84721616-Bombas-Centrifugas
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Bombas Centrífugas
e
Sistemas de Bombeamento
Trabalho sobre Bombas Centrífugas
e Sistemas de Bombeamento como
requisito parcial para aprovação na
disciplina de Estudos Dirigidos do
curso de mestrado em Engenharia
Térmica.
Aluno: Dirceu Pereira Filho
Orientador: Prof. Dr. Rigoberto E. M. Morales
LACIT / PPGEM / UTFPR
CURITIBA2010
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Sumário
Lista de figuras ................................................................................................ 5
Lista de tabelas ............................................................................................... 12
Simbologia ...................................................................................................... 13
1. Introdução ........................................................................................ 19
2. Noções gerais sobre máquinas de fluxo geratrizes ......................... 21
2.1. Máquinas geratrizes de deslocamento positivo ............................... 21
2.2. Máquinas geratrizes de deslocamento não-positivo ....................... 25
2.3. Órgãos construtivos de uma bomba centrífuga ............................... 34
2.4. Princípio básico de funcionamento de uma bomba centrífuga ........ 35
3. Análise dos modos de energia cedida pela bomba ......................... 38
3.1. O trabalho específico interno eζ ...................................................... 38
3.2. Alturas de elevação ......................................................................... 40
3.3. Perdas hidráulicas internas em bombas centrífugas ....................... 49
3.4. Potências ......................................................................................... 50
3.5. Rendimentos ................................................................................... 52
3.6. Casos especiais de instalação ........................................................ 54
4. Mecanismos de fluxo no rotor da bomba centrífuga ....................... 58
4.1. Movimento absoluto e relativo ......................................................... 58
4.2. O conceito de pás ativas e inativas ................................................. 63
4.3. O princípio da quantidade de movimento angular ........................... 65
4.4. A equação de Euler para o caso das bombas centrífugas .............. 67
5. O caso real – número finito de pás com espessura definida ........... 79
5.1. Escoamento através do rotor .......................................................... 79
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5.1.1. Entrada do rotor e pré-rotação ........................................................ 79
5.1.2. Distribuição de pressão e de velocidades ....................................... 81
5.1.3. Efeito do ângulo real de descarga ................................................... 835.1.4. Parte não ativa da pá ...................................................................... 84
5.1.5. Carga teórica com velocidade radial não uniforme ......................... 84
5.1.6. A influência da espessura das pás .................................................. 85
5.2. Correção devido ao rotor com número finito de pás ....................... 86
5.2.1. Aresta de pressão ou lado de descarga do rotor ............................ 87
5.2.2. Aresta de sucção ou lado de entrada do rotor ................................ 89
5.2.3. O método de Pfleiderer para o cálculo da redução de potência ..... 90
5.3. Correção devido às perdas hidráulicas ........................................... 93
5.4. A equação característica real da bomba centrífuga ........................ 96
5.5. A escolha do ângulo 2 β e a forma das pás .................................... 98
5.6. O grau de reação ............................................................................. 100
5.7. A forma do canal do rotor e peculiaridades do escoamento ........... 102
5.8. As curvas teóricas corrigidas para a bomba ................................... 104
6. A formulação diferencial do escoamento ........................................ 105
7. Tratamento vetorial da aceleração de uma partícula ...................... 113
8. As diversas formas de rotor – rotação específica ........................... 119
9. Leis de semelhança em bombas centrífugas .................................. 126
9.1. Semelhança geométrica .................................................................. 127
9.2. Semelhança cinemática .................................................................. 128
9.3. Semelhança dinâmica ..................................................................... 133
9.4. Formulário de similaridade .............................................................. 134
10. Cavitação em bombas centrífugas .................................................. 137
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10.1. Definição geral ................................................................................. 137
10.2. Sinais de cavitação .......................................................................... 139
10.3. Nucleação de bolhas ....................................................................... 14310.4. Medição da cavitação ...................................................................... 144
10.5. Máxima altura de sucção e formação da altura crítica de pressão . 146
10.6. O parâmetro NPSH – net positive suction head .............................. 158
11. Sistemas de bombeamento ............................................................. 163
11.1. Variação das grandezas em função da rotação com H constante .. 163
11.2. Variação da altura com a vazão ...................................................... 164
11.3. Congruência das curvas HxQ .......................................................... 168
11.4. Curvas de igual rendimento ............................................................. 170
11.5. Variação da potência com a vazão ................................................. 171
11.6. As curvas reais ................................................................................ 172
11.7. Fatores que afetam as curvas características ................................. 17511.8. Curva característica do sistema de bombeamento ......................... 182
11.8.1. O número de Reynolds Re .............................................................. 182
11.8.2. O fator de atrito f .............................................................................. 183
11.8.3. A determinação da perda de carga da instalação ........................... 188
11.8.4. Cálculo do sistema de bombeamento e ponto de operação da
bomba .............................................................................................. 189
12. Parametrização das curvas de bombas .......................................... 200
Referências bibliográficas ............................................................................... 207
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Lista de Figuras
Figura 2.1 - Trajetória da partícula de fluído dentro da câmara do
pistão ................................................................................. 22
Figura 2.2 - Tipos construtivos de máquinas de deslocamento
positivo .............................................................................. 24
Figura 2.3 - Tipos de rotor, de acordo com a trajetória do fluído .......... 26
Figura 2.4 - Bomba de rotor axial ......................................................... 27
Figura 2.5 - Bombas de simples e múltiplos estágios ........................... 27
Figura 2.6 - Rotores de entrada unilateral e bilateral ............................ 28
Figura 2.7 - Difusor tronco-cônico ......................................................... 29
Figura 2.8 - Bombas com diferentes tipos de difusores ........................ 30
Figura 2.9 - Posições de instalação da bomba em relação ao
nível da água ..................................................................... 32
Figura 2.10 - Bomba de eixo vertical ...................................................... 32
Figura 2.11 - Tipos construtivos de rotores ............................................ 32
Figura 2.12 - Faixa de aplicação das máquinas geratrizes .................... 33
Figura 2.13 - Principais componentes de uma bomba centrífuga .......... 35
Figura 3.1 - Trabalho específico sem perdas ....................................... 39
Figura 3.2 - Diagrama υ p ...................................................................... 39
Figura 3.3 - Balanço energético na instalação de uma bomba ............. 41
Figura 3.4 - Medição de H por instrumentos de medição de pressão .. 45
Figura 3.5 - Rendimentos considerados no conjunto motor-bomba ..... 54
Figura 3.6 - Instalação com extremidade de recalque sifonada ........... 55
Figura 3.7 - Reservatórios de sucção e descarga fechados ................. 56
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Figura 4.1 - Representação das velocidades no rotor radial de uma
bomba ................................................................................ 59
Figura 4.2 - Triângulo de velocidades no rotor ..................................... 60
Figura 4.3 - Àrea de passagem da corrente fluida através dos
diversos tipos de rotores ................................................... 62
Figura 4.4 - Pás ativas e inativas .......................................................... 63
Figura 4.5 - Volume de controle fixo e velocidades para análise de
quantidade de movimento angular .................................... 69
Figura 4.6 - Superfície de controle, vetor velocidade absoluta e
tensões normal e cisalhante .............................................. 72
Figura 4.7 - Corte transversal do rotor de uma bomba centrífuga ........ 76
Figura 4.8 - Curva característica idealizada da bomba centrífuga ....... 77
Figura 5.1 - Triângulos de velocidade na entrada do rotor ................... 80
Figura 5.2 - Bomba Worthington D-1020 com indutor anterior ao
rotor ................................................................................... 81
Figura 5.3 - Circulação relativa dentro do canal do rotor ...................... 82
Figura 5.4 - Ângulos de entrada e saída, reais e teóricos .................... 83
Figura 5.5 - Distribuição de pressão dentro do canal do rotor .............. 84
Figura 5.6 - Distribuição da velocidade radial na saída do rotor ........... 85
Figura 5.7 - Movimentos relativo, teórico e real no rotor ...................... 87
Figura 5.8 - Diagrama de velocidades – rotor com número finito einfinito de pás .................................................................... 88
Figura 5.9 - Grandezas de espessura da pá na aresta de pressão ...... 88
Figura 5.10 - Diagrama de velocidades na aresta de sucção ................. 90
Figura 5.11 - Triângulos de velocidades, real e teórico, na aresta de
saída do rotor .................................................................... 90
Figura 5.12 - Curvas características da bomba: influência do 92
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coeficiente do número de pás ...........................................
Figura 5.13 - Diferentes ângulos de entrada do líquido no rotor ............ 95
Figura 5.14 - Curva real de uma bomba centrífuga e discriminação dasperdas hidráulicas ............................................................. 97
Figura 5.15 - Diferentes formas de pás no rotor ..................................... 99
Figura 5.16 - Retificação dos canais de rotores de máquinas de
fluxo ................................................................................... 103
Figura 5.17 - Curvas teóricas corrigidas para bombas ........................... 104
Figura 6.1 - Corte axial do rotor de uma bomba centrífuga comdetalhe do volume de controle infinitesimal em uma
posição genérica do rotor .................................................. 105
Figura 6.2 - Corte radial do rotor de uma bomba centrífuga com
detalhe do triângulo de velocidades, em uma posição
genérica no canal do rotor, dentro do volume de
controle .............................................................................. 105
Figura 6.3 - Volume de controle diferencial retificado, com as
velocidades e pressões nas faces de entrada e saída ...... 106
Figura 7.1 - Localização de uma partícula fluida nos referenciais
inercial (XYZ) e não-inercial (xyz) ..................................... 113
Figura 7.2 - Variação da direção do versor i devido à componente
zω da velocidade angular .................................................. 114
Figura 7.3 - Variação da direção do versor i devido à componente
yω da velocidade angular ................................................. 115
Figura 7.4 - Direção da força de Coriolis no escoamento dentro do
rotor de uma turbomáquina ............................................... 118
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Figura 8.1 - Linhas geométricas do rotor radial lento (linhas cheias),
rotor radial de velocidade média (linhas traço--ponto) e
rotor semi-axial rápido (linhas tracejadas) ......................... 120
Figura 8.2 - Formas de rotor ................................................................. 121
Figura 8.3 - Perdas em função da rotação específica .......................... 124
Figura 8.4 - Posicionamento das diversas formas de rotores em
função da rotação específica ............................................. 124
Figura 8.5 - Rotação específica de bombas no sistema inglês ............ 125
Figura 9.1 - Dimensões geométricas de similaridade do rotor ............. 128
Figura 9.2 - Similaridade de operação de uma bomba centrífuga em
duas rotações distintas ...................................................... 132
Figura 9.3 - Similaridade de operação de uma bomba centrífuga, em
duas rotações distintas ...................................................... 132
Figura 10.1 - Cavitação em uma hélice de barco ................................... 137
Figura 10.2 - Queda de capacidade de carga e eficiência em bombas
de baixa rotação específica ............................................... 140
Figura 10.3 - Queda de capacidade de carga e eficiência em bombas
de alta rotação específica .................................................. 140
Figura 10.4 - Queda de capacidade de carga e eficiência em bombas
tipo propeller , de rotação específica muito elevada .......... 140
Figura 10.5 - Zonas de baixa pressão no dorso das pás do rotor .......... 141
Figura 10.6 - Cavitação em rotores de baixa rotação específica ............ 142
Figura 10.7 - Tipos de bolhas em cavitação ........................................... 144
Figura 10.8 - Cavitação em tubo tipo Venturi ......................................... 145
Figura 10.9 - Cavitação em perfil 2D NACA ........................................... 145
Figura 10.10 - Cavitação em um rotor de uma bomba com destaque
para a região erodida ........................................................ 145
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Figura 10.11 - Cavitação em nuvem (“cloud cavitation” ) em um perfil
hidrodinâmico .................................................................... 145
Figura 10.12 - Janelas de visualização de cavitação no difusor e rotor
de uma bomba radial ......................................................... 146
Figura 10.13 - Esquema do sistema de bombeamento na sucção da
bomba ................................................................................ 147
Figura 10.14 - Rotor radial com aresta de sucção inclinada a1i1 .............. 150
Figura 10.15 - Relação entre o ângulo na entrada do fluxo no rotor a0 β
x índice de aspiração aΙ .....................................................155
Figura 10.16 - Comparação entre NPSH requerido teórico e prático ....... 162
Figura 11.1 - Curvas para uma bomba centrífuga com H = 30 m
constante ........................................................................... 164
Figura 11.2 - Diversas curvas características corrigidas ........................ 165
Figura 11.3 - Obtenção da curva HxQ teórica corrigida ......................... 166
Figura 11.4 - Tipos de curva conforme terminologia americana ............. 167
Figura 11.5 - Curva de bomba operando em diversas rotações ............. 169
Figura 11.6 - Curvas de igual rendimento de uma bomba centrífuga
KSB 80-200 ....................................................................... 170
Figura 11.7 - Curvas de potência em função da vazão .......................... 171
Figura 11.8 - Curva do tipo drooping , instável, com 2 β > 90º tipo rising ,
com 2 β < 90º ...................................................................... 172
Figura 11.9 - Curva do tipo rising , com 2 β < 90º ..................................... 172
Figura 11.10 - Bomba hélico-centrífuga .................................................... 172
Figura 11.11 - Bomba axial ....................................................................... 172
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Figura 11.12 - Variação de H em função da porcentagem de vazão para
vários tipos de rotores ....................................................... 173
Figura 11.13 - Curvas H=f(Q) para igual potência .................................... 173
Figura 11.14 - Conjunto das curvas em um só gráfico ............................. 173
Figura 11.15 - Gráfico de aplicação e seleção de bomba Worthington
série D-1000 ...................................................................... 174
Figura 11.16 - Curvas correspondentes a rotores largos e estreitos ........ 175
Figura 11.17 - Variação das grandezas com o peso específico do
líquido ................................................................................ 177
Figura 11.18 - Curvas de uma bomba centrífuga para vários valores de
viscosidade ........................................................................ 178
Figura 11.19 - Variação das grandezas com a viscosidade, em stokes,
vazão constante 1500 gpm ............................................... 178
Figura 11.20 - Efeito do tempo de uso sobre as curvas características ... 180
Figura 11.21 - Diagrama de Moody .......................................................... 188
Figura 11.22 - Esquema de instalação de bombeamento ........................ 190
Figura 11.23 - Perda de carga na sucção do sistema de bombeamento
em função da vazão imposta ............................................. 192
Figura 11.24 - Perda de carga no recalque do sistema de bombeamento
em função da vazão imposta ............................................. 193
Figura 11.25 - Representação simultânea das curvas do fabricante da
bomba e do sistema .......................................................... 194
Figura 11.26 - Variação da curva característica do sistema ..................... 196
Figura 11.27 - Sistema com altura estática de elevação variável ............. 196
Figura 11.28 - Associação de bombas em série ....................................... 197
Figura 11.29 - Associação de bombas em paralelo .................................. 197
Figura 11.30 - Sistema fechado com ramificações em paralelo ............... 198
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Figura 11.31 - Perdas de carga de elementos de um sistema em um
circuito fechado série-paralelo ........................................... 199
Figura 11.32 - Curva total do sistema ....................................................... 199
Figura 11.33 - Ponto de operação - circuito fechado série-paralelo ......... 199
Figura 12.1 - Curva adimensional da altura de elevação de uma
bomba modelo ETANORM 32-125 .................................... 202
Figura 12.2 - Curva de rendimento de uma bomba convencional,
modelo ETANORM 32-125, produzida pela KSB .............. 204
Figura 12.3 - Curva característica real de uma bomba centrífuga
modelo ETANORM 32-125 produzida pela KSB ............... 205
Figura 12.4 - Curva característica real da bomba ETANORM 32-125,
da KSB .............................................................................. 205
Figura 12.5 - Curva característica parametrizada de vazão x altura de
elevação manométrica ...................................................... 206
Figura 12.6 - Curva de eficiência x vazão ............................................... 206
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12
Lista de Tabelas
Tabela 2.1 - Comparativo entre máquinas de fluxo geratrizes
dinâmicas e de deslocamento positivo .......................... 34
Tabela 3.1 - Valores recomendados para acréscimo de potência de
acionamento .................................................................. 51
Tabela 5.1 - Variação do coeficiente µ com o número de pás k de
um rotor radial ................................................................ 93
Tabela 5.2 - Grau de reação da bomba em função do ângulo 2 β ...... 102
Tabela 8.1 - Resumo das principais formas de rotor e suas
características principais ................................................ 123
Tabela 10.1 - Densidade e pressão de vapor da água a várias
temperaturas .................................................................. 156
Tabela 10.2 - Pressão de vapor para líquidos em várias
temperaturas .................................................................. 157
Tabela 11.1 - Valores da rugosidade absoluta para diversos tipos de
materiais ........................................................................ 183
Tabela 11.2 - Valores da rugosidade absoluta para diversos tipos de
materiais ........................................................................ 185
Tabela 11.3 - Valores de C para diversos tipos de materiais .............. 187
Tabela 12.1 - Condições operacionais da bomba modelo ETANORM
32-125 ............................................................................ 201
Tabela 12.2 - Condições operacionais adimensionalizadas da bomba
modelo ETANORM 32-125 ............................................ 201
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13
Simbologia
Letras Latinas
A área da superfície de controle m²
b largura da pá do rotor m
c velocidade absoluta do fluído m/s
cd velocidade absoluta do fluído na saída da bomba m/s
cm componente radial (meridiana) da velocidade absoluta m/s
cs
velocidade absoluta do fluído na entrada da bomba m/s
cu componente tangencial da velocidade absoluta m/s
D diâmetro m
Da1 diâmetro no ponto a1 da aresta de sucção do rotor m
Dc diâmetro do cubo do rotor m
e energia específica total J/kg
Ed capacidade de trabalho específica do fluído na descarga
(constante de Bernoulli)
Nm/kg
Es capacidade de trabalho específica do fluído na sucção
(constante de Bernoulli)
Nm/kg
f fator de atrito
Fs força de superfície N
Fatr força de atrito N
g aceleração da gravidade local m/s²
H altura manométrica total m
h entalpia específica J/kg
Habs pressão absoluta m
Hatm pressão atmosférica m
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14
hb desnível geométrico entre entrada e saída da bomba m
Hd altura dinâmica de recalque m
hd altura estática de descarga, ou de recalque mhc altura de pressão crítica m
Hdisp altura disponível de elevação m
He altura total de elevação m
hg altura geométrica m
Hm altura motriz de elevação m
hm diferença de altura entre manômetros de sucção e descarga m
Hman pressão manométrica total em altura de coluna de líquido m
hr altura de carga (pressão) no reservatório m
Hs altura dinâmica de sucção m
hs altura estática de aspiração, ou de sucção m
hsh altura de suction head mhsl altura de suction lift m
Hu altura útil de elevação m
Ja perda de carga acessória m
Jd perda de carga no recalque m
Jh somatório das perdas de carga internas de natureza hidráulica m
Jm somatório das perdas de carga mecânicas m
Js perda de carga na sucção m
Jt perda de carga distribuída m
k número de pás do rotor
K coeficiente de proporcionalidade - perdas de carga acessórias
K1 constante de proporcionalidade para perdas viscosas s²/m5
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15
K2 constante de proporcionalidade para perda por choque s²/m5
L comprimento retificado do volume de controle no canal do rotor m
M massa total de um sistema kgm massa kg
m vazão mássica kg/s
n velocidade de rotação rpm
ns rotação específica
p pressão estática N/m²
pd pressão absoluta de descarga da bomba N/m²
pm pressão manométrica lida no manômetro na saída da bomba N/m²
ps pressão absoluta de sucção da bomba N/m²
pv pressão manométrica lida no vacuômetro (ou manômetro) na
entrada da bomba
N/m²
pv pressão manométrica lida no vacuômetro (ou manômetro) na
entrada da bomba
N/m²
Q vazão volumétrica m³/s
Qt vazão volumétrica teórica de projeto (sem choque de entrada) m³/s
Qd vazão de descarga m³/s
Qs vazão de sucção m³/s
Q
calor transferido ao fluído J/s
r raio do rotor m
Re número de Reynolds
s espessura da pá m
S área de entrada do rotor m²
t tempo s
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16
u energia específica interna J/kg
u velocidade tangencial do rotor m/s
v velocidade m/svd velocidade de recalque na saída da bomba m/s
vliq velocidade do líquido na secção de saída do tubo de recalque m/s
vs velocidade de sucção na entrada da bomba m/s
W trabalho Nm
w velocidade relativa do fluído, congruente às pás do rotor m/s
eW potência de elevação W
mW potência motriz W
uW potência útil W
z altura referencial da coluna de líquido m
zd altura referencial da coluna de líquido no lado de descarga m
zs altura referencial da coluna de líquido no lado de sucção m
Letras Gregas
α ângulo entre as velocidades absoluta c e tangencial u º
ângulo entre as velocidades específica w e tangencial u º
cΩ coeficiente adimensional de carga
wΩ coeficiente adimensional de potência
tΩ coeficiente adimensional de torque
vΩ coeficiente adimensional de vazão
tσ coeficiente de cavitação de Thoma
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17
µ coeficiente de redução de potência de Pfleiderer
rδ coeficiente de vorticidade relativa
λ coeficiente empírico de Pfleiderer para correção de potência
1λ coeficiente empírico para a altura de pressão crítica
2λ coeficiente empírico para a altura de pressão crítica
ϕ comprimento do arco entre duas pás consecutivas m
χ constante de proporcionalidade para choques de entrada
σ espessura da pá medida na direção tangencial ao rotor m
κ fator de estreitamento de secção devido ao cubo do rotor
aΙ índice de aspiração ou coeficiente de sucção
ρ massa específica do fluido [kg/m³]
Ε número de Euler
γ peso específico do fluído kgf/m³
dη rendimento do difusor ou do injetor do rotor
hη rendimento hidráulico
mη rendimento mecânico
tη rendimento total
meη rendimento total do motor elétrico
vη rendimento volumétrico
Ψ representa uma grandeza explícita qualquer
ψ representa uma grandeza implícita qualquer
τ tensão de cisalhamento N/m²
tτ tensão de cisalhamento do escoamento turbulento N/m²
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pτ tensão de cisalhamento nas pás N/m²
vτ tensão de cisalhamento viscosa N/m²
Τ torque Nm
eζ trabalho específico interno Nm/kg
spζ trabalho específico sem perdas Nm/kg
trajetória do volume de controle no canal do rotor
ω velocidade angular rad/s
µ viscosidade absoluta Ns/m²
ν viscosidade cinemática m²/s
∀ volume m³
υ volume específico m³/kg
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1 Introdução
A solução dos problemas ligados ao deslocamento dos líquidos tem sido umadas preocupações da Humanidade e um permanente desafio desde a antiguidade.1
Na medida em que se formavam núcleos populacionais cada vez maiores, mais
concentrados e mais afastados dos rios e fontes de água, enfrentavam-se maiores
dificuldades para sua captação, transporte e armazenamento, seja para consumo
humano, seja para usos diversos tais como irrigação de lavouras, asseio pessoal,
limpeza, trato confinado de animais e tantos outros, visto que tais assentamentos se
estabeleciam em locais mais elevados em relação ao nível dos rios ou a grandesdistâncias das fontes naturais. Passa, então, o gênio inventivo humano a atuar de
forma sistemática para a solução de tais contratempos criando soluções inteligentes
de acordo com os conhecimentos e tecnologias disponíveis em cada época,
colaborando inexoravelmente com o progresso da humanidade.
Ao recuar no tempo, notam-se imediatamente os esforços empreendidos pelo
homem para controlar o uso da água fora de seus locais naturais. Pode-se citar
como exemplos a Nora Chinesa , engenhoso dispositivo constituído por uma roda
dotada de caçambas para elevar a água a canais de irrigação; o sistema de
correntes e caçambas com o qual, três mil anos a.C, no poço de Josephus, no Cairo,
a água era retirada de um poço construído em duas plataformas com quase 100
metros de profundidade; a primitiva bomba de parafuso de Arquimedes (287 a 212
a.C); a bomba de êmbolo proposta por Ctesibus (270 a.C).1 Pode-se citar ainda, a
roda de pás, introduzida pelos romanos, em torno de 70 a.C, para extrair energia dos
cursos d água.2 São muitos os dispositivos hidráulicos que, ao longo dos séculos,
foram desenvolvidos para melhorar o cotidiano das pessoas proporcionando-lhes
ganhos em saúde, conforto, segurança, etc.
Hoje, a utilização das máquinas de fluxo está amplamente difundida no
cotidiano da população. Em um automóvel estão presentes máquinas de fluxo com
funções de lubrificação, abastecimento, limpeza, controle de direção, entre outras.
No ambiente doméstico tem-se como exemplos os secadores de cabelo, os
aspiradores de pó, os ventiladores e os condicionadores de ar. Existe uma infinidade
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de equipamentos desenvolvidos para cumprir as mais diferentes funções, em
diversos segmentos da atividade humana, que se utiliza de máquinas de fluxo
operando com fluídos tais como água, ar, gases, óleos, produtos químicos, sólidos etantos outros. Setores como o automotivo, a indústria de óleo e gás, de geração de
energia, biomédico, construção civil, indústria em geral, coleta e abastecimento de
água, aeroespacial, agrícola, papel e celulose e muitos outros, são grandes usuários
e promotores da tecnologia do controle de fluídos, onde as máquinas de fluxo
desempenham importante papel.
Uma máquina de fluxo tem a finalidade de, como máquina motriz, transformar
um tipo de energia que a natureza nos oferece em trabalho mecânico, ou, comomáquina operadora (geratriz), fornecer energia a um fluído para, por exemplo,
transportá-lo de um local de baixa pressão para outro de alta pressão. Quando uma
máquina de fluxo trabalha como motriz, é chamada de turbina e, quando trabalha
como operadora, de bomba.3 Seus conceitos iniciais remontam a 1690, quando
Denis Papin, em sua obra intitulada “De Novis Quibusdam Machinis ”, por tradução
“Um Novo Tipo de Máquina ”, apresentou pela primeira vez o seu mecanismo de
funcionamento.
Este trabalho procura abordar os diferentes aspectos tecnológicos envolvidos
no projeto e operação de bombas centrífugas operando com fluídos líquidos e
pastosos, newtonianos e monofásicos, bem como estudar o fenômeno do
escoamento interno, em caráter unidimensional, uniforme e permanente, em ditas
máquinas. Tal ênfase se justifica pelo fato de serem as bombas centrífugas, as
máquinas de fluxo mais difundidas e utilizadas nos diversos segmentos de produção,
operando com os mais diversos tipos de fluídos podendo, inclusive, sob certas
condições, serem utilizadas como máquina motriz (ex: turbina). Além disso, este tipo
de máquina apresenta um mecanismo de fluxo bastante complexo e diferenciado em
relação aos demais tipos construtivos sendo, até hoje, objeto de numerosos estudos
em diversas aplicações.
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2 Noções Gerais Sobre Máquinas de Fluxo Geratrizes
Máquinas geratrizes são máquinas de fluxo destinadas ao transporte defluídos, transformando energia mecânica, fornecida ao eixo da máquina, em energia
de pressão. Existe, atualmente, uma variedade considerável de máquinas geratrizes
para as mais diversas finalidades. Classificá-las e descrevê-las torna-se, portanto,
uma iniciativa longa e exaustiva que foge ao escopo deste trabalho. Porém, uma
visão de caráter geral sobre as mesmas se faz necessária de maneira a posicionar
as máquinas de fluxo geratrizes dentro deste vasto campo de estudo que é o
transporte de fluídos.São várias as formas de classificação possíveis, as quais procuram agrupar
referidas máquinas levando em consideração a forma com que trocam energia com
o fluído, o tipo de fluído empregado, as características de troca térmica, a trajetória
do fluído, as características construtivas internas, etc. Como ponto de partida,
considera-se que as máquinas de fluxo geratrizes podem ser classificadas em
relação à forma de conversão de energia aplicada sendo, então, divididas em
máquinas de deslocamento positivo e máquinas de deslocamento não-positivo . Apartir daí, e com boa variação de uma literatura à outra, pode-se classificar
individualmente estes dois grandes grupos de acordo com suas características
próprias.
2.1. Máquinas geratrizes de deslocamento positivo
São também conhecidas como volumógenas ou hidrostáticas. Possuem uma
larga variedade de tipos construtivos, caracterizados por sua especificidade deaplicação. Em função do fluído de trabalho, recebem nomes específicos: bombas,
para equipamentos que trabalham com líquidos, e compressores, para
equipamentos que operam com ar, gases ou vapor. A transferência de energia se dá
pela compressão do fluído confinado no interior da câmara, ou câmaras.
A característica principal desta classe de máquinas é que uma partícula de
fluído em contato com o órgão que comunica energia tem aproximadamente a
mesma trajetória que a do ponto do órgão com o qual está em contato, exceto nos
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trechos de concordância próximos às tomadas de sucção e descarga, onde
apresentarão trajetórias distintas de acordo com as características construtivas da
máquina.1
A figura 2.1, representativa de uma bomba de pistão de duplo efeito,procura ilustrar este fato. Deve-se observar que o deslocamento da partícula de
fluído tende a se dar na mesma direção do movimento do pistão. Fora do volume V
indicado, o escoamento se dá em regime turbulento.
São máquinas destinadas quase que exclusivamente para transmissão de
potência visto que operam com deslocamento volumétrico constante por rotação,
independente da pressão de operação. A vazão varia por uma relação direta com a
rotação. Daí o termo “máquinas de deslocamento positivas”.
Figura 2.1 – Trajetória da partícula de fluído dentro da câmara do pistão.
A variedade construtiva é bastante grande, sendo que cada tipo pode
apresentar diversas formas visando atender as especificidades de cada aplicação.
Em caráter geral, ainda que não em sua totalidade, o mesmo tipo de máquina podeoperar como bomba (máquina geratriz) ou como motor (máquina motriz). Isto não
significa dizer que uma bomba de engrenagens, por exemplo, possa operar como
motor apenas invertendo-se o sentido de giro do eixo. Modificações internas de
fábrica são necessárias.
Devido às suas características construtivas e de aplicação, requerem
proteção contra sobrecargas. Para tal fim, são utilizadas válvulas reguladoras ou de
alívio de pressão.
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A literatura, de maneira geral, classifica as máquinas geratrizes de
deslocamento positivo, conforme segue:
Deslizantes
OscilantesPalhetas
Flexíveis
Pistão rotativo
Elemento flexível
Rotor único
Parafuso simples
ExternasEngrenagens
Internas
Rotor lobular (gerotor)
Pistões oscilantes
Duplos
Rotativas
Rotores múltiplos
ParafusosMúltiplos
SimplexFixo Simples efeito
Multiplex
SimplexPistão radialVariável Simples efeito
Multiplex
SimplexSimples efeito
Multiplex
SimplexFixo
Duplo efeitoMultiplex
SimplexSimples efeito
Multiplex
Simplex
Pistão axial
Variável
Duplo efeitoMultiplex
Simplex
Alternativas
Diafragma Fixo Simples efeitoMultiplex
Simples efeito : quando apenas uma face do atuador em contato com o fluído atua
sobre o mesmo
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Duplo efeito : quando as duas faces do atuador em contato com o fluído atuam
sobre o mesmo
Simplex : quando existe apenas uma câmara de confinamento do fluído
Multiplex : quando existem duas ou mais câmaras de confinamento do fluído
Fixo : o deslocamento volumétrico de fluído é constante
Variável : o deslocamento volumétrico de fluído pode variar sob determinadas
condições, mediante ajuste
O acionamento pode dar-se através de motores de combustão interna,
motores elétricos, turbinas hidráulicas, a gás ou a vapor, motores hidráulicos ou
mecanicamente por intermédio de correntes, correias, engrenagens, etc.
As figuras 2.2.a a 2.2.f mostram, de forma esquemática, alguns tipos
construtivos de uso mais difundido nas diferentes aplicações do mercado.
(a) (b) (c)
(d) (e) (f)
Figura 2.2 – Tipos construtivos de máquinas de deslocamento positivo.(a) de palhetas, (b) de parafusos, (c) de engrenagens externas, (d) de pistões radiais, (e) de pistõesaxiais, (f) rotor de lóbulos.Fonte: Manesmann Rexroth 4
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2.2. Máquinas geratrizes de deslocamento não-positivo
São também conhecidas como máquinas geratrizes dinâmicas, rotodinâmicasou turbomáquinas. São construídas para transformar energia mecânica em energia
de pressão, destinada a vencer as resistências próprias do circuito e movimentar o
fluído. Não se prestam para transmissão de potência, como as de deslocamento
positivo, pois um pequeno aumento de pressão reduz consideravelmente sua
capacidade de vazão. Dependendo do tipo de fluído que movimentam, são
chamadas de bombas, no caso de escoamentos líquidos e pastosos, e ventiladores,
sopradores ou compressores, para unidades que lidam com gás ou vapor,
dependendo do aumento de pressão: os ventiladores geralmente têm pequeno
aumento de pressão (inferior a uma polegada de água) e os sopradores têm
aumento moderado (da ordem de uma polegada de mercúrio); bombas e
compressores podem ter aumentos de pressão muito grandes.2
Nas bombas, de modo geral, o elemento rotativo responsável por transferir
energia ao fluido é denominado impulsor ou rotor . Não há um volume de fluído
confinado e todas as interações de trabalho resultam de efeitos dinâmicos do rotor
sobre a corrente de fluído. O escoamento, em vista da mudança progressiva da
direção dos filetes de corrente, dá origem a uma variação na quantidade de
movimento do fluído, determinando conjugados de rotação que transformam a
energia mecânica em energia cinética e esta, por sua vez e em sua maior parte, em
energia de pressão. Como não existe um contato direto entre o rotor e a carcaça,
não existe uma boa vedação entre a sucção e a descarga, ocasionando uma grande
quantidade de vazamentos internos que concorrerão para uma baixa eficiência
volumétrica.5
O presente estudo será focado nas bombas centrífugas que operam com
fluídos líquidos e pastosos. Este tipo de máquina pode ser classificada de acordo
com a trajetória do fluído no rotor, com o número de rotores empregados, com o
número de entradas para aspiração, com o tipo de difusor, com a posição de
instalação em relação ao nível da água, com o posicionamento do eixo e com a
forma construtiva do rotor. Inúmeras outras formas de classificação são possíveis.
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2.2.1. De acordo com a trajetória do fluído no rotor:
• bomba centrífuga pura ou radial : possui rotor com pás cilíndricas; o líquidopenetra no rotor paralelamente ao eixo, sendo dirigido pelas pás para a
periferia, segundo trajetórias contidas em planos normais ao eixo.
• bomba diagonal ou de fluxo misto : podem ser de dois tipos:
o bomba hélico-centrífuga : possui rotor com pás de dupla curvatura; o
líquido penetra axialmente no rotor, segue uma trajetória em curva
reversa e sai do rotor segundo um plano perpendicular ao eixo ou
segundo uma trajetória inclinada em relação ao plano perpendicular aoeixo.
o bomba helicoidal ou semi-axial : possui rotor com pás de dupla
curvatura; o bordo das pás é curvo e bastante inclinado em relação ao
eixo; a trajetória é uma hélice cônica reversa; o bordo de saída das pás
é uma curva bastante inclinada em relação ao eixo.
(a) rotor radial (b) rotor diagonal (a) rotor axial
Figura 2.3 – Tipos de rotor, de acordo com a trajetória do fluído.
As bombas de rotor axial, também conhecidas como propulsoras, não são
propriamente bombas centrífugas, uma vez que a força centrífuga decorrente da
rotação das pás não é a responsável pelo aumento da energia de pressão. Ao
escoamento axial, superpõe-se um vórtice forçado pelo movimento das pás. São
estudadas e projetadas segundo a teoria de sustentação das asas e da propulsão
das hélices ou ainda, segundo a teoria do vórtice forçado.1
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Figura 2.4 – Bomba de rotor axial.
2.2.2. De acordo com o número de rotores empregados:
• bomba de simples estágio : apenas um rotor é utilizado; portanto, o
fornecimento de energia ao líquido é feito em um único estágio.
• bomba de múltiplos estágios : dois ou mais rotores são utilizados, dispostos
em série dentro de uma mesma carcaça e fixados ao mesmo eixo, porém,
com difusores individuais e separados para cada rotor; a passagem do líquido
em cada rotor e difusor constitui um estágio na operação de bombeamento;
são utilizadas quando se necessita grandes alturas de elevação, onde a
relação custo-benefício inviabiliza a utilização de somente um estágio ou
quando o espaço disponível é pequeno.
(a) bomba de um estágio (b) bomba de quatro estágios
Figura 2.5 – Bombas de simples e múltiplos estágios.
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2.2.3. De acordo com o número de entradas para aspiração:
• bombas de aspiração simples ou de entrada unilateral : a entrada do líquido se
faz unilateralmente pela abertura circular na coroa do rotor; o principalcuidado em relação a este tipo construtivo está relacionado ao
desbalanceamento axial devido à desigualdade de pressão nas faces da
coroa do rotor; a figura 2.5a ilustra uma bomba deste tipo.
• bomba de aspiração dupla ou de entrada bilateral : o rotor possui coroas em
ambos os lados permitindo a admissão de fluído de forma bilateral em
sentidos opostos; são também chamados de rotores geminados, pois são
simétricos em relação a um plano normal ao eixo; equivale a dois rotoressimples montados em paralelo, sendo capaz de elevar, teoricamente, uma
descarga dupla; o empuxo longitudinal do eixo é equilibrado.
(a) entrada unilateral (b) entrada bilateral
Figura 2.6 – Rotores de entrada unilateral e bilateral.
2.2.4. De acordo com o tipo de difusor:
• bomba de difusor com pás guias ou de palhetas diretrizes : tem a função de
conduzir o líquido do rotor ao coletor com velocidade, direção e sentido tais
que a transformação da energia cinética em energia potencial de pressão se
processe com um mínimo de perdas por atrito, turbulências e choque do
fluído contra as paredes da carcaça;
• bomba com coletor tipo voluta ou caracol : é a mais comum, de construção
mais simples e mais barata; é, via de regra, a própria carcaça da bomba,
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formando um canal de área de secção transversal crescente na periferia do
rotor, sendo o tipo de difusor empregado nas bombas de eixo horizontal e de
um único estágio; podem ser de:o simples voluta : de uso tradicional (figura 2.8b).
o dupla voluta : é a solução para as bombas onde a altura de recalque
e o diâmetro do rotor são muito grandes, provocando,
principalmente quando se opera fora do ponto de projeto, o
aparecimento de uma força radial sobre o rotor, devida à
distribuição não uniforme da pressão na periferia do mesmo; a
caixa espiral de dupla voluta caracteriza-se por possuir uma parede(língua ou lingueta) que divide o canal da caixa espiral próximo à
saída em duas partes, igualando as pressões e anulando o empuxo
radial (figura 2.8c).
• bomba com difusor tronco-cônico : empregado nas bombas verticais
constituindo-se de palhetas fundidas na própria carcaça da bomba (figura
2.7); pode-se considerar também como difusor tronco-cônico o trecho final da
caixa espiral, através do qual a bomba é acoplada à linha de recalque.
Figura 2.7 – Difusor tronco-cônico.
O líquido, após ser energizado no rotor adquire grande velocidade, não sendo
possível e nem recomendável a sua injeção direta na tubulação, pois a perda de
difusor tronco-cônico
rotor diagonal
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carga seria intensa, uma vez que esta é função do quadrado da velocidade. Assim, o
líquido expelido pelo rotor é encaminhado ao difusor, a quem compete:
1) transformar a energia cinética do líquido em energia de pressão, o que seconsegue construindo o difusor com canal ou canais de secção crescente;
2) coletar o líquido expelido pelo rotor e encaminhá-lo à tubulação de recalque.
Uma observação importante a se fazer é que o uso de difusores de palhetas
diretrizes pode prejudicar as características hidráulicas da bomba. O líquido, com
grande velocidade na saída do rotor, só encontra as palhetas do difusor sem
choques quando a bomba está operando com a vazão de projeto, porque só então o
ângulo de saída do líquido do rotor coincide com o ângulo das palhetas do difusor.
Com qualquer outra vazão, originam-se choques e turbulência, de forma que a
bomba pode ter um funcionamento instável. Outro problema que se apresenta com o
uso de difusores de palhetas é a redução do campo de emprego da bomba. É claro
que os fabricantes de bombas procuram obter a maior aplicabilidade possível de um
modelo, para conservar em um mínimo o número de modelos de determinada linha
de fabricação. Com uma bomba de voluta pode-se diminuir o diâmetro do rotor em
até 20% do valor máximo, sem reduzir notavelmente a sua eficiência. Por outro lado,
uma redução idêntica no diâmetro do rotor de uma bomba com difusor de palhetas é
inaceitável. O aumento do espaço entre a periferia do rotor e a entrada das palhetas
do difusor, teria como resultado perdas hidráulicas excessivas. A redução, neste
caso, estaria limitada entre 5% a 10%.
(a) (b) (c)
Figura 2.8 – Bombas com diferentes tipos de difusores.(a) bomba de difusor com pás-guias, (b) bomba com coletor tipo voluta ou caracol, (c) bomba com
dupla voluta.
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2.2.5. De acordo com a posição de instalação em relação ao nível da água:
• Sucção positiva : o eixo da bomba situa-se acima do nível do reservatório;deve ser escorvada antes da partida (figura 2.9a).
• Sucção negativa ou afogada : o eixo da bomba situa-se abaixo do nível do
reservatório (figura 2.9b).
2.2.6. De acordo com o posicionamento do eixo:
• bomba de eixo vertical : conforme figura 2.10, a qual apresenta uma bomba de
simples sucção, 3 estágios e rotores diagonais.• bomba de eixo horizontal : conforme figuras 2.5a e 2.5b.
2.2.7. De acordo com a forma construtiva do rotor:
• bomba de rotor fechado : são usados normalmente no bombeamento de
líquidos limpos; o rotor possui discos dianteiro e traseiro e palhetas fixas a
ambos; com esse tipo de rotor evita-se o retorno da água à boca de sucção,
sendo necessário para tal a existência de juntas móveis (anéis de desgaste)entre a carcaça e o rotor, separando a câmara de sucção da câmara de
descarga; é inadequado para o bombeamento de fluidos sujos porque, pela
própria geometria, pode ocasionar o seu próprio entupimento.
• bomba de rotor semi-aberto : possui apenas um disco ou parede traseira onde
se fixam as palhetas; se prestam ao recalque de líquidos pastosos ou com
impurezas.
• bomba de rotor aberto : as palhetas são presas no próprio cubo do rotor;
apresenta a grande desvantagem de possuir pequena resistência estrutural, o
que faz com que seja necessário uma pequena parede traseira quando as
palhetas são muito largas; o espaço livre entre as palhetas do rotor e as
paredes laterais permite a recirculação do líquido no interior da carcaça,
aumentando o desgaste e encarecendo a manutenção; são encontrados em
bombas pequenas, de baixo custo, ou em bombas que recalcam líquidos
abrasivos.
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Figura 2.9 – Posições de instalação da bomba em relação ao nívelda água.
Figura 2.10 – Bomba de eixo vertical.
(a) rotor fechado (b) rotor semi-aberto (a) rotor abertoFigura 2.11 – Tipos construtivos de rotores.
A figura 2.12 situa os diferentes tipos de máquinas geratrizes em função de
suas capacidades de altura de elevação e vazão. Nota-se facilmente que as bombas
centrífugas podem ser utilizadas em baixas, médias e altas vazões e alturas de
elevação médias, com a característica de que, em vazões mais elevadas, menor é a
sua capacidade em termos de altura de elevação.
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Figura 2.12 – Faixa de aplicação das máquinas geratrizes.
Como existem áreas de superposição entre os campos de aplicação dos
diferentes tipos de bombas, outros critérios como velocidade específica, viscosidade
do líquido bombeado, presença de sólidos em suspensão, variação ou não da vazão
em função da variação da resistência do sistema ao escoamento, facilidade de
manutenção, custos, etc., devem ser levados em consideração para a seleção da
máquina mais adequada para um determinado tipo de aplicação. É importante
ressaltar que as faixas de aplicação mostradas na figura 2.12 não são absolutas e
devem ser consideradas apenas em caráter orientativo, em uma primeira análise
mais superficial.
Na tabela 2.1 é apresentada uma comparação entre os dois tipos básicos demáquinas de fluxo, dinâmicas e de deslocamento positivo .
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Máquinas de fluxo geratrizes
dinâmicas de deslocamento positivo
Alta rotação Baixas e médias rotações
Potência específica elevada (potência/peso) Potência específica de média para baixa(potência/peso)
Não há dispositivos com movimentoalternativo
Várias têm dispositivos com movimento alternativo
Médias e baixas pressões de trabalho Altas e muito altas pressões de trabalho
Não operam eficientemente com fluidos deviscosidade elevada
Adequadas para operar com fluidos deviscosidade elevada
Vazão contínua Na maior parte dos casos possuem vazãointermitente
Energia cinética surge no processo de
transformação de energia
Energia cinética não exerce influência significativa
na transformação de energiaNa maioria dos casos, projeto hidrodinâmico ecaracterísticas construtivas mais complexasque as máquinas de deslocamento positivo
Na maioria dos casos, as característicasconstrutivas e o projeto hidrodinâmico são maissimples do que nas máquinas de fluxo dinâmicas
Tabela 2.1 – Comparativo entre máquinas de fluxo geratrizes dinâmicas e de deslocamento positivo.
2.3. Órgãos construtivos de uma bomba centrífuga
Visando o atendimento de condições particulares do bombeamento, as
bombas centrífugas podem apresentar variações com relação a seus órgãos
construtivos. Basicamente, podemos considerar que, de uma maneira geral, os
diferentes tipos de bombas centrífugas possuem os seguintes órgãos construtivos
principais:
• do ponto de vista hidráulico: rotor e difusor
• do ponto de vista mecânico: eixo, anéis de desgaste, caixa de gaxetas e selomecânico, rolamentos, acoplamento, carcaça e base da bomba.
A figura 2.13 ilustra uma bomba centrífuga de simples estágio com rotor radial
em balanço, modelo L025 da EH, mostrando seus principais componentes5. É um
modelo Indicado para serviços leves com água limpa, turva, desmineralizadas,
combustíveis, instalações residenciais, industriais, condicionadores de ar,
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hidroterapias, cabine de pintura, etc. Pode-se observar o rotor radial tipo fechado e
difusor tipo voluta, típico para estas aplicações.
Figura 2.13 – Principais componentes de uma bomba centrífuga.Fonte: EH Bombas Hidráulicas 5 (com adaptações)
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36
Por fim, pode-se dizer que as bombas centrífugas podem operar como
máquinas motrizes, pela inversão do seu sentido de rotação. O princípio de
funcionamento do rotor é o mesmo, baseado no conjugado de rotação. Porém, adiferença principal reside no fato de que as máquinas motrizes transformam energia
de fluído, em sua maior parte potencial, em energia mecânica e podem ser usadas
para acionamento de outras máquinas. Neste caso particular, as bombas centrífugas
passam a ser chamadas de turbinas.
2.4. Princípio básico de funcionamento de uma bomba centrífuga1
A bomba centrífuga necessita ser previamente enchida com o líquido abombear, isto é, deve ser escorvada . Quando em funcionamento, devido às folgas
entre o rotor, o coletor e o restante da carcaça, torna-se difícil a expulsão do ar do
corpo da bomba e do tubo de aspiração, podendo provocar o fenômeno da
cavitação. Ela, portanto, não é auto-aspirante ou auto-escorvante , a não ser que se
adotem recursos de construção especiais.
Logo que se inicia o movimento do rotor e do líquido contido nos canais
formados pelas pás, a força centrífuga decorrente deste movimento cria uma zonade maior pressão na periferia do rotor e uma de baixa pressão na sua entrada,
produzindo o deslocamento do líquido em direção à saída dos canais do rotor e à
boca de recalque da bomba. Estabelece-se, então, um gradiente hidráulico entre a
entrada e a saída da bomba em virtude da diferença de pressões nela reinante.
Admitamos que uma tubulação, cheia de líquido igual ao contido na bomba,
ligue a boca de aspiração a um reservatório submetido à pressão atmosférica (ou
outra suficiente) e que outra tubulação, nas mesmas condições, estabeleça a ligaçãoda boca de recalque a outro reservatório colocado a uma determinada altura onde
reine a pressão atmosférica (ou outra pressão qualquer). Em virtude da diferença de
pressões que se estabelece no interior da bomba, ao ter lugar o movimento de
rotação, a pressão à entrada do rotor torna-se inferior à existente no reservatório de
captação, dando origem ao escoamento do líquido através do encanamento de
aspiração para a bomba. Simultaneamente, a energia na boca de recalque da
bomba, tornando-se superior à pressão estática a que está submetida à base da
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coluna líquida na tubulação de recalque, obriga o líquido a escoar para uma cota de
elevação superior ou local de pressão considerável. Estabelece-se então, com a
bomba em funcionamento, um deslocamento do líquido do reservatório inferior parao superior através da tubulação de aspiração, dos canais do rotor e difusor e da
tubulação de recalque.
É na passagem do líquido pelo rotor que se processa a transformação da
energia mecânica nas energias de pressão e cinética. Saindo do rotor, o líquido
penetra no difusor, onde parte apreciável de sua energia cinética é transformada em
energia de pressão, seguindo para a tubulação de recalque.
O nome de bomba centrífuga dado a esse tipo de máquina se deve ao fato deser a força centrífuga a responsável pela maior parte da energia que o líquido
recebe ao atravessar a bomba.
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38
3 Análise dos modos de energia cedida pela bomba
3.1. O trabalho específico interno eζ
O fluído é levado de um ponto de baixa pressão, no lado de sucção, para um
ponto de pressão mais elevada, no lado de descarga da bomba. Portanto, o sistema
interno da bomba realiza trabalho sobre o fluído. Chama-se trabalho específico
interno à diferença da capacidade de trabalho entre as extremidades de pressão e
de sucção por unidade de massa do fluído que passa pela bomba. Se forem levadas
em consideração as perdas internas, o trabalho específico interno é igual ao trabalho
entregue no eixo por 1 kg de fluído menos o trabalho específico correspondentes às
perdas internas na bomba.
A energia, ou seja, a capacidade de trabalho específica que a partícula de
fluído de uma corrente possui, pode ser dada pela constante de Bernoulli que, no
caso de fluídos incompressíveis, é dada por:3
gz
2
cpE
2++=
ρ
(3.1)
Considerando-se as capacidades específicas de trabalho do fluído nas
tomadas de descarga e de sucção, vem:
( )sd
2s
2dsd
sde zzg2
ccppEE −+
−+
−=−=
ρ ζ (3.2)
( )sd
2s
2dsd
e zzg
2
ccpp−+
−+
−=
ρ
ζ (3.3)
b
2s
2dsd
e gh2
ccpp+
−+
−=
ρ ζ (3.4)
O primeiro termo do segundo membro da equação (3.4) representa o trabalho
específico spζ , sem perdas, que é necessário para transportar o fluído de um local
com pressão sp para outro com pressão dp . Assim, tem-se a equação abaixo,
válida para todas as máquinas de fluxo:
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39
b
2s
2d
spe gh2
cc+
−+= ζ ζ (3.5)
Figura 3.1 – Trabalho específico sem perdas. Figura 3.2 – Diagrama υ p
Para determinação do trabalho específico sem perdas spζ , parte-se do
diagrama υ p , pressão x volume específico, da termodinâmica, conforme figura 4.2.
Se a curva AB representa uma transformação, sem perdas, da pressão sp à
pressão dp , então a área ABCD é igual ao valor de spζ . Vale, portanto:
ABCDáreadpdp
spsp == ∫ υ ζ (3.6)
No caso de fluídos incompressíveis, a curva AB é uma reta vertical, uma vez que
ρ υ 1= é constante, não variando com a pressão. Integrando, então, a equação
(3.6) para v constante, tem-se que:
( )sdsp pp1
−= ρ
ζ (3.7)
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Na prática, no caso das máquinas de fluxo que se encontram fixas na terra e
que trabalham com fluídos condensáveis, ao invés de se trabalhar com o trabalho
específico interno, é comum utilizar o conceito de altura útil de elevação uH . Nestecaso vem:3
ue Hg=ζ (3.8)
3.2. Alturas de elevação
A operação normal de bombeamento consiste em fornecer energia ao líquido
para que o mesmo possa executar o trabalho representado pelo deslocamento de
seu peso entre duas posições que se considerem, vencendo as resistências que se
apresentarem em seu percurso.
A entrada da bomba geralmente fica bastante próxima da entrada do rotor, o
que permite admitir como iguais as condições de escoamento nessas secções e
considerar, sem erro sensível, o tubo de aspiração como terminando no plano
horizontal que passa pelo centro do rotor. A secção de saída da bomba muitas
vezes fica localizada acima do citado plano horizontal e a uma distância vertical bh ,mostrada na figura 3.3. Há bombas, porém, em que as secções de entrada e saída
estão no mesmo nível ( 0hb = ), assim como outras com o nível da boca de saída
abaixo do de aspiração.1
Para simplicidade das equações a serem apresentadas, será considerado
0hb = e admitido que a pressão nessa secção convencionada de saída da bomba
seja expressa por bd hp γ + .
A figura 3.3 apresenta, esquematicamente, arranjos típicos para instalação de
bombas centrífugas, destinadas a elevar o líquido de um reservatório inferior a outro,
de cota mais elevada, onde estão indicadas as diferentes alturas estáticas, ou
desníveis topográficos, e as alturas dinâmicas, ou totais. A figura 3.3a representa o
caso de bomba de sucção positiva , ou com escorva , com descarga livre para
atmosfera, enquanto a figura 3.3b, o caso de bomba de sucção negativa , ou
afogada , com descarga sob coluna líquida mais pressão atmosférica. Em
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reservatórios fechados, deve-se considerar a pressão interna existente, ao invés da
pressão atmosférica.
(a) (b)
Figura 3.3 – Balanço energético na instalação de uma bomba centrífuga.
3.2.1. Alturas estáticas ou desníveis topográficos
3.2.1.1. Altura estática de aspiração ou sucção sh
É a diferença de cotas entre o centro do rotor da bomba e o nível da
superfície livre do reservatório de captação (ver figura 3.3).
3.2.1.2. Altura estática de recalque dh
É a diferença de cotas entre a linha de centro do tubo de recalque, onde o
líquido é abandonado no meio-ambiente, ou outro qualquer, e o centro do rotor da
bomba (ver figura 3.3). Para instalações com sifão, ver item 3.6.1.
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3.2.1.3. Altura estática de elevação gh
É a soma das alturas estáticas de sucção e de recalque, no caso da figura
3.3a, e a diferença entre as mesmas, no caso da figura 3.3b. É também denominada
de altura topográfica ou altura geométrica.
dsg hhh += (3.9)
sdg hhh −= (3.10)
3.2.2. Alturas totais ou dinâmicas
3.2.2.1. Altura manométrica, ou total, de sucção sH
Para o caso de bomba de sucção positiva , conforme figura 3.3a, é a diferença
entre as alturas representativas da pressão atmosférica local atmH e da pressão
reinante na entrada da bomba, suposta ser igual à entrada do rotor, dada por γ sp .
γ s
atmsp
HH −= (3.11)
Aplicando a equação de Bernoulli entre a superfície livre no reservatório de
captação, supondo nula a velocidade neste ponto, e a secção de entrada da bomba,
tem-se:
s
2ss
atmsh
g2
vpHJ −−−=
γ (3.12)
sendo sJ a perda de carga no encanamento de sucção, ou seja, a parcela de
energia que deverá ser fornecida para cada kgf de fluído para que este vença as
resistências passivas encontradas na tubulação. Combinando as equações (3.11) e
(3.12), vem:
s
2s
ss J
g2
vhH ++= (3.13)
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A altura manométrica de sucção é a energia que deve ser exercida sobre
cada kgf de líquido para que o mesmo atinja a entrada da bomba, vencendo a altura
estática de sucção sh , e o somatório das perdas de carga na sucção sJ , adquirindo
a energia cinética g2v 2s .
Pode-se, na prática, obter a altura manométrica de sucção, com a bomba em
funcionamento, através da instalação de um vacuômetro na entrada da bomba.
Neste caso:
jp
Hp s
atmv
+−=
γ γ
(3.14)
No caso de bomba de sucção positiva , graças à pressão atmosférica atmH , o
líquido escoa e penetra na bomba, não sendo correto dizer que a bomba “aspira ” ou
“puxa ” o líquido. Para bombas de sucção negativa , além da pressão atmosférica,
deve-se considerar também a altura estática de sucção disponível, descontado o
valor da perda de carga na tubulação de aspiração.
3.2.2.2. Altura manométrica, ou total, de recalque dH
É a diferença entre as alturas representativas da pressão dp na saída da
bomba e da pressão atmosférica atmH , suposta como reinante na entrada da
tubulação de recalque.
atmbd
d Hhp
H −
+=
γ (3.15)
Deve-se considerar dois casos:
(a) a tubulação de recalque abandona livremente o líquido na atmosfera;
(b) o líquido é conduzido ao reservatório, tendo sobre si uma velocidade contrária
liqv que aparece devido à tendência de retorno do fluído ali confinado pela
tubulação.
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Para o caso (a), aplicando a equação da energia entre a boca de saída da
bomba e a secção de saída da tubulação de recalque, tem-se:
++−
++=
g2
vHh
g2v
hp
J2
liqatmd
2d
bd
dγ
(3.16)
ou seja, a perda de carga no recalque é igual à diferença entre a energia à saída da
bomba e a energia à saída do tubo de recalque. Se a tubulação tiver secção
constante, então, a velocidade na saída da bomba dv é igual à velocidade para o
ponto médio da secção de saída do encanamento de recalque Bv e, então:
ddd JhH += (3.17)
No caso (b), aplicando a mesma equação entre a secção de saída da bomba
e o nível livre do líquido no reservatório superior, onde se supõe ser nula a
velocidade, tem-se:
( )atmd
2d
bd'
d Hhg2
vh
pJ +−
++=
γ (3.18)
ou seja, a perda de carga no recalque é igual à diferença entre a energia à saída da
bomba e a energia no nível superior de água no reservatório. A perda de carga 'dJ é
a perda de carga na tubulação de recalque mais a perda de carga na entrada do
reservatório superior devido à absorção da velocidade Bv na saída do tubo.
Combinando as equações (3.15) e (3.18), pode-se escrever:
'd
2ddd Jg2
vhH +−= (3.19)
Em ambos os casos (a) e (b), a altura manométrica de recalque representa a
energia que a bomba deve fornecer a cada kgf de fluído (carga) para que este,
partindo da saída da bomba, atinja a boca de saída da tubulação de recalque,
vencendo o desnível estático dh e as perdas de carga no trajeto do líquido.
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Pode-se, na prática, obter a altura manométrica de descarga, com a bomba
em funcionamento, através da instalação de um manômetro na saída da bomba.
Neste caso:
iHhpp
atmbdm +−+=
γ γ (3.20)
3.2.2.3. Altura manométrica de elevação ou simplesmente, altura manométrica Hman
É a diferença entre as alturas representativas das pressões na saída e na
entrada da bomba. Tem-se:
γ γ s
bd
manp
hp
H −
+= (3.21)
Combinando as equações (3.11) e (3.15), obtém-se:
dsman HHH += (3.22)
sendo, portanto, a altura manométrica Hman igual à soma das alturas manométricas
de sucção sH e descarga dH .
Figura 3.4 – Medição de H por instrumentos de medição de pressão.
A equação (3.22) emprega-se na fase de projeto da instalação. A equação
(3.21) é empregada na determinação da altura manométrica em instalações em
operação, com manômetros instalados. Neste caso, deve-se considerar, conforme a
figura 3.4:
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mmv
man hpp
H ++
=γ
(3.23)
Na prática, procura-se fazer 0hm = e soma-se a leitura direta do vacuômetro
e do manômetro.
3.2.3. O conceito de suction lift e suction head
Os conceitos de suction lift e suction head são definidos pelo Hydraulic
Institute e pelo American Petroleum Institute (API) como:
3.2.3.1. Suction lift slh
É altura total de sucção na aspiração, ou seja, é igual à diferença entre a
leitura manométrica realizada à entrada da bomba e a altura representativa da
velocidade do líquido no mesmo ponto de medição. O conceito de suction lift está
relacionado ao fato da bomba estar instalada acima do nível do reservatório de
sucção (figura 3.3a). Quando existe suction lift , apenas a pressão atmosférica atmH
fornece energia para que o líquido se desloque até a bomba.
g2vp
h2
svsl −=
γ (3.24)
Das equações (3.14) e (3.24), pode-se concluir que:
jg2
vpHh
2ss
atmsl +
+−=
γ (3.25)
jhh ssl += (3.26)
Na figura 3.3a, pode-se observar a altura estática de sucção sh e distância j
do centro do tubo de sucção ao centro do vacuômetro. Na conceituação do suction
lift , a perda de carga na aspiração sJ é omitida.
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3.2.3.2. Suction head shh
É igual à soma da altura representativa da pressão absoluta à entrada dabomba com a altura representativa da velocidade no mesmo ponto de medição. O
conceito de suction head está relacionado ao fato da bomba estar localizada abaixo
do nível do reservatório de sucção (figura 3.3b). Neste caso, a pressão na entrada
da bomba é maior do que a pressão atmosférica atmH , devendo-se considerar
também a altura estática de sucção shh .
atmssh Hhh += (3.27)
Da figura 3.3b tem-se que:
shatms
2ss hHhg2
vp=+=+
γ (3.28)
3.2.4. Altura útil de elevação uH
É definida como a energia que a unidade de peso de líquido adquire em sua
passagem pela bomba. Seu valor é medido aplicando-se a equação da conservação
da energia entre as secções de saída e de entrada da bomba. Graças a essa
energia, o líquido escoa pelo encanamento.1 É também conhecida como total head
ou dynamic head , termos estes definidos pela ASME e pelo Hydraulic Institute.
+−
++=
g2vp
g2v
hp
H2
ss2
db
du
γ γ (3.29)
Combinado com a equação (3.21), vem:
−+=
g2vv
HH2
s2
dmanu (3.30)
Da equação (3.5), pode-se concluir que manu HH = quando os diâmetros de
entrada e saída da bomba são iguais. De fato, a altura útil de elevação uH difere da
altura manométrica Hman por levar em consideração a variação da energia cinética
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do líquido ao atravessar a bomba. Como em muitos casos, a diferença entre as
velocidades de entrada e saída não é muito grande, é comum considerar-se
manu HH = sem grande margem de erro. Por isso, muitos autores tratam-nas comosendo a mesma grandeza, nomeando, inclusive, a altura manométrica como total
head . É importante ter em mente que isto é uma simplificação que pode conduzir a
erros de interpretação e de cálculo, pois estas grandezas não tem o mesmo
significado físico.
3.2.5. Altura total de elevação eH
A altura total de elevação é definida como sendo a energia total que o rotor da
bomba deve fornecer a cada kgf de fluído, levando em conta as perdas internas de
natureza hidráulica hJ .
hue JHH += (3.31)
3.2.6. Altura motriz de elevação mH
A altura motriz de elevação é o trabalho exterior que é necessário fornecer aorotor da bomba, por kgf de fluído escoado, para que sejam vencidas as perdas
mecânicas mJ , desenvolvidas pelos mancais e outras partes do conjunto motor-
bomba, obtendo-se a energia uH realmente cedida ao líquido, representada pela
altura útil de elevação.
mum JHH += (3.32)
3.2.7. Altura disponível de elevação dispH
A altura disponível de elevação é a variação final de energia de cada kgf de
líquido bombeado ao passar do reservatório inferior para o superior, ou seja, é o
ganho de energia de cada kgf de líquido em conseqüência do bombeamento. Seu
valor é dado pela equação da conservação da energia aplicada na secção de saída
do tubo de recalque e no nível do reservatório inferior.1
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49
g2
vhH
2liq
ddisp += (3.33)
Pode-se interpretar este conceito da seguinte forma: o líquido estava em
repouso no reservatório inferior e, após o bombeamento, encontra-se a uma altura
estática de recalque dh e com velocidade liqv .
Também se pode definir a altura disponível como:
( )hdsedisp JJJHH +++= (3.34)
3.3. Perdas hidráulicas internas em bombas centrífugas
As perdas internas têm a propriedade comum de transmitir calor ao fluído de
trabalho. Somadas à potência útil uP , elas resultam na potência de elevação eP que
deve ser entregue no eixo da bomba. Ao conjunto das perdas hidráulicas internas na
bomba dar-se-á a designação hJ . Afetam o rendimento volumétrico da bomba.
3.3.1. Perdas nas pás
São perdas que ocorrem dentro das bombas devidas ao atrito nas pás e nas
paredes externas do rotor e às variações de secção e de velocidade promovidas
pelas pás, que, em geral, reduzem a pressão. São conhecidas genericamente como
“perdas nas pás ” pelo fato de ocorrerem principalmente nos canais por estas
formados e no contato do líquido com as mesmas. Representam uma perda de
trabalho por kgf de fluído bombeado que deve ser transmitido pelas pás juntamente
com a altura útil de elevação uH , de maneira que se possa exercer trabalho útilsobre o líquido.
3.3.2. Perdas por fuga de fluído
Estas perdas não influem na pressão ou, pelo menos, tem uma influência de
menor importância. Devido às folgas construtivas internas, nem todo o fluído
aspirado é entregue à tubulação de recalque, ocasionando uma diminuição no
rendimento volumétrico da bomba, como será visto adiante. Tem-se, então, as
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50
perdas no labirinto , que ocorrem devido à existência de um interstício entre o rotor e
a carcaça, denominado labirinto , devido à sua forma usual, que é necessário por
razões construtivas e, através do qual, uma parte do líquido flui de volta para o tubode sucção, evitando o rotor. Há também, uma perda de fluído através das gaxetas
ou selos mecânicos (ver figura 2.13). Em certos tipos construtivos, pode existir,
ainda, uma perda adicional no labirinto devido à compensação do empuxo.
3.3.3. Perdas por troca de fluído
Existe uma troca de fluído que ocorre entre o recinto atrás do rotor (recinto de
saída) e os canais das pás no caso da desaceleração do fluxo, pois, neste caso, acamada limite deve fluir contra pressão crescente. Há, então, a possibilidade de
retorno da camada limite ao rotor, havendo a necessidade de ser novamente
acelerada. Tem o mesmo caráter do atrito no rotor e causa uma perda adicional de
potência que, até o presente momento, não possui meios de ser calculada
corretamente. Entretanto, dentro dos limites de cargas normais, pode quase sempre
ser desprezada.
3.3.4. Perdas volumétricas exteriores
São devidas à fuga ou vazamentos através da folga entre eixo e caixa da
bomba. Consegue-se reduzir tais perdas através de vedações apropriadas, de modo
que a parcela de descarga perdida é pequena.
3.4. Potências
3.4.1. Potência útil uW
Nem toda energia cedida pelo rotor é aproveitada pelo líquido para realização
do trabalho do escoamento. Uma parte se perde no interior da própria bomba em
conseqüência das diversas perdas hidráulicas já vistas. A potência útil é, então,
aquela que corresponde à energia aproveitada pelo líquido para seu escoamento
fora da própria bomba. É também conhecida como pump output ou liquid
horsepower .
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51
uu QHW γ = (3.35)
3.4.2. Potência de elevação eW
Uma vez que parte da potência motriz é gasta para superar as perdas
mecânicas no conjunto motor-bomba (mancais, gaxetas, etc), apenas uma parte é
utilizada para realizar trabalho sobre o fluído. Esta parcela utilizada para transmitir
energia ao líquido é a altura total de elevação eH .
ee QHW γ = (3.36)
3.4.3. Potência motriz mW
É a potência fornecida pelo acionamento (motor elétrico, turbina, motor diesel,
etc) ao eixo da bomba, também denominada consumo de energia da bomba.
mm QHW γ = (3.37)
No levantamento experimental da potência, substitui-se o valor da altura útil
de elevação uH pela altura manométrica total Hman. Pode-se então calcular a
potência motriz, em cavalo-vapor (cv) pela equação:
t
man)cv(m 75
HQ1000W
η =
(3.38)
mW
calculadaAcréscimo recomendado
até 2 cv 50%
3 a 5 cv 30%
6 a 10 cv 25%
11 a 25 cv 15%
acima de 25 cv 10%
Tabela 3.1 – Valores recomendados para acréscimo de potência de acionamento.
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52
Na seleção dos equipamentos de acionamento para as bombas centrífugas,deve ser prevista uma margem de segurança que, normalmente, é apresentada nascurvas e tabelas elaboradas pelos fabricantes. Na falta de dados do fabricante,
Macintyre1
apresenta a tabela 3.1, que recomenda tais acréscimos.3.5. Rendimentos
3.5.1. Rendimento hidráulico hη
É também conhecido como “rendimento das pás ”, caracterizando somente as
perdas de pressão. Relaciona a potência útil uW e a potência de elevação eW .
Também é descrita em função das alturas útil e de elevação.
e
u
e
uh H
H
W
W==
η (3.39)
De acordo com Macintyre1, este tipo de rendimento varia de 0,50 em bombas
pequenas até 0,90 em bombas grandes, bem projetadas e com fabricação
esmerada. No projeto, admitem-se valores de rendimento hidráulico entre 0,85 a
0,88. Segundo Pfleiderer3, este tipo de rendimento pode variar entre 0,85 e 0,93.
Não pode ser obtido por ensaios, devendo ser calculado a partir do
rendimento total tη , pela eliminação das perdas que não são de pressão.
3.5.2. Rendimento do difusor ou do injetor do rotor dη
Este tipo de rendimento caracteriza as perdas que ocorrem no rotor durante a
transformação da energia de velocidade em energia de pressão. É dado por:
utilizadacinéticaenergiarotornoganhapressãodeenergiad =η (3.40)
3.5.3. Rendimento volumétrico vη
É a relação entre a vazão de descarga dQ que efetivamente sai da bomba
para a tubulação de recalque e a vazão de sucção sQ na entrada da bomba.
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53
s
dv Q
Q=η (3.41)
A diferença entre as vazões de sucção sQ e de descarga dQ representa o
somatório de todas as perdas volumétricas internas e externas da bomba.
3.5.4. Rendimento mecânico mη
É a relação entre a potência de elevação eP e a potência motriz mP .
m
e
m
em H
H
W
W==
η (3.42)
Macintyre1 considera que o rendimento mecânico varia de 0,92 a 0,95 nas
bombas modernas, correspondendo os valores maiores às bombas de maior
dimensão. Por sua vez, Pfleiderer3 estabelece que este rendimento possa chegar a
0,99 e recomenda que estes números sejam considerados apenas como
orientativos.
3.5.5. Rendimento total tη
É a relação entre a potência útil uW e a potência motriz mW . Alguns autores
designam por rendimento global (overall efficiency ).
m
u
m
ut H
H
W
W==
η (3.43)
Para grandes bombas centrífugas, este rendimento ultrapassa 0,85. Naspequenas bombas, pode cair para menos de 0,40, dependendo do tipo e das
condições de operação. Uma estimativa razoável é de 0,60 em bombas pequenas e
0,75 em bombas médias. Pode-se também obter valor deste rendimento através da
equação (3.38), onde todas as demais grandezas são obtidas experimentalmente.
Graficamente, o rendimento tη é obtido nas curvas da bomba no ponto de
trabalho ou operação.
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54
Na figura 3.5, procura-se mostrar de forma mais clara os diferentes
rendimentos vistos, aplicados ao conjunto bomba-motor elétrico. Os pontos 4 e 5
são, respectivamente, a entrada e saída da bomba. O ponto 1 representa a entradade potência elétrica no motor.
Figura 3.5 – Rendimentos considerados no conjunto motor-bomba.
• rendimento do motor:1
2me
W
W
=η (3.44)
• rendimento mecânico:2
3m
WW
=η (3.45)
• rendimento hidráulico:4
5h
W
W
=η (3.46)
• rendimento da bomba2
5b
W
W
=η ou vhmb η η η η ⋅⋅= (3.47)
• rendimento total:1
5t
WW
=η ou mebt η η η ⋅= (3.48)
3.6. Casos especiais de instalação
3.6.1. Instalações com sifão no recalque
A extremidade da tubulação de recalque pode ser construída em forma de
sifão em dois casos distintos: extremidade livre (caso 1) e extremidade imersa no
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reservatório (caso 2), conforme mostra a figura 3.6.
Figura 3.6 – Instalação com extremidade de recalque sifonada.
Durante a fase de partida da bomba, até que a água escoe para o interior do
reservatório superior, é preciso considerar a altura estática de recalque dh .
Quando a bomba está em regime, para compensar o “efeito sifão” nos trechos
ABC, a altura estática de recalque a considerar é: 'dh , na boca de saída do tubo
para o caso 1, e ''dh , no nível da água para o caso 2.
3.6.2. Reservatórios fechados
Uma bomba centrífuga pode ser usada para transportar um líquido de um
reservatório de sucção fechado, onde a pressão manométrica é dada por ''manH ,
maior ou menor que a atmosférica, para um reservatório de descarga fechado, onde
a pressão manométrica é dada por 'manH , conforme ilustra a figura 3.7.
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Figura 3.7 – Reservatórios de sucção e descarga fechados.
As pressões absolutas correspondentes são:
a) reservatório de sucção:
atm''man
''abs HHH += (para atm
''abs HH > ) (3.49)
''vacatm
''abs HHH −= (para atm
''abs HH < ) (3.50)
b) reservatório de descarga:
atm'man
'abs HHH += (3.51)
Aplicando-se a equação da conservação da energia (Bernoulli) entre a
superfície livre do líquido no reservatório inferior, onde se admite velocidade nula, e
a entrada da bomba, vem:
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57
s
2ss
s''abs J
g2vp
h0H0 +++=++γ
s
2s
s''abs
s Jg2
vhH
p−−−=
γ (3.52)
Aplicando-se a equação da conservação da energia (Bernoulli) entre a saída
da bomba e a superfície livre do líquido no reservatório superior, vem:
'absdd
2d
bd HJh
g2v
hp
++=+
+
γ
Combinando a equação anterior com as equações (3.21) e (3.52), tem-se:
''abs
'abs
2d
2s
gman HHg2vv
JhH −+
−++= (3.53)
Analisando-se o termo ''abs
'abs HH − da equação (3.53), pode-se concluir que:
a) se atm''abs HH > , tem-se que ''
man'man
''abs
'abs HHHH −=− (3.54)
a pressão atmosférica não terá influência sobre o resultado.
b) se atm''abs HH < , tem-se que ''
man'man
''abs
'abs HHHH +=− (3.55)
''manH tem sinal positivo, a altura manométrica a vencer será maior e a bomba,
evidentemente, consumirá mais energia do que se houvesse pressão auxiliando o
escoamento para a entrada da mesma ( ''manH com sinal negativo).
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58
4 Mecanismo de fluxo no rotor da bomba centrífuga
As bombas centrífugas podem ser estudadas e calculadas de acordo comvários métodos. O primeiro, que também é o mais antigo, consiste em considerar
uma representação na qual o rotor teria um número infinito de pás infinitamente
delgadas e, posteriormente, tratar o caso real – número finito de pás com
determinada espessura – por um método de aproximação. O segundo método parte
de uma representação totalmente oposta, ou seja, considera uma pá única no
espaço infinito e trata o caso das pás próximas também por um processo de
aproximação. Este método baseia-se nos resultados obtidos do estudo das asas desustentação dos aviões conduzindo a resultados úteis somente no caso das
máquinas axiais. Outros métodos partem dos processos matemáticos da mecânica
dos fluídos aplicados aos fenômenos de fluxo, desprezando-se ou não o atrito do
fluído.3 Na abordagem que se segue, considera-se apenas o primeiro método -
número infinito de pás infinitamente delgadas – com posterior aproximação para o
caso real.
O modo como se vai abordar um problema da mecânica dos fluidos depende,obviamente, do tipo de resultado que se quer. Quando se deseja obter valores
médios de vazão, torque de eixo ou potência transferida ao fluido, uma formulação
de volume de controle fixo integral se mostra como uma alternativa mais conveniente
para o caso de turbomáquinas. Entretanto, quando se deseja identificar detalhes do
escoamento no interior do rotor como, por exemplo, campo de pressão local no
intuito de avaliar possível cavitação, uma abordagem diferencial é mais
recomendável.
4.1. Movimento absoluto e relativo
Seja considerado o fluxo através de um rotor radial, mostrado na figura 4.1,
admitindo um número infinito de pás infinitamente delgadas. O fluxo visto por um
observador solidário ao rotor e que se move com este, é completamente diferente
daquele visto por um observador externo parado em relação ao rotor. O primeiro vê
uma partícula de fluído movimentando-se em uma trajetória definida pelo vetor
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velocidade relativa w
, enquanto o segundo percebe a trajetória desta mesma
partícula segundo o vetor velocidade absoluta c
.
Os seguintes sub-índices são aplicados aos componentes geométricos e
cinemáticos da figura 4.1:
0 - lado da sucção, imediatamente antes da entrada do canal das pás do rotor;
1 - lado da sucção, na entrada do canal das pás do rotor;
2 - lado da pressão, na saída do canal das pás do rotor;
3 - lado da pressão, imediatamente após a saída do canal das pás do rotor.
A utilização de dois índices diferentes para cada aresta da pá é necessária,
pois ocorre uma mudança de estado do fluxo na passagem do rotor ao espaço
exterior, como será visto posteriormente. Nas posições 0 e 3, o fluxo é dito não
perturbado , enquanto nas posições 2 e 3 o mesmo é chamado de congruente às
pás.
Figura 4.1 – Representação das velocidades no rotor radial de uma bomba.
Fonte: Pfleiderer 3 (com adaptações)
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60
A velocidade absoluta c
resulta da adição vetorial da velocidade relativa w
e
da velocidade tangencial u , formando um paralelogramo cuja área define o módulo
da velocidade absoluta c
. Estas três velocidades formam também, os lados de um
triângulo, representados nas figuras 4.2a e 4.2b.
(a) lado da sucção (b) lado da pressão
Figura 4.2 – Triângulo de velocidades no rotor.
Pode-se considerar as linhas de corrente congruentes com as pás e o fluxo
como sendo unidimensional, em vista de se estar considerando um número infinito
de pás infinitamente delgadas. A trajetória das partículas fluídas tem a forma da pá
AB na figura 4.1. O início da pá está, portanto, no caso de entrada sem choque, na
direção da velocidade relativa de entrada, ou seja, na direção de 1w , formando o
ângulo 1 β com a direção tangencial 1u . As direções da velocidade relativa e da
extremidade da pá coincidem também na aresta de saída, pois o fluxo deixa o canal
das pás tangencialmente à sua extremidade. Isto termina fazendo um ângulo 2 β
igual ao da velocidade relativa de saída 2w com a direção tangencial 2u .3
A trajetória descrita por uma partícula fluída vista por um observador parado
nas proximidades da máquina, ou seja, seu movimento absoluto AB’ na figura 4.1,
começa na direção da velocidade absoluta 1c com o ângulo 1α e termina na saída
na direção da velocidade absoluta 2c com o ângulo 2α . Quando a partícula fluída
alcança o ponto B do rotor, ela estará, na realidade, no ponto B’ com relação ao
ambiente. Assim, o arco de círculo BB’ é a trajetória que o ponto B do rotor percorre
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durante o tempo t que a partícula fluída leva para ir de A até B, de maneira que o
ângulo central ϕ do arco de círculo BB’ é igual a tω no caso de velocidade angular
ω constante.3
É interessante observar, a partir da definição dos ângulos α e , que o
ângulo , nesta idealização do escoamento, está fixado a partir do momento em
que se define a curvatura das aletas, isto é, projeto mecânico do rotor, desde sua
entrada até sua saída. O ângulo α , por seu lado, é função das características
operacionais da bomba (rotação e vazão, entre outras). Isto é, se há variação de
rotação da bomba, há variação do ângulo α , pois a alteração velocidade tangencial
u do rotor altera o triângulo de velocidades. O mesmo ocorre se a vazão da bomba é
alterada, abrindo-se ou fechando-se uma válvula do sistema de bombeamento ao
qual a bomba está conectada, por exemplo. Como a vazão está relacionada com a
magnitude da velocidade absoluta do fluido, ela também impõe variações nos
triângulos de velocidades quando é alterada.
Dos triângulos de velocidade da figura 4.2, tem-se as componentes da
velocidade absoluta nas direções radial,m
c , e tangencial,u
c , em relação ao rotor,
desprezando-se os índices de posição. Cada componente tem importante função no
processo de conversão de energia do fluído no rotor. Assim, a componente
tangencial uc está relacionada à energia específica trocada entre o rotor e o fluído
enquanto a componente radial mc , também conhecida como componente meridiana,
está relacionada ao processo de descarga no rotor, ou seja, vinculada à vazão da
máquina por meio da equação da continuidade.
Sabe-se que vazão é mcAQ = . Pela condição de obtenção da equação da
continuidade, a componente meridiana mc da velocidade absoluta c deve ser
sempre perpendicular à área A.
Para as máquinas radiais, figura 4.3a, a componente meridiana possui a
direção radial enquanto a área de passagem A, desprezando a espessura das pás,
corresponde à superfície lateral de um cilindro, ou seja:
bDA π = (4.1)
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onde:
D = diâmetro do rotor na secção considerada;
b = largura do rotor na secção considerada.
(a) rotor radial (b) rotor axial (c) rotor de fluxo misto
Figura 4.3 –Área de passagem da corrente fluida através dos diversos tipos de rotores.
Para as máquinas axiais, figura 4.3b, a componente meridiana tem a direção
do eixo do rotor e a área de passagem é a superfície de uma coroa circular
calculada por:
( )2i
2e DD
4A −=
π (4.2)
onde:
De = diâmetro exterior do rotor;
Di = diâmetro interior do rotor.
Já, nas máquinas diagonais ou de fluxo misto, figura 4.3c, a componente
meridiana encontra-se numa direção intermediária entre a radial e a axial; a área de
passagem corresponde à superfície lateral de um tronco de cone, que pode ser
expressa por:
b2
DDA ie
+= π (4.3)
Da análise dos triângulos de velocidade, podemos obter as seguintes
relações trigonométricas, válidas tanto para a entrada quanto para a saída do rotor:
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α cosuc2ucw 222−+= (4.4)
α cosccu = (4.5)
β wsencm = (4.6)
α csencm = (5.2)
α tancc um = (4.6)
Todas estas observações valem independentemente da forma da superfície
de rotação, na qual as linhas de corrente transcorrem (superfície de fluxo), ou seja,
independentemente de ser a admissão radial ou axial.3
4.2. O conceito de pás ativas e inativas
Para melhor definir o conceito de pás ativas e pás inativas, considera-se um
rotor formado por um disco e uma coroa circular, concêntricos e paralelos, não
dotados de pás, conforme mostra a figura 4.4.
Figura 4.4 – Pás ativas e inativas.Fonte: Macintyre1 (com adaptações)
O rotor tem movimento de rotação constante ω . O líquido escoa livremente com
direção radial ea → , entrando pelo centro e saindo pela periferia do rotor, sem
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sofrer influência de resistências passivas. Logo, a trajetória natural de uma partícula
do líquido, vista por um observador inercial externo, será aquela definida pelo vetor
velocidade v
, que decresce uniformemente em módulo, de forma a manter a vazãoconstante, já que a área periférica do rotor entre o disco e a coroa circular, dada por
br2π , muda em função do raio. A mesma partícula, referenciada ao rotor descreve
uma trajetória relativa 'ea → , com perfil Ι , cuja forma depende da velocidade
angular do rotor e da velocidade linear v
.
Seja, agora, considerado o mesmo rotor contendo uma pá com o mesmo
perfil Ι dessa trajetória relativa 'ea → . Esta pá não interferirá no escoamento. De
fato, enquanto a partícula segue a trajetória radial ba → , haverá um ponto da pá
que descreverá um arco b'b ; enquanto a partícula percorre o trajeto ca → , haverá
um ponto da pá que descreverá um arco c'c , e assim por diante. Os pontos da pá
apenas alcançam a partícula, mas não modificam sua trajetória. Ao deixar o rotor, o
líquido terá uma velocidade relativa relv
, tangente a pá imaginária que, somada
vetorialmente à velocidade tangencial u
do rotor, dará a velocidade absoluta v
na
direção radial. Diz-se, então que a pá é inativa .
Por sua vez, seja a pá, vista anteriormente, sendo substituída por outra com
perfil ΙΙ , infinitamente delgada e em quantidade infinita, tal que a partícula descreva
uma trajetória segundo "ea → . Neste caso, a trajetória natural não será mais radial
e sim, uma curva tangenciando o perfil ΙΙ , chamada de trajetória forçada . Estas
novas pás não serão mais sem ação. Elas imprimirão às partículas líquidas uma
aceleração em virtude da ação de forças decorrentes do movimento de
arrastamento, forçando-as a mudarem de direção. Na saída do rotor, a partícula teráuma velocidade relativa w
, tangencial a pá, que somada vetorialmente à velocidade
tangencial u
do rotor, fornecerá a nova velocidade absoluta c
. O módulo da
velocidade c
deverá ser superior ao da velocidade v
, já que a componente radial
(meridiana) 2mc terá que igualar-se ao módulo da velocidade v
de maneira a não
haver variação na vazão, que foi assumida constante para esta análise. Por
promoverem tais mudanças, estas pás são chamadas de ativas .
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4.3. O princípio da quantidade de movimento angular
As bombas centrífugas apresentam um rotor com movimento de rotação puro.Assim, torna-se apropriado discutir o comportamento destas máquinas em função do
torque e do momento da quantidade de movimento.
O trabalho pode ser expresso como o produto escalar de uma força por uma
distância ou pelo produto de um torque por um deslocamento angular. Assim, se o
torque do eixo, ou seja, o torque que o eixo aplica no rotor, e a rotação do rotor
apresentam o mesmo sentido de giro, a energia é transferida do eixo para o rotor e
do rotor para o fluido, caracterizando a máquina como uma bomba. Considere omovimento de uma partícula fluida no rotor mostrado na figura 4.1. Admite-se, para
efeito de simplificação de análise, que a partícula entra no rotor somente com
velocidade radial, ou seja, sem componente tangencial. Após ter sofrido a ação das
pás, durante sua passagem da seção de entrada (1) para a de saída (2), a partícula
sai do rotor com uma velocidade absoluta c que apresenta componentes na direção
radial mc , também conhecida como componente meridiana da velocidade absoluta,
e tangencial uc . Nesta condição, o momento da quantidade de movimento dapartícula em relação ao eixo na seção de entrada do rotor é nulo, porém, com
momento da quantidade de movimento não nulo em relação ao eixo na seção de
saída do rotor.
O princípio da quantidade de movimento angular, ou momento da quantidade
de movimento linear, para um sistema inercial é:
sistemadtd
Φ=Τ
(4.7)
onde Τ
é o torque total exercido sobre o sistema pela sua vizinhança e Φ
é a
quantidade de movimento angular do sistema, dada por:
∫∫ ∀
∀⋅×=⋅×=Φ)sistema()sistema(M
dcrdmcr ρ
(4.10)
sendo:
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=r
vetor posição que localiza cada elemento de massa ou volume do sistema com
respeito ao sistema de coordenadas adotado;
=c vetor velocidade absoluta;
=∀ volume da partícula de fluído;
=m massa da partícula de fluído.
Todas as quantidades na equação de sistema devem ser formuladas com
respeito ao referencial inercial.
O torque Τ
aplicado a um sistema pode, então, ser escrito da seguinte forma:
( ) ∫ ⋅×+×+Τ=Τ)sistema(M
seixo dmgrFr
(4.11)
onde sF
é a força de superfície exercida sobre o sistema.
A relação entre as formulações de sistema e de volume de controle fixo é:
Adcdtdt
dSCVC
sistema
⋅+∀
∂
∂=
Ψ
∫∫ ρ ψ ρ ψ
onde ∫=Ψ)sistema(M
sistema dmψ
e
VC = volume de controle
SC = superfície de controle
A grandeza Ψ representa qualquer uma das propriedades extensivas dosistema e ψ é o seu correspondente, representando uma propriedade intensiva
qualquer, ou seja, uma propriedade extensiva Ψ por unidade de massa.
Fazendo Φ=Ψ
, então cr
×=ψ . Logo:
Adccrdcrtdt
dSCVC
sistema
⋅×+∀×∂
∂=
Φ
∫∫ ρ ρ (4.12)
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Combinando as equações (4.7), (4.11) e (4.12), obtém-se:
( ) Adccrdcrt
dmgrFrSCVC)sistema(M
seixo
⋅×+∀×
∂
∂=⋅×+×+Τ
∫∫∫ρ ρ
Considerando que o sistema e o volume de controle coincidem no tempo 0t ,
tem-se que VCΤ=Τ
e, portanto:
( ) Adccrdcrt
dmgrFrSCVCVC
seixo
⋅×+∀×
∂
∂=⋅×+×+Τ ∫∫∫ ρ ρ (4.13)
A equação (4.13) é uma formulação geral do princípio da quantidade de
movimento angular para um volume de controle inercial e estabelece que o momentodas forças superficiais e das forças de campo, mais o torque aplicado, levam a uma
variação na quantidade de movimento angular do escoamento. O termo esquerdo da
equação expressa todos os torques que atuam sobre o volume de controle. No
termo direito da equação, o primeiro membro expressa a taxa de variação da
quantidade de movimento angular dentro do volume de controle, enquanto o
segundo membro, a taxa líquida de fluxo da quantidade de movimento angular
atravessando a superfície do volume de controle. 2
As forças superficiais devem-se ao atrito e à pressão, a força de campo
resulta da ação da gravidade, o torque aplicado pode ser positivo ou negativo e a
variação na quantidade de movimento angular pode aparecer como variação na
quantidade de movimento angular no interior do volume de controle ou como fluxo
de quantidade de movimento angular através da superfície de controle.2
4.4. A equação de Euler para o caso das bombas centrífugas
Para análise da bomba centrífuga, torna-se conveniente escolher um volume
de controle fixo englobando o rotor, a fim de avaliar o torque no eixo. Como se
consideram volumes de controle para os quais são esperados grandes torques de
eixo, são assumidas as seguintes premissas:
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1. a força de campo gravitacional ∫ ⋅×VC
dmgr
pode ser desprezada; em máquinas
rotativas, a força centrífuga é muitas vezes maior que a força gravitacional;2. as partes mecânicas apresentam deformação desprezível, ou seja, a robustez
construtiva desses equipamentos implica em uma variação de volume ∀d
desprezível no interior da máquina, tornando nulo o membro ∀×∂
∂
∫ dcrt VC
ρ
;
3. o momento angular das forças superficiais é desprezível, ou seja, o momento
aplicado no eixo da bomba é muitas vezes superior ao momento resistivo sFr
×
produzido pelas forças superficiais sF
;
4. o escoamento é permanente e uniforme em cada secção (0) e (3).
Eliminando-se, portanto, da equação (4.13), os termos acima desprezados,
obtém-se:
AdccrSC
eixo
⋅×=Τ ∫ ρ (4.14)
A equação (4.14), equação de Euler, estabelece que, no caso de bombas
centrífugas, com realização de trabalho sobre o fluído, o torque produzido deve-se a
uma variação na quantidade de movimento angular do mesmo.
A equação de Euler pode ser escrita na forma escalar. Considere-se o
diagrama de velocidades de uma partícula no rotor, esquematizado na figura 4.1, e
as velocidades apresentadas na figura 4.5, que mostra um volume de controle fixo
delimitado pelos círculos tracejados (0) e (3) englobando um rotor genérico de umabomba.
O sistema de coordenadas fixas é escolhido com o eixo “z” alinhado com o
eixo de rotação da máquina. O fluído entra no rotor em (1) com velocidade absoluta
uniforme 1c e sai em (2) com velocidade absoluta 2c .
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69
Figura 4.5 – Volume de controle fixo e velocidades para análise de quantidade de movimento angular.
Integrando-se a equação (4.11), para escoamento uniforme entrando no rotorna secção (1) e saindo na secção (2), vem:
k)AccrAccr(Adccr 11m1u122m2u2SC
eixo ρ ρ ρ −=⋅×=Τ ∫
(4.15)
Aplicando a conservação de massa ao volume de controle, tem-se que:
0Adc0Adcdt SCSCVC
=⋅⇒=⋅+∀∂
∂
∫∫∫
ρ ρ ρ
Logo: mAcAc 11m22m== ρ ρ
Assim, a equação (4.12) fica:
km)crcr( 1u12u2eixo
−=Τ (4.16)
onde m é a vazão mássica. Portanto, o fluxo líquido de quantidade de movimento
angular através de uma superfície de controle é igual ao torque no eixo.
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70
A forma escalar da equação (4.16) é dada por:
m)crcr( 1u12u2eixo−=Τ (4.17)
A equação (4.17) é a relação básica entre torque e momento da quantidade
de movimento para todas as turbomáquinas e é comumente chamada de equação
de Euler das turbomáquinas .2 As velocidades que aparecem na equação são as
componentes tangenciais das velocidades absolutas do fluído cruzando as
superfícies de controle. Tais velocidades são admitidas como positivas quando no
mesmo sentido das velocidades tangenciais “u” da pá e fornecem 0eixo >Τ para
bombas centrífugas.A taxa de trabalho realizado (potência de elevação) por um rotor de uma
bomba sobre um fluído é dada pelo produto escalar da velocidade angular ω do
rotor pelo torque aplicado no eixo eixoΤ
. Aplicando na equação (4.16), vem:
km)crcr(kkkW 1u12u2eixoeixoe
−⋅=Τ⋅=Τ⋅= ω ω ω
Assim, tem-se que a potência de elevação eW é:
m)crcr(W 1u12u2eixoe
−=Τ⋅= ω ω (4.18)
De acordo com a equação (4.18), a adição de trabalho de eixo aumenta o
momento da quantidade de movimento do fluído, no caso de uma bomba. Segundo
Pfleiderer3, a grandeza )crcr( 1u12u2 − representa o aumento do vórtice ucr no rotor.
Existem outras duas formas úteis de se apresentar a equação (4.18):
• introduzindo a velocidade tangencial u do rotor, conforme figura 4.5:
m)cucu(W 1u12u2e
−= (4.19)
• dividindo por gm , obtendo uma quantidade com as dimensões de comprimento
que pode ser entendida como a altura motriz de elevação, vista em 3.2.6:
)cucu(g1
gmW
H 1u12u2e
e −==
(4.20)
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As equações (4.18), (4.19) e (4.20) mostram que somente as diferenças urc∆
e uuc∆ entre as secções de entrada e saída do rotor são importantes na
determinação do torque aplicado ao rotor ou da potência motriz. Nenhuma restrição
geométrica é feita, mesmo com 12 rr > .
A equação da conservação da energia para um volume de controle integral é
dada por:
∫∫ ⋅+∀∂
∂=−
SCVCe Adcede
tWQ
ρ ρ (4.21)
onde Q é o calor transferido ao fluido por unidade de tempo, eW é o trabalho
realizado no volume de controle por unidade de tempo (potência de elevação) e “e”,
a energia específica total, definida como sendo:
outraspotencialcinéticaernaint eeeee +++= (4.22)
A potência de elevação compreende a potência útil, a potência de
escoamento, isto é, aquela associada ao trabalho de escoamento, e a potência
dissipada no trabalho viscoso. O trabalho útil, como o nome explicita, é aquele que amáquina efetivamente torna disponível, através de um eixo girante. O trabalho de
escoamento resulta do escoamento do fluido através de um campo de pressão; o
trabalho viscoso resulta da ação das tensões cisalhantes e normais, originadas pela
viscosidade do fluido. Então:
ocosvisescoamentoue WWWW ++= (4.23)
onde:
∫∫ ⋅+∀∂
∂=
SCVCescoamento Adcede
tW
ρ ρ (4.24)
∫ ⋅⋅−=SC
ocosvis AdcW τ (4.25)
O cálculo do trabalho viscoso é bastante complexo. As tensões viscosas
estão representadas pelo tensor viscoso τ
e a integral na superfície de controle é
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aplicada ao produto escalar do tensor viscoso com o vetor velocidade absoluta do
escoamento c
⋅τ . Entretanto, como as tensões viscosas se subdividem em tensões
normais normalτ e tensões cisalhantes cisalhanteτ , pode-se utilizar o artifício deselecionar um volume de controle apropriado, tal que a superfície de controle seja
sempre normal ao vetor velocidade do escoamento c
. Desta forma, somente o
produto escalar da velocidade com a componente normal do tensor viscoso não se
cancela. Porém, como a componente normal do tensor viscoso é normalmente muito
pequena se comparada à pressão termodinâmica do escoamento, a integral na
superfície de controle do produto escalar cnormal
⋅τ é desprezível frente aos outros
termos da equação como, por exemplo, o termo do trabalho de escoamento. Pode,
portanto, sem desconsiderada nos cálculos, sem qualquer erro apreciável.
Figura 4.6 – Superfície de controle, vetor velocidade absoluta e tensões normal e cisalhante.
Utilizando a definição de potência de elevação da equação (4.23), a equação
de conservação da energia (4.21) pode ser reescrita como:
∫∫∫∫ ⋅+∀∂
∂=⋅⋅+⋅⋅+−
SCVCSCtocisalhamen
SCnormalu Adcede
tAdcAdcWQ
ρ ρ τ τ
Adicionando-se o trabalho específico interno υ p à energia específica e:
( )∫ ⋅+=−SC
u AdcpeWQ
ρ υ (4.26)
desprezível zero zero
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73
Da equação (4.22), consideram-se somente as energias interna, cinética e
potencial. Outras formas de energia tais como nuclear, magnética, etc, não são de
interesse para o presente estudo. Assim, a equação (4.26) assume a forma:
∫ ⋅
+++=−
SC
2
u Adcpgz2c
uWQ
ρ υ (4.27)
Da termodinâmica, sabe-se que a entalpia específica h é dada por:
υ puh += (4.28)
Substituindo (4.28) em (4.27), vem:
∫ ⋅
++=−
SC
2
u Adcgz2
chWQ
ρ (4.29)
Integrando a equação (4.29) ao longo do volume de controle da figura 4.5,
vem:
1
2
2
2
u gz2c
hmgz2
chmWQ
++−
++=− (4.30)
No caso de bombas centrífugas, os processos ocorrem sem variação
apreciável de energia interna. Assim, na equação (4.30), somente a variação de
pressão é considerada, ou seja:
( )
−+
−+−=− 12
21
22
12u zzg2
cchhmWQ
( )
−+−+−+−=− 12
21
221212u zzg
2cc)pp()uu(mWQ υ
Logo:
( )
−+
−+−=− 12
21
22
12u zzg2
cc)pp(mWQ υ , ou ainda:
desprezível
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( ) gmzzg2cc
g)pp(
WQ 12
21
2212
u
−+
−+
−=−
ρ (4.31)
A equação (4.31) representa a formulação da conservação da energia para
um fluido incompressível, para um volume de controle integral.
Baseado na figura 4.5, pode-se avaliar o valor das componentes 1uc e 2uc
em função das velocidades absolutas 1c e 2c , através da equação (4.5):
111u coscc α = (4.32)
222u coscc α = (4.33)
Substituindo as relações dadas por (4.32) e (4.33) na equação (4.16), do
torque no eixo do rotor da bomba, tem-se:
k)coscrcoscr(m 111222eixo α α −=Τ
(4.34)
ou, em módulo:
)coscrcoscr(m 111222eixo α α −=Τ (4.35)
Com a equação (4.35) pode-se determinar a altura de elevação da bomba,
através de parâmetros do escoamento e dimensões características do rotor.
Portanto, combinando a equação (4.35) com as equações (4.18) e (4.20), vem:
)coscrcoscr(g
H 111222e α α ω
−= (4.36)
As duas idealizações contidas na equação (4.36) serão progressivamente
eliminadas, na medida em que alguns fatores corretivos forem sendo introduzidos na
modelagem, de maneira a aproximar essa formulação ao fenômeno real.
Da análise da equação (4.36), pode-se notar que a energia transferida ao
fluido varia proporcionalmente com a velocidade angular (quanto maior a magnitude
da rotação do rotor, maior é a quantidade de energia transferida ao fluido). Os dois
membros entre parênteses têm sinal invertido; desta forma, suas contribuições à
quantidade de energia transferida são opostas. Assim, a quantidade de energia eH
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transferida ao fluido será máxima quando o membro negativo for nulo. Isto ocorre
quando o ângulo α1 = 90°. Isso faz com que a velocidade absoluta do fluido, na
entrada do rotor seja perpendicular à direção tangencial. Na prática, devido àsperdas envolvidas no processo de transferência de energia, α1 não é exatamente
igual a 90°. Porém, é próximo desse valor, fazendo com que o termo negativo da
equação (4.36), correspondente ao fluxo de quantidade de movimento angular na
entrada do rotor, seja pequeno quando comparado ao fluxo de quantidade de
movimento angular na saída do rotor. Dessa forma, tem-se:
2u2
222e c
g
ucoscr
g
H == α ω
(4.37)
onde 2u é a velocidade periférica do rotor devido à rotação ω .
Observando a figura 4.2 e a equação (4.37), pode-se notar que quanto maior
a rotação, ou o tamanho do rotor, maior será 2u e que, quanto maior for a
componente tangencial da velocidade absoluta da bomba 2uc , na saída do rotor,
maior a altura de elevação eH .
A equação (4.37) ainda não leva em conta as características operacionais tais
como vazão, nem mesmo aquelas construtivas do rotor, como o valor do ângulo β ,
responsável pela geometria da pá do rotor. Para explicitar esses parâmetros na
equação (4.37), com o auxílio da figura 4.2, pode-se escrever a componente
tangencial 2uc da velocidade absoluta c em função de sua componente normal
2mc , utilizando-se das relações trigonométricas disponíveis:
2
2m2222m sen
cwsenwc β
β =⇒= (4.38)
22m22u2222u gcotcuccoswuc β β −=⇒−= (4.39)
Substituindo a equação (4.39) na equação da altura de elevação ideal (4.37):
( )22m22
222e gcotcug
ucoscr
gH β α
ω −== (4.40)
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76
A componente normal 2mc da velocidade absoluta na saída do rotor está
relacionada com a vazão mássica que flui pela bomba, conforme visto
anteriormente. A figura 4.7 apresenta um corte transversal esquemático de um rotorde uma bomba centrífuga. Utilizando-se a equação da conservação da massa e os
dados fornecidos na figura, pode-se escrever que:
22m22m22m22m A
QcAcQAc
mAcm =⇒=⇒=⇒=
ρ ρ
Como 222 br2A π = , tem-se que:
222m br2
Qcπ
= (4.41)
Figura 4.7 – Corte transversal do rotor de uma bomba centrífuga.
Substituindo (4.41) em (4.40), vem:
−= 2
222
2e gcot
br2Q
ug
uH β
π (4.42)
ou,
−=
2222
2e tgbr2
Qug
uH β π
(4.43)
Tendo em vista que 22 ru ω = , as equações (4.42) e (4.43) são interessantes
do ponto de vista prático, pois apresentam, explicitamente, as principais variáveis
operacionais da bomba: vazão, geometria e rotação. Analisando esta equação,
pode-se notar que a altura de elevação recebe uma influência quadrática da
variação de rotação. Nessa formulação simplificada, a altura de elevação varia
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linearmente com o aumento da vazão. A forma da pá, ditada pelo ângulo 2 β ,
determina a influencia da vazão Q na altura de elevação eH . Se º902 < β , um
aumento na vazão produzirá uma diminuição na altura de elevação; se º902 > β , um
aumento na vazão produzirá um aumento na altura de elevação. Quando º902 = β ,
a vazão não influenciará na magnitude do valor da altura de elevação. A figura 4.8
mostra a relação entre a altura de elevação e a vazão volumétrica da bomba, dados
2r , 2b e ω , para diferentes ângulos 2 β .
Figura 4.8 – Curva característica idealizada de uma bomba centrífuga.
A curva característica de uma bomba centrífuga é, por definição, a curva que
representa a dependência que existe entre a quantidade de energia idealizada
transferida pela máquina e a vazão do fluido, ou seja, a curva QHe × . Ela se aplica a
uma bomba de características geométricas conhecidas operando com rotação
especificada.
A formulação unidimensional apresentada representa uma simplificação do
fenômeno real e pode ser aplicada no cálculo de sistemas de bombeamento onde se
deseja calcular as grandezas ditas "macro", tais como: o fluxo de massa no sistema
dado o gradiente de pressão, a distribuição de fluxo entre as ramificações de um
sistema complexo, perdas de pressão, ou perdas de carga, em dispositivos
específicos de um sistema, etc. Mas conduz também a bons resultados quando
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aplicada no projeto de bombas centrífugas, mesmo que o escoamento seja
claramente tridimensional. Somente equipamentos de grande porte, críticos do ponto
de vista operacional e de consumo ou de geração de energia, são projetadosutilizando-se formulações bi ou tridimensionais do escoamento. Um exemplo típico
são as turbinas hidráulicas que têm um projeto individualizado, onde técnicas
modernas utilizam modelos matemáticos sofisticados do escoamento (3D) e
métodos numéricos para a solução do sistema de equações diferenciais resultantes.
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5 O caso real – número finito de pás com espessura definida
No dimensionamento de bombas, os resultados obtidos com o método vistoaté aqui diferem substancialmente do caso real. Logo, serão demandadas correções
importantes ao se considerar um número finito de pás. O trabalho específico interno,
de elevação, realizado pelas pás sobre o fluído, aplicado ao caso real, não
alcançaria o trabalho específico interno útil desejado, uma vez que diversos
fenômenos causadores de perdas não foram considerados no cálculo pelo número
infinito de pás. Esta diferença decorre de que as distâncias finitas entre as várias
pás causam desigualdade de fluxo ao longo de um círculo paralelo e, assim, o fluxorelativo não acompanha toda a variação de direção prevista pelas pás. A velocidade
relativa w do fluido não é mais tangente às pás, desde a aresta de entrada até a de
saída do rotor. Com isso, os triângulos de velocidade idealizados não representam a
cinemática do escoamento real. Outra questão a ser observada é que o escoamento
real no interior da bomba é tridimensional, e não unidimensional como foi postulado.
Ademais, a distribuição de velocidades, na seção do canal formado por aletas
consecutivas, não é uniforme. Levando-se em consideração a cinemática e a não-
uniformidade do escoamento real no rotor, pode-se especular um coeficiente de
ajuste, na equação fundamental, para se determinar a energia transferida por um
rotor com número finito de aletas.
Antes de partir para a apresentação de um método de correção para o caso
real, faz-se necessária uma melhor compreensão dos fenômenos de escoamento no
rotor que contribuem para uma diminuição em seu trabalho específico interno.
5.1. Escoamento através do rotor
5.1.1. Entrada do rotor e pré-rotação
Para este estudo, é recomendável levar-se em consideração uma parcela da
tubulação de sucção, pois a reação do rotor no escoamento pode se estender a uma
distância considerável da entrada do mesmo. Stepanoff 6 sustenta que a pré-rotação
no tubo de sucção é causada pela tendência do líquido se mover segundo a
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trajetória de menor resistência em seu caminho até a entrada do rotor. Desta forma,
a entrada do líquido no rotor não se faz radialmente ( º901 =α com 0c 1u = ) e os
filetes líquidos relativos, que deveriam entrar tangenciando as pás, sofrem um desvioem virtude da ação das mesmas se estender até certa distância na boca de sucção.
Como, então, º901 ≠α , haverá uma componente 111u coscc α = agindo no fluxo e
desta forma, o termo subtrativo da equação (4.36) não será mais nulo, diminuindo a
magnitude da altura de elevação eH . O líquido adquire pré-rotação para poder entrar
nas passagens do rotor com um mínimo de perturbação e a direção depende do
ângulo de entrada 1 β , da vazão e da velocidade periférica do rotor, todas as três
contribuindo para a formação do triângulo de velocidades de entrada. A figura 5.1
mostra os triângulos de velocidade para diferentes situações de entrada de líquido
no rotor.
(a) (b) (c)
Figura 5.1 – Triângulos de velocidade na entrada do rotor.(a) entrada radial, (b) pré-rotação na mesma direção, (c) pré-rotação em direção contrária.Fonte: Stepanoff 6 (com adaptações)
Para uma dada rotação do rotor, há somente uma vazão na qual o líquido
entrará radialmente no rotor, ou seja, sem pré-rotação, com componente tangencial
1uc nula e ângulo de entrada do filete líquido muito próximo do ângulo de entrada 1 β
da pá, proporcionando resistência mínima ao escoamento. Esta vazão é definida
como aquela de funcionamento normal ou de projeto do rotor. Para vazões abaixo
da normal, haverá pré-rotação do líquido na direção de rotação do rotor, tal que o
fluxo, na entrada da pá, possa dar-se em um ângulo próximo de 1 β . Para vazões
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acima da normal, a pré-rotação será na direção oposta à do rotor, necessária para
que o líquido satisfaça a condição de escoamento de menor resistência.
Deve estar claro que a pré-rotação do líquido na entrada do rotor não édevida à ação direta do mesmo, uma vez que este não pode impor rotação de
líquido contrária à sua própria.
Para reduzir o efeito da pré-rotação, melhorando as condições de aspiração,
utilizam-se certos recursos construtivos no projeto da carcaça da bomba e na boca
de entrada. Também se utiliza indutores com rotor helicoidal colocado na
extremidade do eixo antes do rotor, conforme figura 5.2. É senso comum que este
fenômeno deve ser reduzido ao máximo no projeto da bomba.
Figura 5.2 – Bomba Worthington D-1020 com indutor anterior ao rotor.Fonte: Macintyre 1
5.1.2. Distribuição de pressão e de velocidades
Quando o rotor gira com a velocidade angular ω , o fluxo relativo deve girar
com velocidade oposta à do rotor, ou seja, - ω . Na figura 5.3, as velocidades da
turbulência relativa do canal na frente da pá estão no sentido contrário ao da
velocidade relativa imposta pelo rotor e, as no dorso, no sentido desta velocidade.
Isto acarreta pressões mais elevadas na face frontal da pá e pressões mais baixas
em seu dorso devido ao gradiente de velocidades resultantes rw ao longo de uma
trajetória circular entre a face frontal de uma pá e o dorso da pá adjacente. A
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turbulência relativa é devida ao efeito de inércia das partículas líquidas, sem atrito,
as quais tendem a reter sua orientação espacial adquirindo somente movimento de
translação segundo uma trajetória circular imposta pelo rotor. Adiciona-se a isto, oefeito conjunto da força centrífuga e da força de Coriolis. Este fenômeno é chamado
de circulação relativa .
Figura 5.3 – Circulação relativa dentro do canal do rotor.
Para transmitir potência ao líquido, a pressão na face frontal da pá deve ser
maior do que a pressão em seu dorso. A força exercida pela pá sobre o líquido
recebe uma reação igual e oposta deste e isto somente pode acontecer como uma
diferença de pressão entre os dois lados da pá. O efeito imediato de tal distribuição
de pressão é que as velocidades relativas próximas ao dorso das pás são maiores
do que aquelas próximas à face frontal destas. O triângulo de velocidades da figura
4.2b mostra que, para um dado ângulo de saída 2 β da pá, a altura de elevação será
menor quanto maior a componente radial 2mc da velocidade absoluta 2c , pois a
componente tangencial 2uc diminui. Portanto, se a velocidade relativa 2w no dorso
da pá aumenta devido à diminuição da pressão nesta região, então, menor será
altura de elevação obtida.
Segundo Stepanoff,6 a circulação relativa é menor na medida em que se
aumenta o número de pás. Logo, a altura de elevação será maior. É razoável se
admitir que a circulação relativa seja menor em rotores mais estreitos. A superfície
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de atrito das faces do rotor tem um efeito decisivo em suprimir a circulação relativa
dentro do canal do rotor e em impor movimento de rotação ao líquido, desse modo,
aumentando a componente tangencial 2uc da velocidade absoluta 2c .
5.1.3. Efeito do ângulo real de descarga
Um estudo dos triângulos de velocidade da figura 5.4 revela que a circulação
relativa do líquido dentro dos canais do rotor tem o efeito de diminuir o ângulo de
descarga de líquido de 2 β para '2 β . O ângulo de entrada 1 β , por sua vez, é
aumentado para '1 β , permitindo maior pré-rotação do que o indicado pelo triângulo
de velocidade de Euler.
(a) triângulo de velocidades de entrada (b) triângulo de velocidades de saída
Figura 5.4 – Ângulos de entrada e saída, reais e teóricos.Fonte: Stepanoff 6
Com líquidos reais, a potência não pode ser aplicada pela pá se o líquido se
mover segundo uma trajetória de mesmo ângulo relativo 2 β daquela. Neste caso, o
líquido se moveria para fora do canal com a mesma velocidade em que a pá se
arrasta em distâncias radiais enquanto gira. Uma pá deve se mover mais rápido do
que a velocidade de escoamento do líquido de maneira a exercer uma força sobre
este, na mesma direção. Em outras palavras, a pá deve ter uma ação de impulso .
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5.1.4. Parte não ativa da pá
A diferença de pressão entre as duas faces da pá desaparece nas bordas deentrada e saída da mesma, onde as correntes dos canais adjacentes se encontram.
Isto significa que parte da pá não é ativa.
Stepanoff 6 cita as pressões nas pás medidas por Uchimaru, conforme figura
5.5, as quais mostram que a diferença de pressão entre as faces frontal e do dorso
tem um máximo próximo da entrada do canal e diminui tendendo a zero na saída do
canal. Tal distribuição de pressão em bombas reais não implica em nenhuma perda
adicional; simplesmente significa que cada pá pode somente transmitir uma parcelafixa de energia que é menor do que aquela dada pela Equação de Euler.
Figura 5.5 – Distribuição de pressão dentro do canal do rotor – (teste de Uchimaru). Fonte: Stepanoff 6
5.1.5. Carga teórica com velocidade radial não uniforme
A distribuição de velocidade radial ao longo de uma secção transversal do
rotor, conforme figura 5.6, não é uniforme. Segundo Stepanoff,6 sob tais condições,
a altura de elevação teórica desenvolvida pelo rotor será menor do que aquela
calculada com base em uma velocidade radial média.
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Figura 5.6 – Distribuição da velocidade radial na saída do rotor. Fonte: Stepanoff 6
Partindo da equação (4.43), Stepanoff concluiu que a altura teórica de
elevação calculada com base em uma distribuição de velocidades linear como
mostrada na figura 5.6 é:
( )
−+−=
2m
212
2
m22
2e
c12
cc1
gtgcu
gu
H β
(5.1)
Comparando as equações (4.43) e (5.1) pode-se notar que o termo subtrativo
da equação (5.1) é superior ao termo subtrativo da equação (4.43). Isto leva aconclusão de que se for considerada uma variação de velocidade radial ao longo da
secção transversal do rotor, ao invés de uma velocidade radial média, ter-se-á uma
menor altura de elevação teórica. Quanto maior a diferença entre as velocidades
radiais, maior será a diferença na altura de elevação. Para qualquer outra relação
entre a velocidade radial mínima e máxima que não a linear apresentada, o
significado da expressão permanecerá o mesmo, ainda que o fator de correção
mude em sua magnitude.
5.1.6. A influência da espessura das pás
As pás do rotor em sua entrada possuem uma espessura apreciável, em
geral, se adelgaçando em direção ao bordo de saída. Isto produz uma diminuição na
secção de escoamento, provocando aumentos nas velocidades absoluta e relativa.
Isto provoca perdas de energia, uma vez que estas crescem com a velocidade.
Portanto, a velocidade na entrada do rotor é superior à velocidade que o líquido
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possui imediatamente antes de atingir os bordos das pás. Isto leva ao conceito de
um coeficiente de contração que será visto adiante.
Após esta análise geral dos fenômenos que induzem perdas no trabalhoespecífico interno desenvolvido pelo rotor, passa-se a analisar os meios de correção
dos cálculos teóricos, levando-se em conta os fenômenos acima discutidos.
5.2. Correção devido ao rotor com número finito de pás
A formulação apresentada no capítulo 4 foi desenvolvida com base em duas
hipóteses muito fortes, quais sejam:
a. consideração de que haviam infinitas pás infinitamente delgadas no rotor;
b. todas as perdas envolvidas no processo de transferência de energia ao fluido
eram desprezíveis.
Conforme já visto, a primeira conseqüência do rotor possuir um número finito
de pás é que a velocidade relativa w do fluido não é mais tangente à pá, desde a
aresta de entrada até a de saída do rotor. Com isso, os triângulos de velocidade
idealizados não representam a cinemática do escoamento real. Portanto, aformulação teórica não expressa de forma adequada o processo de transferência de
energia no interior do rotor. Outra questão a ser observada é a de que o escoamento
real no interior da bomba é tridimensional, e não unidimensional como foi postulado.
Ademais, a distribuição de velocidades, na seção do canal formado por aletas
consecutivas, não é uniforme. Levando-se em consideração a cinemática e a não-
uniformidade do escoamento real no rotor, pode-se especular um coeficiente de
ajuste, na equação fundamental, para determinar a energia transferida por um rotorcom número finito de aletas.
A figura 5.7 ilustra de forma bastante simples a trajetória relativa do fluido,
teórica e real, ao longo de duas pás consecutivas. No escoamento teórico (infinitas
pás), a velocidade relativa w é sempre tangente à pá, para qualquer posição radial.
No caso real, isso não ocorre, o que é evidenciado na saída do rotor, onde a
velocidade relativa apresenta uma defasagem em relação à angulação teórica, ou
seja, teórico2real2 β β < .
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Figura 5.7 – Movimentos relativo, teórico e real no rotor de uma máquina de fluxo.
No movimento absoluto teórico, caracterizado pela trajetória T, a variação
angular do escoamento é maior quando comparada à variação angular real. No
escoamento real, pás em número limitado não conseguem impor a mesma variação
angular à partícula de fluido que percorre o rotor (observe que a velocidade absoluta
real tem inclinação menos acentuada que a velocidade absoluta teórica, em relação
à velocidade absoluta na entrada do rotor). Com isso, a energia transferida pelo rotor
ao fluido é menor em um escoamento real. Como foi mencionado anteriormente, oescoamento no rotor apresenta um perfil de velocidades não-uniforme devido a
efeitos hidrodinâmicos. Há, também, uma defasagem do campo de velocidades real
em relação ao teórico devido a efeitos da força de Coriolis.
5.2.1. Aresta de pressão ou lado de descarga do rotor
Com número finito de pás, o triângulo de velocidades 222 CBA , que foi
deduzido para o fluxo congruente com número infinito de pás, se transforma no
triângulo de velocidades 22'2 CBA , conforme mostra a figura 5.8. Os vértices 2A e
'2A dos triângulos situam-se em uma paralela a 2u porque, devido à continuidade do
fluxo, o componente 2mc deve permanecer igual. A redução de potência em bombas
aparece devido à redução do componente tangencial '2u2u
'22 ccAA −= , ou seja,
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devido a uma diferença entre o ângulo de saída da pá e o ângulo de saída formado
pelos filetes de corrente líquida, '22 β β − , ou seja, '
realteórico β β − da figura 5.7.
Figura 5.8 – Diagrama de velocidades – rotor com número finito e infinito de pás.
Deve-se considerar também, que juntamente com o número finito de pás, vem
o aumento da espessura das mesmas que acaba por estreitar o canal de saída do
rotor alterando o perfil de velocidades. Seja a figura 5-9, sendo k o número de pás
do rotor.
Figura 5.9 – Grandezas de espessura da pá na aresta de pressão.
O comprimento do arco de circunferência entre duas pás sucessivas é:
k
D2
2
π ϕ = (5.2)
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A espessura da pá, medida na direção tangencial é:
2
22
sen
s
β
σ = (5.3)
onde 2s é a espessura da parede da pá.
A componente meridiana 3mc da velocidade absoluta fora do rotor será menor
do que a componente meridiana 2mc na saída do rotor e dada por:
2
222m3m cc
ϕ
σ ϕ −= (5.4)
A componente tangencial '2uc não se altera fora do rotor, uma vez que nesta
região não há conjugado disponível para tal. Assim, tem-se que '2u3u cc = .
Desta forma, o triângulo de velocidades 223 CBA define o fluxo no exterior do
rotor. Seu vértice 3A está situado abaixo de '2A , na mesma vertical deste último.
Evidentemente, a mudança de estado de escoamento de '2A para 3A ocorre a certa
distância fora do rotor, a qual não pode ser visualizada no triângulo de velocidades.
5.2.2. Aresta de sucção ou lado de entrada do rotor
Neste caso, é necessário considerar somente a espessura das pás, as quais
reduzem o canal de entrada do rotor. Analogamente, tem-se:
kD1
1π
ϕ = (5.5)
1
11 sen
s β
σ = (5.6)
11
10m1m cc
σ ϕ
ϕ
−= (5.7)
onde 0mc é a componente meridiana da velocidade absoluta do líquido antes de sua
entrada no rotor.
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90
Figura 5.10 – Diagrama de velocidades na aresta de sucção.
A figura 5.10 mostra o diagrama de velocidades na aresta de sucção para um
ângulo de fluxo qualquer 0α . Em muitos casos, º900 =α , quando então se temº901 =α , 1u0u cc = , 0m0 cc = e 1m1 cc = .
5.2.3. O método de Pfleiderer para o cálculo da redução de potência
Da figura 5.11 pode-se notar que o ângulo real '2 β é menor que o teórico 2 β ,
enquanto que o ângulo real '2α é maior do que o teórico 2α . Também se pode notar
que a componente tangencial'2uc da velocidade absoluta é menor do que aquela
2uc do triângulo teórico.
Figura 5.11 – Triângulos de velocidades, real e teórico, na aresta de saída do rotor.
Assim, lembrando que a energia específica transferida de uma máquina de
fluxo para o fluido é dada pela equação (4.37), para o caso de uma de uma bomba
com infinitas pás, pode-se escrever que:
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'2u2
'e cu
g1
H = (5.8)
onde 'eH é a altura de elevação desenvolvida para uma bomba centrífuga,
considerando-se um rotor real, com número finito de pás com espessura s. Com o
objetivo de continuar utilizando a mesma modelagem para rotores de infinitas pás,
define-se um coeficiente do número de pás como sendo a razão entre as
componentes tangenciais das velocidades absolutas, real e teórica:
2u
'2u
cc
= µ (5.9)
Com isso a equação que rege o escoamento em um rotor, considerando um
número finito de pás é dada por:
e'e HH µ = (5.10)
Das equações (4.42) e (5.10), pode-se escrever que:
−=
2222
2'
egcot
br2
Qu
g
uH β
π µ (5.11)
A equação (5.11) apresenta uma relaxação em relação à hipótese,
inicialmente imposta de infinitas pás. Obviamente, como o valor de µ será sempre
0< µ <1, a altura de elevação real 'eH , considerando o caso de um rotor com um
número finito de pás, será sempre inferior à altura de elevação teórica eH , como
mostra a figura 5.12.
A avaliação do valor de µ pode ser feita em laboratório ou por meio de
expressões disponíveis na literatura. Essas expressões são resultado de ensaios em
laboratórios realizados em institutos de pesquisa ou universidades. As expressões
propostas por Pfleiderer são conhecidas. O pesquisador postulou que as condições
operacionais das bombas (vazão, altura de elevação e rotação) não influenciam o
coeficiente do número de pás, sendo este uma função do número de pás k, do
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ângulo de saída 2 β , e do comprimento das pás L ou, no caso de rotores radiais, da
razão D1 /D2 ou r1 /r2.
Figura 5.12 – Curvas características da bomba: influência do coeficiente do número de pás.
Portanto, o coeficiente do número de pás é uma função apenas de
características geométricas do rotor. Para rotores radiais de bombas, Pfleiderer
propõe:
−
+
=
2
2
1
rr
1k
21
1λ
µ (5.12)
Os valores de λ recomendados são:
• para bombas com difusor de aletas na saída do rotor:
2sen6,06,0 β λ += (5.13)
• para bombas com difusor espiral na saída do rotor e com21
rr
2
1 < e º902 < β :
( )( )2sen6,06,03até1 β λ += (5.14)
• para bombas com difusor espiral na saída do rotor e com21
rr
2
1 > e º902 > β :
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93
( )( )
+=
2
1
2 r
rsen12,1até1 β λ (5.15)
Para rotores axiais, tem-se:
Lkr
1
1λ
µ
+
= (5.16)
( )( )2sen12,1até1 β λ += (5.17)
onde r é o raio médio do rotor e L é o comprimento axial da pá.
A título de ilustração, a tabela a seguir mostra o valor do coeficiente do
número de pás µ em função do número de pás k para um rotor radial, de acordo
com a proposição de Pfleiderer.
k 4 6 8 10 12
µ 0,624 0,714 0,768 0,806 0,834
Tabela 5.1 – Variação do coeficiente µ com o número de pás k de um rotor radial.
5.3. Correção devido às perdas hidráulicas
A equação (5.11) representa a altura de elevação desenvolvida por uma
bomba centrífuga considerando um número finito de pás com espessura definida e
desprezando as perdas envolvidas no processo de transferência de energia (perdas
viscosas). Portanto, para se determinar a altura de elevação real, é necessário
contabilizar as perdas hidráulicas oriundas do fato do fluido possuir viscosidade.
Pode-se escrever que:
∑−= J'e
"e HHH (5.18)
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onde ∑ JH representa a altura de elevação desperdiçada devido às
irreversibilidades presentes no processo de transferência de energia no interior do
rotor. A relação entre a altura de elevação corrigida 'eH com a real "
eH define a
eficiência hidráulica do rotor, ou seja:
'e
J'e
'e
"e
hH
HH
H
H ∑−==η (5.19)
A eficiência hidráulica é, evidentemente, maior que a eficiência total tη da
bomba, pois esta considera ainda as perdas volumétricas e mecânicas. Substituindoa equação (5.11) em (5.19), tem-se:
e
"e
'e
"e
h HH
H
H µ
η == (5.20)
Para facilitar a análise e, conseqüentemente, a determinação das perdas
hidráulicas, é conveniente tratá-las como a superposição de duas parcelas: “perdas
hidráulicas ordinárias ” e “perdas por choque ” na entrada do rotor. Dessa forma é
possível escrever equações apropriadas para cada um dos fenômenos que as
representam. As perdas hidráulicas ordinárias decorrem da dissipação viscosa do
escoamento do fluido nos canais formados pelas pás, difusores e/ou pás diretrizes
de entrada e saída do rotor, e da dissipação viscosa que ocorre na parte posterior do
rotor, denominado de atrito de disco . Como o escoamento turbulento é um regime
usual nas bombas, as perdas hidráulicas ordinárias são proporcionais ao quadrado
da vazão (ou da velocidade) e podem ser expressas por:
21Jh QKH = (5.21)
sendo 1K a constante de proporcionalidade dada em função das características
construtivas e dimensionais da bomba (radial ou axial, acabamento polido ou bruto,
etc.).
As perdas por choque na entrada do rotor requerem uma análise um pouco
mais apurada. Considerando uma bomba convencional, onde º901 =α , e
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95
conhecidas a rotação e a vazão, na condição de operação de projeto, o valor do
ângulo de entrada 1 β fica completamente definido. Define-se a vazão de projeto
como sendo Q. Deve-se observar que se a bomba operar sob condições diferentesdas previstas em projeto, ou seja, com vazões ou rotações diferentes, o ângulo 1 β
pode variar, fazendo com que o fluido não entre no canal do rotor tangenciando a
pá. Se a incidência não é tangencial, haverá perturbação no escoamento com a
formação de vórtices, regiões de recirculação, descolamento da camada limite,
formação de espaços mortos, etc, como já visto anteriormente. A dissipação de
energia nos casos em que a entrada de líquido não tangencia a páconstitui o que se
denomina de perda por choque . Não se deve confundir este choque com o choquemecânico entre as moléculas de fluido com a aresta do canal.
São três as possibilidades de escoamento na entrada do rotor, conforme
mostrado na figura 5.13.
(a) (b) (c)
Figura 5.13 – Diferentes ângulos de entrada do líquido no rotor.
(a) 1010 ww =→= β β : não há perda por choque, pois a velocidade relativa étangencial à pá na entrada do rotor;
(b) 1'01
'0 ww >→< β β : o escoamento será acelerado devido à diminuição na
área de entrada (S’ < S); logo, haverá uma aumento na velocidade relativa; a
dissipação de energia que ocorre nesta condição operacional é denominada de
choque de aceleração ; há formação de vórtices, basicamente, na região frontal das
pás;
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(c) (b) 1"01
"0 ww <→> β β : o escoamento será retardado, pois a seção
transversal do escoamento aumenta (S’ > S) e a velocidade relativa diminui, sendo
denominado de choque de retardamento . Há formação de vórtices, principalmente,
na região dorsal das pás.
As perdas por choque podem ser calculadas por uma expressão do tipo:
2w
H2c
Jc χ = (5.22)
onde 10c www −= e , uma constante de proporcionalidade que varia entre 0,5 e
0,7 dependendo do tipo de choque: aceleração ou retardamento. Uma modificaçãoda equação (5.22) pode ser feita em função da vazão. Com isso, por conveniência,
tem-se que:
( )2t2Jc QQKH −= (5.23)
onde ( )tQQ − representa o desvio da vazão de operação Q em relação a vazão
teórica de projeto tQ , que é a vazão com a qual não há choques na entrada do
rotor. Com as equações (5.21) e (5.23), as perdas envolvidas no processo de
transferência de energia podem, então, ser avaliadas por:
( )2t22
1J QQKQKH −+=∑ (5.24)
5.4. A equação característica real da bomba centrífuga
Com as equações (5.11), (5.18) e (5.24), pode-se, finalmente, avaliar a altura
de elevação real em função da vazão e rotação de projeto, vazão de operação, eparâmetros geométricos do rotor, conforme segue:
( )2t22
1222
22"
e QQKQKgcotbr2
Qu
gu
H −−−
−= β
π µ (5.25)
Para ilustrar a característica real de uma máquina de fluxo dinâmica, a figura
5.14 mostra a curva da altura de elevação real de uma bomba centrífuga
convencional ( º902<
β e º901=
α ).
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Figura 5.14 – Curva real de uma bomba centrífuga e discriminação das perdas hidráulicas.
Observe que foram traçadas as curvas das duas componentes das perdas
hidráulicas: ordinárias e por choque. É fácil mostrar que a máxima altura de elevação
de uma bomba é desenvolvida para uma vazão Qmax menor do que Qt (vazão teórica
de projeto), quando a entrada do escoamento no rotor se dá sem choque. Ou ainda,
que a vazão Qmín, correspondente à perda hidráulica mínima, também é inferior à
vazão teórica de projeto Qt: basta derivar as curvas correspondentes em relação a Q
e achar os respectivos pontos de derivada nula. Para a curva da figura 5.14, a vazão
de projeto se dá em 31,04m3 /h, ponto em que a perda hidráulica por choque tende a
zero, uma vez que a bomba está operando na condição para qual foi desenvolvida.
Na secção 5.8 será mostrado como levantar essas curvas, bem como determinar os
valores de K1, K2, Q e µ , da equação (5.25), a partir de dados de operação
fornecidos pelo fabricante desse tipo de equipamento.
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98
5.5. A escolha do ângulo 2 β e a forma das pás
A curva característica real de uma bomba centrífuga difere substancialmentedas curvas teóricas, qualquer que seja o valor do ângulo 2 β . A curva para º902 < β
apresenta a mesma tendência da curva teórica, ou seja, redução da altura de
elevação na medida em que cresce a vazão. No entanto, as curvas para º902 = β e
º902 > β têm comportamento inverossímil. Na medida em que a vazão aumenta, é
de se esperar que, nos escoamentos reais (viscosos), a energia dissipada (em
perdas hidráulicas, por exemplo) aumente com o quadrado da vazão. Assim, parcela
substancial da potência disponível no eixo é irreversivelmente dissipada e a energiaespecífica transferida não pode, indefinidamente, aumentar ou mesmo se manter
constante com o aumento da vazão.
A influência da magnitude do ângulo 2 β sobre a curva característica da
bomba e sobre as formas construtivas das pás dos rotores, entretanto, deve ser
objeto de análise. As bombas centrífugas quase sempre apresentam rotores com
pás curvadas para trás em relação ao sentido de rotação do rotor, ou seja, º902 < β .
Os valores usuais para 2 β estão por volta dos 30º. Em bombas mais antigas, de
pequena potência e baixa responsabilidade, pode-se ainda encontrar rotores com
pás radiais inteiramente retas, com º9021 == β β . Porém, estão se tornando
raridade, pois só eram fabricados devido à facilidade de execução de sua forma com
meios tecnológicos disponíveis à época.
A figura 5.15 ilustra exemplos de possibilidade construtiva de rotores, com as
pás curvadas para trás ( º902 < β ), com pás curvas radiais na saída do canal
( º902 = β ), com pás curvadas para frente ( º902 > β ) e, finalmente, com pás retas
radiais ( º9021 == β β ). Note que estão, também, representados nessas figuras os
respectivos triângulos de velocidades, nas arestas de entrada e saída do rotor. Os
desenhos foram feitos de modo que a rotação fosse a mesma em todos os rotores
mostrados, bem como os raios de entrada e saída. Também foi mantida constante a
velocidade na direção radial entre entrada e saída de todos os rotores. Isto implica
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em afirmar que, se a largura do rotor for a mesma para todos os casos, a vazão
descarregada por cada um deles é aproximadamente a mesma. Dessa forma, fica
evidente que quando se compara o escoamento através de cada um dos rotoresmostrados, pás curvadas para frente impõem ao escoamento as maiores
velocidades absolutas 2c na saída do rotor.
Figura 5.15 – diferentes formas de pás no rotor(a) curvada para trás, (b) curvada saída radial, (c) curvada para frente, (d) radial reta
Portanto, se as grandezas geométricas são semelhantes e as características
operacionais tais como vazão e rotação são as mesmas, a maior velocidade 2c
( º902 > β ) é resultado somente da curvatura da pá. Quanto maior a velocidade,
maior a dissipação viscosa do escoamento, implicando em menor eficiência no
processo de transferência de energia do rotor ao líquido na bomba. Conclui-se,
então, que da potência disponível no eixo da bomba, uma parcela bastante
considerável será dissipada em perdas hidráulicas se o rotor tiver º902 > β .
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100
5.6. O grau de reação
O grau de reação de uma bomba centrífuga é um conceito intimamente
relacionado com a forma e curvatura das pás, bem como com a eficiência do
processo de transferência de energia que se processa no interior do rotor.
A altura de elevação da bomba pode ser expressa em termos de variáveis do
escoamento nas regiões de entrada e saída do rotor, definindo-se um volume de
controle que o envolva (vide figura 4.5). Aplicando a 1ª lei da termodinâmica a este
volume de controle, tem-se que:
b
21
2212
e hg2cc
gpp
H +−
+−
= ρ
(5.26)
onde p representa a pressão, c a velocidade absoluta e bh representa da diferença
média de cota entre entrada e saída do rotor. Porém, qualquer que seja a
configuração de montagem da bomba (e do rotor), com eixo vertical ou horizontal, o
termo pode ser desprezado. A altura de elevação teórica infinita é então reescrita daseguinte forma:
cEp
21
2212
e HHg2cc
gpp
H ∆∆ +=−
+−
= ρ
(5.27)
sendo pH∆ a energia específica transferida sob a forma de variação de pressão e
cEH∆ a energia transferida sob a forma de variação de energia cinética. Dividindo-se
todos os termos da equação acima por eH e rearranjando, tem-se:
e
cE
e
p
H
H1
H
H ∆∆−= (5.28)
A razão ep HH∆ é denominada grau de reação da bomba centrífuga.
Representa a fração da energia total que é transferida no rotor sob a forma de
variação de pressão. Pode-se desenvolver mais a equação do grau de reação e
expressá-lo em termos de características geométricas do rotor:
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101
e
21
22
e
p
gH2cc
1H
H −−=
∆ (5.29)
Trabalhando os termos das velocidades absolutas com a relação de
Pitágoras, tem-se:
21u
21m
22u
22m
21
22 cccccc +−+=− (5.30)
Para rotores convencionais, com º901 =α , tem-se que 0c 1u = . Logo:
21m
22u
22m
21
22 ccccc −+=− (5.31)
No projeto de rotores das bombas é usual adotar-se, como critério, a
igualdade das velocidades radiais, ou meridianas, na entrada e saída do rotor, isto é,
2m1m cc = , de forma a atender ao critério de conservação de massa. É o que
comumente se denomina "manter a velocidade meridional constante ". Se este
critério é considerado, a equação (5.32) assume a forma:
22u
21
22 ccc =− (5.32)
Substituindo a equação (5.32) na equação (5.29), tem-se:
e
22u
e
p
gH2c
1H
H−=
∆ (5.33)
ou ainda:
−=
∆
22
2m
e
p
tguc
121
H
H
β (5.34)
Da análise da equação (5.34), pode-se concluir que quanto menor o ângulo
2 β , maior será a fração da energia específica transferida como incremento de
pressão ao escoamento, isto é, maior será o grau de reação da bomba. Em
contrapartida, quanto maior 2 β , maior será a fração da energia transferida como
variação de energia cinética. Neste caso, têm-se maiores velocidades do
escoamento na saída do rotor, o que implica em maiores perdas viscosas e menor
eficiência do equipamento, como já foi discutido. O grau de reação de uma máquina
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102
de fluxo está assim associado à forma do rotor e à eficiência no processo de
transferência de energia. A tabela 5.2 apresenta os graus de reação para três
condições gerais para o ângulo 2 β .
Ângulo de saída 2 Grau de reação ep HH∆
< 90º > 1/2= 90º = 1/2> 90º < 1/2
Tabela 5.2 – Grau de reação da bomba em função do ângulo 2 β .
O conceito do grau de reação é utilizado, inclusive, para classificar máquinas
de fluxo. Uma máquina de fluxo é dita "de reação " se o seu grau de reação é maior
do que zero, isto é, se a pressão de saída do escoamento é maior que a pressão de
entrada. É o caso geral das bombas. Se o processo de transferência de energia
ocorre à pressão constante, ou seja, grau de reação zero, a máquina de fluxo é
denominada "de ação ", como é o caso da uma turbina Pelton, onde toda energia
cinética advinda do movimento do fluido é transformada em energia de rotação do
rotor da turbina.
5.7. A forma do canal do rotor e peculiaridades do escoamento
A forma do canal formado por duas pás consecutivas do rotor é estabelecida
pela magnitude do ângulo 2 β . Dependendo do valor escolhido, algumas
particularidades são impostas ao escoamento do fluido, como será mostrado a
seguir.
Considere um rotor de uma bomba centrífuga radial com aletas curvadas para
trás em relação ao sentido de giro do rotor ( º902 < β ). A linha média do canal
formado por duas pás consecutivas está representada por a-b, conforme figura 5.16.
Quando se retifica o canal (isto é, a linha média a-b é "esticada" para se tornar uma
reta), a forma resultante fica como mostrado na figura 5.16a. O canal é comprido, o
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103
que implica em uma mudança gradual de largura, desde a entrada até a saída do
rotor.
(a) (b) (c)
Figura 5.16 – Retificação dos canais de rotores de máquinas de fluxo.
Se o rotor tem pás com ângulo º902 = β , o canal retificado tem a forma
mostrada na figura 5.16b. É o canal mais curto e, portanto, apresenta uma variação
mais acentuada da área da seção transversal ao longo do escoamento.
Conseqüentemente, é um canal desfavorável do ponto de vista dos escoamentos
hidrodinâmico e aerodinâmico, com maiores possibilidades de ocorrência de
descolamento de camada limite à medida que a vazão de fluido aumenta.
Se o rotor tem aletas com ângulo º902 > β , o canal retificado tem a forma
mostrada na figura 5.16c. É um canal de comprimento intermediário, mas comconfiguração ainda mais desfavorável do que com º902 = β . Impõe variação súbita
de direção da velocidade relativa w em uma posição intermediária do rotor com a
conseqüente variação brusca da área transversal nesta posição.
Da análise qualitativa do escoamento, do ponto de vista de processos
relacionados à hidrodinâmica ou à aerodinâmica, rotores com aletas curvadas para
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104
trás devem operar mais eficientemente do que rotores com aletas radiais na saída
ou rotores com canais curvados para frente.
As pás dos rotores de bombas são, em geral, curvados para trás. O ângulo desaída 2 β tem, em média, 40º.
5.8. As curvas teóricas corrigidas para a bomba
A curva característica principal não é uma reta, conforme mostra a figura 4.8.
De fato, ela é uma curva, resultado das seguintes influências:
a. o número de pás é finito e não são infinitamente delgadas. Há um desvio dastrajetórias à saída das pás e uma variação das componentes meridianas das
velocidades. Portanto, o valor da altura de elevação será menor do que o teórico,
começando numa ordenada inferior à g2u 22 ;
b. perdas de energia devidas ao atrito do líquido no rotor, condução imperfeita das
veias líquidas, transformação de elevada parcela de energia cinética em energia
de pressão, choques de entrada e saída e perdas volumétricas nos interstícios,
labirintos e espaços entre o rotor, difusor e coletor.
A figura 5.17 mostra as curvas teóricas corrigidas H = f(Q) para uma bomba
operando à rotação constante. As linhas retas tracejadas demonstram as curvas
teóricas idealizadas (ver figura 4.8).
Figura 5.17 – Curvas teóricas corrigidas para bombas.
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105
6 A formulação diferencial do escoamento
O objetivo deste capítulo é desenvolver uma equação que descreva atransferência de energia ao longo do rotor utilizando o enfoque diferencial, ou seja,
uma equação fundamental pela forma diferencial.
Considere um volume de controle infinitesimal no canal do rotor de uma
bomba centrífuga como apresentado na figura 6.1. O volume de controle está em
uma posição genérica em um dos canais do rotor que gira com a velocidade angular
ω . Note que a velocidade de uma partícula fluida em relação ao volume de controle
mostrado é w. Essa partícula fluida percorre o rotor ao longo da trajetória , sempre
tangente às pás do rotor que são as fronteiras do volume de controle. O volume de
controle mostrado na figura 6.2, tem sua posição determinada pelo sistema de
coordenadas (r, β ).
Figura 6.1– Corte axial do rotor de uma bomba centrífuga com detalhe do volume de controleinfinitesimal em uma posição genérica do rotor.
Figura 6.2 – Corte radial do rotor de uma bomba centrífuga com detalhe do triângulo de velocidades,em uma posição genérica no canal do rotor, dentro do volume de controle.
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106
Retificando o volume de controle, temos a figura 6.3. O comprimento
retificado desse volume de controle é ∆L. As pressões e velocidades relativas são:
• na entrada do volume de controle: p e w, respectivamente;
• na saída do volume de controle: LdLdp
p ∆+ e LdLdw
w ∆+ , respectivamente.
Também estão mostradas na figura 6.3 a força centrífuga 2rω ρ e a tensão de
cisalhamento τ nas faces do volume de controle que estão em contato com as pás
do rotor.
Figura 6.3 – Volume de controle diferencial retificado, com as velocidades e pressões nas faces de
entrada e saída.
As hipóteses aplicadas a essa formulação diferencial são semelhantes às
aplicadas à formulação integral: escoamento unidimensional em , de forma que p e
w são uniformes na secção transversal ao escoamento, ou seja, não dependem de
β , mas tão somente do raio r. O fluido de trabalho será considerado como sendo
incompressível. Uma simplificação importante é considerar que não há variação de
área ao longo da trajetória , isto é, 0ddA = . É considerado também, que ovolume de controle infinitesimal tem a forma de um paralelepípedo regular, conforme
mostra a figura 6.3.
Adotando o princípio da conservação da massa que atravessa o volume de
controle infinitesimal, pode-se escrever a variação do fluxo de massa como segue:
0ddA
ALdLdw
pwwA =
∆+
∆++−
ρ ρ (6.1)
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107
Considerando de que não há variação de área na direção , tem-se:
0LdL
dwAwAwA =∆++− ρ ρ ρ
0LdLdw
A =∆ ρ (6.2)
Escrevendo a equação (6.2) na forma de fluxo mássico por unidade de
volume, tem-se que:
0dLdw
= ρ (6.3)
A equação da conservação da quantidade de movimento na direção é
determinada por um balanço de forças no volume de controle. Assim, tem-se:
∑ = maFs
LdLdw
AwLbLgALsenArALdLdp
ppA 2∆=∆−∆+∆+
∆+− ρ τ ρ β ω ρ
LdLdwAwLbLgALsenArL
dLdpA 2 ∆=∆−∆+∆+∆ ρ τ ρ β ω ρ
Ab
gsenrdLdp
dLdw
w 2 τ ρ β ω ρ ρ −++−= (6.4)
Assim, pode-se dizer que o fluxo líquido de quantidade de movimento através
do volume de controle é igual à resultante das forças superficiais associadas à
pressão e à viscosidade e das componentes em das forças campo gravitacional e
centrífuga. Deve-se lembrar que não há aceleração associada à variação davelocidade angular ω do rotor ou que o referencial do rotor não se desloca em
relação a um referencial inercial. A componente gravitacional é desprezível frente à
força centrífuga, pois rotores de bombas giram com velocidades angulares elevadas
e o último termo no segundo membro da equação (6.4) pode ser considerado
pequeno frente à força de campo centrífuga.
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108
A força de atrito atrF resulta dos efeitos da viscosidade, a qual gera tensões
viscosas vτ e turbulentas tτ no escoamento. Há, ainda, a tensão de cisalhamento
que atua nas paredes laterais das pás, representada por pτ . Dessa forma, pode-se
escrever que:
( ) ph
tvatr D1
dLd
F τ τ τ ++= (6.5)
onde Dh é o diâmetro hidráulico do canal. No caso específico do escoamento no
canal do rotor de bombas centrífugas operando com fluidos de baixa viscosidade, a
tensão viscosa vτ é desprezível frente à tensão turbulenta tτ . A tensão cisalhante
pτ é usualmente calculada por:
=
2,p w
21
f ρ τ ω β (6.6)
onde ω β ,f é o fator de atrito associado. No caso de bombas, o fator de atrito deve
considerar os efeitos de curvatura da geometria considerada, além de considerar a
rotação do canal. Isto posto, a equação (6.5) assume a forma:
2
h,
tatr w
21
D1
fdLd
F ρ τ
ω β += (6.7)
Substituindo a equação (6.7) na equação da conservação da quantidade de
movimento (6.4), tem-se:
dLd
w21
D1
fdLdp
senrdLdw
w t2
h,
2 τ ρ β ω ρ ρ ω β −−−=− (6.8)
Pela hipótese imposta de que a velocidade relativa não varia ao longo de , o
primeiro termo do primeiro membro da equação (6.8) pode ser desconsiderado. Isso
ocorre porque, no caso de bombas centrífugas, é comum projetar-se rotores onde a
velocidade na direção radial se mantenha constante. Com isso tem-se:
0)sen(d)wsen(d
0dr
dcm ≅⇒≅ β
(6.9)
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109
Em bombas centrífugas, com as pás curvadas para trás, o ângulo β varia
poucos graus entre entrada e saída. Isso faz com que a hipótese assumida de que a
velocidade relativa se mantenha constante ao longo de seja razoável. Umaimplicação importante dessa hipótese é de que o termo de tensões turbulentas
também tende a zero. Assim:
dLd
w21
D1
fdLdp
senrdLdw
w t2
h,
2 τ ρ β ω ρ ρ ω β −−−=−
2
h,
2 w21
D1
fsenrdLdp
ρ β ω ρ ω β −= (6.10)
Pela equação (6.10), em uma bomba centrífuga radial com pás curvadas para
trás, o gradiente de pressão é gerado predominantemente pela força centrífuga.
Porém, devido a perdas por atrito viscoso, a transformação de energia não é total.
Vale ressaltar que essa equação só é valida para bombas onde o ângulo β varia
pouco entre a entrada e saída do canal do rotor. Para o caso onde o ângulo β varie
muito, como em um rotor com pás curvadas para frente, a velocidade w pode
diminuir ao longo do canal e o termo inercial dado pelo primeiro membro da equação
(6.8) poderá contribuir na redução da pressão. Ademais, a força associada à tensão
turbulenta não será mais desprezível, contribuindo também para reduzir a pressão e
aumentando o fator de atrito associado ω β ,f , pois o canal apresenta curvatura
acentuada. Estes efeitos são indesejáveis, evidentemente, e fazem com que a
grande maioria das bombas tenha rotores com pás curvadas para trás, pois do ponto
de vista da conservação da energia, não se deseja uma dissipação acentuada
provocada pela viscosidade do fluido.Imaginando que somente o termo de pressão contribui significativamente para
a formação da altura de elevação H, pode-se escrever que:
gpp
H 12
ρ
−= (6.11)
0 0
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110
Pela equação (6.11), é necessário determinar a diferença de pressão
existente entre a entrada e a saída do rotor. Isso pode ser feito através da equação
(6.10), da seguinte forma:
dLw21
D1
frsendp 2
h,
2∫ ∫
−= ρ β ω ρ ω β
∫∫ −=− dLw21
D1
fdLrsenpp 2
h,
212 ρ β ω ρ ω β
( )122
h,
212 LLw
21
D1
fsen
drrsenpp −−=− ∫ ρ
β β ω ρ ω β
( )
−−−=−
1
1
2
22
h,
21
22
2
12 senr
senr
w21
D1
frr2
pp β β
ρ ω ρ
ω β
−−
−=−
12
1
2
2
h
2,2
2
21
22
2
12 sen1
rr
sen1
w21
Dr
fr
r1
2r
pp β β
ρ ω ρ
ω β (6.12)
Substituindo a equação (6.12) em (6.11), tem-se:
−−
−=
12
1
2
2
h
2,2
2
21
22
2
sen1
rr
sen1
wg21
Dr
fr
r1
g2r
H β β
ω ω β (6.13)
ou ainda:
−−
−=
12
1
2
2
h
2,2
2
21
22
sen1
rr
sen1
wg21
Dr
fr
r1
g2u
H β β
ω β (6.14)
A equação (6.14) é similar àquela já obtida com a formulação integral,
utilizando a equação de conservação da quantidade de movimento linear. Portanto,
valores numéricos calculados com as duas expressões (integral ou diferencial)
deverão ser muito próximos. Observe que a equação (6.14) ainda não inclui uma
correção de efeitos decorrentes da não unidimensionalidade do escoamento, o que
pode ser obtido com o coeficiente do número de pás µ , multiplicando o primeiro
termo à direita do sinal de igualdade:
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111
−−
−=
12
1
2
2
h
2,2
2
21
22
sen1
rr
sen1
wg21
Dr
fr
r1
g2u
H β β
µ ω β (6.15)
Nota-se, também, que na equação da altura de elevação obtida pela
formulação diferencial, o termo de dissipação viscosa (perda hidráulicas envolvidas
na transferência de energia) está explícito. Na formulação integral, as perdas foram
subdividas em duas parcelas (perdas viscosas e perdas por choques). A diferença
agora está justamente na determinação do fator de atrito ω β ,f que contabilize o
efeito de curvatura das pás e também os efeitos de rotação do rotor.
É possível e conveniente obter-se uma adimensionalidade na equação (6.15).Para tanto, divide-se todos os termos por uma pressão dinâmica de referência, por
exemplo, associada à velocidade sv do escoamento na sucção da bomba. A
escolha da referência é livre. Dessa forma tem-se que:
−−
−=
−
12
1
22
s
2
h
2,2
2
21
2s
22
2s
12
sen1
rr
sen1
v
wDr
fr
r1
v
u
v21
pp β β
µ
ρ ω β (6.16)
O parâmetro à direita do sinal de igualdade é denominado número de Euler Ε
e representa a razão entre as forças associadas ao gradiente de pressão e à inércia
do escoamento. Esse parâmetro também é conhecido como coeficiente de pressão
ou de carga cΩ Na equação (6.16), o primeiro termo à direita do sinal da igualdade
é a razão entre a força de campo centrífuga na saída do rotor e a força de inércia do
escoamento na sucção da bomba, ou ainda, é o quadrado do inverso do número de
Rossby dado por 2so rvR ω = . Finalmente, aparece no segundo termo à direita, a
razão entre a força de atrito do escoamento no canal e a recém mencionada força
de inércia. A razão entre as velocidades w e vs será denominada de número de
velocidade Nw. Substituindo esses vários parâmetros e definições na equação (6.16),
tem-se:
−−
−
=Ε
12
1
2
2w
h
2,2
2
21
2
o sen1
rr
sen1
NDr
fr
r1
R1
β β µ ω β (6.17)
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112
Se as simplificações foram razoáveis, a curva teórica de uma bomba
centrífuga será bem representada, ou ajustada, por esta equação. Da mesma forma,
a parametrização para a altura de elevação em função da vazão, obtida com aformulação integral, também será bem sucedida. Com isso, pode-se representar a
equação real de uma bomba centrífuga em termos da altura de elevação versus
vazão (HxQ) ou em termos do número de Euler Ε (coeficiente de pressão cΩ )
versus uma função que engloba os números de Rossby e o número de velocidade,
dada por )N,R(f woΕ . O gradiente de pressão (ou a energia específica) desenvolvido
por uma bomba centrífuga varia linearmente com o campo centrífugo gerado pela
rotação do rotor e é uma função quase-quadrática da vazão descarregada, expressano número de velocidade Nw. A parametrização das curvas em termos destas
variáveis indicará a qualidade do modelo.
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113
7 Tratamento vetorial da aceleração de uma partícula
Pelo fato do rotor ser um elemento rotativo, é preciso estabelecer umamodelagem que contabilize os efeitos de tal rotação. Considere-se o sistema de
referência não-inercial “xyz” mostrado na figura 7.1, que gira com velocidade angular
ω
. O vetor R
representa a posição do sistema de coordenadas não-inercial em
relação ao sistema de coordenadas inercial “XYZ”. O vetor r
representa a posição
de uma partícula fluida em relação ao sistema de referências não-inercial. Dessa
forma, pode-se escrever que rRS
+= . Para efeito de simplificação, adotar-se-á:
• para o referencial inercial XYZ, o sub-índice i;
• para o referencial não inercial xyz, o sub-índice ni.
Para determinar a velocidade dessa partícula fluida em relação ao sistema de
coordenadas inercial, basta derivar o vetor S
em relação ao tempo. Desta forma:
dtrd
dtRd
dtSd
ci
+== (7.1)
Figura 7.1 – Localização de uma partícula fluida nos referenciais inercial (XYZ) e não-inercial (xyz).
O primeiro termo do lado direito da equação (7.1) representa a variação
temporal da posição do sistema de coordenadas não-inercial em relação ao inercial.
Escrevendo o vetor r
como função de suas componentes, tem-se:
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114
kz jyixr ++=
(7.2)
Com isso, pode-se escrever que:
( )kz jyixdtd
dtrd
++=
(7.3)
Os versores i , j e k também são dados em função do tempo devido à
rotação do sistema de coordenadas não-inercial. Portanto a equação (7.3) assume a
forma:
+++
++= dt
kdzdt
jdydt
idxdt
dzkdt
dy jdt
dxidt
rd
(7.4)
onde o primeiro termo entre parênteses representa a velocidade da partícula fluida
em relação ao sistema de coordenadas não-inercial nic
. O problema central consiste
em avaliar como os versores i , j e k variam com o tempo. Para esta avaliação,
considera-se a rotação de cada versor com relação às três componentes da
velocidade angular do referencial não inercial.
No plano xy, o versor i girará por causa da componente zω , conforme mostra
a figura 7.2.
Figura 7.2 – Variação da direção do versor i devido à componente zω da velocidade angular.
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115
Na figura 7.2, considerando que a variação angular θ ∆ é pequena, pode-se
utilizar o conceito de comprimento de arco que diz que θ ∆= r , onde é o
comprimento do arco, r o raio e θ ∆ a variação angular. Assim, tem-se que:
( ) ( ) ( ) θ θ ∆−=−∆+=∆= titittir (7.5)
O módulo de um versor é sempre unitário. Logo, tem-se que:
( ) ( ) θ θ ∆=−∆+=∆= tittir (7.6)
Dividindo ambos os membros da equação (7.6) por t∆ e aplicando o limite de
0t →∆ , tem-se:
( ) ( ) j
dtid
tlim
ttitti
lim z
z0t0t
ω θ
ω
=⇒∆
∆=
∆
−∆+
→∆→∆
(7.7)
De maneira análoga, no plano xz, o versor i girará devido a uma rotação no
eixo y, ou seja:
Figura 7.3 – Variação da direção do versor i devido à componente yω da velocidade angular.
Com base na figura 7.3, repetem-se as equações (7.5) e (7.6), obtendo-se:
kdt
idy
y
ω
ω
−= (7.8)
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116
A razão do sinal negativo na equação (7.8) é devida a variação do versor i
com o tempo estar no sentido negativo de z (parcela ( ) ( )titti −∆+ da figura 7.3),
considerando uma rotação em y e um t∆ muito pequeno.
Com a influência das componentes de rotação nas direções y e z, o termo
dtid assume a forma:
k jdt
idyz ω ω −= (7.9)
Para as demais parcelas dt jd e dtkd , usando-se procedimento semelhante,
pode-se obter:
ikdt jd
zx ω ω −= (7.10)
jidtkd
xy ω ω −= (7.11)
Uma vez determinada a variação de cada versor unitário com relação ao
tempo, pode-se reescrever a equação (7.4) da seguinte forma:
( ) ( ) ( )kxy jzxiyzcdtrd
yxxzzyni ω ω ω ω ω ω −+−+−+=
(7.12)
Analisando o resultado da equação (7.12), pode-se notar que os três últimos
termos dessa equação podem ser condensados sob a forma de um produto externo
entre a velocidade angular ω
e o vetor posição r
. Com isso, o vetor velocidade ic
da partícula de líquido em relação ao referencial inercial pode ser completamentedeterminado:
( ) ( ) ( )kxy jzxiyzcdtRd
c yxxzzynii ω ω ω ω ω ω −+−+−++=
(7.13)
rcdtRd
c nii
×++= ω (7.14)
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117
Para se determinar a aceleração de uma partícula fluida em relação ao
sistema de coordenadas inercial “XYZ”, basta derivar a equação (7.14) em relação
ao tempo:
( )rdtd
dtcd
dt
Rddtcd ni
2
2i
×++= ω (7.15)
Pelo fato da velocidade nic
ser referenciada ao sistema de coordenadas não-
inercial, os mesmos cuidados com relação à derivada temporal dos versores devem
ser tomados nesse passo da dedução. Com isso, tem-se:
( )rdtd
dtcd
dtRda
dtcd ni
22
ii
×++== ω
( ) ( ) ( )[ ]dtrd
rdtd
kc jcicdtd
dt
Rda zniynixni2
2
i
×+×++++= ω ω
( )rcrcadt
Rda ninini2
2
i
×+×+×+×++= ω ω ω ω
rrc2adt
Rda nini22
i
××+×+×++= ω ω ω ω (7.16)
Uma breve descrição de cada termo da equação (7.16) é feita a seguir:
:dt
Rd2
2
aceleração retilínea da origem do sistema de coordenadas não-inercial em
relação ao inercial;
nia
: aceleração retilínea de uma partícula fluida em relação ao sistema decoordenadas não-inercial;
nic2
×ω : aceleração de Coriolis decorrente do movimento da partícula dentro do
sistema de coordenadas não-inercial;
r
×ω : aceleração tangencial da partícula devido a aceleração angular do sistema de
coordenadas não-inercial;
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118
r
××ω ω : aceleração centrípeta devida à rotação do sistema de coordenadas não-
inercial.
Para o caso de escoamento em bombas, o sistema de coordenadas não-
inercial é inserido exatamente no eixo de rotação da bomba, juntamente com o
sistema de coordenadas inercial. Dessa forma, o termo 0dtRd 22=
. Se a rotação
do rotor for mantida constante, ter-se-á 0r =×
ω .
A aceleração de Coriolis resulta do produto vetorial da velocidade angular do
sistema de coordenadas não-inercial (rotação do rotor, ˆˆ ˆ0 0i j k ω ω = + + ) com o vetor
velocidade relativa, w , utilizando a nomenclatura de máquinas de fluxo. A forçaresultante da aceleração de Coriolis é transversal ao escoamento, como está
mostrado na Figura .
Figura 7.4 – Direção da força de Coriolis no escoamento dentro do rotor de uma turbomáquina.
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119
8 As diversas formas de rotor – rotação específica
Uma forma de rotor usada frequentemente na prática é a de rotor radial,conforme mostra a figura 8.1. Sua forma básica é representada pelas linhas cheias.
A partir desta forma, pode-se desenvolver as várias formas de construção, inclusive
rotores axiais, os quais são importantes devido a serem adequados ao uso com
grandes forças centrífugas e permitirem construção de bombas de vários estágios
com pequeno tamanho construtivo e mínimas perdas adicionais. Na análise que será
feita a seguir, considera-se fixo o ângulo de saída das pás 2 β , bem como se
estabelece o ângulo de entrada do escoamento como º900 =α .
Com estas simplificações, os triângulos de velocidade na aresta de pressão
serão sempre semelhantes (ver figura 5.8). Considerando a equação fundamental
(4.20) apresentada abaixo em suas diversas formas:
)coscucoscu(g1
)cucu(g1
gmgmW
H 1112221u12u2eixoe
e α α ω
−=−=Τ==
Pode-se tirar da equação (4.4), as sequintes equações específicas para asarestas de sucção e pressão:
1112
12
12
1 coscu2cuw α −+= (8.1)
2222
22
22
2 coscu2cuw α −+= (8.2)
Combinando as equações (8.1) e (8.2), tem-se:
( )2
12
22
12
22
22
1111222 uuccww21
coscucoscu −+−+−=− α α (8.3)
Com a equação (8.3), a equação (4.20) pode ser rescrita como:
( ) ( ) ( )[ ]21
22
21
22
22
21e uuccww
g21
H −+−+−= (8.4)
Pela equação (8.4), pode-se concluir que a altura de elevação teórica ideal, e
consequentemente, a altura de elevação real de uma bomba, é proporcional à
diferença dos quadrados das velocidades que constituem o triângulo de velocidades
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120
na entrada e saída do rotor. De forma inversa, pode-se afirmar que as velocidades
são proporcionais a eH , ou ainda, que a velocidade tangencial 2rω é proporcional
a eH , ou seja:
Na entrada do rotor, os triângulos de velocidade terão valores que variarão
proporcionalmente a vazão Q. A equação da conservação da massa estabelece que
a largura do rotor 2b e a velocidade absoluta 0c do fluido na região de sucção
definem a vazão Q.
Dessa maneira, obtém-se três relações de proporcionalidade para associar as
condições de operação com a forma do rotor: a rotação n, dada em função da
velocidade angular ω , a vazão Q e a altura de elevação eH .
e22 HnDu ∝∝ (8.5)
2m22 cbrQ ∝ (8.6)
0cQ ∝ (8.7)
Figura 8.1 – Linhas geométricas do rotor radial lento (linhas cheias), rotor radial de velocidade média(linhas traço-ponto) e rotor semi-axial rápido (linhas tracejadas).Fonte: Pfleiderer 3 (com adaptações)
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121
Inicialmente, considera-se a altura de elevação eH e a vazão Q constantes,
variando a rotação n. Assim, os tamanhos dos triãngulos de velocidade não podem
mudar, uma vez que 2u deve permanecer constante devido à equação (8.5). Desta
forma, D2 varia de modo inversamente proporcional à rotação e os rotores radiais,
que apresentam grandes diâmetros externos, da ordem de 2 a 3 vezes o diâmetro
de sucção, passam a ser rotores lentos, sendo classificados na forma I. Se a rotação
aumentar, a aresta externa da pá deve se mover para dentro até, por exemplo, o
diâmetro '2D da figura 8.1, de forma a manter 2u constante. Para que não haja
diminuição da superfície da pá, a qual é determinante para a transmissão de
trabalho ao líquido, deve-se mover a aresta de sucção para baixo, chegando a
mesma a ultrapassar a boca de sucção do rotor. Neste caso devido ao aparecimento
da curvatura das linhas de corrente, a pá fica duplamente curvada. O rotor, então,
toma a forma II chamada de rotor radial misto ou de média velocidade. Se a rotação
aumentar ainda mais, a aresta de pressão somente poderá se aproximar do eixo se
for situada de forma inclinada. Aparece, então, o rotor semi-axial da forma III,
conhecido como rotor rápido, no qual o valor médio do diãmetro externo fica menor
devido à colocação inclinada da aresta de pressão. Se a aresta de pressão for ainda
mais inclinada, obtém-se, como caso extremo, o rotor axial, ou de hélice, da forma
IV, na qual a aresta de pressão é praticamente radial. A figura 8.2 mostra as quatro
formas de rotor descritas.
Figura 8.2 – Formas de rotor.Fonte: Pfleiderer 3 (com adaptações)
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122
Estas quatro formas de rotor podem também ser obtidas quando se mantém
constantes a rotação n e a altura de elevação eH , aumentando-se a vazão Q. Da
mesma forma, tem-se resultados semelhantes quando se mantém a rotação n e a
vazão Q constantes , reduzindo-se a altura de elevação eH . As propriedades das
formas de rotor de I a IV são assim caracterizadas na tabela 8.1.
Torna-se interessante definir um coeficiente para caracterizar o tipo de forma
do rotor devido às diferenças existentes entre as várias formas. Tal coeficiente de
forma deve ser independente do tamanho do rotor, de maneira que rotores comforma geometricamente semelhante tenham o mesmo coeficiente de forma do rotor.
Logo, este coeficiente de forma deve apresentar uma relação entre a rotação n, a
vazão Q e a altura de elevação eH que seja independente do tamanho da máquina
e fiquem constantes para rotores de forma geometricamente semelhante.
Sabe-se que a vazão Q é sempre igual a uma secção do fluxo multiplicada
pela velocidade correspondente. Assim:
322
222
22 nDuDcDQ ∝∝∝ (8.8)
Da equação (8.5), pode-se tirar quen
HD e
2 ∝ . Combinando com a equação
(8.8), tem-se:
tetanconsQn
n4
3
e
s ==
ζ
(8.9)
tetancons
H
Qnn
43
e
s == (8.10)
As equações (8.9) e (8.10) expressam o coeficiente de forma do rotor ,
também conhecido como rotação específica sn . A equação (8.9) é um número
adimensional, desde que trabalhado em unidades coerentes; o valor numérico do
coeficiente é o mesmo, independente do sistema de unidades usado no cálculo. A
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123
grandeza eζ , como já visto, é o trabalho específico interno. Entretanto, em
engenharia, é comum dimensionalizar os termos da equação em unidades não
coerentes, utilizando-se n em rpm, Q em m³/s e eH em m. Tal é feito utilizando-se a
equação (8.10). Segundo Pfleiderer 3, a rotação específica sn pode ser definida
como “a rotação de um rotor semelhante em tudo ao rotor sendo considerado, que
tem um fluxo volumétrico de 1 m³/s para uma queda ou elevação de 1 m ”. Ele
representa simultaneamente a capacidade de aceleração, a capacidade de
escoamento e o inverso da capacidade de trabalho da bomba. Para as formas de
rotores vistos, valem os seguintes intervalos aproximados de variação dos valores
da rotação específica, conforme tabela 8.1:
Forma Rotor Tipo n Q eH sn
I radial lento baixa baixa alta 10 a 30
II misto médio média média média 30 a 60
III semi-axial rápido alta alta baixa 50 a 110
IV axialmuito
rápido
muito
alta
muito
alta
muito
baixa
110 a 150 ou
mais
Tabela 8.1 – Resumo das principais formas de rotor e suas características principais.Fonte: Pfleiderer 3 (com adaptações)
O limite inferior dado para a forma de rotor I é determinado pelo fato de que a
relação de diâmetros D2 /Ds não deve ultrapassar algo entre 2,5 e 3. Do contrário, oscanais das pás seriam muito longos e estreitos, assim como a superfície externa do
rotor. Com isto, as perdas por atrito ficariam muito grandes. Para o caso específico
de bombas, caso se necessite de uma construção mais lenta, deve-se apelar para
uma construção com vários estágios de forma a se garantir um rendimento
satisfatório.
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124
Figura 8.3 – Perdas em função da rotação específica.Fonte: Pfleiderer3
A figura 8.3 mostra o balanço de potência de bombas rotativas e axiais de
estágio simples para diferentes rotações específicas, considerando-se um fluxo de
0,1 m³/s e uma rotação de 25 rps, operando no ponto de melhor rendimento. Pode-
se notar que as perdas no labirinto e as perdas por atrito aumentam
consideravelmente para pequenas rotações específicas, enquanto as perdas
mecânicas não se alteram. As perdas nas pás inicialmente diminuem para rotações
específicas entre 10 e 30, com pequena variação, passando em seguida a aumentar
substancialmente de valor. Isto indica que para maiores rotações específicas, o
líquido não flui tão bem quando comparado a rotações específicas menores.
Levando-se em consideração todas as perdas, o melhor rendimento geral ocorre a
uma rotação específica da ordem de 50.
A figura 8.4 procura ilustrar melhor a classificação dos rotores quanto à forma
apresentada na tabela 8.1.
Figura 8.4 – Posicionamento das diversas formas de rotores em função da rotação específica.
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125
A figura 8.5 ilustra o rendimento das bombas centrífugas em relação à rotação
específica, no sistema inglês, apresentando as curvas características das mesmas,operando com a rotação constante.
Figura 8.5 – Rotação específica de bombas no sistema inglês.
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126
9 Leis de semelhança em bombas centrífugas
No projeto de uma bomba centrífuga, muitos fatores, cujas grandezas não sãoexatamente conhecidas, interferem no processo levando a certa insegurança nas
tomadas de decisão. Em se tratando de uma bomba de grande porte, tal
insegurança pode redundar em um fracasso e, assim, provocar grandes prejuízos
econômicos para o fabricante.
A lei de semelhança mecânica, de similaridade ou teoria dos modelos
compreende um conjunto de leis e conhecimentos através dos quais se torna
possível prever o comportamento de uma bomba de grande porte a partir da atuação
ou desempenho de uma bomba menor e mais econômica. No seu sentido mais
amplo, a semelhança mecânica permite aferir o comportamento de um protótipo a
partir do desempenho ou atuação de uma máquina modelo desde que, entre uma e
outra, sejam cumpridos determinados requisitos.
Um problema que freqüentemente surge na mecânica dos fluidos é de como
relacionar os dados de desempenho, obtidos em laboratório em um modelo em
escala reduzida, com o equipamento no tamanho original. Um exemplo desse
problema é o de uma usina hidroelétrica, onde a empresa que está incumbida de
construir a turbina deve antes projetar um modelo diversas vezes menor para testar
se os requisitos de projeto (eficiência, potência, torque, etc) estão sendo alcançados
e por fim, levantar, de alguma maneira, correlações desses resultados com a turbina
no tamanho original. O ensaio do modelo de laboratório é, de certa forma, uma
garantia de que o projeto está adequado, ou servirá de balizamento para a
identificação de problemas e desenvolvimento dos ajustes necessários. Note que, se
for possível estabelecer relações de similaridade entre condições operacionais de
equipamentos geometricamente similares, ou seja, prever a operação de
equipamentos em escalas geométricas diferentes, a partir do conhecimento das
condições operacionais de um único equipamento, haverá uma grande economia no
projeto ou no ensaio dos equipamentos da família similar. Basta projetar e ensaiar
um equipamento. Os demais, desde que geometricamente similares, terão suas
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127
condições operacionais determinadas a partir das relações de similaridade. Isto é o
que efetivamente ocorre na área de máquinas de fluxo. Fabricantes de bombas,
ventiladores e mesmo turbinas, usualmente fornecem os equipamentosdiscriminados por modelos, ensaiados em laboratório, que nada mais são que uma
família de equipamentos similares.
Para que se possam relacionar as condições de operação de bombas
centrífugas geometricamente similares, duas outras condições de similaridade
devem ser cumpridas: a similaridade cinemática e a similaridade dinâmica do
escoamento. A similaridade cinemática dos escoamentos implica na semelhança
entre as linhas de corrente dos escoamentos entre modelo e protótipo e,conseqüentemente, em relações constantes entre as magnitudes da velocidade em
todos os conjuntos de pontos correspondentes dos dois escoamentos, além de
manterem sentido e direção análogos. A similaridade dinâmica requer uma relação
constante entre todas as forças presentes no escoamento. No caso do escoamento
em bombas, as forças dominantes são as forças de inércia e as forças associadas
às tensões viscosas. Conseqüentemente, para cumprir com a similaridade dinâmica,
os escoamentos no modelo e no protótipo devem ter o mesmo número de Reynolds.O objetivo da analise de similaridade é encontrar uma relação de
proporcionalidade entre as condições de operação dos dois equipamentos. Serão
utilizados os subscritos m, designando modelo, e p, designando protótipo, que
identificarão as bombas geometricamente similares operando também em condições
de similaridade cinemática e dinâmica.
9.1. Semelhança geométrica
Considerando duas bombas centrífugas com rotores geometricamente
semelhantes, conforme mostrado na figura 9.1. Existe semelhança geométrica entre
duas bombas quando entre suas dimensões lineares homólogas existir sempre a
mesma relação ε , dita “razão de semelhança geométrica ”. Desta forma,
considerando os dois rotores da figura 9.1, existirá semelhança geométrica entre
ambos quando:
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128
( )
( )
( )
( )
( )
( )
( )
( )ε =====
mi
pi
m2
p2
m1
p1
m2
p2
L
L.......
b
b
D
D
D
D(9.1)
onde Li é uma dimensão geométrica qualquer válida para esta análise.
Figura 9.1 – Dimensões geométricas de similaridade do rotor.
9.2. Semelhança cinemática
A similaridade cinemática dos escoamentos implica na similaridade
geométrica dos triângulos de velocidade na saída do rotor de ambas as bombas, ou
seja:
( )
( )
( )
( )
( )
( )
( )
( )
( )
( )
( )
( )m2
p2
m2
p2
m2m
p2m
m2u
p2u
m2
p2
m2
p2
D
D
w
w
c
c
c
c
c
c
u
u
ω ===== = constante (9.2)
A vazão de cada uma das bombas analisadas é dada por:
p2m22p cbDQ π = (9.3)
m2m22m cbDQ π =
(9.4)
Pela condição de similaridade geométrica, é necessário que os parâmetros
geométricos sejam proporcionais, conforme equação (9.1). Dela se tem:
( )
( )
( )
( )m2
p2
m2
p2
b
b
D
D= (9.5)
A relação de proporcionalidade entre as vazões das duas bombas similares é,
então:
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129
m
32
p
32
m2m
22
p2m
22
m2m22
p2m22
m
p
D
D
cD
cD
cbD
cbD
Q
Q
ω
ω
π
π === (9.6)
A altura de elevação teórica ideal eH desenvolvida pela bomba centrífuga é
proporcional ao produto da velocidade tangencial 2u do rotor com a componente
tangencial 2uc da velocidade absoluta 2c na saída do rotor, conforme visto na
equação fundamental ou de Euler. A relação de proporcionalidade entre a altura de
elevação teórica ideal das bombas similares é dada por:
m
22
2
p222
m2u2
p2u2
)m(e
)p(e
D
D
cu
cu
H
H
ω
ω == (9.7)
O coeficiente do número de pás µ , conforme a equação (5.10), é a razão
entre a altura de elevação real 'eH , não descontado as perdas hidráulicas, e a altura
de elevação teórica ideal eH . Este coeficiente, como já visto, é função do ângulo de
saída das pás 2 β , da razão r1 /r2 ou D1 /D2 e número de pás k. Bombas similares,evidentemente, terão os mesmos valores de µ . Portanto:
m
22
2
p
22
2
me
pe
')m(e
')p(e
D
D
H
H
H
H
ω
ω
µ
µ == (9.8)
Lembrando que a altura de elevação real, descontadas as perdas hidráulicas,
é dada pela equação (5.20), se o requisito de similaridade dinâmica entre as bombas
for cumprido, pode-se afirmar que as eficiências hidráulicas de bombas similares são
iguais. Com isso, tem-se que:
m
22
2
p
22
2
m
'eh
p
'eh
")m(e
")p(e
D
D
H
H
H
H
ω
ω
η
η == (9.9)
A hipótese da equação (5.20) é forte e é nesse ponto que os desvios entre
teoria e prática se iniciam. Nem sempre é possível cumprir rigorosamente com a
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130
similaridade geométrica entre os equipamentos. Considere uma grande variação na
escala geométrica entre as bombas. Se, por exemplo, a rugosidade da superfície da
pá do rotor da bomba maior é X e a escala é 1:10, a rugosidade da superfície da páda bomba menor deverá ser X/10, ou seja, a bomba menor, dependendo da
situação, poderia ter superfícies internas polidas para que sua rugosidade reduzisse
nessa proporção. Nem sempre é possível construir a bomba menor com uma
rugosidade absoluta da parede da aleta atendendo a similaridade geométrica. Isto
implica em coeficientes de perdas ordinárias 1K distintos para as duas bombas. Do
diagrama de Moody, quanto maior a rugosidade relativa, para o mesmo número de
Reynolds, maior o coeficiente de perdas e maior a energia dissipada em perdashidráulicas ordinárias.
Outra hipótese forte assumida é dizer que as eficiências mecânicas de ambas
as bombas são iguais. Isso não corresponde inteiramente com a realidade, pois a
eficiência mecânica de equipamentos de pequeno porte é, em geral, menor que à de
maior tamanho. Essa hipótese, aliada à de que as eficiências hidráulicas de ambas
as bombas foram assumidas como iguais, leva a:
)m(t)p(t η η = (9.10)
onde tη representa a eficiência total da bomba. Isto implica na possibilidade de se
determinar uma relação de proporcionalidade entre as bombas. Da equação (9.2),
tira-se que:
m
5
2
3
p
52
3
m
"
e
p
"e
m
p
D
D
QHg
QHg
W
W
ω ρ
ω ρ
ρ
ρ ==
(9.11)
Note que, ao invés de se comparar duas bombas de tamanhos diferentes em
condições similares, for tomada uma mesma bomba, operando com o mesmo fluido
de trabalho, em condições de operação diferentes, a similaridade também se aplica.
Neste caso, considerando a mesma bomba operando em rotações diferentes, as
equações (9.6), (9.9) e (9.11) ficam reduzidas a:
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131
m
p
m
p
Q
Q
ω
ω = (9.12)
2m
2p
")m(e
")p(e
H
H
ω
ω = (9.13)
3m
3p
m
p
W
W
ω
ω =
(9.14)
Foi admitido acima que o rendimento total não varia, conforme equação
(9.10). Entretanto, ensaios têm revelado que somente para determinados valores de
pressão e velocidade se consegue reduzir suficientemente as perdas por atrito, por
irregularidades no escoamento e por fugas, obtendo-se rendimento máximo.
Alterando-se a rotação para um valor diferente daquele para o qual foi projetada a
bomba, o rendimento tenderá a diminuir, assumindo um novo valor para o novo
estado de funcionamento. Na realidade, portanto, deve-se corrigir a equação (9.14)
da seguinte forma:
)p(t)m(t
3m
3
p
m
pWW
η η
ω ω =
(9.15)
Se a diferença de rotação for elevada, não se pode admitir os rendimentos
como sendo iguais. Estima-se, então, o novo rendimento através da seguinte
equação empírica1:
( )1,0
)p(t
)m(t)m(t)p(t 11
−−=
η
η η η (9.16)
Tal tipo de equação exige métodos iterativos para sua solução.
As figuras 9.2 e 9.3 ilustram a similaridade existente na operação da bomba
ETA 32-16 da KSB em duas rotações distintas. A figura 9.2 apresenta um gráfico
logxlog da altura de elevação manométrica versus a vazão volumétrica de operação.
Na figura 9.3, o gráfico é linear e são apresentadas duas parábolas que representam
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132
estados de choques equivalentes para as duas rotações. Essas parábolas aparecem
como retas inclinadas na figura 9.2 devido ao gráfico ser logarítmico.
Figura 9.2 – Similaridade de operação de uma bomba centrífuga em duas rotações distintas.
Figura 9.3 – Similaridade de operação de uma bomba centrífuga, em duas rotações distintas;destaque para a parábola de similaridade onde se tem o mesmo estado de choque.
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133
9.3. Semelhança dinâmica
Encontra-se, em certas fontes bibliográficas, que se pode admitir semelhança
dinâmica entre um protótipo e um modelo quando o número de Reynolds
(característica do escoamento) for o mesmo para ambos. Porém, deve-se ter muita
cautela sob esse aspecto quando se considerar o escoamento nos canais do rotor
de uma bomba centrífuga. Stepanoff 6 cita que o número de Reynolds não possui em
si a propriedade de ser um critério de escoamento em bombas. O mesmo número de
Reynolds não assegura o mesmo padrão de distribuição de velocidades ou de
regime de fluxo, laminar ou turbulento. A variação de um regime à outro pode se dar
em diferentes taxas de escoamento, em diferentes partes da máquina. Além disso,
muito pouco é conhecido sobre o significado do número de Reynolds em um fluxo
circular em canais convergentes ou divergentes em movimento de rotação. Ademais,
números de Reynolds idênticos podem ser obtidos com bombas de diferentes
configurações construtivas ou, até mesmo, com diferentes rotações específicas.
Coeficientes adimensionais de uso comum foram desenvolvidos para serem
aplicados ao projeto de máquinas de fluxo, procurando abranger as características
dinâmicas envolvidas, formando a base para o projeto de testes com protótipos e
para o transporte de resultados por escala de um modelo para o protótipo. Na
análise feita, o coeficiente de vazão é tratado como parâmetro independente. Se os
efeitos viscosos forem desprezados, os demais coeficientes podem ser tratados
como parâmetros dependentes múltiplos. Com estas hipóteses, a semelhança
dinâmica é alcançada quando o coeficiente de vazão do modelo iguala-se ao do
protótipo.2
Abaixo, apresenta-se os coeficientes acima mencionados, aplicados à
bombas centrífugas.
9.3.1. Coeficiente adimensional de vazão vΩ
É definido pela normalização da vazão volumétrica, usando a área de saída e
a velocidade tangencial na descarga do rotor.
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134
2
2m
22v u
cuA
Q==Ω (9.17)
9.3.2. Coeficiente adimensional de carga cΩ
22
ec
u
gH=Ω (9.18)
9.3.3. Coeficiente adimensional de torque tΩ
22
22t ruA ρ
Τ
=Ω (9.19)
9.3.4. Coeficiente adimensional de potência wΩ
22
22
wQr
W
Qu
W
ρω ρ
==Ω (9.20)
Para bombas, a potência mecânica de entrada é superior à potência
hidráulica e a eficiência total é definida pela equação (3.43). Tem-se, então:
t
uu
tm
QgHW
1W
η
ρ
η ω ==Τ=
(9.21)
Introduzindo os coeficientes adimensionais das equações (9.17), (9.18) e
(9.19) na equação (9.21), obtém-se uma relação análoga entre os coeficientes
adimensionais, conforme segue:
t
vct
η ΩΩ=Ω (9.22)
9.4. Formulário de similaridade
Satisfeitos os requisitos de semelhança geométrica, cinemática e dinâmica
diz-se, então, que as duas bombas, protótipo e modelo, são mecanicamente
semelhantes. Nestas circunstâncias, é viável, a partir do funcionamento do modelo,
aferir o comportamento do protótipo, já que:
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135
• o comportamento é idêntico em idênticas situações;
• as perdas são proporcionais;
• os rendimentos são iguais;
• o coeficiente de cavitação é o mesmo.
Pode-se, então, resumir as equações em função de duas diferentes situações:
a) duas máquinas mecanicamente semelhantes:
Sendo mp DD=ε a razão de semelhança geométrica entre protótipo e
modelo e sendo estes mecanicamente semelhantes, existem as seguintes relações
entre as grandezas que caracterizam os comportamentos do protótipo e do modelo:
")m(e
")p(e
m
p
H
H1n
n
ε = (9.23)
"
)m(e
")p(e2
m
p
H
H
Q
Qε = (9.24)
23
")m(e
")p(e2
m
p
H
H
W
W
= ε
(9.25)
Se os fluidos forem diferentes, então, no caso da relação entre as potências:
23
")m(e
")p(e
m
p2
m
p
H
H
W
W
=
γ
γ ε
(9.26)
b) as máquinas são as mesmas funcionando em condições de rotação diferentes:
Se o protótipo e o modelo forem iguais, trabalhando em situações diferentes,
ou a mesma bomba trabalhando em situações diferentes, temos 1=ε e as fórmulas
fundamentais da semelhança mecânica são então chamadas de equações de
Rateaux.
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136
A bomba anteriormente funcionava com rotação nm e vazão Qm. Passa agora,
a funcionar com rotação np e vazão Qp, com o mesmo fluido. Então:
m
p
m
p
nn
= (9.27)
2m
2p
")m(e
")p(e
n
n
H
H= (9.28)
3m
3p
m
p
n
n
W
W=
(9.29)
Com fluidos diferentes, deve-se levar em consideração o peso específico γ ,
de cada fluído considerado:
3m
3p
m
p
m
p
n
n
W
W
γ
γ =
(9.30)
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137
10 Cavitação em bombas centrífugas
10.1. Definição geral
A cavitação é um fenômeno que pode ocorrer em bombas centrífugas,
caracterizando-se pela vaporização do fluido de trabalho nas regiões da máquina
onde a pressão estática atinge a pressão de vapor do líquido na temperatura
considerada. Ao ser atingida esta pressão, o líquido se vaporiza formando pequenas
bolsas, bolhas ou cavidades, razão do nome cavitação. Essas bolhas, devido à
inércia do escoamento, são levadas pela corrente líquida para regiões onde a
pressão é maior do que a pressão de vaporização do fluido. Isto faz com que haja o
colapso das mesmas e retorno imediato ao estado líquido da região anteriormente
ocupada por estas. Quando a condensação ocorre, a energia liberada é transferida
para as moléculas de líquido que circundavam as bolhas. Estas moléculas se
aceleram até velocidades muito elevadas, da ordem de uma centena de metros por
segundo, atingindo as superfícies dos componentes da bomba com energia tal
capaz de superar a resistência superficial do material envolvido, causando erosão
por fadiga superficial. O processo de erosão resulta, portanto, do choque inelásticodos micro-jatos de líquido com as superfícies dos componentes internos à bomba. A
esta erosão, comumente, dá-se o nome de “pitting ”. A figura 10.1 mostra uma hélice
de barco erosionada pelo processo da cavitação.
Figura 10.1 – Cavitação em uma hélice de barco.
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A redução da pressão absoluta à pressão de vaporização na temperatura
considerada pode ocorrer em caráter generalizado ou em caráter localizado. Este
útimo pode acontecer sem uma mudança na pressão média. Uma queda de pressãoem caráter generalizado pode ser produzida por:
• um aumento na altura estática da bomba (posição geométrica);
• uma diminuição na pressão atmosférica com elevação da altitude;
• uma diminuição na pressão absoluta do sistema, por exemplo, reservatório
sob vácuo;
• um aumento na temperatura do líquido bombeado, o qual tem o mesmo efeitode uma diminuição da pressão absoluta do sistema.
A queda de pressão em caráter localizado pode ser produzida por um dos
seguintes meios dinâmicos:
• um aumento na velocidade devido a um aumento na velocidade de rotação da
bomba;
• separação e contração no escoamento;• desvio das linhas de corrente de sua trajetória normal que ocorre, por
exemplo, em locais de obstrução ao fluxo.
A liberação de ar, vapor ou gás ou a formação de bolhas preenchidas com
estes , entretanto, não é condição suficiente para produzir cavitação, uma vez que o
efeito destas bolhas no desempenho e no comportamento das bombas podem
produzir diferentes resultados, inclusive com algum benefício específico almejado.
A cavitação, portanto, provoca erosão na superfície do material dos
componentes da bomba, tais como rotores e difusores, além de induzir vibrações e
ruídos característicos. Com o surgimento da cavitação, a operação da bomba se
torna instável, com oscilações de vazão e, consequentemente, de pressão. A
eficiência e potência útil se reduzem sensivelmente. Em casos extremos, há a
erosão total de componentes da máquina.
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Quando o fluido atinge a pressão de vaporização correspondente à
temperatura do líquido, há formação de bolhas de vapor de líquido, conforme já
visto. Assim, bombear líquido quente é diferente de bombear líquido frio, se acavitação é um fenômeno a ser considerado, uma vez que a pressão de vaporização
dos líquidos aumenta com o aumento da temperatura. Desta forma, o líquido, em
temperaturas mais elevadas, cavita precocemente se comparado ao líquido
operando em temperaturas mais baixas.
10.2. Sinais de cavitação
A cavitação pode se manifestar por um ou vários sinais, todos afetandonegativamente o desempenho da bomba e causando severos danos aos seus
componentes.
10.2.1. Vibração e ruído
São causados pelo colapso repentino das bolhas de vapor tão logo estas
alcancem zonas de pressão mais elevadas dentro da bomba. Quanto maior a
bomba, maior o ruído e vibração decorrentes da cavitação. Entretanto, deve-seconsiderar que tais sinais podem estar presentes, em graus variados, em qualquer
bomba operando em pontos afastados do ponto de melhor eficiência, devido a um
desvio significativo do ângulo 0 β do escoamento em relação ao ângulo de entrada
1 β das pás.
10.2.2. Queda na capacidade de carga e eficiência
Pode aparecer em vários graus com bombas de diferentes rotações
específicas. Com bombas de baixa rotação específica, as curvas de capacidade de
carga, eficiência e potência apresentam uma queda repentina quando a vazão é
aumentada até o ponto onde a cavitação aparece. Tal é mostrado na figura 10.2. A
figura 10.2a mostra a queda na capacidade de carga e eficiência para rotores de
diferentes diãmetros; a figura 10.2b mostra a queda na capacidade de carga e
eficiência para um rotor operando em diferentes rotações, com diferentes alturas de
sucção.
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(a) diferentes diâmetros de rotor (b) diferentes rotações e alturas de sucção
Figura 10.2 – Queda de capacidade de carga e eficiência em bombas de baixa rotação específica.Fonte: Stepanoff 6
Com bombas de rotação específica mais elevada, entretanto, a capacidade
de carga e a eficiência começam a cair gradualmente ao longo de toda a faixa de
operação antes do ponto de cavitação ser repentinamente atingido, conforme mostra
a figura 10.3. O grau de queda na capacidade de carga e na eficiência depende da
pressão de sucção e rotação específica, aumentando para altas rotações
específicas e baixas pressões de sucção.
Figura 10.3 – Queda de capacidade decarga e eficiência em bombas de altarotação específica.Fonte: Stepanoff 6
Figura 10.4 – Queda de capacidade decarga e eficiência em bombas tipopropeller , de rotação específica muitoelevada.Fonte: Stepanoff 6
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Em bombas com rotação específica muito elevada, do tipo propeller , não há
um ponto de corte definido nas curvas; ao invés disto, há uma queda gradual nacapacidade de carga e na eficiência ao longo de toda a faixa de operação. Neste
tipo de bomba, a queda na eficiência aparece antes de existir uma queda perceptível
na capacidade de carga. Portanto, uma queda na eficiência é um critério mais
confiável para se analisar as condições de cavitação. Até mesmo o indesejável ruído
pode não aparecer até que a cavitação tenha progredido além do ponto onde a
eficiência se torne comercialmente inaceitável. A figura 10.4 ilustra as curvas para
este tipo de bomba.
A diferença no comportamento das bombas de diferentes rotações
específicas resulta da diferença no projeto dos rotores. As pás de rotores de baixa
rotação específica formam um canal definido cujo comprimento depende dos
ângulos de entrada e saída das pás, do número de pás e da razão entre os
diâmetros D1 na entrada do rotor e D2 na sua saída, conforme mostra a figura 10.5a.
(a) (b) (c)
Figura 10.5 – Zonas de baixa pressão no dorso das pás do rotor.Fonte: Stepanoff 6
Quando a pressão na entrada do rotor alcança a pressão de vapor,normalmente no dorso das pás em sua entrada, ela se estende rapidamente em uma
direção cruzada A-B em toda a largura do canal, conforme mostrado na figura 10.5a,
com um pequeno aumento na vazão e diminuição na capacidade de carga. Uma
queda posterior na pressão de descarga não produzirá mais um aumento na vazão
porque a pressão diferencial que faz o líquido escoar à entrada do rotor não pode
mais ser aumentada. Esta pressão diferencial é fixada pela pressão de sucção fora
da bomba e a pressão de vapor através do canal entre duas pás na entrada do rotor.
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A figura 10.6 mostra o fenômeno da cavitação ocorrendo na região de entrada do
rotor, no dorso da pá, em uma bomba centrífuga radial.
Figura 10.6 – Cavitação em rotores de baixa rotação específica.Fonte: Instituto Pfleiderer (http://www.pfi.ing.tu-bs.de/)
Com rotores de alta rotação específica, o canal entre duas pás é mais largo e
mais curto., conforme mostra a figura 10.5b. Maior queda na capacidade de carga e
um maior aumento na vazão são requeridos para estender a zona de pressão de
vapor através de todo o canal. Portanto, a queda na capacidade de carga se
estende através de uma faixa mais ampla antes que a queda repentina ocorra
devido à cavitação.
Com rotores de rotação específica muito elevada, tipo propeller , as pás não
se sobrepõem, conforme mostra a figura 10.5c. Assim, embora a zona de baixa
pressão se estenda enquanto a altura de elevação da bomba é reduzida, sempre
haverão partes do canal que permanecerão sob pressões mais elevadas do que a
pressão de vapor e o fluxo através do rotor aumentará uniformemente, muito embora
a cavitação já esteja presente.
10.2.3. Erosão nas paredes do rotor - pitting
Se a bomba é operada sob cavitação por um período suficientemente
prolongado, ocorre a erosão das superfícies do rotor nas regiões afetadas pela
cavitação, também conhecido como “pitting ”. O montante de material perdido
depende do material do rotor e do grau de cavitação. Análises conclusivas
realizadas por Foettinger mostraram que o pitting é causado somente por ação
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mecânica devido ao colapso das bolhas. Ação química ou eletrolítica são totalmente
insignificantes neste processo. Ademais, estas, se ocorrerem, atacam o material
como um todo e não somente regiões localizadas, como é o caso da erosão porcavitação, onde tais regiões estão sempre além dos pontos de baixa pressão onde
as bolhas são formadas.6
Stepanoff 6 cita o experimento de Pouter, o qual mostrou que, além da
destruição do metal causado pela fadiga da superfície como resultado dos repetidos
golpes oriundos do colapso das bolhas, partículas de metal podem ser arrancadas e
carregadas pela ação do líquido penetrando e saíndo dos poros formados pela
erosão, sob sucessivas ondas de pressão. O grau de destruição, neste caso,depende do período de tempo em que o material está sob pressão e o tempo entre
duas ondas de pressão sucessivas.
Os estudos realizados até o momento indicam não haver qualquer correlação
entre a dureza do material e o grau de erosão por cavitação, ou seja, formação de
pitting. Porém, aparentemente, o tamanho das moléculas e a viscosidade do fluído
desempenham um importante papel no processo.
A erosão por cavitação deve ser diferenciada dos fenômenos de corrosão e
erosão por abrasão. A corrosão é causada exclusivamente por ação química e
eletrolítica do fluído sobre o material dos componentes internos da bomba. A erosão
por abrasão é o desgaste da superfície do material devido à ação de corpos
carregados com o fluído no escoamento, tais como areia, carvão, coque e diversos
outros elementos abrasivos. Não há dificuldade de ordem prática em se distinguir
entre os três casos de pitting , uma vez que a aparência da superfície afetada e sua
localização dentro da bomba revelam com facilidade sua natureza.
10.3. Nucleação de bolhas
O fenômeno da cavitação ocorre em locais preferenciais que são
denominados de “pontos de nucleação de cavitação ”. Microcavidades nas
superfícies do material ou em partículas sólidas suspensas escoando com o líquido,
de modo geral, acomodam ar e são os pontos preferenciais de nucleação. A título de
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observação, pode-se inferir que o bombeamento de água com particulados favorece
a cavitação. O processo de condensação tem, também, suas particularidades. Uma
bolha de vapor pequena possui formato esférico, enquanto bolhas maioresapresentam formatos elipsóides truncados. Ambas, ao longo do processo,
transformam-se em uma bolha de geometria toroidal, formando em seu interior um
micro-jato de líquido que atravessa o núcleo. Tais geometrias são apresentadas na
figura 10.7.
(a) (b) (c)
Figura 10.7 – Tipos de bolhas em cavitação.(a) bolhas esféricas, (b) bolhas elipsóides, (c) bolhas em formato toroidal.
10.4. Medição da cavitação
A medição dos processos característicos de cavitação normalmente exige
técnicas complexas. Sensores piezoelétricos são utilizados na medição das ondas
de choque provocadas pela cavitação, câmaras de filmagem de alta velocidade (até
40.000 quadros por segundo) registram o processo de formação e colapso das
bolhas, etc. Os processos de medição variarão de acordo com o grau de exatidão
que se quer avaliar o fenômeno.
A visualização do fenômeno pode ser feita também de uma maneira bastante
simples, com o auxílio de um Venturi de parede lateral transparente. Bombeia-se o
líquido através do Venturi com uma velocidade tal que a pressão na região de menor
área de secção transversal atinja o valor da pressão de vaporização à temperatura
local do líquido. Pode-se então fotografar o escoamento com uma câmera que tenha
velocidade de obturador elevada, 1/6000s, por exemplo, e iluminação adequada.
Também se pode utilizar uma lâmpada estroboscópica e visualizar diretamente o
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surgimento e a evolução das bolhas de vapor de maior tamanho. A figura 10.8
mostra o fenômeno da cavitação em um Venturi.
Figura 10.8 – Cavitação em tubo tipo Venturi.Fonte: ENLP, França
As figuras 10.9 e 10.10, do Institut de Machine Hydraulique et de Méchanique des Fluides , juntamente com a figura 10.11, do Naval Architecture and Ocean
Engineering da University of Tokyo , ilustram diversos exemplos de situações de
cavitação
Figura 10.9 – Cavitação em perfil 2D NACA.Fonte: IMHMF, França
Figura 10.10 – Cavitação em um rotor de uma bomba com destaque para a região erodida.
Fonte: IMHMF, França
Figura 10.11 – Cavitação em nuvem (“cloud cavitation” ) em um perfil hidrodinâmico.Fonte: NAOE, Universidade de Tóquio, Japão
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A figura 10.12 mostra a instalação das janelas de visualização construídas no
difusor e no rotor de uma bomba para permitir a filmagem em alta velocidade do
fenômeno.
Figura 10.12 – Janelas de visualização de cavitação no difusor e rotor de uma bomba radial.Fonte: Instituto Pfleiderer (http://www.pfi.ing.tu-bs.de/)
10.5. Máxima altura de sucção e formação da altura de pressão crítica
Considera-se o escoamento na tubulação de sucção de uma bombacentrífuga como mostrado na figura 10.13. A equação de Bernoulli será aplicada ao
escoamento que ocorre do reservatório de sucção até a entrada do rotor, ou seja, no
lado de sucção da bomba. Deve-se lembrar que, neste trecho, não há transferência
de energia mecânica para o fluido de trabalho. A altura estática de sucção sh ,
conforme já visto, representa a diferença de pressão entre a superfície livre do
reservatório, do qual se succiona o fluido, e a entrada da bomba, localizada no eixo
de rotação do rotor, expressa em altura de coluna líquida. Para aplicação daequação de Bernoulli ao escoamento entre os pontos 1 e 2, admite-se a velocidade
do fluido na superfície do reservatório (ponto 1) como desprezível. Desta forma, tem-
se:
s2
222
1
211 Jz
g2vp
zg2
vp+++=++
γ γ (10.1)
Admitindo-se que:
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1p = pressão na superfície do reservatório e, doravante, r1 pp = ;
1v = velocidade na superfície do reservatório e, doravante, 0v1 = ;
12s zzh −=
2p = pressão de sucção na entrada da bomba e, doravante, s2 pp = ;
2v = velocidade de sucção na entrada da bomba e, doravante, s2 vv = ;
sJ = somatório das perdas de carga na linha de sucção.
A equação (10.1) fica:
ss
2ssr Jhg2
vpp++=
−
γ (10.2)
Logo, a altura de sucção Hs é dada por:
ss
2ssr
s Jhg2
vppH ++=
−=
γ (10.3)
Figura 10.13 - Esquema do sistema de bombeamento na sucção da bomba.
A altura estática de sucção também pode ser considerada como 1'2s zzh −= ,
tomando '2z no ponto mais alto da aresta de sucção das pás, nas bombas de eixo
horizontal. Nas bombas de eixo vertical, '2z deve ser tomado no ponto mais interno
da aresta de sucção. Porém, isto só tem sentido em bombas de grande porte, nas
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quais o diâmetro do rotor representa um valor considerável quando comparado com
a altura estática de sucção sh .
Conforme já visto, para se evitar a cavitação, a pressão estática no fluído não
pode alcançar a pressão de vapor do líquido, na temperatura considerada. Assim, a
capacidade de trabalho específica do líquido na extremidade de sucção não pode
ser totalmente utilizada, ou seja, não pode ser completamente transformada em
energia de velocidade. Ao definir γ vv ph = como a pressão de vaporização do
líquido na temperatura considerada, expresso em altura de coluna líquida, a máxima
altura de sucção deverá ser igual a:
vsdisps hHH −= (10.4)
A magnitude de dispsH somente pode ser determinada a partir de dados
relacionados com o bocal de instalação, não dependendo unicamente da prórpia
bomba.
Desejando-se evitar a cavitação, a altura de sucção disponível dispsH na
extremidade de sucção da bomba deve ser no mínimo igual à altura de pressão crítica ch , ou energia de segurança à cavitação . A altura de pressão crítica ch é
necessária para compensar as perdas de atrito na boca de sucção e para levar o
líquido à velocidade do fluxo existente nos canais das pás, sendo determinada pela
bomba, que apresenta boa capacidade de sucção quando ch é pequena. Seu valor
depende também da rotação, do fluxo e da qualidade de fabricação. Pfleiderer 3
sugere que:
2c
2w
h2
02
20
1c λ λ += (10.5)
onde:
0w e 0c - velocidades relativa e absoluta do fluxo imediatamente antes da aresta de
sucção das pás;
1λ e 2λ - coeficientes empíricos para a altura de pressão crítica.
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Em uma bomba ideal, do ponto de vista da capacidade de sucção, na qual
não há perdas, as pás são infinitamente finas e a velociade se distribui de maneira
perfeitamente regular, os coeficientes empíricos valeriam 01 =λ e 12 =λ . Nestabomba ideal, ch seria igual à energia de velocidade de 0c . Nas bombas reais
ocorrem perdas de atrito e de transformação sendo 0c , na equação (10.5), um valor
médio. Na realidade, em certos lugares podem ocorrer velocidades maiores. Por
estas razões, 2λ é sempre maior do que 1 em bombas, por exemplo, 1,2. As
velocidades que ocorrem nos canais das pás, superiores à velocidade 0w ,
causadas, por exemplo, pelo estreitamento da secção e pela distribuição irregular
das velocidades devido à pressão nas pás, são levadas em consideração por 1λ que
é sempre maior do que zero, por exemplo, 0,3.
A equação (10.5) admite um fluxo estacionário no tubo de sucção. No caso
em que a potência da máquina oscile, aparecem pressões adicionais no tbo de
sucção causadas pela massa líquida, as quais podem assumir grandes valores.
A formação da altura de pressão crítica ch resulta da superposição de
diversos fatores ao longo do escoamento no interior da bomba. Tais fatores, entre
tantos outros, podem ser:
• os desvios na trajetória do escoamento não são circunferencialmente uniformes;
• a diferença de pressão entre o dorso e a parte frontal da pá;
• a influência do coeficiente de contração devido à espessura das pás
• a perda de carga intrínseca ao escoamento entre a entrada da bomba e a
entrada do rotor;
• o acabamento das superfícies internas da bomba (superfície mais rugosa, maior
perda de carga).
Em rotores de aletas bem finas e com a ausência de choque na entrada, o
efeito inercial, isto é, o efeito da contração ou expansão dos tubos de corrente, é a
principal causa de formação da altura de pressão crítica ch (depressão). Em
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escoamentos onde se sobrepõem outros fenômenos, as contribuições individuais na
formação da altura crítica são impossíveis de serem determinadas a partir de
considerações teóricas.Sabendo que, para se evitar a cavitação, deve-se considerar a altura de
sucção disponível superior à altura de pressão crítica, tem-se que:
cdispsmaxs hHH −= (10.6)
No cálculo da altura de sucção deve-se adotar sempre o maior valor de ch
possível. Para um rotor com aresta de sucção inclinada, conforme figura 10.14, a
velocidade relativa 0w no ponto externo 1a é a maior possível, enquanto que 0c
praticamente não se altera ao longo da aresta de sucção. Assim, para arestas de
sucção inclinadas, o cálculo de ch deve ser feito para o ponto 1a . Os valores assim
calculados serão denotados com um índice “a” adicional.
A figura 10.14 mostra, esquematicamente, um rotor radial com aresta de
sucção inclinada a1i1. Para comparação, é indicada a forma de um rotor radial lento
através de linhas tracejadas, para o qual, em certos casos na prática, a aresta de
sucção também é estendida até a1i1.
Figura 10.14 – Rotor radial com aresta de sucção inclinada a1i1.Fonte: Pfleiderer 3
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A altura de pressão crítica depende também do ângulo relativo a0 β do fluxo
na entrada, de maneira que, para se conseguir o menor valor possível de ch , deve-
se procurar o valor ótimo deste ângulo. Considere, inicialmente, um fluxo livre de
pré-rotação na entrada de sucção, ou seja, º90a00 == α α . Faz-se, então:
a0
s
a0
a1a0 cos
nDcos
uw
β
π
β == (10.7)
a0sa0a10 ntgDtguc β π β == (10.8)
onde 1aD é diâmetro da aresta de sucção medida no ponto a1 e a0 β , o ângulo
relativo do fluxo na entrada do rotor. Ambos são relacionados à vazão Q por razões
de continuidade. Assim:
a01a2
1a0a0 ntgDD4
cAQ β π π
κ == (10.9)
sendo:
21a
2c
D
D
1−=
κ (10.10)
onde κ é um fator de estreitamento de secção que leva em conta o cubo do rotor.
Da equação (10.9), vem:
3
a021a
tgn
Q4D
β κ π = (10.11)
que também pode ser escrita na forma:
3
a02
1a1a
tg
Q2
Dr
β ω κ π == (10.12)
Substituindo a equação (10.11) nas equações (10.7) e (10.8) e combinando o
resultado com a equação (10.5), obtém-se:
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152
( )
+
= 3
a0a023 2
a0a0
2
13
22
c tgtgsencos
Qn4h2 β β λ
β β
λ
κ
π (10.13)
Sendo conhecidos os valores de 1λ , 2λ , n, Q e κ , resta somente determinar
o valor do ângulo a0 β . Como já visto, deve-se procurar um valor de ch o menor
possível. Para tanto, deriva-se o termo entre colchetes na equação (10.13) e iguala-
se o resultado a zero, obtendo-se o valor ótimo procurado para a0 β , que
corresponde ao mínimo de ch . Assim:
( )
+
=
1
2ideala0
12
1tg
λ
λ β (10.14)
Desta forma, o ângulo ( )ideala0tg β depende somente da relação 12 λ λ . Como
uma bomba ideal tem 01 ≈λ e 12 ≈λ , bombas com ótima capacidade de sucção
terão valores muito pequenos de a0 β . A título de exemplo, tomando-se os valores
3,01 ≈λ e 2,12 ≈λ mencionados anteriormente, e substituindo na equação (10.14),obter-se-á ( ) '32º17tg ideala0 = β , sendo 4)( 12 =λ λ . Se for tomado 7)( 12 =λ λ , obter-
se-á ( ) º14tg ideala0 = β . Portanto, pode-se notar que é necessário usar pequenos
ângulos do fluxo na entrada para evitar a cavitação. Pesquisas experimentais
mostram, entretanto, que o ângulo de entrada nas pás 1 β não deve ser tomado
menor do que 15º e, em pequenas bombas, deve até ter valores superiores a 18º,
por razões ligadas à obtenção de um bom rendimento.3
Até aqui, todo o desenvolvimento foi feito considerando um escoamento sem
pré-rotação na entrada da bomba, ou seja, º900 =α . Se o fluxo no tubo de sucção
estiver sujeito a pré-rotação, será necessário introduzir grandezas adicionais no
cálculo. Pfleiderer 3 apresenta a equação:
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153
( )( )21
2
r21
ideala0
2
11
tgλ λ
δ λ λ
β +
−+
= (10.15)
onde a vorticidade 0ucr existente na boca de sucção é dada pelo coeficiente de
vorticidade relativa rδ através da equação:
a1
0u
a1
0ur u
wuc
1 ≡−≡δ (10.16)
Desta forma, se tomada a equação (10.15), a presença de pré-rotação, ou
vorticidade, na entrada, conduz a um aumento do ângulo a0 β da aresta de sucção.
Tal aumento não é dependente da direção do vórtice.
Se for considerado 1r =δ , pode-se obter uma grandeza adimensional
chamada coeficiente de sucção aΙ , também conhecido como índice de aspiração , a
partir da equação (10.13):
( )
4
3
3a0a02
3 2a0a0
2
13cc
atgtg
sencos
24hh
Qn
+
==Ι
β β λ
β β
λ π
κ (10.17)
No termo à direita da igualdade na equação (10.17), κ varia entre limites
muito estreitos e pode ser considerado constante. Logo, o termo depende somente
de a0 β , 1λ e 2λ , o que leva a concluir que o índice de aspiração aΙ varia com a
variação destes. Neste caso, pode-se dizer que o valor de Sq calculado através do
termo à esquerda do sinal de igualdade é também um valor que caracteriza o
sucesso das medidas tomadas pelo fabricante para melhorar a máquina,
independendo da forma do rotor, no seu ponto de melhor rendimento. As bombas
rotativas com boa capacidade de sucção atingem, para operação no ponto de
melhor rendimento, coeficientes de sucção da ordem de 0,40 a 0,45.
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154
O coeficiente de cavitação de Thoma tσ , introduzido por D. Thoma, era
utilizado antigamente para caracterizar a qualidade de sucção de uma máquina de
fluxo e era dado por:
e
ct
hζ
σ = (10.19)
Tal coeficiente tem a desvantagem de que ch depende das condições no lado
de sucção da máquina, mas eζ depende das condições do fluxo no lado de pressão
do rotor. Assim, tal coeficiente depende:
1. das providências tomadas para se obter uma boa capacidade de sucção namáquina;
2. da forma do rotor, ou seja, da rotação específica.
O coeficiente de sucção de Thoma tσ foi substituido pelo índice de aspiração
aΙ , pois este último caracteriza somente o sucesso das providências tomadas pelo
fabricante para obter uma boa capacidade de sucção na bomba, sem levar em
consideração o tipo de rotor utilizado. Entretanto, para facilitar o uso do índice deaspiração, na prática, pode-se deduzir, a partir das equações (8.9), (10.17) e (10.19),
equações para a altura de pressão crítica ch e para um coeficiente de cavitação tσ ,
conforme segue:
34
ac
Qnh
Ι= (10.20)
34
a
st 333
n
Ι=σ (10.21)
Adotando 3,01 ≈λ e 2,12 ≈λ e substituindo na equação (10.17), pode-se
avaliar a dependência de aΙ com relação a a0 β , conforme mostra a figura 10.15.
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Figura 10.15 – Relação entre o ângulo na entrada do fluxo no rotor a0 β x índice de aspiração aΙ .
Pode-se notar que o melhor ângulo de entrada, conforme já mencionado
anteriormente, se situa entre 15º e 20º, para valores do índice de aspiração da
ordem de 2, onde se obtém uma altura de pressão crítica mínima.
Do ponto de vista do instalador da bomba, toda esta discussão não auxilia no
processo de seleção do equipamento. Normalmente, o instalador não tem toda a
informação necessária para calcular o índice de aspiração, pois as dimensões do
rotor, fornecidas no catálogo do fabricante, geralmente se limitam ao diâmetro de
saída, número de passos, dimensão do furo do eixo, etc. O que o fabricante faz é
incluir, na curva característica da bomba, valores de maxsH obtidos
experimentalmente em um ensaio padronizado utilizando a água como fluido de
teste. Neste ensaio padronizado, a pressão do reservatório é a pressão atmosférica
ao nível do mar e a pressão de vaporização da água corresponde à temperatura de
20°C.
A tabela 10.1 e a tabela 10.2, oferecidas pela KSB, auxiliam na determinação
das condições operacionais relativas à cavitação em bombas centrífugas,
fornecendo os valores das pressões de vapor da água e de outros líquidos, em
várias temperaturas.
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70
a0 β
aΙ
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Tabela 10.1 – Densidade e pressão de vapor da água a várias temperaturas.Fonte: KSB 7
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Tabela 10.2 – Pressão de vapor parra líquidos em várias temperaturas.Fonte: KSB 7
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10.6. O parâmetro NPSH – net positive suction head
O índice de aspiração aΙ
e a altura de sucção máxima maxsH são conceitosutilizados para caracterizar a possibilidade de ocorrência de cavitação em máquinas
de fluxo. São oriundos da academia européia, em especial da alemã, que teve
Pfleiderer como seu grande mestre. No Brasil, até há poucos anos, alguns dos
fabricantes de bombas, de origem européia ou associados a fabricantes europeus,
divulgavam a dependência do índice de aspiração com a vazão de bombas, na
forma de curva ou tabela, anexa à curva característica. Porém, o conceito mais
utilizado atualmente é o NPSH – net positive suction head, cuja tradução pode ser“energia específica positiva líquida de sucção”. Em outras palavras, NPSH é a
energia específica mínima que escoamento deve ter na entrada da bomba para que
não ocorra o fenômeno da cavitação. NPSH é um conceito oriundo da escola
americana, que predominou entre os fabricantes instalados no país e na norma da
ABNT, que trata de ensaios de cavitação em bombas.
Aplicando a equação da energia ao escoamento na tubulação de sucção,
desde a superfície do reservatório até a entrada da bomba, obtém-se o NPSHdisponível, o qual define a energia específica, que o escoamento tem na entrada da
bomba, acima da pressão de vaporização do líquido na temperatura considerada.
Para que não haja cavitação, uam das seguintes desigualdades deve ser satisfeita:
v
2ss
disp hg2
vpNPSH −
+>
γ (10.22)
( )vssrdisp hJhhNPSH++±−>
(10.23)
v
2s
srdisp hg2
vHhNPSH −+−> (10.24)
onde rh é a pressão atuante no reservatório de sucção, expressa em altura de
coluna líquida. Em muito casos, pode-se fazer atmr Hh = .
Na equação (10.23), por convenção, assume-se que:
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sh → ( - ) → nível do reservatório abaixo do eixo da bomba (bomba afogada )
sh → ( + ) →nível do reservatório acima do eixo da bomba
A grande maioria dos fabricantes divulga em seus catálogos o NPSH
requerido por suas bombas, através da curva de NPSH requerido x Q, obtida em
experimentos de laboratório. Como exigido por norma, o valor do NPSH requerido
deve ser padronizado. Os dados publicados geralmente se referem à água cuja
pressão de vaporização deve ser 0,2 mca (metros de coluna d’água),
correspondente à pressão de vaporização da água destilada a 20°C. Evidentemente,
para que a bomba opere sem cavitar, o instalador deve garantir que o NPSHdisponível > NPSH requerido. Cabe, portanto ao instalador se assegurar de que,
dadas a pressão da superfície livre do reservatório de sucção e a pressão de
vaporização do fluido à temperatura local, a inequação que define NPSH disponível
se verifique. O instalador pode atuar para alterar a cota de instalação da bomba, a
perda de carga na tubulação de sucção e a energia cinética do escoamento na
entrada da bomba. Em casos extremos, pode-se modificar a pressão no reservatório
(caso de reservatórios fechados) e a pressão de vaporização, através da
refrigeração do fluido, por exemplo. A igualdade entre o NPSH disponível e o NPSH
requerido já indica uma situação limite, com início de cavitação. A experiência
mostra que o NPSH rquerido depende da rotação específica que, por sua vez,
depende da vazão e do número de rotações da bomba. Mostra também, que seu
valor diminui quando a temperatura do líquido aumenta.
A equação (10.5) mostra de a altura de pressão crítica ch é uma energia
inevitavelmente perdida e que deve ser considerada na instalação da bomba, umavez que esta perda se processa em uma região em que o rotor ainda não fornece
energia ao líquido. Essa parcela de energia, obtida a custa de energia de pressão, é,
portanto, “requerida” pela bomba. Por outro lado, a parcela g2v 2s das equações
(10.22) e (10.24) é necessária para que o líquido penetre na bomba e atinja o rotor.
Portanto, pode-se dizer que o NPSH requerido é dado por:
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g2v
hNPSH2
screq += (10.25)
Como o termo g2v 2s é, normalmente, de valor reduzido, alguns autores
costumam considerar o NPSH requerido como sendo a própria altura de pressão
crítica ch .
Há, portanto, uma reserva R necessária entre o NPSH disponível e o NPSH
requerido para que se garanta a não ocorrência da cavitação.
RNPSHNPSH reqdisp =− (10.26)
Com a reserva R, pode-se colocar, por exemplo, a equação (10.23) na
condição de igualdade:
( ) RhJhhNPSH vssrdisp +++±−= (10.27)
Os autores e fabricantes divergem quanto ao valor da reserva R, uma vez que
esta está sujeita a diversos fatores, sobretudo quanto às condições das instalações
e, inclusive, quanto ao envelhecimento da bomba. De maneira geral, recomenda-se
que a reserva se situe em torno de 0,3 mca ou 5% do NPSH requerido, o que for
maior. No caso de bombas de grande porte, deve-se adicionar o raio maior da pá na
entrada do rotor, ou seja:
( )2
DRhJhhNPSH 1a
vssrdisp ++++±−= (10.28)
O NPSH requerido também pode ser calculado através da seguinte
expressão:HNPSH cavR ⋅= σ
A grandeza cavσ é chamada de coeficiente de cavitação e é dada por:
3 4scavcav nf ⋅=σ
onde fcav é o fator de cavitação, com os seguintes valores empíricos:
para bombas radiais: fcav = 0,0011
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161
para bombas diagonais: fcav = 0,0013
para bombas axiais: fcav = 0,00145
Para evitar que aconteça cavitação nas instalações de bombeamento, alguns
procedimentos são elementares, tanto na fase de projetos como na de operação, a
saber:
1. tubulação de sucção a mais curta possível;
2. escorvamento completo;
3. NPSHdisp = NPSHreq + 5% (ou 0,30 mca, o que for maior);
4. medidas anti-vórtice;
5. limitação da velocidade máxima de aspiração em função do diâmetro da
tubulação;
6. indicação clara da posição de abertura e fechamento das peças especiais;
7. ligeira inclinação ascendente em direção à entrada da bomba nos trecho
horizontalizados, para facilitar o deslocamento das bolhas de ar na fase de
escorvamento;
8. conexão da sucção com a entrada da bomba através de uma redução excêntrica,
também para facilitar o escorvamento;
9. não projetar registros nas sucções positivas;
10. emprego de crivos ou telas na entrada da sucção;
11. emprego de válvula de retenção nas sucções positivas.
10.7. Comparação do NPSH teórico com valores reais
Para concluir a análise das condições de cavitação em bombas centrífugas e
avaliar a qualidad” da abordagem empregada, falta ainda, a comparação com dados
de operação para bombas comerciais. A figura 10.16 mostra a variação do maxsH
com a vazão Q para dois modelos de bombas centrífugas comerciais, de acordo
com dados de catálogo da KSB. Segundo a abordagem utilizada, o NPSH requerido
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162
de uma bomba centrífuga deve variar com a vazão a uma potência de 2/3: esta
dependência está representada pela reta do gráfico, em escala logaritimica. As
condições reais obtidas do catálogo da KSB são discriminadas por círculos azuis equadrados vermelhos, e se aplicam a modelos bem distintos da linha de produção
do fabricante. Observa-se, em ambos os casos, que a curva teórica representa, em
média, os pontos reais, embora os desvios sejam consideráveis nos extremos da
faixa de operação de cada uma das bombas (extremo superior da ETA 32-16 e
inferior da WKL 125), chegando a até 30%. Em suma, a abordagem utilizada para
caracterizar a cavitação em bombas centrífugas ainda deixa a desejar, o que justifica
o esforço que os centros de pesquisa e grupos de trabalho em universidadesrealizam sobre este assunto.
10.00 100.00Q ( m3/h)
1.00
10.00
N P S H ( m )
PARAMETRIZAÇÃO DE CURVA DE BOMBA(VAZÃO x NPSH)
Símbolos representam pontos operacionais
KSB ETA 32-16n =3500 RPM
KSB WKL 125n = 3500 RPM
NPSH = 0.4 * Q ** (2/3)
Figura 10.16– Comparação entre NPSH requerido teórico e prático.
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163
11 Sistemas de Bombeamento
Neste capítulo será discutido o procedimento para a seleção e instalação debombas a partir da curva característica de um sistema de bombeamento. O foco da
análise está voltado para a hidráulica do escoamento, não sendo abordadas
questões referentes, por exemplo, a compatibilidade do material da bomba com os
vários fluidos de trabalho ou da forma do rotor com particularidades do fluido tais
como material em suspensão, temperatura e presença de gás dissolvido.
Para seleção e instalação de bombas, existem várias formas de
representação gráfica das curvas características, sendo as mais importantes: curvascom campos de aplicação, curvas de isoeficiência, curvas integradas de pressão,
potência, rendimento e NPSH em função da vazão. Esta última, utilizada em
conjunto com a curva característica da instalação, fornece o ponto de trabalho da
bomba para o qual a mesma foi projetada, satisfazendo a 1a Lei da Termodinâmica.
Por definição, a altura de elevação de uma bomba é a energia específica
transferida ao fluido pelo rotor, descontadas as perdas. Portanto, o cálculo das
curvas características de sistemas de bombeamento será abordado considerando-sea sistemática de determinação da perda de carga e o fato destas curvas serem,
geralmente, equações do segundo grau no gráfico pressão versus vazão, ainda que
determinados tipos de bomba possam apresentar curvas diferenciadas, como
também será visto em caráter mais geral.
Para fins de simplificação, a altura manométrica manH será tratada,
doravante, simplesmente por H.
11.1. Variação das grandezas em função da rotação com H constante
Em determinadas aplicações práticas, deseja-se manter constante a altura
manométrica H ao se variar a rotação n da bomba. Neste caso, perde-se a
proporcionalidade entre a vazão Q e a rotação n. Logo, o aumento da vazão Q
devido a um aumento na rotação n será consideravelmente maior quando
comparado ao caso em que a altura manométrica H não fosse constante. Se a
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rotação baixar a certo valor, não haverá vazão e o rotor gira “em vazio”, gerando
pressão insuficiente para o bombeamento do líquido para fora da bomba. O líquido
assim bombeado fica em circulação interna produzindo certo aquecimento, razãopela qual não se deve operar o equipamento sob tais condições por tempo
prolongado. Ao se aumentar novamente a rotação acima deste valor crítico, a bomba
volta a elevar o líquido. A figura 11.1 ilustra referida situação.
Figura 11.1 – Curvas para uma bomba centrífuga com H = 30 m constante.Fonte: Macintyre 1
11.2. Variação da altura com a vazão
A vazão é a grandeza que mais facilmente pode ser alterada em uma bomba
instalada. A variação da altura H em função da vazão adquire grande importânciasob o ponto de vista de aplicação. Para um valor constante do número de rotações
n, chama-se curva característica principal da bomba à curva HxQ, ou H = f(Q).
Para a determinação desta curva H = f(Q), três diferentes etapas são
necessárias, a saber:
a. levantamento da curva teórica idealizada para um rotor com número infinito de
pás infinitamente delgadas; tal situação já foi analisada, conforme figura 4.8.
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b. levantamento da curva teórica corrigida, considerando número finito de pás, com
espessura definida, e existência de perdas hidráulicas; tal situação já foi
analisada, conforme figura 5.17. Normalmente feito através da teoria dasimilaridade, baseado em bomba ensaiada em laboratório.
c. levantamento da curva real, obtida diretamente da bomba através de ensaios de
laboratório.
O estudo da curva H = f(Q), em relação ao item b, merece uma análise mais
detalhada para um melhor entendimento de sua construção. Pfleiderer 3 estabelece
que para as condições reais, ou seja, condições teóricas corrigidas, a função (H,Q,n)
é uma superfície parabolóide hiperbólica, conhecida como superfície característica,
cujo eixo principal coincide com o da altura H e cujo vértice, teoricamente, estaria na
origem das coordenadas. Sua equação é da forma:
EDQCQBnQAnH 22−−−−= (11.1)
onde A, B, C, D e E são constantes.
Em função da equação (11.1), pode-se obter três curvas distintas:
1) para n constante, conforme figura 11.2a;
2) para Q constante, conforme figura 11.2b;
3) para H constante, conforme figura 11.2c.
(a) (b) (c)
Figura 11.2 – Diversas curvas características corrigidas.
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Para explicar a divergência entre as curvas corrigidas e as retas obtidas
através das hipóteses simplificadoras (idealizado), Pfleiderer considerou, como já
visto, várias causas capazes de alterar a forma da curva que exprime a funçãoH = f(Q), objeto do presente estudo. Passa-se, então, a construir a curva da referida
função passo-a-passo, conforme mostra a figura 11.3.
(a) (b) (c)
Figura 11.3 – Obtenção da curva HxQ teórica corrigida.
1) Considerando número finito de pás com espessura definida, a reta teórica
idealizada A, para º902 < β , desloca-se conforme representado na figura 11.3a,
originando a reta B; a área do triângulo a-b-c corresponde à perda oriunda da
consideração do número finito de pás com espessura definida;
2) Considerando, sobre o caso anterior, as perdas devidas ao atrito e turbulência no
rotor, mudanças de direção e transformação da energia de velocidade em
energia de pressão. Tais perdas são proporcionais ao quadrado de velocidade e,
portanto, da vazão. São representadas pela curva C na figura 11.3b; a reta B
passa a ter a forma da curva D; a área formada pelos pontos a-b-c representa
tais perdas;
3) Considerando, sobre o caso anterior, as perdas por choque na entrada do rotor e
difusor, devidas à não concordância das velocidades relativas com as pás,
conforme a figura 11.3c. Essas perdas verificam-se, principalmente, quando a
bomba, trabalhando a uma velocidade constante, fornece uma vazão diferente
daquela para a qual foi projetada, ou seja, condição de rendimento máximo. O
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167
valor destas perdas é muito pequeno na condição de descarga normal,
aumentando significativamente para valores diferentes desta. A curva das perdas
relativas ao choque é representada por E. Subtraindo-se as ordenadas da curvaE na curva D, obtém-se a curva F, que é a curva teórica corrigida para a função
H = f(Q) de uma bomba com rotor º902 < β . A área formada pelos pontos a-b-c-d
representa tais perdas.
Existem estudos que permitem calcular, com razoável aproximação, os
valores para o traçado destas curvas para uma previsão do comportamento de uma
bomba que está sendo projetada. Porém, o traçado definitivo é feito ensaiando-se o
protótipo da bomba ou seu modelo reduzido em laboratório, ou após sua instalação,nos casos de elevada potência e dimensões.
Se as ordenadas da curva F e da curva A forem relacionadas, obtém-se os
valores do rendimento hidráulico da bomba, conforme mostra a curva G da figura
11.3c.
Existem alguns tipos de curvas H = f(Q) que podem ser obtidas. Utilizando-se
da terminologia americana, conforme figura 11.4, tem-se:
Figura 11.4 – Tipos de curva conforme terminologia americana.
rising - altura decrescendo continuamente com o crescimento da vazão.
steep - grande diferença entre alturas na vazão de projeto e na vazão zero (ponto de
shut off );
flat - altura manométrica variando muito pouco com a variação de vazão;
drooping - para uma mesma altura manométrica podemos ter vazões diferentes;
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11.3. Congruência das curvas HxQ
Seja uma bomba operando com o mesmo fluído nas condições similares (a1)e (a2). Da teoria de similaridade vista, pode-se escrever:
)2a(
)1a(
)2a(
)1a(
n
n
Q
Q= (11.2)
2)2a(
2)1a(
)2a(
)1a(
n
n
H
H= (11.3)
Um dos postulados básicos da operação similar é a invariabilidade daeficiência da máquina de fluxo. Combinando adequadamente as relações acima
para a vazão e a altura de elevação, obtém-se:
2)2a(
)2a(2
)1a(
)1a(
Q
H
Q
H= (11.4)
Daí, pode-se inferir que para “n” pontos similares, tem-se:
CQH.....
QH
QH
QH
2)an(
)an(2
)3a(
)3a(2
)2a(
)2a(2
)1a(
)1a(===== (11.5)
onde C = constante em ambas as equações.
Das equação (11.5), pode-se notar que os pontos de operação similares
estão sobre uma mesma parábola do tipo geral 2CQH = , conhecida como “parábola
de mesmo estado de choque ”. Como consequência da invariabilidade da eficiência
nos pontos de operação similares, conclui-se que sobre estas parábolas estão ospontos de isoeficiência de uma bomba operando em diversas rotações, conforme
mostra o gráfico da figura 11.5.
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Figura 11.5 – Curva de bomba operando em diversas rotações.
Conhecendo-se a curva HxQ de uma bomba, pode-se estimar o
comportamento de bombas similares, ou da mesma bomba, operando em diferentes
rotações. A curva de mesmo estado de choque é construída com base no parâmetro
C obtido a partir da teoria da similaridade. A partir daí, desloca-se a curva
característica sobre a curva de mesmo estado de choque, obtendo o comportamento
HxQ para a nova rotação. Assim, pode-se determinar os funcionamentos possíveis
de uma bomba para várias rotações quando se conhece o comportamento de uma
bomba em uma determinada rotação. Os pontos a1 e a2 representam os valores de
H e Q para a máxima eficiência nas rotações n1 e n2, respectivamente.
A invariabilidade do rendimento ao longo de uma parábola, denominada
“parábola de mesmo estado de choque ”, não se cumpre se a variação da rotação é
acentuada (por exemplo: de 300 rpm a 3500 rpm). Como foi visto, a eficiência total
de uma bomba é uma combinação das eficiências hidráulica, volumétrica e
mecânica, com a primeira sendo amplamente dominante. Assim, para garantir uma
eficiência total constante com a alteração da rotação, é necessário que os valores do
número de Reynolds estejam restritos àquela faixa onde o fator de atrito é constante
(diagrama de Moody, por exemplo). Uma variação de rotação desta magnitude não
é, entretanto, usual na operação de bombas.
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11.4. Curvas de igual rendimento
Ensaiando-se uma bomba e determinando-se os valores do rendimento paraum número bastante grande de valores de H e Q, para um dado valor de rotação n,
podem-se traçar curvas que representem valores constantes do rendimento η . As
curvas têm aspecto de elipses e o rendimento máximo será um ponto no interior
destas curvas, correspondendo aos valores normais de H e Q. Cada curva indicará
os pares de valores HxQ com os quais a bomba proporciona um mesmo rendimento.
A figura 11.6 mostra um gráfico com curvas de igual rendimento para uma bomba
KSB modelo 80-200 operando com rotores nos diâmetros externos indicados(dimensões em milímetros).
Figura 11.6 – Curvas de igual rendimento de uma bomba centrífuga KSB 80-200.
A título de exemplo, para saber com qual eficiência operará uma bomba KSB
modelo 80-200, D2=198 mm, na vazão de Q=160 m³/h, basta levantar uma reta
vertical no ponto da vazão considerada até alcançar a curva para o rotor em
questão. Pode-se verificar que, para uma altura de elevação em torno de 84 m, a
eficiência será de 75,5%.
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171
11.5. Variação da potência com a vazão
Combinando as equações (3.35), (3.36), (3.39) e (4.43), chegamos a seguinteequação:
2
222
h2
2h2
2u Q
gtgbru
Qg
uW
β π
η γ η γ −=
(11.6)
Assim, pode-se escrever que:
221u QCQCW −=
(11.7)
onde C1 e C2 são constantes.
A partir da equação (11.7), pode-se construir a curva da potência útil em
função da vazão, conforme mostra a figura 11.7a.
(a) (b)
Figura 11.7 – Curvas de potência em função da vazão.
Na prática, representa-se a potência motriz do motor que aciona a bomba, ao
invés da potência útil. As parábolas que se obtém não passam pela origem 0, uma
vez que, mesmo trabalhando “em vazio”, ou seja, descarga nula, é necessário o
fornecimento de certa potência pelo motor para vencer as perdas no interior da
bomba. As curvas obtidas têm o aspecto indicado na figura 11.7b.
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172
11.6. As curvas reais
As figuras a seguir representam as diversas curvas obtidas em ensaios reaiscom os vários tipos de bombas para um dado número de rotações n. Para não
alterar as figuras apresentadas em relação à sua fonte, considere-se a potência
motriz mW , referida neste texto, como sendo indicada por N.
Figura 11.8 – Curva do tipo drooping ,instável e 2 β > 90º.Fonte: Macintyre 1
Figura 11.9 – Curva do tipo rising , com
2 β < 90º.Fonte: Macintyre 1
Figura 11.10 – Bomba hélico-centrífuga.Fonte: Macintyre 1
Figura 11.11 – Bomba axial.Fonte: Macintyre 1
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A figura 11.12 mostra, reunidas em um único gráfico, as curvas H=f(Q) para
os vários tipos de bombas. É comum, em catálogos de fabricantes, representar as
curvas dos pontos de mesma potência, conforme mostra a figura 11.13. Também écomum reunir diversas curvas num mesmo gráfico, ao invés de apresentá-las em
gráficos separados, de forma a se obter uma maior facilidade de exposição de
dados, conforme mostra a figura 11.14.
Figura 11.12 – Variação de H em função da
porcentagem de vazão para vários tipos derotores.Fonte: Macintyre 1
Figura 11.13 – Curvas H=f(Q)
para igual potência.Fonte: Macintyre 1
Figura 11.14 – Conjunto das curvas emum só gráfico.Fonte: Macintyre 1
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Para uma rápida escolha de uma bomba, em geral, os fabricantes
apresentam gráficos nos quais, entrando-se com os valores de H e Q, pode-se achar
o tipo de bomba, que é indicado na quadrícula que corresponde a esses valores.Cada quadrícula contém a designação comercial da bomba, seu diâmetro da boca
de recalque e, às vezes, a potência do motor recomendada. Cada gráfico se refere a
certo número de rotações n ou, então, o fabricante informa a rotação na própria
quadrícula. A figura 11.15 mostra este tipo de gráfico para uma bomba Worthington
série D-1000. Os números indicados em cada quadrícula se referem ao diâmetro da
boca de aspiração, diâmetro da boca de recalque e o diâmetro externo do rotor, em
polegadas, nesta ordem. A potência está indicada com linhas tracejadas.
Figura 11.15 – Gráfico de aplicação e seleção de bomba Worthington série D-1000.Fonte: Macintyre 1
A figura 11.16 mostra como variam as curvas H-f(Q) para rotores de bombas
centrífugas em função de sua largura, número de pás e ângulo de saída 2 β . As
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curvas achatadas são, na terminologia americana, as do tipo flat . As curvas
fortemente descendentes são conhecidas como steep .
Figura 11.16 – Curvas correspondentes a rotores largos e estreitos.Fonte: Macintyre 1
11.7. Fatores que afetam as curvas características
As curvas estudadas representam funções que ligam as grandezas
características do funcionamento das bombas, considerando fatores inerentes às
mesmas. Porém, certos fatores, chamados de “acidentais ”, podem afetar
significativamente o comportamento das curvas. Ditos fatores podem estar
relacionados ao fluído, tais como peso específico, viscosidade e temperatura, e à
bomba em si, tais como o tempo de uso e condições de operação e manutenção.
11.7.1. Influência do peso específico γ
Considere-se duas bombas iguais, operando na mesma rotação, porém,
bombeando líquidos com diferentes pesos específicos γ . Se a viscosidade em
ambos os casos for a mesma, a experiência mostra que:
a. o rendimento se mantém praticamente o mesmo nos dois casos;
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b. as alturas totais de elevação eH geradas pelo rotor são as mesmas, uma vez que
as velocidades, tanto do rotor quanto do líquido, não mudam; ver equação (4.37);
c. as alturas representativas das pressões variam, pois a pressão é proporcional ao
peso específico do líquido ( Hp γ = ). Deve-se, portanto, fazer a análise para o
diferencial de pressão desenvolvido pelo rotor. Este diferencial é dado pelo
seguinte termo:
γ 12 pp −
(11.8)
sendo:=1p pressão na entrada do rotor
=2p pressão na saída do rotor
Quando o peso específico γ aumenta para 'γ , a altura de elevação eH
continua a mesma, conforme visto no item b acima. Para que o termo (11.8) não
mude, de forma a não mudar eH , o numerador deverá aumentar na mesma
proporção em que aumenta o peso específico. Assim:
''p'ppp 1212
γ γ
−=
−(11.9)
Reescrevendo:
''p'ppp
12
12
γ
γ =
−
−(11.10)
Sob uma forma mais geral, pode-se escrever:
''n
n''p'p
pp
h
h2
2
12
12
η
η
γ
γ ⋅⋅=
−
−(11.11)
Portanto, a variação de pressão entre a entrada e saída do rotor será tanto
maior quanto maior o peso específico do líquido bombeado, ainda que continue a
elevá-lo à mesma altura.
d. a potência motriz variará diretamente com o peso específico; ver equação (3.37).
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A figura 11.17 mostra a variação das grandezas com a vazão para os casos
de bombeamento de água e gasolina pela mesma bomba.
Figura 11.17 – Variação das grandezas com o peso específico do líquido.Fonte: Macintyre 1
11.7.2. Influência da viscosidade
Se a viscosidade variar, mesmo sendo por variação de temperatura, as
perdas por atrito e turbilhonamentos, principalmente no rotor e entre o rotor e a
caixa, também variarão. Consequentemente, a sujeição do líquido às trajetórias
impostas pelas pás do rotor também sofrerá alteração. Haverá, portanto, valoresdiversos para as grandezas características conforme o valor da viscosidade.
Para os mesmos valores de vazão e rotação, quanto maior a viscosidade,
menores serão os valores da altura de elevação e da eficiência e maior a potência
consumida. Em outras palavras, uma bomba que passe a operar com líquido de
maior viscosidade, só conseguirá fornecer a mesma vazão a custa de altura
manométrica menor e maior consumo de potência, devido as maiores perdas
internas.
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As curvas da figura 11.18 representam as variações das grandezas
características da bomba, para diferentes viscosidades, comparadas com a água.
(a) (b) (c)
Figura 11.18 – Curvas de uma bomba centrífuga para vários valores de viscosidade.Fonte: Macintyre 1
As curvas da figura 11.19 representam as variações das grandezas
características da bomba em função da viscosidade, em stokes, para uma vazão
constante de 1500 gpm.
(a) (b) (c)
Figura 11.19 – Variação das grandezas com a viscosidade, em stokes, vazão constante 1500 gpm.Fonte: Macintyre 1
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11.7.3. Influência do tamanho da bomba
Teoricamente, bombas geometricamente semelhantes terão as grandezasvariando proporcionalmente entre si, conforme já visto, apresentando curvas
características também semelhantes. Porém, na realidade, as bombas de menor
dimensão têm rendimento mais baixo quando comparadas àquelas de maior
dimensão. Isto é devido ao fato de que a espessura das pás, as folgas, a rugosidade
relativa e as imperfeições tendem a ser maiores quanto menor for o tamanho da
bomba.
O efeito da viscosidade acentua-se no caso de bombas de menor dimensão.Assim, é de se esperar que quanto maior a viscosidade, maior deverá ser o tamanho
da bomba, de forma a não diminuir excessivamente o rendimento, quando
comparado à água. Como exemplo, uma bomba com rotor de diâmetro externo
20 cm operando com líquido de viscosidade 1 St apresenta um rendimento da ordem
de 55% do rendimento que teria, caso operasse com água. Para aumentar este
rendimento à ordem de 78%, será necessário aumentar o diâmetro externo do rotor
para 30 cm. Analisando o mesmo exemplo por outro ângulo, a bomba com rotor de20 cm conseguirá bombear óleo com viscosidade 1 St a uma altura manométrica em
torno de 82% da altura que conseguiria, caso bombeasse água. Se for alterado o
diâmetro externo do rotor para 30 cm, a bomba conseguirá atingir um patamar de
90% da altura.
Pode-se resumir as várias interdependências da seguinte forma:
v
'v
22
2'2
n
'n
d
d
Q'Q η
η
⋅⋅⋅= (11.12)
h
'h
22
2'2
e'e n
'n
d
dHH
η
η ⋅⋅⋅= (11.13)
t
't
22
2'2'
n'n
d
d'WW
η
η
γ
γ ⋅⋅⋅⋅= (11.14)
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11.7.4. Influência do tempo de uso da bomba
Com o decorrer do tempo, o desgaste normal e a manutenção deficienteacabam por alterar as curvas características da bomba. O rendimento volumétrico
diminui devido ao aumento das fugas internas de líquido ocasionadas pelo desgaste
dos componentes internos, tais como anéis separadores, gaxetas e mancais. A
figura 11.20 compara as curvas características de uma mesma bomba operando
quando nova e após uso prolongado.
Figura 11.20 – Efeito do tempo de uso sobre as curvas características.Fonte: Macintyre 1
Para um mesmo valor de vazão, pode-se verificar que a bomba usada
fornece valores menores de altura de elevação e rendimento, requerendo umapotência maior. Em vista disso, para bombas com uso prolongado, não se deve
aplicar as curvas fornecidas pelo fabricante para bombas novas, ou seja, curvas de
catálogo. Primeiro, deve-se certificar das reais condições de conservação da bomba
e, somente após isso, aplicar as devidas correções.
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181
11.7.5. Influência dos materiais em suspensão no líquido
Quando o líquido possui elementos sólidos ou pastosos em suspensão, amistura se comporta como um novo líquido com características de densidade e
viscosidade bem diferentes. Como tais misturas apresentam natureza diversa e
muito variada, não é possível se estabelecer regras gerais para o tratamento desta
questão. Porém, a título de exemplo, a água, com 5% de polpa de papel, reduz o
rendimento da bomba em 50%, com descarga abaixo daquela especificada pelo
projeto. Por outro lado, dependendo da mistura, tipos especiais de rotores serão
exigidos.
11.7.6. Influência da variação da temperatura
As condições de operação de uma bomba são afetadas quando ocorre
variação na temperatura do líquido bombeado.
A elevação da temperatura provoca uma redução no peso específico e,
portanto, da potência motriz. O rendimento não varia, conforme mostra a figura
11.20. Porém, a viscosidade, variando com a temperatura, irá provocar umaalteração no rendimento devido à variação nas perdas internas por fugas, nas
perdas por atrito no rotor e nas perdas hidráulicas internas à bomba.
O Hydraulic Institute propõe uma fórmula empírica que permite determinar o
rendimento total de uma bomba operando em uma determinada temperatura, com
base em ensaio realizado em temperatura diversa, com rendimento diverso:
n
tt
')1(1'
−−= ν
ν η η (11.15)
onde:
='tη rendimento total na temperatura desejada;
=tη rendimento total na temperatura de ensaio;
='ν viscosidade cinemática na temperatura desejada;
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=ν viscosidade cinemática na temperatura de ensaio;
=n valor empírico fornecido pelo fabricante; está compreendido entre 0,05 e 0,1.
11.8. Curva característica do sistema de bombeamento
Um sistema de bombeamento é constituído pela tubulação e por todo
equipamento, conexões e dispositivos auxiliares através do qual o fluido escoa. O
sistema pode admitir uma ou mais bombas, acopladas em série ou em paralelo.
Pode, também, escoar aproveitando a energia potencial gravitacional disponível.
Neste caso, não há bomba acoplada ao sistema.
O cálculo de um sistema de bombeamento pressupõe o conhecimento das
características físicas da tubulação, acessórios e equipamentos, bem como das
propriedades físicas do fluido de trabalho. O sistema de bombeamento dissipa
energia enquanto o fluido escoa (dissipação viscosa). A determinação da perda de
carga, portanto, passa a ser o aspecto mais sensível nos cálculos, o que será
discutido a seguir.
11.8.1. O número de Reynolds Re
O coeficiente, número ou módulo de Reynolds, simbolizado por Re, é um
número adimensional usado em mecânica dos fluidos para o cálculo do regime de
escoamento de determinado fluido sobre uma superfície. O seu significado físico é
um quociente de forças: forças de inércia v ρ com forças de viscosidade D µ . Pode
ser expresso pelas equações:
DQ4vDvDRe µ π ρ
ν µ ρ === (11.16)
sendo:
v = velocidade média do fluido
D = diâmetro interno da tubulação
= µ viscosidade dinâmica, ou absoluta, do fluido
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= ρ massa específica do fluido
=ν viscosidade cinemática do fluído
A significância fundamental do número de Reynolds é que o mesmo permite
avaliar o tipo do escoamento (a estabilidade do fluxo) e pode indicar se o mesmo flui
de forma laminar ou turbulenta. Para o caso de um fluxo de água num tubo cilíndrico,
admite-se os valores de 2.000 e 2.400 como limites. Desta forma, para valores
menores que 2.000 o fluxo será laminar, e para valores maiores que 2.400 o fluxo
será turbulento. Entre estes dois valores o fluxo é considerado como transitório.
Tipicamente, por valores experimentais, costuma-se caracterizar um fluido com
escoamento laminar com Re < 2100 e escoamento turbulento com Re > 4000.
O número de Reynolds constitui a base do comportamento de sistemas reais,
pelo uso de modelos físicos reduzidos.
11.8.2. O fator de atrito f
O fator de atrito f é um número adimensional usado em cálculos de fluxos de
fluidos, relacionado à tensão de cisalhamento. É função do número de Reynolds eda rugosidade relativa, ou seja:
)D(Re,Ff ε = (11.17)
A rugosidade relativa Dε é o quociente entre o diâmetro interno D da
tubulação e a rugosidade absoluta ε . A tabela 11.1 mostra valores da rugosidade
absoluta ε para diversos materiais, onde “e” representa ε .
Tabela 11.1 – Valores da rugosidade absoluta para diversos tipos de materiais.Fonte: Fox 2
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O valor de f é obtido através de processos experimentais, porém existem
algumas curvas ou diagramas que se aproximam dos métodos experimentais.
Os principais fatores de atrito são descritos a seguir.
1) fator de atrito de Colebrook: o fator de atrito é obtido iterativamente da equação:
+−=
5,05,0 )f(Re
51,27,3D
elog2
f
1(11.18)
2) fator de atrito de Miller: serve como primeira aproximação para o cálculo da fator
de atrito pela equação de Colebrook, com um erro aproximado de 1%; é
determinado através da equação:
+=
9,00Re
74,57,3D
elog25,0f (11.19)
3) fator de atrito de Blasius: para escoamento turbulento em tubos lisos, a
correlação de Blasius é válida para Re ≤105.
25,0Re316,0f = (11.20)
4) fórmula de Flamant: essa fórmula pode ser aplicada para tubos de pequeno
diâmetro e relaciona diretamente a perda de carga com as características da
tubulação.
47
t
Dv
bL4DJ
= (11.21)
onde b é coeficiente que depende do material das paredes do tubo, conforme mostra
a tabela 11.2.
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Material b ( )5,075,1 ms
Ferro e Aço 0,000230
Cobre 0,000185
Chumbo 0,000140
PVC 0,000135
Tabela 11.2 – Valores da rugosidade absoluta para diversos tipos de materiais.
5) fator de atrito de Fanning: é relacionado à tensão de cisalhamento na parede
através da equação:
2vf 2 ρ
τ = (11.22)
onde:
=τ tensão de cisalhamento na parede
A tensão de cisalhamento na parede é relacionada à perda de carga na tubulação
da seguinte forma:
gDLvf2
J2
t = (11.23)
onde g é a aceleração da gravidade local.
6) equação de Hazen-Williams: relaciona diretamente a perda de carga, sem
determinar um fator de atrito para o cálculo.
852,1
63,2tCD355,0
Q4J
=
π (11.24)
onde C é um coeficiente que depende do material da tubulação, conforme mostra a
tabela 11.3.
7) fator de atrito de Darcy-Weisbach: atualmente, é a expressão mais precisa e
utilizada para análise de escoamento em tubos. O fator de atrito depende
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diretamente do tipo de escoamento e, em alguns casos, da rugosidade relativa,
ou de ambos.
a) para regime laminar (Re < 2000): o fator de atrito é calculado unicamente emfunção do número de Reynolds.
Re64
f = (11.25)
b) para regime turbulento (Re > 4000): o fator de atrito é calculado em função do
tipo de regime:
b1) regime turbulento liso: utiliza-se a 1ª equação de Karmann-Prandtl:
−=
fRe
51,2log2
f
1(11.26)
b2) regime turbulento intermediário: utiliza-se a equação de Colebrook modificada:
+−=
11,1
7,3Re9,6
log8,1f
1 ε (11.27)
b3) regime turbulento rugoso: utiliza-se a 2ª equação de Karmann-Prandtl:
−=
7,3log2
f
1 ε (11.28)
Uma vez conhecido o coeficiente de atrito pode-se calcular a perda de carga
em uma tubulação, devida ao atrito, mediante a equação de Darcy-Weisbach :
g2
v
D
LfJ
2
t = (11.29)
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Tabela 11.3 – Valores de C para diversos tipos de materiais.
O coeficiente de atrito também pode ser determinado de forma gráfica
mediante o diagrama de Moody, apresentado na figura 11.21, tanto entrando-se com
o número de Reynolds, em regime laminar, quanto com o número de Reynolds e a
rugosidade relativa, em regime turbulento.
Conforme já mencionado, a equação de Darcy-Weisbach é, atualmente, a
expressão mais precisa e utilizada para análise de escoamento em tubos. Sendo
assim, todo o estudo, doravante realizado, será feito com base nesta equação e,
onde necessário, com base no diagrama de Moody, também largamente empregado
nas situações práticas por ser mais acessível.
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Figura 11.21 – Diagrama de Moody.
11.8.3. A determinação da perda de carga da instalação
A perda de carga distribuída é aquela que ocorre, em caráter restrito, nos
trechos retos da tubulação e pode ser calculada, como já visto, através da equação
(11.29) de Darcy-Weisbach, ou por intermédio do diagrama de Moody.
A perda de carga em elementos de união e acessórios, conhecida como
perda de carga acessória, pode ser calculada através da seguinte relação:
g2v
KJ2
a = (11.30)
onde o coeficiente de proporcionalidade K é determinado experimentalmente para
cada acessório. Esta perda da carga localizada pode ser também determinada
utilizando o conceito de comprimento equivalente. Esse conceito tem como objetivo,
determinar qual é o comprimento de tubulação reta que causaria a mesma perda de
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carga do acessório considerado. Com isso, pode-se reescrever a equação (11.30)
como sendo:
g2v
DLfJ
2eqa = (11.31)
onde eqL é o comprimento equivalente do acessório. Da equação (11.31), tem-se
que:
KDf
Leq = (11.32)
Dessa forma, conhecendo-se o coeficiente K do acessório, o comprimentoequivalente eqL é facilmente obtido. Os valores de eqL para vários tipos de
acessórios podem ser encontrados sob a forma de tabelas ou ábacos para vários
diâmetros diferentes de tubulações, em catálogos de fabricantes desse tipo de
equipamento, ou em livros de mecânica dos fluidos. Com isso, o cálculo da perda de
carga total do sistema de bombeamento é, então, escrita:
acess
2eq
distr
2
ats g2v
D
Lfg2
vDL
fJJJ +=+= ∑ (11.33)
ou ainda:
( )∑∑ += eq
2
s LLgD2v
fJ (11.34)
Observe que um sistema de bombeamento pode ter tubulações de diâmetros
variados, que resultam em escoamentos com velocidades diferenciadas. Quando
este for o caso, a perda de carga total será calculada para cada trecho da tubulação
de mesmo diâmetro com seus respectivos acessórios.
11.8.4. Cálculo do sistema de bombeamento e ponto de operação da bomba
A melhor forma de discutir este assunto é fazê-lo por intermédio de um
exemplo prático de cálculo, baseado em uma bomba conhecida e demais
parâmetros de cálculo previamente definidos, hipotéticamente verdadeiros. Em
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casos reais de engenharia, muitas vezes, isso não acontece devido a diversos
fatores como, por exemplo, quando se deseja minimizar os custos de operação,
manutenção e investimento, onde se tem como opções certo número deequipamentos que serão comparados entre si para a determinação da ótima relação
custo-benefício para a aplicação desejada.
Seja, então, a instalação de bombeamento esquematizada na figura
11.22Figura , na qual está instalada uma bomba, cuja especificação geral obtida do
catálogo do fabricante é:
Fabricante: KSB
Modelo: ETA 32-16
Diâmetro do rotor: D2 = 159 mm
Rotação: n = 3500 rpm
Figura 11.22 – Esquema de instalação de bombeamento. Fonte: KSB 7
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191
Os dados que foram considerados para levantamento das curvas são:
Dados da linha de sucção:
• tubo de ferro galvanizado;
• hs = 1,0m (desnível de sucção);
• tubo de diâmetro 2” (50,8 mm, nominal interno);
• Dε = 0,003 (rugosidade relativa);
• L = 5 m (horizontal) + 2 m (vertical) = 7m;
• válvula de pé → 6 m (comprimento equivalente do acessório);
• registro gaveta → 0,28 m (comprimento equivalente do acessório).
Dados da linha de recalque:
• tubo de ferro galvanizado;
• hd = 13 m (desnível de recalque);
• tubo de diâmetro 1 1/2” (38,1 mm, nominal interno);
• Dε = 0,004 (rugosidade relativa);
• L = 22 m (horizontal) + 13 m (vertical) = 35 m;
• válvula de retenção → 2,5m (comprimento equivalente do acessório);
• registro gaveta → 0,28m (comprimento equivalente do acessório).
Salienta-se que esse exemplo é simplificado, pois não estão sendo
consideradas as demais perdas acessórias que possam existir no sistema, tais como
joelhos e curvas; além disso, o valor dos comprimentos equivalentes dos acessórios
não são aqueles fornecidos pelos fabricantes e sim, dados representativos da
literatura.
Nesta etapa, o interesse é levantar a curva característica do sistema, ou seja,
qual é a demanda de energia do sistema em relação à vazão imposta. Por esta
razão, a velocidade média na tubulação será tomada como variável independente na
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192
análise pois, além de ter uma relação direta com a vazão imposta, é possível a ela
relacionar os outros parâmetros do sistema, tais como número de Reynolds, fator de
atrito, etc. Uma sequência lógica simplificada de cálculo para avaliação das perdasde carga na sucção e recalque pode ser:
1. escolhe-se uma velocidade na tubulação de sucção;
2. calcula-se o número de Reynolds a partir da velocidade escolhida e da geometria
da tubulação;
3. determina-se o fator de atrito através do diagrama de Moody, uma vez
conhecendo o número de Reynolds e a rugosidade relativa do tubo;
4. calcula-se a perda de carga no trecho considerado através da equação (11.34).
De maneira geral, os cálculos intermediários não serão apresentados por
serem simples e fugirem ao interesse deste estudo. Torna-se interessante construir
uma tabela iterativa para facilitar os cálculos e determinação das perdas de carga
para os vários valores de velocidades escolhidas.
Na figura 11.23 é apresentado o comportamento da perda de carga na
tubulação de sucção em função da vazão.
Figura 11.23 – Perda de carga na sucção do sistema de bombeamento em função da vazão imposta.
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De maneira análoga ao que foi feito na sucção, a figura 11.24 apresenta a
curva do sistema para a tubulação de recalque.
Figura 11.24 - Perda de carga no recalque do sistema de bombeamento em função da vazãoimposta.
A soma das perdas de sucção e de recalque (Js + Jd) caracteriza a energia
total necessária ao sistema para vencer as irreversibilidades presentes no
bombeamento, tais como atrito com as paredes do tubo, expansões com que o fluido
se depara ao longo do escoamento, etc. À esse valor é atribuído o nome de altura
de elevação dinâmica, ou seja, ocorre somente quando há movimento de fluido.
Entretanto, não basta fornecer ao fluido uma energia da magnitude da altura de
elevação dinâmica para que ocorra o escoamento. É necessário, também, vencer a
diferença de cotas entre os reservatórios, conhecida como altura geométrica da
instalação, resultado da soma das alturas estáticas de sucção e recalque. Dessa
forma, -se que:
dsdsdsdssist JJ14JJ131JJhhH ++=+++=+++= (11.35)
Com o auxílio das equações apresentadas nas figuras 11.23 e 11.24, é
possível escrever a altura de elevação total necessária ao sistema como sendo uma
função da vazão. As equações apresentadas são um ajuste polinomial de grau 2 dos
pontos discretos utilizados para o cálculo das perdas. Assim, combinando tais
equações com a equação (11.35), tem-se que:
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2sist Q08367,0Q01864,022,14H ++= (11.36)
0.0
10.0
20.0
30.0
40.0
50.0
60.0
70.0
0.0 3.0 6.0 9.0 12.0 15.0 18.0 21.0 24.0 27.0 30.0
Q [m3/h]
H [ m ]
Curva do fabricante da bomba Curva do Sistema
Figura 11.25 – Representação simultânea das curvas do fabricante da bomba e do sistema; destaquepara o ponto de operação ótimo onde as curvas se interceptam.
Com a equação (11.36) e com a curva de operação do fabricante da bomba,
pode-se calcular o ponto de operação do sistema de bombeamento em questão. Afigura 11.25 mostra a sobreposição destas curvas.
Para a configuração ótima de trabalho, o sistema deve operar com uma vazão
de 17,52m3 /h, obtida do ponto de intersecção da curva característica da bomba com
a curva característica do sistema, levantada com a equação (11.36). Para essa
vazão, o catálogo do fabricante da bomba apresenta uma eficiência da ordem de
54,34%.
Com a vazão obtida para o ponto ótimo de trabalho, no rendimentoconsiderado, a bomba pode elevar o líquido a uma altura de 40,24 m. Assim, a
potência motriz necessária pode ser determinada através da equação (3.38),
conforme segue:
cv8,4)5434,0)(75(
)24,40(3600
52,17)1000(
75QH1000
Wt
man)cv(m =
==η
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Também é necessário avaliar se a bomba não está cavitando. Para tanto,
calcula-se o desnível máximo de sucção e verifica-se a condição para cavitação.
s
2s
maxsmaxs Jg2
vhH ++= (válido para água destilada a 200C, hv = 0,2 mca)
m18,3)81,9)(2(
)4,2(5,5J
g2v
Hh2
s
2s
maxsmaxs =−=−−=
Desta forma, verifica-se que smaxs hh >> ; logo, a bomba não cavitará. O valor
de maxsH foi obtido da curva característica da bomba fornecida pelo fabricante.
Se a temperatura da água é mais elevada, 600C por exemplo, a pressão de
vaporização aumenta para hv = 2,0 mca. Neste caso a altura de sucção máxima será
de (5,5m – 2,0m) = 3,5m. O desnível máximo será de 1,18 m, ainda maior que o
instalado. A bomba não tem ainda condição para cavitar.
Alguns casos particulares serão, a seguir, levados em consideração. A
variação da abertura de uma ou mais válvulas instaladas na tubulação implica na
alteração da curva característica do sistema, o que, consequentemente, desloca oponto de operação do conjunto bomba/sistema, como está sendo mostrado na figura
11.26. Este é, inclusive, o procedimento utilizado por fabricantes de bombas para
determinar a curva de operação da bomba: altera-se progressivamente o ponto de
operação da bomba/sistema através da alteração da perda de carga localizada da
válvula, aplica-se a equação da energia a um volume de controle envolvendo a
bomba e mede-se as condições operacionais na sucção e descarga da bomba
(pressão e vazão). Esta técnica experimental é definida em norma técnica pela
ABNT.
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196
0.00 10.00 20.00 30.00Vazão (m3/h)
0.00
10.00
20.00
30.00
A l t u r a M a n .
H ( m )
40
44
48
52
56
η
( − )
8.5 8.2 8.0 7 .0 6 .0 3.0
Hsmáx (m)
0.00 10.00 20.00 30.00Vazão (m3/h)
0.00
10.00
20.00
30.00
A l t u r a M a n . H ( m )
40
44
48
52
56
η (
− )
8.5 8.2 8.0 7 .0 6 .0 3.0
Hsmáx (m)
Sistema:H = 10 + 0.01 Q^2
Sistema:H = 20,5 + 0.01 Q^2
Figura 11.26 – Variação da curvacaracterística do sistema.
Figura 11.27 – Sistema com altura estáticade elevação variável.
O caso seguinte apresenta uma condição variável da altura estática de
elevação. É como se o sistema estivesse operando para encher o reservatório de
descarga e esvaziar o reservatório de sucção, ou se a diferença de pressão entre
ambos estivesse variando com a transferência de fluido (processos usuais naindústria). A vazão variará entre valores-limite. Recursos adicionais devem ser
utilizados caso a vazão deva permanecer constante ao longo do processo, por
exemplo, variar a rotação do motor para deslocar a curva característica da bomba.
Quando a diferença de altura de sucção não for tão grande, há casos em que pode-
se atuar sobre uma válvula: havendo uma válvula semi-fechada no sistema de
bombeamento, a atuação na válvula pode reduzir a perda de carga localizada para
compensar a variação da altura estática de elevação. Tal é mostrado na figura
11.27.
Em sistemas com grande altura de elevação, por exemplo, poços artesianos,
onde a diferença de cota entre sucção e descarga pode ser da ordem de 200m ou
mais, ou sistemas que requerem pressão de descarga elevada, pode-se instalar
bombas em série. A figura 11.28 representa a instalação de duas bombas em série
para suprir energia a um sistema cuja altura estática de elevação é superior à altura
de elevação máxima de uma bomba isolada. Note que a curva característica que
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representa a operação das bombas em série é obtida somando-se, para cada valor
de vazão, a altura de elevação de cada uma das bombas. As bombas devem
necessariamente serem iguais.Quando se deseja projetar sistemas de bombeamento para grandes vazões
ou atender um sistema que opera com uma ampla faixa de vazão, é comum a
utilização de bombas em paralelo, conforme mostra a figura 11.29. Quando somente
uma das bombas operar, é possível sua utilização no ponto de eficiência máxima,
requisito que não é cumprido quando se inicia a operação da segunda ou outras
bombas. Observe que o ponto de operação para as bombas em paralelo não
corresponde à soma das vazões Q1 e Q2 das bombas em operação individual.
2 3 4
10
Vazão (m3/h)
10
100
A l t u r a M a n .
( m )
1 bomba
2 bombas
Associação de bombas em série
Sistema
2 3 4 5 6 7 8
10
Vazão (m3/h)
10
A l t u r a M a n .
( m )
1 bomba 2 bombas
Associação de bombas em paralelo
Sistema
Figura 11.28 – Associação de bombasem série.
Figura 29 – Associação de bombas emparalelo.
Em alguns sistemas, o fluido, ao deixar a bomba, divide-se por ramificações
da tubulação. A figura 11.30 ilustra, como exemplo, três ramificações em paralelo em
um circuito fechado. O fluxo através da bomba e de cada uma das ramificações A, B,
e C pode ser calculado na medida que:
• o fluxo total deve ser igual à soma do fluxo em cada uma das ramificações;
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• a perda de carga é a mesma em cada uma das ramificações, pois o fluxo se
divide para produzir uma perda de carga idêntica.
A curva característica de cada uma das ramificações deve ser obtida paravárias vazões. A perda de carga total na ramificação pode ser traçada adicionando-
se as vazões parciais (Qtrocador 2, Qtrocador 3 e Qtrocador 4) para cada H. O ponto de
operação da bomba é evidentemente encontrado no cruzamento das curvas
características de toda a tubulação (curva do sistema) e da bomba.
Bomba
Trocador 1
Trocador 2
Trocador 3
Trocador 4
Trocador5
Linha recalque
Linha sucção
Figura 11.30 – Sistema fechado com ramificações em paralelo.
As curvas das figuras (11.31) a (11.32) mostram o comportamento do sistema
contendo ramificações de tubulação e bombas em série e paralelo.
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199
Figura 11.31 – Perdas de carga deelementos de um sistema em um circuitofechado série-paralelo.
Figura 11.32 – Curva total do sistema(composição de todas as perdas de cargasdo circuito série-paralelo da figura 11.31).
Figura 11.33 – Ponto de operação - circuito fechado série-paralelo.
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200
12 Parametrização das curvas de bombas
Apesar da simplicidade da formulação apresentada, a equação característicareal de bombas consegue expressar adequadamente os processos que ocorrem no
interior das mesmas. Será visto que a aplicação da equação característica permitirá
recuperar parâmetros de projeto de equipamentos existentes, desde que se
conheçam suas características operacionais, através dos dados do fabricante. Antes
ser apresentada a técnica utilizada para se determinar as constantes 1K , 2K , Q e
µ , vistas no capítulo 5, é conveniente adimensionalisar a equação (5.25). O
resultado dessa adimensionalização é dado por:
( ) ( )2
222
t2
222
2
2221
222
222
22
2 bruQQ
Kbrgbru
QKbrg
bruQ
2gcot
1u
gH
−−
−
−=
π
β µ (12.1)
Da equação (12.1), pode-se definir dois parâmetros adimensionais dados por:
22
*
u
gHH = (12.2)
222
*
bruQ
Q = (12.4)
Substituindo as equações (12.2) e (12.3) na equação (12.1), tem-se:
( )2*t
*2
222
2*1
222
*2 QQK)br(gQK)br(gQ2gcot
1*H −−−
−=
π
β µ (12.5)
O parâmetro *H é a altura de elevação adimensionalizada ou “coeficiente
adimensional de carga ”. Os parâmetros *Q e *tQ são as vazões adimensionalizadas
de operação e teórico de projeto, respectivamente, chamados de “coeficientes
adimensionais de vazão ”. Pode-se notar que os produtos ( ) 12
22 Kbrg e ( ) 22
22 Kbrg
são adimensionais, o que implica que as constantes 1K e 2K têm dimensão [s2 /m5].
Rearranjando a equação (12.5), tem-se que:
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201
( ) ( ) ( ) ( )
−+
−++−=
2*t2
222
*2*t2
222
2*21
222
* QKbrgQ2gcot
QKbrg2QKKbrgH µ π
β µ qu
e passa a ser numerada como equação: (12.6)Aparentemente, a equação adimensionalizada (12.6) não apresenta
vantagens em relação à (5.25). Entretanto, o exemplo prático, mostrado a seguir,
ilustrará a praticidade da equação (12.6) na determinação dos parâmetros de projeto
de uma bomba centrífuga. Para o exemplo em questão, adota-se uma bomba
comercial KSB modelo ETANORM 32-125, operando com um rotor de diâmetro
mm139D2 = . As condições operacionais para uma rotação de 3500 rpm são
apresentadas na tabela 12.1.
Q (m3 /h) H (m) η (%)
7,5 40,0 40,022,0 37,5 64,028,7 35,0 67,034,0 32,5 67,038,0 30,0 65,5
Tabela 12.1 – Condições operacionais da bomba modelo ETANORM 32-125.
O rotor tem largura na aresta de saída b2 = 10 mm e o ângulo de saída da pá
é º302 = β . O primeiro passo é adimensionalisar os dados da tabela 12.1. Feito isso,
obtém-se as condições adimensionalizadas da tabela 12.2.
vΩ cΩ (%)tη
0,118 0,605 40,00,345 0,567 64,00,450 0,529 67,00,533 0,491 67,00,596 0,454 65,5
Tabela 12.2 – Condições operacionais adimensionalizadas da bomba modelo ETANORM 32-125.
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202
Com os dados adimensionalizados da tabela 12.2, constroem-se os pares
ordenados ( *Q , *H ) em um gráfico. Com esses pares ordenados, faz-se um ajuste
de curvas utilizando um polinômio do segundo grau, como mostrado na figura 12.1.A curva apresentada tem a vantagem de representar os pontos operacionais da
bomba independentemente da rotação.
0.00
0.10
0.20
0.30
0.40
0.50
0.60
0.00 0.10 0.20 0.30 0.40 0.50 0.60
Q*
H *
Dados do Fabricante Polinômio do 2°Grau
Polinônimo do 2°grau:
H* = -0.5993(Q*)^2 + 0.1142(Q*) + 0.5995
Figura 12.1 – Curva adimensional da altura de elevação de uma bomba modelo ETANORM 32-125.
Do ajuste de curvas com o polinômio de segundo grau, podem-se combinar
os coeficientes da equação mostrada na figura 12.1 com os respectivos termos da
equação (12.6) da seguinte forma:
[ ] ( )
[ ]
[ ]
=Ω−
=−Ω
−=+−
5995,0)(K)br(g3
1142,02gcotK)br(g22
5993,0KK)br(g1
2vt2
222
2vt2222
212
22
µ
π β µ (12.7)
Observando o sistema de equações apresentado em (12.7), pode-se notar
que há 4 incógnitas, 1K , 2K , *tQ e µ , e apenas 3 equações. A princípio, tal
problema não teria solução. Porém, recordando da definição de µ , sabe-se que o
valor do coeficiente do número de pás deve estar entre 0 e 1. Analisando a parcela
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203
[3] da equação (12.7), conclui-se que µ deve ser maior que 0,5995 para que a
equação seja matematicamente consistente. Dessa maneira, é sensato fixar o valor
do coeficiente do número de pás e resolver o sistema para as outras incógnitas 1K ,
2K e *tQ através de sucessivas iterações, até se atingir o parâmetro de aceitação
estabelecido.
Substituindo, inicialmente, nas equações do sistema, os valores dos
parâmetros conhecidos 2s / m81316,9g = , mm5,69r2 = , mm10b2 = e º302 = β ,
com os devidos ajustes nas unidades, tem-se:
( )
( )
=−−
=−−−
−=+−−
5995,0QK06E74,4]3[
1142,0)02E82,8(QK)06E48,9(]2[
5993,0KK)06E74,4(]1[
2*t2
*t2
21
µ
µ (12.8)
Adotando para a primeira iteração um coeficiente de redução de potência
8,0= µ e substituindo nas equações (12.8), obtém-se a primeira solução para o
sistema:
521 m / s04E70,9K = 52
2 m / s05E95,2K = 20,1Q*t =
O valor do coeficiente da vazão teórica de projeto *tQ implica em uma vazão
de projeto Qt, cerca de 76,35 m3 /h, muito superior à vazão correspondente à
eficiência máxima da bomba, conforme mostra figura 12.2.
Observando a figura 12.2, pode-se notar que a vazão de máxima eficiência da
bomba é aproximadamente 31,0m3 /h. Vale ressaltar que a curva apresentada
representa a eficiência total da bomba, e não somente a eficiência hidráulica.
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204
η = -0,00049726Q2
+ 0,03087835Q + 0,197151130.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Q [m3/h]
η ηη η
Figura 12.2 – Curva de rendimento de uma bomba convencional, modelo ETANORM 32-125,produzida pela KSB; dados do fabricante fornecidos na tabela 12.1.
Na segunda tentativa, escolhe-se 68,0= µ . A solução do sistema é dada por:
521 m / s04E69,6K = 52
2 m / s04E96,85K = 5340,0Q*t =
Tais valores acima implicam em uma vazão de projeto de 34,04m3 /h. Este é
um valor razoável, um pouco superior àquela vazão correspondente à eficiênciamáxima da bomba, 31,0m3 /h, obtida na primeira iteração. Com isso, pode-se dizer
que o valor do coeficiente µ está muito próximo do valor real. Note também, que
com esse procedimento, os coeficientes de perdas, K1 e K2, estão determinados.
Pode-se perceber que a solução do sistema é bem sensível quanto à escolha do
valor do coeficiente µ , visto que ao reduzir seu valor em 15%, ou seja, de 0,80 para
0,68, o valor da vazão reduziu em mais de 50% do seu valor.
A equação característica real, com todos os parâmetros de projeto da bomba,
está determinada. A figura 12.3 mostra a composição desta curva real, a partir da
identificação dos termos de perda e desvio em relação à idealização inicial. Os
pontos sobre a curva real são aqueles apresentados na tabela 12.1 e foram obtidos
da curva que consta do catálogo do fabricante.
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205
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7
Coeficiente de Vazão, Q*
C o e f i c i e n t e d e p r e s s ã o ,
H *
Dados do Fabricante Ht* H* calculado h1* h2*
Figura 12.3 – Curva característica real de uma bomba centrífuga modelo ETANORM 32-125produzida pela KSB.
Finalmente, a figura 12.4 abaixo mostra a curva característica real da bomba
ETANORM 32-125 da KSB, na forma como é apresentada no catálogo do fabricante,
com eixos de vazão e altura de elevação (coordenadas dimensionais). Novamente,
os pontos na curva representam valores tirados do catálogo do fabricante.
Figura 12.4 – Curva característica real da bomba ETANORM 32-125, da KSB.
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206
Para fins ilustrativos, a figura 12.5 e a figura 12.6 mostram as curvas
características (parametrizadas ou com ajuste de curvas por polinômio de segundo
grau) da altura de elevação e eficiência da bomba ETA 32-16, também produzidapela KSB.
Figura 12.5 – Curva característicaparametrizada de vazão x altura deelevação manométrica.
Figura 12.6 – Curva de eficiência x vazão.
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207
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edição, Rio de janeiro, editora LTC – Livros Técnicos e Científicos, 2001.
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Janeiro, editora LTC – Livros Técnicos e Científicos, 1979.
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de Bombas Centrífugas, Belo Horizonte.
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Application, 2nd edition, New York, John Wiley & Sons, 1957.
7. KSB BOMBAS HIDRÁULICAS. Manual de Treinamento, Seleção e Aplicação
de Bombas Centrífugas, 5ª edição, 2003.
8. SEGALLA, W., Introdução às Máquinas de Fluxo, Bombas e Sistemas de
Bombeamento, Monografia de conclusão de curso, 2007.