrica. Processo a frio, é a cara da mini fábrica. Isso é fácil de com a Embrapa, passarmos para as mini-fábricas e aí não vai mudar em nada esse complexo que nós imaginamos que ele fique paralelo às grandes fábricas. Porque o Aníbal é empresário de indústria ligada com coisas, ele sabe que uma indústria química, o mercado de indústria química é diferente do mercado alimentício. Ali têm coisas específicas. Então, a idéia nossa é portanto, um complexo, uma unidade industrial, que poderiam todos os empresários colaborarem nesse sentido e portanto, também receber matéria prima de todo mundo, o pequeno e o grande. Isso é a nossa visão, é o que está passando. E nós estamos passando isso para o pessoal da Petrobrás, estamos irrigando eles, porque eles vivem numa outra realidade diferente da nossa. Mas, eu diria para vocês, que eles hoje também, estão se adaptando, porque eles sabem que o agronegócio é o futuro deles. Em 30 anos, é álcool, é diesel DTL como ele falou, são todas essas questões, os óleos vão ser aditivos para tudo isso. Então, em 30 anos, é a bioenergia que vai estar no jogo. Então, esse documento está escrito, vou passar ele para você.

Page 21: 503º Encontro Semanal do Pacto de Cooperação da Agropecuária … · 2011-10-10 · 27 DE AGOSTO DE 2007 503º Encontro Semanal do Pacto de Cooperação da Agropecuária Cearense

Sobre a escala, o que estamos imaginando, foi uma escala, também não podemos chegar no mercado da Petrobrás, isso faz parte do discurso com eles e não podemos chegar e dizer: Para, você não vai poder comprar nenhum aditivo de ninguém. Isso eles não vão fazer. Então, é entrar gradativamente, com 10%, 20%, 30%. A Petrobrás tem 30% mais ou menos, do mercado de combustíveis, de derivados do setor de petróleo. Então, nós chegamos a um número que apresentamos a lês e eles acharam razoável, de iniciar uma fábrica com 2 mil toneladas/ano, que seria 10% mais ou menos, do que o Estado produziria. Essa é a concepção que nós estamos desenvolvendo lá, com o pessoal de engenharia e com base nesses dados, só para vocês terem idéia para consubstanciar os dados que falei. Vaso supor que 24 mil toneladas/ano, se vendêssemos todas a 300 dólares, que é a situação, o Estado receberia 7 milhões de dólares, em divisas, porque praticamente, todo LCC é exportado. E aí, nós pegamos o primeiro caso. Metade você hidrogenava, ele tem que ser hidrogenado porque tem que ser estabilizado. O Professor Guilherme falou das ligações laterais. Então, metade nós hidrogenamos e vendemos a 1 dólar e meio, 1 mil e 500 dólares a tonelada. Só aqui você quase que duplicou, ou mais do que duplicou. E aí está lá o resíduo, 50% residual, está lá 24 milhões. Pega o terceiro caso. Os 50%, você hidrogena e vende a 9 milhões e pega as outras 6 mil toneladas e faz a 3 mil dólares a tonelada. O Aníbal compra a 5 dólares o ionol . Nós estamos negociando com a Petrobrás a 2,50, 3, por aí Só esses já dão aquilo que o outro vendia. Então, está lá, 18 milhões e o resíduo da resina 6 milhões. Então, estamos mostrando que nós indo gradativamente... Tem aqui os outros, que seria o caso que estou falando. 3 anos, 5 anos. Então, estão lá 37 milhões. Não sei se bate a amêndoa, mas é significativo, para você deixar de considerar o LCC como uma hipótese razoável. Esse trabalho não pode ser perdido. São aí 15 anos de muito trabalho em cima disso. Hoje estamos ligados ao principal grupo inglês que trabalha sobre isso. Infelizmente, esse velhinho está quase se aposentando. Nós somos ligados ao principal grupo da Inglaterra que faz isso, somos ligados a um grupo da Índia que trabalha com isso, são loucos esses indianos para se associarem conosco, ofereceram possibilidade de fazer uma Jointventure do Brasil com a Índia, mas o que eles têm? Eles têm um pedaço menos nobre, que são as resinas. Mas, estão no mercado, isso é que é importante. Pode ser uma coisa pequena, menos significativa, as estão no mercado. E nós não estamos no mercado. Esse é o fato triste da história. Saudosa memória, o Aníbal sabe e o Professor nosso que faleceu, Professor Airton, foi uma pessoa magnífica, uma pessoa que vibrava conosco, trabalhou 30 anos, fez esses resinas. Infelizmente, teve um sonho de fazer aquelas máquinas, focalizou todo o trabalho dele numa máquina com o irão e perderam o bonde da história. Nós não podemos errar e essa é a história. Então, colega,s, isso é mais ou menos o que sentimos. Esse documento vou passar para você, foi mandado para a Petrobrás, eu e o Lucas redigimos esses documento. Então, temos que partir do que temos e aí, gradativamente. Se essa questão do processo a frio se mostrar realmente, competitivo, aí, nós vamos deitar e rolar. Mas, vamos ter que quantificar isso. Por enquanto, só temos indicações muito fortes. O colega da Embrapa, o Fábio está com uma aluna minha, que é minha orientada de mestrado, nós transferimos tudo para a Embrapa, os experimentos todos que fizemos lá no Padetec e transferimos agora tudo para o Fábio ficar lá. E colega, não vamos renegar o frio não, está previsto no nível de gradação de frio, nós vamos fazer teste com CO2 e com nitrogênio, só para poder quantificar, comparar. Mas, não é a nossa idéia. Na tese, no plano de tese dela está previsto isso. E a Embrapa tem lá uma unidade de CO2.

Page 22: 503º Encontro Semanal do Pacto de Cooperação da Agropecuária … · 2011-10-10 · 27 DE AGOSTO DE 2007 503º Encontro Semanal do Pacto de Cooperação da Agropecuária Cearense

Amigos, muito obrigado por vocês terem tido a paciência. Obrigado colega Dalto, é muito importante o reconhecimento do que é, isso são 15 anos e o Aníbal sabe, como nós temos trabalhado nisso. Muito obrigado a vocês. (Aplausos) SR. COORDENADOR JOÃO NICÉDIO: Nós é que agradecemos ao Professor Carioca, Professor Guilherme, agradecemos a todos que ficaram até agora e esperamos na próxima segunda-feira aqui de novo, às 7:30 da manhã, continuando com o caju, ainda. Muito obrigado, está encerrada a reunião.