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    DITADURA MILITAR NO BRASIL (PS-64) ATRAVS DA MSICA: UMA

    EXPERINCIA EM SALA DE AULA

    Sarita Maria Pieroli 1RESUMO

    O presente artigo tem o objetivo de discutir e analisar a relao msica e histria nosperodos de 1964 a 1984, quando ocorre o Golpe de Estado, tantas vezes ensaiadoe finalmente deflagrado, dando incio ditadura militar e, que ficou no poder at oano de 1985. A partir deste contexto vamos analisar as manifestaes culturais,sociais e polticas deste perodo atravs das canes, sabendo da importncia damsica como fonte histrica. Para evitar cair na simplificao, pretendemos refletir amsica de uma maneira mais ampla, as fontes que iremos utilizar no presentetrabalho, serviro como mediao para a produo do conhecimento dos alunos,esperamos que com o uso racional e sistemtico desse recurso pedaggico, crie-se

    situaes em que o aluno sinta-se atrado pelas propostas da professora.Palavras-chave: Metodologia de ensino; Ensino de Histria; Msica; Ditadura.

    ABSTRACT

    The present article has the objective to argue and to analyze the relation music andthe history in the periods of 1964 the 1984, when the military occupation ocurred (inBrazil) and stayed in the government until the year of 1985. From this context we aregoing to analyze the cultural manifestations, political and social of this period throughthe songs, knowing of the importance of music as historical source. To prevent to fallin the simplification, we intend to reflect the music in a wide way using the songs as aconnection to develop the students Knowledge production. The songs were used asa pedagogic material, that tryed to attract the students attention for the teachersproposal.

    Keywords: Learning-methodology; History teaching; Song; Dictatorshipgovernment.

    INTRODUO

    Diante do desafio e das dificuldades em transformar as aulas de

    Histria em um instrumento capaz de despertar o senso crtico dos alunos, algo

    imprescindvel sua formao cidad, os professores frequentemente tem

    encontrado grandes dificuldades para atrair a ateno de seus alunos.

    1 Professora da rede estadual de ensino do Estado do Paran, municpio de Londrina. Participante doPrograma de Desenvolvimento da Educao do Paran, de 2007.

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    Segundo Lana Mara C. Siman, a Histria no uma cincia fcil,

    provavelmente a mais abstrata das disciplinas, j que o historiador trabalha com um

    ambiente imaginrio e utiliza linguagens e conceitos muito complexos (SIMAN, 2004:

    82).

    Atualmente, muito se tem debatido o ensino/aprendizagem de

    Histria e como ocorre a produo do conhecimento histrico. Para Siman:

    Sabemos que a tarefa do professor formar alunos capazes de raciocinar

    historicamente, criticamente e com sensibilidade sobre a vida social, material e

    cultural das sociedades (SIMAN, 2004: 83).

    Para alguns autores no podemos separar o debate sobre o ensino

    de Histria do contexto no qual produzido. Assim, Ktia Maria Abud, discute adcada de 1970, quando se comea a falar da Histria e do seu ensino. Do mesmo

    modo, a autora faz um balano das discusses sobre esse debate, na dcada de

    1979/1980, que enfocava a possibilidade, naquele momento, da escola ser

    produtora de conhecimento, ou se apenas se reproduzia o saber adquirido nas

    universidades. Ainda nesse debate, Abud, sugere que para se entender o sistema

    educativo, o currculo tem uma dimenso muito grande, tornando-se o mais

    importante documento historiogrfico. Entretanto, a autora chama a ateno para o

    cuidado que se deve ter para no entendermos o currculo de forma natural, poiseste pode representar os interesses das classes dominantes medida que

    apresenta as concepes cientficas de cada disciplina (ABUD, 1995: 149 - 155).

    Como exemplo da representao dos interesses das classes

    dominantes, podemos citar o golpe de 31 de maro de 1964 que efetivou o poder

    dos militares. A ttica para governar foram os Atos Institucionais, que os dotavam de

    poderes no existentes na Constituio, alm de reformas educacionais adequando

    a legislao e os currculos aos seus interesses.

    Neste sentido, importante entendermos o perodo do ps-64, em

    especial os anos posteriores a 1968 quando promulgado o Ato Institucional n 5, o

    AI-5, que institucionalizou a represso, a violncia e o terror, caractersticos do

    regime militar brasileiro. Quando o regime militar foi instalado, vrios movimentos

    foram perseguidos e reprimidos, como o movimento operrio e o movimento

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    estudantil. Passeatas e manifestaes de protestos eram contidas com cassetetes,

    bombas de gs lacrimogneo, tanques, e assassinatos. Pessoas eram torturadas,

    perseguidas e desaparecidas. Assim como, as pessoas desapareciam, tambm,

    desapareceu a disciplina de Histria dos currculos escolares, e atravs da Lei

    5692/71, acabou sendo substituda pela disciplina de Estudos Sociais (ABUD, 1995:

    150).

    Quando ocorreu a chamada redemocratizao do Brasil,

    novamente os currculos passaram a adotar a Histria enquanto disciplina, sendo

    uma ferramenta indispensvel para a concretizao de mudanas. No incio dos

    anos 1990 a reorganizao econmica mundial preconizava um redirecionamento da

    educao, neste momento a discusso educacional tornou-se menos politizada e

    houve uma preocupao maior com as discusses pedaggicas, embora

    influenciadas pelos interesses da burguesia, que precisava suprir as necessidades

    de formao para o trabalho, no mundo globalizado e informatizado (ABUD, 1995:

    153 - 154):

    Os PCNs foram elaborados para produzir um tipo de conhecimentohistrico escolar voltado para a sociedade como se apresenta nosdias atuais, voltado para a nova ordem mundial. Entre seus objetivosno se encontra o projeto de reorganizao de reconstruonacional. Seus objetivos so traduzidos por verbos como reconhecer,

    identificar, respeitar, analisar, conhecer. No aparecem neles opropsito de transformao da sociedade, como pensar criticamente,transformar, participar... Os PCNs abandonaram as questesmetodolgicas sobre o conhecimento histrico, escolar ou acadmicae procuram substitu-las por opes didticas, distanciadas delinhas tericas de explicao histrica, valorizando assim, sobretudoos aspectos pedaggicos do ensino de Histria. A discussoconceitual fica minimizada, priorizando vocbulos, que do forma econtedo histrico atemporal aos parmetros, o que permite quevrias das sugestes se encerrem com etc..Assim esto adequando o currculo da escola ao currculo da vida. Ohomem moderno formado para o mundo do trabalho, deve serajustado aos interesses das empresas, cujo conceito substitui a

    importncia que o conceito de nao possua, quando da expansoda escola burguesa, no sculo XIX. Portanto, as disciplinas docurrculo devem estar voltadas para a formao desse homem,pouco questionador, para o qual o mundo objeto de conhecimento,mas no um elemento de tomada de conscincia. (ABUD, 1995: 155)

    Para a autora, caberia aos professores propiciar a apreenso das

    novas concepes do que a Histria, se queremos formar cidados para o mundo

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    globalizado e capitalista, ou formar alunos capazes de raciocinar historicamente.

    Como aprender Histria atravs de novas concepes, pensar, refletir? A partir de

    que faixa etria iniciar essas capacidades de articulao e produo do

    conhecimento?

    Neste mesmo sentido, a historiadora Marlene Cainelli conduziu um

    trabalho em Londrina, nos anos de 2005 a 2007 com as mesmas crianas em trs

    fases do ensino fundamental, segunda, terceira e quarta srie. Aps apresentar um

    objeto antigo, as crianas esboaram vrias reaes, foi feito um levantamento do

    objeto observado, para que servia, qual sua utilidade, qual a idade, etc. Diante das

    respostas, observou-se que a criana entende a histria como narrativa,

    descrevendo e interpretando fatos histricos e percebendo que existe um tempo

    diferente de seu tempo. Portanto, possvel sim a criana produzir conhecimento

    histrico, mas de maneira diferente, j que lida com conceitos como o tempo e a

    histria de um modo peculiar. Hoje, para que a produo do conhecimento histrico

    de efetive, necessrio que o aluno aprenda. (CAINELLI, 2006: 57 - 70).

    Lana Mara Castro Siman aps realizar uma pesquisa na Escola

    Fundamental do Centro Pedaggico da UFMG, concluiu que a construo e

    apropriao do conhecimento no interior da escola no se processam diretamente

    entre o sujeito e o objeto a ser conhecido. Entre esses existe a ao mediadora doprofessor, a ao mediata da linguagem, de signos e de ferramentas (SIMAN, 2004:

    85). Ou seja, o aluno elabora e cria um novo conhecimento passado pelo professor,

    que o mediador do conhecimento histrico.

    Circe Bittencourt, por outro lado, aponta para o fato que invivel o

    ensino de Histria sem o domnio conceitual, mas como os alunos apreendem os

    conceitos? Em que estgio da escolarizao possvel apreender os conceitos?

    Para responder estas questes recorre a J ean Piaget (1896-1980), que acredita quea construo do conhecimento pelo sujeito ocorre partindo do pensamento racional,

    ao longo da vida at alcanar o nvel de maturidade ideal. J Vygotsky recai na

    aquisio social dos conceitos, e no apenas na maturidade biolgica, acredita que

    pela comunicao social o ser humano pode chegar ao desenvolvimento de

    conceitos. (BITTENCOURT, 2004: 185 -187).

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    Entre os conceitos histricos, a noo de tempo histrico e espao

    so fundamentais. O tempo diferente nas vrias culturas, h o tempo vivido que

    tambm o tempo biolgico, e em nossa sociedade marcado pelos anos de vida; h

    o tempo concebido que organizado pelas diferentes sociedades, por exemplo, a

    sociedade capitalista criou a expresso tempo dinheiro e, assim, as pessoas so

    controladas pelo relgio. (BITTENCOURT, 2004: 200 - 201).

    Tempo e espao so materiais bsicos dos historiadores, a Histria

    se prope a reconstruir os tempos distantes do presente, para essa reconstruo os

    historiadores demarcaram a Histria de vrias formas: o tempo cronolgico, muito

    criticado pelos franceses pertencentes Escola dos Annales e defendem a

    organizao do tempo nos modos de produo. (BITTENCOURT, 2004: 203-206).

    Uma grande preocupao dos estudiosos est ligada ao fato de

    como os alunos aprendem os conceitos em histria. Peter Lee conduz um trabalho

    na Inglaterra onde deixa claro sua preocupao com os alunos, pois ao invs de

    aprenderem conhecimentos substantivos sobre o passado, os alunos aprendiam

    estrias. Lee afirma que necessrio que se fale em situaes especficas do

    passado e interpret-las j que, para as crianas, s verdade o que est escrito e

    testemunhado. Portanto, o professor no deve usar somente conceitos substantivos

    (que se referem aos contedos de Histria), mas tambm conceitos de segundaordem (que se referem natureza da Histria), pois este ltimo que d

    consistncia disciplina. por isso que se torna importante investigar as idias que

    as crianas possuem sobre determinados conceitos. (LEE, 2001: 14-15).

    Igualmente, Isabel Barca verifica que h uma multiplicidade de

    perspectivas em Histria e os jovens necessitam exercitar o pensamento crtico,

    para tanto, o professor deve trabalhar de maneira que este no veja o passado

    apenas como uma opinio pessoal ou um ponto de vista. Assim sendo, em nossasaulas devemos saber explorar o critrio da consistncia, distinguindo dois nveis de

    interpretao histrica: descrio de acontecimentos simples, que necessita

    somente de confirmao ou negao, e a explorao dos fatos que, alm de

    confirmao/negao, necessita de uma apresentao plausvel, ou seja, o critrio

    de verdadeiro ou falso no basta. (BARCA, 2001: 30 - 31).

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    Isabel Barca conclui que a Histria d respostas provisrias porque

    pode haver pontos de vista diferente, utilizando as mesmas fontes porque vamos

    descobrindo novas relaes sobre o passado, novas perspectivas. Esta uma

    caracterstica fascinante da produo histrica, que devemos passar aos alunos sem

    cair no relativismo de considerar que todas as respostas sobre o passado tm a

    mesma validade. Questes problematizadoras em torno de materiais histricos

    concretos, que veiculem de algum modo a diversidade da Histria e que possibilitem

    a reflexo sobre os seus critrios de legitimao, contribuem para estimular o

    raciocnio dos jovens. (BARCA, 2001: 39)

    Seguindo a mesma idia dos autores acima citados, Maria do Cu

    de Melo, atravs de uma investigao realizada com alunos portugueses conclui que

    os professores devem investigar os conhecimentos tcitos dos alunos antes de

    trabalhar um determinado contedo. Mas este deve ser apenas o primeiro passo,

    aos alunos devem ser propostas tarefas que os tornem no s conscientes desse

    seu saber para, posteriormente, e atravs de situaes de aprendizagem

    intencionalmente desenhadas, com elas serem confrontados. S assim haver

    contribuio para mudanas no modo dos alunos resolverem situaes problemas,

    tanto na escola, como na vida. (MELO, 2001: 52).

    Nesta mesma perspectiva, J rn Rsen, considera que aaprendizagem em histria implica muito mais que o simples adquirir conhecimento

    do passado. um processo no qual as competncias se adquirem

    progressivamente, emerge como um processo de formas estruturais pelas quais

    passamos e utilizamos a experincia e conhecimento da realidade passada,

    passando de formas tradicionais de pensamento aos modos genticos (RSEN,

    1992: 27).

    Rsen ainda prope que o aprendizado histrico uma dasdimenses e manifestaes da conscincia histrica. o processo fundamental de

    socializao e individualizao humana e forma o ncleo de todas estas operaes.

    A questo bsica como o passado experienciado e interpretado de modo a

    compreender o presente e antecipar o futuro. Aprendizado a estrutura em que

    diferentes campos de interesse didtico esto unidos em uma estrutura coerente.

    Com respeito ao processo real de ensinar histria nas escolas, a nfase sobre o

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    aprendizado de histria pode reanimar o ensino e o aprendizado de histria

    enfatizando o fato de que a histria um lugar de experincia e interpretao. Assim

    concebida, a didtica da histria ou cincia do aprendizado histrico demonstra ao

    historiador as conexes internas entre histria, vida prtica e aprendizado. (RSEN,

    2006: 16)

    Assim, concordamos com Circe Bittencourt quando afirma que, hoje,

    diferentemente do que se pensava na dcada de 1990, o foco da produo cultural

    o aluno e, para tanto, necessrio que o professor saiba como partir de seu

    conhecimento prvio, ou seja, de seus conceitos espontneos para que ele atinja o

    conhecimento cientfico. Para tanto, faz-se necessrio que o professor parta do

    agora, do presente para que o aluno possa entender o passado, do menos complexo

    para problemas de maior complexidade como, por exemplo, o trabalho documental

    atravs da anlise musical. (BITTENCOURT, 2004: 187).

    As Diretrizes Curriculares da Educao apontam para a importncia

    de se analisar os elementos constitutivos da contemporaneidade e os movimentos

    de contestao no Brasil, a partir da surgiu a idia deste trabalho, que estudar o

    perodo de 1964 a 1984, quando ocorreu o golpe de estado e implantou-se a

    censura, fazendo a anlise de algumas canes do perodo.

    O USO DA CANO NAS AULAS DE HISTRIA

    Parece ter sido bastante comum nos ltimos anos, a utilizao da

    cano como fonte de pesquisa histrica e como recurso didtico em sala de aula,

    auxiliando o aluno na construo de seu conhecimento histrico, a msica permite a

    compreenso da nossa identidade e da histria do nosso pas, de tal maneira que

    quando escutamos uma cano, essa nos reporta a um momento inesquecvel da

    nossa vida, ou que marcou a vida do pas:

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    As letras de msica se constituem em evidncias, registros deacontecimentos a serem compreendidos pelos alunos em suaabrangncia mais ampla, ou seja, em sua compreenso cronolgica,na elaborao e re-significao de conceitos prprios da disciplina.Mais ainda, a utilizao de tais registros colabora na formao dos

    conceitos espontneos dos alunos e na aproximao entre eles e osconceitos cientficos. Permite que o aluno se aproxime das pessoasque viveram no passado, elaborando a compreenso histrica, quevem da forma como sabemos como que as pessoas viram ascoisas, sabendo o que tentaram fazer, sabendo o que sentiram emrelao a determinada situao (ABUD, 2005: 316).

    A msica possui uma memria, evocando lembranas em quem a

    ouve, pode ser um caminho para se chegar a um determinado perodo histrico e

    uma forma para se falar dos sujeitos sociais excludos do processo histrico. Quem

    vivenciou o perodo da ditadura militar, sabe que uma cano acabou se

    transformando em hino e em um smbolo da resistncia ao governo militar. Foi a

    msica Pra no dizer que no falei das flores de Geraldo Vandr, cantada de forma

    emocionada no Festival Internacional da Cano em 1968, e silenciada, assim como

    seu autor, at 1979, e que passou a ser mais conhecida por Caminhando (CUNHA,

    2005: 62).

    Em muitos livros didticos, as letras de canes so utilizadas para

    ilustrar contedos, sem levar em conta as simbologias e linguagens figurativas nelaspresentes. Portanto, o professor deve usar os diferentes temas musicais para

    organizar novos roteiros de organizao dos contedos, inovando propostas

    exclusivamente cronolgicas to presentes em nossos livros didticos. Deste modo,

    o trabalho com canes popular alcanar seu objetivo que auxiliar o aluno na

    construo do conhecimento histrico atravs do uso de diferentes documentos

    comumente utilizados nas aulas de Histria.

    Para que este tipo de documento seja efetivamente analisado, necessrio que haja uma relao entre o texto e o contexto do mesmo. importante

    que se consiga alcanar o sentido da cano, e a maneira como ela est inserida na

    sociedade e na histria.

    Neste sentido, segundo Marcos Napolitano, quando se tem em

    mente uma cano especfica, quase nunca nos preocupamos com a verso desta,

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    e sua situao social especfica. necessrio, portanto, que se identifique a

    gravao da poca que se pretende analisar, localizar o veculo (rdio, TV) que fez

    com que a cano se tornasse conhecida, e mapear o espao (social e cultural) de

    sua criao. Alm disso, necessrio articular ao contexto histrico, os agentes

    formadores do gosto musical de uma determinada sociedade, pois isto o que leva

    ao consumo. Outro cuidado que se deve ter ao analisar uma cano o uso de

    conceitos (passado, herana cultural e tradio), j que estes so freqentemente

    refeitos; necessrio que se atente para os aspectos descontnuos da histria

    como, por exemplo, a cultura poltica e musical de uma determinada poca, e sua

    influncia no mundo musical (NAPOLITANO, 2002).

    Ainda segundo Napolitano, deve-se tambm atentar para o fato de

    que a escolha de uma cano deve ser coerente com os objetivos da pesquisa, ou

    seja, ir alm das preferncias musicais j que, ela pode revelar aspectos de

    fundamental importncia da poca estudada. Muitas vezes a importncia social da

    msica est no modo como ela relaciona a mensagem verbal com a poesia musical,

    pois ela, enquanto texto, faz funcionar os parmetros poticos (letra) e os musicais

    (msica) que, isolados, no revelam a experincia do ouvinte e o sentido da cano.

    O que no se pode esquecer, que a msica brasileira constitui um grande

    patrimnio histrico e cultural que contribui para a cultura da humanidade; coisa

    que tem que ser levado a srio e, mesmo assim, as cincias humanas, s muito

    recentemente a tm estudado de forma mais sistemtica (NAPOLITANO, 2002).

    O CONHECIMENTO PRVIO DOS ALUNOS

    Partindo das reflexes de Peter Lee, Isabel Barca, Maria do Cu deMelo e Rsen, mencionadas acima, realizamos a implementao junto aos alunos

    da 1 srie do Ensino Mdio no Colgio Estadual Marcelino Champagnat, em

    Londrina-PR. Nossa proposta inicial era aplicar esta pesquisa na 8 srie do Ensino

    Fundamental, mas devido a impossibilidade, devido a mudana na escolha das

    turmas no incio do ano letivo, o projeto foi implementado em uma turma da 1 srie

    do Ensino Mdio. Pudemos desenvolver este trabalho no Ensino Mdio, pois entre

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    seus Contedos Estruturantes esto Poder e Cultura.

    A primeira fase consistiu em pesquisar o perfil da turma atravs de

    questionrios previamente elaborados. No total 36 alunos participaram da pesquisa,

    sendo 20 do sexo feminino e 16 do sexo masculino, com idades que variavam entre14 a 16 anos, havendo um total de 09 alunos repetentes. Ao serem questionados se

    gostavam de msica, 100% responderam que sim. Quanto ao tipo de msica

    preferida, foram citadas:

    Msicas n de vezes que foram citadasSertaneja 20

    Funk 19Eletrnica 19

    Rock 17Eletro 15Gospel 15MPB 13

    Pagode 11Outros (Clssica, Reagge, Rap) 10

    Ao questionarmos se gostam de Histria, obtemos as seguintes

    respostas: 30 alunos disseram que sim, pois uma maneira de adquirir

    conhecimento; 2 disseram que no, devido aos textos que so necessrios ler; 4

    disseram mais ou menos, por motivos que no souberam explicar.

    Quanto pergunta se uma matria fcil ou difcil, 26 alunos

    consideraram uma matria fcil; 3 acharam que difcil e 7 que depende do

    contedo e do professor.

    Entretanto, 35 alunos responderam que consideram importante

    estudar Histria. Neste sentido, remetemo-nos preocupao de Peter Lee sobre a

    forma como os alunos conseguem reter as idias sobre histria, se esto no

    caminho de aprender, mas fazem-na parecer uma atividade dbia e ftil. Histria no

    pode ser tratada como um acmulo de eventos. (LEE, 2006: 134)

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    Os temas que acharam mais interessantes foram:

    Tema N de citaes

    Egito 17

    Pr-Histria 9

    Segunda Guerra Mundial 7

    Mesopotmia, Getulio Vargas, Guerra Fria, Idade

    Mdia1

    Todos os temas 2

    Observamos neste momento, que os estudantes tinham dificuldade

    de lembrar o que estudaram em Histria. O Egito foi o primeiro tema citado, pois

    ainda estava sendo estudado.

    O passo seguinte foi solicitar sugestes de como tornar mais

    interessante o estudo de Histria, obtivemos as seguintes sugestes: Vdeos e

    imagens, passeios a museus, utilizao de msicas, aulas mais dinmicas, aulas

    fora da sala de aula, teatro e mais empenho por parte dos alunos. Dos 36 alunos,

    11 disseram que no sabiam como tornar o estudo de Histria mais interessante.

    Quanto indagao se possvel aprender Histria atravs da

    msica, obtivemos 26 alunos dizendo que sim possvel; 8 que talvez fosse possvel

    e 2 alunos disseram que no era possvel.

    Passamos ento segunda parte da interveno, elaboramos um

    questionrio para traar os conhecimentos prvios dos alunos sobre o tema

    pesquisado. As perguntas foram as seguintes:

    O que voc entende por Ditadura Militar?

    As respostas mais citadas foram: Quando o exrcito mandava, 10

    alunos. Disputa de governo entre militares e polticos, 2 alunos. Muitas desgraas,

    rigidez com as pessoas, 7 alunos. No sei, 17 alunos.

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    Quando ocorreu?

    Do total de alunos, 15 responderam que no sabiam; 14 disseram

    que foi na dcada de 1980 e 7 responderam que foi na dcada de 1960.

    Onde ocorreu?

    As respostas obtidas foram: 23 no Brasil e 13 disseram que no

    sabiam

    Escreva cinco palavras que melhor expressam o que foi a Ditadura

    Militar.

    Palavras N de citaes

    Guerra 08

    Desgraa 04

    Fome 03

    Misria 03

    Tortura 03

    Corrupo 02

    Morte 02

    Injustia 02No sabe 14

    Outras (dio, preconceito, poder,

    polcia)01

    Percebemos que esta lista de palavras que os alunos relacionaram

    ao regime militar, indica uma concepo adquirida previamente sala de aula, que

    pode ter sido adquirida de vrias formas: com a famlia, atravs do cinema eteleviso, literatura, etc. Para investigarmos com mais profundidade esta questo

    precisaramos de mais tempo de trabalho com estes mesmos alunos.

    Com relao outra pergunta:

    Voc acha que ainda existe ditadura? Explique.

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    Neste momento, 30 alunos disseram que no sabiam e 6 disseram

    que sim, mas no sabiam como explicar. O que indica, talvez, a permanncia de

    idias de violncia e formas de censura ainda presentes, de forma inconsciente, na

    memria destes jovens, relacionadas ao regime militar.

    O USO DA MSICA: UMA PROPOSTA DE PRODUO DE CONHECIMENTO

    COM OS ALUNOS

    Quando a proposta de utilizao da msica foi apresentada aos

    alunos, observamos que foram tomados pela curiosidade e ansiedade. Areceptividade foi satisfatria, isto foi muito positivo na concentrao e absoro das

    idias explicitadas pela obra musical. Aps a escolha e seleo das canes,

    preparamos o material de apoio (cpias das letras, textos, CDs, aparelho de som, TV

    Pendrive). Passei ento para a contextualizao do momento histrico a ser

    estudado. Expliquei que a crise poltica se arrastava desde a renncia de J nio

    Quadros em 1961.

    Sugerimos uma pesquisa sobre o governo de J oo Goulart lanandoo seguinte questionamento: O governo de J oo Goulart foi uma democracia ou uma

    baderna?. Solicitamos que todo material pesquisado e trabalhado em sala fosse

    organizado em um portflio para posterior avaliao.

    Na aula seguinte falamos sobre a J ovem Guarda e o Tropicalismo.

    Solicitei uma pesquisa mais aprofundada sobre a J ovem Guarda e Tropiclia e que

    conversassem com o professor de Lngua Portuguesa sobre os conceitos de

    ditadura, represso, censura, tortura, anistia.

    O prximo passo foi tratar sobre os festivais. Falamos que o primeiro

    grande momento da era dos festivais foi, sem dvida, o II Festival da MPB, exibido

    pela TV Record e que o sucesso dos festivais se repetiria em 1967. A msica mais

    polmica era sem dvida a de Caetano Veloso, Alegria, alegria, que acompanhado

    do conjunto Beat Boys, introduziu as guitarras. A msica causou uma empatia

    imediata com o pblico, o ritmo alegre e descontrado, fez surgir aplausos de todos

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    os lados, at dos inimigos da guitarra, que era vista naquele momento como smbolo

    do capitalismo. Vejamos a letra desta msica:

    ALEGRIA, ALEGRIA

    Caminhando contra o vento

    Sem leno sem documento

    Num sol de quase dezembro

    Eu vou

    Caetano Veloso, 1967

    Aps a audio da msica, fizemos a leitura da cano, observando

    os seguintes aspectos: autoria, data de produo e quem canta; identificao das

    referncias que a msica faz ao cotidiano da dcada de 60; o que o autor queria

    dizer em poca de ditadura caminhando contra o vento sem leno sem

    documento?. Ser que todos gostaram da msica? E quem no gostou por queno? Observei que os alunos ficaram muito empolgados, alguns conheciam a

    msica, mas no tinham feito sua anlise e partiram em busca de mais informaes

    sobre os festivais e Caetano Veloso, acrescentando suas pesquisas no portflio.

    Em 1968 os jovens se rebelavam em vrios locais do continente, na

    Frana, os estudantes quase tomaram o poder. Nos Estados Unidos se rebelavam

    contra a Guerra do Vietn. No Brasil, o movimento estudantil tem como alvo a

    ditadura militar, no Rio de J aneiro, passeatas dos estudantes e intelectuais enchiam

    as ruas, os bares fervilhavam. Os lderes estudantis tinham um padro mais popular,

    ligado a Geraldo Vandr. Os tropicalistas buscavam revolucionar a msica popular,

    entretanto, estavam mais sintonizados com o que ocorria l fora, onde os ativistas

    buscavam a derrubada de todas as estruturas sob a bandeira do sexo, drogas e rock

    in roll. Em meio a este cenrio realizado o III Festival Internacional da Cano,

    organizado pela TV Globo (setembro, 1968).

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    A polmica torna-se maior nesse Festival, quando o jri anuncia a

    vitria de Sabi de Tom J obim e Chico Buarque, e o segundo lugar fica para Pra

    no dizer que no falei das flores de Geraldo Vandr:

    PRA NO DIZER QUE NO FALEI DAS FLORES (Caminhando)

    Caminhando e cantando e seguindo a cano

    Somos todos iguais, braos dados ou no

    Nas escolas, nas ruas, campos, construes

    Caminhando e cantando e seguindo a cano

    Vem vamos embora que esperar no saber

    Quem sabe faz a hora no espera acontecer,

    Geraldo Vandr, 1968

    Aps a audio e levantamento das informaes musicais, comognero musical, melodia/harmonia, interpretao da mensagem e da historicizao

    da obra, fizemos os seguintes questionamentos: porque voc acha que esta msica

    perdeu o festival? Por que ela e seu autor foram perseguidos? O que possui de to

    comprometedora? O que voc acha que o autor queria com esta msica?

    Quando relacionaram a msica a uma igualdade e o perigo do

    socialismo, o convite ao engajamento, luta, a rebeldia que os compositores

    tratavam o regime militar, concluram que no foi toa que a censuraram, estava

    cheia de metforas, ainda completaram a juventude de hoje tem muito a aprender

    com a juventude da dcada de 60.

    Quando em dezembro de 1968, o presidente Costa e Silva decretou

    oAI-5, o mais violento de todos os atos institucionais at ento outorgados, houve a

    consolidao da ditadura, a arbitrariedade foi legalizada. Muitos artistas e

    intelectuais foram forados a ir para o exlio. Com o endurecimento do regime, os

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    festivais foram perdendo sua fora. Chico Buarque torna-se o grande nome da

    msica politizada, atravs de metforas, consegue driblar a censura e compe

    msicas como Clice:

    CLICE

    Pai, afasta de mim esse clice

    Pai, afasta de mim esse clice

    Pai, afasta de mim esse clice

    De vinho tinto de sangue.

    Como beber dessa bebida amarga

    Trazer a gota, engolir a labuta

    Mesmo calada a boca, resta o peito

    Silncio na cidade no se escuta

    De que me vale ser filho da santa

    Melhor seria ser filho da outraOutra realidade menos morta

    Tanta mentira, tanta fora bruta ...

    Chico Buarque Holanda, 1973

    Aps a audio da msica, solicitei aos alunos que analisassem a

    cano. No incio acharam engraada, logo foram percebendo que parecia uma

    msica de igreja, outro aluno disse que parecia um funeral e logo perceberam

    que era a representao de uma sesso de tortura, perceberam o tom, a respirao.

    Diria que este foi o ponto alto do trabalho, os alunos ficaram muito estimulados,

    quiseram ouvir a cano diversas vezes. Ficaram surpresos com as crticas

    ditadura de uma maneira to velada e to aberta, como uma produo musical podia

    conter tantas denncias e ter passado pelo crivo dos censores?

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    Com a ditadura beneficiada pelo chamado milagre econmico,

    houve um crescimento da economia em ritmo muito acelerado, em funo da

    entrada macia de capital estrangeiro. O governo aproveitou-se do momento e usou

    os meios de comunicao com os slogans: Brasil, ame-o ou deixe-o, Ningum

    segura este pas, Este um pas que vai pra frente, Pra frente Brasil.

    Algumas canes contriburam para o clima ufanista. Encerramos o

    trabalho com a escolha da msica de Dom e Ravel, Eu te amo meu Brasil, uma das

    maiores expresses da msica ufanista na poca:

    EU TE AMO, MEU BRASIL

    As praias do Brasil ensolaradas l, l, l

    O cho onde o pas se elevou l, l, l

    A mo de Deus abenoou, mulher que nasce aqui

    Tem muito mais amor.

    O cu do meu Brasil tem mais estrelas l, l, l

    O sol do meu pas mais esplendor l, l, l

    A mo de Deus abenoou em terra brasileira, vou plantar amor,

    Eu te amo, meu Brasil, eu te amo

    Meu corao verde, amarelo, branco, azul anil

    Eu te amo, meu Brasil, eu te amo

    Ningum segura a juventude do Brasil

    Dom e Ravel, 1970.

    Aps o contato com a letra e a melodia, fizemos alguns

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    questionamentos: Que leitura podemos fazer da cano Eu te amo meu Brasil? Que

    tipo de proveito ela poderia fornecer ao regime militar? Em plena fase do milagre

    econmico, qual a imagem que a msica passava do pas?

    Percebemos um envolvimento dos alunos com a cano, a melodiaparecia agrad-los, entretanto aps algumas reflexes e quase por unanimidade

    responderam que a msica disfarava um Brasil que no existia, criava uma imagem

    irreal do pas, era uma oportunidade aos militares de mostrar que no Brasil tudo

    estava bonito, colorido, ensolarado. Enquanto isto, o sonho de uma sociedade mais

    justa e democrtica ficava cada vez mais distante.

    RESULTADOS E DISCUSSO

    Ao terminarmos a interveno pedaggica, aplicamos novamente o

    questionrio dos conhecimentos do tema e passamos anlise textual. Partindo dos

    textos j existentes fizemos uma anlise rigorosa e criteriosa das informaes para

    observar a compreenso dos alunos. Segundo Roque Moraes, para comprovar uma

    pesquisa ou refut-la, ao final da pesquisa necessrio: 1. A desmontagem dostextos; 2. Estabelecimento das relaes (categorizao); 3. Captar um novo

    emergente, ou seja, a compreenso renovada do todo; 4. Um processo auto-

    organizado, onde emergem novas compreenses. (MORAES, 2003: 191 192.)

    Ao analisar as respostas apresentadas aps a implementao,

    observamos os seguintes resultados:

    O que voc entende por Ditadura Militar?

    Obtivemos 19 respostas relacionadas censura e 17 relacionadas

    ao militarismo.

    Quando ocorreu?

    Todos os alunos responderam que foi no perodo de 1964 a 1985.

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    Onde ocorreu?

    No Brasil e em outros pases, foi a respostas dos 36 alunos.

    Escreva cinco palavras que melhor expressam o que foi a DitaduraMilitar.

    PALAVRAS CITADAS N DE CITAES

    Tortura 27

    Represso 26

    Censura 23

    Exlio 22Anistia 17

    Lutas 17

    Abuso de poder 7

    Mortes 7

    Voc acha que ainda existe Ditadura? Explique.

    As respostas positivas (2) foram relacionas a Cuba e as respostas

    negativas (34) foram relacionadas ao processo democrtico e constitucional que

    vivemos no pas.

    Uma ltima pergunta abordada foi se aps a interveno do tema

    Ditadura Militar atravs da msica, possvel aprender Histria atravs da msica.

    Foi muito gratificante observar que 100% dos alunos disseram que possvel.

    Segundo o aluno E.R.S. 15 anos:

    Sim, pois a msica tem um sentimento, expressa o momento histrico que

    a populao estava vivendo.

    Ou ainda o aluno R.P. 16 anos :

    Sim, as msicas contam a histria e guardam em suas letras as aflies

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    que as pessoas tiveram, se no as analisarmos no entendemos o que queriam dizer.

    A aluna S.P.S. 16 anos, disse:

    Atravs da forma, da letra e das melodias, aprendemos o que o povo

    pensava naquele momento, isso muito importante.

    A aluna T.M.C. 16 anos:

    Com certeza, um jeito bem mais fcil de aprender e no decorar, aquilo

    que aprendemos para a vida toda.

    Ao final percebemos, atravs do processo de categorizao, que os

    alunos obtiveram, atravs da msica como mediao nas aulas, uma forma mais

    eficaz de aprendizagem sobre este tema e que foi possvel sim, a produo de

    conhecimento histrico em sala de aula.

    CONSIDERAES FINAIS:

    Acreditamos que a proposta aqui apresentada, constitui-se em uminstrumento pedaggico de grande valia na busca de novas metodologias na sala de

    aula. A msica facilitou a relao professor/aluno e contribuiu para o ensino de

    Histria, j que est voltada prtica do aluno.

    As interpretaes que os alunos fizeram das msicas e o portflio

    que elaboraram, revelam seu senso crtico e a motivao despertada por essa

    metodologia de trabalho, uma vez que demonstraram entendimento da mensagem.

    Ficou claro, que o uso da msica como instrumento pedaggico um recurso que

    estimula e motiva a criatividade do educando, tornando o ensino-aprendizagem de

    Histria mais significativo.

    Assim, pudemos identificar que, como afirma J rn Rsen, a

    aprendizagem em histria implica muito mais que o simples adquirir conhecimento

    do passado. Tivemos possibilidade de identificar da mesma forma que a

    aprendizagem um processo no qual as competncias se adquirem

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    progressivamente e emergem como formas estruturais pelas quais passamos e

    utilizamos a experincia e conhecimento da realidade passada, passando de formas

    tradicionais de pensamento aos modos genticos, ou seja, vemos a experincia

    histrica do passado a partir do presente e, mais do que isto, vemos uma forma de

    us-la em nossa vida prtica. (RSEN, 1992: 27).

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    REFERNCIAS

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