6233-28118-1-PB

download 6233-28118-1-PB

of 6

Transcript of 6233-28118-1-PB

  • 7/26/2019 6233-28118-1-PB

    1/6

    DOI: 10.4025/actascihealthsci.v31i2.6233

    Acta Scientiarum. Health Sciences Maring, v. 31, n. 2, p. 119-124, 2009

    Determinao de compostos fenlicos em amostras comerciais deDeterminao de compostos fenlicos em amostras comerciais deDeterminao de compostos fenlicos em amostras comerciais deDeterminao de compostos fenlicos em amostras comerciais de

    chs verde e pretochs verde e pretochs verde e pretochs verde e preto ---- Camellia sinensisCamellia sinensisCamellia sinensisCamellia sinensis(L.)(L.)(L.)(L.) Kuntze, TheaceaeKuntze, TheaceaeKuntze, TheaceaeKuntze, Theaceae

    Airton Vicente Pereira1*, Thaila Coradassi de Almeida1, Flvio Lus Beltrame1, MariaEugnia Costa2e Lcia Helena Garrido3

    1Departamento de Cincias Farmacuticas, Universidade Estadual de Ponta Grossa, Av. General Carlos Cavalcanti, 4748,

    84030-900, Ponta Grossa, Paran, Brasil.2Departamento de Biologia Geral, Laboratrio de Anatomia Botnica, Universidade

    Estadual de Ponta Grossa, Ponta Grossa, Paran, Brasil.3Departamento de Qumica, Universidade Estadual de Ponta Grossa,

    Ponta Grossa, Paran, Brasil. *Autor para correspondncia. E-mail: [email protected]

    RESUMO. O ch de Camellia sinensis rico em compostos fenlicos antioxidantes, responsveispor efeitos benficos sade humana. Neste trabalho, foram realizadas as determinaes daconcentrao de fenis totais e flavonoides de sete amostras comerciais dos chs preto e verde. Osteores de fenis totais variaram de 4,80 a 26,60 mg de pirogalolg-1 de amostra e os de flavonoides, de 0,46 a 1,10 mg de quercetina g-1 de amostra. A anlise

    anatmica do contedo das amostras permitiu caracterizar a autenticidade dos produtos,observando-se os marcadores anatmicos tpicos da espcie (estmatos anomocticos, tricomastectores unicelulares, mesofilo dorsiventral, drusas de oxalato de clcio e esclereides).Palavras-chave: Camellia sinensis, ch verde, ch preto, fenis totais, flavonoides, caracterizao anatmica.

    ABSTRACT. Determination of phenolic componds in commercial samples ofgreen and black tea - Camellia sinensis (L.) Kuntze, Theaceae. The tea from Camellia

    sinensis(green tea and black tea) is rich in antioxidant phenolic compounds, responsible forbeneficial effects to human health. In this work, determinations were carried out on theconcentration of total phenols and flavonoids in seven commercial samples of black tea andgreen tea. The samples presented concentrations of total phenols varying between 4.80 and26.60 mg of pyrogallol g-1 and concentrations of flavonoids from 0.46 to 1.10 mg ofquercetin g-1. With the purpose of characterizing the authenticity of the product containedin the sachets, the samples were fixed for histological studies. The samples presented the

    typical anatomical markers of the species (anomocytic stomata, unicellular non-glandulartrichomes, dorsiventral mesophyll, calcium oxalate druses and sclereids).Key words:Camellia sinensis, green tea, black tea, total phenols, flavonoids, anatomical characterization.

    IntroduoIntroduoIntroduoIntroduo

    Dados da Organizao Mundial da Sade estimamque 80% da populao mundial utilizam plantasmedicinais com finalidade teraputica (WHO, 1998). Och obtido por infuso a forma mais popular de uso,contribuindo para a preveno e o tratamento dedoenas pela presena de compostos biologicamente

    ativos, como os polifenis (SCHMITZ et al., 2005).Portanto, de grande importncia estabelecer padresque assegurem a qualidade das plantas medicinais.

    As folhas do ch verde - Camellia sinensis(L.) Kuntze- Theaceae contm protenas (15 a 20%), glicdios (5%),cido ascrbico, vitaminas do complexo B e basespricas, especialmente cafena (2 a 4%), polifenis(30%): monosdeos de flavonis e flavonas, catequina,epicatequina e galato de epicatequina, alm de taninoscondensados e hidrolisveis. A composio do ch variacom a estao do ano, o clima, a idade da folha e a

    variedade do ch (GRAHAM, 1992).

    Os compostos fenlicos da classe dos flavan-3-is, (catequinas, em especial, epigalocatequina eepicatequina) so os principais componentesqumicos teraputicos da planta C. sinensis, sendopotentes antioxidantes e inibidores dalipoperoxidao, protegendo componentes proteicose DNA celular (VINSON; DABBAGH, 1998;HIGDON; FREI, 2003; GIADA; FILHO, 2006;DOU et al., 2008).

    C. sinensis cultivada em vrios pases eamplamente consumida em todo o mundo com asdesignaes de ch verde, ch preto esemifermentado. Para se produzir o ch verde, asfolhas recentemente colhidas so cozidas no vaporpara se prevenir a fermentao, resultando emproduto estvel. Na obteno do ch preto, as folhasso secas, reduzindo-se o seu contedo de umidade,at que o seu peso seja 55% do peso da folhaoriginal. Posteriormente, as folhas so trituradas,

  • 7/26/2019 6233-28118-1-PB

    2/6

    120 Pereira et al.

    Acta Scientiarum. Health Sciences Maring, v. 31, n. 2, p. 119-124, 2009

    iniciando-se a oxidao e dimerizao dascatequinas, muito importantes para odesenvolvimento da cor e sabor da bebida(GRAHAM, 1992; CRESPY; WILLIAMSON, 2004;MATSUBARA; RODRIGUEZ-AMAYA, 2006a). Afermentao converte catequinas em teaflavinas e

    tearubiginas, reduzindo o contedo de catequinas,embora pesquisas relatem que catequinas eteaflavinas apresentem atividades antioxidantessimilares (LEUNG et al., 2001). O ch de oolong um produto parcialmente oxidado (GRAHAM,1992; CRESPY; WILLIAMSON, 2004).

    Vrios estudos demonstram que os compostospolifenlicos podem reduzir o risco de muitasdoenas. H evidncias de que o ch verde possa serutilizado na preveno de doenas cardiovascularesao diminuir os nveis de LDL e VLDL plasmticos eao proteger o organismo de radicais livres

    (VINSON; DABBAGH, 1998; YANG; LANDAU,2000; CRESPY; WILLIAMSON, 2004; CABRERAet al., 2006).

    A atividade antitumoral (SETIAWAN et al.,2001; HONG et al.,2002; YANG et al., 2002; JIANet al., 2004) e outras funes fisiolgicas comocontrole de peso corporal, atividade antibacteriana eantiviral, proteo contra raios ultravioleta epropriedades neuroprotetoras (CABRERA et al.,2006) tm sido relacionadas com o consumo do ch

    verde, embora a concentrao plasmtica decatequinas, aps o consumo do ch, seja baixa e a

    concentrao de teaflavinas e a de tearubiginas noestejam muito bem estabelecidas (LEE et al., 2000;RIEMERSMA et al., 2001).

    Alm das catequinas, outros compostospolifenlicos de interesse so os flavonoides,principalmente os glicosilados e ainda teogalina,quercetina, miricetina e canferol (HERTOG et al.,1993; MATSUBARA; RODRIGUEZ-AMAYA,2006b).

    Pela semelhana estrutural, os flavonoidespresentes no ch verde possuem propriedadesanlogas s catequinas, derivadas de sua atividade

    antioxidante, sendo possivelmente ativos emneoplasias, doenas cardiovasculares e inflamatrias(COOK; SAMMAN, 1996; HOLLMAN; KATAN,1997; PIETTA, 2000; WANG et al., 2000).

    As determinaes de fenis totais e flavonoidesda C. sinensis podem ser realizadas por meio de

    vrios mtodos analticos, incluindo-se acromatografia lquida de alta eficincia e aespectrometria de massa e de ionizao por eletrospray(LEE et al., 2000; MIKETOVA et al., 2000; ZUOet al., 2002) e espectrofotomtrica (PRADO et al.,2005; LAGO et al., 2007).

    Neste trabalho, foram determinadas asconcentraes de fenis totais e flavonoides emamostras comerciais de C. sinensis (chs verde epreto). As metodologias foram adaptadas daFarmacopeia Brasileira IV. As amostras comerciais(sachse granel) foram submetidas comprovao da

    espcie pela avaliao morfoanatmica.

    Material e mtodosMaterial e mtodosMaterial e mtodosMaterial e mtodos

    Aquisio dos chsAquisio dos chsAquisio dos chsAquisio dos chs

    Amostras comerciais de ch verde (A, B, C e D,sendo esta ltima a granel) e de ch preto (E, F e G)foram adquiridas em supermercados da cidade dePonta Grossa, Estado do Paran, durante o perodode agosto de 2007 a dezembro de 2008.

    Preparao dos chsPreparao dos chsPreparao dos chsPreparao dos chs

    As amostras foram preparadas de modosemelhante ao recomendado nas embalagens com afinalidade de se avaliar o contedo de fenis totais eflavonoides ingeridos ao se consumir uma xcara doch. Para cada marca comercial, o sach ou 1 g dosfragmentos (folhas e talos) da amostra a granel foramtransferidos para erlenmeyer sendo adicionados 100mL de gua destilada. Para a avaliao do efeito dotempo de aquecimento na concentrao dos fenistotais e flavonoides, as amostras foram submetidasao aquecimento por 1, 3 e 5 min. A seguir, cada sachfoi mantido sob agitao manual por 1 min. Ento,

    as amostras foram filtradas e coletadas em balesvolumtricos de 100 mL. O volume foi completadocom gua para se corrigir perda por evaporao. Estasoluo foi utilizada nas determinaes de fenistotais e flavonoides. As anlises foram realizadas emtriplicata.

    Determinao dDeterminao dDeterminao dDeterminao dos teores de fenis totaisos teores de fenis totaisos teores de fenis totaisos teores de fenis totais

    O teor de fenis totais foi determinado pelomtodo de Folin-Denis (BELTRAME et al., 2009;FARMACOPEIA BRASILEIRA, 2002). Alquotasde 500 L do ch (filtrado) foram transferidas para

    tubos de ensaio, seguidas da adio de 200 L doreagente de Folin-Denis e com o volume ajustadopara 5 mL com carbonato de sdio a 10,6% (m v -1).

    Aps 3 min., foi realizada a leitura das absorbnciasem 715 nm, utilizando-se um espectrofotmetroBioSystems - modelo BTS-330. O branco foipreparado da mesma forma, substituindo-se asoluo-amostra por gua destilada. Os resultadosforam expressos em mg de pirogalol g-1de amostra.

    A curva de calibrao foi realizada com cincoconcentraes conhecidas de pirogalol (1, 2, 4, 6 e 8g mL-1) a partir de uma soluo-estoque de 1.000

  • 7/26/2019 6233-28118-1-PB

    3/6

    Compostos fenlicos em chs verde e preto 121

    Acta Scientiarum. Health Sciences Maring, v. 31, n. 2, p. 119-124, 2009

    g mL-1, da mesma forma como descrito para asamostras.

    Determinao dos teores de flavonoidesDeterminao dos teores de flavonoidesDeterminao dos teores de flavonoidesDeterminao dos teores de flavonoides

    A concentrao de flavonoides foi determinada,adaptando-se o mtodo descrito na Farmacopeia

    Brasileira (2002). Alquotas de 5 mL dos chs foramtransferidas para bales volumtricos de 10 mL,foram adicionados 500 L de soluo metanlica decloreto de alumnio a 2% (m v -1) e o volumecompletado com soluo metanlica de cido acticoa 5% (v v-1). Aps 30 min., as absorbncias foramlidas em 425 nm, utilizando-se umespectrofotmetro BioSystems, modelo BTS-330.Para cada amostra foi preparado um branco,transferindo-se uma alquota de 5 mL da amostra eajustando-se o volume para 10 mL com soluometanlica de cido actico a 5% (v v -1). A curva de

    calibrao foi realizada com concentraes de 1, 2, 4,6, 8 e 10 g mL-1 de quercetina, transferindo-se

    volumes adequados de uma soluo-estoque de 100g mL-1.

    Avaliao morfoanatmicaAvaliao morfoanatmicaAvaliao morfoanatmicaAvaliao morfoanatmica

    Com o objetivo de se confirmar a espcie C.sinensis em cada amostra, foi realizada amorfodiagnose dos fragmentos encontrados nos

    sachsou das folhas quase inteiras, como no caso daamostra a granel. Os fragmentos de folhas foramretirados dos sachs de ch e clarificados com

    hipoclorito de sdio durante 2 a 3 min. e em soluode hidrxido de sdio a 5% por sete dias. Exceo foifeita amostra a granel que, por apresentar folhas etalos inteiros, foi seccionada no sentido transversal mo livre. A seguir, as amostras foram lavadas,desidratadas e coradas com safranina (1% soluoaquosa) ou azul de astra e fucsina bsica e montadasem gelatina glicerinada para obteno de lminashistolgicas. Fotomicrografias foram feitas emfotomicroscpio Olympus CX 31, equipado comacessrio fotogrfico Olympus C 7070.

    Anlise estatsticaAnlise estatsticaAnlise estatsticaAnlise estatsticaA anlise de varincia - Anova (BERQU et al.,

    1981) foi realizada, utilizando-se o programaMicrosof Excel para comparao dos teores mdiosde fenis totais e flavonoides. O teste de Tukey(significncia de 5%) foi aplicado para se analisarquais mdias diferiam entre si.

    Resultados e discussoResultados e discussoResultados e discussoResultados e discusso

    Determinao doDeterminao doDeterminao doDeterminao dos teores de fenis totaiss teores de fenis totaiss teores de fenis totaiss teores de fenis totais

    Ensaios preliminares foram realizados para se

    verificar o efeito do tempo de aquecimento (1, 3 e 5min.) sobre a concentrao de fenis totais. Comopode ser observado na Figura 1, houve aumento daconcentrao de fenis totais com o aumento notempo de infuso. As concentraes variaram de 1,0a 15,8, de 3,2 a 17,6 e de 5,4 a 28,7 mg de pirogalolg-1 de amostra, aps os tempos de 1, 3 e 5 min. deaquecimento, respectivamente.

    0

    5

    10

    15

    20

    25

    30

    35

    1 3 5

    A

    B

    C

    D

    E

    F

    G

    Pirogalol(mgg

    -1

    amostra)

    Tempo de infuso (min.)

    Figura 1. Concentrao de fenis totais (expressa em pirogalolmg g-1) em amostras comerciais de ch verde (A, B e C), chverde (D, granel) e ch preto (E, F e G).

    O tempo de 5 min. de aquecimento foiestabelecido como ideal para extrao de maiorquantidade de polifenis sem perda expressiva degua por evaporao. Para se determinar a precisodos resultados, novas determinaes foram

    realizadas em triplicata. Os resultados obtidos estoapresentados na Tabela 1.

    Tabela 1. Teores de fenis totais e flavonoides em amostrascomerciais de ch verde e ch preto no tempo de infuso de 5 min.

    Amostras Fenis totais(mg pirogalol g-1de amostra s)

    Flavonoides(mg quercetina g-1

    de amostra s)

    Ch Verde ACh Verde BCh Verde CCh Verde DCh Preto ECh Preto FCh Preto G

    23,73 2,2521,83 1,9126,60 0,564,80 0,1017,73 1,1420,67 0,7023,33 0,55

    0,68 0,0410,85 0,0721,10 0,0580,61 0,0250,46 0,0100,65 0,0560,96 0,045

    A curva de calibrao, utilizando pirogalol,apresentou linearidade na faixa de 1 a 8 g mL-1e aequao da reta expressa por y = 0,0875x + 0,0289,em que y a absorbncia e x, a concentrao depirogalol em g mL-1, com um coeficiente decorrelao de 0,9983.

    A anlise estatstica dos teores mdios de fenistotais demonstrou que a amostra D (granel) diferesignificativamente (p < 0,05) das demais amostras

  • 7/26/2019 6233-28118-1-PB

    4/6

    122 Pereira et al.

    Acta Scientiarum. Health Sciences Maring, v. 31, n. 2, p. 119-124, 2009

    de ch verde; entretanto, as amostras A, B e C nodiferem significativamente entre si. A concentraosignificativamente menor de fenis totais da amostrade ch verde a granel pode ser atribuda granulometria, A presena de material botnico, queno esteja finamente dividido, diminui a eficinciada extrao. Nas amostras comercializadas na formade sachs, o material vegetal est completamentefragmentado, aumentando a superfcie de contatocom o lquido extrator.

    Os teores de fenis totais das amostras de chpreto tambm diferiram significativamente(p < 0,05) daqueles das amostras de ch verde.

    DeterminaDeterminaDeterminaDeterminao dos teores de flavonoideso dos teores de flavonoideso dos teores de flavonoideso dos teores de flavonoides

    Ensaios preliminares foram realizados para seavaliar o efeito do tempo de aquecimento sobre a

    extrao de flavonoides.Da mesma forma que paraos fenis totais, os resultados apresentados na Figura2 indicam que o teor de flavonoides aumentou comtempo de infuso. A variao foi similar para todas asamostras de chs verde e preto. As concentraes

    variaram de 0,12 a 0,41, de 0,20 a 0,88 e de 0,49 a1,10 mg de quercetina g-1 de amostra, para temposde aquecimento de 1, 3 e de 5 min.,respectivamente.

    De maneira similar realizada na determinaode fenis totais, o tempo de aquecimento foi fixadoem 5 min. para extrao de maior teor deflavonoides, sem perda significativa de gua porevaporao.

    A curva de calibrao, utilizando quercetinacomo padro de flavonoides, apresentou linearidadena faixa de 1 a 10 g mL-1, com equao linear dareta expressa por y = 0,0582x 0,0041, em que y aabsorbncia e x, a concentrao de quercetina em gmL-1, com coeficiente de correlao de 0,9987.

    Os resultados das anlises realizadas em triplicataesto apresentados na Tabela 1. A anlise estatsticaevidenciou que os teores mdios de flavonoides

    diferem significativamente entre si (p < 0,05),mesmo quando se consideram apenas as amostras dech verde ou preto.

    As concentraes de fenis totais e flavonoides,obtidas neste trabalho, foram inferiores s descritasna literatura. Sakanaka et al. (1989) citam que, emuma xcara comum (100 mL) de ch verde, h cercade 50-100 mg de polifenis, enquanto Riemersmaet al. (2001) relatam que a concentrao de fenlicos,numa xcara de ch verde comum, varia de 24 a 40mg de catequinas, 8 a 15 mg de flavonoides, 85

    mg de tearubiginas e de 7 a 15 mg de teaflavinasque, juntos, perfazem aproximadamente 166 a 193mg de fenlicos por xcara. No ch preto, ocontedo de fenlicos totais, expresso emcatequina, variou de 39,25 a 99,77 mg g-1,dependendo do tempo de infuso (3 a 10 min.)(LIMA et al., 2004).

    0

    5

    10

    15

    20

    25

    30

    35

    1 3 5

    A

    B

    C

    D

    E

    F

    G

    Quercetina(mgg

    -1

    amostra)

    Tempo de infuso (min.)

    Figura 2. Concentrao de flavonoides (expressa em mg dequercetina g-1de amostra) em amostras comerciais de ch verde(A, B e C), ch verde (D, granel) e ch preto (E, F e G).

    As diferenas nos teores de fenis totais eflavonoides entre as amostras de ch verde e dech preto podem ser atribudas variao dacomposio do ch com a estao do ano, o clima

    e a idade da folha (GRAHAM, 1992). Almdisso, outro fator que poderia influenciar estesteores o fato de as catequinas do ch verdeserem oxidadas e dimerizadas no processo deobteno do ch preto, formando as teaflavinas,ou polimerizadas, resultando em tearubiginas(LEUNG et al., 2001).

    Avaliao morfoanatmicaAvaliao morfoanatmicaAvaliao morfoanatmicaAvaliao morfoanatmica

    Nos fragmentos de folhas analisados, foramidentificados esclereredes de formato irregular(Figuras 3A e B) e tricomas tectores unicelulares

    de parede espessada e lignificada (Figura 3C),sendo estes, segundo diversos autores citados porDuarte e Menarim (2006), os mais relevantesmarcadores anatmicos da espcie. Caracteresanatmicos adicionais, como estmatosanomocticos exclusivamente na face abaxial(Figura 3D), mesofilo dorsiventral (Figura lA),feixes vasculares colaterais e presena de drusas(Figuras 3A e B) corroboram as descries deClaus (1961) e Duarte e Menarim (2006) para aespcie.

  • 7/26/2019 6233-28118-1-PB

    5/6

    Compostos fenlicos em chs verde e preto 123

    Acta Scientiarum. Health Sciences Maring, v. 31, n. 2, p. 119-124, 2009

    Figura 3.A) Seco transversal da folha evidenciando esclereide(*) e drusa (seta), escala 2,5 m.; B) Aspecto geral da folha emvista frontal, escala 10 m.; C) Detalhe dos tricomas unicelulares,

    escala 2,5 m.; D) Detalhe dos estmatos em vista frontal daepiderme da face abaxial da folha, escala 2,5 m.; E= epiderme;PL = parnquima clorofiliano lacunoso; PP= parnquimaclorofiliano palidico.

    ConclusoConclusoConclusoConcluso

    Os teores de fenis totais e flavonoidesaumentaram com o tempo de aquecimento napreparao da infuso e variaram significativamenteentre as amostras de ch verde e de ch preto. Asdiferenas nos teores de compostos polifenlicospodem ser atribudas s alteraes na composio doch com a estao do ano, o clima e a idade da folhautilizada, granulometria (amostra a granel) e aoprocesso de obteno do ch preto. As amostrasapresentaram escleredes e tricomas unicelulareslignificados, marcadores anatmicos tpicos daespcie, permitindo a confirmao da identidade dasamostras de C.sinensis.

    RefernciasRefernciasRefernciasReferncias

    BELTRAME, F. L.; FERRONI, D. C.; ALVES, B. R. V.;PEREIRA, A. V.; ESMERINO, L. A. Avaliao daqualidade das amostras comercias de Baccharis trimera L.(Carqueja) vendidas no Estado do Paran. Acta

    Scientiarum. Health Sciences, v. 31, n. 1, p. 37-43,2009.BERQU, E. S.; SOUZA, J. M. P.; GOTLIEB, S. L. D.Bioestatstica. So Paulo: EPU, 1981.CABRERA, C., ARTACHO, R., GIMENEZ, R.Beneficial effects of green tea - a review.Journal of theAmerican College of Nutrition, v. 25, n. 2, p. 79-99,2006.CLAUS, E. P. Pharmacognosy. Philadelphia: Lea andFebiger, 1961.

    COOK, N. C.; SAMMAN, S. Flavonoids: chemistry,metabolism, cardioprotective effects, and dietary sources.

    The Journal of Nutrition Biochemistry, v. 7, n. 2,p. 66-76, 1996.CRESPY, V.; WILLIAMSON, G.A review of the healtheffects of green tea catechins in vivo animal models.

    Journal of Nutrition, v. 134, n. 3, p. 3431S-3440S, 2004.DOU, Q. P.; CHAN, T. H.; SMITH, D. M.

    Polyphenol proteasome inhibitors, synthesis, andmethods of use. 2008. United States Patent, 7358383.DUARTE, M. R.; MENARIM, D. O. Morfodiagnose daanatomia foliar e caulinar de Camellia sinensis (L.) Kuntze,Theaceae. Revista Brasileira de Farmacognosia, v. 16,n. 4, p. 545-551, 2006.FARMACOPIA BRASILEIRA. 4. ed. So Paulo:

    Atheneu, 2002.

    GIADA, M. L. R.; FILHO, J. M. Importncia doscompostos fenlicos da dieta na promoo da sadehumana. Revista Publicatio UEPG - CinciasBiolgicas e da Sade, v. 12, n. 4, p. 7-15, 2006.GRAHAM, H. N. Green tea composition, consumption,and polyphenol chemistry. Preventive Medicine,v. 21,n. 3, p. 334-350, 1992.HERTOG, M. G. L.; HOLLMAN, P. C. H.; VAN DERPUTTE, B. Content of potentially anticarcinogenicflavonoids of tea infusions, wines and fruit juices.Journalof Agricultural and Food Chemistry, v. 41, n. 2,p. 1242-1246, 1993.HIGDON J. V.; FREI, B. Tea catechins and polyphenols:health effects, metabolism, and antioxidant functions.Critical Reviews in Food Science and Nutrition,

    v. 43, n. 1, p. 89-143, 2003.

    HOLLMAN, P. C. H.; KATAN, M. B. Absorption,

    metabolism and health effects of dietary flavonoids inman. Biomedicine and Pharmacotherapy, v. 51, n. 8,p. 305-310, 1997.HONG, J.; LU, H.; MENG, X.; RYU, J. H.; HARA Y.;

    YANG, C. S. Stability, cellular uptake, biotransformation,and efflux of tea polyphenol()-epigallocatechin-3-gallatein HT-29 human colon adenocarcinoma cells. CancerResearch,v. 62, n. 24, p. 7241-7246, 2002.

    JIAN, L.; XIE, L. P.; LEE, A. H.; BINNS, C. W.Protective effect of green tea against prostate cancer: acase-control study in southeast China. InternationalJournal of Cancer, v. 108, n. 1, p. 130-135, 2004.LAGO, D. F.; PAULA, J. R.; BARA, M. T. F. Estudo

    comparativo sobre a eficincia de mtodos de extrao dospolifenis do ch verde (Camellia sinensis). RevistaEletrnica de Farmcia, supl. 4, n. 2, p. 28-31, 2007.LEE, M. J.; PRABHU, S.; MENG, X.; LI, C.; YANG, C.S. An improved method for the determination of greenand black tea polyphenols in biomatrices by high-performance liquid chromatography with coulometricarray detection.Analytical Biochemistry, v. 279, n. 2,p. 164-169, 2000.LEUNG, L. K.; SU, Y.; CHEN, R.; ZHANG, Z.;HUANG, Y.; CHEN, Z. Y. Teaflavins in black tea andcatechins in green tea are equally effective antioxidants.Journal of Nutrition, v. 131, n. 9, p. 2248-2251, 2001.

  • 7/26/2019 6233-28118-1-PB

    6/6

    124 Pereira et al.

    Acta Scientiarum. Health Sciences Maring, v. 31, n. 2, p. 119-124, 2009

    LIMA, V. L. A. G.; MLO, E. A.; LIMA, D. E. S. Notaprvia: teor de compostos fenlicos totais em chsbrasileiros. Brazilian Journal of Food Technology,

    v. 7, n. 2, p. 187-190, 2004.MATSUBARA, S.; RODRIGUEZ-AMAYA, D. B.Teores de catequinas e teaflavinas em chscomercializados no Brasil. Cincia e Tecnologia deAlimentos, v. 26, n. 2, p. 401-407, 2006a.MATSUBARA, S.; RODRIGUEZ-AMAYA, D. B.Contedo de miricetina, quercetina e kaempferol em chscomercializados no Brasil. Cincia e Tecnologia deAlimentos,v. 26, n. 2, p. 380-385, 2006b.MIKETOVA, P.; SCHRAM, K. H.; WHITNEY, J.; LI, M.;HUANG, R.; KERNS, E.; VALCIC, S.; TIMMERMANN,B. N.; ROURICK, R.; KLOHR, S. Tandem massspectrometry studies of green tea catechins.Journal of MassSpectrometry, v. 35, n. 7, p. 860-869, 2000.PIETTA, P. G. Flavonoids as antioxidants. Journal ofNatural Products,v. 63, n. 7, p. 1035-1042, 2000.PRADO, C. C.; ALENCAR, R. G.; PAULA, J. R.; BARA,M. T. F. Avaliao do teor de polifenis de Camellia

    sinensis (ch verde). Revista Eletrnica de Farmcia,v. 2, n. 2, p. 164-167, 2005.RIEMERSMA, R. A.; RICE-EVANS, C. A.; TYRRELL,R. M.; CLIFFORD, M. N.; LEAN, M. E. J. Teaflavonoids and cardiovascular health.Q J Medicals, v. 94,n. 5, p. 277-282, 2001.SAKANAKA, S.; KIM, M.; TANIGUCHI, M.;

    YAMAMOTO, T. Antibacterial substances in japanesegeen tea extract against Streptococcus mutans, a cariogenicbacterium. Agricultural and Biological Chemistry,

    v. 53, n. 2, p. 2307-2311, 1989.SCHMITZ, W.; SAITO, A. Y.; ESTEVO, D.;SARIDAKI, H. O. O ch verde e suas aes comoquimioprotetor. Semina: Cincias Biolgicas e daSade, v. 26, n. 2, p. 119-130, 2005.

    SETIAWAN, V. W.; ZHANG, Z. F.; YU, G. P.; LU, Q.Y.; LI, Y. L.; LU, M. L.; WANG, M. R.; GUO, C. H.;YU, S. Z. Protective effect of green tea on the risks ofchronic gastritis and stomach cancer. InternationalJournal of Cancer, v. 92, n. 4, p. 600-604, 2001.

    VINSON, J. A.; DABBAGH, Y. A. Tea phenols:

    antioxidant effectiveness of teas, tea components, teafractions and their binding with lipoproteins. NutritionResearch, v. 18, n. 6, p. 1067-1075, 1998.

    WANG, H.; PROVAN, G. J.; HELLIWELL, K. Teaflavonoids: their functions, utilization and analysis.Trends in Food Science and Technology, v. 11, n. 4-5,p. 152-160, 2000.

    WHO-World Health Organization. Quality controlmethods for medicinal plant materials. Geneva, 1998.

    YANG, C. S.; LANDAU, J. M. Effects of teaconsumption on nutrition and health. Journal ofNutrition,v. 130, n. 1, p. 2409-2412, 2000.

    YANG, C. S.; MALIAKAL, P.; MENG, X. Inhibition ofcarcinogenesis by tea. Annual Review ofPharmacology and Toxicology, v. 42, p. 25-54, 2002.ZUO, Y.; CHEN, H.; DENG, Y. Simultaneousdetermination of catechins, caffeine and gallic acids ingreen, oolong, black and pu-erh teas using HPLC with aphotodiode array detector. Talanta, v. 57, n. 2, p. 307-316,2002.

    Received on January 29, 2009.Accepted on April 27, 2009.

    License information: This is an open-access article distributed under the terms of theCreative Commons Attribution License, which permits unrestricted use, distribution,and reproduction in any medium, provided the original work is properly cited.