75 Anos Estacao Agraria Viseu Brochura

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    ESTA

    75 ANO

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    NOTA BREVE

    A brochura, que ora se apresenta, no passa de um conjunto de notas, sobre a EstaoAgrria de Viseu, coligidas a propsito da comemorao dos seus 75 anos de existncia.Se, por razes de forma e/ou contedo, outro mrito lhe no for atribudo, sobra-lhe, pelo menos, o facto de assinalar uma data bem representativa de um longo e

    audacioso existir, se olhado luz da sua localizao geogrca, numa regio interior,algo desfavorecida, onde os ecos da ribalta, se chegavam, vinham j falhos de vigore gorados de determinao.

    No se trata, pois, de um trabalho exaustivo de concepo e pesquisa. Apenas umaspinceladas, ao de leve, como que um reavivar de memria, para o que contriburamos textos soltos, escritos para o efeito, e publicitados no site da Direco Regional de

    Agricultura e Pescas da Regio Centro. Alguns trechos foram simplesmente transcritos,sem qualquer alterao; noutros zeram-se pequenos ajustes. De resto, recorreu-se

    aos documentos possveis, em arquivo.

    Espera-se que este breve relance sobre a vida fecunda desta Instituio, imprimaum expressivo desejo de reconhecimento e valorizao do seu trabalho, realizado

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    PARABNS

    Est de parabns a cidade de Viseu e respectiva regio agrria por ter sabido albergar,no seu seio, durante todos estes anos, to ilustre anci a prestigiada Estao Agrriade Viseu.

    Esto de parabns os Homens e as Mulheres que, em todas as pocas, seja comodirigentes, tcnicos, administrativos, ou como trabalhadores dos mais diversossectores, lhe deram corpo e lhe emprestaram a alma que transcende as vicissitudesdo espao e do tempo.

    Acima de tudo, esto de parabns os agricultores que, sob a gide da sua acoinovadora, cresceram em prossionalismo, em especializao, em dignidade, trocando

    as velhas ideias de auto-subsistncia por uma mentalidade nova, mais empresarial,capazes de assumir os arrojados desaos, que ora se pem nossa difcil agricultura.

    Foi por eles e para eles que a Estao Agrria de Viseu desenvolveu a sua actividadeao longo destes 75 anos de vida, os quais se podem somar a mais 50, sob outrasdesignaes, perfazendo a invulgar idade de 125 anos.

    Que motivo mais prestigioso e de legtimo regozijo nos seria dado festejar?

    ORIGEM E HISTRIA

    Com a publicao, em 16 de Novembro de 1936, no ento Dirio do Governo, doDecreto-Lei n. 27:207, o Ministrio da Agricultura iniciava uma ampla reforma dassuas estruturas, com o objectivo supremo, conforme ali se pode ler, de (...) tornar oMinistrio da Agricultura no instrumento de progresso de que o Pas carece().

    Para alm de um conjunto de reformas das instituies existentes, nomeadamente anvel central, aquele diploma pretendia descentralizar alguns servios e concretizar adiviso do pas em regies, (...) tendo em conta a sua feio agrcola, as facilidadesde transporte e outros factores (), criando, para tal, quinze regies, que seriamdotadas de Estaes Agrrias, cujas funes principais passariam por executarplanos de fomento e assistncia tcnica; proceder a estudos, ensaios, experimentaoe demonstrao de culturas; contribuir para a formao prossional dos trabalhadores

    da regio e responder a consultas.

    No obstante aquele desiderato, e provavelmente por razes de ordem econmica,cuja existncia o legislador j referia no prembulo do decreto, o certo que, noimediato, s passaram a existir duas estaes agrrias: a do Porto, correspondente

    II Regio Agrcola, e que, alis, j possua essa designao na estrutura anterior, e ade Viseu, referente VI Regio Agrcola, gerada a partir da transformao do PostoAgrrio, que havia sido criado em 1913.

    Apesar de a Estao Agrria de Viseu (EAV) ter existncia, como tal, s a partir de1936, as instituies agrcolas que a antecederam remontam a data anterior a 1886,que, naturalmente, se foram adaptando aos novos tempos e aos novos rumos queaqueles iam impondo.

    Com base na existente Quinta Regional, surgiu, em 1886, a Escola Prtica de Agriculturaque, por sua vez, deu lugar, em 1900, Estao de Fomento Agrcola da Beira Alta,funcionando esta at 1913. Nesta data, passou a Posto Agrrio (vulgarmente conhecidopor Quinta do Governo), designao que manteve at 1932, a que se seguiu umperodo de quatro anos sem denominao especca, at nalmente ser reconvertido

    em Estao Agrria, que conservou a sua autonomia at 1976.

    Em 1979, com a criao das Direces Regionais de Agricultura e respectivas Sub-RegiesAgrrias, a EAV foi ento incorporada na Sub-Regio Agrria de Viseu, como Diviso

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    de Extenso Rural e Produo Agrcola, dependendo hierrquica e funcionalmente daDireco Regional de Agricultura da Beira Litoral (DRABL).

    Em 1986, foi extinta a Sub-Regio e a EAV, sob a designao de Unidade Experimentalda Estao Agrria, foi integrada na Direco de Servios de Experimentao eFomento da Produo Agro-Pecuria, da DRABL.

    Em 1993, merc de nova Lei Orgnica do Ministrio da Agricultura e Pescas, a EAV

    tomou a designao de Centro Experimental de Fruticultura (CEF), constituindo umadas duas Divises da Direco de Servios de Experimentao, da DRABL, sedeada emViseu.

    Em 1997, ao ser extinta a Direco de Servios de Experimentao e respectivasDivises retomou-se a designao Estao Agrria, agora integrada na Diviso deProduo Agrcola, com sede em Coimbra.

    Na Lei Orgnica do MADRP, de 2007, a Estao Agrria de Viseu, como unidadeexperimental, passou a pertencer Diviso de Produo Agrcola e Pescas da Direcode Servios de Agricultura e Pescas, da Direco Regional de Agricultura e Pescas doCentro (DRAPC), sedeada em Castelo Branco. O seu espao fsico integra um conjuntode servios operativos no mbito das Direces de Servios de Planeamento e Controlo,

    Apoio e Gesto de Recursos, Inovao e Competitividade, e Valorizao Ambiental eApoio Sustentabilidade, daquela Direco Regional de Agricultura.

    LOCALIZAO E PATRIMNIO

    A Estao Agrria de Viseu situa-se no lado este da cidade de Viseu. Administrativamentereparte-se pelas freguesias de Santa Maria, onde se encontra a sede, e S. Jos. Quandofoi criada, herdou do existente Posto Agrrio uma rea total de cerca de 30 hectares,distribudos por duas quintas, ladeando a actual Avenida Prof. Reinaldo Cardoso:

    - A Quinta Norte, tambm chamada Quinta do Castanheiro dos Amores, situada namargem esquerda do rio Pavia, considerada desde sempre, patrimnio da DirecoGeral dos Servios Agrcolas. Durante os anos 40, por compra a particulares de

    pequenas parcelas adjacentes, alargou um pouco mais a sua rea, na direco doPonto do Raposo.

    - Do lado Sul, a Quinta do Fontelo, correntemente designada Quinta Sul, foi at 1911,patrimnio do Bispado de Viseu e cedida pelo Decreto N 519, de Maio de 1914, a

    ttulo de arrendamento, ao Ministrio do Fomento Direco Geral da Agricultura,para a se estabelecer um Posto Zootcnico para gado bovino e cavalar, que passou afazer parte do Posto Agrrio, em 1923.

    Fig. 1. Planta topogrca da rea total (32,2 ha) ocupada pela explorao agrcola da

    Estao Agrria de Viseu planta de 1963, a partir de um levantamento feito em 1944.

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    Fig. 2. Vista area da rea actualmente ocupada pela Estao Agrria de Viseu.

    Alm deste territrio, a Estao Agrria possui ainda um pinhal, na freguesia deRepeses que, at nal dos anos 80, rera-se a ttulo de curiosidade, teve um guarda

    encarregado da sua vigilncia.

    Perifrica e um tanto distante do corao da cidade, a EAV usufruiu de convivnciapacca, durante muitos anos. Porm, em ns dos anos 80 e incio da dcada de 90,

    quando a cidade procurava consolidar a sua crescente urbanidade, entrando numprocesso de grande expanso fsica, a EAV viu-se obrigada a acatar essa realidade,cedendo, urbe, algumas reas afectas experimentao.

    Assim, em 1988, foram cedidos Cmara Municipal de Viseu 4,2 ha de terrenosadjacentes ao Antigo Pao Episcopal do Fontelo (actual Solar do Vinho do Do).Ainda nesse mesmo ano foram retirados mais 2,8 ha para construo da Estrada deCircunvalao e instalao de um complexo desportivo, disponibilizando a CmaraMunicipal de Viseu a restante rea para a realizao da feira semanal.

    Em terreno da EAV (0,7 ha) havia j sido construdo o Centro de Formao Prossional

    de Agricultores de Viseu (1987-88), o qual foi cedido posteriormente Fenafrutas(Federao Nacional das Cooperativas Agrcolas de Horto-Fruticultores) e, em 1990,foi solicitada, por esta entidade, a cedncia de mais uma parcela de terreno adjacenteao Centro, o que lhe foi concedido.

    Com o protocolo estabelecido em 1990 entre o Estado, o Instituto da Juventude e a

    Cmara Municipal de Viseu, esta ltima instituio deu incio a um plano de ocupaode terrenos da EA que vem concretizando, consoante as necessidades, posio que foiobjecto de controvrsia por parte de algumas foras vivas locais, por pr em causaa importncia e os interesses da agricultura da regio. A imprensa dessa altura fezeco do facto, conforme mostram pequenos excertos de artigos publicados em algunsjornais da cidade:

    () Todavia, o po, as frutas, o vinho, o azeite, as hortalias no nascem nas auto-

    estradas, nas ruas, nos telhados das casas, nos campos de futebol, nas pistas de

    atletismo. A inutilizao sistemtica e progressiva dos solos com aptido agrcola

    representa uma grave ameaa economia do pas e prpria sobrevivncia das

    geraes futuras... A urbanizao dos terrenos da EAV mais um passo dado nesta

    caminhada de cegos ou de loucos, pssimos intrpretes do verdadeiro progresso comrumo ao abismo. Terrvel o fenmeno ter extenso mundial. (Miudezas Municipais,por A. de Meneses - Notcias de Viseu de 24/06/1990).

    Meses depois, o Jornal da Beira publica um longo artigo sobre a EAV, repartido porquatro semanas, intitulado Fontelo ontem e hoje. E amanh?, onde se l:

    () A Estao Agrria de Viseu um bem de que a agricultura da nossa regio

    no pode prescindir A supresso naquele local da EAV pode trazer benefcios para

    algumas entidades, mas prejudicar, de modo irremedivel todo o concelho e regio

    porque fcam privados em local amplo e acessvel, de um servio vital para a economia

    predominantemente agrria de todo este interior beiro Ningum se alimenta de

    tecnologia e urbanismo, mas sim daquilo que a terra, servida por mtodos cada vez

    mais apurados produz e oferece ao homem. Ser, pois, bom que os interesses vitais

    no sejam sacrifcados a convenincias deveras discutveis. (O Fontelo ontem e hoje.E amanh? J. da Beira, 8/11/1990).

    Na sua gnese, a explorao agrcola, dispondo de uma superfcie agrcola til

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    (SAU) de 25,5 ha, formava um todo, com dimenso ajustada ao desempenho das

    atribuies que lhe haviam sido conferidas. Alm disso, era dotada, sob o ponto

    de vista pedolgico, de solos representativos dos encontrados na regio. Logo, os

    resultados da experimentao neles efectuada poder-se-iam extrapolar, sem reserva,

    para outras zonas.

    Hoje, subtradas as reas atrs mencionadas, outras que foram posteriormente

    ocupadas e, a recentemente utilizada para beneciao de um troo da estrada 229,

    a Superfcie Agrcola til (SAU) com que a EAV pode contar para prosseguir as suas

    tarefas no domnio da experimentao, reduz-se a cerca de 18 ha.

    Edifcios e construes

    O edifcio sede da EAV foi projectado em 1950, pelo Arquitecto Keil do Amaral, tendo

    a sua construo sido concluda em 1953 e lavrado auto de cesso em Maro de

    1954. Sustentado por duro granito, fazendo jus ao conceito de ruralidade que lhe

    subjacente e tenacidade do esprito que lhe d vida, um edifcio simples, mas

    bonito e insere-se de forma muito harmoniosa na matriz campesina que o envolve.

    Nos anos 30, a sede dos servios esteve instalada num edifcio da Quinta Norte, queposteriormente alojou inmeros outros servios, sendo, um dos ltimos, o sector de

    Avicultura, da Diviso de Apoio Produo, Higiene e Sanidade Animal, da DRABL.

    Mais tarde, a sede transferiu-se para a Quinta Sul, ocupando a antiga casa do director,

    edifcio que veio tambm a ser habitado por diversos servios, entre eles, os Servios

    de Extenso Rural, o Agrupamento de Zonas Agrrias, a seguir e, recentemente, os

    servios da Diviso de Controle.

    Quanto s construes que faziam parte do assento de lavoura, mantiveram, at

    sensivelmente meados da dcada de 90, a utilizao original para que haviam sido

    concebidas, com excepo da adega, pocilga e fruteiro, que foram desactivadas da

    sua primitiva funcionalidade.

    Porm, durante os ltimos anos da dcada de 90 e primeira dcada de 2000, parte

    daquelas construes foram reconstrudas, para poderem acolher alguns servios

    operativos da DRABL.

    Fig. 3. a) Alado norte do Edifcio sede da EAV, 1955; b) Entrada da Estao Agrria, na Q.

    Sul, 1955; c) Entrada na Q. Norte, 1943; d) Jardim da Quinta Norte, 1943; e) Lagar, adega

    e silo metlico, 1943; f) Pocilgas, 1943; g) Posto meteorolgico, 1935; h) Espigueiro, 1943;

    i) Silo vertical, 1938.

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    DIRECTORES

    Desde a sua criao at 1986, data em que foi extinta na qualidade de Sub-RegioAgrria de Viseu, a Estao Agrria foi regida por quatro ilustres directores (Fig. 4),cujo retrato como tcnicos e dirigentes foi, inevitavelmente, o resultado da suapersonalidade e das circunstncias inerentes a cada tempo.

    Contudo, a conquista do bem-estar social para a regio e o forte desejo de

    modernizao da agricultura portuguesa constituram a inspirao comum que a todostangeu, acrescida de uma modelar integridade moral e um extraordinrio esprito demisso que, por vezes, se traduzia em enorme austeridade, no s para si prprios,como para todos aqueles que trabalhavam sob a sua direco. Na memria de alguns,ressoam ainda ecos de episdios ocorridos no tempo do Eng. Monteiro do Amaral,que explicitam a sua invulgar exigncia no escrupuloso cumprimento da ordemestabelecida, tanto dentro como fora do local de trabalho.

    Foi, todavia, essa cultura de rigor, de srio trabalho tcnico, de grande saber econhecimento cientco aplicado, empreendida sob o signo do respeito e da elevao,

    que edicou a aurola de prestgio nacional que sempre pairou sobre a EAV.

    Fig. 4. Directores da EAV (1936 - 1987) - Eng. Agrnomo Honor Reis Marques da Cunha, de

    1934 a 1941; Eng. Agrnomo Antnio Augusto Monteiro do Amaral, de 1941 a 1962; Eng.

    Agrnomo Messias B. Amaral Fuschini, de 1962 a 1965; Eng. Agrnomo Norberto Cardoso

    de Menezes, de 1965 a 1987 (Director da EAV: 1965- 1977; Director da Sub-Regio Agrria:1978 Jan. 1987).

    O ltimo dos quatro directores, Eng. Norberto Cardoso de Menezes, esteve ao servioda EAV durante 42 anos, desenvolvendo a sua carreira prossional desde 1948 a 1990,

    data em que se aposentou por limite de idade. Da sua brilhante actividade comotcnico e cientista, ressalta o extraordinrio trabalho de melhoramento do milho,conduzido durante vrios anos com grande disciplina e dedicao, que culminou nacriao dos afamados hbridos de Viseu, os quais foram rapidamente difundidos pelalavoura regional e nacional.

    QUADRO DE PESSOAL

    Em 1938, segundo foto da poca, o quadro do pessoal da EAV era constitudo porcerca de 13 funcionrios, distribudos por tcnicos, administrativos e guardas, almdo pessoal rural, afecto ao trabalho de campo.

    Em 1956, o nmero de funcionrios era ligeiramente superior: 4 engenheiros agrnomos,7 regentes agrcolas, um prtico agrcola, um capataz, um 1 ocial e 3 escriturrios.

    O pessoal de campo era recrutado jorna. Cerca de vinte anos mais tarde, o quadrode pessoal constava de: 5 engenheiros agrnomos, 14 engenheiros tcnicos agrrios,8 administrativos, um condutor de automveis e 10 auxiliares. O pessoal afecto aocampo e vacaria continuava a ser recrutado jorna. J em 1985, estavam afectos

    experimentao: 9 tcnicos superiores, 5 engenheiros tcnicos agrrios, 3 agentestcnicos, um el de armazm, dois capatazes, 3 tractoristas e 19 trabalhadores rurais

    (campo e vacaria). Actualmente, o corpo tcnico constitudo por nove tcnicossuperiores, um operador de mquinas agrcolas e seis auxiliares agrcolas.

    A SUA ACO ATRAVS DOS ANOS

    Segundo o articulado do n 76 do Decreto-Lei 27207, a Estao Agrria de Viseudispunha de duas seces: uma dedicada a estudos, ensaios e experimentao e outraa fomento e a assistncia tcnica.

    1. Estudos, ensaios e experimentao

    Em obedincia a esta losoa, a experimentao tem sido constante ao longo do tempo e umadas mais nobres actividades realizadas na EAV, pois, todos os produtos da investigao agrriatm de ser testados no campo, a m de se comprovar a sua eccia prtica, antes de serem

    divulgados e lanados na agricultura. Por sua vez, com base na investigao aplicada que osprprios tcnicos adquirem conhecimentos que iro servir a agricultura e o agricultor.

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    Visando tais objectivos, e procurando dar resposta ecaz s exigncias surgidas

    em cada tempo, um vasto nmero de ensaios e estudos tem sido levado a cabo nosmais variados domnios, com enorme repercusso econmica e social na agriculturaregional e nacional.

    1.1 Culturas arvenses

    Em 1936, dando continuidade a linhas de trabalho que possivelmente estavamem curso no Posto Experimental, j se faziam campos experimentais e campos dedemonstrao de trigo, centeio, cevada, milho, batata e forragens, culturas que eramprprias regio. Porm, a necessidade de melhorar as condies de alimentaohumana e de aumentar o rendimento econmico das exploraes impunha a buscade novas variedades, com maior capacidade produtiva e de melhores caractersticasqualitativas, de modo a alargar o leque de alternativas disponveis para as diversascondies.

    Anos mais tarde, talvez devido a um renamento da metodologia de experimentao,

    fruto do avano da mecanizao e dos meios de trabalho, a experimentao denovas variedades passou a ser efectuada primeiramente em ensaios de campo, empequenos talhes com repeties, como demonstram as guras 5a e 5b, de 1948,

    relativas instalao de ensaios de trigos hbridos e, s depois, se seguiam campos de

    experimentao e/ou demonstrao. Desde os anos 50 at aos anos 80, vrios ensaiosde adaptao de variedades de trigo, umas fornecidas pela Estao Nacional deMelhoramento de Plantas de Elvas (ENMP), outras, de origem italiana, fornecidas pelaFederao Nacional de Produtores de Trigo (FNPT), e ainda de outras provenincias,foram levados a efeito nos campos da EAV.

    Diversas cultivares de triticale, uma nova espcie de cereal (Hbrido de Trigo XCenteio), foram tambm estudadas, nos anos 80, em ensaios sucessivos e, com oapoio dos Servios de Extenso Rural (SER), instalados campos de demonstrao emzonas mais desfavorecidas, habitualmente destinadas cultura do centeio.

    Meno especial deve ser feita ao trabalho de melhoramento do milho, realizado peloNcleo de Melhoramento do Milho da EAV que, comportando uma forte componentede investigao cientca, foi muito alm das supostas atribuies experimentais de

    uma Estao Agrria. Foi seu propulsor o Eng. Agrnomo Cardoso de Menezes e teveincio em 1948, com o propsito de elevar as baixssimas produes nacionais obtidasnesta cultura, como medida plausvel de combate fome que grassava por todo oterritrio, especialmente nas zonas interiores do pas, aps o termo da II GuerraMundial.

    A EAV foi pioneira nesta linha de investigao, desenvolvida em etapas sucessivas,durante vrios anos, requerendo grande esforo e rigor, a somar a uma disciplina detrabalho extrema, dela resultando os Hbridos de Viseu (HV), adaptados s condiesedafoclimticas da regio e de outras com idnticas caractersticas.

    Destes hbridos, chegaram lavoura nacional 168 t de semente de dez hbridos degro branco e 87 t de oito hbridos de gro amarelo, cujas produes eram quatroa cinco vezes superiores s do milho regional. E, segundo o pensamento do Eng.

    Cardoso de Menezes, muito contribuiu para vencer barreiras do tradicionalismo dasnossas populaes rurais, face ao apego ancestral s culturas que praticavam.

    Em 1988, deu-se por terminada esta actividade e o patrimnio gentico existente naEAV, constitudo por 113 linhas puras estabilizadas de milho branco e milho amarelo,foi enviado para o Banco de Germoplasma do Ncleo de Melhoramento de Milho (NUMI) INIA, em Braga.

    Paralelamente ao bem-estar do homem, tambm a eciente alimentao e bem-estar

    dos animais, principalmente dos ruminantes, foi um dos objectivos de trabalho daEAV, levando ao estudo e introduo de espcies forrageiras e pratenses, capazesde suprir o baixo valor nutritivo das ferrs e ervas-de-lima, ento cultivadas e, aomesmo tempo, cobrir as necessidades alimentares dos gados ao longo de todo o ano,especialmente nos perodos de maiores carncias nutricionais.

    Durante os anos 50, foram instalados, em agricultores da regio, campos dedemonstrao de espcies forrageiras e pratenses, designadamente luzerna, trevovioleta, trevo branco, trevo hbrido, fazendo-se tambm o estudo da possibilidade deproduo de semente, deste ltimo, para utilizao nas prprias exploraes.

    Variados mtodos de ensilagem, utilizando rama de batata com trevo violeta,trevo violeta com vrios produtos, milho e, mais tarde, beterraba forrageira foramsendo ensaiados para aproveitamento e valorizao de subprodutos, atravs destatecnologia.

    A partir dos anos 60, na sequncia do Plano de Fomento Pecurio, da Secretaria deEstado da Agricultura, deu-se incio ao estudo de adaptao de uma imensa srie deespcies, abrangendo leguminosas e gramneas anuais e perenes, tais como trevos(violeta, branco, encarnado, morango, subterrneo, alexandrino e resupinato),

    ervilhacas (villosa, sativa e macrocarpa), ltiro, luzerna, serradela, tremocilha, gro-de-bico forrageiro, sorgo para gro e forragem, azevns anuais e perenes, festuca,dctilo, aveia, cevada, etc., estremes ou em misturas, bem como outras espciesforrageiras, nomeadamente nabo, couve, beterraba e outras.

    De forma gradual, muitas delas foram sendo introduzidas na regio, atravs de campos

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    de demonstrao de pastagens e forragens que, durante os anos 80 tiveram umaforte implantao na maioria dos concelhos situados na rea de inuncia da EAV,

    com o PROCALFER (Programa de Calagem e Fertilizao do Solo), levado a cabo comextraordinria determinao pelos Servios de Extenso Rural (SER).

    Em 1981, surgiu a Rede Nacional de Ensaios, linha de trabalho que adveio, como

    imposio legal, do facto de Portugal estar inserido na CEE, e muitas das espciesreferidas continuaram a ser experimentadas, visando-se o estudo do seu valor agronmicoe de utilizao. A nalidade principal desta rede de ensaios era a inscrio daquelas

    espcies no Catlogo Nacional de Variedades, permitindo simultaneamente a crivagemde algumas de maior interesse para a regio. Alguns anos depois, a RNE regional passoua incluir a cultura da batata e um largo nmero de variedades de milho da classe FAO,dos ciclos 200, 300 e 400, sendo esta a principal cultura que, no presente, a constitui.

    Outras espcies destinadas indstria, tais como cnhamo, girassol, lpulo, tremoobranco, soja, tabaco, linho e culturas medicinais aromticas e condimentares,se tm procurado estudar, atravs de ensaios de sondagem, na hiptese de estasculturas poderem vir a constituir uma vlida alternativa de utilizao e, desse modo,complementarem o rendimento das exploraes.

    Fig. 5. a) e b) Ensaios de trigos hbridos, folha 9 Sul, 1948; c) Corte de feno por junta de boisarouqueses (Catita e Antiga), 1955; d) Ensaio de milho hbrido, de sequeiro, 1949.

    Fig. 6. a) Ensaio de monda qumica no trigo, com testemunha esquerda, 1939; b) Ensaiode batata, 1955; c) Ensaio de germinao de milhos hbridos; d) Ensaio de tabaco, 1976.

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    No mbito das tcnicas culturais, em 1956, ensaiou-se pela primeira vez, na culturado milho, o efeito herbicida e fertilizante da cianamida clcica. Levaram-se a efeitomuitos outros ensaios com diferentes herbicidas, no sentido de encontrar os maisecazes para combate s infestantes da batata, dos viveiros de fruteiras, de pomares,

    da vinha, etc.

    No sector animal, foram tambm vrios os estudos da composio qumica do leitede vaca arouquesa, que tinham por objectivo o fabrico de um tipo especco de

    queijo. Alguns estudos econmicos, efectuados durante os anos 70, permitiram adeterminao do preo de custo da carne de bovino.

    Por sua vez, quando os trabalhos agrcolas passaram a ser mais mecanizados, os boisde trabalho at ento existentes, foram substitudos por um ncleo de vacas leiteiras,ncleo este que se manteve at 1996. Nele se procedia ao registo individual dasprodues dirias, com vista determinao do rendimento e anlise econmica dopreo de custo do leite, ao mesmo tempo que se avaliava o efeito da quantidade e daqualidade de determinados alimentos na composio do mesmo.

    Todo este trabalho, nomeadamente o efectuado na rea das culturas arvenses e daspastagens e forragens, teve reexos favorveis na economia da regio, ao conduzir os

    agricultores adopo de tcnicas culturais mais evoludas, proporcionando produesbastante mais elevadas e de melhor qualidade, que valorizaram progressivamente oseu nvel social e econmico.

    Com o incremento das potencialidades pratenses e forrageiras, vericou-se a

    transformao total das condies de alimentao animal, o que permitiu reconvertermuitas zonas de pecuria extensiva em zonas de criao de bovinos de leite.Paralelamente, a melhoria generalizada das pastagens para ovinos permitiu tambmalargar a rea de criao de ovinos produtores de leite, para queijo Serra da Estrela.

    1.2 Fruticultura

    Uma vez que as condies edafo-climticas da regio eram bastante favorveis paraa produo de fruta de qualidade, a fruticultura encontrou tambm, desde sempre,

    na experimentao da EAV, um lugar de eleio, bem visvel no modelar cuidado ecarinho com que os campos experimentais de macieiras, pereiras, pessegueiros ecerejeiras eram mantidos, para o estudo das espcies, variedades e porta-enxertos, etambm das tcnicas de proteco tossanitria, monda qumica e fertilizao, que

    lhe eram inerentes.

    Esse facto levou a que, em 1938, a Estao Agrria constitusse palco deveras propciopara a realizao das clebres Conferncias Pomolgicas, com a presena e colaboraodo insigne Prof. Vieira Natividade e a participao de tcnicos de vrias regies dopas, autntico ponto de partida para a actividade frutcola prossionalizada, que

    prosseguiu pela dcada de 40.

    A segunda campanha de fomento frutcola, decorrente do Plano de Fomento daFruticultura, da Secretaria de Estado da Agricultura, que visava no s o fomento

    da macieira, como o da pereira, pessegueiro, citrinos, cerejeira, damasqueiro eameixeira, desenvolveu-se de 1962 a 1970 e anos subsequentes, e foi talvez a principal,a nvel do pas e da regio, por ter proporcionado fruticultura aquele impulso deexpanso e de modernidade que se exigia.

    A EAV teve, ento, um papel preponderante na evoluo de todo o processo anvel regional, especialmente no apoio instalao e posterior acompanhamentode pomares intensivos de macieiras, na medida em que, neste sector, j estavaapetrechada de uma consistente base de conhecimentos tcnicos que se estendia escolha das melhores variedades e sua proteco tossanitria.

    Por outro lado, as suas estruturas e a existncia de pessoal perfeitamente adestradonas tcnicas de produo de viveiros, em particular nos mtodos de enxertia,permitiam-lhe tambm fazer a multiplicao de material vegetativo, plantas e garfos,com garantia varietal e sanitria, colmatando, em parte, a insucincia de material

    produzido pelos viveiristas locais.

    Fig. 7. Produo e embalagem de macieiras nos viveiros da EAV nos anos 60.

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    A experimentao no mbito da fruticultura, nomeadamente na macieira, tem sidopermanente ao longo do tempo, intensicando-se signicativamente nos ltimos

    anos, devido ao desenvolvimento de projectos de investigao e desenvolvimento es parcerias estabelecidas com outros Organismos.

    Porm, a actividade experimental no se limitou s espcies referidas, estendendo-seaos frutos secos, aos pequenos frutos e oliveira.

    Em relao aos frutos secos, de realar o trabalho conduzido na aveleira, que muitocontribuiu para a sua difuso, durante os anos 80, continuando em curso um ensaiocom 15 variedades, em que, ultimamente, se tm efectuado diversos estudos, emcolaborao com a Universidade de Trs-os-Montes e Alto Douro.

    Mais recentemente, entre 1996-1998, foi instalada uma coleco de variedadesportuguesas de castanheiro, que, de 2004 a 2006, serviu de base caracterizaonutricional, fenotpica, tecnolgica e molecular de variedades tradicionais portuguesas

    de castanha, tendo em vista a valorizao e preservao da biodiversidade devariedades existentes nas regies Centro e Norte de Portugal.

    Os pequenos frutos, tais como morango, framboesa, groselha e mirtilo foram tambm

    objecto de estudo por parte do sector de horticultura, paralelamente a muitas outrasespcies hortcolas, em estufa e ar livre, como melo, tomate, pimento, etc., comefeito muito favorvel a nvel da horticultura local.

    Quanto oliveira, no menosprezvel o trabalho que lhe tem sido dedicado,inicialmente mais concentrado nas reas da proteco sanitria e nutrio mineral.

    Esta espcie teve o seu primeiro ensaio na EAV nos anos 50, para estudo de variedades

    e tcnicas de enxertia e poda.

    Em 1996, reactivou-se esta linha de trabalho, instalando-se outra coleco para

    estudo de adaptao e comportamento de variedades e, desde essa data, devido aofacto de vrios aspectos da cultura terem suscitado maior ateno, tem prosseguidoa implantao sucessiva de coleces de diferentes variedades de oliveira, de acordo

    com o objectivo de estudo.

    Fig. 8. Algumas das novas variedades de ma em ensaio na EAV

    Fig. 9. Algumas das variedades de avel em ensaio na EAV.

    Fig. 10. Algumas das variedades de castanha em ensaio na EAV.

    Fig. 11. Algumas das variedades de azeitona em ensaio na EAV

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    1.3 Vitivinicultura

    A vitivinicultura uma actividade de reconhecida importncia, pela grande quota-parte na economia da regio. Por esse facto, o sector reteve, desde praticamente acriao da EAV, uma fatia considervel da experimentao regional, indo da adaptaode porta-enxertos, comportamento de castas tradicionais, estudos ampelogrcos,

    estudo enolgico dos mostos e dos vinhos produzidos, at produo de materialvegetativo para fornecimento aos vitivinicultores.

    Inicialmente, os estudos eram efectuados nos ensaios da EAV e em vinhas da regio.Em 1946, com o objectivo de fomentar, de forma mais eciente, os estudos relativos

    vinha e ao vinho do Do, foi adquirida a Quinta da Cale, em Nelas, hoje Centrode Estudos Vitivincolas do Do. Portanto, a partir desta data, a maior parte daexperimentao passou a ser realizada nesta unidade.

    Em 1958, a Quinta da Cale adquire autonomia, separando-se hierarquicamente da EAV,que deixou de superintender na matria, como seria bvio, prosseguindo, no entanto,com alguns estudos e com o trabalho do plantio da vinha, este, at dcada de 90.

    1.4 Fitossanidade

    A proteco das culturas contra as principais pragas e doenas tem sido preocupao detodos os tempos. Por isso, no elenco de actividades realizadas pela EAV, a tossanidade

    uma constante, desde o incio. Dirigida fundamentalmente para o pomar, vinha(bichado, pedrado, mldio, odio, etc.) e pragas do solo, continua a envolver mltiplascomponentes de estudo, umas relativas complexa biologia dos agentes patognicos,outras relacionadas com a natureza dos tofrmacos disponveis, outras ainda inerentes

    s respectivas tcnicas de aplicao, visando obter a melhor eccia.

    De forma a acompanhar a evoluo tcnica e a necessidade de, atempadamente, informaros agricultores, em face da crescente importncia que aquelas culturas passaram a deterna regio, foi instalada em 1977, a Estao de Avisos do Do que, com base nos elementosrecolhidos nos postos de observao, passou a emitir avisos regulares, primeiro por via postale, mais recentemente, tambm por SMS, destinados ao aconselhamento sobre as formas emtodos mais ecazes de combate s pragas e doenas das vinhas, macieiras e olival.

    De incio, a Estao de Avisos do Do enquadrava-se hierarquicamente na estruturaorgnica da Estao Agrria. Actualmente, encontra-se enquadrada noutra estruturaorgnica - Diviso de Proteco e Qualidade da Produo. Todavia, a sua actividade

    Fig. 12. a) Curso de podadores, 1936; b) Curso de capatazes tossanitrios, 1956;c) Pereira em espaldeira, 1940; d) Resultado de ensaio tossanitrio, 1950.

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    experimental entrosa-se, perfeitamente na restante experimentao da EAV,complementando-a de forma ecaz e coerente.

    1.5 Conservao do solo e fertilizao

    A capacidade produtiva da terra um capital donde se no deve gastar mais do queo juro, sob pena de aniquilar a riqueza (Dias Leito, in Proteja-se a Terra, A. daAgricultura, 1962). Este mesmo conceito havia j despertado a sensibilidade para anecessidade de proteger a terra, quando em 1951, se conduziram, nos terrenos daEAV, os primeiros ensaios de mobilizao mnima, com a cultura do azevm.

    A par de grande nmero de estudos de fertilizao e calagem, efectuados emvrias pocas, no sentido de elevar o pH do solo e conservar e/ou melhorar assuas caractersticas fsicas e qumicas, destaca-se a extraordinria durao de 32anos, de dois ensaios permanentes, um de fertilizao e outro de calagem, ambosinstalados em 1959, em colaborao com Laboratrio Qumico Agrcola Rebelo da Silva(LQARS). Foram considerados os mais antigos e os de maior durao no pas, visto quese repetiram sequencialmente por mais de trs dcadas, envolvendo o primeiro, arotao milho-gro X cereais praganosos (centeio, aveia, triticale, etc.); o segundofoi feito com a rotao trevo violeta X milho.

    Em 1988, tambm em colaborao com o LQARS e a Estao Nacional de FruticulturaVieira Natividade, procedeu-se instalao de dois ensaios de nutrio e fertilizao,um de macieiras e outro de aveleiras, com durao prevista de 25 anos.

    Todo este conjunto de aces e outras, no aqui mencionadas, constituram um valiosocontributo para o aperfeioamento das normas de fertilizao em vrias culturas esistemas culturais.

    1.6 Experimentao presentemente em curso

    Por fora das alteraes decorrentes do xodo rural e da entrada de Portugal na Unio

    Europeia, assistimos nos ltimos anos a uma diminuio do tecido empresarial agrcolae tendncia para a especializao das exploraes agrcolas sobreviventes. Peranteeste cenrio e porque os meios humanos e materiais foram reduzidos, as funesexperimentais mereceram, tambm, uma reorientao, tendo sido direccionadas paraas culturas da macieira, aveleira, oliveira e castanheiro, com a particularidade de

    serem praticadas em modo de produo integrada e em modo de produo biolgico,que, no caso das macieiras tem por base as variedades regionais.

    Assim, as linhas de trabalho que decorrem actualmente na EA so as que a seguir seenumeram:

    Seleco clonal da macieira Bravo de Esmolfe: de 149 clones utilizados no inicio

    dos trabalhos, foram j seleccionados oito, que se evidenciaram tanto em termosprodutivos, como nas caractersticas dos frutos.

    Incremento da qualidade e valorizao da ma Bravo de Esmolfe: ensaios de

    adaptao a diferentes porta-enxertos e condies de conservao.

    Preservao e valorizao de variedades regionais de pomideas - A Estao Agrria

    de Viseu alberga a maior coleco de variedades regionais de macieira do pas.

    Valorizao de variedades regionais de macieiras em modo de produo biolgico.

    Monda qumica de frutos em macieiras da variedade Gala, Fuji, Golden e Bravo.

    Metodologias de controlo do pedrado da macieira.

    Confuso sexual no combate ao bichado da macieira.

    Determinao do somatrio de temperaturas para a Cochonilha de S. Jos.

    Meios de luta alternativos luta qumica contra a mosca da fruta e mosca daazeitona.

    Avaliao do comportamento de novas variedades de macieira, em pomares

    intensivos e submetidos a novas formas de poda e conduo.

    Avaliao de resultados da aplicao de caulino e utilizao de rede de sombreamento,

    no combate ao escaldo em macieiras da variedade Fuji.

    Avaliao dos resultados da utilizao do Madex, integrado num esquema de luta

    qumica no controlo do bichado.

    Avaliao dos resultados da utilizao do Madex no controlo do bichado, em pomar

    de macieiras em MPB.

    Estudo de variedades de aveleiras.

    Valorizao e preservao da biodiversidade de variedades de castanhas na Regio

    Centro e Norte de Portugal, em modo de produo biolgico.

    Estudo da adaptao e comportamento de variedades de oliveiras (Galega, Cobranosa,

    Arbequina, Picoal).

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    Campo de observao de variedades de oliveira submetidas a modo de produo

    biolgico.

    Olival demonstrativo de tcnicas de produo integrada.

    Campo de demonstrao da oliveira explorada sob a forma intensiva.

    Demonstrao de tcnicas de reenxertia do olival.

    Ensaio de milhos hbridos FAO ciclo 200, 300 e 400, da Rede Nacional de Ensaios-

    Espcies forrageiras e pratenses anuais e perenes, da Rede Nacional de Ensaios.

    2. Fomento da Produo e Assistncia Tcnica

    2.1 Fomento

    Dentro do fomento da produo, sobressaem a campanha da cultura do milho, ascampanhas de fomento da fruticultura, nomeadamente a de 1962, j atrs mencionada,e a campanha de fomento pecurio, que obedeciam a um plano nacional, emanado pelaSecretaria de Estado da Agricultura. Eram aces deveras complexas e absorventes,constitudas por actividades de divulgao, sensibilizao e educao dos agricultorespara a prtica de determinadas tcnicas agrcolas. Estas tarefas efectuavam-se como auxlio de cartazes, folhetos de divulgao, jornais de parede e por meio de visitas

    de agricultores a campos de demonstrao, cesses de cinema, exposies, reuniescom agricultores, linhas de crdito apropriadas (como as destinadas construode nitreiras, silos, estbulos e casas de mungidura, estabelecimento de pastagens,durante os anos 50 e 60), concursos do melhor produto agrcola, palestras, programasradiofnicos etc.

    Nos anos 80, pelos SER, atravs do PROCALFER foi, de certo modo, dada continuidade campanha do milho, juntamente com diversas culturas forrageiras e pratenses, constitudasde misturas de gramneas e leguminosas. Para alm daquelas actividades, fomentou-seo fornecimento lavoura de sementes de trigo, centeio, cevada, trevo violeta, milho,batata, morangueiros, bacelos, garfos de fruteiras, garfos de videiras, videiras enxertadase fruteiras. Isso implicava a regular produo anual de sementes daquelas espcies e umacuidadosa e diversicada actividade viveirista, objectivos que vinham praticamente desde

    a formao da EAV. Contudo, no caso das sementes, s o fornecimento de semente de milhose prolongou at nal dos anos 80.

    Quanto aos viveiros, a actividade foi mantida at aos anos 90, produzindo avultadasquantidades de rvores de macieiras e aveleiras, paralelamente a um menor nmerode pereiras, ameixieiras, pessegueiros e cerejeiras. A Estao Agrria dispunha decampos de ps-mes de porta-enxertos das respectivas espcies a produzir e, factointeressante de realar que, j nos anos 50, se experimentava o efeito de hormonasno enraizamento de estacas de porta-enxertos de videira.

    Apesar do avultado montante de material vegetativo produzido, nunca foi seupropsito, exercer algum tipo de concorrncia s muitas unidades comerciais doramo que foram surgindo. Quando, nos anos 60, a fruticultura experimentou forteintensicao, exigindo o perfeito estado sanitrio e o rigor varietal das plantas e dos

    porta-enxertos a instalar, vericava-se que os viveiristas dessa poca no possuam

    condies tcnicas capazes de dar resposta s crescentes solicitaes. Por conseguinte,a EAV apenas procurara suprir com ecincia parte das necessidades da regio.

    2.2 Assistncia tcnica

    A assistncia tcnica prestada aos agricultores, consistia em consultas dadas pelostcnicos no gabinete, nos Grmios da Lavoura ou no prprio campo, aonde se deslocavamfrequentemente a propsito de inmeros problemas. Eram tambm ministrados vrioscursos, onde predominavam os de podadores de oliveiras e fruteiras, que foramrealizados regularmente, desde os anos 30 at dcada de 90, altura em que a formaoprossional passou a ser da responsabilidade das organizaes de agricultores. O

    impacto daqueles cursos na fruticultura regional foi extraordinrio, muito contribuindo

    para formar verdadeiros fruticultores e tornar a fruticultura numa actividade ecientee lucrativa, porque o podador, segundo Vieira Natividade, () tem de ser, acima detudo, arboricultor e no um inconsciente confeccionador de copas simtricas e bonitas,ou um lenhador atrevido, incapaz de interpretar as reaces da rvore. Por isso, nestescursos, no contava s o manejo da tesoura e do serrote, pois eram ministradas slidas

    Fig. 13. Algumas variedades regionais de ma em ensaio na EAV.

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    noes de morfologia e de siologia da rvore, bem como princpios de fertilizao, de

    tratamentos tossanitrios e outras regras de conduo dos pomares.

    Outros cursos foram ministrados ao longo dos anos tais como: Capatazes tossanitrios,

    Adestramento de trabalhadores rurais, Iniciao agrcola e Extenso agrcola familiar,estes ltimos dirigidos fundamentalmente s mulheres, conferindo conhecimentos eregras bsicas de higiene e sade familiar, economia domstica e de apoio gestoda explorao agrcola. Sob a aco dos SER foram realizados em concelhos de maior

    vocao para a actividade pecuria, cursos de maneio de gado bovino, ovino e caprino.Relativamente aos Servios de Extenso Rural, mais uma vez a EAV assumiu o estatutode pioneira e durante o perodo de 1978 a 1985, foi a sede de um projecto-piloto deextenso rural, planicado ao nvel da freguesia e orientado para a resoluo dos

    problemas inerentes s exploraes agrcolas, aos jovens e s comunidades rurais.

    2.3 Divulgao de conhecimentos

    Independentemente das campanhas de fomento, a divulgao de conhecimentoadquirido atravs da experimentao, foi sempre objectivo da EAV, realizandopalestras, conferncias, dias de campo, dias abertos, a par da elaborao de artigostcnico-cientcos para participao em eventos nacionais e estrangeiros (colquios,

    seminrios, reunies temticas, congressos, etc.).

    Na dcada de 60, a EAV foi prdiga na produo de um nmero considervel de folhasdivulgadoras, relativas aos temas de maior interesse para a regio, mormente nombito da produo animal, produo de forragens e pastagens, produo frutcola,produo de milho, etc. A sua edio era da responsabilidade dos Servios deInformao Agrcola da Direco Geral dos Servios Agrcolas, sendo de grande valiaprtica para o agricultor, pela informao tcnica que continham.

    Sob a hierarquia da DRABL e, presentemente, da DRAPC, a propsito de eventos

    de divulgao tcnica realizados na EAV e noutros locais, no mbito das aces emcurso, tm sido elaboradas chas tcnicas e um elevadssimo nmero de folhetos de

    divulgao, apresentando resultados e orientaes, de particular interesse para asculturas objecto de divulgao.

    Nos ltimos anos, ao abrigo de projectos de Investigao e Desenvolvimento (ID), emparceria com outras entidades a EAV tem dado, tambm, uma colaborao muitoefectiva na concepo de publicaes de enorme interesse tcnico e cientco, no

    domnio da caracterizao de variedades de macieira, aveleira, castanheiro e deespcies forrageiras e pratenses.

    LIGAES FUNCIONAIS COM OUTROS ORGANISMOS

    Porque nas Estaes Agrrias se processava a fase nal das descobertas levadas a cabo pelas

    Instituies de Investigao pura (caso, por exemplo, de muitas variedade de trigo e dealgumas espcies forrageiras e pratenses, obtidas pela Estao Nacional de Melhoramentode Plantas de Elvas), a EAV manteve ligaes sinrgicas com aquele e outros organismosnacionais desta natureza, em particular com a Estao Agronmica Nacional, EstaoNacional de Fruticultura Vieira Natividade, Estao Nacional Florestal, Centro Nacional deProteco da Produo Agrcola e Laboratrio Qumico Agrcola Rebelo da Silva.

    Em outras esferas de actividade, como o ensino, a existncia de profcuas relaes funcionaiscom certos estabelecimentos de diferentes nveis de ensino agrrio, nomeadamente oInstituto Superior de Agronomia e outros tem levado criao de condies para a realizaode estgios intercalares e de m de curso de engenheiros agrnomos, engenheiros tcnicos

    agrrios, prticos agrcolas, etc. Mesmo a nvel secundrio, a EAV manteve por alguns anos

    um protocolo de colaborao com a Escola Secundria de Emdio Navarro de Viseu para oestudo prtico dos alunos do curso de formao prossional.

    No passado, vericou-se tambm uma colaborao efectiva com os Grmios da Lavoura,

    com a Federao Nacional dos Produtores de Trigo e outras organizaes de agricultores.Fig. 14 Dois exemplos de folhas divulgadoras.

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    Recentemente, tm-se estabelecido parcerias, de grande interesse mtuo, comUniversidades, Institutos Politcnicos, outras Direces Regionais, bem como, comCooperativas e Associaes do sector agrcola, para a realizao de projectos deinvestigao e desenvolvimento, de reconhecido interesse para a regio.

    VISITAS

    Pelo programa de trabalhos que a EAV veio desenvolvendo atravs dos anos, teve oprivilgio de se posicionar entre as Instituies de maior prestgio a nvel nacional. Poresse motivo, era visitada regularmente por tcnicos de todo o pas, que aqui vinhamcolher informaes. Desde 1938 que era ponto obrigatrio de visita anual por partedos alunos do Instituto Superior de Agronomia e de outros estabelecimentos de ensinoagrrio, bem como de grupos de tcnicos e de agricultores nacionais e estrangeiros.

    Actualmente, o diversicado plano de actividades de experimentao que mantm,

    em particular no mbito da fruticultura, continua a despertar o interesse de alunosde todos os nveis de ensino, locais e de fora da regio, bem como de agricultorese tcnicos, que frequentemente aqui se deslocam, podendo obter informaestcnicas, tomar conhecimento de todas as actividades experimentais em curso e,inclusivamente, sugerir outras linhas de experimentao que venham ao encontro de

    necessidades suscitadas por certas actividades agrrias, desenvolvidas na regio.

    O AMANH

    A evocao destas imagens relativas ao caminho desbravado pela EAV, ao longo dosseus 75 anos, no envolve o menor saudosismo e muito menos vislumbre de qualquertermo de percurso, que deixe estultamente admitir tudo estar feito, ou nada maisvaler a pena fazer, porque outros em condies mais favorveis o faro por ns.

    Procurmos to s ilustrar a sua dinamizadora aco em prol da agricultura nacionale regional, as pontes que foi capaz de edicar entre a investigao e a lavoura, ainda

    que, em determinadas pocas, com meios reconhecidamente incipientes, para alm

    dos reveses sofridos por certos ventos de mudana.

    A enorme panplia de aces que adornam a sua existncia a prova de que emnenhum momento esteve omissa ou indiferente s muitas reestruturaes da vidaagrcola do pas, procurando, sim, manter-se na vanguarda das inovadas tendncias

    que iam surgindo. Julga-se que, at ao presente, cumpriu bem os elevados desgnioscom que foi vaticinada a sua formao.

    No obstante, os ajustes a que se teve de proceder perante circunstncias novas, aessncia das funes que a caracterizavam manteve-se inalterada, agindo e cumprindosempre o principio de que a investigao e a experimentao agrcolas so os pilaresfundamentais do desenvolvimento de uma regio e de um pas.

    Por conseguinte, nesta acepo que a Estao Agrria de Viseu deve prosseguir oseu amanh, apelando sua enorme capacidade de adaptao sem desvirtuar o seuprofundo carcter de entidade de experimentao e de desenvolvimento.

    O trabalho de mrito que desenvolveu e o que no presente continua a realizar,em parte orientado para modos de produo agrcola que preservam o ambiente,habilitam-na a projectar futuramente uma aco no menos meritria, assim ela sejadotada dos necessrios meios tcnicos e humanos e as estratgias polticas concebama revitalizao da agricultura regional.

    Considerando que a agricultura da regio, merc das condies edafo-climticas quelhe so prprias e de todo o contexto scio-rural que a caracteriza, no se agura

    de fceis resultados econmicos, torna-se necessrio engenho para a transformarnuma actividade sustentvel. Alm disso, o horizonte de exigncias dos modernos

    sistemas de produo de alimentos, alarga-se cada vez mais em requisitos para como ambiente. Contudo, nenhum pas goza de independncia se no produzir a maiorparte dos alimentos que consome, meta que, nestes ltimos anos, se afastou cadavez mais em Portugal, devido s polticas agrcolas seguidas. Portanto, a soluo paraestes problemas ter necessariamente de emergir duma investigao cientca slida

    e dinmica, secundada por uma experimentao actuante e vizinha dos locais ondeos problemas se colocam. Anal, estes princpios no so novos, pois, j em 1936, o

    legislador os referia no prembulo do Decreto-Lei que criou a EAV.

    Perante a necessidade de alimentar um mundo cada vez mais populoso e carenciado dealimentos, as inovaes tecnolgicas so constantes, na incessante busca de plantase tcnicas de produo que, simultaneamente, garantam maiores produes e nocomprometam um futuro que se pretende sustentvel e duradouro.

    Como forma de atingir esses objectivos, multiplicam-se no mundo actividades deinvestigao e experimentao que requerem a existncia de estruturas apetrechadascom meios humanos e materiais, para alm dos nanceiros, capazes de cobrir os seus

    elevados custos de funcionamento.

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    Conscientes das nossas limitaes estruturais e nanceiras, que no nos permitem a

    realizao de trabalhos que acarretam elevados custos, mas igualmente empenhadosem acompanharmos as inovaes tecnolgicas, que nas diferentes vertentes da nossaactividade experimental vo surgindo nos pases europeus, encetmos h alguns anosum programa peridico de visitas de estudo, sem custos para o errio pblico, acentros experimentais - Estao Experimental de Mollerusa, Estao Experimental deLaimburg e Instituto Agrrio de San Michele All Adige o primeiro situado em Lrida

    (Espanha), o segundo em Bolzano, e o terceiro em Trento, ambos em Itlia. Mercdesses contactos e para alm dos conhecimentos adquiridos e das transfernciastecnolgicas efectuadas, foi j possvel, em cooperao com a Associao deViveiristas do Distrito de Coimbra, estabelecer protocolos de cooperao comempresas estrangeiras, para a introduo e ensaio de novas variedades de macieira,instalar e estudar plantaes com novos compassos, novas formas de conduo, etc.

    Independentemente dos resultados que j obtivemos e que nos do alento para novastarefas, estamos certos que muito teramos a ganhar se estas ligaes, que foramgeradas a partir de contactos estabelecidos a ttulo particular, pudessem evoluir parauma cooperao institucionalizada e com carcter ocial. Dessa forma seria possvel

    perspectivar outros tipos de colaborao, nomeadamente o acompanhamento maisi d i l d i l i d

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    Ficha Tcnica:

    Ttulo:1936 - 2011 Estao Agrria de Viseu - 75 Anos ao Servio da AgriculturaCoordenao:Leontina FonsecaColaborao: Comisso Organizadora

    Antnio Jos Lopes,

    Arminda Lopes,

    Belarmino Salto,

    Catarina Maluco,

    Francisco Fernandes,

    Jorge Sofa,

    Jos Santos,

    Manuel Salazar,

    Maria Helena Pinto,

    Rui Cabral,

    Srgio Martins e

    Vanda Batista

    Fotografas:Acervo da Estao Agrria de Viseu

    Capa: Jos Augusto

    Viseu - Novembro de 2011