71929156 Lista de Exercicios

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Questão 01) Analise o fragmento do poema abaixo e os comentários que são feitos a seguir. Ó Formas alvas, brancas, Formas claras De luares, de neves, de neblinas! Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas... Incenso de turíbulos da aras... 1. Pelas características de sugestão e enigma, o poema se inscreve na escola simbolista . 2. O poema se opõe às escolas naturalista e parnasiana, valorizando uma realidade subjetiva, metafísica e espiritual . 3. O poema tem em comum com os textos parnasianos o apuro formal, a presença da métrica e da rima . Está(ão) correta(s): a) 1 apenas b) 2 apenas c) 1 e 2 apenas d) 2 e 3 apenas e) 1, 2 e 3 Questão 02) Leia o texto abaixo e assinale, em seguida, a alternativa correta: Psicologia de um vencido Eu, filho do carbono e do amoníaco, Monstro de escuridão e rutilância*, (*brilho) Sofro, desde a epigênesis* da infância, (* A influência má dos signos do zodíaco. Profundissimamente hipocondríaco, Este ambiente me causa repugnância… Sobe-me à boca uma ânsia análoga* à ânsia (*semelhante) Que se escapa da boca de um cardíaco. Já o verme — este operário das ruínas — Que o sangue podre das carnificinas Come, e à vida em geral declara guerra, Anda a espreitar meus olhos para roê-los, E há-de deixar-me apenas os cabelos, Na frialdade inorgânica da terra! Augusto dos Anjos A partir desse soneto, é correto afirmar: I. Ao se definir como filho do carbono e do amoníaco, o eu lírico desce ao limite inferior da materialidade biológica pois, pensando em termos de átomos (carbono) e moléculas (amoníaco), que são estudados pela Química, constata-se uma dimensão onde não existe qualquer resquício de alma ou de espírito. II. O amoníaco, no soneto, é uma metáfora de alma, pois, segundo o eu lírico, o homem é composto de corpo (carbono) e alma (amoníaco) e, no fim da vida, o corpo (orgânico) acaba, apodrece, enquanto a alma (inorgânica) mantém-se intacta. III. O soneto principia descrevendo as origens da vida e termina descrevendo o destino final do ser humano; retrata o ciclo da vida e da morte, permeado de dor, de sofrimento e da presença constante e ameaçadora da morte inevitável. Está(ão) correta(s) a) apenas I. b) apenas III. c) apenas I e II. d) apenas I e III. e) apenas II e III. Questão 03) Leia o texto de autoria de Augusto dos Anjos, intitulado “Debaixo do tamarindo”, e as afirmativas, preenchendo os parênteses com V para verdadeiro e F para falso. No tempo de meu Pai, sob estes galhos, Como uma vela fúnebre de cera, Chorei bilhões de vezes com a canseira De inexorabilíssimos trabalhos!

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Questão 01) Analise o fragmento do poema abaixo e os comentários que são feitos a seguir.

Ó Formas alvas, brancas, Formas claras De luares, de neves, de neblinas! Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas... Incenso de turíbulos da aras...

1. Pelas características de sugestão e enigma, o poema se inscreve na escola simbolista. 2. O poema se opõe às escolas naturalista e parnasiana, valorizando uma realidade subjetiva, metafísica e espiritual. 3. O poema tem em comum com os textos parnasianos o apuro formal, a presença da métrica e da rima.

Está(ão) correta(s):

a) 1 apenas b) 2 apenas c) 1 e 2 apenas d) 2 e 3 apenas e) 1, 2 e 3

Questão 02)

Leia o texto abaixo e assinale, em seguida, a alternativa correta:

Psicologia de um vencido Eu, filho do carbono e do amoníaco, Monstro de escuridão e rutilância*, (*brilho) Sofro, desde a epigênesis* da infância, (* A influência má dos signos do zodíaco.

Profundissimamente hipocondríaco, Este ambiente me causa repugnância… Sobe-me à boca uma ânsia análoga* à ânsia (*semelhante) Que se escapa da boca de um cardíaco.

Já o verme — este operário das ruínas — Que o sangue podre das carnificinas Come, e à vida em geral declara guerra,

Anda a espreitar meus olhos para roê-los, E há-de deixar-me apenas os cabelos, Na frialdade inorgânica da terra!

Augusto dos Anjos

A partir desse soneto, é correto afirmar:

I. Ao se definir como filho do carbono e do amoníaco, o eu lírico desce ao limite inferior da materialidade biológica pois, pensando em termos de átomos (carbono) e moléculas (amoníaco), que são estudados pela Química, constata-se uma dimensão onde não existe qualquer resquício de alma ou de espírito.

II. O amoníaco, no soneto, é uma metáfora de alma, pois, segundo o eu lírico, o homem é composto de corpo (carbono) e alma (amoníaco) e, no fim da vida, o corpo (orgânico) acaba, apodrece, enquanto a alma (inorgânica) mantém-se intacta.

III. O soneto principia descrevendo as origens da vida e termina descrevendo o destino final do ser humano; retrata o ciclo da vida e da morte, permeado de dor, de sofrimento e da presença constante e ameaçadora da morte inevitável.

Está(ão) correta(s)

a) apenas I. b) apenas III. c) apenas I e II. d) apenas I e III. e) apenas II e III.

Questão 03)

Leia o texto de autoria de Augusto dos Anjos, intitulado “Debaixo do tamarindo”, e as afirmativas, preenchendo os parênteses com V para verdadeiro e F para falso.

No tempo de meu Pai, sob estes galhos, Como uma vela fúnebre de cera, Chorei bilhões de vezes com a canseira De inexorabilíssimos trabalhos!

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Hoje, esta árvore de amplos agasalhos Guarda, como uma caixa derradeira, O passado da flora brasileira E a paleontologia dos Carvalhos!

Quando pararem todos os relógios De minha vida, e a voz dos necrológios Gritar nos noticiários que eu morri,

Voltando à pátria da homogeneidade, Abraçada com a própria Eternidade, A minha sombra há de ficar aqui!

Pela leitura do texto, conclui-se que

( ) O eu lírico recorda os tempos em que, à sombra da árvore, expressava o sofrimento proveniente do árduo trabalho. ( ) A imagem da vela fúnebre na primeira estrofe está associada à idéia da passagem do tempo. ( ) O poeta atribui à árvore a capacidade de guardar a memória da flora brasileira. ( ) O tom funesto do poema sustenta-se na saudade da figura paterna. ( ) O poeta prevê que, após a morte, sua existência, representada pela própria sombra, estará em harmonia com a natureza.

A seqüência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é:

a) VVFVF b) FVFFV c) VFVFV d) FFVFF e) VFVVF

Questão 04)

Referir-se a um objeto pelo seu nome é suprimir a três quartas partes da fruição do poema, que consiste na felicidade de adivinhar pouco a pouco: sugeri-lo, eis o sonho. É o uso perfeito desse mistério que constitui o símbolo; evocar pouco a pouco um objeto e desprender-se dele um estado de alma, uma série de decifrações.

(Mallarmé) O autor faz referência à construção da poesia simbolista e destaca-lhe características. Com base no fragmento, assinale o que for correto.

I. A sugestão predomina sobre a descrição: as imagens produzidas são vagas, diluídas, suaves. II. Misticismo: o simbolista busca o inatingível, o oculto e o misterioso. III. O jogo dos sentimentos exacerbados, com alargamento da subjetividade pela espontaneidade coloquial. IV. Liberdade formal, com incorporação e valorização do prosaico, do vulgar, do cotidiano, e pela livre associação de idéias. V. Emprego de inusitadas combinações entre sons, cores e perfumes para expressar imagens e sensações pertencentes a diferentes

domínios dos sentidos. Está correto o que se sfirma em:

a) I, II, III b) II, III, IV c) I, II, V d) I, III, IV e) III, IV, V

Questão 05)

Leia o poema “Ismália”, de Alphonsus de Guimaraens.

Quando Ismália enlouqueceu, Pôs-se na torre a sonhar... Viu uma lua no céu, Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu, Banhou-se toda em luar... Queria subir ao céu, Queria descer ao mar...

E no desvario seu, Na torre pôs-se a cantar... Estava perto do céu, Estava longe do mar...

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E como um anjo pendeu As asas para voar... Queria a lua do céu, Queria a lua do mar...

As asas que Deus lhe deu Ruflaram de par em par... Sua alma subiu ao céu, Seu corpo desceu ao mar...

MOISÉS, Massaud. A literatura brasileira através dos textos. São Paulo: Cultrix, 1973. p. 318- 324.

Considerando que Alphonsus de Guimaraens é um dos principais representantes do Simbolismo brasileiro, é verdadeiro afirmar que, no poema transcrito:

a) os versos privilegiam as lembranças, a imaginação, de onde emergem os fantasmas da infância perdida do poeta. b) o poeta consegue, valendo-se da loucura de Ismália, realizar a transcendência espiritual, proposta pelo movimento simbolista. c) o metro, exigido pela poesia tradicional, perde a importância e o rigor; a linguagem é simples e as imagens refletem fielmente a

realidade. d) o tema do amor de Ismália e o da sua morte fundem-se em uma espécie de realismo exacerbado, próprio do movimento

naturalista. e) a religiosidade exerce sobre o poeta uma força sobrenatural, o que o leva a valorizar o sentimento místico e a sufocar os desejos

reprimidos da adolescência. Questão 06)

Para Alfredo Bosi, “O Parnaso legou aos simbolistas a paixão do efeito estético. Mas os novos poetas buscavam algo mais: transcender os seus mestres para reconquistar o sentimento de totalidade que parecia perdido desde a crise do Romantismo”. São características do Simbolismo: 1. integrar a poesia na vida cósmica. 2. usar a poesia como arma para denunciar as injustiças sociais. 3. contrapor-se às correntes analíticas do Realismo/ naturalismo 4. buscar tocar, por meio da poesia, a Natureza, o Absoluto Universal e Deus. 5. resgatar os princípios fundantes da nacionalidade.

Estão corretas apenas:

a) 1, 3 e 4 b) 1, 4 e 5 c) 2, 3 e 4. d) 3, 4 e 5. e) 2, 4 e 5

Questão 07)

São características do Simbolismo:

I) Apresenta interesse maior pelo particular e individual do que pelo geral ou universal. II) Põe ênfase na imaginação e fantasia. III) Despreza a natureza em prol do sobrenatural. IV) Na narrativa, manifesta pouco interesse pelo enredo e ação. V) O interesse recai sobre o espírito íntimo das pessoas. VI) Procura selecionar elementos que apresentam a essência em vez da realidade. VII) Busca fugir da realidade e da sociedade contemporânea.

Estão corretas as afirmativas:

a) I, III, IV, V e VI apenas. b) I, II, V, VI e VII apenas. c) I, II, III, IV e VII apenas. d) III, IV, V, VI e VII apenas. e) todas estão corretas.

Questão 08)

Sobre o Simbolismo, é correto afirmar:

I. Mergulha no inconsciente, ali buscando imagens que se coadunam com o onírico, o irracional e o transcendente. II. É vago e indistinto, porém sua poesia atinge os pináculos da expressão objetiva, de onde se explicam as inúmeras referências à

cor branca. III. Tem, na própria materialidade sonora da palavra, o anelo de aproximar-se da música, de onde justificarem-se os inúmeros

recursos fônicos de que faz uso.

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IV. O maior poeta simbolista brasileiro é Cruz e Souza, e as inúmeras referências à cor branca encontradas em sua poesia se explicam pela rejeição inconsciente à própria herança genética de seus antepassados.

V. Trata-se do resultado de um desenvolvimento que se iniciou com o Romantismo, isto é, com a descoberta da metáfora como célula germinal da poesia.

VI. Sendo inexplicável e misteriosa a vida, era natural que o Simbolismo a representasse de maneira imprecisa, vaga, ilógica e obscura.

Estão corretas as afirmações:

a) apenas I, II, III e IV. b) apenas I, II, IV e V. c) apenas I, III, V e VI. d) apenas II, III, V e VI. e) todas estão corretas.

Questão 09)

Cárcere das almas

Ah! Toda a alma num cárcere anda presa, Soluçando nas trevas, entre as grades Do calabouço olhando imensidades, Mares, estrelas, tardes, natureza.

Tudo se veste de uma igual grandeza Quando a alma entre grilhões as liberdades Sonha e, sonhando, as imortalidades Rasga no etéreo o Espaço da Pureza.

Ó almas presas, mudas e fechadas Nas prisões colossais e abandonadas, Da Dor no calabouço, atroz, funéreo!

Nesses silêncios solitários, graves, que chaveiro do Céu possui as chaves para abrir-vos as portas do Mistério?!

CRUZ E SOUSA, J. Poesia completa. Florianópolis: Fundação Catarinense de Cultura / Fundação Banco do Brasil, 1993.

Os elementos formais e temáticos relacionados ao contexto cultural do Simbolismo encontrados no poema Cárcere das almas, de Cruz e Sousa, são:

a) a opção pela abordagem, em linguagem simples e direta, de temas filosóficos. b) a prevalência do lirismo amoroso e intimista em relação à temática nacionalista. c) o refinamento estético da forma poética e o tratamento metafísico de temas universais. d) a evidente preocupação do eu lírico com a realidade social expressa em imagens poéticas inovadoras. e) a liberdade formal da estrutura poética que dispensa a rima e a métrica tradicionais em favor de temas do cotidiano.

Questão 10)

Texto 1 O Morcego

Meia-noite. Ao meu quarto me recolho. Meu Deus! E este morcego! E, agora, vede: Na bruta ardência orgânica da sede, Morde-me a goela ígneo e escaldante molho. “Vou mandar levantar outra parede...” Digo. Ergo-me a tremer. Fecho o ferrolho E olho o teto. E vejo-o ainda, igual a um olho, Circularmente sobre a minha rede! Pego de um pau. Esforços faço. Chego A tocá-lo. Minh’alma se concentra. Que ventre produziu tão feio parto?! A Consciência Humana é este morcego! Por mais que a gente faça, à noite, ele entra Imperceptivelmente em nosso quarto!

ANJOS, A. Obra completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1994.

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Texto 2

O lugar-comum em que se converteu a imagem de um poeta doentio, com o gosto do macabro e do horroroso, dificulta que se veja, na obra de Augusto dos Anjos, o olhar clínico, o comportamento analítico, até mesmo certa frieza, certa impessoalidade científica.

CUNHA, F. Romantismo e modernidade na poesia. Rio de Janeiro: Cátedra, 1988 (adaptado).

Em consonância com os comentários do texto 2 acerca da poética de Augusto dos Anjos, o poema O morcego apresenta-se, enquanto percepção do mundo, como forma estética capaz de:

a) reencantar a vida pelo mistério com que os fatos banais são revestidos na poesia. b) expressar o caráter doentio da sociedade moderna por meio do gosto pelo macabro. c) representar realisticamente as dificuldades do cotidiano sem associá-lo a reflexões de cunho existencial. d) abordar dilemas humanos universais a partir de um ponto de vista distanciado e analítico acerca do cotidiano. e) conseguir a atenção do leitor pela inclusão de elementos das histórias de horror e suspense na estrutura lírica da poesia.

Questão 11)

Leia os versos de Cruz e Sousa.

Ó meu Amor, que já morreste, Ó meu Amor, que morta estás! Lá nessa cova a que desceste Ó meu Amor, que já morreste, Ah! nunca mais florescerás? Ao teu esquálido esqueleto, Que tinha outrora de uma flor A graça e o encanto do amuleto Ao teu esquálido esqueleto Não voltará novo esplendor?

a) Identifique no poema dois aspectos que remetem ao Romantismo. b) Exemplifique, valendo-se de elementos textuais, por que, em certa medida, os poetas simbolistas, como Cruz e Souza, se

aproximam dos parnasianos. Questão 12)

No estudo de um poema, o reconhecimento dos recursos utilizados pelo poeta constituem um importante fator para a compreensão das idéias. Leia os versos abaixo e, a seguir, assinale a alternativa correta, quanto ao uso da linguagem.

Grinaldas e véus brancos, véus de neve, Véus e grinaldas purificadores, Vão as Flores carnais, as alvas Flores Do Sentimento delicado e leve.

(SOUSA, Cruz e. Obra poética. Rio de Janeiro: Aguilar, 1961.)

a) A estrofe acima, quanto ao aspecto formal, apresenta os recursos utilizados pelo poeta para obter ritmo e musicalidade: os versos são redondilhas maiores, a sonoridade é expressiva e o ritmo é musical, elementos indicadores da pureza de sentimentos nobres.

b) A estrofe acima apresenta em seus versos o emprego de substantivos (brancos, purificadores, carnais, alvas, delicado) que revelam subjetivismo, angústia e paixão pelo ser amado.

c) A estrofe é marcada, desde o início, por uma descrição metonímica (a parte pelo todo) por meio das palavras grinaldas, véus, flores, Sentimento, que conduzem à metáfora Flores carnais (a mulher), referindo-se à beleza da natureza concreta, física, como o único refúgio do eu-lírico.

d) Os versos são marcados pelo uso de maiúsculas (Flores; Sentimento), cujo efeito poético pretendido é materializar essa flor e situá-la em um jardim esplendoroso e, com isso, enfatizar a obsessão do eu-lírico pela beleza e pelo amor.

e) Os versos são marcados pelo uso de substantivos e adjetivos expressivos: grinaldas e véus brancos, véus de neve; purificadores; alvas Flores; delicado e leve, além do uso de maiúsculas (Flores; Sentimento) e aliterações (uso constante do “v” e do “s”) como recursos poéticos cujo efeito é sugerir a brancura, a leveza e a delicadeza do sentimento amoroso.

Questão 13)

Vozes da morte

Agora, sim! Vamos morrer, reunidos, Tamarindo de minha desventura, Tu, com o envelhecimento da nervura, Eu, com o envelhecimento dos tecidos! Ah! Esta noite é a noite dos Vencidos! E a podridão, meu velho! E essa futura Ultrafatalidade de ossatura, A que nos acharemos reduzidos!

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Não morrerão, porém, tuas sementes! E assim, para o Futuro, em diferentes Florestas, vales, selvas, glebas, trilhos, Na multiplicidade dos teus ramos, Pelo muito que em vida nos amamos, Depois da morte, ainda teremos filhos!

ANJOS, Augusto dos. Vozes da morte. Eu e outros poemas. São Paulo: Martin Claret, 2002. p. 63-64. (Coleção A obra-prima de cada autor)

Identifique com V as afirmativas que têm comprovação no texto e com F, as que não têm. ( ) A percepção da existência é mediada pela sensação de impotência do sujeito lírico. ( ) A crença na imortalidade espiritual do homem é reafirmada ao longo do poema. ( ) A concepção de vida revelada pelo eu poético é assentada no determinismo. ( ) O humano e o inumano estão ligados pelo mesmo destino.

A alternativa que contém a seqüência correta, de cima para baixo, é a: a) FVVF b) VFVV c) VFFV d) FVVV e) VVVF

Questão 14)

Embora dispensasse, como o parnasiano, uma atenção especial ao cuidado com a linguagem, o poeta simbolista imprimiu ao seu texto marcas que diferenciaram esses movimentos.

Busca palavras límpidas e castas, novas e raras, de clarões ruidosos, dentre as ondas mais pródigas, mais vastas dos sentimentos mais maravilhosos.

.....................................................................

Enche de estranhas vibrações sonoras a tua Estrofe, majestosamente... Põe nela todo o incêndio das auroras Para torná-la emocional e ardente.

Derrama luz e cânticos e poemas no verso, e torna-o musical e doce, como se o coração nessas supremas Estrofes, puro e diluído fosse. ......................................................... Da leitura do texto, trecho de um poema de Cruz e Sousa, principal nome da poesia simbolista brasileira, infere-se que o autor NÃO propõe ao poeta buscar a palavra ou a expressão: a) exata, capaz de com a maior nitidez descrever um objeto. b) evocadora de sensações e emoções indefiníveis. c) portadora de uma musicalidade que imprima ritmo e doçura ao verso. d) sinestésica, conforme exemplifica empregando clarões ruidosos. e) capaz de fundir, num só ato perceptivo, duas ou mais sensações.

Questão 15)

Psicologia de um vencido

Eu, filho do carbono e do amoníaco, Monstro de escuridão e rutilância, Sofro, desde a epigênese da infância, A influência má dos signos do zodíaco. Profundissimamente hipocondríaco, Este ambiente me causa repugnância... Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia Que se escapa da boca de um cardíaco. Já o verme – este operário das ruínas – Que o sangue podre das carnificinas Come, e à vida em geral declara guerra,

Anda a espreitar meus olhos para roê-los,

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E há de deixar-me apenas os cabelos, Na frialdade inorgânica da terra!

(ANJOS, Augusto dos. Eu e outras poesias. 42. ed. Rio de Janeiro : Civilização Brasileira, 1998.)

Considere estas afirmações sobre o poema anterior. I. O soneto retrata o ciclo da vida, permeado de dor, de sofrimento e da presença constante e ameaçadora da morte inevitável. II. O poeta inaugura a temática do Parnasianismo, apresentando imagens repulsivas, inspiradas na morte e na decomposição da

matéria. III. O amoníaco representa uma metáfora de alma, pois, segundo o poeta, o homem é composto de corpo (carbono) e alma

(amoníaco). No fim da vida, o corpo (orgânico) apodrece, enquanto a alma (inorgânica) mantém-se viva na terra.

Está(ão) correta(s): a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas III. d) Apenas I e III. e) Apenas II e III.

Questão 16)

O Simbolismo brasileiro ocorreu, sobretudo, na última década do século XIX. A respeito dessa estética literária, assinale a alternativa correta. a) O Simbolismo é antipositivista, antideterminista e anticientificista. De fato, os poetas simbolistas se opunham ao objetivismo

cientificista dos realistas/naturalistas. b) O Simbolismo brasileiro constituiu um retorno deliberado ao Romantismo, valorizando o sentimento nacionalista e as idéias

abolicionistas. c) Apesar de o Simbolismo brasileiro contar com a participação de vários escritores, Olavo Bilac e Cruz e Sousa foram os dois

maiores representantes dessa estética. d) Verifica-se na estética simbolista o culto à forma poética clássica e perfeita, a qual representaria, em última instância, um

símbolo da perfeição universal. e) A sinestesia foi o recurso estilístico mais usado pelos simbolistas, que dela se valiam para expressar racionalmente a realidade.

Questão 17)

Leia a seguinte estrofe, do poema simbolista, Violões que Choram, de Cruz e Sousa, e depois responda ao que se pede. Vozes veladas, veludosas vozes, Volúpias dos violões, vozes veladas, Vagam nos velhos vórtices velozes Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.

Com base nessa estrofe, pode-se afirmar que: I. privilegia o estrato semântico, no encalço de um significado difuso, impreciso, de onde não se tem certeza de quase nada. II. sendo o Simbolismo caracterizado por uma poesia que confere ao significado a suprema importância que sempre lhe é devida,

tem–se que as repetições dos fonemas iniciais nos vocábulos dessa estrofe apontam para o caráter volátil dos substantivos e adjetivos.

III. nessa estrofe o poeta privilegia o estrato fônico e, buscando aproximar-se da sonoridade dos “Violões que Choram”, deixa o estrato semântico, i.e., os significados, em segundo plano.

IV. trata-se de uma poesia metafísica e espiritualista e o excesso de “VV” e “SS” remetem ao som e à imagem do vento, desde há muito associado ao ar e ao espírito, como comprova a etimologia “inspiritus”, que originou tanto “espírito” quanto “inspirar”.

V. o poeta não privilegia o estrato semântico, preocupando-se mais em criar, mediante a exploração da sonoridade das palavras, a imagem dos violões que choram, sendo estes metonímia para os tocadores de violão.

Estão corretas somente: a) I, II e V. b) II, IV e V. c) II, III e IV. d) III e V. e) I e IV.

Questão 18)

Leia o poema de Cruz e Sousa.

Acrobata da dor

Gargalha, ri, num riso de tormenta, Como um palhaço, que desengonçado, Nervoso, ri, num riso absurdo, inflado De uma ironia e de uma dor violenta.

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Da gargalhada atroz, sanguinolenta, Agita os guizos, e convulsionado Salta, “gavroche”, salta, “clown”, varado Pelo estertor dessa agonia lenta...

Pedem-te bis e um bis não se despreza! Vamos! retesa os músculos, retesa Nessas macabras piruetas d’aço...

E embora caias sobre o chão, fremente, Afogado em teu sangue estuoso e quente, Ri! Coração, tristíssimo palhaço.

SOUSA, Cruz e. Broquéis, Faróis e Últimos sonetos. 2ª. ed. reform., São Paulo: Ediouro, 2002. p. 39-40. (Coleção super prestígio). Vocabulário: gavroche: garoto de rua que brinca, faz estripulias clown: palhaço estertor: respiração rouca típica dos doentes terminais estuoso: que ferve, que jorra

Uma característica simbolista do poema acima é a: a) linguagem denotativa na composição poética. b) biografia do poeta aplicada à ótica analítica. c) perspectiva fatalista da condição amorosa. d) exploração de recursos musicais e figurativos. e) presença de estrangeirismos e de barbarismos.

Questão 19)

Leia os poemas de Cora Coralina e de Cruz e Sousa.

Todas as vidas

[...] Vive dentro de mim a lavadeira do Rio Vermelho. Seu cheiro gostoso d’água e sabão.

[...] Vive dentro de mim a mulher do povo. Bem proletária.

[...] Vive dentro de mim a mulher da vida. Minha irmãzinha...

[...] Todas as vidas dentro de mim. Na minha vida – a vida mera das obscuras.

CORALINA, Cora. Melhores poemas., Seleção de Darcy França Denófrio. São Paulo: Global, 2004. p. 253-255. (Coleção melhores poemas).

Afra

Ressurges dos mistérios da luxúria, Afra, tentada pelos verdes pomos, Entre os silfos magnéticos e os gnomos Maravilhosos da paixão purpúrea.

Carne explosiva em pólvoras e fúria De desejos pagãos, por entre assomos Da virgindade ─ casquinantes momos Rindo da carne já votada à incúria.

Votada cedo ao lânguido abandono, Aos mórbidos delíquios como ao sono, Do gozo haurindo os venenosos sucos.

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Sonho-te a deusa das lascivas pompas, A proclamar, impávida, por trompas Amores mais estéreis que os eunucos!

SOUSA, Cruz e. Broquéis, Faróis e Últimos sonetos. 2ª. ed. reform., São Paulo: Ediouro, 2002. p. 24-25. (Coleção super prestígio).

Vocabulário: silfos: espíritos elementares do ar assomos: ímpeto, impulso casquinantes: relativo à gargalhada, risada de escárnio momos: ator que representa comédia incúria: falta de cuidado delíquios: desfalecimento, desmaio haurindo: extraindo, colhendo, consumindo

Nos poemas apresentados, os autores tematizam a mulher com perspectivas diferenciadas no que diz respeito, respectivamente, à: a) preocupação com a cor local e à fuga da realidade em situações espirituais. b) perspectiva referencial dada ao tema e ao enquadramento conceptista das imagens. c) ênfase no misticismo africano e à descrição fantástica do corpo da mulher. d) musicalidade recorrente para a composição dos perfis e ao entrelaçamento de poesia e prosa. e) valorização de condições sociais marginalizadas e à construção erotizada da figura feminina.

Questão 20)

Sobre o Simbolismo brasileiro, pode-se afirmar que: a) a exemplo do que ocorria com o Parnasianismo, foi responsável pela afirmação de uma poesia de caráter social. b) ao recorrer com insistência aos processos descritivos, produziu uma poesia marcada pela plasticidade das imagens. c) lançou mão dos processos indiretos e da livre associação de idéias para expressar os sentimentos íntimos em sua essência. d) distanciou-se do Romantismo ao assumir uma visão materialista do mundo. e) assim como as correntes literárias que o antecederam, foi responsável pela produção de uma poesia de caráter essencialmente

localista. Questão 21)

Leia os fragmentos do poema “Violões que choram...”, de Cruz e Sousa.

[..] Vozes veladas, veludosas vozes, Volúpias dos violões, vozes veladas, Vagam nos velhos vórtices velozes Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas. [...] Velhinhas quedas e velhinhos quedos, Cegas, cegos, velhinhas e velhinhos, Sepulcros vivos de senis segredos, Eternamente a caminhar sozinhos; [...]

SOUSA, Cruz e. Broquéis, Faróis e Últimos sonetos. 2ª. ed. reformulada. São Paulo: Ediouro, 2002. p. 78 e 81.

(Coleção Super Prestígio).

Com base na leitura desses fragmentos, explicite a figura de linguagem predominante nas estrofes e explique sua função na estética simbolista.

Questão 22)

Augusto dos Anjos é um poeta único em nossa literatura. Sua obra é a soma de todas as tendências da segunda metade do século XIX e do início do século XX. Considerando as características abaixo, quais são as que se referem a esse poeta? I. Linguagem científico-filosófica. II. Pessimismo em face dos problemas e distúrbios pessoais. III. Presença constante da morte. IV. Poesia formalmente trabalhada.

a) apenas I e II b) apenas I e III c) apenas II e IV d) apenas I, III e IV e) I, II, III e IV

Questão 23)

Considere os versos que seguem.

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Chorai, arcadas Do violoncelo! Convulsionadas Pontes aladas De pesadelo ... Trêmulos astros... Solidões lacustres... – Lemes e mastros... E os alabastros Dos balaústres!

(Camilo Pessanha) Indique a alternativa correta. a) Valoriza recursos estilísticos como o ritmo e a sonoridade, características da poesia simbolista. b) Retoma da poesia palaciana a redondilha maior, os versos brancos e a estrutura paralelística. c) Apresenta nítida influência da poesia Modernista, por causa da presença de versos curtos e da temática onírica. d) Reforça a idéia do sofrimento amoroso, de nítida influência romântica. e) Verificam-se características típicas do estilo neoclássico com a presença de linguagem rebuscada.

Questão 24)

Leia atentamente o poema de Alphonsus de Guimaraens:

Como se moço e não bem velho eu fosse

Como se moço e não bem velho eu fosse Uma nova ilusão veio animar-me: Na minh’alma floriu um novo carme, O meu ser para o céu alcandorou-se.

Ouvi gritos em mim como um alarme. E o meu olhar, outrora suave e doce, Nas ânsias de escalar o azul, tornou-se Todo em raios que vinham desolar-me.

Vi-me no cimo eterno da montanha, Tentando unir ao peito a luz dos círios Que brilhavam na paz da noite estranha.

Acordei do áureo sonho em sobressalto: Do céu tombei ao caos dos meus martírios, Sem saber para que subi tão alto...

GUIMARAENS, Alphonsus de. Melhores poemas de Alphonsus de Guimaraens. 4.ed. São Paulo:

Global, 2001, p.118. Sobre o poema é correto afirmar: a) O eu lírico manifesta um rejuvenescimento diante das promessas existentes na vida comum. b) A temática revela a perda da ilusão e o sentimento de amargura trazidos pela velhice. c) Os versos reconhecidamente simbolistas traduzem, no entanto, uma visão de mundo objetiva. d) É uma composição de forma fixa, tipo de poema predominante na antologia Melhores poemas de Alphonsus de Guimaraens.

Questão 25)

Assinale a afirmativa cujo enunciado expressa uma característica da poesia de Augusto dos Anjos: a) Volta-se para a religiosidade, como forma de expressar a perplexidade do homem face ao desconhecido. b) Utiliza muitos termos científicos, apesar de tais termos serem incompatíveis com o gênero lírico. c) Descreve paisagens brasileiras de modo absolutamente frio, de acordo com a teoria parnasiana. d) Estando no pré-Modernismo, já utiliza com freqüência o verso livre, o qual, alguns anos depois, seria a tônica da prática

poética. e) A figura da Virgem Maria confunde-se freqüentemente com a da mulher amada.

Questão 26)

Leia o poema abaixo, de Augusto dos Anjos:

Psicologia de um vencido

Eu, filho do carbono e do amoníaco, Monstro de escuridão e rutilância, Sofro, desde a epigênesis da infância, A influência má dos signos do zodíaco. Profundissimamente hipocondríaco, Este ambiente me causa repugnância...

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Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia Que se escapa da boca de um cardíaco. Já o verme – este operário das ruínas – Que o sangue podre das carnificinas Come, e à vida em geral declara guerra, Anda a espreitar meus olhos para roê-los, E há de deixar-me apenas os cabelos, Na frialdade inorgânica da terra!

É CORRETO afirmar que o poema: a) reúne algumas características típicas da poesia do fim do século XIX, marcada por uma linguagem referencial muito elaborada. b) é marcado por uma linguagem cientificista, embora desenvolva, ao mesmo tempo, uma reflexão a respeito dos sentimentos

mais profundos do ser humano. c) sintetiza as principais características da poesia parnasiana: o culto do belo e o rigor da forma. d) possui traços de uma psicologia doentia, profundamente amargurada, incapaz de reconhecer o lado bom da vida. e) é um exemplo de uma poesia pobre em sentimentos e experiências humanas, o que se explica graças a sua linguagem científica

e filosófica. Questão 27)

Leia com atenção os fragmentos abaixo, retirados de poemas de Augusto dos Anjos. I. A pirâmide real do meu orgulho,

Hoje que apenas sou matéria e entulho Tenho consciência de que nada sou!

(“Vozes de um túmulo”)

II. Às alegrias juntam-se tristezas, E o carpinteiro que fabrica mesas Faz também os caixões do cemitério!...

(“Contrastes”)

III. Alegria tristonha Do que pelo mundo vai! Se um sonha e se ergue, outro cai; Se um cai, outro se ergue e sonha.

(“Barcarola”)

IV. Transpõe a vida do seu corpo inerme; E quando esse homem se transforma em verme É essa mágoa que o acompanha ainda!

(“Eterna mágoa”)

V. Se a alguém causa inda pena a tua chaga, Apedreja essa mão vil que te afaga, Escarra nessa boca que te beija!

(“Versos íntimos”)

Assinale os fragmentos que expressam tanto a idéia de um universo biológico e orgânico quanto a de um universo íntimo e pensativo do eu lírico: a) II e V. b) III e IV. c) I e IV. d) III e V. e) I e V.

Questão 28)

O tema da “transformação” é constante na obra poética de Augusto dos Anjos, fazendo uma ligação entre o mundo físico e orgânico e o mundo íntimo dos sentimentos líricos. Das passagens abaixo, assinale aquela que NÃO confirma esta afirmativa: a) Morri! E a Terra – a mãe comum – o brilho

Destes meus olhos apagou!... Assim Tântalo, aos reais convivas, num festim, Serviu as carnes do seu próprio filho.

(“Vozes de um túmulo”)

b) Falas de amor, e eu ouço tudo e calo! O amor da humanidade é uma mentira. É. E é por isto que na minha lira

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De amores fúteis poucas vezes falo. (“Idealismo”)

c) Creio, que perante a evolução imensa, Que o homem universal de amanhã vença O homem particular que eu ontem fui!

(“Último credo”)

d) Subi talvez às máximas alturas, Mas, se hoje volto assim, com a alma às escuras, É necessário que inda eu suba mais! (“Solilóquio de um visionário”)

e) Agora, sim! Vamos morrer, reunidos, Tamarindo de minha desventura, Tu, com o envelhecimento da nervura, Eu, com o envelhecimento dos tecidos! (“Vozes da morte”)

Questão 29)

Assinale a alternativa correta: a) O Realismo-Naturalismo, no Brasil, promoveu a valorização objetiva do passado, afastando- se da vida contemporânea. b) O Parnasianismo foi, no Brasil, um movimento poético comprometido com a reflexão a respeito dos problemas sociais do País. c) O Romantismo brasileiro, diferentemente do europeu, não investiu na valorização do passado nacional. d) O Modernismo brasileiro, por suas vinculações com as vanguardas européias do início do século XX, afastou−se das questões

nacionais. e) O Simbolismo caracterizou- se pela valorização da poesia que surge do espírito irracional, não-conceitual da linguagem,

oposto a toda interpretação lógica. Questão 30)

Com relação aos conhecidos versos de Augusto dos Anjos (do poema Cismas do destino), transcritos abaixo, assinale o único item que NÃO corresponde a um homônimo perfeito de outra classe gramatical. “Ah! Com certeza, Deus me castigava! Por toda a parte, como um réu confesso, Havia um juiz que lia o meu processo E uma forca especial que me esperava!”

a) “como” b) “parte” c) “processo” d) “forca” e) “confesso”

Questão 31)

ÚLTIMOS VERSOS Na tristeza do céu, na tristeza do mar, eu vi a lua cintilar. Como seguia tranqüilamente por entre nuvens divinais! Seguia tranqüilamente como se fora a minh’Alma, silente, calma, cheia de ais. A abóboda celeste, que se reveste de astros tão belos, era um país repleto de castelos. E a alva lua, formosa castelã, seguia envolta num sudário alvíssimo de lã, como se fosse a mais que pura Virgem Maria... Lua serena, tão suave e doce, do meu eterno cismar, anda dentro de ti a mágoa imensa do meu olhar!

GUIMARAENS, Alphonsus de. Melhores poemas. Seleção de Alphonsus de Guimaraens Filho. São Paulo: Global, 2001, p. 161.

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Entre as características poéticas de Alphonsus de Guimaraens, predomina no poema acima: a) o diálogo com amada. b) o poema-profanação. c) as imagens de morte. d) o poema-oração.

Questão 32)

Leia a estrofe a seguir e assinale a alternativa correta. Eu fui cadáver, antes de viver!... - Meu corpo, assim como o de Jesus Cristo, Sofreu o que olhos de homem não têm visto E olhos de fera não puderam ver! (Dolências, Augusto dos Anjos) a) A comparação dos sofrimentos de Cristo com os do eu-lírico são comuns na poesia de Augusto dos Anjos. Trata-se da figura de

linguagem conhecida como hipérbole, baseada no exagero, por meio da qual o poeta constrói suas imagens mais marcantes, como as do famoso poema "Versos íntimos".

b) A estrofe é atípica de Augusto dos Anjos: nela, não encontramos nenhuma das características mais importantes de sua poesia, como a linguagem científica ou a recordação da agonia e da morte do pai. Apesar disso, o “tom” geral e a sonoridade dos versos remetem à poesia deAugusto dos Anjos.

c) A referência a "cadáver", no verso 1, e o pessimismo evidenciado na estrofe são características da poesia de Augusto dos Anjos, poeta da segunda geração simbolista brasileira. Tal pessimismo tem raízes filosóficas na obra de Nietzsche, que exerceu grande influência sobre o poeta.

d) A retomada da palavra "olhos", na estrofe, carrega uma gradação decrescente (olhos de homem > olhos de fera) que pode ser lida como irônica: os olhos de homem não compreenderam Cristo, sendo, portanto, piores que os olhos de fera, que sequer tiveram a oportunidade de conhecer o Messias e compartilhar sua dor.

e) Na poesia de Augusto dos Anjos, predomina a forma de soneto. Na estrofe em questão, temos decassílabos com rimas ABBA, sendo AA pobre e BB rica. A morbidez, ali indicada pelo vocábulo "cadáver", é bastante recorrente nos textos do poeta.

Questão 33)

Leia com atenção o poema abaixo, de Augusto dos Anjos:

Idealismo Falas de amor, e eu ouço tudo e calo! O amor na Humanidade é uma mentira. É. E é por isto que na minha lira De amores fúteis poucas vezes falo. O amor! Quando virei por fim a amá-lo?! Quando, se o amor que a Humanidade inspira É o amor do sibarita* e da hetaíra**, (* quem ama os prazeres da vida, o sexo); (** sofisticadas prostitutas da Grécia) De Messalina e de Sardanapalo*?! (rei que se matou e mandou matar suas amantes, seus cavalos, cães e pajens para que não

caíssem nas mãos dos inimigos) Pois é mister que, para o amor sagrado, O mundo fique imaterializado – Alavanca desviada do seu fulcro – E haja só amizade verdadeira Duma caveira para outra caveira, Do meu sepulcro para o teu sepulcro?!

Com base na leitura, assinale a afirmativa CORRETA: a) Ao recorrer ao tema amoroso, o poema apresenta uma forte influência do romantismo. b) O uso do soneto tradicional, do tema neoclássico e de palavras raras denota uma influência do parnasianismo. c) O poema traz marcas definitivas da poética modernista, como o uso de palavras coloquiais e o uso da liberdade formal. d) O realismo cru do poema revela a filiação do seu autor à escola literária realista. e) O poema é marcado por um tom mesclado, oferecendo oportunidade para que o poeta revele sua independência em relação a

“escolas de época”. Questão 34) Leia com atenção o poema abaixo, de Augusto dos Anjos:

Psicologia de um vencido Eu, filho do carbono e do amoníaco, Monstro de escuridão e rutilância, Sofro, desde a epigênesis da infância,

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A influência má dos signos do zodíaco. Profundissimamente hipocondríaco, Este ambiente me causa repugnância... Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia Que escapa da boca de um cardíaco. Já o verme – este operário das ruínas – Que o sangue podre das carnificinas Come, e à vida em geral declara guerra, Anda a espreitar meus olhos para roê-los, E há de deixar-me apenas os cabelos Na frialdade inorgânica da terra!

Assinale a alternativa que apresenta uma característica NÃO encontrada no poema acima: a) Uso de termos científicos. b) Sentimento de melancolia. c) Entusiasmo pela vida e pela morte. d) Tendência reflexiva. e) Pessimismo e ceticismo diante da vida.

Questão 35)

Morte e _________ são temas presentes tanto na poesia de _________ quanto na de _________, considerados as duas principais matrizes do _________ no Brasil, movimento do final do século XIX, de inspiração francesa. As lacunas podem ser correta e respectivamente preenchidas por: a) mitologia – Cruz e Souza – Eduardo Guimaraens – Parnasianismo b) melancolia – Alphonsus de Guimaraens – Raimundo Correa – Simbolismo c) religiosidade – Cruz e Souza – Alphonsus de Guimaraens – Simbolismo d) amor – Olavo Bilac – Raimundo Correa – Parnasianismo e) natureza – Cruz e Souza – Eduardo Guimaraens – Simbolismo

Questão 36)

Leia o poema abaixo de Augusto dos Anjos, e responda às questões propostas:

Vozes da morte Agora, sim! Vamos morrer, reunidos, Tamarindo de minha desventura, Tu, com o envelhecimento da nervura, Eu, com o envelhecimento dos tecidos! Ah! Esta noite é a noite dos Vencidos! E a podridão, meu velho! E essa futura Ultrafatalidade de ossatura, A que nos acharemos reduzidos! Não morrerão, porém, tuas sementes! E assim, para o Futuro, em diferentes Florestas, vales, selvas, glebas, trilhos, Na multiplicidade dos teus ramos, Pelo muito que em vida nos amamos, Depois da morte, inda teremos filhos! a) Cite duas características da obra de Augusto dos Anjos presentes no poema:

b) Faça um comentário sobre cada uma dessas características.

Questão 37)

TEXTO

Versos a um coveiro Augusto dos Anjos

Numerar sepulturas e carneiros, Reduzir carnes podres a algarismos, Tal é, sem complicados silogismos,

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A aritmética hedionda dos coveiros!

Um, dois, três, quatro, cinco... Esoterismos Da Morte! E eu vejo, em fúlgidos letreiros, Na progressão dos números inteiros A gênese de todos os abismos!

Oh! Pitágoras da última aritmética, Continua a contar na paz ascética Dos tábidos* carneiros sepulcrais (*podres)

Tíbias, cérebros, crânios, rádios e úmeros, Porque, infinita como os próprios números, A tua conta não acaba mais!

a) Os versos de Augusto dos Anjos já foram considerados “exatos como fórmulas matemáticas”. Justifique essa afirmativa,

destacando aspectos formais do Texto. b) Transcreva de “Versos a um coveiro” palavras e expressões científicas, estabelecendo um contraste entre o poema de

Augusto dos Anjos e a tradição romântica, no que se refere à abordagem da temática da morte. Questão 38)

"Minha imaginação atormentada Paria absurdos... Como diabos juntos, Perseguiam-me os olhos dos defuntos Com a carne da esclerótica* esverdeada. (* membrana branca do olho)

(...) Eu queria correr, ir para o inferno, Para que, da psiquê no oculto jogo, Morressem sufocadas pelo fogo Todas as impressões do mundo externo!

Mas a Terra negava-me o equilíbrio... Na Natureza, uma mulher de luto Cantava, espiando as árvores sem fruto, A canção prostituta do ludíbrio*!" (*zombaria)

(Augusto dos Anjos, "As cismas do destino")

Leia atentamente as estrofes acima e aponte nelas duas características da poesia de Augusto dos Anjos. Não basta nomear as características: é preciso mostrar onde, no poema, elas se encontram, ou seja, é necessário exemplificá-las com elementos do texto.

Questão 39)

Leia o poema abaixo:

SUICIDAS DE AMOR - “Sou o cálice de lis* onde murmura o vento! (*lírio, flor) Sou a pétala de rosa entre as águas do rio!” E fitando-me o olhar de arcanjo sonolento, Ela chegou-se a mim, toda a tremer de frio.

- “És infeliz, bem sei!” e um sorriso agoirento, Relâmpago final dalgum poente sombrio, Me veio à flor do rosto. O luar surgia, lento, Lançando sobre a terra o olhar em desvario*. (*loucura)

- “Que podes tu temer?” E ela, a Ofélia doente, Mais se chegou a mim, como uma penitente: - “Temo o teu desamor! temo o teu abandono!”

- “Nada temas... Sou teu!” E gelados e mortos, Seguimos para o mar que nunca teve portos, E embrenhamo-nos, fiéis, nos caos do eterno sono...

GUIMARÃES, Alphonsus de. Melhores poemas. São Paulo: Global, 2001. p. 126.

O soneto é híbrido em relação ao gênero literário. a) Que elemento do texto retoma essa comunhão com o gênero dramático? b) Que sentimento resulta do jogo dramático em relação ao destino futuro?

Questão 40)

Como escola literária, o Simbolismo: ( ) apresenta-se como uma estética oposta à poesia objetiva, plástica e descritiva, praticada pelo Parnasianismo, e como uma

recusa aos valores burgueses.

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( ) define-se pelo antiintelectualismo e mergulha no irracional, descobrindo um mundo estranho de associações, de idéias e sensações.

( ) propõe uma poesia pura, hermética e misteriosa, que usa imagens, e não conceitos. ( ) foi um movimento de grande receptividade e repercussão junto ao público brasileiro. ( ) revolucionou a poesia da época, com o uso de versos livres e de uma temática materialista.

Questão 41)

A abstração e a solenidade dos versos simbolistas estão representadas em: a) Enfunando os papos

Saem da penumbra, Aos pulos, os sapos, A luz os deslumbra.

b) Na vila da Usina

é que fui descobrir a gente que as canas expulsaram das ribanceiras e vazantes

c) O fácil o fóssil

o míssil o físsil a arte o infarte. O ocre o canopo A urna o farniente

d) Ondas interiores de grandeza

dão-lhe esta glória em frente à Natureza, esse esplendor, todo esse largo eflúvio.

e) A rede entre duas mangueiras

balançava no mundo profundo. dia era quente, sem vento.

Questão 42)

Assinale como VERDADEIRAS as afirmações corretas e como FALSAS as que não o são. ( )Ah! plangentes violões dormentes, mornos,

Soluços ao luar, choros ao vento... Tristes perfis, os mais vagos contornos, Bocas murmurejantes de lamento.

O autor da estrofe acima cria uma atmosfera poética que caracteriza o Simbolismo, explorando habilmente os efeitos da aliteração.

( ) A descrição minuciosa, pedantemente minuciosa, da terra, do homem e da luta situa (......), de pleno direito, no nível da cultura científica e histórica (......) fez geografia humana e sociologia como um espírito atilado poderia fazê-lo no começo do século, em nosso meio intelectual. (Alfredo Bosi) Para completar corretamente o excerto, as lacunas devem ser preenchidas, respectivamente, por O cortiço e Aluísio Azevedo.

( )D. Casmurro, apesar de ser um romance narrado na 1a pessoa, tem um narrador onisciente, que domina toda a narrativa, conhecendo a alma das personagens e determinando-lhes a conduta.

( ) Um mundo que se alimenta do entrechoque de raças, do conflito de temperamentos pessoais no tumulto instintivo de paixões que beiram o comportamento de animais – essa é a concepção naturalista de que Aluísio Azevedo se utiliza na urdidura de O cortiço.

( ) Esta de áureos relevos trabalhada de divas mãos, brilhante copa, um dia, já de aos deuses servir como cansada, vinda do Olimpo, a um novo deus servia.

Os versos acima acentuam a musicalidade e a religiosidade características da poesia simbolista. Questão 43)

"Leve é o pássaro; e a sua sombra voante, mais leve ........................................... E o desejo rápido desse antigo instante, mais leve. E a figura invisível

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do amargo passante, mais leve."

(Cecília Meireles)

"Mais claro e fino do que as finas pratas O som da sua voz deliciava.. Na dolência velada das sonatas Como um perfume a tudo perfumava."

(Cruz e Souza)

Qual a semelhança ou o ponto de convergência entre a poesia neo-simbolista de Cecília Meireles e a de Cruz e Souza? a) A objetividade e o materialismo marcantes no estilo parnasiano. b) A realidade focalizada de maneira vaga, em versos que exploram a sonoridade das palavras. c) A preocupação formal e a presença de rimas ricas. d) O erotismo e o bucolismo como tema recorrente. e) A impassibilidade dos elementos da natureza e a presença da própria poesia como musa.

Questão 44)

Leia o fragmento a seguir do poema "Evocações" de Alphonsus de Guimaraens:

"Na primavera que era a derradeira, Mãos estendidas a pedir esmola Da estrada fui postar-me à beira. Brilhava o sol e o arco-íris era a estola Maravilhosamente no ar suspensa"

Como se sabe, Alphonsus de Guimaraens é tido como um dos mais importantes representantes do Simbolismo no Brasil. No fragmento acima, pode-se destacar a seguinte característica da escola à qual pertence: a) bucolismo, que se caracteriza pela participação ativa da natureza nas ações narradas. b) intensa movimentação e alta tensão dramática. c) concretismo e realismo nas descrições. d) foco no instante, na cena particular e na impressão que causa. e) tom poético melancólico, apresentando a natureza como cúmplice na tristeza.

Questão 45) Chorai, arcadas Do violoncelo! Convulsionadas Pontes aladas De pesadelo ... Trêmulos astros... Soidões lacustres... - Lemes e mastros... E os alabastros Dos balaústres!

Camilo Pessanha Assinale a alternativa correta sobre o texto. a) Destaca a expressão egocêntrica do sofrimento amoroso, de nítida influência romântica. b) Recupera da lírica trovadoresca a redondilha maior, a estrutura paralelística e os versos brancos. c) A influência do Futurismo italiano é comprovada pela presença de frases nominais curtas e temática onírica. d) A linguagem grandiloqüente, as metáforas cósmicas e o pessimismo exacerbado comprovam o estilo condoreiro. e) A valorização de recursos estilísticos relacionados ao ritmo e à sonoridade é índice do estilo simbolista.

Questão 46)

Considere as estrofes abaixo.

Texto I E horas sem conta passo mudo, A olhar atento, A trabalhar, longe de tudo O pensamento.

Texto II Do sonho as mais azuis diafaneidades que fuljam, que na Estrofe se levantem, e as emoções, todas as castidades

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da Alma do Verso, pelos versos cantem. Assinale como VERDADEIRAS as afirmações que estão corretas e como FALSAS as que não o são. ( ) A afirmação de que os poetas parnasianos cultivavam a "arte pela arte" (texto I) significa que eles se deixavam levar

inteiramente pela emoção subjetiva e individualista, inerente à criação estética. ( ) A estética simbolista (texto II) apresenta certos traços estilísticos: uso de substantivos abstratos adjetivados, musicalidade,

paisagens indefinidas. ( ) A criação de uma atmosfera de sonho, distante da realidade, permite afirmar que ambas as estrofes são exemplos da estética

simbolista. ( ) Ambas as estrofes exemplificam a estética parnasiana, pela preocupação formal dos poetas, que apresentam um texto contido e

objetivo, meramente descritivo. ( ) longe de tudo (texto I)

A afirmativa sintetiza o ideal de um poeta parnasiano: o distanciamento emotivo da realidade, para simplesmente mostrá-la, em versos perfeitos.

Questão 47)

Leia atentamente o poema “Arte”, de Cruz e Souza: Busca palavras límpidas e castas, Novas e raras, de clarões radiosos, Dentre as ondas mais pródigas, mais vastas Dos sentimentos mais maravilhosos. Busca também palavras velhas, busca, Limpa-as, dá-lhes o brilho necessário E então verás que cada qual corusca Com dobrado fulgor extraordinário. [...] Assim terás um culto pela Forma, Culto que prende os belos gregos da Arte E levarás no teu ginete, a norma Dessa transformação, por toda a parte. Enche de estranhas vibrações sonoras A tua Estrofe, majestosamente... Põe nela todo o incêndio das auroras Para torná-la emocional e ardente.

(SOUZA, Cruz e. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1995. p. 387.)

Assinale a alternativa que NÃO traduz uma leitura possível do poema acima: a) O poema revela ressonância parnasiana, na referência ao “culto pela Forma”, como ideal estético da Antigüidade. b) Nas expressões “incêndio das auroras” e “emocional e ardente”, evidencia-se a ruptura do Simbolismo com o Romantismo. c) Os versos propõem uma fusão/síntese da poética romântica − do sentimento − com a poética clássica − do trabalho formal. d) Os versos metalingüísticos, referindo-se ao trabalho poético, atribuem ao poeta a missão de revitalizar as palavras da língua. e) Ao referir-se às “estranhas vibrações sonoras”, ao enfatizar valores musicais e sinestesias, o poeta revela a sua tendência

simbolista. Questão 48)

Leia os seguintes versos:

Mais claro e fino do que as finas pratas O som da tua voz deliciava... Na dolência velada das sonatas Como um perfume a tudo perfumava. Era um som feito luz, eram volatas Em lânguida espiral que iluminava, Brancas sonoridades de cascatas... Tanta harmonia melancolizava.

(SOUZA, Cruz e. "Cristais", in "Obras completas." Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1995, p. 86.)

Assinale a alternativa que reúne as características simbolistas presentes no texto: a) Sinestesia, aliteração, sugestão. b) Clareza, perfeição formal, objetividade. c) Aliteração, objetividade, ritmo constante.

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d) Perfeição formal, clareza, sinestesia. e) Perfeição formal, objetividade, sinestesia.

Questão 49) Sobre as estéticas literárias brasileiras são feitas três afirmativas.

I. O Realismo brasileiro privilegiou os narradores em terceira pessoa, porque deles adviria uma visão idealmente isenta de

ideologias. II. O Romantismo brasileiro foi marcado pela idealização nos caracteres das personagens, dispondo-os maniqueistamente entre o

Bem e o Mal. III. O Simbolismo brasileiro remete aos tons de mistério, de musicalidade e de sensações difusas e indefinidas.

Quais afirmativas estão corretas? a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas III. d) Apenas I e III. e) I, II e III.

Questão 50)

As questões a seguir se baseiam no soneto "Solar Encantado", do poema parnasiano Vítor Silva (1865-1922), num fragmento de uma reportagem da revista "Casa Cláudia" (abril/1999) e na letra do samba "Saudosa Maloca", de Adoniran Barbosa (1910-1982).

Solar Encantado Só, dominando no alto a alpestre serrania, Entre alcantis, e ao pé de um rio majestoso, Dorme quedo na névoa o solar misterioso, Encerrado no horror de uma lenda sombria. Ouve-se à noite, em torno, um clamor lamentoso, Piam aves de agouro, estruge a ventania, E brilhando no chão por sobre a seiva fria, Correm chamas sutis de um fulgor nebuloso. Dentro um luxo funéreo. O silêncio por tudo... Apenas, alta noite, uma sombra de leve Agita-se a tremer nas trevas de veludo... Ouve-se, acaso, então, vaguíssimo suspiro, E na sala, espalhando um clarão cor de neve, Resvala como um sopro o vulto de um vampiro.

SILVA, Vítor. ln: RAMOS, P.E. da Silva. "Poesia parnasiana - antologia. São Paulo: Melhoramentos, 1967, p. 245.

Tendo em mente que Vítor Silva foi poeta parnasiano quando o Simbolismo ou Decadentismo já começava a ser exercitado em nosso país, e por isso recebeu algumas influências do novo movimento, leia o poema "Solar Encantado" e, em seguida, a) mencione duas características tipicamente parnasianas do poema; b) identifique elementos do poema que denunciam certa influência simbolista.

Questão 51)

"Broquéis", obra de Cruz e Sousa que inaugura histórica e esteticamente o Simbolismo no Brasil (1893), é marcante pela exploração das virtualidades da palavra. Um de seus poemas é "Sinfonias do Ocaso":

Musselinosas como brumas diurnas Descem do ocaso as sombras harmoniosas, Sombras veladas e musselinosas Para as profundas solidões noturnas. Sacrários virgens, sacrossantas urnas, Os céus resplendem de sidéreas rosas, Da Lua e das Estrelas majestosas Iluminando a escuridão das furnas. Ah! por estes sinfônicos ocasos A terra exala aromas de áureos vasos. Incensos de turíbulos divinos. Os plenilúnios mórbidos vaporam... E como que no Azul plangem e choram Cítaras, harpas, bandolins, violinos...

Neste poema, estão presentes aspectos recorrentes na estética simbolista, como:

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01. intuição, musicalidade e espiritualidade. 02. tentativa de superação no transcendental e no místico, e culto da imprecisão. 04. sondagem da realidade oculta das coisas, sugestão e harmonia. 08. emprego de palavras raras e expressivas, e exploração da musicalidade das palavras. 16. valorização do gosto burguês, nacionalismo e impressionismo na linguagem.

Questão 52)

Busca de palavras límpidas e castas, Novas e raras de clarões ruidosos, Dentre as ondas mais pródigas mais vastas Dos sentimentos mais maravilhosos.

(Cruz e Sousa)

Assinale a afirmativa IMPROCEDENTE com relação ao texto. a) Refere-se ao fazer poético. b) Expressa sentimentos mais profundos c) Apresenta elementos sensoriais relativos a som e cor. d) Apresenta musicalidade marcada pelos esquemas rítmico e rímico. e) Há equilíbrio na utilização de metáforas.

Questão 53)

Considere as afirmativas abaixo, relativas ao Simbolismo:

I. No plano temático, o Simbolismo foi marcado pelo mistério e pela inquietação mística com problemas transcendentais do homem. No plano formal, caracterizou-se pela musicalidade e certa quebra no ritmo do verso, precursora do verso livre do modernismo.

II. O Simbolismo, surgido contemporaneamente ao materialismo cientificista, enquanto atitude de espírito, passou ao largo dos maiores problemas da vida nacional. Já a literatura realista-naturalista acompanhou fielmente os modos de pensar das gerações que fizeram e viveram a Primeira República.

III. O Simbolismo, com Cruz e Souza e Alphonsus de Guimaraens, nossos maiores poetas do período, legou-nos uma produção poética que se caracterizou pela busca da “arte pela arte”, isto é, uma preocupação com o verso artesanal, friamente moldado. Devido a essa tendência à objetividade na composição, o movimento também se denominou “decadentista”.

Assinale a alternativa CORRETA: a) I é falsa; II e III, verdadeiras. b) I e II são verdadeiras; III, falsa. c) I é verdadeira; II e III, falsas. d) I, II e III são verdadeiras. e) I e III são falsas; II, verdadeira.

Questão 54)

(...) Vozes veladas, veludosas vozes, Volúpias dos violões, vozes veladas, Vagam nos velhos vórtices velozes Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas. (...)

Este quarteto retirado do poema Violões que choram..., de Cruz e Sousa, permite que se identifiquem algumas características da estética literária a que pertencem. Então é correto afirmar que: a) o Simbolismo Brasileiro foi marcado por um intenso trabalho com a musicalidade expressa especialmente pela assonância e pela

aliteração. b) a poesia simbolista, no Brasil, deixou-se impregnar pela busca de temas ligados à identidade nacional. c) Cruz e Sousa foi poeta diretamente vinculado a preocupações cientificistas da existência humana. d) no Brasil, o simbolismo serviu de respaldo para uma poesia de extração social, em especial no que tange às classes mais

humildes. e) um dos grandes argumentos da poesia simbolista de Cruz e Sousa foi o resgate de uma cultura popular de origem ibérica.

Questão 55)

Considere as alternativas abaixo, relativas ao Simbolismo:

I. No plano temático, o Simbolismo foi marcado pelo mistério e pela inquietação mística com problemas transcendentais do homem. No plano formal, caracterizou-se pela musicalidade e certa quebra no ritmo do verso, precursora do verso livre do modernismo.

II. O Simbolismo, surgido contemporaneamente ao materialismo cientificista, enquanto atitude de espírito, passou ao largo dos maiores problemas da vida nacional. Já a literatura realista-naturalista acompanhou fielmente os modos de pensar das gerações que fizeram e viveram a Primeira República.

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III. O Simbolismo, com Cruz e Sousa e Alphonsus de Guimaraens, nossos maiores poetas do período, legou-nos uma produção poética que se caracterizou pela busca da "arte em arte", isto é, uma preocupação com o verso artesanal, friamente moldado. Devido a essa tendência à objetividade na composição, o movimento também se denominou "decadentista".

Assinale a alternativa CORRETA: a) I é falsa; II e III verdadeiras. b) I, II e III são verdadeiras. c) I é verdadeira; II e III, falsas. d) I e II são verdadeiras: III é falsa. e) I e III são falsas; II, verdadeira.

Questão 56)

Leia o poema "Siderações", de Cruz e Souza.

Para as estrelas de cristais gelados As ânsias e os desejos vão subindo, Galgando azuis e siderais noivados, De nuvens brancas a amplidão vestindo... Num cortejo de cânticos alados Os arcanjos, as cítaras ferindo, Passam, das vestes nos troféus prateados, As asas de ouro finamente abrindo... Dos etéreos turíbulos de neve Claro incenso aromal, límpido e leve, Ondas nevoentas de visões levanta... E as ânsias e desejos infinitos Vão com os arcanjos formulando ritos Da eternidade que nos astros canta...

A respeito do poema, é correto afirmar que: a) o poeta idealiza seus desejos, projetando-os para uma instância inatingível. b) o poema emprega descrições nítidas que garantem uma compreensão exata dos versos. c) o poeta expõe a sua avaliação sobre a realidade objetiva, utilizando imagens da natureza em linguagem precisa e direta. d) o poema, em forma de epigrama, traduz uma visão materialista do amor e da sensualidade. e) se trata da descrição de fantasias e alucinações apresentadas nos moldes de ficção científica.

Questão 57)

Numere a segunda coluna de acordo com a primeira.

I. Barroco II. Arcadismo III. Romantismo IV. Parnasianismo V. Simbolismo ( ) "Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada

Cobrai-a e não queirais, Pastor Divino, Perder na Vossa ovelha a Vossa glória"

(Gregório de Matos) ( ) "Mulher do meu amor! Quando aos meus beijos

Treme tua alma, como a lira ao vento, Das teclas de teu seio que harmonias, Que exalas de suspiros, bebo atento!"

(Castro Alves) ( ) "Brandas ribeiras, quanto estou contente

De ver-vos outra vez, se isto é verdade! Quanto me alegra ouvir a suavidade, Com que Fílis entoa a voz candente!"

(Cláudio Manuel da Costa) ( ) Era o poeta de Teos que a suspendia

Então, e, ora repleta ora esvasada, A taça amiga aos dedos seus tinia, Toda de roxas pétalas colmada."

(Alberto de Oliveira)

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Assinale a seqüência correta. a) I, III, II, IV b) I, II, III, V c) II, III, IV, V d) IV, I, V, III e) IV, I, II, III

Questão 58)

"O Assinalado"

Tu és o louco da imortal loucura, O louco da loucura mais suprema. A Terra é sempre a tua negra algema, Prende-te nela a extrema Desventura.

Mas essa mesma algema de amargura, Mas essa mesma Desventura extrema Faz que tu'alma suplicando gema E rebente em estrelas de ternura.

Tu és o Poeta, o grande Assinalado Que povoas o mundo despovoado, De belezas eternas, pouco a pouco ...

Na Natureza prodigiosa e rica Toda a audácia dos nervos justifica Os teus espasmos imortais de louco!

O poema acima encontra-se na obra "Últimos sonetos", de Cruz e Sousa, poeta cujo centenário de morte se comemora em 1998. Leia as afirmativas seguintes acerca do poema e assinale a opção CORRETA.

I. Ocorre hipérbole no verso 4; anáfora, nos versos 5 e 6; antítese, no verso 9; sinestesia, nos versos13-14. II. O poeta é considerado um ser diferente cuja alma, mesmo algemada à Terra, rebenta "em estrelas de ternura". III. O uso da letra maiúscula em substantivos comuns singulariza-os e empresta-lhes uma dimensão simbólica.

a) Apenas a afirmativa I está correta. b) Apenas a afirmativa II está correta. c) Apenas a afirmativa III está correta. d) Apenas as afirmativas I e II estão corretas. e) Apenas as afirmativas II e III estão corretas.

Questão 59)

A E I O U

Manhã de primavera. Quem não pensa Em doce amor, e quem não amará? Começa a vida. A luz do céu é imensa… A adolescência é toda sonhos. A. O luar erra nas almas. Continua O mesmo sonho de oiro, a mesma fé. Olhos que vemos sob a luz da lua… A mocidade é toda lírios. E. Descambo o sol nas púrpuras do ocaso. As rosas morrem. Como é triste aqui! O fado incerto, os vendavais do acaso… Marulha o pranto pelas faces. I. A noite tomba. O outono chega. As flores Penderam murchas. Tudo, tudo é pó. Não mais beijos de amor, não mais amores… Ó sons de sinos a finados! O. Abre-se a cova. Lutulenta e lenta, A morte vem. Consoladora és tu! Sudários rotos na mansão poeirenta… Crânios e tíbias de defunto. U.

in: GUIMARAENS, Alphonsus de. Obra Completa.Rio de Janeiro: Aguilar, 1960, p. 506.

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No poema A E I O U, as vogais que encerram cada uma das cinco estrofes são utilizadas não apenas para efeito de rima, mas para assumir valores simbólicos em relação às fases da vida do homem descritas em cada estrofe. Releia o poema e, a seguir, aponte: a) O valor simbólico que A e U apresentam, respectivamente, na primeira e na última estrofes. b) Uma característica da poética do Simbolismo que explique esse efeito buscado e obtido pelo poeta.

Questão 60)

Leia com atenção as, duas estrofes a seguir e compare-as quanto ao conteúdo e à forma. I "Mas que na forma se disfarce o emprego Do esforço; e a trama viva se construa De tal modo que a ninguém fique nua Rica mas sóbria, como um templo grego." II "Do Sonho as mais azuis diafaneidades que fuljam, que na Estrofe se levantem e as emoções, todas as castidades Da alma do Verso, pelos versos cantem."

Comparando as duas estrofes, conclui-se que: a) I é parnasiana e II, simbolista. b) I é simbolista e II, romântica. c) I é árcade e II, parnasiana. d) I e II são parnasianas. e) I e II são simbolistas.

Questão 61)

ACROBATA DA DOR

Gargalha, ri, num riso de tormenta, Como um palhaço, que desengonçado, Nervoso, ri, num riso absurdo, inflado, De uma ironia e de uma dor violenta.

Da gargalhada atroz, sanguinolenta, Agita os guizos, e convulsionado Salta gavroche, salta clown, varado Pelo estertor dessa agonia lenta... Pedem-se bis e um bis não se despreza! Vamos! retesa os músculos, retesa Nessas macabras piruetas d'aço...

E embora caias sobre o chão, fremente, Afogado em teu sangue estuoso e quente Ri! Coração, tristíssimo palhaço.

Cruz e Sousa ____________ gavroche: garoto: clown: palhaço

Considere as seguintes afirmações em relação ao poema de Cruz e Sousa.

I. Trata-se de poema simbolista que não expressa nitidamente as emoções representadas, o que é incompatível com a forma do

soneto. II. Os poetas do Simbolismo, incapazes de captarem as sensações e os sentimentos humanos em sua real dimensão, apelavam para

imagens obscuras. III. O poema mistura em tom veemente imagens contraditórias de riso e dor, utilizando em diferentes metáforas a imagem do

palhaço.

Quais estão correta? a) Apenas I b) Apenas II c) Apenas III d) Apenas II e III e) I, II e III

Questão 62)

Leia o fragmento do poema "Antífona", de Cruz e Sousa, e responda:

"Ó Formas , brancas, Formas claras De luares, de neves, de neblinas!...

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Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas... Incensos dos turíbulos das aras...

Formas do Amor, constelarmente puras, De Virgens e de Santas vaporosas... Brilhos errantes, mádidas frescuras E dolências de lírios e de rosas...

Indefiníveis músicas supremas, Harmonias da Cor e do Perfume. Horas do Ocaso, trêmulas, extremas, Réquiem do Sol que a Dor da Luz resume..."

No poema de Cruz e Sousa, ocorre o predomínio das seguintes características: a) invocações, simultaneidade de traços, dinamicidade, ausência de seqüência temporal e descritor observador. b) explicações, seqüência de traços, estaticidade, seqüência temporal e narrador personagem. c) explicações, seqüência de traços, dinamicidade, ausência de conflito narrativo e ausência de narrador. d) invocações, concomitância de traços, estaticidade, ausência de conflito narrativo e ausência de narrador. e) invocações, concomitância de traços, estaticidade, seqüência temporal e descritor observador.

Esse trecho do poema, que abre o livro BROQUÉIS, é considerado uma espécie de profissão de fé simbolista. Reflita sobre as afirmações a seguir.

I. O fragmento revela a preocupação do eu lírico pelas formas caracterizadas pela cor branca, pelas cintilações, pela vaguidade,

pelo diáfano o pelo transparente. II. O fragmento apresenta uma construção apoiada na justaposição de frases nominais, com o intuito de descrever os objetos com

clareza. III. O fragmento mostra alguns procedimentos estilísticos do Simbolismo, como, por exemplo, a musicalidade das palavras, o uso de

reticências, o emprego de letras maiúsculas e a identificação do referente.

Conforme se verifica, está correto o que se afirma: a) apenas em I e II b) apenas em I e III c) apenas em II e III d) apenas em I e) em I, II e III

TEXTO: 1 - Comum às questões: 63, 64, 65

Em Defesa da Língua

Lede, que é tempo, os clássicos honrados; Herdai seus bens, herdai essas conquistas, Que em reinos dos romanos e dos gregos Com indefesso estudo conseguiram. Vereis então que garbo, que facúndia Orna o verso gentil, quanto sem eles É delambido e peco o pobre verso. ....................................................... Abra-se a antiga, veneranda fonte Dos genuínos clássicos e soltem-se As correntes da antiga, sã linguagem. Rompam-se as minas gregas e latinas (Não cesso de o dizer, porque é urgente); Cavemos a facúndia, que abasteça Nossa prosa eloqüente e culto verso. Sacudamos das falas, dos escritos Toda a frase estrangeira e frandulagem Dessa tinha, que comichona afeia O gesto airoso do idioma luso. Quero dar, que em francês hajam formosas Expressões, curtas frases elegantes; Mas índoles dif’rentes têm as línguas; Nem toda a frase em toda a língua ajusta. Ponde um belo nariz, alvo de neve, Numa formosa cara trigueirinha (Trigueiras há, que às louras se avantajam): O nariz alvo, no moreno rosto,

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Tanto não é beleza, que é defeito. Nunca nariz francês na lusa cara, Que é filha da latina, e só latinas Feições lhe quadram. São feições parentas.

In: ELÍSIO, Filinto. Poesias. Lisboa: Livraria Sá da Costa-Editora, 1941, p. 44 e 51.

O Estilo

O estilo é o sol da escrita. Dá-lhe eterna palpitação, eterna vida. Cada palavra é como que um tecido do organismo do período. No estilo há todas as gradações da luz, toda a escala dos sons.

O escritor é psicólogo, é miniaturista, é pintor — gradua a luz, tonaliza, esbate e esfuminha os longes da paisagem. O princípio fundamental da Arte vem da Natureza, porque um artista faz-se da Natureza. Toda a força e toda a profundidade do estilo está em saber apertar a frase no pulso, domá-la, não a deixar disparar pelos

meandros da escrita. O vocábulo pode ser música ou pode ser trovão, conforme o caso. A palavra tem a sua anatomia; e é preciso uma rara

percepção estética, uma nitidez visual, olfativa, palatal e acústica, apuradíssima, para a exatidão da cor, da forma e para a sensação do som e do sabor da palavra.

In: CRUZ E SOUSA. Obra completa. Outras evocações. Rio de Janeiro: Aguilar, 1961, p. 677-8.

Técnicas

A técnica artística, incluindo a literatura, se constitui, de começo, de um conjunto de normas objetivas, extraídas da longa experiência, do trato milenário com os materiais mais diversos. Depois que se integra na consciência e no instinto, na inteligência e nos nervos do artista, sofre profunda transfiguração. O artista “assimilou-a” totalmente, o que significa que a transformou, a essa técnica, em si mesmo. Quase se poderia dizer que substituiu essa técnica por outra que, tendo nascido embora da primeira, é a técnica personalíssima, seu instrumento de comunicação e de transfiguração da matéria. Só aí adquiriu seu gesto criador a autonomia necessária, a força imperativa com que ele se assenhoreia do mistério da beleza para transfundi-lo em formas no mármore, na linha, no colorido, na linguagem.

A técnica de cada artista fica sendo, desta maneira, não um “processo”, um elemento exterior, mas a substância mesma de sua originalidade. Inútil lembrar que tal personalíssima técnica se gera do encontro da luta do artista com o material que trabalha.

In: SILVEIRA, Tasso da. Diálogo com as raízes(jornal de fim de caminhada). Salvador: EdiçõesGRD-INL, 1971, p. 23. Questão 63)

Os três fragmentos dados, embora escritos por três poetas de períodos diferentes e abordando temas distintos, revelam bastante afinidade. Com base nesta observação, releia-os e, a seguir, a) indique uma identidade entre os três textos, no que diz respeito à temática abordada; b) sintetize o principal conselho dado por Filinto Elísio, em consonância com a poética do Neoclassicismo, para que um poeta

consiga escrever bem. Questão 64)

Ao abordar o estilo em literatura, Cruz e Sousa acaba conceituando-o com base em alguns pressupostos da própria poética do Simbolismo. Com base nesta observação: a) aponte um fundamento do movimento simbolista presente na argumentação do poeta; b) interprete, em função do contexto, o que quer dizer o poeta com a frase: “O escritor é psicólogo, é miniaturista, é pintor —

gradua a luz, tonaliza, esbate e esfuminha os longes da paisagem.” TEXTO: 2 - Comum às questões: 65, 66

Ficávamos sonhando horas inteiras, Com os olhos cheios de visões piedosas: Éramos duas virginais palmeiras, Abrindo ao céu as palmas silenciosas. As nossas almas, brancas, forasteiras, No éter sublime alavam-se radiosas. Ao redor de nós dois, quantas roseiras... O áureo poente coroava-nos de rosas. Era um arpejo de harpa todo o espaço: Mirava-a longamente, traço a traço, No seu fulgor de arcanjo proibido. Surgia a lua, além, toda de cera... Ai como suave então me parecera A voz do amor que eu nunca tinha ouvido!

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Alphonsus de Guimaraens Questão 65)

O texto exemplifica o seguinte princípio estético: a) Sempre haverá uma poesia popular sem arte, e poetas populares sem apuro gramatical e métrico, versejando com o falar da gente

rústica. b) ... jamais se deve arriscar o emprego de qualquer locução ambígua; sigo, como de costume, na esteira de Quintiliano (...) c) Movimento de oposição à ordem estabelecida do Iluminismo, reúne um grupo de escritores para o qual o “gênio” se torna a

palavra de ordem capaz de possibilitar a rejeição à disciplina e à tradição importada. d) A busca de vagas sensações, dos estados indefinidos de alma, fazendo que a poesia se aproxime da música, tem como intuito

“traduzir” um mundo de essências, um mais além, ora conhecido como o Ideal, ora como o Mistério, intraduzível por si mesmo. e) Porém declaro desde já que não olhei regras nem princípios, que não consultei Horácio nem Aristóteles, mas fui insensivelmente

depós o coração e os sentimentos da Natureza, que não pelos cálculos da arte e operações combinadas do espírito. Questão 66)

Assinale a alternativa correta. a) Os versos 3 e 4 expressam, por meio de metáforas, a desistência da busca de alturas. b) No último verso, uma vírgula depois de amor mantém o sentido inalterado. c) Na segunda estrofe, nomes e verbos representam um mundo carnal. d) No verso 8, há a sugestão do tempo da cena por meio do sujeito sintático. e) Os versos 9 e 12 apresentam sujeito anteposto ao verbo.

TEXTO: 3 - Comum à questão: 67

Epígrafe* Murmúrio de água na clepsidra** gotejante, Lentas gotas de som no relógio da torre, Fio de areia na ampulheta vigilante, Leve sombra azulando a pedra do quadrante*** Assim se escoa a hora, assim se vive e morre... Homem, que fazes tu? Para que tanta lida, Tão doidas ambições, tanto ódio e tanta ameaça? Procuremos somente a Beleza, que a vida É um punhado infantil de areia ressequida, Um som de água ou de bronze e uma sombra que passa... (Eugênio de Castro. "Antologia pessoal da poesia portuguesa") (*) Epígrafe: inscrição colocada no ponto mais alto; tema. (**) Clepsidra: relógio de água. (***) Pedra do quadrante: parte superior de um relógio de sol.

Questão 67)

Neste poema, o que leva o poeta a questionar determinadas ações humanas (versos 6 e 7) é a: a) infantilidade do ser humano. b) destruição da natureza. c) exaltação da violência. d) inutilidade do trabalho. e) brevidade da vida.

TEXTO: 4 - Comum à questão: 68

As questões a seguir tomam por base um texto do poeta simbolista brasileiro Alphonsus de Guimaraens (1870-1921).

ERAS A SOMBRA DO POENTE Eras a sombra do poente Em calmarias bem calmas; E no ermo agreste, silente, Palmeira cheia de palmas. Eras a canção de outrora, Por entre nuvens de prece; Palidez que ao longe cora E beijo que aos lábios desce.

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Eras a harmonia esparsa Em violas e violoncelos: E como um vôo de garça Em solitários castelos. Eras tudo, tudo quanto De suave esperança existe; Manto dos pobres e manto Com que as chagas me cobriste. Eras o Cordeiro, a Pomba, A crença que o amor renova... És agora a cruz que tomba À beira da tua cova.

(Pastoral aos Crentes do Amor e da Morte, 1923.in: GUIMARAENS, Alphonsus de. POESIAS - I. Rio de Janeiro: Org. Simões, 1955, p. 284.

Questão 68)

A reiteração é um procedimento que, aplicado a diferentes níveis do discurso, permite ao poeta obter efeitos de musicalidade e ênfase semântica. Para tanto, o escritor pode reiterar fonemas (aliterações, assonâncias, rimas), vocábulos, versos, estrofes, ou, pelo processo denominado "paralelismo", retomar mesmas estruturas sintáticas de frases, repetindo alguns elementos e fazendo variar outros. Tendo em vista estas observações, a) identifique no poema de Alphonsus um desses procedimentos. b) servindo-se de uma passagem do texto, demonstre o processo de reiteração que você identificou no item a.

TEXTO: 6 - Comum à questão: 69

TEXTO V

Hino à dor (Augusto dos Anjos)

Dor, saúde dos seres que se fanam, Riqueza da alma, psíquico tesouro, Alegria das glândulas do choro De onde todas as lágrimas emanam... És suprema! Os meus átomos se ufanam De pertencer-te, oh! Dor, ancoradouro Dos desgraçados, sol do cérebro, ouro De que as próprias desgraças se engalanam!

Sou teu amante! Ardo em teu corpo abstrato. Com os corpúsculos mágicos do tato Prendo a orquestra de chamas que executas... E, assim, sem convulsão que me alvoroce, Minha maior ventura é estar de posse De tuas claridades absolutas!

Questão 69)

Quanto aos termos técnico-científicos usados no poema de Augusto dos Anjos, pode-se afirmar que: a) apontam uma visão cientificista da vida e sugerem que a própria poesia – tendo em vista a dolorosa existência humana – pode

ser reduzida a um fenômeno biológico; b) emprestam ao poema uma perspectiva naturalista que exclui o homem de qualquer dimensão cósmica; c) embora sejam tradicionalmente prosaicos, no poema ajudam a exprimir uma totalidade – física, química, biológica – em que a

dor se confunde com a existência humana; d) demonstram entusiasmo com a explicação cientificista da existência, daí resultando um otimismo que acaba por converter a

poesia numa espécie de “ufanismo” eloqüente; e) sugerem a falência da linguagem científica como explicação única da existência humana.

TEXTO: 7 - Comum às questões: 70, 71, 72

O ASSINALADO

Tu és o louco da imortal loucura, o louco da loucura mais suprema. A terra é sempre a tua negra algema, prende-te nela a extrema Desventura.

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Mas essa mesma algema de amargura, mas essa mesma Desventura extrema faz que tu’alma suplicando gema e rebente em estrelas de ternura. Tu és Poeta, o grande Assinalado que povoas o mundo despovoado, de belezas eternas, pouco a pouco. Na Natureza prodigiosa e rica toda a audácia dos nervos justifica os teus espasmos imortais de louco!

(SOUSA, Cruz e. Poesia completa. Florianópolis: Fundação Catarinense de Cultura, 1981. p. 135)

Questão 70)

O título do Texto – O ASSINALADO – remete a uma concepção de poeta que se associa, a um só tempo, às correntes estéticas do Simbolismo e do Romantismo. Apresente essa concepção.

Questão 71)

Apresente, o significado de loucura depreendido a partir da leitura do texto. Questão 72)

Para a análise e a interpretação de um texto, é fundamental a compreensão das informações transmitidas no nível das sentenças. A fim de demonstrar essa compreensão, reescreva os seguintes versos do texto, substituindo exclusivamente as formas pronominais por estruturas com sintagmas nominais que explicitem os referentes: “A terra é sempre a tua negra algema / prende-te nela a extrema Desventura”.

TEXTO: 8 - Comum à questão: 73

Leia o poema a seguir.

LITANIA DOS POBRES

Os miseráveis, os rotos são as flores dos esgotos.

São espectros implacáveis os rotos, os miseráveis.

São prantos negros de furnas caladas, mudas, soturnas.

São os grandes visionários dos abismos tumultuários.

As sombras das sombras mortas, cegos, a tatear nas portas.

Procurando o céu, aflitos e varando o céu de gritos.

Faróis à noite apagados por ventos desesperados.

Inúteis, cansados braços pedindo amor aos Espaços.

Mãos inquietas, estendidas ao vão deserto das vidas.

Figuras que o Santo Ofício condena a feroz suplício.

Arcas soltas ao nevoento dilúvio do Esquecimento.

Perdidas na correnteza das culpas da Natureza. (...)

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(CRUZ E SOUSA, Os melhores poemas de Cruz e Sousa, p.89) Questão 73)

Analise as afirmações sobre o poema “Litania dos pobres”, de Cruz e Sousa e, em seguida, assinale as verdadeiras (V) e as falsas (F).

( ) O poema é composto por dísticos rimados que lhe conferem musicalidade – característica comum do Simbolismo. ( ) A temática central gira em torno da denúncia social, muito comum entre os simbolistas que se preocupavam demasiadamente

com as questões sociais. ( ) Ele possui alto poder sugestivo, trazendo, através de adjetivos, qualificadores para definir os miseráveis. ( ) Apresenta várias características típicas do Simbolismo como a subjetividade, o universalismo e a racionalidade.

A sequência correta é:

a) F, V, V, F. b) V, F, V, F. c) F, F, F, V. d) V, F, F, V. e) V, V, V, F.

TEXTO: 9 - Comum à questão: 74

Ser mulher... Ser mulher, vir à luz trazendo a alma talhada para os gozos da vida; a liberdade e o amor; tentar da glória a etérea e altívola escalada, na eterna aspiração de um sonho superior...

Ser mulher, desejar outra alma pura e alada para poder, com ela, o infinito transpor; sentir a vida triste, insípida, isolada, buscar um companheiro e encontrar um senhor...

Ser mulher, calcular todo o infinito curto para a larga expansão do desejado surto, no ascenso espiritual aos perfeitos ideais...

Ser mulher, e, oh! atroz, tantálica tristeza! ficar na vida qual uma águia inerte, presa nos pesados grilhões dos preceitos sociais!

(MACHADO, Gilka. Poesias completas. Rio de Janeiro: Léo Christiano Editorial: FUNARJ, 1991. p.106)

Questão 74)

No Novo dicionário Aurélio da Língua Portuguesa (1986: 1647), encontramos a seguinte informação sobre “tantálico”: “Relativo a, ou próprio de tântalo, figura lendária, cujo suplício, por haver roubado os manjares dos deuses para dá-los a conhecer aos homens, era estar perto de água, que se afastava quando tentava bebêla e sob árvores que encolhiam os ramos quando lhes tentava colher os frutos.”

Considerando a informação acima somada ao conhecimento sobre a tradição simbolista da qual essa poesia faz parte, demonstre, a partir de elementos textuais, que ser mulher no texto se relaciona à ideia de “tantálica tristeza”.

TEXTO: 10 - Comum às questões: 75 e 76

Considere o soneto Acrobata da dor, do poeta simbolista brasileiro Cruz e Sousa (1861-1898):

Acrobata da Dor Gargalha, ri, num riso de tormenta, como um palhaço, que desengonçado, nervoso, ri, num riso absurdo, inflado de uma ironia e de uma dor violenta. Da gargalhada atroz, sanguinolenta, agita os guizos, e convulsionado Salta, gavroche, salta clown, varado pelo estertor dessa agonia lenta...

Page 30: 71929156 Lista de Exercicios

Pedem-te bis e um bis não se despreza! Vamos! retesa os músculos, retesa, nessas macabras piruetas d’aço... E embora caias sobre o chão, fremente, afogado em teu sangue estuoso e quente, ri! Coração, tristíssimo palhaço.

(João da Cruz e Sousa. Obra completa. Rio de Janeiro: Editora Aguilar, 1961.) Questão 75)

O Simbolismo se caracterizou, entre outros aspectos, pela exploração dos sons da língua para estabelecer nos poemas uma musicalidade característica, por meio de diferentes processos de repetição de sons ao longo dos versos e em estrofes inteiras. Na primeira estrofe do soneto de Cruz e Sousa nota-se esse procedimento de repetição, especialmente no:

I. primeiro verso. II. segundo verso. III. terceiro verso. IV. quarto verso. a) I e II. b) I e III. c) I e IV. d) I, II e IV. e) II, III e IV.

Questão 76)

No poema, os conceitos relacionados com a alegria e o riso, característicos da imagem dos palhaços, são aproximados de conceitos como dor, tristeza, agonia, sangue. Aponte a alternativa que melhor justifica essa aproximação de conceitos contraditórios:

a) As imagens de “palhaço” e “coração” apontam a um mesmo significado, o próprio homem, apresentado como um ser cuja

imagem de alegria apenas disfarça tristezas, dores, sofrimentos. b) O “palhaço” é comparado com o “acrobata” que caiu, donde a ocorrência de imagens relacionadas com sangue e dor. c) O poema de Cruz e Sousa constitui uma alegoria da vida circense em todos os seus aspectos. d) É tradicional na literatura explorar o tema do palhaço sob os vieses da superação e da frustração. e) Os poetas simbolistas tinham uma tendência doentia a utilizar temas relacionados com dor, sangue e sofrimento.

TEXTO: 11 - Comum às questões: 77 e 78

Leia o poema de Augusto dos Anjos.

Psicologia de um Vencido Eu, filho do carbono e do amoníaco, Monstro de escuridão e rutilância, Sofro, desde a epigênesis da infância, A influência má dos signos do zodíaco.

Profundissimamente hipocondríaco, Este ambiente me causa repugnância... Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia Que se escapa da boca de um cardíaco.

Já o verme – este operário das ruínas – Que o sangue podre das carnificinas Come, e à vida em geral declara guerra,

Anda a espreitar meus olhos para roê-los, E há-de deixar-me apenas os cabelos, Na frialdade inorgânica da terra!

Questão 77)

A linguagem do poema caracteriza-se:

a) pelo didatismo e pela objetividade da expressão. b) pelo preciosismo da linguagem de inspiração parnasiana. c) pela utilização intensa da antítese e do paradoxo. d) pelo uso de termos do vocabulário científico. e) pela retomada do rebuscamento barroco.

Questão 78)

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Ao apresentar-se como “filho do carbono e do amoníaco”, o eu lírico

a) critica a visão do corpo como uma máquina biológica. b) enfatiza os aspectos físico e químico da vida. c) valoriza a particularidade da existência individual. d) demonstra arrependimento por ter se afastado da religião. e) afirma-se um vencedor para superar a angústia de se sentir vencido.

Gabarito

1)E, 2)D, 3)C, 4)C 5)B, 6)A, 7)E, 8)C, 9)C, 10)D, 11) a)O Simbolismo, movimento literário do final do século XIX, retoma e intensifica certos elementos do Romantismo, como forma de se opor à objetividade e impassibilidade parnasianas. O poema em questão, de autoria do mais renomado simbolista brasileiro, o poeta catarinense Cruz e Sousa, apresenta as seguintes características românticas: a temática da amada morta — recorrente nos textos ultra-românticos; o forte sentimentalismo — verificado nas apóstrofes exclamativas ao cadáver; a intensa subjetividade — indiciada por meio dos pronomes possessivos de primeira pessoa e pela estrutura de interlocução, a qual supõe tanto um destinatário da mensagem como também um “eu” que se manifesta de maneira expressiva. b) Apesar de o Simbolismo se opor tematicamente ao Parnasianismo, no plano da linguagem há muitas conexões entre os dois movimentos. Ambos valorizam o preciosismo verbal. No poema lido, podemos apontar o rigor formal, que se manifesta na rígida estrutura estrófica e rímica — quintilhas que seguem o esquema abaab. Além disso, poderíamos citar o uso do verso octossílabo, medida que requer pleno domínio da técnica de composição. 12)E, 13)B, 14)A, 15)A, 16)A, 17)D, 18)D, 19)E, 20)C, 21) Aliteração, cuja função é intensificar o caráter musical dos versos, criando um efeito de sugestão/vaguidão que conota o tema do poema simbolista. 22)E, 23)A, 24)D, 25)B, 26)B, 27)C, 28)B, 29)E, 30)D, 31)C, 32)E, 33)E, 34)C, 35)C, 36) a) Visão escatológica, morte e pessimismo. b) Augusto dos Anjos acredita que a cada segundo caminhamos para o fim (pessimismo/ visão escatológica), dessa forma, a morte torna-se tema constante, sempre acompanhada da ideia da decomposição da carne. 37) a) A precisão matemática pode ser observada no rigor formal que estrutura o poema: a forma clássica do soneto (14 versos, 2 quartetos, 2 tercetos); e métrica e rimas regulares (predominância de versos decassílabos; nos quartetos as rimas obedecem ao esquema abba – rimam as últimas palavras do primeiro e quarto versos e as do segundo e terceiro versos – e nos tercetos, o esquema é aab ).b) O poema faz uso de palavras e expressões do campo semântico da matemática (“algarismos”; “silogismos”; “aritmética”; “progressão dos números inteiros”; “Pitágoras”) e da biologia (“Tíbias, cérebros, crânios, rádios e úmeros”). O emprego de termos técnicos racionaliza a morte, tratada como realidade objetiva, quantificável, sem mistificação. Tal perspectiva contrasta com o sentimentalismo e subjetivismo da tradição romântica, que idealiza a morte como evento transcendental. 38) A constante referência à morte “Perseguiam-me os olhos dos defuntos”, termos científicos crueza temática “esclerótica esverdeada”. 39) a) O poema alude à obra dramática “Hamlet”, de Sheakspeare, através da referência de Ofêlia. b) O pessimismo. O soneto retoma o drama representado na peça: Hamlet quer vingar a morte de seu pai, mas acaba morrendo; Ofélia, desgostosa e meio enlouquecida, morre afogada. Dessa forma, o jogo dramático , antecipa o trágico destino final, do qual não se tem como fugir: a morte dos dois. Essa ideia vem ilustrada pelo verso “... embrenhamo-nos, fieis, no caos do eterno sono...”, 40) VVVFF, 41)D, 42) VFFVF, 43)B, 44)D, 45)E, 46) FVFFV, 47)C, 48)A, 49)E, 50) a) Características parnasianas: descritivismo minucioso (poesia-pintura); presença de rimas "ricas" ou antigramaticais ("serrania", substantivo/ "sombria", adjetivo/ "ventania", substantivo / "fria", adjetivo; "de leve", locução adverbial / "de neve", locução adjetiva); tentativa de "chave-de-ouro" para encerrar o soneto (ver o último verso).b)Elementos simbolistas: clima de mistério; imagens e sonoridade sugestivas, gosto do macabro., 51) SOMA 15, 52)E, 53)B, 54)A, 55)D, 56)A, 57)A, 58)E, 59) a) O valor simbólico representado em A é o da iniciação da vida sob o estímulo do amor, ao passo que o valor representado em U é o do final da vida humana e biológica. b) O Simbolismo não apenas explorou o princípio da expressividade musical das vogais: ele também viu nelas a sugestão visual e semântica, como ocorre em A e U, a primeira representando a vida e a segunda, a morte. A busca da expressividade dos fonemas (vogais e consoantes) é uma das características centrais da poética do Simbolismo. Tal expressividade não vem apenas da natureza das vogais. Ela só se manifesta por meio da forma engenhosa e trabalhada. 60)A, 61)C, 62)B, 63) a)Os três textos apresentados versam, cada qual à sua maneira, sobre a noção de estilo. b) O Neoclassicismo procura recuperar valores clássicos. Filinto Elísio crê no artista que se embebe em fontes latinas ou gregas, ou seja, fontes genuinamente clássicas: "Lede (...) os clássicos honrados; / herdai seus bens, herdai essas conquistas, / Que em reinos dos romanos e dos gregos / Com indefesso estudo conseguiram". 64) a) O movimento simbolista acredita que a literatura deva sugerir, não nomear; daí procurar criar atmosferas, apelar para sons, luzes e utilizar os mais diferentes recursos estilísticos, tais como metáforas, sinestesias, aliterações, assonâncias.O texto de Cruz e Sousa é todo ele um exemplo das concepções simbolistas; como exemplo, é possível citar: "No estilo há todas as gradações da luz, toda a escala dos sons."b) O escritor, como um psicólogo, deve investigar o interior, a essência do ser, a subjetividade e de forma artesanal, como um artista, deve captar as nuances de cor (luz) e de som (música) das coisas que o rodeiam. / a) O texto de Cruz e Sousa explicita duas características notórias do simbolismo: a musicalidade e o "cruzamento de sensações", a sinestesia. A exploração das propriedades sonoras da palavra, o trabalho com a harmonia musical, através do emprego intensivo de aliterações, coliterações, ecos, assonâncias é o que resulta da proposta: "O vocábulo pode ser música ou pode ser trovão, conforme o caso", dentro da concepção simbolista que se entronca na tradição verlaineana da "Ia musique avant toute chose." A exploração intensiva das sinestesias, das sensações simultâneas, harmonizadas no mesmo ato da linguagem, fica evidente na passagem: "e é preciso uma rara percepção estética, uma nitidez visual, olfativa palatal e acústica, apuradíssima, para a exatidão da cor da forma e para a sensação do som e do saber da palavra" dentro da "teoria das correspondências" que Baudelaire postulava no célebre soneto "Correspondences".Cruz e Souza alude ainda à "percepção estética", colocando-se além do sensorialismo positivista, que informou a estética realista. b)Ao relacionar ao escritor os atributos do "psicólogo", voltado para o conhecimento da alma, da "psiquê" humana, do artesão ("miniaturista") e do "pintor", Cruz e Souza postula que a arte deve ser a transfiguração, a (re)criação da natureza, na qual o escritor infunde seu estilo, concebido mais como disciplina ("saber apertar a frase no pulso, domá-la, não a deixar disparar pelos meandros da escrita") do que como impulso, o que revela o débito do poeta para com a preceptiva clássico-parnasiana, e o quanto ele se afastou da vertente mais "delirante" e neoromântica do simbolismo.Parafraseando: o poeta (à maneira dos pintores impressionistas) gradua a luz, esbate as formas e transfigura artisticamente a paisagem.Vale observar que a teoria poética de Cruz e Sousa, expressa no fragmento transcrito e ratificada em

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muitas outras de sua autoria, é uma mescla "sui generis" da teoria simbolista com a formação científica de base naturalista e com o formalismo residual dos parnasianos. "Cada palavra é como que um tecido do organismo do período" - é notória a aproximação entre linguagem e biologia: a palavra está para o período como o tecido está para o organismo. O parentesco com o parnasianismo está na reafirmação da poesia como fruto da elaboração, do esforço intelectual do "saber apertar a frase no pulso, domá-la...", negação explícita da "poesia-de-inspiração" dos românticos. 65)D, 66)D, 67)E, 68) a) O uso da anáfora. b)A anáfora gradativamente vai relevando os atributos da amada morta chegando à sublimação mística da mulher relacionando-a com o "Cordeiro" e a "Pomba"., 69)C, 70) A concepção de poeta comum às correntes estéticas do Simbolismo e do Romantismo é a de um ser iluminado, inspirado, divino, dotado da capacidade de indicar à humanidade, por intermédio da poesia, o que coumente não se percebe. 71) O significado de loucura no texto está relacionado à condição e à própria atividade do ser poeta: louco é o poeta e loucura é a poesia. 72) A terra é sempre a negra algema do poeta / a extrema Desventura prende o poeta na terra (ou na algema) ou A terra é sempre a negra algema do poeta / prende o poeta na terra (ou na algema) a extrema Desventura.73)B, 74) Ser mulher no texto relaciona-se à ideia de tantálica tristeza, tendo em vista que, assim como Tântalo, a mulher tem seu desejo frustrado, seus ideais não alcançados. No texto, verifica-se essa frustração dos desejos, em passagens como as seguintes: “buscar um companheiro e encontrar um senhor...”; “calcular todo o infinito curto / para a larga expansão do desejado surto”; “ficar na vida qual uma águia inerte, presa / nos pesados grilhões dos preceitos sociais!”. 75)B, 76)A, 77)D, 78)B Obs: Na questão 64 coloquei duas possibilidades de resposta para a e b.