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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

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Constelações Sistêmicas FamiliaresPerguntas e Respostas

Quem é Bert Hellinger?

Bert Hellinger (psicoterapeuta ), Nascido na Alemanha em 1925, formou-se em teologia e empedagogia e trabalhou 16 anos como membro de uma ordem missionária católica entre osZulus na África do Sul. Através de uma formação e experiência em campos variados, comoPsicanálise, Terapia Primal, Análise Transacional, Hipnoterapia e Terapia Familiar,desenvolveu um método original de constelações sistêmicas, largamente difundido em todos oscontinentes. Seus livros, traduzidos em muitas línguas, incluem reprodução de workshops,ensaios teóricos, pensamentos, poemas e contos breves; em contextos de genuína e forteespiritualidade.

O que é Constelação Sistêmica Familiar ?

Constelação Sistêmica Familiar é um trabalho filosófico e terapêutico que foidesenvolvido pelo pedagogo, psicoterapeuta e filósofo alemão Bert Hellinger.

O que são Constelações Familiares?

As Constelações Familiares são uma inovadora abordagem psicoterapêutica quepromove a identificação das Ordens do Amor, pondo em evidência os profundos laçosque unem uma pessoa à sua família, inclusive às gerações mais longínquas. Estes laçossão de tal maneira poderosos que quando membros de uma dada geração deixamsituações por resolver, membros das gerações posteriores sentir-se-ão irresistivelmenteempurrados para a sua resolução permanecendo prisioneiros de fatos pelos quais nãosão minimamente responsáveis. Existe uma transmissão transgeracional dos problemasfamiliares que cria uma cadeia de destinos trágicos. No entanto, este amor capaz decriar sofrimento é o mesmo que traz consigo a sabedoria da solução logo que se tornaconsciente ao emergir no decurso da configuração de uma Constelação Familiar.

As constelações familiares são uma das formas mais eficazes de resolver problemasfamiliares, empresariais e outros. Com origem na Alemanha, foram criadas por BertHellinger. Como o seu nome indica as constelações familiares visam criar umaconstelação (agrupamento ou conjunto - que pode ser a família ou outra situação) porforma a que se encontre a harmonia entre as pessoas ou situações. As constelaçõesfamiliares são criadas por um conjunto de pessoas que representam e recriam umasituação a resolver de forma a encontrarem as respostas aos problemas com que apessoa se debate. Numa constelação o cliente tem a oportunidade de conhecer a sua"imagem interior" de sua família de origem ou da família atual. Para isso se escolhe parasi e para sua família pessoas do grupo de trabalho como representantes. Então o clienteposiciona essas pessoas umas em relação às outras como ele sente que elas estão ouestiveram. Desta forma o cliente recria uma constelação de acordo com a sua "imageminterior" para que consiga ver e sentir aquilo que está errado e dessa forma se encontrea melhor solução. Freqüentemente a pessoa procura dentro de si ou nos outros a razão

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dos seus problemas ou doenças mas muitas das vezes sem a encontrar. Asconstelações familiares mostram-nos que muitos dos nossos problemas físicos eemocionais muitas vezes não têm origem em nós mas em situações que existem ou queexistiram na nossa família e de que muitas vezes nem temos conhecimento. E asconstelações familiares trazem-nos isso à nossa compreensão, libertando-nos dascausas de muitos dos nossos problemas e infelicidades. Muitas das vezes essa razãoencontra-se enraízada em acontecimentos familiares passados que agora semanifestam em si ou na sua família.

A Constelação Familiar é uma abordagem terapêutica, inovadora, criada por BertHellinger, onde traz à luz o que está oculto nos relacionamentos familiares einterpessoais. Este método coloca em evidência a conexão profunda que temos com anossa família, em uma ou mais gerações. Traz à tona os vínculos de amor e lealdadeque podem estar emaranhados nos nossos destinos, sejam positivos ou negativos. Oenfoque é fenomenológico, pois Bert Hellinger trabalha com a alma. Em uma sessãopode-se trabalhar os problemas familiares transformando o "amor que adoece" em"amor que cura". Quando a família provoca doenças é porque atuam destinos dentrodela que influenciam a todos. E, se algo de grave aconteceu numa família, existe aolongo de gerações, uma necessidade de compensação. Mas o sistema familiar tem umaforça tão grande que, quando aprendemos a usar esta força para restaurar a ordem,podemos mudar um destino negativo.

Técnica criada por Bert Hellinger (psicoterapeuta alemão), onde se cria "EsculturasVivas" reconstruindo a árvore genealógica, o que permite localizar e remover bloqueiosdo fluxo amoroso de qualquer geração ou membro da família. Muitas dificuldadespessoais, assim como os problemas de relacionamento são resultado de confusões nossistemas familiares. Esta confusão ocorre quando incorporamos em nossa vida odestino de outra pessoa viva ou que já viveu no passado, de nossa própria família semestar consciente disto e sem querer. Isto nos faz repetir o destino dos membrosfamiliares que foram excluídos, esquecidos ou não reconhecidos no lugar que pertenciaa eles.

Como é Constelação Individual?

A Constelação Individual é oferecida para atendimento no consultório; onde apenas o cliente eo terapeuta fazem parte do processo. No contato pessoal com o cliente, o terapeuta pode fazerexperiências com a estrutura do processo, com as frases e seus efeitos na percepção corporale nas sensações, a fim de encontrar um lugar seguro e boas imagens para o cliente. Estetrabalho é realizado montando imagens com "bonecos" ou "papéis" no chão, substituindo assimos representantes experimentados pelas pessoas quando a Constelação é de grupo.

Como é Constelação Educacional?

Criada por Marianne Franke - une o trabalho sistêmico do Bert Hellinger com a rotina diária deuma escola.Trabalhando com situações referentes à problemas experimentados pelosprofessores em suas atividades cotidianas, como dificuldades de aprendizagem, conflitos entre

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alunos ou entre eles e os professores, comportamentos agressivos das crianças, entre outros.Assim a Constelação Educacional não apenas contempla indivíduos isolados, mas como parteviva de suas famílias, grupos diversificados e meio-ambiente.

Como é Constelação Organizacional?

É uma técnica criada a partir da Constelação Familiar, onde trabalhamos para reproduzir edefinir situações ligadas à empresa. Esta técnica complementa e apóia o trabalho deconsultoria de uma empresa; pois a colocação organizacional pode servir de subsídios para atomada de decisões iminentes como por exemplo: questões sucessórias, preenchimento decargos e outras mudanças pessoais ou econômicas. Colocações organizacionais informamsobre a falta de apoio e de recursos, sobre riscos de saúde, orientação de uma organizaçãoem tarefas, no cliente ou em objetivos, e sobre a energia e o clima dentro de um grupo detrabalho.

Como se desenvolve o trabalho de Constelações Familiares ?

O trabalho de Constelações Familiares pode ser desenvolvido individualmente ou em grupo.Individualmente, o cliente traz um tema pessoal em que o constelador pode trabalhar combonecos para representar papéis da situação em questão, ou o constelador pode trabalhar semnenhum recurso externo onde ele próprio e o cliente podem representar os papéis dentro daconstelação. Em grupo, o cliente também traz um tema que depois de abordado, o consteladorou o próprio cliente escolhem pessoas desconhecidas para representar os papéis da situação.

Como Funciona?

O cliente escolhe, dentre os participantes, representantes para os membros de sua família quesão importantes. Coloca-os uns em relação aos outros. Os representantes então colocam-se àdisposição e sentem como as pessoas que representam. Daquilo que vem à luz resulta, então,cada passo para uma solução. Trabalha-se com a s forças que se mostram no sistema, nafamília, com as forças positivas.

Qual o objetivo do trabalho com Constelações Sistêmicas Familiares ?

O objetivo principal do trabalho é se expor à tudo que atua no cliente e no sistema no qualele(a) está inserido.

O que é um sistema ?

Sistema é um grupo de pessoas ou coisas, que permanecem unidos ou vinculados, em funçãode um interesse comum ou forças que os permeiam, independente de que tenham consciênciaou não.

Quais temas podem ser trabalhado nas Constelações Sistêmicas Familiares ?

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Qualquer tema importante para o cliente onde ele(a) não esteja conseguindo solução pode sertrabalhado, tais como: relacionamentos, desequilíbrios emocionais, separações, doençascrônicas, problemas financeiros, falência, vida profissional, entre outras.

O que pode ser trabalhado?

Pode-se trabalhar problemas familiares, aspectos da personalidade, sensações de exclusão,angústias, inseguranças, problemas que ocorrem regularmente numa família, decisões, mortes,suicídios, doenças, desaparecimentos, alcoolismo, drogas, ou qualquer problema que oindivíduo sente que o impede de seguir seu próprio rumo.

As constelações familiares são indicadas para quais situações:

Se vive situações repetitivas.

Se está agarrado/o a um hábito ou padrão que se repete sem causa aparente.

Se os "azares" o perseguem a si ou à sua família.

Se não percebe porque atrai as pessoas erradas para a sua vida.

Se as suas relações não funcionam ou não se mantêm.

Se as coisas na sua vida não avançam apesar de todo o trabalho e empenho que coloca.

Se apesar de tudo o que faz, as coisas não funcionam ou não correm como deviam.

Se não tem explicações para o que lhe acontece a si ou à sua família.

Se o seu casamento não funciona.

Se a sua separação ou divórcio não foram o melhor ou se ou se não se sente bem com isso.

Se procura soluções ou respostas para problemas de saúde.

Se gostaria de lidar com os seus medos e ansiedades, fobias, etc.

As constelações familiares podem possibilitar a compreensão e dar respostas para estas emuitas outras questões.

Encontrar respostas e soluções é agora possível com as constelações familiares!

As constelações demonstram as energias dos acontecimentos que ocorreram no passado querconsigo quer com a sua família (pais, avós etc.) e mostram o caminho da mudança dessasimagens interiores e assim podem desbloquear a razão pela qual você agora está na condiçãoem que se encontra.

Atualmente vou fazendo muito deste trabalho nas minhas consultas assim como com gruposde pessoas.

Quais as diferenças entre Movimentos da Alma e Constelações Sistêmicas Familiares ?

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Movimentos da Alma é a nova denominação que Bert Hellinger adotou para o trabalho deConstelações Sistêmicas Familiares. É uma nova fase de seu trabalho. Antigamente, no antigotrabalho de constelações familiares ainda se procurava uma solução para a constelação. Nonovo trabalho de Constelações Sistêmicas Familiares ou Movimentos da Alma o consteladorrenuncia até mesmo à intenção de encontrar uma solução para o cliente e deixa-se guiar pelosmovimentos de todo sistema em uma postura totalmente fenomenológica.

O que é Fenômeno?

Fato, aspecto ou ocorrência passível de observação. Fato de interesse científico, suscetível dedescrição ou explicação. Tudo que é objeto de experiência possível, e que se pode manifestarno tempo e no espaço através da intuição sensível e segundo as leis do entendimento.

O que é uma postura fenomenológica ?

É uma postura interna onde a pessoa se isenta de qualquer interpretação, julgamento,conhecimento prévio ou intenção e passa a observar e acompanhar os fenômenos do que jeitoque se apresentam com total presença.

Informação Fenomenológica

A percepção fenomenológica é ajudada a maior parte das vezes, pedindo somente ainformação mais essencial, e isso a ser feito, deve ser quando se está a fazer a constelação,não antes.

As perguntas essenciais são:

1 - Quem pertence à família?

2 - Há na família algum nado-morto, ou alguém que tenha morrido? Houve algum destinoespecial na família, por exemplo: alguém com uma deficiência?3 - Alguns dos pais ou avós viveu maritalmente com algum parceiro, foi casado antes, ou tevealgum relacionamento anterior significativo?

Alguma questão adicional geralmente impede a abertura à informação fenomenal que emerge.Isto é verdadeiro tanto para o terapeuta como para os representantes. Esta é também a razãopela qual o terapeuta declina todas as conversações prévias com o cliente ou os questionáriosextensivos. Além disso, é melhor se o cliente permanecer silencioso durante a constelação, eque os representantes não façam ao cliente perguntas.

Sobre a teoria e a técnica do trabalho sistêmico com constelações

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O trabalho com constelações familiares é um procedimento psicoterapêutico relativamenterecente e controvertido. Ainda menos numerosas são até agora as experiências realizadasatravés dessa abordagem com pessoas que exibem comportamento psicótico. Taisexperiências, contudo, são animadoras a ponto de justificar nosso relato a seu respeito.Dispensamos-nos aqui de apresentar os princípios que fundamentam esse trabalho, ( Ordensdo amor, consciência pessoal e consciência do grupo familiar, etc). Apresentamos apenas umabreve introdução, dedicando maior atenção aos aspectos que nesse trabalho com pacientescom diagnósticos de psicose nos aparecem como especialmente importantes.

O desenvolvimento do trabalho com constelações familiares

A técnica das constelações familiares foi desenvolvida em seus elementos básicos por BertHellinger, sobretudo nos anos 80. Desenvolveu-se e expandiu-se rapidamente no espaçocultural de língua alemã e, nos últimos anos, também em escala internacional. Tem suas raízesna abordagem da terapia familiar através de várias gerações. Abordagens da terapia familiarorientada para o crescimento já utilizavam há mais tempo representações espaciais paraentender constelações de relacionamentos e para estimular modificações. Depois que BertHellinger entrou em contato com representantes da terapia familiar, nos Estados Unidos, e como trabalho de escultura familiar, na Alemanha, ele começou a condensar insights sobre adinâmica familiar, - sobretudo os que tinham caráter estrutural e envolviam várias gerações -,com procedimentos da análise transacional, numa terapia breve de grupo, sob a condução deum diretor. Essa terapia ele denominou de Familien-Stellen (método de colocar ou de constelarfamílias). Esse trabalho era complementado, nas assim chamadas rodadas, por intervençõeshipnoterapêuticas ou outras, de que se valia Hellinger, através do humor, da confrontação ouda narração de histórias para quebrar padrões rotineiros de pensamento e estimular novasalternativas de ação. Infelizmente, essa técnica de rodadas, onde os participantes relatavam,cada um por seu turno, seus sentimentos e suas questões, tiveram de ser abandonada quandoBert Hellinger passou a trabalhar com grupos muito numerosos.

Compreensão do sistema e dos sintomas

Numa constelação são levados em conta todos os membros de um sistema familiar no âmbitode três gerações, de maneira a incluir os vivos e os mortos. Todos os membros da famíliatomam parte numa ordem básica à qual estão permanentemente vinculados. Essa ordembásica inclui, por exemplo, o direito de todos a pertencer ao sistema e a precedência dos quevêm antes sobre os que vêm depois. As famílias onde os sintomas aparecem estãofreqüentemente em desordem no que toca a essas leis.

Os sintomas que estejam condicionados por implicações sistêmicas manifestam a existênciade um profundo amor resultante do vínculo, uma ligação inconsciente do indivíduo com seugrupo de origem. Isto faz com que alguns repitam os destinos de outros e queiram, em lugardeles, assumir algo de pesado, expiar ou até mesmo morrer. Tal necessidade de compensar seradica num pensamento mágico de caráter infantil, já que tal atitude não tem o poder de redimiressas pessoas nem de aliviar ou de anular seus destinos. Outra base para o desenvolvimentode problemas é a perda de conexão com as fontes dos laços familiares. Isto acontece, porexemplo, quando membros da família não são respeitados ou são esquecidos. Além daimplicação sistêmica, devem ser ainda considerados, na geração de dificuldades psíquicas, osaspectos associados à evolução pessoal, por exemplo, a interrupção do movimento precoce dacriança, dirigido geralmente para a mãe. No presente trabalho focalizamos preferencialmente

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as dinâmicas sistêmicas, dando menos espaço ao significado da história individual da vida e doprocesso da aprendizagem.

O processo da constelação

Em nossos seminários, que duram de dois dias e meio a quatro dias, trabalhamos com gruposde 12 a 14 participantes e com um máximo de 10 observadores participantes. Na constelaçãofamiliar cada participante do grupo monta espacialmente sua imagem interna de um dos seussistemas (o de sua família de origem ou da atual, ou ainda de suas relações de trabalho), coma ajuda de representantes, escolhidos entre os integrantes do grupo. Esses representantesgeralmente possuem pouquíssimas informações prévias sobre as circunstâncias da vida e dahistória das pessoas representadas. O terapeuta interroga os representantes sobre suassensações e sentimentos nos lugares que ocupam. As percepções dos representantesfornecem indicações importantes sobre as dinâmicas familiares e as conexões sistêmicas, poisé incrível como refletem exatamente, muitas vezes, as pessoas representadas, que não sãoconhecidas pelos representantes. O dirigente do grupo tenta a seguir mudanças de posiçãopara os interessados, buscando, na medida do possível, o melhor lugar para cada um dosistema. Quando se consegue isto, o terapeuta geralmente introduz o próprio cliente em seulugar (até então ocupado por seu representante). Em conexão com determinadas frases quediz às pessoas importantes de suas relações, ele muitas vezes experimenta de novo uma dorantiga e emoções que aliviam, e ganha novas perspectivas. A imagem da solução, quando elea consegue acolher e interiorizar desenvolve nele freqüentemente efeitos que perduram porlongo tempo.

A inserção da constelação familiar no processo terapêutico

Evolução progressiva ou experiência de iluminação?

A forte expansão do trabalho com constelações tem despertado junto ao público, de um lado,expectativas fora da realidade e, de outro, críticas de simplificação sem seriedade. De acordocom nossas experiências, o trabalho da constelação familiar, justamente com pacientes queexibem comportamento psicótico, só se recomenda no contexto de uma relação terapêutica ecom uma acurada preparação. Os pacientes se inscrevem para os seminários de formaautônoma e sob a própria responsabilidade, mas geralmente são advertidos dessapossibilidade por seus terapeutas, que freqüentemente também os acompanham nosseminários. Não devem apresentar sintomas psicóticos agudos. Muitos pacientes compareceminicialmente a seminários, uma vez ou várias, como observadores participantes, não fazendoinicialmente suas próprias constelações mas presenciando as de outros ou delas participandocomo representantes. Os terapeutas que lhes recomendam o trabalho ou os acompanham neledeveriam conhecer o trabalho com as constelações e suas premissas, e o terapeuta queconduz a constelação deveria ter experiência com pacientes desses grupos de diagnóstico. Emseguimento a uma constelação familiar podem eventualmente surgir no pacientes reaçõesdepreciadoras ou agressivas e até mesmos episódios psicóticos. Tais reações, queinicialmente interpretávamos como sinal de insucesso, hoje encaramos como medidasdistanciadoras, que visam restabelecer a autonomia do paciente para poder lidar com o intensodesejo de estar próximo e de ser olhado, que se reavivou nesses seminários e foi satisfeitoapenas por um curto período de tempo. Ultimamente, justamente em seguida a tais pioras,temos recebido com freqüência excelentes retornos de terapeutas relatando desenvolvimentospositivos depois de constelações familiares.

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Elementos terapêuticos do trabalho com constelações familiares

Esclarecimento da solicitação

Um fator importante do seminário de constelações é o esclarecimento do que se deseja doterapeuta. Quanto mais concretamente forem formuladas as questões e os objetivos, tantomelhor se poderá decidir qual corte do sistema deverá ser representado ou levado emconsideração. A ampla dispensa de uma anamnese detalhada e o enfoque dirigido parasoluções e recursos choca-se, às vezes com resistências, justamente por parte de pacientescom longa história de tratamento, como se estes tivessem de defender seu status de doentes ejustificar seus problemas. Contudo, se os pacientes com diagnósticos de psicose recebem nosseminários o mesmo tratamento como todos os demais, eles logo mostram, muitas vezes,incríveis habilidades sociais e geralmente se integram em problemas ao grupo.

A representação

O que se exige dos representantes nas constelações é que se desprendam em larga medidade suas histórias pessoais, que percebam! Sem intenções! E comuniquem as reaçõescorporais, sentimentos ou sensações que emergem nos lugares que ocupam comorepresentantes. Esta exigência de deixar de fora à própria história e as hipóteses de umapsicologia corriqueira (por exemplo, Aquela pessoa está longe de mim - com ela não devo termuito a ver), e de se entregar sem reservas ao que se sente, oferece a cada participante umexercício de percepção que no decurso do seminário vai sendo cada vez melhor dominado.Tem-nos surpreendido, repetidas vezes, a maneira diferenciada e sensível que exibem, comorepresentantes, pacientes que antes apresentavam um comportamento psicótico. Alguns aindaprecisam de uma ajuda inicial, tanto para entrarem num papel quanto para se despedirem dele,mas muitos vão apreciando cada vez mais a possibilidade de vivenciar papéis e lugarestotalmente diferentes nas famílias. Numa constelação é possível perceber onde essespacientes freqüentemente encontram problemas: em viver relações intensas e em seguidavoltar a si mesmos (quando, depois de uma constelação, abandonam os papéis querepresentavam).

A vivência da imagem

Através do método de posicionar membros da família, com a ajuda de representantes,manifesta-se um aspecto vivencial que, à exceção do trabalho com esculturas familiares,raramente aparece em outras abordagens terapêuticas: a experiência subjetiva direta,realizada simultaneamente em muitos canais sensórios, envolvendo o lado fisiológico, oexpressivo-motor, o emocional e então também o cognitivo. Através dessa experiência diretaque envolve o corpo e os sentidos, as imagens consteladas têm muitas vezes fortes efeitosemocionais e com isto podem ser revividas e trabalhadas. O que se procura, em termos deimagem sensível, é um lugar melhor para o protagonista. As mudanças nas sensaçõescorporais e nas emoções dos representantes e do próprio cliente servem de instrumentos paravalidar a solução. Na imagem da solução ganham um lugar informações e pessoas até entãoexcluídas. Quando o processo da constelação, com a imagem da solução, é significativo para ocliente, ele ativa novas formas de ver e de proceder em constelações familiares até entãoexperimentadas como problemáticas. Como num rito de passagem, os passos individuais (as

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imagens intermediárias) são condensados numa experiência que se pode apreender ecompreender.

Experiências já resultantes do trabalho de constelações com pessoas com diagnósticode psicose

Em contraposição às teorias e procedimentos de abordagens terapêuticas estabelecidas,exaustivamente formuladas e diferenciadas através de decênios, o trabalho com constelações,especialmente com pacientes de psicoses, só apresenta algumas experiências iniciais. Essasexperiências indicam que determinados padrões de relacionamento e determinadas dinâmicassistêmicas aparecem mais freqüentemente em sistemas com pacientes de psicose do que emoutros sistemas. Isto não implica em afirmar que esses padrões estejam condicionando oaparecimento de psicoses. Entretanto, podemos verificar que processo de trazê-los à luz eresolvê-los através das constelações freqüentemente influencia positivamente e de formaduradoura o comportamento dos envolvidos.

Descrevemos a seguir algumas dessas características e dinâmicas de relacionamento empacientes com diagnoses de formas esquizofrênicas, inclusive alguns exemplos de casos.

Fragilidade na diferenciação entre o eu e os outros.

Nestas constelações, com mais freqüência e de modo mais drástico do que em outras, osrepresentantes expressam percepções que, num sentido mais amplo, se relacionam ao temada diferenciação entre si mesmo e outras pessoas no sistema. Os representantes seconfundem com outros, sentem-se enredados e ligados como se fossem siameses e carecemde um espaço próprio perceptível; ou então se sentem colocados inteiramente diante dosistema ou para fora dele. Exprimem-se com marcada ambivalência, oscilam entre sentimentosde estarem fundidos, amarrados e obrigados, desejando ter autonomia e espaço livre, ou entãose apresentam desorientados, desesperados ou mudos. Estas manifestações de participantesingênuos do curso em posições de representantes correspondem às descrições da dinâmicapsíquica nas abordagens da terapia individual. Nas constelações pode-se mostrar comfreqüência que esses estados psíquicos perturbadores, opacos e quase insuportavelmentecontraditórios possuem o seu equivalente em acontecimentos e processos relacionaisobscuros, traumáticos e cercados de segredos do sistema familiar, em que os interessadosestão implicados de forma muitas vezes inconsciente. Trata-se aí de dinâmicas que atuamatravés de gerações. Nas constelações, o comportamento psicótico se manifesta como umesforço ativo para dominar inconciliáveis tensões e oposições, de caráter interpessoal eintrapsíquico.

Ligação profunda e identificação

Denominamos identificada uma pessoa que, de modo inconsciente, está implicada comaspectos de um ou de vários membros da família e tenta imitar ou superar aspectos da vidadele(s). Segundo nossa experiência, tais identificações surgem principalmente quandomembros do sistema tiveram um destino especial, ou quando não são respeitados ou foramexcluídos. Membros que se seguem no sistema familiar caem então em contextos derelacionamento em que muitas vezes, de forma inconsciente, repetem aspectos do destino

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dessa(s) pessoa(s) ou sentem a necessidade de resolver algo em seu lugar. Em famílias comformações sintomáticas esquizofrênicas, encontramos freqüentemente formas especiais deidentificação que descrevemos a seguir.

Identificação transexual

Exemplo 1:

A mais velha de duas filhas desenvolvera um comportamento psicótico ao terminar seusestudos superiores. Apaixonara-se por um de seus professores, mas também não estava certade que ela própria não fosse um homem, e durante semanas apresentou-se em suas aulascom trajes masculinos. Jamais conseguira trabalhar em sua profissão. Na constelação, suarepresentante se postou ao lado da mãe e o pai afirmou que não tinha nada a ver com aquilo.Através de perguntas apurou-se que a mãe tivera um noivo e que o casamento fora impedidopelas injunções da guerra. Durante toda a sua vida, ela rejeitara seu marido, desvalorizando-oem presença das filhas e também idealizando o noivo por sua melhor instrução. A cliente tinhacursara a mesma disciplina do antigo noivo da mãe e, como ela própria dizia, tomara o lugardele junto da mãe.

Ela se sentiu liberada quando o noivo foi introduzido na constelação e quando ela disse, tanto aele quanto à sua mãe, que nada tinha a ver com ele e que só queria viver a própria vida eaceitar-se plenamente como mulher. Em seguida colocou-se junto do pai e disse-lhe que eleera o responsável pela mãe.

Exemplo 2:

Um paciente, que vinha sendo diagnosticado como doente psíquico crônico e que fora criadonum círculo de muitas mulheres, após um seminário assumiu-se abertamente comohomossexual. A partir daí passou a mostrar sintomas bem mais raramente, completou comacompanhamento terapêutico uma exigente formação e há dois anos exerce sua profissão.

Identificações duplas

Particularmente pesada é a identificação simultânea com dois excluídos. Uma forma especialdela é a identificação simultânea com vítima(s) e autor(es).

Um exemplo:

Uma participante de um seminário, de cerca de 50 anos, com uma carreira psiquiátrica demuitos anos, tinha um pai de mãe solteira, que entrou na policia especial nazista e mais tardefoi vigia num campo de concentração. Através de perguntas, apurou-se durante a constelaçãoque o pai dele era judeu e que nada se sabia sobre seu destino. Com isto a paciente passou acompreender melhor seus sintomas, que já duravam anos, de ser simultaneamente perseguidae perseguidora. Essa dinâmica foi por nós encontrada diversas vezes, por exemplo, noschamados doentes mentais transgressores. Seja frisado, neste contexto, que com muitafreqüência tomamos à letra conteúdos de manias, que se revelam carregados de sentido. Se

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alguém se sente perseguido ou envenenado, perguntamos: quem na família foi perseguido ouenvenenado? Ou, se alguém sente compulsão de lavar-se, perguntamos: quem na famíliaprecisava lavar-se? Não dispomos aqui do espaço necessário para entrar mais fundo nestamatéria.

Segredos e tabus

Em constelações de pacientes de psicoses pudemos verificar repetidas vezes que provocavamperturbação nesses pacientes relacionamentos confusos e mal definidos, como paternidadeobscura, adoções mantidas em segredo, ocultação de um irmão gêmeo que morreu no partoou durante a gravidez, causas de morte obscuras ou ocultadas (por exemplo, um suicídioapresentado como um acidente). Devido a sentimentos de lealdade, os pacientesfreqüentemente não se atrevem a comunicar as incertezas que experimentam, fazer perguntassobre elas ou investigá-las.

Seqüelas de culpa e de violência na família

Em famílias onde há psicoses parece também haver um número bem maior de segredos defamília e de tabus relacionados com atos de violência, crimes e injustiças de que participaram,como autores ou como vítimas, membros da família (geralmente de gerações precedentes). Aculpa cometida ou experimentada geralmente não era encarada nem exteriorizada.

Ilustro com um exemplo de um seminário de constelações familiares:

Um homem de 33 anos, após uma grave tentativa de suicídio, procurou-me para uma terapia.Contou que nos últimos meses, quando estava se separando de sua namorada, retraiu-se detodo contato social e desenvolveu fantasias de perseguido e de perseguidor. Finalmente abriua própria veia jugular e só foi salvo devido a circunstâncias felizes. Na época do início daterapia não mostrava sintomas psicóticos agudos, mas todos os sinais de uma grave crise deidentidade e de auto-valorização. Estava fortemente deprimido e padecia de sentimentosmassivos de culpa, insuficiência e fracasso.Experimentava uma forte diminuição de seusimpulsos e um retardamento motor, falava por monossílabos e estava grandemente limitadoem sua expressão.Durante um ano de acompanhamento psicoterapêutico aconteceram váriosepisódios de crise e conversas em família com o pai e o irmão mais novo, que sempreexprimiam medo de uma recaída e pela vida dele. Ele se estabilizou, mas voltou a viver com ospais e cortou quase todo contato com o mundo exterior. Ele mesmo se queixava de falta deacesso emocional a si mesmo e à tentativa de suicídio, experimentava-se como se estivessecortado de alguma coisa e não sentisse mais a si mesmo.

Sua participação num seminário de constelações familiares tinha o objetivo principal de retomarcontato com outros (interessados). No decurso do seminário ele constelou sua família deorigem (os pais, ele próprio e um irmão mais novo). Os representantes de todos eles disseramque tinham pouco contato com os próprios sentimentos. Como o representante do pai, naconstelação da família, se virou e olhava para fora, interrogamos o cliente sobre destinos ouacontecimentos especiais em sua família de origem. Apuramos que dois de seus irmãostombaram na guerra e que seu avô voltara para casa ferido por um tiro na barriga. Fizemoscom que o cliente incluísse na constelação os dois tios e o avô. Ele reverenciou cada um deles.Os representantes dos tios se sentiram olhados e honrados em seu destino, mas orepresentante do avô disse que não se devia reverenciá-lo, pois cometera algo muito grave.Paralelamente já se tinham modificado antes os sentimentos dos demais representantes da

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família, de forma incomum e dramática. Todos eles se afastaram do representante do avô emostravam um forte medo. Respondendo às perguntas, o cliente só pôde informar que o avôtinha sido um participante entusiasta da guerra. Experimentalmente foram então introduzidosrepresentantes de vítimas da guerra, que se deitaram no chão. Sua presença provocou norepresentante do cliente uma veemente compaixão, enquanto o representante do avôpermaneceu frio e distante. O representante do cliente se inclinou diante das vítimas, despediu-se também do avô, que fora colocado à parte da família, e deixou com ele a culpa. Em seguidafoi colocado ao lado do pai. Depois da constelação o cliente contou que da herança do pai eletinha pedido para si a mochila de guerra (na ocasião, tinha sete anos). Essa mochila continha,entre outros objetos de uso, o livro de Hitler Mein Kampf (Minha Luta) e uma velha pistola. Foicom essa arma que ele tentou suicidar-se e só recorreu à faca quando a pistola falhou. Foiprofundamente tocante, para o cliente, sua vivência num grupo onde nem ele nem seu avôforam moralmente julgados, e no qual ele, de forma comovente, se dirigiu a seu pai e seu pai aele. Por desejo próprio, ele terminou a terapia, depois umas cinco sessões adicionais,separadas por intervalos mais longos. Dois anos depois, apareceu no consultório do terapeutacom um ramo de flores nas mãos. Relatou que tinha prestado com êxito seus exames finaiscomo engenheiro, assumido um emprego e iniciado uma nova relação. Sentia quetinha?Aterrissado bem na vida. Disse que o seminário da constelação tinha sido a coisa maisdifícil que conseguira na vida, e que fora incrivelmente importante para ele.

Outros dilemas que pesam

Certas situações se tornam também insustentáveis para tais pacientes quando, além dasimplicações sistêmicas, se defrontam com vários dilemas de relacionamento. Podem estarcolocados, por exemplo, entre duas pessoas relacionadas que estejam em conflito total entre si(por exemplo, seus pais ou a mãe e uma avó que também more em casa). Pode ser ainda quealguém tenha colocado para eles expectativas comportamento totalmente contraditórias einconciliáveis, ou que várias pessoas ao mesmo tempo lhes tenham colocado expectativasdiferentes e estressantes. Isto aconteceu, por exemplo, com uma paciente simultaneamenteidentificada com agressora e vítima. Na constelação ela ficou em posição transversa entre arepresentante da mãe e a da avó paterna, que se odiavam mutuamente. Tais triangulaçõesadicionais marcantes dessas crianças foram freqüentemente encontradas por nós nasconstelações. Suas soluções proporcionaram claros alívios adicionais. Quando os paisprovinham de países diferentes ou pertenciam a diferentes comunidades religiosas, isto traziaaos filhos novos dilemas.

Conclusão

Requer-se uma grande experiência terapêutica para se lidar cuidadosamente com asinformações reveladas nas constelações, tomando-as, sim, a sério, não, porémexcessivamente à letra. Talvez mais do que em outros métodos, existe aqui, conforme aformação e a mentalidade do praticante, o perigo da simplificação, de uma abreviação semseriedade e da manipulação. Além disto, cada família tem o direito de manter seus segredos.Pode ser útil que, depois de uma constelação, familiares acrescentem às percepções, atéentão tomadas como?Loucas. Informações que esclareçam os acontecimentos já registrados.Quando, porém, aquilo que emerge nas constelações passa a ser considerado como a únicaverdade válida, a confusão e as manias apenas ficam piores. Em nossa apreciação, o trabalhoda constelação familiar, com sua perspectiva sistêmica que abrange gerações e a utilização da

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representação espacial, é uma complementação e um prolongamento essencial do espectroterapêutico no tratamento de pessoas que exibem um comportamento psicótico. Nossasexperiências apóiam as tentativas de pessoas versadas em assuntos psíquicos, no sentido debuscar um entendimento de seus sintomas aparentemente incompreensíveis como mensagensdo mundo interior. Nossa tendência é de interpretá-los, antes, como indicações de implicaçõessistêmicas até então não compreendidas.

Caso: Devolução na Constelação Familiar

Moça casada com alcoólatra. Não consegue se desvencilhar do casamento negativo. Sente-seresponsável pelo parceiro, apesar deste não estar trabalhando nem procurando trabalho. Háanos separam-se e voltam juntos. Durante o trabalho descobrimos que ela perdeu um irmãomuito querido, quando era criança. Este irmão era alcoólatra e gostava muito dela. Na verdade,foi um verdadeiro pai para ela. O laço entre eles era forte demais. Ela ficou sem saber que elehavia morrido. Sentiu-se “morta” e abandonada. Durante a constelação, ficou provado queesta perda não tinha sido trabalhada e que havia no coração da menina o desejo de “morrer”junto com o irmão. Ao mesmo tempo, havia também o desejo de “continuar” este amor doirmão através dos cuidados com o marido, que tem a mesma doença. Foi feito oreconhecimento do amor do irmão, o reconhecimento da “lealdade” e identificação com osofrimento do irmão, e o reconhecimento da situação atual. Houve um enorme alívio da cliente.O semblante transformou-se. Houve uma grande compreensão. Processou-se o verdadeiro lutopelo irmão. Agora, ela tem mais condição de resolver sua situação atual.

Como é desenvolvido o trabalho ?

O trabalho com constelação sistêmica pode ser realizado em grupo (workshop, Gruposde Desenvolvimento da Consciência) ou individualmente (workshop, terapia).

Em grupo, o cliente escolhe participantes presentes no workshop para representarmembros da sua própria família ou da situação que deseja constelar. Por exemplo, numconflito entre pai e filho, o cliente poderia escolher uma pessoa para ser ele próprio e aoutra para ser o seu pai se fosse este o caso. Essas pessoas assumiriam uma posturadentro do campo da constelação, onde a partir de então o importante é apenasperceber qual a necessidade de cada um, respeitá-la e viabilizar a oportunidade paraque isso aconteça para que ambos se sintam livres e vivam em harmonia. O trabalhopode acontecer também diretamente com o próprio cliente dentro da constelação, o quedepende muito de cada caso.

No atendimento individual o modelo é o mesmo, porém o processo é todo com o cliente,pois é ele próprio perceber o que está acontecendo, ou seja, é ele que vai colaborar nodesenrolar do conflito.

Constelações Sistêmicas Familiares e os Movimentos da Alma

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O trabalho sistêmico vem a partir da concepção da vida, do fluir no desenvolvimento natural.Estamos inseridos dentro de um grande sistema contínuo, de diversos elementos que seinteragem e de certa forma são inter-dependentes uns com os outros. Nós, por exemplo,precisamos dos elementos básicos da natureza como os alimentos, a água e a luz solar.Nenhum organismo é um sistema estático, fechado ao mundo exterior; e sim um sistemaaberto num estado (quase) estacionário, onde há uma constante troca de informações entre osmais diversos níveis. Não temos como falar de constelação familiar sem falar da visãosistêmica. Nascemos dentro de um sistema familiar, que existe há muitos anos e onde nãosabemos direito o seu histórico por completo. Foram gerações atrás de gerações, com muitashistórias, acontecimentos, e situações felizes e trágicas. Herdamos através dos nossos pais eancestrais toda a carga morfogenética (morfo=forma) e não damos conta dos padrões, dascrenças e até mesmo dos "repetecos" de histórias dentro da nossa família. Algumas teoriasafirmam que até a sétima geração precedente pode influenciar significativamente nossospadrões. Por exemplo, quando temos algum comportamento como violência, ciúmes,envolvimentos com drogas, ou sentimentos de depressão entre outras manifestações, muitasvezes podemos estar identificados com um membro da família seja pai, avô, tio ou mesmo degerações ainda anteriores, sejam elas pessoas vivas ou falecidas. O trabalho de constelaçãofamiliar é uma oportunidade de identificarmos de forma consciente o que está acontecendocom o sistema familiar, podendo assim resolver os conflitos a partir da escolha interna de cadaum.

O que posso trabalhar dentro da constelação sistêmica familiar?

Como é um trabalho de pulsação da vida, do fluir, então tudo que está relacionado com a vidapode ser trabalhado, desde que traga um significado importante para você. Os curiososdificilmente entrariam em uma constelação e mesmo se entrassem não teriam como darcontinuidade ao trabalho, pois não haveria força suficiente no campo para que o trabalhoacontecesse.

Alguns dos temas trabalhados em uma constelação podem ser:

• Conflitos familiares (pais, filhos, irmãos, tios, avôs);

• Conflitos entre casais;

• Dificuldade em lidar com perdas de parentes, pessoas queridas ou o parceiros;

• Dificuldade em relacionar-se de uma forma geral;

• Dificuldade em comunicar-se;

• Problemas de saúde;

• Conflitos entre sócios, funcionários e clientes;

• Problemas financeiros;

• Entre outros temas.

As crenças

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Cada pessoa vê a realidade com seu próprio olhar. A Realidade não é a Verdade; a Realidadedepende das nossas crenças. As nossas crenças vêm das transmissões familiares, culturais ereligiosas. Por exemplo, em certas famílias, a crença é "todos os homens são violentes" ou"todos os homens são inúteis" ou "não sou capaz de ser uma boa mãe". Construímos a nossarealidade, as nossas relações a partir das nossas crenças.

O sistema familiar é o mais importante dos sistemas?

A família é um sistema de relações humanas continuas que estão sempre interligadas. Quandohá mudança num membro da família, há mudança nos outros membros. Essas interações sãoexprimidas por palavras, pelo toque, os olhares, a postura do corpo e os outroscomportamentos verbais e não verbais. Uma pessoa vive em diferentes sistemas. Essessistemas influenciam-se mutuamente. "A unidade maior de crescimento da vida humana não éo trabalho individual ou o trabalho de grupo nem ainda o grupo social, é a Família".

Como é a aproximação Fenomenológica?

No inquérito fenomenológico temos que nos abrir até perceber uma variedade de fenômenossem julgar ou focalizar num qualquer ponto em particular. Este tipo de investigação requer umestado interno liberto de preconceitos, intenções e julgamentos, particularmente relacionadoscom os movimentos internos, tais como sensações, sentimentos ou idéias. A atenção é aomesmo tempo dirigida e sem sentido, focalizada e aberta. Um estado fenomenológico exigerapidez de ação e no entanto refreia a ação. Na dinâmica destes opostos a nossa percepçãointensifica-se. Se puder tolerar a tensão provocada por estes opostos, logo um contextoemerge, em que uma variedade de impressões parece organizar-se em torno de um temacentral, talvez uma verdade mais profunda, e a etapa seguinte aparecerá.

O que acontece realmente na psicoterapia quando um cliente faz uma constelação dasua família?

Inicialmente seleciona representantes para cada membro da sua família no grupo departicipantes. Por outras palavras, representantes para a sua mãe, pai, irmãos e também parasi. É irrelevante quem ele escolhe para os vários membros, ou mesmo se ele selecionamembros do mesmo sexo. Até pode ser melhor se negligenciar completamente as parecençasexternas e escolher os representantes sem nenhuma intenção em particular. Isto representauma primeira etapa para recolher-se internamente, recebendo-se a si próprio, e o libertar-se develhas imagens e idéias sobre a sua família. O participante que escolhe um representante deacordo com a idade ou o tipo do corpo físico, não está verdadeiramente aberto ao que pode seressencial e ainda permanecer invisível. Considerando fatores externos, limita a força do que aconstelação pode revelar, e a constelação pode já estar condenada ao fracasso. É por estarazão que pode mesmo ser melhor se for o próprio terapeuta a selecionar os representantespara o cliente. Uma vez que os representantes são selecionados, o cliente coloca-os emrelação uns aos outros no espaço. Durante esta etapa é útil se os guiar por detrás colocandoambas as mãos nos seus ombros, estando assim conectado energeticamente com eles quandoos mover para o seu lugar. O cliente permanece centrado, detectando e escutando comcuidado o seu movimento interno, seguindo as suas orientações e impulsos subtis, até quechegue com eles a um lugar que sinta instintivamente que é o certo para o representante.

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Durante o processo de colocar o representante ele permanece em contacto não só com elepróprio e o representante, mas também com um campo maior. Este campo cerca-o e podeguiá-lo, se estiver aberto a receber os sinais. Esta orientação subtil ajudar-lhe-á a encontrar olugar apropriado para o representante. Segue o mesmo procedimento para colocar os outrosrepresentantes. Durante este tempo o cliente bloqueia-se a tudo o que o envolve e só retornadeste estado completamente focalizado depois que cada representante foi colocado no seulugar. Às vezes é útil se depois andar em torno da constelação inteira e corrigir o que quer quepareça fora do lugar. Então volta a sentar-se. É imediatamente visível se um cliente não estáconcentrado nesta postura de humildade e recolhimento interno. Neste caso ele pode tentar,por exemplo, sugerir ao representante alguma postura corporal, similar a criar uma escultura;ou pode mover-se rapidamente, ao ajustar os representantes, como se estivesse a seguir umretrato interno preconcebido; ou pode esquecer-se completamente de colocar um dosrepresentantes; ou pode declarar que um determinado representante está no lugar certoembora o mesmo não se tenha movido. A maioria das constelações que não forem construídasde uma forma séria, concentrada, alcançarão um impasse ou terminarão em confusão.

Para que uma constelação seja bem sucedida o que deve fazer o Terapeuta?

Para que uma constelação seja bem sucedida, o terapeuta tem que se abstrair de todas asidéias e teorias. Ao retirar-se para um vácuo interno, e expondo-se inteiramente à constelaçãotal como ela é, reconhecerá imediatamente se um cliente estiver a tentar influenciar aconstelação, ou se o cliente estiver a tentar fugir de uma realidade que esteja a começar aemergir, ajustando imagens pré-concebidas. Neste caso o terapeuta tenta ajudar o cliente amanter-se objetivo, e a abrir-se à experiência tal como ela se apresenta. Se isso não funcionar,perde-se a constelação.

Qual a postura dos representantes?

A mesma postura de manter-se internamente afastado das intenções, medos, e idéias teóricas,é requerida também aos representantes. Durante o processo de ajuste é-lhes pedido paraprestar muita atenção aos indícios subtis de alterações no seu estado físico ou emocional, porexemplo, se a sua freqüência cardíaca mudar, ou se sentirem atraídos para olhar para o chão,ou se sentirem de repente mais leves ou mais pesados, irritados, ou zangados. Além disso,todas as imagens que possam chegar, sons ou palavras que se recordem, devem serrelatadas, mesmo se não fizerem sentido. Por exemplo, havia um americano, que estava aaprender alemão, que ouviu repetidamente a frase, "Sagen Sie Albert," a atravessar a suacabeça, durante uma constelação, enquanto representava um pai. Perguntou mais tarde aocliente se o nome "Albert" lhe dizia qualquer coisa. "Sim, naturalmente" respondeu o cliente,"era o nome do meu pai e do meu avô, e o meu nome do meio também é Albert." Um outroparticipante, que representava o filho de um homem que morrera num acidente de helicóptero,ouviu continuamente os sons do rotor de um helicóptero. Este filho tinha também sofrido umavez um acidente de helicóptero, sendo ele o piloto e seu pai o passageiro, mas sobreviveramambos ao acidente. Obviamente, para que isto aconteça é necessário possuir sensibilidade eintuição, assim como uma capacidade voluntária de se abstrair dos motivos ulteriores para queeste processo ocorra. O terapeuta tem que permanecer alerta para que os representantes nãoconfundam as suas fantasias por percepções reais. Quanto menos informação prévia oterapeuta e os representantes tiverem sobre uma família, mais fácil é evitar esta tendência.

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No coração das constelações familiares

O psicoterapeuta alemão Bert Helinger é o criador de uma abordagem de psicoterapia sistêmica quetem como base à energia que flui entre os membros de uma família, de forma a constituir achamada "constelação familiar": No desenrolar do trabalho, aponta no texto a seguir o Bert Helingeré possível reconhecer emaranhados entre as gerações, que mantêm as pessoas presas de formanegativa ao sistema energético da família.

Bert Hellinger trabalha com a energia básica de todo sistema familiar: essa energia se expressaatravés do amor. Quando dizemos amor, pensamos em um sentimento positivo que dá força e ajudaa crescer (o amor positivo), porém não devemos esquecer que existe também um amor negativo,que adoece e escraviza. Muita gente julga que o amor positivo tem o poder de superar tudo, que épreciso apenas amar bastante e tudo ficará bem. Contudo isto não é verdade. Muitos pais, apesar doamor positivo, sincero e libertador são forçados a ver seus filhos adoecerem gravemente,desenvolveram dependência de drogas ou se suicidarem. Nem sempre as causas estão emacontecimentos desta vida e sim na energia básica que flui na família, no sistema familiar,envolvendo relações interpessoais de gerações anteriores. Para que o amor "dê certo", é necessárioque haja o conhecimento e o reconhecimento da energia oculta do amor negativo.

O primeiro ponto é que os pais não só dão vida, mas dão a seus filhos também as energias positivae negativa que possuem. Eles não podem influenciar essa energia. Os filhos nada podem excluir,nem acrescentar à ela. Só aceitando-a, essa energia poderá fluir de forma positiva e benéfica,apesar de muitas vezes estar repleta de amor negativo. Aceitar significa assumir a vida e o própriodestino, tal como nos foi dado através dos nossos pais. Com os limites que nos são impostos e comas possibilidades que são concedidas. Com a energia, destinos, sucessos e culpas de nossa família.Com tudo o que houver nela de bom e de ruim, de leve e de pesado. Ato de libertação

Aqui cabe um esclarecimento: faz parte da aceitação dos filhos que digam a seus pais: "Eu sei quevocês me deram tudo que possuíam. Eu sei que o que recebi é o bastante para assumir minha vida.Eu aceito com amor". O efeito destas frases atua muito fundo: os pais concluem sua tarefa e osfilhos se tornam livres para viverem a própria vida com respeito aos pais, mas sem dependênciaenergética.Imagine agora a situação de um filho que diz aos pais: "O que vocês me deram foi errado" ou "oque vocês me deram foi muito pouco". Esse filho não consegue soltar-se de seus pais, simplesmentepela vontade de receber mais. Sua dependência, seu ódio, sua censura e suas reivindicações ovinculam a eles. O filho se torna infeliz e incapaz de solucionar seus próprios problemas e passarásua energia negativa para seus próprios filhos. Entretanto, conforme foi dito acima, pertencemostambém a um grupo familiar, a um sistema maior. Nossa vinculação não se limita aos nossos pais.O grupo familiar se comporta como se fosse dirigido por uma instância comum e superior (energiabásica) que influencia todos os membros, a saber:

*Todos os filhos, inclusive os que morreram ou foram abortados.

*Os pais e todos os seus irmãos.

*Os avós.

*Os bisavós ou até mesmo um antepassado ainda mais distante, principalmente se teve um destinoruim.

*Pessoas sem relação de parentesco, aquelas de cujo o destino, seja bom ou ruim, pessoas dafamília se beneficiaram.

*As vítimas de violência ou morte causadas por membros anteriores dessa família.

Lei Fundamental

Para todas as famílias vigora uma lei fundamental: todas as pessoas ligadas ao grupo familiarpossuem o mesmo direito de se relacionar. Em muitas famílias determinados membros são

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excluídos. Alguns dizem, por exemplo: "Essa tia não vale nada e por isso não pertence a nós". Ouentão: "Dessa criança ilegítima não queremos saber". Com isso, -negam a essas pessoas o direitode pertencer.

O excesso de moral de algumas pessoas que se sentem melhores e superiores a outras, ou quandoalguém condena uma pessoa ou a considera má, na prática significa dizer-lhes: "Tenho mais direitode pertencer que você". Ou seja, praticamente está lhe dizendo: "Você não tem direito de pertencera essa família", "Eu tenho mais direitos que você".

Um exemplo: quando alguém morre prematuramente em uma família e seus parentes dão seu nomea um filho, estão dizendo à criança "seja ele" - ou dizendo a quem morreu, "você não pertence maisà família". Assim a pessoa morta não ocupa o seu lugar na família. Com freqüência, não é maisconsiderada, nem mencionada. Assim lhe é negado e retirado o direito de pertencer a essa família.Isso tanto pode ocorrer com parentes vivos como mortos. A carga que as crianças assumem aoreceberem um nome repleto de história pode tornar-se um fardo.

Essa lei fundamental, que assegura a todos o mesmo direito de pertencer, não aceita nenhumaviolação. Quando isso acontece, existe no sistema um desequilíbrio e uma necessidade inconscientede compensação, que faz com que os excluídos ou desprezados sejam mais tarde representados poralgum outro membro da família. Essa pessoa, mesmo não tendo consciência do fato, buscará acompensação.

Uma questão de hierarquia

Mais um exemplo: quando um casamento se desfaz e o casal briga, inventa falsas razões para aseparação e comete injustiças um contra o outro, a energia que circula na família é negativa e passapara os filhos, desta e da próxima união. Um dos filhos do segundo casamento, por exemplo, poderácombater os pais com o mesmo ódio do ou da parceira rejeitada, sem que tenha a menorconsciência dessa "compensação". Aqui atua a força secreta da lei fundamental, para que a injustiçafeita à primeira pessoa seja "compensada" por uma segunda. Essa compensação pode ser buscadaem até duas ou mais gerações descendentes.

Existe dentro de cada família uma ordem básica hierárquica onde todas as pessoas são, em primeirolugar, filhos; em segundo, parceiros ou "casal"; em terceiro, pai ou mãe dos filhos do primeirocasamento; só em quarto lugar são novamente "casal" e, por último, são pais de seus filhos dosegundo casamento. Esta é a ordem natural das relações dentro de uma família. Quando se aceitaisto, pode-se resolver ou evitar diversos conflitos em muitas famílias. Afinal, marido ou esposa não éuma relação que sempre dura "até que a morte os separe". Mas "ex-marido" ou "ex-esposa"realmente não deixam nunca de ser "ex".

A solução de muitos conflitos só é possível quando a lei fundamental que assegura a todos o mesmodireito de pertencer deixa de ser violada e os excluídos voltam a fazer parte da energia da família ea serem respeitados. No exemplo da separação, pertence à aceitação energética que o novo casaldiga: "Eu reconheço a sua dor e respeito o seu destino. Por favor aceite a mim como eu sou e queriabem aos meus filhos". Desta forma é reconhecido o direito de pertencer e a energia estaráequilibrada.

O que é o Curador?

Curador é toda aquela pessoa que cura; desde a pessoa que usa um sorriso e "cura" uma caratriste, àquela que usa técnicas ou conhecimentos para ajudar alguém a restabelecer-se ou acurar-se. Da mesma forma um curador tanto pode ser um cirurgião como aquele que aplica umcurativo ou que aplica um penso rápido. O curador é toda a pessoa que usa os seusconhecimentos para ajudar alguém em algum problema seja ele sentimental, emocional, desaúde, etc. ou apenas ajudar alguém a sentir-se melhor. Os seus conhecimentos podem

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implicar o uso de técnicas, terapias, experiências, etc. com vista a ajudar alguém emdeterminado problema. Os conhecimentos podem ser adquiridos nos mais diversos locaisdesde a escola, universidades, livros, prática, experiência, conversas, etc. O conhecimentoexiste em qualquer lugar e em qualquer pessoa e da mesma forma ele é e deve ser usado portoda e qualquer pessoa. Quando esse conhecimento é usado e aplicado, as pessoas ganhamum sorriso e começam a ver a vida de outra forma. O sorriso é uma das melhores formas decura que existem e que está ao alcance de qualquer pessoa. Qualquer pessoa pode sorrir paraas que tem à sua volta e dessa forma curá-las de tristezas, de más disposições ou maushumores e de muitas outras situações. Se todos sorríssemos, o mundo seria curado em poucotempo pois todos somos curadores independentemente de acreditarmos ou não que possamosfazer alguma diferença. Mas muitas das vezes o termo curador é usado por aqueles que fazemcuras que saem do campo da ciência. Ou seja por aqueles que fazem curas psíquicas,espirituais, energéticas, etc. No fundo um curador pode usar Deus, anjos, espíritos de luz, etc.para curar ou ser um intermediário para a cura. Ele pode ser apenas um canal para que aenergia, Deus, anjos, espíritos de luz, etc. passem ou trabalhem através dele. Pode tambémser alguém com capacidades psíquicas, espirituais, mediúnicas, etc. ou apenas um qualquerprofissional que zela pelo bem estar das pessoas à sua volta. No fundo pode ser qualquerpessoa que atue para curar ou obter resultados. Freqüentemente os Curadores fazem uso dassuas capacidades mentais, psíquicas, espirituais e outras, para resolver as causas dosproblemas conseguindo dessa forma aquilo que a ciência sabe ser possível mas que temnegado ao longo dos séculos. Um curador usa as suas capacidades e conhecimentos paralevar as pessoas a encontrarem as suas soluções e a encontrarem as suas capacidades deauto cura. É sempre a própria pessoa que quer e permite a sua cura. O Curador está um passoacima do Facilitador.

O que é Facilitador?

O facilitador é toda a pessoa que facilita que algo ocorra ou aconteça. Isto pode ser visto noamigo que ajuda a resolver ou a apoiar na resolução de um problema como na pessoa queaplica técnicas e terapias para chegar a algum resultado. A diferença entre curador e facilitadoré que o curador é suposto curar ou ajudar a curar enquanto o facilitador apenas facilita que ascoisas e situações aconteçam. O facilitador sabe que ele não tem poder para mudar nada nemninguém e dessa forma sabe que os resultados não dependem dele mas sim da pessoa queele ajuda. Ele apenas facilita a que algo aconteça mas é a pessoa que tem de fazer e dedeixar que as mudanças aconteçam. Para que o Facilitador consiga resultados, ele precisa deter conhecimentos acerca do que fazer e como fazer para que os resultados aconteçam. OFacilitador não se impõe ao corpo nem à pessoa e apenas ajuda a pessoa e o seu corpo aencontrarem o equilíbrio. Desde sempre que se sabe que uma doença ou um problema éapenas um desequilíbrio em algum lugar ou alguma área. Uma vez conseguido o equilíbrio, oproblema acaba por desaparecer. Um facilitador por norma socorre-se de técnicas e terapiaspara facilitar a obtenção de resultados e o equilíbrio do corpo e da pessoa. Ele ajuda (facilita) apessoa a entrar de novo em equilíbrio. Um Curador faz mais uso das suas capacidades e dons.Ele não usa apenas os seus conhecimentos, formações e experiências pessoais. Quer um queroutro, podem ter ou não formação superior. O Facilitador está um passo acima do terapeuta.

O que é o Terapeuta?

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Um terapeuta é todo aquele que aplica terapias e soluções para obter resultados quer essasterapias sejam ou não de formação acadêmica. Ele faz uso de conhecimentos e aplica-os paraobter resultados. Uma vez que ele faz uso de conhecimentos e informações, ele muitas dasvezes não consegue um ponto de equilíbrio e dessa forma os seus resultados acabam por ser"impostos" e por não serem naturais. Os seus resultados apesar de serem bons ficam muitoaquém dos resultados que um facilitador consegue e ainda mais atrás daqueles que umcurador consegue.

A LÓGICA DA EMOÇÃO Da Psicanálise à Física Quântica.

Conhecer-nos, nossas capacidades e limitações, nossas emoções e necessidades e a formacomo nos relacionamos é essencial para que tenhamos saúde. Esse estado que temosbuscado desde o início dos tempos, de todas as formas, sempre procurando restaurar umequilíbrio que foi perdido quando nos tornamos racionais. Quando fomos "expulsos do paraíso"e jogados na aventura de uma amplificação da consciência que nos tornou seres especiais,capazes de criar. Habilitados, como nenhum outro ser vivo que conhecemos, a imitar anatureza neste ato fundamental que é a criação.

Esta aventura chega ao momento de desenlace quando já temos poder e conhecimento paradestruir tudo à nossa volta e para produzir outros seres humanos sem a ajuda dos processosnaturais. Sem dúvida, chegamos muito longe! Agora é melhor olharmos para dentro epercebermos quem realmente somos e o que desejamos, o que é válido e o que é para nósperigoso equívoco.

A Lógica da Emoção, parte das descobertas da psicanálise passa pelo conhecimento dasreligiões antigas e chega à nova física, numa trajetória que busca explicar o funcionamento denossas mentes, as leis que a regem e o papel da emoção.

Por que nos tornamos inteligentes? O que nos torna capazes de criar? Quais são as formas decomunicação entre nós? Qual a qualidade e a realidade do mundo que construímos? Todassão perguntas que só podem ser respondidas se usarmos uma lógica mais abrangente quepassa, necessariamente, por este sentido especial: a emoção, que nos distingue e eleva acimada. Irracionalidade. Este é o território a ser desbravado pela humanidade nos próximos anos.

Estaremos tão interessados no poder sobre nossa natureza subjetiva por descobrirmos quesomente nele reside a possibilidade de êxito em alcançar um estado de bem estar queprevaleça na maior parte do tempo, obedecendo ao conceito de saúde formulado pela O.M.S.

Leitura Recomendada

A Alma do Negócio - Jan Jakob Stam - Ed. Atman

A Fonte não Precisa Perguntar pelo Caminho - Bert Hellinger - Ed. Atman

A Paz Começa na Alma - Bert Hellinger - Ed. Atman

A Simetria Oculta do Amor - Bert Hellinger - Ed. Cultrix

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Ah! Que bom que eu sei! - Jakob Schneider e Brigitte Gross - Ed. Atman

Amor à Segunda Vista - Bert Hellinger - Ed. Atman

Constelações Familiares - Bert Hellinger - Ed. Cultrix

Desatando os Laços do Destino - Bert Hellinger - Ed. Cultrix

Liberados Somos Concluídos - Bert Hellinger - Ed. Atman

No Centro Sentimos Leveza - Bert Hellinger - Ed. Cultrix

O Essencial é Simples - Bert Hellinger - Ed. Atman

Ordens da Ajuda - Bert Hellinger - Ed. Atman

Ordens do Amor - Bert Hellinger - Ed. Cultrix

Para que o Amor Dê Certo - Bert Hellinger - Ed. Cultrix

Pensamentos a Caminho - Bert Hellinger - Ed. Atman

Quando fecho os olhos vejo você - Ursula Franke - Ed. Atman

Religião, Psicoterapia e Aconselhamento Espiritual - Bert Hellinger - Ed. Cultrix

Você é um de Nós - Marianne Franke-Grickeh - Ed. Atman

Reflexão:

"Quando alguém pára no caminho, e não quer avançar, o problema não está no saber. Elebusca segurança quando é preciso coragem, e quer liberdade quando o certo não lhe deixaescolha. Assim, fica dando voltas." - Bert Hellinger

"O coração tem razões que a razão desconhece."

Depoimentos - Nossas Experiências!!!

Oi, pessoal! Penso que seria legal a gente conversar sobre as experiências pessoais decada um com a constelação. Quem já fez, quem ainda não mas deseja fazer, quem aindanão conhece. Quem se habilita a começar?

... Profundo e Transformador Fiz a minha constelação há mais de um ano e transformou minhavida. Me identifiquei totalmente com a qualidade desse trabalho e estou fazendo a formação.Também sou de Brasília e fiz o meu trabalho com o Regis. Os Alemães que dão a formaçãosão fantásticos. Que bom que possamos dispor desse novo conhecimento...

...Descobri na abordagem terapêutica desenvolvida por Bert Hellinger pode ser utilizada comsucesso somente pelos terapeutas e orientadores de grupo que conseguem manter umaatitude interior de maior respeito pela individualidade do cliente. Além disso, devem estar livresde preconceitos e convenções moralistas. O olhar intuitivo é a atitude fundamental: umaposição de um movimento amoroso em direção ao mundo tal como ele é – seja aparentementebom ou aparentemente mau. Assim, o terapeuta tem a possibilidade de reconhecer o amorenredado e de iniciar os passos que levam à solução...

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...A constelação familiar nos coloca em contato com heranças de nossos antepassados quelevamos conosco inconscientemente. O grande amor que flui dentro do universo familiar semanifesta muitas vezes de maneira equívoca através de sacrifícios, renúncias e sofrimentos.Através dos sentimentos e sensações que experimentam os representantes de nossosantepassados, as verdades do amor em nossas famílias nos são reveladas. E todos queparticipam aprendem pela experiência da constelação os movimentos que adoecem asrelações familiares e os movimentos que curam deixando fluir a verdadeira força do Amor...

...Já fiz diversas constelações para mim, inclusive com bonecos, além de ter participado eminúmeras outras. Ainda assim, continuo a me impressionar, diria ser quase inacreditável! Émágico. É surpreendente a possibilidade que a constelação familiar oferece de resgatarquestões familiares, recentes ou vinculadas a nossos antepassados, através da atualização desentimentos e sensações em geral desconhecidos e por vezes inesperados. Só vendo ouparticipando para crer!...

...Tomei conhecimento da Constelação Familiar por intermédio da minha terapeuta. Sem termuita explicação do que se tratava, assisti a duas Constelações e me encantei com o trabalho!Pude participar como representante logo na primeira vez, e achei muito curioso as sensações esentimentos que tive. A partir daí, fiz duas Constelações para mim e participei de muitas outras.Atualmente estou inscrita na Constelação Familiar em grupo e estou adorando! De tudo que jáexperimentei para meu auto-conhecimento, a Constelação familiar é a maneira mais objetivade entender a origem dos problemas. A cada Constelação que participo aprendo cada vez maissobre mim mesma e minha família. Agradeço ao Bert Hellinger pela oportunidade que tive deconhecer e de participar deste trabalho maravilhoso...

...Conheci o trabalho com constelação familiar no primeiro semestre de 2003, através de umaamiga. Meu primeiro contato direto com a técnica, após uma breve explicação durante umaentrevista prévia com uma amiga foi com a minha própria constelação. O primeiro impacto quesenti durante a minha primeira constelação foi a grande onda de amor que se criou durante aformação do meu sistema familiar e que permaneceu durante o tempo de duração daconstelação, em que as pessoas, a maioria delas totalmente desconhecidas, representavam osmembros da minha família. A intensidade do amor que senti era tão grande que saí de lá muitoimpressionada. Só por isso, a constelação familiar já me fascinou e continua fascinando. Osegundo ponto marcante foi a imagem clara do meu sistema familiar. Pude perceber comoestava inegavelmente ligada aos meus antepassados, pude enxergar com clareza e força ondeestava o meu bloqueio e ao recuperar com amor os emaranhamentos dos meus ascendentes,pude olhar para o que buscava -- a minha imagem de cura. Ao se montar pela constelaçãoqualquer sistema familiar, a imagem é clara, límpida, verdadeira, forte, mesmo que em algunscasos não queiramos ver... Impossível questionar, duvidar. A imagem fala por si só, confirmadapela reação dos representantes...

...Não há palavras, não há forma de se mascarar ou negar a verdade que surge diante damontagem de um sistema em uma constelação. A verdade das relações, os emaranhados, osexcluídos e a força que nos une, cada um em seu sistema, surge imperativa, com a mesmaintensidade do amor e mais uma vez permite ver como, por amor, assumimos destinos que nãosão nossos. Desde então, sou sempre voluntária para participar de qualquer grupo deconstelação, venho estudando os livros de Hellinger sobre o tema, e sinto em minha vida aforça dos resultados desta técnica. Com o tempo e os temas tratados em constelação, pudetambém confirmar a eficácia da técnica. Há um trabalho que se efetua e que parece vibrar atése materializar em solução. Participo regularmente dos grupos organizados no Rio e de algunsem Niterói desde então, e também usufruo muito das diferentes vivências propostas naprimeira parte de cada encontro. Impossível enumerar aqui tudo o que tenho aprendido nosgrupos de Estudos. Quero então dizer à ao Bert Hellinger em um encontro casual em umelevador: Obrigada, Bert Hellinger! Ter te conhecido e através de você ter conhecido a

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constelação familiar, as ordens do amor, trouxe muito mais luz e colorido à minha vida.Agradeço também o carinho e o amor que você dedica a cada um de seus clientes consteladose tenho certeza que aí também reside a força e o sucesso do teu trabalho...

... Enquanto os procedimentos médicos estavam a decorrer, outras questões faziam eco naminha cabeça: o que tenho eu a aprender com isto? Que parte de mim foi esquecida emaltratada para estar a lidar com estas seqüelas? O que é que a vida me está a mostrar?Procurei respostas para estas questões junto de uns queridos amigos e Mestres que já meacompanham há alguns anos. A abordagem através das Constelações Familiares (do Dr. BertHellinger) veio trazer muitas surpresas. Mas partindo do princípio de que poucas pessoassabem que terapia é esta e não querendo perder uma óptima oportunidade para a divulgar umpouco, vou socorrer-me de alguns textos que constam do site desses “anjos” de que vos falei:http://www.portais.org . Este sítio é já o espaço onde existe mais informação em portuguêssobre esta terapia e em breve estará disponível muito mais informação sobre a mesma, assimcomo, tudo aquilo que a envolve (inclusive a teoria dos Campos Morfogenéticos de RupertSheldrake). ''Campo morfogenético'' é o nome dado a um campo hipotético que explica aemergência simultânea da mesma função adaptativa em populações biológicas não-contíguas.Segundo o holismo, os campos morfogenéticos são a memórias coletiva a que recorre cadamembro da espécie e para a qual cada um deles contribui. De uma forma simples, a base dasConstelações Familiares é a seguinte: todos temos gravadas dentro de nós, imagensconhecidas e desconhecidas, da nossa família. Estas imagens impõem-nos, duma formainconsciente, os seus laços subtis, seja no modo como nos relacionamos conosco próprios,seja com aqueles que nos rodeiam, levando a que na nossa vida, surjam situações por vezesproblemáticas, causadoras de sofrimento, que em última instância originam, doenças oucomportamentos doentios, os quais, aparentemente, não têm uma explicação racional. Estasimagens inconscientes, causadoras de desarmonias, têm com freqüência origem, numa quebrado fluxo do amor. O objetivo da Terapia Constelações Familiares é localizar onde o amordeixou de fluir, e, duma forma vivencial e profunda trazer à luz essa quebra e, se possível,ajudar a que o amor volte a fluir. E quando o amor volta a fluir, podem acontecer surpresas nossintomas atuais, ou seja, a sua cura. feito… Outra coisa que quero que conheçam foi adescoberta de um padrão familiar que, por o desconhecer, também a mim me surpreendeu.Pude comprovar mais tarde, através de registros de um tio já falecido, que eramcompletamente exatas as datas que emergiram das sessões de terapia. Remeto para umparágrafo anterior em que se diz que “somos todos um só ser” e acrescento que as escolhasda nossa alma nem sempre são compreendidas pelo nosso consciente. Mas é por elas que anossa vida nos conduz. O meu avô paterno morreu (com cancro) quando o meu pai tinhadezesseis anos. Não consigo avaliar os danos que este acontecimento lhe causou, mas pareceque foi de tal maneira devastador que o meu pai esperou até que eu tivesse dezesseis anos etambém ele partiu com um cancro. Continuo a não conseguir (ainda não consigo) avaliar osdanos que isso me causou, mas espanta-vos que me tenha sido diagnosticado um cancroexatamente quando a minha filha tinha dezesseis anos? Que escolha tinha eu feito? E quemme poderia ajudar a alterar o rumo?...

... Bom dia, Estou invadida por um sentimento de gratidão e reconhecimento pelo seu trabalho,penso o tempo inteiro... Cada vez mais sinto necessidade de conhecer e me aprofundar sobreconstelações, não lembro exatamente onde tinha visto, não conhecia ninguém que tinha feitoconstelação, mas repercute muito bem em mim os princípios teóricos, a forma de trabalhar e asdimensões abrangidas. Gostaria de participar de outros encontros, como constelante e sepossível como aprendiz. Pra isto peço que me comunique sobre próximos encontros, cursos deformação, etc. Posso, continuar em Brasília...

... Grande abraço. P.S. Lembra-se daquele trabalho A, B e C, que fizemos no final da manhãde domingo? Participamos do mesmo grupo, quando posicionai todos, e você sentiu umasensação de que estava esperando pelo outro, uma sensação de birra. Pois é, logo após sair

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do Hotel, a pessoa, ( que visualizei) me ligou, pedindo que eu o perdoasse, e perguntou se euestava esperando que ele ligasse? Na verdade não tinha o que perdoar, apenas dar uma lição,entre eu e esta pessoa existe um amor imenso, que é reconhecido por ambos e que ultrapassaaspectos físicos. Sei da simplicidade da situação, mas foi muito bom a rapidez da resposta,fiquei com vontade de compartilhar com você...

... Que LINDO! As fotos transbordam felicidade, que maravilha! É a materialização do resultadode uma constelação familiar, que muitas vezes fica restrito aos que participam...

... É com muita satisfação que relato sobre o momento especial que estou vivenciando notrabalho e na minha vida pessoal, após ter feito a constelação do trabalho e participado doswokshops e do Curso sobre Constelação Familiar. Há muito tempo vinha pasando por sériasdificuldades no trabalho, das quais não conseguia me desvenciar, por mais que eu meesforçasse ou mudasse de setor e na minha vida pessoal estava sempre angustiada einsatisfeita...

... Hoje estou desenvolvendo o trabalho forma tranqüila, sendo valorizada e completamenteintegrada à equipe. Na vida pessoal saí da estagnação e estou me movimentando sem esfoçoe em alguns momentos sentido uma enorme felicidade, que há muitos anos não sentia. Muitoobrigada pela competência, dedicação e amorozidade que você tem dispensado a essetrabalho. Um grande abraço...

... Muito grata por ter me recebido e feito este trabalho lindo na minha vida as vésperas do meucasamento. Já posso sentir as mudanças em mim e no meu dia-a-dia... Esta cerimônia serárealmente uma celebração de união e não teria a emoção que promete sem a sua ajuda. Umabraço carinhoso...

... Após um longo tempo sem noticias, ou melhor talvez minha mãe tenha dado noticias minhasnesse sábado já que ela participou do grupo de constelação... estou no Rio. Consegui memudar e estou bem satisfeita. Por favor me mantenha na sua lista de e-mail principalmentepara que eu seja informada das constelações aqui no Rio.Gostaria de agradecer por todo osuporte que você me deu quando mais precisei e também de expressar a minha alegria por terencontrado na constelação um caminho para melhor compreender minha historia de vida.Apesar de ter participado de uma constelação já há algum tempo sinto mudanças até hoje.Obrigada por tudo.Bjs...

... Eu e minha irmã, fizemos juntas uma Constelação com você, no final de 2004. Gostaríamosde fazer outra para dar continuidade. Após a constelação, alguns resultados positivos para afamília, foram alcançados. De 2004 para cá, algumas coisas na família mudaram, mas muitasainda estão empacadas, parece que há um ciclo de coisas que nos rodeiam e não se resolvem.Gostaria de saber qual é o preço da constelação. Posso fazê-la novamente junto com minhairmã?...

... Gostei muito do texto e aproveito para dizer que o trabalho de constelação no último dia 5 noCLIAMA foi excelente. Tudo estava perfeito, do local (especial e muito agradável), àalimentação natural e, é claro, as constelações. Valeu muito a pena e todos perceberam que foifeito um grande trabalho. Parabéns e continue com este trabalho maravilhoso e muitonecessário! Quanto ao "pós-constelação", sei que ela continua atuando por um bom tempo e osresultados vão sendo vistos progressivamente. Mas, de imediato, posso dizer que minharelação com minha mãe já melhorou bastante. Antes eu me sentia irritada com ela e comfreqüentes atritos. Tb, se eu me colocava no lugar da 1ª mulher do meu pai (como aconstelação mostrou) ficava difícil! Ela, por seu lado, se colocava entre eu e meu marido -talvez vendo meu marido como o dela e eu como a 1ª mulher dele. Agora entendo melhor ofato de ela ter se metido muito no meu casamento e sentia que ela queria muito ficar no meulugar, viver minha vida! Também estou mais tranqüila e deixando as coisas correrem. Oumelhor, seguindo a corrente e mergulhando nela, como diz Bert Hellinger!...

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... Posso dizer que mudou minha vida... tive a chance de me despedir dos que morreram eentender muito "emaranhado" brabo!...

... Entrei num grupo de estudos, pois quero aprender mais, honrar e respeitar os q fizeram suasopções, embora deseje viver as minhas!...

... A minha também Tive a graça de ter 2 constelações, uma da relação com a minha mãe eoutra da relação com meu ex-companheiro e ainda estão mudando a minha vida. Muita coisavai vindo pro plano consciente e a minha atitude vai mudando aos poucos. Recomendo atodos!...

... Também recomendo...Parece que a turma aqui é meio tímida... bom, acho importantelembrar que a constelação pode abrir muitas portas em nossas vidas, mas é preciso estarpreparado, pois se pode ouvir o que não se quer, ok?...

... Ganhei uma constelação de presente e foi tudo que eu precisava. Me deu muita força praseguir a vida e entender melhor as coisas. E principalmente a aceitar, amar mais e aproveitar aminha família. Foi bom pra a família inteira. Mudou muita coisa na minha vida e um pouquinhona vida de cada um que estava "presente" naquele dia. Foi um dia abençoado...

... Realmente, a Constelação é algo maravilhoso demais. Fiz no início do ano, aqui em Brasília,com a orientação do Régis, de BH, e mudou minha vida tb. E é impressionante, como participarde outras tb nos dá oura visão das coisas. Tenho vontade de indicar todas as pessoas que euconheço pra fazer. Quem sabe um dia...

... Conheci este trabalho há 8 anos e foi e continua sendo uma dádiva que hoje partilho comtodos que chegam. Para mim, antes de uma cura familiar, este trabalho é uma grandeinvestigação sobre a origem de nossos sofrimentos individuais(nossa família) e os sofrimentoscoletivos(Culturais). Os encontros de constelação familiar, me fazem tocar cada vez mais noSer, limpo de crenças e pactos e assim, mais amoroso e inclusivo...

... Conheci a Constelação bem recentemente através de uma amiga terapeuta. Participei deduas vivência, inclusive um 'encontro de almas'que realmente me facilitou muito minhasreflexões perante muitos ângulos ante não percebidos por mim anteriormente. Abraços!...

... Cura pelas constelações feliz em fazer parte. constelando há quase dois anos “tirandocascas da cebola" - aceitando os meus pais, exercício continuado e amoroso, repassando praquem amo...

...Através da constelação eu toda minha familiar descobrimos que a mesma dor que afetoumuitas vezes todo o sistema familiar da minha família resgata o amor entre seus membros...

... Fiz mais de 7 constelações Sou do Rio. Todas fiz com a Cida. Nossa terapeuta. Amei !!!Após conhecer esse trabalho consegui entrar em contato com meus sentimentos. Que mundomaravilhoso se descortinou para mim. Passei a viver minha vida dentro de minhas opções eentendi que posso optar por ser feliz. Tudo depende apenas de mim. O fantástico disso tudo éque na teoria sabia de muita coisa mas através das constelações foi que consegui praticar eoptar por um caminho mais meu, mas fácil pra mim, mais feliz...

... Constelação Familiar Minha participação na constelação familiar se dá com o convite deViviane minha amada, e desde a primeira vez senti-me me senti envolvido e identificado e cadavez mais com a Constelação Familiar as quais eu participei. Quando vai ter a próxima? Jáestou com saudades das pessoas e da Constelação Familiar...

... Sou outra pessoa Esse trabalho simplesmente mudou a minha vida por completo. Façoconstelações há 5 anos e só tenho a agradecer à Deus que iluminou o Bert Hellinger paradesenvolver esse trabalho tão maravilhoso e poder expandí-lo pelos 4 cantos domundo.Atualmente organizou as constelações do meu noivo, o terapeuta Homero Zolli aqui emSão Paulo e tenho visto verdadeiros milagres acontecerem na vida das pessoas...

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Constelações Familiares, liberando os destinos trágicos, e refazendo aimagem interior do seu lugar na família.

Uma abordagem terapêutica desenvolvida por Bert HellingerResumo do conteúdo do site: www.hellinger.com

Livros editados: Editora Cultrix – Autor: Bert Hellinger

1- As ordens do Amor

2- Simetria Oculta do Amor

3- Constelações Familiares

Biografia Resumida Bert Hellinger.

Nascido em 1925, estudou filosofia, teologia e pedagogia. Sua formação religiosa levou-o depois aingressar em uma ordem religiosa católica. Mais tarde trabalhou como missionário na África do Sul. Noinício dos anos 70 deixou a ordem religiosa católica dedicando-se então à psicoterapia.

Através da dinâmica de grupo, da terapia primal, da análise transacional e de diversos métodoshipnoterapêuticos chegou à sua própria terapia sistêmica e familiar.

Autor de best-sellers na Alemanha, possui mais de 14 livros em sua bagagem. "A Simetria Oculta doAmor" foi o primeiro livro a ser publicado no Brasil. Entre as suas atividades atuais está o seu trabalhocom os sobreviventes do holocausto e suas famílias.

Bert Hellinger redescobriu durante o seu trabalho com centenas de sistemas familiares que oreconhecimento do amor que existe no seio das famílias comove as pessoas e muda suas vidas. Porqueum amor rompido em gerações anteriores pode causar sofrimentos aos membros posteriores de umafamília, o processo de cura exige que os primeiros sejam relembrados. Nos seus workshops osparticipantes observam, representam pessoas de outras constelações familiares ou exploram suas própriasdinâmicas familiares ajudando Hellinger a demonstrar como o amor, mesmo se injuriado ou mal-direcionado pode ser transformado em uma força que cura.

Hellinger é inabalável em sua serena compaixão durante o seu trabalho com indivíduos, casais ou famíliasque enfrentam situações difíceis. Terapeutas experientes apreciam a efetividade de seu método e seusresultados. Freqüentemente os participantes de seus workshops partem com uma profunda compreensãode si mesmos, o poder do amor e as forças que governam os relacionamentos humanos.

Bert Hellinger vive hoje com sua esposa na Alemanha, no sudeste da Baviera, perto da fronteira austríaca.

Algumas idéias básicas

Sobre o desenvolvimento da abordagem de Bert Hellinger

Bert Hellinger descreveu em julho de 1999 a sua abordagem e seu respectivo desenvolvimento emtópicos.

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1. A idéia de Eric Berne de que existem scripts pessoais segundo os quais uma pessoa organizainconscientemente a sua vida teve um papel muito importante para mim. Berne acreditava que isso vemdas instruções recebidas dos pais na infância. Eu vi que isto tem a ver com emaranhamentos nos destinosde outros membros da família, freqüentemente em uma ou duas gerações anteriores.

2. Já durante o meu trabalho prático de muitos anos com a terapia primal pude observar que muitossentimentos, também os violentos, nada tinham a ver com a vivência pessoal. Tornou-se bem evidentepara mim que são sentimentos freqüentemente assumidos através de uma identificação com uma outrapessoa.

3. Além disso sempre vivenciei que a consciência que sentimos tem funções que conservam o sistema.Trata-se, em especial, do vínculo ao grupo, da regulamentação do intercâmbio através da necessidade deequiparação entre o dar e o receber, das vantagens e perdas e a imposição das normas do grupo.

4. Mais ainda. Existe uma consciência inconsciente que liga os membros de um sistema e impõe dentrodele as seguintes ordens ou leis:

a. Cada membro da família e estirpe tem o mesmo direito de pertinência, também os quefaleceram precocemente ou os natimortos, assim como os deficientes e os maus.

b. A perda de um membro através da exclusão ou esquecimento será compensada por umoutro membro da família. Freqüentemente em uma geração posterior este representa ouimita inconscientemente aquele que foi excluído ou esquecido.

c. Vantagens às custas de outrem serão compensadas muitas vezes somente em umageração posterior.

d. Os membros anteriores têm precedência sobre os posteriores . Por isso quando ummembro posterior se eleva sobre um anterior ele paga muitas vezes através do fracasso ouqueda.

5. Finalmente existem muitas indicações que os mortos atuam sobre os vivos , ou de um modo ruim sesão excluídos ou temidos, ou de modo benévolo, se são chorados, honrados e depois deixados em paz.

A Constelação Familiar como a entendo e pratico, traz então à luz, no sentido das idéias básicas aquiapresentadas, onde estamos emaranhados e quais são os passos que conduzem ao desenredamento esolução. Todos estes passos têm a ver com o respeito pelos outros. Os assassinos são uma exceção.Devemos deixá-los partir do sistema para que possam juntar-se às suas vítimas. Ali eles encontram a paz.

Constelações Familiares - Visão geral

Resumo da história do trabalho com as Constelações Familiares

O trabalho com as Constelações Familiares "segundo Hellinger" em sua forma atual foi desenvolvida nosúltimos 15 anos por Bert Hellinger. Baseia-se no pensamento sistêmico que teve seu início com GregoryBateson nos últimos 30 anos e que já foi também colocado em prática e desenvolvido por outrosterapeutas.

Para o tratamento terapêutico de um cliente é, portanto, necessário que sua família, o sistema em que estáconectado seja levado em consideração. Em psicodramas o psiquiatra americano de ascendência rumenaJakob Moreno descobriu através do teatro o significado das ligações sociais de seus clientes. Reconheceuque os problemas e distúrbios psíquicos de um ser humano têm relação com o seu ambiente. Daamericana Virginia Satir, assistente social em Palo Alto provém a reconstrução familiar e e a esculturafamiliar (entretanto não é idêntica à Constelação Familiar segundo Hellinger). Todos os membros da

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família trabalham em conjunto a sua ligação à cadeia das gerações e como podem se libertar dos encargosassumidos da família.

Impulsos importantes provém também do trabalho de Ivan Bosyomenyi-Nagy que derivam dopensamento de Martin Buber e acentua o equilíbrio necessário entre o dar e o receber nosrelacionamentos humanos.

Paralelamente a estas evoluções Bert Hellinger trabalha com cada um dos clientes e sua imagem internada família como esta se apresenta nas percepções dos representantes que foram colocados nasconstelações familiares. Ele designa a postura fundamental e o procedimento terapêutico que sedesenvolve a partir daí como fenomenológico.

A realidade profundamente comovente deste trabalho pode ser apreendida apenas através da própriaparticipação em uma constelação familiar.

Bert Hellinger descreve seu método de trabalho em uma Introdução ao Trabalho com as ConstelaçõesFamiliares , que escreveu para esta homepage.

Constelações Familiares segundo Bert HellingerO Trabalho com as Constelações Familiares – Uma introdução de Bert Hellinger

O caminho do conhecimento

Dois movimentos nos levam ao conhecimento. O primeiro se estende e quer abarcar algo até entãodesconhecido para dele se apropriar e dele dispor. O esforço científico pertence a esse tipo e sabemosquanto ele transformou, assegurou e enriqueceu o nosso mundo e a nossa vida. O segundo movimento seorigina quando nos detemos, durante nosso esforço em abarcar o desconhecido, e dirigimos o olhar, nãomais para um determinado objeto palpável, mas para um todo. Assim, o olhar está disposto a receber,simultaneamente, a diversidade que se encontra à sua frente. Quando nos deixamos levar por essemovimento, por exemplo, diante de uma paisagem, uma tarefa ou um problema, notamos como nossoolhar fica, ao mesmo tempo, pleno e vazio. Pois só podemos nos expor à plenitude e suportá-la, quandoprescindimos primeiramente dos detalhes.

Assim, detemo-nos em nosso movimento exploratório e nos retraímos um pouco, até atingirmos aquelevazio que pode resistir à plenitude e à diversidade. Esse movimento, que primeiramente se detém e depoisse retrai, chamo de fenomenológico. Ele nos conduz a conhecimentos distintos daqueles obtidos pelomovimento do conhecimento exploratório. Contudo, ambos se completam. Pois também no movimentodo conhecimento científico exploratório precisamos, às vezes, deter-nos e dirigir nosso olhar, do estreitoao amplo, do próximo ao distante. Por sua vez, o conhecimento resultante do procedimentofenomenológico precisa ser verificado no indivíduo e no próximo.

O processo

No caminho do conhecimento fenomenológico, expomo-nos, dentro de um determinado horizonte, àdiversidade dos fenômenos, sem escolher entre eles e nem avaliá-los. Esse caminho do conhecimentoexige, portanto, um esvaziar-se, tanto em relação às idéias preexistentes quanto aos movimentos internos,sejam eles da esfera do sentimento, da vontade ou do julgamento. Nesse processo, a atenção ésimultaneamente dirigida e não dirigida, centrada e vazia. A postura fenomenológica requer umaprontidão tencionada para a ação, sem passar, entretanto, à execução. Graças a essa tensão, tornamo-nos

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extremamente capazes e prontos para perceber. Quem a suporta percebe, depois de algum tempo, como adiversidade presente no horizonte se dispõe em torno de um centro e, de repente, reconhece uma conexão,uma ordem talvez, uma verdade ou o passo que leva adiante. Esse conhecimento provém igualmente defora, é vivenciado como uma dádiva e é, via de regra, limitado.

O Trabalho com as Constelações Familiares

O que o procedimento fenomenológico possibilita e requer pode ser experimentado e descrito de modoespecialmente marcante através do trabalho com as constelações familiares. Pois a colocação daconstelação familiar é, por um lado, o resultado de um caminho do conhecimento fenomenológico e, poroutro lado, o procedimento fenomenológico obtém resultado, quando se trata do essencial, apenas atravésda contenção e confiança na experiência e compreensão por ele possibilitado.

O cliente

O que acontece quando um cliente coloca a sua família na psicoterapia? Em primeiro lugar, escolhe entreas pessoas de um grupo, representantes para os membros de sua família. Portanto, para o pai, para a mãe,para os irmãos e para si mesmo, não importando quem ele escolhe para representar os diversos membrosde sua família. Na verdade, é melhor ainda se escolher os representantes independentemente deaparências externas e sem uma determinada intenção. Isto já é o primeiro passo em direção a umacontenção e uma renúncia a intenções e velhas imagens.

Quem escolhe seguindo aspectos exteriores, por exemplo, idade ou características corporais não seencontra numa postura aberta para o essencial e invisível. Limita a força expressiva da colocação atravésde considerações externas. Com isso a colocação de sua constelação familiar já pode estar, para ele, talvezfadada ao fracasso. Por isso também não importa e algumas vezes é melhor que o terapeuta escolha osrepresentantes e deixe o cliente montar com estes a sua família. Porém, o que deve ser considerado é osexo das pessoas escolhidas, isto é, que homens sejam escolhidos para representar os homens e mulherespara as mulheres.

Escolhidos os representantes o cliente coloca-o no espaço um em relação ao outro. No momento dacolocação é de grande ajuda que ele os segure com ambas as mãos pelos ombros e assim em contato comeles os posicione em seu lugar. Durante a montagem permanece centrado, prestando atenção ao seumovimento interior, seguindo-o até sentir que o lugar para onde conduziu o representante seja o certo.Durante a colocação está em contato não somente consigo e com o representante, senão também com umaesfera, recebendo daí também sinais que o ajudarão a encontrar o lugar certo para essa pessoa. Prossegueassim com os outros representantes até que todos se encontrem em seus lugares. Durante este processo ocliente está , por assim dizer, esquecido de si mesmo.

Desperta deste esquecimento de si mesmo quando todos estão posicionados. Algumas vezes é de ajudaquando, em seguida, dá uma volta e corrije o que ainda não está totalmente certo. Senta-se então.Podemos perceber imediatamente quando alguém não se encontra nesta postura de esquecimento de simesmo e contenção. Por exemplo, quando prescreve para cada um dos representantes uma determinadapostura corporal no sentido de uma escultura, ou quando monta a constelação muito depressa como seseguisse uma imagem preconcebida ou quando se esquece de colocar uma pessoa, ou quando declara queuma pessoa já está em seu lugar certa sem tê-la posicionado concentradamente.

Uma constelação familiar que não foi montada deste modo concentrado termina num beco sem saída oude forma confusa.

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O terapeuta

O terapeuta precisa também se libertar de suas intenções e imagens a fim de que a colocação de umaconstelação familiar tenha êxito. Na medida em que se contém e se expõe centrado à constelação familiar,reconhece imediatamente se o cliente quer influenciá-lo através de imagens preconcebidas ou esquivar-sedaquilo que começa a se mostrar. Então ele ajuda-o a se centrar e o conduz a um estado de disposiçãopara que se exponha ao que está acontecendo. Se isso não for possível, pára com a colocação.

Os representantes

Exige-se também dos representantes uma contenção interna de suas próprias idéias, intenções e medo.Isso significa que eles devem observar exatamente as mudanças que se manifestam em seu estadocorporal e seus sentimentos enquanto são colocados. Por exemplo, que o coração bate mais depressa, quequerem olhar para o chão, que se sentem repentinamente pesados ou leves, ou estão com raiva ou tristes.É também de grande ajuda quando prestam atenção às imagens que emergem e que ouçam os sons epalavras que afloram.

Por exemplo, um americano que estava começando a aprender alemão, ouvia constantemente durante umacolocação familiar na qual ele representava um pai a sentença alemã: "Diga Albert". Mais tarde eleperguntou ao cliente se o nome Albert tinha algum significado para ele. "Mas é claro", foi a resposta “, éo nome do meu pai, do meu avô e Albert é o meu segundo prenome."

Uma outra pessoa que representava em uma constelação o filho de um pai que havia morrido em umacidente de helicóptero ouvia constantemente o ruído do rotor de um helicóptero. Certa vez este filhotinha sido o piloto de um helicóptero em que estava também o pai. O helicóptero caiu, mas os doissobreviveram. Para que essa postura obtenha resultado são naturalmente necessárias uma grandesensibilidade e uma enorme prontidão para se distanciar de suas próprias idéias. E o terapeuta precisa sermuito cauteloso para que as fantasias dos representantes não sejam captadas como percepções. Tanto oterapeuta quanto os representantes podem escapar mais facilmente deste perigo quanto menosinformações tiverem sobre a família.

As perguntas

A percepção fenomenológica obtém melhores resultados quando se pergunta só o essencial, diretamenteantes da colocação familiar. As perguntas necessárias são:

1. Quem pertence à família?

2. Existem natimortos ou membros da família que morreram precocemente ? Houve na famíliadestinos especiais, por exemplo deficientes?

3. Algum dos pais ou avós tiveram anteriormente um relacionamento firme, portanto, foi noivo(a),casado(a) ou teve de alguma forma um relacionamento longo e significante?

Uma anamnésia extensa dificulta, via de regra, a percepção fenomenológica tanto do terapeuta comotambém dos representantes. Por isso o terapeuta recusa também conversas prévias ou questionários quevão além das perguntas mencionadas. Pelo mesmo motivo os clientes não devem dizer nada durante acolocação nem os representantes devem fazer perguntas de qualquer tipo para os clientes.

Centrar-se em si mesmo

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Alguns representantes são tentados a extrair da imagem externa da constelação o que sentem em vez deprestar atenção à sua percepção corporal e ao seu sentimento interno imediato. Por exemplo, orepresentante de um pai dissera que se sentia confrontado pelos filhos porque estes tinham sido colocadosà sua frente. Entretanto, quando prestou atenção ao seu sentimento interior imediato, percebeu que estavase sentindo bem. Ele se desviara de sua percepção imediata por causa da imagem externa. Algumas vezes,quando um representante sente algo que lhe parece indecoroso, não o menciona. Por exemplo, que ele,como pai, sente uma atração erótica pela filha. Ou uma representante não se arrisca a dizer que ela, comomãe, se sente melhor quando um de seus filhos quer seguir um membro da família na morte.

O terapeuta presta atenção, portanto, aos leves sinais corporais, por exemplo, um sorriso ou umrevezamento, ou uma aproximação involuntária das pessoas. Quando comunica tais percepções osrepresentantes podem verificar novamente a sua própria percepção. Alguns representantes fazem tambémafirmações amáveis porque pensam que com isso poderão ajudar ou consolar o cliente. Taisrepresentantes não estão em contato com o que acontece e o terapeuta deve substitui-los por outrosimediatamente.

Os sinais

Um terapeuta que não se mantém constantemente durante a situação inteira em sua percepção centrada,isto é, sem intenção e sem medo, é levado, muitas vezes através de afirmações de primeiro plano a umcaminho errado ou a um beco sem saída. Com isso os outros representantes ficam também inseguros.Existe um sinal infalível se uma colocação familiar está no caminho certo ou não. Quando começa a seperceber no grupo observador inquietação e a atenção diminui, a colocação não tem mais chance. Nessecaso, quanto mais depressa o terapeuta interromper o trabalho tanto melhor.A interrupção permite a todos os participantes concentrar-se novamente e depois de algum temporecomeçar o trabalho. Algumas vezes o grupo observador também apresenta sugestões que levam adiante.Entretanto isto deve ser apenas uma observação. Se tentarem somente adivinhar ou interpretar, issoaumenta a confusão. Então o terapeuta também deve parar a discussão e reconduzir o grupo àconcentração e seriedade.

A abertura

Tratei minuciosamente destas formas de procedimento e dos obstáculos que podem surgir a fim de porlimites às colocações feitas levianamente. Senão o trabalho com as constelações familiares pode cairfacilmente em descrédito. Alguns procedem de outra forma nas constelações familiares. Se isso ocorrer apartir de uma atenção centrada pode obter bons resultados. Entretanto, se ocorrer somente por umanecessidade de delimitação ou para ganhar prestígio à abertura fenomenológica fica limitada devido àsintenções.

A melhor forma de adquirir prestígio é quando se tem novas percepções que podem ser comprovadaspelos resultados e nas quais se deixa também outros participarem. Se, entretanto, a delimitação segueidéias teóricas ou é influenciada por intenções e medos que se recusam em concordar com a realidade quese mostra, isto leva à perda da prontidão para apreender, com as respectivas conseqüências para o efeitoterapêutico. Se a colocação da constelação familiar for feita só por curiosidade ela perde a sua seriedade eforça. Restam, então, do fogo talvez apenas as cinzas e do vestido apenas a cauda.

O início

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De volta agora ao trabalho com as constelações familiares. A questão que o terapeuta deve decidir, emprimeiro lugar, é:

Coloco a família atual ou a de origem?

Deu bons resultados começar com a família atual. Pois, dessa maneira, pode-se colocar mais tarde aquelaspessoas da família de origem que ainda agem fortemente na família atual. Obtém-se assim uma imagemem que as influências que sobrecarregam e curam através das várias gerações ficam visíveis e podem sersentidas. Unicamente quando os destinos da família de origem são especialmente trágicos é que secomeça com a família de origem.

A próxima pergunta é:

Com quem começo a colocação?

Começa-se com o núcleo familiar, portanto, pai, mãe e filhos. Se existe um natimorto ou uma criança quemorreu precocemente, coloca-se esta criança mais tarde para poder ver qual o efeito que tem na famíliaquando está à vista. A regra é começar com poucas pessoas, deixar-se conduzir por elas e desenvolverpasso a passo à constelação.

O procedimento

Quando a primeira imagem é configurada dá-se ao cliente e aos representantes um pouco de tempo paraque se exponham a ela, deixando-a atuar. Muitas vezes os representantes começam a reagirespontaneamente, por exemplo, começam a tremer ou chorar ou abaixam a cabeça, respiram comdificuldade ou olham com interesse ou apaixonadamente para alguém. Alguns terapeutas perguntam aosrepresentantes muito depressa como eles estão se sentindo, impedindo ou interrompendo dessa maneiraeste processo.

Quem faz perguntas aos representantes apressadamente, utiliza este procedimento facilmente comosubstituto para a sua própria percepção, tornando os representantes inseguros também. O terapeuta deixa,em primeiro lugar, a imagem atuar também sobre ele. Freqüentemente vê imediatamente qual a pessoaque está mais carregada ou em perigo. Se, por exemplo, ela foi colocada de costas ou de lado, o terapeutavê que ela quer partir ou morrer. Apenas precisa, sem perguntar nada a ninguém, dirigi-la uns poucospassos à frente na direção em que está olhando e prestar atenção ao efeito que esta mudança provoca nelae nos outros representantes.

Ou se todos os representantes olham para uma mesma direção o terapeuta sabe, imediatamente, quealguém deve estar na frente deles: uma pessoa que foi esquecida ou excluída. Por exemplo, uma criançaque morreu precocemente ou um noivo anterior da mãe que morreu na guerra. Então ele pergunta aocliente quem poderia ser e coloca a pessoa no quadro antes que qualquer um dos representantes tenha ditoalgo.

Ou quando a mãe está cercada pelos filhos dando a impressão de que eles estão impedindo as suaspartida, o terapeuta pergunta ao cliente imediatamente: O que aconteceu na família de origem da mãe quepossa esclarecer esta atração por partir. Então ele procura, em primeiro lugar, um alívio e solução para amãe antes de continuar a trabalhar com os outros representantes.

O terapeuta desenvolve, portanto, os próximos passos a partir da colocação inicial e busca informaçõesadicionais do cliente para o próximo passo, sem fazer ou perguntar nada além do que ele precise para estepasso. Com isso a constelação mantém a concentração no essencial e a sua especial densidade e tensão.Cada passo desnecessário, cada pergunta desnecessária, cada pessoa adicional que não seja necessáriapara a solução diminui a tensão e desvia a atenção das pessoas e dos acontecimentos importantes.

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Constelações familiares densas

Freqüentemente é suficiente colocar somente dois representantes, por exemplo, a mãe e o filho com aids.O terapeuta nem precisa então dar maiores instruções. Deixa os representantes seguir os movimentos queresultam do campo de forças entre eles, entretanto sem nada dizer. Assim ocorre um drama mudo, no qualvem à luz não somente os sentimentos das pessoas participantes mas também emergem um movimentoque mostra quais os passos que são possíveis ou adequados para ambos.

O espaço

Aqui se apresenta o mais surpreendente efeito da postura fenomenológica e sua forma de procedimento.A contenção centrada do terapeuta e do grupo participante cria o espaço no qual relacionamentos eemaranhamentos vêm à tona. Eles se movimentam em direção a uma solução dando a impressão de queos representantes são movidos por uma força poderosa exterior.

Esta força serve-se deles e deixa parecer muitas das usuais suposições psicológicas e filosóficasinsuficientes e falhas.

A participação

Em primeiro lugar vê-se que existe obviamente um conhecimento através da participação. Osrepresentantes comportam-se e se sentem como as pessoas que representam embora nem eles nem oterapeuta possuam informações prévias que vão além dos fatores e acontecimentos externos mencionadosanteriormente. Muitas vezes o cliente fica estupefado que os representantes expressam as mesmas coisasque conhece das pessoas reais ou que mostram os mesmos sentimentos e sintomas que as pessoas reaistêm. Por isso pode-se concluir que os membros reais da família também possuem este conhecimentoatravés da participação de modo que nada de significativo permanece oculto à sua alma.

Há pouco tempo uma conhecida de uma mulher relatou que o seu pai era judeu e que tinha ocultado estefato de seus filhos, batizando-se. Ela tomara conhecimento disto pouco antes de sua morte. Nestaoportunidade soube também que o pai tinha ainda duas irmãs que haviam morrido em um campo deconcentração. Esta mulher tivera muitas profissões, uma atrás da outra. Primeiro tinha sido umacamponesa, depois foi restauradora de velhos móveis antes de escolher a sua atual profissão de terapeuta.Quando então pesquisou sobre as circunstâncias da vida de suas duas tias mortas veio à tona que umadelas administrara uma fazenda e a outra uma loja de antiguidades. Sem ter conhecimento disto tinhaseguido as duas através de suas profissões, ligando-se desse modo a elas.

O campo de forças

O esclarecimento para isso permanece um mistério. Rupert Sheldrake provou através de observações emuitas experiências que cães demonstram através de seu comportamento que sentem imediatamentequando seu dono ou dona que estão ausentes se põem a caminho de casa e que percebem imediatamentequando este caminho é interrompido. Sentem também, algumas vezes, através dos continentes. Portanto,deve existir um campo de forças através do qual ambos estão diretamente ligados.

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Os mortos

Nas constelações familiares torna-se ainda mais evidente através do comportamento dos representantes ecom isso, naturalmente, através do comportamento e dos destinos dos membros reais da família que elesestão ligados às pessoas que já faleceram há muito tempo. Como poder-se-ia de outra forma seresclarecido que numa família, durante os últimos 100 anos, três homens de várias gerações tenham sesuicidado com 27 anos de idade no dia 31 de dezembro e pesquisas revelaram que o primeiro marido dabisavó tinha falecido com 27 anos no dia 31 de dezembro e tinha sido provavelmente envenenado pelabisavó e seu segundo marido?

A alma

Aqui atua mais do que um campo de forças. Aqui atua uma alma comum que liga não somente os vivosmas também os membros falecidos da família. Esta alma abarca somente certos membros familiares e nóspodemos ver pelo alcance de sua atuação quais os membros da família que foram por ela abrangidos etomados a seu serviço.

Começando pelos descendentes são os seguintes:

1. os filhos, inclusive os natimortos e os falecidos,

2. os pais e seus irmãos,

3. os avós,

4. algumas vezes ainda um ou outro avô ou avó e também ancestrais que estão ainda mais longe

5. todos - e isto é especialmente significativo - aqueles que deram lugar para a vantagem dosmembros mencionados anteriormente, principalmente parceiros anteriores dos pais ou avós, etodos aqueles que através de sua infelicidade ou morte a família teve vantagem ou lucro.

6. as vítimas de violência ou morte causadas por membros anteriores dessa família.

Sobre os dois últimos grupos mencionados gostaria de comunicar o que experiências recentes trouxeram àluz. Nas colocações das constelações familiares de descendentes de pessoas que acumularam uma granderiqueza, chamou-me a atenção que netos e bisnetos têm tido destinos terríveis que não podem serentendidos somente pelos acontecimentos dentro da família.

Somente depois que as vítimas cuja morte ou infelicidade havia sido o preço para esta riqueza foramcolocadas na constelação veio à tona a extensão da atuação dos destinos destas pessoas na família.Exemplos para estes casos: trabalhadores que morreram na construção de ferrovias ou sondagens depetróleo, cuja contribuição para a riqueza e bem-estar dos industriais não tinha sido reconhecida evalorizada. Em muitas colocações de descendentes de assassinos, por exemplo, agressores nazistas do 3°Reich pôde-se ver que os netos e bisnetos queriam se deitar junto às vítimas e com isso corriam extremorisco de se suicidar.

A solução para ambos os grupos era a mesma. As vítimas devem ser vistas e respeitadas por todos osmembros da família. Todos devem reverenciá-las, inclinando-se diante delas, sentir tristeza e chorar porelas. Depois disso, os ganhadores e agressores originais devem se deitar ao lado das vítimas e os outrosmembros da família devem deixá-los aí. Só assim os descendentes ficam livres. Aqui fica evidente que osmembros da família se comportam como se tivessem uma alma comum e como se fossem chamados aserviço por uma instância comum preordenada e como se esta instância servisse uma certa ordem eseguisse um certo objetivo.

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O amor

Em primeiro lugar podemos ver que a alma liga os membros da família uns aos outros. Isso vai tão longeque a alma de uma criança anseia seguir na morte o pai que morreu cedo ou a mãe que morreu cedo. Paisou avós também desejam às vezes seguir na morte um(a) filho(a) ou um(a) neto(a). Podemos observaresse anseio também entre parceiros. Se um deles morre o outro freqüentemente também não quer maisviver.

O equilíbrio

Em segundo lugar, podemos ver que existe em uma família uma necessidade de equilíbrio entre o ganho ea perda que abarca várias gerações. Isto é, os que ganharam às custas de outros pagam com uma perdacompensando assim o que ganhou. Ou, se no caso do ganhadores se tratarem de agressores, geralmentenão são eles que pagam, senão os seus descendentes. Estes são escolhidos pela alma da família paracompensar no lugar de seus antecedentes, freqüentemente sem que tenham consciência disso.

A precedência dos antecedentes

A alma da família, portanto, dá preferência aos antecedentes em relação aos descendentes, sendo este oterceiro movimento ou a ordem que a alma da família segue. Um descendente ou está disposto a morrerpor um antepassado se achar que com isso pode evitar a morte dele ou está disposto a expiar a culpapendente de um membro familiar anterior. Ou uma filha representa a mulher anterior de seu pai e secomporta em relação ao pai como se fosse a sua parceira e como rival em relação à mãe. Se a mulheranterior foi injustiçada, então a filha apresenta os sentimentos dessa mulher perante os pais.

A totalidade

Aqui podemos ver também o quarto movimento e a ordem que a alma da família segue. Ele vela para quea família esteja completa e restaura a sua totalidade com o auxílio de descendentes para representar os queforam esquecidos, rejeitados ou excluídos. Resumi aqui, de modo sucinto, os movimentos da alma dafamília, as leis e as ordens que ela segue. Eu os descrevo minuciosamente em meu livro “Die Mitte fühltsich leicht an" ("No centro sentimos com leveza") nos capítulos "Culpa e Inocência em Sistemas", "OsLimites da Consciência" e "Corpo e Alma, Vida e Morte" assim como em meu livro "Ordnungen derLiebe" ("As Ordens do Amor") no capítulo "Do Céu que provoca Doenças e da Terra que cura".

As soluções

As questões são as seguintes:

Como o terapeuta encontra uma solução para o cliente?

O que é aqui o procedimento fenomenológico?

Ele vai do próximo ao distante e do estreito ao amplo. Isto é, em vez de olhar somente para o cliente oterapeuta olha para a sua família e, em vez de olhar somente para o cliente e sua família ele olha paraalém deles, para um campo de forças e para a alma que os abarca. Pois é evidente que o indivíduo e sua

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família estão integrados em um campo de forças maior e em uma grande alma e são usados e tomados aseu serviço.

Da mesma forma que o reconhecimento do problema e as soluções possíveis só surgem freqüentementeatravés da ligação com algo maior. Por isso se quero ajudar a alma do cliente eu a vejo governada pelaalma da família. Mas se olhar aqui somente para o cliente e sua família, reconheço, talvez , as ordens eleis que levam a emaranhamentos. Entretanto, somente apreendo onde estão as soluções se encontro umacesso ao campo de forças e dimensões da alma que ultrapassam o indivíduo e a sua família.

Não podemos influenciar estas dimensões da alma. Nós podemos somente nos abrir. Porque quando setratar de algo decisivo, a compreensão das imagens, frases e passos que solucionam e curam nos serápresenteada por esta alma. O terapeuta abre-se para a atuação desta grande alma através do recolhimentototal de suas intenções e sua consideração pelo que ele talvez receie, inclusive o receio de fracassar. Entãosurge repentinamente uma imagem ou uma palavra ou uma frase que lhe possibilita dar o próximo passo.No entanto é sempre um passo no escuro.

Apenas no final é que se releva se foi o passo certo que inverte a necessidade. Através da posturafenomenológica entramos, portanto, em contato com estas dimensões da alma. Isto é, mais através da não-ação centrada do que através da ação. Através de sua presença centrada o terapeuta ajuda também ocliente a adquirir esta postura, a compreensão e a força que daí advêm. Muitas vezes o cliente não agüentaesta compreensão e se fecha a ela novamente. O terapeuta também concorda com isso, através de seurecolhimento. Também aqui ele não se deixa envolver nem através de uma reivindicação interna nemexterna no destino do cliente e de sua família.

Pode parecer duro, mas o resultado da experiência mostra que cada compreensão que foi presenteadadesta forma é incompleta e temporária, tanto para o terapeuta quanto para o cliente.

Retorno, no final, ao começo “à diferença entre o caminho do conhecimento científico e dofenomenológico. Eu a sintetizei num poema já há alguns anos atrás. Ele se chama”:

Palestra de Bert Hellinger em São PauloAgosto de 1999

Para que o Amor dê Certo

Sumário

Ordem e amor (poema)

Tomar a vida

E algo que é próprio

O mesmo (poema)

Aceitar tudo o mais que nossos pais nos dão

O tamanho de criança

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Receber e exigir

A equiparação

O grupo familiar

O direito de pertencer

Os excluídos são representados

A solução

A imagem mágica do mundo e suas conseqüências

Homens e Mulheres

O vínculo

A ordem de precedência

Dois modos de ser feliz (uma história)

Sumário

Muita gente julga que o amor tem o poder de superar tudo, que é preciso apenas amarbastante e tudo ficará bem. Contudo, a experiência mostra que isto não é verdade. Muitos paissão forçados a experimentar que, apesar do amor que dão a seus filhos, estes não sedesenvolvem como eles esperavam. São forçados a ver seus filhos adoecerem, se drogaremou suicidarem, apesar de todo o amor que lhes dão. Para que o amor dê certo, é preciso queexista alguma outra coisa ao lado dele. É necessário que haja o conhecimento e oreconhecimento de uma ordem oculta do amor.

Ordem e amor

O amor preenche o que a ordem abarca.O amor é a água, a ordem é o jarro.

A ordem ajunta,o amor flui.Ordem e amor atuam juntos.

Como uma linda canção obedece às harmonias,assim o amor obedece à ordem.Assim como o ouvido dificilmente se acostumaàs dissonâncias, mesmo quando são explicadas,

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assim também nossa alma dificilmente se acostumaao amor sem ordem.

Muita gente trata essa ordemcomo se ela fosse uma opiniãoque se pode ter ou mudar à vontade.

Contudo, ela nos preexiste.Ela atua, mesmo que não a entendamos.Não é inventada, mas encontrada.É por seus efeitos que a descobrimos,Como descobrimos o sentido e a alma.

Muitas dessas ordens são ocultas. Não podemos sondá-las. Elas atuam nas profundezas daalma, e freqüentemente as encobrimos com pensamentos, objeções, desejos e medos. Épreciso tocar no fundo da alma para vivenciar as ordens do amor.

Tomar a vida

Direi primeiro alguma coisa sobre as ordens do amor entre pais e filhos e, do ponto de vista dacriança, isto é, do filho para com seus pais. Aqui menciono algumas verdades banais. Elas sãotão óbvias que eu quase me envergonho de citá-las. Não obstante, são freqüentementeesquecidas.

O primeiro ponto é que os pais, ao darem a vida, dão à criança, nesse mais profundo atohumano, tudo o que possuem. A isso eles nada podem acrescentar, disso nada podem tirar.Na consumação do amor, o pai e a mãe entregam a totalidade do que possuem. Pertenceportanto à ordem do amor que o filho tome a vida tal como a recebe de seus pais. Dela, o filhonada pode excluir, nem desejar que não exista. A ela, também, nada pode acrescentar. O filhoé os seus pais. Portanto, pertence à ordem do amor para um filho, em primeiro lugar, que elediga sim a seus pais como eles são -- sem qualquer outro desejo e sem nenhum medo. Sóassim cada um recebe a vida: através dos seus pais, da forma como eles são.

Esse ato de tomar a vida é uma realização muito profunda. Ele consiste em assumir minha vidae meu destino, tal como me foi dado através de meus pais. Com os limites que me sãoimpostos. Com as possibilidades que me são concedidas. Com o emaranhamento nos destinose na culpa dessa família, no que houver nela de leve e de pesado, seja o que for.

Essa aceitação da vida é um ato religioso. É um ato de despojamento, uma renúncia aqualquer exigência que ultrapasse o que me foi transmitido através de meus pais. Essaaceitação vai muita além dos pais. Por esta razão, não posso, nesse ato, considerar apenas osmeus pais. Preciso olhar para além deles, para o espaço distante de onde se origina a vida eme curvar diante de seu mistério. No ato de tomar os meus pais, digo sim a esse mistério e meajusto a ele.

O efeito desse ato pode ser comprovado na própria alma. Imagina-se se curvandoprofundamente diante de seus pais e dizendo-lhes: “Eu tomo esta vida pelo preço que custou avocês e que custa a mim. Eu tomo esta vida com tudo o que lhe pertence, com seus limites eoportunidades". Nesse exato momento, o coração se expande. Quem consegue realizar esseato, fica bem consigo, sente-se inteiro.

Como contraprova, pode-se igualmente imaginar o efeito da atitude oposta, quando umapessoa diz: "Eu gostaria de ter outros pais. Não os suporto como eles são." Que atrevimento!Quem fala assim, sente-se vazio e pobre, não pode estar em paz consigo mesmo.

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Algumas pessoas acreditam que, se aceitarem plenamente seus pais, algo de mal poderáinfiltrar-se nelas. Assim, não se expõem à totalidade da vida. Com isto, contudo, perdemtambém o que é bom. Quem assume seus pais, como eles são, assume a plenitude da vida,como ela é.

E algo que é próprio

Mas aqui existe ainda um mistério que não posso justificar. Com efeito, cada um experimentaque também tem em si algo de único, algo que é inteiramente próprio, irrepetível, e não podeser derivado de seus pais. Isso também ele precisa assumir. Pode ser algo de leve ou depesado, algo de bom ou de mau. Isto não pode julgar.

A pessoa que encara o mundo e sua própria vida com olhos desimpedidos pode ver que tudo oque ela faz obedece a uma ordem. Tudo o que ela faz ou deixa de fazer, tudo o que ela apóiaou combate, ela o realiza porque foi encarregada de um serviço que ela própria não entende.Aquele que se entrega a tal serviço, experimenta-o como uma tarefa ou como um chamado,que não se baseia nos próprios méritos nem na própria culpa (quando for algo de pesado oucruel). Ele foi simplesmente tomado a serviço.

Quando contemplamos o mundo desta maneira, cessam as diferenças habituais.

Falei até aqui sobre a ordem fundamental da vida. Foram-nos concedido termos pais e sermosfilhos. E temos também algo de próprio.

Aceitar tudo o mais que nossos pais nos dão

Na verdade, os pais não dão aos filhos apenas a vida. Eles nos dão também outras coisas:alimentam-nos, educam-nos, cuidam de nós e assim por diante. Convém à criança que elatome tudo isso, da forma como o recebe. Quando a criança o aceita de bom grado, costumabastar. Existem exceções, que todos conhecemos, mas via de regra é suficiente. Pode não sersempre o que desejamos, mas é o bastante.

Nesse particular, pertence à ordem que o filho diga a seus pais: "Eu recebi muito. Sei que émuito, é o bastante. Eu o tomo com amor". Então ele se sente pleno e rico, seja qual for àsituação. Então ele acrescenta: "o resto, eu mesmo faço". Isto também é um belo pensamento.Finalmente, o filho ainda pode dizer aos pais: "E agora eu os deixo em paz". O efeito destasfrases vai muito fundo: agora o filho tem seus pais e os pais têm o filho. Pais e filho estãosimultaneamente separados e felizes. Os pais concluíram sua obra e a criança está livre paraviver sua vida, com respeito pelos seus pais mas sem dependência.

Imaginem agora a situação contrária, quando o filho diz aos pais: "O que vocês me deram foierrado e foi muito pouco. Vocês ainda estão me devendo muito". O que esse filho tem de seuspais? Nada. E o que têm dele os pais? Igualmente nada. Esse filho não consegue soltar-se deseus pais. Sua censura e sua reivindicação o vinculam a eles, mas de uma forma tal que elenão os tem. Ele se sente vazio, pequeno e fraco.

Esta seria a segunda lei do amor entre filhos e pais.

O tamanho de criança

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

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Existe algo que os pais adquirem por mérito pessoal. Se a mãe, por exemplo, tem um domespecial - suponhamos que ela seja pintora e pinte quadros maravilhosos - então isso pertencea ela e não ao filho. Este não pode reivindicar ser também um bom pintor, a não ser que otenha merecido por dotação própria e dedicação pessoal.

A mesma coisa vale para a riqueza dos pais. O filho não tem o direito de reivindicá-la, como é ocaso da herança. O que ele vier a receber será puro presente.

Isto vale ainda para a culpa pessoal dos pais. Também esta pertence exclusivamente a eles.Com freqüência, uma criança presume, por amor, tomar sobre si essa culpa, carregá-la emnome dos pais. Também isto vai contra a ordem. A criança se arroga um direito que não lhecompete. Quando os filhos querem expiar pelos pais, estão se julgando superiores a eles. Ospais passam a ser tratados como crianças, cuidadas por seus próprios filhos, que assumem opapel de pais.

Uma senhora, que recentemente participou de um grupo meu, tinha um pai cego e uma mãesurda. Os dois se completavam bem, mas a filha achava que devia cuidar deles. Quandomontei a constelação de sua família, ela se comportou como se fosse ela a pessoa grande.Porém sua mãe lhe disse: "Esse assunto com seu pai eu resolvo sozinha". E o pai lhe disse:"Esse assunto com sua mãe eu resolvo sozinho. Não precisamos de você para isso". Aquelasenhora ficou muito desapontada, porque foi reduzida ao seu tamanho de criança.

Na noite seguinte, ela não conseguiu dormir. Aliás, ela sentia uma grande dificuldade paraadormecer. Perguntou-me se eu podia ajudá-la. Respondi: "Quem não consegue dormir talvezesteja pensando que precisa vigiar". Contei-lhe então a história de Borchert sobre o menino deBerlim que, no fim da guerra, tomava conta de seu irmão morto, para que os ratos não ocomessem. O menino estava esgotado, porque achava que devia ficar vigiando. Nisto, passoupor ali um senhor simpático que lhe disse: "Mas os ratos dormem à noite". E a criançaadormeceu.

Na noite seguinte, aquela senhora dormiu melhor.

Portanto, a ordem do amor entre filhos e pais estabelece, em terceiro lugar, que respeitemos oque pertence pessoalmente a nossos pais e o que eles podem e devem fazer sozinhos.

Receber e exigir

A ordem do amor entre pais e filhos envolve ainda um quarto elemento. Os pais são grandes,os filhos pequenos. Assim, o certo é que os pais dêem e os filhos recebam. Pelo fato dereceber tanto, o filho sente a necessidade de pagar. Dificilmente suportamos quandorecebemos algo sem dar algo em troca. Mas, em relação a nossos pais, nunca podemoscompensar. Eles sempre nos dão muito mais do que podemos retribuir.

Alguns filhos querem escapar da pressão de retribuir e dos sentimentos de obrigação ou deculpa. Eles dizem então: "Prefiro nada receber, assim não sinto obrigação nem culpa". Essesfilhos se fecham para seus pais e, nessa mesma medida, sentem-se pobres e vazios. Pertenceà ordem do amor que os filhos digam: "Eu recebo tudo com amor". Assim, eles irradiamcontentamento para os pais, e estes percebem a felicidade deles. Esta é uma forma de receberque é simultaneamente uma compensação, porque os pais se sentem respeitados por essereceber com amor. Eles dão, então, com um prazer ainda maior.

Quando, porém, os filhos dizem: "Vocês têm que me dar mais", o coração dos pais se fecha.Por causa da exigência do filho, eles não podem mais cumulá-lo de amor. Este é o efeito detais reivindicações. Esse filho, por sua vez, mesmo quando recebe alguma coisa, nãoconsegue tomar o que exigiu.

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A equiparação

A verdadeira equiparação entre o dar e o tomar na família consiste em passar adiante o dom.Quando a criança diz: "Eu tomo tudo, e quando eu crescer, eu darei por minha vez", os paisficam felizes. A criança, no seu dar, não olha para trás, mas para frente. Os pais fizeram omesmo. Eles receberam de seus pais e deram a seus filhos. Justamente pelo fato de teremrecebido tanto, sentem-se pressionados a dar, e podem igualmente fazê-lo.

Até aqui, falei das ordens do amor entre filhos e pais.

O grupo familiar

Entretanto, nossa vinculação não se limita aos pais. Pertencemos também a um grupo familiar,a uma estirpe, um sistema maior. O grupo familiar se comporta como se fosse dirigido por umainstância comum e superior. Ele é comparável a um bando de pássaros em formação. Derepente, todos mudam a direção do vôo, como se tivessem sido movidos por uma forçasuperior comum.

No grupo familiar, essa instância superior atua quase como um comando (Gewissen) interiorpartilhado por todos, e que atua de modo amplamente inconsciente. Reconhecemos as ordensa que obedece pelos bons efeitos de sua observância e pelos maus efeitos de sua violação.

Quero citar, para começar, o círculo de pessoas que são abarcadas e dirigidas por essecomando interior (Gewissen), cuja amplitude podemos reconhecer por seus efeitos. Estão neleincluídos:

Todos os filhos, inclusive os que morreram ou foram abortados;

Os pais e todos os seus irmãos;

Os avós;

Eventualmente, algum bisavô ou até mesmo um antepassado ainda mais distante,principalmente se teve um destino mau.

Incluem-se ainda pessoas sem relação de parentesco, a saber, aquelas de cuja morteou infelicidade pessoas da família se beneficiaram, como são, por exemplo, antigosparceiros dos pais e dos avós.

O direito de pertencer

No interior de cada grupo familiar, vale a ordem básica, a lei fundamental: todas as pessoas dogrupo familiar possuem o mesmo direito de pertencer. Em muitas famílias e grupo familiares,determinados membros são excluídos. Alguns dizem, por exemplo: "Esse tio não vale nada, elenão pertence a nós", ou então: "Dessa criança ilegítima nada queremos saber". Com isso,recusam a essas pessoas o direito de pertencer.

Existem também os que dizem: "Sou católico, você é evangélico. Como católico, tenho maisdireito de pertencer que você". Ou inversamente: "Como protestante, tenho mais direito, porqueminha fé é mais verdadeira. Você é menos crente do que eu, portanto tem menos direito depertencer". Isto não é hoje tão freqüente como antigamente, mas ainda acontece.

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Ocorre ainda, quando um filho morre prematuramente, que seus pais dão seu nome ao filhoseguinte. Com isto, estão dizendo ao primeiro: "Você não pertence à família. Temos umsubstituto para você". Assim o filho morto não conserva nem mesmo o seu próprio nome. Comfreqüência, não é mais contado nem mencionado. Assim lhe é negado e retirado o direito depertencer.

O excesso de moral de alguns, que se sentem melhores e superiores a outros, na práticasignifica dizer-lhes: "Tenho mais direito de pertencer que você". Ou, quando alguém condenauma pessoa ou a considera má, praticamente está lhe dizendo: "Você tem menos direito depertencer do que eu". "Bom" significa então: "Tenho mais direitos", e "mau" significa: "Você temmenos direito".

Os excluídos são representados

Essa lei fundamental, que assegura a todos o mesmo direito de pertencer, não tolera nenhumaviolação. Quando isso acontece, existe no sistema uma necessidade inconsciente decompensação, que faz com que os excluídos ou desprezados sejam mais tarde representadospor algum outro membro da família, sem que essa pessoa tenha consciência do fato.

Quando, por exemplo, um homem casado se relaciona com outra mulher e diz à própriaesposa: "Não quero mais saber de você", inventando falsas razões e cometendo injustiçacontra ela, e depois se casa com a segunda mulher e tem filhos com ela, sua primeira mulherserá representada por um desses filhos. Uma menina, por exemplo, combaterá o pai com omesmo ódio da parceira rejeitada, sem que tenha a menor consciência dessa representação.Aqui atua uma força secreta de compensação, para que a injustiça feita à primeira pessoa sejavingada por uma segunda.

Muitos acontecimentos infelizes na família como, por exemplo, desvios de comportamento dosfilhos, doenças, acidentes e suicídios acontecem pelo fato de que um filho inconscientementerepresenta um excluído e quer dar-lhe reconhecimento. Nisso se revela ainda uma outrapropriedade da instância superior. Ela faz reinar justiça para com aqueles que vieram antes einjustiça para os que vêm depois.

A solução

A solução de um tal emaranhamento torna-se possível quando a ordem básica é restabelecida,isto é, quando os excluídos voltam a ser acolhidos e respeitados. Neste caso, por exemplo, asegunda mulher deveria dizer à primeira: "Eu tenho este homem às suas custas. Eu honro istoe reconheço que foi feita injustiça a você. Por favor, queira bem a mim e a meus filhos". Destaforma, a primeira mulher é respeitada. Nas constelações familiares, pode-se perceber entãocomo se relaxa o rosto da primeira mulher, como ela se torna amigável pelo fato de serrespeitada. Com isso, é reconhecido o seu direito de pertencer.

A solução exige também que a menina, que imita essa mulher, lhe diga interiormente: "Eupertenço apenas à minha mãe e ao meu pai. Aquilo que se passou entre vocês adultos nãotem nada a ver comigo". Ela diz a seu pai: "Você é meu pai, e eu sou sua filha. Por favor, olhe-me como sua filha". Então o pai não precisa mais ver nela sua ex-mulher, não precisa mais sedefrontar com o ódio ou a tristeza que ela possa ter. Ou, se ele ainda a ama, não precisa ver acriança como sua amante, mas apenas como sua filha. Então a criança pode ser a filha, e o paipode ser o pai.

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A criança precisa também dizer ao pai: "Esta aqui é a minha mãe. Com sua primeira mulhernão tenho nada a ver. Eu tomo esta como minha mãe. Esta é para mim a certa". E então elaprecisa dizer à mãe: "Com a outra mulher eu nada tenho a ver". De outra forma, essa criançase tornará uma rival da mãe, e não poderá ser filha. Talvez a mãe veja nela inconscientementea outra mulher, e então mãe e filha entram em conflito como se fossem duas amantes rivais.Mas quando a criança diz: "Você é minha mãe e eu sou sua filha, com a outra não tenho nadaa ver. Eu tomo você como minha mãe", então a ordem é restabelecida.

Existem contudo emaranhamentos bem mais complicados. Quando, por exemplo, numafamília, um filho morre prematuramente, os filhos sobreviventes carregam muitas vezes umsentimento de culpa pelo fato de estarem vivos, enquanto seu irmão está morto. Acreditamque, por estarem vivos, possuem uma vantagem sobre o irmão falecido. Então eles queremcompensar isto, por exemplo, deixando-se ficar mal, adoecendo ou mesmo desejando morrer,sem que saibam por quê.

Aqui pertence à ordem do amor que eles digam interiormente ao irmão morto: "Você é meuirmão (minha irmã). Eu respeito você como meu irmão (minha irmã). Você tem um lugar emmeu coração. Eu me curvo diante do seu destino, da forma como lhe aconteceu, e digo sim aomeu destino, da forma como me foi determinado". Então a criança morta é respeitada, e a outrapode permanecer viva sem sentimento de culpa.

A imagem mágica do mundo e suas conseqüências

Por trás da necessidade de compensação, que faz adoecer, atua uma fantasia mágica, asaber, que eu posso salvar uma outra pessoa de seu pesado destino, desde que eu tometambém algo de pesado sobre mim. É o caso da criança que diz à mãe gravemente doente:"Antes eu adoeça do que você. Antes morra eu do que você". Ou ainda, quando a mãe querabandonar a vida, um filho se suicida, para que a mãe possa ficar viva.

Um exemplo disto é a magreza compulsiva. O anoréxico vai se tornando cada vez menor,desaparece, por assim dizer, até a morte. Em sua alma, essa criança diz a seu pai ou a suamãe: "Antes desapareça eu do que você". Aqui atua um amor profundo. Mas quando a criançamorre, qual é o efeito desse amor? Ele é totalmente inútil.

Quando trabalho com uma pessoa com essa compulsão, faço que olhe nos olhos de seu pai oude sua mãe e diga: "Antes desapareça eu do que você". Quando ela os encara nos olhos aponto de realmente os ver, ela não consegue mais dizer essa frase, porque percebe que o paiou a mãe não aceitará isto dela. É que o amor mágico desconhece o fato de que também aoutra pessoa ama e que ela recusaria isto, independentemente da inutilidade de tal amor.

Quando a mãe morre no nascimento de uma criança, é muito difícil para essa criança tomar asua vida. Ela precisaria encarar a mãe nos olhos e dizer: "Mamãe, mesmo por este alto custoeu tomo esta vida e faço algo de bom com ela, em sua memória. Você precisa saber que nãofoi em vão". Isto é amor, num nível mais elevado. Ele exige o abandono da fantasia mágica depoder interferir no destino de outra pessoa e mudá-lo. Ele exige a passagem de um amor quefaz adoecer para um amor que cura.

A fantasia do amor mágico está associada a uma presunção, a um sentimento de poder esuperioridade. A criança realmente acha que, através de sua doença e de sua morte, podesalvar da morte outra pessoa. Renunciar a essa idéia só é possível pela humildade.

Até aqui falei da ordem do amor na relação entre filhos e pais.

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Homens e Mulheres

Quero também dizer mais alguma coisa sobre a ordem do amor na relação do casal. Este temanos fala mais de perto. Muitos se envergonham disso, como se fosse algo que a gente deveriaocultar. Aquilo que diferencia os homens das mulheres, que realmente os diferencia, éescondido. Ou, pode-se dizer também, é protegido. Pois é o lugar onde cada um é maisvulnerável. É o lugar próprio da vergonha. Vergonha significa, neste contexto, que eu guardoalguma coisa, para que nada de mau aconteça. E é o lugar onde nos sentimos mais entregues.

Alguns falam depreciativamente do instinto sexual e esquecem que ele é a força real e maisprofunda, que tudo mantém unido e dirige, que toma cada pessoa a seu serviço, sem que elapossa se defender. Pela pura razão, ninguém se casaria ou teria filhos. Só esse instintoconsegue isso. É através dele que estamos em sintonia mais profunda com a alma do mundo.Esse instinto é o que existe de mais espiritual. Todo entendimento e toda consideração racionalempalidecem diante da força que atua por detrás desse instinto.

A ordem do amor entre homem e mulher exige portanto, em primeiro lugar, que o homemadmita que lhe falta a mulher, e que ele, por si só, jamais poderá alcançar o que uma mulhertem. E exige igualmente que a mulher admita que lhe falta o homem, e que ela, por si só,jamais poderá alcançar o que o homem tem. Então ambos se experimentam como incompletose admitem isto.

Quando o homem admite que precisa da mulher e que só através dela se torna um homem, equando a mulher admite que precisa do homem e só através dele se torna uma mulher, entãoessa carência os liga um ao outro, justamente pelo fato de a admitirem. Então o homem recebeo feminino como presente da mulher, e a mulher recebe o masculino como presente dohomem.

Imaginem agora um homem que desenvolve em si o feminino e uma mulher que desenvolveem si o masculino, como muito considera ideal. Se esse homem quiser se ligar a essa mulher,qual será a profundidade dessa relação? No fundo, eles não precisam um do outro.Inversamente, quando o homem renuncia ao feminino e a mulher ao masculino, então elesprecisam um do outro e isto os mantém juntos.

O vínculo

Quando o homem e a mulher se aceitam mutuamente como tais, a consumação de seu amorcria um vínculo. Esse vinculo é indissolúvel. Isto nada tem a ver com a doutrina moral da Igrejasobre a indissolubilidade do matrimônio. A realização do amor cria uma ligação,independentemente do casamento e de qualquer rito externo.

A existência de uma tal ligação é percebida pelos seus efeitos. Por exemplo, o homem que sesepara levianamente de uma parceira a quem estava vinculado dessa forma pela consumaçãodo amor, via de regra não conseguirá conservar uma segunda parceira num outrorelacionamento. Pois esta percebe o seu vínculo com a parceira anterior, e não ousa tomá-loplenamente. Quando um homem abandona uma mulher e se casa de novo, talvez sua segundamulher se considere melhor que a primeira e diga: "Agora eu o tenho para mim". Ela entretantoo perderá. Nesse próprio triunfo o perde, pois reconhece o vínculo desse homem com a suaprimeira mulher.

Então ela não o assumirá completamente. Nas constelações familiares, pode-se perceber queuma segunda mulher se distancia um pouco do homem. Ela não ousa colocar-se perto dele,pelo fato de não ser sua primeira ligação, mas a segunda.

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A profundidade de um tal vínculo pode ser avaliada pelo seu efeito. A separação do primeiroamor é a mais difícil de se conseguir. É a mais dolorosa. Quando uma segunda ligação sedesfaz, a dor é menor. Numa terceira, é ainda menor.

Essa ligação não é porém sinônimo de amor. O amor pode ser pequeno e o vínculo profundo.Inversamente, o amor pode ser profundo e a ligação pequena. O vínculo se origina do atosexual. Por isto, ele também nasce de um incesto ou de um estupro. Para que mais tarde umanova ligação seja possível, é preciso que a primeira seja corretamente resolvida. Ela éresolvida quando é reconhecida e quando é honrado o respectivo parceiro. Quem amaldiçoa oprimeiro vínculo impede uma ligação ulterior.

A ordem de precedência

O fruto do amor entre o homem e a mulher é os filhos. Também aqui é importante observaruma ordem do amor, uma ordem de precedência no amor. Ela se orienta pelo começo. Istosignifica que o que vem antes tem, via de regra, precedência sobre o que vem depois. Numafamília, existe primeiro o casal homem-mulher. Seu amor funda a família. Por isso, seu amorcomo homem e mulher tem precedência sobre tudo o que vem depois, portanto, sobre seuamor de pais por seus filhos. Muitas vezes acontece nas famílias que os filhos atraem sobre sitoda a atenção. Então os pais não são antes de tudo um casal, mas pais. Com isto os filhosnão se sentem bem.

Quando a relação do casal tem prioridade, o pai diz a seu filho: "Em você, eu respeito e amotambém a sua mãe". E a mãe diz ao filho: "Em você, eu respeito e amo também o seu pai". E amulher diz ao homem: "Em nossos filhos, eu respeito e amo a você". E o homem diz à mulher:"Em nossos filhos, eu respeito e amo a você". Então o amor dos pais é a continuação do amordo casal. Este tem a prioridade. Os filhos então se sentem muito bem.

Várias famílias são segundas e terceiras famílias, quando o homem e a mulher já eramcasados anteriormente e trouxeram filhos do matrimônio anterior. Como é então a ordem deprecedência?

Eles são primeiramente pai e mãe de seus próprios filhos, e só depois disso constituem umcasal. Por conseguinte, seu amor como casal não pode continuar nos filhos, pois já foram paisanteriormente. Então, o novo parceiro deve reconhecer que o outro é, em primeiro lugar, pai oumãe dos próprios filhos, e que seu maior amor e sua maior força fluem para eles e, neles,naturalmente, também para o parceiro anterior. Só então seu amor e sua força fluem para onovo parceiro. Quando ambos os parceiros reconhecem isto, seu amor pode ser bem sucedido.Quando, porém, um parceiro diz ao outro: "Eu tenho prioridade em seu amor, e só então vêmseus filhos", a relação fica em perigo. Essa situação não se mantém por longo tempo.

Se eles mais tarde têm filhos em comum, então são, em primeiro lugar, pai e mãe dos filhos doprimeiro casamento; em segundo lugar, são uns casais e, em terceiro lugar, são pais de seusfilhos comuns. Esta seria a ordem, neste caso. Quando se sabe disto, pode-se resolver ouevitar conflitos em muitas famílias.

Falei até aqui sobre algumas ordens do amor na relação entre o homem e a mulher. Paraterminar, contarei a vocês uma história sobre o amor. Ela é assim:

Dois modos de ser feliz

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Antigamente, quando os deuses ainda pareciam bem próximos dos homens, viviam numapequena cidade dois cantores que se chamavam Orfeu.

Um deles era o grande. Tinha inventado a cítara, um tipo primitivo de guitarra. Quando tocavao instrumento e cantava, toda a natureza ficava enfeitiçada em torno dele. Animais ferozes sedeitavam mansamente a seus pés, árvores altas se inclinavam para ele: nada podia resistir aseus cantos. Pelo fato de ser tão grande, ele conquistou a mais bela mulher. E aí começou adescida.

Enquanto ele ainda festejava o casamento, morreram a bela Eurídice, e a taça cheia, que eleerguia nas mãos, se partiu. Contudo, para o grande Orfeu, a morte ainda não foi o fim. Com aajuda de sua arte requintada, encontrou a entrada para o mundo subterrâneo, desceu ao reinodas sombras, atravessou o rio do esquecimento, passou pelo cão dos infernos, chegou vivodiante do trono do deus da morte e o comoveu com seu canto.

A morte liberou Eurídice -- porém sob uma condição, e Orfeu estava tão feliz que não percebeuo que se escondia por trás desse favor. Orfeu pôs-se a caminho de volta, ouvindo atrás de sios passos da mulher amada. Passaram ilesos pelo cão de guarda do inferno, atravessaram orio do esquecimento, começaram os caminhos para a luz, que já viam de longe. Então Orfeuouviu um grito - Eurídice tinha tropeçado - horrorizado, ele se voltou, viu ainda a sombra delacaindo na noite e ficou sozinho. Esmagado pela dor, ele cantou sua canção de despedida: "Aide mim, eu a perdi, toda a minha felicidade se foi!"

Ele próprio voltou à luz. Entretanto, no reino dos mortos, passara a estranhar a vida. Quandomulheres ébrias quiseram levá-lo à festa do novo vinho, ele se recusou, e elas odespedaçaram vivo.

Tão grande foi sua desgraça, tão inútil foi sua arte. Entretanto, todo o mundo o conhece.

O outro Orfeu era o pequeno. Era apenas um cantor de rua, aparecia em pequenas festas,tocava para gente humilde, alegrava um pouco e curtia isso. Como não conseguia viver de suaarte, aprendeu um ofício comum, casou-se com uma mulher comum, teve filhos comuns, pecoueventualmente, foi feliz de modo comum, morreu velho e satisfeito da vida.

Entretanto, ninguém o conhece - exceto eu!

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Original: Wie Liebe gelingt,

Palestra proferida por Bert Hellinger, em S.Paulo, Agosto de 1999 em original manuscrito.

Tradução: Anand Udbuddha (Newton Queiroz) , Rio de Janeiro

Revisão: Mimansa Érika Farny, Caldas Novas

Novembro de 2000

Sobre a Teoria, o Conteúdo e o Método dasConstelações Familiares

© Jakob Robert Schneider

Abordarei a seguir, de uma perspectiva pessoal, alguns aspectos do trabalho comconstelações familiares que podem ser socialmente desafiadores. Deixo ao leitor discernir o

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que nisso é realmente novo e leva a novos modelos da ajuda, e o que apenas provoca osespectadores, embora já goze, de longa data, de aceitação geral.

A CONSTELAÇÃO FAMILIAR

Para o nosso entendimento de processos psíquicos, a vivência de constelações é de fatodesafiante. Até mesmo consteladores experimentados se surpreendem sempre com o quenelas observam e experimentam. Como é possível que os representantes se sintam, falem eapresentem sintomas como os membros da família, embora não os conheçam e disponham depouca ou nenhuma informação sobre eles? Para esse fenômeno ainda não temos explicação,muito menos uma explicação científica. Mas nos espantamos, descrevemos os processos eprocuramos, às vezes, imagens ou modelos que os façam aparecer como compreensíveis ecomunicáveis, sem postular explicações precipitadas.

Talvez a explicação mais simples seria esta: o cliente exterioriza sua imagem interna, e aposição dos representantes reproduz uma certa estrutura de relacionamento que estáarquivada em nosso aparelho de percepção, com sua respectiva dinâmica. Mas como seexplica que os representantes sintam coisas tão diversas em constelações de configuraçõessemelhantes ou mesmo idênticas? Por que razão surgem nas constelações processos quetocam emocionalmente o cliente e fazem sentido para ele, mesmo quando o terapeuta escolhee coloca os representantes, ou quando se coloca apenas uma pessoa - para não falar daschamadas "constelações invisíveis" -?

Uma teoria bem aceita entre os círculos de consteladores é a de Ruppert Sheldrake e seus"campos morfogenéticos". Entretanto, mesmo ela só nos fornece até o momento umaexplicação de caráter mais metafórico. Mas a falta de uma explicação científica para umfenômeno observável não prova a inexistência desse fenômeno. As observações de uma"participação psíquica" para além das informações comunicadas são tão numerosas e tãoindependentes da experimentação dos consteladores individuais que também pode ser útil aobservação atenta de pessoas externas à "cena".

Por exemplo, um representante coloca de repente as mãos nos ouvidos e diz: "Não estouescutando nada" e o cliente que colocou as pessoas diz, estupefato: "Meu irmão, quando erapequeno, ficou soterrado na guerra e desde então ficou surdo". O que acontece num casocomo este?

Outro exemplo: O representante do irmão de uma cliente é introduzido na constelação dela, e arepresentante da cliente exclama: "Não tenho mais o antebraço", e a cliente exclama,espantada: "Meu irmão teve de amputar o antebraço aos vinte anos depois de um acidente". Oque explica este caso?

Mais um exemplo: Numa constelação, o representante do avô da cliente leva ambos os braçosao rosto. Perguntado sobre o que acontece, responde: "Algo me atinge os olhos e me arrancaa cabeça". Com efeito, esse avô, quando mostrava à sua tropa como desarmar uma granada, afizera explodir por descuido e ela lhe arrancou a cabeça. E não foi dada informação préviasobre esse fato.

Tais exemplos poderiam prosseguir indefinidamente. Naturalmente, tais observaçõesdramáticas não constituem a regra nas constelações, porém são suficientemente freqüentespara gerar confiança no que se manifesta nelas.

Um professor que veio participar de grupo com ceticismo, escreveu posteriormente numa carta:"... Embora me pareça haver muito de verdade na forma de ver o mundo como uma união dealmas, na necessidade de intervir reconciliando e de proporcionar a cada criatura seu lugar

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condigno, parece-me um mistério que pessoas estranhas fiquem disponíveis e caiam em blocosob o feitiço de pessoas inteiramente desconhecidas, comportando-se como elas. Minhaprópria constelação atestou isso, na medida em que os representantes agiram de um modoincrivelmente "autêntico", inclusive em alguns detalhes que não puderam perceber de nossaconversa preliminar, por exemplo, a reação de minha filha..." Todos os consteladoresconhecem declarações e surpreendentes concordâncias como esta, mas essas experiênciasnão são constituem provas. Seria preciso sermos cegos se pretendêssemos simplesmenteignorar esses fenômenos que questionam nosso entendimento atual de processos deinformação.

Explicar os fenômenos das constelações como frutos de sugestão pelo constelador ou comouma espécie de mágica de grupo ou mesmo como charlatanismo seria igualmente precário.Presume-se que, dentro de prazos previsíveis, os cientistas irão examinar em que medida orecurso à constelação será válido para a pesquisa socio-psicológica e para os processosterapêuticos, e irão desenvolver novas teorias, talvez fundamentadas, sobre essa difusão deinformação em contextos anímicos e comunicativos. Também em muitos domínios das ciênciasnaturais a teoria freqüentemente se segue à observação. A falta de uma teoria não significaainda que estamos nos movimentamos em áreas esotéricas. Além do mais, muitas teorias atéaqui não confirmadas da moderna física, por exemplo, a teoria dos universos paralelos, fazemum efeito bem mais espetacular e "esotérico" do que o que observamos nas constelações.

A ALMA – O "CAMPO DOTADO DE SABER"

As constelações familiares se referem de uma nova maneira àquilo que chamamos de "alma".Podemos denominar assim a força invisível que animando (ou pelo menos no mundo animado;congrega partes num todo de uma tal maneira que o todo é mais do que a soma das partes ede suas funções dentro dele. A alma não se identifica com nossa consciência, pois inclui oinconsciente. E não se identifica com os processos fisiológicos e físicos em nosso corpo e emnosso cérebro, embora esteja inseparavelmente unida a eles. Não se identifica tampouco comnossos sentimentos, embora o sentir seja o modo de expressão por onde se experimenta aalma.

Ela é antes como o espaço ou o campo que une, ultrapassando espaço e tempo, tudo o queconstitui uma pessoa, criando uma identidade. A abordagem típica da ciência natural atual, quebusca o que "não difere", a saber, as partes e partículas e suas mútuas conexões, exclui porseu próprio método a possibilidade de descobrir uma alma. Porém nossa experiênciaquotidiana se dirige ao que é "mais do que". Não há conversa, nem arte, nem política, nem vidade relacionamento sem participação da alma. Como a experiência psíquica não pode serreduzida ao que material e quantificável, a língua desenvolveu "palavras da alma" comoliberdade, paciência, espírito, coragem, amor, etc. O que entendemos por "amor" não pode seradequadamente entendido a partir de genes ou de funções do cérebro.

Sabemos que para falar dos domínios da alma dependemos de imagens, metáforas,imprecisões, vivências, experiências, intuições perceptivas, bem como da função anímica daavaliação sensitiva e de coisas semelhantes. Por mais que as ciências da natureza nos ajudemcom seus conhecimentos e nos obriguem, por exemplo, a repensar nossa liberdade dedecisão, a ocupação com a alma, que ultrapassa o âmbito da experiência da vida, pertencemais às ciências do espírito ou à psicologia como ciência do espírito. O trabalho com asconstelações familiares se apresenta no concerto da teoria e da prática psicológica modernasde um modo amplo e desafiador, descortinando a alma redescoberta e suas leis.

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Da mesma forma como em nossa alma pessoal somos maiores do que aquilo que percebemosconscientemente em nós, assim também em todos os níveis de relações estamos envolvidosem contextos maiores, formados, em termos anímicos, por "espaços" ou "campos" (tomadoscomo metáforas), que juntam as partes para constituir algo "mais" e "maior": uma uniãofamiliar, um grupo de amigos, uma empresa, uma comunidade social, um Estado - que seintegra na natureza e no cosmo como um todo. Essa nossa vinculação, em sua grandeza etotalidade, recebe freqüentemente de Bert Hellinger a denominação de "grande alma". Isso nãosignifica para ele algo místico ou do além, mas a totalidade da existência individual e coletiva,que justamente através das conquistas das ciências naturais nos aparece de modo cada vezmais misterioso, nos sustentando, ligando e talvez mesmo dirigindo.

Entre os consteladores também existem divergências sobre a conveniência e a medida em quese falar de alma. Para alguns isso envolve uma carga excessivamente mística ou religiosa.Outros não partilham essas restrições. Pois diariamente, ao abrirmos um jornal ou revista,lemos em diversos artigos, seja na política, na economia ou na parte esportiva a palavra "alma"num contexto imediatamente inteligível para cada caso. Por exemplo, em manchete: "O templode Ankor e a alma ferida do Camboja: em busca de nossa identidade".

Quando se fala de "alma", seja no trabalho com as constelações, seja de modo geral napsicoterapia ou na vida quotidiana, isso não acontece com ânimo anti-científico. Um consultorfamiliar não pode esperar que a ciência natural lhe forneça dados e métodos exatos,cientificamente comprovados e universalmente reconhecidos, para a solução de conflitosconjugais. Ele trabalha de uma forma mais ampla, orientado por vivências e pelas "regras daalma". Uma das realizações de Bert Hellinger é ter condensado e desenvolvido um modelopreexistente de constelações familiares, reduzindo ao essencial, de uma forma experimentável,os processos anímicos e os complexos contextos de relações, e abrindo o acesso a mudançasprofundas na alma. Quem se disponha a nisso pode comprová-lo pela própria prática dopróprio Bert Hellinger, amplamente documentada, e de milhares de consultores e terapeutas.

O SISTEMA

Por ocasião do aconselhamento matrimonial, no mais tardar, percebe-se que o modelopuramente causal de explicação não é mais utilizável quando ouvimos um dos parceiros e lhedamos razão, e ouvimos o outro parceiro e igualmente lhe damos razão. As dinâmicas dorelacionamento e os processos da alma são contextos altamente complexos, que não podemser suficientemente apreendidos recorrendo a explicações e conexões causais lineares. Poresta razão, já vem sendo colocada há mais tempo no domínio psicossocial a seguinte questão:"Como é possível intervir adequadamente nos sistemas de relação sem se deixar apanhar nasarmadilhas do pensamento e do discurso causal, mas respeitando ao mesmo tempo adeterminação estrutural dos sistemas vivos? A psicoterapia sistêmica de enfoque construtivistaencontrou para isso um caminho muito elegante. Ela utiliza a estrutura causal da linguagem,por exemplo, por melo de perguntas circulares, de tal maneira que uma família já nãoconsegue manter facilmente as descrições causais que sustentam o comportamentosintomático. O sistema de relações é estimulado por meio de perguntas hipotéticas adesenvolver por si mesmo comportamentos novos e mais funcionais para a vida familiar.

Em que medida a constelação familiar é um método sistêmico? Primeiramente, ela percebe ocliente, desde o início, em conexão com as pessoas relevantes de seu campo relacional. Asconstelações permitem experimentar imediatamente como o comportamento humanoapresenta uma multiplicidade dos aspectos cambiantes, conexões e interações. Até omomento, nenhum outro método visando informação e intervenção possui uma perspectivasistêmica tão ampla como as constelações familiares, abrangendo gerações, embora se deva

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também mencionar Ivan Boszormenyi Nagy, Helm Stierlin e outros, que direcionaram a terapiasistêmica familiar para uma perspectiva multigeneracional.

O simples significado do "emaranhamento" basta para mostrar que nas constelações não semanifestam apenas os fenômenos individuais causais lineares do relacionamento. O olhar parao enredamento de destinos e para o efeito de eventos traumáticos nos sistemas familiares,freqüentemente através de várias gerações, ampliou e aprofundou, de modo impressionante, opensamento sistêmico e o correspondente procedimento terapêutico. Nenhum método napsicoterapia conseguiu até hoje, como as constelações familiares, tornar visíveis eexperimentáveis os processos de compensação sistêmica que atravessam gerações,colocando à disposição os procedimentos específicos adequados. A complexidade do queacontece em relacionamentos humanos não contradiz a ação de regularidades nosrelacionamentos. O bater das asas da borboleta, utilizado como exemplo na Teoria do Caos,introduz, é certo, alguma incerteza no evento climático, mas não anula suas regularidades e asforças que atuam no conjunto. Para dizer de outra forma: pertence à essência da sabedoriaque ela é capaz de articular inteligentemente e de modo esclarecedor a regularidade e asingularidade da situação individual.

Em segundo lugar: Uma constelação se compõe de imagens. Os sistemas, na medida em quenão podem ser descritos de um modo causal, só podem ser expressos por meio de imagens,linguagem imaginativa e histórias. Através de uma imagem, um grande número de informaçõese de processos pode ser percebida simultaneamente e como um todo. Desta maneiraprocedemos constantemente de forma sistêmica em nossa percepção. Dificilmente um métodoterapêutico utilizará isso de uma forma processual e mais concentrada do que as constelaçõesfamiliares.

As frases de ligação e solução, às vezes ritualizadas, atuam igualmente associadas a imagens.Uma constatação ou descrição causal obtida a partir do que acontece numa constelação servepara trazer à luz uma 'verdade", mas não é essa verdade. Observações gerais deconsteladores, por exemplo, sobre anorexia, câncer ou psicoses, não são modelos causais deexplicação - mesmo quando são apresentadas como tais -, mas indicações, adquiridas porexperiência, destinadas a instigar no cliente uma atitude de busca que o leve adiante e façadescobrir. Uma - impossível - dissolução do que acontece na constelação em passosindividuais de causação linear atuaria justamente como obstáculo para a sua eficácia. Asconstelações, pelo menos de consteladores experimentados, estão se tornando cada vezmenos faladas e comentadas, e confiam cada vez mais no que as pessoas podem ver.Portanto, a dinâmica sistêmica não é ocultada, soterrada ou coarctada pelas palavras. Aevidência sistêmica se introduz na alma do cliente e pode "vibrar em uníssono" no consteladore nos participantes do grupo, justamente porque não é fragmentada em observaçõesindividuais e em argumentos "compreensíveis" que seriam - justamente - passíveis de crítica.

FENOMENOLOGIA E VERDADE

0 que significa "verdade" numa constelação? Seria uma grande incompreensão do queacontece nela tomá-la como concordância entre a realidade objetiva e o conhecimento, oucomo sua expressão em linguagem. A verdade nas constelações é antes comparável àverdade de uma peça teatral. Ela se faz presente, de forma algo condensada, na imagem e nalinguagem, permitindo que venha à luz a realidade oculta. As constelações não são umareprodução da realidade de um relacionamento. Elas desvelam uma realidade, no sentido doconceito grego de verdade (alétheia). Esta é também a essência da arte. E, como muitasformas de terapia ou de aconselhamento, as constelações dão muitas vezes um passo além

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disso. Elas ajudam a assumir a realidade, tal como ela se apresenta e atua, e a preenchê-lacom amor.

Fenomenologia significa, de modo geral, perceber e descrever a realidade tal como ela semanifesta. Num sentido filosófico mais elaborado, a fenomenologia se refere a uma forma deexperiência, em que a realidade - através de sua forma de manifestação - se dá a conhecer emsua essência, seu sentido e seu ser mais profundo. A percepção fenomenológica é nossoúltimo recurso quando queremos olhar para fenômenos da alma que se ocultam por trás dasuperfície de suas aparências. Quem busca ajuda precisa de um conselho ou de uma terapiapara encarar o que ele não pode saber, e para entendê-lo em sua razão mais profunda.

Na grande maioria das relações sociais dependemos do conhecimento fenomenológico. Atémesmo uma grande parte de nossas ciências naturais começa por uma visão do fenômeno.Aquilo que se manifesta nas constelações sob a forma de conhecimento fenomenológico só secomprova, em última análise, por seus efeitos e pelo fato de que também outras pessoasvêem, de repente, o que antes estava oculto. Presumir nos participantes de uma constelaçãouma submissão completa ao dirigente do grupo seria enganar-se redondamente. Osparticipantes, em sua maioria, olham com muita atenção o que se passa, e o dirigente do grupocom freqüência percebe isto de imediato quando interpreta erradamente o que acontece naconstelação ou quando faz afirmações implausíveis, contrariando a percepção dosparticipantes e do cliente.

Para ver precisamos de um "artista" que vê o que se esconde na profundidade - e aqui"profundidade" não quer dizer algo místico. Ele é comparável a um rastreador que descobre einterpreta vestígios que permanecem ocultos a um espectador inexperiente. Como BertHellinger e a maioria dos consteladores não realizam controles posteriores sobre o efeito dasconstelações, a percepção dos "rastros" muitas vezes carece de comprovação. Mas existemsuficientes informações de retorno, imediatas ou posteriores, por parte dos clientes, queatestam a veracidade e a eficácia desse rastreamento.

Naturalmente, a contemplação fenomenológica está sujeita a fantasias, interpretaçõesequivocadas, erros, construções mentais e pressões de grupos. Por esta razão, muitosconsteladores se treinam constantemente para voltar a ser receptivos e livres diante darealidade da alma, da forma como ela se manifesta. As constelações requerem uma extremacontenção do terapeuta no que toca a perceber, interpretar e agir. Fenomenologicamenteverdadeiro' é o que se realiza imediatamente numa constelação e, além dela, na vivênciapessoal imediata, e não 0 objeto da crença num terapeuta ou numa instância superior. "Opresente é irrefutável", no dizer de Kafka.

O método fenomenológico aparece como provocante somente quando se aplicam a umadinâmica social padrões científicos inadequados e incompatíveis, ou quando se acredita que averdade pode ser manejada e produzida em discursos, A fenomenologia só é provocante parao puro construtivista que se limita a apurar se "a chave serve", sem reconhecer uma certacognoscibilidade à fechadura e à própria chave. O construtivismo e sua compreensão darealidade se apresenta associado a um impulso ético. Numa entrevista ao jornal Die Zeit, Heinzvon Förster, um dos epígonos do construtivismo, afirmou que seu conceito de verdade é ocontrário da mentira ou da inverdade. Por razões éticas, disse ele, excluiria do dicionário apalavra `verdade", em razão de toda mentira e infelicidade que já aconteceram em nome dela.Perguntado sobre o que lhe restaria nesse caso, respondeu: em lugar da "verdade" (truth), "aconfiança" (trust), a confiança que nasce quando utilizamos nossos olhos e nossos ouvidos.Aliás, esta é uma perfeita descrição da atitude fenomenológica. A ORDEM

As relações não se configuram de um modo caótico e arbitrário, mesmo quando às vezes sãoexperimentadas dessa forma. Como toda realidade, elas se subordinam a determinadasordens. Isto é indiscutível. A questão está em saber como se originam essas ordens e se

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podem ser reconhecidas. Freqüentemente Bert Hellinger e outros consteladores são acusadosde declarar universalmente válidas e tentar impor ordens arcaicas, culturalmente condicionadase há muito ultrapassadas.

Essa crítica parece compreensível à primeira vista, quando, por exemplo, se fala da "hierarquiapela origem", do significado da união conjugal, de uma mudança de nome ou de umareverência aos pais. Estamos acostumados a desconfiar de ordens culturalmentepreestabelecidas e a reivindicar nossa autonomia e emancipação. Quando vemos - e não sóem constelações - o que acontece nas relações, deparamos com algo desafiador, a saber, quenelas atuam forças ordenadoras, ancoradas em nossa alma como uma marca biológica e umarealidade coletivamente ordenada, presente no fundo de nosso inconsciente. Essas forçasestão apenas encobertas devido a nossa evolução em termos individualistas e de razãoesclarecida. Uma das conquistas do trabalho das constelações foi ter nos levado aexperimentar essas ordens ou regulamentações que atuam independentemente de nossopensamento consciente, permitindo-nos assim lidar sabiamente com elas. Entretanto, sãoordens vivas, que estão a serviço da sobrevivência, do crescimento e do progresso nosrelacionamentos. Além disso, são ordens que fazem sentido em termos de evolução. Podemosdescobri-las, direta ou indiretamente, nas descrições da realidade humana presentes naliteratura de todos os séculos.

À semelhança das leis da física, essas ordens de relacionamentos são sempre atuantes. Porexemplo, quem não respeita a lei da gravidade, cai redondamente no chão, porém aquele quea respeita e percebe em conexão com outras leis, pode construir aviões. Assim também asregulações da alma permitem uma série de possibilidades de manipulação, não porém ao bel-prazer.

A hierarquia pela origem, por exemplo, é uma simples ordem básica: primeiro vem quemchegou primeiro, em seguida vem quem chegou depois. Ela vale no interior de um sistemafamiliar e indica a cada um sua posição e seu lugar dentro da família. Primeiro vêm os pais,depois os filhos. Entre os filhos, primeiro vem o mais velho, depois o segundo e o terceiro. Emprimeiro lugar vêm os pais. Isto significa que sua sobrevivência tem precedência sobre asobrevivência dos filhos. Isso é compreensível em função da sobrevivência do grupo, pois asobrevivência dos pais assegura uma nova geração mais rapidamente que a sobrevivência dosfilhos. Todo o restante que faz parte das transformações culturais da hierarquia da origemresulta disso e deve ser medido por sua função original. Entretanto, em épocas desuperpopulação sua avaliação pode obedecer a critérios diferentes.

A hierarquia pela origem é completada pela "hierarquia pelo progresso". Por outras palavras:entre dois sistemas diferentes, o novo sistema tem precedência sobre o anterior. Assim,quando os filhos deixam seus pais e se casam e têm filhos, essa nova família tem precedênciasobre a família de origem. Isso também faz sentido em termos de evolução e de abertura parao futuro.

É sempre emocionante experimentar como são úteis essas ordens, básicas mas fundamentais,para configurar relacionamentos e resolver conflitos. Todo mundo percebe imediatamente, porexemplo, como é útil quando uma mãe grávida diz à sua filha de três anos: "Você vai ganharum irmão. No início eu precisarei cuidar muito dele, do mesmo jeito como você mesmaprecisou muito de mim quando era bebê. Mas você será sempre a minha filha primeira e a maisvelha".

As ordens do amor contribuem para o sucesso dos relacionamentos. Elas são geralmenteimediatamente compreensíveis e fundam numa base confiável as relações entre pais e filhos,homem e mulher, e dentro do clã familiar. Aqui as constelações familiares realmenteproporcionam ajuda e orientação. O grande interesse delas se prende à capacidade desolucionar que possuem as "ordens do amor". Muitas oposições contra essas ordens se

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relacionam menos à emancipação cultural e pessoal do que a outros contextos, muitas vezesinconscientes.

Uma mulher foi a um grupo devido a problemas no casamento. Tinha mantido "naturalmente" oseu sobrenome de solteira e também o filho único conservou o sobrenome da mãe [NaAlemanha apenas se usa o sobrenome paterno, que as mulheres normalmente substituem nocasamento pelo sobrenome do marido, (N.T.)]. Era a mais nova de três irmãs. Quando oterapeuta disse: "Talvez vocês conservaram o seu nome de solteira para que seu pai tivesseum descendente de sua estirpe", - vieram-lhe lágrimas e ela confirmou com a cabeça.

Será mostrado em que medida essas ordens mudam de acordo com a evolução humana. Masdeve ficar claro que a realidade não se orienta de acordo com o nosso arbítrio e a nossaopinião. O movimento ecológico demonstrou que quando nossa ação desrespeita asregulamentações e seus efeitos de longo prazo, ela acarreta resultados danosos e atéfunestos. As "ordens do amor" representam talvez uma transposição do pensamento e da açãoecológica para o domínio das relações. Elas também nos permitem levar em conta em nossosrelacionamentos os efeitos de longo prazo que nosso comportamento produz nas geraçõessubsequentes. Como podemos estruturar nossas relações, de modo que nossos filhos e osfilhos de nossos filhos não precisem pagar o seu preço? Mesmo em nossa época, com toda aaparente amizade pelos filhos, temos a tendência de sacrificá-los não só por necessidade, mastambém por vergonha, medo, interesse próprio e falsa autonomia e emancipação.

O DESTINO

A compreensão de nosso destino e o assentimento a ele estão no cerne do trabalho dasconstelações. Chamamos de destino as forças que, vindas do passado, nos ligaminelutavelmente ao efeito bom ou funesto de certos eventos. O efeito dos acontecimentos nos éimposto, quer o queiramos ou não, e não temos a possibilidade de interferir nele. A força dodestino se revela, em relação a acontecimentos traumáticos numa família, de uma forma àsvezes inquietante. Nas constelações experimentamos constantemente, e de modoimpressionante, que somos muito pouco livres e reeditamos em própria vida, sem o saber nemquerer, destinos passados e acontecimentos dolorosos, numa espécie de compulsão repetitiva.O efeito maior das constelações consiste em nos fazer perceber como, sem necessidadespróprias, revivemos necessidades passadas e não aquietadas de outras pessoas, como se oque passou tivesse de ficar em paz e se tornar definitivamente passado. Este é o pão habitualdo trabalho com constelações.

A concordância com a ligação ao destino significa por acaso fatalismo? De maneira nenhuma.Pelo contrário. É verdade que a configuração de nossa vide pelos destinos anteriores não podeser anulada, mas para o futuro nos tornamos mais livres através do que se mostra nasconstelações. Então o destino alheio poderá ser de algum modo exteriorizado, tornando-seuma interface à qual já não estamos cegamente entregues. Pois a alma não ligaindissoluvelmente a destinos, ela nos libera deles através de um insight, de um movimentopróprio inconsciente ou, às vezes, de um modo totalmente casual (com ou sem constelação).

Numa época em que às vezes julgamos que nossa vida esta completamente em nossas mãos- uma ilusão de muitos individualistas -, o reconhecimento do destino e o assentimento àligação com o destino próprio e alheio constitui um desafio. Tanto nos acostumamos à idéia deuma livre razão e de uma autonomia individual que nos recusamos a reconhecer o que emépocas passadas foi descrito como daimonía e eudaimonía - a triste sina e a felicidadepresenteada. O trabalho das constelações é seguramente uma afronta a uma psicoterapia quevaloriza acima de tudo a autonomia e a emancipação individual e considera a humildade como

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uma submissão. Porém basta ler jornais e romances para perceber como atua o destino ecomo 0 nosso poder e a nossa impotência partilham a realidade.

Muitas pessoas sentem instintivamente como um processo benéfico a reverência diante dodestino ou diante de pessoas a que somos ligados pelo destino. Uma reverência autêntica équase sempre experimentada por nós como solução e liberação. Quem precisa se curvar não éa criança pequena, mas o adulto. E a reverência abarca vários processos: o ato de curvar-se, odeixar que algo morra, e o ato de erguer-se. Bem longe de ser um processo humilhante, areverência exige coragem. Ela proporciona força, alívio da respiração e abertura de espaço.

O destino, como força que inelutavelmente dispõe, não faz caso de nossa vontade: ele a tomade roldão, sem esperar o nosso consentimento. O destino não é uma pessoa, emborafreqüentemente seja representado por uma pessoa nas constelações. É um acontecimentodirecionado a partir do passado, um movimento que nos liga, através da alma, à realidademaior. Quantas vezes os clientes falam de sua luta para não se tornarem iguais a seu pai ou asua mãe, e quantas vezes acrescentam que essa luta resultou em fracasso! Quantos clientesquiseram fazer melhor que seus pais, e quantos confessam que não o conseguiram! Um dosparadoxos da vida humana é que a luta contra o destino nos liga ainda mais a ele, e oassentimento ao destino nos torna mais livres. É como um redemoinho num rio. Quem lutacontra a sua sucção é puxado ainda mais para o interior, e quem sem pânico se entrega à suaforça é muitas vezes impelido para fora.

Reconhecimento do destino não significa entregar-se à doença sem vontade e com resignação.Significa acompanhá-la com as forças do corpo e da alma. Então, como num redemoinho, elassão de novo liberadas da atração da doença ou da morte. Aqui muitas vezes faz sentidoperguntar: O que há na doença que quer curar? Naturalmente, o doente precisa de apoioexterno. E muitas constelações ajudam pessoas enfermas a se confiarem aos serviçosmédicos. Mas as constelações também as fazem confrontar-se com a morte. Uma senhora,gravemente doente de câncer, procurava saber através de uma constelação as causas de suadoença. O representante da morte, colocado diante dela, olhou-a com carinho, colocou-se aolado dela e abraçou-a pelo ombro. Ela se defendeu com lágrimas, mas o representante damorte não cedeu. Dois anos depois, essa senhora escreveu ao terapeuta: "Eu me defendimuito contra a morte, e finalmente a aceitei. Agora ela está a meu lado já há algum tempo, eestou viva". Mas também existe o movimento oposto. Outra mulher com câncer em estadograve, que se sentia fortemente atraída a seguir na morte seu pai, enredado em grave culpa,pediu ao terapeuta que se esforçava por desprendê-la da morte: "For favor, deixe-me ir parameu pai!" Ela se deitou junto do representante do pai, estreitou-o nos braços, sorriu para elecom amor entre lágrimas, até que se acalmou completamente. Na continuação do grupo elaatuou com alegria e energia e colocou muitas questões práticas sobre seu comportamento emrelação ao marido e aos filhos. Notou-se que ela se preparava para sua morte. Que vontadeterapêutica teria aqui a força e o direito de se opor à sua morte?

OS MORTOS

Num filme amador, perguntaram a um curandeiro do Nepal quem procurava um médico emcaso de necessidade, e quem vinha a ele. O curandeiro respondeu que os que tinham doençascomuns procuravam um médico, e aqueles sobre quem pesava a maldição de algum mortovinham até ele. O encontro com os mortos a quem somos existencialmente ligados toma umgrande espaço nas constelações.

Sem constrangimento, os consteladores tomam pessoas vivas para representar mortos, paraque possa ser esclarecido, com seus efeitos, um envolvimento cego ou um seguimento

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amoroso para a morte. Acontecem então impressionantes encontros entre vivos e mortos, esão iniciados curtos diálogos que ajudam a união de corações, a paz recíproca e a liberaçãomútua. Será um fantasma?

Nada sabemos sobre a existência dos mortos em torno de nós ou num outro mundo. Porémtodos sabemos que um laço entre vivos e mortos permanece na alma para além da morte.Falamos com mortos, lembramo-nos deles nos cemitérios ou em discursos, continuamos aamá-los e a temê-los como se não tivessem morrido. Nossas questões existenciais, em suamaioria, abordam, além do amor, a morte. E quem olha em torno com certa atenção podeperceber diariamente como a morte e os mortos sobressaem em nossa vida.

O trabalho das constelações retoma, de uma forma não mágica e realizável pelo homemmoderno, antigos ritos xamânicas em favor da paz entre ritos e mortos. Como é tocantequando numa constelação uma mulher adulta se deita nos braços da mãe que perdeu quandocriança em virtude de um acidente! As emoções da criança, talvez bloqueadas pela carência epela dor, passam a fluir, e o amor e a despedida podem ser agora realmente vividos. Como sesentem aliviados os representantes de mortos que são reconhecidos pela primeira vez comopertencentes à família, ou dos que, porque honrados em seu sofrimento, se livram de umamaldição! Como se sentem liberados os representantes de criminosos ou de vítimas quandosua condição de culpados ou de vítimas já pode ficar com eles e os vivos renunciam a seimiscuir nisso! Como se sentem redimidos os representantes de mortos quando se sentemacolhidos entre outros mortos e já podem realmente ser acolhidos na "grande morte"!

Não é de hoje que tendemos a reprimir a morte e as ligações carregadas de dívidas que poramor, medo ou dor mantemos com os mortos e com as histórias de suas vidas. Isso já é, delonga data, conhecido pela psicoterapia. No decurso de nossa evolução cultural, perdemos oacesso a muitas formas rituais e sociais de superação da morte e de respeito pelosantepassados. Mesmo sem as constelações familiares e muito tempo antes delas existe umprofundo anseio de lidar com o morrer, a morte e os mortos de uma forma liberadora epacificadora. E para isso as pessoas sempre precisaram de um apoio, por exemplo, através deum sacerdote ou com a ajuda da psicanálise ou da assistência ao morrer. Nesse ponto, otrabalho das constelações assume uma necessidade profunda e supre talvez uma lacuna derituais e de luto coletivo.

Além disso, as constelações abrem a perspectiva para o enquadramento psíquico maior doencontro com a morte e com os mortos na alma. Elas fazem ver o fato individual enquantoenquadrado no contexto e na história da família, ou de um grupo de camaradas que viveramjuntos coisas terríveis na guerra, ou no destino comum de perpetradores e vítimas, e sempretranscendendo a morte. Ou elas abrem a alma para a "grande morte". Isto só parece estranhoe até mesmo absurdo quando é encarado de longe e não no contexto da contemplação e daexperiência imediata. Para os clientes envolvidos e os participantes de grupos, o encontroentre vivos e mortos geralmente se realiza como que naturalmente e é muito emocionante ecurativo. E mesmo que não saibamos ao certo o que acontece nas constelações nos domíniosfronteiriços dos vivos e dos mortos, podemos perceber o seu efeito e nos apoiar nisso. Nesteparticular, as constelações atuam como uma "cura de almas". A RECONCILIAÇÃO

A palavra grega therapêuein significa, em sua acepção original, "servir aos deuses". Emboraem nossa época a terapia seja vista de uma forma profana, nela permanece algo do sentidoprimitivo da palavra, na medida em que, decaídos de uma ordem ou abandonado uma opiniãoe um bel-prazer que nos prejudicam, retornamos a uma ordem saudável. Em nosso linguajarcoloquial, exprimimos isso com as palavras: "Preciso pôr alguma coisa em ordem". Os conflitosda alma surgem quando forças contrárias nos dividem inconciliavelmente e conservam-se emoposição irredutível em nós ou entre nós. A psicoterapia é sempre um trabalho de mediação ereconciliação, embora várias tendências terapêuticas tenham enveredado pelo caminhooposto, enfatizando a auto-afirmação, uma perspectiva unilateral da autonomia pessoal, a

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separação e a luta, por exemplo, contra os pais, os destinos funestos ou as pessoasconsideradas más.

Bert Hellinger, ousando chegar a limites extremos, trilhou imperturbavelmente um caminho quepode abrir dimensões novas (ou retomar antigas, de uma nova maneira) para a solução deconflitos e o trabalho de reconciliação.

Os passos para a reconciliação, embora basicamente simples, geralmente nos parecemdifíceis. O procedimento inicial faz com que os perpetradores reconheçam o mal que fizeram àsvítimas. Precisam assumir as conseqüências de suas ações e encarar as vítimas e seussofrimentos. Um segundo procedimento induz as vítimas a encarar os perpetradores e a aceitarsem reservas sua ligação de destino com eles. A vítima precisa abandonar a atitude de sejulgar melhor e de se colocar, mesmo perdoando, acima do perpetrador. Num terceiroprocedimento, tanto as vítimas quanto os perpetradores e os descendentes de ambos honramo acontecimento funesto. Reconhecendo suas oposições, todos eles, em sua condição devítimas ou de perpetradores e com seus sentimentos de vingança e de expiação, se entregama uma força maior que é "indiferente" para com bons e maus, assim como o sol brilha sobreambos, e a morte os trata com igualdade.

A dificuldade de aceitar criminosos em condição de igualdade e em sua dignidade humana éuma experiência comum para os consteladores. Um exemplo: Uma mulher contou que suamãe, quando era jovem, foi violentada e quase morta. Confrontada na constelação com orepresentante do perpetrador, essa mulher gritou para ele, cheia de ódio: "Eu mato você!".Quando o terapeuta observou que sua frase fora a mesma do agressor diante de sua mãe, elaficou profundamente impressionada. Ela viera ao grupo porque os homens sempre aabandonavam, alegando terem medo dela. Vê-se como é difícil conceder ao criminoso umlugar na própria alma e no sistema familiar, e reconhece-lo como equiparado à sua mãe. Àsvezes, as próprias vítimas são mais capazes de fazer isso do que seus amorososdescendentes, que não dispõem dos mecanismos de elaboração da pessoa envolvida, e porisso ficam entregues à indignação ou ao desejo de vingança e de cega compensação.

Outras vezes é mais fácil para os descendentes, devido ao maior intervalo de tempo, atuar nareconciliação, ajudando as almas do agressor e da vítima a se encontrarem face a face e a sereconciliarem. As vezes só resta aos atingidos o esquecimento e, reconciliados ou não, oassentimento e a reverência diante do destino que os associou como vítima e agressor. E aospósteros, só resta às vezes a reverência diante dos antepassados, reconciliados ou não.Talvez eles possam se tomar "permeáveis" a algo maior no que toca ao efeito do destino devítimas e agressores, para que esse efeito possa ser abolido nessa realidade maior.

É o próprio processo da constelação que determina como iniciar a reconciliação ou o que épreciso observar em cada passo. O terapeuta limita-se a olhar e a escutar a alma do cliente ede sua família, abrindo espaço, com suas poucas intervenções, às forças que resolvem osconflitos e atuam de forma reconciliadora. Seja qual for o caso, abuso ou assassinato de filhos,trapaça financeira, paternidade clandestina, traição, atrocidades de guerra, extermínio dejudeus ou terrorismo de qualquer espécie, as constelações mostram uma força incrivelmentereconciliadora e liberadora, em que pesem as imperfeições e as tentativas frustradas,superficiais ou mesmo traumáticas dos consteladores.

Acusar de anti-semitismo ou de tendências fascistas esses procedimentos das constelações éuma atitude absurda e degradante. Que, depois de homenagear as vítimas, também se encarea dignidade dos perpetradores e as fronteiras imprecisas entre criminosos e vítimas, é umaatitude que choca muitas pessoas, e os próprios consteladores enfrentam dificuldades napresença de graves injustiças. Mas quem lê as publicações mais recentes percebe também amanifestação de um novo empenho, não somente para que sejam honradas as vítimas e seudestino, mas também para que os criminosos sejam considerados como seres humanos e seja

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respeitada sua dignidade. Foi um rabino judeu que afirmou: "Não haverá paz até que o últimojudeu faça a oração dos mortos por Hitler". Embora Bert Hellinger e os consteladores nãoestejam sozinhos nesse trabalho de reconciliação que honra tanto as vítimas quanto oscriminosos, o significado do "amor aos inimigos" dificilmente é experimentado no domínio dapsicoterapia e do aconselhamento de forma tão sensível como nas constelações.

Entretanto, não existem realmente diferenças objetivas entre bons e maus? E a observação deque tanto as vítimas quanto os criminosos estão a serviço de um destino maior, não abre ela asportas para a arbitrariedade e a injustiça no comportamento humano? Não podemos dizer quetemos sempre uma resposta para isso, mesmo abstraindo de destinos concretos. Muitas vezes,porém, um primeiro passo importante para a reconciliação e a paz, apesar das oposições emesmo da luta pela própria causa, que freqüentemente é necessária, é reconhecermos oadversário como igual a nós e não nos considerarmos melhores do que ele.

Diariamente experimentamos que a realidade costuma ser maior do que nossa vontade.Mesmo quando criamos uma realidade, nem sempre podemos controlar as conseqüências denossas ações. Um dos efeitos profundos do trabalho das constelações é que nos ajuda aconfiar no desenvolvimento do sentimento humano, para além da culpa e das incriminações,renunciando a flagelar' nossos semelhantes como desumanos. Só entramos em sintonia com arealidade quando também reconhecemos o funesto e o terrível como fazendo parte dela, e lhesdeixamos um lugar. Muitos desenvolvimentos positivos recebem sua força e seudirecionamento desse reconhecimento e respeito pelo terrível.

A AJUDA

Como prestadores de ajuda, somos obrigados a colaborar no desenvolvimento de algo bomque faça progredir aqueles que se encontram em necessidade. A ajuda' é uma faculdade quese baseia em treinamento e experiência [entendida num sentido profissional. (N.T.)]. Estamosacostumados a ver a faculdade terapêutica encaixada em instituições de psicoterapia eaconselhamento e em sua respectiva administração, que velam pelo desenvolvimento dessafaculdade e para impedir abusos em seu exercício. O trabalho das constelações familiares,como originariamente muitos outros métodos de ajuda, se desenvolveu fora da psicoterapiaestabelecida e não reivindica lugar como um método terapêutico reconhecido. O que muitosteóricos e praticantes sentem como afronta no domínio da terapia é a observação de BertHellinger, partilhada por muitos consteladores - não por todos - que o trabalho comconstelações vai muito além da psicoterapia.

Os críticos objetam que com isso se abrem amplamente as portas para tolices esotéricas.Afirmam que o trabalho com as constelações visa realmente efeitos terapêuticos e que por issoele deve sujeitar-se às leis que regulam a terapia e às normas de uma terapia cientificamentecontrolada, ou deve deixar de existir. Neste particular também vem acontecendo importantesdiscussões entre os consteladores, e campo está aberto para o desenvolvimento. As "Ordensda Ajuda" de Bert Hellinger [Publicado no site www.hellinger.com ? existe uma tradução denossa autoria, (N.T.)], que resumem sua longa experiência e suas convicções sobre o tema daajuda, contém matéria explosiva que exerce provocação, tanto sobre a esfera externa quantosobre o "cenário" dos consteladores:

Somente é capaz de ajudar quem assumiu plenamente os próprios pais e a vida. Só é capazde ajudar quem renuncia a dar ao cliente mais do que ele precisa. Só pode ajudar quem tem acapacidade de dar o que o cliente necessita. Muitos ajudantes [no original, Helfer, entendem-seaqui sobretudo os profissionais da ajuda (N.T.)] correm o risco de que seu impulso de ajudarresulte de sua própria carência, de uma simpatia que se restringe aos fracos e às vítimas, e da

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pretensão de estarem á altura de todos os destinos de seus clientes. Toda ajuda deve ajustar-se às circunstâncias na vida do cliente e só pode intervir em caráter de apoio, e quando opermitam as circunstâncias. Somente respeita a dignidade do cliente a ajuda que não se colocaacima dessas circunstâncias, do destino do cliente e de sua vocação pessoal, de suas aptidõese de sua capacidade de decisão.

Na psicoterapia tradicional infiltraram-se padrões de pensamento segundo os quais osterapeutas poderiam ser mecânicos, juizes, cônjuges ou pais. Principalmente esta últimatendência foi grandemente reforçada através do modelo teórico e do prático de transferência econtratransferência, com a "elaboração" de conflitos e a idéia de acompanhamento posteriorcom o correspondente prolongamento da terapia.

A constelação familiar não trabalha com transferência e contratransferência, embora nãoconteste a existência desses processos. Mas o constelador se desprende deles, da melhorforma possível. O terapeuta ou o aconselhador conduz o cliente, quando isso é necessário,diretamente para os pais dele. Ele só os representa transitoriamente e por pouco tempo,apoiando, por exemplo, a recuperação do movimento amoroso, sem colocar-se, entretanto, nolugar dos pais. Ele renuncia a acompanhar o cliente durante um período de sua vida e aoferecer-lhe um espaço de substituição ou de proteção para seu crescimento na segurança doespaço terapêutico. Ele só lhe dá um estímulo para o crescimento, geralmente semacompanhar a realização de seu crescimento na vida concreta.

A constelação familiar, entendida desta maneira, não é uma terapia. Ela se assemelharealmente a uma "predição", um "oráculo" ou um "vaticínio", na medida em que traz à luz laçosde destino e seus efeitos. Ela ajuda a "ver", sem buscar influenciar o que o cliente fará com ela,e sem que o ajudante desempenhe um papel nisso. Para além de uma "predição", aconstelação também ajuda as pessoas a sentirem o próprio amor, freqüentemente oculto nodestino cego. Ela possibilita abrir os olhos para o amor, estabelecendo relações cara a cara. Etambém aqui o terapeuta se coloca antes a serviço do diálogo do cliente com seu sistema derelações do que a si mesmo como interlocutor do diálogo.

A constelação familiar mostra os caminhos para uma compensação positiva em vez de umacompensação funesta. Ela fornece indicações sobre o que ordena as relações, tanto para omal quanto para o bem. Ela faz confrontar, às vezes duramente, com a realidade, mas não dizo que a pessoa deve fazer ou deixar, ou como será seu futuro. Nesse particular, ela deixa apessoa que busca auxilio sozinha, ou no círculo de sua família e de outras relaçõesexistenciais. Isso muitas vezes parece ser chocante para as pessoas no exterior, se bem quemuitos clientes experimentem justamente essa atitude como confiável, aliviadora efortalecedora, pois com ela são tomados a sério e se sentem livres.

Outra coisa que incomoda observadores externos é que os consteladores às vezes olhammenos para o que o próprio cliente precisa do que para as necessidades de outros membrosdo sistema, principalmente dos excluídos ou incriminados. A principal atenção se dirige para aincorporação dos que estão separados num sistema de relações, e não apenas para o cliente esua autonomia. O autêntico ajudante, no sentido de Bert Hellinger, resiste à diferenciação entreo bem e o mal e, com isso, à consciência pessoal do cliente. Ele antecipa a necessária ação docliente, na medida em que dá em sua alma um lugar aos excluídos ou incriminados.

Ao abrirem um espaço para além dos efeitos da consciência do grupo, os consteladores têmem vista o que sugere a "grande alma" - um contexto que aponta para além dos gruposindividuais - numa determinada situação de vida, como conveniente para o crescimento ulterior.Tanto a consciência pessoal quanto a coletiva são acolhidas numa espécie de consciência"universal", direcionada para o todo maior. Aqui a configuração de sistemas de relaçõestambém se distancia de uma psicoterapia e um aconselhamento puramente orientados parasoluções. Abrese um nível mais espiritual, na medida em que se encara a ligação com algo

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"maior", que está fora de nossa disponibilidade e possibilidade. Orienta-se no sentido docrescimento e do desenvolvimento na direção de um "espaço aberto". Nisso reside o que naconstelação familiar é "mais que uma psicoterapia".

A ajuda que ocorre no interior desse "mais" dificilmente se enquadra nas instituições de ajuda eem seus regulamentos. Nesse ponto se insere, talvez, a crítica dos teólogos e a luta contra ométodo das constelações, como se ele fizesse parte de uma cena esotérica. Como esse "mais"abrange aconselhamento e psicoterapia, e o trabalho das constelações se processa tantodentro quanto fora das correspondentes instituições, os conflitos são facilmentecompreensíveis e quase programados por antecipação. A RESPONSABILIDADE EMCONSTELAR

Em razão da euforia fundada na profundidade das vivências e na densidade humana de muitasconstelações, muitos consteladores correm o risco de se descuidar, justificando as críticas. Oque nos ajuda para trabalhar responsavelmente com constelações familiares?

O cuidado significa aqui agir com sobriedade e clareza, correção e plausibilidade. Além daatitude e da reserva fenomenológica, constantemente aconselhada, precisamos nos direcionarpara a vida comum. Não se trata de direcionar os clientes ou suas famílias a um padrão único,de acordo com nossas concepções, mas de colaborar para que o que é "maior", seja o que for,possa atuar como incentivo e solução no dia-a-dia do cliente. O milagre não está na unidade domúltiplo, mas na multiplicidade do uno.

Toda a sabedoria é inútil quando não se refere a situações individuais ou coletivas. Por maisque encaremos a alma humana como uma espécie de "campo", ela não deixa de abrangerpessoas individuais. Ela só existe e se mostra através de indivíduos. Por mais que osmovimentos sistêmicos permaneçam no primeiro plano das constelações, eles não existemsem os indivíduos num sistema, isto é, sem a mãe prematuramente falecida, sem o avôsuicida, sem o cliente com sua necessidade ou doença. "You cannot kiss a system". Paracorresponder realmente à necessidade do cliente, a atenção do terapeuta deve realmentepassar através de seu sistema de relações, porém sem perder de vista o cliente e suasnecessidades concretas, e absolutamente sem feri-lo.

No tocante aos efeitos externos do trabalho das constelações, recomenda-se considerar osseguintes aspectos:

Quem oferece constelações como psicoterapia também precisa possuir habilitação legal para aprática da psicoterapia. Quem não a possui não deve despertar a impressão de praticarterapia, nem atender a expectativas terapêuticas no sentido tradicional e legal. Precisa limitar-se ao aconselhamento, que até agora - felizmente - não foi regulamentado. Naturalmente, notrabalho concreto fica difícil definir os limites entre psicoterapia e aconselhamento, entre curar eaconselhar.

Seguramente não se justifica enaltecer a constelação familiar como o único método capaz deresolver tudo e trazer felicidade. Por mais liberador e saudável que seja seu efeito para a alma,ela não produz redenção nem salvação. Por mais espiritual ou religiosa que possa ser, ela nãoé uma religião. O êxito de um método tende a colocá-lo em evidência, em lugar da intenção ouda necessidade do cliente, ao qual o método serve. Muitos clientes preferem fazer umaconstelação a descrever seu problema, seja ele uma briga entre irmãos, um conflito conjugal, abusca do lugar certo em sua vida ou o risco de suicídio de um filho. Mas a participação numaconstelação não significa por si só uma receita de sucesso.

O "mais" do trabalho das constelações é em muitas situações também um "menos". Porexemplo, a constelação familiar não substitui o tratamento psiquiátrico, embora freqüentementeseja útil para famílias onde se manifesta um comportamento psicótico. Não substitui otratamento médico em casos de doenças. Não substitui o atendimento social, com as decisões

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de sua competência. Não substitui todas as instituições que se dedicam a intervenções emcasos de crises. Nem substitui os métodos de ajuda à alma, quando alguém precisa apreendero que necessita para o domínio de sua vida e que, pelas circunstancias de sua história, aindanão aprendeu. As constelações não são úteis para mudanças de personalidade, emborapossam interferir profundamente no processo de crescimento da pessoa. Elas não substituemo treinamento ou a disciplina espiritual, quando alguém quer se desenvolver nesse sentido. Enão substituem os domínios da experiência quotidiana dos clientes a que servem, mesmo quepossam proporciona r-Ihes luzes extraordinárias.

O cuidado no trabalho com constelações também envolve a aprendizagem. Nesse particular,muito se discute nos círculos de consteladores sobre o que é necessário aprender paradirigilas. Até o momento pertence a cada um testar-se para sentir se está pronto e capaz deassumir a responsabilidade por esse trabalho. Note-se que a atitude fenomenológica que abremão do saber só tem significado para aquele que sabe algo. Ela não significa "semcapacidade", "sem experiência" ou "sem competência". A atitude de agir "sem medo" nãosignifica ausência de respeito pelas forças com que temos de lidar nas constelações. A atitudede atuar "sem intenção" não significa que nos deixemos arrastar nas constelações pelaarbitrariedade e pelo acaso. E o atuar "sem amor" se refere ao domínio da transferência e dacontra-transferência, e não significa falta de amorosidade.

Também de nós, consteladores, continua exigindo um constante esforço assumir cada pessoa,cada família, cada sistema, cada realidade como ela é, de modo que também o cliente possareconhecer mais facilmente o que necessita para a solução de seus problemas e para o seupróprio crescimento. AGRADECIMENTO

Muito agradeço aos amigos e colegas que me apoiaram neste artigo com valiosos estímulos ecorreções: Bernhard Haslinger, Eva Madelung, Albrecht Mahr, Wilfried de Philipp, KatharinaStresius,Gunthard Weber e Berthold Ulsamer.

Sobre a Técnica das Constelações Familiares© Jakob Robert Schneider

Em nossa compreensão preliminar, entendemos "técnica" como um meio para a realização deum fim humanamente estabelecido. Ela tem um caráter instrumental, pois é usada como uminstrumento para se obter determinada utilidade. No desenvolvimento e ampliação das antigashabilidades artesanais, a moderna técnica, como aplicação prática da ciência moderna,caracteriza-se por três outros critérios: precisa ser segura e proporcionar-nos segurança; tornaprevisível o seu objeto; e confere ao método, com o qual abordamos o objeto utilizável, aprecedência sobre aquilo que pode ser utilizado de forma segura. (1)

Tal entendimento da técnica não coincide com o procedimento fenomenológico que adotamosnas constelações familiares. É verdade que as utilizamos como um método para processosanímicos de solução e cura. Contudo, o procedimento metódico fica em segundo plano comrelação à dinâmica familiar que ele revela e às soluções que aponta. O que se evidenciaatravés desse trabalho não pode ser previsto com segurança, tanto no que se refere aoprocesso dessa revelação, quanto no que diz respeito ao resultado de tal processo. ()procedimento metódico utilizado nas constelações familiares requer abertura em face de seuresultado, e só é bem sucedido na ausência de intenções e de preconceitos intelectuais.

Apesar disto, justifica-se falar de uma técnica de constelações familiares. Pois, na maioria doscasos, comprovou-se o valor de um procedimento metódica, que pode ser transmitido eproporciona uma certa segurança na condução desse trabalho. 0 procedimento prático utilizado

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nesse processo requer uma série de atenções e habilidades que estão a serviço da percepçãoterapêutica e do processo liberador e que podem ser comunicadas. Esses requisitos serãotratados a seguir.

Quando falamos da técnica das constelações familiares, não a entendemos no sentidomatemático das ciências naturais, mas antes à semelhança de determinada técnica de fazeruma pintura ou de tocar um instrumento. A composição de uma peça musical ou a criação deum poema exigem igualmente, via de regra, uma técnica, que entretanto fica em segundoplano em relação ao resultado. Aquilo que se mostra num quadro, numa música ou num poemanão pode ser previsto, determinado, apreendido ou assegurado com o auxílio da técnicautilizada no processo da criação. Assim, o conceito da "técnica", em nosso trabalho, serve aquisimplesmente para distinguir entre "como" se conduz uma constelação familiar e o "que" serevela aí, em termos de dinâmica da alma.

1. A intenção

Para que uma constelação familiar seja bem sucedida, é preciso que haja uma necessidadecuja força sustente o trabalho e conduza o cliente, o terapeuta e os representantes. Ajudamuito quando tal necessidade é claramente formulada. Um problema solúvel geralmente sedistingue de um problema insolúvel, na medida em que pode ser expressa numa frase eentendido por todos. A intenção do cliente deve ser formulada com abertura, tanto em relaçãoao problema ou à necessidade sentida quanto à sua solução, sem apresentação dejustificativas para o problema ou de condições para o que possa surgir como solução. Umdesejo claro e poderoso pode ser expresso ao terapeuta com o olhar franco, enquanto que umolhar que se desvia para o chão freqüentemente se associa à imprecisão nos sentimentos e nadescrição do problema.

Nem sempre o problema ou mesmo a intenção precisam ser claramente formulados, se o quepesa na alma se manifesta através de uma emoção, de um sintoma ou da revelação de umdestino funesto. O terapeuta se decide a fazer uma constelação baseado na força que percebeno desejo do cliente e na reação de atenção tensa que provoca na grupo. É fácil, por exemplo,perceber a diferença entre "Eu gostaria de ser mais livre" e: "Não agüento mais estadepressão, que já dura anos".

Nem todo cliente consegue expressar sua intenção logo no início de um grupo. Ele talvez aindaprecise de tempo e de vivenciar antes o trabalho feito com outras pessoas do grupo. Commuita freqüência, os participantes de um curso mudam sua intenção no decurso do trabalho,porque somente conseguem perceber o essencial a partir das experiências dos outros. Poroutro lado, é possível que às vezes, impressionados pelo peso desses destinos, eles recuemdas poderosas intenções que expressaram inicialmente e sigam por algum caminhosecundário.

Talvez a causa mais freqüente do insucesso de uma constelação reside em que o terapeuta sedecidiu a fazê-la, apesar de ter percebido que o problema apresentado pelo cliente ou a formade sua apresentação -- por exemplo, pela imprecisão, falta de amor ou teimosia -- nãosustentaria o trabalho.

A forma breve e concisa com a qual o terapeuta pergunta pela intenção, pelo problema, pelanecessidade emergente ou pelo beneficio que se espera do trabalho estimula o cliente aresponder de forma igualmente breve e concisa. A coragem do terapeuta em encarar qualquertipo de problema estimula a confiança do cliente, e sua disposição de deixar-se conduzir pelaforça e pelo amor que atua no sistema familiar incentiva a abertura da alma que se manifestaatravés do cliente.

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A formulação do problema e o gestual que a acompanha fornecem, com freqüência, indicaçõesimportantes sobre aquilo de que se tratará na constelação e sobre a dinâmica básica da alma,que pressiona no sentido de uma solução. Portanto, vale a pena dedicar uma grande atençãoao início do processo. É porém igualmente importante, na busca da solução, que o terapeutanão se deixe prender e confinar pelo desejo que e cliente manifestou e pelas primeirasinformações que prestou.

A montagem de uma constelação não se fixa num problema ou num sintoma a resolver, masse concentra naquilo que precisa ficar em ordem, em paz ou em sintonia numa alma. É daí quenasce aquilo que libera, e talvez resida aí também a solução para o problema apresentado oualgo que aja curativamente sobre algum sintoma.

2. O processo da informação

Para conduzir uma constelação familiar poucas informações são necessárias. O que se requersão os acontecimentos e destinos numa família, não a caracterização de pessoas ou adescrição de vivências pessoais - se bem que uma vivência, narrada em poucas palavras,possa eventualmente abrir caminho para o conhecimento de um importante acontecimentofamiliar. A maneira como alguém se apresenta e comporta é menos significativa do que osacontecimentos essenciais de sua vida e de seu destino e o fato de ser simplesmente mãe oupai, embora às vezes a aparência e o comportamento estejam associados ao destino pessoal.A constelação familiar é um método terapêutico que visa descobrir os efeitos deacontecimentos e de destinos.

Que informações são importantes para esse trabalho? Uma primeira pergunta diz respeito àspessoas que pertencem ao sistema. Estas são: irmãos, pai, mãe, eventuais parceirosanteriores dos pais, meios-irmãos, tios e tias, avós e seus eventuais parceiros anteriores,meios-irmãos dos pais; às vezes, também um ou outro dos irmãos de avós e bisavós, quandoafetados por um destino impactante. Também pertencem ao sistema pessoas sem vínculo deparentesco, quando a família lhes deve algo de modo existencial, como são pais adotivos eainda pessoas a quem foi infligida alguma desgraça por membros da família. São pertencentestanto os vivos como os mortos, até onde habitualmente alcança a memória da família.

Acontecimentos importantes nas famílias são: nascimentos e mortes; mudanças de domicilioespecialmente importantes (por exemplo, por deportação ou emigração ou mudança para umambiente muito diferente); separações, tanto entre filhos e pais quanto dos pais ou parceirosentre si; doenças; vícios que envolvem dependência; acidentes; destinos associados à guerra;suicídios; internações psiquiátricas, etc.

Ao indagar pelas informações, o terapeuta deve distinguir entre dois tipos de acontecimentos:aqueles que pertencem antes ao domínio dos ressentimentos pessoais (por exemplo, umaseparação prematura entre a criança pequena e sua mãe), e aqueles que são sistémicos e porisso especialmente relevantes para a constelação familiar. Da observação resultam indicaçõessobre se convém trabalhar com o resgate de um movimento amoroso em direção aos pais oucom a constelação familiar, dentro da qual poderá eventualmente ser encaixado um abraço,como meio de se recuperar tal movimento. Muitas vezes, recomenda-se trabalharsimultaneamente com a solução sistêmica e com o movimento amoroso. Nesse caso, convémcomeçar com o trabalho sistêmico e então, ou num momento posterior, propiciar o movimentoamoroso. Isso possibilita distinguir mais facilmente entre os sentimentos adotados de outraspessoas e os ressentimentos pessoais. Às vezes, porém, a dor da criança, proveniente davivência de separação dos pais, está de tal maneira "à flor da pele" que o terapeuta precisa

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lidar imediatamente com esses sentimentos, provenientes de um movimento amorosointerrompido.

Mencionarei, a seguir, alguns critérios que ajudam a distinguir se convém fazer de preferênciaum trabalho sistêmico ou a terapia do movimento amoroso. Critérios para o trabalho sistêmicosão, por exemplo:

a pessoa se experimenta como se fosse teleguiada, e de algum modo não está presentea si mesma;

não conhece e não encontra seu lugar na vida;

ao apresentar-se, dá a impressão de estar meio ofuscada, inapropriada, contraditória ouenredada;

dá a impressão de estar presa ao problema e de ter permanecido magicamente numcego amor infantil;

existem na pessoa ou em sua família destinos pesados como mortes prematuras,suicídios, acidentes freqüentes, psicoses, etc.,,

a pessoa coloca em risco, leviana ou compulsivamente, o sucesso de sua vida;

há um grave desequilíbrio em seus relacionamentos, brigas sérias, faltas deconsideração e de reconciliação, conflitos de consciência, sentimentos de culpa,sentimentos de vítima ou medo compulsivo de fazer algo funesto;

faltam pessoas no sistema, por exemplo, algum filho extraconjugal do pai;

pessoas do sistema não são levadas em consideração, por exemplo, natimortos;

silencia-se sobre o destino das pessoas, dizendo-se, por exemplo, que um avô morreude infarto, quando na verdade suicidou-se.

Critérios para o trabalho com o movimento amoroso são, por exemplo:

a pessoa teve graves experiências traumáticas, sobretudo na primeira infância.-,

apresenta as chamadas perturbações "neuróticas": problemas ligados à aproximação,medos, compulsões, etc.,

dá a impressão de estar "ligada" e aberta quando se imagina abraçada com amor pelamãe ou pelo pai;

tem dificuldade de tomar e mostra sentimentos de desesperança e resignação, que nãocorrespondem â situação real de sua vida;

permanece presa na satisfação de necessidades infantis.

As informações recolhidas para a constelação familiar visam responder às seguintesperguntas:

quem falta e precisa ser acolhido, para que algo se resolva no sistema;

quem está sendo atraído para fora de um sistema, e para onde está sendo atraído;

de quem quer afastar-se ou em lugar de quem deseja partir;

quem é preciso deixar partir, para que os outros do sistema possam ficar;

quem talvez possa deter a dinâmica de partir e morrer, caso seja considerado e seuamor seja recebido;

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que destino pressiona para ser repetido através de uma compensação funesta, de modoque uma pessoa só se sente ligada a outra se não estiver melhor do que ela;

que destino pressiona para ser repetido porque foi encoberto e deseja vir à luz ou nãofoi honrado e quer ser reconhecido;

quem foi, através de seu destino, arrancado da vida de forma a parecer "incompleto", etalvez precise ser consumado através de outros;

que pessoas, vivas ou mortas, não puderam despedir-se,

que vítima não foi vista e reconhecida, e pressiona para que um póstero se assemelhe aela;

que perpetrador não foi visto e reconhecido por seu ato funesto, de forma que um outrodeseja segui-lo cometendo um ato semelhante;

se foi perturbada a ordem num sistema, por exemplo, a hierarquia dos irmãos, ou se nãofoi assegurada a precedência de um novo sistema, por exemplo, a da família atual sobrea família de origem, ou a do segundo casamento sobre o primeiro;

se as relações numa família não são confiáveis porque, por exemplo, filhos pressionampor assumir papéis dos pais ou vice-versa, ou porque os filhos querem fazer algo deinapropriado por seus pais, ou porque os pais não preservam a segurança dos filhos.

O mais conveniente é que as informações necessárias sejam perguntadas passo a passo, emconexão com o processo da constelação. Naturalmente, é preciso saber inicialmente quempertence a um sistema e eventualmente poderá ser incluído em sua representação. Asinformações restantes podem se: recolhidas de acordo com a dinâmica que se manifestadurante o processo da constelação.

Com freqüência é útil também que, antes de começar o trabalho, sejam solicitadas informaçõessobre os destinos na família. Isto é importante, sobretudo quando alguém ainda não tem muitaexperiência com constelações e, antes de começar o trabalho, gostaria de obter indicaçõessobre a direção em que se desenvolverá o processo. O risco que se corre com isso é que asinformações nos levem a desviar da dinâmica autêntica que se manifesta no processo daconstelação ou que este fique sobrecarregado com as informações previamente recolhidas.Recomenda-se que, antes de iniciar o trabalho, sejam recolhidas informações suficientessempre que a intenção expressa pela pessoa envolvida ainda não revele uma força clara e odirecionamento para uma solução, e o terapeuta ainda careça de informações que contenhamum "peso de alma" e lhe dêem esta segurança: "agora já posso trabalhar".

Muitas vezes, as informações essenciais para uma constelação liberadora só se revelam, deforma totalmente inesperada, durante o processo de sua colocação. Vou citar um breveexemplo.

Uma mulher, que já tinha feito sua constelação e contemplado nela os destinos da família damãe, queria esclarecer algo de "indefinível" que a separava de seu pai. Numa segundaconstelação, ela colocou sua representante num lugar que não competia a uma filha, como seestivesse substituindo uma pessoa que faltava. Mas o que mais impressionou nessaconstelação foi que o representante do pai olhava "para um túmulo". Perguntas feitas naocasião revelaram que o pai tivera anteriormente uma noiva, sobre a qual nada se sabia. Numarodada anterior, o terapeuta havia interrogado os participantes sobre histórias literárias queforam pessoalmente importantes para eles, e essa mulher citara "A Bela Adormecida", que falade uma amada excluída pelo pai, e uma história de Ingeborg Bachmann sobre o suicídio deuma mulher. Baseado nessa informação, o terapeuta fez com que a representante da noiva sedeitasse no chão, diante do pai, mas não se manifestou nenhuma relação significativa. Então oterapeuta simplesmente virou o pai para fora, como se buscasse a morte. Aí o representante

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do irmão da mulher exclamou: "Eu bem gostaria de fuzilá-lo pelas costas!" Essa expressãoemocionou profundamente a mulher, e ela contou que seu pai sempre sofreu muito porque,quando era um jovem soldado na guerra, tinha fuzilado num bosque, pelas costas, um homemque depois se verificara ser um velho camponês, que trazia flores nas mãos. Com o relato dafilha, ficou claro para que túmulo o pai estava olhando e na direção de quem se sentia atraído,e assim foi possível encontrar uma solução que comoveu e aliviou a família.

3. Sistema atual ou sistema de origem?

Para um esclarecimento talvez necessário: família de origem é a família onde alguém é filho, efamília atual é aquela onde alguém é marido ou mulher, pai ou mãe.

Que sistema o terapeuta deve pedir que o cliente coloque? (No presente contexto e tio quevem a seguir falo sempre de sistemas familiares, sem entrar nas características metodológicasdo trabalho com outros sistemas de relações como são, por exemplo, uma empresa ou uniaequipe). A resposta à pergunta acima depende muitas vezes diretamente da intenção expressapelo cliente, por exemplo, a solução para uma briga séria com uma irmã ou uma ajuda parapermanecer com o parceiro.

Se eventualmente tal desejo abrange ambas as direções, a precedência geralmente devecaber ao sistema que possua a maior força com vistas à solução desejada. Via de regra é osistema atual, quando se trata de um problema de peso. O cliente tem a tendência de escapardesse sistema, porque com freqüência ele exige as soluções mais dolorosas. O terapeuta nãodeve colaborar com tal evasão; caso contrário, perderá a confiança do cliente. Por outro lado,ele nada conseguirá insistindo, contra a vontade do cliente, em colocar o sistema atual. Jávivenciei repetidas vezes que, ao pedir a um participante que configure o seu sistema atual, eleespontaneamente vai buscar representantes para a mãe ou um irmão, mostrando queinteriormente está voltado para o sistema de origem. Em tal caso talvez seja melhor esperar,até que o cliente manifeste com mais força e segurança a escolha do sistema a ser colocado.

Freqüentemente convém inserir algo do sistema de origem na constelação de um sistemaatual, porque muitos conflitos de casais e de famílias decorrem de emaranhamentos nasfamílias de origem. Talvez seja preciso que se solte um movimento interrompido em direção àmãe para que alguém aceite a proximidade do parceiro, ou que alguém se despeça de umanoiva do pai ou de uma avó que foi tratada injustamente, para que passe a olhar o parceirosem mistura de sentimentos estranhos. Quando, porém, existem graves ofensas ouacontecimentos entre o casal ou na família atual (por exemplo, morte ou exclusão de um filho,ou violência), ou quando o sistema atual é muito complexo, provavelmente será preciso, paraesclarecer o que nele se passa, renunciar temporariamente a abordar os emaranhamentos dosistema de origem.

4. A escolha dos representantes

Uma constelação começa com a escolha dos representantes. Ela deve ser feita num únicofluxo, sem predeterminação de pessoas e sem critérios. Quando o cliente valorizadeterminadas características das pessoas que quer escolher, ele prende a alma, responsávelpela escolha, a fantasias e ligações que distraem. Semelhanças na aparência, altura daspessoas ou outras características não influem na percepção dos representantes. Pois umapessoa não se torna mãe pelo fato de ser alta ou baixa, e o destino normalmente não dependede características externas. A vantagem de trabalhar com representantes consiste justamente

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em que eles não se assemelham aos membros da família e aquilo que sentem não depende dequalquer caracterização ou indicação prévia. Desta maneira, podem sentir coisas essenciaisque na própria família, devido ao excesso de informações e à grande proximidade, não podemser percebidas. O essencial é liberado pelo acaso, e este não se prende a nossos laçospessoais.

É conveniente que a pessoa que coloca sua família escolha ela própria os representantes, poisatravés dessa escolha ela já introduz no processo a busca e a força de sua alma. Isto, porém,não significa que somente ela possa escolher os representantes "certos". Quando, no decursode uma constelação, é preciso introduzir outras pessoas, o próprio terapeuta, para agilizar oprocesso, pode escolher os representantes. Pois pertence às surpreendentes característicasdeste método que pessoas diferentes, colocadas no mesmo lugar dentro de uma constelação,sentem da mesma maneira.

Já no processo da escolha das pessoas é preciso que haja tranqüilidade, concentração e umacerta tensão na pessoa que coloca, no terapeuta e no próprio grupo. O "campo" da constelaçãojá começa a ser estruturado com a escolha e a introdução das pessoas. Os representantesprecisam estar disponíveis para se deixarem colocar, desfazendo-se de objetos que possamperturbar, por exemplo, de algum chapéu que chame a atenção. Sua energia deve poder fluirlivremente, sem ser prejudicada, por exemplo, por um chiclete na boca. Caso alguma pessoaescolhida não se mostre disponível, hesite ou dê a impressão de estar inibida, o terapeuta devepedir ao cliente que escolha outra pessoa.

Quantas pessoas devem ser incluídas desde o início numa constelação? Isto depende,naturalmente, das dimensões do sistema a ser colocado e do problema a ser resolvido. Comoregra geral, devem ser colocadas apenas as pessoas que sejam absolutamente necessárias. Emelhor incluir posteriormente outras pessoas na constelação do que sobrecarregá-la oubloqueá-la, desde o início, com um excessivo número de pessoas. Quando, por exemplo,houver muitos irmãos e seus destinos não puderem ser tratados individualmente, bastacomeçar com aqueles que, pelas informações prestadas, sejam imprescindíveis, incluindoposteriormente os demais na imagem da solução. Quando os sistemas familiares são muitocomplexos, o terapeuta começa apenas com os membros que pertencem imediatamente àfamília do interessado e eventualmente com os "anteriores". Quando a família de origem temuma forte influência sobre a família atual, consideramos inicialmente a dinâmica da famíliaatual e depois introduzimos pessoas relevantes da família de origem. Pode-se ainda trabalharsimplesmente com um sistema reduzido, por exemplo, apenas com a mãe e seu filho, ou com apessoa em questão e sua doença ou sua morte.

Se já no início precisa ser colocado um número maior de representantes, é necessário ficaratento para que cada um deles saiba, desde o princípio, qual é a pessoa que ele estárepresentando e quem estão representando as demais pessoas escolhidas. Caso contrário,começa com freqüência um cochicho entre os representantes, durante o processo da escolha,para saber quem é quem, e com isso se desconcentram. O melhor é que as pessoas sejamescolhidas em alta voz, claramente e numa ordem bem definida. Por vezes, é útil que oterapeuta coloque os escolhidos numa certa ordem provisória que mostre claramente aseqüência dos irmãos.

5. 0 processo da colocação

A pessoa que coloca seu sistema deve fazê-lo sem se preocupar com épocas e com razões, esem uma imagem preconcebida. Se o terapeuta tem a impressão de que o cliente estáseguindo algum esquema ou alguma imagem preconcebida, deve adverti-lo e pedir que

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recoloque os representantes, ou então interromper o processo. Se for perguntado se a famíliadeve ser colocada como é atualmente ou corno era antes, o terapeuta não deve entrar naquestão mas acentuar a necessidade de uma "ausência de tempo" na colocação. Pertence àessência da alma, e portanto também de uma constelação, que sua dinâmica não estáconfinada a um tempo determinado. Vivos e mortos estão presentes da mesma forma, efreqüentemente não sabemos que acontecimentos e que destinos ainda estão atuando numafamília.

Na maioria dos casos, as pessoas colocam a família "corretamente", sem que o terapeutaprecise dizer ou explicar muita coisa. Às vezes, é preciso dar algumas indicações introdutóriascomo, por exemplo: "Coloque sem preocupação de ordem temporal, sem buscar razões, semimagem preconcebida. Posicione as pessoas em relação umas com as outras, da forma comoa família é. Aja de acordo o seu sentimento e confie em seu coração e em sua alma". Talvezseja preciso ainda dizer algo sobre a maneira de posicionar, como: "Segure as pessoas, depreferência com ambas as mãos, pelos braços ou pelos ombros, de frente ou de costas, ecoloque-as silenciosamente em seu lugar, sem configurar posturas e sem dar instruções".Então o terapeuta se retira, deixa com o interessado o processo da colocação e confia-se àprópria percepção do que acontece. Ele toma atenção para que a pessoa configure o sistemacom cuidado e amor e para que, desde o início, as forças do campo possam manifestar-seatravés da "força" da constelação. A reação de atenção ou de intranqüilidade no grupo indicarapidamente se o tema de uma constelação é importante e se a pessoa que a coloca estárealmente envolvida.

Quando alguém coloca sem amor sua família, esquece de posicionar pessoas, assegura que jáestão certas no lugar onde por acaso ficaram depois de escolhidas, não sabe onde colocarcertas pessoas ou duvida da própria imagem que configurou, o terapeuta pode eventualmenteintervir com esclarecimento e incentivo; porém, na maioria dos casos, precisa interromper otrabalho, ainda na fase da colocação. Talvez não seja ainda o momento certo para colocar osistema, ou o sistema escolhido não seja o adequado. Talvez a lealdade a um membro dafamília ou a falta de alguém, por insuficiência de informação, esteja bloqueando a constelação.Algumas pessoas colocam seu sistema apesar de estarem talvez excessivamente "saciadas"ou excessivamente "famintas" ou amarguradas, ou têm medo do que possa manifestar-se, ouse sentem pressionadas, por exemplo, pelo parceiro, a colocar o sistema, embora não sesintam dispostas a isso.

Uma moça compareceu a um grupo, por intermédio de sua mãe, para fazer sua constelação.Em virtude de seus medos, sua mãe precisou acompanhá-la de Hamburgo a Munique, paraque ela pudesse participar. Quando ela começou a colocar, dava a impressão de estar muitodesconcentrada e não sabia onde posicionar as pessoas da família. O terapeuta interrompeuimediatamente, e isto trouxe a ela simultaneamente decepção e alívio. Na rodada inicial do diaseguinte ela contou que, na noite anterior, tivera uma séria briga com sua mãe, por causa dainterrupção de seu trabalho. O desejo de sua mãe era que ela se livrasse de seus medos, maso interesse dela era totalmente diverso; o que ela desejava era encontrar finalmente umrelacionamento satisfatório com um homem. Ela afirmou isto com muita força na voz, e oterapeuta imediatamente fez com que ela colocasse de novo sua família. Desta vez, ela o fezcom muita clareza e energia e conseguiu ter com seu falecido pai um encontro que muito acomoveu e aliviou. Indiretamente algo tinha ficado claro também sobre seus medos. Essasegunda tentativa de colocação foi sustentada por sua própria força e por seu direcionamentointerior.

6. Deixar agir a imagem que foi colocada

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Quando a pessoa; com o auxílio dos representantes, acabou de configurar o sistema dasrelações familiares, ela se senta, de modo a poder acompanhar bem o que acontece narepresentação. Também o terapeuta se senta ou se afasta do campo da constelação. Começauma fase mais ou menos longa de silêncio, em que os representantes entram em contato comseus sentimentos e se concentram no que emerge neles. O terapeuta se deixa impressionarpela imagem que foi colocada. Em termos mais precisos, deixa que esse campo ou a alma dafamília que foi colocada produza uma impressão sobre ele. Sem se prender aos detalhes,percebe as primeiras reações, freqüentemente sutis, dos representantes, os impulsos de semovimentar, os movimentos corporais intranqüilos, as mudanças na direção do olhar paraoutros membros da família, um olhar para o chão, para o céu ou para longe, etc. Ao mesmotempo, o terapeuta fica atento às próprias reações internas, às vezes também corporais, às"imagens" que afloram nele, àquilo que nele fulgura com uma primeira "verdade" (no sentido deum desvendamento). Ele se deixa tocar pelo sistema representado ou pela alma da família. Namedida do possível, "esvazia-se" e deixa-se comover por aquilo que vê e que o toca.

Este é, muitas vezes, o momento mais difícil para um terapeuta, pois nesse ponto ele nadapode fazer, nem sabe para onde o conduzirá a dinâmica da constelação. Talvez seja tentado aformular pensamentos, a compatibilizar a imagem com as informações que já possui ou arefletir como irá proceder. Talvez se coloque sob pressão, coma se passasse a depender deleo sucesso ou o insucesso da constelação. Talvez também fique com medo diante do quepossa surgir ou não surgir, ou então se entregue a uma segurança precipitada sobre a formade achar logo uma solução. Porém o que importa agora é aquilo que Bert Hellinger chama deolhar fenomenológico: um olhar "sem saber", "sem intenção", "sem medo". Este é também ummomento profundo de participação naquilo que muitas vezes toca uma família no mais íntimo;o olhar e a percepção do terapeuta (e também dos representantes) são acompanhados derespeito e gratidão por poder participar.

Esse primeiro momento silencioso de uma constelação, antes que os representantes comecema ser interrogados, é de grande importância. Ele é necessário para que se tome consciênciadaquilo que a alma do grupo está disposta a manifestar.

Quanto tempo deve durar esse silêncio, é algo que o terapeuta geralmente percebe com muitaprecisão. O silêncio é sustentado por uma força que vai se construindo, por uma tensão e, àsvezes, por uma profunda comoção, que vem à tona durante a representação e tambémmobiliza o terapeuta e o grupo. Quando o terapeuta começa a fazer perguntas cedo demais, ofator que mobiliza não pode desenvolver-se e o processo da constelação fica superficial outorna-se cansativo. Freqüentemente o terapeuta não confia no próprio olhar e por conseguinte"necessita" dos representantes e do que eles dizem. Isto, porém, pode sepultar a confiança, noterapeuta. Por outro lado, quando ele espera por um tempo longo demais, a energia da tensãose dissipa e os representantes ficam inquietos e impacientes ou caem num processo que ostira da dinâmica da família que representam e os leva para uma dinâmica pessoal, que entãopode falsificar o processo da constelação.

Nem sempre, é verdade, a atitude de deixar que a representação atue resulta numa dinâmicapoderosa. Algumas constelações só desenvolvem sua força e sua dinâmica com os passosposteriores. Isso acontece principalmente quando ainda não foram colocadas pessoasdecisivas para a dinâmica familiar ou faltam informações importantes. Assim, o terapeuta nãodeve se deixar perturbar ou desencorajar quando a imagem de uma constelação não apresentainicialmente profundidade. Embora seja às vezes aconselhável interromper a representação jáno princípio, vale a pena, em primeiro lugar, insistir na continuação do processo e confiar emseu bom êxito.

Às vezes aparecem, desde o início, reações estranhas nos representantes. Certa vez, umhomem colocou sua família de origem. Mal havia acabado de posicionar os representantesquando estes começaram a cochichar e a rir, e não houve meio de fazêlos parar. O homem

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ficou muito perturbado e confuso e o terapeuta já pensava em interromper o trabalho, quandouma voz interior o aconselhou a presenciar o riso por mais algum tempo. Então ele perguntouao homem: "O que aconteceu no casamento de seus pais?" Pois algo na imagem lhe fazialembrar uma companhia de convidados num casamento. O homem respondeu: "Certa vez mecontaram que no casamento de meus pais apareceu uma mulher com uma filha de uns vinteanos. Diante de toda a assistência, ela caminhou até minha mãe, mostrou-lhe a mão da filha edisse: "Esse anel na mão de minha filha foi dado a ela de presente por seu marido, junto com apromessa de casamento". Ao ouvir este relato, os representantes repentinamente silenciaram.O terapeuta introduziu então representantes dessa mulher e de sua filha, que tinham sidosupostamente ridicularizadas, e agora elas foram olhadas com emoção.

7. As perguntas aos representantes

Se os representantes estão envolvidos - e quase sempre estão - o terapeuta começa ainterrogá-los sobre seus sentimentos. Talvez seja necessário -- sobretudo se os representantesainda não conhecem o trabalho -- que o terapeuta os incentive a confiar no que sentem e acomunicá-lo abertamente, sem qualquer tipo de consideração. A maioria dos representantes,pelo menos em nosso espaço cultural, tem facilidade de expressar seus sentimentos. As vezeseles expressam não o que surge de seu papel mas o que pensam da situação, fora do contextoda representação, ou dizem o que julgam que deveriam dizer. Na maioria das vezes, basta umcurto esclarecimento e incentivo por parte do terapeuta para que entrem na representação.Acontece ainda, com freqüência, que os representantes não expressem o que estão sentindomas relatem o que estão vendo, ficando presos à superficialidade do olhar e à simplesdescrição de sua posição. Isto também é geralmente fácil de corrigir através de uma breveadvertência quanto ao serviço que se espera do representante numa constelação.

Quem é interrogado primeiro pelo terapeuta? Se o início da constelação ainda mostra poucadinâmica, ele começa habitualmente pelo pai e pela mãe, passando depois para os filhos. Se,porém, logo ao começar, se manifesta num representante alguma reação nítida, o terapeutaacompanha essa dinâmica com suas perguntas e aborda os representantes que nela estejamclaramente envolvidos.

Não é necessário, e freqüentemente é mesmo contraproducente, que todos os representantessejam logo interrogados, sobretudo nos sistemas maiores. Se uma dinâmica importante semanifesta em alguém, o terapeuta a acompanha imediatamente e, em consonância com ela,começa a fazer as primeiras alterações na imagem. Se ele o fizer, estará acompanhando aforça e o fluxo de energia da constelação. Se não o fizer, com a continuação das perguntas aforça se dissipa, pelo menos inicialmente. Caso se evidencie depois que seguir a primeiradinâmica não leva à solução e até mesmo desorienta, isso poderá ser corrigido no decorrer dotrabalho.

Pode acontecer que um representante nada sinta mas esteja comunicando algo de verdadeirocom essa ausência de sentimento. Já outros precisam ser contidos em sua loquacidade paraque se limitem ao essencial, que pode ser expresso de maneira muito simples e breve. Quandoum representante mostra um forte sentimento ou uma espontânea reação física, o terapeutafica nessa reação não verbal, ao invés de tirar dela o representante incentivando-o a descrevê-la. Com efeito, o que interessa não são tanto as palavras, mas a revelação da dinâmicaprofunda da alma numa família. Quando as palavras de um representante contrariam aimpressão que a dinâmica produziu no terapeuta, este deve confiar também no própriosentimento e comunicá-lo. Muitas vezes isto contribui para elucidar o que é importante eadequado na expressão dos representantes.

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O terapeuta deve ficar atento para que a prontidão de comunicar por parte dos representantesnão se autonomize. Existem constelações em que os representantes, da. mesma forma comona família real, passam a disputar entre si, o que afasta do essencial. Nesse caso, o terapeutadeve reconduzir os representantes a um silêncio que permita o desenvolvimento do querealmente importa. Alguns representantes se sentem desconsiderados se não sãoimediatamente interrogados e pressionam o terapeuta no decurso da constelação. Tambémaqui deve-se pedir que se contenham e assegurar a todos que terão oportunidade de dizer oque for significativo. Os representantes, com seus sentimentos e comunicações, sãoindividualmente importantes; contudo, na medida em que estão dentro do sistema, nãoconseguem ter um olhar de conjunto e um direcionamento para o sistema em sua totalidade. Oterapeuta que os acompanha é capaz disso e precisa estar consciente dessa tarefa.

Durante as perguntas aos representantes, o terapeuta não deixa de manter também sob osolhos a pessoa que colocou a família -- que geralmente está olhando e ouvindo de fora --,percebe suas reações pelo canto dos olhos e pode interrogá-la, de vez em quando, sobre oque ela gostaria de dizer sobre as manifestações dos representantes, e se fazem sentido paraela. Um dos principais efeitos de uma constelação para a solução de problemas do clientereside no fato de ele identificar a si mesmo e a própria família nas reações dos representantes.Assim, embora acompanhando de fora, ele vibra em sintonia com o processo da constelação.

8. A descoberta da dinâmica familiar

O cerne de todo trabalho com constelações consiste em acompanhar as reações dosrepresentantes e aquilo que o terapeuta "vê" e sente, e em fazer as correspondentesalterações e complementações no contexto dos relacionamentos. Nesse trabalho se mostra,passo a passo, o que aflige a alma do grupo e a mantém no destino funesto, bem como o quepode desfazer o emaranhamento ou levar a uma solução final os processos inconclusos numafamília. Neste particular, cada constelação é nova e única para o terapeuta. A cada vez, ele éde novo desafiado a não se deixar levar por regras rígidas mas pelo amor, pela força e verdadedo próprio sistema. Caso o terapeuta perca contato com o fluxo da representação, isto nãoserá tão desastroso, desde que recupere a tempo o contato. Caminhos errados sãorapidamente reconhecidos e geralmente corrigidos quando o terapeuta confia no processo daconstelação, nas reações dos representantes e nos próprios sentimentos. Se o processoestanca, geralmente são necessárias novas informações e a introdução de pessoasimportantes no sistema. Em seguida apresento algumas perguntas importantes, que podemdirigir o processo de descoberta da dinâmica familiar (já foram apresentadas, de modosemelhante, no capítulo sobre o processo de informação).

Elas apontam para uma variedade de processos na alma, que aqui apenas pode ser esboçada.

Que indicações para o processo na alma do grupo se depreendem imediatamente daimagem que foi colocada -- por exemplo, de um olhar para o chão ou do tremor no corpode algum representante--? A primeira imagem colocada é a base de tudo 0 mais e aconexão com ela não deve ser perdida na continuação do processo Se, essa primeiraimagem não dá sustento, é necessário interromper a constelação.

Que indicações fornecem as palavras dos representantes, por exemplo: "Não sintonenhuma relação com meus filhos"?

Quem está faltando no sistema e deve ser nele incluído?

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Quem se sente atraído para sair do sistema, e para onde? Essa atração resulta dodestino pessoal, da vontade de seguir ou substituir outra pessoa, do desejo de expiarpor ela?

Quem procura impedir que outra pessoa vá embora? Quem atua no sistema paraseparar ou unir outras pessoas, por exemplo, os próprios pais?

Quem não consegue assumir o lugar que lhe compete? Quem assume um lugar porpresunção?

Quem está preso à lembrança de um acontecimento funesto, -- por exemplo, adescoberta do corpo do pai que se suicidara -- e de que precisa essa pessoa paralibertar-se disso?

Quem não foi reconciliado, -- por exemplo, uma antiga noiva do pai --, e de quenecessita para que se reconcilie?

Por quem não se chorou? Que processos de despedida precisam ser retomados (deambos os lados) entre vivos ou entre vivos e mortos?

Que mudanças e alterações no sistema possibilitam que o amor flua, que uma situaçãoseja concluída, que algo se cure, seja colocado em ordem ou fique em paz? O que nãofoi olhado ou nomeado e precisa sê-lo?

Quem não foi respeitado, que destino não foi honrado?

Como podem os homens ser homens, as mulheres ser mulheres, os pais ser pais e osfilhos ser filhos?

Os meios para obter processos de mudança na constelação são os seguintes:

permitir que sejam executados os impulsos de se movimentar;

virar as pessoas na direção das outras ou na direção contrária;

incluir ou afastar pessoas (às vezes, também para fora do recinto); colocar pessoasfrente a frente ou lado a lado;

ordenar pessoas de acordo com a hierarquia dentro de um sistema ou a precedência donovo sistema, quando houver vários;

colocar pessoas deitadas ( em acidentes fatais de grande importância no destino) efazer com que outras se deitem ao seu lado,

abraçar-se

fazer uma inclinação ou reverência;

olhar pessoas nos olhos;

dizer frases que trazem à luz e nomeiam algo oculto e que atuam de forma liberadora ecurativa.

Depois de fazer ou deixar fazer tais alterações na posição e na postura dos representantes, oterapeuta, após um adequado tempo de sensibilização, verifica, com novas perguntas aosenvolvidos, o efeito dessas alterações. Assim se desenvolve, passo a passo, um processo querevela, no decorrer da constelação, os eventos anímicos que enredam e que liberam, epossibilita a sua compreensão. No processo de descoberta e de solução é preciso observaralgumas coisas:

O terapeuta não pode seguir todas as dinâmicas do sistema. Precisa limitar-se ao que narepresentação se revela como essencial e que é mais eficaz em relação ao desejo manifestadopelo cliente. Assim, o terapeuta se concentra na procura da solução sistêmica que é

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especialmente importante para o cliente, renunciando a encontrar uma boa solução para todosos envolvidos no sistema, por exemplo, para todos os irmãos. Algumas coisas que são apenasaludidas na constelação e não podem ser tratadas nela, a própria alma as revela por si mesmano correr do tempo. E algumas vezes uma segunda constelação precisa abordar outrosaspectos da dinâmica familiar.

O terapeuta só deve seguir uma pista no processo da constelação se nisso tiver o suporte dosrepresentantes. Embora conduza os representantes e também o cliente, o terapeuta não podetrabalhar contrariando os sentimentos e a energia deles. A constelação não tem a função deconvencer alguém de uma idéia, mas precisa falar e convencer por si mesma. Às vezes éimportante acompanhar "imagens" que espontaneamente emergem no terapeuta, nosrepresentantes ou na pessoa que está colocando sua família. Muitas vezes elas revelam oessencial. Mas é preciso verificá-las e eventualmente rejeitá-las ou corrigi-las.

Quando se manifesta que alguns membros da família, pela forma como foram posicionados,encobrem uma dinâmica importante -- por exemplo, a dinâmica entre os pais--, é útil fazerinicialmente uma ordenação parcial do sistema, tirando os filhos que estejam entre os pais ecolocando-os na fila dos irmãos, para que se possa ver mais claramente e trabalhar o queexiste entre os pais. Quando foram colocadas mais pessoas na constelação do que se verificaser necessário, pode-se pedir a algum representante que se sente. Isto diz respeito sobretudoa parceiros anteriores no sistema atual ou no sistema de origem, quando se revela que não sãomuito significativos.

De modo geral, é melhor aprofundar com menos pessoas do que perseguir o maior númeropossível de assuntos numa família. A tentativa de apreender completamente os processos daalma tira força e eficiência das constelações e das soluções. Um perigo igualmente importanteé a tentativa de enquadrar as constelações e seus processos em esquemas lógicos eexplicações de causa e efeito. O objetivo é esclarecer, não explicar. Bert Hellinger mencionacom freqüência as palavras de Werner Heisenberg que, interrogado sobre qual seria ocontrário da clareza, respondeu: "A exatidão".

Uma constelação precisa ser clara mas não exata. Ela não reproduz a verdade, mas noprocesso de sua colocação acontece algo da verdade de uma família. Um cliente podegeralmente sem esforço tomar em sua alma uma clara imagem da constelação e ajustá-la àsua realidade familiar interna e externa, da forma como for correto e útil, mesmo que essaimagem, à semelhança de uma boa pintura, não reproduza simplesmente a realidade mas, emsua forma específica, aponte para algo real, justamente por não ser a própria realidade. Talimagem não afirma: "é assim", mas simplesmente: "é isto". Tratase de um contexto de efeitobenéfico, mais do que da análise de uma realidade explicável por suas causas. Como métodosistêmico, o trabalho da constelação ganha sua realidade a partir de uma totalidade maior quenão podemos desvendar completamente, mas da qual somente podemos participar.

9. A ordenação do sistema

Na maioria das vezes, o processo de uma constelação conduz a uma nova ordenação dasistema: a uma nova ordenação mais externa, através da imagem da solução, que indica acada um o lugar certo e liberador no sistema; e a uma nova ordenação mais interna, queresulta das frases e também dos gestos trocados entre as pessoas.

Ordenar uma constelação no sentido de se obter uma imagem da solução obedece adeterminadas regras que em muitas constelações se comprovaram como solucionadoras. Voucitar algumas regras gerais, que certamente permitem muitas variações de posicionamento.

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Os filhos ficam de frente para os pais. Na maioria das vezes, a melhor solução reside naseparação clara entre os níveis dos pais e dos filhos, que então podem ver-se.

Os filhos são ordenados entre si de acordo com a hierarquia de origem, isto é, primeiro omais velho, em seguida o segundo, e assim por diante.

A hierarquia de origem se mostra na imagem da solução, no sentido horário.

Entre os pais, ocupa o primeiro lugar (a direita) o que tem maior responsabilidadequanto à segurança da família ou que, por sua família de origem, tem um peso especialno que toca ao destino ou aos bens, ou ainda que já possui filhos de um relacionamentoanterior.

Às vezes, os filhos necessitam da segurança de um dos pais, por exemplo, quando 0outro está em risco de suicídio. Nesse caso os filhos ficam imediatamente ao lado doprogenitor que lhes proporciona segurança.

Na separação dos pais, o lugar dos filhos é freqüentemente entre ambos. Entre os pais,o primeiro lugar cabe àquele que permaneceu em casa.

Às vêzes, os pais precisam ser fortalecidos por seus antepassados, sobretudo quandoestes morreram prematuramente. Pode-se então colocar, por trás dos pais, os avós e àsvezes também outros antepassados.

Por vezes, uma fila de pais ou irmãos ou outros parentes já falecidos, junto a um ou aambos os pais, tem um sentido liberador, sobretudo quando uma corrente de amorinterrompida quer voltar a fluir e pessoas que antes não foram consideradas aindaprecisam manter, por algum tempo, um lugar junto aos vivos.

Quando existem ligações estáveis anteriores das pais de que não resultaram filhos, opai se interpõe entre a mãe e o parceiro anterior dela, e a mãe se interpõe entre o pai ea parceira anterior dele, a não ser que o amor anterior ainda atue tão fortemente queimpeça essa solução. Essa interposição não é possível se existem filhos da relaçãoanterior. Por exemplo, um homem separou-se da primeira mulher, com quem tem trêsfilhos, casou-se de novo e tem um filho com a segunda mulher. Então a ordem é aseguinte: primeiro vem a primeira mulher, depois os filhos do primeiro casamento, aseguir o pai, então sua segunda mulher e finalmente o filho do segundo casamento.Nesse caso, deve-se notar que a primeira mulher, embora anterior no sistema, ocupaposição secundária com respeito à segunda mulher. Já os filhos do primeiro casamentotêm (para o pai) posição anterior e precedência sobre o filho do segundo.

Às vezes, em razão de uma culpa grave, como um assassinato, é preciso que alguémabandone um sistema familiar ou que se satisfaça sua tendência de abandonar afamília. Isto se mostra na constelação, na medida em que essa pessoa é afastada oulevada para fora do recinto, de forma a aliviar o sistema. Outras pessoas que sintamvontade de ir embora devem ser viradas para fora. Com freqüência, porém, elas devemser novamente viradas para dentro na imagem da solução, de forma a poderemparticipar melhor, mesmo que sintam impulso de ir embora. Isto é mais fácil de se fazerquando ficou claro quem é que elas querem seguir e, após um processo de solução,ambos podem ser virados de novo para dentro do sistema.

Crianças abortadas, de forma espontânea ou voluntária, geralmente não são colocadasna fila dos irmãos.

Um saber claro sobre a ordem liberadora na imagem da solução facilita muito 0 terapeuta. Osrepresentantes não podem encontrar por si mesmos a ordem que libera porque, como já foimencionado, eles estão no sistema. Quando, porém, ficam na nova ordem, percebem muito

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bem se ela é boa ou não. Se não se sentem bem é preciso geralmente "melhorar" algumacoisa no processo e na imagem da solução.

Para a ordenação existe ainda uma regra geral, além dos critérios anteriormente mencionados:quanto mais simples forem as alterações e quanto mais conectadas à primeira imagem dosistema, tanto melhor. Modificações excessivas confundem, produzindo inquietação e falta declareza. A ordem na imagem da solução não precisa ser sempre exata -- exceto quanto àordem seqüencial dos irmãos --, se a exatidão representar um peso para a dinâmica dasolução. Assim, nem toda constelação precisa ser completamente ordenada, e nem sempre éimportante qual dos pais fica à direita ou à esquerda. Entretanto, de modo geral, é justamente aimagem da solução que guarda na memória uma força liberadora de largo alcance. Assim, valea pena cuidar que ela seja ordenada de uma forma certa e liberadora. As imagens da soluçãodespertam uma sensação de estarem bem formadas e uma certa harmonia que ajuda. Eeventualmente revestem uma certa beleza interior e exterior e irradiam para todos algo deprazer e de alegria.

10. A introdução do cliente na constelação

A pessoa que coloca a família é geralmente introduzida na constelação quando já se visualizapara onde caminha a solução e quando o processo decisivo precisa ser percorrido com apresença da própria pessoa. Assim, quando o sistema já está mais ou menos ordenado e adinâmica mais profunda foi esclarecida, a pessoa interessada é colocada diante do pai, da mãeou de outras pessoas, para fazer ou dizer algo que a desprende de um destino alheio e fazcom que ela tome e deixe fluir o amor, com os olhos abertos.

Neste particular, muitas variantes são aceitáveis.

Às vezes, o terapeuta trabalha só com os representantes até o final. Isto é aconselhávelquando a própria pessoa ainda não consegue defrontar-se com processos difíceis de suportarem sua família, quando duvida, resiste ou simplesmente precisa de mais tempo e distânciapara assumir plenamente o que se revela. Entretanto, o terapeuta precisa sentir que a pessoafoi tocada pelo que acontece na representação.

Quando os representantes estão muito emocionados e foram tomados a serviço de assuntosfunestos, muitas vezes é bom percorrer com eles os passos da solução. Pois a pessoainteressada também está acompanhando de fora com seu sentimento e é mais fácil para orepresentante sair do seu papel quando pôde vivenciar não apenas o peso, mas também oalívio. Já o cliente pode assumir o peso com mais facilidade, porque é algo que lhe pertence, oque não sucede com seu representante. E o cliente terá tempo, em seu dia a dia, para oprocesso liberador e para seu aprofundamento, enquanto 0 representante será retirado doprocesso ainda no decurso da constelação. Além disso, os representantes que participam daconstelação de alguém recebem algo de bom para si quando são tocados em algo que tambémos afeta. Esta é, entre outros, a grande vantagem do trabalho da constelação num grupo:através da representação de destinos estranhos, também se recebe muito para si mesmo.

Existem constelações onde o representante da pessoa interessada está pouco tocado, emborao próprio terapeuta o esteja. Nesse caso pode-se introduzir o próprio cliente, logo que sejapossível. Com freqüência aparece então, com muito mais clareza, a profundidade do queacontece. Se porém a troca do representante pela pessoa interessada iria prejudicar ou mesmosuprimir a emoção, é melhor continuar trabalhando com o representante. Deve-se evitar fazerum processo com o representante e depois repeti-lo com o interessado, pois com isto a força ea tensão se dissipam. Caso seja preciso fazer um movimento amoroso em direção ao pai ou àmãe, o próprio interessado deve ser tomado para o processo; porém se este acontece

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espontaneamente com o representante, o terapeuta deixa que ele fique, por algum tempo, nosbraços da mãe ou do pai, e então geralmente precisa repetir o processo com o interessado.

A pessoa que coloca sua família não é introduzida desde o início na constelação porque elaprópria não percebe a dinâmica oculta em sua família -- caso contrário, não necessitaria desseprocesso. Por esta razão, ela só entra em cena quando a dinâmica da família foi esclarecida.Isto vale sobretudo quando a pessoa está enredada. Existem casos de movimento interrompidoem que as experiências dolorosas sepultaram a confiança da criança em ser acolhida pelospais ou em que o filho se recusa a fazer tal movimento, rejeitando os pais com arrogância.Nesses casos, pode ser conveniente colocar representantes apenas para a mãe ou o pai, etrabalhar desde o início com a própria pessoa interessada. No movimento livre fica então muitoclara a dinâmica do relacionamento e a pessoa interessada chega freqüentemente a uma boasolução ou ao processo curativo, por si mesma ou com pequena ajuda do terapeuta.

11. A imagem da solução

A imagem da solução acontece quando, depois de tudo o que ainda precisou ser dito eexecutado (por exemplo, uma reverência), todos os representantes e a pessoa interessada sesentem bem em seus lugares. Muitas vezes, uma respiração profunda e um visível alíviopercorrem toda a família colocada. As fisionomias estão claras e abertas e, às vezes,realmente irradiantes.

A imagem da solução, quando é vivenciada como verdadeira e liberadora, tem para a pessoaenvolvida uma grande força, que estrutura sua vida. Se, numa situação de estresse, o efeito deuma constelação corre o risco de perder-se, a lembrança ativa ou inconsciente da imagem daconstelação conduz a alma, como um guia, através das dificuldades. O terapeuta pode chamara atenção para esse ponto quando alguém se pergunta ansioso se a solução vai se manter.Mas se alguém pergunta: "o que faço agora com essa imagem da solução?", isto revela que aconstelação (ainda) não moveu coisa alguma na alma, seja porque essa imagem não pode serassumida, seja porque não tocou em profundidade a alma do grupo familiar.

Alguns participantes pedem a outros que anotem a constelação e também escrevam as frases,porque temem que o importante se perca. Entretanto, esse direcionamento interior para"possuir" a imagem de uma constelação fecha a alma. Quando uma constelação toca a almaela também faz efeito, justamente porque a pessoa se entrega ao que vivencia, sem umapreocupação dispersiva sobre seu efeito no futuro.

O terapeuta percebe com clareza se a constelação tem um efeito visível na pessoa envolvida,e em certas circunstâncias a interroga a respeito. Um bom indício do efeito de uma constelaçãoé o sentimento de soltura em todo o grupo, quando este deixa que atue sobre si a imagem dasolução. Existem porém também imagens de solução que, apesar de serem certas, ainda ficamcomo que pairando no espaço. Repetidas vezes recebi, longo tempo depois de umaconstelação, cartas de pessoas em que adequadamente me comunicam: "Agora entendi".

Por benéfica que seja para todos uma boa imagem de solução, nem sempre é aconselháveluma constelação seja "bem" resolvida. Justamente nos casos onde existe dificuldade deassumir a dinâmica que se manifesta, a força da constelação aumenta se o terapeuta ainterrompe no auge dos acontecimentos e a deixa ficar sem solução. Muitas vezes, istoestimula mais as forças saudáveis na alma do que uma imagem da solução. Porém esterecurso só é aconselhável quando o terapeuta tem clareza e está em sintonia com o queacontece na constelação.

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Uma imagem de solução, assim como a própria constelação, não precisa ser completa.Portanto, não precisam estar presentes todas as pessoas que pertencem ao sistema.Entretanto, quando a pessoa que coloca já foi incluída na imagem da solução, é possível queela diga: "Estou sentindo falta de meu irmão". Nesse caso, pode-se colocar ainda o irmão. Oterapeuta também pode completar a imagem introduzindo pessoas que, embora não sejamimediatamente importantes para a dinâmica, pertencem à imagem da solução e a tornam mais"redonda" e poderosa.

Acontece, repetidas vezes, que a imagem da solução colocada peio terapeuta não é aceitapelos representantes ou mesmo pela pessoa interessada. Neste caso, freqüentemente faltaainda alguma informação, alguma pessoa ou algum acontecimento importante, que até entãonão foi considerado no processo da solução. Se aparecem indícios nesse sentido, é precisocompletar o trabalho. Se, porém, a energia da constelação já se dissipou, geralmente é precisointerromper. São situações que muitas vezes pesam em todos os envolvidos. O terapeutaprecisa suportar isso e permanecer interiormente conectado com a solução, mesmo que elanão tenha se manifestado.

Pode acontecer, ainda, que os representantes sugiram uma imagem que é bem recebida masque, de uma forma ou de outra, contraria as ordens do amor. Nesse caso, a terapeuta nãodeve deixar-se seduzir pelos representantes ou pela pessoa envolvida. Por exemplo, numaconstelação todas as pessoas se sentiram bem quando a primeira mulher do pai e a filhacomum de ambos foram voltadas para fora e se afastaram alguns passos. Porém o terapeutanão confiou nisso. Levou o pai outra vez à presença de sua primeira mulher e fez com que elelhe dissesse algo que a tocou muito. Então o terapeuta pôde trazer a mulher para perto dasegunda família do pai e sua presença e proximidade foi aceita pelos representantes.

Com isso eu gostaria de apontar para algo importante. Uma imagem de solução, como tambémtodo o processo da constelação, recebe geralmente sua adequação, antes de tudo, daquilo queprecisa ser dito, portanto das palavras reveladoras e das frases liberadoras. A imagemproporciona clareza, as frases proporcionam direção e força. Sem as palavras que precisamser ditas, uma imagem pode bem aliviar e ser "bonita", mas talvez permaneça superficial. Oque atua na alma realmente atua através de imagens, mas não consiste em imagens. Oessencial é antes invisível. A ressonância com a alma pode de fato instalar-se por meio daimagem, mas freqüentemente só vibra com as palavras que atingem e liberam. É sempresurpreendente verificar como imagens de constelação muito semelhantes abrem na almaprocessos totalmente distintos, e como processos de solução totalmente distintos conduzem aimagens de solução semelhantes.

12. As frases liberadoras

O terapeuta pode indicar as frases da solução ou deixar que sejam encontradas pelosrepresentantes. 0 essencial é que elas resultem do processo da constelação e sejamadequadas. Elas surgem da compreensão dos processos profundos da alma numa família.Com freqüência elas ocorrem simplesmente ao terapeuta ou aos representantes quando elesse abrem aos acontecimentos familiares e quando a alma do grupo está preparada para umasolução. Elas dão expressão ao vínculo e à solução, tocam e comovem a alma.

Nas constelações utilizamos duas espécies de frases de solução: as que descobrem umvínculo de destino e as que desatam um vínculo de destino. As frases descobridoras têm umefeito liberador, porque nelas vem à luz numa vivência de espanto, muitas vezes muito tocante,o vínculo de destino que até agora determinou a vida, e porque elas exprimem a concordânciacom o amor que causou a vinculação ao destino. Tais frases são, por exemplo: "Mamãe, por

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você vou encontrar sua irmã na morte, e então você pode ficar com papai", ou: "Querido vovô,você perdeu tudo; eu também não conservo nada, então fico perto de você".

As frases que liberam proporcionam ao amor a conversão para o domínio aberto da vida. Elashonram o destino das pessoas conectadas, contemplam seu amor e deixam o destino comaqueles que o devem carregar -- e geralmente já o carregaram. Assim, uma filha poderia dizerà noiva abandonada por seu pai: "Vejo sua dor mas não posso tirá-la de você; tenho que deixarsua dor e sua raiva com você e com papai. Seja bondosa comigo se eu deixo você, fico comminha mãe e conservo meu namorado".

As frases liberadoras só funcionam em confronto com a pessoa a quem alguém está vinculado.Esse olhar de pessoa a pessoa precisa de um certo tempo, até que a relação e a ligação sejampercebidas. A solução acontece "cara a cara". Portanto, as frases da solução não devem serditas cedo demais. E é preciso ficar atento para que as pessoas envolvidas realmente entremem ligação recíproca. Só então as frases se comunicam, como que espontaneamente, epodem desenvolver todo o seu efeito.

Nesse processo, o terapeuta fica atento a que a pessoa envolvida, enquanto diz as frasesliberadoras, mantenha o contato do olhar com a pessoa com a qual está envolvida pelodestino, pois com freqüência ela procura desviar o olhar e com isso conservar os sentimentosque mantêm o enredamento. O terapeuta faz então, cuidadosamente, com que ela recupere ocontato do olhar, de forma que os sentimentos que liberam encontrem sua expressão. Damesma forma, o terapeuta fica atento, na repetição das frases da solução, à adequação da voze à sua força liberadora, de modo que também a pessoa a quem se dirige e todo o grupo seconvençam do passo liberador.

Nem sempre as frases de solução ocorrem logo aos representantes, ao terapeuta e mesmo àpessoa envolvida. O terapeuta talvez se sinta então um pouco desorientado. Nesse caso, ébom que ele mantenha a situação num curto silêncio. Ele também pode recorrer às frasespadronizadas que lhe são conhecidas, de Bert Hellinger ou de outros terapeutas. Elasconservam uma grande função orientadora, mesmo que sejam freqüentemente repetidas.

É essencial que a pessoa envolvida possa pegar as frases e vivenciá-las de maneira adequadae liberadora. Às vezes o terapeuta precisará igualmente experimentar frases, até encontraraquelas que trazem solução. Isto também não traz problema, na medida em que a busca dasfrases permanecer no contexto da alma e em contato com ela.

O terapeuta deve verificar com cuidado se a pessoa simplesmente repete as frases ou se estassão também acertadas para ela e a tocam. Se não alcançam o que é adequado, é precisoprocurar outras frases. Se o terapeuta sente que as frases são acertadas mas não tocam, eleprecisará talvez lançar mão de mais alguma coisa na dinâmica do sistema. Por exemplo, eleinduz a um diálogo os representantes da mãe e do pai e, depois, coloca a pessoa envolvidaoutra vez em relação e faz com que ela repita, na nova base, as frases da solução. Quandouma confrontação não liberta do emaranhamento, freqüentemente há outras pessoas nosistema que precisam primeiro liberar algo entre si. Portanto, durante as frases de solução nãose deve olhar apenas a pessoa envolvida, mas manter presente todo o sistema.

As frases liberadoras tocam o cerne do trabalho com constelações. Elas fazem vibrar as"imagens da alma". Tais frases não se vinculam necessariamente às imagens da constelação,se bem que uma linguagem tocante tem sempre a capacidade de "ver". Experimentamos istoquando, independentemente de constelações, e até mesmo numa conversa no telefone, a almatoca através das palavras. E fica claro, no mais tardar até que as soluções da alma advenhampela mediação das palavras, que a psicoterapia está longe de ser uma técnica de transmissãode informações, e que o elemento fundamental da psicologia consiste "no dizer, como forma demostrar e fazer comparecer o presente e o ausente, a realidade em seu sentido mais amplo".

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(2) Na psicoterapia, através de uma linguagem que preserva e guarda o que pertence à alma, omundo é dito de novo em sua qualidade anímica e o ainda-não-visto é trazido à luz. (3)

13. Rituais nas constelações familiares

Nas constelações familiares, os rituais desempenham um importante papel. O ritual, como umprocedimento repetido da mesma forma, associa-se às dimensões mais profundas darealidade. Nele são experimentadas forças anímicas que não podem, sem perder seu sentido,ser transmitidas pela simples linguagem. Vou abordar aqui brevemente apenas três rituais: areverência, o deitar-se ao lado dos mortos e a fileira dos antepassados. A inclinação e areverência.

Na reverência, a pessoa que coloca sua família inclina-se diante de seus pais. Ela se inclinadiante do destino que atua em sua família e das pessoas que carregam esse destino. Areverência é entendida de modo mais amplo do que a inclinação profunda.

Na inclinação profunda, muitas vezes até o chão, uma pessoa deixa cair a presunção,sobretudo em face do pai ou da mãe. Tal gesto é indicado quando alguém permanece narecusa de se mover em direção aos pais, fez-lhes graves acusações ou talvez mesmo cometeuatos contra eles. Mesmo quando alguém, por amor ou orgulho, se coloca acima dos pais e comisso os perdeu internamente e às vezes também externamente, a inclinação profunda libera.Esse gesto restabelece o desnível entre os pais e o filho e é muitas vezes a condição para queo amor volte a fluir. Não raramente, a inclinação profunda leva uma pessoa a lágrimasabundantes, nas quais a compulsão da presunção e talvez também a culpa podem sedissolver.

O gesto de curvar-se não é indicado quando a pessoa envolvida tem a sensação de serhumilhada pelos pais. Isto acontece, por exemplo, quando vem à tona a recordação de gravesmaus tratos infligidos pelos pais. Aqui é necessário um outro processo de liberação, egeralmente é preciso trabalhar primeiro com os pais na constelação.

Uma inclinação profunda, feita com o devido sentimento, sempre libera, mesmo que nemsempre seja aceita pela outra pessoa. Às vezes é muito tarde para tal gesto, e então a pessoaprecisa carregar diante dos pais a culpa e suas conseqüências. Se é grande a resistênciacontra a inclinação, pode-se pedir ao representante que a faça em lugar da pessoa envolvida.Isto muitas vezes produz um efeito ainda maior. O representante pode entregar-se maisfacilmente ao que acontece. Nele, e no efeito sobre ele, costuma ser mais fácil perceber se éautêntico o gesto de curvar-se, e normalmente a pessoa envolvida participa plenamente, defora. A inclinação profunda feita pelo representante talvez suporte mais, porque nela não existeo medo inibidor diante do despojamento e porque também a resistência é respeitada. Essecurvar-se envolve também um segundo movimento, igualmente importante, que é o erguer-se.Através dele volta a força e a coragem para um relacionamento adequado e para o movimentoamoroso.

A reverência é um gesto abrangente de respeito e homenagem e de soltar-se. Por ela sãohonradas pessoas que nos precederam, juntamente com seus destinos. Através delaaceitamos os efeitos que o destino de outros trouxe à nossa própria vida e nos desprendemosdesse destino. Pela inclinação algo pode "declinar", isto é, caminhar para seu fim, de forma apoder passar depois de algum tempo, mesmo quanto a seu efeito. Deitar-se ao lado dosmortos.

Se alguém morreu no sistema e queremos perceber o efeito de sua morte sobre a família,podemos virar para fora o representante da pessoa morta e afastá-lo da família alguns passos.

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Podemos também fazer com que alguém se retire do recinto. Se alguém teve uma mortetrágica ou se sua morte não foi devidamente considerada e honrada, pode-se fazer com queseu representante se deite no chão, geralmente de costas. Isto provoca geralmente reaçõesmuito fortes na constelação, pois o ato de morrer e a morte são sentidos com todo o seu efeito.Talvez alguém queira deitar-se ao lado da pessoa morta, ou esta queira ser abraçada maisuma vez, ou uma mãe ao morrer queira tomar, mais uma vez, seu filho nos braços, ou os vivosse curvam. Freqüentemente não houve uma despedida entre vivos e mortos, que então podeser resgatada.

Quando se pede a uma pessoa que se deite ao lado de um morto, pode-se notar a atração quea morte exerce e a necessidade freqüente que sentem os vivos de estar entre os mortos. Comefeito, observa-se, muitas vezes, que os vivos querem trazer os mortos de volta à vida. Quandose deitam ao lado deles, percebem logo que isso não é possível e que os mortos também nãoo desejam. Para outras pessoas, deitar-se ao lado dos mortos faz o efeito de uma redenção epode-se perceber então algo do poder que possui a vontade de morrer. Se um vivo permanecepor algum tempo deitado ao lado de um morto, a intimidade na ligação vem à tona. Porémmuitas vezes os mortos também ficam inquietos, querem voltar as costas e ser deixados empaz. A pessoa que vive sente então que sua presença junto aos mortos não é desejada e podemais facilmente encarar a vida.

Uma mulher tinha passado por graves depressões e algumas tentativas de suicídio. Comoquadro de fundo, revelou-se que sentia uma profunda ligação com as vítimas de seu queridoavô, que no regime nazista tinha denunciado muitas pessoas e as levado a um campo deconcentração. Quando as vítimas e o avô se deitaram no solo, a mulher quis imediatamentedeitar-se ao lado das vítimas. Olhou-as com lágrimas nos olhos e sentiu um profundo peso. Oterapeuta trabalhou primeiro com o avô e suas vítimas e o resultado foi que estas se afastaramda mulher. De repente, ela se sentiu muito só. Depois de algum tempo, seus olhos procuraramos olhos de seu marido e de seus filhos e ela disse: "Agora gostaria de ficar de novo com osvivos".

Um movimento como este geralmente só é possível depois que alguém se deitou por algumtempo junto aos mortos. Como ritual, o deitar-se com os mortos transcende esse processo.Nele se experimenta que a vida e a morte fazem parte de uma só realidade. Para além davontade da vida em afirmar-se, da esperança e do consolo, experimenta-se o efeito liberadorque resulta da concordância e da sintonia com o abismo da realidade. Podemos experimentarque a vida é algo que emerge, por um momento, de algo obscuro e que se completa econsuma quando volta a cair nesse obscuro. A vida e a morte, o sucesso e o horror, como tudoo que existe, são acolhidos na grande realidade única. A fileira dos antepassados

Às vezes, mesmo depois que uma constelação foi resolvida, alguém dá a impressão de estarainda sem força em seu lugar. Pode-se então colocar essa pessoa com as costas apoiadas emseus pais. Desta forma, ela pode perceber e receber em si a força deles, sentindo seu suportee apoio. Se a força dos pais não for bastante, pode-se colocar atrás deles outrosantepassados, até que flua a corrente de força.

Quando os pais se separaram ou é preciso assumir que estão separados, o terapeuta oscoloca juntos nesse ritual e depois os separa de novo. Pois, pelo menos no momento de gerar,os pais estiveram assim juntos para a criança. A força masculina pode ser especialmentesentida numa fileira de homens e a força feminina numa fileira de mulheres.

Na fileira dos antepassados, a pessoa não ganha apenas o sentimento de que é sustentada eapoiada pelos pais, pelo grupo familiar e pela grande alma, mas também o saber e a força deperceber que ela própria é agora uma pessoa adulta. Justamente quando foram trabalhadas asvivências traumáticas da criança e as necessidades infantis, entra em ação desta forma, alémdo movimento amoroso, aquilo que dá apoio e sustento à pessoa. Ao mesmo tempo, abre-se

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nesse ritual, para muitas pessoas, o olhar para a frente. Nossa vida não é apenas carregadapela "fonte", mas também pelo "desnível" que nos puxa para a frente.

14. A constelação condensada

Nos últimos anos, Bert Hellinger vem trabalhando, com freqüência cada vez maior, comconstelações condensadas. Nessa forma breve - ou melhor, intensiva - de representação, nãocolocamos e mantemos diante dos olhos um sistema familiar, mas a pessoa interessada, emseu relacionamento individual com a mãe, o pai, um parceiro, um filho, uma doença ou a morte.O que aqui está no centro da atenção não é tanto 0 emaranhamento ou a vinculação aodestino que abrange toda a família, quanto as forças que atuam sobre a alma de alguém comrespeito a certos relacionamentos ou a temas como culpa pessoal, ressentimento e morte.

O terapeuta pede ao cliente que escolha e posicione em relação recíproca representantes paraas poucas pessoas que importam ou para as forças que atuam. A seguir, confia osrepresentantes à dinâmica que os move na representação, sem interferir no processo. Osrepresentantes expressam com o corpo e sem palavras aquilo que move sua alma.

O terapeuta geralmente não interfere. Desta forma coloca-se muitas vezes em movimento umprocesso muito impressionante, que mostra tanto o problema e a necessidade quando asolução. A pessoa envolvida presencia geralmente de fora e se entrega ao que ela vê, que secomunica a ela e a toca.

Esse tipo de representação é especialmente recomendado quando uma constelação familiarpoderia desviar de algo que está imediatamente desafiando a alma. Quando alguém estágravemente doente, pesquisar um emaranhamento não ajuda muito ou, em todo caso, sóajudará depois que essa pessoa se defrontou com sua doença.

Um homem que sofria de câncer queria saber em que contexto familiar poderia entender suadoença. Entretanto, o terapeuta lhe pediu que colocasse apenas a si mesmo, sua doença e suamorte. No decurso da constelação, o representante escolhido evitava a doença e a morte e nãoqueria encará-las. A morte dava uma impressão de desamparo e a doença se postava debraços abertos. Quando o representante, depois de algum tempo, se voltou para a doença --representada por uma mulher mais velha -- e caminhou ao seu encontro, aconteceu um abraçoterno entre ambos. A morte se retirou um pouco, permaneceu ligada e deu a impressão detranqüilidade.

O terapeuta não interrogou o representante e também não comentou o trabalho realizado. Ohomem pareceu muito tocado e tranqüilo. Apenas numa rodada seguinte ele se declaroudecepcionado por não saber o que fazer com aquela representação. Mas quando o terapeutalhe perguntou: "Que peso teria o saber que você busca, em confronto com aquilo que vocêviu?", vieram-lhe lágrimas de novo e ele concordou com a cabeça. Numa encenação comoesta, ninguém sabe exatamente o que acontece e o que atua. Contudo, algo de essencialsurge diante dos olhos.

Às vezes, sobretudo quando se trata de um movimento interrompido, o terapeuta pode tambémfazer com que a pessoa envolvida se coloque pessoalmente na relação, dispensando orepresentante, e se exponha diretamente ao processo da encenação. Isto é indicado quando oque está em primeiro plano é menos o que o cliente "vê" e mais o que ele sente, por exemplo,a força liberadora do movimento para a mãe. Se a representação não progride, o terapeutapode interferir com cuidado para que o cliente ou um representante ultrapasse algum limiar,deixando-os então entregues à continuação do processo até sua conclusão. Se o cliente ou osrepresentantes, apesar de sensibilizados, não se colocam em movimento, o terapeuta pode

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também interrogá-los em busca de nova informação. Talvez seja ainda preciso introduzir outrapessoa ou força personificada, ou também se possa ampliar a representação até que setransforme numa constelação familiar. O terapeuta simplesmente se entrega ao que vê e sente,e progride com a força da alma.

Mais ainda do que a constelação familiar, a representação condensada escapa de qualquerrotina terapêutica e de qualquer "fazer" que pretenda ajudar. Embora transcorra de formasimples e singela, ela exige dos representantes uma entrega completa e do terapeuta - queaparentemente só deixa as coisas acontecerem - alto grau de atenção e concentração.Justamente quando se trata de doença, morte e culpa, os participantes se defrontam com aszonas limítrofes da vida e com a necessidade de uma profunda sintonia com a realidade.

15. Duração e término de uma constelação familiar

Duração

Uma constelação breve e concentrada é geralmente a mais eficiente. Pode-se gastar cinco adez minutos numa representação condensada, ou vinte a trinta minutos numa constelaçãofamiliar. Porém já tive constelações que duraram quase uma hora, porque precisaram de todoesse tempo. Isso acontece sobretudo quando, ao final de uma constelação, aparece umainformação importante que exige a continuação do processo, quando é preciso procurarsolução também para outras pessoas da família, quando se deve aliviar representantes muitosobrecarregados. O mesmo acontece em confrontos entre perpetradores e vítimas, onde épreciso lutar intensamente por uma solução, e também quando um movimento interrompidoprecisa ser resgatado dentro da constelação.

É essencial que a energia e a atenção sejam mantidas durante toda a constelação. Se osrepresentantes ficam cansados, o grupo inquieto e o cliente confuso, então geralmente aconstelação já durou um tempo excessivo. O risco de prolongá-la demais existe principalmentequando o terapeuta se desvia numa interpretação, deixa os representantes excessivamenteentregues à própria dinâmica ou pretende resolver de uma vez todos os problemas que surgemnuma família. A força de uma constelação reside no seu mínimo.

Naturalmente existem constelações que estacam de repente ou cuja energia não se mantémsempre num nível elevado. Às vezes, o terapeuta precisa buscar e experimentar o que fazprogredir e nessa tentativa nem sempre encontra o caminho certo. Ele tem o direito de se dar otempo de que precisa para que a constelação possa chegar a um bom resultado. É melhorpagar o preço de uma baixa de energia durante a representação do que interrompê-laprematuramente e forçar uma solução não confiável. Enquanto 0 terapeuta estiver agindo emconsonância com a alma da família que está sendo configurada, ele não poderá cometermuitos erros. Caso perca o contato com a alma da família, ou esta se esquive, ou a busca dasolução se torne muito trabalhosa e cansativa, a constelação precisa ser interrompida. Ainterrupção.

A interrupção de uma constelação familiar é uma intervenção de poderoso efeito, que deveabsolutamente resultar do que acontece na própria representação. Com freqüência ainterrupção alivia o cliente, porque ele mesmo percebe que ela não progride ou que entrou empista errada. Talvez ele tenha mais tarde nova oportunidade de colocar sua família quando istose torne possível em virtude de uma nova informação, de um novo direcionamento ou damelhora de sua conexão interna com a família.

Às vezes, porém, o cliente foi muito mobilizado e reage até com ressentimento contra ainterrupção. O terapeuta deve mantê-la e não debitá-la a si mesmo, a não ser que a tenha

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interrompido por estar fora de sintonia com o que estava acontecendo. Freqüentemente umainterrupção incentiva a alma do cliente a buscar informações importantes ou o confronta com aprópria impotência em querer algo sem condições. Ou ainda, a interrupção pode mostrar quese buscou a solução no lugar errado, por exemplo, no sistema de origem, embora a força dasolução aponte para o sistema atual. Sejam quais forem as razões para uma interrupção, elaprecisa estar sempre a serviço da alma de quem buscou conselho e não deve ser dirigidacontra ele.

A maioria das interrupções resulta da falta de informações importantes. A responsabilidadepelo fato deve pertencer ao cliente ou à sua família. Freqüentemente, porém, as interrupçõessão necessárias quando a pessoa se depara com uma fronteira difícil que ela não quer ou nãopode ultrapassar. O terapeuta renuncia então ao processo que resolveria a constelação, paraque essa fronteira seja plenamente encarada. Muitos clientes, que inicialmente ficamchocados, mostram-se depois muito agradecidos. Pode acontecer, por exemplo, que alguémseja deixado junto de pessoas mortas de quem não queira desprender-se. Há pouco tempo,recebi uma carta de uma mulher gravemente enferma. Eu a tinha confrontado com a mortenuma representação e deixei a morte junto dela, sem ceder a seu pedido de uma soluçãomelhor. Agora, passados três anos, ela me escreveu: "Agradeço. A morte continua a meu ladoe estou viva". O término.

O melhor momento para terminar uma constelação familiar é quando aparece a solução echegam ao auge a força e a energia. A pessoa envolvida pode então abandonar a constelação"carregada de solução". O fim da constelação é realmente um começo, que produz algo queleva adiante na vida e que é alimentado por uma nova força da alma.

Isto não significa, porém, que só se deva encerrar uma constelação no seu auge. Muitas vezesé preciso que se faça um pequeno acréscimo ou um fecho harmonioso. E embora o auge daconstelação tenha sido alcançado com uma emocionante reverência a um dos pais, o processoprecisa ser arredondado com o encontro com o outro progenitor, com o alinhamento dosirmãos ou com alguma frase de solução que seja dita a outras pessoas da família quepassaram a ser importantes. Para muitas pessoas, é muito liberador experimentar como, aosair de um emaranhamento, o olhar fica livre para outros membros da família e a pessoa senteo impulso de ir até elas para dizer-lhes algo ou abraçá-las. Sobretudo em constelações muitoliberadoras, nas quais também os representantes, que costumam ficar à margem do processoda solução, estiveram muito presentes, existe uma necessidade de terminar a constelaçãocomo uma festa e expressar solidariedade e alegria na despedida.

Se, entretanto, alguns representantes já querem voltar aos seus lugares enquanto outroscomeçam a conversar durante o processo, seguramente não se chegou a um final concentradoe a constelação se desmancha. Por outro lado, se os representantes a abandonam contra avontade e sentem o impulso de prolongá-la posteriormente com suas reações, elaprovavelmente foi encerrada antes da hora. O encontro do final correto talvez seja a maior arte.O final tem o melhor êxito quando permanece ligado ao início da constelação, à intenção que ocliente expressou e à força que sustentou o processo.

O término de uma constelação exige também que, concluído o trabalho, o terapeuta e o grupodeixem em paz a pessoa envolvida e sua alma. Muitas vezes, na melhor das intenções, osrepresentantes ainda querem acrescentar alguma coisa ou ocorre algo ao terapeuta que eleainda queira comunicar, e talvez o próprio cliente ainda não esteja satisfeito. Ceder a taisimpulsos prejudica a alma e compromete o efeito da constelação. Caso haja um complementoimportante do cliente, dos representantes ou do terapeuta, ele deve ser feito a serviço docliente e do que foi conseguido durante o trabalho. O que é importante não se perde e encontraseu momento adequado.

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Para que uma constelação possa ser eficaz, seu efeito precisa ficar visível no próprio decorrerdo processo. A própria pessoa que colocou a família mostra algo desse efeito, o terapeuta seassegura dele na solução e também o grupo pode percebê-lo. Esse efeito permanece entãoconfiado à alma. Em última instância, não sabemos o que realmente resolve. Já presencieiconstelações muito satisfatórias que a longo prazo se revelaram pouco eficazes. E jápresenciei constelações "más" que posteriormente se mostraram extremamente eficazes. Oterapeuta só pode confiar naquilo que vê na constelação e então entregá-lo aonde pertence eonde seguirá seu próprio caminho. Não podemos assegurar o êxito de uma constelação, pormais experimentados e seguros que sejamos no trato com esse trabalho. O terapeuta colaboracom pouca coisa para o seu sucesso. Mas esse pouco compensa a coragem, o exercício, aexperiência e o esforço da compreensão crescente do terapeuta e o recompensa com umtrabalho muito satisfatório.

16. Das ordens do amor aos movimentos da alma

Nos últimos tempos, existe nas constelações de Bert Hellinger uma evolução das "ordens doamor" para os "movimentos da alma". Tal evolução já se manifestou na "constelaçãocondensada". Sobretudo em casos onde os destinos familiares estão envolvidos em contextosmaiores e onde as soluções não podem mais provir da alma da família mas apenas do espaçoda "alma maior", por exemplo, em destinos de vítimas e agressores, especialmente emconexão com acontecimentos políticos e sociais, Bert Hellinger muitas vezes deixa que osrepresentantes, freqüentemente colocados por ele mesmo, se movam livremente sem palavras,sem interferir em seu processo interno e externo. Então se desenvolve um drama sempalavras, com uma dinâmica espantosamente profunda. Às vezes Hellinger permite que osrepresentantes relatem posteriormente seus processos interiores, outras vezes não. Em taiscontextos tão amplos, nenhum terapeuta pode proporcionar uma "visão geral" e oencaminhamento para uma solução. Ele próprio, como os demais que presenciam o processo,limita-se a contemplar e acolher o que, no espaço dessa "alma maior", se manifesta em termosde movimento e de solução.

Tais representações ultrapassam os limites da constelação familiar. Muitas vezes orepresentantes relatam depois vivências e insights que os surpreenderam totalmente e queeles não teriam podido imaginar. Mesmo quando trabalha com famílias, Bert Hellinger vemconfiando totalmente na manifestação dos movimentos da alma. Ainda Jakob RobertSchneider, Sobre a 'Técnica (Ias Constelações Familiares 27 mais fortemente do que antes, oolhar se converte das soluções procuradas dentro das ordens do amor à sintonia da alma coma realidade, da forma como esta se revela..

Minha intenção aqui é apenas de aludir a esse desenvolvimento no trabalho de Bert Hellingercom as constelações. Tal desenvolvimento não exclui o procedimento apresentado neste artigosobre as constelações familiares, mas vai além dele, mostrando em que medida permaneceainda aberto e inconcluso o trabalho que se faz a serviço dos movimentos da alma.

Trabalho apresentado pelo autor para o 1 ° Módulo do ]'Treinamento Sul-americano em Terapiasistêmica fenomenológica de Bert Hellinger, Rio de Janeiro, setembro de 2001

Do original alemão: Zur Technik des Familienstellens

Tradução de Newton Queiroz

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Referências:

(1) Ver Martin Heidegger, Úberlieferte Sprache zcnd technische Sprache (Linguagemtransmitida e linguagem técnica), Erker-Tterlag, St. Gallen, 1989.

(2) Martin Heidegger, op. cit. p. 25

(3) Martin Heidegger, op. cit. p. 27

Referências Adicionais

Referências adicionais sobre os assuntos abordados neste site podem ser encontradas emnossa Bibliografia.

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TEXTOS – CONSTELAÇÃO FAMILIAR SISTÊMICAAna Lucia Braga

Constelação Sistêmica é uma abordagem terapêutica através da qual torna-se possívelidentificar e solucionar problemas e conflitos de pessoas, empresas e organizações. Vem dacompreensão Sistêmica Fenomenológica, que preconiza que todo indivíduo é integrante de umsistema, e como tal, sofre influências de outros membros do sistema.

Nos sistemas familiares, questões vivenciadas por gerações anteriores, como por exemplo,injustiças cometidas, mortes precoces, suicídios, podem inconscientemente afetar a vida deseus familiares com enfermidades inexplicáveis, depressões, novos suicídios, relações deconflito, transtornos físicos e psíquicos, dificuldade de estabelecer relações duradouras comparceiros, comportamentos conflitantes entre familiares, etc.

Bert Hellinger, filósofo e psicoterapeuta alemão, descobriu que por amor, lealdade e fidelidadeà família, quando algum ancestral deixa situações por resolver, pessoas de gerações seguintestrarão o sentimento e o comportamento, a ação para a resolução dessas situações,“emaranhando-se” e permanecendo, assim, prisioneiros a fatos e eventos pelos quais não sãoresponsáveis e muitas vezes sequer têm conhecimento. Esta é a herança afetiva, umatransmissão transgeracional de problemas familiares, que acaba criando uma seqüência dedestinos trágicos. Nas Constelações Sistêmicas, configurando a família através derepresentantes, é possível que se restabeleçam as “Ordens do Amor”, trazendo solução àsdinâmicas familiares. Do mesmo modo ocorre nas Constelações que envolvem empresas eorganizações.

Esta abordagem traz vantagens especiais quando comparada com outras formas de terapia,como a rapidez, a profundidade e a simplicidade com que se processa. É um trabalho

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desenvolvido em grupo, onde o processo de aprendizado acontece simultaneamente com ocliente, com os representantes e com quem está apenas assistindo. Na maioria das vezes, sãonecessárias uma ou duas sessões de intervenção.

CONSTELAÇÕES SISTÊMICAS - O Casal

Todo relacionamento de casal é um relacionamento entre sistemas. O reconhecimento danecessidade um do outro e de que o homem e mulher são diferentes, porém equivalentes estána base de todo relacionamento; este tem sucesso quando há equilíbrio entre dar e receber;Ordem e Amor se completam: a Ordem vem primeiro e o amor está a serviço de uma ordemmaior. Essas são algumas afirmações de Bert Hellinger sobre casais.

Nas Constelações Sistêmicas, muitas vezes quando se configura o casal, os representantesapontam uma indisponibilidade mútua, inconsciente e perceptível apenas nos atos. Às vezesaté desejam estar juntos, mas algo os impossibilita. Em geral, as dificuldades entre um casalestão ligadas à possibilidade de haver questões anteriores não solucionadas. Questões quenos remetem aos pais, à família de origem.

Para que um casal possa permanecer junto é necessária a separação da família de origem e alibertação dos emaranhamentos nos destinos desta família.

As ordens na família envolvem o direito à pertinência, ou seja, todos têm o direito depertencer. Há uma hierarquia que deve ser respeitada, e deve haver equilíbrio entre o dar eo tomar em todas as relações dentro do sistema familiar.

O amor da criança pelos pais e dos pais pela criança também faz parte da base de todorelacionamento. Quando um dos parceiros não toma seus pais, também não pode tomar ooutro no casamento.

Outras questões percebidas nas Constelações Sistêmicas: o relacionamento do casal temprecedência com relação à paternidade ou maternidade; a hierarquia é fundamental nasfamílias mistas - quando há mais de um casamento. Em um casamento com filhos, osparceiros anteriores sempre precisam ser respeitados para que uma próxima relação dê certo,não importando os motivos da separação.

E quando isso não acontece, os parceiros anteriores são representados no casamento pelosfilhos. O relacionamento entre um homem e uma mulher está inserido num contexto maior.Pela sua natureza está direcionado aos filhos, à formação de uma família, à continuação davida.

Ana Lucia Braga

Terapeuta de Constelações Sistêmicas

Terapeuta Corporal Neo Reichiana

Psicopedagoga

CONSTELAÇÕES SISTÊMICAS

O sistema familiar pode ser descrito como um conjunto de pessoas que permanecem unidas ouvinculadas em função de um interesse comum ou de forças que as permeiam, independente deque tenham consciência.

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Nossa consciência individual atua para nos manter vinculados. Ela manifesta-se quase comouma voz. Essa consciência pessoal é limitada tanto na sua percepção quanto na suadimensão. Ela se coloca moralmente acima. A Razão está na consciência individual.

Nas Constelações Sistêmicas é preciso deixar de lado a consciência pessoal. A solução éabandonar a consciência individual e ir além, além inclusive do bem e do mal. O trabalhosistêmico fenomenológico possibilita uma nova percepção, que às vezes nos chega atravésdos sentidos e não necessariamente através da compreensão e da razão. Ele nos faz olharpara algo, nos permitindo ser tocados por aquilo, mesmo que nossa mente não entenda.

A Consciência do grupo é mais ampla e está ligada a necessidades do grupo. A pessoa éimpulsionada pelas forças do grupo. Essa consciência tem como objetivo manter o grupo. Parase ter acesso a esta consciência é necessário que se olhe para todo o grupo. Na verdade, nãose tem acesso à consciência do grupo, só é possível observar e perceber o efeito através deseus resultados.

Existem forças que atuam sobre a consciência de grupo, sobre o que Bert Hellinger chama dealma. Essas forças são: pertinência, ordem ou hierarquia e equilíbrio. Quando estas forças nãosão respeitadas são criados os emaranhamentos. As conseqüências do desrespeito às ordens,os efeitos desse desrespeito são o surgimento de doenças, conflitos, sentimentos deinfelicidade. As gerações seguintes passarão a reproduzir esses efeitos de forma inconsciente.

O trabalho com Constelações Sistêmicas nos permite acessar algo que está presente nosistema. Para sair da consciência pessoal e ir para a consciência grupal é preciso deixar delado crenças, conceitos, verdades e até mesmo a consciência pessoal.

Para que a solução aconteça, vários passos devem ser dados. NasConstelações o primeiro passo é a revelação da dinâmica, e isso, na maioria das vezes basta.“Final feliz” não é importante. O que importa é o reconhecimento de uma nova ordem. E oreconhecimento de que a Constelação é só o primeiro passo. Os outros, a alma saberá dar.

Ana Lucia Braga

Terapeuta de Constelações Sistêmicas

Terapeuta Corporal Neo Reichiana

Psicopedagoga

Consultório: Rua Abrão Caixe, 566 - Jd. Irajá - Ribeirão Preto - SP– Tel. 30215490 - 99947224

Constelação Sistêmica é uma abordagem terapêutica através da qual torna-se possívelidentificar e solucionar problemas e conflitos de pessoas, empresas e organizações. Vem dacompreensão Sistêmica Fenomenológica, que preconiza que todo indivíduo é integrante de umsistema, e como tal, sofre influências de outros membros do sistema.

O sistema é um conjunto de pessoas que permanecem unidas ou vinculadas em função de uminteresse comum ou forças que as permeiam, independente de que tenham consciência.Quando pensamos em sistema familiar, podemos dizer que é um grupo de pessoas que semantém unido por uma força invisível que é o Amor. Fazendo uma analogia com o corpohumano, o individuo está para a família assim como um órgão está para o corpo. Quando umórgão não funciona adequadamente, o corpo humano tende a entrar em sofrimento; assimcomo, quando uma pessoa da família não está bem, a família tende a entrar em desequilíbrio.

O desequilíbrio sistêmico é um desrespeito às Ordens, o que causa emaranhamentos. Asconseqüências ou os efeitos deste desrespeito é o surgimento de doenças, conflitos,sentimentos de infelicidade. As gerações seguintes passarão a reproduzir esses efeitos deforma inconsciente.

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O Trabalho de Constelações possibilita um novo olhar para o sistema. No sentido terapêutico,a revelação da dinâmica do sistema é a própria intervenção.

Quando a pessoa configura sua Constelação, ela entra em contato com uma imagem que emparte é fruto de sua consciência individual e outra é fruto de uma consciência maior que elanão conhece, mas que se manifesta na configuração. A partir dos movimentos que acontecemna Constelação, a pessoa pode criar uma nova imagem e essa nova imagem é que atua dentrodo sistema. A imagem inicial é limitada e a imagem final é ampliada.

Quando uma dinâmica é revelada, algo vem à tona. É o ponto mais importante do trabalho. Àsvezes é possível dar mais alguns passos e às vezes não. No trabalho Sistêmico deConstelações não se trata de alterar ou mudar algo, se trata do terapeuta encontrar a força quepermeia aquela dinâmica, e encontrar posicionamentos dentro do sistema, ou completar frasesque de alguma forma não têm sido permitidos.

Para que uma cura aconteça, vários passos devem ser dados até que se restabeleça a curafinal. Nosso primeiro passo é a revelação da dinâmica, e muitas vezes isso basta. O importanteé o reconhecimento de uma nova ordem. E, se aquele que assiste chega a uma nova imagempara seu sistema, significa que ele expandiu algo em seu sistema. Ele acompanhou os passose chegou a uma nova imagem, a alma dele encontrou uma solução e podemos perceber osefeitos que isto causa na pessoa. Quando, em uma Constelação , se acompanha a dinâmicados fatos e se está em sintonia, isso é o suficiente, e em geral não depende de umacompreensão racional.

Ana Lucia Braga

Terapeuta de Constelações Sistêmicas

Terapeuta Corporal Neo Reichiana

Psicopedagoga

Consultório: Rua Abrão Caixe, 566 - Jd. Irajá - Ribeirão Preto - SP – Tel. 30215490 - 99947224

CONSTELAÇÕES SISTÊMICAS COM BONECOS

As pessoas procuram um terapeuta em função de suas dificuldades pessoais. O trabalhoSistêmico de Constelações também é procurado pelos mesmos motivos. A diferença é que seolha para o todo, com uma visão sistêmico-fenomenológica, para a consciência do grupo, dafamília, e não para a consciência individual, como nas terapias convencionais. E o trabalho deConstelações pode ser desenvolvido tanto em grupo como individualmente.

Muitas pessoas que procuram um terapeuta não desejam um trabalho em grupo. Por estemotivo, a Constelação com bonecos (ou figuras, ou objetos) é uma possibilidade para otrabalho sistêmico individualmente, no consultório. Os bonecos são colocados sobre a mesa erepresentam as relações estabelecidas entre as pessoas da família ou as pessoas importantesde um sistema. A orientação fenomenológica não permite que o terapeuta seja levado porassociações e caracterizações, ou por semelhanças com membros do sistema, como emmuitas abordagens terapêuticas, especialmente as que trabalham com o psicológico. Notrabalho sistêmico o importante é olhar os acontecimentos essenciais, os fatos, os destinos edinâmicas de relacionamentos. E levar em consideração as “Ordens do Amor”, sistematizadaspelo terapeuta alemão Bert Hellinger, que implicam um olhar para as forças que atuam dentrodos sistemas, como as leis da Pertinência, da Hierarquia e do Equilíbrio.

Os bonecos funcionam como os representantes no grupo e são posicionados pelo cliente domesmo modo como é feito nas Constelações em Grupo. Vivencia-se no consultório, entreterapeuta, cliente e bonecos, o mesmo tipo de percepções, incluindo todos os canais do

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sentido, como a visão, a audição e outras sensações experimentadas pelos representantes nogrupo, com a diferença de que o terapeuta acaba sendo o maior foco das percepções e temmaior responsabilidade no explicitar dessas percepções, já que o campo morfogenético,responsável pelos efeitos que se observa em uma Constelação , também está presente notrabalho individual.

Como nas Constelações em Grupo, no trabalho com os bonecos o cliente pode olhar junto como terapeuta para suas questões, e ter uma imagem inicial, a partir do modo como posiciona osbonecos e, a partir dela, possivelmente poderão ser percebidos os profundos processosanímicos do seu sistema. Será olhado o contexto amplo do vínculo e da solução para os seusrelacionamentos.

Muitas vezes, em uma única sessão, pode-se ver com profundidade as dificuldades de umapessoa e de seu sistema, tendo em vista o princípio “tão breve quanto possível e tão efetivoquanto necessário, como um ponto de partida que auxilia um forte processo de ajuda”, comodiz Jakob Schineider.

Ao olhar calmamente para os bonecos posicionados, cliente e terapeuta podem “ver” o queacontece, sentir, perceber. E o terapeuta comunica ao cliente aquilo que “vê”. A partir daí, osbonecos vão sendo posicionados de outros modos, com a percepção e o acompanhamento docliente, até uma imagem final. Frases de solução são sugeridas pelo terapeuta durante otrabalho, que são verbalizadas pelo cliente, parecendo mesmo uma “brincadeira com bonecos”,como fazem as crianças, mas que trazem solução e alívio, muitas vezes vivenciadoscorporalmente pelo cliente, podendo este sentir os movimentos da alma. São frases de soluçãoque explicitam a verdade anímica, que evidenciam o amor sistêmico, que liberam ereconciliam.

Neste trabalho lidamos com pontes visuais e com a reordenação dentro do sistema da pessoa.No entanto, as Constelações vão além, como afirma Schineider: elas atuam em um campoonde há espaço para imagens anímicas e energias ou forças que conduzem a dimensõesdifíceis de serem descritas, para vivências de fenômenos de campos anímicos que estão alémda mera observação.

Ana Lucia Braga

Terapeuta de Constelações Sistêmicas

Terapeuta Corporal Neo Reichiana

Psicopedagoga

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“CONSTELAÇÃO SISTÊMICA”

“Constelação Sistêmica” é um trabalho que busca na família a origem de dificuldades,bloqueios, padrões comportamentais que trazem sofrimentos desenvolvidos pelas pessoas aolongo da vida. Destina-se a todas as pessoas que desejam trabalhar suas relações familiarese amorosas, separações, desequilíbrios emocionais, problemas de saúde, comportamentosdestrutivos, envolvimento com drogas, perdas e/ou luto, dificuldades financeiras, dificuldadesnos relacionamentos, entre outras dificuldades.

É uma abordagem terapêutica através da qual torna-se possível identificar as “Ordens doAmor” dentro da estrutura familiar, trazendo à luz os profundos vínculos – conscientes ouinconscientes - que as pessoas têm com sua família. Vem da compreensão Sistêmica

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Fenomenológica, que preconiza que todo indivíduo é integrante de um sistema, e como tal,sofre influências de outros membros do sistema.

Questões vivenciadas por gerações anteriores, como por exemplo, injustiças cometidas,mortes precoces, suicídios, podem inconscientemente afetar a vida de seus familiares comenfermidades inexplicáveis, depressões, novos suicídios, relações de conflito, transtornosfísicos e psíquicos, dificuldade de estabelecer relações duradouras com parceiros,comportamentos conflitantes entre familiares, etc. E, muitas vezes, por terem essas questõesimplicações sistêmicas, não mostram melhoras com as terapias tradicionais.

Bert Hellinger descobriu que muitos dos problemas vivenciados pelas pessoas têm uma origemsistêmica, ou seja, vêm do seio da família, muitas vezes de outras gerações. Por amor,lealdade e fidelidade à família, quando algum antepassado deixa situações por resolver,pessoas de gerações seguintes trarão o sentimento e o comportamento, a ação para aresolução dessas situações, “emaranhando-se” e permanecendo, assim, prisioneiros a fatos eeventos pelos quais não são responsáveis e muitas vezes sequer têm conhecimento. Esta é aherança afetiva, uma transmissão transgeracional de problemas familiares, que acaba criandouma seqüência de destinos trágicos. Ele diz que há Ordens dentro do sistema familiar echamou a essas de “Ordens do Amor”. Dentro deste amor, há o amor cego, infantil, quedetermina os emaranhamentos, que são as origens dos conflitos e das grandes dificuldades deuma pessoa; é o emaranhamento que mantém determinadas dinâmicas de sofrimento dentrodo sistema. O envolvimento sistêmico sempre se dá pela conturbação das Ordens, das regrasdo sistema. Este amor cego, que cria sofrimento na tentativa de trazer solução às dinâmicasfamiliares, também contém a sabedoria e a solução.

E foi através desta sabedoria que Hellinger descobriu, nas “Constelações Sistêmicas”, apossibilidade de restabelecimento da Ordem e do fluxo do amor.

Esta abordagem traz vantagens especiais quando comparada com outras formas de terapia,como a rapidez, a profundidade e a simplicidade com que se processa.

É um trabalho desenvolvido em grupo, onde o terapeuta, a partir de um problema trazido pelocliente, configura o seu sistema, representando os familiares com as pessoas do grupo.

O processo de aprendizado acontece simultaneamente com o cliente, com os representantes ecom quem está apenas assistindo. Na maioria das vezes, são necessárias uma ou duassessões de intervenção.

As Constelações Sistêmicas Empresariais são configuradas do mesmo modo, mudando-seapenas do enfoque familiar para o organizacional.

Ana Lucia Braga

Terapeuta de Constelações Sistêmicas

Terapeuta Corporal Neo Reichiana

Psicopedagoga

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TEXTO PARA O PEREGRINO

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Constelação Sistêmica é uma abordagem terapêutica através da qual torna-se possívelidentificar e solucionar problemas e conflitos de pessoas, empresas e organizações. Vem dacompreensão Sistêmica Fenomenológica, que preconiza que todo indivíduo é integrante de umsistema, e como tal, sofre influências de outros membros do sistema.

Nos sistemas familiares, questões vivenciadas por gerações anteriores, como por exemplo,injustiças cometidas, mortes precoces, suicídios, podem inconscientemente afetar a vida deseus familiares com enfermidades inexplicáveis, depressões, novos suicídios, relações deconflito, transtornos físicos e psíquicos, dificuldade de estabelecer relações duradouras comparceiros, comportamentos conflitantes entre familiares, etc.

Bert Hellinger, filósofo e psicoterapeuta alemão, descobriu que por amor, lealdade e fidelidadeà família, quando algum ancestral deixa situações por resolver, pessoas de gerações seguintestrarão o sentimento e o comportamento, a ação para a resolução dessas situações,“emaranhando-se” e permanecendo, assim, prisioneiros a fatos e eventos pelos quais não sãoresponsáveis e muitas vezes sequer têm conhecimento. Esta é a herança afetiva, umatransmissão transgeracional de problemas familiares, que acaba criando uma seqüência dedestinos trágicos.

Nas Constelações Sistêmicas, configurando a família através de representantes, é possívelque se restabeleçam as “Ordens do Amor”, trazendo solução às dinâmicas familiares. Domesmo modo ocorre nas Constelações que envolvem empresas e organizações.

A constelação Sistêmica Familiar possibilita a conscientização do papel e da forma que aspessoas estão enredadas dentro do sistema familiar, atuando nos processos dedesemaranhamento e harmonização de vínculos em famílias que possuem casos deressentimentos, co-dependência, relacionamentos destrutivos, doenças psicossomáticas,alcoolismo, abortos, incesto, suicídio, mortes precoces, pessoas excluídas, conflitosinexplicáveis etc.

O trabalho sistêmico empresarial permite uma visão clara e objetiva dos emaranhados dentrode empresas, organizações, comércios, consultórios, departamentos etc. No campo sistêmicoé possível verificar as origens dos conflitos e experienciar novas soluções, possibilitando umamelhor dinâmica de funcionamento para a empresa.

Nas Constelações de Casais, as dificuldades pessoais, assim como problemas derelacionamentos são possíveis de serem configurados através de representantes, observadosos inúmeros emaranhamentos que afetam o casal e encontrar soluções adequadas para arelação.

Esta abordagem traz vantagens especiais quando comparada com outras formas de terapia,como a rapidez, a profundidade e a simplicidade com que se processa. É um trabalhodesenvolvido em grupo, onde o processo de aprendizado acontece simultaneamente com ocliente, com os representantes e com quem está apenas assistindo. Na maioria das vezes, sãonecessárias uma ou duas sessões de intervenção.

Ana Lucia Braga

Terapeuta de Constelações Sistêmicas

Terapeuta Corporal Neo Reichiana

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A PERTINÊNCIA NOS SISTEMAS FAMILIARES

Sistematizadas por Bert Hellinger, terapeuta alemão, as Constelações Sistêmicas Familiares eOrganizacionais cada vez alcançam maior espaço no campo das terapias. São utilizadas notrabalho individual, no consultório, a partir da aplicação da técnica com figuras ou bonecos, eespecialmente em intervenções grupais, em workshops com duração de um ou mais diasconsecutivos, nos quais são atendidos alguns clientes.

Hellinger descobriu as Ordens Sistêmicas dentro da família e de outros sistemas. Quando umadas Ordens ou Leis Sistêmicas é desrespeitada, há emaranhamentos, ou seja, alguém de umageração seguinte pode envolver-se com essa desordem e entrar em sofrimento(inconscientemente), conhecendo ou não a desordem, numa tentativa de trazer novamente oequilíbrio, a ordem para seu sistema. Essas Ordens envolvem a Pertinência, a Hierarquia e oEquilíbrio.

Nos próximos números serão abordadas as Leis da Hierarquia e do Equilíbrio. Aqui seráabordada a Lei da Pertinência, que quer dizer que ninguém pode ficar fora, que todos osmembros do sistema têm direito a pertencer. E quando algum dos elementos fica de fora, éexcluído, gerações seguintes emaranham-se com este membro, identificando-se com ele,tentando, de algum modo reintegrá-lo ao sistema. É uma tentativa vã, já que o que move esteelemento que veio depois é o amor cego e infantil.

Fatos como mortes precoces, mortes ocorridas com menos de vinte e cinco anos, morte do paiou da mãe, deixando filhos com idade inferior a vinte e cinco anos, abortos espontâneos ouprovocados, mortes durante o parto, suicídios ou tentativas, assim como crimes onde se excluiintencionalmente ou não a vítima ou o agressor, são essencialmente importantes no trabalhode Constelações. São ainda importantes os assassinatos, as crianças abandonadas, os queutilizam drogas, prostitutas, deficiências, entre outros fatos que possam estar ligados apessoas excluídas.

Devolver a Ordem, trazer o equilíbrio, restabelecer o fluxo energético, assim como areconciliação e o restabelecimento do fluxo amoroso é o objetivo do trabalho com asConstelações Sistêmicas.

Ana Lucia Braga

Terapeuta de Constelações Sistêmicas

Terapeuta Corporal Neo Reichiana

Psicopedagoga

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A HIERARQUIA NOS SISTEMAS FAMILIARES

A Hierarquia é uma Força, uma Lei que atua em todos os sistemas. Ela tem a ver com aordem nas posições, com o lugar que cada um ocupa dentro do sistema. Nas organizaçõesou empresas também esta Força atua. E quando não é respeitada, criam-se emaranhamentos.A consciência coletiva, aquela que serve como “vigia” dentro dos sistemas, diz que o todo émais importante que a soma de suas partes, e pede por “restauração” das infrações desta Lei –Hierarquia -, assim como das outras Leis Sistêmicas: Pertinência e Equilíbrio. Neste sentido,quando as pessoas estão fora de seus lugares dentro de um sistema, pode-se olhar para

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possíveis emaranhamentos, que têm como efeito o sofrimento vivenciado pelas pessoas, tantona família como nas organizações.

Nas Constelações Sistêmicas (Familiares ou Organizacionais) pode-se ver a tentativa derestauração da consciência coletiva. As gerações seguintes, inconscientemente, colocam-se aserviço do que aconteceu anteriormente, tentando, por exemplo, corrigir injustiças ou reinseriraqueles que foram excluídos. Quem vem depois acaba pagando a conta.

Cito como exemplos de situações que envolvem a Hierarquia o filho que se sente mais sábio emais importante que os pais. Para ele os pais têm muito o que aprender... O que este filho nãosabe é que comete uma infração contra seu sistema familiar, que possivelmente será cometidatambém por seus filhos, estes últimos em defesa de seus avós. Sentir-se grande diante dospais traz, além desta, outras confusões, conflitos, perdas e sofrimentos na vida. Pode-se ver osefeitos disto na vida das pessoas, quando estão emaranhadas com a Força da Hierarquia.

A precedência é clara: quem vem primeiro tem o lugar especial de primeiro. E os demais,aconteça o que acontecer, devem respeitar o lugar desta pessoa. Muitas vezes um filho caçuladeseja assumir as responsabilidades do mais velho e paga um preço alto por isto. Muitoscasais não respeitam o primeiro parceiro. Às vezes até o chamam de “falecido”. Isso trazprofunda confusão sistêmica. Quando o segundo parceiro quer assumir o lugar do primeiro, emgeral este relacionamento também não dá certo. As famílias mistas atualmente sofrem emprofundidade com esta questão, sofrimento este que é estendido também aos filhos. Aprevalência quer dizer que o que é atual prevalece sobre o que é anterior, ainda que o que veioantes não possa perder seu lugar. Por isso, o relacionamento atual prevalece sobre osanteriores.

A Hierarquia é clara: o último vem depois dos primeiros. E o primeiro é realmente o primeiro.Quando há uma inversão na ordem (filhos agindo como pais, por exemplo), há sofrimentosistêmico.

Ana Lucia Braga

Terapeuta de Constelações Sistêmicas

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Psicopedagoga

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A LEI DO EQUILÍBRIO NOS SISTEMAS FAMILIARES

O Equilíbrio é uma Força, uma Lei presente em todos os sistemas. Dentro dos sistemas háuma necessidade de compensação entre perdas e ganhos, dar e receber, e como uma LeiSistêmica, ela atua em todos os níveis. Consciente ou inconscientemente tem-se anecessidade de compensação, e às vezes isso ocorre fazendo com que se perca algo, comque se vivencie algo de ruim, mesmo sem a aparente necessidade ou sem se perceber deonde isto vem. É como se houvesse um sentido de equilíbrio. Ele diz se há crédito ou débitocom alguém. É quase matemático: se você deu algo, então você espera receber algo também(ainda que não seja na mesma moeda). O outro, por sua vez, sente uma pressão para retribuir,dar também. Se deve algo, há uma pressão para pagar, para devolver, para quitar. Se estatroca for efetiva, produtiva, positiva, a relação será fértil e rica. E isto ocorre tanto no positivoquanto no negativo. A troca equilibra as relações, tornando possível uma convivência longa esaudável. Se, em uma negociação há equilíbrio, então há também liberdade, alegria e portas

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abertas para próximas negociações. Os dois lados ficam satisfeitos. Caso contrário, uma daspartes não se sente bem. E quando há dívida, uma das partes fica presa. A dívida funcionacomo uma necessidade de pagar algo para que o equilíbrio retorne. Ela muitas vezes atuacomo um fantasma, retorna, assombra, pode ser transformada em sentimentos de culpa,atuando secundariamente, sem que se perceba sua origem. Os que recebem pouco –injustiçados -, muitas vezes também ficam presos nesse sentimento, que se secundariza,fazendo com que a pessoa se sinta uma vítima eterna, transforma sua vida em verdadeirapobreza.

No negativo, quando há necessidade de troca, então é necessário que se retribua com menorintensidade: um pouco menos. Isso traz possibilidades para um novo equilíbrio na relação. Sehá revide na mesma intensidade, ou em maior escala, então esta relação permaneceequilibrada no negativo, o que significa conflito e sofrimento.

Nos sistemas familiares é comum a observação de sentimentos de vazio ligados a não tomaros pais, o que significa que os filhos querem receber apenas o que é bom dos pais, e rejeitar oque não é bom. Para tomar os pais é necessário receber tudo o que eles têm de bom e deruim. Não é possível selecionar, separar. Muitas vezes os pais estão disponíveis – prontos parase relacionar com o filho apenas como são, com o que têm (não é possível dar aquilo que nãose tem). E o filho critica, julga, condena, nega, reclama e simplesmente não recebe, não tomaseus pais. Muitas depressões têm origem nesta dinâmica. O filho acaba sentindo-se vazio, só.Esta é uma dinâmica relacionada à Lei do Equilíbrio e que cria outros emaranhamentos.

O que traz solução é o bem, o respeito e o amor. Outros tipos de compensação que na maioriadas vezes estão vinculados ao sofrimento das pessoas, não trazem solução, apenas causammais desequilíbrios sistêmicos.

Ana Lucia Braga

Terapeuta de Constelações Sistêmicas

Terapeuta Corporal Neo Reichiana

Psicopedagoga

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CONSTELAÇÕES SISTÊMICAS E OS CAMPOS MÓRFICOS I

Constelação sistêmica familiar é um trabalho que busca na família a origem de dificuldades,bloqueios, padrões comportamentais que trazem sofrimentos desenvolvidos pelas pessoas aolongo da vida. Destina-se a todas as pessoas que desejam trabalhar suas relações familiares eamorosas, separações, desequilíbrios emocionais, problemas de saúde, comportamentosdestrutivos, envolvimento com drogas, perdas e/ou luto, dificuldades financeiras, dificuldadesnos relacionamentos, entre outras dificuldades. Atende, ainda, às organizações de todos ostipos, empresas, escolas etc. que desejam diagnosticar e/ou resolver problemasorganizacionais. É um trabalho realizado em grupo ou individualmente. No grupo há aparticipação das pessoas como representantes da família (isto é, do sistema familiar) docliente. Individualmente, realiza-se a intervenção com o auxílio de figuras ou bonecos.

A representação é parte do fenômeno que ocorre neste tipo de trabalho, onde o terapeuta e osparticipantes disponibilizam suas percepções para "ver" o que acontece na dinâmica dosistema do cliente. Este "ver" dá-se de diversos modos: as pessoas têm sensações físicas

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como tremores, arrepios, dores, calor, frio, suores; sentimentos diversos como alegria, raiva,tristeza, desconfiança, entre tantos outros. E há, na maioria das vezes, o reconhecimento pelocliente do comportamento, dos sentimentos, do modo como a pessoa representada é ou foi narealidade, por vezes com a detecção de sintomas físicos, mesmo não tendo o representantedado nenhuma informação sobre o que ocorre em seu sistema e sobre as pessoasrepresentadas.

A representação ocorre não em nível psíquico, mas em um nível que a ciência ainda nãoconsegue explicar.

O terapeuta, então, faz a sua leitura do que está física e espacialmente colocado no campo darepresentação do sistema familiar do cliente e dá o direcionamento que julga adequado ounecessário, buscando não a expressão de sentimentos e sim a ordem sistêmica, segundo asleis sistematizadas pelo terapeuta e filósofo alemão Bert Hellinger, visando a reconciliação e orestabelecimento do fluxo amoroso no sistema. A percepção dos representantes, utilizando amente expandida, é a mesma que o terapeuta utiliza dentro deste campo energético que seabre ao se configurar um sistema, seja ele familiar ou empresarial. É a partir dele que se abretambém a possibilidade de movimentos e do restabelecimento da ordem e do equilíbrio, o quesignifica possivelmente a eliminação do sofrimento da pessoa e também de outros elementosdo sistema.

(continua no próximo número)

CONSTELAÇÕES SISTÊMICAS E OS CAMPOS MÓRFICOS II

Constelação Sistêmica Familiar é um trabalho que busca na família a origem de dificuldades,bloqueios, padrões comportamentais que trazem sofrimentos desenvolvidos pelas pessoas aolongo da vida.

No número anterior falamos sobre a representação e concluímos dizendo que a menteexpandida é que possibilita o fenômeno da percepção dos representantes e do terapeutadentro do campo energético que se abre ao se configurar um sistema, seja ele familiar ouempresarial. Abre-se também a possibilidade de movimentos e do restabelecimento da ordeme do equilíbrio, o que significa possivelmente a eliminação do sofrimento da pessoa e tambémde outros elementos do sistema, mesmo que esses elementos não estejam presentes nomomento da constelação, é o que tem sido observado em depoimentos de inúmeras pessoasque constelaram. Este fenômeno ocorre em função dos “campos”, dos quais fazemos parte.

O biólogo Rupert Sheldrake propõe a idéia dos campos morfogenéticos, que nos auxiliam nacompreensão de como os sistemas adotam suas formas e comportamentos característicos, nocaso das famílias, padrões de sofrimento que muitas vezes se repetem geração após geração.“O campos morfogenéticos são campos de forma; campos padrões ou estruturas de ordem.São campos que levam informações, não energia, e são utilizáveis através do espaço e dotempo sem perda alguma de intensidade depois de terem sido criados. Eles são campos nãofísicos que exercem influência sobre sistemas que apresentam algum tipo de organizaçãoinerente.” Estes campos organizam não só os campos de organismos vivos mas também decristais e moléculas, instinto ou padrão de comportamento. (...). Estes campos são os queordenam a natureza. Há muitos tipos de campos porque há muitos tipos de coisas e padrõesdentro da natureza...", afirma Sheldrake. Isso também significa que em cada nível, o total deenergia é mais que a soma das partes, o que ainda necessita de muitos estudos a seremrealizados pela ciência.

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Por este motivo – a existência dos campos morfogenéticos – é que, nas ConstelaçõesFamiliares, podemos conceber as repetições de padrões de sofrimento, pois o modo comoforam organizados no passado influencia taxativamente o modo como as pessoas no seio dafamília funcionam hoje. Há uma espécie de memória integrada nos campos mórficos. E osfatos, os eventos ocorridos na família, por exemplo, podem tornar-se regularidades, “hábitos”.

Na intervenção Sistêmica Fenomenológica de Constelações, há a possibilidade de umainteração inteligente, do acesso em outros níveis energéticos, da consciência e da mudança nosistema, pois o campo mórfico é uma estrutura alterável, a partir do que Sheldrake chama deressonância mórfica e, neste sentido, não apenas o cliente que constela beneficia-se, mas todoo sistema pode beneficiar-se das Constelações Sistêmicas.

Ana Lucia Braga

Terapeuta de Constelações Sistêmicas

Terapeuta Corporal Neo Reichiana

Psicopedagoga

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Teoria do Vínculo e Constelação Familiar

Mexican Institute of Group and Organizational Relations

Gregório Baremblitt (organizador)

http://www.continents.com/Art34.htm

Chamamos grupo operativo a todo grupo no qual a explicitação da tarefa e a participaçãoatravés dela permite não só sua compreensão, mas também, a sua execução(...). O grupopode ser visualizado em dois planos: o da temática, extensão de temas que constituirão aarmação da tarefa; e o da dinâmica, no qual a interrelação evidenciará o sentir que se mobilizaem dita temática.

Todo conjunto de pessoas ligadas entre si por constantes de tempo e espaço, e articuladas porsua mútua representação interna, que se propõe explícita ou implicitamente uma tarefa queconstitui sua finalidade.

Podemos dizer então que estrutura, função, coesão e finalidade, juntamente com o númerodeterminado de integrantes, configuram a situação grupal que tem seu modelo natural no grupofamiliar (Pichon-Rivière).

TEORIA DO VÍNCULO

"É sempre uma situação em forma de espiral contínua, onde o que se diz ao paciente, porexemplo - interpretação, no caso de um vínculo terapêutico - determina uma certa reacção dopaciente que é assimilada pelo terapeuta que por sua vez a reintroduz em uma novainterpretação". Para Pichon, isto constitui um aprendizado tanto do ponto de vista teórico comodo ponto de vista objetivo. Pois à medida que conhece, se conhece, ou à medida que seensina, se aprende. Esta série de pares dialéticos devem ser considerados para qualqueroperação.

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"Todo vínculo é bi-corporal e tripessoal", isto é, em todo vínculo há uma presença sensorialcorpórea dos dois, mas há um personagem que está interferindo sempre em toda relaçãohumana, que é o terceiro. Sempre há alguém na mente de um ou outro que está olhando,vigiando e corrigindo - alguns aspectos do que Freud descreveu como complexo superego -ideal do ego - é algo que funciona automaticamente como uma escala de valores onde asinalização é interna e determina que a comunicação se estabeleça de uma maneira distorcidae misteriosa.

ESTRUTURA

"Todo comportamento tem um caráter de estrutura significativa e que o estudo positivo de todocomportamento humano consiste no esforço por fazer acessível esta significação" (...) "Asestruturas constitutivas do comportamento não são dados universais, e sim fatos específicosnascidos de uma gênese passada em situação de sofrer transformação que perfila umaevolução futura". (...) "O postulado básico de nossa teoria de enfermidade mental é: todaresposta inadequada, toda conduta desviante, é a resultante de uma leitura distorcida eempobrecida da realidade. A doença implica, portanto, numa perturbação do processo deaprendizado da realidade, um déficit no circuito da comunicação, processos esses(aprendizado e comunicação) que se realimentam mutuamente".

1) Princípio da policausalidade: no campo específico da conduta desviante podemos dizer quena gênese das neuroses e psicoses nos deparamos com uma pluralidade causal, uma equaçãoetiológica composta por vários elementos que vão se articulando sucessiva e evolutivamenteao que Freud chamou de séries complementares...Intervêm:

O fator constitucional, onde se distinguem os elementos genotípicos e hereditários e osfenotípicos, isto é, aqueles elementos resultantes do contexto social que se manifestam em umcódigo biológico.

O fator disposicional, que está determinado pelo impacto da presença da criança no grupofamiliar, as características adquiridas pela constelação familiar com esta presença, os vínculospositivos ou negativos da estrutura edípica triangular. Aqui surgem os chamados pontosdisposicionais considerados como um estancamento dos processos de aprendizado ecomunicação, o que Freud denominou de fixação da libido.

O fator atual ou desencadeante, que se refere a uma determinada quantidade de privação,uma perda, uma frustração ou sofrimento, que determina uma inibição do aprendizado econseqüente regressão ao ponto disposicional e recorrência às técnicas de controlo daangústia por meio das quais o sujeito tentará se libertar da situação de sofrimento.

2) Princípios de pluralidade fenomenológica: leva em consideração as três áreas de expressãoe conduta: a área da mente, a área do corpo e a área do mundo externo. Cada área é o campoprojetivo onde o sujeito coloca seus vínculos num inter-jogo entre mundo interno e contextoexterno, mediante processos de internalização. Cada uma dessas áreas tem um códigoexpressivo que lhe é próprio. Assim é possível construir toda uma psicopatologia em funçãodas áreas de expressão predominantes e as valências positivas ou negativas em cada umadelas (pôr exemplo: o fóbico projeta e realiza sentimentos positivos e negativos na área três, domundo externo; a histeria tem predomínio de expressão na área dois, do corpo, etc.).

3) Princípio de continuidade genética e funcional: este princípio postula a existência de umnúcleo patogênico central de natureza depressiva e que todas as formas clínicas seriamderivadas daquele núcleo. Este princípio está ligado à teoria de Pichon-Rivière de enfermidadeúnica. Haveria então um núcleo patogênico depressivo (enfermidade básica) e uma

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instrumentação através de técnicas defensivas do mesmo, que são características da posiçãoesquizo-paranóide descrita pôr Melanie Klein e a que Pichon denomina pato-plástica oufuncional. O fracasso na elaboração do sofrimento da posição depressiva acarreta, de formainevitável, o predomínio de defesas que implicam o bloqueio das emoções e da atividade dafantasia. Essas defesas estereotipadas impedem sobretudo um certo grau de auto-conhecimento e insight da realidade. Isto é fundamental para entender a importância domomento depressivo de integração na realização dos grupos operativos. Pois a tentativa deevitar este sofrimento "operativo" leva a um bloqueio do afeto, da fantasia e do pensamento,que determina uma conexão empobrecida com a realidade, uma dificuldade para modificá-la ede modificar-se nesta interação dialética que seria justamente um dos critérios operativos. Emtermos de grupo, podemos chamar operativo ou capacidade de autognose ao que permite aogrupo elaborar um projeto com a inclusão da morte como situação própria e concreta. Istosignifica enfrentar os problemas existenciais e a conquista de uma adaptação ativa à realidadecom um destino e uma ideologia de vida próprias.

4) Mobilidade das estruturas: se refere basicamente às estruturas que são instrumentais esituacionais em cada aqui e agora do processo de interação. Ou seja, que as modalidades outécnicas de manejo das ansiedades básicas, com sua localização de objetos e vínculos nasdistintas áreas, é modificável segundo os processos de interação com os quais o sujeito secompromete. Esta afirmação tem importantes implicações no trabalho diagnóstico, pois tododiagnóstico será então situacional e historicamente determinado.

PRÉ-TAREFA, TAREFA E PROJECTO

Pré-tarefa são todas aquelas atividades onde a presença dos medos básicos (ansiedade deperda e ataque) determinam a utilização de técnicas defensivas que estruturam o que sedenomina resistência à mudança. A pré-tarefa está caracterizada pôr uma situação deimpostura que paralisa o prosseguimento do grupo. Se faz "como se" se trabalhasse, "comose" se efetuasse um trabalho especificado. Nesta impostura o grupo aparece sem capacidade,com uma certa transparência, onde o sujeito é como o negativo de si mesmo, faltando-lherevelação de si mesmo. Concorre para ressaltar a estranheza aos comportamentos alheios aele como grupo e como sujeito, mas afins a ele como homem alienado. Realiza, então umasérie de tarefas para passar o tempo (protelação, atrás da qual se oculta a impossibilidade desuportar as frustrações de início e término da tarefa) o que gera uma insatisfação constante.Isto se observa particularmente no tipo de manejo do tempo que realiza o grupo. Outra dasformas características de se manifestar a pré-tarefa é o "absolutismo dinâmico" que é umasérie de movimentos que apresentam uma ação mas que na realidade são realizados a fim deimpedir qualquer situação de transformação. É a expressão "gato pardismo" nos grupos, demudar algo para que nada mude.

O momento da tarefa consiste na abordagem e elaboração das ansiedades, e emergência daposição depressiva básica o que, em termos de Pichon, se expressaria como consciência definitude e possibilidade de incluir a idéia da própria morte a partir de onde se poderia estruturara tarefa possível em termos de tempo e espaço. Na passagem da pré-tarefa à tarefa se efetuaum salto por somatização quantitativa de insight através do qual se personifica e se estabeleceuma relação com o outro (diferenciado).

O grupo aparece com uma percepção global dos elementos em jogo, com possibilidade deinstrumentá-los, com um contacto com a realidade onde é possível sua colocação como sujeitoativo, onde pode elaborar estratégias e tácticas, onde pode intervir nas situações provocandotransformações.

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Entramos, assim então, na idéia de projeto ou produto que seriam aquelas estratégias etácticas para produzir uma mudança que, pôr sua vez, voltariam a modificar o sujeito com oqual o processo se põe outra vez em marcha.

PAPEL E LIDERANÇA

A análise dos papéis e a forma em que se configuram, constitui uma das operações básicas,tendentes à constituição de um ecro grupal.

Cada um dos participantes de um grupo constrói seu papel em relação aos outros; assim, deuma articulação entre o papel prescrito e o papel assumido, surge a actuação característica decada membro do grupo.

Este papel se constrói baseado no grupo interno (representação que cada um tem dos outrosmembros) e que vai constituindo "o outro" generalizado do grupo. Na relação do sujeito comeste "outro generalizado" se vai constituindo o rol operativo diferenciado, que permitirá aconstrução de uma estratégia, uma táctica, uma técnica e uma logística para a realização datarefa.

Os quatro papéis mais destacados, que se perfilam na operação grupal são: porta-voz, bodeexpiatório, líder e sabotador.

O porta-voz é aquele que sendo depositário da ansiedade grupal, aparece, no grupo,expressando-a de diversas maneiras (através de palavras, atos ou silêncios). Nele se incluiuma interação entre sua verticalidade e a horizontalidade do grupo, o que lhe permite ser umemergente qualificado para denunciar qual é a ansiedade predominante que está impedindo atarefa.

É importante discriminar no processo de "depósito" que constrói os diferentes papéis, os trêselementos que a constituem: o depositante e o depositário, para permitir assim, umaredistribuirão de ansiedade e a ruptura do estereótipo dos papéis.

Outro papel que aparece frequentemente nos grupos, o de bode expiatório, surge comocontrapartida ou decadência do chamado líder messiânico. Esta situação é característicaquando existe uma forte predominância do pólo paranóico. O bode expiatório é o depositário detodas as dificuldades do grupo e culpado de cada um de seus fracassos. As ideologiasmessiânicas, ou com tendência à idealização, que se fazem a cargo do grupo, tendemconstantemente a desenvolver este tipo de papel.

Outros papéis que Pichon destaca em sua importância são: o de sabotador e o do bobo dogrupo Estes papéis, quase universais, são depositários das forças que se opõem à tarefa nointerior do grupo (grupo conspirador), o que determina o aparecimento de mecanismos desegregação. A segregação é o fantasma que ameaça constantemente o grupo e é umatentativa fracassada de redistribuirão da ansiedade, o que implica em dificuldades paraenfrentar situações de mudanças. Podemos dizer que assim como a projeção é o fantasmaque ameaça constantemente a comunicação interpessoal, a segregação é o principal inimigona construção de uma comunicação grupal.

A detecção dos líderes tem uma importância fundamental na compreensão da dinâmica dogrupo, tanto é assim, que a estrutura e a função do grupo se configuram de acordo com ostipos de liderança assumidos pelo coordenador. A liderança pode ser assumida tanto pelocoordenador como pelos diferentes membros do grupo e a análise e a elucidação em ambos oscasos é necessária para quebrar as estereotipias de funcionamento.

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A teoria dos papéis se compõe então, dessa representação que cada um tem de si mesmo eque responde a uma representação de expectativas que as demais pessoas têm de nós. Emfunção das expectativas que temos dos outros, e que os outros têm de nós, se produz umacorrelação de condutas que denominamos interrelação social. Assim se dispõe cada um para ooutro com um protótipo de atitudes na qual cada um pode pré-julgar ou pré-dizer qual é o tipode conduta que receberá como respostas às mensagens que emite.

Isto é o que se chama expectativa de papel, ou seja, todas as condutas que esperamos daspessoas ao nosso redor. Este conceito, no campo de certas psicologias sociais, constitui o quese chama análise da atitude social, que configura o estudo das disposições que cada um denós tem para reagir frente a um fato social determinado.

Consideramos que, justamente, operar um grupo, consiste em romper com estas expectativasfixas e atitudes prototípicas, gerando novos modos de comunicação e efeitos de sentido quepossibilitem uma transformação grupal.

ECRO GRUPAL

Esquema Conceitual, Referencial e Operativo

Este esquema conceitual-referencial está baseado na idéia de uma interdisciplinar quecompreenda o estudo geral da problemática abordada. Esta noção de interdisciplinar é a quevai dar origem à necessidade de heterogeneidade nos grupos operativos, onde a maiorheterogeneidade entre seus membros corresponde à maior homogeneidade na tarefa. EsteECRO é instrumental e operativo no sentido que a aprendizagem do grupo se estrutura comoum processo contínuo e com oscilações, articulando os momentos do ensinar e do aprender aque se dá no aluno e professor como um todo estrutural e dinâmico.

Esquema Corporal

O esquema corporal se conforma através de sensos-percepção que vêm do próprio corpocomo também do corpo do outro.

Recebemos informações, através do córtex cerebral, de cinco diferentes tipos:

1. Sensações que vêm da superfície corporal.

2. Sensações que vêm do interior do corpo.

3. Sensações que provêm da tensão muscular.

4. Sensações que informam a postura corporal.

5. Sensações que provêm da percepção visual.

Considerando cada membro, cada órgão, como parte de um grupo interno corporal, conclui-seque todos os órgãos de nosso corpo constituem um grupo, cuja tarefa é a aprendizagem e acorreção das enfermidades orgânicas. A tarefa do terapeuta consiste em esclarecer os conflitosque existem entre eles, evitando que um dos órgãos seja o depositário da ansiedade do grupo,assim como o enfermo mental é o depositário da enfermidade do grupo familiar.

Esta concepção de grupo orgânico e de grupo psicológico é fundamental para o tratamentogrupal dos enfermos chamados orgânicos e sem provas de sua organicidade. O estudo docorpo do grupo nos leva ao conceito de distância social. Existiria uma distância ótima, uma

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altura espacial e emocional ótima, que permite uma melhor comunicação, uma maiorsegurança psicológica e uma maior operatividade para cada situação. Se a distância éexagerada aparecem perturbações na comunicação; se, pelo contrário, existe um excesso deaproximação, se produz uma situação de rejeição e bloqueio no outro. Esta distância socialimplica tanto o corporal como o emotivo, tanto o espaço do eu como o espaço do id.

Dizemos, finalmente, que devemos entender o esquema corporal não como a representaçãoempírica do próprio corpo, mas sim como a representação fantasmática grupal constituída pôrtodos os vínculos espaços-temporais.

CONE INVERTIDO

É um esquema constituído pôr vários vetores na base dos quais se fundamenta a operação nointerior do grupo. A partir da análise interrelacionada destes vetores se chega a uma avaliaçãoda tarefa que o grupo realiza.

A eleição do desenho do cone invertido se deve a que em sua parte superior estariam osconteúdos manifestos e em sua parte inferior, as fantasias latentes grupais. Pichon propõe queo movimento de espiral que vai fazer explícito o que é implícito, atua ante os medos básicossubjacentes, permitindo enfrentar o temor à mudança.

Os vetores são:

Filiação e Pertinência: a filiação se pode considerar como um asso anterior à pertinência, éuma aproximação não fixa com a tarefa. Seriam aqueles que estão interessados pelo trabalhogrupal, seriam "os torcedores e não os jogadores". Pertinência é quando os participantesentram no grupo, "na cancha". Na dinâmica grupal, tradicionalmente é medida em relação àpresença no grupo, à pontualidade do seu início, às intervenções etc.

Cooperação: é dada pela possibilidade do grupo fazer consciente a estratégia geral do mesmo."Se vê na justiça dos passes, na exatidão das jogadas gerais". No movimento grupal semanifesta pela capacidade de se colocar no lugar do outro.

Pertinência: é um terceiro vetor que surge da realização dos dois anteriores. "Se mede pelaquantidade de suor que tem a camiseta ao final da partida", é a realização da tarefaestratégica. "O gol contra seria o cúmulo da falta de pertinência". Cabe aclarar que o alcanceda pertinência grupal não é proposta como um ato de vontade mas sim como a expressão dodesejo grupal, revelado na análise dos medos básicos.

Aprendizagem: a aprendizagem inclui vários aspectos que são o da estratégia - o da táctica(que seria moldar na prática os objetivos estratégicos); o da técnica, que é a arte e oartesanato para levar a tarefa adiante, e a logística, que é a possibilidade de avaliar asestratégias dos elementos que se opõem à realização da tarefa em relação aos do própriogrupo, para permitir uma operação no nível adequado.

Para Pichon (...) o indivíduo nos momentos de intensa resistência à mudança, voltariaregressivamente mais que a comportamentos próprios da etapa libidinal onde estápredominantemente fixado, a repetir atitudes mal aprendidas que dificultaram sua passagem auma etapa posterior. Assim substitui o conceito de instinto pelo de necessidade não satisfeita.A repetição seria provocada pôr dificuldades na aprendizagem e na comunicação, nãopermitindo assim a elaboração de uma estratégia adequada em seu devido momento.

Assim, a transferência, mais que uma simples repetição, seria a colocação em jogo deestratégias e tácticas mal aprendidas, com a intenção de poder corrigir as dificuldades ou osobstáculos que não puderam ser encarados daquela vez.

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A aprendizagem operativa no grupo, através da tarefa, permite novas abordagens ao objeto e oesclarecimento dos fantasmas que impedem sua penetração, permitindo a operação grupal.

Comunicação: esse vetor é tomado pôr Pichon como o lugar privilegiado pelo qual seexpressam os transtornos e dificuldades do grupo para enfrentar a tarefa. Na medida em quecada transtorno da comunicação remete-se a um transtorno da aprendizagem, veremos ossujeitos grupais tratarem de desenvolver velhas atitudes, em geral mal aprendidas, com aintenção de abordar os objetos novos de conhecimento. Este objeto pode ser nos gruposoperativos, indistintamente, desde a compreensão de um conceito ao desenvolvimento de umprocesso terapêutico. Entendendo a aprendizagem, então, como a ruptura de certosestereótipos de comunicação e a obtenção de novos estilos, o que implica semprereestruturações e redistribuirão dos papéis desempenhados pelos integrantes do grupo.

Tele: este vetor se refere ao clima afetivo que prepondera no grupo em diferentes momentos. Éum conceito tomado da sociometria de Moreno para assinalar o grau de empatia positiva ounegativa que se dá entre os membros do grupo. A fundamentação deste conceito parte dabase de que todo encontro é na realidade um reencontro, ou como gostava de dizer o próprioPinchos: "Todo amor é um amor à primeira vista". Isto quer dizer que o afastamento e aaproximação entre as pessoas de um grupo, não tem que ver com essa pessoa real presente,mas com a recordação de outras pessoas e outras situações que ela evoca.

INTERPRETAÇÃO

A interpretação no grupo operativo está tomada do modelo da interpretação psicanalítica que,sinteticamente, consistiria em procurar fazer explícito o implícito.

O propósito geral da interpretação é o esclarecimento em termos das ansiedades básicas,aprendizagem, esquema referencial, semântica, decisão etc. Desta maneira coincidem aaprendizagem, a comunicação, esclarecimento e a resolução de tarefas com a cura. Tenta-secriar então um novo esquema referencial.

COORDENADOR E OBSERVADOR

O coordenador de grupo operativo não pode trabalhar nem como um característico psicanalistade grupo nem como um simples coordenador de grupo de discussão e tarefa. Sua intervençãose limita a sinalizar as dificuldades que impedem ao grupo enfrentar a tarefa. Dispõe para issode um ECRO a partir do qual tentará decifrar essas dificuldades e num processo adequado emrelação aos quatro passos que são, estratégia, táctica, técnica e logística, irá propondo aogrupo as hipóteses que lhe permitam tomar-se a si mesmo como objeto de estudo e irrevelando as dificuldades que aparecem na comunicação e aprendizagem. O coordenador nãoestá ali para responder às questões, mas para ajudar o grupo a formular aquelas quepermitirão o enfrentar dos medos básicos. Ele cumpre no grupo um papel prescrito: o de ajudaros membros a pensar, abordando o obstáculo epistemológico configurado pelas ansiedadesbásicas. Seu instrumento é a sinalização das situações manifestas e a interpretação dacausalidade subjacente.

Forma uma equipe com o observador que, na forma tradicional de grupo operativo, é umobservador não participante. Este ao mesmo tempo que serve de tela de projeção pôr suacaracterística de permanecer silencioso, recolhe material expresso tanto verbalmente comopré-verbalmente nos distintos momentos grupais. As notas do observador são analisadas logo

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em conjunto com o coordenador que com esses elementos pode repensar as hipótesesformuladas e adequá-las em função do processo grupal.

Posted by at August 2, 2004 01:45 AM

CONSTELAÇÃO FAMILIAR SEGUNDO

BERT HELLINGER

O Trabalho com as Constelações Familiares: O caminho do conhecimento

Dois movimentos nos levam ao conhecimento. O primeiro se estende e quer abarcar algo atéentão desconhecido para dele se apropriar e dele dispor. O esforço científico pertence a essetipo e sabemos quanto ele transformou, assegurou e enriqueceu o nosso mundo e a nossavida. O segundo movimento se origina quando nos detemos, durante nosso esforço em abarcaro desconhecido, e dirigimos o olhar, não mais para um determinado objeto palpável, mas paraum todo. Assim, o olhar está disposto a receber, simultaneamente, a diversidade que seencontra à sua frente. Quando nos deixamos levar por esse movimento, por exemplo, diante deuma paisagem, uma tarefa ou um problema, notamos como nosso olhar fica, ao mesmo tempo,pleno e vazio. Pois só podemos nos expor à plenitude e suportá-la, quando prescindimosprimeiramente dos detalhes.

Assim, detemo-nos em nosso movimento exploratório e nos retraímos um pouco, atéatingirmos aquele vazio que pode resistir à plenitude e à diversidade. Esse movimento, queprimeiramente se detém e depois se retrai, chamo de fenomenológico. Ele nos conduz aconhecimentos distintos daqueles obtidos pelo movimento do conhecimento exploratório.Contudo, ambos se completam. Pois também no movimento do conhecimento científicoexploratório precisamos, às vezes, deter-nos e dirigir nosso olhar, do estreito ao amplo, dopróximo ao distante. Por sua vez, o conhecimento resultante do procedimento fenomenológicoprecisa ser verificado no indivíduo e no próximo.

O processo

No caminho do conhecimento fenomenológico, expomo-nos, dentro de um determinadohorizonte, à diversidade dos fenômenos, sem escolher entre eles e nem avaliá-los. Essecaminho do conhecimento exige, portanto, um esvaziar-se, tanto em relação às idéiaspreexistentes quanto aos movimentos internos, sejam eles da esfera do sentimento, davontade ou do julgamento. Nesse processo, a atenção é simultaneamente dirigida e nãodirigida, centrada e vazia. A postura fenomenológica requer uma prontidão tensionada para aação, sem passar, entretanto, à execução. Graças a essa tensão, tornamo-nos extremamentecapazes e prontos para perceber. Quem a suporta percebe, depois de algum tempo, como adiversidade presente no horizonte se dispõe em torno de um centro e, de repente, reconheceuma conexão, uma ordem talvez, uma verdade ou o passo que leva adiante. Esseconhecimento provém igualmente de fora, é vivenciado como uma dádiva e é, via de regra,limitado.

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O Trabalho com as Constelações Familiares

O que o procedimento fenomenológico possibilita e requer pode ser experimentado e descritode modo especialmente marcante através do trabalho com as constelações familiares. Pois acolocação da constelação familiar é, por um lado, o resultado de um caminho do conhecimentofenomenológico e, por outro lado, o procedimento fenomenológico obtém resultado, quando setrata do essencial, apenas através da contenção e confiança na experiência e compreensãopor ele possibilitadas.

O cliente

O que acontece quando um cliente coloca a sua família na psicoterapia? Em primeiro lugar,escolhe entre as pessoas de um grupo, representantes para os membros de sua família.Portanto, para o pai, para a mãe, para os irmãos e para si mesmo, não importando quem eleescolhe para representar os diversos membros de sua família. Na verdade, é melhor ainda seescolher os representantes independentemente de aparências externas e sem umadeterminada intenção. Isto já é o primeiro passo em direção a uma contenção e uma renúnciaà intenções e velhas imagens.

Quem escolhe seguindo aspectos exteriores, por exemplo, idade ou características corporaisnão se encontra numa postura aberta para o essencial e invisível. Limita a força expressiva dacolocação através de considerações externas. Com isso a colocação de sua constelaçãofamiliar já pode estar, para ele, talvez fadada ao fracasso. Por isso também não importa ealgumas vezes é melhor que o terapeuta escolha os representantes e deixe o cliente configurarcom estes a sua família. Porém, o que deve ser considerado é o sexo das pessoas escolhidas,isto é, que homens sejam escolhidos para representar os homens e mulheres para asmulheres.

Escolhidos os representantes o cliente coloca-os no espaço um em relação ao outro. Nomomento da colocação é de grande ajuda que ele os segure com ambas as mãos pelosombros e assim em contato com eles os posicione em seu lugar. Durante a montagempermanece centrado, prestando atenção ao seu movimento interior, seguindo-o até sentir que olugar para onde conduziu o representante seja o certo. Durante a colocação está em contatonão somente consigo e com o representante, senão também com uma esfera, recebendo daítambém sinais que o ajudarão a encontrar o lugar certo para essa pessoa. Prossegue assimcom os outros representantes até que todos se encontrem em seus lugares. Durante esteprocesso o cliente está , por assim dizer, esquecido de si mesmo.

Desperta deste esquecimento de si mesmo quando todos estão posicionados. Algumas vezesé de ajuda quando, em seguida, dá uma volta e corrige o que ainda não está totalmente certo.Senta-se, então. Podemos perceber imediatamente quando alguém não se encontra nestapostura de esquecimento de si mesmo e contenção. Por exemplo, quando prescreve para cadaum dos representantes uma determinada postura corporal no sentido de uma escultura, ouquando monta a constelação muito depressa como se seguisse uma imagem preconcebida ouquando se esquece de colocar uma pessoa, ou quando declara que uma pessoa já está emseu lugar certo sem tê-la posicionado de modo concentrado.

Uma constelação familiar que não foi configurada deste modo concentrado termina num becosem saída ou de forma confusa.

O terapeuta

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O terapeuta precisa também se libertar de suas intenções e imagens a fim de que a colocaçãode uma constelação familiar tenha êxito. Na medida em que se contém e se expõe centrado àconstelação, reconhece imediatamente se o cliente quer influenciá-lo através de imagenspreconcebidas ou esquivar-se daquilo que começa a se mostrar. Então ele ajuda-o a se centrare o conduz a um estado de disposição para que se exponha ao que está acontecendo. Se issonão for possível, pára com a colocação.

Os representantes

Exige-se também dos representantes uma contenção interna de suas próprias idéias, intençõese medo. Isso significa que eles devem observar exatamente as mudanças que se manifestamem seu estado corporal e seus sentimentos enquanto são colocados. Por exemplo, que ocoração bate mais depressa, que querem olhar para o chão, que se sentem repentinamentepesados ou leves, ou estão com raiva ou tristes. É também de grande ajuda quando prestamatenção às imagens que emergem e que ouçam os sons e palavras que afloram.

Por exemplo, um americano que estava começando a aprender alemão, ouvia constantementedurante uma colocação familiar na qual ele representava um pai a sentença alemã: "DigaAlbert". Mais tarde ele perguntou ao cliente se o nome Albert tinha algum significado para ele."Mas é claro", foi a resposta", é o nome do meu pai, do meu avô e Albert é o meu segundoprenome."

Uma outra pessoa que representava em uma constelação o filho de um pai que havia morridoem um acidente de helicóptero ouvia constantemente o ruído do rotor de um helicóptero. Certavez este filho tinha sido o piloto de um helicóptero em que estava também o pai. O helicópterocaiu, mas os dois sobreviveram. Para que essa postura obtenha resultado são naturalmentenecessárias uma grande sensibilidade e uma enorme prontidão para se distanciar de suaspróprias idéias. E o terapeuta precisa ser muito cauteloso para que as fantasias dosrepresentantes não sejam captadas como percepções. Tanto o terapeuta quanto osrepresentantes podem escapar mais facilmente deste perigo quanto menos informaçõestiverem sobre a família.

As perguntas

A percepção fenomenológica obtém melhores resultados quando se pergunta só o essencial,diretamente antes da colocação familiar. As perguntas necessárias são:

Quem pertence à família?

Existem natimortos ou membros da família que morreram precocemente ? Houve na famíliadestinos especiais, por exemplo deficientes?

Um dos pais ou avós teve anteriormente um relacionamento firme, portanto, foi noivo(a),casado(a) ou teve de alguma forma um relacionamento longo e significante?

Uma anamnésia extensa dificulta, via de regra, a percepção fenomenológica tanto do terapeutacomo também dos representantes. Por isso, o terapeuta recusa também conversas prévias ouquestionários que vão além das perguntas mencionadas. Pelo mesmo motivo os clientes nãodevem dizer nada durante a colocação nem os representantes devem fazer peguntas dequalquer tipo para os clientes.

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Centrar-se em si mesmo

Alguns representantes são tentados a extrair da imagem externa da constelação o que sentemem vez de prestar atenção à sua percepção corporal e ao seu sentimento interno imediato. Porexemplo, o representante de um pai dissera que se sentia confrontado pelos filhos porqueestes tinham sido colocados à sua frente. Entretanto, quando prestou atenção ao seusentimento interior imediato, percebeu que estava se sentindo bem. Ele se desviara de suapercepção imediata por causa da imagem externa. Algumas vezes, quando um representantesente algo que lhe parece indecoroso, não o menciona. Por exemplo, que ele, como pai, senteuma atração erótica pela filha. Ou uma representante não se arrisca a dizer que ela, comomãe, se sente melhor quando um de seus filhos quer seguir um membro da família na morte.

O terapeuta presta atenção, portanto, aos leves sinais corporais, por exemplo, um sorriso ouum retesamento, ou uma aproximação involuntária das pessoas. Quando comunica taispercepções os representantes podem verificar novamente a sua própria percepção. Algunsrepresentantes fazem também afirmações amáveis porque pensam que com isso poderãoajudar ou consolar o cliente. Tais representantes não estão em contato com o que acontece e oterapeuta deve substitui-los por outros imediatamente.

Os sinais

Um terapeuta que não se mantém constantemente durante a situação inteira em suapercepção centrada, isto é, sem intenção e sem medo, é levado, muitas vezes através deafirmações de primeiro plano a um caminho errado ou a um beco sem saída. Com isso osoutros representantes ficam também inseguros. Existe um sinal infalível se uma colocaçãofamiliar está no caminho certo ou não. Quando começa a se perceber no grupo observadorinquietação e a atenção diminui, a colocação não tem mais chance. Nesse caso, quanto maisdepressa o terapeuta interromper o trabalho tanto melhor.

A interrupção permite a todos os participantes concentrar-se novamente e depois de algumtempo recomeçar o trabalho. Algumas vezes o grupo observador também apresenta sugestõesque levam adiante. Entretanto isto deve ser apenas uma observação. Se tentarem somenteadivinhar ou interpretar, isso aumenta a confusão. Então o terapeuta também deve parar adiscussão e reconduzir o grupo à concentração e seriedade.

A abertura

Tratei minuciosamente destas formas de procedimento e dos obstáculos que podem surgir afim de por limites às colocações feitas levianamente. Senão o trabalho com as constelaçõesfamiliares pode cair facilmente em descrédito. Alguns procedem de outra forma nasconstelações familiares. Se isso ocorrer a partir de uma atenção centrada pode obter bonsresultados. Entretanto, se ocorrer somente por uma necessidade de delimitação ou paraganhar prestígio a abertura fenomenológica fica limitada devido às intenções.

A melhor forma de adquirir prestígio é quando se tem novas percepções que podem sercomprovadas pelos resultados e nas quais se deixa também outros participarem. Se,entretanto, a delimitação segue idéias teóricas ou é influenciada por intenções e medos que serecusam em concordar com a realidade que se mostra, isto leva à perda da prontidão paraapreender, com as respectivas consequências para o efeito terapêutico. Se a colocação daconstelação familiar for feita só por curiosidade ela perde a sua seriedade e força. Restam,então, do fogo talvez apenas as cinzas e do vestido apenas a cauda.

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O início

De volta agora ao trabalho com as constelações familiares. A questão que o terapeuta devedecidir, em primeiro lugar, é:

Coloco a família atual ou a de origem?

Deu bons resultados começar com a família atual. Pois, dessa maneira, pode-se colocar maistarde aquelas pessoas da família de origem que ainda agem fortemente na família atual.Obtém-se assim uma imagem em que as influências que sobrecarregam e curam através dasvárias gerações ficam visíveis e podem ser sentidas. Unicamente quando os destinos dafamília de origem são especialmente trágicos é que se começa com a família de origem.

A próxima pergunta é:

Com quem começo a colocação?

Começa-se com o núcleo familiar, portanto, pai, mãe e filhos. Se existe um natimorto ou umacriança que morreu precocemente, coloca-se esta criança mais tarde para poder ver qual oefeito que tem na família quando está à vista. A regra é começar com poucas pessoas, deixar-se conduzir por elas e desenvolver passo a passo a constelação.

O procedimento

Quando a primeira imagem é configurada dá-se ao cliente e aos representantes um pouco detempo para que se exponham à ela, deixando-a atuar. Muitas vezes os representantescomeçam a reagir espontaneamente, por exemplo, começam a tremer ou chorar ou abaixam acabeça, respiram com dificuldade ou olham com interesse ou apaixonadamente para alguém.Alguns terapeutas perguntam aos representantes muito depressa como eles estão se sentindo,impedindo ou interrompendo dessa maneira este processo.

Quem faz perguntas aos representantes apressadamente, utiliza este procedimento facilmentecomo substituto para a sua própria percepção, tornando os representantes inseguros também.O terapeuta deixa, em primeiro lugar, a imagem atuar também sobre ele. Freqüentemente vêimediatamente qual a pessoa que está mais carregada ou em perigo. Se, por exemplo, ela foicolocada de costas ou de lado, o terapeuta vê que ela quer partir ou morrer. Apenas precisa,sem perguntar nada a ninguém, dirigi-la uns poucos passos à frente na direção em que estáolhando e prestar atenção ao efeito que esta mudança provoca nela e nos outrosrepresentantes.

Ou se todos os representantes olham para uma mesma direção o terapeuta sabe,imediatamente, que alguém deve estar na frente deles: uma pessoa que foi esquecida ouexcluída. Por exemplo, uma criança que morreu precocemente ou um noivo anterior da mãeque morreu na guerra. Então ele pergunta ao cliente quem poderia ser e coloca a pessoa noquadro antes que qualquer um dos representantes tenha dito algo.

Ou quando a mãe está cercada pelos filhos dando a impressão de que eles estão impedindo asua partida, o terapeuta pergunta ao cliente imediatamente: O que aconteceu na família deorigem da mãe que possa esclarecer esta atração por partir. Então ele procura, em primeiro

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lugar, um alívio e solução para a mãe antes de continuar a trabalhar com os outrosrepresentantes.

O terapeuta desenvolve, portanto, os próximos passos a partir da colocação inicial e buscainformações adicionais do cliente para o próximo passo, sem fazer ou perguntar nada além doque ele precise para este passo. Com isso a constelação mantém a concentração no essenciale a sua especial densidade e tensão. Cada passo desnecessário, cada perguntadesnecessária, cada pessoa adicional que não seja necessária para a solução diminui a tensãoe desvia a atenção das pessoas e dos acontecimentos importantes.

Constelações familiares densas

Freqüentemente é suficiente colocar somente dois representantes, por exemplo, a mãe e ofilho com aids. O terapeuta nem precisa então dar maiores instruções. Deixa os representantesseguir os movimentos que resultam do campo de forças entre eles, entretanto sem nada dizer.Assim ocorre um drama mudo, no qual vem à luz não somente os sentimentos das pessoasparticipantes mas também emerge um movimento que mostra quais os passos que sãopossíveis ou adequados para ambos.

O espaço

Aqui se apresenta o mais surpreendente efeito da postura fenomenológica e sua forma deprocedimento. A contenção centrada do terapeuta e do grupo participante cria o espaço noqual relacionamentos e emaranhamentos vêm à tona. Eles se movimentam em direção à umasolução dando a impressão de que os representantes são movidos por uma força poderosaexterior.

Esta força serve-se deles e deixa parecer muitas das usuais suposições psicológicas efilosóficas insuficientes e falhas.

A participação

Em primeiro lugar vê-se que existe obviamente um conhecimento através da participação. Osrepresentantes comportam-se e se sentem como as pessoas que representam embora nemeles nem o terapeuta possuam informações prévias que vão além dos fatores eacontecimentos externos mencionados anteriormente. Muitas vezes o cliente fica estupefadoque os representantes expressam as mesmas coisas que conhece das pessoas reais ou quemostram os mesmos sentimentos e sintomas que as pessoas reais têm. Por isso pode-seconcluir que os membros reais da família também possuem este conhecimento através daparticipação de modo que nada de significativo permanece oculto à sua alma.

Há pouco tempo uma conhecida de uma mulher relatou que o seu pai era judeu e que tinhaocultado este fato de seus filhos, batizando-se. Ela tomara conhecimento disto pouco antes desua morte. Nesta oportunidade soube também que o pai tinha ainda duas irmãs que haviammorrido em um campo de concentração. Esta mulher tivera muitas profissões, uma atrás daoutra. Primeiro tinha sido uma camponesa, depois foi restauradora de velhos móveis antes deescolher a sua atual profissão de terapeuta. Quando então pesquisou sobre as circunstânciasda vida de suas duas tias mortas veio à tona que uma delas administrara uma fazenda e a

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outra uma loja de antigüidades. Sem ter conhecimento disto tinha seguido as duas através desuas profissões, ligando-se desse modo a elas.

O campo de forças

O esclarecimento para isso permanece um mistério. Rupert Sheldrake provou através deobservações e muitas experiências que cães demonstram através de seu comportamento quesentem imediatamente quando seu dono ou dona que estão ausentes se põem a caminho decasa e que percebem imediatamente quando este caminho é interrompido. Sentem também,algumas vezes, através dos continentes. Portanto, deve existir um campo de forças através doqual ambos estão diretamente ligados.

Os mortos

Nas constelações familiares torna-se ainda mais evidente através do comportamento dosrepresentantes e com isso, naturalmente, através do comportamento e dos destinos dosmembros reais da família que eles estão ligados às pessoas que já faleceram há muito tempo.Como poder-se-ia de outra forma ser esclarecido que numa família, durante os últimos 100anos, três homens de várias gerações tenham se suicidado com 27 anos de idade no dia 31 dedezembro e pesquisas revelaram que o primeiro marido da bisavó tinha falecido com 27 anosno dia 31 de dezembro e tinha sido provavelmente envenenado pela bisavó e seu segundomarido?

A alma

Aqui atua mais do que um campo de forças. Aqui atua uma alma comum que liga não somenteos vivos mas também os membros falecidos da família. Esta alma abarca somente certosmembros familiares e nós podemos ver pelo alcance de sua atuação quais os membros dafamília que foram por ela abrangidos e tomados a seu serviço.

Começando pelos descendentes são os seguintes:

os filhos, inclusive os natimortos e os falecidos,

os pais e seus irmãos,

os avós, algumas vezes ainda um ou outro avô ou avó e também ancestrais que estão aindamais longe todos - e isto é especialmente significativo - aqueles que deram lugar para avantagem dos membros mencionados anteriormente, principalmente parceiros anteriores dospais ou avós, e todos aqueles que através de sua infelicidade ou morte a família teve vantagemou lucro.

as vítimas de violência ou morte causadas por membros anteriores dessa família.

Sobre os dois últimos grupos mencionados gostaria de comunicar o que experiências recentestrouxeram à luz. Nas colocações das constelações familiares de descendentes de pessoas queacumularam uma grande riqueza, chamou-me a atenção que netos e bisnetos têm tidodestinos terríveis que não podem ser entendidos somente pelos acontecimentos dentro dafamília.

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Somente depois que as vítimas cuja morte ou infelicidade havia sido o preço para esta riquezaforam colocadas na constelação veio à tona a extensão da atuação dos destinos destaspessoas na família. Exemplos para estes casos: trabalhadores que morreram na construção deferrovias ou sondagens de petróleo, cuja contribuição para a riqueza e bem-estar dosindustriais não tinha sido reconhecida e valorizada. Em muitas colocações de descendentes deassassinos, por exemplo, agressores nazistas do 3° Reich pôde-se ver que os netos e bisnetosqueriam se deitar junto às vítimas e com isso corriam extremo risco de se suicidar.

A solução para ambos os grupos era a mesma. As vítimas devem ser vistas e respeitadas portodos os membros da família. Todos devem reverenciá-las, inclinando-se diante delas, sentirtristeza e chorar por elas. Depois disso, os ganhadores e agressores originais devem se deitarao lado das vítimas e os outros membros da família devem deixá-los aí. Só assim osdescendentes ficam livres. Aqui fica evidente que os membros da família se comportam comose tivessem uma alma comum e como se fossem chamados a serviço por uma instânciacomum preordenada e como se esta instância servisse uma certa ordem e seguisse um certoobjetivo.

O amor

Em primeiro lugar podemos ver que a alma liga os membros da família uns aos outros. Isso vaitão longe que a alma de uma criança anseia seguir na morte o pai que morreu cedo ou a mãeque morreu cedo. Pais ou avós também desejam às vezes seguir na morte um(a) filho(a) ouum(a) neto(a). Podemos observar esse anseio também entre parceiros. Se um deles morre ooutro freqüentemente também não quer mais viver.

O equilíbrio

Em segundo lugar, podemos ver que existe em uma família uma necessidade de equilíbrioentre o ganho e a perda que abarca várias gerações. Isto é, os que ganharam às custas deoutros pagam com uma perda compensando assim o que ganhou. Ou, se no caso dosganhadores se tratarem de agressores, geralmente não são eles que pagam, senão os seusdescendentes. Estes são escolhidos pela alma da família para compensar no lugar de seusantecedentes, freqüentemente sem que tenham consciência disso.

A precedência dos antecedentes

A alma da família, portanto, dá preferência aos antecedentes em relação aos descendentes,sendo este o terceiro movimento ou a ordem que a alma da família segue. Um descendente ouestá disposto a morrer por um antepassado se achar que com isso pode evitar a morte dele ouestá disposto a expiar a culpa pendente de um membro familiar anterior. Ou uma filharepresenta a mulher anterior de seu pai e se comporta em relação ao pai como se fosse a suaparceira e como rival em relação à mãe. Se a mulher anterior foi injustiçada, então a filhaapresenta os sentimentos dessa mulher perante os pais.

A totalidade

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Aqui podemos ver também o quarto movimento e a ordem que a alma da família segue. Elevela para que a família esteja completa e restaura a sua totalidade com o auxílio dedescendentes para representar os que foram esquecidos, rejeitados ou excluídos. Resumiaqui, de modo sucinto, os movimentos da alma da família, as leis e as ordens que ela segue.Eu os descrevo minuciosamente em meu livro " Die Mitte fühlt sich leicht an" ("No centrosentimos com leveza") nos capítulos "Culpa e Inocência em Sistemas", "Os Limites daConsciência" e "Corpo e Alma, Vida e Morte" assim como em meu livro "Ordnungen der Liebe"("As Ordens do Amor") no capítulo "Do Céu que provoca Doenças e da Terra que cura".

As soluções

As questões são as seguintes:

Como o terapeuta encontra uma solução para o cliente?

O que é aqui o procedimento fenomenológico?

Ele vai do próximo ao distante e do estreito ao amplo. Isto é, em vez de olhar somente para ocliente o terapeuta olha para a sua família e, em vez de olhar somente para o cliente e suafamília ele olha para além deles, para um campo de forças e para a alma que os abarca. Pois éevidente que o indivíduo e sua família estão integrados em um campo de forças maior e emuma grande alma e são usados e tomados a seu serviço.

Da mesma forma que o reconhecimento do problema e as soluções possíveis só surgemfreqüentemente através da ligação com algo maior. Por isso se quero ajudar a alma do clienteeu a vejo governada pela alma da família. Mas se olhar aqui somente para o cliente e suafamília, reconheço, talvez , as ordens e leis que levam a emaranhamentos. Entretanto,somente apreendo onde estão as soluções se encontro um acesso ao campo de forças edimensões da alma que ultrapassam o indivíduo e a sua família.

Não podemos influenciar estas dimensões da alma. Nós podemos somente nos abrir. Porquequando se tratar de algo decisivo, a compreensão das imagens, frases e passos quesolucionam e curam nos será presenteada por esta alma. O terapeuta abre-se para a atuaçãodesta grande alma através do recolhimento total de suas intenções e sua consideração peloque ele talvez receie, inclusive o receio de fracassar. Então surge repentinamente uma imagemou uma palavra ou uma frase que lhe possibilita dar o próximo passo. No entanto é sempre umpasso no escuro.

Apenas no final é que se releva se foi o passo certo que inverte a necessidade. Através dapostura fenomenológica entramos, portanto, em contato com estas dimensões da alma. Isto é,mais através da não-ação centrada do que através da ação. Através de sua presença centradao terapeuta ajuda também o cliente a adquirir esta postura, a compreensão e a força que daíadvêm. Muitas vezes o cliente não agüenta esta compreensão e se fecha a ela novamente. Oterapeuta também concorda com isso, através de seu recolhimento. Também aqui ele não sedeixa envolver nem através de uma reivindicação interna nem externa no destino do cliente ede sua família.

Pode parecer duro, mas o resultado da experiência mostra que cada compreensão que foipresenteada desta forma é incompleta e temporária, tanto para o terapeuta quanto para ocliente.

Retorno, no final, ao começo " à diferença entre o caminho do conhecimento científico e dofenomenológico". Eu a sintetizei num poema que escrevi já há alguns anos atrás. Ele sechama:

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Duas maneiras de saber

Um erudito perguntou a um sábio,

como as partes se unem num todo

e como o saber sobre as muitas partes

se diferencia do saber sobre o todo.

O sábio respondeu:

O disperso se agrega num todo

quando encontra seu centro

e passa a atuar.

Pois so tendo um centro, o muito torna-se Essencial e real,

e o todo então se nos revela como algo simples,

quase como pouco,

como força serena que segue adiante,

uma força que tem peso

e está contígua àquilo que sustenta.

Assim, para conhecer

ou transmitir o todo,

não preciso

saber,

dizer,

ter,

fazer

tudo em detalhe.

Quem quer entrar na cidade

passa por uma única porta.

Quem dá uma badalada num sino

faz retinir, com esse único som, muitos outros.

E quem colhe a maçã madura

não precisa averiguar a sua origem.

Ele a segura na mão

e a come.

O erudito não concordou: quem quer a verdade,

tem que conhecer também todos os detalhes.

Mas o sábio contestou.

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

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Sabe-se muito apenas sobre a verdade que nos foi legada .

A verdade que leva adiante

é nova,

e ousada.

Pois ela contém o seu fim

assim como, uma semente, a árvore.

Portanto, aquele que ainda hesita em agir,

porque quer saber mais

do que lhe permite o próximo passo,

não aproveita o que atua.

Ele toma a moeda

pela mercadoria,

e transforma em lenha

as árvores.

O erudito acha

que essa só pode ser uma parte da resposta

e pede-lhe

um pouco mais.

Mas o sábio se recusa,

pois o todo é, no princípio, como um barril de mosto:

doce e turvo.

E precisa fermentação durante um tempo suficiente,

até ficar claro.

Então, aquele que o bebe em vez de degustá-lo,

passa a cambalear embriagado.

CONSTELAÇÃO FAMILIAR – O RESGATE DE SI MESMO

Constelação Familiar é um método eficaz e poderoso, para reconhecer emaranhamentos navida familiar do ser humano, trazendo relaxamento e compreensão nas situaçõesproblemáticas vivenciadas na família. Isso permite que o amor flua novamente entre osmembros do Sistema Familiar.

A Terapia Sistêmica Fenomenológica foi criada pelo Terapeuta alemão Bert Hellinger. Seutrabalho mostra como forças entranhadas profundamente no Sistema Familiar podem serredirecionadas para o equilíbrio, quando membros desse sistema são reconhecidos,respeitados e colocados no seu devido lugar. Bert Hellinger desenvolveu uma série de novosprocedimentos psicoterapêuticos. Enfocando dinâmicas que envolvem várias gerações trouxe a

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compreensão das implicações fatídicas e freqüentemente inconscientes dentro das famílias,implicações essas que ele reuniu sob o conceito “ Ordens do Amor”. No caminho doconhecimento fenomenológico, é necessário expor-se, dentro de um determinado horizonte, àdiversidade dos fenômenos, onde não se escolhe entre eles e nem os avalia. Apenas, esseprocedimento exige um esvaziar-se em relação às idéias preexistentes quanto aos movimentosinternos, sendo eles do campo do sentimento, da vontade ou do julgamento. Em suma, nesseprocesso a atenção é dirigida e não dirigida, centrada e vazia, acarretando a posturafenomenológica que requer um estado de prontidão tencionada para a ação, sem executá-la.Devido a esta tensão, torna-se a pessoa extremamente capaz e pronta para perceber. E, apósum tempo, ela vê como a diversidade presente no horizonte se dispõe ao redor de um centro e,de repente, reconhece uma conexão, uma ordem, uma verdade ou o passo que permitecontinuar adiante. Esse procedimento é externo, experienciado como uma dádiva e, via deregra, limitado. O procedimento fenomenológico possibilita e requer a experiência do que foidescrito acima. Através da colocação da Constelação Familiar experiencia-se o resultado deum caminho do conhecimento fenomenológico e ao mesmo tempo, obtém-se o procedimentofenomenológico como resultado. O trabalho é realizado dentro de um contexto onde o clienteescolhe entre as pessoas de um grupo, representantes para os membros de sua família. Seupai, sua mãe, seus irmãos e para si mesmo, não importando quem ele escolha pararepresentar os vários membros de sua família. É considerado melhor se ele escolher osrepresentantes independentemente de aparências externas e sem uma determinada intenção.Este é o primeiro passo para uma contenção e renúncia a intenções ou antigas imagens. Quembusca semelhanças físicas nos representantes, por ex, não se encontra numa postura abertapara o essencial e invisível. Limita, assim, a força expressiva da colocação através deconsiderações externas. Assim sendo, a colocação de sua Constelação Familiar já pode estar,para ele, fadada ao fracasso. Algumas vezes é melhor que o Terapeuta escolha osrepresentantes e deixe o cliente configurar sua família. Deve ser considerado o sexo daspessoas escolhidas, isto é, que homens sejam escolhidos para representar os homens emulheres para as mulheres. O cliente coloca os representantes no espaço um em relação aooutro. Neste momento é importante que ele os segure com ambas as mãos pelos ombros, e,assim, em contato com eles os posicione em seu lugar. É imprescindível que durante amontagem o cliente esteja centrado, observando seu movimento interior, seguindo-o ate sentirque o lugar para onde conduziu o representante seja o correto. Assim ele prossegue até quetodos os representantes se encontrem em seus lugares. Durante esse processo o clienteencontra-se esquecido de si mesmo. À medida que todos estejam posicionados ele despertadeste esquecimento e é de grande ajuda, quando ele dá uma volta e corrige algo que nãoesteja totalmente correto. Aí ele se senta. Pode-se perceber quando o cliente não estáesquecido de si mesmo. Por ex., quando coloca um dos representantes tal e qual umaescultura, ou quando monta a Constelação Familiar muito rapidamente, como se seguisse umaimagem pré-concebida ou quando se esquece de colocar uma pessoa, ou quando declara queuma pessoa já esta em seu lugar certo sem tê-la posicionado de modo concentrado. EstaConstelação Familiar tende a terminar num beco sem saída ou de forma confusa. É necessárioque o Terapeuta também se liberte de suas intenções e imagens para que a colocação de umaConstelação Familiar tenha êxito. À medida que se contém e se centra na Constelação,reconhece imediatamente se o cliente quer influenciá-lo com imagens pré-concebidas ouesquivar-se daquilo que começa a se mostrar. Então, ele leva o cliente a se centrar e o conduzao estado de disposição para que se exponha ao que está acontecendo. Quando isso não épossível, interrompe-se a Constelação. Cabe também aos representantes uma contençãointerna de suas intenções, idéias e medo. Isso possibilita a observação das mudanças que semanifestam em seu estado corporal e seus sentimentos enquanto são colocados. Por ex., quequerem olhar para o chão, para o alto, que se sentem pesados ou leves, que o coração batemais depressa, se estão com raiva ou tristes, ou com medo. Ajuda bastante quando prestamatenção às imagens que emergem e que ouçam os sons e palavras que afloram. É necessária

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uma grande sensibilidade e uma enorme prontidão para se distanciar de suas próprias idéias.É necessário que o Terapeuta seja muito cauteloso para que as fantasias dos representantesnão sejam captadas como percepções. Tanto o Terapeuta como os representantes podemescapar mais facilmente desta situação quanto menos informações tiverem sobre a família. Apercepção fenomenológica acarreta melhores resultados quando se questiona só o essencial,diretamente antes da Constelação Familiar. As perguntas necessárias são: 1-Quem pertence àfamília? 2-Houve na família destinos especiais, por ex., deficientes? Há natimortos? Oumembros da família morreram precocemente? 3-Um dos pais ou avós teve anteriormente umrelacionamento firme? A percepção fenomenológica do Terapeuta e representantes serádificultada se a anamnese for muito longa. Cabe ao Terapeuta recusar conversas prévias ouquestionários que vão além das perguntas citadas anteriormente. Pela mesma razão o clientedeve calar-se durante a colocação e nem os participantes devem fazer perguntas de qualquernatureza para o cliente. Faz-se necessário que os representantes comuniquem ao Terapeuta oque sentem ao invés de prestarem atenção à imagem externa da Constelação ou que tentem“ajudar” o cliente com afirmações amáveis. Nestes casos, o Terapeuta deve substituí-los poroutros imediatamente. É importante que o representante fale ao Terapeuta o que realmenteexperiência interiormente. Por ex., um pai que sente uma atração erótica pela filha, ou umamãe que se sente melhor quando um de seus filhos quer seguir um membro da família namorte. A atenção do Terapeuta é direcionada para os mais leves sinais corporais, por ex, umretesamento, uma aproximação ou afastamento involuntário das pessoas, um sorriso. Estandoele centrado perceptivamente, isto é, livre de intenções e medos à colocação da ConstelaçãoFamiliar terá sempre êxito. Um sinal infalível de que algo está errado, é quando se percebe queno grupo observador há inquietação e a atenção diminui. Neste caso, quanto mais rápido oTerapeuta interromper o trabalho será melhor. A interrupção permite a todos os participantesconcentrar-se novamente e, depois de algum tempo, recomeçar o trabalho. Pode acontecerque o grupo observador apresente sugestões. Porém isto deve ser apenas uma observação.Nada de interpretações. Ou de colocações feitas levianamente, ou em busca de adquirirprestígio, ou por curiosidade. Perde-se a sua seriedade e forma. Cabe ao terapeuta, decidircom qual família ele iniciará seu trabalho. Família atual ou a de origem? Colocando-se a famíliaatual pode-se colocar mais tarde aquelas pessoas da família de origem que ainda atuamfortemente na família atual. Desta forma, tem-se uma imagem onde as influências quesobrecarregam e trazem o equilíbrio através de várias gerações tornam-se visíveis e podemser sentidas. Onde existem trágicos destinos na família de origem é necessário iniciar-se otrabalho com ela. É importante começar a colocação com o núcleo familiar, isto é, pai, mãe efilhos. Quando existe um natimorto ou uma criança que morreu precocemente, coloca-se estacriança posteriormente para se observar qual o efeito que tem sobre a família. É maisproveitoso iniciar a colocação com poucas pessoas, deixar-se conduzir por elas e desenvolvera Constelação. Quando se configura a primeira imagem, permite-se ao cliente e representantesum tempo para que se exponham a ela, deixando-a atuar. Há ocasiões em que osrepresentantes começam a agir, por ex., tremendo, chorando ou abaixando a cabeça,respirando dificilmente ou olhando com interesse ou apaixonadamente para alguém. Éimportante o Terapeuta dar tempo e observar suas reações, permitindo a verdadeira situaçãose concretizar. O Terapeuta em sua postura perceptiva, vai primeiramente até à pessoa quesente estar mais necessitada. Se, por ex., ela foi colocada de costas ou de lado, o Terapeutavê que ela quer partir ou morrer. Apenas conduzí-la uns passos para a frente na direção emque ela está olhando e prestar atenção ao efeito provocado nela e nos outros. Caso todos osrepresentantes olhem para uma só direção, o Terapeuta sabe que alguém deve estar na frentedeles: uma pessoa esquecida ou excluída. O Terapeuta pergunta quem será esta pessoa e acoloca na Constelação dando continuidade ao trabalho. Outro exemplo é quando a mãe estácercada pelos filhos, onde se tem a impressão que eles a impedem de partir. O Terapeutapergunta o que aconteceu na família de origem dela e, procura uma solução para a mãe antesde continuar com os demais representantes. O Terapeuta irá desenvolver os passos seguintes

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sempre respeitando a colocação inicial e mantendo a concentração no essencial, na densidadee na tensão próprias ao trabalho. Passos desnecessários acarretarão a diminuição da tensão edesviará a atenção das pessoas e acontecimentos importantes. Há casos mais densos ondecoloca-se somente dois representantes. Por ex., mãe e filho com uma doença incurável. OTerapeuta nada diz. Só observa o que se passa entre eles dentro deste campo de forças.Desta forma, vem à luz não somente os sentimentos das pessoas mas também emerge ummovimento onde surgem os passos possíveis ou adequados a ambos. Os representantescomportam-se e se sentem como as pessoas que representam, embora não possuaminformações prévias dos acontecimentos externos mencionados anteriormente. O campo deforças não pode ser esclarecido: permanece um mistério. Evidencia-se também, através docomportamento dos representantes e, com isso, através do comportamento e dos destinos dosmembros reais da família, que eles estão ligados às pessoas que já faleceram há muito tempo.Há uma alma que atua mais que um campo de forças. Atua uma alma comum que liga nãosomente os vivos mas também os membros falecidos de uma família. Através da ConstelaçãoFamiliar o Terapeuta vai do próximo ao distante e do estreito ao amplo. Ele olha para o clientee sua família, para a alma deles, para um campo de forças e para a alma que os abarca. Poiseles estão integrados em um campo de forças maior e em uma grande alma e são usados etomados a seu serviço. No centro das atenções está a percepção de forças atuantes ( por ex.:O “amor vinculador”, a “consciência”, a “alma grande”) que se devotam ao bem-estar e aodireito de todos, inclusive de familiares falecidos há muito tempo,e que mantém coesos afamília e o clã. Partindo da montagem da sua Constelação o cliente visualiza as implicações,os bloqueios, os vínculos secretos, transformando-se em ponto de partida de um processo desolução. Transformar o amor primário da criança em amor sensato e cônscio; libertar oindivíduo da identificação com familiares excluídos, inserindo-o no Sistema Familiar pelavalorização; transformar a culpa reconhecida em força para o bem; experimentar abenevolência e a força que emanam dos falecidos quando estes são devidamentereconhecidos; consentir com a Existência para que seja possível a reconciliação e a aceitaçãode um destino difícil, de enfermidades e da morte. Representantes, cliente e Terapeutaexperienciam as soluções em consonância com o todo. Seu procedimento é fenomenológico.Através da Constelação Familiar pode-se trazer à luz a dinâmica escondida no SistemaFamiliar e desenvolver a força interior nesta família. A capacidade de entender seu própriocomportamento fica ampliada, sendo possível, a reconciliação consigo mesmo e com os outrosmembros do Sistema. É uma forma eficaz de resolver emaranhamentos antigos e liberar toda aenergia para se viver uma vida mais saudável, natural e espontânea- redirecionando a energiapara o equilíbrio. Dissolvendo os “nós” familiares antigos, o cliente libertar-se-á bem como agerações passadas e futuras de sua família. Normalmente este trabalho é realizado em gruposou individualmente. Sessões individuais também funcionam num nível bem profundo, ondediferentes símbolos são usados para representar as posições dos membros da família. Aabrangência deste trabalho atinge profissionais de todas as áreas, pessoas que queiramtrabalhar suas relações familiares e amorosas, perdas e/ou lutos, comportamentos destrutivos,dificuldades profissionais, bloqueios afetivos etc. Através das Constelações Familiares o serhumano se dispõe a ir bem mais profundamente dentro de si mesmo, aprofundando eampliando seu auto-conhecimento – resgatando-se e sentindo-se mais autêntico em sua vida.

Eloyana Silveira é Terapeuta Holística, CRT 21105, modalidade Psicanalista e é tambémPedagoga. Desde 1995 viaja à Índia, dividindo seu tempo entre Brasil e este país e dedicando-se a uma intensa jornada interior. Participou de diferentes cursos, grupos, treinamentos emeditações na Osho Multiversity, em Pune, Índia.

Em sua caminhada está sempre em busca de algo novo que traga mais expansão para a suaconsciência, maior paz para si mesma e para se dedicar à sua vocação: ser facilitadora dabusca/encontro de seus semelhantes.

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Está sempre atualizando-se através de estudos constantes no Brasil e nos trabalhos da OshoMultiversity.

Em 1998, em Pune, experienciou o trabalho de Bert Hellinger com as Constelações Familiares.Desde então, tem se aprofundado nesta terapia, experienciando em si mesma a profundidade,o equilíbrio e a paz decorrentes dos resgates que tem feito em sua vida. Faz da Meditação ocaminho para se conectar com a Perfeita Essência da VIDA.

Ela desenvolve seu trabalho no Brasil e em Pune atendendo pessoas de diferentes partes domundo que vão ate à Índia em busca de um crescimento interior.

Palestra de Bert Hellinger

São Paulo –Agosto de 1999

Para que o Amor dê Certo

. Sumário

. Ordem e amor (poema)

. Tomar a vida

. E algo que é próprio

. O mesmo (poema)

. Aceitar tudo o mais que nossos pais nos dão

. O tamanho de criança

. Receber e exigir

. A equiparação

. O grupo familiar

. O direito de pertencer

. Os excluídos são representados

. A solução

. A imagem mágica do mundo e suas conseqüências

. Homens e Mulheres

. O vínculo

. A ordem de precedência

. Dois modos de ser feliz (uma história)

Sumário

Muita gente julga que o amor tem o poder de superar tudo, que é preciso apenas amarbastante e tudo ficará bem. Contudo, a experiência mostra que isto não é verdade. Muitos

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Brasil Constelação Familiar – Perguntas e Respostas – Material

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pais são forçados a experimentar que, apesar do amor que dão a seus filhos, estes não sedesenvolvem como eles esperavam. São forçados a ver seus filhos adoecerem, sedrogarem ou suicidarem, apesar de todo o amor que lhes dão. Para que o amor dê certo, épreciso que exista alguma outra coisa ao lado dele. É necessário que haja o conhecimentoe o reconhecimento de uma ordem oculta do amor.

Ordem e amor

O amor preenche o que a ordem abarca.

O amor é a água, a ordem é o jarro.

A ordem ajunta,

o amor flui.

Ordem e amor atuam juntos.

Como uma linda canção obedece às harmonias,

assim o amor obedece à ordem.

Assim como o ouvido dificilmente se acostuma

às dissonâncias, mesmo quando são explicadas,

assim também nossa alma dificilmente se acostuma

ao amor sem ordem.

Muita gente trata essa ordem

como se ela fosse uma opinião

que se pode ter ou mudar à vontade.

Contudo, ela nos preexiste.

Ela atua, mesmo que não a entendamos.

Não é inventada, mas encontrada.

É por seus efeitos que a descobrimos,

Como descobrimos o sentido e a alma.

Muitas dessas ordens são ocultas. Não podemos sondá-las. Elas atuam nas profundezas daalma, e freqüentemente as encobrimos com pensamentos, objeções, desejos e medos. Épreciso tocar no fundo da alma para vivenciar as ordens do amor.

Tomar a vida

Direi primeiro alguma coisa sobre as ordens do amor entre pais e filhos e, do ponto devista da criança, isto é, do filho para com seus pais. Aqui menciono algumas verdadesbanais. Elas são tão óbvias que eu quase me envergonho de citá-las. Não obstante, sãofreqüentemente esquecidas.

O primeiro ponto é que os pais, ao darem a vida, dão à criança, nesse mais profundo atohumano, tudo o que possuem. A isso eles nada podem acrescentar, disso nada podem

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tirar. Na consumação do amor, o pai e a mãe entregam a totalidade do que possuem.Pertence portanto à ordem do amor que o filho tome a vida tal como a recebe de seus pais.Dela, o filho nada pode excluir, nem desejar que não exista. A ela, também, nada podeacrescentar. O filho é os seus pais. Portanto, pertence à ordem do amor para um filho, emprimeiro lugar, que ele diga sim a seus pais como eles são -- sem qualquer outro desejo esem nenhum medo. Só assim cada um recebe a vida: através dos seus pais, da formacomo eles são.

Esse ato de tomar a vida é uma realização muito profunda. Ele consiste em assumir minhavida e meu destino, tal como me foi dado através de meus pais. Com os limites que me sãoimpostos. Com as possibilidades que me são concedidas. Com o emaranhamento nosdestinos e na culpa dessa família, no que houver nela de leve e de pesado, seja o que for.

Essa aceitação da vida é um ato religioso. É um ato de despojamento, uma renúncia aqualquer exigência que ultrapasse o que me foi transmitido através de meus pais. Essaaceitação vai muito além dos pais. Por esta razão, não posso, nesse ato, considerar apenasos meus pais. Preciso olhar para além deles, para o espaço distante de onde se origina avida e me curvar diante de seu mistério. No ato de tomar os meus pais, digo sim a essemistério e me ajusto a ele.

O efeito desse ato pode ser comprovado na própria alma. Imaginem-se curvando-seprofundamente diante de seus pais e dizendo-lhes:"Eu tomo esta vida pelo preço quecustou a vocês e que custa a mim. Eu tomo esta vida com tudo o que lhe pertence, comseus limites e oportunidades". Nesse exato momento, o coração se expande. Quemconsegue realizar esse ato, fica bem consigo, sente-se inteiro.

Como contraprova, pode-se igualmente imaginar o efeito da atitude oposta, quando umapessoa diz: "Eu gostaria de ter outros pais. Não os suporto como eles são." Queatrevimento! Quem fala assim, sente-se vazio e pobre, não pode estar em paz consigomesmo.

Algumas pessoas acreditam que, se aceitarem plenamente seus pais, algo de mau poderáinfiltrar-se nelas. Assim, não se expõem à totalidade da vida. Com isto, contudo, perdemtambém o que é bom. Quem assume seus pais, como eles são, assume a plenitude davida, como ela é.

E algo que é próprio

Mas aqui existe ainda um mistério que não posso justificar. Com efeito, cada umexperimenta que também tem em si algo de único, algo que é inteiramente próprio,irrepetível, e não pode ser derivado de seus pais. Isso também ele precisa assumir. Podeser algo de leve ou de pesado, algo de bom ou de mau. Isto não podemos julgar.

A pessoa que encara o mundo e sua própria vida com olhos desimpedidos pode ver quetudo o que ela faz obedece a uma ordem. Tudo o que ela faz ou deixa de fazer, tudo o queela apoia ou combate, ela o realiza porque foi encarregada de um serviço que ela próprianão entende. Aquele que se entrega a tal serviço, experimenta-o como uma tarefa oucomo um chamado, que não se baseia nos próprios méritos nem na própria culpa (quandofor algo de pesado ou cruel). Ele foi simplesmente tomado a serviço.

Quando contemplamos o mundo desta maneira, cessam as diferenças habituais. Costumodescrever isto com o dito seguinte:

O mesmo

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A brisa sopra e sussurra,

A tempestade varre e se enfurece,

E no entanto

é o mesmo vento,

o mesmo canto.

A mesma água

nos tira a sede e nos afoga,

nos carrega e nos sepulta.

Todo ser vivo se desgasta,

se mantém vivo e se aniquila.

Em ambos os casos,

a mesma força o impele.

Ela é que conta.

A quem servem então as diferenças?

Falei até aqui sobre a ordem fundamental da vida. Foi-nos concedido termos pais e sermosfilhos. E temos também algo de próprio.

Aceitar tudo o mais que nossos pais nos dão

Na verdade, os pais não dão aos filhos apenas a vida. Eles nos dão também outras coisas:alimentam-nos, educam-nos, cuidam de nós e assim por diante. Convém à criança que elatome tudo isso, da forma como o recebe. Quando a criança o aceita de bom grado,costuma bastar. Existem exceções, que todos conhecemos, mas via de regra é suficiente.Pode não ser sempre o que desejamos, mas é o bastante.

Nesse particular, pertence à ordem que o filho diga a seus pais: "Eu recebi muito. Sei que émuito, é o bastante. Eu o tomo com amor". Então ele se sente pleno e rico, seja qual for asituação. Então ele acrescenta: "o resto, eu mesmo faço". Isto também é um belopensamento. Finalmente, o filho ainda pode dizer aos pais: "E agora eu os deixo em paz".O efeito destas frases vai muito fundo: agora o filho tem seus pais e os pais têm o filho.Pais e filho estão simultaneamente separados e felizes. Os pais concluíram sua obra e acriança está livre para viver sua vida, com respeito pelos seus pais mas sem dependência.

Imaginem agora a situação contrária, quando o filho diz aos pais: "O que vocês me deramfoi errado e foi muito pouco. Vocês ainda estão me devendo muito". O que esse filho temde seus pais? Nada. E o que têm dele os pais? Igualmente nada. Esse filho não conseguesoltar-se de seus pais. Sua censura e sua reivindicação o vinculam a eles, mas de umaforma tal que ele não os tem. Ele se sente vazio, pequeno e fraco.

Esta seria a segunda lei do amor entre filhos e pais.

O tamanho de criança

Existe algo que os pais adquirem por mérito pessoal. Se a mãe, por exemplo, tem um domespecial - suponhamos que ela seja pintora e pinte quadros maravilhosos - então isso

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pertence a ela e não ao filho. Este não pode reivindicar ser também um bom pintor, a nãoser que o tenha merecido por dotação própria e dedicação pessoal.

A mesma coisa vale para a riqueza dos pais. O filho não tem o direito de reivindicá-la,como é o caso da herança. O que ele vier a receber será puro presente.

Isto vale ainda para a culpa pessoal dos pais. Também esta pertence exclusivamente aeles. Com freqüência, uma criança presume, por amor, tomar sobre si essa culpa, carregá-la em nome dos pais. Também isto vai contra a ordem. A criança se arroga um direito quenão lhe compete. Quando os filhos querem expiar pelos pais, estão se julgando superioresa eles. Os pais passam a ser tratados como crianças, cuidadas por seus próprios filhos, queassumem o papel de pais.

Uma senhora, que recentemente participou de um grupo meu, tinha um pai cego e umamãe surda. Os dois se completavam bem, mas a filha achava que devia cuidar deles.Quando montei a constelação de sua família, ela se comportou como se fosse ela a pessoagrande. Porém sua mãe lhe disse: "Esse assunto com seu pai eu resolvo sozinha". E o pailhe disse: "Esse assunto com sua mãe eu resolvo sozinho. Não precisamos de você paraisso". Aquela senhora ficou muito desapontada, porque foi reduzida ao seu tamanho decriança.

Na noite seguinte, ela não conseguiu dormir. Aliás, ela sentia uma grande dificuldade paraadormecer. Perguntou-me se eu podia ajudá-la. Respondi: "Quem não consegue dormirtalvez esteja pensando que precisa vigiar". Contei-lhe então a história de Borchert sobre omenino de Berlim que, no fim da guerra, tomava conta de seu irmão morto, para que osratos não o comessem. O menino estava esgotado, porque achava que devia ficar vigiando.Nisto, passou por ali um senhor simpático que lhe disse: "Mas os ratos dormem à noite". Ea criança adormeceu.

Na noite seguinte, aquela senhora dormiu melhor.

Portanto, a ordem do amor entre filhos e pais estabelece, em terceiro lugar, querespeitemos o que pertence pessoalmente a nossos pais e o que eles podem e devem fazersozinhos.

Receber e exigir

A ordem do amor entre pais e filhos envolve ainda um quarto elemento. Os pais sãograndes, os filhos pequenos. Assim, o certo é que os pais dêem e os filhos recebam. Pelofato de receber tanto, o filho sente a necessidade de pagar. Dificilmente suportamosquando recebemos algo sem dar algo em troca. Mas, em relação a nossos pais, nuncapodemos compensar. Eles sempre nos dão muito mais do que podemos retribuir.

Alguns filhos querem escapar da pressão de retribuir e dos sentimentos de obrigação ou deculpa. Eles dizem então: "Prefiro nada receber, assim não sinto obrigação nem culpa".Esses filhos se fecham para seus pais e, nessa mesma medida, sentem-se pobres e vazios.Pertence à ordem do amor que os filhos digam: "Eu recebo tudo com amor". Assim, elesirradiam contentamento para os pais, e estes percebem a felicidade deles. Esta é umaforma de receber que é simultaneamente uma compensação, porque os pais se sentemrespeitados por esse receber com amor. Eles dão, então, com um prazer ainda maior.

Quando, porém, os filhos dizem: "Vocês têm que me dar mais", o coração dos pais sefecha. Por causa da exigência do filho, eles não podem mais cumulá-lo de amor. Este é oefeito de tais reivindicações. Esse filho, por sua vez, mesmo quando recebe alguma coisa,não consegue tomar o que exigiu.

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A equiparação

A verdadeira equiparação entre o dar e o tomar na família consiste em passar adiante odom. Quando a criança diz: "Eu tomo tudo, e quando eu crescer, eu darei por minha vez",os pais ficam felizes. A criança, no seu dar, não olha para trás, mas para a frente. Os paisfizeram o mesmo. Eles receberam de seus pais e deram a seus filhos. Justamente pelo fatode terem recebido tanto, sentem-se pressionados a dar, e podem igualmente fazê-lo.

Até aqui, falei das ordens do amor entre filhos e pais.

O grupo familiar

Entretanto, nossa vinculação não se limita aos pais. Pertencemos também a um grupofamiliar, a uma estirpe, um sistema maior. O grupo familiar se comporta como se fossedirigido por uma instância comum e superior. Ele é comparável a um bando de pássarosem formação. De repente, todos mudam a direção do vôo, como se tivessem sido movidospor uma força superior comum.

No grupo familiar, essa instância superior atua quase como um comando (Gewissen)interior partilhado por todos, e que atua de modo amplamente inconsciente. Reconhecemosas ordens a que obedece pelos bons efeitos de sua observância e pelos maus efeitos de suaviolação.

Quero citar, para começar, o círculo de pessoas que são abarcadas e dirigidas por essecomando interior (Gewissen), cuja amplitude podemos reconhecer por seus efeitos. Estãonele incluídos:

Todos os filhos, inclusive os que morreram ou foram abortados;

Os pais e todos os seus irmãos;

Os avós;

Eventualmente, algum bisavô ou até mesmo um antepassado ainda mais distante,principalmente se teve um destino mau.

Incluem-se ainda pessoas sem relação de parentesco, a saber, aquelas de cuja morte ouinfelicidade pessoas da família se beneficiaram, como são, por exemplo, antigos parceirosdos pais e dos avós.

O direito de pertencer

No interior de cada grupo familiar, vale a ordem básica, a lei fundamental: todas aspessoas do grupo familiar possuem o mesmo direito de pertencer. Em muitas famílias egrupo familiares, determinados membros são excluídos. Alguns dizem, por exemplo: "Essetio não vale nada, ele não pertence a nós", ou então: "Dessa criança ilegítima nadaqueremos saber". Com isso, recusam a essas pessoas o direito de pertencer.

Existem também os que dizem: "Sou católico, você é evangélico. Como católico, tenhomais direito de pertencer que você". Ou inversamente: "Como protestante, tenho maisdireito, porque minha fé é mais verdadeira. Você é menos crente do que eu, portanto temmenos direito de pertencer". Isto não é hoje tão freqüente como antigamente, mas aindaacontece.

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Ocorre ainda, quando um filho morre prematuramente, que seus pais dão seu nome aofilho seguinte. Com isto, estão dizendo ao primeiro: "Você não pertence à família. Temosum substituto para você". Assim o filho morto não conserva nem mesmo o seu próprionome. Com freqüência, não é mais contado nem mencionado. Assim lhe é negado eretirado o direito de pertencer.

O excesso de moral de alguns, que se sentem melhores e superiores a outros, na práticasignifica dizer-lhes: "Tenho mais direito de pertencer que você". Ou, quando alguémcondena uma pessoa ou a considera má, praticamente está lhe dizendo: "Você tem menosdireito de pertencer do que eu". "Bom" significa então: "Tenho mais direitos", e "mau"significa: "Você tem menos direitos".

Os excluídos são representados

Essa lei fundamental, que assegura a todos o mesmo direito de pertencer, não toleranenhuma violação. Quando isso acontece, existe no sistema uma necessidade inconscientede compensação, que faz com que os excluídos ou desprezados sejam mais tarderepresentados por algum outro membro da família, sem que essa pessoa tenha consciênciado fato.

Quando, por exemplo, um homem casado se relaciona com outra mulher e diz à própriaesposa: "Não quero mais saber de você", inventando falsas razões e cometendo injustiçacontra ela, e depois se casa com a segunda mulher e tem filhos com ela, sua primeiramulher será representada por um desses filhos. Uma menina, por exemplo, combaterá opai com o mesmo ódio da parceira rejeitada, sem que tenha a menor consciência dessarepresentação. Aqui atua uma força secreta de compensação, para que a injustiça feita àprimeira pessoa seja vingada por uma segunda.

Muitos acontecimentos infelizes na família como, por exemplo, desvios de comportamentodos filhos, doenças, acidentes e suicídios acontecem pelo fato de que um filhoinconscientemente representa um excluído e quer dar-lhe reconhecimento. Nisso se revelaainda uma outra propriedade da instância superior. Ela faz reinar justiça para com aquelesque vieram antes e injustiça para os que vêm depois.

A solução

A solução de um tal emaranhamento torna-se possível quando a ordem básica érestabelecida, isto é, quando os excluídos voltam a ser acolhidos e respeitados. Neste caso,por exemplo, a segunda mulher deveria dizer à primeira: "Eu tenho este homem às suascustas. Eu honro isto e reconheço que foi feita injustiça a você. Por favor, queira bem amim e a meus filhos". Desta forma, a primeira mulher é respeitada. Nas constelaçõesfamiliares, pode-se perceber então como se relaxa o rosto da primeira mulher, como ela setorna amigável pelo fato de ser respeitada. Com isso, é reconhecido o seu direito depertencer.

A solução exige também que a menina, que imita essa mulher, lhe diga interiormente: "Eupertenço apenas à minha mãe e ao meu pai. Aquilo que se passou entre vocês adultos nãotem nada a ver comigo". Ela diz a seu pai: "Você é meu pai, e eu sou sua filha. Por favor,olhe-me como sua filha". Então o pai não precisa mais ver nela sua ex-mulher, não precisamais defrontar-se com o ódio ou a tristeza que ela possa ter. Ou, se ele ainda a ama, nãoprecisa ver a criança como sua amante, mas apenas como sua filha. Então a criança podeser a filha, e o pai pode ser o pai.

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A criança precisa também dizer ao pai: "Esta aqui é a minha mãe. Com sua primeiramulher não tenho nada a ver. Eu tomo esta como minha mãe. Esta é para mim a certa". Eentão ela precisa dizer à mãe: "Com a outra mulher eu nada tenho a ver". De outra forma,essa criança se tornará uma rival da mãe, e não poderá ser filha. Talvez a mãe veja nelainconscientemente a outra mulher, e então mãe e filha entram em conflito como se fossemduas amantes rivais. Mas quando a criança diz: "Você é minha mãe e eu sou sua filha, coma outra não tenho nada a ver. Eu tomo você como minha mãe", então a ordem érestabelecida.

Existem contudo emaranhamentos bem mais complicados. Quando, por exemplo, numafamília, um filho morre prematuramente, os filhos sobreviventes carregam muitas vezesum sentimento de culpa pelo fato de estarem vivos, enquanto seu irmão está morto.Acreditam que, por estarem vivos, possuem uma vantagem sobre o irmão falecido. Entãoeles querem compensar isto, por exemplo, deixando-se ficar mal, adoecendo ou mesmodesejando morrer, sem que saibam por quê.

Aqui pertence à ordem do amor que eles digam interiormente ao irmão morto: "Você émeu irmão (minha irmã). Eu respeito você como meu irmão (minha irmã). Você tem umlugar em meu coração. Eu me curvo diante do seu destino, da forma como lhe aconteceu, edigo sim ao meu destino, da forma como me foi determinado". Então a criança morta érespeitada, e a outra pode permanecer viva sem sentimento de culpa.

A imagem mágica do mundo e suas conseqüências

Por trás da necessidade de compensação, que faz adoecer, atua uma fantasia mágica, asaber, que eu posso salvar uma outra pessoa de seu pesado destino, desde que eu tometambém algo de pesado sobre mim. É o caso da criança que diz à mãe gravemente doente:"Antes eu adoeça do que você. Antes morra eu do que você". Ou ainda, quando a mãequer abandonar a vida, um filho se suicida, para que a mãe possa ficar viva.

Um exemplo disto é a magreza compulsiva. O anoréxico vai se tornando cada vez menor,desaparece, por assim dizer, até a morte. Em sua alma, essa criança diz a seu pai ou a suamãe: "Antes desapareça eu do que você". Aqui atua um amor profundo. Mas quando acriança morre, qual é o efeito desse amor? Ele é totalmente inútil.

Quando trabalho com uma pessoa com essa compulsão, faço que olhe nos olhos de seu paiou de sua mãe e diga: "Antes desapareça eu do que você". Quando ela os encara nos olhosa ponto de realmente os ver, ela não consegue mais dizer essa frase, porque percebe queo pai ou a mãe não aceitará isto dela. É que o amor mágico desconhece o fato de quetambém a outra pessoa ama e que ela recusaria isto, independentemente da inutilidade detal amor.

Quando a mãe morre no nascimento de uma criança, é muito difícil para essa criançatomar a sua vida. Ela precisaria encarar a mãe nos olhos e dizer: "Mamãe, mesmo por estealto custo eu tomo esta vida e faço algo de bom com ela, em sua memória. Você precisasaber que não foi em vão". Isto é amor, num nível mais elevado. Ele exige o abandono dafantasia mágica de poder interferir no destino de outra pessoa e mudá-lo. Ele exige apassagem de um amor que faz adoecer para um amor que cura.

A fantasia do amor mágico está associada a uma presunção, a um sentimento de poder esuperioridade. A criança realmente acha que, através de sua doença e de sua morte, podesalvar da morte outra pessoa. Renunciar a essa idéia só é possível pela humildade.

Até aqui falei da ordem do amor na relação entre filhos e pais.

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Homens e Mulheres

Quero também dizer mais alguma coisa sobre a ordem do amor na relação do casal. Estetema nos fala mais de perto. Muitos se envergonham disso, como se fosse algo que agente deveria ocultar. Aquilo que diferencia os homens das mulheres, que realmente osdiferencia, é escondido. Ou, pode-se dizer também, é protegido. Pois é o lugar onde cadaum é mais vulnerável. É o lugar próprio da vergonha. Vergonha significa, neste contexto,que eu guardo alguma coisa, para que nada de mau aconteça. E é o lugar onde nossentimos mais entregues.

Alguns falam depreciativamente do instinto sexual e esquecem que ele é a força real emais profunda, que tudo mantém unido e dirige, que toma cada pessoa a seu serviço, semque ela possa se defender. Pela pura razão, ninguém se casaria ou teria filhos. Só esseinstinto consegue isso. É através dele que estamos em sintonia mais profunda com a almado mundo. Esse instinto é o que existe de mais espiritual. Todo entendimento e todaconsideração racional empalidecem diante da força que atua por detrás desse instinto.

A ordem do amor entre homem e mulher exige portanto, em primeiro lugar, que o homemadmita que lhe falta a mulher, e que ele, por si só, jamais poderá alcançar o que umamulher tem. E exige igualmente que a mulher admita que lhe falta o homem, e que ela,por si só, jamais poderá alcançar o que o homem tem. Então ambos se experimentamcomo incompletos e admitem isto.

Quando o homem admite que precisa da mulher e que só através dela se torna umhomem, e quando a mulher admite que precisa do homem e só através dele se torna umamulher, então essa carência os liga um ao outro, justamente pelo fato de a admitirem.Então o homem recebe o feminino como presente da mulher, e a mulher recebe omasculino como presente do homem.

Imaginem agora um homem que desenvolve em si o feminino e uma mulher quedesenvolve em si o masculino, como muitos consideram ideal. Se esse homem quiser seligar a essa mulher, qual será a profundidade dessa relação? No fundo, eles não precisamum do outro. Inversamente, quando o homem renuncia ao feminino e a mulher aomasculino, então eles precisam um do outro e isto os mantém juntos.

O vínculo

Quando o homem e a mulher se aceitam mutuamente como tais, a consumação de seuamor cria um vínculo. Esse vinculo é indissolúvel. Isto nada tem a ver com a doutrinamoral da Igreja sobre a indissolubilidade do matrimônio. A realização do amor cria umaligação, independentemente do casamento e de qualquer rito externo.

A existência de uma tal ligação é percebida pelos seus efeitos. Por exemplo, o homem quese separa levianamente de uma parceira a quem estava vinculado dessa forma pelaconsumação do amor, via de regra não conseguirá conservar uma segunda parceira numoutro relacionamento. Pois esta percebe o seu vínculo com a parceira anterior, e não ousatomá-lo plenamente. Quando um homem abandona uma mulher e se casa de novo, talvezsua segunda mulher se considere melhor que a primeira e diga: "Agora eu o tenho paramim". Ela entretanto o perderá. Nesse próprio triunfo o perde, pois reconhece o vínculodesse homem com a sua primeira mulher.

Então ela não o assumirá completamente. Nas constelações familiares, pode-se perceberque uma segunda mulher se distancia um pouco do homem. Ela não ousa colocar-se pertodele, pelo fato de não ser sua primeira ligação, mas a segunda.

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A profundidade de um tal vínculo pode ser avaliada pelo seu efeito. A separação doprimeiro amor é a mais difícil de se conseguir. É a mais dolorosa. Quando uma segundaligação se desfaz, a dor é menor. Numa terceira, é ainda menor.

Essa ligação não é porém sinônimo de amor. O amor pode ser pequeno e o vínculoprofundo. Inversamente, o amor pode ser profundo e a ligação pequena. O vínculo seorigina do ato sexual. Por isto, ele também nasce de um incesto ou de um estupro. Paraque mais tarde uma nova ligação seja possível, é preciso que a primeira seja corretamenteresolvida. Ela é resolvida quando é reconhecida e quando é honrado o respectivo parceiro.Quem amaldiçoa o primeiro vínculo impede uma ligação ulterior.

A ordem de precedência

O fruto do amor entre o homem e a mulher são os filhos. Também aqui é importanteobservar uma ordem do amor, uma ordem de precedência no amor. Ela se orienta pelocomeço. Isto significa que o que vem antes tem, via de regra, precedência sobre o quevem depois. Numa família, existe primeiro o casal homem-mulher. Seu amor funda afamília. Por isso, seu amor como homem e mulher tem precedência sobre tudo o que vemdepois, portanto, sobre seu amor de pais por seus filhos. Muitas vezes acontece nasfamílias que os filhos atraem sobre si toda a atenção. Então os pais não são antes de tudoum casal, mas pais. Com isto os filhos não se sentem bem.

Quando a relação do casal tem prioridade, o pai diz a seu filho: "Em você, eu respeito eamo também a sua mãe". E a mãe diz ao filho: "Em você, eu respeito e amo também o seupai". E a mulher diz ao homem: "Em nossos filhos, eu respeito e amo a você". E o homemdiz à mulher: "Em nossos filhos, eu respeito e amo a você". Então o amor dos pais é acontinuação do amor do casal. Este tem a prioridade. Os filhos então se sentem muitobem.

Várias famílias são segundas e terceiras famílias, quando o homem e a mulher já eramcasados anteriormente e trouxeram filhos do matrimônio anterior. Como é então a ordemde precedência?

Eles são primeiramente pai e mãe de seus próprios filhos, e só depois disso constituem umcasal. Por conseguinte, seu amor como casal não pode continuar nos filhos, pois já forampais anteriormente. Então, o novo parceiro deve reconhecer que o outro é, em primeirolugar, pai ou mãe dos próprios filhos, e que seu maior amor e sua maior força fluem paraeles e, neles, naturalmente, também para o parceiro anterior. Só então seu amor e suaforça fluem para o novo parceiro. Quando ambos os parceiros reconhecem isto, seu amorpode ser bem sucedido. Quando, porém, um parceiro diz ao outro: "Eu tenho prioridade emseu amor, e só então vêm seus filhos", a relação fica em perigo. Essa situação não semantém por longo tempo.

Se eles mais tarde têm filhos em comum, então são, em primeiro lugar, pai e mãe dosfilhos do primeiro casamento; em segundo lugar, são um casal e, em terceiro lugar, sãopais de seus filhos comuns. Esta seria a ordem, neste caso. Quando se sabe disto, pode-seresolver ou evitar conflitos em muitas famílias.

Falei até aqui sobre algumas ordens do amor na relação entre o homem e a mulher. Paraterminar, contarei a vocês uma história sobre o amor. Ela é assim:

Dois modos de ser feliz

Antigamente, quando os deuses ainda pareciam bem próximos dos homens, viviam numapequena cidade dois cantores que se chamavam Orfeu.

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Um deles era o grande. Tinha inventado a cítara, um tipo primitivo de guitarra. Quandotocava o instrumento e cantava, toda a natureza ficava enfeitiçada em torno dele. Animaisferozes se deitavam mansamente a seus pés, árvores altas se inclinavam para ele: nadapodia resistir a seus cantos. Pelo fato de ser tão grande, ele conquistou a mais belamulher. E aí começou a descida.

Enquanto ele ainda festejava o casamento, morreu a bela Eurídice, e a taça cheia, que eleerguia nas mãos, se partiu. Contudo, para o grande Orfeu, a morte ainda não foi o fim.Com a ajuda de sua arte requintada, encontrou a entrada para o mundo subterrâneo,desceu ao reino das sombras, atravessou o rio do esquecimento, passou pelo cão dosinfernos, chegou vivo diante do trono do deus da morte e o comoveu com seu canto.

A morte liberou Eurídice -- porém sob uma condição, e Orfeu estava tão feliz que nãopercebeu o que se escondia por trás desse favor. Orfeu pôs-se a caminho de volta, ouvindoatrás de si os passos da mulher amada. Passaram ilesos pelo cão de guarda do inferno,atravessaram o rio do esquecimento, começaram o caminho para a luz, que já viam delonge. Então Orfeu ouviu um grito - Eurídice tinha tropeçado - horrorizado, ele se voltou,viu ainda a sombra dela caindo na noite e ficou sozinho. Esmagado pela dor, ele cantou suacanção de despedida: "Ai de mim, eu a perdi, toda a minha felicidade se foi!"

Ele próprio voltou à luz. Entretanto, no reino dos mortos, passara a estranhar a vida.Quando mulheres ébrias quiseram levá-lo à festa do novo vinho, ele se recusou, e elas odespedaçaram vivo.

Tão grande foi sua desgraça, tão inútil foi sua arte. Entretanto, todo o mundo o conhece.

O outro Orfeu era o pequeno. Era apenas um cantor de rua, aparecia em pequenas festas,tocava para gente humilde, alegrava um pouco e curtia isso. Como não conseguia viver desua arte, aprendeu um ofício comum, casou-se com uma mulher comum, teve filhoscomuns, pecou eventualmente, foi feliz de modo comum, morreu velho e satisfeito da vida.

Entretanto, ninguém o conhece - exceto eu!

1

................................................Usando Figuras para fazer constelações familiares com

clientes individuais 1

Jakob Schneider

As constelações de famílias e outros sistemas se tornaram bem conhecidas em um contexto de grupos. Este trabalhoe as áreas de soluções psicoterapêuticas orientadas sistemicamente e fenomenologicamente tem alcançado umasignificância fundamental nas áreas psicosociais e tem tido também efeitos em varias abordagens na terapiaindividual.

Há muitos terapeutas e conselheiros trabalhando em situações nas quais não existe permissão para o trabalho degrupo com constelações. Há também alguns que não se sentem confortáveis ao trabalhar no contexto de um grupo.Além do mais, num nível profundo, muitos desses terapeutas se sentem atraídos para os conceitos subjacentes eferramentas do trabalho de constelações e estão buscando modos de integrar esta abordagem em seu trabalho com

11 Publicado em : Weber, Gunthard (Ed.) (2000): Praxis des Familien-Stellens.

Beiträge zu Systemischen Lösungen nach Bert Hellinger. Heidelberg (Carl-Auer-Systeme), traduzido para o português por Décio Fábio de Oliveira Jr. A partir de uma versão inglesa do site www.constelationflow.comreproduzido aqui no site da editora Atman ltda. com permissão expressa da Carl-Auer Verlag. A reprodução desse artigo exceto para usoprivativo ou distribuição por qualquer meio sem permissão expressa do detentor do "copyright" constitui violação de direito de cópia e fere alegislação brasileira e internacional em vigor.

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indivíduos, casais e famílias e talvez mesmo em pequenos grupos de supervisão.

O trabalho de constelações com figuras ou objetos oferece um método direto e simples. As figuras, representandomembros da família ou pessoas importantes do sistema em particular, são arranjadas numa mesa ou dentro de umespaço definido do local de trabalho.

As figuras

O que se segue é baseado em minha experiência pessoal com constelações de figuras. Desde o início após minhaprimeira experiência com as constelações familiares de Bert Hellinger e minhas primeiras tentativas de trabalharcom esse método em grupos, eu tomei uma bolsa com figuras playmobil de meu filho que há muito tempo ele haviaposto de lado. Eu comecei a carregá-las comigo a todos os lugares onde não havia o apoio de um grupo para meutrabalho de aconselhamento e terapia. Esses lugares incluíam um centro de aconselhamento para casados e famílias,uma clinica psicossomática, pequenos grupos de supervisão, e minha própria prática privada.

Eu fui compelido de certa forma a agir dessa forma. Após minha primeira experiência com constelações familiaresem grupo e já estava certo que este era "meu" método e "meu" modo de fazer terapia, seja em grupos ou comindivíduos. Alcançar isso pelos playmobil foi algo que aconteceu naturalmente, sem muita consideração previa.Elas estavam simplesmente disponíveis, praticas, e fáceis de carregar, e havia apenas mínimas diferenças entre elas,simplesmente, homens e mulheres com algumas combinações de cor. Graças aso céus eu não pedi a ninguém sobreisso naquela época pois eu fui capaz de ganhar experiência com as figuras sem qualquer opinião ou objeçãoexterna. Naqueles dias, eu não estava nem mesmo seguro que você poderia ainda comprar as figuras playmobilsimples mas isso não era tão terrivelmente importante que tipo de figuras eram usadas, Havia, por exemplo, umassim chamado "quadro familiar" com figuras de madeira que está agora no mercado. Há alguns critérios que euconsidero importante na escolha das figuras:

-- Elas devem ser figuras com as quais o terapeuta possa trabalhar confortavelmente. Não se preocupe se o sclientes aceitarão as figuras. Se o método e as ferramentas estão certas para o terapeuta, os clientes sempre virão.

– As figures deverão ter o mínimo de "personalidade própria" possível, deste modo mantendo-se tão livres de pré-conceitos quanto possível e também reduzindo qualquer distração daquilo que não é essencial. As figuras não sãoimportantes por si mesmas, mas apenas como projeções espaciais dos membros do sistema. Trabalhando comfiguras é mais fácil se elas permitem algumas poucas distinções básicas, como por exemplo, entre homens emulheres, algum modo de indicar em que direção a figura está olhando e talvez cores, ou alguma marca quepermita distinguir uma pessoa da outra. Usando figuras menores para crianças pode ser uma forma de distração Àmedida que isso sugere uma orientação para uma referência temporal que se afasta da qualidade "atemporal" dotrabalho de constelações.

Experiência anterior com grupos de constelações

Eu, por mim mesmo, trabalhei primariamente com grupos e meu uso das figures no trabalho individual é baseadototalmente em meu trabalho com grupos de constelação. Eu acredito que precisamos de experiência com grupos deforma a trabalhar com competência usando constelações de figuras. Essa experiência não precisa ser de trabalhardiretamente com grupos fazendo constelações. Eu recomendaria experiência com uma constelação pessoal em umgrupo, e observação de constelações sistêmicas em grupos, ou vídeos daquelas que possam fornecer algumasimpressões de como elas são. Eu conheço terapeutas e conselheiros que trabalham com figuras sem terem nemmesmo liderado um grupo de constelações, mas eu não sei de ninguém que tentaria trabalhar com figuras sem terao menos visto uma constelação em grupos.

Na próxima sessão eu entrarei em detalhes sobre quando uma constelação com figuras é apropriado e como euprocedo em uma sessão individual quando eu estou usando uma constelação de figuras, como eu a introduzo aocliente e como eu trabalho com a constelação de figuras. Eu então irei mostrar os riscos e as oportunidadesinerentes a este método e finalmente eu direi algo sobre constelações de figuras e a "alma" do trabalho e o valor daabordagem a esse respeito.

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O lugar da constelação com figuras na terapia

Aconselhamento e terapia estão preocupados com apoiar um processo que se move em direção a uma solução. Taisprocessos podem aparecer em uma variedade de formas.

Primeiramente, há os problemas que podem ser resolvidos pelas mudanças de comportamento, através deaprendizagem, criatividade espiritualidade. Aqui a preocupação em uma certa extensão é com algum tipo deatividade mental que libera o cliente de pensar e agir de formas que bloqueiam a solução.

Então há a área do trauma, as feridas profundas que usualmente tem a ver com a ruptura do amor, o movimentointerrompido em direção à mãe , ao pai, outras pessoas importantes, ou para com a vida em si mesma. Tais injúriastraumáticas muito frequentemente advém de experiências muito precoces na infância. Elas podem ser resolvidaspor um processo retroativo de cura na alma entre a criança e uma outra pessoa essencial na vida desta. Finalmente,há uma ampla área de ligação e liberação nas relações. Problemas advém das profundas ligações das pessoas com odestino da comunidade, e as conseqüências que se seguem, primariamente dentro da família e da família ampliada.A solução é encontrada através do reconhecimento das ordens do amor.

O trabalho de constelações é focado nos processos de vínculo e liberação da alma. Soluções emergem através doolhar para a integridade do sistema de relações.Todo mundo no sistema tem um igual direito de pertencer e tem deser permitido tomar seu próprio lugar de direito. Todo mundo carrega seu próprio destino por si e tem de se refrearde meter-se no destino dos outros, e todos os membros do sistema tem que permitir que aquelas coisas queaconteceram no passado pertençam realmente ao passado. Isso tem a ver com a vida e com a morte, boa e má sorte,saúde e doença, sucesso ou fracasso nas relações, pertinência e exclusão, dar e receber, recompensa e dívida, eauto-determinação como um contraponto a ser um instrumento, sujeito às influências do sistema.

Em essência, há também o critério que indica quando uma constelação familiar deve ser um método útil: quandoquer que haja algo na "alma do grupo" que quer ordem, paz e conclusão; quando emaranhamentos estão impedindoum processo de solução; ou quando um destino difícil em uma família está gerando um fardo.

Procedimentos com Constelações de figuras

Muitos terapeutas e conselheiros vão querer integrar as constelações familiares usando figuras em seu própriomodo de trabalhar com sua própria orientação terapêutica básica. Para mim, quando há questões de vínculo edesenlace, eu normalmente faço só uma sessão na qual o trabalho é concentrado plenamente na constelação comfiguras. Há , contudo, muito certamente uma ampla variedade de procedimentos. Há certos elementos que sãoimportantes no prosseguir com uma constelação de figuras. Assim como em uma constelação de grupo, é essencialem uma sessão individual que a constelação esteja lidando com uma questão séria e seja carregada pela energia docliente. O terapeuta é dependente desta energia que leva em direção à solução e o "peso da alma" da questão docliente. Como ponto inicial, perguntas sobre a natureza da questão em tela e então sobre qual seria um boaresolução trazem clareza e força que são críticas ao sucesso de uma constelação familiar. O terapeuta e o clienteprecisam saber desde o início para onde devem dirigir sua energia. Ambos tem de ter algum sentido da "almagrupal" que conduz seus esforços em busca de uma boa solução.

A questão real do cliente é frequentemente oculta no início da sessão individual, como está também a força quedeve ter um efeito positivo na solução. Uma orientação é necessária no trabalho com constelações e o processo naalma que apóia este trabalho. Essa orientação deverá ser mais curta, levando imediatamente para fora de qualquerquestões , ou distrações, evitando dispersar a atenção e energia em direção aos processo familiares fundamentais econstruindo confiança para um trabalho conjunto. Eu usualmente comento brevemente sobre meu modo detrabalhar, sobre emaranhamentos nos sistemas familiares, crises nas relações e sobre coisas que nós iremosprocurar. Se eu já tenho alguma idéia onde nosso trabalho poderá ser orientado eu direi uma ou mais estóriasapropriadas a partir de outros casos anteriores que eu já trabalhei antes. Se eu não tenho a menor idéia de qualdireção o trabalho irá, algumas vezes será útil oferecer uma mistura de exemplos curtos e prestar atenção à reaçãodo cliente. A base para um passo que resolve em uma constelação é construída a partir da informação relevante: oseventos mais relevantes na história da família, a família de origem ou a família atual, os destinos naqueles dafamília ou do clã. Esta informação e o modo como os clientes compartilham–na freqüentemente levam a umprofundo movimento através das relações do sistema e a primeira vista um amor que atua, a um respeito e a

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emaranhamentos. Ou, você pode sentir imediatamente que informação tem força e qual não tem. Se algo éimportante e foi omitido, ou se o cliente não tem uma informação crítica.

Essa troca de informação é dialógica e ambos o cliente e o terapeuta precisam ter contato com a "alma do grupo". Oprocesso reside no essencial e existe a serviço da solução. Ela pode ser alcançada só com respeito e consentimentorelativos aos eventos e fatos envolvidos.

O nucleio da orientação do trabalho sistêmico é a imagem da constelação em si mesma: encontrar – permitindo a simesmo ser tocado por – as dinâmicas das relações do sistema, rearranjando as posições das figuras na "imagem desolução" e falando as sentenças apropriadas de vínculo e liberação.

Introduzindo as constelações com figuras

Quando alguém já tem visto ou experimentado com constelações familiares em grupos ou já conhece os livros ouvídeos de Bert Hellinger, uma constelação com figuras raramente necessita de uma introdução. Você simplesmentepode pedir ao cliente para posicionar os membros de sua família com as figuras. Aqui também , contudo, assimcomo com as pessoas não familiarizadas com as constelações familiares, eu me refiro ao trabalho em grupo comconstelações e descrevo brevemente o curso de uma constelação em um grupo. Pelo menos para mim, issosimplifica o trabalho se eu trabalho com figuras com numa constelação com representantes.

Após eu ter estabelecido a conexão entre a constelação com figuras e a constelação em grupos, eu determino com ocliente que pessoas são importantes – ou pelo menos inicialmente importantes – para a constelação, e coloco asfiguras necessárias na mesa. Então , eu peço ao cliente que posicione as figuras em relação uma à outra, sem falarou explicar, de acordo com uma imagem interna, sem ligar para qualquer tempo específico, sem qualquerjustificativa, mas simplesmente de tal forma que ele sinta que é apropriada. Na maioria das vezes, os clientespodem posicionar a constelação sem nenhuma dificuldade.

Quando surgem problemas, eles não são diferentes do que acontece num grupo. Pode não ser o momento certo defazer uma constelação porque o cliente não tem ainda a prontidão interna necessária, ou não confia no método ouno terapeuta ou o que é realmente o tema é uma constelação de um sistema diferente, talvez a família de origem aoinvés da família atual, ou vice-versa. Isso revela uma das grandes desvantagens da terapia individual quandocomparada com a terapia em grupos. Em um grupo você pode trabalhar primeiro com aqueles que estão prontos.Outros que podem estar reticentes, indecisos ou em dúvida podem entrar no trabalho lentamente através doprocesso na constelação dos demais ou atuando como representantes no sistema familiar dos outros participantes.Eles podem tomar tempo para o seu próprio processo interno. Se isso se provar difícil, que alguém coloque asfiguras umas em relação às outras, eu algumas vezes faço isso para ele ou ela de acordo com o que me pareceapropriado com as informações que eu tenho. Eu então peço ao cliente que "corrija" a minha constelação. Se vocêtem a impressão que a constelação está sendo posicionada com alguma idéia ou se isso não bate de alguma formacom as informações dadas, ou se todas as figuras são colocadas em linha viradas de face para o cliente na mesa,você deve solicitar à pessoa que verifique o posicionamento novamente. A Dificuldade mencionada por último, asfiguras colocadas em linha, ocorre repetidamente, mas é facilmente corrigida. Relembre o cliente que ele ou ela jáestá representado por uma figura e que a constelação tem de refletir a relação de cada pessoa com as demais dafamília.

Trabalhando com constelações de figuras

Uma constelação de figuras serve para revelar os emaranhamentos do cliente no seu sistema familiar e tornar osvínculos e as soluções claros. Isso permite ao indivíduo tomar uma posição apropriada na sua rede de relações, umaposição a partir da qual seja possível tomar, honrar e respeitar ambos os pais. Isso permite à pessoa deixar algo oualguém ir com amor, ver quem tem de ser permitido ir em paz, e tomar de volta todos que tenham sido excluídos deuma forma apropriada no sistema e no coração do cliente.

As dinâmicas de vínculo e solução têm de se tornar claras pela constelação com figuras sem o apoio dossentimentos e depoimentos dos representantes, pois as figuras não podem sentir ou falar. Fica a cargo do terapeutaou conselheiro, usar a constelação com figuras para sentir e expressar os sentimentos que refletem as dinâmicas

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familiares presentes dentro do sistema. Naturalmente, você pode pedir que o cliente faça isto por si mesmo, o quealgumas vezes resulta em uma súbita experiência do tipo "Aha!". Em minha experiência, contudo, clientes estãofreqüentemente cegos às dinâmicas essenciais de suas famílias. Eles trazem um entendimento inconsciente aoprocesso ou eles não seriam capazes de posicionar uma constelação propriamente e o terapeuta não seria capaz deobter uma percepção do sistema, mas esse conhecimento inconsciente é oculto. A tarefa do terapeuta, daquele queobserva de fora, é ajudar a "alma de grupo" do cliente a abrir-se de tal forma que aquilo que está oculto sejarevelado e possa ser dito abertamente. Já desde o começo, eu apresento o conceito de constelação em grupos comonosso trabalho ideal e baseio meus comentários sobre as dinâmicas familiares no processo em grupos. Como umapessoa que olha a partir de fora, eu proclamo os sentimentos para cada membro da família em cada posiçãoparticular. Isso quer dizer, eu não digo como os membros da família eles próprios se sentem naquela posição, mas oque os representantes provavelmente diriam sobre os sentimentos naquela posição. Eu faço isso porque isso dá aocliente alguma distância de sua experiência dominante com os membros da família e porque isso deixa a mim e aocliente mais liberdade para experimentar e tomar aquilo que pode ser visto na constelação. Isso também torna maisfácil para eu corrigir o que tem sido dito para contornar possível resistência. Se o que eu digo sobre a dinâmicafamiliar e os sentimentos dos representantes "encaixa" e toca em algo do cliente ele estará em contato com suafamília em um estado de transe de maior ou menor grau.

Por assim dizer, eu presto atenção à reação do cliente. Algumas vezes eu pergunto se meu modo de sentir as coisasparece correto e faz sentido para o cliente. Quando tenho sucesso em penetrar dentro do sistema e suas dinâmicas, ocliente está ganho e usualmente nada mais fica entre nós no caminho até uma boa solução. Não é incomum que umcliente pergunte, atordoado, "Como você sabe disso?".

Na próxima fase, eu continuo a trabalhar com as figuras assim como nas constelações em grupos. Eu mudo asposições das figuras, eu digo em voz alta que mudanças ocorrem nas dinâmicas e nos sentimentos, até que nóspossamos ver aquilo que está tentando se revelar por si mesmo. Eu continuo dessa forma até que nós cheguemos auma imagem de solução. Quando eu estou certo, porque meus próprios sentimentos se deixam tocar assim comoaqueles do cliente, eu simplesmente permaneço com aquilo que emerge e falo isso em voz alta. Se eu não sinto queestá certo, eu interrompo o processo e pergunto o que o cliente está sentindo, em termos de si ou de outrosmembros da família, ao olhar para os movimentos das figuras. Eu peço informação adicional ou tento diferentesposições das figuras para determinar o que parece mais correto. Eu continuo até que as dinâmicas e a solução sejamreveladas com clareza suficiente.

Eu peço ao cliente para sentir-se na posição de solução e relatar seus sentimentos. Eu observo para ver se nesselugar há um alívio para o cliente e se isso parece curar, resolver ou tornar mais leve. Eu algumas vezes paro aconstelação com figuras nesse ponto.

Eu frequentemente uso as sentenças de solução que seriam ditas numa constelação em grupo quando o clientesubstitui seu representante na constelação, ou uma sentença que um representante possa dizer diretamente aocliente. Eu faço isso quando um cliente está experimentando dificuldade em tomar seu próprio novo lugar nosistema ou quando a solução a qual nós temos chegado ainda não "assentou" ou parece precisar de maisesclarecimento ou aprofundamento.

Frequentemente, a parte mais importante do processo em uma constelação com figuras – como numa constelaçãoem grupo – é ser tocado pelas sentenças que revelam os profundos vínculos e o alívio e liberação nas frases deforça. Eu freqüentemente peço a um cliente para falar as palavras apropriadas, silenciosamente ou em voz alta, eimaginar-se fazendo, ou realmente fazer, os gestos que acompanham tais frases, por exemplo, um movimento dereverência.

Se acontecer que eu não consigo sentir o meu caminho através das dinâmicas do sistema, se eu não tenho nenhumsentimento pelos membros da família representados pelas figuras ou das dinâmicas do sistema, ou se o clientepermanece intocável pela minha "imagem" da rede de relações, então eu interrompo o processo da constelação eobtenho mais informação, conto estórias curtas ou simplesmente paro o trabalho.

Riscos e oportunidades nas constelações com figuras

Os risco e erros que podem ser causados ao se fazer uma constelação com figuras são basicamente os mesmos quese apresentam quando fazemos constelações em grupos:

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Que você está trabalhando sem que o cliente esteja totalmente pronto para trabalhar e sem a força docliente;

Que você está seguindo algum padrão pré-determinado que não permite que aquilo que é novo e diferentesurja.

Que você está trabalhando com excesso de informação, ou está perdendo informação crítica;

Que você está sendo influenciado por padrões visuais e associações que não estão em harmonia com aalma.

A principal desvantagem quando comparado a uma constelação em grupo é que um terapeuta pode frequentementeencontrar dinâmicas sistêmicas ocultas através de afirmações bastante surpreendentes dos representantes.Especialmente em casos difíceis, com dinâmica novas e incomuns, isso é crítico. Por exemplo, se uma pessoa nosistema está sendo levada a ir no lugar de outra, isso é freqüentemente algo que não fica imediatamente claro numaconstelação. É o relato dos representantes que pode fornecer indicações dessa dinâmica. Se um terapeuta tem umasuspeita sobre algo desse tipo, é mais fácil checar isso num grupo. A energia e participação dos membros do grupoque observam a constelação também dão importantes indicações sobre a acurácia das hipóteses levantadas.

Essas dificuldades, contudo, não são críticas. As dinâmicas da "alma de grupo" do cliente não são reveladas pelosrepresentantes, mas pela alma do cliente. Em uma situação de atendimento individual você também pode sentir aforça quando uma hipótese traz algo essencial à luz. O último critério é o sentimento de harmonia e de se sentirtocado, percebido tanto pelo cliente como pelo terapeuta. Isso pode ser muito surpreendente numa constelação comfiguras. O terapeuta vê a solução através da compreensão do cliente. Compreensão significa introjetar aquilo queemerge da profundidade oculta. A antiga palavra grega para verdade significa aquilo que não está oculto à visão.As coisas que se desemaranham e resolvem usualmente vem inesperadamente e calmamente. Elas tocam, servem àpaz e elas favorecem à ação. Elas honram todos e são benéficas a todos no sistema.

As constelações de figuras também oferecem uma oportunidade, quando um terapeuta ou conselheiro não se sentecompetente para manejar um processo em grupo. Uma constelação em grupo pode tomar uma dinâmica por simesma que não mais serve ao sistema do cliente se está faltando uma visão clara, uma percepção precisa, e certaqualidade de liderança do terapeuta. Uma constelação de figuras também evita o perigo dos representantes trazerempara dentro dela seus próprios problemas pessoais. O preço pelo controle desse aspecto é que haverá menoscontrole sobre os prejuízos e pontos cegos do terapeuta, e num atendimento individual, um terapeuta é maisvulnerável aos caprichos do cliente, que podem ser algumas vezes consideráveis.

Constelações com figures e o trabalho na Alma

Em constelações de grupo, aqueles que são posicionados na constelação estão ressonando a alma do sistema.Figuras não podem fazer isso. Elas permanecem como objetos representativos que funcionam para o olho da mente.Você não precisa pedir às figuras que saiam de seus papéis ao final da constelação.

Uma constelação de figuras pode ser limitada a uma representação visual, que era como eu trabalhava nos meusprimeiros anos com a técnica. As figuras forneciam uma ponte visual, um resumo gráfico do que havia sidodiscutido, um método que talvez permitisse sugestões indiretas. Tudo isso pode ser muito útil, mas uma constelaçãocom figuras pode oferecer mais. É surpreendente o quão rapidamente ela estabelece um espaço para a alma na quala "alma do grupo" pode ressonar. Essa ressonância é efetuada pelo terapeuta e pelo cliente. O trabalho deconstelação não é apenas trabalhar com imagens visuais. Ele toca e move porque oferece espaço para as imagens.Imagens espacialmente representadas são diferentes de imagens planas bidimensionais, não só por fornecerem asdimensões corretas para as relações, mas mais importante que isso, ao permitirem que algo surge para fora daimagem, algo difícil de descrever que não é visível através de um simples olhar para a imagem. O que surge écomo um campo de ressonância.

A ressonância do cliente e do terapeuta com a "alma do grupo" e suas dinâmicas não vem das figuras, mas através

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delas. Ao mesmo tempo, uma constelação com figuras apóia um processo terapêutico que é externalizado e levadoa partir de idéias e pensamentos internos. Ele vive mais perto da realidade do que simplesmente "falar a respeito".A surpreendente profundidade dos sentimentos de ser tocado não vem só da constelação. A "ressonância" étambém conectada às palavras: a palavras que refletem verdades básicas, a palavras que trazem clareza, a palavrasque ligam e palavras que desemaranham, a palavras de amor e força. As experiências profundamente tocantestambém emergem dos gestos, uma expressão física dos movimentos da alma. Trabalhar com figuras tem um efeitoprofundo só quando vai além dos aspectos visuais para o campo da rede de relações, quando ao poder desse campoé permitido penetrar e abrir os diálogos e gestos que curam.

O valor das constelações com figures como método

Qualquer um que esteja convencido da profundidade de alcance dos processos em sistemas familiares e na almapode também de fato, trabalhar em direção a solução sem constelações, grupos de figuras, só através de umconsciência dos fatos essências e destinos, estando em harmonia com a alma da pessoa que busca ajuda na procurapor compreensão.

Normalmente, contudo, tais métodos fazem o trabalho do terapeuta mais fácil e também dão ao cliente acesso aaquilo que é essencial e critico. Isso coleta informação, estrutura os procedimentos e foca a atenção. Usando asconstelações, é mais fácil para o cliente e o terapeuta experimentar estar num caminho conjunto, abrir ao que possaemergir das profundidades ocultas. Eles se juntam em um espaço da alma do cliente, só o tanto necessário paraachar uma solução. Em uma constelação de figuras e em uma imagem de solução, o cliente experimenta algo quepode ser levado para casa, -- algo que continua a trabalhar na alma e frequentemente só se desdobra plenamente emseus efeitos plenos após um certo período de tempo.

Talvez seja algo similar a uma apresentação teatral. Só ler a peça pode me manter falando, mas a apresentação noteatro é usualmente uma experiência mais profunda e mais impressionante. Isso é verdade, contudo, só quandopermanece fiel ao coração da peça, à realidade, e a uma transformação na audiência.

PEDAGOGIA SISTÊMICA

“Paradigma Sistêmico-Fenomenológico”

Uma nova visão educativa

A pedagogia sistêmica ou paradigma sistêmico-fenomenológico é um métodoeducativo, não se trata de uma teoria única, definindo verdades, mas de uma práticadinâmica que está vinculada no contexto educativo e que denominamos campos deaprendizagem. Temos como autêntica articuladora Angélica Olvera (México); seu maridoAlfonso Malpica ambos responsáveis pelo CUDEC (Centro Universitário Doutor EmilioCárdenas - México) entre outros também citamos Marianne Franke (mestra e terapeutaalemã) que trabalha essa abordagem com alunos, professores e pais, ministra workshopsem vários países, inclusive o Brasil.

Esse novo paradigma vem sendo desenvolvido nos últimos sete anos em váriospaíses do mundo, ampliando a visão significativa do todo na relação escola-família,trazendo a possibilidade de criarmos a partir da escola um ambiente de inclusão ondetodos possam assumir os seus papéis, levando em conta os sistemas familiares, educativose institucionais. Se algo caracteriza a pedagogia sistêmica é, justamente, em sua firmeproposta de inclusão. Devemos o seu desenvolvimento a Bert Hellinger (psicoterapeuta

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alemão) criador da Terapia Sistêmica Fenomenológica - Constelações Familiares, técnicaterapêutica que permite olhar o indivíduo dentro do seu contexto familiar a partir dasrelações que estabelece com pessoas da família e com pessoas que não fazem parte dafamília, através de vínculos de amor e lealdade. A solução para os conflitos e as desordensocorridas nestas relações se faz através das “ordens do amor”, promovendo equilíbrio eharmonia.

A Pedagogia Sistêmica se manifesta no contexto educativo. Resulta necessariamenteem observar como traduzimos e integramos os princípios que sustentam as “ordens doamor” para que nos sirvam de orientação e de tarefa escolar como:

a importância da ordem; quem veio antes e depois tem a ver com o vínculo entregerações (tanto para os alunos como para os professores);

a importância do lugar onde cada qual tenha a sua correspondência; tem a vercom as funções, quem e como é o pai, mãe, professor, diretor, outros (os paisdão e os filhos recebem, os professores oferecem e os alunos tomam);

o valor da inclusão em contrapartida com as implicações da exclusão; em aula,na escola, como um espaço de comunicação em que todos tenham um lugar(pertencimento);

o peso das culturas de origem, que tem a ver com a fidelidade no contexto daqual viemos (o que também podemos chamar de consciência);

o significado das interações; todos os membros de um sistema estão vinculadosaos outros, irremediavelmente, o qual é especialmente interessante no sentido deque, quando um desses membros mostra algum tipo de sintoma, a razão de serdeste não está tanto na forma concreta, mas na informação que dá ao sistema deque haja alguma questão que não resulta função para o bem estar coletivo eindividual.

Essa visão geral das relações sistêmicas aparece a partir de três perspectivascomplementares: rede familiar (entre uma geração e a seguinte, ex: pais e filhos), redesocial (entre diversas gerações, ex: avôs e netos) e a perspectiva que existe dentro dasgerações (peculiaridades e influências no contexto educativo e social).

Um dos elementos que caracteriza a perspectiva sistêmica na pedagogia é acapacidade de desenvolver com respeito a nossa percepção. Assim para estarmosconectados com esta percepção, nós devemos conhecer nossas próprias origens, sabersobre os nossos vínculos e trazer à superfície as identificações, as substituições e todasaquelas cargas que configuram nossa história. Se não fizermos isso, se por alguma razãonão tomamos o suficiente de nossos pais e nos sentimos demasiadamente arrogantesporque nos consideramos melhores que eles e vamos ser ainda melhores para nossosfilhos; dessa forma não vamos estar dispostos a investir nessa área, porque a nossapercepção esta envolvida por idéias, conceitos, princípios, crenças, etc, que nos impedirãode percebermos o que acontece com a vida de nossos alunos e o tipo de interação quepodemos estabelecer entre eles.

Quando um docente está bem centrado, tem uma boa percepção e respeito, elereconhece com profundidade o que há em sua volta, tanto no seu sistema como no sistemados alunos, portanto, está caracterizada uma boa disposição para ensinar, impor limites eacompanhar como se adquire uma autoridade natural.

Algumas estratégias permitem ampliar a visão de onde viemos, por isso, usamoscomo ferramenta o genograma que é uma forma de construir a árvore genealógica, o

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fotograma que traduz as imagens do conteúdo do genograma, autobiografia acadêmica quepermite mostrar a história de nossos estudos e dos vínculos que surgem com a família e aspessoas do contexto educacional, outra ferramenta que podemos utilizar com professores epais é fazer as Constelações Familiares, que têm a ver com o que chamamos de“movimentos sistêmicos”.

A pedagogia sistêmica e os quatro aspectos básicos para a função da escola:

1. Independente da maior ou menor complexidade e justificativa,

teórico-prático deste paradigma, se trata de um planejamento claramentecentrado nos objetivos fundamentais da escola, gerando um espaço orientadopara o aprendizado e o bem estar dos alunos.

2. Para que estes objetivos centrais possam se desenvolver é indispensável que ospais dos alunos se sintam reconhecidos pela instituição e tenham um lugar deprivilégio dentro dela; deve existir uma declaração explícita no sentido de que aárea educativa começa pelos pais e que eles dão seu consentimento para que aescola possa se ocupar de seus filhos com respeito nos processos deaprendizagem.

3. A escola deve ser exclusivamente um espaço educativo em nenhum

momento um espaço terapêutico, apesar de que há certas intervençõessistêmicas com movimentos terapêuticos associados à educação.

4. No momento em que todos os protagonistas implicados na tarefa

educativa (instituição, professores e os próprios pais) visarem comresponsabilidade à direção da tarefa que lhes compete, os alunos aprendem e sedesenvolvem sem maiores dificuldades.

Os seres humanos aprendem distinguindo, percebendo as diferenças e assemelhanças. Na Pedagogia sistêmica o que fazemos é ampliar a visão, distinguindo essasdiferenças, desenvolvendo a capacidade de reconhecer a consciência de cada contexto e oquê com ela se manifesta, de maneira que através dessa sensibilidade possamos passarpela confrontação de “boas e más” consciências, num espaço de interações respeitosas emque podemos ver em todas as direções, evitando cair na exclusão e na desclassificação,pois no enfoque sistêmico-fenomenológico nos é permitido perceber que existem verdadesuniversais, que nada é absolutamente perene e que as pessoas atuam desde as boasintenções por amor; apesar de que às vezes ambos sejam motivos suficientementefuncionais para o equilíbrio e bem estar dos próprios sistemas.

Bert Hellinger, ao falar de como estabelecer uma boa relação e uma vinculaçãodesejável entre professores e pais, nos mostra um diálogo sensível de afirmações ereconhecimentos, expressados de coração e ordenado do seguinte modo:

Obrigado, pela confiança em deixar nas nossas mãos vossos filhos que são sem dúvidaalguma o vosso bem mais precioso.

Por favor, com vosso consentimento sabemos que podemos participar com sensibilidade eeficácia no processo educativo de vossos filhos.

Sim, desta maneira respeitamos vosso destino e não pretendemos interferir, mastransmitir o que seja bom para vosso filho e para vossa família.

Angélica Olvera diz: “Na Pedagogia Sistêmica se ensina desde o profundorespeito e amor pela vida; este respeito e amor imperam por si mesmos e issoconsiste em pedir permissão aos que nos permitiram ser”.

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Com esta nova visão, temos a oportunidade de continuar o apaixonante dever da vida sabendo,que para esta tarefa seja como docentes ou pais, aparecerá uma grande estrela de luz para orientar asnovas gerações.

Texto original espanhol publicado em setembro /2006por Rachel Trocho em Cuadernos de Pedagogia nº 360

Tema: Escola e FamíliaTradução e Resumo: Marly Cordeiro

Em novembro/2008 na cidade de Brasília, será realizado o III Congresso dePedagogia Sistêmica, maiores informações no site: (www.institutohellinger.com.br)

Campo MorfogenéticoOrigem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Campo_morfogen%C3%A9tico

Em evolução, campo morfogenético é o nome dado a um campo hipotético que explica a emergênciasimultânea da mesma função adaptativa em populações biológicas não-contígüas.

A hipótese dos campos morfogenéticos foi formulada por Rupert Sheldrake.

Segundo o holismo, os campos morfogenéticos são a memória coletiva a qual recorre cada membro daespécie e para a qual cada um deles contribui.

“Morfo vem da palavra grega morphe que significa forma. O campos morfogenéticos são campos deforma; campos padrões ou estruturas de ordem. Estes campos organizam não só os campos de organismosvivos mas também de cristais e moléculas. Cada tipo de molécula, cada proteína por exemplo, tem o seupróprio campo mórfico -a hemoglobina , um campo de insulina, etc. De um mesmo modo cada tipo decristal, cada tipo de organismo, cada tipo de instinto ou padrão de comportamento tem seu campomórfico. Estes campos são os que ordenam a natureza. Há muitos tipos de campos porque há muitos tiposde coisas e padrões dentro da natureza..."

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Os campos morfogenéticos ou campos mórficos são campos que levam informações, não energia , e sãoutilizáveis através do espaço e do tempo sem perda alguma de intensidade depois tido sido criado. Elessão campos não físicos que exercem influência sobre sistemas que apresentam algum tipo de organizaçãoinerente. "

Os campos morfogenéticos agem sobre a matéria impondo padrões restritivos em processos de energiacujos resultados são incertos ou probabilísticos. Os Campos Mórficos funcionam modificando eventosprobabilísticos . Quase toda a natureza é inerentemente caótica. Não é rigidamente determinada. OsCampos Mórficos funcionam modificando a probabilidade de eventos puramente aleatórios. Em vez deum grande aleatoriedade, de algum modo eles enfocam isto, de forma que certas coisas acontecem em vezde outras. É deste modo como eu acredito que eles funcionam.

“Campos mórficos são laços afetivos entre pessoas, grupos de animais - como bandos de pássaros, cães,gatos, peixes - e entre pessoas e animais. Não é uma coisa fisiológica, mas afetiva. São afinidades quesurgem entre os animais e as pessoas com quem eles convivem. Essas afinidades é que são responsáveispela comunicação.”

Um campo morfogenético não é uma estrutura inalterável mas que muda ao mesmo tempo, que muda osistema com o qual esta associado. O campo morfogenetico de uma samambaia tem a mesma estruturaque o os campos morfogenético de samambaias anteriores do mesmo tipo. Os campos morfogenéticos detodos os sistemas passados se fazem presentes para sistemas semelhantes e influenciam neles de formaacumulativa através do espaço e o tempo.A palavra chave aqui é " hábito ", sendo o fator que origina os campos morfogenéticos. Através dos hábitos os campos morfogenéticos vão variando sua estrutura dandocausa deste modo às mudanças estruturais dos sistemas aos que estão associados.

Os ratos no laboratório é uma das primeiras experiências levado a cabo por Sheldrake e foi recapturadodo tempo em que ele começou a considerar os campos morfogeneticos. Consiste em ensinar a um grupode ratos uma certa aprendizagem, por exemplo, sair de um labirinto, em certo lugar, por exemplo,Londres, para logo observar a habilidade de outros ratos em outro lugar então, por exemplo, Nova Iorque,deixar o labirinto. Esta experiência já foi levada a cabo em numerosas ocasiões dando resultados muitopositivos.

Ressonância Mórficahttp://gnosisonline.org/Ciencia_Gnostica/Ressonancia_Morfica.shtml

Ressonância mórfica: a teoria do centésimo macaco.

Na biologia, surge uma nova hipótese que promete revolucionar toda a ciência.

Era uma vez duas ilhas tropicais, habitadas pela mesma espécie de macaco, mas sem qualquer contatoperceptível entre si. Depois de várias tentativas e erros, um esperto símio da ilha "A" descobre uma maneiraengenhosa de quebrar cocos, que lhe permite aproveitar melhor a água e a polpa. Ninguém jamais haviaquebrado cocos dessa forma. Por imitação, o procedimento rapidamente se difunde entre os seus companheiros elogo uma população crítica de 99 macacos domina a nova metodologia.

Quando o centésimo símio da ilha "A" aprende a técnica recém-descoberta, os macacos da ilha "B" começamespontaneamente a quebrar cocos da mesma maneira.

Não houve nenhuma comunicação convencional entre as duas populações: o conhecimento simplesmente seincorporou aos hábitos da espécie. Este é uma história fictícia, não um relato verdadeiro. Numa versão alternativa,em vez de quebrarem cocos, os macacos aprendem a lavar raízes antes de comê-las. De um modo ou de outro,porém, ela ilustra uma das mais ousadas e instigantes idéias científicas da atualidade: a hipótese dos "camposmórficos", proposta pelo biólogo inglês Rupert Sheldrake.

Segundo o cientista, os campos mórficos são estruturas que se estendem no espaço-tempo e moldam a forma e ocomportamento de todos os sistemas do mundo material.

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Átomos, moléculas, cristais, organelas, células, tecidos, órgãos, organismos, sociedades, ecossistemas, sistemasplanetários, sistemas solares, galáxias: cada uma dessas entidades estaria associada a um campo mórficoespecífico. São eles que fazem com que um sistema seja um sistema, isto é, uma totalidade articulada e não ummero ajuntamento de partes.

Sua atuação é semelhante à dos campos magnéticos, da física. Quando colocamos uma folha de papel sobre umímã e espalhamos pó de ferro em cima dela, os grânulos metálicos distribuem-se ao longo de linhasgeometricamente precisas. Isso acontece porque o campo magnético do ímã afeta toda a região à sua volta. Nãopodemos percebê-lo diretamente, mas somos capazes de detectar sua presença por meio do efeito que eleproduz, direcionando as partículas de ferro. De modo parecido, os campos mórficos distribuem-seimperceptivelmente pelo espaço-tempo, conectando todos os sistemas individuais que a eles estão associados.

A analogia termina aqui, porém. Porque, ao contrário dos campos físicos, os campos mórficos de Sheldrake nãoenvolvem transmissão de energia. Por isso, sua intensidade não decai com o quadrado da distância, como ocorre,por exemplo, com os campos gravitacional e eletromagnético. O que se transmite através deles é purainformação. É isso que nos mostra o exemplo dos macacos. Nele, o conhecimento adquirido por um conjunto deindivíduos agrega-se ao patrimônio coletivo, provocando um acréscimo de consciência que passa a sercompartilhado por toda a espécie.

Até os cristais

O processo responsável por essa coletivização da informação foi batizado por Sheldrake com o nome de"ressonância mórfica". Por meio dela, as informações se propagam no interior do campo mórfico, alimentando umaespécie de memória coletiva. Em nosso exemplo, a ressonância mórfica entre macacos da mesma espécie teriafeito com que a nova técnica de quebrar cocos chegasse à ilha "B", sem que para isso fosse utilizado qualquermeio usual de transmissão de informações.

Parece telepatia. Mas não é. Porque, tal como a conhecemos, a telepatia é uma atividade mental superior,focalizada e intencional que relaciona dois ou mais indivíduos da espécie humana. A ressonância mórfica, aocontrário, é um processo básico, difuso e não-intencional que articula coletividades de qualquer tipo. Sheldrakeapresenta um exemplo desconcertante dessa propriedade.

Quando uma nova substância química é sintetizada em laboratório - diz ele -, não existe nenhum precedente quedetermine a maneira exata de como ela deverá cristalizar-se. Dependendo das características da molécula, váriasformas de cristalização são possíveis. Por acaso ou pela intervenção de fatores puramente circunstanciais, umadessas possibilidades se efetiva e a substância segue um padrão determinado de cristalização. Uma vez que issoocorra, porém, um novo campo mórfico passa a existir. A partir de então, a ressonância mórfica gerada pelosprimeiros cristais faz com que a ocorrência do mesmo padrão de cristalização se torne mais provável em qualquerlaboratório do mundo. E quanto mais vezes ele se efetivar, maior será a probabilidade de que aconteçanovamente em experimentos futuros.

Com afirmações como essa, não espanta que a hipótese de Sheldrake tenha causado tanta polêmica. Em 1981,quando ele publicou seu primeiro livro, A New Science of Life (Uma nova ciência da vida), a obra foi recebida demaneira diametralmente oposta pelas duas principais revistas científicas da Inglaterra. Enquanto a New Scientistelogiava o trabalho como "uma importante pesquisa científica", a Nature o considerava "o melhor candidato àfogueira em muitos anos".

Doutor em biologia pela tradicional Universidade de Cambridge e dono de uma larga experiência de vida,Sheldrake já era, então, suficientemente seguro de si para não se deixar destruir pelas críticas. Ele sabia muitobem que suas idéias heterodoxas não seriam aceitas com facilidade pela comunidade científica. Anos antes, haviaexperimentado uma pequena amostra disso, quando, na condição de pesquisador da Universidade de Cambridgee da Royal Society, lhe ocorreu pela primeira vez a hipótese dos campos mórficos. A idéia foi assimilada comentusiasmo por filósofos de mente aberta, mas Sheldrake virou motivo de gozação entre seus colegas biólogos.Cada vez que dizia alguma coisa do tipo "eu preciso telefonar", eles retrucavam com um "telefonar para quê?Comunique-se por ressonância mórfica".

Era uma brincadeira amistosa, mas traduzia o desconforto da comunidade científica diante de uma hipótese quetrombava de frente com a visão de mundo dominante. Afinal, a corrente majoritária da biologia vangloriava-se dereduzir a atividade dos organismos vivos à mera interação físico-química entre moléculas e fazia do DNA umaresposta para todos os mistérios da vida.

A realidade, porém, é exuberante demais para caber na saia justa do figurino reducionista.

Exemplo disso é o processo de diferenciação e especialização celular que caracteriza o desenvolvimentoembrionário. Como explicar que um aglomerado de células absolutamente iguais, dotadas do mesmo patrimôniogenético, dê origem a um organismo complexo, no qual órgãos diferentes e especializados se formam, comprecisão milimétrica, no lugar certo e no momento adequado?

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A biologia reducionista diz que isso se deve à ativação ou inativação de genes específicos e que tal fato dependedas interações de cada célula com sua vizinhança (entendendo-se por vizinhança as outras células doaglomerado e o meio ambiente). É preciso estar completamente entorpecido por um sistema de crenças paraengolir uma "explicação" dessas. Como é que interações entre partes vizinhas, sujeitas a tantos fatores casuais ouacidentais, podem produzir um resultado de conjunto tão exato e previsível? Com todos os defeitos que possa ter,a hipótese dos campos mórficos é bem mais plausível.

Uma estrutura espaço-temporal desse tipo direcionaria a diferenciação celular, fornecendo uma espécie de roteirobásico ou matriz para a ativação ou inativação dos genes.

Ação modesta

A biologia reducionista transformou o DNA numa cartola de mágico, da qual é possível tirar qualquer coisa. Navida real, porém, a atuação do DNA é bem mais modesta. O código genético nele inscrito coordena a síntese dasproteínas, determinando a seqüência exata dos aminoácidos na construção dessas macro-moléculas. Os genesditam essa estrutura primária e ponto.

"A maneira como as proteínas se distribuem dentro das células, as células nos tecidos, os tecidos nos órgãos e osórgãos nos organismos não estão programadas no código genético", afirma Sheldrake. "Dados os genes corretos,e portanto as proteínas adequadas, supõe-se que o organismo, de alguma maneira, se monte automaticamente.Isso é mais ou menos o mesmo que enviar, na ocasião certa, os materiais corretos para um local de construção eesperar que a casa se construa espontaneamente."

A morfogênese, isto é, a modelagem formal de sistemas biológicos como as células, os tecidos, os órgãos e osorganismos seria ditada por um tipo particular de campo mórfico: os chamados "campos morfogenéticos". Se asproteínas correspondem ao material de construção, os "campos morfogenéticos" desempenham um papelsemelhante ao da planta do edifício. Devemos ter claras, porém, as limitações dessa analogia. Porque a planta éum conjunto estático de informações, que só pode ser implementado pela força de trabalho dos operáriosenvolvidos na construção. Os campos morfogenéticos, ao contrário, estão eles mesmos em permanente interaçãocom os sistemas vivos e se transformam o tempo todo graças ao processo de ressonância mórfica.

Tanto quanto a diferenciação celular, a regeneração de organismos simples é um outro fenômeno que desafia abiologia reducionista e conspira a favor da hipótese dos campos morfogenéticos. Ela ocorre em espécies como ados platelmintos, por exemplo. Se um animal desses for cortado em pedaços, cada parte se transforma numorganismo completo.

Forma original

Como mostra a ilustração da página ao lado, o sucesso da operação independe da forma como o pequeno vermeé seccionado. O paradigma científico mecanicista, herdado do filósofo francês René Descartes (1596-1650),capota desastrosamente diante de um caso assim. Porque Descartes concebia os animais como autômatos e umamáquina perde a integridade e deixa de funcionar se algumas de suas peças forem retiradas. Um organismo comoo platelminto, ao contrário, parece estar associado a uma matriz invisível, que lhe permite regenerar sua formaoriginal mesmo que partes importantes sejam removidas.

A hipótese dos campos morfogenéticos é bem anterior a Sheldrake, tendo surgido nas cabeças de vários biólogosdurante a década de 20. O que Sheldrake fez foi generalizar essa idéia, elaborando o conceito mais amplo decampos mórficos, aplicável a todos os sistemas naturais e não apenas aos entes biológicos. Propôs também aexistência do processo de ressonância mórfica, como princípio capaz de explicar o surgimento e a transformaçãodos campos mórficos. Não é difícil perceber os impactos que tal processo teria na vida humana. "Experimentos empsicologia mostram que é mais fácil aprender o que outras pessoas já aprenderam", informa Sheldrake.

Ele mesmo vem fazendo interessantes experimentos nessa área. Um deles mostrou que uma figura oculta numailustração em alto contraste torna-se mais fácil de perceber depois de ter sido percebida por várias pessoas. Issofoi verificado numa pesquisa realizada entre populações da Europa, das Américas e da África em 1983. Em duasocasiões, os pesquisadores mostraram as ilustrações 1 e 2 a pessoas que não conheciam suas respectivas"soluções". Entre uma enquete e outra, a figura 2 e sua "resposta" foram transmitidas pela TV. Verificou-se que oíndice de acerto na segunda mostra subiu 76% para a ilustração 2, contra apenas 9% para a 1.

Aprendizado

Se for definitivamente comprovado que os conteúdos mentais se transmitem imperceptivelmente de pessoa apessoa, essa propriedade terá aplicações óbvias no domínio da educação. "Métodos educacionais que realcem oprocesso de ressonância mórfica podem levar a uma notável aceleração do aprendizado", conjectura Sheldrake. Eessa possibilidade vem sendo testada na Ross School, uma escola experimental de Nova York dirigida pelomatemático e filósofo Ralph Abraham.

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Outra conseqüência ocorreria no campo da psicologia. Teorias psicológicas como as de Carl Gustav Jung eStanislav Grof, que enfatizam as dimensões coletivas ou transpessoais da psique, receberiam um notável reforço,em contraposição ao modelo reducionista de Sigmund Freud (leia o artigo "Nas fronteiras da consciência", emGlobo Ciência nº. 32).

Sem excluir outros fatores, o processo de ressonância mórfica forneceria um novo e importante ingrediente para acompreensão de patologias coletivas, como o sadomasoquismo e os cultos da morbidez e da violência, queassumiram proporções epidêmicas no mundo contemporâneo, e poderia propiciar a criação de métodos maisefetivos de terapia.

"A ressonância mórfica tende a reforçar qualquer padrão repetitivo, seja ele bom ou mal", afirmou Sheldrake aGalileu. "Por isso, cada um de nós é mais responsável do que imagina. Pois nossas ações podem influenciar osoutros e serem repetidas".

De todas as aplicações da ressonância mórfica, porém, as mais fantásticas insinuam-se no domínio da tecnologia.Computadores quânticos, cujo funcionamento comporta uma grande margem de indeterminação, seriamconectados por ressonância mórfica, produzindo sistemas em permanente transformação. "Isso poderia tornar-seuma das tecnologias dominantes do novo milênio", entusiasma-se Sheldrake.

A Ressonância Morfogenética de Sheldrakehttp://www.geocities.com/aguila-dorada/Shelldrake.html

Rupert Sheldrake é um dos biólogos mais controversiais de nosso tempo. As suas teorias nãosó estão revolucionando a rama científica de seu campo se não estão transbordando paraoutras áreas ou disciplinas como a física e a psicologia .

No seu livro “Uma Nova Ciência da Vida”, Sheldrake toma posições na corrente organicista ouholística clássica, sustentadas por nomes como Von Bertalanffy e a sua Teoria Geral deSistemas ou E.S. Russell, para questionar de um modo definitivo a visão mecanicista, que dapor explicado qualquer comportamento dos seres vivos mediante o estudo de suas partesconstituintes e sua posterior redução para as leis químicas e físicas.

Por outro lado, Sheldrake propõe a idéia dos campos morfogenéticos, os quais ajudam acompreender como os organismos adotam as suas formas e comportamentos característicos.

“Morfo vem da palavra grega morphe que significa forma. O campos morfogenéticos sãocampos de forma; campos padrões ou estruturas de ordem. Estes campos organizam não só oscampos de organismos vivos mas também de cristais e moléculas. Cada tipo de molécula, cadaproteína por exemplo, tem o seu próprio campo mórfico -a hemoglobina , um campo de insulina,etc. De um mesmo modo cada tipo de cristal, cada tipo de organismo, cada tipo de instinto oupadrão de comportamento tem seu campo mórfico. Estes campos são os que ordenam anatureza. Há muitos tipos de campos porque há muitos tipos de coisas e padrões dentro danatureza..."

A grande contribuição de Sheldrake consistiu em juntar noções vagas sobre os camposmorfogenéticos (Weiss 1939) e os formular em uma teoria demonstrável. Desde que escreverao livro no qual apresenta a hipótese da Ressonância Mórfica, em 1981, foram feitas numerosasexperiências que, em princípio, deveriam demonstrar a validade, ou a invalidade, distashipóteses Você achará alguns dos mas relevantes ao término deste artigo.

Três enfoques sobre o fenômeno vital

Tradicionalmente houve 3 correntes filosóficas na natureza biológica da vida: vitalismo,mecanicismo e organicismo.

O vitalismo sustenta que em toda forma de vida existe um fator intrínseco, -evasivo, inestimávele não sujeito a medidas, que ativa a vida. Hans Driesch, biólogo e filósofo alemão precursorprincipal do vitalismo depois da mudança de século, chamou a esse fator causal misteriosoenteléquia , que se fazia especialmente evidente em aspectos do desenvolvimento doorganismo como a regulação, regeneração e reprodução.

A forma clássica do vitalismo, tal e como foi exposto por numerosos biólogos a princípio deséculo, especialmente por Driesch, foi criticado severamente pelo seu caráter acientifico. De

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acordo com Karl Popper, os critérios para estabelecer o status cientifico de uma teoria são ofalsifiabilidade , refutabilidade e demonstrabilidade. Deste modo, o vitalismo não estavaqualificado já que este novo fator causal incerto não pôde ser demonstrado de modo algum.Ernest Nagel, filósofo da ciência escreveu em 1951 no seu livro Filosofia e InvestigaçãoFenomenológica:

O grosso do vitalismo ...é agora uma questão extinta... não tanto talvez para a crítica filosóficae metodológica que se a revelado contra a doutrina mas para a infertilidade do vitalismo paraguiar a investigação biológica e pela superioridade heurística de focos alternativos.

Freqüentemente é dito que embora numerosos biólogos se dizem vitalistas, na prática eles sãomecanicistas no determinado no laboratório dada a exigência da investigação científica demostrar as experiências com parâmetros que possam ser medidos na físicas e a química.Sheldrake afirma que o fracasso do vitalismo é devido principalmente a sua inabilidade parafazer predições demonstráveis e para apresentar experiências novas.

O enfoque ortodoxo da biologia vem determinado pela teoria mecanicista da vida : nomomento,: os organismos vivos são considerado como máquinas físico-química e todos ofenômeno vital pode ser explicado, em princípio, com leis físico-químicas. Na realidade isto é oa posição reducionista que sustenta que os princípios biológicos podem ser reduzidos a leisfixas e eternas destas duas ramas da ciência.

A ortodoxia científica adere a esta teoria porque oferece um marco de referência satisfatóriaonde numerosas perguntas sobre os processos vitais podem ser respondidas e porque jámuito tem se investido nela. As raízes do mecanicismo são mesmo profundas. De acordo comSheldrake inclusive se você admitir que o enfoque mecanicista esta severamente limitado nosó na pratica mais no principio, não poderia ser abandonado,; no momento é o único métododisponível para a biologia experimental, e sem dúvida continuará o ser usado até ter outraalternativa mais positiva.

O organicismo ou holismo recusam que os fenômenos da natureza possam ser reduzidosexclusivamente a leis físico-químicas desde que elas não podem explicar a totalidade dofenômeno vital. Por outro lado reconhece a existência de sistemas hierarquicamenteorganizados com propriedades que não podem ser entendidas por meio do estudo de partesisoladas mas em seu totalidade e interdependência. De lá o termino holismo, da palavrawhole"=todo em inglês. Em cada nível, o total de energia é mais que a soma das partes, é umfator adicional que escapa a esta metodologia.

O organicismo foi desenvolvido debaixo de influências de diversos: sistemas filosóficos comoos de Alfred North Whitehead e J.C Smuts, psicologia Gestalt, conceitos como os camposfísicos e parte do mesmo vitalismo de Driesch.

“O organicismo trata os mesmos problemas que Driesch disse que eram insolúveis em termosmecanicistas mas por enquanto ele propôs a enteléquia não física para explicar a totalidade ediretividade dos organismos, os organicistas propuseram o conceito do campo morfogenético(ou embriônico ou de desenvolvimento)". (Sheldrake 1981)

O que é um campo morfogenético ?

Os campos morfogenéticos ou campos mórficos são campos que levam informações, nãoenergia , e são utilizáveis através do espaço e do tempo sem perda alguma de intensidadedepois tido sido criado. Eles são campos não físicos que exercem influência sobre sistemasque apresentam algum tipo de organização inerente. "

“A teoria do causasão formativa é centrada em como as coisas tomam formas ou padrões deorganização. Deste modo cobre a formação das galáxias, átomos, cristais, moléculas, plantas,animais, células, sociedades,. Cobre todas as coisas que têm formas, padrões , estruturas oupropriedades auto organizativas.

Todas estas coisas são organizadas por si mesmas . Um átomo não tem que ser criado poralgum agente externo, ele se organiza só. Uma molécula e um cristal não é organizado pelos

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seres humano peça por peça se não que cristaliza espontaneamente. Os animais crescemespontaneamente. Todas estas coisas são diferentes das máquinas que são artificialmentemontadas pelos seres humanos.

Esta teoria trata sistemas naturais auto-organizados e a origem das formas. E eu assumo que acausa das formas é a influência de campos organizacionais, campos formativos que eu chamode campos mórficos. A característica principal é que a forma das sociedades, idéias, cristais emoléculas dependem do modo em que tipos semelhantes foram organizado no passado. Háuma espécie de memória integrada nos campos mórficos de cada coisa organizada.. Euconcebo as regularidades da natureza como hábitos mas que por coisas governadas por leismatemáticas eternas que existem de algum modo fora da natureza "

Como funcionam os Campos Morfogenéticos?

Os campos morfogenéticos agem sobre a matéria impondo padrões restritivos em processosde energia cujos resultados são incertos ou probabilísticos.

Por exemplo, dentro de um determinado sistema um processo físico-químico pode seguirdiversos caminhos possíveis. O que o sistema faz para optar para um deles? Do ponto de vistamecânico esta eleição estaria em função de diferentes variáveis físico química que influenciamno sistema: temperatura, pressão, substâncias presentes, polaridade, etc. cuja combinaçãodecantaria o processo para um certo caminho. Se fosse possível controlar todas as variáveisem jogo você poderia predizer o um resultado final do processo. Porém não é deste modo, maso resultado final é sujeito ao acaso probabilístico, algo quantificável só por meio de análiseestatística.

Muito bem, o Campo Morfogenético relacionado com o sistema reduzira consideravelmente aamplitude probabilística do processo, levando o resultado em uma direção determinada.

" Os Campos Mórficos funcionam , tal como eu explico em meu livro, A Presença do Passado,modificando eventos probabilísticos . Quase toda a natureza é inerentemente caótica. Não érigidamente determinada. A dinâmica das ondas, os padrões atmosféricos, o fluxo turbulentodos fluidos, o comportamento da chuva, todas estas coisas são corretamente incertas, comosão os eventos quânticos na teoria quântica. Com o declínio do átomo de urânio você não écapaz de predizer se o átomo declinará hoje ou nos próximos 50.000 anos. É meramenteestatístico, Os Campos Mórficos funcionam modificando a probabilidade de eventos puramentealeatórios. Em vez de um grande aleatoriedade, de algum modo eles enfocam isto, de formaque certas coisas acontecem em vez de outras. É deste modo como eu acredito que elesfuncionam ".

De onde vêm os Campos Morfogenéticos?

Um campo morfogenético não é uma estrutura inalterável mas que muda ao mesmo tempo,que muda o sistema com o qual esta associado. O campo morfogenético de uma samambaiatem a mesma estrutura que o os campos morfogenético de samambaias anteriores do mesmotipo. Os campos morfogenéticos de todos os sistemas passados se fazem presentes parasistemas semelhantes e influenciam neles de forma acumulativa a traves do espaço e otempo.

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A palavra chave aqui é " hábito ", sendo o fator que origina os campos morfogenéticos . Atraves dos hábitos os campos morfogenéticos vão variando sua estrutura dando causa destemodo às mudanças estruturais dos sistemas a os que estão associados.

Por exemplo, em uma floresta de coníferas é gerado o habito de estender as raízes a maisprofundidade para absorver mas nutrientes. O campo morfogenético da conífera assimila earmazena esta informação que é herdada não só por exemplares no seu entorno se não emflorestas de coníferas em todo o planeta por efeitos da ressonância mórfica..

EXPERIÊNCIAS

De acordo com Sheldrake, um modo simples para demonstrar a existência dos camposmorfogenéticos é criando um novo campo mórfico para logo observar seu desenvolvimento.

Nestes 2 figuras há uma imagem escondida. Teoricamente, deveria ser mas simples identificara imagem escondida porque foi já identificado pelos milhares de pessoas em experimentoslevado a cabo por cadeias de televisão européias como o BBC ou o ITV desde 1984. Apergunta consiste em sintonizar com o campo de informação criado por milhares de europeuspara visualizar a imagem escondida nas figuras.

Imagens escondidas

Novo Código MorseO Dr. Arden Mahlberg , psicólogo de Wisconsin, tem realizado experimento que analisam acapacidade de duas pessoas para aprender 2 códigos Morse diferente. Um deles é o padrãoclássico e o segundo, inventado por ele variando as seqüências de pontos e linhas de modoque fosse igualmente difícil (ou fácil) aprender o código. A pergunta é, é mais simplesaprender o verdadeiro Morse que o que a pessoa inventou porque milhões das pessoas jáaprenderam isto? E a resposta, aparentemente, é que sim.

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Ratos no labirinto

Este é um das primeiras experiências levado a cabo por Sheldrake e foi recapturado do tempoem que ele começou a considerar os campos morfogenéticos . consiste em ensinar a umgrupo de ratos uma certa aprendizagem, por exemplo, sair de um labirinto, em certo lugar, porexemplo, Londres, para logo observar a habilidade de outros ratos em outro lugar então, paraexemplo, Nova Iorque, deixar o labirinto. Esta experiência já foi levada a cabo em numerosasocasiões dando resultados muito positivos.

A TEORIA DA UNICIDADE DOS CAMPOS INTELIGENTES IPAHD

Acreditamos que Rupert Sheldrake esta no caminho certo , somente que esta trabalhando comos efeitos de causas desconhecidas. Estas causas se originam em áreas na qual nossoespectro visual e sensitivo físico não alcança a determinar. Consideramos determinadosprocessos em uma ordem fractalizada determinada por causas consistentes em um âmbito nãolineal e instável desde o ponto de vista do efeito sem considerar a inteligência suporte damanifestação do mesmo.

Segundo nossa pesquisa com uma variedade de campos energéticos visíveis em determinadassituações de alteração de nível consciencial por parte do observador, estaríamos no meio deuma imensa malha energética, uma rede de partículas e ondas de energia, microfibrasluminosas de um tecido energético que permite a comunicação não somente as formas devida, si não também as formas estruturais atômicas em diferentes níveis vibratórios. Esta redeseria a responsável pela comunicação dos diferentes Campos Inteligentes que interagem como homem, ate agora de forma unilateral, ou seja, sem consciência da parte do homem.Consideramos que não existe auto organização causada por hábitos ou por padrões decomportamento.

O descobrimento desta rede ou armação energética permitira um avanço considerável nasdiferentes áreas das ciências. Considerando que não existe auto organização das formas,porem, a existência da rede não seria suficiente para ocasionar os efeitos dos camposmórficos de Sheldrake.

Existem diferentes níveis de estruturas inteligentes em tudo o que existe no Universo.Alcançamos uma estrutura inteligente quando de algum modo interagimos com ela, já seja comum cachorro ou com um bosque de coníferas. A diferença radica na geração da resposta aesse estimulo. Se agirmos com as coníferas, (plantas) estas apresentarão um efeito diferenteao efeito evolutivo de ressonância com outras espécies similares no planeta.

Quando falamos de inteligência, falamos também de auto organização. Uma forma de vida nãopoderia se auto organizar se não existisse uma inteligência que suportasse energeticamenteestas mudanças.

Onde radica então nosso problema?

Nosso problema principal radica na nossa falta de “visão” , na nossa falha em acessar níveisenergéticos que estão fora do espectro eletromagnético conhecido e na incapacidade de noscomunicar conscientemente com as estruturas inteligentes que formam parte de nossouniverso. Isto só poderá ser feito quando nossos próprios cientistas admitam que é necessáriauma mudança radical na observação da vida neste planeta, quando eles possam “sentir” queexiste algo mais e que esse sentir seja real, seja capaz de alterar a própria consciência doobservador. Juan Valdes - IPHAD

A ORDEM E A INTELIGÊNCIA DO COSMOS – APERSPECTIVA DA FÍSICAhttp://biosofia.net/2001/06/22/a-ordem-e-a-inteligencia-do-cosmos-a-perspectiva-esoterica/

O determinismo clássico

Dada como terminada nos finais do séc. XIX (1), a mecânica de Newton parecia descrever comexatidão todos os fenômenos macroscópicos. Nada acontecia por acaso, sem uma causa. Nas

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mesmas circunstâncias, causas idênticas originariam os mesmos efeitos. O mundo passou a serencarado como um imenso e preciso mecanismo de relojoaria.

Laplace haveria de escrever em 1814: “Devemos portanto encarar o estado presente do Universocomo o efeito do seu estado anterior, e como causa do estado que vai seguir-se. Uma inteligência queem dado instante conhecesse todas as forças que animam a Natureza e a situação dos seres que acompõem, se fosse suficientemente ampla para sujeitar estes dados à análise, juntaria na mesmafórmula os movimentos dos maiores corpos celestes e os do átomo menor; para ela, nada haveria deincerto; quer o futuro, quer o passado, estariam patentes a seus olhos.” Era o determinismoLaplaciano. É com esta física Newtoniana, determinista, que ainda hoje vamos à Lua, andamos namontanha russa e lançamos sondas para o espaço exterior.

Einstein(2) viria alterar este estado de coisas, fazendo da mecânica de Newton um caso particular (v<<< c) da teoria da relatividade restrita (1905). Espaço e tempo deixaram de ser absolutos comoacontecia na Física Clássica.

Einstein e Niels Bohr

Não defensor do aparente estado caótico dos sistema quânticos, para Einstein “Deus não joga aosdados”. Ele estava convencido da existência de “variáveis ocultas” que poderiam explicar as relaçõesde causa e efeito por detrás do aparente caos e da indeterminação da M.Quântica. O fato de nãoconseguirmos determinar simultaneamente a posição e a velocidade de uma partícula - Principio deincerteza de Heisemberg - só podia ser atribuído à incapacidade dos aparelhos de medida usados emsondar os níveis mais profundos da substância. Se tal fosse possível, acabaríamos por observarrelações causais mascaradas pelo aparente caos quântico. Acreditava na existência de um Universofísico objetivo e numa ordem global, mesmo à escala microscópica.

Contrariamente a Einstein, Niels Bohr3 terá afirmado: “A Física não trata das coisas, trata do nossoconhecimento das coisas” ou seja, o cientista não lida com a realidade das coisas em si mas com“fenômenos” e “objetos”, que estão muito próximos do que Kant considerou como a “matéria deconhecimento” que nos “é enviada” pelas “coisas em si” ou númenos, e por nós recebida einterpretada.

Para Neils Bohr não existe nenhuma imagem objetiva da Natureza. Nada a nível quântico temrealidade objetiva. A realidade surge por um qualquer processo associado aos resultados dasmedições. Não faz sentido descrever as propriedades de um objeto quântico antes de realizar sobreele uma medida. É esta faceta da descrição quântica, a incapacidade de dizer onde está um objetoantes de se efetuar uma medição, que levou ao aparecimento de um dos paradoxos mais conhecidosda M.Quântica, o “Paradoxo EPR” (4).

Para Bohr e Kant, o fenômeno resulta da “matéria de conhecimento” recebida em estruturaspreviamente existentes, sejam elas aparelhos de física(5) (Bohr) ou façam parte da natureza humana(Kant). Para Bohr, um eletron não é uma partícula nem é uma onda. Onda e corpúsculo são, paraele, dois aspectos complementares de uma mesma entidade quântica. Recebido num certo tipo deaparelho, por exemplo uma chapa fotográfica, ele é violentado e obrigado a comportar-se comopartícula(6). No entanto, se recebido noutro aparelho, por exemplo uma rede de difracção, éobrigado a comportar-se como uma onda. É o princípio de complementaridade, enunciado por Bohrem 1927.

Alguns físicos acham, no entanto, que para além do aparelho de medida é necessária também umaconsciência que seja informada do resultado. Nesta perspectiva, o método de observação, oobservador e o observado estão intimamente ligados, não são entidades disjuntas, mas contribuemtodos para o fenômeno observado. Por outras palavras, a realidade objetiva não existe por si só,independente do observador e do método de observação, mas é construída pela interação dosintervenientes no processo de busca. A realidade quântica do mundo subatômico, a existir, estáindissociavelmente ligada à organização do mundo macroscópico.

Esta idéia de fazer do observador o elemento principal da realidade física é contrário ao espírito daciência, cujo objetivo é a compreensão das leis que regem o, aparentemente, objetivo mundoexterno. Se essas leis não existem, e o Universo é subjetivo, dependente do observador e dos

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aparelhos de medida, então toda a ordem que possamos descortinar é mera abstração e fruto donosso intelecto. Existe apenas em nós e não no Universo. A procura das leis que a regem seriaabsurda e a ciência esgotar-se-ia na necessidade que temos de ver ordem nas coisas. As 4 forçasfundamentais da natureza(7) descobertas pela Física e o tremendo esforço intelectual das últimasdécadas para encontrar uma teoria de Tudo que as unifique e permita explicar o átomo, a formiga, oSol, as nebulosas, o leitor e eu, não passariam de meros exercícios intelectuais destinados a ocuparas nossas mentes ansiosas de estabelecer ordem onde ela não existe.

A parte que contém o Todo

Einstein, Podolsky e Rosen, como vimos já, conceberam uma experiência que originou o conhecido“paradoxo EPR”. Enunciado inicialmente para analisar a posição e o momento de 2 partículas eminteração à luz dos princípios quânticos, e questionar o P. Incerteza de Heisenberg, esta experiêncialevou a conclusões teóricas que obrigavam a uma de duas coisas: ou os fundamentos da mecânicaquântica estão errados e o estado de uma partícula pode ser conhecido mesmo sem ser medido, ouadmitimos a ação à distância, quer dizer, a medição efetuada sobre o primeiro fóton influenciouinstantaneamente e determinou o estado do segundo fóton, não importando se ele estava ao lado doprimeiro ou nos antípodas do Universo. Como as interações instantâneas à distância estavam fora dequestão, já que a não-localidade do fenômeno implicava interações ultra-lumínicas, logo superioresà velocidade da luz(8), só restava a Einstein e seus colegas concluir que a M. quântica não descreviaa realidade.

Bohr refutou as idéias de Einstein afirmando que, ainda que nenhum sinal ou influência direta possaviajar entre as partículas, correlacionadas no passado, elas são partes inseparáveis de um sistemaquântico e portanto influenciam-se mutuamente.

A experiência de ASPECT, realizada em 1982 por Alain Aspect, veio dar razão a Neils Bohr. A M.Quântica é não local, isto é objetos quânticos podem influenciar-se instantaneamente, ainda queseparados por distâncias tão grandes que nenhuma das interações conhecidas da física o possaexplicar.

Com base nos resultados da experiência de ASPECT e admitindo que todas as partículas tiveramorigem na mesma fonte, o Big-Bang, e, nesse sentido, estiveram um dia, num passado longínquo,correlacionadas, podemos concluir que cada partícula, cada átomo, cada uma das diferentes espéciesdos reinos da Natureza contém em si informação sobre o Todo e que influencia e é influenciada pelatotalidade do Cosmos. A parte contém o Todo.

A ordem implícita

Seguidor da idéia das “variáveis ocultas” de Einstein, David Bohm, pelo contrário, teoriza aexistência de uma ordem universal implícita, invisível para nós, responsável por uma ordemexplícita, concreta e abarcante que age por retroação sobre a ordem implícita que lhe deu origem.Somente uma pequena parte dessa ordem explícita nos é acessível através dos imperfeitos órgãossensoriais de que dispomos. A realidade não é apenas aquilo que os nossos sensores naturais - ou osque criamos para extensão destes, como o telescópico, microscópio, detectores de partículaselementares, rádio, TV, etc. - nos transmitem. Temos acesso àquela parte da ordem explícita que onosso estágio intelectual, tecnológico e consciencial nos permite, em cada época, compreender.

Também Rupert Sheldrake, biólogo inglês e autor da teoria dos campos morfogenéticos, partilha decerta forma a idéia da ordem implícita de David Bohm, embora numa perspectiva biológica. RupertSheldrake sugere ainda que, tal como os campos morfogenéticos são estabelecidos pelo hábito,assim também as leis da Natureza são elaboradas como hábitos. As leis que regem a Naturezaevoluem com ela própria.

A procura da Ordem

Na tentativa de explicar o mundo fenomênico que nos rodeia e encontrar respostas aos enigmas doUniverso e da vida, a ciência constrói teorias atrás de teorias que, sujeitas ao crivo do teste erefutação, são depuradas acabando por deixar, às mais capazes, o papel de paradigma científico daépoca em que entram em cena, para depois declinarem e passarem a um plano secundário, ou serem

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abandonadas, por incapazes de explicar os novos fenômenos a que o acelerado desenvolvimentotecnológico e intelectual nos dá acesso.

Em seu lugar aparecem outras hipóteses, por vezes em oposição ao estabelecido, explicando o que asanteriores teorias já explicavam e indo mais além ou seja, alargando a nossa capacidade de anteciparfenômenos ainda não conhecidos mas previstos pelas novas idéias.

Nessa azáfama da pesquisa da verdade, o determinismo laplaciano foi substituído pelas relações deincerteza de Heisemberg; a continuidade da Mecânica Clássica pela noção de descontinuidade dos“quanta” de Max Planck; a objetividade e ordem universais pela subjetividade e complementaridadede Bohr; a onda e a partícula são agora aspectos diferentes, complementares, de uma mesmaentidade; o espaço e o tempo deixaram de ser absolutos e passaram a espaço-tempo, interligados einterdependentes. A massa, o comprimento e o tempo passaram a depender da velocidade, narelatividade de Einstein; a noção de energia e massa revelaram-se equivalentes; a gravidade passoua encurvar o espaço-tempo; o observador, o observado e o processo de observação (medida) sãoagora considerados como inseparáveis da realidade que construímos; o ADN por si só não explica odesenvolvimento das formas na Natureza…

Estes e outros aspectos do nosso conhecimento da realidade, elaborados e desenvolvidos pordisciplinas tais como a Física teórica e experimental, e a Biologia, mostram as incertezas e limitaçõesem que se movimenta o intelecto humano, na procura das leis que regem o Universo.

O microcosmos emergente - incapaz de ser explicado pela Física Clássica, Newtoniana -, sustentadopor teorias cada vez mais gerais, revela-nos um Universo heterogêneo, evidenciado por um suportetecnológico laboratorial cada vez mais sofisticado9, onde a não-localidade dos fenômenos quânticos,patenteada pelo paradoxo de EPR e confirmada pela experiência de ASPECT, põe em causa osfundamentos da Relatividade e faz-nos admitir a troca instantânea de informação entre todas aspartes do Todo.

Talvez a junção das, aparentemente, disjuntas realidades dos mundos micro e macrocósmicos passepela descoberta de leis que englobem ambas e justifiquem a forma atualmente incompreensívelcomo o caos do mundo quântico pode gerar a aparente ordem do Universo manifesto: o caos, comoordem implícita, gerador da ordem explícita manifestada.

Fernando Nenê

Licenciado em Microfísica e em Engenharia

1 Lord Kelvin, um dos mais brilhantes físicos da sua época, terá dito: “a física forma hoje, quanto aoessencial, um conjunto perfeitamente harmonioso, um conjunto praticamente terminado”. Teriaainda acrescentado: “Na verdade, há ainda dois pontos obscuros, a experiência de Michelson e aradiação do corpo negro; mas julgo que em breve estarão esclarecidos.”

O esclarecimento destes dois pontos obscuros haveria de originar que, no caso da radiação do corponegro (catástrofe do ultravioleta), da “praticamente terminada física”, nascesse a “teoria dos quanta”e a M. quântica, que é hoje a que melhor descreve os fenômenos do mundo subatômico. Aexperiência de Michelson viria a obrigar à reformulação de alguns conceitos da Física Clássica e aoaparecimento da Teoria da Relatividade restrita.

2 Um dos expoentes máximos da física do séc. XX e autor das Teorias da Relatividade Restrita eGeral.

3 Físico dinamarquês que em 1913 quantificou as órbitas eletrônicas.

4 Idealizado por Einstein, Podolsky e Rosen (EPR).

5 Régua, osciloscópio, amperímetro, película fotográfica, contador de partículas, telescópio, etc.

6 - decompondo grânulos de nitrato de prata.

7 Forças nuclear forte, nuclear fraca, eletromagnética e gravítica.

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8 O que contraria um dos postulados fundamentais da Relatividade restrita, a constância davelocidade da luz. Einstein não gostou.

9 Aceleradores e detectores de partículas, telescópios de luz visível e infra-vermelho,radiotelescópios, espectroscopia de massa, espectrometria óptica, etc., etc.

A ORDEM E A INTELIGÊNCIA DO COSMOS - APERSPECTIVA ESOTÉRICA

A busca da verdade rigorosa sobre uma ordem, expressa em Leis, presente nos diferentes fenômenosda Natureza, é o desígnio de todos os cientistas. Para qualquer Ciência - seja a Ciência das Ciências(o Ocultismo), seja a Ciência Oficial (sem sentido depreciativo), ainda confinada aos mundos maisdensos, seja qualquer um dos seus ramos em particular -, a existência de uma tal ordem, que implicainteligência, constitui uma base fundamental. É o pressuposto ou, pelo menos, a esperança da suaexistência que impulsiona e confere dignidade a qualquer pesquisa científica.

De que lado está a ordem?

A propósito dessa ordem, o esoterista coloca importantíssimas questões à Ciência Oficial,nomeadamente a todos aqueles que trabalham nos domínios da Física, da Cosmologia e da Biologia.

Sem entrarmos em profundas abordagens epistemológicas - aliás, extremamente interessantes -,lembremos a oposição entre dois pontos de vista principais:

Essa ordem pode existir como algo de objetivo, (também) do lado de lá da nossa percepção einterpretação, podendo ser decodificada pela inteligência humana de modo também objetivo, aomenos em grande medida;

Essa ordem não existe objetivamente, e representa apenas uma ficção, uma forma da nossainteligência - que tende a ser ordenadora e a pressupor nexo, coerência, relação causa-efeito -interpretar fatos que, em si mesmos, são caóticos, desordenados, independentes de quaisquer leis.Por outras palavras, a ordem só existe do lado de cá, subjetivamente.

Em termos de Teoria do Conhecimento, esta última hipótese foi defendida por vários filósofos aolongo dos séculos. Abstemo-nos agora de comentários valorativos; veremos, mais adiante, qual aposição da Filosofia Esotérica. Neste momento, basta dizer que, levando essa hipótese ao limite, aCiência, como procura da Verdade em si mesma, seria uma quimera, um esforço condenado aofracasso, uma causa inelutavelmente perdida (o que, decerto, significaria uma desilusão e umdesgosto para toda a comunidade científica). Ficaria, quando muito, confinada a um passatempointelectual (assim como uma charada que se esgota em si mesma) e/ou a um utilitarismotecnológico, visto que permite produzir máquinas, instrumentos, construções. Então, reduzida aCiência a essa expressão tão limitada, drasticamente diminuída na sua dignidade e inibida de atingiro seu propósito inicial, o melhor seria quedarmo-nos por aqui em considerações.

Admitamos a outra hipótese. Continuando a simplificar, ela sustenta a validade do Conhecimento,da Ciência, como compreensão susceptível de ser real, verdadeira e fidedigna de uma objetividadeem que há ordem, leis, inteligência.

Quem ou o Quê dispõe uma ordem inteligente?

Fixemos este ponto. A ordem implica inteligência. As leis, que a ciência se esforça por desvelar eformular de modo compreensivo, implicam inteligência. Ora bem, onde há inteligência, tem quehaver algo ou alguém que seja inteligente; onde há ordem, tem de haver algo ou alguém quedisponha, garanta e mantenha a ordem. Se essa ordem inteligente existe no Cosmos (também) dolado de lá da nossa subjetividade, então, quem ou o quê a detém, sustenta, É? Qual a realidadeontológica desse Algo ou Alguém - seja singular ou plural - que é inteligente, extraordinariamenteinteligente a ponto de dar ordem a um Cosmos tão imenso e prodigioso?

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As teologias simplistas dão como resposta: é Deus, o Ser Perfeito, Absoluto, Onipotente e Onisciente.Entretanto, se a Natureza revela ordem e inteligência, é igualmente verdade ela não é perfeita, nemabsoluta: há tentativas, há falhanços, há imperfeições. O Cosmos, maravilhoso mas imperfeito, nãopode, pois, ter sido obra direta de um Ser Absoluto, Onipotente, Onisciente.

O materialismo científico (assim chamado), ou certo tipo de agnosticismo, afirma: é a Natureza ou aMatéria como um todo que é inteligente. Esta resposta, aflorando (tal como a anterior) uma verdadeprofunda, é, contudo, insuficiente. É uma sustentação vaga, que conduz a uma abstração de fuga àrealidade ontológica (mais ainda quando, decompondo cada vez mais aquela que outrora julgou sera unidade última da matéria - e, ao fazê-lo, voltando a comprovar a correção das teses da “DoutrinaSecreta”, de H.P.Blavatsky, onde antecipadamente se sustentava a infinita divisibilidade do átomo -,se depara com inúmeras partículas com vontade e inteligências próprias)… Na Natureza ou naMatéria, vemos tantas Inteligências, ordens e forças paralelas, relativamente autônomas e comdomínios circunscritos - mas tantas vezes cruzando-se e chocando-se -, que uma tal afirmação éredutora e simplista, passando por cima da questão: Quem ou o Quê opera na Matéria, na Natureza,no Universo, conferindo-lhe ordem, inteligência, relações fenomênicas que podemos compreendercomo Leis? Quem ou o Quê é o(s) sujeito(s) ou agentes legisladores?

Sobre estas questões, a Ciência e a Filosofia exotéricas (o oposto de esotéricas) estão longe de dar aúltima palavra - na verdade, mal ainda balbuciaram a primeira. Entretanto, manda a Verdade que sediga que esta é uma interrogação vital e insofismável.

Vejamos, então, qual é a resposta do Esoterismo.

Quanto às relações sujeito-objeto, nada melhor do que citar a obra magistral de Helena Blavatsky:“Tudo o que é, emana do Absoluto, que, por força mesmo desta qualidade, é a única Realidade; e,assim, tudo aquilo que é estranho ao Absoluto, a esse Elemento causativo e gerador, deve ser umailusão, sem nenhuma sombra de dúvida. Isto, porém, do ponto de vista exclusivamente metafísico.(…) A impressão experimentada em qualquer dos Planos é uma realidade para o ser que aexperimenta e cuja consciência pertença ao mesmo Plano”. Noutra passagem, escreveu HPB: “Nadaé permanente, a não ser a Existência Una, absoluta e oculta, que contém em si mesma os númenosde todas as realidades (…) No entanto, todas as coisas são relativamente reais, porque o conhecedoré também um reflexo, e por isso as coisas conhecidas lhe parecem tão reais quanto ele próprio. (…)Seja qual for o Plano em que possa estar a atuar a nossa consciência, tanto nós como as coisaspertencentes ao mesmo Plano somos as únicas realidades do momento.”(1)

Por outras palavras: sendo que o Imanifestado ou Absoluto é a verdadeira Realidade, porqueincondicionada e além de toda a ilusão (que é impossível aí, por inexistir diferenciação entre sujeitoou conhecedor, e objeto ou cognoscível), no domínio da Manifestação (onde há objetos que podemser conhecidos por sujeitos e que é, portanto, o campo da Ciência), existe uma harmonia econsubstancialidade entre os objetos de um Plano ou Mundo em particular e a Consciência de umsujeito cuja percepção está focalizada nesse Mundo. E, assim, há uma correspondência entre o tipode ordem e de inteligência manifestada objetivamente nesse Mundo ou Plano e o molde deinteligência e de sentido de ordem do sujeito que a pretende conhecer. Consequentemente, o esforçoda Ciência e do Conhecimento é válido, porque a ordem existe em ambos os lados (objetivo esubjetivo); ainda que todo o Universo manifestado, do ponto de vista puramente espiritual sejailusório, o esforço de conhecimento é a via pela qual, subindo de Plano em Plano nascorrespondências subjetivo-objetivo, nos podemos sucessivamente elevar da estagnação própria daignorância e da inércia.

Deixamos, num parêntesis, duas notas: alguns reconhecerão aqui fios de conexão com a FilosofiaSânkhya e com a Monadologia de Leibnitz, o grande filósofo e cientista alemão dos Sécs. XVII-XVIII. Por outro lado, julgamos que, desta forma, fica desvanecida a anedota do oriental que,considerando este mundo como Maya, despertaria desse (suposto) delírio ao embater com a cabeçanuma parede.

Esclarecido, embora em traços muitíssimos gerais, o tema da validade do Conhecimento Científico,sob o prisma da Filosofia Esotérica, vejamos agora o que a Ciência Oculta tem a dizer acerca dosubstrato ontológico das leis, da inteligência e da ordem manifesta no Cosmos.

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O Ocultista afirma a evidência do Ser Absoluto, cuja realidade necessariamente admite, por serinsustentável um niilismo radical; porém, declara honestamente que, qualquer Entidade existentenum Universo relativo e dual, nada pode dizer diretamente sobre a Realidade Absoluta, Una eImanifestada, exceto que É e, ao Ser, permite que todas as coisas, mundos e fenômenos possamexistir. O Absoluto está além de toda a compreensão relativa, por mais excelsa que seja.Acrescentamos ainda, citando um excerto do livro “Cartas de Luxor”, do CLUC: “O Divino é a grandee única realidade do Cosmos; não obstante, a Eterna Sabedoria jamais pode aceitar como sendorigorosa a concepção das religiões populares e desvirtuadas sobre um único Ato Criador, pelo qualum Pai Absoluto teria instantaneamente criado o Universo. Sustenta, sim, que o Deus Uno, aEssência Pura do Universo é a Causa Primordial que, depois, se desdobra numa infinidade depotências ou causas criadoras - tão vastas em número quanto as Consciências que se diferenciam noseio do Ser–Consciência da Unidade Divina -, todas elas concorrendo para a construção (ou, nofinal, a dissolução) e evolução de todas as formas, de todos os mundos, de todas as esferas de Ser.” 2

Por outras palavras: temos a primordial energia una, sobre a qual trabalha o Pensamento Divino.Este, contudo, para não ser uma simples abstração além do espaço e do tempo, é integrado e dotadode substância-energia atuante pelas legiões de deuses, Hierarquias Criadoras ou Dhyani-Chohans(conhecidos como Serafins, Tronos, Arcanjos, etc., nas tradições espirituais do Ocidente) isto é, de“seres inteligentes que ajustam e controlam a evolução, encarnando em si mesmos aquelasmanifestações da Lei Una que conhecemos como “Leis da Natureza”(1) e “colaborando naconstrução, sustentação e direção de todo o Universo objetivo, de cada uma das suas formas, de cadaum dos seus átomos.”(3)

Se bem que possamos expressar uma Lei da Natureza através de uma fórmula matemática, tal nãoexplica o que a torna viva e atuante. Uma fórmula, por si, não gera seqüências ordenadas -inteligentes - de fenômenos, não gera formas ordenadas - inteligentes - se não tiver vida, ser,energia.

Esses Seres, essas Hierarquias Criadoras ou Dhyani Chohans (4), são, pois os meios, através dosquais se transmite o Pensamento Divino, o grande Propósito Inteligente do Universo - Universo deque são os verdadeiros arquitetos, construtores e dinamizadores. São eles as (invisíveis) forças vivasatuantes em toda a substância, são eles o ser e o dinamismo das leis universais. Não são elesperfeitos ou absolutos e, assim, tão pouco o é o Cosmos manifestado. Se o qualificativo de deuseslhes pode ser geralmente aplicado, tal se deve ao fato de serem invisíveis e, nas suas classes maiselevadas, sapientíssimos, brilhantes, luminosos (5).

Entretanto, de um ponto de vista mais científico, são eles as forças inteligentes (ou semi-inteligentes) e ordenadoras e diretoras da Natureza.

Entre as Hierarquias mais elevadas, temos grandes arquitetos e construtores de Universos; nosdegraus inferiores de uma escada imensa, temos as pequenas vidas elementais - representadas nosfolclores de todos os povos6 - que, por exemplo, constituem a (embora diminuta) vontade einteligência das partículas atômicas, de cujos agregados se compõem as formas do Universo visível.

José Manuel Anacleto

Presidente do Centro Lusitano de Unificação Cultural

1 In “A Doutrina Secreta, Vol. I” (Ed. Pensamento, S.Paulo)

2 Centro Lusitano de Unificação Cultural, Lisboa, 2000

3 José Manuel Anacleto, “Noções Básicas da Cosmogênese”, in “Portugal Teosófico o 79″, Ed. STP, Lisboa, 2000

4 Literalmente, em sânscrito, “Os Senhores da Luz”.

5 Os Devas do Hinduísmo são, justamente, os “seres brilhantes” ou “luminosos”.

6 Que justificam um estudo mais rigoroso do que a mera curiosidade complacente. Povos antigos,intelectualmente mais infantis, ainda na curva descendente para a materialidade, tinham algum

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acesso a mundos mais subtis, expressando-o de um modo simbólico, colorido e fantasiado, que énecessário saber decodificar e entender no seu contexto.