72898270 Turismo Informacao e Animacao Turistica

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Júlio Rodrigues Curso Profissional de Técnico de Turismo 01-01-2008 Disciplina: TIAT Turismo – Informação e Animação Turística

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Disciplina: TIAT Turismo Informao e Animao Turstica

Disciplina: TIAT Turismo Informao e Animao Turstica

A quem se dirige esta publicao

Este documento dirigido a professores, investigadores, formadores estudantes e todos aqueles que desenvolvem o turismo cientificamente. Tambm a operadores pblicos e a agentes privados com interveno turstica no acolhimento de visitantes e queles que tm responsabilidades no desenvolvimento local (econmico, ambiental, de ordenamento do territrio, etc.). Ainda s comunidades residentes que idam directa, indirecta e induzidamente com o turista.

MDULO 1 Conceitos e Fundamentos do Turismo1. O Conceito do Turismo

1.1. Noo de Turismo

1.2. Classificaes do Turismo

1.3. Tipos de Turismo

2. Evoluo Histrica do Turismo

3. O Turismo em Portugal

4. O Turismo numa Perspectiva Sistmica

4.1. Factores Scio-Culturais e Polticos

4.2. Componentes de um Sistema Turstico

4.3. Os Recursos Tursticos

4.4. O Turista

5. Turismo e Desenvolvimento

5.1. Desenvolvimentos e Sustentabilidade

6. Indicadores da Actividade Turstica

6.1. Oferta e Procura1. O Conceito do Turismo

1.1. Noo de Turismo

Assente o conceito de turista importa precisar o que se entende por turismo que, de modo simplista, se poderia considerar como a actividade econmica decorrente dos movimentos tursticosA primeira definio de turismo foi estabelecida pelos Professores Hunziker e Krapf, em 1942, sendo posteriormente adoptada pela Association Internationale des Experts cientifiques du Tourisme (aiest).Segundo aqueles professores, o turismo o conjunto das relaes e fenmenos originados pela deslocao e permanncia de pessoas fora do seu local habitual de residncia, desde que tais deslocaes e permanncias no sejam utilizadas para o exerccio de uma actividade lucrativa principal, permanente ou temporria.

Esta definio, que integra o conceito de visitante no fazendo a separao entre turistas e excursionistas, destaca vrios elementos de interesse:

O turismo um conjunto de relaes e fenmenos;

Exige a deslocao da residncia habitual:

No pode ser utilizada para o exerccio de uma actividade lucrativa principal.

Pelo facto de evidenciar a actividade lucrativa principal pode concluir-se que devem ser includas no turismo todas as deslocaes mesmo que impliquem a obteno de um rendimento desde que este no tenha carcter de principal.

Por no ter em considerao os aspectos sociolgicos, sobretudo quando se trata de turismo nacional, esta definio considerada incompleta pelos socilogos. Do ponto de vista destes, o turista , antes de tudo, o homem que se desloca para satisfazer a sua curiosidade, o desejo de conhecer, para se cultivar e evadir, para repousar ou se divertir num meio diferente do que lhe habitual.

So estes aspectos recreativos, educativos e culturais que levam a considerar o turismo no apenas como um fenmeno econmico mas, antes de tudo, como um fenmeno social no evidenciado na definio de Hunziker e Krapf.

Em 1991, a Organizao Mundial de Turismo apresentou uma nova definio entendendo que: o turismo compreende as actividades desenvolvidas por pessoas ao longo de viagens e estadas em locais situados fora do seu enquadramento habitual por um perodo consecutivo que no ultrapasse um ano, para fins recreativos, de negcios e outros.

A expresso enquadramento habitual, em substituio da residncia habitual, foi introduzida para excluir do conceito de visitante as pessoas que todos os dias se deslocam entre a sua casa e o local de trabalho ou de estudo bem como as deslocaes efectuadas no seio da comunidade local com carcter rotineiro.Na sua explicitao, a omt considera que o conceito reveste duas dimenses: a primeira a frequncia na medida em que os locais frequentemente visitados por uma pessoa fazem parte do seu enquadramento habitual: a segunda dimenso a distncia, na medida em que os locais prximos da residncia fazem tambm parte do enquadramento habitual mesmo se forem raramente visitados. Deste modo, o enquadramento habitual uma certa zona em redor do local de residncia bem como os locais visitados com uma certa frequncia.Embora adoptada pela Comisso de Estatstica da onu, esta definio peca por impreciso e por privilegiar o lado da procura. E imprecisa porque, ao introduzir o elemento enquadramento habitual, tal como foi definido, elimina do conceito do turismo as deslocaes efectuadas, com fins indiscutivelmente tursticos, no espao geogrfico que compreende aquele enquadramento e, privilegia o lado da procura, porque apenas inclui no turismo as actividades desenvolvidas pelos turistas com esquecimento de todo o complexo de actividades produtoras de bens e servios criadas para servir directa e indirectamente os turistas e cuja existncia permanece, mesmo quando as deslocaes e estadas no se efectuam.Mais completa e correcta nos parece a definio de Mathieson e Wall que consideram que o turismo o movimento temporrio de pessoas para destinos fora dos seus locais normais de trabalho e de residncia, as actividades desenvolvidas durante a sua permanncia nesses destinos e as facilidades criadas para satisfazer as suas necessidades.

Esta definio enfatiza a complexidade da actividade turstica e deixa perceber, implicitamente, as relaes que ela envolve.

O Prof. Bernecker, considerando que no turismo se estabelecem dois grupos de contactos, a saber, o grupo de relaes materiais, que consiste no recurso a servios e bens de consumo por parte dos visitantes que para isso fazem uma despesa, e o grupo das relaes imateriais, que consiste no contacto com o local visitado, a sua populao, a sua cultura, as suas instituies, etc., apresentou a seguinte definio simplificada: o turismo a soma das relaes e dos servios que resultam de uma alterao de residncia, temporria e voluntria, no motivada por razes de negcios ou profissionais.

No entanto, tal como se encontra formulada, esta definio exclui as deslocaes provocadas plos negcios, misses de carcter econmico ou congressos.

Ora, a cada vez maior internacionalizao das actividades econmicas bem como as, tambm, cada vez maiores deslocaes no interior de cada pas motivadas por razes profissionais, esbatem as diferenas entre os movimentos tursticos e no tursticos a que acresce a impossibilidade prtica de separar uns dos outros.

Da que, do ponto de vista econmico, consideremos que o turismo abrange todas as deslocaes de pessoas, quaisquer que sejam as suas motivaes, que obriguem ao pagamento de prestaes e servios durante a sua deslocao e permanncia temporria fora da sua residncia habitual superior ao rendimento que, eventualmente, aufiram nos locais visitados.

O turismo , assim, uma transferncia espacial de poder de compra originada pela deslocao de pessoas: os rendimentos obtidos nas reas de residncia so transferidos pelas pessoas que se deslocam para outros locais aonde procedem aquisio de bens ou servios.

Nesta concepo, o turista considerado como um puro consumidor cujos actos de consumo no tm relao com a obteno de um rendimento.

Exclumos as deslocaes do e para o local de trabalho exigidas pelo exerccio de uma profisso fora da residncia habitual, como resulta da prpria definio, bem como as pessoas que se deslocam, habitualmente, da sua residncia com o objectivo de adquirirem os produtos ou servios de que necessitam para seu consumo corrente (caso das compras habituais em hipermercados situados fora da localidade de residncia).

Tratando-se de uma deslocao de poder de compra compreende-se, ento, que um portugus residente em Frana, e ai exera uma profisso remunerada ou a obtenha os seus rendimentos, deva ser considerado como turista ou visitante francs quando se desloca a Portugal. Na sua deslocao operou uma transferncia de poder de compra de Frana para Portugal e Portugal, por via disso, exportou servios para Frana. o que acontece, alis, com a exportao de produtos portugueses para serem consumidos pelos emigrantes portugueses. Em ambos os casos h lugar a uma exportao diferindo apenas o local de consumo.

Podemos, ento, desde j, extrair uma concluso: todas as actividades econmicas, culturais e recreativas que, embora se possam inscrever na categoria das tursticas por prestarem o mesmo servio, sejam predominantemente destinadas utilizao dos residentes ou das pessoas que se desloquem para o local onde se situam para a exercerem uma profisso, no podem ser classificadas como tursticas.

Assim, um restaurante de Lisboa, embora seja, em tudo, idntico ao de um centro turstico, s poder ser considerado como turstico desde que seja predominantemente frequentado por visitantes. Tambm no turstico um campo de golfe reservado aos scios de um clube local ou um campo de tnis que serve um aglomerado residencial e reservado aos utentes desse aglomerado.

Trata-se de uma distino importante para a poltica turstica porque permite evidenciar as actividades predominantemente tursticas das que o no so.

1.2. Classificaes do Turismo

Estabelecidos os conceitos de turista e turismo, vrias classificaes deste se podem fazer tomando como base as suas causas e influncias e atendendo aos factores que intervm nas deslocaes de pessoas, tais como a sua origem, os meios de transporte utilizados, o grau de liberdade administrativa, a poca da deslocao, etc..

Deste modo, podem ter-se as seguintes classificaes:

a) Segundo a origem dos visitantes

Atendendo ao facto de se atravessar ou no uma fronteira o turismo subdividir-se-, de acordo com as classificaes metodolgicas adoptadas pela OMT e pelo Eurostat, em:

Turismo domstico ou interno que resulta das deslocaes dos residentes de um pas, quer tenham a nacionalidade ou no desse pas, viajando apenas dentro do prprio pas;

Turismo receptor (inbound tourism) que abrange as visitas a um pas por no residentes;

Turismo emissor (outbound tourism) que resulta das visitas de residentes de um pas a outro ou outros pases.

Estas trs formas bsicas podem ser combinadas de vrios modos, resultando dessas combinaes as seguintes categorias de turismo:

Turismo interior que abrange o turismo realizado dentro das fronteiras de um pas e compreende o turismo domstico e o receptor;

Turismo nacional que se refere aos movimentos dos residentes de um dado pas e compreende o turismo domstico e o turismo emissor;

Turismo internacional que, por abranger unicamente as deslocaes que obrigam a atravessar uma fronteira, consiste no turismo receptor adicionado do emissor.

Embora as referncias ao turismo evidenciem, normalmente, o turismo internacional e, quase sempre, seja este que vem mente quando se fala em turismo, o facto que os movimentos tursticos no interior de cada pas so, regra geral, de dimenso superior aos fluxos internacionais. Na actualidade, estima-se que estes, pouco ultrapassam as mil milhes de chegadas de estrangeiros aos pases de todo o mundo enquanto os primeiros ultrapassam as 6.000 milhes de chegadas, ou seja, 6 vezes mais. No entanto, pelos diferentes efeitos econmicos que provoca, , geralmente, dada maior nfase e importncia ao turismo internacional e, inicialmente, a prpria definio de turismo exclua, como vimos, os nacionais. Tambm os primeiros estudos dedicados ao turismo o entendiam como actividade econmica destinada a servir os visitantes estrangeiros (Stadner, em 1883) ou como o total de operaes, especialmente de natureza econmica, directamente relacionadas com a entrada, permanncia e movimento de estrangeiros num certo pas ou regio (Hermann von Schul-lard, 1910). Actualmente, porm, a expresso turismo abrange tanto o domstico como o internacional.

b) Segundo as repercusses na balana de pagamentos

Dado que as entradas de visitantes estrangeiros contribuem para o activo da balana de pagamentos de um pas, na medida em que provocam a entrada de divisas, e que as sadas de residentes nesse pas tm um efeito passivo sobre aquela balana por provocarem uma sada de divisas

c) Segundo a durao da permanncia

Quanto ao tempo de durao da estada de um turista numa dada regio ou num pas pode distinguir-se entre turismo de passagem e turismo de permanncia. O primeiro ser efectuado apenas pelo perodo de tempo necessrio para se alcanar uma outra localidade ou pas objectivo da viagem, isto , o destino final. Turismo de permanncia ser o realizado numa localidade ou num pas, objectivo da viagem, por um perodo de tempo varivel que, porm, exigir, pelo menos, uma dormida.Este perodo de tempo variar, naturalmente, com o objectivo da viagem, mas para aqueles que viajam, em particular, por motivo de frias, depender das condies existentes para reter ou no o turista, das caractersticas do local visitado e dos preos a praticados, do pas de onde proceda, da durao das suas frias e das suas motivaes.

Considerando um determinado turista, um pas ou uma localidade ter capacidade ou no de reteno consoante dispuser de condies capazes de lhe proporcionar uma estada atraente e agradvel o que tanto mais importante quanto as receitas proporcionadas pelo turismo dependem mais da durao da estada do que do nmero de turistas.

Classificao do Turismo segundo a durao de permanncia

Turismo de passagem

Turismo de permanncia

Tempo de Permanncia depende:

Objectivos da viagem

Condies existentes e caractersticas do local visitado (condies naturais, investimentos realizados, capacidade criativa, ...)

Pas de origem;

Durao da frias;

Motivaes.

O Reino Unido, com trs vezes menos visitantes do que a Espanha, obtm uma receita proporcionalmente superior, o mesmo se verificando na comparao entre Portugal e a Irlanda. E bvio, contudo, que no h uma relao de causa-efeito por, na formao das receitas, intervirem mltiplos factores como, por exemplo, os preos, mas no resta dvida que a permanncia um factor determinante das receitas.

A capacidade de reteno de uma regio depende de mltiplos factores locais, uns ligados s condies naturais existentes (paisagem, praias, termas, neve), outros aos investimentos realizados (infra-estruturas, alojamento, diverses, parques de atraco) e outros, ainda, capacidade criativa (manifestaes culturais, informaes sobre a regio, organizao de actividades para ocupao de tempos livres).

Algumas regies portuguesas, embora disponham de condies naturais susceptveis de reterem os visitantes e apesar de serem atravessadas por importantes correntes tursticas, continuam a ser meras zonas de passagem por no terem equipamentos adequados nem revelado capacidade para criarem condies mnimas de reteno.

Como se v pelo Quadro, em que se comparam as entradas de estrangeiros pelas principais fronteiras terrestres do pas com as dormidas registadas na hotelaria do respectivo distrito, insignificante o nmero dos estrangeiros que permanece uma noite na rea dos distritos considerados o que significa que no dispem de condies de reteno e os turistas que atravessam os seus territrios procuram outros destinos. Trata-se de reas com um turismo predominantemente de passagem o que evidencia o facto de a uma regio, que pretenda desenvolver-se turisticamente, no bastar dispor de atractivos ou de facilidades na entrada de turistas: , tambm, indispensvel dispor de condies de reteno.d) Segundo a natureza dos meios utilizados

De acordo com as vias utilizadas, podemos distinguir turismo terrestre, nutico e areo e, de acordo com os meios utilizados, distinguiremos o turismo por caminho de ferro, por barco, por ar ou por automvel.

Com a perda da importncia relativa dos dois primeiros meios de transporte, a maior parte dos turistas desloca-se, ou por via area, ou por automvel, embora em relao aos pases que possuem fronteiras terrestres importantes, como Portugal, e no turismo interno, continue a dominar o turismo automvel.

Chegadas de Visitantes s Fronteiras

Entradas por Vias de Acesso

Entradas (milhares)% do TotalVar. % Var. %

19981997199619981997199697/9698/97

Total26559,724244,123251,6100,0100,0 100,04,39,6

Terra21548,419649,118894,081,381,081,34,09,7

Via Frrea116,7105,7101,60,40,40,44,010,4

Estrada21431,719543,418792,480,880,680.84,09,7

Mar259.7251,4241,91,01,01,03,93,3

Desembarcados24,921,321,00,10,10,11,416,9

Em Trnsito234,8230,1220,91,00,91,04,22,0

Ar4751,64343,64115,717,717,917,75,59,4

Fonte: DGT

O quadro da distribuio das entradas de visitantes por fronteiras, que reflecte os meios de transporte utilizados, revela a importncia do automvel, como meio de transporte, para o turismo.Como bvio, se, em vez do nmero de visitantes, se utilizasse como indicador o nmero de turistas evidenciar-se-ia uma importncia relativa do transporte areo superior, mas, mesmo assim, o automvel continuaria a ser o meio que s por si transporta mais turistas que o conjunto dos restantes.

Esta concluso reala a importncia das vias rodovirias para o desenvolvimento do turismo, quer sob o ponto de vista nacional, quer sob o ponto de vista regional.

comum dizer-se que sem transportes no h turismo mas tal afirmao ser tambm vlida para as vias rodovirias, na medida em que estas constituem as mais importantes vias de acesso aos destinos tursticos.

e) Segundo o grau de liberdade administrativa

De conformidade com este critrio resulta a diferenciao entre turismo dirigido e turismo livre, segundo as regulamentaes existentes nos pases, quer emissores, quer receptores, limitem a liberdade das deslocaes de turistas ou lhes concedam inteira liberdade de movimentos.

Os pases emissores, em situaes de dificuldade das respectivas balanas de pagamentos ou por razes polticas, podem limitar as sadas dos seus nacionais por vrios meios: limitaes na aquisio de divisas; lanamento de impostos; obrigao de constituio, prvia sada, do depsito de uma certa quantia de dinheiro; obrigao de vistos; restries na concesso de passaportes.Tambm os pases receptores limitam, por vezes, sobretudo por razes polticas, as entradas de estrangeiros ou as suas deslocaes no interior do pas. A ex-Unio Sovitica exigia visto de entrada com indicao precisa das cidades de permanncia, h pases que impedem as visitas a certas localidades e, outros, que condicionam a passagem de visto, ou mesmo das entradas, atravs de pesados procedimentos administrativos e, outras vezes, no permitem a entrada de nacionais de pases com os quais no mantm relaes diplomticas (caso de Portugal em relao aos indonsios por causa de Timor).

No entanto, pelo reconhecimento da importncia do turismo para a economia de cada pas e pelo facto de os turistas se revelarem extremamente sensveis a todo o tipo de limitaes, assiste-se, cada vez mais, a um abrandamento dos condicionamentos s deslocaes tursticas.

f) Segundo a organizao da viagem

O turismo, quer nacional, quer internacional, de acordo com a forma como organizada a viagem, pode ser dividido em turismo individual e turismo colectivo ou de grupo.

Quando uma pessoa ou um grupo de pessoas parte para uma viagem cujo programa por elas prprias fixado, podendo modific-lo livremente, com ou sem interveno de uma agncia de viagens, estamos perante o turismo individual.

Estamos perante o turismo colectivo ou de grupo, package tour (tambm conhecido por organizado), quando um operador de viagens ou uma agncia oferece a qualquer pessoa, contra o pagamento de uma importncia que cobre a totalidade do programa oferecido, a participao numa viagem para um determinado destino segundo um programa previamente fixado para todo o grupo.

So elementos deste tipo de viagem:

a organizao prvia;

oferta de um conjunto de prestaes

preo fixo.

As componentes da viagem so determinadas antes da sua oferta ao pblico integrando:

um destino;

meio de transporte;

alojamento bem como o modo de acompanhamento. viagem de ida e volta;

transferncias dos pontos de chegada para o respectivo meio de alojamento e vice-versa;

alojamento;

alimentao;

distraces e ocupao dos tempos livres;

seguros;

outras prestaes particulares.Tambm, o preo determinado previamente e, normalmente, pago antes do incio da viagem, embora sejam frequentes as vendas a crdito.

Estas viagens podem tambm ser organizadas por associaes sem fim lucrativo, clubes, organizaes profissionais ou sindicais ou mesmo por empresas, mas unicamente para os seus membros.

O turismo comeou por ser fundamentalmente individual mas, sobretudo a partir da dcada de sessenta, com o aparecimento dos voos fretados (charter flights), o acesso s viagens pela generalidade das populaes e a interveno de organizaes empresariais de grande dimenso, as viagens organizadas passaram a ganhar cada vez maior importncia. A ttulo de exemplo, refira-se que 40% dos britnicos que se deslocam ao estrangeiro, ou seja volta de 15 milhes, fazem-no na modalidade de viagem de grupo.

1.3. Tipos de Turismo

A identificao dos tipos de turismo resulta das motivaes e das intenes dos viajantes, podendo seleccionar-se uma enorme variedade, dada a grande diversidade dos motivos que levam as pessoas a viajar.A diversidade de motivaes tursticas traduz-se por uma diversidade de tipos de turismo. Como as regies e os pases de destino apresentam tambm uma grande diversidade de atractivos, a identificao dos vrios tipos de turismo permite avaliar a adequao da oferta existente ou a desenvolver s motivaes da procura.

Embora as razes que levam os homens a viajar sejam extremamente variadas e, muitas vezes, se misturem na mesma pessoa, possvel distinguir certos tipos de turismo e agrupando por afinidades os motivos de viagens, podem destacar-se os tipos a seguir enumerados que, porm, no esgotam todos os que se podem identificar nem estabeleam uma barreira entre eles.

a) Turismo de recreio

Este tipo de turismo praticado pelas pessoas que viajam para mudar de ares, por curiosidade, ver coisas novas, disfrutar de belas paisagens, das distraces que oferecem as grandes cidades ou os grandes centros tursticos.

Algumas pessoas encontram prazer em viajar pelo simples prazer de mudar de lugar, outras por esprito de imitao e de se imporem socialmente.

Este tipo de turismo particularmente heterogneo porque a simples noo de prazer muda conforme os gostos, o carcter, o temperamento ou o meio em que cada um vive.

b) Turismo de repouso

A deslocao dos viajantes includos neste grupo originada pelo facto de pretenderem obter um relaxamento fsico e mental, de obterem um benefcio para a sade ou de recuperarem fisicamente dos desgastes provocados pelo stress, ou plos desequilbrios psicofisiolgicos provocados pela agitao da vida moderna, ou pela intensidade do trabalho.

Para eles, o turismo surge como um factor de recuperao fsica e mental e procuram, por via de regra, os locais calmos, o contacto com a natureza, as estncias termais ou os locais onde tenham acesso prestao de cuidados fsicos como as modernas health farms, ou beauty/arms.

Constituem um importante segmento de mercado, principalmente originrio dos grandes centros urbanos, que no desdenha a animao, os desportos e a recreao.

c) Turismo cultural

As viagens das pessoas includas neste grupo so provocadas pelo desejo de ver coisas novas, de aumentar os conhecimentos, de conhecer as particularidades e os hbitos doutras populaes, de conhecer civilizaes e culturas diferentes, de participar em manifestaes artsticas ou, ainda, por motivos religiosos.

Os centros culturais, os grandes museus, os locais onde se desenvolveram no passado as grandes civilizao do mundo, os monumentos, os grandes centros de peregrinao ou os fenmenos naturais ou geogrficos constituem a preferncia destes turistas.

Incluem-se neste grupo as viagens de estudo, bem como as realizadas para aprender lnguas.

d) Turismo desportivo

Hoje as motivaes desportivas respeitam a camadas cada vez mais vastas das populaes de todas as idades e de todos os estratos sociais, quer se trate de assumir perante as actividades desportivas uma atitude passiva, quer activa. No primeiro caso, o objectivo da viagem o de assistir s manifestaes desportivas como os jogos olmpicos, os campeonatos de futebol, os jogos de inverno; no segundo, o objectivo centra-se nas prticas de actividades desportivas como a caa, a pesca, os desportos nuticos, o alpinismo, o ski, o tnis, o golfe, etc.

As modernas tendncias da procura, em que a preferncia pelas frias activas assume uma importncia cada vez maior, obrigam a que o desenvolvimento de qualquer centro turstico deva ser equipado com os meios mais apropriados prtica dos desportos tendo em considerao as possibilidades de cada local.

e) Turismo de negcios

As profisses e os negcios tm como consequncia movimentos tursticos importantes e de grande significado econmico, hoje extraordinariamente desenvolvido pelo crescente grau de internacionalizao das economias e das empresas, pelo aumento das reunies cientficas e pela proliferao de manifestaes de divulgao de produtos, como as feiras e as exposies.

Do mesmo modo, constituem frequentemente ocasies para viajar as visitas aos grandes complexos industriais ou tcnicos e s exploraes agrcolas ou pecurias bem como a participao em congressos.

Incluem-se neste grupo as deslocaes organizadas pelas empresas para os seus colaboradores, quer como prmio, quer para participarem em reunies de contacto com outros que trabalham em locais ou pases diferentes: as chamadas viagens de incentivo.

Este tipo de turismo assume um elevado significado para os locais ou pases visitados na medida em que, regra geral, as viagens so organizadas fora das pocas de frias e pagas pela empresa, ou pela instituio a que os viajantes pertencem.

Implica, contudo, a existncia de equipamentos e servios adequados, tais como salas de reunies, centros de congressos, espaos para exposies e facilidades de contactos internacionais.

Muitos tericos e socilogos consideram que uma viagem de negcios no pode ser considerada como uma verdadeira viagem turstica porque dela est ausente a voluntariedade que caracteriza o turismo. Segundo eles, trata-se de viagens profissionais que no permitem ao viajante a escolha do destino nem o tempo da sua deslocao: a noo de liberdade do indivduo, fundamental no turismo, inexistente nestas viagens.

No entanto, no s a multiplicidade de situaes que originam as viagens de negcios e a ligao que frequentemente se estabelece entre estas e o aproveitamento do tempo disponvel ou o seu alongamento para actividades ldicas, mas, tambm, a utilizao, imposta pela viagem, de equipamentos e servios tursticos, levam a esbater as diferenas entre o turismo de negcios e qualquer outro tipo.

O Turismo de negcios engloba, assim: Viagens de Negcios Individuais / Congressos e Convenes / Feiras, Exposies e Sales Especializados / Seminrios e Reunies de Empresa / Conferncias e Colquios / Incentivos e Workshops.

Vantagens do Turismo de Negcios para o pas de acolhimento:

( Grande rentabilidade os seus participantes so geralmente membros de classes sociais mais favorecidas;

( Distribuio ao longo do ano permite combater a sazonalidade, porque as deslocaes ocorrem fora da poca alta do turismo de lazer, permitindo manter ocupados os vrios servios tursticos, ao longo do ano.

( O impacto ambiental das viagens de negcios menos reduzido, de uma maneira geral do que o provocado por outros tipos de deslocaes. Os seus participantes, embora visitem a regio, para fazer compras, para a conhecer ou para se divertirem, passam a maior parte do tempo em salas de reunies.

( As oportunidades promocionais levam a que a maior parte dos pases desejem captar este tipo de turistas, desejando que eles levem uma boa imagem do local visitado, dada a capacidade que tm de influenciar outros visitantes. Alm disso muitos dos acontecimentos relacionados com o mundo dos negcios so objecto de cobertura meditica, o que promove, necessariamente, a zona receptora, muitas vezes em termos internacionais. As autoridades locais demonstram, por isso um empenhamento, por vezes muito grande na captao destes turistas, atravs de uma participao activa no evento ou atravs de uma aco facilitadora da sua realizao.

Devido s vantagens para o destino de receber turistas com a possibilidade de dispenderem montantes mais elevados e que simultaneamente no perturbam muito a vida da comunidade local, a competio para captar este tipo de visitantes muito intensa, sobretudo no sector das reunies, feiras e incentivos, em que os seus organizadores podem escolher o local onde o querem realizar. J o turismo de negcios propriamente dito, devido rigidez das suas opes, no captvel atravs da promoo.

f) Turismo poltico

A participao em acontecimentos ou reunies polticas provocam uma movimentao significativa de pessoas, quer se trate de ocasies espordicas, quer de reunies ou acontecimentos regulares.

So exemplos das primeiras as comemoraes do duplo centenrio da Revoluo Francesa, em Paris, os funerais do Imperador do Japo, ou, mais distante, a coroao da Rainha de Inglaterra; so exemplos das segundas as reunies originadas plos trabalhos da Unio Europeia em Bruxelas, ou pelo Parlamento Europeu em Estrasburgo.

So, porm, casos especficos que no traduzem a realidade dos movimentos das pessoas por razes polticas j que, diariamente, eles se verificam com maior ou menor intensidade, quer interna, quer internacionalmente.

Tem caractersticas e efeitos semelhantes ao turismo de negcios e exige ainda condies idnticas, necessariamente acrescidas de uma organizao mais cuidada por razes diplomticas e de segurana.

g) Turismo de Sade

TermalismoO termalismo praticado desde, pelo menos, os tempos da ocupao romana. As qualidades teraputicas das guas foram desde ento utilizadas, tendo atingido, a nvel europeu o seu maior desenvolvimento, nos sculos XVIII e XIX.

A permanncia, durante um certo perodo de tempo, nas termas, oferece a imagem tranquilizadora de cuidados srios com a sade, fazendo, actualmente, as termas um esforo para se adaptarem s novas exigncias cientficas e tecnolgicas da nossa poca.

Paralelamente a este esforo de modernizao assiste-se ao aparecimento de novos produtos designados Fitness ou Manter a Forma, que complementam os tradicionais produtos para clientes que buscam a cura de um determinado tipo de doena.

Os clientes dos produtos Fitness desejam encontrar o equilbrio mais intensivo, uma vez que engloba aspectos fsicos, psicolgicos e sociolgicos. Trata-se de um bem estar que se liga a sentimentos de reequilbrio e de vitalidade, ou seja, manter a unidade do corpo e do esprito, para alm das adversidades da vida.

Este novo produto resulta de:

( Um recurso cada vez maior a tratamentos de sade mltiplos, incluindo a homoterapia e outros medicamentos naturais;

( A recusa da eroso do corpo. O envelhecimento retardado o mais possvel;

( A durao das frias que tendem a ser mais frequentes, por menos tempo e a preo pouco elevado;

( Crescimento da populao urbana e a sua vida desgastante.

O conceito manter em Forma tem em conta:

( O envelhecimento global da populao;

( A sofisticao dos tratamentos derivados das tecnologias mais recentes;

( A tomada de conscincia da necessidade de prever os riscos da doena.

( TalassoterapiaOs centros de talassoterapia atraem cada vez mais clientes, quer por motivos de sade (curativos ou preventivos), quer para consumo de produtos manter a forma.

Neste sector do Turismo de Sade uma espcie de porta estandarte. Quais as razes dos eu sucesso? A gua do mar, acima de tudo, mas tambm a imagem de luxo, a tecnicidade das instalaes, a durao e os contedos dos produtos propostos, os cuidados, a necessidade de recuperar do stress do dia a dia, sem esquecer os meios de comunicao social que lhe imprime um carcter idlico, acentuando este aspecto do sonho.

A talassoterapia, quer dizer a explorao, com fins teraputicos das virtudes combinadas da gua do mar, do clima, e da atmosfera martimas, adaptam-se perfeitamente aos males do sculo, e no entanto, esta no uma actividade recente.

Ao longo dos tempos as guas do mar foram utilizadas para fins teraputicos. Em 1899, o primeiro centro de talassoterapia foi criado em Roscoff. Os tratamentos incluam, apenas, fins curativos. Em Portugal conhece-se a existncia de barcaas inundveis, junto s praias onde se podia usufruir de um banho com fins curativos. Assim acontecia, por exemplo, na costa de Lisboa. O prprio complexo de Santo Antnio do Estoril, na sua fase inicial encara a gua de uma perspectiva curativa. Como j foi dito, aquele inclua termas e a ideia era de que as pessoas pudessem tirar partido, igualmente, dos efeitos benficos para a sade, da gua e do mar.

O produto talassoterapia evoluiu do produto medicinal para produto manter a forma. Esta mudana deve-se, por um lado, s caractersticas da nova procura e, por outro, s incertezas quanto manuteno de subsdios da segurana social para este tipo de tratamentos. No deixa, contudo, de ser verdade que a melhor maneira de evitar a doena precisamente manter a forma, prevenindo assim o seu aparecimento.

h) Turismo Religioso

De forma a simplificar podemos afirmar que existem duas grandes correntes religiosas:

( As religies para as quais a peregrinao faz parte integrante da prtica religiosa (catlicos, muulmanos e budistas). Estas religies, em particular a catlica, criaram organizaes para encorajar e facilitar a sua prtica.

( As religies para as quais a peregrinao no existe mas cujos crentes, praticam pelo menos uma forma de turismo ligada religio os Judeus e os Protestantes visitam locais que guardam as marcas dos seus correlegionrios: lugares de memria que so em geral, lugares de peregrinao.

O Turismo religioso tem normalmente trs tipos de abordagem:

( A abordagem espiritual o turismo um meio do indivduo se aproximar de DEUS. O participante encara a peregrinao como parte integrante da sua prtica religiosa. Aquele que realiza esta viagem pode, a qualquer instante, tocado pela emoo do lugar ou pelo esprito que o habita, converter-se a esta f.

( A abordagem sociolgica o turismo religioso um meio para o crente conhecer melhor a histria do grupo a que pertence.

( A abordagem cultural a visita a lugares de culto e a santurios um modo do indivduo, crente ou no, compreender as religies, que influenciam as nossas sociedades, no plano histrico, sociolgico e simblico.

O aumento da procura dos locais religiosos est ligado, motivao cultural e aos projectos de valorizao cultural e turstica do patrimnio religioso.

Tipologia dos turistas em meio religioso:

( O Peregrino que se situa completamente fora do turismo, para viver uma experincia totalmente religiosa, mesmo transcendente;

( O Praticante Tradicionalista que , em regra, um visitante que viaja em grupo, acompanhado pela famlia, com guia ou assistente espiritual;

( O Praticante Liberal que tem como objectivo estimular a sua espiritualidade, relembrar os mistrios da salvao e a procura da santidade;

( O Apreciador de Arte e Cultura que encara a sua experincia apenas do ponto de vista das cincias sociais.

( O Catolicismo

A Igreja Catlica muito estruturada, tendo por base uma organizao territorial: diocese com um conjunto do Povo de Deus sob a responsabilidade de um Bispo.

Os servios e os movimentos tm em conta diversos aspectos da vida humana (do territrio da diocese). A Igreja emprega, muitas vezes, na sua aco, as denominadas Pastorais, como a do Turismo e dos Tempos Livres. A Pastoral do Turismo e do Lazer um organismo oficial ao servio da igreja encarregada do Turismo e Lazer. O acolhimento nas Igrejas um dos seus principais objectivos.

Tem lugar tambm, uma reflexo teolgica que procura responder a questes como as mudanas de mentalidade que o Turismo opera e os novos comportamentos que gera.

A Pastoral procura tambm, a formao e coeso dos cristos implicados no Mundo do Turismo e dos Tempos Livres criao de ligaes que lhes permita partilhar experincias por sectores (guias, agentes de viagens, hospedeiras, jornalistas, postos de turismo, ...).

A animao que se centra no acolhimento, especialmente nas visitas s Igrejas, mas tambm a monumentos, etc, outro dos seus objectivos. Desenvolvem igualmente iniciativas nas praias, nas montanhas e em estaes termais

No que concerne ao Patrimnio da Igreja, a Pastoral tenta tambm, resolver alguns problemas prticos:

( As Igrejas encontram-se, muitas vezes, fechadas por medo de roubos e degradaes necessrio organizar a sua abertura e vigilncia;

( Que imagem dar? preciso fazer a manuteno do edifcio, cuidar da limpeza e sobretudo dar imagem de comunidade de vida;

( As Igrejas so tambm locais culturais. preciso encorajar, com respeito pelo local, espectculos que a possam ser organizados;

( O visitante mdio tem pouca ou nenhuma cultura religiosa. O edifcio nada diz. H pois que criar desdobrveis, quadros, visitas guiadas, para sua melhor compreenso.

( O Islamismo

A peregrinao para os muulmanos o momento ideal para demonstrar o fervor dos seus fiis para com o seu Deus.

A peregrinao a Meca talvez a mais prestigiada do mundo islmico deve, se possvel, ocorrer no Ramado, relembrando a conquista pacfica que Maom e sus discpulos levaram a cabo nos ano 630 da nossa era e que marca o incio do calendrio muulmano. A data do nascimento do profeta Maom outra das escolhidas para as peregrinaes, a maior parte dos peregrinos fazem a viagem de avio, mas ainda existem muitos, que a fazem por estrada, em caravana, desejosos de conhecer as realidades dos pases islmicos percorridos, cumprindo o seu dever religioso.

( O Budismo

A doutrina budista apoia-se num s conceito: reconhecer os sofrimento e libertar-se. Esta mxima leva a que a vida humana ganhe um valor especial: permite que o Homem se liberte da sua condio insatisfatria e conhea a felicidade, a lucidez e a liberdade interior.

Os principais lugares de peregrinao ligados vida de Buda so: o lugar de seu nascimento no Nepal, o local do sermo da Roda da Lei no Parque das Gazelas em Sarnath e o local do Panirvana, a 175 kms de Patna.

( O Judasmo

A religio judaica no considera o conceito de peregrinao. No se pode falar num turismo judaico propriamente dito, mas sim num turismo judeu, ligado identidade judia.

As suas motivaes so as seguintes:

( a procura da histria do povo judeu podendo ser includo neste grupo o muro das lamentaes, que lembra o Templo de Herodes, destrudo pelos romanos, a Fortaleza de Massada, ltimo bastio judeu contra os romanos e os campos de concentrao como Auschwitz.

( o regresso Terra Prometida viagem que efectuada por aqueles que no regressaram a Israel, aps a fundao do Estado Judaico. Visitam os locais mais importantes, sob o ponto de vista cultural.

( Israel o local mais importante do Turismo Judeu referncia para 17 milhes de judeus no mundo inteiro.

i) Turismo tnico e de carcter social

Incluem-se neste grupo as viagens realizadas para visitar amigos, parentes e organizaes, para participar na vida em comum com as populaes locais, as viagens de npcias ou por razes de prestgio social.

Uma parte significativa de pessoas que integra este grupo formada por jovens que pretendem aumentar os seus conhecimentos ou, temporariamente, se integrarem em organizaes ou manifestaes juvenis.

Inclumos neste grupo as viagens realizadas ao pas de origem, plos nacionais de um pas, seus descendentes e afins residentes no estrangeiros e que, em muitos casos, constitui um mercado de grande dimenso. Os portugueses e seus descendentes, residentes em Frana ou nos Estados Unidos da Amrica, constituem vastos mercados potenciais para Portugal com uma disponibilidade para serem motivados, incomparavelmente superior dos nacionais desses pases.

Nas fronteiras portuguesas no se procede recolha de informaes relativas aos movimentos dos portugueses residentes no estrangeiro, no sendo, por isso, possvel avaliar a importncia que assumem para o turismo portugus. No entanto, em Espanha contam-se, em cada ano, volta de 4 milhes de entradas de espanhis residentes no estrangeiro, ou seja, o quarto maior fornecedor de visitantes ao pas; por sua vez, quase 5 milhes de britnicos deslocam-se anualmente ao estrangeiro para visitar amigos e parentes.

2. Evoluo Histrica do Turismo

Cunha (1997) identifica trs pocas histricas do turismo:

a idade clssica;

a idade moderna;

a idade contempornea.

1. Idade Clssica

Perodo que vai desde os primrdios das primeiras civilizaes at primeira metade do sculo XVIII.

A inveno da roda permitiu o desenvolvimento da carruagem puxada por animais e criou as primeiras condies que possibilitaram a realizao das viagens, no s para efectuar transaces comerciais, mas tambm para outros fins.

As estradas comearam a generalizar-se e a ser construdas com maiores cuidados. Mas foram os romanos que, cerca de 150 anos A.C. criaram a maior rede de estradas at ento construdas, das quais algumas ainda hoje so utilizadas, subsistindo ainda vrias pontes da poca atravessadas pelos automveis de hoje.

Tambm por via martima, h mais de 5000 anos, eram organizadas viagens pelo rio Nilo, no Egipto, para visitar os vrios templos que existiam ao longo daquele rio. Os romanos e os gregos viajavam para visitar os templos e as sete maravilhas do mundo da rea do Mediterrneo, em particular as pirmides e os monumentos do Egipto que ainda hoje constituem uma das grandes atraces tursticas do mundo. A Grcia atraa grandes multides por altura dos Jogos Olmpicos e ofereciam grande nmero de atraces como as produes teatrais, os banhos termais, competies atlticas e festivais. Entre 180 e 160 A.C., foi escrita em dez livros uma Descrio da Grcia que continham uma descrio pormenorizada dos mais importantes stios e monumentos da Grcia - pode ser considerado como o primeiro guia turstico .

, no entanto, com o desenvolvimento das instalaes termais, em 25 A.C, em Roma, que nascem os verdadeiros centros de turismo que se prolongam at aos nossos dias. J os gregos, h cerca de 4000 anos, haviam aproveitado as fontes termais para realizarem curas, mas foram os romanos que as transformaram em centros de atraco espalhados por todo o territrio imperial: em Itlia, Frana, Espanha, Portugal, Inglaterra, Romnia, Norte de frica e sia Menor.

A grandeza e o luxo das instalaes termais com piscinas, banheiras de gua quente, salas de sudao e massagens, acompanhados de representaes teatrais, jogos de circo, corridas de carros e outras distraces, a que hoje chamamos animao, permitiram que o termalismo desempenhasse um importante papel no plano das viagens e da animao que ainda hoje se mantm. Grande parte das estncias termais europeias em funcionamento, e que constituem importantes centros de atraco turstica moderna, iniciaram-se com os romanos e, em alguns casos, mantm o esplendor do passado. Tal o caso de Ischia e Abano, em Itlia, Vichy, Mont-Dore ou vian, em Frana, Chaves, S. Pedro do Sul ou Luso, em Portugal, Bath, em Inglaterra, e muitas outras em vrios outros pases.

Cerca de 900 A. C. as viagens tinham como principal razo as peregrinaes sendo clebres as que se dirigiam a Santiago de Compostela, em Espanha, Canterbury, em Inglaterra, Terra Santa, na Palestina, e a Meca, na Arbia. Para alguns autores, as peregrinaes que j se efectuavam na Grcia, no Egipto ou em Roma, so mesmo as primeiras viagens tursticas.

No sculo XIV, existiam j guias de viagens que forneciam aos peregrinos indicaes detalhadas sobre as regies que tinham de atravessar e os tipos de alojamentos que poderiam utilizar.

As grandes viagens iniciam-se com Marco Polo no sculo XIII, percorreu o Oriente at China.

Posteriormente, os portugueses preparam as suas grandes expedies por mar e Lisboa torna-se um centro de atraces.

As primeiras descobertas dos portugueses, seguidas das grandes viagens dos espanhis, ingleses, franceses e holandeses, transformaram o mundo e permitiram a universalizao das viagens. Os portugueses - percorrem toda a costa de frica e Mar Vermelho, chegam ndia, Tailndia, China e Japo, estabelecem-se em Malaca e em Timor e descobrem o Brasil;

Os espanhis chegam s Carabas, s Antilhas e Amrica Central e Sul.

Os ingleses - descobrem a Amrica do Norte.

A Idade Clssica do turismo, que se prolonga at ao sculo XVIII, caracteriza-se pelo facto das viagens serem individuais e se realizarem, predominantemente, por necessidades fundamentais como o comrcio, as peregrinaes religiosas, a sade ou por razes polticas e de estudo.2. Idade Moderna

Durante todo o perodo histrico que abrange a Antiguidade e a Idade Mdia as formas e os motivos das viagens mantiveram as mesmas caractersticas e os mesmos traos no se distinguindo claramente as duas pocas.

A partir de meados do sculo XVIII produzem-se grandes mudanas do ponto de vista tecnolgico, econmico, social e cultural, que introduzem alteraes significativas nas viagens. nesta poca que se popularizam, entre as camadas sociais de maiores recursos, as viagens de recreio como forma de aumentar os conhecimentos, procurar novos encontros e experincias.

Em Inglaterra, o nascimento das ideias da livre-troca no comrcio internacional e dos primeiros passos da revoluo industrial, com a inveno da mquina a vapor, incrementaram as relaes internacionais.

Na segunda metade do sculo, a generalidade das pessoas cultas e mais ou menos clebres viajavam por quase toda a Europa e realizavam estadas de longa durao. Os diplomatas, estudantes e os membros das famlias ricas inglesas que viviam na ociosidade faziam a Grand Tour viajando pela Europa, passando a ser moda visitar Paris, Florena, Roma ou Veneza. Com a Grand Tour nasce o conceito de turismo e, pela primeira vez, comeam a designar-se as pessoas que viajam por turistas. Multiplica-se a publicao de guias tursticos. Em 1793 surge o Guide ds Voyageurs en Europe.

No mesmo ano de 1793, foi tambm publicado Le Guide d'Espagne et Portugal. O vasto movimento dos ingleses para o Continente europeu influenciou extraordinariamente o desenvolvimento dos transportes, da hotelaria e da restaurao. No sculo XIX, o progresso da cincia, a revoluo industrial, a multiplicao das trocas, o desenvolvimento dos transportes, em particular do comboio, e a transmisso de ideias com a generalizao da publicao de jornais, do um novo impulso s viagens.

Por volta de 1830, surgem na Sua os primeiros hotis que comeam a tomar o lugar dos albergues e das hospedarias. So, sobretudo, as viagens dos ingleses que impulsionam a hotelaria e, por isso, no de estranhar que muitos deles passem a ter nomes ingleses: Hotel d'Angleterre, Hotel Albion, Hotel de Londres, Hotel Windsor, Carlton, etc.

Surgem, nessa poca, alguns dos grandes hoteleiros que, ainda hoje, do o nome a cadeias famosas como Pullman e Ritz. Em 1822, Robert Smart, de Bristol, tornou-se o primeiro agente de viagens encarregando-se das reservas de lugares para os passageiros de barco entre a Inglaterra e a Irlanda.

Foi em 1841 que nasceu o turismo organizado com Thomas Cook. Este organiza a primeira Viagem Colectiva com durao de um dia e com 570 passageiros entre Loughborough e Leicester para assistirem a uma manifestao anti-alcolica.

Em 1855 d-se a primeira viagem internacional Great Exhibition.

Em 1864 Thomas Cook organizou a primeira excurso acompanhada no regime tudo includo para 500 turistas destino Sua. Seguindo-se um ano depois uma viagem no mesmo regime de Londres para os E.U.A.

Em 1867 a Agncia de Viagens Thomas Cook & Son emite o Voucher.

Thomas Cook abre escritrios por todo o mundo (Egipto e ndia). As suas iniciativas marcam uma das mais importantes etapas na histria do turismo e esto na origem do turismo dos nossos dias, continuando a agncia por ele criada a ser uma das maiores organizaes tursticas do mundo.

Henry Wells emite em 1891 os primeiros Traveller Cheque da American Express.

Em Portugal nascem as primeiras organizaes de viagens de que exemplo a criao da Agncia Abreu, em 1840. A primeira dcada do sculo XX caracterizou-se por inovaes e transformaes que alteraram profundamente os modos de vida: a chamada Belle Epoque: A descoberta do telgrafo;

A descoberta do telefone;

O alargamento da rede de caminhos de ferro que ultrapassa o milho de Km;

A extenso das redes de estradas, que s em Frana atingem os 700.000 Km;

O grande desenvolvimento industrial, que transfere a fora econmica da Europa para os Estados Unidos;

A racionalizao do trabalho e as reivindicaes sindicais, conduzem a uma maior democratizao das sociedades e a novos conceitos de vida;

O tempo de trabalho diminui e alcana-se o direito ao repouso semanal pelo que o conceito de lazer surge como uma nova noo;

O turismo transforma-se num fenmeno da sociedade;

O turismo influencia o comportamento das pessoas;

O turismo comea a alcanar uma dimenso econmica sem precedentes.

O reconhecimento da importncia do turismo leva a que quase todos os pases da Europa criem instituies governamentais com o fim de promover e organizar, sendo a ustria o primeiro pas a faz-lo, seguida da Frana com a criao Office National du Toursm, em 1910, e da Repartio de Turismo de Portugal, em 1911. A Organizao Internacional de Trabalho (oit) estabelece numa conveno o principio das frias pagas, posteriormente reconhecido pela Declarao Universal dos Direitos do Homem, e, em 1936, uma lei de 20 de Junho, institui em Frana as frias pagas, acontecimento que vai marcar profundamente o futuro do turismo.

3. Idade ContemporneaO turismo passa a ser considerado como uma actividade econmica relevante a partir do inicio do sculo XX:

O desenvolvimento dos transportes;

O reconhecimento do direito s frias pagas;

A criao de organizaes nacionais e internacionais destinadas a promover o turismo.

Apesar dos acontecimentos que ensombraram o mundo como:

a I Guerra Mundial;

a Grande Crise de 1929;

a Guerra Civil de Espanha;

O turismo alcanou dimenses significativas at ao inicio da II Guerra Mundial para, a partir da, entrar numa fase em que, praticamente, desapareceu.

A partir dos anos cinquenta, os pases europeus conheceram a fase de maior progresso econmico e social que o mundo jamais havia conhecido o que impulsionou e consolidou o desenvolvimento do turismo.

importante aprofundar a anlise da poca posterior a 1945 por forma a determinar os factores que influenciaram o turismo: o tempo livre;

o rendimento disponvel;

Frias pagas;

Avanos tecnolgicos viagens mais rpidas e destinos distantes;

Mudana social igualdade / democracia;

Televiso;

as motivaes das viagens interesse em conhecer outros locais;

3. O Turismo em Portugal

O Algarve, no sul de Portugal, por excelncia o ponto turstico de muitos europeus. O clima e a temperatura da gua so os principais factores que contribuem para o grande crescimento do turismo nesta regio.Lisboa atrai muitos turistas pela histria, e pelo recheio de monumentos (como o Aqueduto das guas Livres, a S Catedral, a Baixa Pombalina, a Torre de Belm e o Mosteiro dos Jernimos. Pontos fortemente tursticos so os museus de Arte Antiga, dos Coches, e do Azulejo, a fundao Calouste Gulbenkian, o Centro Cultural de Belm e o teatro de pera de So Carlos. De destacar tambm o mega-aqurio Oceano Atlntico, a diverso nocturna e toda a rea envolvente ao recinto da expo 98.O Porto uma cidade que vem conquistando um lugar de relevo no panorama cultural do pas e da Europa. Foi Capital Europeia da Cultura em 2001. A Fundao de Serralves e a Casa da Msica so de visita obrigatria, bem como a Torre dos Clrigos (ex-lbris da cidade) e a S. De destacar ainda o Teatro Nacional S. Joo, os Jardins do Palcio de Cristal e toda a zona do centro histrico.A Madeira tambm um plo turstico internacional todo o ano, tanto pelo seu clima ameno e paisagens exuberantes como pela sua excepcional gastronomia.A Pennsula de Setbal tem das mais variadas caractersticas naturais e culturais destacando-se a Serra da Arrbida, as Praias de Almada e Sesimbra, a Baa Natural do Seixal, as salinas de Alcochete, os Moinhos de Mar, as embarcaes tpicas do Tejo e Sado, as antigas vilas piscatrias e toda a fauna e flora ribeirinha.Na lista do Patrimnio Mundial encontram-se os centros histricos do Porto, Angra do Herosmo, Guimares, vora e Sintra, bem como monumentos em Lisboa, Alcobaa, Batalha, Tomar, as gravuras paleolticas ao longo do Rio Ca, a floresta laurissilva da Ilha da Madeira, e as paisagens vitivincolas da Ilha do Pico e do Rio Douro.Portugal tambm um pais onde se pratica, alm de muitos outros desportos, surf. Entre os melhores esto o Guincho, Peniche, Ericeira, Carcavelos, S. Pedro e S. Joo do Estoril, Costa da Caparica e So Torpes. A ilha da Madeira e o Algarve tambm so locais de eleio por turistas estrangeiros e nacionais para a prtica de golf.Outras atraces importantes tursticas so as cidades de Braga (Centro Histrico, Bom Jesus e Bracalndia), Bragana (Centro Histrico, Castelo e Teatro Municipal), Chaves (Centro Histrico e Termas), Coimbra (Universidade, Judiaria e Portugal dos Pequeninos)e Vila Real (Solar de Mateus e Teatro Municipal).4. O Turismo numa Perspectiva SistmicaAs vises sobre o turismo so diversas, como por exemplo:a) meio de evaso e ocupao de tempos livres, tempo de lazer;

b) factor de ocupao de espao com implicaes ambientais e sociais;

c) forma de gerar riqueza, aumentado oportunidades de emprego.

No entanto, e olhando para estas perspectivas, ambas respeitam apenas uma parcela da actividade turstica; so vises fragmentadas. De uma forma simples, podemos dizer que a actividade turstica um fenmeno que comea na deslocao de pessoas, com consequncias ambientais, sociais, culturais e econmicas. Assim sendo, necessrio fazer-se uma abordagem a todas estas componentes atravs de uma viso do turismo enquanto sistema.

- Noo de Sistema

Interessa antes de mais saber o que se entende pela palavra sistema. Estamos perante um termo que se aplica s mais diversas disciplinas (ex. sistema econmico, sistema social, etc) ; podemos definir sistema como sendo um conjunto de elementos inter-relacionados, coordenados de forma unificada e organizada, para alcanar determinados objectivos. Existe num sistema uma forte relao entre os seus vrios elementos, de forma que a modificao de um elemento trar implicaes a nvel geral.

Tendo ento como referncia a noo anterior, podemos fazer uma anlise do turismo como sistema, pois uma actividade formada por um conjunto de elementos que estabelecem conexes interdependentes entre si de carcter funcional e espacial de uma forma simples, temos as as zonas de provenincia dos visitantes (emissoras), as zonas de destino (receptoras), as rotas de trnsito e todas as actividades que produzem os bens e servios tursticos (actividade turstica). Este conjunto tambm constitudo por vrios elementos que formam as estruturas internas do sistema (subsistemas).

Por exemplo, as zonas emissoras originam os fluxos tursticos, que so constitudos por indivduos, famlias e grupos de pessoas que, nas suas deslocaes, so influenciados por factores de vria ordem: rendimentos, condies de vida, tempo livre, nvel cultural, etc. Nestas zonas, os fluxos tursticos desenvolvem-se tambm em funo de uma variedade de instituies com o objectivo de influenciar e controlar a emisso turstica: empresas de transporte, agncias de viagens, organismos de promoo e informao e outros.

Entre as zonas emissoras e as zonas receptoras, os fluxos tursticos estabelecem conexes, pela utilizao de transportes, hotis e restaurantes por parte dos turistas. Nas regies que os recebem, os turistas provocam tambm impactos de natureza sociocultutal e econmica estes impactos vo fazer as autoridades determinar politicas e aces.

Assim, a emisso e recepo tursticas so o resultado das relaes entre os elementos que constituem os sistemas emissores e receptores que formam subsistemas do turismo a relao turstica um sistema de sistemas (Lain,1980).Para melhor se figurar esta ideia, basta pensarmos num avio que, sendo apenas um meio de transporte, por si s constitudo por vrios elementos e componentes subsistemas. Se um dos sistemas falar (por exemplo, a gasolina do avio no tiver sido reposta, ou no tiver sido controlado o sistema de presso de ar.) o sistema ir falar. O mesmo acontece no turismo: se no sub-sistema de emisso (procura) houverem perturbaes econmicas ou politicas todo o sistema turstico afectado.

A partir da identificao das componentes essenciais do turismo podemos considerar que o sistema funcional do turismo, ou seja, o conjunto dos elementos que determinam o funcionamento do turismo e determinam o seu desenvolvimento, assenta na oferta e na procura:

4.1. Factores Scio-Culturais e Polticos

Pelas suas caractersticas o turismo um fenmeno que estabelece relaes no s com as actividades humanas mas tambm com o ambiente fsico os turistas influenciam, de forma mais ou menos intensa as actividades econmicas, sociais, polticas, sanitrias, culturais e ambientais. Igualmente, o turismo origina actividades que estabelecem relaes directas e indirectas com as existentes nos locais visitados; por outro lado, o turismo tambm depende da maioria dessas actividades e, muitas delas, tambm dependem totalmente ou parcialmente do turismo.

Posto isto, esta interdependncia leva a que o turismo seja definido como a soma dos fenmenos e relaes constantes da interaco dos turistas, fornecedores de bens e servios, servios governamentais e comunidades anfitris no processo de atrair e receber os visitantes.

medida que o turismo se desenvolve e abrange a generalidade das populaes de todos os estratos sociais e de todos os grupos etrios, mais intensas e estreitas so as relaes eu estabelece. A diversidade de motivos que levam as pessoas a viajar, a inovao, a criatividade e o alargamento das condies da oferta intensificam as relaes entre o turismo e todas as outras actividades.

Interessa sobretudo analisar ento quais aquelas que podemos considerar as relaes fundamentais: quais as actividades nas quais o turismo exerce maiores influncias e maior interdependncia?

Na imagem podemos ver ento os sistemas com os quais o turismo estabelece interaces fundamentais:

Sistema Educativo e Cientifico

importante pois o sistema que fomenta o conhecimento do turismo e do seu fenmeno cada vez mais os conhecimentos so importantes para o desenvolvimento eficaz do turismo, mais do que os recursos naturais e culturais.A falta de conhecimento poder levar tomada de politicas na actividade imprprias, que podem at por em causa os recursos existentes.

Progresso Tecnolgico

um dos principais factores de desenvolvimento do turismo, especialmente no que respeita ao transportes e tecnologias de informao. Contudo, as exigncias do turismo tambm fomentam a tecnologia a desenvolver-se (por exemplo ao nvel de cartes de crdito a nvel internacional e o aparecimento de avies de maior dimenso e velocidade).

Sistema Econmico e Financeiro

Este sistema influenciado pelo turismo na medida em que este cria riqueza e emprego e dinamiza as outras actividades econmicas, ajudando os pases no seu desenvolvimento econmico.O turismo produz bens e servios especificamente tursticos (transportes, alojamento, distraces, animao, organizao de viagens), mas tambm impulsiona a produo de bens no especificamente tursticos (produo agrcola, artesanato, mobilirio, materiais de construo).

Sistema Social

este sistema que determina as vocaes, os desejos, as atitudes e os comportamentos dos grupos sociais, que influenciam as tendncias dos fluxos tursticos. Por seu lado, o turismo por si s provoca o intercmbio de valores, influenciando os comportamentos colectivos.

A forma como a sociedade encara o turismo influencia o turismo: a hospitalidade das populaes um importante factor de atraco turstica enquanto que, por outro lado, as reaces negativas chegada de estranhos constituem um entrave ao turismo. Sistema Ambiental

O meio ambiente e a ecologia so um importante fundamento da actividade turstica so um dos principais motivos de atraco num destino (espaos naturais atraentes, preservados, o ir ao encontro da natureza por parte dos turistas que vm dos meios urbanos).Contudo, o turismo influncia o meio ambiente em 2 medidas:

1) de forma positiva: imposio de regras de proteco de atraces naturais ou constituio de fundos de preservao para o turismo

2) de forma negativa: o turismo pode destruir - demasiados turistas provocam muitas vezes destruio da vegetao, poluio e at construo massiva em espaos frgeis ao nvel ambiental.

Sistemas PolticosTm uma grande influncia no turismo e tem um papel decisivo no aumento ou diminuio das viagens, atravs de factores como: o grau de liberdade individual, os sistemas polticos e as suas alteraes de poder, a estabilidade polticas ordem pblica, o controlo e os incentivos polticos ao turismo. A dimenso poltica do turismo resulta sobretudo do seu impacte econmico e do respectivo reconhecimento como factor de desenvolvimento.

Sistema Jurdico e Constitucional

A existncia ou no de leis regulamentares trs influencias para o turismo; podem haver leis que defendam os interesses da actividade e que favoream iniciativas em turismo ou, tambm, leis demasiado controladoras que impeam a inovao e desenvolvimento do turismo.

Por exemplo, se o turista no sentir que tem proteco jurdica contra abusos (defesa do consumidor) no se sentir incentivado a viajar.

Sistema Cultural

A cultura sempre foi importante para o turismo: destinos com factos e espaos culturalmente ricos sempre foram uma parte importante das viagens. Por si s, a cultura pode dar origem a um destino turstico.O turismo afecta a cultura em 2 perspectivas:

1) de forma positiva: melhoria dos ndices culturais e sociais das pessoas2) de forma negativa: o turismo pode provocar aculturao e destruio de autenticidade dos destinos

Sistema Sanitrio

As pessoas sentir-se-o motivadas para viajar para um pas com assistncia mdica ou, pelo contrrio, no querer viajar para um pais onde existem situaes de epidemias ou doenas epidmicas. O turismo ao por em contacto pessoas pode ser tambm um propagador de doenas e agravar as condies sanitrias.

4.2. Componentes de um Sistema Turstico

Procura Turstica constitui o sujeito de todo o sistema, tem origem no subsistema constitudo pelas zonas emissoras;

Oferta Turstica constitui o objecto do qual fazem parte os centros receptores (os destinos), os meios de deslocao que ligam procura oferta (transportes), as entidades que produzem bens e servios (empresas), as entidades que garantem os mecanismos de funcionamento e administrao (as organizaes) e os meios que orientam e influenciam a procura (a promoo);

Destinos constitudos pelas localidades tursticas que dispes de atraces susceptveis de originarem a deslocao das pessoas;

Transportes so a componente do sistema que garante a ligao entre a residncia e o local do destino; constitui um subsistema complexo que integra as vias e meios de transporte, instalaes dos locais de partida e chegada e a organizao dos mesmos.

Informao e Promoo: conjunto de actividades, iniciativas e aces influenciam as pessoas a tomar decises sobre as viagens mas, tambm, lhes do conhecimentos sobre as mesmas;

Empresas e Servios Tursticos: correspondem parte mais importante do sistema, pelo menos do ponto de vista econmico: prestao de alojamento, alimentao, distribuio, diverses, animao e outros servios.

Organizaes: tem responsabilidade ao nvel de garantir o funcionamento do sistema; so formadas pelos servios do Estado, autarquias, organismos pblicos locais e associaes profissionais.Caractersticas do Sistema Turstico:

humano, espacial e temporal;

aberto, que recebe influncias de outros sistemas (ex. sistemas econmico e educacional)

caracterizado por conflitos e cooperaes internas e externas;

composto por vrios subsistemas;

com perda de controlo e coordenao em vrios dos seus elementos constitutivos.

4.3. Os Recursos TursticosRecursos tursticos - todos os bens e servios que, por intermdio da actividade humana, tornam possvel a actividade turstica e satisfazem as necessidades da procura.

O patrimnio turstico constitui o elemento fundamental que o homem transforma em recursos tursticos utilizando meios tcnicos, econmicos e financeiros.

Os recursos tursticos so constitudos pelo patrimnio turstico que, mediante uma interveno do homem, se transformam em patrimnio utilizvel.

Tal como so oferecidos pela natureza, os recursos naturais so insuficientes para garantir a permanncia dos viajantes cuja deslocao originam. Torna-se necessria a construo de equipamentos que, por um lado, permitam a deslocao (transportes, organizao de viagens) e, por outro, assegurem aquela permanncia (alojamento, restaurantes). Sem estes equipamentos no existir actividade turstica embora possam existir deslocaes.

O recurso turstico foi definido na Plano Nacional de Turismo de 1986 1989 como:

todo o elemento natural, actividade humana ou seu produto, capaz de motivar a deslocao de pessoas ou de ocupar os seus tempos livres.Um recurso turstico deve constituir um factor essencial para a escolha de um destino, quanto aos seus atractivos de ordem natural, cultural ou de simples animao recreativa.

4.4. O Turista

- Definio de Turista

A expresso turista relativamente recente. Comeou a ser utilizada no incio do sculo XIX para designar aqueles que viajavam por prazer. Mas, actualmente, a expresso turista tem um sentido muito mais amplo.

Na segunda metade do sculo xviii, passou a ser normal para os jovens ingleses, das camadas sociais mais elevadas, complementarem a sua educao com uma viagem ao Continente que era designada, na Inglaterra, pela expresso fazer a Grand Tour ou, mais tarde, apenas a Tour. As pessoas que faziam esta viagem - a Tour - eram designadas de Touristes.

A palavra foi, posteriormente, introduzida em Frana por um escritor, passando a designar toda a pessoa que fazia uma viagem para o seu prprio prazer.

Muitas outras lnguas adoptaram as palavras francesas Touriste e Tourisme com o sentido restrito de: viagem feita sem fim lucrativo, por distraco, repouso, satisfao da curiosidade de conhecer outros locais e outras pessoas; embora a viagem no fosse considerada um mero capricho mas antes uma forma de aprendizagem, um meio complementar de educao.

Esta concepo prevaleceu durante muitos anos e, ainda em 1932, um autor portugus (Jos Atade), escrevia o seguinte: o turismo consiste nas viagens por mero prazer, as que se fazem com o fim exclusivo de gozar os encantos dos pases que se visitam. Face a esta considerao, surgem ento as seguintes questes:

- Ento o homem de negcios no um turista?- Um caixeiro viajante no um turista?- Um indivduo que vai fazer uma cura numa estncia termal no um turista?- No so turistas as pessoas que o acompanham?- Aqueles que passam uma temporada numa praia no so turistas?- Os que fazem uma viagem de estudo no so turistas?Todos eles, ao deslocarem-se para fora da sua residncia habitual, seja no interior do pas ou para o estrangeiro, comportam-se de modo idntico queles que viajam por puro prazer e utilizam-se dos mesmos meios de transporte e dos mesmos estabelecimentos hoteleiros e de restaurao, procedem a reservas pelas agncias de viagens e fazem compras nos locais para onde se deslocam. Tm tudo em comum, excepto quanto razo da sua deslocao ou da motivao que esteve na origem desta, e provocam idnticos efeitos econmicos e sociais.Para a economia das companhias areas, dos hotis ou das agncias de viagens indiferente que o viajante utilize os seus servios, quer se desloque por puro prazer ou para satisfazer uma necessidade profissional.Deste modo, na acepo moderna, a expresso turista refere-se s pessoas que se deslocam para fora da sua residncia habitual.Convm, pois, desde j reter os dois elementos que integram o conceito de Turista:- a deslocao- a residncia.Para algum ser considerado como Turista necessrio que se desloque para um local diferente do da sua residncia.Mas todos os dias h pessoas que se deslocam para fora da sua residncia e no podem ser considerados como turistas. o caso dos que vivem nos arredores dos centros urbanos e que todos os dias se tm de deslocar para estes por razes profissionais ou quaisquer outras.Falta, portanto, um terceiro elemento: o da durao da permanncia. Para que uma pessoa possa ser considerado como turista necessrio que se desloque para um local diferente da sua residncia habitual e a tenha uma certa permanncia, tendo-se convencionado que esta no dever ser inferior a 24 horas. H, contudo, milhares de pessoas que se deslocam para fora da sua residncia por perodos inferiores ou superiores a 24 horas exclusivamente por razes ligadas ao exerccio da sua profisso e com o objectivo de auferirem uma remunerao, no sendo correcto englob-las na mesma categoria daquelas que se deslocam por motivos considerados no conceito inicial de turista. Encontramos, ento, um quarto elemento integrante do conceito de turista: a remunerao.A definio de turista ou de turismo no tem sido tarefa fcil nem pacfica em virtude da dificuldade em enquadrar no mesmo conceito realidades, por vezes, muito distintas mas com pontos comuns inseparveis e gerando fenmenos semelhantes mas nem sempre produzindo resultados iguais.Mas uma viagem de uma pessoa nacional no interior do seu pas tem muito de comum com a viagem de uma pessoa estrangeiro nesse mesmo pas mas os resultados que produzem so diferentes.A primeira tentativa de definio de turista ocorreu em 1937, quando a Comisso Econmica da Sociedade das Naes (sdn) se defrontou com a necessidade de tornar mais comparveis as estatsticas tursticas internacionais.Em consonncia com a tendncia, na altura dominante, de apenas se considerar como turistas os viajantes estrangeiros, a sdn entendeu que o termo turista deve, em princpio, ser interpretado como significando toda a pessoa que viaja por uma durao de 24 horas, ou mais, para um pas diferente do da sua residncia.Como esta definio era imprecisa e no considerava a remunerao, a Comisso f-la seguir da enumerao das categorias de pessoas que deveriam ou no considerar-se como turistas.Assim, considerou como turistas:

1. As pessoas que realizam uma viagem por prazer ou por razes familiares, de sade, etc.;2. As pessoas que se deslocam para realizar reunies ou misses de toda a espcie: cientficas, administrativas, diplomticas, religiosas, desportivas, etc.;3. As pessoas em viagem de negcios;4. Os visitantes em cruzeiros martimos mesmo quando a durao da permanncia seja inferior a 24 horas.No eram consideradas turistas:1. As pessoas, com ou sem contrato de trabalho, que chegam a um pas para ocupar um emprego ou a exercem uma actividade profissional;2. As pessoas que vo fixar o seu domiclio no pas;3. Os estudantes e jovens vivendo em pensionatos ou internos em estabelecimentos escolares;4. Os viajantes em trnsito sem paragem no pas, mesmo se a travessia durar mais de 24 horas.

Esta primeira definio ampliou o conceito inicial passando a considerar como turistas as pessoas que se deslocavam para realizar reunies ou misses ou em viagens de negcios e, levou, pela primeira vez, a incluir no turismo pessoas que viajavam independentemente do puro prazer.

Em 1950, a ento Unio Internacional dos Organismos Oficiais de Turismo (uioot), que mais tarde daria lugar a Organizao Mundial de Turismo (OMT), entendeu que no se justificava a excluso dos estudantes da definio da SDN porque a manuteno dos jovens , em geral, assegurada pelas respectivas famlias que residem no estrangeiro e passou a inclu-los na definio de turista.

For outro lado, a uioot preocupou-se com uma categoria especial de pessoas, cada vez mais numerosa, que se deslocam para um pas estrangeiro por perodos inferiores a 24 horas e que no estavam includos na definio da sdn. Estas pessoas, chamadas excursionistas, passaram tambm a ser includas no conceito de turista.

Posteriormente, a Organizao das Naes Unidas (ONU), que resultou da transformao da Sociedade das Naes, em conjunto com a Organizao da Aviao Civil Internacional, modificaram a definio da SDN, com as alteraes introduzidas pela uioot, e elaboraram a sua prpria definio substituindo a designao de turista por visitante temporrio.A definio a que chegaram difere essencialmente da anterior pelo facto de abandonar o critrio da durao mnima de estada de 24 horas, estabelecer, em contrapartida, uma durao mxima de estada no pas visitado de 3 meses e passando a incluir na categoria de visitantes as pessoas em trnsito.

Uma outra definio foi includa na Conveno sobre as Facilidades Aduaneiras em favor do turismo, concluda em Nova York, em 1954, que considerou como turista toda a pessoa que entra em territrio de um Estado, diferente daquele em que a dita pessoa tem a sua residncia habitual e nele permanea pelo menos 24 horas e no mais de 6 meses, em qualquer perodo de 12 meses, com fins de turismo, recreio, desporto, sade, assuntos familiares, estudo, peregrinaes religiosas ou negcios, sem propsito de emigrao.

0 facto de existirem vrias definies de turismo internacional apresentava srias dificuldades, sobretudo por razes de comparao e anlise estatstica, pelo que a uioot tomou a iniciativa de propor a adopo de uma definio uniforme e que integrasse os elementos caracterizadores do turismo atrs indicados.A proposta foi apresentada e discutida em 1963, na Conferencia das Naes Unidas sobre o Turismo e as Viagens Internacionais, realizada em Roma, que adoptou a seguinte definio de visitante para fins estatsticos: o termo visitante designa toda a pessoa que se desloca a um pas, diferente daquele onde tem a sua residncia habitual, desde que a no exera uma profisso remunerada, compreendendo-se nesta definio:

a) Os turistas, isto , os visitantes que permaneam pelo menos 24 horas no pas visitado e cujos motivos de viagem podem ser agrupados em:

Lazer (frias, sade, estudos, religio, desportos e prazer)

Negcios, razes familiares, misses, reunies;

b) Os excursionistas, isto , os visitantes temporrios que permaneam menos de 24 horas no pas visitado (incluindo os viajantes em cruzeiros).

Esta definio abrange, portanto, os visitantes no nmero dos quais se incluem todos os no residentes que chegam a um determinado pas, com excepo dos que, juridicamente, no entram no territrio nacional (por exemplo, os viajantes que chegam a um aeroporto e nele permanecem at reembarcarem), subdividindo-se em turistas e excursionistas.

Surge-nos aqui uma distino importante. A distino entre visitante e turista, que habitualmente se confundem, mas que tm uma diferena essencial.

Os visitantes so todos os que chegam s fronteiras e, por isso, habitual falar em chegadas, mas s so turistas os que permanecem mais de 24 horas.

A diferena entre eles no meramente estatstica: os excursionistas, que adicionados aos turistas constituem o grupo de visitantes, no se utilizam dos alojamentos e limitam as suas visitas proximidade das fronteiras.

Para se avaliar a diferena entre uns e outros bastar referir que, em 1995, as entradas de visitantes em Portugal ultrapassaram largamente os 22 milhes mas os turistas entrados pouco ultrapassaram os 9,7 milhes. Tradicionalmente, o nmero de turistas no chega aos 45% do nmero total de visitantes embora, em Espanha, a proporo do nmero de turistas, relativamente ao nmero de visitantes, ronde os 70%.

Entradas de Visitantes Estrangeiros em Portugal

Unid.: Milhares

Visitantes1990199219941995

l. Turistas Excursionistas Trnsito martimo8.019,9 10.179,8 222,48.884,1 11.634,9 222,99.169,1 12.377,9 211,99.705,5 12.925,0

244,7

2. Total18.422,120.741,921.758,922.875,2

(1)/(2) %43,542,842,142,4

Fonte: O Turismo em 1994. Anlise de Conjuntura. Boletim n 18, Jan./Fev. 1996, DGT.

Em Portugal apura-se, estatisticamente, a diferena entre turistas e visitantes decompondo-se o nmero de visitantes pelos seus componentes mas em alguns pases no feita esta distino como, por exemplo, no Reino Unido cujas estatsticas apenas fornecem o nmero de visitantes, pelo que no h possibilidade de efectuar comparaes.

Pela definio das Naes Unidas, que a normalmente seguida internacionalmente, verifica-se facilmente que ela comporta os seguintes elementos na definio de turista:

a) A deslocao de uma pessoa de um pas para outro diferente daquele em que tem a residncia habitual;

b) Um motivo ou uma razo de viagem que no implique o exerccio de uma profisso remunerada;

c) Uma permanncia no pas visitado superior a 24 horas;

d) A adopo do conceito de residncia por contraposio ao da nacionalidade.

De acordo com o ltimo dos elementos integrantes da definio de turista conclui-se que um portugus que resida habitualmente em Frana deve ser considerado como turista francs quando visita Portugal e um residente estrangeiro em Portugal quando passa frias no interior do pas deve ser considerado como turista portugus. No entanto, as estatsticas portuguesas no incluem os portugueses no residentes no nmero de visitantes estrangeiros que chegam s nossas fronteiras, contrariamente ao que se verifica em Espanha, por exemplo, e aqui encontramos mais um factor que dificulta ou impede mesmo as comparaes internacionais.

Esta definio das Naes Unidas , porm, incompleta. Apenas se refere ao turismo internacional excluindo, portanto, os movimentos tursticos no interior de cada pas provocados pelas pessoas que neles residem e no limita o tempo de permanncia no local visitado, condicionando apenas, esta, a que, no mnimo, seja de 24 horas, quando em anterior definio se considerava tambm um tempo de permanncia mxima de 3 meses e a Conveno sobre as Facilidades Aduaneiras a limitar a 6 meses.

Por isso, em 1983, a Organizao Mundial de Turismo, elaborou uma definio de turismo nacional pela qual: o termo visitante nacional designa toda a pessoa, qualquer que seja a sua nacionalidade, que reside num pas e que se desloca a um lugar situado nesse pas e cujo motivo principal da visita diferente do de a exercer uma actividade remunerada. Esta definio compreende:

a) Os turistas nacionais, isto , os visitantes com uma permanncia no local visitado, pelo menos, de 24 horas mas no superior a um ano, e cujos motivos de viagem podem ser agrupados em:

Prazer, frias, desportos;

Negcios, visita a parentes e amigos, misso, reunio, conferncia, sade, estudos, religio;

b) Os excursionistas nacionais, isto , os visitantes que permanecem no local visitado menos de 24 horas (incluindo os passageiros em cruzeiro).

Chegados a este ponto possvel assentar nos seguintes conceitos de acordo com a definio da onu:

Visitante, toda a pessoa que se desloca temporariamente para fora da sua residncia habitual, quer seja no seu prprio pas ou no estrangeiro, por uma razo que no seja a de a exercer uma profisso remunerada;

Turista, todo o visitante temporrio que permanece no local visitado mais de 24 horas;

Excursionista, todo o visitante temporrio que permanece menos de 24 horas fora da sua residncia habitual.

Por estas definies, essencialmente de carcter estatstico, no se faz qualquer destrina entre os que viajam por motivos de lazer, repouso, desporto, negcios, cultura, sade ou religio e, assim, englobamos na categoria de turistas, por exemplo, os componentes de uma equipa de futebol, de uma peregrinao religiosa ou de um congresso que se deslocam no interior do pas ou para o estrangeiro desde que, no local para que se deslocaram, no exeram qualquer profisso remunerada e a permaneam entre 24 horas e um ano.Conceitos de acordo com a definio da ONU

VisitanteTuristaExcursionista

Pessoa que se desloca temporariamente para fora da sua residncia habitual, quer seja no seu prprio pas ou no estrangeiro, por uma razo que no seja a de a exercer uma profisso remunerada.Visitante temporrio que permanece no local visitado mais de 24 horas.

Visitante temporrio que permanece menos de 24 horas fora da sua residncia habitual.

A Organizao Mundial de Turismo designa os consumidores do produto turstico por visitantes. O termo "visitante" ficou definido para fins estatsticos, como designando toda a pessoa que se dirige para outro destino, diferente daquele em que fixou residncia habitual, movida por razes que as de no exercer uma profisso remunerada no destino visitado.

1. Visitantes que passam pelo menos uma noite no pas visitado;

2. Tripulantes dos navios ou avies estrangeiros em reparao ou fazendo escala no pas e que utilizam os meios de alojamento do pas;

3. Visitantes que no passam a noite no pas visitado dado que podem visit-lo durante um ou vrios dias e dormir no barco ou no comboio;

4. Includos normalmente nos excursionistas. Uma classificao separada destes visitantes todavia recomendada;

5. Visitantes que chegam e partem no mesmo dia;

6. Tripulantes que no so residentes do pas visitado e que a permanecem durante o dia;

7. Quando se deslocam do pas de origem para o pas onde esto colocados e inversamente (inclui as domsticas e as pessoas a cargo que os acompanham);

8. Que permanecem na rea de trnsito do aeroporto ou do porto. Em certos pases o trnsito pode comportar uma estadia de um ou vrios dias. Neste caso, necessrio inclu-los nas estatsticas dos visitantes.

Fonte: Organizao Mundial do Turismo

3. Turismo e Desenvolvimento

Os estudos de planeamento e desenvolvimento turstico tm como objectivo fundamental a definio de estratgias orientadoras para a estruturao da actividade turstica num determinado territrio (concelho, regio, pas).3.1. Desenvolvimento e Sustentabilidade

As directrizes para o desenvolvimento sustentvel do turismo e as prticas de gesto sustentvel so aplicveis a todas as formas de turismo em todos os tipos de destinos, incluindo o turismo de massas e os diversos segmentos tursticos.Os princpios da sustentabilidade referem-se aos aspectos ambientais, econmicos e socioculturais do desenvolvimento turstico, devendo estabelecer-se um equilbrio adequado entre essas trs dimenses para garantir a sua sustentabilidade a longo prazo.Assim, o desenvolvimento turstico assente nos princpios da sustentabilidade dever:

dar um uso ptimo aos recursos ambientais, respeitar a autenticidade sociocultural das comunidades anfitris e assegurar uma actividade econmica vivel a longo prazo, oferecendo benefcios socioeconmicos a todos os agentes.Exige ainda a participao informada de todos os agentes relevantes, sendo um processo contnuo que requer a constante monitorizao dos impactos, devendo igualmente manter um elevado nvel de satisfao dos turistas.4. Indicadores da Actividades Turstica

4.1. A Oferta e a Procura

A OFERTA TURSTICA

Oferta turstica - conjunto dos bens e servios que concorrem para (Cunha, 1997) satisfazer as necessidades dos turistas.

Oferta turstica constituda por todos os elementos que contribuem (Baptista, 1990) para A satisfao das necessidades de ordem psquica, fsica e cultural que esto na origem das motivaes dos turistas.

PROCURA TURISTICA

Do ponto de vista econmico, a procura total do turismo de um pas, num determinado momento, composta:

- pela procura correspondente ao turismo de nacionais;

- pela procura correspondente ao turismo de estrangeiros nesse pas.MDULO 2 Procura e Motivaes Tursticas

1. A Procura Turstica

1.1. Noo e Tipos de Procura Turstica

1.2. Necessidades Tursticas

1.3. Utilidade Turstica

1.4. Elasticidade da Procura Turstica

1.5. Consumo Turstico

2. Determinantes da Procura Turstica

2.1. Determinantes Estruturais

2.2. Determinantes Conjunturais

3. Dimenso e Caractersticas da Procura Turstica

3.1. Caractersticas comportamentais do consumidor

3.1.1. Factores Culturais

3.1.2. Factores Sociais

3.1.3. Factores Pessoais

4. As Motivaes e a sua Influncia no desenvolvimento da procura turstica

4.1. Motivaes para o turismo e comportamentos do turista

4.2. Critrios para a definio de perfis socioeconmicos dos turistas

4.3. Impactos das motivaes na organizao da oferta turstica

4.4. Tipologia dos turistas1. A Procura Turstica

1.1. Noo e Tipos de Procura TursticaO aumento do nvel de vida e o desenvolvimento dos transportes provocou o desenvolvimento das viagens, levando tambm a que os analistas tivessem interesse em estudar a procura turstica.Turismo no s sinnimo de procura turstica, mas esta reflecte a importncia alcanada pelos movimentos tursticos a procura , do ponto de vista econmico, a quantidade de bens e servios que as pessoas que se deslocam adquirem num determinado momento. Corresponde, ento, a todos os bens e servios que os visitantes adquirem para realizar as suas viagens, expressas em quantidades.

A procura turstica pode ser vista em diferentes perspectivas:

a) Procura Fsica

Corresponde s deslocaes no mbito das definies do conceito de visitante (critrio fronteira). A procura constituda pelos fluxos tursticos medidos pelas chegadas s fronteiras e pelas dormidas nos meios de alojamento de um pas.

b) Procura Monetria

Na vertente monetria, a procura turstica expressa pelo valor do conjunto dos consumos realizados pelos visitantes - as receitas tursticas; so todos os gastos relacionados com a viagem.Corresponde soma das receitas de origem externa (divisas trazidas pelos estrangeiros) com os gastos efectuados pelos residentes nas viagens dentro do pas.c) Procura Geogrfica

Os movimentos tursticos gerados num determinado espao geogrfico: locais de origem e destinos. Nesta vertentes, so analisados os fluxos tursticos, de onde surgem, por onde passam e para onde se dirigem.

d) Procura Global

Ao nvel de um pas, a procura global avaliada pela taxa de partida: relao entre a populao total e a sua parte desta que passa frias, ou que tem propenso para viajar.

Na procura global podemos distinguir dois grupos:

Procura Efectiva percentagem de populao que efectivamente faz turismo numa determinada altura; a procura efectiva que aparece nos dados estatsticos.

Procura Suprimida divide-se em dois grupos:

1) Procura Potencial: parte da populao que numa dada altura no viaja por qualquer motivo, mas com condies para viajar no futuro caso os motivos de impedimento viagem sejam alterados.2) Procura Diferida: inclui todos aqueles que no viajam por falta de oportunidade/condies.

Razes pelas quais os portugueses no gozaram frias(1999,96 e 94)

Razes199919961994

Motivos econmicos

Motivos profissionais

Razes de sade pessoal ou de familiares

Reformados/idade

Motivos familiares

No tem direito a frias

Desemprego

No costuma gozar frias

Outras razes62

19

5

12

3

6

3

3

-65

17

2

2

3

2

2

4

162

15

7

4

6

2

1

4

5

Unidade: %Fonte: DGT, Frias dos Portugueses em 1999

No quadro anterior podemos ver que, dos portugueses que no gozaram ferias em 1999, 19% no o fizeram por motivos profissionais e que 5% por motivos de sade e familiares - ou seja, 24% dos portugueses fazem parte da procura potencial, pois no gozaro frias por razes momentneas. Por outro lado, 6% da populao no tem direito a frias, fazendo parte da procura diferida.1.2. Necessidades Tursticas

O homem actua na esfera econmica com o nico fim de obter plena satisfao para necessidades que crescem ininterruptamente.

De acordo com Maslow, o homem um animal insatisfeito a ainda mal satisfez uma necessidade j uma outra a substituiu.O processo continuo e apresenta se em degraus sucessivos, isto , segundo uma hierarquia de importncia.

- No fundo da escala encontram se as necessidades fisiolgicas que correspondem razo de viver: fome, repouso, exerccio, amor, habitao e proteco contra os elementos;- Depois surgem as necessidades de segurana que constituem um desejo de proteco contra o perigo, a ameaa e a privao;

- Em seguida, o homem deseja satisfazer necessidades sociais como a posse, a associao, a integrao em grupo a de ser aceite pelos seus semelhantes;- A necessidade de estima respeita confiana em si prprio, a independncia, a competncia, o saber. Esta necessidade tem a ver com a reputao, a condio social, a considerao, o respeito dos outros que induz a pessoa a procurar o reconhecimento do seu prprio valor ou das coisas a que atribui valor;

- No topo da hierarquia encontram se as necessidades de auto realizao, isto , a realizao das aspir