8 NVEMBRO E 018€¦ · ve tenho o hábito de parar e ajudar os outros corredores, levo água e...

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UMA CORRENTE DO Em 2011, tive um câncer de mama e o venci. Mas dois anos depois o pe- sadelo retornou, só que dessa vez na tireoide e garganta. Tive de lidar com toda a situação praticamente sozinha, pois morava em São Paulo e meus pais em outra cidade. Quando o ano virou, meu médico me obrigou a procurar uma atividade física como parte do meu tratamento pós-cirúrgico. Passei a frequentar os treinos funcionais no Ibirapuera com um grupo de amigos. Lá encontrei incentivo para dar meus primeiros passos e trotes. Co- mecei com uma caminhada, que de- pois foram ficando cada vez mais lon- gas — até virarem corridas. Enquanto eu estava em tratamento e tomava medicamentos fortes, a cor- rida foi essencial, pois era a respon- sável por me dar mais gás e vontade de viver. Claro que houve dias em que ia treinar triste, mas pensava comi- go mesma: “Tirei um ‘bicho’ daqui de dentro, não quero isso de novo”. Em 2015 e já curada, mudei-me para Ubatuba, onde fiz minha primeira prova, com 7 km de distância. Depois dessa, continuei fazendo diversas corridas curtinhas. Até que no ano seguinte, corri as meias da Asics Rio e SP City. Neste ano, estreei nas maratonas de montanha. Fiz os 42 km da etapa sul do Desafio das 28 praias, e estou me pre- parando para uma maratona no asfalto. Em nenhuma das provas de que par- ticipei fui com grandes ambições. Não ligo para a performance em si, inclusi- ve tenho o hábito de parar e ajudar os outros corredores, levo água e comida extra, busco incentivá-los. Algumas provas que eu finalizaria em 2 horas acabo fazendo em 4 ou 5. Muitas vezes acabo chegando junto com um pelotão de pessoas que fiquei para ajudar. Em junho de 2018, realizei a primeira edição do meu projeto “Corrida Busque Vencer”. Temos o intuito de incentivar a prática de atividade física, mas também a adoção de medidas preventivas, como não fumar, alimentar-se de forma equi- librada e visitar um médico regularmen- te. Realizamos uma corrida de 7 km no centro da capital paulista com apoio do Instituto Vencer o Câncer, que tem três fundadores — o médico e maratonista Drauzio Varella e dois oncologistas, Fer- nando Maluf e Antonio Buzaid. Cerca de mil pessoas participaram, entre elas pacientes em tratamento, ex-pacientes que venceram a doença, amigos dos pacientes e médicos. Foi uma grande união e um sonho realizado. Agora, o plano é expandir a prova para outras cidades nos próximos anos e levar a mensagem para todos que precisam. AMÁBILE CECÍLIA PEREIRA, publicitária, Ubatuba (SP) ENVIE A SUA HISTÓRIA PARA_ [email protected]. Por motivos de espaço e clareza, os relatos poderão ser editados. BEM 76 COBERTURA SUA HISTÓRIA NA O2 # 183 | NOVEMBRO DE 2018 Sua Historia_183.indd 76 24/10/18 5:37 PM

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UMA CORRENTE DOEm 2011, tive um câncer de mama e o venci. Mas dois anos depois o pe-sadelo retornou, só que dessa vez na tireoide e garganta. Tive de lidar com toda a situação praticamente sozinha, pois morava em São Paulo e meus pais em outra cidade. Quando o ano virou, meu médico me obrigou a procurar uma atividade física como parte do meu tratamento pós-cirúrgico. Passei a frequentar os treinos funcionais no Ibirapuera com um grupo de amigos.

Lá encontrei incentivo para dar meus primeiros passos e trotes. Co-mecei com uma caminhada, que de-pois foram ficando cada vez mais lon-gas — até virarem corridas.

Enquanto eu estava em tratamento e tomava medicamentos fortes, a cor-rida foi essencial, pois era a respon-sável por me dar mais gás e vontade de viver. Claro que houve dias em que ia treinar triste, mas pensava comi-

go mesma: “Tirei um ‘bicho’ daqui de dentro, não quero isso de novo”.

Em 2015 e já curada, mudei-me para Ubatuba, onde fiz minha primeira prova, com 7 km de distância. Depois dessa, continuei fazendo diversas corridas curtinhas. Até que no ano seguinte, corri as meias da Asics Rio e SP City. Neste ano, estreei nas maratonas de montanha. Fiz os 42 km da etapa sul do Desafio das 28 praias, e estou me pre-parando para uma maratona no asfalto.

Em nenhuma das provas de que par-ticipei fui com grandes ambições. Não ligo para a performance em si, inclusi-ve tenho o hábito de parar e ajudar os outros corredores, levo água e comida extra, busco incentivá-los. Algumas provas que eu finalizaria em 2 horas acabo fazendo em 4 ou 5. Muitas vezes acabo chegando junto com um pelotão de pessoas que fiquei para ajudar.

Em junho de 2018, realizei a primeira

edição do meu projeto “Corrida Busque Vencer”. Temos o intuito de incentivar a prática de atividade física, mas também a adoção de medidas preventivas, como não fumar, alimentar-se de forma equi-librada e visitar um médico regularmen-te. Realizamos uma corrida de 7 km no centro da capital paulista com apoio do Instituto Vencer o Câncer, que tem três fundadores — o médico e maratonista Drauzio Varella e dois oncologistas, Fer-nando Maluf e Antonio Buzaid. Cerca de mil pessoas participaram, entre elas pacientes em tratamento, ex-pacientes que venceram a doença, amigos dos pacientes e médicos. Foi uma grande união e um sonho realizado. Agora, o plano é expandir a prova para outras cidades nos próximos anos e levar a mensagem para todos que precisam.

AMÁBILE CECÍLIA PEREIRA, publicitária, Ubatuba (SP)

ENVIE A SUA HISTÓRIA PARA_ [email protected]. Por motivos de espaço e clareza, os relatos poderão ser editados.

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