7.4.ELISETE NATACAO 3 IDADE.pdf

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HIDROPSICOMOTRICIDADE NA TERCEIRA IDADE BRINCANDO PARA SER SRIOELISETE DA SILVA

FLORIANPOLIS1999

Monografia apresentada ao Curso de Ps Graduao em Atividades Educao

Aquticas do

Centro de

Fsica e Desportos da Universidade do Estado de Santa Catarina, para

obteno do ttulo de Especialista em Atividades Aquticas sob a orientao do Prof. Ms. Sidirley de Jesus Barreto.

HIDROPSICOMOTRICIDADE NA TERCEIRA IDADE: BRINCANDO PARA SER SRIO

Monografia aprovado como requisito parcial do grau de especialista, no curso de Ps-Graduao em Atividades Aquticas do Centro de Educao Fsica e Desportos da Universidade do Estado de Santa Catarina.

Comisso Julgadora: Orientador: Prof. Ms. Sidirley de Jesus Barreto Mestrado emEducao: Ensino Superior

Florianpolis, 26 de novembro de 1999 iii

EPGRAFE

O

movimento

espontneo

nascer quando o corpo tomar conscincia da pele, dos msculos, das articulaes, da respirao quando o ouvido perceber os sons, quando o olhar souber ver no outro a graa viva do gesto. Yvonne Berge

Os anos enrugam a pele, mas a apatia, a ausncia de objetivos maiores, que enrugam a alma sendo que esse o verdadeiro envelhecimento que tanto empobrece a existncia e inclina o corpo para frente.

Filsofo Hetchel

iv

DEDICATRIA

Dedico este estudo estas pessoas de grande dimenso existencial que deixam suas pegadas, sua sabedoria e seus ensinamentos por onde quer que

passem:

os idosos !

v

AGRADECIMENTOS

* Valria Thom Maia - Prof do Pr Escolar, MiriamGomide Cavalcanti Silva Psicloga Infantil, Viviane Dal Molin Moraes - Orientadora Educacional da rea Infantil e ao Lus Francisco Bueno Sferra - Prof. de Educao Fsica (Colgio Objetivo - Trs Lagoas - MS) Muito obrigado por mostrarem o caminho da psicomotricidade, de que a conheci desde 1988 e apaixonei-me !!! * Eliane Rocha, por ter apresentado a proposta de ps-graduao e por sua companhia constante influenciando-me a chegar neste estgio cultural.

Obrigado, sempre lembrarei disto! * Gorethy e ao Eugnio Colombi, Mariclia de Lima Medeiros, Andra Teixeira, Luciane Kotzias e FESPORTE - pelo abrigo, aconchego para conseguir

realizar a empreitada. Obrigado pela diviso de espao, cortesia, calor humano ! * Liciane Formentini - pela bela amizade, diviso da conduo, , das idias, do carinho...

* Rosemary Rauchbach, Especializada em Terceira Idade, por ser responsvel pela luz do meu projeto, da qual acredita verdadeiramente. * Ao Prof. Ms. Sidirley Barreto, meu orientador - pelo seu interesse e suas idias mirabolantes. * Aos idosos - aos meus pais, Adolfo e Anselma da Silva, com quem tenho a aprendizagem diria - aos que j fazem minhas aulas, dividindo experincias

na gua - e aos que aceitaram participar do meu projeto, pela humildade . * Ao Prof. Dr. Francisco Rosa Neto - por apresentar a Escala Motora para a Terceira Idade. * Ao Godofredo Nascimento , meu namorado - pela pacincia, carinho e auxlio. * famlia Zen, meus amigos - que, estando no Caixa DAo (casa de praia da famlia), consegui inspirao para todo o meu projeto. * Luciane Martins, teraputa holstica - pelo apoio. * Ao Maurcio e Sandra Junkes, proprietrios da Tropical Academia - por cederem gratuitamente a piscina para a realizao do estudo.

SUMRIO

LISTA

DE

ANEXOS

.......................................................................................................... RESUMO ......................................................................................................................... x

CAPTULO I - COMO TUDO COMEOU1 INTRODUO .............................................................................................................. 01

2 O PROBLEMA E SUA JUSTIFICATIVA ............................................................................. 03 3 OBJETIVOS E HIPTESE ............................................................................................... 05 3.1 Objetivo Geral ........................................................................................................... 05 3.2 Objetivos Especficos ................................................................................................ 05 3.3 Hiptese .................................................................................................................... 05

CAPTULO II - TERCEIRA IDADE

4 UM POUCO DE HISTRIA 4.1 Mitos ......................................................................................................................... 5 VOC TO VELHO QUANTO PENSA QUE .............................................................. 06 5.1 Mudanas provenientes da idade ............................................................................. 06 5.2 Crises do desenvolvimento ...................................................................................... 07 5.3 Pequenas verdades - grandes descobertas ............................................................... 09 5.4 Trs idades do homem ............................................................................................. 10 5.5 Fatores negativos que aceleram o envelhecimento ................................................. 11 5.6 Fatores positivos que retardam o envelhecimento .................................................. 12

5.7 Idade cronolgica X idade psicolgica ................................................................... 13 5.8 Uma questo de interpretao ................................................................................. 15

CAPTULO III - SOMOS UM SER PSICOMOTOR(FEITOSA)6 PSICOMOTRICIDADE 6.1 Educao psicomotora ............................................................................................. 17 6.2 Reeducao psicomotora......................................................................................... 19 6.3 Progresso dos movimentos .................................................................................... 19 6.4 O brincar sempre ter um fundo de aprendizagem ................................................ 20 6.5 Pensar no mais importante que acariciar ........................................................... 21 6.6 Conscientizao corporal ........................................................................................ 22 6.7 Princpios norteadores da ao pedaggica viabilizadora da cincia da motricidade humana ............................................................................................ 24

CAPTULO IV - OUTROS FATORES

7 INFORMAES

7.1 Nutrio/Sade ...................................................................................................... 28 7.2 Hidropsicomotricidade... O que ? ....................................................................... 29 7.2.1 Benefcios da prtica de hidropsicomotricidade ................................................. 29 7.3 Msica ................................................................................................................... 34 7.4 Modelagem com argila ......................................................................................... 35

CAPTULO V - COMO ACONTECEU8 METODOLOGIA 8.1 Caracterizao da pesquisa

.................................................................................. 38 8.2 Definio de termos ............................................................................................. 38 8.3 Definio de variveis .......................................................................................... 42 8.4 Delimitao de estudo ......................................................................................... 42 8.4.1 Amostra ............................................................................................................. 43 8.5 Instrumento de coleta de dados .......................................................................... 43

8.6 Procedimento de coleta de dados ....................................................................... 44

CAPTULO VI - ANLISE E DISCUSSO DE DADOS9 FORMULRIO N 1 9.1 Dados pessoais ..................................................................................................... 9.2 Quanto sade .................................................................................................... 9.3 Quanto s atividades fsicas ................................................................................. 9.4 Auxlio de outros .................................................................................................. 9.5 As formas de locomoo mais utilizadas ............................................................. 9.6 No quesito corpo: o que para os gerontes pesquisados? .................................. 9.7 Hidropsicomotricidade: o que o idoso esperava? ................................................ 10 FORMULRIO N 2 10.1 Estmulos/Expectativas ....................................................................................... 10.2 Melhorias detectadas pelo prprio idoso .......................................................... 10.3 Faltas durante o tempo da pesquisa .................................................................. 10.4 O que o idoso mais gostou durante as aulas? ...................................................

10.5 O que o idoso menos gostou nas aulas? ...........................................................

10.6 Preferncias das aulas de hidropsicomotricidade ............................................ 10.7 Sugestes/Alteraes realizadas pelos idosos participantes ............................ 11. RESULTADOS DOS TESTES DE PSICOMOTRICIDADE DA ESCALA MOTORA PARA A TERCEIRA IDADE 11.1 Melhoria quantitativa ......................................................................................... 11.2 Paralelo entre dois exemplos de testes .............................................................

CAPTULO VII - ANEXOS

Vide lista de anexos ................................................................................................... 61

CAPTULO VIII - CONSIDERAES FINAIS

REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS .................................................................................111

LISTAS DE ANEXOS

ANEXO 1 - FORMULRIO N 1........................................................................................... 61 ANEXO 2 - ESCALA MOTORA PARA A TERCEIRA IDADE.................................................... 66 ANEXO 3 - ALGUNS PROGRAMAS APLICADOS NAS AULAS DE

PSICOMOTRICIDADE....................................................................................... 84 ANEXO 4 - SESSO DE MODELAGEM COMARGILA........................................................... 97 ANEXO 5 - FORMULRIO N 2.......................................................................................... 94 ANEXO 6 FOTOGRAFIAS

................................................................................................ 98

x

RESUMO

O assunto abordado refere-se busca da conscientizao corporal do idoso como forma de redescobrir seu bem estar psicossomtico atravs das aulas de Hidropsicomotricidade. A atividade proposta foi a Hidropsicomotricidade por acreditar que a gua um elemento que une, faz retornar s sensaes intra uterinas (DAMASCENO, 1998) e que a psicomotricidade proporciona aos idosos a redescoberta de valores, sentimentos, capacidades, onde h um sentido muito maior do que meramente a repetio de exerccios puramente ginsticos. Refletindo sobre a complexidade da corporeidade, FEITOSA (1993, p. 175) comenta que tentar fazer do fenmeno desportivo, e das condutas motoras em geral, um espao onde o homem aprenda e exercite a sua capacidade de transcender-se ao ser mais, ao mais humano, sem nunca esquecer que o sentido da vida radica no esforo e no no resultado, uma vez que todo o resuldado apenas um novo ponto de recomeo.

Buscando resgatar o aspecto humano da corporeidade, BUENO (1998, P. 141) relata que: a (re) descoberta do mundo deve ter uma entonao voltada para a criatividade e espontaneidade. A filosofia da psicomotricidade aqutica baseada na espontaneidade e criatividade parte do princpio de que tais capacidades nascem naturalmente e no podem ser comandadas. Precisam ser estimuladas para gradativamente evolurem, dentro das necessidades individuais de cada um. As estimulaes podem ser feitas por meio dos problemas contidos (...) ou facilitadas pela utilizao de temas (...) que apenas direcionam as variveis num determinado tempo, sem com isso perder de vista seu carter espontneo e criativo. (BUENO, 1998, p. 141) A Organizao Mundial de Sade conforme SIMES (1998) classifica o envelhecimento em quatro estgios: meia idade - 45 a 59 anos; 74 anos; idoso - 60 a

ancio - 75 a 90 anos e velhice extrema - 90 anos em diante. Tambm, conforme a Organizao das Naes Unidas (ONU), citado no Dirio Oficial de 13/12/99, seo 1, pg 23, Portaria N 1.395, de 09/12/99, relata que desde 1.982 considera o

idoso o indivduo com idade igual ou superior a 60 anos; o Brasil, na Lei N 8.842/94, adota essa mesma faixa etria (Art. 2 do captulo I). Em vista do acima exposto, optou-se por uma amostra de 20 idosos com a idade de 61 a 79 anos, sendo 06 homens e 14 mulheres, moradores da cidade de Gaspar, do bairro Santa Terezinha e pertencentes ao Grupo de Idosos Gente Feliz. Infelizmente, dois deles, do sexo feminino, precisaram interromper as atividades por problemas de sade. Para o desenvolvimento da Hidropsicomotricidade, usou-se como estratgia de ensino-aprendizagem atividades que favorecessem o relacionamento entre os idosos e que os levassem participao, a se comunicarem e a conviverem com

outras pessoas fortalecendo as amizades, reintegrando-se ao seu meio social atravs do trabalho corporal consciente e intencional, verificando-se, ento, se essas vivncias intencionais aquticas (Hidropsicomotricidade) possibilitaram a melhoria da conscientizao corporal e no bem estar psicossomtico dos indivduos da terceira idade. na realizao mais que perfeita da conexo mente/corpo que est a resposta para uma vida melhor e mais longeva. (CHOPRA, 1996, p. 394).

01

CAPTULO I - COMO TUDO COMEOU

1 INTRODUO

Para se chegar velhice, basta estar vivo! E o que os indivduos esperam vivenciar at a velhice? Pois muito do que se experencia durante a fase adulta viver-se- na terceira idade numa dimenso muito maior: as manias, chatices, os maus hbitos nutricionais, a sade fsica, a maneira de encarar os problemas, e da por diante. Ento... o idoso muito mais que dores reumticas e peso dos anos. (RAUCHBACH, 1997, p. 241). Na verdade, os longos anos passam, criam-se rugas, constrem-se experincias, porm desgasta-se o

corpo. Como uma mquina que precisa de manuteno constante, o corpo humano merece e necessita de cuidados especiais e permanentes. Segundo Gorinchteyn apud SIMES (1998, p. 64), controles mdicos laboratoriais tornam-se imperiosos a partir da quinta dcada. Quando aliados atividade fsica regular no competitiva, tais controles possibilitam a preveno de vrias doenas, assim como o tratamento daquelas j instaladas. Promovem bem estar fsico e mental e recuperam a auto-estima dos idosos. A adequao do indivduo a uma atividade fsica requer dois fatores bsicos: satisfao pela atividade escolhida e uma condio adequada. H pessoas que se aborrecem quando se movimentam. Executar

movimentos sem motivao muito mais cansativo do que fazer exerccios com interesse. (...) O exerccio torna-se, ento, a expresso da procura de um acordo total de uma nova maneira de viver o corpo sem separ-lo da mente. (BERGE, 1988, p. 11). E este

02

equilbrio - corpo, mente, energia, emoes -

recebe

alteraes

particulares

dependendo do meio que o indivduo vive, convive e se manifesta. Portanto, os movimentos precisam ir muito alm de puros exerccios. Foi apresentado a um grupo de 20 idosos (61 a 79 anos) de ambos os sexos (infelizmente duas mulheres interromperam por problemas de sade), ento 18 idosos inexperientes em atividades aquticas, a Hidropsicomotricidade; que uma tcnica de movimentos conscientes realizada na gua ultrapassando os problemas motores. estruturada na psicomotricidade, abrangendo os aspectos de motricidade fina e global, equilbrio, esquema corporal, organizaes espacial e temporal e lateralidade - tomando conscincia das relaes existentes entre gesto e afetividade. Para que houvesse um paralelo mais preciso - antes e depois da prtica regular de hidropsicomotricidade - que os idosos no poderiam ter experimentado

as atividades aquticas. Foram preenchidos formlrios, realizado modelagens com argila, Testes de Psicomotricidade da Escala Motora para a Terceira Idade (ROSA, NETO) e as aulas propriamente ditas. Para CHOPRA (1996, p. 40), ns experimentamos a alegria da vida atravs de nossos corpos, portanto apenas natural acreditar que nossos corpos no estejam voltados contra ns, e sim que desejam o que ns desejamos. Muitas vezes, nem sequer possuem a motivao bsica interna demelhorar fisicamente. Deve, ento, ser remotivados atravs de estmulos externos. Um destes estmulos pode ser a Hidropsicomotricidade.

03

2 O PROBLEMA E SUA JUSTIFICATIVA

Os exerccios

mecnicos

e repetitivos no levam os indivduos a

expressarem os seus verdadeiros sentimentos. (RAUCHBACH, 1997 ). Partindo dessa afirmao, observa-se, que os indivduos de terceira idade, principalmente, buscam o equilbrio emocional para que fisicamente estejam saudveis. Por que os idosos ? O interesse pela faixa etria surgiu por dois motivos: pela tendncia do crescimento da populao idosa - que segundo a Organizao Mundial de Sade - OMS - No perodo de 1.950 a 2.025, o grupo de idosos no Brasil dever ter aumentado em 15 vezes, enquanto a populao total em cinco. O Pas ocupar, assim, o sexto lugar quanto ao contingente de idosos, alcanando, em 2.025, cerca de 32 milhes de

pessoas com 60 anos ou mais de idade. (Dirio Oficial de 13/12/99, seo 1, p. 20, Ministro de Estado da Sade Jos Serra) e pela experincia pessoal dos dois apaixonantes anos com aulas de hidroginstica para a terceira idade. O movimento corporal capaz de despertar emoes que vo desde os desejos, prazeres e potencialidades que, para o idoso, pareciam muito longe de ser possveis sensao de rejuvenescimento, claramente exposta numa expresso alegre e em um corpo desperto e gil. (RAUCHBACH, 1997) . De acordo com FEITOSA, ( 1993, p. 167) o movimento uma ferramenta poderosa e normalmente constitui uma experincia muito emotiva (...) Assim, muito improvvel que as experincias sobre a mente e o psiquismo. Segundo OKUMA (1998), compreender o que o movimento e fsicas tenham um efeito neutro

conseqentemente a atividade fsica para o idoso, compreender que ele tem diferentes significados, que podem diferir de idoso para idoso e esto fortemente relacionados esfera de vida (...)04

Tangencia-se ento a questo do amor. O amor aqui entendido como atitude doadora, onde cada um d o melhor de si para o bem do prximo. CHOPRA (1996, p. 394) refletindo sobre a terceira idade comentou: Use o amor como espelho de sua intemporalidade; permita que ele alimente a convico de que voc transcende mudana, assim tambm como lembrana de ontem e ao sonho de amanh. H um nmero infinito de maneiras para descobrir o seu verdadeiro ser, mas a luz mais brilhante a do amor. Seguindo-a, voc ser levado para alm dos limites da velhice e da morte. Se o movimento corporal, a expressividade e os sentimentos esto fantasticamente interligados, necessrio que hajam trocas energticas

constantes. Com o toque podemos transmitir mais amor em cinco segundos do que com palavras em cinco minutos. (DAVIS, 1985, p. 24).

A cincia da motricidade humana conceitua o homem como um ser carente e consciente. Um ser capaz de superar-se por ser aberto e prxico. Por isso, propese que a pedagogia radique no aspecto conscincia a sua fora propulsora, de forma criadora e libertadora. No h liberdade sem conscincia de si. No h conscincia de si sem uma conseqente ou mesmo simultnea busca de sentido para a vida.(FEITOSA, 1993 p. 148). Ento, a conscientizao corporal, conquistada durante a vida inteira, precisa ser vivenciada intencionalmente de corpo e alma. Isto , os processos corporais mais bsicos respondem ao estado de esprito. Se voc tem medo de movimentar seu corpo, ele ir

consumir. Portanto, as aulas que envolvam exerccios fsicos precisam preparar o indivduo para apaixonar-se pela sua imagem corporal, pelo seu grupo, pelas aulas propostas e pelo seu prprio desempenho. Ento, surgiu o problema: at que ponto a hidropsicomotricidade pode influenciar na conscientizao corporal e bem estar nas pessoas de terceira idade, inexperientes em atividades aquticas? Por que a hidropsicomotricidade?

05

Eis aqui uma questo relevante! Optou-se por um trabalho que atravs de movimentos espontneos dentro da gua, acompanhando diferentes ritmos, com tcnicas respiratrias, relaxamento, trocas energticas - seguindo uma linha integrativa, ldica, holstica, visando os sete aspectos bsicos da psicomotricidade (motricidade fina, motricidade global, equlbrio, esquema corporal, organizao espacial, organizao temporal e lateralidade) - tendo como finalidade conduzir

os indivduos da terceira idade para fora da inrcia, da anarquia gestual, para uma capacidade de expresso autnoma, criadora e prazerosa. Esta a proposta da hidropsicomotricidade. Segundo VELASCO (1996), as atividades realizadas no meio lquido

promovem mais capacidade de resistncia ao estresse, mais energia e disposio,

aumentando, a auto-estima. Afirma BARRETO (1997 e 2000) que a educao e a reeducao psicomotora tem como objetivo resgatar a expressividade, a capacidade de comunicao do indivduo consigo mesmo, com os objetos, com os outros e com tudo que o cerca. Ento, a existncia do ser implica a sua realizao. Para ser mais, importa no s em conhecer mais, mas tambm amar mais, numa prxis integral em que todo o ser se movimente para o amor. No basta ser de qualquer maneira, pois importa ser em todos os planos da existncia. (CUNHA, 1995, p.22). No Dirio Oficial de 13/12/99 ( seo 1, p. 21 ), no tem Promoo do envelhecimento saudvel, o, ento ministro Jos Serra menciona que (...) entre os hbitos saudveis, devero ser destacados, por exemplo, a alimentao adequada e balanceada; a prtica regular de exerccios fsicos; a convivncia social estimulante; e a busca em qualquer fase da vida, de uma atividade ocupacional prazerosa e de mecanismos de atenuao do estresse (...) Considera-se imprescindvel oferecer aos idosos um espao adequado, com profissionais experientes, ampliando as suas qualidades de vida, pois para esses indivduos as transformaes ocorreram de forma agradvel e consciente.

06

3 OBJETIVOS E HIPTESE

3.1 Objetivo Geral

. Proporcionar ao idoso, inexperiente em atividades aquticas, verdadeiro bem estar fsico-psico-social permitindo a redescoberta de valores e sentimentos atravs da conscientizao corporal, conquistada a partir da prtica regular das aulas de hidropsicomotricidade.

3.2 Objetivos Especficos

. Orientar as aulas - dentro dgua - para que a troca energtica dos indivduos de terceira idade harmonioso. . Oferecer atividades prazerosas, reeducadoras, integrativas e ldicas atravs do trabalho corporal consciente, visando favorecer o equilbrio psicossomtico (bem estar psico-fsico). atue como fator importante para a obteno de um corpo

3.3 Hiptese

A

prtica

regular

de

hidropsicomotricidade

influencia

na

melhoria

da

conscientizao corporal - como vivncias intencionais - e no bem estar psico-fsico dos indivduos da terceira idade.

07

CAPTULO II - TERCEIRA IDADE

4 UM POUCO DE HISTRIA

4.1 Mitos

LORDA (1998) analisa a importncia dos mitos para a compreenso dos gerontes. Ressalta-se abaixo as principais reflexes deste renomado pesquisador uruguaio: A imortalidade e a possibilidade de renovar a juventude tema que esteve presente nos Babilnicos. Nas sociedades primitivas, o ancio era aureolado pelo privilgio sobrenatural que lhe concedia a longevidade e, como resultado ocupavam um lugar primordial. A sociedade chinesa concedeu uma condio particularmente privilegiada s pessoas de terceira idade e o fim supremo do homem era alcanar a longa vida. Nas culturas Incas e Astecas os velhos eram tratados com muita considerao. A ateno elas era vista com responsabilidade pblica. Os ancios eram glorificados em lendas e fbulas e seus atributos eram idolatrados em contos mitolgicos de deuses e demnios. A literatura da antiga Grcia idealizavam a antiga beleza, a fora e a juventude, relegava aos velhos um lugar subalterno. A morte e a velhice estavam nos Keres (os males da vida). Para Sfocles, Aristtoles e Eurpedes, a velhice era privada de razo e iracunda (ira). Aristtoles acreditava que os ancios eram desconfiados, inconstantes, temerosos, pessimistas, melanclicos, egostas... No garantia nem sabedoria, nem capacidade poltica.

J Plato acreditava que era nesta poca da vida do homem que ele alcana a prudncia, a sensatez, a astcia e a capacidade de juzo. A Lenda de Titn diz que o prprio Titn foi abenoado pelo deus Zeus com a vida eterna, como favor a Aurora, sua amante. Mas esqueceu de incluir em sua petio que concedesse tambm a juventude eterna. Nem sequer a vida eterna tem algum valor se vai acompanhada pela velhice. Horrio, no sculo XX a C., caricaturizava o velho por sua ambio, falta de energia, avareza e torpeza.

No mundo dos romanos, o ancio era o chefe absoluto que exercia direito sobre todos os membros da famlia, com uma autoridade sem limites. Nero dizia que a velhice no se relacionava com os anos e sim com a sabedoria. Uma obra dedicada aos ancios, no mundo romano, foi A Senilidade, de Ccero, que se considerava como um elogio e defesa da velhice. No final do sculo XIX se separaram os conceitos de velhice e enfermidades no velho. Teve o nascimento da Gerontologia e da Geriatria, como disciplinas formais. Com o avano da escrita, se foi marginalizando os ancios e na sociedade tecnocrtica atual no se considera que, com o passar dos anos, o saber se acumula, mas sim, que caduca. Segundo Novaes, (1995) apud SEBERINO, (1999, p. 5) na sociedade

moderna, consumista e imediatista, os velhos so encarados como um peso social, recebendo s benefcios e no dando nada em troca. Os valores da juventude predominam como os da beleza, da energia e do ativismo.

E voc, o que pensa a respeito dos idosos?

5 VOC TO VELHO QUANTO PENSA QUE

5.1 Mudanas provenientes da idade

Comeando aos 30 anos de idade e prosseguindo ao ritmo lentssimo de 1% ao ano, o corpo humano normal comea a ter problemas: aparecem as rugas, a

pele perde o tnus e o frescor, os msculos comeam a ceder. A proporo dos msculos e gordura passa a ser igual, a viso e a audio so reduzidas, os ossos se afinam e se tornam quebradios e/ou com distrbios nas articulaes. No aspecto motor h um agravamento de suas qualidades motoras bsicas como a agilidade, destreza, velocidade e fora. Durante a expirao, as pessoas idosas retm mais ar nos pulmes e a troca gasosa fica deficitria. A presso arterial sobe e muitos elementos bioqumicos afastam-se de seus nveis timos; a maior preocupao dos mdicos com o colesterol, que vai aumentando gradualmente com o passar dos anos, marcando o insidioso progresso das doenas do corao, o que mata mais gente que qualquer outra enfermidade. denominam de mudanas provenientes da idade. A relao com o meio torna-se muito sensvel, o corpo fica suscetvel s interpries climticas, infeciosas, fsicas e qumicas, o esforo mais difcil, as necessidades alimentares mudam (a quantidade de ingesto diminui), o ritmo do sono alterado, a sexualidade alterada e diminuda tambm. (BUENO, 1998) Mas, como agir? De acordo com CHOPRA (1996, p. 43) importante que voc pode fazer para experimentar o mundo alimentar a convico de que o mundo voc. A coisa mais Os gerontlogos

sem envelhecer

10

5.2 Crises do desenvolvimento

A

vida,

do

nascimento

morte,

caracteriza-se

por

mudanas,

desenvolvimentos e adaptaes que ocorrem de modo contnuo. Cada indivduo constri um padro corporal e comportamental que ir se intensificar com a velhice. Para KUSNETZOFF (1996, p. 104),

a mudana que distingue a crise nica, singular, porque radical, extrema e brusca, no pela mudana em si mesma, que algo da prpria vida.

Na viso de Manuel Srgio apud FEITOSA: O homem um ser carente, aberto transcedncia, e por isso mesmo, um ser prxico. A possibilidade de transcedncia um desafio cincia. J no se pode afirmar hoje que a velhice, por exemplo, forosamente degenerescncia. Esta viso pessimista do curso da vida humana apriorstica e no cientfica, pois a gerontologia j apresenta resultados de investigao que demonstram o quanto estamos longe de esgotar as possibilidades de readaptao e de criao do homem, mesmo quando est velho.( 1993, p. 170).

O desenvolvimento pode ser considerado uma srie de transies, ou etapas para KUSNETZOFF (1996, p. 102-104) , sete no total - cada uma das quais com peculiaridades e fatos significativos, tanto do ponto de vista biolgico como do psicossocial.

Etapas conforme KUSNETZOFF : 1 etapa - primeira infncia ..... de 00 a 06 anos 2 etapa - infncia mdia ........ de 06 a 12 anos 3 etapa - adolescncia .......... de 12 a 18 anos 4 etapa - vida adulta-jovem .. de 18 a 35 anos 5 etapa - vida adulta-mdia .. de 35 a 50 anos

11

6 etapa - maturidade ............. de 50 a 65 anos Caracterstica: fertilidade versus infertilidade

Ocupaes/preocupaes: (mudanas na sade,

adaptao

ao

envelhecimento

fisiolgico

diminuio progressiva da energia); filhos, de

preparao para a aposentadoria; desenvolvimento, com os

atividades conjuntas; reavaliao do relacionamento com o cnjuge; separao ou elaborao de sua perda, auxlio a pais idosos; tentativa de tornar produtivo o tempo livre. Possveis ocorrncias: problemas de sade; decises; aposentadoria; lazer; nova funo; mudanas na casa; conflitos devido ao crescimento dos filho de casa; morte do cnjuge; aposentadoria.

filhos; ninho vaziocom a sada do ltimo

divrcio; conflitos em relao aos pais; resistncia

7 etapa - velhice ............... dos 65 anos em diante Ocupaes/preocupaes: segunda aspirao (carreira, ofcio, hobby); dividir a experincia conforto fsico e emocional. Possveis ocorrncias: dificuldades financeiras; problemas de sade; conflitos no mbito solido. familiar; morte de pessoas da famlia e amigos; conscincia da com os outros; avaliao do passado; razovel

Da a importncia de se trazer os idosos para vivenciarem atividades prazerosas, de socializao, nas aulas de hidropsicomotricidade - onde o equilbrio energtico emocional dos indivduos pode ser mobilizado para uma conscientizao corporal muito maior. Pode-se verificar essa importncia atravs da formulao de componentes para definir o conceito de qualidade de vida criado por Mc Donald, (1982) apud LORDA, (1998): Formulou seus componentes em cinco categorias gerais, que

podem servir de marco referencial tanto para os idosos como para os profissionais que os atendem: . Bem estar fsico (materiais, sade, higiene e segurana);

12

. As relaes interpessoais (familiares, relaes ntimas e envolvimento comunal); . Desenvolvimento pessoal (oportunidade de desenvolvimento intelectual, autoexpresso, atividade lucrativa e auto-conscincia); . Atividades recreativas (socializao, recreao passiva e recreao ativa); . Atividades espirituais e trancendentais (atividade simblica e auto-entendimento).

5.3 Pequenas verdades e grandes descobertas do envelhecimento

Na meno de CHOPRA (1996, p. 81), o corpo que envelhece se recusa a se comportar de acordo com as leis e regras mecnicas. O envelhecimento natural, mas h partes que no envelhecem: suas emoes, seu ego, tipo de personalidade, o DNA... Envelhecer inevitvel, mas em um determinado dia seu perfil hormonal pode ser mais jovem do que dia, ms ou ano anterior. O envelhecimento normal, havendo quem escape de certos sintomas da idade, enquanto que h tambm quem seja vtima deles muito tempo antes da velhice se instalar. Envelhecer gentico, mas no ao grau que se costuma supor. Ao adotar um estilo de vida saudvel, pode-se retardar os sintomas de envelhecimento em at 30 anos. O envelhecimento muitas vezes doloroso, tanto fsico quanto mental, mas isto o resultado no do envelhecimento em si, e sim das muitas enfermidades que acometeu os idosos. Um grande nmero dessas enfermidades pode ser evitada. O envelhecimento parece ser universal porque todos os sistemas e

organizaes se desgastam com o tempo. Sem influncias negativas internas ou externas os tecidos e rgos poderiam facilmente durar de 115 a 130 anos antes que a idade, e somente a idade, fizesse com que parassem de funcionar.

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O envelhecimento fatal, porque todo mundo tem que morrer, mas na vasta maioria dos casos, talvez tanto quanto 99%, a causa da morte no idade avanada, e sim cncer, ataque do corao, derrame, pneumonia e outras enfermidades.

5.4 Trs idades do homem

A complexidade das foras que operam dentro do corpo que envelhece tornase ainda mais bvia quando se faz uma pergunta aparentemente fcil: qual a sua idade? H trs modos distintos e separados de medir a idade de algum, na meno de CHOPRA (1996, p. 87): Idade cronolgica - quantos anos voc tem no

calendrio; Idade biolgica - qual a idade do seu corpo em termos de sinais crticos da vida e processos celulares e a Idade psicolgica - a idade que voc sente que tem. A idade cronolgica fixa, no entanto, tambm a menos confivel. Uma pessoa de 50 anos pode ser quase mais saudvel como quando tinha 25. Na idade biolgica o tempo no afeta uniformemente o corpo e a idade biolgica pode ser alterada. O exerccio fsico regular pode reverter efeitos mais tpicos, inclusive a presso arterial alta, excesso de gordura, taxa de acar inadequada e decrscimo da massa muscular. Os gerontologistas descobriram que as pessoas idosas que adotaram hbitos mais saudveis, aumentaram sua expectativa de vida em 10 anos. A idade psicolgica flexvel, completamente subjetiva. No h duas pessoas com a mesma idade psicolgica porque no existem duas pessoas com exatamente as mesmas experincias. (Op cit)

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5.5 Fatores negativos que aceleram o envelhecimento

De acordo CHOPRA (1996 a, p. 91) os fatores que aceleram a retrognese so: * Depresso Incapacidade de expressar as emoes Sentir-se incapaz para modificar-se e modificar os outros Viver sozinho Solido, ausncia de amigos ntimos * Falta de uma rotina diria regular * Falta de uma rotina de trabalho regular * Insatisfao com o trabalho Ter que trabalhar mais de 40 horas por semana Dificuldades financeiras, dvidas Preocupao habitual ou excessiva Arrependimento por sacrifcios feitos no passado Irritabilidade, enraivecer-se com facilidade ou ser incapaz de exprimir a raiva que sente Criticar demais a si mesmo e aos outros.

O asterisco (*) denota os fatores mais importantes.

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5.6 Fatores positivos que retardam o envelhecimento

Afirma CHOPRA (1996 b, p. 91) que os principais fatores que diminuem o impacto da retrognese so: * Casamento feliz (ou relacionamento satisfatrio) * Satisfao no trabalho * Sensao de felicidade pessoal Capacidade de rir com facilidade Vida sexual satisfatria Capacidade de fazer e manter amigos ntimos * Rotina diria regular * Rotina de trabalho regular Tirar pelo menos uma semana de frias por ano Tempo de lazer agradvel, hobbies satisfatrios Capacidade de exprimir os sentimentos facilmente Viso otimista do futuro Sentir-se financeiramente seguro, viver de acordo com suas disponibilidades.

O asterisco (*) denota os fatores mais importantes

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5.7 Idade cronolgia X idade psicolgica

Somos as nicas criaturas na face da terra capazes de mudar nossa biologia pelo que pensamos e sentimos. Possumos o nico sistema nervoso consciente do fenmeno do envelhecimento... e porque somos conscientes, nossos estados mentais influenciam aquilo de que temos conscincia.(CHOPRA, 1996 p. 15) Um surto de depresso pode desequilibrar com o sistema imunolgico; apaixonar-se, ao contrrio, pode fortific-lo tremendamente. O desespero e a deseperana aumentam o risco dos ataques de corao e do cncer, encurtando a vida. Quem sabe foi baseando-se em vivncias e colocaes deste tipo que Ciceron, (1953) apud LORDA, (1998, p. 8) citou: Toda idade pesada para aqueles em quem no h nenhum recurso em si mesmos para viver bem e feliz. CAMARIN & BORTOT (1998, p. 61) afirmam que o grande desafio se traduz em envelhecer bem, continuar a ser crebro pensante com corao capaz de sentir. A procura da felicidade deve ser incessante e ela feita de momentos, por mais que a queiramos duradoura. No existe limite de idade para ser feliz. (...) Logo, ser velho no doena; estado existencial. A velhice no um fato esttico, mas sim um prolongamento de um processo representado por um conjunto de modificaes fisiomrficas e psicolgicas ininterruptas devido ao do tempo sobre as pessoas.(CORAZZA, 1993, p. 52) Pelo fato de a mente influenciar cada clula existente no corpo, o envelhecimento humano processo fluido e cambivel; pode ser alterado, reduzido, parar por algum tempo e at reverter-se.(CHOPRA, 1996) As experincias vivenciadas so as respostas criao dos corpos, que so compostos de energia e informaes da mente - pensamento, sentimentos e

desejos - e do prprio corpo como matria. Isto , a percepo de vida poder modificar conforme o

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que se aprende no dia-a-dia, atravs dos impulsos de inteligncia, mudando a experincia de corpo e de mundo. Mas cada um possui a sua realidade, a sua essncia ntima do ser, que cria a personalidade, o ego e o corpo. No h duas pessoas que compartilhem exatamente o mesmo universo. Cada viso de mundo cria seu prprio mundo. E uma vez intensificando-se com essa realidade, a qual consistente com a viso quntica do mundo, o processo de envelhecimento se modificar fundamentalmente.( p. 18 ) Tudo o que h no universo so dados em estado natural, esperando para serem interpretados. E o modo como voc v a si mesmo causa imensas mudanas no seu corpo neste exato momento. Existem uma centena de fenmenos que acontecem e no presta-se ateno: respirar, digerir, dilatar a pupilas, equilibrar-se enquanto anda... e estes processos automticos desempenham um papel preponderante no envelhecimento, pois medida que se envelhece h um declnio da capacidade para coordenar estas funes. Pelo simples fato de prestar ateno s funes corporais, modificar o modo de envelhecer. Entre os instrumentos tecnolgicos mais utilizados atualmente entitulado por CHOPRA ( p.25) , o chamado biofeedback (tcnica de usar o feedback de uma reao corporal normalmente automtica a um estmulo, a fim de se adquirir o controle voluntrio dessa reao). Na ndia, o fluxo da inteligncia chamado de prana (traduzido como fora vital), que pode ser aumentado ou diminudo ao sabor de sua vontade. Ainda segundo este renomado mdico e escritor indiano, radicado nos Estados Unidos, um iogue movimenta o prana usando apenas o poder de concentrao, pois a um

nvel profundo, concentrao e prana so a mesma coisa - a vida conscincia, e conscincia vida. As estatsiticas indicam que as taxas de mortalidade por cncer e enfermidades cardacas so provavelmente mais altas entre pessoas com dificuldades psicolgicas, e mais baixas entre pessoas que tm um forte sentimento de objetivo de vida e bem estar. Quanto maior for a conscincia corporal, MAIS VIDA. Quanto MAIS VIDA, mais projetos, mais metas. Isto por si s j um fator de promoo da sade.18

Em seu livro The Holographic Universe, Talbot apud CHOPRA (p. 35) afirma a menos que voc se torne consciente da conscincia, no ser capaz de surpreender-se no ato da transformao. Idosos deprimidos tm quase duas vezes mais probabilidade de sofrer problemas fsicos do que velhinhos felizes, constatou pesquisa americana com 6.000 pacientes. Os letrgicos tm mais dificuldades para caminhar, vestir-se alimentar-se. (GAMA, et al, 1999, p. 33). Percebe-se pelo exposto at o momento, a importncia de jogos cooperativos e de integrao grupal para a sade dos gerontes.

5.8 Uma questo de interpretao

Os corpos so o resultado fsico de todas as interpretaes que se aprende a fazer desde que se nasce. E as interpretaes surgem da auto-interao de cada um. As primeiras etapas evolutivas da motricidade se produzem dentro do tero materno. Portanto, assim que aparecem os primeiros movimentos (8 semana), o embrio torna-se um feto e por si mesmo comea uma motricidade

aqutica.(DAMASCENO, 1989 p . 20).

Tani apud DAMASCENO (p. 18) afirma que as experincias que a criana tem durante o perodo que corresponde do nascimento at os seis anos, determinaro em grande extenso que tipo de adulto a pessoa se tornar. Se ao longo de sua vida, o indivduo construir um padro corporal e comportamental, s tender a se intensificar com o envelhecimento. Iwanoviz apud RAUCHBACH (1997, p. 244) diz que a forma de envelhecimento resulta da maneira de viver na fase adulta. E quando no estamos conscientes, quando no vemos nada do que est acontecendo, que o processo fisiolgico escapa do nosso controle.(CHOPRA, 1996, p. 80). Quando realidade. Voc19

a

interpretao

muda, tem lugar tambm uma mudana de

perceber algo como agradvel ou no, aflitivo ou prazeroso, de acordo com o modo que se ajusta as suas expectativas. A conscincia corporal se alcana atravs da percepo do mundo exterior, da mesma forma, a conscincia do mundo exterior acontece atravs do corpo, e a hidropsicomotricidade, ao atuar sobre o sistema sensrio-perceptivo, contribui de forma decisiva, na estruturao do esquema corporal. interessante o que DAMASCENO (1989 p. 16) frisa: o pressuposto da psicomotricidade ao assumir como educao (e reeducao) corporal e ao considerar personalidade total do indivduo, as situaes educativas para a estimulao e desenvolvimento psicomotor no meio aqutico, com vistas estruturao do esquema corporal, ocorrem em funo global do indivduo. Em lugar de acreditar que seu corpo degenera com o tempo, alimentar a crena de que ele um corpo novo a cada minuto. Em vez de crer que seu corpo uma mquina sem mente, alimentar a crena de que ele est impregnado com a profunda inteligncia de

vida, cujo nico propsito sustentar voc. Estas novas crenas no so apenas mais agradveis de se conviver; elas so verdadeiras.(CHOPRA, 1996, p. 40). OKUMA afirma numa palestra em 1998 que para o idoso importante viver as experincias positivas, mais do que deixar de ter as negativas.

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CAPTULO III - SOMOS UM SER PSICOMOTOR (FEITOSA)

6 PSICIMOTRICIDADE

6.1 Educao psicomotora

PSIQUISMO - Acredita-se numa representao adequada da alma. O lugar, as sensaes, percepes, imagens, pensamentos, decises. Um corpo organizado com capacidade de realizar movimentos autnomos. MOTRICIDADE - um conceito cientfico. De uma maneira esttica, a funo motriz a resultante ao nvel da via final comum dos nervos

cranianos e raquidianos, das atividades de diversos sistemas que se superpem ao arco reflexo segmentar ou supra-medular.(CHAZAUD, 1978, p. 17)

Para VELASCO (1994, p. 15-16) PSICO nos lembra intelectual (cognitivo), emocional (afetivo) e mental (neurolgico); MOTRICIDADE traduz-se em movimento, ato, ao, gesto. Ao associarmos estes dois termos, teremos composto uma palavra que vrios autores tentaram definir: - Germaine Rossel: educao psicomotora a educao do controle mental e da expresso motora.

- Ajuriaguerra: a realizao do pensamento atravs de um ato motor preciso, econmico e harmonioso. - Vayer: a educao da integridade do ser, atravs do seu corpo.

- Hurtado: a cincia da educao que enfoca a unidade indivisvel do homem (constituda pela soma e psique), educando o movimento

ao mesmo tempo que pe em jogo as funes intelectuais. (...) - Negrine: sua finalidade precpua promover, atravs de uma ao pedaggica, o desenvolvimento de todas as potencialidades (...),

objetivando o equilbrio biopsico-social. (...) - Piaget: essa cincia trata da relao entre o homem, seu corpo, o meio fsico e socio- cultural no qual convive.

No incio deste sculo abordava-se o assunto da educao psicomotora apenas excepcionalmente. Afirmou-se pouco a pouco e evoluiu em diversos aspectos que atualmente voltam a se grupar, dentro de uma abordagem sistmica.

Em

uma

primeira

fase,

a

pesquisa

terica

fixou-se sobretudo no

desenvolvimento motor da criana. Depois estudou-se a relao entre o atraso no desenvolvimento motor e o atraso intelectual da criana. Seguiram-se estudos sobre o desenvolvimento da habilidade manual e aptides motoras em funo da idade. (MEUR & STAES, 1989, p. 6) De acordo com BUENO, o desenvolvimento psicomotor caracteriza-se pela maturao que integra o movimento, o ritmo, a construo espacial, o reconhecimento de objetos, das posies, a imagem do nosso corpo e a palavra. (1998, p. 33) Na meno de CHAZAUD (1978, p. 12) A psicomotricidade , inicialmente, uma determinada organizao funcional da conduta e da ao correlatamente, um certo tipo de prtica da reabilitao gestual (...) Consiste na unidade dinmica das atividades, dos gestos, das atitudes e das posturas; enquanto sistema expressivo, realizador e representativo do ser-em-situao e da coexistncia com outrem (...) A educao psicomotora uma tcnica que necessita seguir etapa por etapa, os estgios da aprendizagem natural:22

. Primeiro atravs de exerccios motores, isto , exerccios em que o corpo se desloca e o sujeito percebe as diferentes noes de maneira interna. . Depois atravs de exerccios sensoriomotores, em virtude dos quais a manipulao de objetos possibilita a percepo de diversas noes. . Finalmente atravs de exerccios perceptomotores, em que as manipulaes so mais sutis e a percepo visual, muito importante, domina as outras partes. Alm disso esses exerccios possibilitam uma anlise profunda das funes intelectuais motoras, tais como a anlise perceptiva, a preciso da representao mental e a determinao de pontos de referncia.

A psicomotricidade ajuda a viver em grupos, pois os jogos coletivos ajudam a viver em sociedade - sociomotricidade. (BARRETO, 1997) (...) O nascimento da psicomotricidade ocorre no momento em que o corpo deixa de ser pura carne para transformar-se num corpo falado.(LEVIN, 1995, p. 22) Percebe-se aqui o papel relevante da expresso corporal na psicomotricidade. Segundo Lorenzon, (1995) apud BUENO, (1998, p. 94), as sesses de psicomotricidade permitem descobrir, redescobrir e viver melhor o corpo. O que mais importante no so os mtodos, as tcnicas e os instrumentos, apesar de indispensveis. O que conta permitir desabrochar a evoluo positiva do ser tanto na relao consigo mesmo como com o mundo externo. Quando ocorrem perturbaes motoras (problema de natureza psicomotora repercutindo na formao do esquema corporal e talvez na estruturao espacial e temporal) que desenvolve-se a tcnica da reeducao psicomotora. (BARRETO, 2000) Muitos gerontes necessitam de uma verdadeira reeducao psicomotora.

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6.2 Reeducao psicomotora

Excetuando-se os casos refentes a problemas motores e intelectuais, todas as perturbaes na definio do esquema corporal so de origem afetiva. (MEUR e STAES, 1989, p. 32). A reeducao psicomotora visa resgatar a expressividade, a conscientizao do movimento, a intencionalidade dos gestos, dando nfase ao aspecto ldico, vivenciando estmulos sensoriais para discriminar partes do prprio corpo exercendo um controle adequado sobre as mesmas.

fundamental vivenciar o corpo como um todo, interagindo de forma generalizada e ampla. Os estmulos representam grande importncia nas respostas motoras e psicomotoras. Portanto, faz-se necessrio um trabalho voltado para o aspecto relacional mais do que para tcnicas instrumentais, mostrando a importncia destas aparentes brincadeiras. (BARRETO 2000) Pautados nas condies que possam contribuir para uma boa caminhada na terceira idade, a reeducao corporal fator

fundamental para o bem-estar desse idoso, a fim de que o indivduo envelhea de maneira que suas articulaes estejam suficientemente bem trabalhadas, sua mente bem equilibrada, sua sensibilidade aflorada, para que este possa aproveitar esse momento de vida to especial, em que o ser humano devia sempre ser premiado com o lazer e a sua sabedoria, j que trabalhou sua vida inteira para a conquista de um espao melhor no final (?) de sua vida. (BUENO, 1998, P. 40)

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6.3 Progresso dos movimentos

O eu do indivduo constitudo por duas instncias inseparveis: funes tnica e motilidade. A funo tnica, conforme BARRETO (1997, p. 21) responsvel pelo equilbrio do corpo e pelas atitudes que embasam toda ao corporal. A nvel de relacionamento, esta funo est estreitamente vinculada afetividade, j que a relao com o outro est ligada todos os aspectos da comunicao e dos pensamentos relacionados com o mundo do outro. So

emoes, sentimentos, rejeies. Todos estes fatos so sempre vividos no plano tnico-afetivo. Toda conduta motora inaugura um sentido atravs do corpo. Somos seres motores em corpos locomotores. Pela capacidade existimos e pela motricidade nos humanizamos. (...) Os estmulos representam grande importncia nas respostas motoras e psicomotoras. (VELASCO, 1996, p. 31) E a funo de motilidade, segundo BARRETO (1997, p. 22) responsvel pelos movimentos e deslocamentos do corpo, possibilitando a relao com a realidade do mundo que rodeia o indivduo (...) Entretanto, a funo de motilidade s pode atuar livremente movimentos. se a funo tnica permitir primeira, liberdade de

6.4 O brincar sempre ter um fundo de aprendizagem

O homem nunca perde o desejo de brincar e sua manifestao o acompanha em toda sua vida.(LORDA, 1998, p. 34) E brincando cria-se e deixa-se fluir sua capacidade e liberdade de criao. Da a necessidade de no permitir suas transformaes negativas e estimular a permanncia e existncia (autntica e espontnea) da atividade ldica.

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Na antigidade a brincadeira era considerada um elemento da cultura, do riso, do folclore e do carnaval. Ela era (e na verdade continua sendo) uma representao da vida, da histria e destino da humanidade. (VELASCO, 1996). Precisa-se de um tempo para brincar. Mas, com quem brincar? Consigo mesmo e com os outros. O outro tem importante papel na formao e transformao da imagem corporal e da personalidade. Para Neidhoefer apud CORAZZA (1993, p. 28) estar com o outro significa ser capaz de expandir-se

energicamente na sua presena, ser capaz de expandir nosso prprio campo e, ao mesmo tempo, permitir que o outro faa o mesmo. LEVIN (1995, p. 51) cita que no nascemos com um corpo constitudo, ele mesmo deve constituir-se. O corpo, para ser e por ser humano, depende para sua subsistncia, de um Outro (num primeiro momento a me encarna como funo) (...) Reconhecer-se como corpo s possvel porque os outros tambm tm um corpo. Muitas vezes no se escolhe um lugar para brincar, pois o importante mesmo o momento. O uso de materiais pode ajudar, mas, desde que seja capaz de descobrir-se com prazer, o material torna-se uma estratgia. E ao brincar, o movimento corporal capaz de despertar desejos, prazeres e potencialidades, basta estar receptivo.

6.5 Pensar no mais importante que acariciar

Estar em contato estar atento ao que est acontecendo dentro de si e ao seu redor. bem diferente de ter conhecimento; o conhecer uma atividade mais intelectual do que perceptiva.( Orlando apud THIERS, 1994, p. 87) Sentir a vida do corpo! A matria e a energia so intercambiveis, a massa nada mais do que uma forma de energia e a matria , simplesmente, a energia desacelerada ou cristalizada. Sendo assim, o corpo humano tambm energia. (Brennan apud RAUCHBACH). Dentro dessa27

viso, pode-se considerar que a motricidade humana se manifesta no oceano de energia que o universo, atravs do homem e de sua corporeidade. (Cavalcanti apud RAUCHBACH - 1997, p. 240) Portanto, as trocas energticas trazem um incentiivo socializao e ao contato fsico. E pelo sentido do tato que a pele

recebe impresses sensoriais e reage a qualquer contato. Ressalta DAVIS (1985, p. 40) que o contato fsico a sensao satisfatria do contato entre peles. uma expresso fsica de nossa postura em relao ao mundo. A pele o rgo mais importante, em seguida ao crebro. Independente da idade, a pele reage sensivelmente ao mundo exterior. De acordo com MONTAGU (1988, p. 372), A pele apresenta as mais ostensivas evidncias do envelhecimento: enruga, fica manchada, sofre mudanas na pigmentao, seca, perde a elasticidade, e assim por diante (...) Uma das mais acentuadas mudanas que a idade determina, em muitos casos, a perda aparente da grande sensibilidade existente nas superfcies palmares das mos (...) Entretanto, as necessidades tteis no parecem mudar com a idade; no mnimo, parecem aumentar (...) O idoso no quer nem ser protegido, nem ser tolerado e sim entendido, respeitado e digno do amor que deu aos outros (...) por meio do

envolvimento emocional do tato que se consegue atravessar a distncia at o isolado ancio e comunicar-lhe amor, confiana, afeto e calor humano. Infelizmente, certas culturas impem limites rgidos ao comportamento, limitando o contato fsico a ocasies simblicas e socialmente aceitveis. O contato fsico pode ser afetuoso, gentil, terno, compassivo ou apaixonado. Afirma Le Bouch apud LEVIN, a eficcia do gesto no mundo humano reside, em primeiro lugar, na sua significao expressiva. (1995, p. 106). E LEVIN

acrescenta dada a ver para o Outro e pelo Outro quando ao olh-lo marca um dizer.(1995, p. 111) A base do bem estar emocional, do amor-prprio, o amor - o amor por si mesmo e o amor pelos outros.(DAVIS, 1985, p. 19)

Para os idosos preciso dar muito amor e carinho... s! (Dona Evelina Zen, amiga da terceira idade, 1999). O essencial no campo psicomotor a questo do olhar, do toque , do corpo e do movimento (...) em direo a essa trama que deveria estar dirigida a formao, pois a onde reside a originalidade do que a psicomotricidade apresenta.(LEVIN, 1995, p. 314) Estar em contato com o outro somente possvel quando se est em contato consigo mesmo.( Orlando apud THIERS, 1994, p. 88)

6.6 Conscientizao corporal

Na opinio de Goethe apud LOWEN (1984, p. 9) o prazer uma ddiva de Deus para os que se identificam com a vida e se alegram com seu esplendor e beleza. A vida, em troca, lhes d amor e graa. Para a maioria dos seres humanos, entretanto, o prazer uma palavra que evoca sentimentos conflitantes. O prazer a origem de todos os bons pensamentos e sentimentos. Quem no tem prazer corporal se torna rancoroso, frustrado. Pois o prazer a fora criativa da vida.(LOWEN p. 11) O corpo, ao contrrio do ego, deseja prazer e no poder. Se o corpo de uma pessoa no reage ao ambiente, ela no sente nada. Atravs de sua auto-percepo a pessoa descobre quem , pois est em contato consigo mesma. A pessoa no consciente (LOWEN p. 48), tem reas em seu corpo nas quais falta sensaes e portanto no esto em sua conscincia.Os indivduos, em sua maioria, no percebem as expresses de seu rosto, as pernas, as ndegas, costas e ombros. A pessoa que no sente suas pernas, no se sente segura, pois no tem as sensao de que suas pernas a sustentaro. As ndegas funcionam como contrapeso; e quando esto compelidas para trs, a parte superior tende a cair retesando as costas. J quem mantm as ndegas

embutidas perdeu sua agressividade natural. Por outro lado, se as ndegas estiverem contradas, a pessoa perde a capacidade de balanar a plvis, sofrendo um desajustamento sexual por causa da incapacidade de descarregar as sensaes sexuais plena e livremente. Em razo de tenses crnicas, a maioria das pessoas tem poucas sensaes em suas costas. A rigidez em excesso leva compulso e muita flacidez, leva impulsividade. A tenso das costas associa-se geralmente s tenses que

imobilizam os ombros. Quando os ombros esto elevados sinal de medo por sua incapacidade de agarrar e se lanar. MORINI cita em seu livro Ativao bioenergtica em meio lquido: stress e qualidade de vida: Existe uma energia vital-orgone presente do ar em todos os seres vivos. Esta energia a chave da sade e do bem estar fsico, emocional e mental; pois est envolvida em todos os processos que representam a vida: os movimentos, pensamentos e sentimentos ( em outras palavras, esta energia determina aquilo que chamamos conscincia). A fornalha da energia a respirao. Quando a respirao profunda e fcil, a energia circula livremente, ativando e vitalizando todas as suas expresses corporais, emocionais e mentais, tornando o ser humano mais vivo e mais consciente. Se o indivduo bloquear esta energia, sufocando emoes, haver uma manifestao corporal na forma de rigidez corporal. E quanto mais contantes forem os bloqueios, mais rigidez ocorrer formando uma couraa ou armadura caracterial. (MORINI, 1997). Quando se consegue tornar mais profunda a respirao de um indivduo, seus msculos tensos comeam a vibrar espontaneamente medida que vo sendo carregados com energia. Msculos tensos s podem ser liberados atravs de movimentos expressivos. (LOWEN, 1984, p. 52) Na medida em que se percebe o prprio corpo, pode-se perceber os outros, e s quando se percebe a si mesmo como uma pessoa, pode-se sentir uma outra.(LOWEN, 1984 p.50) Assim, DAMASCENO (1989, p.19), considera que as

perspectivas mais modernas indica que em torno

concernentes

ao

desenvolvimento

humano

da psicomotricidade que gira a dinmica das atividades, dos gestos, das posturas, encontrando sua mxima expressividade na relao do ser com o mundo, como tambm determinando a distino do ego e do no ego, bem como do corpo como algo prprio do indivduo, de sua posse e domnio. Dar sentido, revalorizar, reintegrar e motivar-se para suscitar paixes por si prprio, pelos outros e por tudo o que o cerca. Quando o sentimento de inutilidade e falta de amor por si mesmo comeam a ser uma rotina, quando se deixa que o golpe da idade desequilibre a conscincia de corpo e at de esprito, tomar posse da vida, ento, o indivduo comea com um processo acentuado de desinteresse por si. Na solido dos dias vazios, a pessoa que havia esquecido, mais ou menos a presena de seu corpo, reinicia com ele um dilogo dasafinado, e observa com inquietude e dasagrado os handicaps, fatos que se tornam mais evidentes com a inatividade.(Vanuxem et al apud LORDA, 1998, p. 19) Quando se consegue tornar mais profunda a respirao de um indivduo, seus msculos tensos comeam a vibrar espontaneamente medida que vo sendo carregados com energia. Msculos tensos s podem ser liberados atravs de movimentos expressivos.(LOWEN, 1984 p. 52) E atravs das expresses pode-se transmitir o que realmente se quer bastando um pequeno gesto para que o outro compreenda. De acordo com FARINA (1990, p. 21) , os olhos so uma espcie de mquina fotogrfica, com a objetiva sempre pronta a impressionar um filme invisvel em nosso crebro. Ressalta ainda que se abrirmos conscientemente os olhos ao mundo que nos rodeia, veremos que vivemos mergulhados num cromatismo intenso (...)

A flor com suas cores vivas, suas formas regulares e harmoniosas e seu perfume, sempre causaram uma profunda impresso sobre os homens. A flor tem sempre uma temperatura superior do restante dos vegetais. nela que o vegetal manifesta sua mais

viva sensibilidade.(LEVIN, 1995, p. 42). Estabelecendo aqui a interligao entre a relao e o afeto, o objetivo maior conservar ou retomar, acima de tudo, o dinamismo pessoal de cada indivduo por meio da vivncia espontnea em busca de seu prazer na relao com o mundo, com o espao, com os objetos e com os outros.(BUENO, 1998, p. 167) A coordenao viso-ttil-motora manifesta-se tambm na manipulao, atividade intencional que assume no homem uma multido de formas. Estas formas podem ser reagrupadas em dois planos, conforme a ao seja conduzida sem ou com instrumento. Na ao manipuladora propriamente dita, a ferramenta confundese com o corpo, j que a mo age sem intermedirio.(LE CAMUS, 1986, p. 99) Defendendo a questo da conscientizao corporal, cita sabiamente Morais apud BUENO (1998, p. 165): Somos (e no temos) um corpo. Somos um corpo como forma de presena mais apropriadamente veiculada por nosso comportamento,

torna-se inverdica - ou no mnimo inacessvel - no vivente a dicotomia conscincia e corpo. Apenas o que se busca esclarecer que, na complexa realidade do vivente, o corpo pode ser a expresso densa do esprito, assim como o esprito pode ser a expresso impalpvel do corpo. O autor sugere duas alternativas: ou seguem lidando com o corpo como se este fora simples coisa burra que se adestra ou despertam para o fato de sermos um corpo como forma de estar-no-mundo sensvel e inteligente. Se a segunda alternativa aceita, o profissional tem que admitir sair da comodidade de rotinas e

programas mecanicistas a fim de que inicie longo dilogo de aprendizagem com o corpo prprio e o alheio referindo-se a essa como espiritualidade do corpo. THIERS menciona que a imagem que se tem do corpo ligada percepo de si e na imaginao de si. A imaginao de si vincula-se ao mundo inconsciente com a fixao das relaes inconscientes depositadas no corpo, ao longo do tempo de vida de cada um.(1994, p. 76)

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6.7 Princpios norteadores da ao pedaggica viabilizadora da cincia da motricidade humana - segundo FEITOSA ( 1993 )

COMPLEXIDADE - CONSCINCIA Quanto maior a complexidade de um ser, tanto mais elevado ser o grau de psiquismo que o anima.(Teilhard Chardin apud FEITOSA, 1993 p. 161) A complexidade a incerteza, o insimplificvel obrigando-se a buscar, a conjugar, a unir noes do todo para as partes. O homem concreto, real, um alienado. (p.162) Tanto pelo dinheiro, trabalho, consumismo imediato, quanto pelo prprio conflito humano. O processo de consciencializao comea a partir de si mesmo: conhecendose, sabendo de sua capacidade de fazer, fazer-se e ser diferente. A conscincia, assim como a vontade no podem ser dadas, mas conquistadas. Todo o ato pedaggico deve possibilitar esse processo de consciencializao, como passo fundamental lutando contra a alienao.(p. 162).

DILOGO Para relacionar-se, o homem poder acontecer atravs do dilogo -consigo mesmo, com os outros, com o mundo, com o absoluto. (p.163) uma troca de

experincias, de idias, mantendo uma participantes atravs de um

liberdade de expresso entre os

encontro harmonioso; no excluindo o conflito, pois est aberto crticas e teorias, permitindo assim o o nascimento do conhecimento.

CRIATIVIDADE Na meno de Watkins apud FEITOSA, o estmulo e a valorizao da imaginao, para alm da razo faz ressurgir o esprito de novas formas de existncia e coexistncia a passar pela participao popular.(p. 164).33

O homem no quer e no deve ser uma simples criatura. No se contentar e no se acomodar abrir caminhos para a possibilidade de fazer acontecer. O professor que estimula aos seus alunos a liberdade de pensamento e de crticas, est prestando um excelente servio. E quando os influencia a enfrentar problemas cada vez mais significativos e complexos, estaria sendo ainda melhor.

SOLIDARIEDADE A totalidade uma palavra-raiz para a cincia da motricidade humana.(p. 165). Para quem pretende compartilhar e ampliar os seus conhecimentos, precisa buscar e participar com quem realmente deseja criar estas condies de solidariedade de forma intencional, j que a motricidade revela que ser-com que o homem se realiza. A prpria motricidade um caminhar para o outro... atribuindo o verdadeiro significado da necessidade de unir foras para alcanar a transformao individual e social.

CIENTIFICIDADE Atravs da cincia da motricidade humana, h algumas propostas para se trabalhar com o ser humano. Que tenham:

* por objetivo, o desenvolvimento, atravs da motricidade, visando conscincia da importncia e do significado do corpo, criando condies motoras

fundamentadas nos conhecimentos das condies fsicas, permitindo atravs das vivncias, alcanar satisfao e sade na vida. * por contedo, a ludomotricidade, a ergonomia e a ludoergomotricidade. * por metodologia, o mtodo integrativo (Manuel Srgio) ou a transgresso metodolgica (Boaventura de Souza Santos), que poderia ser compreendido como um ponto de convergncia de todas as propostas metodolgicas existentes ou as que venham a ser.

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Uma metodologia, portanto, s acontece com plena atividade mental do sujeito. Deve esta metodologia constituir-se numa sntese integrativa de todos os mtodos necessrios compreenso do novo paradigma, uma vez que o mtodo no se inventa: depende do objeto da pesquisa. * quanto avaliao, faz-se necessrio uma reflexo sobre o paradigma que rege esta cincia a fim de encontrar a coerncia epistemolgica. (p. 167)

FORMAO A contribuio para o surgimento de homens livres e libertadores, conscientes e atuantes a grande preocupao pedaggica para alm da obrigao de transmitir conhecimentos acumulados, herana histrico-cultural-

acadmica.(p.167) Precisa-se semear sentimentos e valores, buscando um processo educativo que tenha unidade, soma de conhecimentos procedentes de diversas linhas, a fim de compr uma paisagem nica e harmoniosa, facilitando o acesso a uma cincia singular.

CONFIANA - ESPERANA

necessrio ter esperana para criar novas alternativas, organizando mentalmente um espao prprio s mudanas, sem revolues. Com os ps firmes no cho do real, precisamos de ser capazes de lanar o olhar para alm do horizonte e construir dentro de ns um novo homem, e em torno desse homem, um novo mundo.(p. 169)

PRAXIS um princpio de transformao exigindo coerncia e reflexo rigorosa, implicando responsabilidade para alm da conscincia da ao (pensamento em segundo grau). Ao homem sempre falta algo. imperfeito, mas tem sempre algo a aperfeioar, e portanto, um processo contnuo que s acabar com a morte. O homem torna-se o que35

vivencia, o que movimenta num espao de relaes, adapta-se a qualquer situao atravs de sua praxidade transformadora. Ele sempre uma tarefa para si mesmo.

AMOR A experincia do amor pode mudar a maneira de pensar, o estado de esprito, a vida. O amor poderia ser considerado como apetite, o incentivo, a mais poderosa fora do universo; pois sem amor, indispensabilidade dos outros em ns, a vida humana quase no tem expresso. 1993, p. 172) Esse sentimento que impulsiona para a unidade, para a proteo, certamente o maior e mais importante dos princpios norteadores do ato pedaggico nascido da cincia (Manuel Srgio apud FEITOSA, sem a consciencializao da

da motricidade humana (...) Ultrapassa as limitaes histricas visando o bem comum dos seres humanos e da sociedade, a realizao da esperana, a concretizao da paz, a finalidade ltima do ser humano no planeta Terra.(p. 173).

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CAPTULO IV - OUTROS FATORES

7 INFORMAES

7.1 Nutrio/Sade

No processo de envelhecimento, a nutrio desempenha um importante papel, podendo influenciar reduo da velocidade ou modulao deste processo. (Shils apud NUNES, 1998, p. 12) . A nutrio adequada deve conter pouca quantidade de gorduras (saturadas ou no),

pouco acar refinado e privilegiando mais vegetais que so ricos em carboidratos complexos, tanto os assimilveis como fibras brutas (verduras em geral e cereais integrais),carnes magras de preferncia

assadas ou gralhadas, evitando-se ao mximo frituras ,baixo consumo alcolico e valorizando a ingesto de bastante lquidos. Esta alimentao balanceada mais atividade fsica regular, possibilita uma transio sem declnios metablicos drsticos entre a juventude, ameia-idade e a velhice. ( Signorini apud NUNES, 1998, p. 13)

Conforme KUSNETZOFF (1996), `a medida que se envelhece, a alimentao vai-se tornando cada vez mais importante. Uma alimentao rica em gorduras, altas taxas de colesterol e triglicrides no sangue, acrescentando uma vida sedentria, ou seja, pouco ou nenhum exerccio fsico, o quadro estar completo para sofrer de hipertenso ou aumentar o risco de ter um infarto. Friedman e Rosenman apud KUSNETZOFF, mencionado no livro

Andropausa: a sexualidade masculina aos 50 anos, afirmam que independente do nvel de colesterol e/ou triglicrides que os alimentos contenham, do

consumo de cigarros e da falta de37

exerccios, preciso ter certo tipo de personalidade e adotar formas de comportamento para se ter um corao sadio.(1996, p. 93) A sade consiste na correta e favorvel adaptao que o organismo precisa realizar a cada instante da vida.(KUSNETZOFF op cit) Conforme Lowel apud RAUCHBACH, o nosso corpo um campo de energia que interage com o meio de uma maneira particular e essas interrelaes alteram o equilbrio sade-doena em diferentes nveis. Isto , nada se separa: corpo, energia, mente e emoo. (1998)

7.2 Hidropsicomotricidade ... O que ?

uma tcnica de movimentos conscientes realizada na gua que ultrapassa os problemas motores. estruturada na psicomotricidade, abrangendo aspectos de motricidades fina e global, equilbrio, esquema corporal, organizaes espacial e temporal e lateralidade - tomando conscincia das relaes existentes entre gesto e afetividade. De acordo com BUENO (1998, p. 141) consideramos a psicomotricidade aqutica como estimulao do indivduo utilizando a gua como meio de ao mais global por meio do movimento e da relao desse indivduo com o espao, com o objeto, com o outro e consigo mesmo.

6.2.1 Benefcios da prtica de hidropsicomotricidade

Na meno de BUENO, para que a atividade de psicomotricidade aqutica tenha xito necessrio planejar o trabalho estabelecendo os objetivos que devem ser atingidos, mesmo sem uma data preestabelecida. (1998, p. 142)

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Dentro dessa abordagem, surgem os benefcios:

. Estimuladora, traduzida pela ao da gua e sua temperatura sobre o corpo humano, somado aos movimentos, ajudar a aliviar dores, espasmos musculares, diminuindo edemas (VELASCO, 1994); . Diminui os possveis atritos e as resistncias dos segmentos corporais, por uma presso gravitacional tambm diminuda, provocando menor impacto sobre as articulaes;

. Uma boa estruturao e utilizao do esquema corporal contribui diretamente adaptao do sujeito no espao e no tempo, contribuindo para

uma disposio corporal mais adequada para realizao das diferentes atividades.(De Fontaine apud BUENO, 1998, p. 143); . O exerccio regular e contnuo promove a adaptao gradual do sistema cardiovascular e da musculatura esqueltica (Gorinchteyn apud SIMES, 1998, p. 65); . Proporciona uma diminuio dos catecolaminas (adrenalina e noradrenalina) o que ocasiona uma diminuio de freqncia cardaca e aumento de endorfinas endgenas, causando sensao de saciedade e bem estar.(Gorinchteyn apud SIMES, 1998, op. cit); . Permite o desenvolvimento do tnus muscular satisfatrio e domnio do tnus postural; . No aspecto scio-emocional, quando o indivduo tem receio da gua, atividades musicais e de roda quebram o padro de medo e pavor, sendo sanado lenta e gradativamente. (BUENO, 1998, p. 145); . Favorece o relaxamento da musculatura tensionada; . Oferece a vantagem importantssima do estmulo til, sendo a pele o maior rgo do corpo e tem uma extensa representao a nvel cerebral (MORINI, 1997)

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. O suave balano exerce efeitos poderosos, alimentando a sensao de envolvimento, beneficiando o contato com outras pessoas, como forma de lazer e amizade. (VELASCO, 1994); . Atua no controle e na eficcia das diversas coordenaes globais e segmentares, na conscincia do prprio corpo, na organizao do esquema

corporal, na estruturao espao-temporal correta, oferecendo orientao e lateralizao - numa proposta psicopedaggica; . A atividade em grupo visa atingir aspectos relacionais psicomotores, possibilitando o espelhamento com os outros em atividades sensrio-motoras, em que sua evoluo est relacionada qualidade de insero no grupo.(BUENO, 1998, p. 145); . Pelo dinamismo e relativa estabilidade do corpo na gua, unidos de uma exercitao variada de posies, ritmos diferenciados, trabalhos em grupos e materiais diversificados - provocando respostas psicomotoras globais e especficas - a hidropsicomotricidade, alm do incremento da capacidade equilibratria, como tambm no enriquecimento da imagem corporal possibilita ainda diversas associaes sensrio-motoras, favorecendo a estruturao (e reestruturao) de comportamentos. . A gua o maior brinquedo existente na terra. O prazer do ldico torna muito mais fcil toda a aprendizagem.(VELASCO, 1994, p.49)

7.3 Msica

Utilizar sons musicais para gerar sade, harmonia e bons sentimentos uma prtica muito antiga. (...) Do ponto de vista psicolgico, a msica e o ambiente ajudam bastante a gerar uma sintonia entre as pessoas. (MORINI, 1997, p. 47)

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A msica pode ser de fundo ou pode ser o centro da atividade. Estimula a participao, permite um aumento no campo de ateno e eleva a tolerncia

frustrao. As tenses internas e externas desaparecem medida que a realidade vai se tornando mais agradvel e menos ameaadora (...) A msica e as batidas rtmicas so formas muito antigas da comunicao e da expresso. Existem canes que embalam e outras que apelam para o senso de humor, sobre todo e qualquer sentimento ou situao de vida, existem canes absurdas e canes que contam estrias. Elas acrescentam vitalidade, beleza e fora s emoes, imaginao experincia das pessoas. (OAKLANDER, 1980). De acordo com LE CAMUS, h relativos efeitos do som e da msica sobre as funes orgnicas (respirao, circulao, trabalho muscular, etc.), sobre as funes psicolgicas (capacidade de ateno, de memorizao, etc.) e sobre fenmenos que situamos no cruzamento do psicolgico com o fisiolgico, como a ateno, a tenso, o humor, etc. (1986, p. 81) As atividades rtmicas so teis para facilitar a explorao de outrs formas de conscincia corporal. A atividade rtmica regulariza a fora nervosa e proporciona sensaes agradveis ao indivduo. Sendo econmica, graas alternncia de movimentos, de fora e de relaxamento, lentos ou rpidos, pesados ou leves, ainda a que exige menos ateno e esforo consciente.(BUENO, 1998, p. 66)

7.4 Modelagem com argila

Uma parte importante da natureza qual no costuma-se dar muita ateno o solo, a terra que se pisa. Isso acontece principalmente com os habitantes das cidades, onde o solo todo recoberto pelas construes, caladas, ruas pavimentadas etc. O solo to importante como a gua que bebe-se ou o ar que respira-se. No apenas porque se est41

sobre ele, mas pelo fato de ele ser o suporte das plantas que alimentam os seres humanos e os animais. Imagine-se que a superfcie dos continentes e ilhas fosse uma rocha lisa, como s vezes v-se nas encostas das montanhas. Seria possvel a vida como se conhece? Certamente no, como tambm no seria possvel, se no houvesse a gua ou a atmosfera. Alis, essa imagem de uma terra rochosa e lisa uma fico do mesmo tipo daquela que constriuma terra sem gua ou sem ar, pois devido a ao desses fatores naturais que as rochas se transformam em solo. Pode-se pegar um punhado de

solo (terra) e observar atentamente, de preferncia com uma lupa. Ver-se- que constitudo por partculas de vrios tamanhos, alm de restos de plantas, de animais e do que se costuma chamar de matria orgnica, que so os produtos de decomposio destes restos de plantas e animais, realizadas pelos

microorganismos do solo. Notar-se- tambm que algumas partculas de terra so s vezes formadas por outras menores, grudadas umas s outras. Se colocar esse punhado de terra num copo com gua e agitar um pouco observar-se- que uma parte da terra vai rapidamente ao fundo - sedimenta, e outra fica suspensa na gua por mais tempo. A parte que demora mais para sedimentar constituda de um material que se chama argila. Conforme a amostra do solo utilizada, outros materiais podero tambm ficar parcialmente flutuando, mas notar-se- que so diferentes da argila: trata-se de fragmentos de razes, galhos. As argilas esto entre os minerais que formam o solo. So elas que fazem o solo ser diferente da rocha nua e estril. Muitas vezes se encontra locais onde o solo muito liso e pegajoso quando chove, em decorrncia de uma mior quantidade de argila. Alguns deles, onde a concentrao muito elevada, constituem verdadeiras minas de argila. Esses locais tm sido utilizados pelo homem desde tempos imemoriais na extrao de argilas para fabricao de objetos como vasos, tijolos, estatuetas etc, do tipo barro cozido. J em tempos histricos, a extrao se volta para o preparo, por exemplo, de porcelana, para usos industriais. Atualmente, descobriu-se que o manuseio da argila tambm utilizado para fins

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teraputicos, aliviando dores, diminuindo o nvel stress; favorecendo a expresso e conscincia corporal.

Na meno de OAKLANDER (1980, p. 85)

A flexibilidade e maleabilidade da argila adaptam-se s necessidades mais variadas. Consideremos suas qualidades: ela maravilhosa porque mole, macia, sensual e faz sujeira, sendo atraente para qualquer idade. Promove a manifestao ativa de um dos processos internos mais primrios. Proporciona a oportunidade de fluidez entre material e manipulador como nenhum outro. fcil tornar-se uno com a argila. Ela oferece tanto experincia ttil quanto cinestsica. Ela aproxima as pessoas de seus sentimentos (...) Pessoas muito distanciadas do contato com seus sentimentos e que continuadamente bloqueiam sua expresso, geralmente esto fora de contato com seus sentidos (...) A qualidade sensual da argila muitas vezes oferece a essas pessoas uma ponte entre seus sentidos e seus sentimentos (...) Aqueles que esto inseguros e temerosos podem ter uma sensao de controle e domnio atravs da argila. Ela constitui um meio que pode ser desmanchadoe que no tem regras especficas, definidas para o seu uso.

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CAPTULO V - COMO ACONTECEU

8 METODOLOGIA

8. 1 Caracterizao da pesquisa

A

presente pesquisa caracteriza-se como experimental, de campo e

descritiva, uma vez que utilizou-se dados quantitativos - Testes de Psicomotricidade da Escala Motora para a Terceira Idade (ROSA, NETO - Anexo 2 e 6) e qualitativos - Formulrios 1 e 2 (Anexos 1 e 5), Modelagem com Argila (Anexo 4 e 7), e os trs meses regulares de aulas de Hidropsicomotricidade (Anexo 3).

8.2 Definio de termos

Bem estar - Estado de perfeita satisfao fsica ou moral; conforto. Conscincia corporal Reconhecimento, identificao e diferenciao da

localizao do movimento e dos inter-relacionamentos das partes corporais. Coordenao motora - o controle temporal, espacial e muscular de movimentos simples ou complexos, que surgem em resposta a uma tarefa extrema ou objetivos mediados sensorialmente.

Distenso - uma economia de foras. Resulta da harmoniosa repartio do tnus muscular que ser bem situado; bem dosado; incessantemente adaptado aos movimentos exigidos.

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Envelhecer - a reao do corpo a condies impostas sobre ele, tanto de fora quanto de dentro. Estresse - Qualquer situao pela qual o equilbrio homeostsico do corpo perturbado. Esquema corporal - a intuio de um conjunto de conhecimento imediato que possumos de nosso corpo em situao esttica ou em movimento, assim como das relaes entre suas diferentes partes e, sobretudo, de suas relaes com o espao e com os objetos que nos rodeiam. Equilbrio - o estado de um corpo quando distintas foras que atuam sobre ele compensam anulando-se mutuamente. Desde o ponto de vista biolgico, a possibilidade de manter posturas, posies e atitudes indica a existncia do equilbrio. a base primordial de toda ao diferenciada do corpo. Quanto mais defeituoso o equilbrio mais energia consome, energia que poderia ser utilizada para outros trabalhos. Geriatria - Campo da medicina, a cincia mdica que estuda e trata as enfermidades e as mudanas da velhice. Gerontologia - Estudo cientfico do processo de envelhecimento e dos problemas especiais do envelhecimento sob todos os seus aspectos: biolgico, clnico, histrico, econmico e social. Hidropsicomotricidade - Estimulao das potencialidades do indivduo utilizando a gua como meio de ao mais global por meio do movimento e da relao desse indivduo com o espao, com o objeto, com o outro e consigo mesmo. Holismo/holstico - Que se supe seja prpria do universo, a sintetizar unidades em totalidades organizadas.

Imagem corporal - Produto da transposio psquica da percepo do esquema corporal. Sentimento e atitudes que uma pessoa tem para com seu prprio corpo. Idoso - De acordo com a Organizao Mundial de Sade (OMS), considera as pessoas a partir dos 60 anos. E segundo a Organizao das Naes Unidas, desde 1.982 considera

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idoso o indivduo com idade igual ou superior a 60 anos; o Brasil, na Lei N 8.842/94, adota essa mesma faixa etria (Art. 2 do captulo I). Integrar - Tornar inteiro, completar, inteirar-se. Lateralidade - a preferncia de utilizao de uma das partes simtricas do corpo (mo, olho, p, etc.) O corpo humano est caracterizado pela presena de partes anatmicas pares e globalmente simtricas. Esta simetria anatmica se redobra, contudo por uma simetria funcional e no sentido de que certa atividade s intervm uma das partes do par corporal. Lazer - Parte do tempo que as pessoas dispem livremente para a prtica de alguma atividade ligada ao prazer. O lazer pode ser esportivo ou cultural. Ldico - Que possui o carter de jogos, brincadeiras e divertimento. Motricidade fina A coordenao viso manual representa a atividade mais

freqente e mais fluente no homem, que atua para agarrar um objeto e lan-lo, escrever, desenhar, trabalhar, etc. Inclusive uma fase de transporte da mo seguida de uma fase de agarre e manipulao para integrar num conjunto seus trs componentes: objeto/olho/mo. Motricidade global - A coordenao representa os movimentos dinmicos globais (correr, saltar, trepar, andar, etc.), julgam um papel importante no melhoramento do equilbrio dinmico corporal e das sensaes e percepes. Organizao espacial - A noo de espao uma noo ambivalente, a vez concreta e abstrata, finita e infinita. Inclusive tanto o espao com o corpo,

diretamente acessvel, como o espao que nos rodeia. Finito enquanto nos

familiar, pois que se estende ao infinito, e no universo, e se apaga com o tempo. A organizaao espacial depende simultaneamente da estrutura de nosso prprio corpo (anatomia, fisiologia, etc.), da natureza do meio que nos rodeia e suas caractersticas. Organizao temporal - Percebemos o transcurso do tempo a partir das trocas que se produzem durante um perodo dado e de sua sucesso que progressivamente transforma

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o futuro em presente e depois em passado. A orientao temporal uma importante ajuda para que se torne conscincia do mundo real. Prova motora - uma prova de habilidade correspondente a uma idade motora especfica (motricidade fina, equilbrio, etc.), de onde o idoso tem que solucionar um problema proposto pelo examinador. Psicomotricidade - uma rea de conhecimento que pega subsdios de outras reas (neurologia, educao fsica, pedagogia, psicanlise, psicologia e lingstica) com a finalidade de educar ou de reeducar o ser total ou seja, o ser que se comunica - verbal ou infraverbal. Psicossomtico - Ramo da medicina que trata da influncia dos fatores nas doenas fsicas. A psicossomatia baseia-se na crena que muitos tipos de doenas fsicas so diretamente ligadas a causas psicolgicas. Reeducar - Completar ou aprimorar a educao. Relaxamento - Atenuao da tenso muscular, em geral proveniente do estresse que causa rigidez muscular, presso alta, nervosismo e outros sintomas. Ritmo - um padro formado, habitualmente, de sons, com elementos que so organizados em durao e intensidade. Sade - uma condio de bem estar que influencia extensivamente o comportamento.

8.3 Definio de variveis

8.3.1 Conscientizao corporal - a conscincia do movimento do corpo no espao e no relacionamento das partes entre si equilibram no s a dinmica dos

movimentos, como tambm as emoes e sentimentos a ela ligados.(Dantas apud RAUCHBACH, 1998, p. 244).

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8.3.2

Bem estar psicossomtico - Realizar movimentos conscientes visando

expresso corporal e prazer de forma a melhorar o corpo, a mente e o relacionamento afetivo. Fazer, gostar de fazer, compreender o que se gosta de

fazer.(Steiner apud BERGE, 1988, p. 30).

8.4 Delimitao de estudo

As

atividades

-aulas

de

Hidropsicomotricidade

(Anexo

3)

-

foram

desenvolvidas na Tropical Academia de Esporte, de 13 de janeiro 13 de abril de 2.000, todas as teras e quintas-feiras, das 9:35 s 10:20. Foram convidados 20 idosos de 61 a 79 anos, moradores do bairro Santa Terezinha da cidade de Gaspar e pertencentes ao Grupo de Idosos Gente Feliz, inexperientes em atividades aquticas. Infelizmente dois idosos, ambos do sexo feminino, precisaram interromper as aulas por motivo de doena prpria; ento 18 idosos participaram do estudo. Para que o desejado fosse alcanado, usou-se estratgias de ensino-

aprendizagem, visando a psicomotricidade aqutica. Antes do incio das aulas foi preenchido o Formulrio n 1 de forma individual (Anexo 1), aplicados os Testes de Psicomotricidade da Escala Motora para a Terceira Idade, tambm de forma individual (ROSA, NETO - Anexo 2), a realizao

da modelagem com Argila, com o grupo unido (Anexo 4 e 7) e aps trs meses de aulas de Hidropsicomotricidade, realizadas com o grupo todo (Anexos 3 e 7); novamente aplicou-se os Testes, a Modelagem, e o Formulrio n 2 (Anexo 5), verificando-se que essas vivncias aquticas Hidropsicomotricidade -

possibilitaram a conscientizao corporal e bem estar psico-fsico nos idosos.

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8.4.1 Amostra

Esta pesquisa apresenta um estudo sobre o idoso e de acordo com a Organizao Mundial de Sade (OMS), idoso considerado pessoas a partir dos 60 anos. E, tambm segundo a Organizao das Naes Unidas, desde 1.982 considera o idoso o indivduo com idade igual ou superior a 60 anos e o Brasil adota essa mesma faixa etria. Ento, foram convidados 20 idosos de 61 a 79 anos, de ambos os sexos, moradores do bairro Santa Terezinha da cidade de Gaspar (SC), pertencentes ao Grupo de Idosos Gente Feliz, sem experincias aquticas. Apenas 18 deles participaram da pesquisa, pois dois deles interromperam o estudo por motivo de doena prpria.

8.5 Instrumento de coleta de dados

Com o grupo de idosos j definido, foi aplicado - em local combinado com o idoso - desde que fosse num ambiente iluminado e silencioso: . Formulrio n 01 - anamnese do idoso (realizado individualmente), constando dados pessoais, problemas de sade, atividades j praticadas (ANEXO 1);

. Testes de psicomotricidade

escala

EMTI (Escala Motora para a Terceira

Idade), autorizado pelo autor Prof. Dr. Francisco Rosa Neto - foi analisado individualmente a idade motora dos idosos com a realizao de provas seguindo os sete aspectos bsicos - motricidade fina, motricidade global, organizao

espacial, organizao temporal e lateralidade (ANEXO 2); . Aulas propriamente ditas com o grupo unido (ANEXO 3); . Modelagem com argila - expressando-se com o material sugerido , identificando as partes de seu corpo, realizado com o grupo unido (ANEXO 4 e 7);

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Aps isto, iniciaram-se as aulas de hidropsicomotricidade, realizadas duas vezes semanais, com a durao de 45 minutos cada aula e num prazo de 90 dias, sendo que as aulas iniciaram no dia 13 de janeiro de 2.000 de terminaram no dia 13 de abril do mesmo ano. Ao final deste prazo, foi reaplicado com os idosos: . Formulrio n 02 - identificando melhorias, sensaes e solicitando sugestes (ANEXO 5); . Os mesmos testes de psicomotricidade do incio - realizando comparativo entre os dois testes (ANEXO 6); . A mesma modelagem com argila - compararando a expressividade e manuseio dos dois trabalhos com fotografias (ANEXO 7). Durante as aulas, a professora esteve em contato direto com os alunos, quer seja participando junto, corrijndo posturas, estimulando, observando ou orientando para que houvesse um envolvimento total dos alunos, favorecendo dinamismo, espontaneidade e um clima de distenso. Para possuir verdadeiramente alguma coisa, preciso assimil-la lentamente, e isto mais pela sensao profunda e sincera do que pelo raciocnio (...) (Krishnamurti apud BERGE, 1988, p.31) . um paralelo

8.6 Procedimento de coleta de dados

Tanto os formulrios (preenchidos individualmente), quanto os testes de psicomotricidade (realizados individualmente) e a modelagem com argila (sesso com o grande grupo unido) foram feitos em local combinado com os idosos. As observaes e orientaes foram realizadas pela professora ora antes, ora durante e ora aps as aulas de hidropsicomotricidade, que ocorreram na piscina da Tropical Academia de Esporte.

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CAPTULO VI - ANLISE E DISCUSSO DE DADOS

9. Formulrio n 1

9.1 Dados pessoais

Percebe-se, pela aplicao do formulrio n 1, pesquisados,

que dos

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idosos

x~ 66,66% so casados e x~ 33,33% so vivos, onde x~11,11%

moram sozinhos e x~88,88% moram acompanhados. O grau de instruo de x~66,66% destes idosos o primrio incompleto e x~33,33% possuem o primrio completo.Quanto ocupao profissional, x~55,55% destes est aposentado com ocupaes diversas, variando em atividades de costureira (20%), dona de casa (20%), operador de mquina (20%) servente de cafezinho (10%), lavrador (10%), marceneiro (10%