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7. Política Monetária no Modelo Monetarista 7.1. Taxa natural de desemprego, expectativas adaptativas e a curva de Phillips aceleracionista 7.2. Regra monetária versus discricionariedade 7.3. Taxa de sacrifício para redução da inflação Modenesi (2005: cap. 2), Carvalho et al. (2015: cap. 9) 17/11/2017 1

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CP Aceleracionista, Regra Monetária e Taxa de Sacrifício

7. Política Monetária no Modelo Monetarista

7.1. Taxa natural de desemprego, expectativas adaptativas e a curva de Phillips aceleracionista

7.2. Regra monetária versus discricionariedade

7.3. Taxa de sacrifício para redução da inflação

Modenesi (2005: cap. 2), Carvalho et al. (2015: cap. 9)

17/11/2017 1

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Política Monetária no Modelo Monetarista

Para Friedman, a política monetária, apesar de potencialmenteeficaz no curto prazo, não deve ser usada de maneiradiscricionária, tendo em vista sua ineficácia a longo prazo.

Adicionalmente, como a inflação decorre da expansão monetária,seu controle depende de política monetária contracionista.

As ideias de Friedman que suportam sua defesa sobre a conduçãoda política monetária fundamentam-se na taxa natural dedesemprego, curva de Phillips e expectativas adaptativas.

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Taxa natural de desemprego

A taxa natural de desemprego (à la Wicksell) seria aquelaresultante das livres forças de mercado, sem influência de qualquertipo de política macroeconômica.

Assim, a taxa natural de desemprego depende da tecnologia, doestoque de capital e trabalho, das preferências dos agentes e decaracterísticas institucionais, em geral, estáveis no curto prazo, massujeitas a alterações no longo prazo.

No caso de uma economia que opera em sua taxa natural, osúnicos desempregos existentes são friccionais e voluntários.

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Taxa natural de desemprego – desemprego friccional e voluntário

O desemprego friccional depende de questões institucionais domercado de trabalho como custo e tempo para coletar informaçõessobre trabalhadores (habilidades e salário-alvo) e vagas disponíveis(qualificações exigidas e remuneração oferecida) e de mobilidadede um emprego para outro (geográfica e processo admissional),além de variações sazonais na demanda e oferta.

O desemprego voluntário diz respeito à existência de trabalhadoresque não estão dispostos a trabalhar pelo salário real vigentecompatível com sua produtividade marginal, mas inferior àdesutilidade marginal gerada pelas horas trabalhadas.

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Taxa natural de desemprego

Os trabalhadores que estão empregados à taxa natural são aquelespara os quais o salário real vigente, determinado pelaprodutividade marginal do trabalho, é igual ou superior àdesutilidade marginal das horas trabalhadas e, portanto,maximizam sua utilidade.

Sendo preços e salários flexíveis, então há convergência à taxanatural de desemprego.

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Curva de Phillips com Expectativas Adaptativas

A formação de expectativas de maneira adaptativa significa que osagentes usam informações sobre o passado para formularprevisões sobre o futuro, ajustadas em função de erros cometidosno passado.

A análise parte de uma situação em que o estoque monetário e ospreços permaneçam constantes por vários períodos, então osagentes não esperam uma inflação positiva (A).

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Curva de Phillips com Expectativas Adaptativas

Neste caso, frente a uma expansão monetária e elevação dademanda, os empresários podem oferecer salários nominais maiselevados, compatíveis com a elevação de preços e queda do salárioreal necessária para contratação de um número maior deempregados.

Os trabalhadores, por sua vez, irão se dispor a trabalhar mais,encarando a elevação do salário nominal como aumento do salárioreal, uma vez que sua expectativa de inflação é nula. Comoresultado, o desemprego cai abaixo da taxa natural (B).

Ou seja, é o erro de expectativa dos trabalhadores, que, iludidos,se dispõem a trabalhar em um ponto abaixo daquele que maximizasua utilidade, que permite a elevação do nível de emprego eprodução.

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Curva de Phillips com Expectativas Adaptativas

Posteriormente, quando os trabalhadores perceberem que suasexpectativas estavam equivocadas, isto é, que houve inflação e queos salários reais não aumentaram, ou seja, eles sofreram ilusãomonetária, então haverá retração da oferta de trabalho,convergindo o nível de emprego para a taxa natural.

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Curva de Phillips Aceleracionista

Para que o desemprego volte a ficar abaixo da taxa natural, agoraserá necessário que o governo promova uma expansão monetáriae consequente elevação de preços ainda maior do que a anterior,que já passou a ser esperada, para poder criar novamente umailusão monetária e permitir a contratação adicional detrabalhadores.

No período seguinte, a expansão monetária e a elevação de preçosprecisarão ser ainda maiores para causar nova ilusão monetária, eassim sucessivamente.

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Curva de Phillips Aceleracionista

Portanto, para Friedman, o desemprego só poderia ser mantidoabaixo da taxa natural a custa de uma política monetária cada vezmais expansionista para sustentar uma inflação crescente, queiluda continuamente os trabalhadores.

Este efeito é capturado pela curva de Phillips aceleracionista.

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Curva de Phillips Vertical – Longo Prazo

Considera-se que, no longo prazo, os trabalhadores seriam capazesde ajustar suas expectativas e, portanto, a política monetária seriaineficaz, com efeitos exclusivamente sobre preços e saláriosnominais, mas sem efeito sobre o nível de produto e emprego.

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Regra monetária versus discricionariedade

No modelo monetarista, portanto, a política monetária só é eficaz aCP. A LP é neutra, com impacto apenas sobre a inflação.

Como a manutenção de desemprego abaixo da taxa natural no CPdepende da ilusão monetária dos trabalhadores (i.e., escolhasmenos preferíveis do que aquelas que fariam caso não fossemiludidos), implica inflação crescente e só é eficaz no curto prazo,Friedman se opõe ao uso de uma política monetária ativa com oobjetivo de reduzir o desemprego.

Além destas questões, o monetarismo ressalta que a políticamonetária incorre em dois tipos de defasagens que potencializam ainstabilidade econômica.

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Regra monetária versus discricionariedade

A primeira seria a defasagem interna, relativa à defasagem entre ochoque que amplia o desemprego (e que poderia justificar o uso deuma política monetária compensatória) e a reação das autoridadesmonetárias.

A segunda seria a defasagem externa, que diz respeito ao tempoentre a adoção de medidas e seus resultados sobre a economia,uma vez que o mecanismo de transmissão da política monetária éindireto e depende da reação dos agentes à expansão da ofertamonetária.

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Regra monetária versus discricionariedade

Como resultado, na visão de Friedman, a adoção de umapolítica monetária compensatória a um choque na economiapoderia ampliar ao invés de estabilizar sua trajetória, porexemplo, superaquecendo uma economia que passa por umarecessão, quando os efeitos da política só aparecem na fase derecuperação e vice-versa.

A proposta de Friedman para condução da política monetáriaseria a adoção de regras de expansão da oferta de moedapublicamente anunciadas (algo entre 3% e 5%) capaz deacomodar crescimento do produto e alguma inflação oudeflação moderada e estável ao invés do uso dadiscricionariedade.

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Desinflação e a Taxa de Sacrifício

A taxa de sacrifício mede o percentual de desemprego adicional àtaxa natural que será gerado para reduzir em um ponto percentuala taxa de inflação.

Essa taxa depende, fundamentalmente, do grau de ajuste dasexpectativas adaptativas. Caso de os agentes projetemintegralmente a inflação passada para o presente, então a taxa desacrifício será igual à unidade.

Tendo em vista a taxa de sacrifício vigente, é possível implementaruma política monetária gradualista ou um choque deflacionário,com o objetivo de controlar a inflação.

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Desinflação e a Taxa de Sacrifício

No primeiro caso (gradualismo), a redução da inflação é lenta, maso custo em termos de desemprego pode ser pequeno.

No segundo caso (choque inflacionário), a desinflação é rápida,mas o custo do desemprego será mais elevado.

O mecanismo para controlar a inflação nos dois casos funciona damesma maneira.

Supondo que a economia parte de uma situação com taxa naturalde desemprego e elevada inflação. Neste caso, a autoridademonetária reduz a expansão da oferta de moeda causando reduçãono ritmo de elevação da demanda e dos preços.

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Desinflação e a Taxa de Sacrifício

Mecanismo

Com a redução no ritmo de elevação dos preços, os empresáriosdiminuem o ritmo de elevação dos salários nominais, abaixo doesperado pelos trabalhadores, que, influenciados pela inflaçãopassada, acham que houve redução do salário real e, portanto,reduzem sua oferta de trabalho, elevando o desemprego acima dataxa natural.

Quando os trabalhadores percebem que houve redução da inflaçãoe ajustam suas expectativas, o nível de emprego retorna à taxanatural.

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Desinflação e a Taxa de Sacrifício

Caso a autoridade monetária opte pelo ajuste gradual, a reduçãoda expansão da oferta monetária será feita paulatinamente,causando pequenas e recorrentes quedas da inflação e elevaçõesdo desemprego, até que a inflação seja anulada.

No caso de um choque deflacionário, a expansão da ofertamonetária será abruptamente eliminada, com anulação imediatada inflação e da correção dos salários nominais, gerando aumentoainda maior do desemprego devido à reação dos trabalhadores,que calculam o salário real esperado ainda com base na altainflação passada.

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Desinflação e a Taxa de Sacrifício

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Monetaristas vs Síntese Neoclássica

Mecanismo de transmissão e eficácia da política monetária

Para os monetaristas, variações na oferta de moeda teriamimpacto mais amplo sobre os gastos dos agentes, que alocariamseus encaixes adicionais na compra de ativos financeiros, reduçãode passivos e aquisição de bens e serviços (produtivos, duráveis ounão-duráveis).

A elasticidade-juro da demanda por moeda seria baixa e, por isso,a taxa de juros teria papel pequeno na função de demanda pormoeda.

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Monetaristas vs Síntese Neoclássica

Mecanismo de transmissão e eficácia da política monetária

Na visão keynesiana, por sua vez, a elevação da oferta de moedateria efeito mais imediato sobre a taxa de juros, por intermédio davariação no preço dos títulos (considerando, assim, um espectromais estreito de ativos), e, consequentemente, sobre a demandapor moeda (com elevada elasticidade-juros), e apenasindiretamente sobre os investimentos, devido à variação dos juros,com impacto sobre consumo, via multiplicador, e a renda total.

Como na visão da síntese neoclássica (velho keynesianismo) oinvestimento seria pouco elástico à taxa de juros e, eventualmente,a demanda por moeda poderia ser muito elástica em relação à taxade juros, a política monetária tenderia a ser ineficaz para estimularo nível de produto e emprego da economia.

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Monetaristas vs Síntese Neoclássica

Mecanismo de transmissão e eficácia da política monetária

Já para os monetaristas, com pequeno efeito substituição entremoeda e demais ativos, a demanda por moeda se ajusta avariações da oferta via variações da renda real, no curto prazo,viabilizadas pelos erros de expectativa dos agentes, e da rendanominal, no longo prazo, isto é, inteiramente via preços, uma vezque as expectativas são corrigidas.

Assim, para os monetaristas, ainda que o efeito seja transitório, apolítica monetária poderia reduzir o desemprego no curto prazo.

Mas, ainda assim, não seria recomendável o uso de políticamonetária de maneira discricionária, uma vez que depende dailusão dos trabalhadores, tem efeito transitório e pode ampliar ainstabilidade da economia.

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