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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Palhoa

    UnisulVirtual

    2008

    Leitura e Produo Textual

    Disciplina na modalidade a distncia

    3 edio revista e atualizada

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    Crditos

    Unisul - Universidade do Sul de Santa CatarinaUnisulVirtual - Educao Superior a Distncia

    Campus UnisulVirtualAvenida dos Lagos, 41Cidade Universitria Pedra BrancaPalhoa SC - 88137-100Fone/ax: (48) 3279-1242 e3279-1271E-mail: [email protected]: www.virtual.unisul.br

    Reitor UnisulGerson Luiz Joner da Silveira

    Vice-Reitor e Pr-ReitorAcadmicoSebastio Salsio Heerdt

    Chefe de Gabinete da ReitoriaFabian Martins de Castro

    Pr-Reitor AdministrativoMarcus Vincius Antoles da SilvaFerreira

    Campus SulDiretor: Valter Alves Schmitz NetoDiretora adjunta: AlexandraOrsoni

    Campus Norte

    Diretor: Ailton Nazareno SoaresDiretora adjunta: Cibele Schuelter

    Campus UnisulVirtualDiretor: Joo VianneyDiretora adjunta: JucimaraRoesler

    Equipe UnisulVirtual

    Avaliao InstitucionalDnia Falco de Bittencourt

    BibliotecaSoraya Arruda Waltrick

    Capacitao e Assessoria aoDocenteAngelita Maral Flores(Coordenadora)Caroline BatistaElaine SurianEnzo de Oliveira MoreiraPatrcia MeneghelSimone Andra de Castilho

    Coordenao dos CursosAdriano Srgio da CunhaAlosio Jos RodriguesAna Luisa MlbertAna Paula Reusing PachecoBernardino Jos da SilvaCharles CesconettoDiva Marlia FlemmingEduardo Aquino HblerFabiano CerettaItamar Pedro BevilaquaJanete Elza FelisbinoJucimara RoeslerLauro Jos BallockLvia da Cruz (auxiliar)Luiz Guilherme Buchmann

    FigueiredoLuiz Otvio Botelho LentoMarcelo CavalcantiMaria da Graa PoyerMaria de Ftima Martins (auxiliar)Mauro Faccioni FilhoMichelle Denise Durieux Lopes DestriMoacir FogaaMoacir HeerdtNlio HerzmannOnei Tadeu DutraPatrcia AlbertonRose Clr Estivalete BecheRaulino Jac BrningRodrigo Nunes Lunardelli

    Criao e Reconhecimento deCursosDiane Dal MagoVanderlei Brasil

    Desenho EducacionalDaniela Erani Monteiro Will(Coordenadora)

    Design InstrucionalAna Cludia TaCarmen Maria Cipriani PandiniCarolina Hoeller da Silva BoeingFlvia Lumi Matuzawa

    Karla Leonora Dahse NunesLeandro Kingeski PachecoLuiz Henrique QueriquelliLvia da CruzLucsia PereiraMrcia LochViviane BastosViviani Poyer

    AcessibilidadeVanessa de Andrade Manoel

    Avaliao da AprendizagemMrcia Loch (Coordenadora)

    Cristina Klipp de OliveiraSilvana Denise Guimares

    Design VisualCristiano Neri Gonalves Ribeiro(Coordenador)Adriana Ferreira dos SantosAlex Sandro XavierEvandro Guedes MachadoFernando Roberto DiasZimmermannHigor Ghisi LucianoPedro Paulo Alves TeixeiraRaael PessiVilson Martins Filho

    Disciplinas a DistnciaEnzo de Oliveira Moreira

    (Coordenador)

    Gerncia AcadmicaMrcia Luz de Oliveira Bubalo

    Gerncia AdministrativaRenato Andr Luz (Gerente)Valmir Vencio Incio

    Gerncia de Ensino, Pesquisae ExtensoAna Paula Reusing Pacheco

    Gerncia de Produo eLogsticaArthur Emmanuel F. Silveira(Gerente)Francisco Asp

    Logstica de EncontrosPresenciaisGraciele Marins Lindenmayr(Coordenadora)Aracelli AraldiCcero Alencar BrancoDaiana Cristina BortolottiDouglas Fabiani da CruzFernando Steimbach

    Letcia Cristina BarbosaPriscila Santos Alves

    Formatura e EventosJackson Schuelter Wiggers

    Logstica de MateriaisJeerson Cassiano Almeida daCosta (Coordenador)Jos Carlos TeixeiraEduardo Kraus

    Monitoria e SuporteRaael da Cunha Lara(Coordenador)Adriana SilveiraAndria DrewesCaroline MendonaCludia Noemi NascimentoCristiano DalazenDyego Helbert RachadelEdison Rodrigo ValimFrancielle ArrudaGabriela Malinverni BarbieriJonatas Collao de SouzaJosiane Conceio LealMaria Eugnia Ferreira CeleghinMaria Isabel Aragon

    Priscilla Geovana PaganiRachel Lopes C. PintoTatiane SilvaVincius Maykot Seraf m

    Relacionamento com oMercadoWalter Flix Cardoso Jnior

    Secretaria de Ensino aDistnciaKarine Augusta ZanoniAlbuquerque (Secretria deensino)

    Ana Paula PereiraAndra Luci MandiraAndrei RodriguesCarla Cristina SbardellaDeise Marcelo AntunesDjeime Sammer BortolottiFranciele da Silva BruchadoJames Marcel Silva RibeiroJanaina Stuart da CostaJenni er CamargoLamuni SouzaLiana PamplonaLuana Tarsila HellmannMarcelo Jos SoaresMarcos Alcides Medeiros JuniorMaria Isabel AragonOlavo LajsPriscilla Geovana PaganiRosngela Mara SiegelSilvana Henrique SilvaVanilda Liordina HeerdtVilmar Isaurino Vidal

    Secretria ExecutivaViviane Schalata Martins

    TecnologiaOsmar de Oliveira Braz Jnior(Coordenador)Je erson Amorin Oliveir a

    Marcelo Neri da SilvaPascoal Pinto Vernieri

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    Apresentao

    Este livro didtico corresponde disciplina Leitura e ProduoTextual.

    O material foi elaborado visando a uma aprendizagem autnoma,abordando contedos especialmente selecionados e adotando umalinguagem que facilite seu estudo a distncia.

    Por falar em distncia, isso no signifi ca que voc estar sozinho.No esquea que sua caminhada nesta disciplina tambmser acompanhada constantemente pelo Sistema Tutorial daUnisulVirtual. Entre em contato sempre que sentir necessidade,seja por correio postal, fax, telefone, e-mail ou EspaoUnisulVirtual de Aprendizagem. Nossa equipe ter o maiorprazer em atend-lo, pois sua aprendizagem nosso principalobjetivo.

    Bom estudo e sucesso!

    Equipe UnisulVirtual

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    Chirley Domingues

    Mnica Mano Trindade

    Palhoa

    UnisulVirtual

    2008

    Design instrucional

    Flvia Lumi Matuzawa

    3 edio revista e atualizada

    Leitura e Produo TextualLivro didtico

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    410D71 Domingues, Chirley

    Leitura e produo textual : livro didtico / Chirley Domingues, Mnica ManoTrindade ; design instrucional Flavia Lumi Matuzawa, [Carolina Hoeller da SilvaBoeing]. 3. ed. rev. e atual. Palhoa : UnisulVirtual, 2008.

    158 p. : il. ; 28 cm.

    Inclui bibliografia.ISBN 978-85-7817-050-9

    1. Lngua e linguagem. 2. Leitura. 3. Produo de textos. I. Trindade, MnicaMano. II. Matuzawa, Flavia Lumi. III. Boeing, Carolina Hoeller da Silva. IV. Ttulo.

    Edio Livro Didtico

    Professor ConteudistaChirley Domingues

    Mnica Mano Trindade

    Design InstrucionalFlvia Lumi MatuzawaCarolina Hoeller da Silva Boeing(3 edio revista e atualizada)

    Projeto Grfi co e CapaEquipe UnisulVirtual

    DiagramaoHigor Ghisi LucianoVilson Martins Filho

    (3 edio revista e atualizada)

    Reviso Ortogrfi caCarmen Maria Cipriani Pandini

    Ficha catalogrfi ca elaborada pela Biblioteca Universitria da Unisul

    Copyright UnisulVirtual 2007

    Nenhuma parte desta publicao pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prvia autorizao desta instituio.

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    Apresentao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 03

    Palavras das professoras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09

    Plano de estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

    UNIDADE 1 Linguagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

    UNIDADE 2 Leitura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39

    UNIDADE 3 Texto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67

    UNIDADE 4 Textos acadmicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95

    UNIDADE 5 Tpicos gramaticais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115

    Para concluir o estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145

    Referncias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 147

    Sobre a professora conteudista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149

    Comentrios e respostas das atividades de auto-avaliao . . . . . . . . . . . . 151

    Sumrio

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    Palavras das professoras

    Informaes excessivas, instantneas e superfi ciais,caractersticas do sculo XXI, levam-nos a ter de fazerescolhas, defi nir e manifestar nossas opinies diante dosacontecimentos do mundo e, especialmente, do nosso meiosocial. O fato que, para sabermos nos posicionar ante essedinamismo, precisamos aprimorar nossas habilidades de

    escuta, leitura e escrita, responsveis pela nossa interao nomundo, o que somente se torna possvel atravs de um estudode lngua portuguesa comprometido em nos preparar para avida pessoal, acadmica e profi ssional.

    Aqui, voc est convidado a intensifi car as suas habilidades deleitura e escrita. Far exerccios que o levaro a indagar sobrea inteno contida nos textos, possibilitando-lhe desenvolveruma postura mais crtica sobre a sua produo textual. Deforma integrada leitura, voc desenvolver a prtica de

    produo de textos, possibilitando-lhe adequar a sua escrita aocontexto que se fi zer necessrio.

    Para desenvolver mais as suas habilidades na leitura e naescrita, dedique-se ao estudo de cada unidade e lembre-seda importncia das atividades prticas, pois somente vocpoder investir na sua formao como leitor e escritor, duasimportantes funes que certamente exercer ao longo da suavida acadmica e profi ssional.

    Bom trabalho!As autoras

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    Plano de estudo

    O plano de estudo visa a orient-lo(a) no desenvolvimento dadisciplina. Nele, voc encontrar elementos que esclareceroo contexto da disciplina e sugeriro formas de organizar o seutempo de estudos.

    O processo de ensino e aprendizagem na UnisulVirtual leva

    em conta instrumentos que se articulam e se complementam.Assim, a construo de competncias se d sobre a articulaode metodologias e por meio das diversas formas de ao/mediao.

    So elementos desse processo:

    o livro didtico;!

    o Espao UnisulVirtual de Aprendizagem -! EVA;

    as atividades de avaliao (complementares, a distncia!e presenciais).

    Ementa

    Nveis de linguagem: caractersticas dos diversos tiposde linguagem e suas funes. Leitura: compreenso eanlise crtica de texto. Produo de texto: tipos e gnerostextuais; coerncia e coeso; adequao norma culta.

    Carga horria

    60 horas 4 crditos

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Objetivo(s)

    A disciplina visa ao desenvolvimento da competncia do

    estudante na realizao de atividades relacionadas ao uso dalngua, tanto do ponto de vista da produo quanto da recepo.Portanto, so objetivos especfi cos:

    estimular o acadmico realizao de atividades prticas!de leitura e produo textual;

    propiciar o conhecimento dos diversos gneros textuais,!com a identifi cao das caractersticas e da linguagemprpria de cada um, bem como suas aplicaes na

    sociedade;possibilitar o estudo de regras especfi cas para adequao!do texto modalidade culta da lngua.

    Contedo programtico/objetivos

    Os objetivos de cada unidade defi nem o conjunto deconhecimentos que voc dever deter para o desenvolvimento dehabilidades e competncias necessrias sua formao. Nestesentido, veja a seguir as unidades que compem o livro didticodesta disciplina, bem como os seus respectivos objetivos.

    Unidades de estudo: 5

    Unidade 1 Linguagem (10 h/a)

    Esta unidade, de carter introdutrio, apresentar os conceitosde lngua, linguagem e variao lingstica, defi nies bsicase essenciais ao desenvolvimento da disciplina, bem como umestudo sobre nveis de linguagem e funes de linguagem.

    Unidade 2 Leitura (15 h/a)

    Esta unidade abordar a importncia da leitura e sua infl unciana escrita, as caractersticas dos textos literrios e no-literriose os nveis de informao explcito e implcito, enfocando a

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    Atividades obrigatrias

    Demais atividades (registro pessoal)

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    UNIDADE 1

    Linguagem

    Objetivos de aprendizagem

    Ao fi nal da unidade voc ter subsdios para compreender:

    ! A diferena entre lngua e linguagem.

    ! As causas da variao lingstica.

    ! As situaes de uso das modalidades da lngua.

    ! As funes da linguagem.

    Sees de estudo

    Nesta unidade voc vai estudar os seguintes assuntos:

    Seo 1 Lngua, Linguagem e Variao.

    Seo 2 Nveis de Linguagem.

    Seo 3 Funes da Linguagem.

    1

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Para incio de conversa

    Durante muito tempo, acreditou-se que dominar a lnguaportuguesa era falar difcil, ou seja, empregar vocabulrio cultoe usar frases de efeito com estrutura mais complexa. Hoje, noentanto, sabemos que usar bem o portugus , sobretudo, saberadequar a linguagem a diferentes situaes sociais das quaisparticipamos. Por exemplo, sabemos que preciso ter um cuidadoespecial com a lngua quando nos submetemos a uma entrevistade emprego, ou quando elaboramos um texto acadmico. Mas,em uma conversa com amigos ou familiares, podemos usar umalinguagem mais coloquial. Assim sendo, pode-se dizer que alngua apresenta variaes e o que determina a escolha de tal outal variedade a situao concreta de comunicao.

    Esse o tema da presente unidade, que tem como objeto o estudoda linguagem e suas variaes. Aqui, voc encontrar conceitosbsicos de introduo para um trabalho de leitura e produo detextos.

    So conceitos essenciais, que sero retomados no decorrer dasdemais unidades, logo precisam ser bem compreendidos parafacilitar o seu crescimento na disciplina.

    Bons estudos!

    Seo 1 Lngua, linguagem e variao

    Comunicao provm de communicare, verbo latino que signifi capr em comum. Para Medeiros (2000, p. 15), a fi nalidade dacomunicao pr em comum no apenas as idias, sentimentos,

    pensamentos, desejos, mas tambm compartilhar formas decomportamento, modos de vida determinados por regra decarter social.

    A comunicao implica, fundamentalmente, a utilizaode uma linguagem. A linguagem humana, segundoKoch (1997a, p. 9), tem sido concebida de maneirasdiversas, e a mais recente dessas concepes considera

    a linguagem como atividade, como forma de ao, como

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    Leitura de Produo Textual

    Unidade 1

    lugar de interao que possibilita aos membros de uma sociedadea prtica dos mais diversos tipos de atos.

    A linguagem se materializa de duas formas. Na primeira,denominada de linguagem no-verbal, exploram-se sinais,gestos e imagens. Na segunda, denominada de linguagemverbal, utilizam-se signos, ou seja, uma modalidade constitudade um sistema de sinais convencionados. Esse conjunto de signos o que denominamos de lngua.

    Bem, agora que j abordamos os conceitos bsicos sobre alinguagem humana, vamos resumi-los para assimil-los melhor.

    Resumindo:Linguagem! : capacidade do ser humano de secomunicar por meio de um lngua.

    Lngua! : cdigo, sistema de signos convencionaisusados pelos membros de uma mesmacomunidade.

    Linguagem verbal! : constituda de um sistema de

    cdigos convencionados.

    Linguagem no-verbal! : constituda por imagens,gestos, emoticons, expresso facial etc.

    Para diferenciar melhor a linguagem verbal da linguagem no-verbal,observe os seguintes exemplos:

    Texto A

    Uma das maneiras de ver o mundo sob a fi gura da anttese.Assim, as categorias que encontramos so: os ricos e os pobres, osbrancos e os negros, os homens e as mulheres, os heterossexuais eos homossexuais etc.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Texto B

    Figura 1 Ilustrao sobre anttese. (Fonte: Plato e Fiorin. Lies detexto: leitura e redao. So Paulo: tica,1996.)

    fcil perceber que no primeiro exemplo, por meio da linguagemverbal, h uma afi rmao genrica entre as diferenas existentesno mundo. Da mesma forma, no segundo, essa temtica aparece,uma vez que a fi gura pretende, atravs da oposio entre a cor e otamanho das mos, chamar a ateno para a fome e a desnutriono continente africano.

    Ainda, o texto pode ser elaborado pela associao dos dois tiposde linguagem, o que denominamos de linguagem mista. Observe

    a charge:Texto C

    Figura 2 charge do Lula Papai Noel. (Fonte: Folha de So Paulo, 18/11/2006).

    A compreenso desse texto de humor ocorre pela associaoda imagem-fi gura de Papai Noel com a linguagem verbal o contedo das cartas e a fala da personagem. Inclusive aprpria defi nio da personagem Presidente Lula e Papai Noel depende do contedo de sua fala.

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    Leitura de Produo Textual

    Unidade 1

    Ento, agora que voc j sabe que lngua um cdigo por meio doqual as pessoas se comunicam e interagem entre si, passemos ao seguintequestionamento:

    A lngua portuguesa, no Brasil, um cdigo nico atodos os falantes?

    Para responder a pergunta, voc deve levar em conta, porexemplo, a diferena que existe na linguagem em diversosnveis, como: a linguagem que voc usa com o seu chefe no a mesma que voc usa com os seus amigos. Ou ainda, o

    vocabulrio dos jovens est mais aberto s mudanas e novidades,diferente do que acontece com os mais idosos, que tendem a umconservadorismo. Alis, causa-nos grande estranhamento ouvirpessoas idosas, por exemplo, usando uma gria, no mesmo?Isso acontece porque temos conscincia de que h vrias formasde usarmos a lngua que falamos.

    Assim sendo, se voc respondeu NO para a pergunta anterior,ento voc j est prximo do conceito de nosso prximo assunto,ou seja, Variao Lingstica.

    A lngua portuguesa, como todas as lnguas do mundo, no seapresenta de maneira uniforme em todo o territrio brasileiro.Alis, assim como a cultura brasileira plural, h tambm apluralidade lingstica, o que facilmente observado em nossopas. Essa pluralidade o que denominamos variao lingstica,e esse o tema que vamos abordar agora.

    Mas qual o objetivo de estudarmos tal assunto?

    Estudar a variao lingstica oportunizar voc a perceber quediversos fatores, como regio, faixa etria, classe social e profi ssoso responsveis pela variao da lngua. Devemos observar, noentanto, que no h um uso melhor que o outro. Em uma mesmacomunidade lingstica, coexistem usos diferentes, no existindoum padro de linguagem que possa ser considerado superior.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    O que determina a escolha de tal ou tal variedade asituao concreta de comunicao.

    Nveis de variao lingstica

    importante observar que o processo de variao ocorre emtodos os nveis de funcionamento da linguagem, sendo maisperceptvel na pronncia ou no vocabulrio. Tambm so vriosos fatores que determinam a variao, entretanto, vamos darnfase variao regional, variao social e variao por faixa

    etria, que sero explicadas a seguir.

    1) Variao regional (territorial ou geogrfi ca)

    Ocorre entre pessoas de diferentes regies em que se fala a mesmalngua. Segundo Travaglia, essa variao normalmente acontece

    [...] pelas infl uncias que cada regio sofreu durantesua formao; porque os falantes de uma dada regioconstituem uma comunidade lingstica geografi camente

    limitada em funo de estarem polarizados em termospolticos, econmicos, culturais e desenvolverem entoum comportamento lingstico comum que os identifi cae distingue. (2002, p. 42).

    Ento, como voc pode ver, so os diferentes falares que seencontram no Brasil como os falares gacho, nordestino,carioca, o chamado dialeto caipira etc.

    Essa diferena pode ser percebida em relao pronncia,como por exemplo, a diferena do re do s, na fala de cariocas,

    gachos, paulistas. Alm disso, tambm fi ca evidente adiferena em nvel vocabular, pois temos vrias palavras usadaspara fazer referncia ao mesmo objeto, e o uso de um ou outrovocbulo varia de regio para regio. o que ocorre em:

    pipa papagaio pandorga maranho;!

    po francs po de trigo cacetinho;!

    aipim mandioca macaxeira.!

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    Leitura de Produo Textual

    Unidade 1

    2) Variao social

    Ocorre entre pessoas que pertencem a diferentes grupos sociais.Neste caso, podemos dividir a lngua em vrios dialetos oujarges que, na dimenso social, representam as variaes queocorrem de acordo com a classe a que pertencem os usurios dalngua.

    Podemos, ento, considerar como variedades dialetais denatureza social, os jarges profi ssionais (linguagem dos artistas,mdicos, professores, operrios), como tambm as grias usadaspor diversos grupos como: jogadores de futebol, cantores de Rap,freqentadores de academias de ginstica etc. Assim, pessoas comrelaes bastante estreitas e interesses comuns tendem a usar umalinguagem mais especfi ca.

    Vejam os exemplos nos textos a seguir:

    Ento a nossa fi losofi a mostrar pras pessoas, n,tentar passar pras pessoas que elas podem brilhar,que elas so importantes (...) Ento ns viramos pronegro e falamos: p, negcio seguinte, tu bonito, tu

    no feio como dizem que tu feio. Teu cabelo no ruim como dizem que teu cabelo ruim, entendeu?Meu cabelo crespo, entendeu? Existe cabelo crespo,existe cabelo liso. No tem essa de cabelo bom,cabelo ruim. Por que que cabelo de branco bom emeu cabelo ruim?

    (Fala de um cantor de Rap)

    Outro dia o coruja estava batendo lata e encontrou

    um tatu.

    - E a? Eles acertaram o pilo?

    - Que nada, o espada abiu o caderno e passou o maiorchapu no piolho!

    (FUSARO, Krin. Grias de todas as tribos. So Paulo:

    Panda, 2001)

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Voc entendeu os textos dos exemplos? Talvez voc sintadifi culdades em relao ao segundo, caso voc no compreenda agria dos taxistas. Releia o texto, considerando este vocabulrio:

    Quadro 01 quadro de re erncia de grias e seus signifi cados

    Gria Signifi cado

    Abrir o caderno Falar demais, contar a vida.

    Bater lata Andar com o carro vazio, procura de pass ageiro.

    Chapu Golpe, ato de no pagar ao taxista.

    Coruja Taxista que trabalha no perodo noturno.

    Espada Passageiro dicil de enganar.

    Pilo Corrida prefi xada.

    Piolho Taxista que assalta o passageiro, at mesmo moarmada.

    Tatu Passageiro inocente, vtima cil.

    3) Variao por faixa etria

    Os dialetos, na dimenso de idade, representam as variaesdecorrentes da diferena no modo de usar a lngua de pessoasde idades diferentes, normalmente em faixas etriasdiversas: crianas, jovens, adultos e velhos.

    Assim, seria um fato rarssimo presenciarmos uma pessoaidosa usando expresses como linkar(ligar um sitea outro),

    subir um arquivo (mandar um arquivo para a internet), atmesmo pela pouca ou nenhuma intimidade que esse grupode pessoas tem com o computador e, conseqentemente

    com a internet. At aqui voc viu algumas variaes lingsticas. Na prxima

    seo, voc ver a variao de registro, que tambm um conceitoimportante no estudo da linguagem.

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    Leitura de Produo Textual

    Unidade 1

    Seo 2 Nveis de linguagem

    Na seo anterior, voc estudou os conceitos de lngua elinguagem, assim como as variaes lingsticas. Dandocontinuidade ao assunto, vamos abordar a variao de registro,que se defi ne pela forma de utilizao da linguagem, levando emconta o contexto da situao.

    Um exemplo disso a forma como falamos comum adulto ou com uma criana. Quando falamoscom a criana, a nossa linguagem mais gestual,mudamos o tom da voz, ou seja, imitamos asprprias crianas.

    Antes de estudar esse tipo de variao, que chamaremos denveis de linguagem, necessrio que voc refl ita um poucosobre as caractersticas da lngua falada e da lngua escrita. Nassituaes de fala, h um contato direto entre os interlocutores,isto , falante e ouvinte, o que nos permite fazer repeties eexplicaes, caso nosso ouvinte no nos compreenda.

    J nas situaes de escrita, o contato entre autor e leitor indireto, logo torna-se necessria a formulao de um texto claro,possvel de ser compreendido pelo leitor, sem a possibilidade dainterveno simultnea do autor.

    Isso desencadeia uma srie de diferenas entre fala e escrita,em relao estrutura e organizao do texto, que podem serresumidamente apresentadas no quadro a seguir:

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Quadro 02 Comparativo entre lngua oral e escrita

    Lngua oral Lngua escrita

    Repetio de palavras Vocabulrio amplo e variado.

    Frases inacabadas e interrompidas Frases completas.

    Seqncia de oraes com ou sem conexo Oraes coordenadas ou subordinadas.

    Frases eitas, clichs, provrbios, grias Uso restrito de rases eitas, provrbios, grias.

    Marcas da oralidade, como da, n, t etc. Ausncia desses marcadores.

    As caractersticas do Quadro 02 so predominantes, mas no

    podem ser vistas como exclusivas do texto oral ou do textoescrito.

    Voc sabe que nossa produo oral no sempre igual.Quando falamos, fazemos variaes em funo do contexto daconversao e de nossos interlocutores. Assim tambm a escritano uniforme. Podemos escrever de vrias formas, considerandoa fi nalidade do texto e o leitor a quem nos dirigimos, concorda?

    Isso signifi ca que h outro tipo de variao, que pode ser

    registrado tanto na fala quanto na escrita. Por isso, maisimportante que observar as variaes entre fala e escrita observar e fazer uso das diferenas entre os nveis de linguagem.

    Perceba que no nosso dia-a-dia, em casa, no trabalho, noencontro com os amigos, expressamo-nos de diferentesformas, ou seja, no nos referimos ao nosso chefe da mesmamaneira como nos dirigimos a um amigo, no mesmo? Da anecessidade de usar adequadamente os dois nveis de linguagem:culto e coloquial.

    A modalidade culta a lngua padro. a variedadelingstica de maior prestgio social. aquela usadanas situaes formais tanto na fala quanto na escrita.

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    Leitura de Produo Textual

    Unidade 1

    facilmente observada em um discurso de formatura, naapresentao de um projeto, na defesa de uma monografi a, ouainda, na produo de textos acadmicos, jurdicos, empresariais

    etc.

    A modalidade coloquial a linguagem queutilizamos no nosso cotidiano, para situaesinformais, tanto na fala quanto na escrita.

    a linguagem que usamos no nosso dia-a-dia, nas conversascom os amigos, com a famlia, ou ainda, na produo de alguns

    textos, como bilhetes ou mensagens eletrnicas.A escolha das modalidades se d, portanto, em funo do nvel deformalidade exigido no contexto. Assim, situaes mais informaispermitem o uso da modalidade coloquial e situaes mais formaisexigem o uso da modalidade culta. Veja os seguintes exemplos:

    Situao hipottica: confraternizao entre osfuncionrios da empresa X.Contexto 1

    Se voc fi car encarregado de publicar um convitea todos os funcionrios, voc se preocupar emser objetivo e, principalmente, ser compreendidopor todos, at mesmo pelos que no o conhecem.Alm disso, como pessoas que ocupam cargoshierarquicamente superiores ao seu tambm seroseus interlocutores, voc tender formalidade.Provavelmente, seu texto fi car parecido com o quesugerimos abaixo.

    No esprito de encerramento de mais um ano de trabalho,convidamos a todos os colaboradores desta empresa para umjantar comemorativo.

    Local: Restaurante XX X

    Data: 15/12/2006

    Horrio: 20 horas

    necessrio confi rmar presen a at dia 10/12/2006, pelo [email protected].

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Contexto 2:

    Agora voc um dos funcionrios da empresa

    que recebeu o convite. Seu interesse saber se aspessoas que trabalham mais prximas de voc, ouseja, aquelas com as quais voc tem mais intimidadecomparecero. Muito provavelmente, voc mandara elas um e-mail, de forma descontrada, prximo aosugerido:

    E a, pessoal. T a fi m de ir no jantar do dia 15. Quem vai? Vamoscombinar um esquema de carona? T esperando. Abrao.

    Sabemos que a maioria das situaes de fala tendem a ser maisinformais que as situaes de escrita, o que leva as pessoas auma concluso equivocada: comum que as pessoas faam umaassociao de conceitos e denominem uma modalidade comolinguagem oral/coloquial e a outra como linguagem escrita/culta.No entanto, como voc pode ver no exemplo acima, houve aocorrncia dos dois nveis culto e coloquial nos dois textossimulados, e ambos foram produzidos de forma escrita.

    Alm disso, lembre-se de que os conceitos anteriormenteapresentados explicitam que tanto a modalidade culta quanto acoloquial aparecem em situaes de fala e escrita.

    importante no confudir essa diferena entremodalidade culta e coloquial com a diferena entrefala e escrita.

    Para fi nalizar esta seo, gostaramos de reforar que o objetivo

    de estudar as modalidades que lhe foram apresentadas fazercom que voc fi que atento necessidade de adequao de seutexto falado ou escrito situao de uso. O ideal que voc sesinta apto a fazer uso da modalidade culta, quando isso se fi zernecessrio, e da modalidade coloquial, em situaes permitidas.Lembre-se disso, no decorrer da disciplina, em todas asatividades de produo textual.

    A seguir, voc estudar as funes da linguagem como um dosrecursos disponveis para marcar a intencionalidade de um texto.

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    Leitura de Produo Textual

    Unidade 1

    Seo 3 Funes da linguagem

    Como voc j estudou na primeira seo, a linguagem utilizadapara que a comunicao se efetive. Para isso, em um processo decomunicao, alguns elementos so necessrios, tais como:

    Emissor! aquele que emite, codifi ca a mensagem.

    Receptor! aquele que recebe, decodifi ca a mensagem.

    Mensagem! o contedo transmitido pelo emissor.

    Cdigo! o conjunto de signos usado na transmisso ena recepo da mensagem.

    Referente! o contexto relacionado ao emissor e aoreceptor.

    Canal! o meio pelo qual a mensagem circula.

    No processo de comunicao, todos esses elementos estoenvolvidos, mas, em razo da intencionalidade do texto,um ou outro elemento deve ser enfatizado, o que resultanas funes da linguagem.

    A seguir, apresentamos cada uma das funes, suascaractersticas e contextos de ocorrncia, fi nalizando comum exemplo.

    1. Funo emotiva (ou expressiva)

    centralizada no emissor, revelando sua opinio ou emoo.Portanto, notvel no texto o uso da primeira pessoa do singular,das interjeies e exclamaes. Predominante em textos literrios,biografi as, memrias, cartas pessoais.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    O meu amor, o meu amor, Maria como um fi o telegrfi co da estradaAonde vm pousar as andorinhas...

    De vez em quando chega umaE canta(No sei se as andorinhas cantam, mas v l)Canta e vai-se emboraOutra nem isso, Mal chega, vai-se embora.A ltima que passouLimitou-se a fazer cocNo meu pobre fi o de vida!No entanto, Maria, o meu amor sempre o mesmo:As andorinhas que mudam.

    (POEMINHA SENTIMENTAL, Mrio Quintana)

    2. Funo referencial (ou Denotativa)

    centralizada no referente, quando o emissor procura oferecerinformaes da realidade. A linguagem do texto objetiva, diretae prevalece o uso da terceira pessoa do singular.

    Predominante em textos acadmicos, cientfi cos e em alguns

    textos jornalsticos como a notcia.

    EDUCAO NO REDUZ DESIGUALDADE RACIAL

    Estudo do IBGE revela que quanto maior aescolaridade do trabalhador brasileiro, maior adiferena no salrio dos brancos em relao ao dospretos e pardos. O levantamento teve por base aPesquisa mensal de Emprego do instituto, restrita sseis maiores regies metropolitanas do pas. (Folha deSo Paulo, 18/11/2006, p. 01)

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    Leitura de Produo Textual

    Unidade 1

    3. Funo apelativa (ou conativa)

    centralizada no receptor. Como o emissor se dirige ao receptor, comum o uso dos pronomes tu e voc, ou o nome da pessoa aquem o emissor se refere.

    Predominante em sermes, discursos e textos publicitrios, j queestes se dirigem diretamente ao consumidor.

    Celular de graa

    Na sua mo

    CLARO

    A vida na sua mo

    Voc ainda ganha o dobro de minutos do seuplano por at 12 meses.

    (Texto publicitrio NOKIA publicado no DirioCatarinense em 19/11/2006)

    4. Funo ftica

    centralizada no canal, tendo como objetivo prolongar ouno o contato com o receptor, ou testar a efi cincia do canal.Predominante na conversao, como saudaes, falas informaise falas telefnicas, quando fazemos uso da linguagem maispor exigncia das relaes sociais do que pela necessidade detransmisso da mensagem.

    No elevador:- Bom dia!

    - Bom dia!- Que calor tem feito.- Pois .- At logo.-Tchau.

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    5. Funo potica

    centralizada na mensagem, revelando recursos imaginativoscriados pelo emissor. Valorizam-se as palavras e suascombinaes. Predominante em textos com linguagem fi gurada,como poemas, letras de msica, textos publicitrios.

    Quando os sapatos ringem- quem diria?

    So os teus ps que esto cantando!

    (QUINTANA, Mrio. Vero. In: Mrio Quintana deBolso. Porto Alegre: L&M, 1997, p. 140.)

    6. Funo metalingstica

    centralizada no cdigo. quando a linguagem usada parafalar dela mesma. Ocorre quando um texto comenta outro texto,ou quando o poema fala do prprio poema ou quando o cinemaexplica como se faz um fi lme.

    Predominante em dicionrios.

    As expresses so data venia, permissa venia,concessa venia. O senhor, para no usar deaspereza com o juiz, o senhor bota data venia,que quer dizer com o devido respeito, botaantes data venia e a fala o que quiser para o juiz.Os sinnimos de data venia seriam permissavenia, concessa venia. Eu jamais repito data veniano mesmo processo. S data venia, data venia,fi ca enfadonho, n? (Fala de um advogado noexerccio de sua funo).

    importante voc observar que os textos selecionadosapresentam como funo predominante aquela que pretendemosexemplifi car, mas isso no exclui a possibilidade de um mesmotexto apresentar mais de uma funo de linguagem, fato queocorrer na atividade proposta para este assunto.

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    Leitura de Produo Textual

    Unidade 1

    Sntese

    Ao trmino desta unidade, voc deve ter compreendido algunsconceitos bsicos para o estudo da lngua portuguesa, os quaisretomaremos aqui:

    a) Linguagem deve ser defi nida como a capacidade decomunicao do ser humano. Manifesta-se tanto por signoslingsticos, ou seja, por palavras, quando denominada delinguagem verbal, quanto por imagens, o que caracteriza alinguagem no-verbal.

    b) Lngua um cdigo, conjunto de signos, estabelecido por umadeterminada sociedade, em um determinado espao geogrfi co.

    c) As lnguas no so uniformes. Elas variam, pois as pessoasfalam de modo diferente em relao pronncia, ao vocabulrio,ao uso de grias e expresses e estrutura gramatical. Vriosfatores podem infl uenciar essa variao, mas apresentamos comoos mais relevantes alguns fatores externos, tais como:

    Geogrfi co:! variao decorrente do local onde o falantevive.

    Social! : variao decorrente do grupo social ao qual ofalante pertence, ou a profi sso que exerce.

    Idade! : variao decorrente da faixa etria do falante,uma vez que as expresses coloquiais e as grias mudamrapidamente com o decorrer do tempo.

    d) Alm da variao geogrfi ca, social e etria, h a variao deregistro. Trata-se das possibilidades de diferentes usos da lngua

    por um mesmo falante. Em situaes informais, tem-se a opopelo nvel coloquial; j em situaes formais, pelo nvel culto.Tais modalidades, coloquial e culta, so observadas tanto emtextos falados quanto escritos.

    e) Seis elementos compem o processo de comunicao:emissor, receptor, mensagem, cdigo, contexto e canal. Quandoproduzimos nossos textos, enfatizamos um ou outro elemento,de modo intencional, o que resulta em seis diferentes funes dalinguagem: emotiva, centrada no emissor; apelativa, centrada

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    no receptor; potica, centrada na mensagem; metalingstica,centrada no cdigo; referencial, centrada no contexto, e ftica,centrada no canal.

    O objetivo de voc ter estudado este contedo, aqui brevementeresumido, adquirir conhecimentos bsicos sobre a lngua paraque possa aplic-los nos processos de leitura e produo textual,desenvolvidos nas unidades seguintes.

    Atividades de auto-avaliao

    1) Procure no seu cotidiano, exemplos de textos que so elaborados pormeio de linguagem verbal, no-verbal e pela juno de ambas.

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    Leitura de Produo Textual

    Unidade 1

    2) Leia o texto de apoio e busque exemplos de variao percebidos porvoc no seu dia-a-dia, na sua comunidade.

    NO EXISTEM LNGUAS UNIFORMES Srio Possenti

    Algum que estivesse desanimado pelo fato de que parece queas coisas no do certo no Brasil e que isso se deve ao povinho quehabita esse pas (conhecem a piada?), poderia talvez achar que tem umargumento defi nitivo, quando observa que at mesmo para falar somosum povo desleixado. Esse modo de encarar os fatos da linguagem bastante comum, infelizmente. Faz parte da viso de mundo que aspessoas tm a respeito dos campos nos quais so especialistas. Em outraspalavras, uma avaliao falsa. Mas como existe, e como tambm umfato social associado linguagem, deve ser levado em conta. Por isso, para

    quem pretende ter uma viso mais adequada do fenmeno da linguagem,especialmente para os profi ssionais, dois fatos so importantes: a) todas aslnguas variam, isto , no existe nenhuma sociedade ou comunidade naqual todos falem da mesma forma; b) a variedade lingstica o refl exo davariedade social e, como em todas as sociedades existe alguma diferenade status ou de papel entre indivduos ou grupos, essas diferenas serefl etem na lngua. Ou seja: a primeira verdade que devemos encarar relativaao fato de que em todos os pases (ou em todas as comunidades de falantes)existe variedade de lngua. E no apenas no Brasil, porque seramos um povodescuidado, relapso, que no respeita nem mesmo sua rica lngua. A segundaverdade que as diferenas que existem numa lngua no so casuais. Aocontrrio, os fatores que permitem ou infl uenciam na variao podem ser

    detectados atravs de uma anlise mais cuidadosa e menos anedtica.

    Um dos tipos de fatores que produzem diferenas na fala de pessoasso externos lngua. Os principais so os fatores geogrfi cos, de classe,de idade, de sexo, de etnia, de profi sso etc. Ou seja: as pessoas quemoram em lugares diferentes acabam caracterizando-se por falar dealgum modo de maneira diferente em relao a outro grupo. Pessoas quepertencem a classes sociais diferentes, do mesmo modo (e, de certa forma,pela mesma razo, a distncia s que esta social) acabam caracterizandosua fala por traos diversos em relao aos de outra classe. O mesmo valepara diferentes sexos, idades, etnias, profi sses. De uma forma um pouco

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    Unidade 1

    3) Os textos, a seguir, so transcries de falas em situao coloquial.Reescreva, adequando-os linguagem culta.

    a) A TV eu acho que nem sempre uma boa infl uncia para as crianase tambm no espero que eduque essas crianas com os programasto violentos. At nos desenhos animados tem essa violncia e com aapelao sexual dos outros programas.

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    Saiba mais

    Para aprofundar os tpicos abordados sugerimos a leitura de:FARACO, Carlos Alberto e TEZZA, Cristvo. Prtica detexto para estudantes universitrios. Petrpolis, RJ: Vozes,1992. (Do captulo primeiro ao stimo)

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    Unidade 2

    ler, segundo Orlandi (1999), um processo que envolvehabilidades alm das que se resolvem no imediatismo.

    Assim, mais do que decodifi car cdigos, o que fazemosdurante uma leitura construir signifi cados a partir daquiloque lemos. Portanto, se adotamos essa perspectiva deleitura, no podemos mais consider-la um simples ato dedecodifi cao de um produto pronto, mas sim, um processode signifi cao e de construo do texto.

    Nesse sentido, devemos levar em considerao que aleitura um processo que se d a partir da interao entre leitore texto. Assim sendo, o leitor constri o signifi cado do texto a

    partir dos objetivos que guiam a leitura.

    Pense um pouco: quais motivos levariam voc realizao de uma leitura?

    Talvez, sejam diversos os objetivos que o impulsionam a ler um texto,iniciando pelos mais prazerosos, como devanear, preencher um momentode lazer, passando pelos mais teis, como procurar uma informao

    concreta, seguir uma pauta de instrues para realizar atividades (cozinhar,conhecer regras de um jogo), at os mais complexos, como confi rmar ourefutar um conhecimento prvio, aplicar a informao obtida com a leiturade um determinado texto na realizao de um trabalho.

    Independente do objetivo que o conduza ao ato de ler, voc deveatentar para o fato de que, na realizao de qualquer atividade deleitura, como destaca Orlandi (1999), alguns fatores se impem e,entre eles, destacamos:

    As especifi cidades e a histria do sujeito leitor.!

    Os modos e os efeitos de leitura de cada poca e!segmento social.

    Dessa forma, ainda que o contedo de um texto no mude, possvel que dois leitores com histrias de leitura e objetivosdiferentes subtraiam dessa leitura informaes distintas.

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    Unidade 2

    faz. O que me levou a perguntar-lhe: O senhor no acha queele poderia fazer sem roubar?. Mas ele um poltico...Sotodos assim, ponderou. Esse conceito conformista explica muita

    coisa. Segundo ele, quem detm o poder, e pode ajudar os outros,fi ca livre de freios morais, aplicveis aos que dependem de suacompaixo.

    No se trata disso, e sim de obrigao. Ele foi eleito paracuidar dos interesses da sociedade, e no dos seus prprios.Sobre isso, diria Plato: tica sem competncia no se instala.Competncia sem tica no se sustenta. A no ser, claro, quelevar vantagem em tudo seja um trao cultural, o que signifi cariaapunhalar a meritocracia. E isso no convm a ningum que

    considere a tica um valor, especialmente se for um lder.(Eugnio Mussak. Publicado na revista Voc S/A, de novembrode 2006, p. 114)

    Agora, faamos um exerccio de leitura, pautando-nos em umroteiro equivalente ao do texto 1.

    Pausa para exercitar a teoria

    1. Como j informado, este texto foi publicado na revista VocS/A. Essa revista voltada a leitores com interesse no mercadoprofi ssional, por isso seu foco est em reportagens sobre odesempenho das empresas, as possibilidades de atualizao eaperfeioamento dos profi ssionais, a busca do equilbrio entrecarreira e vida pessoal, dicas econmicas etc. Nesse contexto, pertinente que haja um espao destinado publicao

    de textos opinativos sobre temas relevantes a esse mundoprofi ssional, como a seo Papo de lder, onde encontramosos textos do professor Eugnio Mussak, consultor na rea deLiderana, Desenvolvimento humano e profi ssional.

    2. A compreenso do texto apresentado requer que vocidentifi que, em um primeiro momento, o tema a ser debatidoe a forma como o autor o aborda. Defi nimos o assunto de umtexto quando respondemos, de forma bem ampla e genrica,do que o texto trata. Neste caso, o assunto em pauta tica.

    Caso voc tenha mais

    interesse nessa rea,

    acesse www.vocesa.com.

    br e leia a coluna publicada

    mensalmente.

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    J o tema, que uma delimitao do assunto, s defi nidoquando conseguimos especifi car qual o recorte que o autorfaz no texto, isto , dentre as vrias possibilidades de abordar

    o assunto geral, qual a escolhida pelo autor. Neste caso,o texto no fala de tica, de forma geral, ao contrrio, falaespecifi camente da atitude tica esperada em pequenas coisas.Para isso, interessante notar os dois primeiros pargrafos:antes do debate em si, o autor traz para o texto um trechonarrativo, em que nos relata um fato ocorrido. A partir desserelato, que envolve elementos como lugar e personagens, somoslevados ao ponto central do texto: o descumprimento a umanorma de conduta, atitude esta condenada pelo autor do texto.

    3. Tendo clareza sobre o tema e o posicionamento do autor,passemos a entender qual a argumentao que sustenta asua tese. A pergunta que devemos fazer : Por que a atitudedo poltico condenada? Por que o autor contra a atitudedo poltico que, segundo ele, nem chega a causar problemase insignifi cante? A resposta que encontramos no terceiropargrafo : A tica nas grandes coisas comea nas pequenas.Sim, esse o ponto central do texto. Essa a mensagem aser transmitida. Enfi m, essa a tese defendida pelo autor, queacrescenta ao texto um elemento mais sofi sticado, uma fi gura

    de linguagem chamada comparao, quando segue com aspessoas agem no atacado como agem no varejo. Assim, todo orestante do texto segue nessa linha argumentativa, chamandoa ateno para o fato de que sempre seremos observados ejulgados pelos nossos pequenos atos. Dando seqncia, aindaencontramos, no penltimo pargrafo, uma crtica prpriapostura do brasileiro que, de um modo geral, aceita a atitudecondenada pelo autor, quando esta parte de um poltico.Finalizando a leitura, podemos perceber que, no ltimopargrafo, o autor reitera seu posicionamento, defendendo atica como um valor a ser considerado e, como sustentaoa sua argumentao, faz referncia a Plato, por meio de umrecurso denominado de citao.

    A citao, como um elemento de elaborao textual, um recurso que voc estudar na prxima unidade.

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    TEXTO 1

    Estudante de 21 anos morre de anorexia em AraraquaraA estudante Carla Sobrado, 21, morreu anteontem emAraraquara (273 Km de SP) de parada cardaca, provavelmentedecorrente de anorexia nervosa, doena que a obrigava a sesubmeter a tratamento h cinco anos.

    (Folha de So Paulo, 18/11/2006 Cotidiano C1)

    TEXTO 2

    Notcia de Jornal

    Joo Gostoso era carregador de feira-livre e morava no morro daBabilnia num

    barraco sem nmero

    Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro

    Bebeu

    Cantou

    Danou

    Depois se atirou na Lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.

    (Manuel Bandeira)

    Voc reparou na diferena entre os dois textos? Pelo menos,podemos apontar trs diferenas:

    A primeira em relao ! forma: o primeiro texto escrito em prosa, e o segundo, em verso.

    A segunda diferena est na! linguagem: o primeirotexto apresenta uma linguagem objetiva, no fi gurada, eo segundo apresenta rimas nos verbos: Chegou,Cantou,Danou, atirou.

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    Leitura e Produo Textual

    Unidade 2

    A terceira em relao ao nvel de! informatividade:o primeiro trata as informaes com bastantepreciso, especifi cando o local (Araraquara) e o tempo

    (16/11) associados ao fato noticiado. J no segundo,as informaes so mais vagas, pois no se sabeprecisamente quando (uma noite) e em que local daLagoa ocorreu o fato.

    Podemos, ento, a partir dessas diferenas, trazer tona uma discusso sobre as caractersticas do textoliterrio e do no-literrio.

    Para conhecer o texto literrio, devemos partir do princpio deque ele no tem o compromisso com a realidade, com a verdade,com a informao. Literatura a arte da fi co. So textosescritos para emocionar, como por exemplo: poesia, contos,crnicas, romances etc. O texto literrio deve, ento, como disseHorcio, instruir e deleitar.

    Outra caracterstica que diferencia o texto literrio alinguagem. Assim sendo, no texto literrio, as palavras adquiremum valor conotativo: mais do que dizem, sugerem.

    A partir dessas afi rmaes, podemos dizer que o texto literrio:

    ambguo, plurissignifi cativo e, portanto, aberto a vrias!interpretaes;

    tem uma inteno esttica, procurando provocar!a surpresa e o prazer. Para tal, recorre a processosestilsticos que refl itam um modo original, diferente dever e de falar do mundo;

    apresenta o compromisso com a verdade da mensagem!em um plano secundrio;

    apresenta como recursos predominantes a funo potica!da linguagem e a linguagem conotativa;

    pode ser em prosa ou em verso.!

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    Leitura e Produo Textual

    Unidade 2

    identifi ca o estilo de viver, produzir, comportar-se, estar atento atodos os acontecimentos, lanar moda e expresses.

    [...](http://www.rio.rj.gov.br/comudes/turismo.htm)

    Retrato de uma cidade

    Tem nome de rio esta cidadeonde brincam os rios de esconder.

    Cidade feita de montanha

    em casamento indissolvelcom o mar.

    Aquiamanhece como em qualquer parte do mundo

    mas vibra o sentimentode que as coisas se amaram durante a noite.

    As coisas se amaram. E despertammais jovens, com apetite de viver

    os jogos de luz na espuma,o topzio do sol na folhagem,

    a irisao da horana areia desdobrada at o limite do olhar.

    Formas adolescentes ou madurasrecortam-se em escultura de gua borrifada.

    Um riso claro, que vem de antes da Grcia(vem do instinto)

    coroa a sarabanda a beira-mar.Repara, repara neste corpo

    que fl or no ato de fl orirentre barraca e prancha de surf,

    luxuosamente fl or, gratuitamente fl orofertada vista de quem passa

    no ato de ver e no colher.

    (Carlos Drummond de Andrade. In: http://www.memoriaviva.com.br/drummond/poema061.htm)

    Voc notou que, apesar desses textos abordarem amesma temtica, eles tambm possuem diferenas?

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    Leitura e Produo Textual

    Unidade 2

    conhecimento de mundo, inclusas na categoria do subentendido,concorda? Veja exemplos:

    a) Ele passou a trabalhar. (Pressuposto: ele notrabalhava antes)

    Subentendido: ele pagar suas contas, sem precisar darsatisfaes a ningum.

    b) Ele continua bebendo. (Pressuposto: ele j bebia.)

    Subentendido: ele ter problemas de sade.

    c) Lamento que ele tenha sido demitido. (Pressuposto:

    ele foi demitido.)Subentendido: a demisso foi injusta.

    d) Antes de meu irmo se casar, ele viajou para a Europa.(Pressuposto: meu irmo se casou.)

    Subentendido: ele quis curtir a vida de solteiro.

    Lembre-se de que os subentendidos apresentadosso possveis leituras, que podem variar de acordocom o contexto, portanto, no podemos tomar taisinterpretaes como verdadeiras, diferentemente dapressuposio, que no pode ser negada por nenhumleitor.

    Para fi nalizar esta seo, observe como fazemos esses tipos deinferncia em nosso cotidiano:

    1) Em um texto publicitrio publicado na revista poca(31/06/2006, p. 64), encontra-se o seguinte enunciado:

    PROTEO PARA A GENTE NO S SE PREOCUPAR COM AIRBAG.

    E SIM COM O AIR DE MANEIRA GERAL.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    A informao explcita que a GM possui duas preocupaes:a segurana das pessoas e a preservao do meio ambiente. Noentanto, no nvel implcito, h um pressuposto de que as outras

    marcas teriam como nico diferencial o AIR BAG. Ativamosesse pressuposto, atravs da expresso PARA A GENTENO SAIR BAG, o que nos faz inferir que para osdemais concorrentes, apenas o AIR BAG importante. Alm dopressuposto, podemos acrescentar outras inferncias, tais como osseguintes subentendidos:

    a) A GM preocupa-se muito com a vida de seus clientes.

    b) A GM quer conquistar um pblico preocupado com o

    meio ambiente.c) A GM quer montar carros com mais detalhes do que

    seus concorrentes etc.

    2) Em um texto informativo publicado na Folha Online(14/11/2006), encontra-se a seguinte chamada:

    PASSAGEIROS ENFRENTAM ATRASOS EM VOS NOQUARTO DIA DA NOVA CRISE AREA

    A informao explcita que h atrasos nos vos. Porm,implicitamente, h um pressuposto de que j houvera crisesantes. Perceba, ento, que este recurso da pressuposio tema funo de relembrar o leitor das notcias anteriormentepublicadas. Ainda, caso o leitor desconhea essa informao,ele poder recuper-la ao acionar este tipo de inferncia. Almdisso, o leitor que tem acompanhado as notcias sobre a crise emquesto extrapolar a interpretao, visto que estar munido deinformaes contextuais para inferir com subentendidos, porexemplo:

    a) O governo ainda no autorizou a contratao de novoscontroladores de vos.

    b) O consumidor continua sendo a vtima.

    c) As empresas areas no ligam para o consumidor etc.

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    Leitura e Produo Textual

    Unidade 2

    TEXTO 1

    Segundo 85% dos estudantes entrevistados, so dois os motivosque os levaram cursar a universidade: adquirir formaoespecfi ca em alguma rea, visando ascenso profi ssional nomercado, e adquirir formao geral para ampliar a capacidadede interao social e cultural. No entanto, eles afi rmam que halgumas difi culdades no decorrer do processo, sendo a maiordelas a tentativa de conciliar as exigncias do trabalho com oestudo. Nessa guerra com o tempo, sentem, por exemplo, quedeveriam ler mais do que tm conseguido. Mesmo assim, nohesitam em responder que o grande desafi o est na superao

    desse problema.(trecho extrado de monografi a intitulada A leitura nauniversidade, apresentada na UNISUL)

    TEXTO 2

    (...) No digo que a Universidade me no tivesse ensinadoalguma; mas eu decorei-lhe s as frmulas, o vocabulrio. Oesqueleto. Tratei-a como tratei o latim: embolsei trs versosde Virglio, dois de Horcio, uma dzia de locues morais epolticas, para as despesas da conversao. Tratei-os como tratei ahistria e a jurisprudncia. Colhi de todas as coisas a fraseologia,a casca, a ornamentao.....

    (trecho extrado de Memrias Pstumas de Brs Cubas, deMachado de Assis)

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    3) Identifi que os pressupostos dos enunciados a seguir:

    a) O latim morreu, vivas ao latim! (Revista Lngua. Ano 1, n4, 2006, p.20)

    b) Insulto no d mais demisso por justa causa. (A justia doinsulto. Revista Lngua. Ano 1, n 6, 2006, p.26)

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    Leitura e Produo Textual

    Unidade 2

    c) Se eu fosse mulher, eu punha arsnico no ch. (RevistaLngua. Ano 1, n 6, 2006, p.32)

    d) Se eu fosse marido, eu tomava. (Revista Lngua. Ano 1, n6, 2006, p.32)

    e) Gostaria que a palavra sculo voltasse moda. (Ana PaulaArsio em entrevista Revista Lngua, Ano 1, n 6 , p. 53)

    4) Que tipo de inferncia podemos fazer da leitura do seguintetexto:

    Fonte: Caco Galhardo Folha de S. Paulo, 25/11/2006, Caderno Ilustrada, E15.)

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    Leitura e Produo Textual

    Unidade 2

    Saiba mais

    Que tal aprofundar seus estudos?

    Aqui vo algumas sugestes:

    FIORIN, Jos Luiz. O dito pelo no dito. In: Revista LnguaPortuguesa. Ano 1. No. 6. So Paulo: Ed. Segmento, 2006.

    Sobre o assunto em questo leia: ORLANDI, Eni. Leitura: teoriae prtica. Porto Alegre: Mercado Aberto, ano 3, n 3, 1984.

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    Leitura de Produo Textual

    Unidade 3

    Comecemos pelas propriedades textuais que podem serfacilmente observveis no processo de leitura e que devem serconsideradas como essenciais no processo de produo de textos

    verbais:a) Um texto no um aglomerado de frases. Mais do queisso, as partes devem estar articuladas entre si, compondoum todo signifi cativo.

    b) Todo texto produzido por um sujeito em umdeterminado tempo, em um determinado espao,com uma determinada fi nalidade. Por isso, o textorevela ideais e concepes de um grupo social de uma

    determinada poca.c) Todo texto escrito, intencionalmente, para uminterlocutor ou um grupo de interlocutores, o que implicaa escolha da estrutura e da linguagem adequada.

    Assim, segundo Koch (2006, p.20), texto deve ser conceituadocomo um evento comunicativo, dialgico, no qual convergemaes lingsticas, dialgicas e sociais.

    Mas, que eventos so esses? Voc j parou para pensarquais so os textos que o cercam em seu dia-a-dia?Seriam cartas, anncios, notcias, avisos, relatrios,crnicas, manuais de instruo, contratos, bilhetes,histrias em quadrinho, poemas e tantos outros?

    Cada um desses exemplos equivale a um gnero textual, no qualse agrupam textos com caractersticas compartilhadas, comoo objetivo, a forma de apresentao e o pblico para o qual se

    destinam.

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    Leitura de Produo Textual

    Unidade 3

    Pausa para exercitar a teoria

    Para fi nalizar esta seo, apresentamos um quadro com uma

    pequena relao de gneros (segunda coluna), associados aocontexto de ocorrncia (coluna 1). H algumas lacunas a serempreenchidas por voc, portanto, considere estas duas observaes:

    a) Perceba que um mesmo gnero textual pode serrecorrente em diferentes espaos. Por exemplo, a crnica,por sua variedade (lrica, refl exiva, humorstica) enquadra-se como texto literrio, jornalstico, humorstico.

    b) Os gneros textuais no constituem uma lista

    defi nitiva. Novos gneros surgem em decorrncia denovos propsitos para a utilizao da linguagem e denovas tecnologias.

    1. Textos literriosa) Crnicab) Novelac) Poemad) Contoe)

    2. Textos jornalsticos a) Notciab) Editorial

    c) Artigo de opiniod) Resenhae)

    3. Textos acadmicosa) Resumob) Resenhac) Relatriod) Artigoe)

    4. Textos empresariais a) Cartab) Memorandoc) Ata

    d) Reciboe)

    7. Textos publicitrios a) Annciob)

    6. Textos humorsticos a) Histria em quadrinhosb) Chargec) Piadad)

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    Aps a leitura desta seo, em que conceitos e defi nies sobretexto e gneros textuais lhe foram apresentados, cabe a vocproduzir seus prprios textos, o que lhe ser proposto na seo

    auto-avaliao.

    SEO 2 Polifonia e intertextualidade

    Na seo anterior, voc estudou que, para a elaborao de umtexto, necessrio defi nir sua fi nalidade e seu interlocutor,classifi cando-o em um determinado gnero. Voc tambmobservou que os textos tm, alm de objetivos especfi cos,

    caractersticas e linguagem prprias. Dando seqncia ao estudodo texto, nesta seo, voc estudar as formas como um texto serelaciona a outro.

    Muitas vezes, os enunciados que produzimos, tanto na oralidadequanto na escrita, no constituem idias novas, mas uma novamaneira de dizer aquilo que j nos foi dito, ou seja, uma fusode idias que j assimilamos e que refl etem o grupo ao qualpertencemos. Assim, voc, quando discute algum assunto epretende convencer seus interlocutores, acaba utilizando de

    argumentos j citados por outras pessoas que defenderam amesma idia, concorda?

    No por acaso que rotulamos as pessoas que noconhecemos pela observao dos discursos queproferem.

    Fazemos isso, pois percebemos no discurso dessas pessoas umconjunto de vozes interligadas, como afi rma Pcheux (1990, p. 77):

    [...] tal discurso remete a outro, frente ao qual umaresposta direta ou indireta, ou do qual ele orquestra ostermos principais, ou anula os argumentos. Assim queo processo discursivo no tem, de direito, um incio: odiscurso se conjuga sempre sobre um discurso prvio [...].

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    Unidade 3

    Essas vozes percebidas nos discursos, orais ou escritos,determinam uma das caractersticas discursivas,denominada Polifonia.

    Voc deve estar pensando: como essas mltiplas vozesaparecem nos textos? Na verdade, ao produzirmos umtexto, temos duas maneiras de fazer isto: podemosdeixar as vozes implcitas ou podemos traz-las para acena, demarcando-as explicitamente.

    A segunda opo, em que claramente se reconheceum texto no outro, trata-se do que denominamos deIntertextualidade. ParaKoch (1997b, p. 48):

    A produo de discursos no acontece no vazio. Aocontrrio, todo discurso se relaciona de alguma forma,com os que j foram produzidos. Nesse sentido, ostextos, como resultantes da atividade discursiva, esto emconstante e contnua relao uns com os outros. A estarelao entre o texto produzido e os outros textos que setem chamado de intertextualidade.

    Os conceitos de polifonia e intertextualidade so muito prximos.

    Ento, para que voc possa diferenci-los mais facilmente, retomeo que voc j estudou na unidade 2 sobre informaes explcitase informaes implcitas. Fazendo uma associao entre osdois assuntos, pode-se dizer que na polifonia, o cruzamento devozes est implcito, enquanto na intertextualidade, as vozes soexplicitadas. Percebeu a diferena?

    Resumindo:Polifonia:! vrias vozes presentes em um mesmotexto, que falam de perspectivas ou pontos devista diferentes.

    Intertextualidade:! relao de um texto comoutros textos prvia e efetivamente produzidos.

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    Observe os exemplos a seguir, que devem ajudar voc acompreender melhor esses conceitos:

    Joo no um traidor. Pelo contrrio, tem-semostrado um bom amigo.

    A expresso pelo contrrio deveria exercer a funo de ligaridias opostas. No o que acontece de forma explcita, poisas duas idias no ser traidor e ser bom amigo no socontraditrias. Ento, por que o locutor desse enunciado usa aexpresso pelo contrrio?

    S pode haver uma resposta a esse questionamento: a presenade pelo contrrio se justifi ca como um elemento que liga umaoutra voz implcita que afi rma ser Joo um traidor, com avoz do locutor que afi rma ser Joo um bom amigo. Nesse caso,a expresso pelo contrrio um ndice da presena de outra voz notexto, ou seja, de que o texto polifnico.

    S NO D BRILHO EM PANELA,

    OU SEJA, TEM MIL UTILIDADES.

    (anncio publicitrio do papel Report Multiuso)

    Nesse caso, para que o leitor compreenda o texto, ele deveacionar um outro texto anterior, que anunciava a marca Bombrilcomo tem mil e uma utilidades. Temos a um exemplo detexto publicitrio construdo intencionalmente a partir de outropreexistente, o que caracteriza um trabalho de criao que se vale

    da intertextualidade. claro que, corre-se o risco de o textono fazer sentido ao leitor, caso ele desconhea o texto prvio(Bombril), ao qual este (Multiuso) se refere.

    Um pouco mais sobre Intertextualidade

    No exemplo do anncio publicitrio, voc pode observar aintertextualidade como um recurso utilizado pelo autor noprocesso de elaborao textual. Voc tambm poder observar

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    essa relao intertextual em outras situaes, por exemplo,quando o autor, ao escrever o seu texto:

    a) imita um outro texto j conhecido, o que resulta emuma pardia;

    b) segue a mesma orientao argumentativa de outrotexto, tentando explorar a semelhana entre ambos;

    c) incorpora o intertexto para ridiculariz-lo,explorando a diferena entre ambos.

    importante destacar que, nesses casos, a intertextualidade um recurso fundamental na elaborao dos textos.

    Mesmo assim, ser sempre uma opo do autorproduzir ou no produzir textos valendo-se desserecurso.

    No entanto, h situaes em que, de fato, voc dever fazerreferncia a outros textos. Por exemplo, para a realizao de umtrabalho cientfi co, em que delimitamos um tema como objetode estudo e, a partir da, fazemos diversas leituras do que j foipublicado sobre esse tema, bem como leituras de outros temasque podem nos auxiliar no desenvolvimento e na explanao de

    nossas idias. a leitura de outros autores que possibilita a fundamentaoterica do trabalho. Desse modo, devemos sempre fazerreferncias precisas s idias desses autores, isto , citar a fonte(livro, revista e todo tipo de material produzido grfi ca oueletronicamente) de onde so extrados os dados de que nosutilizamos em nossos textos.

    As citaes tambm so exemplos de intertextualidade explcita e

    podem ser:Diretas, quando se referem transcrio literal de uma!parte do texto de um autor, conservando-se a grafi a, apontuao, o idioma etc.

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    e natural. tambm falar legale brbaro com um timbre to porcima das vs agitaes humanas, uma infl exo to certa de quetudo neste mundo passa depressa e no tem a menor importncia.

    [...] ainda ser brotinho chegar em casa ensopada de chuva,mida camlia, e dizer para a me que veio andando devagar paramolhar-se mais. ir sempre ao cinema, mas com um jeito dequem no espera mais nada desta vida. ter uma vez bebido doisgins, quatro usques, cinco taas de champanha e uma de cinzanosem sentir nada, mas ter outra vez bebido s um clice de vinhodo Porto e ter dado um vexame modelo grande. o dom de falarsobre futebol e poltica como se o presente fosse passado, e vice-versa. Ser brotinho atravessar de ponta a ponta o salo da festacom uma indiferena mortal pelas mulheres presentes e ausentes.

    Ter estudado ballet e desistido. [...] Ser brotinho adorar. Adorar oimpossvel. Ser brotinho detestar. Detestar o possvel. acordarao meio-dia com uma cara horrvel, comer somente e lentamenteuma fruta meio verde, e fi car de pijama telefonando at a horado jantar, e no jantar, e ir devorar um sanduche americano naesquina, to estranha a vida sobre a Terra.

    (Paulo Mendes Campos, Ser brotinho. In: Para Gostar de Ler Crnicas 5. So Paulo: tica, 2002)

    Seo 3 Texto e construo de sentido

    Para dar incio a esta seo e compreender o objetivo aquiproposto, interessante recapitular os pontos essenciaisabordados nas sees anteriores.

    Na primeira seo, voc teve a oportunidade de

    estudar o texto em uma perspectiva bem ampla, oque inclui o prprio conceito de texto e como eles seconfi guram. Assim, voc observou que os diversostextos com os quais voc convive cotidianamenteem sua vida pessoal, acadmica e profi ssionalconstituem os gneros do discurso.

    Na segunda seo, voc se deparou com uma questobem relevante em relao produo de um texto:um texto nasce a partir de outro, ou porque retoma, mesmo

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    que implicitamente, a idia do outro, ou porque se constri pelareferncia explcita ao outro.

    Neste sentido, podemos concluir que as duas sees permitiramque voc olhasse para o texto como um todo, localizando-odentro da proposta de gneros e verifi cando a sua relao comoutros textos.

    Diferentemente, esta seo possibilitar que voc olhe para dentrodo texto, para as partes que o compem, de forma especfi ca, paraos pargrafos e para os perodos que os compem, observando oselementos lingsticos responsveis pela construo de sentido notexto.

    Assim, independente do gnero que voc pretenda produzir- carta, relatrio, resenha, conto, memorando, resumo etc -, sepretende fazer uso da modalidade padro da lngua, o que exigido na maioria dos textos escritos, alguns aspectos devem serconsiderados.

    Portanto, o objetivo desta seo propiciar a voc oconhecimento dos recursos lingsticos responsveispela construo de sentido no texto e, por outro lado, oreconhecimento das estruturas inadequadas modalidade padro.Veja cada um desses recursos lingsticos a seguir.

    1. Coerncia

    Um texto coerente quando apresenta idias organizadase argumentos relacionados em seqncia lgica, de forma apermitir que o leitor chegue s concluses desejadas pelo autor.Assim, um texto coerente deve satisfazer a quatro critriosbsicos:

    A continuidade! : diz respeito necessria retomadade elementos no decorrer do discurso. Tem a ver coma unidade temtica do texto. Uma seqncia de temasdiferentes a cada pargrafo no ser aceita como texto.

    A progresso! : o texto deve retomar seus elementosconceituais e formais, mas no pode se limitar a essarepetio. preciso que apresente novas informaes apropsito dos elementos retomados.

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    A no-contradio! : as ocorrncias presentes no textono podem se contradizer, devem ser compatveis entre sie com o mundo ao qual o texto representa.

    A articulao! : refere-se maneira como os fatos e osconceitos apresentados no texto se encadeiam, como seorganizam, que papis e valores exercem uns com relaoaos outros.

    A escolha da profi sso no um ato simples, ao qual se

    possa chegar sem hesitaes e dvidas. Entretanto, essemomento deve ser respeitado pelos pais.

    Neste caso, o que fere a coerncia a contradioexistente entre os dois perodos. Vamos analisar arelao entre esses perodos do seguinte modo:

    ! Idia A: a escolha da profi sso um ato difcil

    ! Idia B: o momento da escolha da profi sso deveser respeitado pelos pais

    Perceba que as idias A e B no se contradizem,pelo contrrio, B conseqncia de A. Porm, notexto, as idias A e B esto associadas pelo conectivoEntretanto, cuja funo ligar idias opostas.

    Estabelece-se, ento, a contradio: o leitor sabe que noh oposio entre os sentidos de A e B, mas forado,diante do conectivo entretanto, a fazer tal leitura.

    Onde est o problema? Na escolha do conectivo.O equvoco do autor se resume em ter utilizadoum conectivo de oposio, enquanto pretendiaestabelecer idia de concluso. Para desfazer acontradio e dar coerncia ao texto, basta substituirentretanto por algumas opes como: portanto,logo, desse modo, assim.

    Vamos analisar mais um caso de incoerncia?

    Observe este texto:

    Meu fi lho no estuda na UNISUL. Ele no sabe que a

    primeira Universidade do mundo romnico foi a de

    Bolonha. Essa universidade possui um imenso espao

    verde.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Uma seqncia de trs perodos sobre o mesmo assunto universidade no implica necessariamente um texto coerente.Neste exemplo, o que ocorre a falta de continuidade, pois o

    autor provoca uma ruptura ao se referir a diferentes universidadessem a mnima relao estabelecida entre elas.

    Fique atento!

    fcil perceber que no h coerncia nos exemplos anteriores.No entanto, muitas vezes, voc conseguir detectar esse problemaem textos produzidos por outras pessoas, sem perceber queo mesmo ocorre em seus textos. Portanto, sempre releia comateno seu texto, antes de envi-lo aos leitores.

    Para fi nalizar esse item, acompanhe a defi nio apresentada porFvero: A coerncia refere-se aos modos como os componentesdo universo textual, isto , os conceitos e as relaes subjacentesao texto de superfcie, se unem numa confi gurao de maneirareciprocamente acessvel e relevante (2004, p. 10).

    2. Coeso

    Um texto coeso quando suas partes esto estruturalmente bem

    organizadas. Os elementos de coeso so os conectores existentesentre as palavras, as oraes, os perodos ou os pargrafos, quegarantem a ligao entre as idias.

    So tambm os recursos de referenciao, aqueles quepossibilitam a retomada das palavras no texto, sem repeti-las.

    Observe nos exemplos a seguir como alguns recursos lingsticoscontribuem para a coeso textual:

    a) O presidente chegar amanh ao Estado de Tocantins,

    ondeele participar de uma reunio com os lderes do MST.b) A acadmica fez a apresentao de seu trabalho.

    c) O juiz olhou para o auditrio. Ali estavam os parentese amigos do ru, aguardando ansiosos o veredicto fi nal.

    Perceba que, no enunciado (a), onde est associado a Tocantinse ele a presidente. Em (b), seu faz referncia acadmica e,em (c), ali remete a auditrio. Em todos esses exemplos, os

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    Leitura de Produo Textual

    Unidade 3

    itens destacados so os recursos de ordem gramatical que fazemreferncia a termos j citados no enunciado.

    Trata-se da referenciao, ou seja, um processopor meio do qual se retoma uma palavra ou umaexpresso, a fi m de se evitar a repetio.

    Alm desses recursos de referenciao, h outras possibilidadesde se evitar a repetio de termos. Podemos, alm de retomarnomes com pronomes, fazer uso da substituio vocabular e daelipse. Dando seqncia aos exemplos, temos:

    d) Todos queriam que o aluno participasse da pesquisa,mas, por ser um acadmico de primeira fase, seu projetono foi aceito.

    e) Os vereadores deveriam aprovar o projeto. No entanto,no participaram da reunio.

    Em (d), temos a substituio do termo aluno por acadmico,o que caracteriza um caso de substituio vocabular. Noenunciado (e), h um vazio na posio indicada antes do

    verbo, mas sabemos que o ato de no comparecer est ligado avereadores. Logo, o termo vereadores retomado de formaimplcita, pois no est expresso, e esse recurso de omisso depalavras defi nido como elipse.

    No se preocupe com as nomenclaturas utilizadas, pois o que importante no estudo sobre coeso que voc consiga percebercomo os perodos devem ser estruturados e usar os recursos at aquidemonstrados em seus prprios textos!

    Podemos conceituar coeso como o fenmeno quediz respeito ao modo como os elementos lingsticospresentes na superfcie textual se encontraminterligados. (KOCH, 1997b, p. 35).

    Importante: em alguns casos, coerncia e coeso podem serdois aspectos interligados, assim, quando o enunciado est malestruturado, o sentido se altera.

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    Observe um exemplo em que o texto sofre de ambos osproblemas:

    Como todos estavam decididos a votar contra aalterao da data.

    Tem-se a um caso de enunciado com sentido incompleto. Apergunta que se faz : Como todos esto decididos a isso, o queacontecer?Falta coeso, pois falta articular uma ltima partea essa idia. Tambm falta coerncia, uma vez que no secompletou a idia.

    J em outros casos, a falta de elementos coesivos no perturba acoerncia do texto.

    Observe este exemplo dado em Fvero (2004):

    Luiz Paulo estuda na Cultura Inglesa.

    Fernanda vai todas as tardes no laboratrio de fsicado colgio.

    Mariana fez 75 pontos na FUVEST.

    Todos os meus fi lhos so estudiosos.

    O texto est destitudo dos elementos de coeso, ou seja, no helementos de ligao, mas h coerncia, pois o ltimo perodojustifi ca os anteriores, atribuindo sentido ao todo.

    Algumas vezes, ao contrrio deste ltimo exemplo, temossituaes em que os elementos coesivos no acarretem coernciaao texto. Repare:

    Maria est na cozinha. L os azulejos so brancos.Tambm o leite branco.

    Apesar de haver os elementos de referncia l e tambm, no hrelao de sentido entre as partes.

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    Observe como podemos conectar vrias idias em um nicoperodo, utilizando os recursos da tabela. Em princpio, temosum aglomerado de frases desconectadas:

    As mulheres sempre lutaram pelos seus direitos.!

    Em muitas empresas, os homens continuam ganhando!mais que as mulheres.

    Ainda h muita discriminao em relao s mulheres.!

    As possibilidades de se elaborar um perodo coeso e coerentepodem ser muitas. Eis dois exemplos:

    As mulheres sempre lutaram pelos seus direitos, masainda h muita discriminao em relao a elas, poisos homens, em muitas empresas, ainda ganham mais.

    Mas: estabelece relao de sentido entre idiasopostas.

    Pois: introduz uma explicao para idia anterior.

    Elas: retoma mulheres, evitando repetio do termo.

    Em muitas empresas, os homens continuamganhando mais que as mulheres, o que indica haverainda muita discriminao em relao a elas, apesarde sempre terem lutado pelos seus direitos.

    !Elas: retoma mulheres, evitando repetio do termo.

    !Apesar de: estabelece relao de sentido entre idiasopostas.

    O contedo estudado nesta seo deve ser aplicado no momentoem que voc produzir seus textos. Por isso, importanteexercitar a prtica da escrita a partir da construo de pequenospargrafos, como propomos na seguinte atividade.

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    Leitura de Produo Textual

    Unidade 3

    Pausa para exercitar a teoria

    Seguindo o exemplo anterior, escolha uma das propostas e una osenunciados em um s perodo. No se esquea dos elementos deligao e procure evitar repeties.

    Atividade 1:

    A terapia do eletrochoque est de volta.!

    A terapia do eletrochoque foi criada no incio do sculo!XX para tratar esquizofrenia e histeria.

    Um estudo da Universidade de Saint Louis acaba de!mostrar uma verso light da terapia.

    O estudo mostra que a tcnica pode dar bons resultados!no tratamento de depresso severa.

    Escreva sua resposta aqui:

    Atividade 2:O fi lme! Separados pelo Casamento estreou bem nasbilheterias americanas.

    O fi lme recebeu algumas crticas maldosas.!

    O crticos disseram que o casal de atores no tem a!mesma qumica demonstrada por Brad Pitt e AngelinaJolie em Sr. E Sra. Smith.

    Separados pelo Casamento!

    tem como protagonista um casalinterpretado por Jennifer Aniston e Vince Vaughn.

    Escreva sua resposta aqui:

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    Agora que voc j estudou sobre os recursos que contribuempara a construo de sentido do texto, apresentaremos, comofi nalizao desta unidade, alguns dos problemas mais recorrentes

    e que devem ser evitados quando se pretende produzir textosobjetivos e adequados lngua padro.

    Esclarecendo um pouco mais, em cada item, apresentaremosuma defi nio do problema, seguida de exemplo e proposta dereformulao do enunciado.

    Quesmo

    Trata-se do uso excessivo da palavra quenos momentos de ligao

    entre as oraes.

    O diretor determinou que a reunio que foi marcadapara a semana que vem ter que ser adiada.

    O diretor determinou que a reunio marcada para aprxima semana deve ser adiada.

    Impreciso seqencial

    Trata-se do uso de uma palavra de forma indevida, pois seusentido no adequado ao contexto.

    Dessa forma, com transigncia e dilogo, osindivduos discriminados pelo grupo passam a serassimilados.

    (... passam a ser aceitos. Ns podemos assimilar

    conhecimento, mas no indivduo.)

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    Leitura de Produo Textual

    Unidade 3

    Paralelismo

    Consiste em apresentar idias similares em uma forma gramaticalidntica. Trata-se da manuteno do mesmo critrio gramaticalno decorrer do perodo. O problema que se observa nos textos,em geral, a falta de paralelismo.

    Em pblico, ele demonstra insociabilidade, ser irritvel,desconfi ana e no ter segurana.

    (Em pblico, ele demonstra insociabilidade,irritabilidade, desconfi ana e insegurana.)

    Ambigidade

    Possuem ambigidade as palavras, as expresses ou os perodoscom mais de um sentido. A ambigidade pode ser estrutural,lexical ou de referncia.

    Estrutural! : quando a duplicidade de sentido ocorre emfuno da organizao da frase.

    O garoto viu o incndio do prdio.

    H duas possibilidades de leitura: o garoto viu umincndio que ocorreu no prdio, ou o garoto estava noprdio e, de l, viu um incndio.

    Lexical! : quando a duplicidade de sentido ocorre em funode um prprio item lexical j possuir mais de um sentido.

    Eu o vi no banco.

    Sem o contexto, no podemos saber se o enunciadose refere a um banco de praa, ou a uma instituiofi nanceira.

    De referncia! : quando no fi ca defi nido qual o nomeque um pronome deve retomar.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Os alunos disseram aos professores que todos eles

    deveriam ser responsabilizados pelo fato.

    H uma tentativa de usar os pronomes todos eles para fazerreferncia a um termo anterior, no entanto, no sabemos se elesse refere a alunos ou a professores.

    Importante!

    Estamos listando ambigidade como algo que deve ser evitadonos textos. No entanto, cabe um comentrio: a ambigidade

    um problema em textos tcnicos, cientfi cos, empresariais,jurdicos, ou seja, textos informativos em geral, que exigemclareza e objetividade.

    Em outras situaes, como em textos humorsticos oupublicitrios, a ambigidade passa a ser um recurso usado deforma intencional. Vejamos, por exemplo, uma piada:

    Marido 1 Como voc ousa dizer palavres na frenteda minha esposa?

    Marido 2 Por qu? Era a vez dela?

    Nesse caso, o sentido de humor se constri exatamente pelaambigidade. O leitor deve, inicialmente, interpretar na frentecomo marcador de espao para depois perceber que o sentidodesejado da expresso na frente como marcador de tempo.

    Finalizando esta unidade, reiteramos que a importncia dos

    assuntos aqui abordados ser percebida nos momentos em quevoc realizar as atividades de escrita. Portanto, fi que sempreatento (a) ao gnero textual que pretende produzir, s refernciasnecessrias e faa bom uso dos conectores argumentativos,responsveis pelo encadeamento lgico do texto. Alm disso,evite os quesmos, os coloquialismos e a falta de paralelismo...Quanto ismo!

    Agora, com voc. Aproveite as atividades de auto-avaliao.

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    Leitura de Produo Textual

    Unidade 3

    Sntese

    Nesta unidade, voc estudou o processo de elaborao textual edeve ter compreendido que:

    Cada texto diferente utilizado pelos interlocutores!corresponde a um gnero textual especfi co, isto , possuifi nalidade, estrutura e linguagem prpria.Desse modo,voc deve ter percebido a diferena entre bilhete, carta,crnica, anncio, charge etc.;

    Muitas vezes, um texto remete a outro. Isso ocorre de!forma explcita, quando, intencionalmente, citamosum texto anterior (por meio de referncia), ou quandofazemos uma pardia ou uma recriao de um textoj conhecido. Trata-se da intertextualidade. Tambm possvel reconhecer outras vozes presentes em umtexto, mesmo que de forma implcita, caracterstica estadenominada de polifonia;

    Independente do gnero textual a ser elaborado, algumas!caractersticas so necessrias para que o texto possa ser

    compreendido pelos seus interlocutores. Para tal, faz-senecessrio cuidar para que o texto contenha as seguintescaractersticas:

    a) coerncia: organizao lgica das idias;

    b) coeso: perodos gramaticalmente completos.

    Alm disso, fi que atento para no cometer alguns erros bastantecomuns:

    a) quesmo: uso excessivo da palavra que;

    b) impreciso seqencial: uso de palavra inadequada aocontexto;

    c) falta de paralelismo: uso de diferentes critriosgramaticais em um mesmo perodo;

    d) ambigidade: uso de palavra, expresso ou perodocom mais de um sentido.

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    Esperamos que, com o estudo desta unidade, voc tenhasido estimulado prtica de escrita, ponto fundamental aodesenvolvimento da prxima unidade.

    Atividades de auto-avaliao

    1. Observando, nos textos a seguir, critrios como objetivo, estrutura,linguagem e interlocutor, como voc os classifi caria em relao agnero?

    TEXTO 1

    AS CIVILIZAES