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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Mestrado em Urbanismo V SEMINÁRIO DE HISTÓRIA DA CIDADE E DO URBANISMO “Cidades: temporalidades em confronto” Uma perspectiva comparada da história da cidade, do projeto urbanístico e da forma urbana. SESSÃO TEMÁTICA 1: MEMÓRIAS E PATRIMÔNIO CULTURAL CIDADES: MEMÓRIAS E DESMEMÓRIAS Coordenadora: ANA FERNANDES (FAU-UFBA) A DESMEMÓRIA: Uma Tendência no Universo Telemático A Memória, o avanço da ciência e as tecnologias da informação. Pasqualino Romano Magnavita* I - INTRODUÇÃO Conceitos e noções relacionadas com a Memória e o Patrimônio Cultural tornam-se hoje bastante questionáveis em decorrência da emergênciaa de novos parâmetros epistemológicos e de práticas informacionais. Assiste-se progressivamente um processo deconstrutivista do significado que tais conceitos e noções tiveram na formação discursiva da modernidade. Memória e Patrimônio Cultural, como se sabe, relacionam-se visceralmente com a História, cuja conceituação vem, hoje, sendo abordada de diferentes maneiras. Existem aqueles que decretam o seu fim: “ o fim da História”; outros a consideram uma pulverização de narrativas: “ a História em migalhas” e, outros ainda a identificam com a construção do presente. O acadêmico questionamento o que, como e para quem preservar é aqui abordado sob um ângulo bastante diferenciado quando comparado com os pressupostos adotados pelos preservacionistas da modernidade, os quais, imersos no universo da razão e da utopia social, acreditavam em valores e prioridades para o estabelecimento de o quê preservar. E isso, era detectado através de métodos e técnicas e, sua destinação era definida utilizando fins sociais e educativos. Com o advento da nova condição cultural - que alguns teóricos designam de pós-modernidade e outros simplesmente de contemporaneidade, condição essa caracterizada por mudanças paradigmáticas no universo da ciência e da tecnologia, constata-se, de fato, a perda do sentido da História frente à imediatividade do presente. O presente parece impor-se tanto sobre o passado quanto sobre o futuro, o que vem permitindo o surgimento de uma História presentificada. Em lugar de construir o passado, a História ajuda a construir o presente. Nesse novo contexto em que a dominante cultural expressa o novo estágio do capitalismo (JAMESON: 1989) através do processo da globalização econômica, os historiadores são tomados de assalto pelas novas tecnologias da informação e da

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PONTIFCIA UNIVERSIDADE CATLICA DE CAMPINAS Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Mestrado em Urbanismo V SEMINRIO DE HISTRIA DA CIDADE E DO URBANISMO Cidades: temporalidades em confronto Uma perspectiva comparada da histria da cidade, do projeto urbanstico e da forma urbana. SESSO TEMTICA 1: MEMRIAS E PATRIMNIO CULTURAL CIDADES: MEMRIAS E DESMEMRIAS Coordenadora: ANA FERNANDES (FAU-UFBA) A DESMEMRIA: Uma Tendncia no Universo Telemtico A Memria, o avano da cincia e as tecnologias da informao. Pasqualino Romano Magnavita* I - INTRODUO ConceitosenoesrelacionadascomaMemriaeoPatrimnioCulturaltornam-se hojebastantequestionveisemdecorrnciadaemergnciaadenovosparmetros epistemolgicosedeprticasinformacionais.Assiste-seprogressivamenteum processodeconstrutivistadosignificadoquetaisconceitosenoestiveramna formao discursiva da modernidade. MemriaePatrimnioCultural,comosesabe,relacionam-sevisceralmentecoma Histria,cujaconceituaovem,hoje,sendoabordadadediferentesmaneiras.Existem aquelesquedecretamoseufim:ofimdaHistria;outrosaconsideramuma pulverizao de narrativas: a Histria em migalhas e, outros ainda a identificam com a construo do presente. O acadmico questionamento oque,comoe paraquem preservar aqui abordado sob umngulobastantediferenciadoquandocomparadocomospressupostosadotados pelospreservacionistasdamodernidade,osquais,imersosnouniversodarazoeda utopiasocial,acreditavamemvaloreseprioridadesparaoestabelecimentodeoqu preservar.E isso, era detectado atravs de mtodos e tcnicase, sua destinao era definida utilizando fins sociais e educativos. Comoadventodanovacondiocultural-quealgunstericosdesignamde ps-modernidadeeoutrossimplesmentedecontemporaneidade,condioessa caracterizadapormudanasparadigmticasnouniversodacinciaedatecnologia, constata-se, de fato, a perda do sentido da Histria frente imediatividade do presente. O presentepareceimpor-setantosobreopassadoquantosobreofuturo,oquevem permitindoosurgimentodeumaHistriapresentificada.Emlugardeconstruiro passado, a Histria ajuda a construir o presente. Nessenovocontextoemqueadominanteculturalexpressaonovoestgiodo capitalismo(JAMESON:1989)atravsdoprocessodaglobalizaoeconmica,os historiadoressotomadosdeassaltopelasnovastecnologiasdainformaoeda 2 comunicao.Asmdiasnoseidentificamcomasformasnarrativaselaboradaspela modernidade.Osacontecimentossosubmetidosaumafragmentaogeneralizada. Procede-se por cortes, flashes e representaes desmaterializadas: o universo virtual. *Doutor em Arquitetura, professor MAU-UFBa Rua Caetano Moura, 121 Salvador-BA-Telefax: (071) 247-3803-email: MESARQUR @ ufba.br Algumasconsideraesformuladassobrerecentesintervenespreservacionistasno Brasil,visamilustrarasmudanasconceituaisnosprocedimentosutilizadosna preservao,nasquais,hoje,prevalecemaquelesdenaturezaeconmicaepoltica. Levanta-seahiptesedequetantoessasnovasprticasquantoaobesidade informacional venham a condicionar uma nova realidade: a desmemria. II - MUDANAS CONCEITUAIS Sabe-se que o conceito da Histria tem uma relao direta com a noo de tempo, isto , comosregimesdetemporalidade.Astecnologiasdepontaexpressamdeforma inequvocamudanasnessesregimesdotempo.Avelocidadeextremaconseguidanos processosinformacionaistemcontribudodeformadecisivaparaadeconstruodas refernciastradicionaisdasnoesdeespaoedetempoe,consequentemente,tanto comarealidadefsica(amaterialidade),quantocomouniversodarepresentao(o simblico). Constata-sequeaomomentohegemnicodapercepodireta dosobjetosnaturaisou artificiais, na qual so colhidas as caractersticas sensoriais das superfcies e volumetrias, segue-se, hoje, um momento da recepoindireta e mediatizada, uma interface (a tela) quefogetemporalidadecotidiana(adurao)aqueestamoshabituados.Percebe-se umprocessodedeclniodatradicionaldelimitaodarealidadefsica,bemcomoda relao espao-temporal das atividades. Em troca, aflora a marcante ausncia do fluxo do tempo, onde a instantaneidade da transmisso e recepo prevalece. Apropsitodessaquesto,refere-seBaudrillardaoafirmar:Todooparadigmada sensibilidademudou.Essatotalidadenoosentidoorgnicodotato.Significa simplesmenteacontigidadeepidrmicadoolhoedaimagem,ofimdadistncia esttica do olhar. Aproximamo-nos infinitamente da superfcie da tela, nossos olhos ficam como que disseminados na imagem. J no temos a distncia do espectador com relao ao palco, j no h conveno cnica... Essa imagem est, porm, a anos-luz. sempre uma tele-imagem. Est situada a uma distncia muito especial que se pode definir como intransponvel pelo corpo... A tela virtual, logo, intransponvel. Por isso ela se presta a essaformaabstrata,definitamenteabstrata,queacomunicao.(BAUDRILLARD, 1990: 62). Assistimos, portanto,a um processo em que a opacidade dos materiais se reduz a nada: elessedesmaterializam.Aseparaoentreoprximoeodistantefica,portanto, eliminada.Asnoesdeespaoedetempodamecnicaclssicasototalmente 3 subvertidasporumespao-tempotecnolgico.Aotempoquepassa,nosentido tradicional, cronolgico e da Histria, sucede um tempo que se traduz na instantaneidade. Atravsdastecnologiasavanadas,asdimensesdoespaotornaram-seinseparveis de sua velocidade de transmisso. Diz Virlio: Graas aos satlites, a janela catdica traz a cada um dos assinantes, com a luz de uma outro dia, a presena dos antpodos. Se o espao aquiloque impedeque tudo esteja no mesmo lugar, este confinamento brusco fazcomquetudo,absolutamentetudo,retorneaestelugar,aestalocalizaosem localizao... o esgotamento do relevonatural e das distncias de tempo achata toda a localizaoeposio.Assimcomoosacontecimentosretransmitidosaovivo,oslocais tornam-se intercambiveis vontade. (VIRILIO, 1993: 13) Acinciamodernaconstataqueadistncia-velocidadeultrapassaanootradicional dedimenso.Avelocidadetorna-se,assim,agrandezaprimitiva,extrapolandotoda medida,tantodetempocomodelugar.Talfatopromoveumprocessodedesrealizao queacabaporafetarasdisciplinasdeexpresso,asformasderepresentaoede informao e, consequentemente, o sentido das disciplinas da Histria. Essasubversoprovocadapelasnovastecnologiasacabaporpromoverno simplesmente o caos, a desordem, consensualmente relacionado com o mundo sensvel e visvel dos processos de degradao ambiental, por exemplo, porm, paradoxalmente, produzumanovaordem,insensveleinvisvel,todaviacomefeitosprticossimilares aosqueocorremnosempreendimentosconstrutivosdomundofsico,porexemplo,na construo de um edifcio. A crise da noo da dimenso relacionada tanto com o espao quanto com o tempo, tem muitoavercomacrisedointeiro,daunidade,ouseja,deumespaohomogneo, substancialecontnuo,herdadodageometriaarcaica.Hoje,asnoesemergentesde espaoedetempopassamaterumarelaomaisdiretacomasnoesde acidentalidade, descontinuidade e heterogeneidade. Porconseguinte,passa-sedaestticadaapario,presenteporsuapropriedade esttica,estticadodesaparecimento,deumaimageminstvelefugaz.Assistimos assim transmutao do conceito de representao. s formas destinadas a permanecer na durao de seu suporte material, sucedem-seimagens cuja nica durao aquela da persistncia na retina. O que significa a desmontagem da prpria realidade perceptiva, darealidadefsica,promovidapelasnovasfontesdeavaliaoeletrnicadoespaoe do tempo. DizaindaVirilio:terminaaseparaoentrearealidadedasdistncias(detempo,de espao)eadistanciaodasdiversasrepresentaes(videogrficas,infogrficas).A observao direta dos fenmenos visveis substituda por uma teleobservao, na qual oobservadornotemmaiscontatoimediatocomarealidadeobservada.Seestesbito distanciamentoofereceapossibilidadedeabrangerasmaisvastasextensesjamais percebidas(geogrficasouplanetrias),aomesmotemporevela-searriscado,jquea ausnciadapercepoimediatadarealidadeconcretaengendraumdesequilbrio perigosoentreosensveleointelegvel,quespodeprovocarerrosdeinterpretao tantomaisfataisquantomaisosmeiosdeteledetecoetelecomunicaoforem performativos, ou melhor: videoperformativos. (VIRILIO, 1993: 23) Hportanto,substituiodaabordagemdescritivaqueprevaleceunodomnioda cientificidademodernaporoutra,prevalentementedigital,aqualparticipadocarter essencialmenteredutordaanliseestatstica.Oquepermiteentenderaimportncia 4 readquirida pelo ponto (sem dimenso na geometriaclssica) na imagem eletrnica: o pixel.Destaforma,adimensozeroassumeumaimportnciadigital,retirandoa hegemonia das dimenses e representaes analgicas as quais tiveram, ento, a linha, asuperfcieeovolumenageometriaclssica.Portanto,desaparecemaprofundidade doespao,aprofundidadedecampodassuperfciesexpostasobservaodireta.Em contrapartidasurgeaprofundidadedetempo.Opixelcorrespondeaopontoluminoso deimagemsinttica.Alinha,asuperfcieeovolumepassamaserefeitosda projetividade do ponto e da instantaneidade da transmisso. A durao (o tempo) passa a serdeinstantessemduraoperceptiva,assimcomoaretafeitadepontosqueno possuem dimenso sensvel na geometria clssica. Sendo assim, o espao-tempo da representao tico-eletrnica do mundo no mais aqueledasdimensesfsicasdageometria.Aprofundidadenomaisaquelado horizontevisualnemadopontodefugadaperspectiva,masapenasadagrandeza primitivadavelocidade,davelocidadedaluz.Instala-se,assim,ahegemniadoastro solar,oraioluminoso,comoreferentesupremo,padrodaterra,paraalmdos meridianos,datoesa,dometro;paraalmdamatria...opontoluminososucedeu,nas novas representaes da forma-imagem do mundo, ao ponto de fuga dos perspectivistas, ou melhor, o ponto luminoso tornou-se o ponto de fuga da velocidade de luz, o no lugar de sua acelerao (VIRILIO, 1993: 32, 33). Torna-se oportuno relacionar esse novo enfoque com o advento do princpio da incerteza deHeisembergedaconstantedePlanck.Ocorreumasuperaodadiferenaentre matriaeluz,bemcomodasnoesdeespaoedetempo.Arelaoclssicade espao-tempoentraemcrisefrenteaospressupostosdafsicaqunticaedateoriada relatividade.Oprincpiodaincertezaprescreveaimpossibilidadedeconhecer, simultaneamente, a posio e a velocidade de uma partcula. Dessasbrevesconsideraesdeduz-sequehumdescompassoentreainformao direta dos nossos sentidos e a informao mediatizada das tecnologias avanadas. Esse descompassotornou-setograndeapontodeafetarnossosjulgamentosevalores, nossas medidas das coisas: do objeto para sua figura, da forma para sua imagem e dos acontecimentoshistricosparaumarealidadeestatstica.Fatoessequepode, tecnologicamente, levar a um delrio generalizado de interpretaes. A memorizao de acontecimentos tem permitido o emprego de escalas variveis, desde enfoquesmacronoespaoenotempoquelesqueretratamsituaesdelimitadase contextualizadas,microenfoquesdecurtaduraoqueformamumaextensarede dispersaedeimpossvelcaracterizaocomoconjunto.Hojeprevaleceatendnciaa memorizar fragmentos da Histria,quando no, fragmentos de fragmentos: a Histria emmigalhasdemigalhas.Nestesentido,constata-seumaproliferaodecortesna Histria,numritmoaceleradodeproduo,promovendoassimumaacumulaode informaestoelevadaoquedificultaoprocessodeassimilaodetoextensa produo (e tambm de equivalente destruio). Apropsito,dizBaudrillard:Surpreendenteaobesidadedetodosossistemasatuais, essa'gravidezdiablica',comodizSusanSontagdocncer,queadenossos dispositivosdeinformao,decomunicao,dememria,dearmazenamentode produoededestruio,topretrios,quetmdeantemoagarantiadejno servirem...Tantascoisassoproduzidaseacumuladasquenuncamaisterotempode servir...Tantasmensagensesinaissoproduzidosedifundidosquenuncamaistero tempo de serem lidos. (BAUDRILLARD, 1990: 39) 5 Nessesentido,atendnciapresentificaodamemriaacabaportornarefmero esse processo de acumulao permitindo, de certa forma, uma desmemorizao. Lembramosqueoshistoriadoresdamodernidadeseesforaramparacunharuma cientificidadedaHistria,cujooobjetivoseriaaverdadehistrica.Aoladodeles,os profissionaisvoltadosparaapreservaodopatrimniocultural,seesforaram, igualmente,paraoestabelecimentodeumrestaurocientfico(Giovannoni),nosentido deentenderorestaurocomoumprocessomaisprximopossveldaverdade.Eisso, apesar do movimento moderno, na arquitetura e no urbanismo, ter esquecido, em tese, o passado. Valesalientarque,almdoprincpiodeindeterminao,teoriaseformulaesoutras tmafetado,diretaouindiretamente,aquestodamemorizao.Anovaformao discursiva,devepressupor,emprincpio,porexemplo,ateoriadocaos,ateoriadas catstrofes,ateoriadosjogosdelinguagem,ateoriadasredeserelaesdepoder, enfim,umconjuntodenovosparmetrosepistemolgicosquedevemafetaraformao discursiva da noo de Memria e, consequentemente, do Patrimnio Cultural. Hoje, embora os princpios, mtodos, tcnicas e prticas de preservao da memria e do patrimnioculturalestejambastantedifundidosentreprofissionaiscompetentes,nem sempreasprescriesecritriosresultantesdessesaberacumuladotornam-se determinantes para decidir sobre as intervenes a serem processadas. Outros interesses e critrios prevalecem. III - QUESTES RELACIONADAS COM A PRESERVAO Hoje,anovacondioculturalsobagidedaglobalizaoeconmica,dacomplexae dispersarededepoderesedodesenvolvimentodastecnologiasavanadasde transmisso e comunicao,vemcolocando em cheque o questionamento acadmico tantas vezes trazido tona: oqu,comoeparaquempreservar. Em decorrncia das atuaistransformaesocorridasnasociedadecapitalista,asnoesdememriaeade patrimnio cultural acabaram por perder a identificao com o critrio de verdade que as condies culturais da modernidade se propunham a estabelecer. No atual sistema geral deproduoedeconsumonadapareceescaparaocrivodacomercializao:tudovira mercadoria, inclusive a memria e o patrimnio cultural herdado, criado ou recriado. Amaioriadasconsideraesaquiapresentadastemumarelaomaisdiretacoma realidade de um pas mais prximo ao terceiro mundo do que ao primeiro, embora ambos, em escala de diferentes grandezas, revelem os efeitos produzidos pela indstria cultural e pela poderosa indstria turstica, hoje a terceira no ranking mundial. O questionamento: o qu, como e para quem preservar, atendendo lgica do sistema, ficaaosabordeinteresseslocais,nacionaiseinternacionais,sobatuteladaindstria culturaledoturismo,salvoemsituaespontuaisdecorrentesdefortesreivindicaes promovidaspormovimentossociaisorganizados,excludosdopoder,eisso,atravsde manifestaes contrrias s intervenes programadas por aqueles que detm o poder de 6 deciso,visandoofavorecimentodegrupos,empresaseinstituiesquegravitamem sua rbita. Emoutraoportunidade,emartigojpublicado,caracterizamosaintervenonoCentro HistricodeSalvador,noPelourinho(1).Nelesorelatadososprocedimentos decontrutivistasdeprincpios,mtodos,tcnicaseprticasherdadasdacientificidade moderna.Vriasrazesjustificaramainterveno:oturismo,acomercializaodos espaosearepercussopolticavisandofinseleitoreiros.Tudoistosobachancelada mdia atravs da exaltao enganosa de imagens virtuais de falaciosas argumentaes e da velocidade de execuo das obrasno curtoprazo poltico disponvel. Omitiu-se de forma autoritria o drama social da remoo dos antigos moradores, os excludos. Mais,fez-seumamontagemdelicitao;hierarquicamente,orgosuperiorde preservao,oSPHAN,napocasoboutracoordenao,preferiuomitir-sequantos propostas de interveno; foram criadas praas para o lazer desmemorizando o histrico parcelamentourbanodoslotes,semdeixarnenhumvestgiodaquelapr-existente configurao e, por fim, contrariando experincias internacionais, de preservao voltadas prevalentementeparafinssociais,criou-se,equivocadamente,umexclusivoshopping centeracuaberto,noparaagrandemaioriadoshabitantesdeSalvador,maspara umaelite,supostamenteinternacional,primeiromundista:umailhadafantasiarodeada depobrezaportodososlados.Hoje,umcomprovadofracassocomercialemrelao aosobjetivosinicialmenteestabelecidos.Umagrotescaintervenopreservacionistaem queamemriadessemonumentalconjuntoqueoPelourinho,consideradopela UNESCOcomoPatrimniodaHumanidade,foisubmetida,peloimediatismoe oportunismo, a interesses prevalentemente comerciais e polticos desmerecendo assim, o rigor e cuidados que a interveno estava a exigir em relao a mensagem histrica e a utilizao de mtodos e tcnica que demandaria maior tempo de execuo (a exemplo do Chiado em Lisboa). Nocasoemquesto,taisexignciassemostraramincompatveiscomoprazopoltico estabelecidoparaainterveno.Aintensivautilizaodamdiafoiosuficientepara vender uma imagem sem questionamentos e para promover e louvar a iniciativa. Hoje, o elevadocustoparaoscofrespblicosdoprogramaPelourinhodiaenoiteprocura,de certaforma,compensarereverterofracassodeintervenoemrelaoaosobjetivos inicialmenteprevistosdoretornodosinvestimentos,isto,atravsdoturismoeda comercializaodosespaosdestinadosaumaclientelasocialmentemaiselevada.Tal reverso, de fato, ainda no ocorreu. Porsuavez,aquestodecomopreservar,emprincpio,deveriaserindependenteda decisotomadoemrelaoaoquepreservar.Aquestopressupeaafirmaoouo confrontodeteoriasouideologiasrelacionadascomapreservaodamemriaedo patrimniocultural,utilizandomtodosetcnicasdeumsaberespecfico,consolidado atravsdeinovaes,estenormalmenteconflitanteemrelaoaospadres preservacionistasexistentes.Essaetapa,comopreservar,pressupeumnvelmais propositivoeexecutivos,portanto,umacompetnciatcnicaquenoexcluetodaviaas relaesdepoderes(dehierarquias)queemanamdeinstituiesgovernamentaisde preservaooudasempresasespecializadas(terceirizadas)queoferecemserviosna rea,prticaessacadavezmaisfrequentenoatendimentoaosideaisneo-liberaisque visam o enxugamento das atribuies do Estado. Emrelaoquestodecomopreservar,torna-seoportunoteceralgumas consideraes sobre outra recente interveno na Praa da S em Salvador/BA. Em tese, 7 talfatodeveriaextrapolararelaodepoderesinstitucionaiseater-seaumsaber especfico,relacionadocompressupostostericos(informaes)eprticas (experincias), ou seja, um elevado grau de competncia profissional e criatividade. Um conjunto de imveis da histrica Praa da S vem sendo restaurado pelo Instituto do Patrimnio Artstico e Cultura da Bahia _ IPAC/BA. Um deles, de destinao comercial e pouco expressivo como arquitetura, foi cosntrudo na dcada de 50 e recuado em relao aoalinhamentodosdemaisimveisemdecorrnciadasposturasurbanisticasdeento. Eraprevistaumagaleriapressupondo-seque,comotempo,osvelhossobradosseriam substitudospormodernasedificaes.Nomnimodiscutvel,oprojetopropostopelo IPACparaolocal,ocupouorecuopreenchendo-ocomumacourtainwallemcristal fumalinhadasfachadasdasedificaespre-existentes.Ainslitaintervenovoltada para o poente recebeu logo uma irnica conotao popular: forno micro-ondas da S... Valesalientar,entretanto,queaconstruodoreferidoprojetofoiiniciadasemodevido avaldaseoregionaldaSecretariadoPatrimnioHistricoeArtsticoNacional- SPHAN,rgofederaldepreservao.Sentindo-sedesrespeitadoemsuas competncias, a obra foi embargada pelo SPHAN. Em seguida, foram realizadas reunies entretcnicosdasduasinstituies,ocasioemqueafloraramdivergnciasconceituais emrelaoapropostadoIPAC.Enquantoisso,menosprezandooembargo,oIPAC acelerou a construo, principalmente a fachada (o pomo de discrdia), visando tornar a sua proposta irreversvel, menosprezando o veto imposto pelo SPHAN ao andamento da construo. Sentindo-sedesrespeitadoemsuasatribuiesecompetnciasaSPHANdenuncioua ocorrncia ao Ministrio Pblico e a questo foi levada a justia que deu ganho de causa a SPHAN. No momento, negociaes entre a Secretaria de Cultura e Turismo do Estado da Bahia e a SPHAN encontram-seem andamento. Em ltima instncia, o resultado das negociaesdependerdadecisopoltica,provavelmenteafachadapropostapelo IPAC ser mantida. Independentedodesfechofinaldessaocorrnciaaqualretrataumaexplcitarelaode poderentreinstituiespreservacionistas,permaneceaquestodecomopreservar.No caso,admitindo-sequeaintervenofosseprocessadapeloSPHAN,atravsdeseu quadrotcnicooudeserviosterceirizados,quepropostaresultaria?Queopes estariam em jogo?Propor um concurso pblico de idias? Deveria o inexpressivo imvel da dcada de 50 ser mantido? Ser favorvel a uma interveno ps-moderna da vertente conservadoradops-modernismo(neo-neo-colonial)?Umainterpretaodo regionalismocrticoou,atmesmo,umapropostadeconstrutivistaradicalprximas intervenes de Frank Gehry, por exemplo, em Praga, Paris e Bilbao? Basicamente,aquestocomopreservarpressupeumelevadoeatualizadonvelde informao,competnciaecriatividade.Oquenoocorreunaintervenoemquesto. Normalmentequandohconfrontoentrepropostastcnicasadecisoresvalaparaos interessespolticos,prevalecendoaquelaquepossuimaisrespaldodopoder.Nofundo, saber e poder so faces da mesma moeda. Altimaquesto,paraquempreservar,pressupeanoodeusodeconsumo.Hoje, diversamentedasquestesvoltadasparaabuscadaverdadeedautopiasocial,as intervenes preservacionistas, coerentes com a lgica do sistema vigente, tm objetivos cifrados, eles passam pelo vis da indstria cultural e da indstria turstica. A memria e o patrimnio cultural tornaram-se ingredientes indispensveis. E a isso se soma o inevitvel 8 e poderoso papel desempenhado pela mdia na formao do novo imaginrio coletivo. O retornodosinvestimentosaplicadosnooqueenocomopreservareadecorrente obtenodeganhospolticos,atravsdefantasiosasevirtuaisexaltaespromovidas pelouniversotelemtico,sopressupostosfundamentaisparaadestinaodoquese pretende preservar. Paramelhorcaracterizaressaquestobastaconstatarasrecentestransformaes ocorridasemmuseus,monumentosestioshistricos,fenmenobemmaisvisvel naquelesconsideradososmaisimportantes.parteoingressocobrado,comercializam reproduesdeseusacervosatravsdasmaisdiferentesmodalidadesetcnicas. Implantam-se autnticos shopping-centers que comercializam reprodues em tela, papel etecido;moldam-seobjetos,esculturasejias;suasestantesexpemluxuosas monografias,postais,agendas,calendrios,slides,vdeos,CD-Romseuma multiplicidadedelembranas:chaveiros,cinzeiros,camisetas,bons,gravatas,lenos, etc. Emnossareadearquitetura,porexemplo,bastavisitarafamosacasasobrea cascatadeWrightparaconstatar,deformaexemplar,essacomercializaoda memria.Ummini-shoppinginstaladonaproximidadedacasaexpeumvariadssimo cardpiodeplantasarquitetnicas,desenhos,fotos,livros,modelosreduzidos,miniatura devitrais,materialdeescritrio,camisetas,lenos,gravatas,etc.,todososobjetos referenciados obra do grande arquiteto: a griffe Wright. fcil constatar que os turistas -nagrandemaioriaarquitetosdetodoomundo-acabamporsedetermaisno Wright/Shoppingdoquenaprpriacasa.Ocultoimagemvemsetornandomais sedutora que o culto prpria realidade. ApropsitodacomercializaodoPatrimnioCulturaldosmuseus,valelembrara intensiva prtica de realizao de grandes exposies temporrias e daquelas itinerantes quecirculam,portodooplaneta.Seporumlado,acirculaodessesacervospelos vriosterritriospermiteoacessoeodesfruteporsegmentodapopulaodas metrpoles, por outro lado, pode-se observar que uma recelebrao desses ncones da culturaocidental,permitindoumaleituracrticaondesubjazesereproduzocultoaos valoresdaculturadominante.Essesistemapromocionalpassaaserassociadoa performance,espetculo,marketing,simulaoeprinciplamenteeficcia.Associado essesaspectosprevaleceaimagensdasempresaseorganizaespatrocinadoras: mecenas da ps-modernidade. Aoladodessastransformaes,constata-seumabanalizaogeneralizadaemrelao aoconsumodaMemriaedoPatrimnioCultural.Essaproliferaogeneralizadade preservao,essesentimentopelosacontecimentosecoisasdopassado,permitea formulao de algumas interpretaes. Excluda a vertente econmica, isso , a Memria eoPatrimnioculturalcomomercadorias,talsentimentopodesignificar,tambm,uma naturalreaofrenteaturbulnciadosacontecimentosdainseguranapromovidapela dinmicadomododevidaatualeconsequentemente,umafugaparaopassado,uma vezqueasperspectivasdofuturosedemonstramimprevisveis,caticas, indeterminadas, atpicas. Trata-se de uma volta ao passado, fantasioso e presentificado. Cria-se a utopia do passado. Poroutrolado,oacmulocotidianodeinformaesdasmaisdiversasnaturezas, inclusiveaquelasquesereferemMemriaeaoPatrimnioCultural,promovidopelas tecnologiasavanadasdisponveis,acabacriando,comojvimosumaobesidade informacionaldeimprevisveisconsequncias,inclusivepromovendoadesmemorizao 9 dosacontecimentos.Todavia,essevelozefugazaparecimentoinformacionalda Memria, associado componente econmica, tem objetivos que extrapolam os critrios defidelidadehistrica:abdicadoseudesempenhocomoestritaverdadeparaassumir umaconotaodesimulao,seduoeespetculo:aMemriaeaculturacomo espetculo. possvel que estejamos vivendo uma etapa na qual a lgica da dispersoviraldas informaesemgeraledosacontecimentosdaHistriaedosvalorespatrimoniaisda produo cultural em particular, participem de um estdio fractal.Segundo Baudrillard, noestdiofractal,ouestdioviral,ouaindaestdioirradiadodovalor,jnoha nenhumareferncia:ovalorirradiaemtodasasdirees,emtodososinterstcios,sem refernciaaoquequerqueseja,porpuracontiguidade.Noestdiofractal,jnoh equivalncia,nemnaturalnemgeral,nemhleidovalorpropriamentedita:shuma espciedeepidemiadovalor,demetstasegeraldovalor,deproliferaoede dispersoaleatria.Emrigor,jnosedeveriafalardevalor,jqueessaespciede desmultiplicaoedereaoemcadeiatornaimpossvelqualqueravaliao...o esquemaatualdenossacultura...ascoisas,ossignos,asaessoliberadasdesua idia, de seu conceito, de sua essncia, de seu valor, de sua referncia, sua origem e de sua finalidade,. entram numa auto-reproduo ao infinito. As coisas continuam a funcionar aopassoqueasidiasdelasjdesapareceuhmuito.Continuamafuncionarnuma indiferenatotalaseuprpriocontedo.Eoparadoxoqueelasfuncionammelhor ainda. (BAUDRILLARD, 1990: 11) propsito, basta relembrar o espetculo global que vem sendo promovido em relao as comemoraes do quinto centenrio do descobrimento do Brasil. Excludos os estudos sriospromovidospelouniversodepesquisadoresenvolvidoscomoacontecimento,os signoseasaesliberadosdesuasrefernciasoriginaispassamaserreproduzidose manipuladosparafinsempresariaisdenaturezapromocionaloucomercial,ouumplano depolticacultural,porinstituiesgovernamentaisefundaes.Ossmboloscriados sobreohistricoacontecimento,aostensivacontagemregressivaeoelencode programaes previstas tronam presente o grande espetculo do ano 2.000. A discutvel propostaeprojetoparaaconstruodomemorialdoDescobrimentoemPortoSeguro comprovaessatendnciaemtransformaramemriaemespetculoinfraestruturado pelas atividades econmicas e pelas promoes polticas. Nacontracorrentedessascomemoraes,encontram-seasminoriasdascomunidades indgenas, intelectuais e historiadores e partidos de oposio, que no encontram motivos paraqueesseacontecimentosejaalvodeefusiantescomemoraes;antes,pelo contrrio,seriaoportunidadeparareflexosobreatosexplcitosdedominaoe opresso,cujasrepercusseseefeitosperduramathoje,soboutrasformase modalidades. Esseseoutrosfatosmenosrelevantesacabamporconstruirumaextensa,dispersae aleatriarededeacontecimentoshistricosqueflutuamaosabordeinteressediversos, sejam eles de natureza econmica, poltica ou cultural, ao tempo em que deconstrom e desenraizamsuasrefernciashistricasoriginais.Essaindiferenaaoscontedos originaisfavorecidapelasnovastecnologiasdetransmissoecomunicaoque, utilizandoqualqueracontecimentodevalorculturalpatrimonial,passamabanaliz-lo atravs da propaganda comercial, muitas vezes numa demonstrao de total irreverncia Memriaeaosvaloresculturaisherdados.Asnarrativashistricaspassamporuma inevitvelfragmentao,tratadasatravsdeflashesredutoresacrescidosde 10 ingredientesfantasiososesedutoresqueacabamporpromoverateatralizao,o espetculo que, na maioria das vezes, resvala para a pardia. IV - CONCLUSES Do exposto conclui-se que as noes e conceitos de Memria e Patrimnio Cultural esto perdendo o significado que tiveram na formao discursiva da modernidade. A questo da verdadehistricarelacionadacomapreservaodamemriaedopatrimniocultural frente ao processo de globalizao econmica, no caso, sob a gide da indstria cultural edaindstriaturstica,temalteradosubstancialmenteosentidoquetaisnoese conceitostiveram nos meios culturais e junto ao senso comum. Despojadadapositividadequetaisnoeseconceitospressupunhamostentar,a MemriaeoPatrimnioCulturalnoresistiramafatalidadedecretadopelosistema capitalistavigenteemsua fasedeglobalizaoeconmica:foram,tambm,inseridosno universodasmercadoriase,sendoassim,seguemsuasleisemtodos.Todavia,tal insero pressupe no apenas uma simples passagem da abstrata idealidade positivista condio de mercadoria. Ela d-se atravs de uma complexa mudana dos parmetros epistemolgicosdasnoesdeespaoedetempoedeumconjuntodeprincpiose teoriasquesubverteramacinciaclssica:amudanadoregimedetemporalidade, auxiliadopelouniversodatelemtica,definiuavelocidadedaluzcomograndeza primitivaqueextrapolatodaamedida,tantodetempocomodelugar.A distncia-velocidade ultrapassa a noo tradicional de dimenso. O novo espao-tempo tecnolgico acaba por presentificar os acontecimentos. A instantaneidade da transmisso erecepoinduzemconstruodeumahistriapresentificada,ouseja,aHistria construindo o presente. Notocantesquestesrelacionadascomapreservao,oqu,comoeparaquem preservar, foi feito um conjunto de consideraes tendo como pano de fundo a ilustrao deduasintervenesrecentesocorridasemSalvador/BAecomentriossobrea transformaodemuseus,monumentosestioshistricosemautnticos shopping-centers,bemcomoagrotescadecisodemudaronomedoaeroportode Salvador. Dessasconsideraestornou-sepossvelcaracterizaraexistnciadeumprocesso deconstrutivistadamemriaedopatrimnioculturalemrelaoaospressupostosda modernidade.Asmudanasrevelamque,hoje,asidealizaespositivistasestosendo substitudas por outros pressupostos e interesses. As preocupaes com a cientificidade dosmtodosetcnicasdepreservaoencontram-sesubordinadosouatmesmo esquecidos em relao a outras exigncias. Os objetivos de interesses econmicos e de oportunismo poltico prevalecem e contribuem para a construo de uma realidade virtual estritamente relacionada ao advento e avano tecnolgico do universo telemtico. Finalizando,opresentetextoprocuroulevantaraseguintehiptese:noatualcontexto cultural,aMemriaePatrimnioCulturalcontrariamenteaospressupostosda modernidade,sofremumaradicaltransformaoesuasconceituaesseinserem,de formadefinitivaebanalizada,nouniversodaeconomia,dopoderedasrealidades virtuais,daproduoimagticapromovidapelosrecursosdastecnologiasavanadasde transmissoecomunicao.Essastransformaes,emvirtudedaobesidade informacional,fazemdaMemriaedoPatrimnioCulturalumuniversoatomizadoe 11 dispersode acontecimentosque brilhaminstantaneamentena fugacidadee efemeridade das imagens guisa de um espetculo que se apaga na vala comum do esquecimento. Trata-seportantodeumtextoinicialqueestaraexigir,subsequentemente, aprofundamentodaquestoedaconflunciadeoutrasrefernciatericas,reflexese contribuiesporpartedaquelesdispostosapercorrer,provavelmentesemretorno,o labirintodamemria,labirintoesteconstruidocomrenomerizaesdopresenteeda performance do virtual patrimnio cultural. Salvador/junho/1998 NOTAS 1.QuandoaHistriaviraEspetculodoPoderIn:AnaisdoSeminrioInternacional EstratgiasdeIntervenoemreasHistricas.Recife,MDU/UFPE,1995,149-156e Anais do VI Encontro Nacional da ANPUR, Braslia, 1996, 825-835. BIBLIOGRAFIA BAUDRILLARD,Jean-ATransparnciadoMal.Ensaiossobrefenmenosextremos. Campinas/SP, Papirus, 1990. JAMESON,Frederic-Ilpostmoderno,olalgicaculturaledeltardocapitalismo.Milo, Garzanti, 1989. MAGNAVITA,Pasqualino-QuandoaHistriaviraEspetculodoPoder,um ps-modernismodereao.In:AnaisdoSeminrioInternacional:Estratgiasde Interveno em reas Histricas. Recife, MDU/UFPE. ___________QuandoaHistriaviraEspetculodoPoder,Acondiops-modernana preservao. In: Anais do VI Encontro Nacional da ANPUR, Braslia, 1996. NOVAES, Adauton - Tempo e Histria, S. Paulo Companhia das Lestras, 1992. VIRILIO, Paul - Espao Crtico. Rio de Janeiro, Editora 34, 1993. 12