56715035 Apostila Gestao Financeira

download 56715035 Apostila Gestao Financeira

of 42

Transcript of 56715035 Apostila Gestao Financeira

  • 8/19/2019 56715035 Apostila Gestao Financeira

    1/128

     

     

     

     

    GESTÃOFINANCEIRA

  • 8/19/2019 56715035 Apostila Gestao Financeira

    2/128

      2

    2

    Prezados Alunos,

    Este caderno de exercícios tem como objetivo ser um material complementar para oaprendizado do conteúdo de GESTÃO FINANCEIRA, pois possui, além do conteúdoresumido, as principais fórmulas, exercícios resolvidos e exercícios de fixação, quecontribuirão enormemente para o processo de aprendizado dos princípios básicos doconteúdo do módulo.

    Para completar, o também serão disponibilizados exercícios complementares e cases maiscomplexos, que deverão ser resolvidos em casa, e apresentados ao professor quandosolicitado como atividades pontuadas.

    É de suma importância a resolução desses exercícios, pois os mesmos ajudarão na fixaçãodo conteúdo aplicado e melhorarão o aprendizado, permitindo ao aluno trabalhar o conceitoem diversos aspectos inerentes a empresas e ao mercado.

    De certa forma, o aluno exercitando o conteúdo construirá sua própria experiência epercepções dos conceitos, e assim formará sua base teórica e prática para se tornar umprofissional diferenciado no mercado.

    Que este semestre seja, para todos nós, de aprendizado e conquistas, e que suas metas eobjetivos sejam alcançados de forma brilhante, pois como aluno ESAMC, você está nocaminho certo.

    Professor Marcelo Cunha

    Se podes ser melhor do que és, é evidente que ainda não és tão bom como deves.

    (Santo Agostinho)

  • 8/19/2019 56715035 Apostila Gestao Financeira

    3/128

      3

    3

    OBJETIVO DA DISCIPLINA:

    Ao final deste módulo o aluno deve ser capaz de:Entender o completo funcionamento de uma área de Finanças e quais são os subsistemas e

    decisões desta área.METODOLOGIA GERAL:

    Preparação prévia, aulas expositivas, estudos de caso de aplicação das principaisferramentas, pesquisas de campo, análise e elaboração de relatórios.

    Observação: O aluno deve vir preparado para todas as aulas, ou seja, com as leiturasprévias e exercícios realizados (ver aula a aula no final deste arquivo), com dúvidas equestionamentos anotados e com questões sobre a contextualização dos assuntosabordados nesta disciplina para a sua realidade profissional.

    MÓDULOS

    Módulo A – Conceitos básicos de Finanças e Governança Corporativa;

    Módulo B – Conceitos gerais de contabilidade e principais relatórios

    Módulo C – Análise das demonstrações contábeis (Vertical, Horizontal e Índices).

    Módulo D – Gestão de Custos.

    Módulo E – Matemática Financeira e Análise de Investimentos

  • 8/19/2019 56715035 Apostila Gestao Financeira

    4/128

      4

    4

    Por que estudar Finanças? 

    Finanças é uma disciplina que evoluiu muito nos últimos cinqüenta anos. Sua grandetransformação começou na década de 50, quando Markowitz desenvolveu os conceitos que hoje

    usamos para a diversificação de investimentos, provando matematicamente que não é bomcolocar todos os ovos no mesmo cesto. Continuou ainda com Modigliani e Miller, quequestionaram tudo o que se sabia sobre estrutura de capital. Na década seguinte nasceria omodelo mais usado até hoje para determinar o custo do capital das empresas, o CAPM. Nosanos 70 veríamos o surgimento do modelo de Black & Sholes, para avaliação de opções e que éutilizado até hoje, bem como o nascimento da teoria comportamental de Finanças (a BehavioralFinance), berço conceitual da Governança Corporativa, o grande assunto dos anos 90.

    Apesar disso, boa parte das empresas e dos executivos parece não tomar conhecimentodessa evolução. Em 1999 dois professores, Graham e Harvey, relataram uma pesquisa (ainda aser publicada pelo Journal of Financial Economics em meados de 2001) com quasequatrocentas empresas americanas. Seu objetivo era saber em que medida o que se estuda emFinanças é absorvido e utilizado pelos executivos. Entre as empresas que responderam (mais dequatro mil foram contatadas) encontravam-se representantes de diversos setores da economiaamericana, empresas grandes e pequenas, de capital aberto e fechado, em crescimento eempresas já maduras. Também o perfil do principal executivo de cada empresa foi estudado,considerando-se a sua experiência, tempo no cargo, formação acadêmica e até sua eventualparticipação acionária na empresa.

    Essas empresas responderam a um extenso questionário que procurava descobrir comotratavam problemas relacionados a três grandes grupos de decisões em Finanças: orçamento decapital, custo de capital e estrutura de capital. Em outras palavras, como as empresas decidiamsobre novos investimentos, como avaliavam o custo dos recursos que utilizavam e comodecidiam sobre quanto apresentar, em seu balanço, entre capital acionário e dívida.

    Ficou evidente um comportamento muito heterogêneo por parte das empresas. Enquanto

    algumas utilizam recursos razoavelmente sofisticados de análise e decisão, outras parecemestar paradas no tempo, utilizando critérios primariamente ultrapassados. Não é exatamenteuma novidade. Os métodos adotados pelos executivos freqüentemente apresentam defasagensde décadas para a teoria. Só para citar um exemplo, a consultoria americana Stern & Stewartcriou o EVA (Economic Value Added), com sucesso explosivo na década de 90. Novidade? PoisModigliani utilizava o mesmo conceito ao final da década de 50, pouco mais de trinta anos antes!

    Isso não tira o valor da Stern & Stewart, que foi a responsável pela popularização doconceito, para benefício de executivos e investidores, além de desenvolver uma detalhadametodologia para sua implementação. Fica evidente, porém, que o "calcanhar de Aquiles" deFinanças não está no desenvolvimento da disciplina, mas na sua disseminação. Um aspecto quechamou a atenção na análise de Graham & Harvey foi que o tal comportamento heterogêneo

    das empresas apresentou uma clara relação com o perfil das instituições e de seus principaisexecutivos. Do lado das empresas, as ferramentas mais modernas eram características dasgrandes e de capital aberto, com seu comando nas mãos de executivos profissionais. Quantoaos executivos, claramente aqueles com formação mais avançada (um MBA, por exemplo) ecom menor posição acionária na empresa (profissionais, portanto) formavam o grupo de ponta.Com a abertura dos mercados, consolidação dos grandes grupos e da globalização, não é difícilimaginar o perfil profissional que se espera para o futuro.

    Aí está o desafio: qualificar empresas, através de seus executivos e colaboradores, para atomada de decisões fundamentais ao desenvolvimento de seus negócios!

  • 8/19/2019 56715035 Apostila Gestao Financeira

    5/128

      5

    5

    Por que estudar Matemática Financeira?

    Primeiramente, antes de explicar os porquês do estudo da matemática financeira e suaimportância para vida cotidiana do cidadão e das corporações, há necessidade de se definir oque vem a ser este ramo de matemática amplamente utilizada no mercado. Para Assaf Neto(1998, p.13) matemática financeira é o "estudo do dinheiro no tempo ao longo do tempo".Segundo Zentgraf (2003, p.2), além de estudar os aspectos temporais do dinheiro, tais estudosobjetivam estabelecer relações entre quantias monetárias expressas em datas diferentes.Entretanto, a matemática financeira pode ser definida de forma mais simplificada sendo aaplicação da matemática para decisões gerenciais a respeito de operações financeiras. Paraque as operações financeiras sejam executadas, faz-se necessário a aplicação de cálculosadequados, sendo que o estudo desses cálculos é o objeto de estudo da matemática financeira

    (Veras: 2001, p.53).Objetivando minimizar custos, reduzir riscos e incertezas, gerados pelas constantesmudanças econômicas intensificadas pela sofisticada tecnologia presente em todos osmercados mundiais, os agentes econômicos buscam mecanismos que lhes proporcione umamaior segurança e fundamentação para tomada de decisão, favorecendo a maximização deresultados.

    Os cálculos financeiros são ferramentas essenciais no processo de tomada de decisão e nagestão financeira de empresas e pessoas. O desconhecimento desse ferramental pode resultarem grandes perdas financeiras (Samanez: 2001, p. xiii).

    Desta forma a matemática financeira passa a ser a principal ferramenta para mensurar ocusto do dinheiro no tempo, seja este custo relacionado com efeitos inflacionários ou pelo custode oportunidade e, ainda, segundo Hazzan (2001, p.1), ela "fornece instrumentos para o estudoe avaliação das formas de aplicação de dinheiro bem como de pagamento de empréstimo".

    Portanto, é através da aplicação dos conceitos relacionados à matemática financeira que asdecisões financeiras, desde as mais simples como as mais complexas, ficam mais clarasevitando perdas monetárias, gerando o chamado: custos da ignorância da MatemáticaFinanceira. Os custos da ignorância nesta área geralmente afetam diretamente o "bolso" dosdiferentes agentes econômicos, causando prejuízos às empresas, comprometimento da renda,demissões de gerentes administrativos, problemas judiciais, violação do código de defesa doconsumidor, multas e punições legais, comprometimento do bem-estar familiar, dentre outros.

    Como todos os agentes econômicos estão expostos aos riscos de mercado ao realizaremoperações financeiras, torna-se vasta a área de abrangência da Matemática Financeira, sendoque praticamente todos os agentes econômicos ativos necessitam desta ferramenta para

    tomada de decisão, das mais simples às mais complexas, podendo citar como principaisusuários os consumidores, empresas, consultores, peritos financeiros, gestores em geral, etc.

    Entretanto, independente do grau de complexidade uma determinada situação ou contratofinanceiro, de acordo com Silva (2002, p.7), com a "utilização da matemática financeira o grau deincerteza para tomada de decisão é reduzido, assim torna-se possível à escolha de alternativasmais rentáveis com maior grau de segurança e um baixo coeficiente de erro na decisão tomada".Porém, não basta saber matemática, ou as fórmulas utilizadas pela matemática financeira ecomercial, e sim a aplicabilidade de tais fórmulas e conceitos matemáticos, e a interpretação dosresultados gerados tomando decisões acertadas diante da bagagem de informações obtidas ougeradas a partir de tais aplicações.

  • 8/19/2019 56715035 Apostila Gestao Financeira

    6/128

      6

    6

    Módulo AConceitos básicos de Finanças e Governança Corporativa

    Objetivo do Módulo:Ao final deste módulo o aluno deve ser capaz de:- Conhecer a conceituação geral de Finanças- Saber como e onde estes conceitos podem ser aplicados- Conhecer a estrutura geral de uma área financeira- Compreender as fraudes financeiras do início da década e os principais dispositivos da LeiSarbannes-Oxley- Entender os princípios Governança Corporativa

    PREPARAÇÃO PRÉVIA 1

    Leitura prévia do capítulo 1 do Livro do Gitman (Bibliografia básica) ou Cap. 1 (Ching) ou dequalquer outro livro sobre o assunto do módulo.Responda as questões abaixo e entregue ao professor:1 – Dê a sua definição para Finanças.2 – Cite uma função fundamental de finanças para uma empresa.3 – Quais os principais usuários da informação financeira?4 – Que tipo de informação financeira você utiliza usualmente em seu trabalho?

    PREPARAÇÃO PRÉVIA 2

    Assistir ao Filme “ENRON – Os mais espertos da sala” e trazer respondidas as seguintesperguntas:1 – Em que se fundamentaram das Fraudes ocorridas na ENRON?2 – Quais as conseqüências de tais fraudes para a aposentadoria dos funcionários?3 – Porque a questão contábil é central nesse filme?4 – Qual foi o episódio do filme que mais lhe chamou a atenção?5 – O que é o Mercado de Capitais?6 – Do que se trato o Novo Mercado da Bovespa?

    PREPARAÇÃO PRÉVIA 3

    Pesquisa acerca dos temas “Fraudes Financeiras”, “SOX” e “Governança Corporativa”Responda as questões abaixo e entregue ao professor:1 – Do que se trata a SOX? Quais empresas devem se submeter à mesma?2 – Defina Governança Corporativa e aponte sua relação com os resultados financeiros deuma empresa.

  • 8/19/2019 56715035 Apostila Gestao Financeira

    7/128

      7

    7

    Finanças Coorporativas

    O conceito de Finanças, na sua acepção moderna, nasceu nos anos de 1950. Desde então,esta área tem ultrapassado muitas outras das mais tradicionais da Economia, em número de

    estudantes, professores e, principalmente, na quantidade e qualidade da produção científica.Constata-se que a maioria dos professores de Finanças leciona em cursos deAdministração, em que a abordagem característica é normativa, isto é, um tomador dedecisão, seja um investidor individual ou gerente empresarial, busca maximizar uma função-objetivo, seja em utilidade ou em retorno esperado, ou agregar valor para o acionista, paraum dado preço de título obtido no mercado.No nível micro, as finanças são o estudo do planejamento financeiro, da gestão de ativos eda captação de fundos por empresas e instituições financeiras.O termo finanças pode assim incorporar os seguinte itens:

    •  O estudo do dinheiro e outros ativos;•  O gerenciamento e controle destes ativos (recursos);•  Analisar e gerenciar risco de projetos;•  Como verbo, "financiar" significa fornecer fundos para negócios e projetos.

    Em outras palavras, em escolas de Administração de Empresas se ensina como tomar asmelhores decisões. Nestes últimos anos, um artigo normal em periódicos de Finançascostuma ter duas seções principais: a primeira apresentando um modelo e a segundamostrando a aplicação empírica do modelo com os dados do mundo real.Sem pretender traçar uma visão completa da área, e aproveitando a visão de Merton Millersobre alguns dos pontos fortes da história das Finanças destas últimas décadas,destacamos:

    Markowitz e a teoria da seleção de carteira (1952)

    Existe consenso entre os estudiosos em Finanças que o artigo de Harry Markowitz (PortfolioSelection, de 1952) foi o precursor da moderna teoria de Finanças, ao apresentar demaneira precisa, pela primeira vez, os conceitos de risco e retorno. Essa identificação deretorno e risco através de média e variância tão usada por profissionais de finanças hoje emdia não era tão óbvia naqueles dias! Essa façanha de Markowitz tornou possível a utilizaçãoda poderosa álgebra de matemática estatística nos estudos de seleção de carteiras.

    William Sharpe e o CAPM (1964)Alguns anos depois, Sharpe e outros iniciam a criação do seu modelo, imaginando ummundo no qual todo o investidor utiliza a teoria da seleção de carteiras de Markowitz atravésda média e variância. Sharpe supõe também que os investidores compartilham dos mesmosretornos esperados, variâncias e covariâncias. Mas ele não assume que todo investidorpossui o mesmo grau de aversão ao risco. Assim, os investidores sempre vão poder reduziro grau de risco, à medida que sejam tomadores de parcelas maiores de ativos livres derisco, junto com a combinação de carteiras de ativo de risco.O realismo ou a falta de realismo das suposições subjacentes ao CAPM não foi objeto dedebates, pois se adotou a visão positivista de Friedman: o que conta não é a precisão das

  • 8/19/2019 56715035 Apostila Gestao Financeira

    8/128

      8

    8

    suposições mas as predições do modelo! E as predições deste modelo ainda são asmelhores, apesar de todas as suas limitações.O CAPM implica que a distribuição dos retornos esperados de todos os ativos de risco éuma função linear do risco dos títulos, isto é, de sua covariância com a carteira de mercado

    ou o conhecido Beta. O CAPM não só ofereceu novos e poderosos argumentos na naturezado risco, mas permitiu uma investigação empírica necessária para o atual desenvolvimentode finanças. O modelo da média e variância de Markowitz e o CAPM de Sharpe e outrosforam contribuições que tiveram seu valor científico reconhecido pelo comitê do prêmioNobel de 1990.

    O CAPM não só ofereceu novos e poderosos argumentos na natureza do risco, maspermitiu uma investigação empírica necessária para o atual desenvolvimento definanças

    A hipótese da eficiência de mercado

    Esta teoria, intimamente ligada ao modelo anterior, se refere à hipótese de mercadoseficientes. Afirma-se que não há uma simples regra, baseada nos dados e informaçõespublicamente disponíveis, que possa gerar ganhos extraordinários aos investidores; e queos preços das ações se comportam aleatoriamente (randon walk ).Proposição de Modigliani e Miller Outro dos pilares sobre os quais as teorias de Finanças sebaseiam são as proposições de Modigliani e Miller (M&M) sobre a estrutura de capital, com apublicação do seu primeiro artigo sobre custo de capital, finanças corporativas e teoria deinvestimentos.Tanto as proposições de M&M como o CAPM e a hipótese de eficiência de mercado tratamdo equilíbrio no mercado de capitais e de quais forças atuam quando este equilíbrio éperturbado.

    Derivativos e Opções

    Estudos recentes em Finanças, também reconhecidos pelo Comitê do Prêmio Nobel, sesituam no campo das Opções e de Derivativos, cujos pioneiros foram Merton e Scholes,seguidos de perto por Fischer Black. Contrato derivativo é um contrato cujo valor deriva dovalor de uma taxa de referência, do valor de um título (ou de uma commodity ) ou de umíndice. A opção, por sua vez, é um instrumento que dá a seu comprador um direito futurosobre algo, mas não uma obrigação, e ao seu vendedor uma obrigação futura, caso a opção

    seja exercida pelo comprador.A fórmula de Black-Scholes-Merton diz que o preço de uma opção é função do valorcorrente de mercado do título, do preço futuro, do período até o vencimento e da taxa livrede risco, além da variância dos retornos deste título.Perspectivas futuras Quais seriam as alternativas para novas pesquisas em Finanças? Semgrandes especulações, poderíamos dizer que ainda há muito a se fazer no Brasil sobreesses temas em finanças corporativas. Muitas questões não foram totalmente resolvidas,apesar de muitos modelos terem surgido, como a teoria de agência ou governançacorporativa, capital intelectual e intangíveis, finanças pessoais, finanças comportamentais,inteligência artificial e modelos financeiros, custo e estrutura de capital. No Brasil parece sermuito promissora a questão da avaliação dos ativos de renda fixa e seu índice de referência,

    derivativos e ferramentas para suporte à tomada de decisão. As tomadas de decisõeseconômicas por empresas e indivíduos são inerentes à vida e são fortemente influenciadas

  • 8/19/2019 56715035 Apostila Gestao Financeira

    9/128

      9

    9

    por aquilo que está acontecendo ou virá a acontecer no ambiente macroeconômico. Nestaúltima década, aconteceu uma verdadeira revolução nas organizações, que estão setransformando para competir num mercado cada vez mais exigente.A gestão profissional é cada vez mais exigida para a sobrevivência e o desenvolvimento das

    empresas, especialmente com a informatização da comunicação e dos processos detrabalho. Engana-se quem pensa que o Brasil está fora disso! Só para lembrar um exemplo,o Brasil é hoje um dos poucos países no mundo onde o contribuinte faz e envia suadeclaração de imposto de renda pela internet . O computador é ferramenta incorporada àvida do cidadão, tanto no interior como nas grandes cidades. Um número crescente deinvestidores está optando pelo investimento através de home-brokers , que nada mais é doque um sistema de negociação ligado com a Bolsa de Valores de São Paulo, que permite aousuário dar ordens diretas de compra e venda por meio da internet .O volume de negócios com home-brokers tem crescido a taxas expressivas e apresentavantagem no custo, pois as taxas cobradas em geral são mais baixas.

    Foco no cliente

    A legislação, a mídia e a conscientização em relação aos direitos do cidadão e doconsumidor têm obrigado as empresas a mudarem suas práticas de relacionamento com osclientes. Como é difícil “encantar o cliente” com empregados insatisfeitos, as organizaçõesestão percebendo a necessidade de uma política adequada de recursos humanos. Aspráticas administrativas com foco no cliente permitiram que as “carroças brasileiras” setornassem veículos dotados de tecnologia avançada, levando empresas, pertencentes aesta cadeia de valor, a melhorar a qualidade dos produtos e dos sistemas gerenciais.Essa revolução apresenta indiscutíveis impactos na formação de pessoal e tem levado asorganizações a investir pesadamente em educação e treinamento, com a participação dos

    centros de excelência das universidades brasileiras, com destaque para a Faculdade deAdministração e Economia (FAE), que vem obtendo resultados amplamentecompensadores.Navegar nos métodos de ensino a distância é um exercício recente, mas com crescenteutilização nas suas variadas formas: telecurso, videoconferência, internet , chat ...O início deste novo milênio verá desigualdades nas populações de diferentes partes do paíse do mundo. O futuro será melhor para quem se preparar investindo em tecnologia,administração e gerência dos seus negócios. As economias com menor índice dedesemprego e melhor distribuição de riqueza são aquelas em que os mercados dispõem deferramentas para lidar com o futuro. Posicionase melhor o exportador que fixa uma taxa decâmbio, o gestor que protege sua carteira através dos mercados de índices e opções, oagricultor que pode transferir seus riscos para o mercado e o empresário que investir nacapacitação de seu pessoal.

    Qual o Objetivo de Finanças?

    Maximizar o valor da empresa num ambiente de recursos escassos.

    Contabilidade

    Processo de registro de todas as transações de uma empresa, expressas em termos

    monetários, mostrando os reflexos dessas transações na situação econômico-financeira dacompanhia, auxiliando a administração a tomar decisões.

  • 8/19/2019 56715035 Apostila Gestao Financeira

    10/128

      10

    10

    Contabilidade é a linguagem dos negócios.

    Quais os usuários das informações contábeis?•  Proprietários .............Rentabilidade/Valor do negócio? Aumentar/diminuir investimentos ?

    •  Administradores .........Que operações devem ser incrementadas/reduzidas ?

    •  Fornecedores .............Aumentar/diminuir crédito ?

    •  Bancos .......................Ceder empréstimos ? 

    •  Governo .....................IR calculado corretamente ? 

    •  Empregado ................A Companhia é lucrativa ?

    •  Concorrentes .............Vendas/Margens de lucro, Rentabilidade 

    Mercado de Capitais

    O mercado de capitais é um sistema de distribuição de valores mobiliários, que tem oobjetivo de proporcionar liquidez aos títulos de emissão de empresas e viabilizar seu

    processo de capitalização.Estrutura do mercado de capitais

    O Mercado de Capitais é constituído pelas bolsas de valores, sociedades corretoras e outrasinstituições financeiras autorizadas. O mesmo é subdividido em Mercado Primário e oMercado Secundário.No Mercado Primário é onde se negocia a subscrição de novas ações ao público, isto é,onde os valores mobiliários circulam pela primeira vez e onde a empresa obtém o capitalpara seus empreendimentos, pois o dinheiro da venda vai para a empresa.Já o Mercado Secundário são as demais negociações com esses títulos, como simples

    trocas de possuidores, pois a empresa emissora já não terá mais contato com o dinheiroproveniente dessas trocas. Esse último mercado se caracteriza também pelas negociaçõesrealizadas fora das bolsas, em negociações que denominamos como mercado de balcão,trazendo dessa forma mais liquidez para esses ativos financeiros.Segundo Fortuna (2005) “Mercado de Balcão é um mercado sem local físico determinadopara a realização das transações. Elas são realizadas por telefone, entre as instituiçõesfinanceiras. Neste mercado, normalmente, são negociadas ações de empresas nãoregistradas na BOVESPA, além de outras espécies de títulos. O mercado de balcão é ditoorganizado quando se estrutura como um sistema de negociações de títulos e valoresmobiliários administrados por entidade autorizada pela CVM.”

  • 8/19/2019 56715035 Apostila Gestao Financeira

    11/128

      11

    11

    Por que investir no Mercado de Capitais?

    À medida que cresce o nível de poupança individual e a poupança das empresas (entende-se por poupança o lucro das mesmas) constituem a fonte principal do financiamento dos

    investimentos de um país. Tais investimentos são o motor do crescimento econômico e este,por sua vez, gera aumento de renda, com conseqüente aumento da poupança e doinvestimento, assim por diante.As empresas, à medida que se expandem, carecem de mais e mais recursos, que podemser obtidos por meio de:

    • Empréstimos;

    • Reinvestimentos de lucros;

    • Participação de acionistas.

    As duas primeiras fontes de recursos são limitadas. Geralmente, as empresas utilizam-naspara manter sua atividade operacional.Mas é pela participação de novos sócios – nesse caso os acionistas – que uma empresaganha condição de obter novos recursos não exigíveis, como contrapartida à participação noseu capital.Com esses novos recursos, as empresas têm condições de investir em novos equipamentosou no desenvolvimento de pesquisas melhorando seu processo produtivo, tornando-o maiseficiente e beneficiando toda a comunidade. O investidor em ações contribui assim para aprodução de bens, dos quais ele também é consumidor. Como acionista, ele é sócio daempresa e se beneficia da distribuição de dividendos sempre que a empresa obtiver lucros.

    Essa é a mecânica da democratização do capital de uma empresa e da participação emseus lucros.Antes de investir no mercado de capitais deve-se também analisar o tipo de investidor quevocê é, pois no mercado de capitais você possui diversas formas de obter retorno buscandoequilibrar os três aspectos básicos em um investimento: retorno, prazo e proteção. Aoavaliá-lo, portanto, deve estimar sua rentabilidade, liquidez e grau de risco. A rentabilidade ésempre diretamente relacionada ao risco. Ao investidor cabe definir o nível de risco que estádisposto a correr, em função de obter uma maior ou menor lucratividade. Tornando-se destaforma uma ótima forma de investir seu dinheiro com diversas formas de rentabilidade depequeno, médio e grande risco, sendo de pequena, media e grande rentabilidaderespectivamente.

    Principais Benefícios do Mercado Acionário

    Para que o Mercado Acionário se desenvolva, consiga cumprir com sua função e tragabenefícios para as partes envolvidas, o ambiente de negócios no país de atuação deve tertotal liberdade e possuir regras claras e definidas.Eis abaixo alguns dos principais benefícios que um Mercado de Ações desenvolvido podepropiciar a uma nação:

    • Financia a produção e os negócios, pois através da venda de ações as empresas obtêm

    recursos para expandir seu capital, com obrigações apenas no longo prazo;

  • 8/19/2019 56715035 Apostila Gestao Financeira

    12/128

      12

    12

    • Possibilita que os recursos poupados se tornem investimentos , proporcionandocrescimento econômico e crescimento de produtividade com a inserção das poupanças nosetor produtivos;

    • Constitui uma forma de crescimento das companhias , que podem aumentar suaparticipação no mercado através da distribuição de ações, além de possibilitar a elasaumentar seus ativos e valor de mercado;

    • Auxilia a redistribuição de renda , à medida que pode proporcionar a seus investidoresganhos decorrentes de valorizações do valor da ação e distribuição de dividendos,compartilhando assim o lucros das empresas;

    • Aprimoramento dos princípios da Governança Corporativa , através de melhorias naadministração e eficiência, visto que as companhias abertas precisam cumprir a regras cadavez mais rígidas propostas pelo governo e pelas Bolsas de Valores, além de deixar o

    mercado mais transparente;

    • Possibilita a inserção de pequenos investidores , já que para investir em ações não há anecessidade de grandes somas de capital como outros tipos de investimentos;

    • O Mercado de Ações atua como indicador econômico , uma vez que é extremamentesensível e a cotação das ações pode refletir as forças do mercado, como momentos derecessão, estabilidade, crescimento, etc.

    Investimentos em Títulos

    • Renda: Divido em fixa e variável. A renda é fixa quando se conhece previamente a formado rendimento que será conferida ao título. Nesse caso, o rendimento pode ser pós ouprefixado, como ocorre, por exemplo, com o certificado de depósito bancário. A rendavariável será definida de acordo com os resultados obtidos pela empresa ou instituiçãoemissora do respectivo título.

    • Prazo: Há títulos com prazo de emissão variável ou indeterminado, isto é, não têm datadefinida para resgate ou vencimento, podendo sua conversão em dinheiro ser feita aqualquer momento. Já os títulos de prazo fixo apresentam data estipulada para vencimentoou resgate, quando seu detentor receberá o valor correspondente à sua aplicação, acrescidoda respectiva remuneração.

    • Emissão: Os títulos podem ser particulares ou públicos. Particulares, quando lançados porsociedades anônimas ou instituições financeiras autorizadas pela CVM ou pelo BancoCentral do Brasil, respectivamente; público, se emitidos pelo governo federal, estadual oumunicipal.

    Como investir e operar no mercado de capitais?

    Para operar no mercado secundário de ações é necessário que o investidor se dirija a umasociedade corretora membro de uma bolsa de valores, na qual funcionários especializados

    poderão fornecer os mais diversos esclarecimentos e orientação na seleção do investimento,de acordo com os objetivos definidos pelo aplicador. Se pretender adquirir ações de emissão

  • 8/19/2019 56715035 Apostila Gestao Financeira

    13/128

      13

    13

    nova, ou seja, no mercado primário, o investidor deverá procurar um banco, uma corretoraou uma distribuidora de valores mobiliários, que participem do lançamento das açõespretendidas.

    Governança CorporativaGovernança corporativa ou governo das sociedades ou das empresas é o conjunto deprocessos, costumes, políticas, leis, regulamentos e instituições que regulam a maneiracomo uma empresa é dirigida, administrada ou controlada. O termo inclui também o estudosobre as relações entre os diversos atores envolvidos (os stakeholders ) e os objetivos pelosquais a empresa se orienta. Os principais atores tipicamente são os acionistas, a altaadministração e o conselho de administração. Outros participantes da governançacorporativa incluem os funcionários, fornecedores, clientes, bancos e outros credores,instituições reguladoras (como a CVM, o Banco Central, etc.) e a comunidade em geral.Governança corporativa é uma área de estudo com múltiplas abordagens. Uma das

    principais preocupações é garantir a aderência dos principais atores a códigos de condutapré-acordados, através de mecanismos que tentam reduzir ou eliminar os conflitos deinteresse e as quebras do dever fiduciário. Um problema relacionado, entretantonormalmente tratado em outro fórum de discussão é o impacto da governança corporativana eficiência econômica, com uma forte ênfase em maximizar valor para os acionistas. Háainda outros temas em governança corporativa, como a preocupação com o ponto de vistados outros stakeholders  que não os acionistas, bem como o estudo dos diversos modelos degovernança corporativa ao redor do mundo. Assim, o corporate governance   (ou o governodas sociedades) é composto pelo conjunto de mecanismos e regras pelas quais seestabelecem formas de controlo da gestão das sociedades de capital aberto, e onde seincluem instrumentos para monitorização e possibilidade de responsabilização dos gestorespelas suas decisões (ou atos de gestão). O corporate governance visa a diminuir oseventuais problemas que podem surgir na relação entre gestores e acionistas e,consequentemente, diminuir o risco de custos de agência.

    Fraudes Contábeis

    Em 2002, os norte-americanos e, como conseqüência, o resto do mundo viram o fim da erade explosão de negócios que já começavam prósperos e com preços de ações alcançandoas nuvens. Realmente era bom demais para ser verdade. As empresas que ninguém poderiadeter não tiveram os rendimentos esperados. Ao invés disso, elas estavam "esquentando

    os livros" para dar a impressão de lucros que não existiam. Uma empresa é culpada porfraude contábil quando propositalmente inclui informações incorretas em suas declaraçõesfinanceiras - manipulando despesas e receitas para melhorar seus rendimentos por ação.Neste artigo, veremos os truques que algumas empresas usaram para "rechear" suasdemonstrações financeiras bem como saber por que agiram assim.

    Por que falsificar os livros de contabilidade?O gerenciamento dos ganhos através de lançamentos duvidoso (ou "esquentar os livros decontabilidade") é simplesmente uma maneira de fazer as coisas terem uma aparênciamelhor do que elas realmente são para manter os acionistas felizes, atrair novosinvestidores, atender orçamentos, e o mais importante, ganhar bonificações. Bonificações

    são vinculados a níveis específicos de receita, tornando-os extremamente tentadores para

  • 8/19/2019 56715035 Apostila Gestao Financeira

    14/128

      14

    14

    que se faça quase de tudo para atingir - ou parecer atingir - a meta. Mas nem toda afalsificação de livros de contabilidade é motivada apenas pela ganância. Fazendo as receitasparecerem maiores do que realmente são, uma empresa em apuros poderia se manter àtona com dinheiro de investidores até que possa gerar um lucro real.

    Tal movimento, no entanto, é perigoso.Eis um exemplo: imagine que você é um garoto com uma banca de limonada e querconstruir um telhado sobre ela para que seus clientes não se incomodem com o calor do sol.Você não tem dinheiro, mas seu irmão tem e não vai emprestar a não ser que ele saiba quevai ganhar algo no negócio. Você tem certeza que cobrir a banca fará toda a diferençaporque seus clientes vão gostar de beber seus sucos na sombra fresca. Então você decidecriativamente aumentar os números de suas vendas atuais e oferece a seu irmão umachance de investir em seu negócio. Ele dá o dinheiro para construir o telhado em troca de25% de seus lucros. Por uma razão qualquer, a banca coberta não aumenta a venda delimonada como você imaginava. Agora seu irmão está furioso, porque o lucro que elepensou que faria estava baseado em números de vendas falsos. A esse ritmo, ele levará

    quatro verões para recuperar o dinheiro investido, e mais ainda para realmente lucrar.Investidores são atraídos por ações com preços crescentes de empresas públicas, o que fazdas declarações financeiras das empresas documentos extremamente importantes.Analistas de Wall Street dependem de documentos e informações das próprias empresaspara fazer recomendações. A empresa depende do dinheiro de investidores para financiar oseu crescimento. Os acionistas esperam que as ações subam quando as compram. Quandoo preço cai, eles perdem dinheiro.

    Um pouco do histórico da contabilidadeOs documentos mais importantes que uma empresa agrupa são as declarações financeiras.Estas incluem um balanço patrimonial, uma demonstração dos fluxos de caixa e uma

    demonstração dos resultados. Estes documentos descrevem quantitativamente a saúdefinanceira de uma empresa e são usados por quase todas as entidades que lidam com asempresas, incluindo os executivos da empresa e os próprios gerentes.As demonstrações financeiras a seguir são normalmente preparadas trimestral eanualmente:

    •  o balanço patrimonial fornece uma visão instantânea ou geral da situação financeira daempresa em um dado momento. Isso inclui ativos e passivos e informa qual é o patrimônioda empresa;

    •  a declaração de fluxo de capital  mostra o dinheiro que está entrando bem como odinheiro necessário para sair por um período. Ela é muito útil para planejamento de grandescompras ou para ajudar na preparação de períodos lentos dos negócios. Em termos simples,o fluxo de capital é igual à receita menos desembolso de dinheiro;

    •  o demonstrativo de lucros e perdas  lista receitas e despesas. Ele também lista oslucros ou perdas dos negócios por um período. É útil para planejamento e ajuda a controlardespesas operacionais.

    Bancos revisam as declarações financeiras para decidir se emprestam dinheiro a umaempresa (e qual será a taxa de juros caso decidam pelo empréstimo). Os investidores

    revisam os documentos para decidir se têm confiança suficiente na empresa para investirseu suado dinheiro. Os gerentes das empresas usam esses documentos para analisar os

  • 8/19/2019 56715035 Apostila Gestao Financeira

    15/128

      15

    15

    negócios e determinar se estão indo bem. Por tudo isso, é importante que eles sejamprecisos. Para empresas públicas, estes documentos são auditados por firmas decontabilidade externas que certificam se os documentos estão compilados de acordo comprincípios de contabilidade geralmente aceitos, que são regras de contabilização

    emitidas pelo Financial Accouting Standard Board (FASB). No entanto, estas firmas estãoainda à mercê das informações fornecidas pela empresa. Elas também estão interessadasem manter seus maiores clientes felizes.

    O ato Sarbanes-Oxley de 2002 Em 2002, o presidente Bush assinou o ato Sarbanes-Oxley  para "restabelecer a confiançado investidor na integridade das declarações e relatórios financeiros das empresas". O atofoi trazido à discussão devido a um grande número de casos de fraudes financeiras emempresas (como os da Enron, WorldCom, Tyco, Adelphia, AOL, e outros) e pelo final dosanos de "boom" do mercado de ações. O ato requer que todas as empresas públicasapresentem estimativas trimestrais e anuais de efetividade de seus controles de auditoria

    financeira interna a Securities and Exchange Commission. Cada um dos auditoresexternos das empresas deve também fazer a auditoria e relatar os controles internos degerência e quaisquer outras áreas que possam afetar os controles internos. O diretorexecutivo e o diretor financeiro da empresa devem certificar pessoalmente que os relatóriosfinanceiros são verdadeiros e que nenhuma informação foi omitida. Muitas das provisões doato se aplicam a todas as empresas, nos Estados Unidos e estrangeiras. No entanto,algumas provisões se aplicam apenas às empresas que têm títulos de participação listadosem câmbio ou NASDAQ. Os detalhes do ato Sarbanes-Oxley discursam sobre muitas dastáticas que foram usadas para "esquentar os livros contábeis" durante anos. Nas próximasseções, verificaremos alguns dos métodos mais famosos de melhorar os pontos principaisde uma empresa - apenas no papel.

    Quem os mantém todos corretos?

    Securities and Exchange Commission (SEC) Trata-se da Comissão de Valores Mobiliários e Câmbio dos EUA protege investidoresmantendo a integridade dos mercados de títulos, com base na idéia de que todos osinvestidores deveriam ter acesso a certos fatos básicos sobre um investimento. A SECrequer que empresas públicas revelem informações financeiras significantes (e outrostipos de informações) ao público para que todos os investidores possam determinar seos títulos de uma empresa são ou não um bom investimento. A instituição também

    fiscaliza a bolsa de valores, corretores, assessores de investimentos, companhias deinvestimentos e empresas de serviços públicos. Cada ano, o SEC registra de 400 a500 ações civis contra indivíduos e empresas que violam leis de títulos.Financial Accouting Standard Board (FASB) Trata-se da Comissão de Padrões de Contabilidade Financeira dos Estados Unidos eestabelece padrões para relatórios contábeis e contas financeiras. Esses padrõesditam como os relatórios financeiros devem ser preparados.Generally Accepted Accouting Principles (GAAP) O GAAP são os princípios gerais de contabilidade aceitos. Ele funciona com aautoridade do FASB e estabelece um conjunto comum de processos para recolherdeclarações financeiras.

  • 8/19/2019 56715035 Apostila Gestao Financeira

    16/128

      16

    16

    No Brasil As fraudes contábeis no Brasil são fiscalizadas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM)e Banco Central (Bacen). A CVM, criada pela Lei 6.385, de dezembro de 1976, regulamentae fiscaliza as bolsas de valores no Brasil como a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) e

    Bolsa de Mercadorias e Futuros (BMF), sendo responsável pela auditoria das companhiasde capital aberto e pela fiscalização da emissão, registro e distribuição de títulos emitidospelas sociedades anônimas de capital aberto. Em outubro de 2001, foi editada a Lei 10.303,a chamada Lei das S.A. (Sociedades Anônimas), que auxilia o órgão na regulamentação efiscalização das empresas brasileiras.

    Contabilidade não incluída no balanço e métodos de manipulaçãoCom contabilidade não incluída nos balanços, as empresas fazem uma maquiagem eacabam não registrando certos bens e dívidas (passivos) em seus balanços, excluindo,portanto, parte das declarações financeiras (falaremos mais adiante sobre como o atoSarbanes-Oxley mudou esta prática). Enquanto existem razões legítimas para contabilidade

    não incluída nos balanços, geralmente este método é usado para que uma empresa pareçater tido menos débitos do que realmente teve. Alguns tipos deste tipo de maquiagem movemdébitos para uma empresa criada para este fim, que foi o caso da Enron. Estas sãochamadas unidades com propósitos especiais e também conhecidas como entidades dejuros variáveis. As entidades com contabilidade não incluída nos balanços podem sercriadas por várias razões, como quando uma empresa precisa financiar uma iniciativacomercial, mas não quer se arriscar, ou quando há muitos débitos para se obter umempréstimo. Começando uma nova unidade, pode-se assegurar um empréstimo atravésdela. Há situações em que faz sentido começar uma nova unidade. Se a sua empresa querdiversificar suas atividades em outra área fora de seu foco comercial, a novaunidade manterá esse risco longe, evitando que esse novo negócio afete o balanço da

    empresa principal e a lucratividade da empresa. Antes de 2003, uma empresa podia possuiraté 97% de uma nova unidade sem a necessidade de relatar as dívidas da nova unidade emseu balanço.

    Arrendamentos pró-formaArrendamentos pró-forma geralmente usam novas unidades criadas para reter títulos para oproprietário de uma empresa e arrendar essa propriedade de volta para a empresa. Essesarrendamentos artificiais permitiram às empresas recolher os benefícios dos impostos depropriedade sem a necessidade de listá-las como responsabilidade em seus balanços. Osarrendamentos pró-forma poderiam também ser assinalados por alguma outra entidade. Osbancos, por exemplo, comprariam com freqüência propriedades para negócios e asarrendariam de volta por um arrendamento artificial. Arrendando a propriedade, a empresaevita o passivo no balanço e ainda consegue deduzir juros e depreciação do imposto daempresa principal.

    O final do jogo de esconde-escondeOs novos requerimentos do Financial Accouting Standard Board (FASB) agora exigemque as novas unidades sejam listadas nos balanços das empresas. A seção 401(a) do atoSarbanes-Oxley requer que relatórios financeiros anuais e trimestrais revelem todo omaterial das transações, disposições e obrigações não incluídas no balanço. As regrastambém requerem que a maioria das empresas forneçam uma visão geral de obrigações

    contratuais conhecidas em um "formato tabular fácil de ler" (em inglês). Estas novas regras

  • 8/19/2019 56715035 Apostila Gestao Financeira

    17/128

      17

    17

    terminaram com as novas unidades criadas para maquiagem contábil e o arrendamentoartificial - ainda que sejam práticas legítimas.

    Manipulação de gastos 

    Acelerar as despesas de uma empresa pode não parecer a melhor maneira de acelerar osganhos, mas isto depende do momento. Há razões legítimas e ilegítimas para acelerar asdespesas. Um exemplo legítimo seria fazer compra de equipamentos quando os ganhosestão em alta, ao invés de fazer a compra quando eles estiverem em baixa.Agora, um exemplo de uma aceleração de ganhos menos legítima: as bonificações de umgerente é baseado na sua habilidade de atingir algumas metas. Uma vez que a meta deganho tenha sido excedido, esse gerente pode decidir gastar dinheiro agora o que havia sidoorçado para ser gasto no ano seguinte, pois ter mais lucros neste ano nãosignifica bonificação maior para ele. Gastar este ano o dinheiro que foi orçamentado para oseguinte, no entanto, poderia ajudar a garantir que ele atingisse a meta do ano seguintetambém. A opção de fazer compras quando os lucros estão em alta pode ser

    usada dependendo das circunstâncias. Se comprar mais cedo do que planejado não tiverefeitos adversos nos negócios, talvez não haja problemas. Mas em muitas circunstâncias,pode haver efeitos adversos. Por exemplo, comprar equipamentos de informática seismeses antes do esperado pode fazer uma grande diferença no equipamento comprado -capacidade, características e preço, já que é um mercado altamente dinâmico.

    Retardando despesas Empresas que maqueiam os livros de contabilidade são conhecidas por capitalizar gastosque são, na verdade, despesas diárias. Uma das fraudes feitas pela American Online (AOL),durante 1992 e 1996, era colocar gastos de publicidade em despesas de capital quando, naverdade, eram despesas regulares. Essa maquiagem fez a empresa divulgar uma

    lucratividade maior e assim acelerar os preços das suas ações. Aqui temos alguns exemplosde registro prematuro de rendimento:

    •  registrar vendas depois que os produtos foram encomendados, mas antes que eles sejamenviados para o cliente;•  registrar rendimentos de venda, quando há possibilidade de o cliente devolver o produto;•  exagerar rendimentos acelerando a porcentagem estimada de conclusão de um projetoem andamento;•  registrar rendimentos por produtos enviados que não foram encomendados pelo cliente oupelo envio de produtos defeituosos•  registrar rendimentos com preço total de produtos com desconto;•  registrar rendimentos quando produtos desmontados são enviados da fábrica - um localde montagem deve ser designado e a montagem do produto deve ser feita antes que oproduto realmente vá para o cliente.

    Tentar melhorar os futuros ganhos, "adiantando" futuros gastos e registrando-os no trimestrecorrente é outro exemplo. Isto é feito durante a aquisição de uma empresa. A empresa pagaintegralmente (ou até adiantado) por despesas para valorizar o patrimônio e aumentar oslucros por ação.

  • 8/19/2019 56715035 Apostila Gestao Financeira

    18/128

      18

    18

    Despesas extraordináriasEnquanto esta categoria de despesas foi criada para situações que ocorreriam apenas paraevitar o impacto em operações de despesas regulares, ela foi muito utilizada no mundo do"gerenciamento de lucros". Com um orçamento forjado de despesas extraordinárias, essas

    empresas colocam o dinheiro excedente como lucro.Baixa contábil de P&D em processoOutra maneira que as empresas têm usado para aumentar seus ganhos por ação é darbaixas contábeis em despesas com programas de P&D (pesquisa e desenvolvimento). Umagrande empresa compra uma pequena empresa que tem nova tecnologia emdesenvolvimento. A tecnologia ainda não está pronta para comercialização, então a empresagrande cancela os custos relacionados. No futuro, a tecnologia está adiantada e pronta parao mercado, mas com uma despesa de P&D muito mais baixa.Agora Generally Accepted Accouting Principles (GAAP) requer que as empresascancelem esta despesa. Este encargo reduzirá ganhos e pode ser revelado nas declarações

    financeiras.Despesas operacionais são o custo diário de uma empresa funcional. Despesas de capitalsão despesas comerciais para pagamentos a longo prazo, como equipamentos. Elas nãosão despesas dedutíveis de impostos, mas podem ser usadas para depreciação ouamortização - em outras palavras, as despesas estão, de alguma forma, alongadas edivididas por vários anos.

    Manipulação de fundos de pensãoMuitas empresas criaram fundos de pensão para seus funcionários. Cada funcionáriopaga uma quantia específica e definida na aposentadoria. As empresas devem manterdinheiro suficiente em sua conta de aposentadoria para pagar os benefícios no caso de

    saírem dos negócios. Faz sentido para uma empresa investir este dinheiro, pois assim elacresce. Ao invés de investir em algo seguro como contratos, algumas empresas investem nomercado de ações. Regras contábeis permitem que qualquer dinheiro "extra" além do fundoseja declarado como lucro da empresa. Na maquiagem de contabilidade, as empresaspodem "estimar" ao invés de colocar números reais. Elas usam suas estimativas paraimaginar quanto dinheiro elas deveriam planejar colocar no fundo e quando elas podemconsiderar lucro. O potencial para empresas aumentarem seus ganhos, subestimando ascontribuições necessárias para financiar totalmente os fundos de aposentadoria, é alto.Ainda presumindo um ponto percentual ou menos pode significar a diferença de centenas demilhares de reais ou dólares no balanço de uma empresa. Muitos fundos de pensão deempresas não têm sido depositados integralmente, presumindo que o rendimento na bolsade valores, garantiria o retorno. Estes métodos de gerenciamento de ganhos são apenas aponta do iceberg quando se trata de formas de manipular os lucros de uma empresa. Há umdivisor sutil entre ganhos legítimos em gerenciamento de ganhos e falsificação oumaquiagem de livros contábeis.

    A Accenture (Arthur Andersen)Accenture é uma empresa global de consultoria de gestão, serviços de TI e outsourcing.A Accenture tem cerca de 186 mil empregados em 52 países e obteve receitas líquidas deUS$ 19,70 bilhões no ano fiscal encerrado em 31 de agosto de 2008.Há um equívoco que a mudança de nome de Andersen Consulting para Accenture foi

    simplesmente uma tentativa da consultoria de "esconder" o escândalo Enron. Esta afirmaçãonão condiz com o calendário dos eventos. A separação da Arthur Andersen foi solicitado

  • 8/19/2019 56715035 Apostila Gestao Financeira

    19/128

      19

    19

    pela consultoria em 1998, e finalmente confirmados em 2000; o escândalo Enron(começando com o relato do infame "LJM Partnerships") só foi ocorrer em 2001, e oescândalo culminou somente meses depois.Na realidade, o planejamento de um novo nome estava em curso antes que a decisão

    arbitral tivesse sido anunciada (Andersen Consulting partners consideraram que a palavra"Consulting" no nome era uma desvantagem, uma vez que a empresa estava partindo paraum caminho nada relacionado com consultoria, como outsorcing e empreendimentos).Curiosamente, e-mails internos da Arthur Andersen enviados em 2001 para todos osfuncionários, discutia-se planos futuros da Arthur Andersen para entrar no mercado com 3nomes: Andersen Tax, Andersen Audit, e Andersen Consulting, agora que eles tinhampropriedade sobre o nome. Arthur Andersen nunca foi capaz de revitalizar o nome "AndersenConsulting" desde que o escândalo Enron foi trazido a tona. Accenture é listada como sendouma das 100 melhores empresas no mundo pela Business Week em 2006, por isso amudança do nome parece ter sido um passo positivo.Além disso, a Accenture foi absolvida de qualquer envolvimento no escândalo Enron nos

    tribunais.No Brasil, a Accenture tem mais de 8.000 empregados, escritórios em São Paulo, Rio deJaneiro, Brasília, Belo Horizonte, Vitória e Campina Grande, uma fábrica de Software emAlphaville (Accenture Delivery Center) e um Centro de Serviços Compartilhados em Curitiba(Business Process Outsourcing Delivery Center).A empresa, desde 2006, está na lista do Guia Você S/A-Exame como uma das 150melhores empresas para trabalhar no Brasil e a melhor em Desenvolvimento de Carreira etambém na revista NewsWeek das 100 melhores empresas para trabalhar.

    Case: A Enron

    A Enron foi formada em 1985 pela compra da Houston Natural Gas pela InterNorth e já foi asétima maior empresa norte-americana. A empresa se ramificou em muitos campos deenergia, não relacionados ao petróleo com o passar dos anos, incluindo áreas comofreqüência de internet, gerenciamento de risco e derivativo climático (um tipo de seguroclimático para negócios sazonais). Ainda que seus negócios centrais continuassem atransmissão e distribuição de energia, seu crescimento fenomenal foi ocorrendo por meio deseus outros investimentos. A Fortune Magazine (em inglês) escolheu a Enron como "aempresa americana mais inovadora" por seis anos consecutivos, de 1996 a 2001. A "Enron"- então considerada uma potência empresarial – divulgou, em 2 de dezembro de 2001, seu

    pedido de concordata e, dez dias após, o Congresso Americano começou a analisar afalência do grupo, o qual possuía uma dívida aproximada de 22 bilhões de dólares. Emdiversos artigos, foi considerada a falência mais importante da história empresarialamericana. A "Enron" era a sétima maior empresa dos Estados Unidos e uma das maioresempresas de energia do mundo. No Brasil, a "Enron" mantinha participações naCEG/CEGRio, no Gasoduto Brasil / Bolívia, na Usina Termoelétrica de Cuiabá, na Eletrobolt,na Gaspart e na Elektro, esta última, empresa paulista de energia elétrica que atendeaproximadamente 1,6 milhões de consumidores.

  • 8/19/2019 56715035 Apostila Gestao Financeira

    20/128

      20

    20

    A "Enron" atuava, principalmente, em cinco grandes áreas:

    a)  "Enron Transportation Services ": condução interestadual de gás natural,construção,administração e operação de gasodutos; investimento em atividades de

    transporte de óleo cru;b)  "Enron Energy Services ": compra, comercialização e financiamento de gás natural, óleocru e eletricidade; administração de risco de contratos de longo prazo de commodity ;gasodutos estaduais de gás natural; desenvolvimento, aquisição e construção de centrais deenergia de gás natural; extração de gás natural líquido;c)  "Enron Wholesale Services ": negócios globais da "Enron", incluindo a negociação eentrega de commodities  físicas e financeiras e serviços de gerenciamento de risco;d)  "Enron Broadband Services":   atividade implementada no ano 2000, que provê aosclientes uma fonte de serviços de telecomunicações;e) "Corporate and Others ": provê serviços relacionados a abastecimento de água.

    A crise de confiançaPara compreendermos o que a crise da "Enron" representou para a economia mundial, épreciso refletir um pouco sobre a atitude que tomou conta de milhares de investidores que,na busca de lucros rápidos e fáceis, acabaram por apostar em empresas que não foramcapazes de corresponder às expectativas.Entendemos que um dos elementos que desencadeou o problema da confiança excessivados investidores foi a facilidade de acesso à negociação no mercado de ações. Tal fatotornou possível que, até pessoas sem nenhuma habilidade em perceber as oscilações eriscos dos negócios, investissem suas economias nesse mercado.Percebe-se, além disso, que existe na cultura norte-americana um traço interessante: aescolha de ícones, os quais induzem as pessoas a neles acreditarem irrestritamente. Um

    dos exemplos recentes foram as empresas "ponto com ", as quais, de repente, tiveram suasações supervalorizadas levando os investidores a acreditarem que elas eram um ótimonegócio. Na verdade, o que se pôde perceber foi que elas criaram uma "bolha" de otimismopouco duradoura em torno da qual investidores "amargaram" prejuízos consideráveis.Todo este esquema, na verdade, origina-se diante da necessidade que as empresas têm,inicialmente, de capitalizar-se - o que se poderia resolver captando recursos em bancos,assumindo um parceiro que invista capital ou colocando as ações em bolsas de valores.Esta última forma é a mais comum, utilizada pelas empresas americanas para suprirem anecessidade de capital, "alavancando" o necessário para o exercício pleno de suasatividades.Resolvida a questão da escassez de capital das corporações, surge para o mercado anecessidade de acompanhar o desempenho das atividades dessas empresas - o que, quasesempre, só é possível através da análise das suas demonstrações financeiras, o que - nocaso "Enron" - não foi suficiente para os investidores terem a segurança necessária emqualquer investimento. Por óbvio, se alguém opta por investir em uma corporação, o fazconsciente dos riscos que o mercado de capitais representa. Todavia, há uma grandediferença entre assumir riscos e admitir que as informações acerca de uma determinadaempresa não sejam confiáveis.No caso "Enron", a confiança que os investidores possuíam não era despropositada. Aliás, anosso ver, pelas informações que os analistas traduziam aos investidores, até mesmo osmais experientes não seriam capazes de perceber o que havia por trás de todo aquele

    otimismo. Além disso, pela própria estrutura da "Enron", era difícil acreditar que aqueleimpério um dia poderia ruir. "A "Enron" era tida como uma das empresas da elite americana.

  • 8/19/2019 56715035 Apostila Gestao Financeira

    21/128

      21

    21

    Era a sexta maior empresa de energia do mundo em capitalização de mercado. Umconglomerado sediado em Houston, Texas, que faturou US$101 bilhões de dólares em2000. A sétima maior empresa dos EUA em faturamento segundo a publicação Fortune500". Somado a tudo isso, a "Enron" ainda contava, a seu favor, com a imprensa e com a

    falta de informações dos analistas de mercado. É o que podemos perceber da brilhanteanálise de Cláudio Gradilone que fez uma retrospectiva das informações de mercado poucotempo antes deste tomar conhecimento da concordata da "Enron"."Consideramos as ações da "Enron" acima da média do mercado e mantemos nosso preçoalvo de 85 dólares por ação. (Morgan Stanley Dean Witter, 12 de julho de 2001. As açõesfecharam a 39,26 dólares nesse dia)""A "Enron" tem avançado no processo de reorientar seu foco para atividades mais lucrativas(...). Nosso preço-alvo para a ação é de 44 dólares. (Merrill Lynch, 9 de outubro de 2001. Asações fecharam a 26,55 dólares.)""Mantemos nossa recomendação de compra e nosso preço-alvo para os próximos 12 mesesé de 45 dólares por ação. (CIBC, 17 de outubro de 2001. Ações a 29,06 dólares)"

    "As notícias da morte da Enron são muito exageradas. A ação deve ter um desempenhosuperior ao do mercado, e o preço-alvo é de 30 dólares por ação. (Bemstein Research, 1º denovembro de 2001. Haja otimismo. As ações fecharam a 9,53 dólares, e a empresaesperava uma alta de 215%)"Como veremos adiante, todo esse otimismo acabou influenciando os administradores da"Enron" a buscar, no mercado, informações que sustentassem a euforia em torno de suasações - o que não foi mantido por muito tempo, culminando em sua ruína.

    O Papel dos administradoresAo analisarmos o caso "Enron", algumas opiniões quanto à forma como a fraude aconteceuforam uníssonas ao afirmar que o esquema girava em torno de manobras contábeis a fim de

    mascarar a real situação da corporação. Poderíamos perfeitamente invocar um velhoprovérbio para representar a situação da Enron: "Por fora bela viola, por dentro pãobolorento" Entendemos que essas manobras foram influenciadas, sobretudo, pela ganânciados administradores em inflarem, manifestamente, seus lucros. Nesse sentido, grandescorporações comumente vinculam a remuneração dos seus administradores aos resultadosobtidos em benefício delas.Seria uma espécie de participação nos resultados - normalmente atribuída como fatormotivacional - paga aos administradores com as próprias ações da corporação. São asconhecidas "Stock Options". Nesse sistema, os administradores ou funcionários passam aser proprietários de ações da empresa e podem ou não obter lucros, o que dependerá dodesempenho da corporação. Não é necessário nenhum esforço interpretativo paracompreender que os administradores, nesse contexto, teriam total interesse em que suasações se valorizassem cada vez mais para obterem grandes resultados na suacomercialização. Foi o que aconteceu com um dos fundadores e CEO da "Enron", KennethLay. "Kenneth Lay reuniu mais de 200 milhões de dólares em ações nos últimos quatro anosvendidas antes que o escândalo estourasse e transformasse em pó o fundo de pensão demais de 20 mil funcionários da empresa". A atitude de Kenneth serve apenas para ilustrar oquão temerosa pode ser a prática de atribuir aos administradores lucros com base noresultado das empresas - o que tem levado o mercado americano a reivindicar ao governoque os salários e remunerações dos executivos sejam definidos, evitando, assim, aocultação de resultados com o objetivo de aumentar seus rendimentos.

  • 8/19/2019 56715035 Apostila Gestao Financeira

    22/128

      22

    22

    A auditoria e a consultoriaAlém dos interesses pessoais e ilícitos dos administradores em majorar os resultados dacorporação, existia também a pressão dos investidores por bons resultados e a necessidadede demonstrar ao mercado que a corporação estava bem, para atrair mais investimentos. Na

    verdade, não é possível identificar dentre essas causas qual mais motivou a ruína da"Enron", seus investidores e empregados. Ousamos afirmar que a soma dessas condições àfragilidade dos mecanismos legais e contábeis que norteiam as corporações de capitalaberto foram os responsáveis pelo desastre "Enron"."Tecnicamente, a Enron  utilizou empresas coligadas e controladas para inflar seu resultado -uma prática comum nas empresas. Através de SPE´s (Special Purpose Entities), a empresatransferia passivos, camuflava despesas, alavancava empréstimos, leasings , securitizaçõese montava arriscadas operações com derivativos".Kenneth Lay, ao qualificar a engenharia contábil aplicada aos balanços da "Enron", atraduziu como criativa e agressiva.Nesse mesmo sentido, o colunista da Revista Exame David Cohen resumiu de forma

    adequada a prática que levou a "Enron" à ruína. "A Enron   varria débitos para entidadesespeciais das quais detinha participação majoritária mas que, por causa de uma normacontábil duvidosa, não eram consolidadas no balanço final".Cohen arremata afirmando que o resultado dessa falácia contábil foram: "lucrossuperestimados em 591 milhões de dólares e dívidas subestimadas em 628 milhões dedólares no último balanço."Diante de todo esse quadro, o principal questionamento foi acerca do papel desempenhadopela auditoria independente que tinha o dever de informar todas estas operações e do seudever de transparência com o mercado. O artigo 177, § 3º da lei brasileira número 6.404 de1976, ao tratar da escrituração da companhia, reflete de forma clara que a auditoria deve serum propagador da situação da corporação e, certamente, no contexto norte- americano não

    é diferente. No caso da "Enron", a auditoria responsável pelos balanços há quase 10 anosera a ARTHUR ANDERSEN. Além desse papel, a empresa também prestava consultoria à"Enron", sendo que a concomitância dessas duas atividades pela mesma empresa sãopráticas totalmente incompatíveis, devendo-se ressaltar que, no Brasil, a incompatibilidadede tais atividades é disciplinada pela instrução normativa nº 308 da CVM, de 1999, quedispõe:

    Art. 23 . É vedado ao Auditor Independente e às pessoas físicas e jurídicas a ele ligadas,conforme definido nas normas de independência do CFC, em relação às entidades cujoserviço de auditoria contábil esteja a seu cargo:  I – adquirir ou manter títulos ou valores mobiliários de emissão da entidade, suascontroladas, controladoras ou integrantes de um mesmo grupo econômico ouII – prestar serviços de consultoria que possam caracterizar a perda da sua objetividade eindependência.

    Podemos dizer que a incompatibilidade das duas atividades exercidas pela ARTHURANDERSEN na "Enron" era conflitante porque, se, por um lado, a auditoria tinha comofunção verificar as demonstrações financeiras da corporação de forma isenta e transparente,por outro, a atividade de consultoria está diretamente relacionada à otimização de lucros eprocessos internos que muitas vezes se distanciam do dever de transparência da auditoria.Estes interesses conflitantes entre auditoria e consultoria teriam sido um dos motivos da

    manipulação de resultados, conforme apontaram alguns analistas. Segundo eles,exatamente pelo fato de a atividade de consultoria ser mais rentável, a ARTHUR

  • 8/19/2019 56715035 Apostila Gestao Financeira

    23/128

      23

    23

    ANDERSEN teria forjado os números para fazer  jus às quantias recebidas pela auditoria."Dos 52 milhões que a ARTHUR ANDERSEN recebeu no ano passado, 27 milhões, ou maisda metade, não vinham de serviços de auditoria, mas de consultoria contábil, legal e deoutros serviços."

    As conclusões do Caso "Enron"Não podemos afirmar quais foram as reais causas desse trágico desfecho da "Enron", mascertamente a economia de mercado teve acentuada influência na prática de fraudes emanobras contábeis que culminaram na concordata da empresa e no prejuízo de milharesde investidores, credores e empregados.Ademais, todas as atitudes praticadas pelos administradores da "Enron" comprovam afragilidade dos mecanismos contábeis e de auditoria capazes de coibir abusos e evitarfraudes lesivas ao mercado.Outra séria conclusão a que chegamos é que há que existir uma prática transparente entreadministradores de corporações, seus investidores e empregados capazes de refletir a real

    situação financeira de uma empresa.

    Entendendo o Caso EnronA análise do caso "Enron" vem corroborar o entendimento de que a tão aclamadarecuperação de empresas deve ser vista com reservas e não como um instrumento deaplicação indiscriminada concedido a todas as empresas em crise. Ademais, poderia o leitorquestionar o motivo da escolha por um caso americano se o que se pretende demonstrar éuma realidade brasileira. A resposta reside em dois aspectos: o primeiro é o fato de que ocaso "Enron" representa um dos maiores fracassos empresariais da atualidade e demonstraa crise do sistema econômico global; o segundo é que os fatores motivadores da crisevivenciada pela "Enron" não se distanciam da realidade brasileira. Além disso, a realidade

    econômica da "Enron" nos fez refletir sobre a fragilidade de outros institutos que norteiam asobrevivência de uma empresa, tais como a Contabilidade e a Auditoria.

    Como a fraude aconteceuO caso da fraude Enron é extremamente complexo. Alguns dizem que o legado da Enronestá baseado no fato de, em 1992, Jeff Skilling, então presidente das operações comerciaisda Enron, ter convencido fiscais federais a permitirem que a Enron usasse um métodocontábil conhecido como "mark to market". Esta era uma técnica usada por empresas decorretagem e importação e exportação. Com uma contabilidade desta, o preço ou valor deum seguro é registrado em uma base diária para calcular lucros e perdas. O uso destemétodo permitiu a Enron contar ganhos projetados de contratos de energia a longo prazocomo receita corrente. Este era dinheiro que não deveria ser recolhido por muitos anos.Acredita-se que esta técnica foi usada para aumentar os números de rendimentomanipulando projeções para rendimentos futuros. O uso desta técnica (bem como outraspráticas questionáveis da Enron) criou dificuldades para que o mercado visse como a Enronrealmente fazia dinheiro. Os números estavam nos livros contábeis e as ações continuaramaltas, mas a Enron não estava pagando impostos altos. Robert Hermann, o conselheiro geralde impostos da empresa na época, foi avisado por Skilling que o método contábil permitiaque a Enron fizesse dinheiro e crescesse sem trazer muito dinheiro possível de taxação paraa empresa. A Enron esteve comprando quaisquer novos empreendimentos que pareciampromissores. Suas aquisições estavam crescendo exponencialmente. A Enron também

    formou empresas (LJM, LJM2 e outras) para movimentar débitos para fora de seus balançose transferir riscos para seus outros negócios. Estas novas unidades eram também

  • 8/19/2019 56715035 Apostila Gestao Financeira

    24/128

      24

    24

    estabelecidas para manter o crédito da Enron alto, o que era muito importante em suasoutras áreas de negócios. Como os executivos acreditavam que o valor das ações da Enrona longo prazo permaneceriam altos, eles procuraram várias maneiras de usar as ações daempresa para dar cobertura aos investimentos nestas outras entidades. Eles o fizeram por

    meio de um arranjo complexo de entidades com fins especiais chamadas Raptores. OsRaptores foram estabelecidos para cobrir suas perdas caso as ações no começo dosnegócios caíssem. Quando a indústria de comunicação à distância sofreu seuprimeiro impacto negativo nos negócios, isso também afetou a Enron. Analistas financeiroscomeçaram a tentar descobrir a fonte do dinheiro da Enron. Os Raptores poderiam entrarem colapso se as ações da Enron caíssem a um certo ponto, pois eles estavam apoiadosapenas por elas. As regras contábeis requeriam um investidor independente para umabarreira funcionar, mas a Enron usou uma de suas novas unidades. Os acordos foram tãocomplexos que ninguém pode realmente determinar o que era legal e o que não era. Mas,uma hora, o castelo de cartas ruiu. Quando as ações da Enron começaram a declinar, osRaptores começaram a declinar também. Em 14 de agosto de 2001, o CEO da Enron, Jeff

    Skilling, demitiu-se por "assuntos de família". Isto chocou tanto a indústria quanto osempregados da Enron. O chefe-executivo da Enron, Ken Lay, assumiu como CEO.

    Como tudo foi descobertoEm 15 de agosto, Sherron Watkins, vice-presidente da Enron, escreveu uma carta anônimapara Ken Lay que sugeria que Skilling havia saído devido a impropriedades contábeis eoutras ações ilegais. A carta questionou os métodos contábeis da Enron, especificamentecitando as transações dos Raptores. Mais tarde no mesmo mês, Chung Wu, um corretor daUBS PaineWebber em Houston, enviou um e-mail para 73 clientes de investimentos dizendoque a Enron estava com problemas e advertindo-os a considerar venderem suas cotas.Sherron Watkins então se encontrou com Ken Lay pessoalmente, adicionando mais detalhes

    a suas acusações. Ela notou que as unidades foram controladas pelo CFO da Enron,Fastow, e que ele e outros funcionários da Enron fizeram dinheiro e deixaram apenas aEnron em risco com o resguardo dos Raptores (os acordos dos Raptores foram escritos paraque a Enron tivesse que apoiá-las com suas ações). Quando as ações da Enron caíram aum certo ponto, as perdas dos Raptores começaram a aparecer nas declarações financeirasda Enron. Em 16 de outubro, a Enron anunciou um terceiro trimestre de perdas de US$ 618milhões. Durante 2001, as ações da Enron caíram de US$ 86 para US$ 0,30. Em 22 deoutubro, a SEC começou uma investigação nos procedimentos contábeis e parceiros daEnron. Em novembro, a Enron admitiu oficialmente ter exagerado os ganhos da empresa emUS$ 57 milhões desde 1997. A Enron decretou falência em dezembro de 2001.

    Onde eles estão agora?O CFO da Enron, Andrew Fastow, estava por trás de uma rede complexa de parceiros emuitas outras práticas questionáveis. Ele foi acusado de 78 contas de fraude, conspiração elavagem de dinheiro. Fastow aceitou um acordo de alegação de defesa em janeiro de 2004.Após se declarar culpado de duas acusações de conspiração, ele recebeu a sentença de 10anos de prisão e uma multa de US$ 23,8 milhões em troca de testemunhar contraexecutivos da Enron. Jeff Skilling e Ken Lay foram ambos indiciados em 2004 por suasparticipações da fraude. De acordo com seu site, "a Enron está liquidando suas operaçõesrestantes e distribuindo suas posses a seus credores".Em 25 de maio de 2006, um júri da corte federal em Houston, Texas, declarou tanto Skilling

    quanto Lay culpados. Jeff Skilling foi condenado por 19 casos de conspiração, fraude,comércio ilegal e declarações falsas. Estas acusações levam a uma sentença máxima de

  • 8/19/2019 56715035 Apostila Gestao Financeira

    25/128

      25

    25

    185 anos combinados. Ken Lay foi condenado por seis casos de conspiração e fraude. Eleenfrenta o máximo de 45 anos na prisão. Em julgamento separado, Lay foi tambémdeclarado culpado por quatro casos de fraude bancária. Cada caso leva a sentençasmáximas de 30 anos. Lay faleceu em julho de 2006 e Killing começou a cumprir a pena em

    dezembro do mesmo ano.

    Lei Sarbanes-Oxley

    A Lei Sarbanes-Oxley (em inglês, Sarbanes-Oxley Act ) é uma lei americana, assinada em30 de julho de 2002 pelo senador Paul Sarbanes (Democrata de Maryland) e pelo deputadoMichael Oxley (Republicano de Ohio).Motivada por escândalos financeiros coorporativos (dentre eles o da Enron, que acabou porafetar drasticamente a empresa de auditoria Arthur Andersen), essa lei foi redigida com oobjetivo de evitar o esvaziamento dos investimentos financeiros e a fuga dos investidorescausada pela aparente insegurança a respeito da governança adequada das empresas.

    A lei Sarbanes-Oxley, apelidada de Sarbox  ou ainda de SOX, visa garantir a criação demecanismos de auditoria e segurança confiáveis nas empresas, incluindo ainda regras paraa criação de comitês encarregados de supervisionar suas atividades e operações, de modoa mitigar riscos aos negócios, evitar a ocorrência de fraudes ou assegurar que haja meios deidentificá-las quando ocorrem, garantindo a transparência na gestão das empresas.Atualmente grandes empresas com operações financeiras no exterior seguem a leiSarbanes-Oxley. A lei também afeta dezenas de empresas brasileiras que mantém ADRs(American Depositary Receipts ) negociadas na NYSE, como a Petrobras, a GOL LinhasAéreas, a Sabesp,a TAM Linhas Aéreas, a Brasil Telecom, Ultrapar (Ultragaz), a CompanhiaBrasileira de Distribuição (Grupo Pão de Açúcar), Banco Itaú e a Telemig Celular.As duas seções mais importantes da SOX são:

    •  Seção 302Diretores Executivos e Diretores Financeiros devem declarar pessoalmente  que sãoresponsáveis pelos controles e procedimentos de divulgação (das DF’s). Cada arquivotrimestral deve conter a certificação de que eles executaram a avaliação do desenho e daeficácia desses controles.

    •  Seção 404Determina uma avaliação anual dos controles e procedimentos internos para a emissãode relatórios financeiros. Além disso a Auditoria Externa deve emitir um relatório distinto que

    ateste a asserção da administração sobre a eficácia dos controles internos e dosprocedimentos executados para a emissão das DF’s.

  • 8/19/2019 56715035 Apostila Gestao Financeira

    26/128

      26

    26

    Módulo BConceitos gerais de contabilidade e os principais relatórios

    Objetivo do Módulo:Ao final deste módulo o aluno deve ser capaz de:- Conhecer a conceituação geral Contabilidade;- Saber quais são seus principais princípios;- Entender a metodologia das partidas dobradas;- Conseguir diferenciar regime contábil e regime de caixa;- Conhecer os principais relatórios contábeis e sua estruturação.

    PREPARAÇÃO PRÉVIA 1

    Leitura prévia do capítulo 1 do livro do Marion (Bibliografia básica) ou Cap. 1, 2 e 3 (Ching)ou de qualquer outro livro sobre o assunto do módulo.- Responda as questões abaixo e entregue ao professor:1 – Qual a função da contabilidade?2 – Quais são os dois principais relatórios contábeis? Qual a função de cada um?3 – Por que as empresas devem seguir as regras contábeis?4 – Qual a diferença entre regime de caixa e regime de competência?5 – Uma empresa pode apresentar lucro e problemas de solvência ao mesmo tempo? Porquê?

    PREPARAÇÃO PRÉVIA 2

    Trazer, para análise, alguma demonstração contábil da empresa em que trabalha ou quealguém que conheça trabalhe.

    Balanço Patrimonial 

    1. Objetivo 

    O objetivo do balanço patrimonial é apresentar, de uma forma ordenada e padronizada, asituação econômica e financeira de uma empresa num determinado momento.Quando analisamos a demonstração do resultado, verificamos que ela consiste naapresentação dos saldos das contas de receitas e de despesas de um modo ordenado.As contas que registram os elementos patrimoniais também devem ser classificadas eagrupadas de modo a permitir e facilitar o entendimento e análise da situação econômico-financeira da empresa.O balanço patrimonial deve ser elaborado na data de encerramento do exercício social.

  • 8/19/2019 56715035 Apostila Gestao Financeira

    27/128

      27

    27

    2. Exercício social e ciclo operacional 

    O exercício social é o período fixado em lei ao término do qual a empresa deve elaborardemonstrações contábeis. De acordo com a lei das sociedades por ações, devem ser

    observadas as seguintes regras:•  O exercício social terá duração de doze meses. Os únicos exercícios sociais quepoderão fugir a essa regra são aqueles em que ocorrer a constituição da empresa ou emque for modificada a data de encerramento do exercício.

    •  Nas empresas que tiverem o ciclo operacional superior a um exercício, a classificaçãodos ativos o passivos no circulante ou longo prazo poderá ter por base esse ciclo.

    Ciclo operacional é o intervalo de tempo compreendido entre a aplicação de recursos naprodução dos bens ou serviços e o recebimento do numerário pela entrega destes.

    Modelo de Balanço Patrimonial

    Ativo  Passivo Circulante 

    •  Caixa e bancos•  Aplicações financeiras no mercado aberto•  Contas a receber de clientes, inclui do exterior•  Títulos descontados•  Provisão para contas de cobrança duvidosa•  Provisão para descontos•

      Demais contas a receber (*)•  Estoques•  Despesas do exercício seguinte 

    Realizável a longo prazo •  Sociedades controladora, controladas e coligadas•  Diretores, acionistas e participantes nos lucros da

    empresa•  Títulos e valores mobiliários•  Empréstimos e depósitos compulsórios•  Demais contas a receber (*)

    Permanente •  Investimentos•  Imobilizado•  Diferido

    (*) O saldo destas contas de títulos genéricos não deveser superior a 10% do total do grupo a que pertence 

    Circulante •  Fornecedores, inclui do exterior•  Salários e contribuições sociais•  Provisão para imposto de renda•  Impostos sobre circulação de mercadorias e

    produtos industrializados•  Financiamentos•

      Debêntures•  Sociedades controladora, controladas e coligadas•  Distribuição de lucros•  Demais contas e despesas a pagar (*)

    Exigível a longo prazo •  Financiamentos•  Debêntures•  Adiantamentos por conta de contratos de

    empreitada•  Sociedades controladora, controladas e coligadas•  Demais contas e despesas a pagar (*)

    Resultado de exercícios futuros •  Receitas de exercícios futuros•  Custos e despesas correspondentes

    Patrimônio líquido •  Capital social•  Reservas de capital•  Reserva de reavaliação•  Reservas de lucros•  Ações em tesouraria•  Lucros (prejuízos) acumulados 

  • 8/19/2019 56715035 Apostila Gestao Financeira

    28/128

      28

    28

    3. Classificação das contas

    Essa classificação e o agrupamento das contas deve obedecer aos princípios contábeisgeralmente aceitos e à legislação pertinente.

    3.1. Ativo 

    As contas do ativo devem ser dispostas em ordem decrescente de liquidez e classificadasnos seguintes grupos:

    •  Circulante•  Realizável a longo prazo•  Permanente

    3.1.1 Ativo circulante 

    O ativo circulante é composto das disponibilidades, dos direitos realizáveis no curso deexercício social seguinte e das despesas pagas antecipadamente.As disponibilidades representam o numerário em caixa e em bancos que pode ser utilizadode imediato, isto é, à livre disposição da empresa.Os recursos depositados em bancos, que por qualquer razão não são de livre movimentaçãopela empresa, devem ser demonstrados de modo a indicar essa condição.Como direitos realizáveis no exercício social subseqüente devemos entender não só asduplicatas e demais valores a receber, como também os direitos de propriedade, tais comoestoque e aplicações de curto prazo, ou seja, aquelas que serão transformadas emnumerário no curso do exercício social subseqüente.

    Também são classificáveis no grupo do circulante as aplicações de recursos em despesasque ainda não foram incorridas, mas que já foram pagas.Caso típico dessas despesas do exercício seguinte é o prêmio de seguros que é pagoantecipadamente, mas refere-se a uma obrigação contratual da seguradora de prestar umserviço no futuro.

    3.1.2 Realizável a longo prazo

    Neste grupo serão classificados os bens e direitos que serão realizados após o final dopróximo exercício social, observando o que segue:

    •  Os direitos só serão transformados em numerário após o término do exercícioseguinte, ou após o ciclo operacional da empresa, quando este ultrapassar o exercíciosocial.•  São classificados nesta conta os direitos que decorram de operações nãorelacionadas com as atividades operacionais da empresa ou que tenham sido praticadascom empresas coligadas ou controladas, diretores, acionistas ou participantes do lucro daempresa.

    Em resumo, a classificação no realizável a longo prazo depende de dois fatores: tempo econdição do devedor.

  • 8/19/2019 56715035 Apostila Gestao Financeira

    29/128

      29

    29

    3.1.3 Ativo permanente

    O grupo do ativo permanente está dividido nos seguintes subgrupos:

      Investimentos•  Imobilizado•  Diferido

    Devem ser classificadas como investimentos as participações permanentes em outrasempresas e os direitos de qualquer natureza, não classificáveis no circulante, nem norealizável a longo prazo.Os investimentos permanentes têm como principal característica o fato de não haverintenção, por parte da empresa, de vendê-los.O subgrupo do imobilizado é composto dos direitos que tenham por objeto a manutençãodas atividades da empresa, ou que sejam exercidos com essa finalidade, bem como os

    direitos de propriedade industrial ou comercial.São classificados no imobilizado, por exemplo, os bens tangíveis como terrenos, edifícios,móveis e utensílios, veículos e os intangíveis como marcas, patentes e custo de exploraçãode fundo de comércio.No subgrupo do diferido serão classificadas as aplicações de recursos em despesas quecontribuirão para a formação do resultado de mais de um exercício social. São despesasrelativas a serviços já recebidos, mas que não foram lançados no resultado, pois contribuirãopara a obtenção de resultados futuros, como é o caso dos gastos pré-operacionais.

    3.2. Passivo

    As contas do passivo são classificáveis nos seguintes grupos:

    •  Circulante•  Exigível a longo prazo•  Resultados de exercícios futuros•  Patrimônio líquido

    3.2.1 Passivo circulante e exigível a longo prazo

    A classificação das contas no grupo do circulante ou do exigível a longo prazo tem por únicocritério a época de vencimento da obrigação. Assim, se a obrigação vencer antes do términodo exercício social subseqüente deve ser classificada como circulante; caso contrário, deveser classificada no longo prazo.Também aqui, se o ciclo operacional for superior ao exercício social, poderá ser tomadocomo base para determinar o que é circulante e o que é longo prazo.

    3.2.2 Resultado de exercícios futuros

    Nos resultados de exercícios futuros serão classificadas as receitas já recebidas referentes abens ou serviços ainda não concluídos, deduzidos dos custos incorridos para sua produçãoaté o presente.

  • 8/19/2019 56715035 Apostila Gestao Financeira

    30/128

      30

    30

    3.2.3 Patrimônio líquido

    O patrimônio líquido divide-se em: à Capital social à Reservas de capital à Reserva dereavaliação à Reservas de lucros à Lucros ou prejuízos acumulados.

    3.2.3.1 Capital social

    Representa a contribuição dos proprietários para a formação e manutenção das atividadesda empresa. Em relação ao capital social, dois aspectos merecem destaque:

    •  As parcelas do capital pertencentes a pessoas domiciliadas ou com sede no exterior,registrada no Banco Central do Brasil, devem ser apresentadas destacadamente.

    •  O capital não integralizado deve ser apresentado subtrativamente do capital subscrito.

    3.2.3.2 Reservas de capital

    Representam recursos provenientes dos proprietários ou de terceiros, que aumentaram oativo da empresa, mas não transitaram pelo resultado, ou seja, não se constituíram emreceitas. As reservas de capital são claramente definidas em lei, devendo registrar,principalmente, o seguinte:

    •  O ágio na colocação de ações, ou seja, a parcela recebida pela venda de ações queultrapassar seu valor nominal.

    •  Se a ação não tiver valor nominal será considerada ágio.

    •  As doações recebidas pela empresa e as subvenções para investimento.

    •  O resultado da correção monetária do capital.

    3.2.3.3 Reservas de reavaliação

    Reserva de reavaliação é a contrapartida do registro de reavaliações espontâneas do ativopermanente, as quais devem ser efetuadas por três peritos ou empresa especializada eaprovada em Assembléia de Acionistas.

    3.2.3.4 Reservas de lucros

    As reservas de lucro são constituídas através de apropriação do lucro da empresa comobjetivos e regras definidos. A legislação vigente entra em detalhes sobre os critérios paraconstituição dessas reservas, uma vez que as mesmas influenciam diretamente o resultadoà disposição dos acionistas. As reservas de lucros são as seguintes:

    •  Reserva legal•  Reservas estatutárias•  Reservas para contingências• 

    Reservas de lucros a realizar•  Reservas para reinvestimentos ou expansão

  • 8/19/2019 56715035 Apostila Gestao Financeira

    31/128

      31

    31

    3.2.3.5 Lucros ou prejuízos acumulados

    Representam lucros que a empresa realizou e que não foram destinados para reservas nempara dividendos.

    Quanto aos lucros ou prejuízos acumulados, dois destaques devem ser feitos:•  O saldo apresentado no balanço deve coincidi