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Ictus 13-1 157 Procedimentos de ensino e aprendizagem da notação musical na perspectiva dos licenciandos Teresa Mateiro 1 UDESC Tâmara Okada 2 UDESC Resumo: Este estudo teve como finalidade compreender, a partir da per- cepção de licenciados acerca de uma aula de música gravada em vídeo, a relação existente entre a representação da notação musical não tradicional e sua utilização durante os processos de ensino e aprendizagem do sistema simbólico musical. Os estudantes do curso de Música-Licenciatura escre- veram individualmente suas observações enquanto viam o vídeo, objetivando capturar suas reações imediatas. Para a análise dos dados empregou-se o conjunto de técnicas da Análise de Conteúdo, categorizando-se os textos dos estudantes em unidades temáticas. Os dados classificados na categoria denominada de notação musical são apresentados e discutidos neste artigo à luz de conceitos e estudos acerca da notação musical tradicional e não tradicional. Os resultados mostram que uma quantidade significativa de es- tudantes citaram a maneira como a professora utilizou desenhos de guarda- chuvas e corações para representar a notação musical tradicional, auxilian- 1 Professora do Departamento de Música do CEART/UDESC, Florianópolis e da Escola de Música, Arte e Teatro da Universidade de Örebro, Suécia - [email protected] 2 Acadêmica do Curso de Músicado CEART/UDESC, bolsista de iniciação científica PROBIC/UDESC

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    Procedimentos de ensino e aprendizagemda notao musical

    na perspectiva dos licenciandos

    Teresa Mateiro1

    UDESC

    Tmara Okada2

    UDESC

    Resumo: Este estudo teve como finalidade compreender, a partir da per-cepo de licenciados acerca de uma aula de msica gravada em vdeo, arelao existente entre a representao da notao musical no tradicionale sua utilizao durante os processos de ensino e aprendizagem do sistemasimblico musical. Os estudantes do curso de Msica-Licenciatura escre-veram individualmente suas observaes enquanto viam o vdeo, objetivandocapturar suas reaes imediatas. Para a anlise dos dados empregou-se oconjunto de tcnicas da Anlise de Contedo, categorizando-se os textosdos estudantes em unidades temticas. Os dados classificados na categoriadenominada de notao musical so apresentados e discutidos neste artigo luz de conceitos e estudos acerca da notao musical tradicional e notradicional. Os resultados mostram que uma quantidade significativa de es-tudantes citaram a maneira como a professora utilizou desenhos de guarda-chuvas e coraes para representar a notao musical tradicional, auxilian-

    1 Professora do Departamento de Msica do CEART/UDESC, Florianpolis e daEscola de Msica, Arte e Teatro da Universidade de rebro, Sucia [email protected] Acadmica do Curso de Msicado CEART/UDESC, bolsista de iniciao cientficaPROBIC/UDESC

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    do a compreenso e assimilao das crianas do contedo que estava sen-do abordado. Conclui-se, assim, que a utilizao de desenhos familiares criana pode ser uma ferramenta de apoio pedaggico para a aprendizagemdos contedos de percepo musical.

    Palavras-chave: processos de aprendizagem, notao musical, sistemasde representao

    Abstract: This study, from student music teachers' perception of a videotapedmusic class, aims to understand the relationship between the representationof nontraditional musical notation and its use during the processes of teachingand learning musical symbolic system. The students of Music TeachingProgram individually wrote their comments as they watched the video, aimingto capture their immediate reactions. For data analysis we used a set oftechniques of content analysis, categorizing the texts of students in thematicunits. Data classified as music notation are presented and discussed in thisarticle in the light of concepts and studies on traditional and nontraditionalmusical notation. The results show that a significant amount of studentscited the way the teacher used drawings of umbrellas and hearts to representthe traditional musical notation, aiding the children to understand and assimilateto the content that was being addressed which concludes that the use ofdrawings familiar to the child can be a tool to support teaching learning thecontent of musical perception.

    Keywords: processes of learning, music notation, representational systems

    IntroduoEm todas as reas, ao longo da histria da comunicao e

    desenvolvimento das culturas, os smbolos tem sido considerados uma

    forma importante de registro. Em se tratando de msica, diferentes sistemas

    de representao grfica tem sido utilizados para representar os eventos

    sonoros tambm como um meio de comunicao. Na literatura especfica

    da rea de educao musical encontram-se os termos notao musical

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    tradicional e no tradicional (alternativaou analgica e inventada ouespontnea), principalmente em trabalhos acerca do desenvolvimentocognitivo musical3 relacionado ao processo da percepo de elementos

    musicais, tais como durao e altura (Bamberger, 1990; Frey-Streiff, 1990,Ilari, 2002; 2003). Esse termos sero tratados ao longo deste artigo.

    A notao musical, segundo Ciszevski (2010), nada mais doque o registro dos sons que tem como funo auxiliar os msicos durante

    a execuo de obras musicais. Mais conhecida como "notao musical

    tradicional", esta forma de registro composta por figuras musicais que

    so utilizadas para historiar os sons de acordo com suas alturas e duraes.

    Para Zampronha (2000) a notao tradicional definida como sendo arepresentao de um som musical. A notao tradicional ideal aquela

    que, alm de registrar, transmite a comunicao musical da forma mais

    exata. No a obra em si, pois esta s est presente na performance, sendo

    a notao musical um cdigo que auxilia a execuo dessas obras que

    esto contidas numa performance e no em uma partitura. Segundo o

    autor "conhecer o cdigo justamente saber identificar os caracteres dosistema de notao e objetos aos quais se referem, alm de conhecer asregras de associao desses caracteres" (p.26). Sendo assim, notao

    3 Para maior aprofundamento ver Krumhansl (2006). A autora discorre sobre pesqui-sas realizadas nas reas de percepo (ritmo e altura) e cognio musical.

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    no considerada msica, mas um meio a partir do qual se registra e

    comunica a msica e que , basicamente, singular e separada dela porque

    a msica - que um objeto real - codificada por um outro sistema, aescrita.

    Comentando a respeito da representao grfica musical a partir

    do sculo XX, Frana (2010) e Ciszevski (2010) ressaltam que oscompositores buscaram diferentes maneiras para registrar os sons,

    empregando grficos, desenhos, smbolos e figuras ilustrativas, ou seja,formas no lineares e unidimensionais estabelecidas at ento como

    caracterstica da escrita oficial.Os autores estabelecem um paralelo entre

    essas formas alternativas de registro e as representaes feitas pelas

    crianas, destacando a aproximao da grafia, o estmulo imaginao e

    a ampliao de possibilidades de criao musical.

    Comparando a notao musical tradicional e a notao alternativa

    ou analgica, Frana (2010, p.11) sublinha que "enquanto na notaotradicional o registro das duraes requer longo aprendizado (padresrtmicos, compassos e diviso), na notao analgica ele quaseinequvoco: sons curtos so representados por pontos ou traos horizontais

    pequenos; sons longos por meio de traos maiores". Essa afirmao

    evidenciada quando a autora analisa as representaes de duraes e

    alturas por meio da notao analgica, descrevendo o encontro de duas

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    dimenses que lembram um plano cartesiano, em que h um eixo horizontal

    para as duraes das notas e um vertical para as alturas. Essas formas

    bidimensionais, segundo Frana, representam progressos significativos para

    o compositor da segunda metade do sculo XX.

    De acordo com Frana (2010) anotao analgica um meioque tem como alicerce a semelhana tanto na escuta e compreenses

    musicais como na performance e est fundamentada na relao entre as

    caractersticas dos campos auditivo e visual. , ainda, um meio que promovea criao, performance, escuta, anlise e compreenso musicais e, de

    forma espontnea na musicalizao,a notao analgica uma continuidade

    da movimentao do espao quando "pontos, linhas, contornos,

    emaranhados, arabescos" (p.11) surgem nas representaes grficas dascrianas.

    A notao musical inventada ou espontnea, segundo Ilari (2004),surge na prtica da sala de aula como um meio pedaggico de introduzir a

    criana ao sistema da representao grfica de eventos sonoros.

    Professores estimulam crianas a criarem notaes e desenhos a partir da

    msica com o objetivo de desenvolver a percepo e a criatividade.Entretanto, esse procedimento de ensino tornou-se objeto de pesquisasna rea da psicologia da msica, cujos resultados tem contribudo parauma maior compreenso do desenvolvimento cognitivo musical do ser

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    humano. Ilari (2003) afirma que as representaes musicais que soinventadas variam conforme as idades das crianas e as fases da

    aprendizagem musical.Enquanto as crianas bem pequenas (3 a 5 anos) utilizam mui-tos desenhos que ilustram a letra das canes, as crianasmaiores (6 a 10 anos) representam ritmos e alturas com smbo-los inventados e desenhos. Contudo, quando a notao mu-sical tradicional introduzida, a maioria das crianas apresen-ta dificuldades em representar canes usando smbolos in-ventados (Ilari, 2002b). Ainda assim, a utilizao de notaestradicionais e inventadas pode auxiliar no desenvolvimentodos sistemas de orientao espacial, de ordenao sequenciale do pensamento superior (ILARI, 2003, p. 15).

    Para Ilari (2003), apesar de existirem muitos educadores queincentivam a "construo da notao", que comea por meio das

    representaes musicais inventadas pela criana e leva em conta as

    experincias que cada uma traz consigo, uma parte deles acredita que a

    notao tradicional deve ser ensinada assim que a criana inicie sua prtica

    musical. Portanto, a utilizao de desenhos e da notao inventada ou

    espontnea um assunto que tem gerado muitos debates entre os

    educadores musicais contemporneos.

    Resumindo: a notao tradicional compreendida como a

    representao de um som musical com as funes de registro e comunicao

    (Zampronha 2000); a notao alternativa ou analgica a que utiliza figurase desenhos familiares s crianas para representar os sons e/ou para

    relacion-los notao musical tradicional (Frana, 2010); e a notao

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    musical inventada aquela criada de maneira espontnea por cada indivduo

    (Ilari 2004).Este estudo4 teve como finalidade compreender a relao existente

    entre a representao da notao musical no tradicional e sua utilizao

    como apoio pedaggico ao ensino do sistema simblico musical a partir

    da percepo de 23 licenciados acerca de uma aula de msica gravada

    em vdeo. Portanto, a questo de pesquisa que conduziueste estudo foi:

    como estudantes do curso de Licenciatura em Msica perceberam o

    processo de ensino e aprendizagem da notao musical na aula observada?

    Para melhor fundamentar as discusses sobre a notao musical

    no tradicional, (alternativa ou analgica, inventada ou espontnea)apresenta-se a seguir um referencial terico complementar referente aos

    conceitos de representao, relacionando o registro sonoro musical e o

    desenho infantil.

    Sistemas de representao: msica e desenhoOs trabalhos tericos de Piaget tem fundamentado pesquisas

    na rea da teoria cognitiva que, por sua vez, tem sido referencia para

    outras reas como, por exemplo, msica e artes visuais. Na educao

    musical, o modelo espiral de desenvolvimento musical proposto por

    4 Parte deste trabalho foi apresentado no VIII Simpsio de Cognio e Artes Musi-cais - SIMCAM8 (ver Mateiro; Okada, 2012).

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    Swanwick e Tillman (1986) tem como um dos princpios de organizaoa teoria do jogo de Piaget. Nas artes visuais, a teoria de Luquet sobre aevoluo do desenho infantil nutriu a teoria dos estgios do desenvolvimento

    cognitivo de Piaget (Duarte 2011; Pillar, 2012)e tem sido bastante citadanas pesquisas que tratam sobre o desenho infantil. Considerando que o

    foco deste estudo a discusso sobre a notao musical no tradicional

    (figuras, desenhos) como possvel ferramenta pedaggica nosprocedimentos de ensino e aprendizagem, sero utilizados tambm nesta

    seo autores da rea das artes visuais que, apoiados em conceitos de

    Luquet e Piaget, como o sistema de representao, vem refletindo sobre

    o desenho infantil.

    Segundo Pillar (2012), um sistema um grupo organizado de dadosem que a conexo entre eles o que estabelece como este composto.

    Tais dados modificam-se estruturalmente, embora mantenham seu

    funcionamento. Segundo a autora, a compreenso e a organizao so a

    base de um sistema e preciso analisar o elemento a ser representado,

    enfatizando as ligaes entre todos eles, elegendo elementos e

    coordenaes que esto inseridos na representao. Assim como a

    constituio de um sistema, a interpretao deste so obras de

    reorganizao da realidade em que apenas alguns deles, bem como suas

    relaes e propriedades esto inclusos.

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    necessrio que a criana consiga distinguir os elementos e assemelhanas adequadasaos sistemas para conseguir apreend-los, continua

    Pillar (2012). Para atingir esta etapa, ela necessitar reorganiz-los,distinguindo a origem da conexo entre o objeto de conhecimento e suarepresentao. Por isso, muitas vezes, parafraseando a autora, desenhar

    significa traduzir uma percepo visual ou auditivaem um gesto grfico, ou

    seja, a internalizao das experincias de um indivduo ocorre quandoalgo que acontecia externamente passa a ocorrer internamente.

    Frana (2010) ao comentar sobre as produes grficasinfantis destaca que a partir do momento que a criana realiza movimentos

    cadenciados, ela tende a registr-los nos mais variados lugares como, por

    exemplo, em papis, nas paredes, no cho ou nos sofs, associando o

    encanto do gesto motor ao prazer de notar sua marca. Depois a criana

    comea a se interessar em grafar o mundo real e segue assim at o momento

    em que ela reconhece o papel como um espao que pode abrigar os

    registros de um mundo imaginrio. Citando Luquet, Duarte (2011a, p.33)destaca que "uma imagem mental precisa encontrar uma soluo grfica,

    bidimensional", pois o mundo percebido em trs dimenses.

    O desenho um recurso cognitivo, comunicacional e permanece

    como um recurso de registro, de indicao dos objetos do mundo, afirmaDuarte (2011a). A criana se satisfaz com um desenho que apresente

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    suficientemente o objeto representado. a primeira forma de "escrever" apalavra que nomeia o objeto. Assim, "palavra e desenho so equivalentessimblicos" e, parafraseando a autora, a grafia musical e o desenho so

    tambm smbolos equivalentes. Enfatizando a importncia do desenho no

    processo educacional, Fassina (2011) afirma que possvel que o desenhoatue como ponte entre processos mentais e de elaborao e significao

    da escrita, sendo tambm uma possibilidade de renovao e

    transformao, como uma alternativa ldica de aprendizagem. A

    estruturao do desenho envolve processos muito mais complexos e reflete

    uma busca de significao na interao homem/mundo

    Os educadores musicais podem munir-se da disposio que as

    crianas tm em desenhar desde os momentos primrios, pois o ato de

    registrar um meio de "materializar e organizar o complexo processo da

    percepo musical" (FRANA, 2010, p.10). Aps o perodo das garatujasmusicais surge a representao de instrumentos e das mais variadas fontes

    sonoras, seguida de esquemas, onomatopias e notaes alternativas. A

    autora tem tido a oportunidade de ver como o tipo de notao que o

    professor adotaest diretamente relacionado ao desenvolvimento musical

    do aluno e frisa que as grafias alternativas, alm de estimularem a

    imaginao, ampliam a criatividade musical.

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    Reviso de literaturaNa educao musical diversas pesquisas utilizando diferentes

    sistemas de notao tem contribudo para os estudos do processo cognitivo

    musical. Como trabalhos de referncia internacional, citam-se os trabalhos

    de Bamberger (1990) e Frey-Streiff (1990). A reviso de literaturabrasileira para esta pesquisa foi delimitada s que consideraram a notao

    no tradicional (alternativa ou analgica, inventada ou espontnea) comoobjeto de estudo. Selecionamos, portanto, os estudos de Ilari (2004),Rodhen (2010), Klava (2001), e Watanabe e Cacione (2007).

    O aprendizado musical de crianas e adultos foi estudado por

    Bamberger (1990) a partir das notaes de determinados ritmos. Seustrabalhos auxiliam a compreenso de como as crianas entendem,

    assimilam ritmos simples e como os representam no papel. A autora

    investigou a produo de notao espontnea de um ritmo simples com

    crianas na faixa etria de quatro a doze anos e adultos com experincias

    musicais variadas, com ou sem conhecimento da notao tradicional. Com

    os resultados, verificou que tanto os adultos quanto as crianas, entre

    nove e doze anos, tinham grafias semelhantes, porm diferentes das

    crianas com idade de quatro a cinco anos.

    Bamberger (1990) concluiu que, ao se fazer representaesgrficas de um fenmeno sonoro, expe-se o chamado "conhecimento

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    em ao". Mesmo que o indivduo no tenha tido nenhum contato com a

    grafia musical tradicional, ela enfatiza que os rumos a se tomar tanto na

    pesquisa quanto no ensino devem se preocupar mais com as estratgias

    formais, ou seja, a compreenso dos meios que o sujeito utiliza para integrarsuas definies imaginrias e as que rotineiramente so associadas ao modo

    de pensar dos adultos.

    Frey-Streiff (1990) realizou uma pesquisa com crianas de 7 a 12anos que no tinham formao musical nem experincia instrumental. Foram

    escolhidas duas melodias de canes populares para o estudo, sendo

    solicitado s crianas que representassem a notao dessas melodias de

    modo que outra pessoa entenda quais canes estas se referem. A anlise

    dos dados permitiu verificar seis tipos de notao e , posteriormente, a

    autora verificou que as crianas foram mais cativadas ou atriburam maior

    importncia s propriedades relativas altura do som, sendo que o

    resultado mais evidente dessa pesquisa que a criana no idealiza a

    unidade-som como elemento indispensvel da melodia. Nas palavras da

    autora:Na conceitualizao espontnea de um todo musical, a unida-de-som parece no se impor de imediato, mas constituir ocoroamento de uma elaborao completa. O som que, comsuas propriedades, geralmente o ponto de partida do ensinomusical, corresponde ento a um dado que no tem (ou poucotem) significao para a criana, nem em relao sua ativida-de de cantar nem em relao s composies musicais que lheso familiares (FREY-STREIFF, 1990, p.167-168).

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    De acordo com Ilari (2004), as notaes inventadas e desenhosfeitos a partir de determinada msica so ferramentas de apoio pedaggico

    que tendem a estimular o desenvolvimento tanto da percepo quanto da

    criatividade. Durante o XII Encontro Anual da Associao Brasileira de

    Educao Musical (ABEM), realizado na cidade de Florianpolis (SC), aautora realizou uma pesquisa com 43 professores de msica de diversas

    partes do pas, sendo oito homens e 35 mulheres, com idades que variavam

    entre 19 e 55 anos e um tempo de leitura de partitura mdio de 17 anos

    (que variava entre um ano e meio e 48 anos).Foi solicitado que cadaparticipante representasse a cano Parabns a voc - com notaes

    inventadas - numa folha de papel em branco para algum que no estivesse

    presente na sala de aula. Os participantes da pesquisa demonstraram

    dificuldade para representar a cano sem a utilizao da grafia tradicional,

    apresentando notaes pouco criativas e bem simplificadas. Tal anlise

    mostrou que, assim como nos trabalhos de Bamberger (citados por Ilari,2004), no foram verificadas diferenas nos tipos de notaes inventadasde acordo com a idade, tempo de educao musical formal e gnero. Ilari

    (2004), a partir dos resultados dessa anlise afirma que necessrio incluire estimular o conhecimento sobre os diversos sistemas de notao, tanto

    de crianas quanto de adultos, pois esses sistemas permitem desenvolver

    o pensamento musical e criativo.

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    Rhoden (2010), objetivando entender o sentido e o significadodas notaes musicais das crianas tendo como finalidade trazer novas

    contribuies e um novo olhar para a rea da educao musical, realizou

    um trabalho na Fundao Municipal de Artes de Montenegro (RS), comum grupo formado por nove crianas, sendo duas meninas e sete meninos

    com idades de quatro a seis anos de idade. As crianas foram reunidas

    em duplase trios para criarem uma composio musical e para graf-la

    em uma folha de papel. Foram utilizados instrumentos de percusso (coco,clavas, pau-de-chuva, caxixi, tambor, matalofone, xilofone, entre outros),papel desenho no tamanho A4, giz de cera e canetinhas coloridas.No

    decorrer da atividade, Rodhen percebeu que as crianas sentiam-se aptas

    e motivadas a representar, cada uma do seu jeito, o que havia sido proposto,tornando essa atividade uma nova prtica para as aulas de educao

    musical. A autora afirma que ao explorar a criatividade das crianas, a

    representao dos ritmos foi se mostrando mais rica e real para elas, por

    notarem da forma como entendiam, para posteriormente aprenderem a

    mesma sequncia na escrita musical tradicional. A utilizao de grafia no

    tradicional em sala de aula uma atividade destacada por Rodhen que

    enfatiza a importncia de incentivar seu uso como um recurso que torna

    uma aula mais interessante para as crianas.

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    Procurando entender como as crianas pensam e organizam sua

    imaginao em relao a como representar determinada msica, Klava

    (2001) realizou um trabalho com crianas de trs a seis anos. O objetivofoi o de verificar o desenvolvimento de representaes grficas de crianas

    no incio da alfabetizao, ou seja,de crianas no alfabetizadas, buscandoentender como ocorrem os processos do desenvolvimento cognitivo. A

    autora selecionou trs canes para serem trabalhadas, sendo que cada

    focava em determinado elemento para a escrita musical: a representao

    de sonoridades no convencionais, de ritmos e de melodias. Foram

    realizadas trs coletas de dados por turma, sendo que em cada uma pediu-

    se s crianas que escrevessem a msica solicitada. Klava observou que

    a partir desta prtica, alm das crianas desenvolverem-se musicalmente,

    comearam a ter maior interesse em como representar as msicas que

    haviam executado, ouvido ou cantado, e aprenderam que a msica pode

    ser escrita de inmeras formas e no apenas por meio da grafia tradicional.

    Watanabe e Cacione (2007) realizaram um trabalho com crianasde dois a sete anos de idade, de uma escola de educao infantil e ensino

    fundamental na cidade de Londrina (PR), a fim de apurar as relaesentre os nveis de cognio da escrita alfabtica e da notao musical, a

    partir de anlise comparativa entre as diversas maneiras utilizadas para se

    representar graficamente eventos sonoros e sons da linguagem. O objetivo

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    era permitir criana a livre representao, utilizando qualquer elemento

    ao seu alcance para representar satisfatoriamente, para si mesma, o

    eventosonoro apreciado. Os alunos no tiveram orientaes para fazer

    essas representaes. A professora somente se limitou a estimular a

    representao com frases como: "escreva/desenhe como voc acha que

    ", ou "escreva como voc desenharia" e finalmente, "faa da melhor forma

    que voc puder" (WATANABE; CACIONE, 2007, p.9). Aps as anlisescomparativas dos dois tipos de registro, as autoras ressaltaram a

    importncia da aquisio da escrita musical paralela escrita alfabtica,

    principalmente com a formalizao do ensino de msica no currculo escolar

    das escolas brasileiras. Segundo elas, essa aquisio concomitante

    propiciar uma nova afinidade com a cultura musical.

    MetodologiaParticiparam deste estudo 23 estudantes do curso de Msica-

    Licenciatura de uma universidade brasileira5, matriculados no 4 semestre

    e com idade mdia entre 20 a 24 anos, durante o perodo da coleta de

    dados. Alm das disciplinas especficas de msica, os estudantes haviam

    cursado durante quatro semestres duas disciplinas de educao musical,

    5 Estudantes suecos e canadenses tambm participaram deste projeto de pesquisa,tendo sido expostos aos mesmos procedimentos metodolgicos. Alguns resulta-dos tem sido apresentados em congressos (ver, por exemplo Russell; Mateiro;Westvall, 2009 e Mateiro; Westvall, 2012) e outros podero ser encontrados emMateiro; Westvall (no prelo).

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    sendo uma delas a de Didtica da Msica - disciplina em que foi realizada

    esta pesquisa. O estgio supervisionado, momento em que os estudantes

    vo para as escolas, aconteceria no semestre posterior, ou seja, essesestudantes ainda no tinham vivenciado a sala de aula atuando como

    professores.

    importante ressaltar que a participao dos estudantes foivoluntria6 e, portanto, no avaliativa para a disciplina em questo. O

    anonimato foi preservado, utilizando-se nomes fictcios e mantendo-se as

    relaes de gnero, isto , nomes masculinos para alunos e nomes femininos

    para alunas.

    O objeto de estudo desta pesquisa foi uma aula de msica gravadaem vdeo, de aproximadamente 30 minutos. Trata-se do estudo de caso

    realizado por Russell (2000; 2005) com uma turma do 1 ano do ensinofundamental em uma escola canadense. Os estudantes assistiram ao vdeo

    apenas uma vez, como uma aula em tempo real, e individualmente

    escreveram suas observaes. Foram estimulados a escrever de forma

    descritiva e reflexiva, pois no se tratava de avaliar o trabalho da professora.

    6 Foram observadas as determinaes da Resoluo n 196 de 1996 CNS/MS quefixa as Diretrizes e Normas Regulamentadoras sobre Pesquisa Envolvendo SeresHumanos. Todos os participantes deste estudo assinaram o Termo de Consenti-mento Livre e Esclarecido.

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    Considerando que os dados eram textos de redao livre, o

    contedo foi avaliado por temas, ou seja, aps a leitura, os textos dosestudantes foram organizados em unidades temticas, realizando-se, ento,

    uma anlise dos significados. A interpretao considerou o contedo

    expresso no texto sem a preocupao em compreender o que est inserido

    atravs do discurso. Optou-se, assim, pelo tratamento descritivo que tem

    por finalidade uma identificao objetiva, sistemticae quantitativa docontedo e uma consequente interpretao.

    Esse processo de categorizao e posterior anlise dos textos

    seguiu os procedimentos do conjunto de tcnicas propostas por Bardin(2009) para a Anlise de Contedo, sendo eles: a leitura flutuante - leiturasuperficial dos textos; a seleo dos documentos - no caso os textos livres

    dos estudantes; a formulao das hipteses; a diviso dos textos em

    categorias; a interpretao; e, por fim, a anlise dos dados.

    Dentre as unidades temticas selecionou-se apenas uma ser

    discutida neste artigo: Notao Musical inserida na categoria

    Aprendizagem de Conceitos Musicais.Nessa categoria foram includas as

    declaraes e opinies dadas pelos estudantes sobre as atividades

    propostas e desenvolvidas na aula observada durante o processo de ensino

    e aprendizagem da notao musical.

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    Apresentao e discusso de dadosA maioria dos estudantes destacou a importncia da abordagem

    pedaggica da professora na aprendizagem de conceitos musicais a partir

    da prtica e por meio de formas diferenciadas, tornando a aula musical e

    atrativa s crianas. Nas palavras de Marcos: "o mtodo da professora

    me parece muito eficaz e de tima assimilao das crianas, abordando o

    mesmo tpico de diversas maneiras, estabelecendo uma dinmica muito

    coesa: trabalho com o quadro, com palitos, com expresso corporal".

    Na anlise realizada por Russell (2000, p.83), a autora destacaque "os conceitos incluram a diferenciao entre notas agudas e graves, e

    agrupamentos de duraes diferentes. Elas [as crianas] expressaram suacompreenso desses conceitos atravs do canto, da vocalizao, do bater

    palmas, do movimento, da dana e da notao". A variedade, a conexo

    entre as atividades e as diversas maneiras de como o mesmo contedo foi

    apresentado s crianas so elementos destacados pela autora.

    Referente ao processo de ensino e aprendizagem da notao

    musical, 15 licenciandos do total de 23, destacaram a importncia da

    utilizao de notaes alternativas ou analgicas.Jefferson achou "excelente

    o exemplo dos guarda-chuvas como forma didtica das alturas e durao

    de notas" e Joana ponderou que "com crianas dessa faixa etria" considera

    "muito legal a idia da notao alternativa como a utilizada pela professora

  • Ictus 13-1176

    quando ela desenhou os guarda- chuvas". Abaixo encontra-se o primeiro

    compasso da cano Rain, rain, go away (Fig.1) e sua transcrio (Fig.2)tal como foi desenhado no quadro pela professora canadense.

    Figura 1: Primeiro compasso da cano Rain, rain, go away

    Figura 2: Representao de figuras rtmicasFonte: Video - Estudo de caso (Russell, 2005)Transcrio nossa

  • Ictus 13-1 177

    A forma de ensinar a notao rtmica e perceber o intervalo de

    tera menor tornou o contedo musical compreensvel s crianas pelo

    fato de haver uma relao entre o registro sonoro e os desenhos familiares

    ao vocabulrio infantil (guarda-chuvas) - neste contexto os desenhosescolhidos esto relacionados diretamente letra da cano. Essa

    simplicidade em registrar o primeiro compasso da cano Rain, rain, go

    away,combinando guarda-chuvas maiores e menores, localizados mais

    acima ou mais abaixo de uma linha vertical imaginria, permitiu a criana

    distinguir cada uma das figuras que relacionadas entre si compem um

    sistema de representao (Pillar, 2012).Essa relao o que justifica o uso bem empregado da terminologia

    "notao alternativa" nas palavras de Joana, ou "notao analgica" como

    sugere Frana (2010), pois as representaes so anlogas pelo fato deusarem desenhos para introduzirde forma ldica os cdigosda notao

    musical tradicional na linguagem das crianas.Amaneira mais interessante

    de se trabalhar as notaes, na opinio de Frana, por meio da

    aprendizagem paralela de diferentes grafias, como fez a professora

    canadense (ver figura 2), pois comear um trabalho com notaesalternativas para depois esquec-las, como normalmente acontece, pode

    ser um equvoco. Esse procedimento pedaggico, continua a autora, sugere

  • Ictus 13-1178

    que a notao alternativa seja apenas uma forma prvia ou inferior deensino, enaltecendoa notao musical tradicional.

    As pesquisas de Rhoden (2010), Klava (2001), e Watanabe eCacione (2007)so exemplos de trabalhos que utilizam a notao musicalno tradicional nas aulas de crianas que esto iniciando seus estudos

    formais de msica. Os trs trabalhos foram realizados com grupos de

    crianas entre quatro a seis anos (o grupo de Klava incluiu tambm crianasde 3 anos e o grupo de Watanabe e Cacione incluiu crianas de 2 e 7

    anos), utilizaram a notao inventada ou espontnea como um recursopedaggico e comentaram que essa atividade antecede a escrita musical

    tradicional.Na opinio das licenciandas Joana, Karin, Monalisae Cida a

    notao alternativa propcia a crianas dessa faixa etria.

    O valor didtico das atividades com notao no tradicional na

    aula de msica observada pelos estudantes foi claramente explicitado em

    seus textos. Humberto escreveu: "a simbologia dos coraes e guarda-

    chuvas para explicar o ritmo e a cano que estava em andamento tem um

    valor incrvel, pois tornou-se divertido e aparentemente todos os alunos

    entenderam a idia rtmica". Frana (2010), Ciszevski (2010) e Ilari (2002;2003; 2004) defendem e corroboram com esse pensamento quandodestacam a importncia de tais notaes e desenhos no desenvolvimento

    cognitivo da criana. Ilari (2004) sugere diversas atividades que podem

  • Ictus 13-1 179

    ser realizadas com notaes inventadas e desenhos produzidos pelas

    crianas em sala de aula. Alm disso, alerta que dependendo da tarefa

    que foi solicitada o professor poder utilizar essas produes para avaliar

    os "conhecimentos musicais, culturais, sociais e interpessoais de seus

    alunos" (p.40).Voltando citao de Humberto possvel perceber que ele

    observou a facilidade com que as crianas podem apreender um conceito

    musical por meio de elementos visuais e auditivos utilizados

    simultaneamente. Frana (2010) ressalta que a notao analgicaproporciona uma apreenso mais imediata do que a notao tradicional e

    Duarte (2011) afirma que o desenho a primeira forma de expresso quea criana tem para escrever a palavra a que se refere um determinado

    objeto - nesta discusso, um evento sonoro. Aliado a esses argumentosacrescenta-se ainda o aspecto ldico inserido nos procedimentos de ensino

    e aprendizagem.

    Outros estudantes, alm de Humberto, comentaram que as

    atividades da aula foram conduzidas de "maneira descontrada" (Gabriel eGustavo). Por sua vez, Karin avalia: "a professora utiliza estmulos ldicos,o que na minha opinio, est bem dentro do universo das crianas, alm

    de possibilitar um aprendizado musical prazeroso". Centrando-se na

    utilizao do desenho em sala de aula Ilari (2004) discute essa ferramenta

  • Ictus 13-1180

    ldica de ensino em seu estudo sobre os aspectos da cognio musical

    implcitos em notaes inventadas e desenhos de crianas e adultos. O

    mesmo tema discutido por Fassina (2011) em sua pesquisa sobre acontribuio do desenho infantil durante o processo de alfabetizao de

    crianas das sries iniciais do ensino fundamental.

    Consideraes finaisRespondendo questo de pesquisa que guiou este estudo,

    que foi o de compreender como os estudantes, futuros professores de

    msica, perceberam o processo de ensino e aprendizagem da notao

    musical, destacamos os seguintes aspectos: variedade e conexo entre as

    atividades para apresentar o contedo, utilizao de notaes alternativas

    ou analgicas como atividade previa e simultnea aprendizagem da

    notao musical tradicional, e o ldico como componente essencial das

    prticas da sala de aula.

    Especificamente quanto ao ensino e aprendizagem da notao

    musical durante a aula observada, os estudantes destacaram as analogias

    com representaes grficas, ou seja, com os desenhos do cotidiano infantilrelacionado ao repertrio.Os adjetivos empregados nas frases dosestudantes - timo, excelente, incrvel - nos remeteram a interpretar que

    esse modo de ensinar e aprender pareceu ser algo no familiar, o que nos

  • Ictus 13-1 181

    fez pensar na hiptese dos licenciandos terem aprendido a ler e escrever

    msica a partir da teoria e no da prtica, em aulas montonas e no

    atrativas. Entretanto, levando em conta que os licenciandos quando

    participaram desta pesquisa encontravam-se na metade do curso e ainda

    no haviam tido a experincia prtica da sala de aula, conclumos que

    suas observaes foram extremamente positivas e pertinentes ao que se

    refere utilizao da notao no tradicional como atividades pedaggicas

    das aulas de msica para crianas pequenas.

    Ficou claro que a utilizao de desenhos familiares criana pode

    ser uma ferramenta de apoio pedaggico para a aprendizagem dos

    contedos de percepo musical. A criana apreende melhor conceitos

    como altura e diviso rtmica atravs de imagens conhecidas, pois relaciona

    mais facilmente desenhos de formas concretas. Por isso, quando um som

    representado com um cdigo registrado sob a forma escrita tradicional

    torna o entendimento da percepo musical mais complexo para crianas

    pequenas que ainda no conhecem o conjunto de regras e os signos docdigo para decodificar os sinais grficos.

    O fato dos estudantes considerarem importante utilizar desenhos

    infantis ou notaes analgicas (traos, pontos, linhas) como forma derepresentao grfica do ritmo e da altura, principais dimenses da maioria

    dos estilos musicais,em procedimentos de ensino e aprendizagem est

  • Ictus 13-1182

    diretamente de acordo com o trabalho de diversos autores

    (BAMBERGER, 1990; FREY-STREIFF, 1990; ILARI, 2003;CISZEVSKI, 2010; FRANA, 2010; KLAVA, 2001; RODHEN, 2010;WATANABE; CACIONE, 2007; DUARTE, 2011; FASSINA, 2011; e

    PILLAR, 2012), tanto da rea da educao musical quanto da rea dasartes visuais, mais especificamente daqueles que estudam o desenho infantil.

    Esta pesquisa no somente corrobora com trabalhos que analisam

    os procedimentos de ensino e aprendizagem de conceitos musicais em

    aulas de msica como tambm contribui para pensar a formao inicial

    dos professores de msica. Conclumos que temas como: teorias do

    desenvolvimento e da aprendizagem, desenvolvimento cognitivo musical,

    desenho infantil, sistemas de representao, recursos didticos

    diferenciados para o ensino e a aprendizagem da notao musical

    tradicional, e o ldico com estratgia de ensino - merecem maior ateno

    durante o Curso deMsica-Licenciatura.

    RefernciasBamberger, Jeanne. 1990. As estruturaes cognitivas da apreenso e no-

    tao de ritmos simples. In Aproduo de notaes na criana: lin-guagem, nmero, ritmos e melodias. Organizado por Hermine Sinclair.Traduzido por Maria Lucia F. Moro, 97-124. So Paulo: Cortez.

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  • Ictus 13-1 183

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    Frana, Ceclia Cavalieri. 2010. Sopa de Letrinhas. Notaes analgicas(des)construindo a forma musical. Msica na Educao Bsica, Por-to Alegre, v.2, n.2, p. 8-21.

    Frey-Streiff, Marguerite. 1990. A notao de melodias extradas de can-es populares. In Aproduo de notaes na criana: linguagem,nmero, ritmos e melodias. Organizado por Hermine Sinclair. Tradu-zido por Maria Lucia F. Moro, 125-168. So Paulo: Cortez.

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