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DITADURA MILITAR NO BRASIL (PS-64) ATRAVS DA MSICA: UMA
EXPERINCIA EM SALA DE AULA
Sarita Maria Pieroli 1RESUMO
O presente artigo tem o objetivo de discutir e analisar a relao msica e histria nosperodos de 1964 a 1984, quando ocorre o Golpe de Estado, tantas vezes ensaiadoe finalmente deflagrado, dando incio ditadura militar e, que ficou no poder at oano de 1985. A partir deste contexto vamos analisar as manifestaes culturais,sociais e polticas deste perodo atravs das canes, sabendo da importncia damsica como fonte histrica. Para evitar cair na simplificao, pretendemos refletir amsica de uma maneira mais ampla, as fontes que iremos utilizar no presentetrabalho, serviro como mediao para a produo do conhecimento dos alunos,esperamos que com o uso racional e sistemtico desse recurso pedaggico, crie-se
situaes em que o aluno sinta-se atrado pelas propostas da professora.Palavras-chave: Metodologia de ensino; Ensino de Histria; Msica; Ditadura.
ABSTRACT
The present article has the objective to argue and to analyze the relation music andthe history in the periods of 1964 the 1984, when the military occupation ocurred (inBrazil) and stayed in the government until the year of 1985. From this context we aregoing to analyze the cultural manifestations, political and social of this period throughthe songs, knowing of the importance of music as historical source. To prevent to fallin the simplification, we intend to reflect the music in a wide way using the songs as aconnection to develop the students Knowledge production. The songs were used asa pedagogic material, that tryed to attract the students attention for the teachersproposal.
Keywords: Learning-methodology; History teaching; Song; Dictatorshipgovernment.
INTRODUO
Diante do desafio e das dificuldades em transformar as aulas de
Histria em um instrumento capaz de despertar o senso crtico dos alunos, algo
imprescindvel sua formao cidad, os professores frequentemente tem
encontrado grandes dificuldades para atrair a ateno de seus alunos.
1 Professora da rede estadual de ensino do Estado do Paran, municpio de Londrina. Participante doPrograma de Desenvolvimento da Educao do Paran, de 2007.
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Segundo Lana Mara C. Siman, a Histria no uma cincia fcil,
provavelmente a mais abstrata das disciplinas, j que o historiador trabalha com um
ambiente imaginrio e utiliza linguagens e conceitos muito complexos (SIMAN, 2004:
82).
Atualmente, muito se tem debatido o ensino/aprendizagem de
Histria e como ocorre a produo do conhecimento histrico. Para Siman:
Sabemos que a tarefa do professor formar alunos capazes de raciocinar
historicamente, criticamente e com sensibilidade sobre a vida social, material e
cultural das sociedades (SIMAN, 2004: 83).
Para alguns autores no podemos separar o debate sobre o ensino
de Histria do contexto no qual produzido. Assim, Ktia Maria Abud, discute adcada de 1970, quando se comea a falar da Histria e do seu ensino. Do mesmo
modo, a autora faz um balano das discusses sobre esse debate, na dcada de
1979/1980, que enfocava a possibilidade, naquele momento, da escola ser
produtora de conhecimento, ou se apenas se reproduzia o saber adquirido nas
universidades. Ainda nesse debate, Abud, sugere que para se entender o sistema
educativo, o currculo tem uma dimenso muito grande, tornando-se o mais
importante documento historiogrfico. Entretanto, a autora chama a ateno para o
cuidado que se deve ter para no entendermos o currculo de forma natural, poiseste pode representar os interesses das classes dominantes medida que
apresenta as concepes cientficas de cada disciplina (ABUD, 1995: 149 - 155).
Como exemplo da representao dos interesses das classes
dominantes, podemos citar o golpe de 31 de maro de 1964 que efetivou o poder
dos militares. A ttica para governar foram os Atos Institucionais, que os dotavam de
poderes no existentes na Constituio, alm de reformas educacionais adequando
a legislao e os currculos aos seus interesses.
Neste sentido, importante entendermos o perodo do ps-64, em
especial os anos posteriores a 1968 quando promulgado o Ato Institucional n 5, o
AI-5, que institucionalizou a represso, a violncia e o terror, caractersticos do
regime militar brasileiro. Quando o regime militar foi instalado, vrios movimentos
foram perseguidos e reprimidos, como o movimento operrio e o movimento
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estudantil. Passeatas e manifestaes de protestos eram contidas com cassetetes,
bombas de gs lacrimogneo, tanques, e assassinatos. Pessoas eram torturadas,
perseguidas e desaparecidas. Assim como, as pessoas desapareciam, tambm,
desapareceu a disciplina de Histria dos currculos escolares, e atravs da Lei
5692/71, acabou sendo substituda pela disciplina de Estudos Sociais (ABUD, 1995:
150).
Quando ocorreu a chamada redemocratizao do Brasil,
novamente os currculos passaram a adotar a Histria enquanto disciplina, sendo
uma ferramenta indispensvel para a concretizao de mudanas. No incio dos
anos 1990 a reorganizao econmica mundial preconizava um redirecionamento da
educao, neste momento a discusso educacional tornou-se menos politizada e
houve uma preocupao maior com as discusses pedaggicas, embora
influenciadas pelos interesses da burguesia, que precisava suprir as necessidades
de formao para o trabalho, no mundo globalizado e informatizado (ABUD, 1995:
153 - 154):
Os PCNs foram elaborados para produzir um tipo de conhecimentohistrico escolar voltado para a sociedade como se apresenta nosdias atuais, voltado para a nova ordem mundial. Entre seus objetivosno se encontra o projeto de reorganizao de reconstruonacional. Seus objetivos so traduzidos por verbos como reconhecer,
identificar, respeitar, analisar, conhecer. No aparecem neles opropsito de transformao da sociedade, como pensar criticamente,transformar, participar... Os PCNs abandonaram as questesmetodolgicas sobre o conhecimento histrico, escolar ou acadmicae procuram substitu-las por opes didticas, distanciadas delinhas tericas de explicao histrica, valorizando assim, sobretudoos aspectos pedaggicos do ensino de Histria. A discussoconceitual fica minimizada, priorizando vocbulos, que do forma econtedo histrico atemporal aos parmetros, o que permite quevrias das sugestes se encerrem com etc..Assim esto adequando o currculo da escola ao currculo da vida. Ohomem moderno formado para o mundo do trabalho, deve serajustado aos interesses das empresas, cujo conceito substitui a
importncia que o conceito de nao possua, quando da expansoda escola burguesa, no sculo XIX. Portanto, as disciplinas docurrculo devem estar voltadas para a formao desse homem,pouco questionador, para o qual o mundo objeto de conhecimento,mas no um elemento de tomada de conscincia. (ABUD, 1995: 155)
Para a autora, caberia aos professores propiciar a apreenso das
novas concepes do que a Histria, se queremos formar cidados para o mundo
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globalizado e capitalista, ou formar alunos capazes de raciocinar historicamente.
Como aprender Histria atravs de novas concepes, pensar, refletir? A partir de
que faixa etria iniciar essas capacidades de articulao e produo do
conhecimento?
Neste mesmo sentido, a historiadora Marlene Cainelli conduziu um
trabalho em Londrina, nos anos de 2005 a 2007 com as mesmas crianas em trs
fases do ensino fundamental, segunda, terceira e quarta srie. Aps apresentar um
objeto antigo, as crianas esboaram vrias reaes, foi feito um levantamento do
objeto observado, para que servia, qual sua utilidade, qual a idade, etc. Diante das
respostas, observou-se que a criana entende a histria como narrativa,
descrevendo e interpretando fatos histricos e percebendo que existe um tempo
diferente de seu tempo. Portanto, possvel sim a criana produzir conhecimento
histrico, mas de maneira diferente, j que lida com conceitos como o tempo e a
histria de um modo peculiar. Hoje, para que a produo do conhecimento histrico
de efetive, necessrio que o aluno aprenda. (CAINELLI, 2006: 57 - 70).
Lana Mara Castro Siman aps realizar uma pesquisa na Escola
Fundamental do Centro Pedaggico da UFMG, concluiu que a construo e
apropriao do conhecimento no interior da escola no se processam diretamente
entre o sujeito e o objeto a ser conhecido. Entre esses existe a ao mediadora doprofessor, a ao mediata da linguagem, de signos e de ferramentas (SIMAN, 2004:
85). Ou seja, o aluno elabora e cria um novo conhecimento passado pelo professor,
que o mediador do conhecimento histrico.
Circe Bittencourt, por outro lado, aponta para o fato que invivel o
ensino de Histria sem o domnio conceitual, mas como os alunos apreendem os
conceitos? Em que estgio da escolarizao possvel apreender os conceitos?
Para responder estas questes recorre a J ean Piaget (1896-1980), que acredita quea construo do conhecimento pelo sujeito ocorre partindo do pensamento racional,
ao longo da vida at alcanar o nvel de maturidade ideal. J Vygotsky recai na
aquisio social dos conceitos, e no apenas na maturidade biolgica, acredita que
pela comunicao social o ser humano pode chegar ao desenvolvimento de
conceitos. (BITTENCOURT, 2004: 185 -187).
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Entre os conceitos histricos, a noo de tempo histrico e espao
so fundamentais. O tempo diferente nas vrias culturas, h o tempo vivido que
tambm o tempo biolgico, e em nossa sociedade marcado pelos anos de vida; h
o tempo concebido que organizado pelas diferentes sociedades, por exemplo, a
sociedade capitalista criou a expresso tempo dinheiro e, assim, as pessoas so
controladas pelo relgio. (BITTENCOURT, 2004: 200 - 201).
Tempo e espao so materiais bsicos dos historiadores, a Histria
se prope a reconstruir os tempos distantes do presente, para essa reconstruo os
historiadores demarcaram a Histria de vrias formas: o tempo cronolgico, muito
criticado pelos franceses pertencentes Escola dos Annales e defendem a
organizao do tempo nos modos de produo. (BITTENCOURT, 2004: 203-206).
Uma grande preocupao dos estudiosos est ligada ao fato de
como os alunos aprendem os conceitos em histria. Peter Lee conduz um trabalho
na Inglaterra onde deixa claro sua preocupao com os alunos, pois ao invs de
aprenderem conhecimentos substantivos sobre o passado, os alunos aprendiam
estrias. Lee afirma que necessrio que se fale em situaes especficas do
passado e interpret-las j que, para as crianas, s verdade o que est escrito e
testemunhado. Portanto, o professor no deve usar somente conceitos substantivos
(que se referem aos contedos de Histria), mas tambm conceitos de segundaordem (que se referem natureza da Histria), pois este ltimo que d
consistncia disciplina. por isso que se torna importante investigar as idias que
as crianas possuem sobre determinados conceitos. (LEE, 2001: 14-15).
Igualmente, Isabel Barca verifica que h uma multiplicidade de
perspectivas em Histria e os jovens necessitam exercitar o pensamento crtico,
para tanto, o professor deve trabalhar de maneira que este no veja o passado
apenas como uma opinio pessoal ou um ponto de vista. Assim sendo, em nossasaulas devemos saber explorar o critrio da consistncia, distinguindo dois nveis de
interpretao histrica: descrio de acontecimentos simples, que necessita
somente de confirmao ou negao, e a explorao dos fatos que, alm de
confirmao/negao, necessita de uma apresentao plausvel, ou seja, o critrio
de verdadeiro ou falso no basta. (BARCA, 2001: 30 - 31).
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Isabel Barca conclui que a Histria d respostas provisrias porque
pode haver pontos de vista diferente, utilizando as mesmas fontes porque vamos
descobrindo novas relaes sobre o passado, novas perspectivas. Esta uma
caracterstica fascinante da produo histrica, que devemos passar aos alunos sem
cair no relativismo de considerar que todas as respostas sobre o passado tm a
mesma validade. Questes problematizadoras em torno de materiais histricos
concretos, que veiculem de algum modo a diversidade da Histria e que possibilitem
a reflexo sobre os seus critrios de legitimao, contribuem para estimular o
raciocnio dos jovens. (BARCA, 2001: 39)
Seguindo a mesma idia dos autores acima citados, Maria do Cu
de Melo, atravs de uma investigao realizada com alunos portugueses conclui que
os professores devem investigar os conhecimentos tcitos dos alunos antes de
trabalhar um determinado contedo. Mas este deve ser apenas o primeiro passo,
aos alunos devem ser propostas tarefas que os tornem no s conscientes desse
seu saber para, posteriormente, e atravs de situaes de aprendizagem
intencionalmente desenhadas, com elas serem confrontados. S assim haver
contribuio para mudanas no modo dos alunos resolverem situaes problemas,
tanto na escola, como na vida. (MELO, 2001: 52).
Nesta mesma perspectiva, J rn Rsen, considera que aaprendizagem em histria implica muito mais que o simples adquirir conhecimento
do passado. um processo no qual as competncias se adquirem
progressivamente, emerge como um processo de formas estruturais pelas quais
passamos e utilizamos a experincia e conhecimento da realidade passada,
passando de formas tradicionais de pensamento aos modos genticos (RSEN,
1992: 27).
Rsen ainda prope que o aprendizado histrico uma dasdimenses e manifestaes da conscincia histrica. o processo fundamental de
socializao e individualizao humana e forma o ncleo de todas estas operaes.
A questo bsica como o passado experienciado e interpretado de modo a
compreender o presente e antecipar o futuro. Aprendizado a estrutura em que
diferentes campos de interesse didtico esto unidos em uma estrutura coerente.
Com respeito ao processo real de ensinar histria nas escolas, a nfase sobre o
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aprendizado de histria pode reanimar o ensino e o aprendizado de histria
enfatizando o fato de que a histria um lugar de experincia e interpretao. Assim
concebida, a didtica da histria ou cincia do aprendizado histrico demonstra ao
historiador as conexes internas entre histria, vida prtica e aprendizado. (RSEN,
2006: 16)
Assim, concordamos com Circe Bittencourt quando afirma que, hoje,
diferentemente do que se pensava na dcada de 1990, o foco da produo cultural
o aluno e, para tanto, necessrio que o professor saiba como partir de seu
conhecimento prvio, ou seja, de seus conceitos espontneos para que ele atinja o
conhecimento cientfico. Para tanto, faz-se necessrio que o professor parta do
agora, do presente para que o aluno possa entender o passado, do menos complexo
para problemas de maior complexidade como, por exemplo, o trabalho documental
atravs da anlise musical. (BITTENCOURT, 2004: 187).
As Diretrizes Curriculares da Educao apontam para a importncia
de se analisar os elementos constitutivos da contemporaneidade e os movimentos
de contestao no Brasil, a partir da surgiu a idia deste trabalho, que estudar o
perodo de 1964 a 1984, quando ocorreu o golpe de estado e implantou-se a
censura, fazendo a anlise de algumas canes do perodo.
O USO DA CANO NAS AULAS DE HISTRIA
Parece ter sido bastante comum nos ltimos anos, a utilizao da
cano como fonte de pesquisa histrica e como recurso didtico em sala de aula,
auxiliando o aluno na construo de seu conhecimento histrico, a msica permite a
compreenso da nossa identidade e da histria do nosso pas, de tal maneira que
quando escutamos uma cano, essa nos reporta a um momento inesquecvel da
nossa vida, ou que marcou a vida do pas:
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As letras de msica se constituem em evidncias, registros deacontecimentos a serem compreendidos pelos alunos em suaabrangncia mais ampla, ou seja, em sua compreenso cronolgica,na elaborao e re-significao de conceitos prprios da disciplina.Mais ainda, a utilizao de tais registros colabora na formao dos
conceitos espontneos dos alunos e na aproximao entre eles e osconceitos cientficos. Permite que o aluno se aproxime das pessoasque viveram no passado, elaborando a compreenso histrica, quevem da forma como sabemos como que as pessoas viram ascoisas, sabendo o que tentaram fazer, sabendo o que sentiram emrelao a determinada situao (ABUD, 2005: 316).
A msica possui uma memria, evocando lembranas em quem a
ouve, pode ser um caminho para se chegar a um determinado perodo histrico e
uma forma para se falar dos sujeitos sociais excludos do processo histrico. Quem
vivenciou o perodo da ditadura militar, sabe que uma cano acabou se
transformando em hino e em um smbolo da resistncia ao governo militar. Foi a
msica Pra no dizer que no falei das flores de Geraldo Vandr, cantada de forma
emocionada no Festival Internacional da Cano em 1968, e silenciada, assim como
seu autor, at 1979, e que passou a ser mais conhecida por Caminhando (CUNHA,
2005: 62).
Em muitos livros didticos, as letras de canes so utilizadas para
ilustrar contedos, sem levar em conta as simbologias e linguagens figurativas nelaspresentes. Portanto, o professor deve usar os diferentes temas musicais para
organizar novos roteiros de organizao dos contedos, inovando propostas
exclusivamente cronolgicas to presentes em nossos livros didticos. Deste modo,
o trabalho com canes popular alcanar seu objetivo que auxiliar o aluno na
construo do conhecimento histrico atravs do uso de diferentes documentos
comumente utilizados nas aulas de Histria.
Para que este tipo de documento seja efetivamente analisado, necessrio que haja uma relao entre o texto e o contexto do mesmo. importante
que se consiga alcanar o sentido da cano, e a maneira como ela est inserida na
sociedade e na histria.
Neste sentido, segundo Marcos Napolitano, quando se tem em
mente uma cano especfica, quase nunca nos preocupamos com a verso desta,
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e sua situao social especfica. necessrio, portanto, que se identifique a
gravao da poca que se pretende analisar, localizar o veculo (rdio, TV) que fez
com que a cano se tornasse conhecida, e mapear o espao (social e cultural) de
sua criao. Alm disso, necessrio articular ao contexto histrico, os agentes
formadores do gosto musical de uma determinada sociedade, pois isto o que leva
ao consumo. Outro cuidado que se deve ter ao analisar uma cano o uso de
conceitos (passado, herana cultural e tradio), j que estes so freqentemente
refeitos; necessrio que se atente para os aspectos descontnuos da histria
como, por exemplo, a cultura poltica e musical de uma determinada poca, e sua
influncia no mundo musical (NAPOLITANO, 2002).
Ainda segundo Napolitano, deve-se tambm atentar para o fato de
que a escolha de uma cano deve ser coerente com os objetivos da pesquisa, ou
seja, ir alm das preferncias musicais j que, ela pode revelar aspectos de
fundamental importncia da poca estudada. Muitas vezes a importncia social da
msica est no modo como ela relaciona a mensagem verbal com a poesia musical,
pois ela, enquanto texto, faz funcionar os parmetros poticos (letra) e os musicais
(msica) que, isolados, no revelam a experincia do ouvinte e o sentido da cano.
O que no se pode esquecer, que a msica brasileira constitui um grande
patrimnio histrico e cultural que contribui para a cultura da humanidade; coisa
que tem que ser levado a srio e, mesmo assim, as cincias humanas, s muito
recentemente a tm estudado de forma mais sistemtica (NAPOLITANO, 2002).
O CONHECIMENTO PRVIO DOS ALUNOS
Partindo das reflexes de Peter Lee, Isabel Barca, Maria do Cu deMelo e Rsen, mencionadas acima, realizamos a implementao junto aos alunos
da 1 srie do Ensino Mdio no Colgio Estadual Marcelino Champagnat, em
Londrina-PR. Nossa proposta inicial era aplicar esta pesquisa na 8 srie do Ensino
Fundamental, mas devido a impossibilidade, devido a mudana na escolha das
turmas no incio do ano letivo, o projeto foi implementado em uma turma da 1 srie
do Ensino Mdio. Pudemos desenvolver este trabalho no Ensino Mdio, pois entre
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seus Contedos Estruturantes esto Poder e Cultura.
A primeira fase consistiu em pesquisar o perfil da turma atravs de
questionrios previamente elaborados. No total 36 alunos participaram da pesquisa,
sendo 20 do sexo feminino e 16 do sexo masculino, com idades que variavam entre14 a 16 anos, havendo um total de 09 alunos repetentes. Ao serem questionados se
gostavam de msica, 100% responderam que sim. Quanto ao tipo de msica
preferida, foram citadas:
Msicas n de vezes que foram citadasSertaneja 20
Funk 19Eletrnica 19
Rock 17Eletro 15Gospel 15MPB 13
Pagode 11Outros (Clssica, Reagge, Rap) 10
Ao questionarmos se gostam de Histria, obtemos as seguintes
respostas: 30 alunos disseram que sim, pois uma maneira de adquirir
conhecimento; 2 disseram que no, devido aos textos que so necessrios ler; 4
disseram mais ou menos, por motivos que no souberam explicar.
Quanto pergunta se uma matria fcil ou difcil, 26 alunos
consideraram uma matria fcil; 3 acharam que difcil e 7 que depende do
contedo e do professor.
Entretanto, 35 alunos responderam que consideram importante
estudar Histria. Neste sentido, remetemo-nos preocupao de Peter Lee sobre a
forma como os alunos conseguem reter as idias sobre histria, se esto no
caminho de aprender, mas fazem-na parecer uma atividade dbia e ftil. Histria no
pode ser tratada como um acmulo de eventos. (LEE, 2006: 134)
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Os temas que acharam mais interessantes foram:
Tema N de citaes
Egito 17
Pr-Histria 9
Segunda Guerra Mundial 7
Mesopotmia, Getulio Vargas, Guerra Fria, Idade
Mdia1
Todos os temas 2
Observamos neste momento, que os estudantes tinham dificuldade
de lembrar o que estudaram em Histria. O Egito foi o primeiro tema citado, pois
ainda estava sendo estudado.
O passo seguinte foi solicitar sugestes de como tornar mais
interessante o estudo de Histria, obtivemos as seguintes sugestes: Vdeos e
imagens, passeios a museus, utilizao de msicas, aulas mais dinmicas, aulas
fora da sala de aula, teatro e mais empenho por parte dos alunos. Dos 36 alunos,
11 disseram que no sabiam como tornar o estudo de Histria mais interessante.
Quanto indagao se possvel aprender Histria atravs da
msica, obtivemos 26 alunos dizendo que sim possvel; 8 que talvez fosse possvel
e 2 alunos disseram que no era possvel.
Passamos ento segunda parte da interveno, elaboramos um
questionrio para traar os conhecimentos prvios dos alunos sobre o tema
pesquisado. As perguntas foram as seguintes:
O que voc entende por Ditadura Militar?
As respostas mais citadas foram: Quando o exrcito mandava, 10
alunos. Disputa de governo entre militares e polticos, 2 alunos. Muitas desgraas,
rigidez com as pessoas, 7 alunos. No sei, 17 alunos.
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Quando ocorreu?
Do total de alunos, 15 responderam que no sabiam; 14 disseram
que foi na dcada de 1980 e 7 responderam que foi na dcada de 1960.
Onde ocorreu?
As respostas obtidas foram: 23 no Brasil e 13 disseram que no
sabiam
Escreva cinco palavras que melhor expressam o que foi a Ditadura
Militar.
Palavras N de citaes
Guerra 08
Desgraa 04
Fome 03
Misria 03
Tortura 03
Corrupo 02
Morte 02
Injustia 02No sabe 14
Outras (dio, preconceito, poder,
polcia)01
Percebemos que esta lista de palavras que os alunos relacionaram
ao regime militar, indica uma concepo adquirida previamente sala de aula, que
pode ter sido adquirida de vrias formas: com a famlia, atravs do cinema eteleviso, literatura, etc. Para investigarmos com mais profundidade esta questo
precisaramos de mais tempo de trabalho com estes mesmos alunos.
Com relao outra pergunta:
Voc acha que ainda existe ditadura? Explique.
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Neste momento, 30 alunos disseram que no sabiam e 6 disseram
que sim, mas no sabiam como explicar. O que indica, talvez, a permanncia de
idias de violncia e formas de censura ainda presentes, de forma inconsciente, na
memria destes jovens, relacionadas ao regime militar.
O USO DA MSICA: UMA PROPOSTA DE PRODUO DE CONHECIMENTO
COM OS ALUNOS
Quando a proposta de utilizao da msica foi apresentada aos
alunos, observamos que foram tomados pela curiosidade e ansiedade. Areceptividade foi satisfatria, isto foi muito positivo na concentrao e absoro das
idias explicitadas pela obra musical. Aps a escolha e seleo das canes,
preparamos o material de apoio (cpias das letras, textos, CDs, aparelho de som, TV
Pendrive). Passei ento para a contextualizao do momento histrico a ser
estudado. Expliquei que a crise poltica se arrastava desde a renncia de J nio
Quadros em 1961.
Sugerimos uma pesquisa sobre o governo de J oo Goulart lanandoo seguinte questionamento: O governo de J oo Goulart foi uma democracia ou uma
baderna?. Solicitamos que todo material pesquisado e trabalhado em sala fosse
organizado em um portflio para posterior avaliao.
Na aula seguinte falamos sobre a J ovem Guarda e o Tropicalismo.
Solicitei uma pesquisa mais aprofundada sobre a J ovem Guarda e Tropiclia e que
conversassem com o professor de Lngua Portuguesa sobre os conceitos de
ditadura, represso, censura, tortura, anistia.
O prximo passo foi tratar sobre os festivais. Falamos que o primeiro
grande momento da era dos festivais foi, sem dvida, o II Festival da MPB, exibido
pela TV Record e que o sucesso dos festivais se repetiria em 1967. A msica mais
polmica era sem dvida a de Caetano Veloso, Alegria, alegria, que acompanhado
do conjunto Beat Boys, introduziu as guitarras. A msica causou uma empatia
imediata com o pblico, o ritmo alegre e descontrado, fez surgir aplausos de todos
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os lados, at dos inimigos da guitarra, que era vista naquele momento como smbolo
do capitalismo. Vejamos a letra desta msica:
ALEGRIA, ALEGRIA
Caminhando contra o vento
Sem leno sem documento
Num sol de quase dezembro
Eu vou
Caetano Veloso, 1967
Aps a audio da msica, fizemos a leitura da cano, observando
os seguintes aspectos: autoria, data de produo e quem canta; identificao das
referncias que a msica faz ao cotidiano da dcada de 60; o que o autor queria
dizer em poca de ditadura caminhando contra o vento sem leno sem
documento?. Ser que todos gostaram da msica? E quem no gostou por queno? Observei que os alunos ficaram muito empolgados, alguns conheciam a
msica, mas no tinham feito sua anlise e partiram em busca de mais informaes
sobre os festivais e Caetano Veloso, acrescentando suas pesquisas no portflio.
Em 1968 os jovens se rebelavam em vrios locais do continente, na
Frana, os estudantes quase tomaram o poder. Nos Estados Unidos se rebelavam
contra a Guerra do Vietn. No Brasil, o movimento estudantil tem como alvo a
ditadura militar, no Rio de J aneiro, passeatas dos estudantes e intelectuais enchiam
as ruas, os bares fervilhavam. Os lderes estudantis tinham um padro mais popular,
ligado a Geraldo Vandr. Os tropicalistas buscavam revolucionar a msica popular,
entretanto, estavam mais sintonizados com o que ocorria l fora, onde os ativistas
buscavam a derrubada de todas as estruturas sob a bandeira do sexo, drogas e rock
in roll. Em meio a este cenrio realizado o III Festival Internacional da Cano,
organizado pela TV Globo (setembro, 1968).
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A polmica torna-se maior nesse Festival, quando o jri anuncia a
vitria de Sabi de Tom J obim e Chico Buarque, e o segundo lugar fica para Pra
no dizer que no falei das flores de Geraldo Vandr:
PRA NO DIZER QUE NO FALEI DAS FLORES (Caminhando)
Caminhando e cantando e seguindo a cano
Somos todos iguais, braos dados ou no
Nas escolas, nas ruas, campos, construes
Caminhando e cantando e seguindo a cano
Vem vamos embora que esperar no saber
Quem sabe faz a hora no espera acontecer,
Geraldo Vandr, 1968
Aps a audio e levantamento das informaes musicais, comognero musical, melodia/harmonia, interpretao da mensagem e da historicizao
da obra, fizemos os seguintes questionamentos: porque voc acha que esta msica
perdeu o festival? Por que ela e seu autor foram perseguidos? O que possui de to
comprometedora? O que voc acha que o autor queria com esta msica?
Quando relacionaram a msica a uma igualdade e o perigo do
socialismo, o convite ao engajamento, luta, a rebeldia que os compositores
tratavam o regime militar, concluram que no foi toa que a censuraram, estava
cheia de metforas, ainda completaram a juventude de hoje tem muito a aprender
com a juventude da dcada de 60.
Quando em dezembro de 1968, o presidente Costa e Silva decretou
oAI-5, o mais violento de todos os atos institucionais at ento outorgados, houve a
consolidao da ditadura, a arbitrariedade foi legalizada. Muitos artistas e
intelectuais foram forados a ir para o exlio. Com o endurecimento do regime, os
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festivais foram perdendo sua fora. Chico Buarque torna-se o grande nome da
msica politizada, atravs de metforas, consegue driblar a censura e compe
msicas como Clice:
CLICE
Pai, afasta de mim esse clice
Pai, afasta de mim esse clice
Pai, afasta de mim esse clice
De vinho tinto de sangue.
Como beber dessa bebida amarga
Trazer a gota, engolir a labuta
Mesmo calada a boca, resta o peito
Silncio na cidade no se escuta
De que me vale ser filho da santa
Melhor seria ser filho da outraOutra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta fora bruta ...
Chico Buarque Holanda, 1973
Aps a audio da msica, solicitei aos alunos que analisassem a
cano. No incio acharam engraada, logo foram percebendo que parecia uma
msica de igreja, outro aluno disse que parecia um funeral e logo perceberam
que era a representao de uma sesso de tortura, perceberam o tom, a respirao.
Diria que este foi o ponto alto do trabalho, os alunos ficaram muito estimulados,
quiseram ouvir a cano diversas vezes. Ficaram surpresos com as crticas
ditadura de uma maneira to velada e to aberta, como uma produo musical podia
conter tantas denncias e ter passado pelo crivo dos censores?
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Com a ditadura beneficiada pelo chamado milagre econmico,
houve um crescimento da economia em ritmo muito acelerado, em funo da
entrada macia de capital estrangeiro. O governo aproveitou-se do momento e usou
os meios de comunicao com os slogans: Brasil, ame-o ou deixe-o, Ningum
segura este pas, Este um pas que vai pra frente, Pra frente Brasil.
Algumas canes contriburam para o clima ufanista. Encerramos o
trabalho com a escolha da msica de Dom e Ravel, Eu te amo meu Brasil, uma das
maiores expresses da msica ufanista na poca:
EU TE AMO, MEU BRASIL
As praias do Brasil ensolaradas l, l, l
O cho onde o pas se elevou l, l, l
A mo de Deus abenoou, mulher que nasce aqui
Tem muito mais amor.
O cu do meu Brasil tem mais estrelas l, l, l
O sol do meu pas mais esplendor l, l, l
A mo de Deus abenoou em terra brasileira, vou plantar amor,
Eu te amo, meu Brasil, eu te amo
Meu corao verde, amarelo, branco, azul anil
Eu te amo, meu Brasil, eu te amo
Ningum segura a juventude do Brasil
Dom e Ravel, 1970.
Aps o contato com a letra e a melodia, fizemos alguns
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questionamentos: Que leitura podemos fazer da cano Eu te amo meu Brasil? Que
tipo de proveito ela poderia fornecer ao regime militar? Em plena fase do milagre
econmico, qual a imagem que a msica passava do pas?
Percebemos um envolvimento dos alunos com a cano, a melodiaparecia agrad-los, entretanto aps algumas reflexes e quase por unanimidade
responderam que a msica disfarava um Brasil que no existia, criava uma imagem
irreal do pas, era uma oportunidade aos militares de mostrar que no Brasil tudo
estava bonito, colorido, ensolarado. Enquanto isto, o sonho de uma sociedade mais
justa e democrtica ficava cada vez mais distante.
RESULTADOS E DISCUSSO
Ao terminarmos a interveno pedaggica, aplicamos novamente o
questionrio dos conhecimentos do tema e passamos anlise textual. Partindo dos
textos j existentes fizemos uma anlise rigorosa e criteriosa das informaes para
observar a compreenso dos alunos. Segundo Roque Moraes, para comprovar uma
pesquisa ou refut-la, ao final da pesquisa necessrio: 1. A desmontagem dostextos; 2. Estabelecimento das relaes (categorizao); 3. Captar um novo
emergente, ou seja, a compreenso renovada do todo; 4. Um processo auto-
organizado, onde emergem novas compreenses. (MORAES, 2003: 191 192.)
Ao analisar as respostas apresentadas aps a implementao,
observamos os seguintes resultados:
O que voc entende por Ditadura Militar?
Obtivemos 19 respostas relacionadas censura e 17 relacionadas
ao militarismo.
Quando ocorreu?
Todos os alunos responderam que foi no perodo de 1964 a 1985.
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Onde ocorreu?
No Brasil e em outros pases, foi a respostas dos 36 alunos.
Escreva cinco palavras que melhor expressam o que foi a DitaduraMilitar.
PALAVRAS CITADAS N DE CITAES
Tortura 27
Represso 26
Censura 23
Exlio 22Anistia 17
Lutas 17
Abuso de poder 7
Mortes 7
Voc acha que ainda existe Ditadura? Explique.
As respostas positivas (2) foram relacionas a Cuba e as respostas
negativas (34) foram relacionadas ao processo democrtico e constitucional que
vivemos no pas.
Uma ltima pergunta abordada foi se aps a interveno do tema
Ditadura Militar atravs da msica, possvel aprender Histria atravs da msica.
Foi muito gratificante observar que 100% dos alunos disseram que possvel.
Segundo o aluno E.R.S. 15 anos:
Sim, pois a msica tem um sentimento, expressa o momento histrico que
a populao estava vivendo.
Ou ainda o aluno R.P. 16 anos :
Sim, as msicas contam a histria e guardam em suas letras as aflies
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que as pessoas tiveram, se no as analisarmos no entendemos o que queriam dizer.
A aluna S.P.S. 16 anos, disse:
Atravs da forma, da letra e das melodias, aprendemos o que o povo
pensava naquele momento, isso muito importante.
A aluna T.M.C. 16 anos:
Com certeza, um jeito bem mais fcil de aprender e no decorar, aquilo
que aprendemos para a vida toda.
Ao final percebemos, atravs do processo de categorizao, que os
alunos obtiveram, atravs da msica como mediao nas aulas, uma forma mais
eficaz de aprendizagem sobre este tema e que foi possvel sim, a produo de
conhecimento histrico em sala de aula.
CONSIDERAES FINAIS:
Acreditamos que a proposta aqui apresentada, constitui-se em uminstrumento pedaggico de grande valia na busca de novas metodologias na sala de
aula. A msica facilitou a relao professor/aluno e contribuiu para o ensino de
Histria, j que est voltada prtica do aluno.
As interpretaes que os alunos fizeram das msicas e o portflio
que elaboraram, revelam seu senso crtico e a motivao despertada por essa
metodologia de trabalho, uma vez que demonstraram entendimento da mensagem.
Ficou claro, que o uso da msica como instrumento pedaggico um recurso que
estimula e motiva a criatividade do educando, tornando o ensino-aprendizagem de
Histria mais significativo.
Assim, pudemos identificar que, como afirma J rn Rsen, a
aprendizagem em histria implica muito mais que o simples adquirir conhecimento
do passado. Tivemos possibilidade de identificar da mesma forma que a
aprendizagem um processo no qual as competncias se adquirem
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progressivamente e emergem como formas estruturais pelas quais passamos e
utilizamos a experincia e conhecimento da realidade passada, passando de formas
tradicionais de pensamento aos modos genticos, ou seja, vemos a experincia
histrica do passado a partir do presente e, mais do que isto, vemos uma forma de
us-la em nossa vida prtica. (RSEN, 1992: 27).
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