(6) - O arrependimento de Jó

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1 O arrependimento de Jó Repreensão Divina Após o discurso de Eliú, que deixou bem claro que o grande problema de Jó era a sua justiça própria, o próprio Deus fez questão de se dirigir a este Seu filho, repreendendo-o pessoalmente: "Depois disto o SENHOR respondeu a Jó de um redemoinho, dizendo: Quem é este que escurece o conselho com palavras sem conhecimento? Agora cinge os teus lombos, como homem; e perguntar-te-ei, e tu me ensinarás." Jó 38:1-3 Às perguntas de Zofar “Poderás descobrir as cousas profundas de Deus? Poderás descobrir perfeitamente o Todo-poderoso?” (Job 11:7), Jó tinha respondido: Eu tenho entendimento como vós, eu não vos sou inferior. Quem não sabe tais cousas como essas?”; “Eis que tudo isto viram os meus olhos, e os meus ouvidos o ouviram e entenderam. Como vós o sabeis, também eu o sei; não vos sou inferior." (Job 12:3; 13:1,2) Agora o Senhor continua o Seu discurso, usando até mesmo a ironia, para fazer Jó refletir no seu orgulho e justiça própria, e admitir a loucura do seu pecado: "Onde estavas tu, quando eu fundava a terra? Faze-mo saber, se tens inteligência. Quem lhe pós as medidas, se é que o sabes? (...) Ou desde os teus dias deste ordem à madrugada, ou mostraste à alva o seu lugar; (...) Ou entraste tu até às origens do mar, ou passeaste no mais profundo do abismo? Ou descobriram-se-te as portas da morte, ou viste as portas da sombra da morte? Ou com o teu entendimento chegaste às larguras da terra? Faze-mo saber, se sabes tudo isto. Onde está o caminho onde mora a luz? E, quanto às trevas, onde está o seu lugar; Para que as tragas aos seus limites, e para que saibas as veredas da sua casa? De certo tu o sabes, porque já então eras nascido, e por ser grande o número dos teus dias! Ou entraste tu até aos tesouros da neve, e viste os tesouros da saraiva, Que eu retenho até ao tempo da angústia, até ao dia da peleja e da guerra? (...) Ou poderás tu ajuntar as delícias do Sete-estrelo ou soltar os cordéis do Orion? Ou produzir as constelações a seu tempo, e guiar a Ursa com seus filhos? Sabes tu as ordenanças dos céus, ou podes estabelecer o domínio deles sobre a terra? Ou podes levantar a tua voz até às nuvens, para que a abundância das águas te cubra? Ou mandarás aos raios para que saiam, e te digam: Eis-nos aqui? Quem pôs a sabedoria no íntimo, ou quem deu à mente o entendimento?" Jó 38:4,5,12, 16- 23,31-36. "Respondeu mais o SENHOR a Jó, dizendo: Porventura o contender contra o Todo-Poderoso é sabedoria? Quem argui assim a Deus, responda por isso.

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Jó arrepende-se da sua justiça própria. Final da história.

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O arrependimento de Jó

Repreensão Divina

Após o discurso de Eliú, que deixou bem claro que o grande problema de Jó era a sua justiça própria, o próprio Deus fez questão de se dirigir a este Seu filho, repreendendo-o pessoalmente: "Depois disto o SENHOR respondeu a Jó de um redemoinho, dizendo: Quem é este que escurece o conselho com palavras sem conhecimento? Agora cinge os teus lombos, como homem; e perguntar-te-ei, e tu me ensinarás." Jó 38:1-3 Às perguntas de Zofar “Poderás descobrir as cousas profundas de Deus? Poderás descobrir perfeitamente o Todo-poderoso?” (Job 11:7), Jó tinha respondido: “Eu tenho entendimento como vós, eu não vos sou inferior. Quem não sabe tais cousas como essas?”; “Eis que tudo isto viram os meus olhos, e os meus ouvidos o ouviram e entenderam. Como vós o sabeis, também eu o sei; não vos sou inferior." (Job 12:3; 13:1,2) Agora o Senhor continua o Seu discurso, usando até mesmo a ironia, para fazer Jó refletir no seu orgulho e justiça própria, e admitir a loucura do seu pecado: "Onde estavas tu, quando eu fundava a terra? Faze-mo saber, se tens inteligência. Quem lhe pós as medidas, se é que o sabes? (...) Ou desde os teus dias deste ordem à madrugada, ou mostraste à alva o seu lugar; (...) Ou entraste tu até às origens do mar, ou passeaste no mais profundo do abismo? Ou descobriram-se-te as portas da morte, ou viste as portas da sombra da morte? Ou com o teu entendimento chegaste às larguras da terra? Faze-mo saber, se sabes tudo isto. Onde está o caminho onde mora a luz? E, quanto às trevas, onde está o seu lugar; Para que as tragas aos seus limites, e para que saibas as veredas da sua casa? De certo tu o sabes, porque já então eras nascido, e por ser grande o número dos teus dias! Ou entraste tu até aos tesouros da neve, e viste os tesouros da saraiva, Que eu retenho até ao tempo da angústia, até ao dia da peleja e da guerra? (...) Ou poderás tu ajuntar as delícias do Sete-estrelo ou soltar os cordéis do Orion? Ou produzir as constelações a seu tempo, e guiar a Ursa com seus filhos? Sabes tu as ordenanças dos céus, ou podes estabelecer o domínio deles sobre a terra? Ou podes levantar a tua voz até às nuvens, para que a abundância das águas te cubra? Ou mandarás aos raios para que saiam, e te digam: Eis-nos aqui? Quem pôs a sabedoria no íntimo, ou quem deu à mente o entendimento?" Jó 38:4,5,12, 16-23,31-36. "Respondeu mais o SENHOR a Jó, dizendo: Porventura o contender contra o Todo-Poderoso é sabedoria? Quem argui assim a Deus, responda por isso.

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Então Jó respondeu ao SENHOR, dizendo: Eis que sou vil; que te responderia eu? A minha mão ponho à boca. Uma vez tenho falado, e não replicarei; ou ainda duas vezes, porém não prosseguirei. Então o SENHOR respondeu a Jó de um redemoinho, dizendo: Cinge agora os teus lombos como homem; eu te perguntarei, e tu me explicarás. Porventura também tornarás tu vão o meu juízo, ou tu me condenarás, para te justificares?" Jó 40:1-8.

Bendito Resultado

"Então respondeu Job ao Senhor, dizendo: Bem sei eu que tudo podes, e que nenhum dos teus propósitos pode ser impedido. Quem é este, que sem conhecimento encobre o conselho? Por isso relatei o que não entendia; coisas que para mim eram inescrutáveis, e que eu não entendia. Escuta-me, pois, e eu falarei; eu te perguntarei, e tu me ensinarás. Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora te vêem os meus olhos. Por isso me abomino e me arrependo no pó e na cinza." Jó 42: 1-6. Finalmente Jó reconhece o seu pecado, humilha-se e arrepende-se! “Os que experimentam a santificação bíblica manifestarão um espírito de humildade. Como Moisés, depois de contemplarem a augusta e majestosa santidade, vêem a sua própria indignidade contrastando com a pureza e excelsa perfeição do Ser infinito. (…) Quando Jó ouviu do redemoinho, a voz do Senhor, exclamou: "Por isso me abomino e me arrependo no pó e na cinza. Jó 42:6. (…)

Não pode haver exaltação própria, jactanciosa pretensão à libertação do pecado, por parte dos que andam à sombra da cruz do Calvário. Sentem eles que foi seu pecado o causador da agonia que quebrantou o coração do Filho de Deus, e este pensamento os levará à humilhação própria. Os que mais perto vivem de Jesus, mais claramente discernem a fragilidade e pecaminosidade do ser humano, e sua única esperança está nos méritos de um Salvador crucificado e ressurgido.” O Grande Conflito, pág. 471, 472, (cap. 27).

Os 3 amigos de Jó A Bíblia diz-nos: "Deus fala de um modo, E ainda de outro modo, sem que o homem lhe atenda. Em sonho, em visão noturna, Quando cai sono profundo sobre os homens, E dormem na cama; Então lhes abre os ouvidos, E lhes sela a instrução, Para apartar o homem do seu mau propósito, E escondê-lo da soberba". Jó 33:14-17 "Os amigos de Job" não "entendiam a sua humilhação e sofrimentos". Desejado de Todas as Nações, pág. 63. Por isso, e na tentativa de descobrir qual era a razão de tanto sofrimento - não obstante isso já ter sido revelado por Deus num sonho dado a Elifaz (Jó 4:12,17) - eles

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multiplicaram as suas palavras em acusações contra Jó e em afirmações incorrectas acerca de Deus. "Toda a palavra de Deus é provada, Ele é um escudo para os que nele confiam. Nada acrescentes às suas palavras, Para que ele não te repreenda, e tu sejas achado mentiroso." Pv. 30:5,6. Por esse motivo é que o Senhor repreendeu Elifaz, Bildade e Zofar: "Sucedeu que, acabando o Senhor de falar a Job aquelas palavras, o Senhor disse a Elifaz, o temanita: A minha ira se acendeu contra ti, e contra os teus dois amigos, porque não falastes de mim o que era reto, como o meu servo Job." Jó 42:7 Mas é interessante notar que Deus não repreende a Eliú, pois ele falou sabiamente, tomando em consideração aquilo que o Senhor havia revelado. Como vimos no artigo anterior, Eliú foi um verdadeiro mensageiro do Senhor, um intérprete (Jó 33:23,24), tal como o foi José, no Egipto, quando faraó teve o sonho das vacas e das espigas (Gn. 41). Deus utilizou Eliú para mostrar a Jó o seu pecado. E após ele se ter humilhado e arrependido, "o Senhor aceitou a face de Job" (Jó 42:9), e agora, depois de ter abandonado a sua justiça própria (Jó 26:6) e aceitado pela fé a justiça de Deus, ele vai interceder pelos seus três amigos. "Tomai, pois, sete bezerros e sete carneiros, e ide ao meu servo Job, e oferecei holocaustos por vós, e o meu servo Job orará por vós; porque deveras a ele aceitarei, para que eu não vos trate conforme a vossa loucura; porque vós não falastes de mim o que era reto como o meu servo Job. Então foram Elifaz, o temanita, e Bildade, o suíta, e Zofar, o naamatita, e fizeram como o Senhor lhes dissera". Jó 42:8,9 "E o Senhor virou o cativeiro de Job, quando orava pelos seus amigos; e o Senhor acrescentou, em dobro, a tudo quanto Job antes possuía. Então vieram a ele todos os seus irmãos, e todas as suas irmãs, e todos quantos dantes o conheceram, e comeram com ele pão em sua casa, e se condoeram dele, e o consolaram acerca de todo o mal que o Senhor lhe havia enviado; e cada um deles lhe deu uma peça de dinheiro, e um pendente de ouro. E assim abençoou o Senhor o último estado de Job, mais do que o primeiro; pois teve catorze mil ovelhas, e seis mil camelos, e mil juntas de bois, e mil jumentas. Também teve sete filhos e três filhas. E chamou o nome da primeira Jemima, e o nome da segunda Quezia, e o nome da terceira Quéren-Hapuque. E em toda a terra não se acharam mulheres tão formosas como as filhas de Job; e seu pai lhes deu herança entre seus irmãos. E depois disto viveu Job cento e quarenta anos; e viu a seus filhos, e aos filhos de seus filhos, até à quarta geração. Então morreu Job, velho e farto de dias." Jó 42:10-17.

Deus sabe o que faz

“Na experiência de todos surgem ocasiões de profundo desapontamento e extremo desencorajamento - dias em que só predomina a tristeza, e é difícil crer que Deus é ainda o bondoso benfeitor de seus filhos na Terra; dias em que o dissabor mortifica a alma, de maneira que a morte pareça preferível à vida. É então que muitos perdem sua confiança em Deus, e são levados à escravidão da dúvida, ao cativeiro da incredulidade. Pudéssemos em tais ocasiões discernir com intuição espiritual o significado das providências de Deus, veríamos anjos procurando salvar-nos de

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nós mesmos, esforçando-se por firmar nossos pés num fundamento mais firme que os montes eternos; e nova fé, nova vida jorrariam para dentro do ser. (…) Embora cansado da vida, a Jó não foi permitido morrer. (…) Das profundezas do desencorajamento e desânimo Jó se levanta para as alturas da implícita confiança na misericórdia e o poder salvador de Deus. (…) Quando Jó teve um vislumbre de seu Criador, abominou-se a si mesmo, e se arrependeu no pó e na cinza. Então o Senhor pôde abençoá-lo abundantemente, e fazer os seus últimos dias os melhores de sua vida. Esperança e coragem são essenciais ao perfeito serviço para Deus. Estes são frutos da fé. O desânimo é pecaminoso e irrazoável. Deus está em condições e disposto a outorgar a Seus servos "mais abundantemente" a força de que necessitam para a tentação e prova. Os planos dos inimigos de Sua obra podem parecer bem assentados e firmemente estabelecidos; mas Deus pode subverter os mais fortes deles. E isto Ele faz em seu devido tempo e maneira, quando vê que a fé de Seus servos foi suficientemente testada.” Profetas e Reis, pág. 162-164. No final deste estudo acerca do livro de Jó, podemos concluir que o Senhor Jeová é realmente um Deus de amor, que tudo conduz para o bem dos Seus filhos. Como Pai amante, Ele conduz os Seus filhos por experiências muitas vezes dolorosas, com a finalidade de ensiná-los, corrigi-los e guiá-los na senda do bem, no caminho da justiça. Ele quer livrar-nos de nós próprios, dos nossos pecados, mas como frequentemente somos tão cegos, ele tem de usar meios que nos façam despertar para a realidade da nossa verdadeira condição perante Ele e conduzir-nos aos pés de Cristo! Que possamos ser humildes o suficiente para aceitar as repreensões que o Senhor nos manda tantas vezes, quem sabe através de uma doença, de tribulações, de advertências pelos Seus mensageiros... Que, como Jó, possamos arrepender-nos, abandonar a nossa justiça própria, que aos olhos do Senhor é como trapos imundos, e agarrarmo-nos ao único que nos pode comunicar a Sua justiça - Jesus Cristo. Que o Senhor nos sustenha, nos dê uma fé firme e uma confiança inabalável no Seu amor e cuidado por nós, e que no final da prova possamos reconhecer: “Foi-me bom ter sido afligido, para que aprendesse os teus estatutos”. Sal.119:71 Amén!