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    ARTIGOS

    Um ensaio sobre o culto ao corpo nacontemporaneidade

    An essay on the cult of the body in contemporary

    Jurema Barros Dantas*Universidade Veiga de Almeida UVA, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil

    RESUMO

    Pensar o modo como a valorizao do corpo vem se tornando o imperativodo viver contemporneo parece ser uma questo fundamental para o campoda Psicologia. O culto ao corpo se mostra como caracterstica de nossapoca e encontra-se assentado na busca diria por um corpo perfeito capazde superar qualquer problema e corresponder qualquer expectativa. Vistopelos meios de comunicao como algo que pode ser manipulado oumodificado, o corpo vem se tornando plo dos mais profundos desejos e umgrande objeto de investimento. Discutir a relao que estamos construindocom o nosso corpo na atualidade a preocupao deste artigo.Palavras-chave: Corpo; Beleza; Perfeio; Atualidade.

    ABSTRACT

    Think how the appreciation of the body has become the imperative ofcontemporary living seems to be a key issue for the field of psychology. Thecult of the body proves to be typical of our time and is seated in the dailyquest for a perfect body can overcome any problem and meet anyexpectations. Seen by the media as something that can be manipulated ormodified, the body has become the pole of the deepest desires and a greatobject of investment. Discuss the relationship we are building with our bodytoday is the concern of this article.Keywords: Body; Beauty; Perfection; Nowadays.

    1 Introduo

    No fundamento de qualquer prtica social, como mediadorprivilegiado e piv da presena humana, o corpo est nocruzamento de todas as instncias da cultura, o ponto deatribuio por excelncia do campo simblico.

    (LE BRETON, 2003, p. 31)

    Na sociedade contempornea, o corpo tem se configurado cada vezmais como um dos principais espaos simblicos na construo dosmodos de subjetividade de nossa poca. Vrios autores tm apontadoa dimenso que o corpo passou a ocupar em nossa sociedade.

    ISSN 1808-4281Estudos e Pesquisas em Psicologia Rio de Janeiro v. 11 n. 3 p. 898-912 2011

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    Colocar o corpo em cena no algo novo. Esta temtica vemaparecendo em inmeras publicaes, em diferentes reas doconhecimento, nos ltimos anos. Neste trabalho queremos convidar oleitor a pensar o corpo contextualizado historicamente, pois nossa

    histria to mltipla quanto os corpos que dela fazem parte.So variados os panoramas do corpo na histria. Ao longo dos anosfomos tecendo diferentes formas de pensar corpo bem como fomosconstruindo diferentes formas de nos relacionar com ele. Isto porqueas questes que envolvem o corpo so susceptveis a qualquerinfluncia social, cultural, poltica e cientfica. Pensar o corpomergulhado num contexto histrico implica um reconhecimento domesmo para alm de uma demarcao biolgica pautada em umfuncionamento orgnico. Um corpo que no pode ser aprisionado oucompreendido apenas pela delimitao da epiderme e sua rica

    fisiologia.Sabemos que, outrora, a nossa sociedade influenciada pela medicinados humores acreditava que os mesmos constituam os corpos vivose toda natureza. Sabemos tambm que houve um avano fenomenalno campo mdico com o ato da primeira dissecao corporal, aindano sculo XVI, onde nos permitimos ousar em descobrir possveiscausas das mazelas que assolavam a populao da poca. Desdeento o saber mdico, pautado em cincia e tecnologia, se revigorana tentativa de resolver os diversos problemas da humanidade.Neste cenrio da busca pelo entendimento e possvel controle do

    corpo, percebemos que desde a renascena o mesmo vem sendoprogressivamente desvelado. O corpo, notoriamente, percorre ahistria da cincia e da filosofia. Mostra-se um conceito aberto,polmico e, por vezes, multifacetado. De Plato a Brgson, passandopor Descartes, Espinosa, Merleau-Ponty, Freud e Marx, a definio decorpo sempre pareceu um problema. Quase todos conhecem a visodualista de Descartes, que define o corpo como uma substnciaextensa em oposio substncia pensante. Massa composta de ossoe carne, o corpo para Descartes, uma mecnica articuladacomparada a um relgio composto de arruelas e contrapesos

    (NOVAES, 2003, p. 9). Podemos perceber que seguindo este modo decompreenso, sobretudo no incio da modernidade, o corpo foifacilmente associado a uma maquina. O corpo foi pensado como ummecanismo elaborado por determinados princpios que alimentam asengrenagens desta mquina promovendo o seu bom funcionamento.Ao ser tornado uma mquina, ou melhor, um objeto, foi possvelcontrolar, dividir, reconstruir, estudar, manipular e prever ofuncionamento do corpo. Com isto nos aproximamos cada vez maisdas supostas promessas do saber mdico. Um saber que pretendedecifrar esta mquina da forma mais apropriada. Nosso apego spossveis descobertas acerca do corpo se fortificam diariamente.Parece-nos que cabe ao cenrio contemporneo, mais precisamente

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    medicina, engrandecida de conhecimento e tecnologia, atender asnossas necessidades, anseios e mais ntimos desejos. Descobrir ofuncionamento e o provvel domnio sobre os fenmenos do corpo,sobretudo, da vida e da morte se revelam como cones do viver

    moderno. Percebemos que a objetividade no conhecimento condio para a eficcia na ao, mas ao num sentido muitoespecfico, que o de produo ou fabricao. Falamos de um corpoque pode ser modificado a partir das intervenes da cinciapresentificadas nas aes mdicas.Este cenrio atual que engessa o corpo num processo de possvelajuste, reparo e adaptao o nosso interlocutor ao longo destetexto. Pensaremos o corpo historicamente construdo conforme ossonhos e receios de nossa poca e cultura. Talvez em nossa poca sedesvele uma aparente ambio de dominar o corpo e mant-lo sob

    controle seja em busca da sade, da beleza ou, at mesmo, dajuventude. Isto porque depois de muitas experincias na anatomia,os sculos XIX e XX so dominados pela teoria celular na biologia epela patologia celular na medicina. Por fim, a cincia decifra o cdigogentico, e o sculo XXI entre de maneira irreversvel nasbiotecnologias. (NOVAES, 2003, p. 8). Neste cenrio de possveldominao e controle sobre o corpo, as biotecnologias se tornampossveis aliadas no que se refere difuso e realizao de umaenorme diversidade de estratgias de interveno no corpo. Vetorestecnolgicos direcionados para o corpo mais precisamente para o seu

    desenvolvimento e funcionamento. Incidindo sobre o corpo, estehorizonte tecnolgico nos convida a uma reflexo sobre o culto aocorpo na atualidade ressaltando a intrnseca relao entre corpo,tecnologia, sade e beleza.

    2 Corpo, sade e beleza: enlaces do culto ao corpo naatualidade

    Neste contexto onde o corpo se torna polo de preocupao e

    investimento nos parece que a questo do culto ao corpo se mostracomo um tema fundamental de discusso para o campo da Psicologia.Passaram-se os anos e a insero das tecnologias no nosso dia-a-diafez com que a esttica e a construo do corpo mudassemconsideravelmente. A relao com nosso corpo parece estar sendoradicalmente modificada pelo fcil acesso a diversos recursos ligados boa forma, criando certa exaltao e supervalorizao do corpo.O indivduo parece ser responsvel por sua aparncia fsica por meiodas vrias formas de construes corporais hoje presentes nomercado como as dietas, os exerccios fsicos, os variadostratamentos de beleza e as cirurgias plsticas. E, assim, o corpoatual, ou seja, aquele que se encontra em consonncia com os

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    padres de beleza contemporneos que associam juventude, beleza esade apresenta-se como um valor fundamental na sociedadeocidental.Logo, partimos da ideia de que o culto ao corpo apresenta-se como

    um possvel instrumento de adequao a valores idealizados, ligados esttica, ao comportamento e aos estados de nimo e, por fim,como meio eficiente de nos conduzir a to sonhada felicidade. Emoutras palavras, o culto ao corpo est sendo entendido neste trabalhocomo um modo de relao dos indivduos com seus corpos baseadanuma preocupao exacerbada em modelar e aproximar este corpodo ideal de beleza estabelecido. Na sociedade contempornea, oenquadramento nos padres deste culto ao corpo tem encorajado aprocura por diversos procedimentos mdicos como soluo rpidapara algumas insatisfaes. Alm da supervalorizao da juventude

    com um bem em si mesmo, acrescentou-se a ideologia de um corpono s jovem, mas tambm portador de medidas ideais. Um corpomagro, belo e jovem virou um mandamento ligado idia de sucessoe felicidade de nossa poca. O suposto sacrifcio exigido para modelaro corpo compensado idealmente pela crena de um sucesso futuro.Por que estamos to preocupados com as curvas e as formas denosso corpo? Por que a cada dia aumenta o nmero de indivduos quebuscam alternativas visando o emagrecimento? Por que furiosamentebuscamos um elixir da juventude e da beleza? Enfim, o que esttornando o corpo um lugar de destaque na sociedade

    contempornea? Na tentativa de compreender tal situao,entenderemos o nosso contexto scio-histrico atual como cenrioque potencializa a crena no corpo ideal ainda que seja por meio dasmais diversas tecnologias vidas em realizar todo e qualquer sonho.Os limites do corpo so extrapolados, muitas vezes com o auxlio datecnologia, no esforo imitativo de modelos quase sempre irreais einatingveis, muitos criados e ajustados por diversas tcnicas, poraparatos medicamentosos ou procedimentos cirrgicos. O corpo, naatualidade, parece assim se apresentar como uma sntese de desejo,cincia e tecnologia, a servio do chamado bem-estar. Isto porque a

    tecnologia desenvolvida pela racionalidade cientfica e os valores esentidos produzidos no mundo social agora constroem corpo. Aindstria do culto ao corpo orienta perfeitamente o que devemosfazer para tornar o nosso corpo um modelo perfeito que obedece aoque se espera no mundo social. Esta indstria possui todo umaparato tecnolgico adequado a cada situao, corpo ou bolso. Estaindstria opera a partir de uma lgica que transforma tudo em algomensurvel, pragmtico e utilitrio a fim de buscar uma respostapara a insatisfao crescente com relao ao corpo. O corpocontemporneo precisa ser melhorado, ampliado, ajustado,modificado e, at mesmo, criado. Precisa de prteses qumicas e deprocedimentos de toda ordem que o tornem forte, belo e adequado

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    ao cenrio atual. O corpo parece ser um molde que se adapta ssignificaes sociais. Por vezes parece ser um rascunho que pode serrefeito ou aperfeioado de acordo com o desejo e o bolso doindivduo. Nosso corpo parece estar se tornando um grande

    laboratrio onde se redesenha a prpria condio humana.Redesenha o cuidado que devemos ter com o nosso corpo natentativa de ampliar seus limites.As globalizadas sociedades de consumo parecem atribuir aosindivduos a responsabilidade pelo cuidado e pela plasticidade de seucorpo. Todas as condies tcnicas necessrias so oferecidas paraque possamos administrar nosso corpo com as opes disponveis nomercado. Com um pouco de esforo e trabalho fsico, homens emulheres so diariamente persuadidos a alcanar a aparnciadesejada, mesmo que para isso sejam necessrios exerccios

    intensos, cirurgias plsticas e dietas radicais como pregam osdiversos meios de comunicao vigentes. E, assim, o corpo seconfigura quase como um detalhe biolgico tecnicamente controlvel.Um horizonte de controle que nos oferece a idia de uma possvelmudana corporal de forma rpida e sem dor. Oferece-nos a idia deque precisamos de prteses qumicas, mecnicas e medicamentosaspara prosseguir em nosso viver cotidiano.Ainda que estes cuidados despendidos ao corpo no seja algo novo,foi segundo SantAnna (2001), a partir dos meados do sculo XX quea ateno e a dedicao ao corpo se tornaram um direito e um dever

    incontestveis, misturando-se aos preceitos de higiene e s novasnecessidades de conforto. O sculo XX parece ter sido marcado pelavalorizao da aparncia e cuidar do corpo desde ento passou a seruma necessidade. Uma necessidade alimentada diariamente com osurgimento sofisticado dos produtos light, das mais modernasintervenes cirrgicas ou as gloriosas e diversificadas atividadesfsicas. Podemos ainda mencionar a microbiologia, a robtica, afarmacologia e a gentica como frteis promessas de um corpoperfeito.Alm dos cuidados com o corpo em nome da sade, o que se busca

    hoje com esse culto exacerbado , no limite, o ajuste ao modelo dejuventude e felicidade permanente que encanta a sociedadecontempornea. Somos afetados pela difuso de informaes de quepodemos e devemos encontrar as mais recentes solues para todosos males do corpo, vendidas facilmente nas drogarias ou parceladasem infinitas prestaes de uma cirurgia esttica. Os discursos sobre asade e a esttica parecem indissociveis e convergem para omesmo imperativo: o cuidado com o corpo. Tal cuidado vem setornando demasiado, quase uma obrigao diria, gerando por vezessentimento de culpa naqueles que no podem realiz-lo. Em nossodia-a-dia surgem obrigaes com o corpo quase religiosas, rituais quedevem ser seguidos a todo custo em prol de um melhor resultado. Os

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    cuidados com o corpo e a intensificao das sensaes corporais semostram como questes centrais da vida cotidiana.

    3 Os meios de comunicao e o culto ao corpo: um campo deinfluncia

    Os manuais de autoajuda, as revistas especializadas, a publicidadeem geral levam os indivduos a acreditarem que toda e qualquerimperfeio ou defeito fruto de negligncia pessoal e falta decuidado de si. Com bastante disciplina e fora de vontade, seguindoos conselhos dos experts, qualquer um pode atingir uma aparnciaprxima ou similar ao padro de beleza vigente. Assistimosconstantemente a busca obstinada pelas formas retilneas e esbeltas.

    A imagem da juventude, associada ao corpo perfeito e ideal que envolve as noes de sade, vitalidade, dinamismo e,acima de tudo, beleza atravessa, contemporaneamente, osdiferentes gneros, faixas etrias e classes sociais,compondo de maneira diferenciada, diversos estilos de vida.E a fbrica de imagens cinema, TV, publicidade ao ladoda imprensa escrita, tem, certamente, contribudo para isso(CASTRO, 2007, p. 112).

    Diante dos apelos dos meios de comunicao, que muitas vezesafirmam ser fcil obter formas belas e torneadas, o corpo se fragilizaafinal, silicones, esterides, medicamentos, cirurgia a laser, botox ealimentos transgnicos so apenas alguns dos muitos elementos queproporcionam ao indivduo opes eficazes na conquista desse corpoesteticamente perfeito. Para Castro (2007, p. 28): a possibilidade deesculpir-se ou de desenhar seu prprio corpo algo que propicia acada um estar o mais prximo possvel de um padro de belezaestabelecido globalmente; afinal, as medidas do mercado da modaso internacionais.Esculpir, modelar e transformar so verbos muito presentes nosdiscursos dirios sobre o corpo e verbos fortemente endossados pelo

    saber mdico. Estamos falando de uma tecnologia a servio de umasuposta melhoria no corpo. Parece que nossa relao com o corpoencontra-se atravessada pelo nosso momento histrico e por umolhar de interveno mdico que nos diz exatamente como enfrentare alterar as mudanas do nosso corpo. Situaes antes consideradasnormais de serem enfrentadas durante a vida esto sendomajoritariamente tratadas e solucionadas pela medicina. Buscamosos ltimos tratamentos de emagrecimento, o novo cido capaz deretardar o envelhecimento, a cirurgia capaz de transformar o corpoem obra de arte. Obra de arte encontrada em revistas e passarelas

    da moda. Medicalizamos e tratamos o corpo por uma no aceitao

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    do mesmo enquanto um processo natural de contnua mudana. Nosrendemos aos modismos tornando o corpo objeto e esquecemos seucarter temporal e histrico. Featherstone (1995) j mostrava oquanto a experincia esttica dominava o cotidiano dos indivduos,

    conferindo-lhes sentido e possibilitando a auto-expresso e aconstruo de um estilo de vida.Descoberto pelo olhar contemporneo, o corpo vem sendo objeto deuma incansvel interrogao que se estende das pginas dos jornaisaos sales dos museus, dos outdoors das avenidas s salas e cinema,dos programas de televiso aos debates acadmicos. Percebemosque manuais de dietas, prometendo regimes cada vez mais infalveis,para produzir corpos livres de gordura, esbeltos e graciosos, so tiposde publicaes que aparecem invariavelmente entre os livros ourevistas mais vendidos. De fato, o mundo globalizado parece ter

    colocado o corpo na ordem do dia. Contudo, isso no resultounecessariamente em produo de conhecimento. E, por isso mesmo,a moda do culto ao corpo demanda reflexo. Uma reflexo onde oponto de partida dado pela ideia de que a cultura apropria-se docorpo biolgico para redefini-lo em termos sociais e, assim,transform-lo em corpo cultural. Castro (2005) afirma que, nomundo humano, a experincia corporal invariavelmenteatravessada pela vivncia cultural, tornando-se uma fonte desmbolos, de construo de identidades e de estilos de vida. Podemosousar em dizer que o corpo sempre territrio da cultura. A nossa

    cultura contempornea marcada pela gide do consumo, doindividualismo e hedonismo parecem entender corpo como sinnimoda boa forma.

    A boa forma passa a ser considerada uma espcie de melhorparte do indivduo e que, por isso mesmo, tem o direito e odever de passar por todos os lugares e experimentardiferentes acontecimentos. Mas aquilo que ainda no boaforma e que o indivduo considera apenas o seu corpo,torna-se uma espcie de mala por vezes incomodamentepesada, que ele necessita carregar, embora muitas vezes elequeira escond-la, elimin-la ou aposent-la. Durante

    sculos o corpo foi considerado o espelho da alma. Agora ele chamado a ocupar o seu lugar, mas sob a condio de seconverter totalmente em boa forma (SANTANNA, 2001, p.108).

    notrio o quanto o conceito de boa forma confundido com osignificado de sade. Ambos os conceitos referem-se s condies docorpo, mas o primeiro confere uma certificao de pertencimento eincluso. Como nos diz Bauman (2007), a boa forma refere-se qualidade do corpo de produzir prazeres que ser capaz de usufruir:corpo bem-disposto, hbil, eficiente e grato dos prazeresconquistados. O problema encontra-se no fato de que, colocar o

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    corpo com demasiada frequncia no estado de boa forma, choca-secom o propsito que esse estado deveria produzir.

    4 A busca pela boa forma: o vcio do momento

    Na busca pela boa forma, diferentemente do que ocorre com a sade,no h um ponto em que se possa dizer agora que alcancei, possoparar e manter o que conquistei. A luta pela boa forma umacompulso que logo se transforma em vcio. Cada dose precisa serseguida de outra maior (BAUMAN, 2007, p. 123). A procura pela boaforma desconhece limites e refere-se a prazeres sequer imaginados,mas que devem ser alcanados, cedo ou tarde. No importa aexcelente forma que o corpo esteja neste momento - sempre ser

    possvel melhorar. H sempre uma dose irritante de m forma a seraperfeioada. Dessa maneira, cada alvo no passa apenas de maisum degrau em uma longa e sucessiva escada.A busca pela boa forma demanda de uma pessoa um constantemovimento. Bem como instiga e valoriza nossa flexibilidade e nossacapacidade de estar sempre apto para novas mudanas e para todosos formatos possveis de remodelagem. Reformar o corpo, de modoobsessivo e devotado, parece ser tanto um dever quanto umanecessidade.Entender o modo pelo qual a sociedade compreende e se relaciona

    com o corpo uma questo fundamental na medida em que Bauman(2007) prope que devemos conceber o corpo como potencialidadeelaborada pela cultura e desenvolvida nas relaes sociais. Torna-sevlido reconhecer que, na maior parte das vezes, estabelecemos comnosso corpo uma relao esttica subordinada a padres de beleza esade, evidencia o que o corpo se mostra como fenmeno social ecultural ou, como nos diz Le Breton (2006), como motivo simblico,objeto de representaes e imaginrios. O mesmo autor sugere queas aes que tecem a trama da vida cotidiana, das mais fteis oumenos concretas at aquelas que ocorrem na cena pblica, envolvem

    a mediao da corporeidade. O corpo , por assim dizer, um vetorsemntico pelo qual a evidncia da relao com o mundo construda. O corpo constitui o mago da relao do homem com omundo. Do corpo nascem e se propagam as significaes quefundamentam a existncia individual e coletiva.

    Pela corporeidade, o homem faz do mundo a extenso de suaexperincia, transform-lo em tramas familiares e coerentes,disponveis ao e permeveis compreenso. Emissor oureceptor, o corpo produz sentidos continuamente e assiminsere o homem, de forma ativa, no interior de dado espaosocial e cultural (LE BRETON, 2006, p. 08).

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    O corpo o centro do cotidiano de cada pessoa, em suas aspiraesde sade perfeita, juventude eterna e beleza ideal. Alm disso, ocorpo palco de paradoxos e conflitos, pois o mesmo corpo quebusca sua singularidade o que tenta negar a diferena e a

    alteridade. Busca-se no corpo a felicidade plena.Os indivduos lanam mo de recursos para se aproximarem do idealde esttica corporal que a sociedade define, destacando,dissimulando ou atenuando particularidades de sua aparncia: dietas,exerccios fsicos, operaes cirrgicas. Acreditam que assim estoincrementando a vitalidade de sua constituio orgnica e social. Oculto ao corpo quase uma tcnica de sobrevivncia da sociedadeatual, uma vez que pretende garantir as melhores solues para assituaes presentes na vida cotidiana. Castro (2007, p. 30) defendeque o culto ao corpo , hoje, preocupao geral, que atravessa todos

    os setores, classes sociais e faixas etrias, apoiado no discurso daesttica e da preocupao com a sade.No entanto, ao mesmo tempo em que h essa busca incessante paraadquirir um corpo individualizado, o indivduo acaba por se perdernas exigncias do social. Trata-se da busca por um ideal inatingvel,j que as imagens veiculadas so to perfeitas que parecem nohumanas; assim essa procura por esse ideal leva o sujeito insatisfao, devido impossibilidade de se atingir tal padro. Noatingir o modelo remete o indivduo a um sentimento de impotnciafrente ao prprio corpo.

    O sentimento de impotncia e a busca obstinada em corresponderaos padres facilmente vendidos pelo nosso horizonte histricoparecem tambm ter se tornado uma fonte de lucros tendo em vistaa ansiedade em torno dos cuidados com o corpo. Para a lgica domercado a promessa de reduzir ou eliminar essa ansiedade amplamente sedutora e ento abraada. Contudo, tal ansiedade deveser constantemente reforada pelo mercado, para que a mais durveldemanda do consumo nunca sofra uma escassez. Em suma, osmercados de consumo estimulam, reforam e se alimentam damesma ansiedade que prometem reduzir com seus produtos.

    Compartilhamos com Bauman (2007) a afirmao de que, aocontrrio da demanda do consumidor de satisfao dos desejos, oconsumismo refere-se incitao dos mesmos desejos, semprerenovveis. Todos os esforos so para que o ciclo de desejos giremais depressa.Pensar essas significaes na atualidade e suas relaes com o corponos parece ser os pontos que do concretude ao tema que estamosabordando. A crise de significao e de valores que atravessa aatualidade, a procura tortuosa e incansvel por solues imediatas eo modo com nos relacionamos com nossa finitude, parecem colocar ocorpo, num lugar privilegiado de contato com o mundo, sob a luz dosholofotes. O corpo encontra-se numa genuna dialtica com o social,

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    sendo objeto de investimento coletivo, suporte de aes esignificaes, motivo de alegria e desiluses pelas prticas ediscursos que suscita.

    5 Corpo e contemporaneidade

    O homem quer viver mergulhado em satisfaes imediatas, buscarsensaes que o faam esquecer-se das preocupaes e ameaasfuturas, estabelecer sua organizao de vida no presente, vivendo omomento atual e nada mais. Assim, o passado e o futuro no tmespaos na organizao do seu cotidiano. Sendo o corpo o espaoonde se situa toda a ambiguidade existencial, a busca do corpoperfeito tomada como tentativa de negar o futuro, pois atravs do

    corpo que o tempo deixa sua marca. Concordamos com Castro (2007,p. 24) quando ela afirma que: a preocupao com o corpo esbelto sinnimo de corpo saudvel na contemporaneidade, pode sercompreendida como algo que diz respeito condio do indivduo namodernidade.Neste cenrio atual, o corpo torna-se facilmente lugar deconcretizao do bem-estar e do parecer bem atravs da forma e damanuteno da juventude. Numa sociedade onde ser feliz muitasvezes est vinculado aparncia, ao status e ao sentir bem o tempotodo, o corpo torna-se objeto de constante investimento e

    preocupao. Atualmente, esse culto ao corpo se alimenta de umalgica onde ser belo aproximar-se de um ideal, sempredeterminado de modo universal, distinto do que cada corpo,enquanto este, por sua vez, considerado um ente particular e local(SANTANNA, 2001, p. 108).De acordo com a lgica do culto ao corpo, a gordura corporalrepresenta o pesadelo realizado. O ganho de peso e centmetros nacintura um alerta que os esforos nada esto valendo. Bauman(2007) escolhe termos referentes guerra para ressaltar o fracassona tentativa constante de perder peso quando diz que as foras

    inimigas invadem o territrio defendido, e pior, ali se estabelecem,agora exercendo a administrao das terras dominadas. Observamos,assim, um grande grito de guerra contra a gordura, uma nova versode uma luta em que a ltima batalha no est vista e no hperspectiva de vitria.O indivduo contemporneo parece considerar o corpo o terrenoslido em que realiza esses ideais pregados pela sociedadecontempornea. O indivduo parece manter com o corpo, visto comoseu melhor trunfo, uma relao de terna proteo e de esgaamentode seus limites, da qual retira um benefcio narcseo e social, poissabe que na maior parte das vezes, a partir dele que soestabelecidos os julgamentos de felicidade, sade e beleza. Pensar a

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    obsesso atual pela construo da aparncia como espcie deresposta instabilidade, fragmentao e efemeridade que marcam avida social nos ajuda a compreender a centralidade assumida peloculto ao corpo na cultura contempornea.

    Mergulhados no consumo entendemos o corpo como mais umamercadoria disponvel para uso ou para compra no mercado aberto.Neste campo de manipulao de objetos e smbolos que caracteriza anossa cultura do consumo, J. Baudrillard faz do corpo o mais beloobjeto do investimento individual e social. Compartilhando dessasconsideraes, G. Lipovestky, enquanto analista meticuloso de nossomomento histrico apresenta que a personificao do corpo exige oimperativo da juventude, a luta contra a adversidade temporal, ocombate para que nossa identidade se conserve sem hiato nem panee, simultaneamente, o narcisismo cumpre uma misso de

    normalizao do corpo. Parece-nos que o corpo hoje se impe comolugar de predileo do discurso social.Podemos compreender a importncia do corpo no sonho de tornarvisvel o belo, o bem-estar e a felicidade. O corpo parece, ento, terse tornado uma espcie de ntimo companheiro, um verdadeiroparceiro daquele de quem se exige a melhor apresentao, assensaes mais originais, a boa resistncia, a juventude eterna e ocorpo esbelto pela magreza. O indivduo convidado a descobrir ocorpo como um grande potencial, onde necessrio manter certaseduo e explorar todos os limites possveis.

    O corpo territrio de onde emana sensao e seduo, um territrioa ser explorado na procura de sensaes inditas ou prazeresexclusivos a serem capturados. E, assim, encontramos o parceirocompreensivo e cmplice que faltava do nosso lado. Cmplice naconquista do momento perfeito, do estado almejado de xtase ou dasto sonhadas curvas femininas. Para tudo isso foi necessrio:

    [...] transformar o corpo num territrio privilegiado deexperimentaes sensveis, algo que possui uma certainteligncia que no se concentra apenas no crebro. Foipreciso, ainda, libert-lo de tradies e moralismos

    seculares, fornecer-lhe um status de prestgio, um lugarradioso, como se ele fosse uma alma. Desde ento foi fcilconsider-lo uma instigante fronteira a ser vencida,explorada e controlada (SANTANNA, 2001, p. 70).

    Nesta lgica dos dias atuais o corpo transforma-se em objeto a sermoldado, modificado, modulado, conforme o gosto do dia. O corpo apresentado e tecnicamente testado como ferramenta indispensvelna realizao dos ideais da aparncia, da ostentao, do bem-estar eda felicidade na atualidade. Trata-se de experimentar, custa docorpo, a capacidade ntima em corresponder aos ideais de nossa

    sociedade.

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    6 Consideraes Finais

    A publicidade e o consumo parecem ser aspectos estruturantes daprtica do culto ao corpo. A primeira, por tornar presente diariamente

    na vida dos indivduos temticas acerca do corpo, seja pelas maisavanadas tecnologias ou pelo mais recente ch descoberto, ditandocotidianamente estilos e tendncias. A segunda, pelo horizonte quetorna o corpo um objeto passvel de consumo. A lgica do consumose faz imperiosa nos modos de relao que estabelecemos com onosso corpo. Somos permeados pela crena de que podemosconsumir desde receitas at prteses perfeitas. O nosso corpotornou-se extenso do mercado e os produtos de beleza suas valiosasmercadorias.Em nosso horizonte histrico percebemos o culto exacerbado do

    corpo e a perseguio de modelos estticos estabelecidossocialmente. Falamos de um ideal vinculado pelo social que vende asade e a beleza como conjunto de curvas perfeitas, pela sedosa,cabelos lisos e, sobretudo, a magreza. O corpo como mensageiro dasade e da beleza torna-se um imperativo to poderoso que conduz idia de obrigao. Ser feliz e pleno na atualidade corresponde aconquista de medidas perfeitas, bem como a pele e o cabelo maisreluzente. O corpo ganhou uma posio de valor supremo, seu bem-estar parece ser um grande objetivo de qualquer busca existencial naatualidade.

    As representaes sociais do corpo e de sua boa forma aparecemcomo elementos que reforam a autoestima e dependem em grandeparte da fora de vontade pois, quem quer pode ter um corpomagro,belo e saudvel. A aparncia de um corpo bem definido etorneado indicaria sade, revelando o poder que a exaltao eexibio do corpo assumiram no mundo contemporneo. A mdia deum modo geral tornou-se, assim, uma importante forma dedivulgao e capitalizao do que estamos chamando de culto aocorpo.Entendemos que os cuidados com o corpo so importantes e

    essenciais no apenas no que se refere sade, mas tambm ao quese refere ao viver em sociedade. O problema reside na propagao deum ideal inatingvel, na culpabilizao do indivduo por no atingireste ideal, no fato de tornamos as mudanas naturais do corpo,objetos estticos da medicina, o fato de no entendermos ououvirmos as verdadeiras necessidades corporais que temos. Comobem nos diz SantAnna (2001, p. 79): no se trata, portanto, denegar os avanos da tecnocincia, nem de conden-la em bloco. Masde reconhecer que o corpo no cessa de ser redescoberto, ao mesmotempo em que nunca totalmente revelado.Em nossa sociedade moderna, elaboramos e desenvolvemos o corpocomo potencialidade, uma vez que agora temos meios de exercer

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    sobre os corpos um grau de controle sem precedentes. Entretanto,surge a pergunta: ser que esta nova situao realmente alargou aliberdade individual, abrindo a cada um de ns um leque mais amplode escolhas? Ser que esse grau de controle no nos deixou apenas

    mais inseguros sobre os critrios de avaliao dos corpos e sobre ospassos necessrios para aproxim-los de como deveriam ser? Parece-nos que a impresso de liberdade ampliada se tornou apenas umnovo conjunto de necessidades no menos opressivas, e aspossibilidades de escolhas tornaram-se obrigatrias e inevitveis, nopodendo assim ser negligenciadas e to pouco recusadas.Nosso convite reflexo se refere ao fato de creditarmos quasecegamente nossas alegrias, nosso bem-estar e, acima de tudo, nossafelicidade, aos produtos de beleza, aos cidos, aos procedimentosestticos e porque no dizer, aos medicamentos de todo gnero.

    Enquadrar-se em padres externos uma escolha a ser feita, e comoem toda escolha, h uma responsabilidade implicada. O culto aocorpo uma obrigao na atualidade, ser que nossacorrespondncia esses padres quase universais tambm ?De fato o corpo tornou-se, facilmente, fonte de interveno,informao e pesquisa. O discurso cientfico nos invade com suasrevolucionrias ferramentas estatsticas responsveis por definir aspossibilidades de adoecimento, felicidade e mortalidade dosindivduos. Que o corpo roubou a cena no contexto atual isto umfato. Que os cuidados com ele se tornaram quase uma imposio isto

    notrio.Por ele fazemos qualquer sacrifcio: regimes rigorosos, controle depeso, plulas, ginstica, cirurgia. Dele esperamos prazeres, alegrias esensaes ilimitadas. Essas discusses podem se mostrar como umasimples constatao dos atravessamentos vividos em nossa poca oupode nos levar a compor outras perspectivas sobre o corpo. Um corpoque no se esgota numa compreenso biolgica. Um corpo queinvariavelmente est atravessado por toda uma vivncia cultural eexpressa os nossos modos de ser e estar no contemporneo.Queremos inquietar o leitor para o modo de relao que estamos

    construindo com nosso corpo, despertando um olhar que noambiciona oferecer uma resposta absoluta sobre o corpo, mas simum olhar que se mostre como um feixe de caminhos. Caminhosquestionadores, reflexivos e, at mesmo, transformadores sobrenossas perspectivas sobre a questo do corpo na atualidade.

    7 Referncias

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    Endereo para correspondnciaJurema Barros DantasRua Ibituruna n 108, Maracan, CEP: 20271-020, Rio de Janeiro, RJ, BrasilEndereo eletrnico: [email protected].

    Recebido em: 22/03/2010Reformulado em: 02/06/2010Aceito para publicao em: 21/06/2010Acompanhamento do processo editorial: Eleonra Prestrelo

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    Notas*Psicloga, Doutora em Psicologia Social pela Universidade do Estado do Rio deJaneiro- UERJ, Mestre em Psicologia na rea de Estudos da Subjetividade pelaUniversidade Federal Fluminense - UFF, Especialista em Psicologia Clnica eProfessora da Universidade Veiga de Almeida, Professora dos Cursos deEspecializao do Centro de Estudos de Pessoal do Exrcito Brasileiro e Professorado Instituto de Fenomenologia do Rio de Janeiro - IFEN/RJ.