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7/23/2019 561430-Artigo___Estágio_III http://slidepdf.com/reader/full/561430-artigoestagioiii 1/12 Revista Pensar Comunicação, v. 2, n. 1, jul. 2014 INTERAÇÃO PROFESSOR-ALUNO NO PROCESSO DE ENSINO- APRENDIZAGEM Teacher-student interaction in the teaching-learning Juliana Lopes de Almeida Souza 1 RESUMO O estudo aqui apresentado buscou verificar os aspectos que envolvem a relação  professor e alunos na prática docente do Ensino Superior. A complexidade do problema envolve os aspectos cognitivos da interação, sócio-emocional e diferenças individuais dos alunos. Relata-se quatro grandes áreas, quando a ênfase é no processo de aprendizagem: a do conhecimento, a do afetivo-emocional, a de habilidades e a de atitudes ou valores. Os estudos sobre a docência mostram que a qualidade da interação  professor-aluno, acrescida da preocupação com o processo de ensino-aprendizagem, é uma característica dos professores que estimulam a participação, levando à construção da autonomia do aluno. Baseado nos autores estudados, a docência no Ensino Superior é um trabalho que tem como objeto as relações humanas. A interação professor-aluno no  processo de ensino-aprendizagem cria condições para possibilitar a transferência de conhecimentos a partir de estratégias de ensino em sala de aula. Palavras-chave:  professor-aluno; ensino-aprendizagem; relações humanas. Abstract The paper evaluates the aspects that involve the relationship between teacher and students in teaching practice in College education. The complexity of the problem involves the interaction of cognitive, social, emotional and individual differences of students. Its report four major areas where the emphasis is on process of learning: knowledge, the affective-emotional, skills and attitudes or values. Studies show that teaching about the quality of teacher-student interaction, increased concern for the teaching-learning, is a characteristic of teachers that encourage participation, leading to the construction of learner autonomy. Based on the authors studied teaching in College education is a job that has human relations as object. The teacher-student interaction in the teaching-learning creates conditions that enable the transfer of knowledge from teaching strategies in the classroom. Keywords: teacher-student;teaching-learning; human relations. 1 Professora de Graduação e Pós-Graduação na área da Comunicação nas Faculdades Promove, Centro Universitário UNA e PUC - Minas. Graduada em Comunicação Social - UNIBH. Mestre em Ciência da Informação pela Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG. E-mail: [email protected] 

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Revista Pensar Comunicação, v. 2, n. 1, jul. 2014

INTERAÇÃO PROFESSOR-ALUNO NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM

Teacher-student interaction in the teaching-learning

Juliana Lopes de Almeida Souza

1

RESUMO

O estudo aqui apresentado buscou verificar os aspectos que envolvem a relação professor e alunos na prática docente do Ensino Superior. A complexidade do problemaenvolve os aspectos cognitivos da interação, sócio-emocional e diferenças individuaisdos alunos. Relata-se quatro grandes áreas, quando a ênfase é no processo deaprendizagem: a do conhecimento, a do afetivo-emocional, a de habilidades e a deatitudes ou valores. Os estudos sobre a docência mostram que a qualidade da interação

 professor-aluno, acrescida da preocupação com o processo de ensino-aprendizagem, éuma característica dos professores que estimulam a participação, levando à construçãoda autonomia do aluno. Baseado nos autores estudados, a docência no Ensino Superior éum trabalho que tem como objeto as relações humanas. A interação professor-aluno no

 processo de ensino-aprendizagem cria condições para possibilitar a transferência deconhecimentos a partir de estratégias de ensino em sala de aula.

Palavras-chave: professor-aluno; ensino-aprendizagem; relações humanas.

Abstract

The paper evaluates the aspects that involve the relationship between teacher andstudents in teaching practice in College education. The complexity of the probleminvolves the interaction of cognitive, social, emotional and individual differences of students. Its report four major areas where the emphasis is on process of learning:knowledge, the affective-emotional, skills and attitudes or values. Studies show thatteaching about the quality of teacher-student interaction, increased concern for theteaching-learning, is a characteristic of teachers that encourage participation, leading tothe construction of learner autonomy. Based on the authors studied teaching in Collegeeducation is a job that has human relations as object. The teacher-student interaction inthe teaching-learning creates conditions that enable the transfer of knowledge from

teaching strategies in the classroom.

Keywords: teacher-student; teaching-learning; human relations.

1 Professora de Graduação e Pós-Graduação na área da Comunicação nas Faculdades Promove, CentroUniversitário UNA e PUC - Minas. Graduada em Comunicação Social - UNIBH. Mestre em Ciência daInformação pela Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG. E-mail: [email protected] 

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Introdução

Pensar a relação professor-aluno faz-se necessária na prática docência. A

interação professor-aluno no trabalho docente ressalta vários aspectos, citam-se, a

 partir de Libâneo (1990): o aspecto cognoscitivo e o aspecto sócio-emocional . A

questão da docência universitária e do processo de ensino-aprendizagem é

apresentada, em estudos, no livro  Reflexões e Práticas em Pedagogia Universitária.

Destes citam-se, em particular, os de Maria Castanho, Márcia Melo, Telma

Cordeiro e Délcia Ericone, em 2007. Para alcançar os objetivos do processo de

ensino, levantam-se questionamentos à cerca da transmissão e assimilação dos

conhecimentos através dos processos de ensino-aprendizagem, bem como a

comunicação, os aspectos afetivos e emocionais. Em que condições os aspectos

cognoscitivo,  sócio-emocional e as diferenças individuais dos sujeitos envolvidos,

no ensino-aprendizagem, influem na interação professor-aluno? Como e quais

estratégias de ensino-aprendizado devem ser utilizadas para alcançar essa interação

 professor-aluno no ensino superior? Procura-se entender a interação entre professor 

e alunos como uma relação humana dinâmica. É preciso considerar o fato de que o

 professor, quando se torna comprometido com o aluno e com uma educação de

qualidade, possa ultrapassar a mera condição de ensinar.

A complexidade do problema

Aprender a ensinar é um processo complexo que envolve fatores cognitivos,

afetivos, éticos e metodológicos. Todo processo de formação deve ter sentido paraquem o realiza, mas também para quem o propõe (Libâneo, 1990). Os valores

éticos, sociais, epistemológicos, os referentes culturais e o desenvolvimento

 pessoal, considerando as diferenças individuais, são fatores a ser estudados para

que haja melhoria da qualidade do trabalho docente. As experiências vitais que fazem

da história pessoal e profissional estratégias para resolver situações problemáticas de

ensino e reconhecimento da articulação teoria-prática vão gerando uma trama de

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conhecimentos sobre a vida nas salas de aulas, que possibilita, de forma crescente, a

configuração do campo da didática universitária. As estratégias metodológicas devem

 buscar uma relação teoria-prática constante. Enfatiza-se a palavra relação, na

interação professor-aluno, porque implica a vinculação constante nesse processo.

Relação professor-aluno

Para Libâneo (1990) o trabalho docente trata-se da relação entre o professor 

e o aluno, da forma de se comunicar, se relacionar afetivamente. O autor chama de

"situação didática" as dinâmicas e observações fundamentais para a organização e

motivação do trabalho docente, para alcançarmos com sucesso os objetivos do

 processo de ensino. Libâneo ressalta dois aspectos na interação professor-aluno no

trabalho docente: o aspecto cognoscitivo e o aspecto sócio-emocional . Na interação

 professor-aluno, as diferenças individuais são aspectos que devem também ser 

considerados para determinar quais estratégias utilizar, em sala de aula, para a

aplicação da aprendizagem.

 Aspectos cognoscitivos da interação

Libâneo (1990, p.250) define como cognoscitivo o processo ou movimentos

que transcorre no ato de ensinar e no ato de aprender. Sob este ponto de vista, o

trabalho do professor “é um constante vai e vem entre as tarefas cognoscitivas e o

nível dos alunos”. Para se ter um bom resultado de interação nos aspectos

cognoscitivos deve-se: manejar os recursos de linguagem; conhecer o nível dos

alunos; ter um bom plano de aula; e possuir objetivos claros.

 Aspectos sócio-emocionais

Estes aspectos são os vínculos afetivos entre o professor e os alunos. O autor 

afirma que “é preciso aprender a combinar a severidade e o respeito”. Deve-se

entender que neste processo pedagógico a autoridade e a autonomia devem conviver 

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 juntas, a autoridade do professor e a autonomia do aluno como uma forma

complementar (LIBÂNEO, 1990, p.250).

 Diferenças individuais

Os alunos apresentam diferenças significativas em relação à aprendizagem. Há

muitas razões que determinam essas diferenças entre eles. A herança genética responde

 parte delas. Mas também devem ser considerados outros fatores, como: tipo de

educação recebida, background  cultural, condições de vida, etc (Masetto, 2003;

Ericone, 2007).

Estudos sobre a docência

Maria Castanho (2007, p.67) utiliza o termo “ensinagem”, o qual explicita a

intenção de significar o ensino em que realmente houve aprendizagem. Termos como

ensinar, aprender e apreender também são utilizados pela autora. O primeiro deve ser 

uma ação intencional e deve resultar em aprendizagem; o segundo significa reter 

informações e é um termo ligado à pedagogia tradicional que deve ser superado pelo

terceiro, que significa se apropriar dos conhecimentos, a fim de que estes se integrem à

estrutura cognitiva dos educandos. Para Maria Castanho (2007, p.72) “a qualidade da

relação entre professor e aluno, acrescida da preocupação com a relação entre teoria e

 prática, é uma característica dos professores que estimulam a participação, levando à

construção da autonomia. As relações interpessoais rompem com a figura do processo

centralizador e controlador”. Já para Márcia Melo (2007, p.99) o entendimento da

docência nessa perspectiva, sintetiza o conceito de docência como atividades demediações, relações comunicativas e interações compartilhadas e interdisciplinares, com

 base nos discursos apresentados pelos professores pesquisados.

Maria Castanho (2007) lista algumas estratégias de “ensinagem” que podem ser 

 propostas para auxiliar os professores do ensino superior nessa caminhada de superação

dos métodos tradicionais de ensino, tais como: a aula expositiva dialogada, o estudo de

texto, o portfólio, a tempestade cerebral, o mapa conceitual, o estudo dirigido, a lista de

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discussão por meios informatizados, a solução de problemas, o grupo de verbalização e

de observação, a dramatização, o seminário, o estudo de caso, o júri simulado, o

simpósio, o painel, o fórum, a oficina, o estudo do meio e o ensino com pesquisa. A

autora destaca a importância de traçar objetivos para a utilização das estratégias, pois

estas não podem ser usadas como fins em si mesmas.

Telma Cordeiro (2007) reflete sobre a problemática da docência remetendo à

necessidade de repensar a aula como um espaço de formação. Esse espaço, conceituada

 pela autora como “espaço nuclear”, deve ser questionado nas suas concepções básicas,

compreendido nos seus muitos sentidos, como forma de sintonizá-lo com as exigências

atuais: as do mundo do trabalho e, sobretudo, as necessidades fundamentais da pessoa.

 No processo de humanização, duas categorias são fundamentais para a autora: a ética e

o diálogo. Telma Cordeiro (2007, p.121) destaca ainda que aprender e ensinar a

realidade exige-se “pensamento crítico, abertura para escutar, saber ver, ouvir e sentir o

outro; exige o diálogo e uma postura ética”. Ressalta que ensinar e aprender, no

contexto de aula que se faz na tríplice dimensão de ensino, pesquisa, extensão, é um

 processo que envolve os sujeitos por inteiro e se constitui num caminho de múltiplas

 possibilidades na direção de uma formação humana integral.

O processo de aprendizagem das habilidades sociais e de relacionamento

interpessoal – o aprender a conviver – é apresentado por Délcia Ericone. Para a autora,

(2007, p.152) o maior desafio do docente é “aprender a responder às necessidades

distintas de aprendizagens dos alunos, notadamente durante o período acadêmico de sua

formação profissional e de seu desenvolvimento pessoal”. As crenças, os

conhecimentos, os objetivos são fundamentais para a atuação docente, pois toda pessoa

tem sua própria subjetividade, seus valores, seus afetos, seus sentimentos, suas opiniões.

Segundo Délcia Ericone (2007) “ensinar não é algo neutro; tem carga afetiva”.Rogers (1986, p.128-131) recomenda mudar o foco do “ensino” para a “facilitação

da aprendizagem”. E apresenta algumas qualidades do professor facilitador de

aprendizagem:

a)  Autenticidade. O facilitador deve ser uma pessoa real, autêntica, que seapresenta sem uma máscara ou fachada. O professor pode ser uma pessoaentusiasta, entediada, interessada nos alunos, zangada, sensitiva, e simpática a

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eles. Por aceitar esses sentimentos como seus, não tem necessidade de impô-losaos alunos. Dessa maneira, ele constitui para os estudantes uma pessoa, não “acorporificação anônima de uma exigência curricular ou um tubo estéril atravésdo qual o conhecimento é passado de uma geração para outra” (ROGERS, 1986,

 p. 128).

 b)  Apreço pelo estudante. O professor deve apreciar o estudante, os seussentimentos, as suas opiniões, a sua pessoa. Deve manifestar carinho peloestudante, Mas um carinho que não é possessivo. Um professor deste tipo aceitaa apatia ocasional dos estudantes, e sua falta de método tanto quanto os esforçosdisciplinados na consecução de objetivos mais importantes (ROGERS, 1986, p.130).

c) Compreensão empática. O professor deve ter a capacidade de colocar-se adisposição do estudante, de encarar o mundo através dos olhos deste. Quando o

 professor tem a capacidade de compreende internamente as reações do

estudante, adquire uma consciência sensível na maneira pela qual o processo deeducação e aprendizagem se apresenta no estudante. Assim, aumentam as

 probabilidades de uma aprendizagem significativa (ROGERS, 1986, p. 131).

Os dois processos – ensino e aprendizagem – não devem ser separados, são

complementares e se integram. É preciso compreender bem cada um deles para melhor 

entendermos como se pode fazer a correlação. Quando a ênfase for no processo de

aprendizagem, quatro grandes áreas são referenciadas: a do conhecimento, a do afetivo-

emocional, a de habilidades e a de atitudes ou valores (MASETTO, 2003).

1. Desenvolvimento na área do conhecimento

De acordo com Masetto (2003, p.37) a área cognitiva “compreende o aspecto

mental e intelectual do homem: sua capacidade de pensar, refletir, analisar, comparar,

criticar, justificar, argumentar, inferir conclusões, generalizar, buscar e processar 

informações,...” Essa área não se esgota em assimilar algumas informações ouconhecimentos. Para o autor, as características do desenvolvimento na área do

conhecimento, são:

A aquisição, elaboração e organização de informações, acesso aoconhecimento existente, relação entre o conhecimento que se possui eo novo que se adquire, reconstrução do próprio conhecimento comsignificado para si mesmo, inferência e generalização de conclusões,transferência de conhecimentos para novas situações, compreensão

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dos argumentos apresentados para defesa ou questionamento deteorias existentes, identificação de diferentes pontos de vista sobre omesmo assunto, emissão de opiniões próprias com justificativas,desenvolvimento da imaginação e da criatividade, de pensar e resolver  problemas (MASETTO, 2003, p.37-38).

2. Desenvolvimento na área afetivo-emocional 

De acordo com Masetto (2003) os aspectos na área afetivo-emocional supõem

conhecimentos do próprio indivíduo, de si mesmo, dos diferentes recursos que se

 possui, dos limites existentes, das potencialidades a serem otimizadas.

3. Desenvolvimento na área de habilidades

Tudo o que fazemos com os conhecimentos adquiridos abrange as habilidades

humanas e profissionais. A área de habilidades, segundo Masetto (2003), contempla

alguns exemplos da área cognitiva, tais como: relacionar conhecimentos e informações,

organizar, argumentar e deduzir.

4. Desenvolvimento na área de atitudes ou valores

Os aspectos envolvidos na área de atitudes ou valores devem ser levados em

consideração na aprendizagem. Masseto (2003, p.39) enfatiza que o aspecto mais

delicado da aprendizagem de um profissional é “o coração”.

Criar condições para possibilitar a transferência

Para que a aprendizagem não fique apenas no nível da memorização, o professor 

deverá orientar sua ação pedagógica no sentido de proporcionar a transferência de

aprendizagem. Para favorecer o alcance deste nível, o professor pode segundo Gil

(1995):

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a) empregar exemplos que esclareçam a aplicação dos conhecimentos a situações

específicas;

 b) propor exercícios e trabalhos práticos;

c) favorecer a discussão acerca da aplicação dos conhecimentos; e

d) empregar jogos, estudos de caso e dramatização.

Para que haja aprendizado é necessário que o aluno preste atenção na exposição

do professor, nos textos que lê, ou nos exercícios de que participa. Na realidade, a

atenção do aluno, em boa parte, depende do seu grau de motivação. Contudo, papel

importante cabe ao professor, que deverá conhecer muito bem a estrutura interna do

assunto a ser ensinado, assim como a melhor seqüência de apresentação, a fim de

organizar espacial e temporalmente os estímulos a serem apresentados. De acordo com

Gil (1995) o professor conseguirá melhores resultados em relação à atenção dos alunos

se considerar alguns pontos como:

a)  Humor . Professores bem-humorados conseguem mais facilmente manter atentos

os grupos. Frases espirituosas e exemplos constituem recursos bastante

eficientes.

 b)  Entusiasmo. O entusiasmo do professor com freqüência transmite-se para os

alunos. Por essa razão, convém que os professores somente se disponham a

ministrar determinada matéria quando estiverem convencidos de sua

importância.

c)  Aplicação prática. Poucas coisas são tão dispersivas quanto um longo discurso

que não indique alguma aplicação prática. Por essa razão é que se tornam muitoúteis os exercícios e trabalhos propostos para os alunos.

d)  Recursos auxiliares de ensino. Os recursos audiovisuais são muito importantes

 para manter o grupo atento. A eficiência obtida com esses recursos torna-se

maior quando sua utilização é diversificada.

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e)  Participação. A atenção de um grupo aumenta à medida que sua participação é

solicitada. Cabe, no entanto, considerar que só convém serem feitas ao grupo

 perguntas que possam ser respondidas sem maiores dificuldades. Perguntas mais

complexas podem, ao contrário, servir para inibir os alunos.

Para facilitar a aprendizagem dos alunos, o professor se vale de estratégias, ou

seja, da aplicação dos meios disponíveis com vistas à consecução de seus objetivos. O

termo estratégia vem sendo o mais utilizado nos planos de ensino para indicar esses

 procedimentos. Todavia, são comuns procedimentos dessa natureza serem designados

como métodos de ensino, métodos didáticos, técnicas pedagógicas, técnicas de ensino,

atividades de ensino, “ensinagem”, etc. Para os fins desta pesquisa considera-se a

expressão “estratégias de ensino-aprendizagem” num sentido amplo, que inclui os

termos métodos, técnicas, atividades, meios e procedimentos de ensino. Conforme

mencionado anteriormente, Castanho (2007) lista algumas dessas estratégias que podem

ser utilizadas no processo de ensino e aprendizagem. Outros autores citam a aula

expositiva, a discussão, o seminário, o estudo do texto e o estudo dirigido, como

métodos de ensino (Veiga, 1900; Gil, 1995; Libâneo, 1990; Masetto, 2003).

A interação professor-aluno, no processo de ensino-aprendizagem, cria condições

 para possibilitar a transferência de conhecimentos a partir de estratégias de ensino em

sala de aula, conforme Modelo 1 a seguir.

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MODELO 1- Interação professor-aluno no processo de ensino-aprendizagem

A interação professor-aluno refere-se à relação entre os sujeitos envolvidos. Essa

relação professor e alunos, na prática docente do Ensino Superior, envolvem os aspectos

cognitivos da interação, sócio-emocional e as diferenças individuais dos alunos. As

qualidades do professor facilitador de aprendizagem – autenticidade, apreço pelo

estudante, compreensão empática - estão incluídas também nessa relação professor-

aluno.O processo de ensino e o processo de aprendizagem são complementares.

Quando pensamos em ensinar, as ideias associativas nos levam a instruir, comunicar 

conhecimentos ou habilidades, fazer saber, mostrar, guiar, orientar, dirigir. Quando

falamos em aprender, entendemos buscar informações, rever a própria experiência,

adquirir habilidades, adaptar-se às mudanças, descobrir significado nos seres, nos fatos,

nos fenômenos e nos acontecimentos. Nesse processo ensino-aprendizagem, quatro

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áreas do desenvolvimento dos alunos são importantes: a do conhecimento, a do afetivo-

emocional, a de habilidades e a de atitudes ou valores. As estratégias de ensino-

aprendizado devem ser levadas em consideração para a preparação das aulas, utilizando-

as como um recurso didático adequado ao assunto.

Considerações finais

Os dois processos – ensino e aprendizagem – são importantes na prática docente

do Ensino Superior. O ensino deve ser uma ação que resulta em aprendizagem. A

aprendizagem significa se apropriar dos conhecimentos, a fim de que estes se integrem à

estrutura cognitiva do aluno. Tanto o processo de ensino quanto o da aprendizagem

significativa são aqueles que envolvem o aluno como pessoa, como um todo (ideias,sentimentos, cultura, valores, sociedade, profissão). Eles são efetivos quando: o que se

 propõe para aprender se relaciona com o universo de conhecimentos, experiências e

vivências do aprendiz.

Entende-se, na presente pesquisa, a docência como profissão de interações

humanas, isto é, como profissão que se realiza por meio de uma aprendizagem de

trocas, não como mera aplicação de técnicas, nem de reprodução mecânica de

conhecimentos e práticas, mas como um ato de compartilhamento criativo, sensível,afetivo, cognitivo, humano, ético-político e cultural. Baseado nos autores estudados, a

docência é um trabalho que tem como objeto as relações humanas. Esses processos

formativos que se desenvolvem na aula, que envolvem intrinsecamente a interação e a

comunicação, referem-se à reflexão sobre a socialização de saberes e à abertura ao

diálogo.

Referências

CUNHA, Maria Isabel da (Org). Reflexões e práticas em pedagogia universitária.Campinas, SP: Papirus, 2007.

LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, (Coleção magistério SérieFormação do professor). 1990.

MASETTO, Marcos T. Competência pedagógica do professor universitário. SãoPaulo: Summus, 2003.

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ROGERS, Carl.  Liberdade de aprender em nossa década. 2. ed. Porto Alegre: ArtesMédicas, 1986.

VEIGA, Ilma (org.). Técnicas de Ensino: Por que não? SP, Capinas, Papirus: 1900.

GIL, Antônio Carlos. Metodologia do Ensino Superior. São Paulo: Atlas, 1995.