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CADERNO DE RESUMOS ANO 1 NÚMERO 1 OUTUBRO 2014 9ª JORNADA GAÚCHA DE PSICOLOGIA HOSPITALAR Inovações nas práticas em saúde Porto Alegre, 24 e 25 de Outubro de 2014 Realização: Hospital Mãe de Deus Promoção: Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar Organização Beatriz Schmidt

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CADERNO DE RESUMOS

ANO 1 – NÚMERO 1 – OUTUBRO 2014

9ª JORNADA GAÚCHA DE PSICOLOGIA HOSPITALAR

Inovações nas práticas em saúde

Porto Alegre, 24 e 25 de Outubro de 2014

Realização: Hospital Mãe de Deus

Promoção: Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

Organização

Beatriz Schmidt

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APRESENTAÇÃO

Este documento contempla os resumos dos trabalhos apresentados na 9ª Jornada

Gaúcha de Psicologia Hospitalar, a qual teve como tema central “Inovações nas Práticas em

Saúde”. O evento ocorreu nos dias 24 e 25 de outubro de 2014, em Porto Alegre/RS, tendo sido

realizado pelo Hospital Mãe de Deus e promovido pela Sociedade Brasileira de Psicologia

Hospitalar.

Mensagem da Coordenadora Geral da 9ª Jornada Gaúcha de Psicologia Hospitalar

O tema da 9ª Jornada Gaúcha de Psicologia Hospitalar, “Inovações nas Práticas em

Saúde” foi escolhido com o objetivo de oportunizar uma reflexão sobre a prática do psicólogo

hospitalar, bem como conhecer os diferentes trabalhos que vêm sendo realizados, construir novas

idéias, ampliar conhecimentos e criar um espaço propício de inovação e atualização na área da

saúde hospitalar.

A partir da diversidade de acadêmicos e profissionais, instituições de saúde, áreas de

atuação, método e linha de trabalho, e principalmente da disponibilidade e interesse de todos em

trocar experiências, conseguimos reunir parte de seus saberes, os quais contribuíram para somar

e multiplicar uma atividade que a cada dia cresce dentro dos hospitais.

Aléssia Carpes

Coordenação da Jornada

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Mensagem da Coordenadora Científica da 9ª Jornada Gaúcha de Psicologia Hospitalar:

“Inovações nas Práticas em Saúde”, tema central da 9ª Jornada Gaucha de Psicologia

Hospitalar, procurou reunir e apresentar as novas estratégias e ações promovidas na área da

psicologia da saúde e hospitalar. A discussão sobre as inovações abrangeu as diferentes

especialidades, bem como a visão do paciente sobre o processo saúde- doença.

A Jornada Gaúcha de Psicologia Hospitalar, em sua tradição, se caracteriza por proporcionar

a troca de experiências entre profissionais, pesquisadores e acadêmicos. Diante da contribuição

dos trabalhos apresentados surge o ‘Caderno de Resumos’ a fim de registrar, apresentar e

divulgar os avanços nas práticas calcados nos avanços clínicos e experimentais.

Marisa Marantes Sanchez

Coordenação Científica

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COMISSÕES

Comissão Organizadora:

Aléssia Carpes

Beatriz Schmidt

Carolina Quiroga

Maria Clarice Pires

Marina Barcellos

Marisa Sanchez

Comissão Científica:

Alessia Carpes

Beatriz Schmidt

Maria Lucia Tiellet Nunes

Marisa Marantes Sanchez

Patricia Pereira Ruschel

Tânia Rudnicki

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TRABALHOS PREMIADOS

Categoria Júnior: A COMUNICAÇÃO PROFISSIONAL DE SAÚDE-PACIENTE

DURANTE O TRATAMENTO QUIMIOTERÁPICO: A PERCEPÇÃO DE PACIENTES COM

CÂNCER

Autores: Fernanda Bittencourt Romeiro, Ana Carolina Peuker, Daniela Bianchini, Elisa Kern

de Castro e Bruna Silva.

Categoria Máster: INSTRUMENTOS SISTÊMICOS COMO SUBSÍDIO À ATUAÇÃO DO

PSICÓLOGO HOSPITALAR

Autores: Simone Dill Azeredo Bolze, Beatriz Schmidt, Carina Nunes Bossardi, Lauren Beltrão

Gomes e Maria Aparecida Crepaldi.

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RESUMOS DOS TRABALHOS APRESENTADOS

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UNIDADE DE CUIDADOS ESPECIAIS: A PSICOLOGIA COMO ESPECIALIDADE

CENTRAL EM UMA UNIDADE FECHADA HOSPITALAR

Bárbara Steffen Rech; Luciane Garay; Anna Julia Kirchke; Marjana Siqueira

A UCE - Unidade de Cuidados Especiais é uma unidade hospitalar fechada existente há um ano

em um hospital geral de Porto Alegre. A filosofia que inspira o cuidado oferecido é totalmente

interdisciplinar, estando pautada em quatro especialidades, que constituem os quatro pilares

assistenciais: enfermagem, psicologia, fisioterapia e nutrologia. O presente trabalho caracteriza-

se como relato de experiência. Apresentar as características que diferenciam tal unidade

hospitalar das demais, com destaque ao papel desempenhado pela psicologia nos processos

decisórios estão entre os objetivos do estudo. A UCE caracteriza-se como unidade de transição,

que em curto espaço de tempo oferece aos pacientes condições de reabilitação. Nela são

atendidos pacientes de média e alta complexidade, provenientes sobretudo da UTI e da

Emergência. Acidente Vascular Cerebral, recuperação após a realização de revascularização do

miocárdio e outras cirurgias complexas estão entre as patologias tratadas na unidade. Todas as

ações são planejadas com vistas não só a tratar e/ou recuperar o paciente, como também

minimizar os efeitos estressores de uma internação e do impacto na qualidade de vida gerado por

patologias mais agressivas. Uma das peculiaridades da unidade é o envolvimento de familiares

no cuidado do paciente a fim de proporcionar aprendizado, para que possam dar continuidade

aos mesmos após a alta para outra unidade de internação e, sobremaneira, alta hospitalar. A

atuação da psicologia inicia na chegada dos pacientes, participando do acolhimento coordenado

pela enfermagem. Segue com atendimentos ao leito a pacientes e familiares, participação em

rounds interdisciplinares matinais diários, grupo de sala de espera, reunião multiprofisissional

semanal, mediação entre equipe da unidade e médicos assistentes, acompanhamento de eventuais

óbitos e chá com a psicóloga – atividade voltada aos técnicos de enfermagem. Os resultados do

primeiro ano de funcionamento da UCE apontam para a participação decisiva da psicologia

enquanto especialidade ativa no tratamento clínico e na tomada de decisões. Muitas condutas

terapêuticas são incrementadas ou mesmo reformuladas em função de resultados de avaliações

psicológicas eticamente apresentadas à equipe. Afora as questões clínicas, a psicologia auxilia os

gestores da unidade, oferecendo-lhes elementos do pensamento sistêmico para ampliação de foco

e promoção da saúde de modo integral.

Palavras-chave: psicologia hospitalar; equipe interdisciplinar; reabilitação.

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O USO DE TÉCNICAS PROJETIVAS EM PACIENTES SUBMETIDOS À CIRURGIA

BARIÁTRICA: UMA REVISÃO DE LITERATURA

Bruna Athanazio Dolejal; Jéssica Katerine Endruweit; Andréia Mello de Almeida Schneider

O presente artigo apresenta uma revisão de literatura do tema obesidade. Esta tem sido discutida

com maior frequência nos últimos anos, devido ao grande aumento de agravos na saúde

decorrentes da mesma. A avaliação psicológica é uma técnica reconhecida pelos psicólogos e de

grande apoio, tanto na área hospitalar, quanto na área clínica, entre outras, pois auxilia no

processo de entendimento do sujeito e sua subjetividade. Este trabalho tem como objetivo buscar

estudos sobre técnicas projetivas em pacientes que se submeteram à cirurgia bariátrica, com o

intuito de buscar melhor entendimento dessas técnicas em relação ao perfil dos pacientes. Os

artigos utilizados nesta revisão foram obtidos através das bases de dados BVS, Lilacs, e Scielo.

Para fins de estudo, foram analisados somente artigos publicados nos últimos cinco anos. Fez-se

uma busca usando as palavras-chave, avaliação psicológica, cirurgia bariátrica e técnicas

projetivas. Após uma análise em 835 artigos, apenas 5 foram utilizados nesta revisão em

detrimento da delimitação do tema. Foram eliminados da pesquisa, artigos em que as técnicas

não continham parecer favorável no SATEPSI, bibliografias anteriores a 2009 e técnicas

psicométricas, mantendo na presente revisão somente as técnicas projetivas. Os resultados

apontaram que as técnicas projetivas se mostram eficazes no que diz respeito a uma identificação

mais profunda das dificuldades do paciente e age como um guia para as questões a serem

trabalhadas posteriormente em psicoterapia. As técnicas projetivas não são frequentemente

utilizadas durante a avaliação psicológica desses casos, porém são técnicas que fornecem muitos

dados importantes sobre o paciente. O que se observou é que atualmente esse método de

avaliação nem sempre é uma opção do profissional. Talvez por ser uma técnica que requer um

pouco mais de habilidade e estudo ou até mesmo por despender mais tempo na avaliação e ainda

ter alto custo financeiro para aquisição do material. Espera-se com o presente estudo poder

proporcionar um melhor entendimento a respeito da técnica projetiva em avaliações de pacientes

submetidos à cirurgia bariátrica.

Palavras-chave: avaliação psicológica; cirurgia bariátrica; técnicas projetivas.

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O SUPORTE FAMILIAR E AS INTERFACES EMOCIONAIS DO PACIENTE

ONCOLÓGICO

Camila Chiarelli Birck; Renata G. Henriques

As doenças crônicas são as principais causas de morte no mundo, dentre as quais o câncer tem se

destacado por seu crescimento em todos os continentes. Nos países desenvolvidos e em

desenvolvimento, encontra-se como a segunda e a terceira causa de morte respectivamente. No

Brasil, o câncer ganha espaço devido ao perfil epidemiológico que apresenta. A estimativa de

novos casos em 2014 é de 576.580, sendo que, 116.330 somente na região Sul. Além disso, trata-

se de uma doença a qual ocasiona diversas dificuldades psicológicas, físicas e sociais. Assim, o

paciente pode apresentar sentimentos de desesperança e sintomas de depressão. Entende-se que o

suporte familiar recebido durante o tratamento é de fundamental importância ao paciente que

vivencia a experiência do adoecimento. Este suporte contribui para a recuperação e

enfrentamento do paciente com câncer. Objetivo: Avaliar os níveis de desesperança, depressão e

suporte familiar e as variáveis sócio demográficas e clínicas de pacientes oncológicos. Entre as

diversas questões que contemplaram esta população, escassas são as pesquisas na área da

psicologia que enfatizam as variáveis apontadas neste projeto. Método: Participaram 20

pacientes, ambos os sexos, idades entre 38 e 69 anos (média entre 50 e 60 anos), que se

encontravam em tratamento, na unidade de oncologia, de um Hospital privado da região de Porto

Alegre (RS).Instrumentos: Questionário sócio demográficos e clínicos, Escala Desesperança

Beck (BHS), Inventário de Depressão de Beck (BDI) e Inventário de Percepção do Suporte

Familiar (IPSF). Resultados: Níveis mínimo e leve de depressão (mínimo:4, máximo: 3,média:

14,95); níveis leve e moderado de desesperança (mínimo: 0/máximo: 10, média: 3,55); Valores

altos de suporte familiar (IPSF): mínimo: 26 e máximo:58. Constatou-se correlação positiva

entre dados clínicos, tempo e estadiamento do diagnóstico e a escala desesperança Beck (BHS).

Conclusão: Os níveis de desesperança possuem influência em dados clínicos no processo de

tratamento do paciente, assim como o suporte familiar interfere em níveis de depressão.

Palavras-chave: desesperança; depressão; suporte familiar; câncer.

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INDICADORES DE STRESS E DEPRESSÃO RELACIONADOS COM O IMPACTO DO

TRATAMENTO AMBULATORIAL EM CRIANÇAS COM CÂNCER

Caroline Bernardi Melo; Fernanda da Cruz Bertan

O câncer pediátrico representa de 0,5% a 3% de todos os tumores da população. Os tumores mais

comuns são: leucemias, os linfomas e os tumores do sistema nervoso central. É uma doença que

causa prejuízos físicos, psíquicas e sociais, e o tratamento é baseado em cirurgia, radioterapia e

quimioterapia. Esta pesquisa trata-se de um estudo descritivo qualitativo, com o objetivo de

compreender o impacto do tratamento ambulatorial e verificar indicadores de stress e depressão

na criança que enfrenta o câncer. A pesquisa foi desenvolvida com 03 (três) crianças em

tratamento no ambulatório da hematologia do Hospital Pequeno Príncipe em Curitiba – PR. Os

dados foram coletados individualmente através de anamnese com os pais e aplicação dos

instrumentos: Escala de Stress Infantil - ESI e Inventário de Depressão Infantil - CDI com as

crianças, após a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido pelos pais. Foi

realizada a análise de conteúdo, através das seguintes categorias: dificuldades frente ao

diagnóstico e adesão ao tratamento, comportamentos relacionados com a doença, pensamentos

diante da doença, sintomas de stress e sintomas de depressão. Os resultados demonstraram que

as crianças em tratamento ambulatorial apresentam sintomas de stress e depressão durante o

tratamento de câncer. Percebeu-se, que o simples fato de estar em tratamento por câncer, seja

hospitalizado ou no ambulatório, foi considerado como triste e difícil para as crianças e as mães.

Sugere-se que o medo da morte é inevitável, e o tratamento associado de cirurgia e

quimioterapia, faz com que as crianças desenvolvam mais pensamentos de impotência diante da

doença e tendência a reflexões sobre a sua vida. Perceberam-se nos relatos das mães,

características superprotetoras, não só no ambiente hospitalar, mas em casa e na escola. Desta

forma, é possível inferir que a criança e a mãe, sofrem muito com o fato de ter “um câncer”,

independente se é maligno ou benigno, se há necessidade de intervenção cirúrgica ou apenas

quimioterapia. Os resultados revelam que as características do sofrimento psicológico do câncer

infantil variam conforme o momento vivenciado e de como a família vai reagir e dar o suporte

emocional para a criança. Neste estudo, percebeu-se relação entre o atendimento ambulatorial e

indicadores de stress e depressão na amostra investigada no Hospital Pequena Príncipe em

Curitiba - PR. É importante ressaltar a necessidade de mais estudos com esta população e seus

familiares, além de investigar sintomas de depressão e estresse nas diferentes fases de

tratamento.

Palavras-chave: câncer; criança; estresse; depressão.

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MASTOLOGIA NA ÓTICA DA PSICOLOGIA E BIOÉTICA

Maria Estelita Gil; Cássia Linhares Pacheco; Mara Izabel Garcia

O presente trabalho busca fazer uma reflexão sobre como se dá o atendimento psicológico às

pacientes com câncer de mama no Hospital São Lucas da PUCRS, o que se faz baseado nos

princípios bioéticos dentro da abordagem psicológica de orientação psicanalítica. Para tal,

realizou-se pesquisa bibliográfica e relato de experiência nesta área. A partir da solicitação de

atendimento pelo serviço de mastologia, através da interconsulta (medicina e psicologia), a

abordagem psicológica fundamenta-se no acolhimento, na escuta e no respeito a autonomia da

paciente, observando aspectos referentes ao tempo da mesma e, quando necessário, estimula-se o

ego observador, objetivando a reflexão e o entendimento de sua doença. Estes conceitos,

oriundos tanto da abordagem psicanalítica como da Bioética, mesclam-se e complementam-se no

sentido de auxiliar as pacientes a diminuir sua fragilidade frente a uma realidade

psicologicamente estressora. Como foco principal, o artigo pretende demonstrar estes conceitos

através do relato da experiência tanto no momento do diagnóstico de câncer de mama, bem como

no Grupo de Apoio, o qual ocorre há mais de vinte anos. Este tem por objetivo promover um

espaço de acolhimento imediatamente após a revelação do diagnóstico de câncer de mama, onde

as pacientes podem dividir suas angústias e temores com outras mulheres que já passaram por

esta experiência. O grupo é norteado tanto pelos princípios da psicanálise como da Bioética no

que tange ao respeito pela autonomia, justiça, beneficência e não maleficência, possíveis quando

se realiza uma escuta psicanalítica para avaliar os temores e decisões da paciente frente ao

diagnóstico e tratamentos. O grupo caracteriza-se por ser aberto, dando liberdade para que cada

paciente participe quando julgar necessário. Os temas trabalhados são livres, seguindo a

demanda emergente de cada encontro, sendo normalmente relacionados às questões relativas à

doença, ao tratamento, às possíveis consequências dos mesmos, ao processo de recuperação/cura

e às histórias pessoais. Devido à característica especial da troca de experiência entre as pacientes,

pode-se observar um efeito terapêutico, na qual a dinâmica promove a identificação grupal (por

compartilharem das angústias e fantasias comuns à doença); o sentimento de pertinência; bem

como o acolhimento de experiências pessoais, que muitas vezes são vivenciadas e relatadas

como mais estressoras que o próprio câncer. A dinâmica focada em cada encontro resulta em

diminuição de ansiedade, aumento da esperança da possibilidade de cura da doença e na busca

por qualidade de vida.

Palavras-chave: bioética; câncer de mama; psicanálise.

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SENTIMENTOS E EXPECTATIVAS DA MÃE EM RELAÇÃO AO BEBÊ PREMATURO

DURANTE A INTERNAÇÃO EM UMA UTI NEONATAL

Daniela de Oliveira Hermann

O parto prematuro priva a mulher da preparação psicológica do final da gravidez. Neste

momento, rompe-se a idealização do bebê imaginário e a mãe depara-se com o bebê real, de

aparência e saúde frágeis, que necessita de cuidados hospitalares. A fim de refletir sobre essa

temática, este trabalho teve como objetivo identificar e compreender quais são os sentimentos e

expectativas recorrentes em mães de bebês prematuros que estão vivenciando uma situação de

internação neonatal, buscando entender essas questões a partir do referencial teórico

psicanalítico. Participaram deste estudo três mães maiores de 21 anos, cujos filhos eram recém-

nascidos prematuros com idade gestacional entre 28 e 32 semanas, internados na UTI Neonatal

do Hospital Mãe de Deus em Porto Alegre. Esta foi uma pesquisa qualitativa, longitudinal, com

estudo de casos múltiplos. Como instrumentos foram utilizados duas entrevistas

semiestruturadas, observação do grupo de apoio de pais e diários de campo. Os casos foram

organizados em eixos temáticos, a partir das questões norteadoras, sendo eles: sentimentos em

relação à prematuridade e ao bebê, relação com a equipe e exercício da maternidade. A partir dos

resultados observou-se que a vivência das mães de bebês prematuros é um fenômeno complexo e

apesar de muitos aspectos repetirem-se entre as entrevistadas, tal experiência é vivida de forma

singular por cada mãe.

Palavras-chave: prematuridade; UTI neonatal; maternidade.

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PACIENTE ONCOLÓGICO: DO DIAGNÓSTICO À TERMINALIDADE

Alane Vinãs Nardi; Elaine Cristina M. da Silveira

Este trabalho objetiva, através de revisão da literatura, compreender os impactos emocionais

ocasionados em pacientes oncológicos, estando estes internados na emergência, onde muitas

vezes recebem o diagnóstico, ou estando em internação de cuidados paliativos e enfrentando a

terminalidade. Sabe-se que a Psicologia Hospitalar atua em diversos departamentos do hospital,

entre eles, está o setor da emergência – que se caracteriza por ser um local de entrada do paciente

no âmbito hospitalar. A unidade de emergência pode ser definida por um local que as pessoas

procuram quando necessitam de cuidados urgentes – este serviço é procurado por indivíduos

após a manifestação de sintomas que lhe causam algum desconforto, esperando receber um

cuidado específico que lhe trará o diagnóstico e o alívio dos sintomas. Ao ser hospitalizado, o

paciente enfrenta uma série de mudanças referentes à sua rotina, vivenciando assim uma ruptura

em sua história, em seu cotidiano, mudanças estas que configuram uma situação de crise, pois

alguns acontecimentos ocasionados pela internação hospitalar interferem diretamente no estado

emocional do paciente. Sendo assim, é possível enumerar vários fatores biológicos e

psicossociais que podem desencadear alterações psicológicas e/ou psiquiátricas nos pacientes

com doenças orgânicas. Quando estes pacientes não possuem prognóstico de intervenções

curativas são encaminhados para os cuidados paliativos, onde estes cuidados visam proporcionar

qualidade de sobrevida, pois a proposta não está relacionada na mudança do quadro clínico

destes, e sim dos sintomas que causem sofrimento durante o avanço da doença. Concluí-se que

frente aos aspectos desencadeados acerca de tal vivencia a intervenção psicológica no âmbito

hospitalar tem como objetivo principal a minimização do sofrimento provocado pela

hospitalização, visando minimizar a ansiedade e sofrimento, oriundos da doença e tratamento,

propiciando um espaço que possibilite a expressão de sentimentos e angústias tanto do paciente

como de seus familiares, assim como desmistificar suas fantasias; favorecer a integração entre

pacientes, famílias e equipe; propiciar a compreensão, por parte do paciente e sua família, da

situação de hospitalização, possibilitando que os mesmos tornem-se elementos ativos deste

processo; auxiliar o paciente no processo de elaboração de lutos e perdas e na aceitação da

morte, minimizar o impacto que o diagnóstico/prognóstico e o tratamento ocasionam sobre o

psiquismo da pessoa doente; bem como auxiliar o paciente na compreensão da doença, da não

possibilidade de cura, e os aspectos relacionados à percepção da morte e suas consequências para

o psiquismo.

Palavras-chave: emergência; cuidados paliativos; intervenção psicológica.

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A ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO EM UMA UNIDADE DE CUIDADOS PALIATIVOS

Elaine Cristina M. da Silveira; Marcela Vaz; Silvia Bolico; Mônica Echeverria de Oliveira

Cuidados paliativos são definidos pela OMS como sendo os cuidados totais e ativos prestados ao

paciente, cuja doença não responde mais aos tratamentos curativos e, quando o controle da dor e

outros sintomas psicológicos, sociais e espirituais, tornam-se prioridade. Este trabalho tem como

objetivo, apresentar a atuação do psicólogo hospitalar dentro do Núcleo de Cuidados Paliativos

do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, bem como as atividades presentes na rotina deste

profissional. O método utilizado neste trabalho é o relato de experiência dentro da unidade de

Cuidados Paliativos na referido instituição. O psicólogo através de psicoterapia breve e de apoio

busca auxiliar o paciente na compreensão da doença, da não possibilidade de cura, e dos aspectos

relacionados à percepção da morte e suas conseqüências para o psiquismo; auxiliar a família a

lidar com as mudanças que a doença acarreta, desde mudanças do comportamento do paciente

até alterações na rotina familiar; trabalhar com os familiares os aspectos emocionais envolvidos

na assistência ao paciente paliativo e/ou os impactos emocionais do processo de luto; facilitar a

comunicação dos familiares com o paciente e com a equipe assistente. Entre as atividades do

psicólogo estão: o atendimento individual ao paciente e seus familiares, grupo com os familiares,

reuniões do programa dos cuidados paliativos, rounds multiprofissionais, supervisões e reuniões

de equipe da psicologia. Portanto no contexto dos cuidados paliativos, as necessidades dos

pacientes que vivenciam o processo de morrer e a atenção aos familiares são fatores importantes,

devido ao grande impacto emocional que estes sofrem no processo de terminalidade. A atuação

do psicólogo possibilita que o paciente paliativo e seus familiares possam traduzir e dar

significado para a experiência da morte ou ressignificar a própria vida.

Palavras-chave: atuação do psicólogo; cuidados paliativos; terminalidade.

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RELATO DE EXPERIÊNCIA DA EQUIPE DE PSICOLOGIA NA UTI PEDIÁTRICA EM

HOSPITAL GERAL

Felipe Schardong; Raquel Lacerda Paiani

A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) está sempre com mudanças em seus demais subsistemas,

e que se configura por demandar ajustamentos emocionais e comportamentais de todas as

pessoas envolvidas na sua rotina, como de sujeitos que, de forma temporária, precisam desses

espaços, seja como pacientes ou acompanhantes. Além destas circunstâncias, quando a criança é

internada na UTI pediátrica, somam-se os receios e estressores inerentes à hospitalização a

restrição de horários de visitas, as dificuldades de comunicação com a equipe e o conceito de que

a UTI tem relação com a morte, bem como a incerteza gerada por diversos pensamentos.

Objetivo é relatar a experiência da equipe de psicologia em uma Unidade de Terapia Intensiva

Pediátrica (UTIPED) no hospital universitário Mãe de Deus em Canoas. Serão descritas as

atividades realizadas pela equipe de psicologia (uma psicóloga e um estagiário de psicologia) e a

estrutura da UTIPED. A unidade é composta por 10 leitos isolados. Os pacientes internados na

unidade têm doença crônica e/ou aguda. Existe a participação da psicologia em rounds

multidisciplinares que são as seguintes áreas: medicina, fisioterapia, enfermagem, nutrição,

fonoaudiologia e serviço social. O grupo de pais e familiares dos pacientes internados na unidade

é coordenado pelos psicólogos e também são convidados outros profissionais da equipe

multidisciplinar. Além disso, os pais e os pacientes têm atendimento psicológico individual e o

acompanhamento da visita de irmãos menores de 12 anos na unidade. A meta principal da

psicologia da saúde é entender os fatores biológicos, comportamentais e sociais que atuam

diretamente na saúde e na doença, podendo empregar-se do modelo biopsicossocial,

fundamentado essencialmente na promoção e educação para a saúde, modificando com a

população em sua vida cotidiana. A partir da experiência do trabalho executado pelo psicólogo,

se confirma a importância do mesmo tanto para o paciente internado e seus familiares quanto

para equipe assistencial da UTIPED.

Palavras-chave: psicologia; unidade de terapia intensiva pediátrica; equipe multidisciplinar.

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A COMUNICAÇÃO PROFISSIONAL DE SAÚDE-PACIENTE DURANTE O

TRATAMENTO QUIMIOTERÁPICO: A PERCEPÇÃO DE PACIENTES COM

CÂNCER

Fernanda Bittencourt Romeiro; Ana Carolina Peuker; Daniela Bianchini; Elisa Kern de Castro;

Bruna Silva

Objetivo: Explorar a percepção de pacientes sobre a comunicação com os profissionais da saúde

no contexto do câncer. Metodologia: estudo qualitativo e exploratório. Participaram pacientes

que estavam em tratamento quimioterápico (N=14; média idade = 52,36 anos; dp = 13,08), em

diferentes estágios da doença (sete metastáticos). Destes, oito eram homens. O projeto foi

aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa. Empregou-se uma Ficha de dados

sociodemográficos e clínicos e um roteiro de entrevista. As entrevistas foram gravadas em áudio

e transcritas na íntegra. Os dados foram analisados em quatro etapas: a) leitura inicial sem

julgamentos (“naive”); b) análise estrutural; c) categorização; e d) interpretação crítica. Por fim,

dois juízes independentes avaliaram os conteúdos da entrevista quanto às categorias emergentes.

Obteve-se um índice Kappa de 0,834, representando alta concordância. Resultados:

identificaram-se três categorias: 1) Comunicação técnica sem suporte emocional: provisão de

informação sobre o diagnóstico, tratamento e/ou prognóstico, de forma técnica; 2) Comunicação

técnica com suporte emocional: provisão de informação orientada para aspectos técnicos

relativos à avaliação física do paciente e também apoio psicológico; 3) Comunicação técnica

insuficiente: comunicação técnica, com falhas ou que carece de informações, deixando o paciente

com dúvidas e/ou inseguro. Na percepção dos pacientes, a comunicação com suporte emocional

contribui para uma maior satisfação e saúde psicológica durante o tratamento quimioterápico.

Percepções mais negativas em relação à comunicação com os profissionais de saúde estavam

vinculadas à falhas na troca de informações, sensação de distanciamento emocional e ausência de

interesse por aspectos pessoais do paciente resultando em incertezas, falta de esperança e

insatisfação. Conclusão: o paciente oncológico refere necessidades relativas ao cuidado prestado

que nem sempre são atendidas. Falhas comunicacionais decrescem quando as necessidades

emocionais do paciente são compreendidas. Os resultados podem ser úteis no planejamento de

estratégias comunicacionais que favoreçam o aumento da satisfação e bem estar do paciente com

câncer, bem como a adesão aos regimes terapêuticos.

Palavras-chave: oncologia; satisfação do paciente; qualidade de vida.

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ENTRE A VIDA E A MORTE: A ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO NAS UNIDADES DE

TRATAMENTO INTENSIVO

Gabriel Moraes Machado; Alan Jeison Moura Stangherlin; Celito Francisco Mengarda

O trabalho do psicólogo nos últimos tempos está presente em praticamente todas as instâncias da

sociedade. Entre elas a realidade hospitalar e dentro dela, em variadas formas de intervenção.

Nos hospitais a área tida como mais sensível, pois vive nos limites entre a vida e a morte,

mobilizando equipes de profissionais e familiares, é a UTI. Por suas implicações, os hospitais

têm compreendido a necessidade inquestionável da presença do psicólogo nesse ambiente.

Elaborando seu trabalho de forma a aplicar os saberes da psicologia para lidar com as demandas

trazidas pela UTI, caracterizada por ser hostil e pesada, permeada pela ideia da morte e

expectativas acerca do tratamento, levando à atuação do psicólogo a tríade intensivista Equipe-

Família-Paciente, que sofrem essas expectativas diariamente. Delimitou-se assim como objetivo:

1- Compreender a atuação do psicólogo hospitalar nas UTI’s; 2- Buscar informações acerca de

como se dá sua atuação e sua importância; 3- Identificar possíveis questões éticas envolvidas; 4-

Conhecer quem se beneficia da atuação; 5- Conhecer como de dá as relações multidisciplinares e

como sua atuação é vista pela equipe; 6- Conhecer o grau de autonomia de sua atuação nas

UTI’s; 7- Verificar se há uma formação acadêmica adequada para suprir as necessidades de um

profissional da área. Sendo feita pesquisa descritiva e transversal, utilizando-se uma entrevista

semiesturada com profissional atuante na área de UTI, sendo parte dela tendo sido realizada

presencialmente e uma continuação com entrevista fechada via correio eletrônico, Relato desse

profissional do ambiente da UTI, revisão bibliográfica não sistemática e comparação entre

literatura e relato do profissional. Dentre os principais resultados encontrasse a necessidade de

trabalhar os medos e anseios despertados pela UTI, não apenas com os pacientes, mas sim na

tríade equipe-família-paciente, promovendo uma maneira mais saudável para lidar com os

medos, fantasias, expectativas e ansiedades despertadas pela UTI, providenciando para esses

uma escuta e auxilio as demandas em situações de fragilidade, de modo a melhorar a qualidade

do tratamento e mostrando a importância do trabalho do psicólogo em uma promoção de saúde

não só a um nível orgânico e melhor comunicação, mas também saúde emocional de toda tríade.

Nota-se também a necessidade do trabalho em equipe transdisciplinar para possibilitar um

entendimento do paciente como um todo, sem perder de vista o cuidado com o sigilo do paciente.

Em questão acadêmica vemos um meio ainda em preparo para a formação de um profissional

que lide com tal atuação.

Palavras-chave: atuação do psicólogo nas UTI’s; psicologia intensivista; psicologia hospitalar.

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DORES REVISITADAS: AMPUTAÇÃO DE MEMBRO E SUA RELAÇÃO COM A

VIVÊNCIA DE PERDAS AFETIVAS ANTERIORES

Gabriela Santos Florisbal; Bárbara Cristina Steffen Rech; Tatiana Cristina Galli

O sujeito quando submetido a uma cirurgia tende a sentir-se emocionalmente fragilizado. Em

razão disso, a atuação da Psicologia torna-se cada vez mais relevante na equipe interdisciplinar, a

fim de minimizar sofrimentos provocados pelo processo cirúrgico e suas implicações.

Considerando o procedimento cirúrgico, a amputação de um órgão ou membro consiste numa

mudança significativa no esquema corporal do indíviduo, despertando o sentimento de perda e

luto. O presente trabalho objetivou abordar os aspectos psicológicos decorrentes da cirurgia de

amputação e descrever a trajetória de internação hospitalar vivenciada por uma paciente

submetida à amputação de membro inferior. Tal paciente foi acompanhada por uma estagiária do

Serviço de Psicologia Clínica do Hospital Ernesto Dornelles e supervisionado por uma das

psicólogas do Serviço. Trata-se de um estudo de caso. Foram analisados os conteúdos dos

atendimentos clínicos oferecidos à paciente e sua rede de apoio ao longo de todo o período de

hospitalização – da internação até o retorno para sua casa. Nos primeiros atendimentos realizados

com a paciente, trabalhou-se a construção do vínculo terapêutico, uma vez que este é essencial

para propiciar um espaço de confiança e viabilizar a expressão de sentimentos. No decorrer dos

atendimentos, a paciente abordou questões relacionadas ao momento vivenciado, assim como,

iniciou o processo de luto frente ao membro amputado. Nos conteúdos manifestos, foram

identificados elementos correspondentes às fases de elaboração do luto: negação, raiva,

depressão e aceitação. Após a perda real do membro, a paciente apresentou um movimento

interno em que revisitou a morte do irmão, falecido há três anos, luto este até então não

vivenciado. Ao mesmo tempo em que revivia a perda do irmão, a paciente foi permitindo-se

chorar pelo membro perdido, verbalizar seus sentimentos dolorosos, elaborar a nova imagem

corporal e assim buscar um novo significado para a sua vida. Os resultados encontrados neste

estudo corroboraram as teorias que versam sobre a revivência afetiva de perdas anteriores diante

do enfrentamento de novas perdas. Por ocasião da alta hospitalar, a paciente recebeu orientações

e encaminhamento para realizar psicoterapia e assim seguir seu processo de elaboração e

adaptação às novas condições de vida.

Palavras-chave: amputação de membros; aspectos psicológicos; processo de luto.

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A ATUAÇÃO DO SERVIÇO DE PSICOLOGIA NA ASSISTÊNCIA AO PACIENTE

ONCOLÓGICO A PARTIR DA CRIAÇÃO DE UMA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL

DE CUIDADOS PALIATIVOS

Maria Eduarda Germano Motta; Carolina Villanova Quiroga; Paola Andressa Lima Dornelles;

Silvia Abduch Haas

É de senso comum que a prática dos cuidados paliativos tornou-se cada vez mais necessária e

presente na assistência ao paciente portador de doenças crônicas, entre eles o paciente

oncológico. Medidas de conforto e controle de sintomas são utilizadas de forma exclusiva

quando não são mais encontradas medidas curativas, suspendendo assim as terapêuticas de

prolongamento de vida. O Hospital Santa Rita (HSR) da Irmandade Santa Casa de Misericórdia

de Porto Alegre (ISCMPA) é referência na prevenção, no diagnóstico e no tratamento de câncer.

Este hospital foi escolhido para implementar um projeto piloto de construção de uma equipe

multidisciplinar de assistência ao paciente paliativo. Inicialmente o projeto teve duração de três

meses, funcionando a partir de consultoria médica e composto por um médico intensivista e por

profissionais dos serviços de Psicologia, Fisioterapia, Enfermagem, Nutrição, Serviço Social,

Hotelaria Hospitalar e Assistente Espiritual. O presente trabalho tem por objetivo descrever a

experiência do serviço de psicologia do HSR na implementação deste projeto piloto, bem como

possíveis intervenções psicológicas e multidisciplinares e os desafios encontrados na prática. O

Serviço de Psicologia do HSR se inseriu de forma ativa na equipe, contando com três estagiárias

de graduação e uma psicóloga contratada. Realizou-se avaliação e acompanhamento psicológico

de todos os pacientes encaminhados para a equipe de cuidados paliativos, bem como dos

familiares atrelados ao tratamento. Observamos a importância do trabalho da psicologia na

facilitação da comunicação do paciente e dos seus familiares, principalmente considerando a

aproximação da morte e as repercussões emocionais na família. A intervenção psicológica

promoveu também a comunicação entre paciente, familiares e equipe, visando à avaliação das

necessidades específicas de cada caso. A partir disto, refletimos sobre o valor do

acompanhamento psicológico sistemático ao paciente paliativo e seus familiares, a fim de

auxiliar na elaboração do prognóstico da doença e no manejo do luto antecipatório. Salientamos

também a importância das intervenções que visam a qualidade de vida do paciente e suas

expressões emocionais, independente do seu tempo de vida. Cabe ressaltar a contribuição do

trabalho da psicologia na constituição das intervenções multidisciplinares, auxiliando no manejo

de cada caso e respeitando as singularidades a fim de proporcionar um cuidado global e

integrado.

Palavras-chave: cuidados paliativos; paciente crônico; psicologia hospitalar.

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A IMPORTÂNCIA DA PSICOLOGIA, DO MEIO SOCIAL E DAS RELAÇÕES

PESSOAIS NO TRATAMENTO DE PACIENTES ONCOLÓGICOS

Maria Eduarda Germano Motta; Tamires Dartora

Tão importante quanto o tratamento do câncer é a atenção dispensada aos aspectos sociais e

emocionais que envolvem aqueles que enfrentem a doença. Mesmo com o avanço da tecnologia,

que facilita o diagnóstico precoce e proporciona diferentes formas de tratamento, o adoecimento

causa muitas repercussões na vida dos pacientes. Dessa forma, as mudanças geralmente são

vinculadas às questões emocionais, sociais, orgânicas e físicas. O objetivo desse trabalho foi

analisar a interação social de pacientes em tratamento do câncer, além de compreender as

transformações psicológicas que ocorrem e verificar os vínculos existentes entre os pacientes,

seus familiares e os profissionais da saúde. Assim, o trabalho foi realizado através de visitas à

Associação de Apoio a Pessoas com Câncer (AAPECAN) e da visualização de filmes. Foram

efetuadas observações com durações variadas, divididas entre as sessões de terapia em grupo na

AAPECAN e os filmes, nos quais os comportamentos dos pacientes foram analisados. As

observações foram exploradas com o apoio da literatura sobre o assunto, a fim de contribuir para

o melhor entendimento da investigação feita. Os registros feitos referem-se aos comportamentos

apresentados pelos pacientes, tais como: relatos, contato físico com objetos e/ou pessoas,

expressões faciais, movimentos, etc. As informações encontradas fazem referência também à

situação ambiental, isto é, às características do meio físico e social em que os sujeitos se

encontram. Acreditamos que o contato e a troca de experiências entre os pacientes com câncer,

além das relações com seus familiares e com os profissionais de saúde, podem facilitar no

período de tratamento da doença. Foi possível perceber que as trocas provenientes da terapia em

grupo são essenciais para o tratamento dos participantes, sendo de suma importância o papel da

psicóloga que conduz as sessões. Por conseguinte, é preciso enfatizar que o espaço da psicologia

em múltiplos contextos, dando ênfase aqui ao ambiente hospitalar, é fundamental para a

vitalidade dessa profissão diante das demandas que surgem em pacientes com câncer. Assim

sendo, a psicologia, o meio social e as relações pessoais podem ser peças-chave para a aceitação

da nova condição de vida por parte do paciente.

Palavras-chave: pacientes oncológicos; psicologia hospitalar; meio social.

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A IMPORTÂNCIA DO ESCUTAR: UMA REFLEXÃO ACERCA DA COMUNICAÇÃO

DE MÁS NOTÍCIAS

Alessandra Rodrigues Dias; Luana Duarte Beck; Ângela Pratini Seger

INTRODUÇÃO: Dentre os objetivos dos profissionais que atuam na assistência ao paciente

crítico em unidades de terapia intensiva (UTI) e em unidades de emergência, destaca-se o

empenho em realizar ações que promovam a saúde do indivíduo. Faz parte do cotidiano do

profissional que atua no hospital, especialmente do médico, informar acerca do estado clínico do

paciente. O diagnóstico de uma doença grave, a piora clínica, a evolução para um prognóstico

reservado e o óbito, são exemplos que caracterizam uma “má notícia”. Essas geralmente são

acompanhadas por sentimentos difíceis, tanto para o receptor da informação quanto para o

comunicante desta. Lidar com a fragilidade emocional do outro pode ser um desafio para a

equipe multiprofissinal, bem como pode interferir no processo de comunicação. OBJETIVO:

Promover uma reflexão acerca da importância da qualidade da comunicação de uma má notícia.

MÉTODO: Relato de experiência da equipe de psicologia que atua nas UTIs e na emergência do

Hospital São Lucas da PUCRS (HSL). RESULTADOS: Na Emergência e nas UTIs, uma das

práticas realizadas pela equipe de psicologia é acompanhar o médico no momento da

comunicação de uma má notícia. As intervenções realizadas auxiliam na melhor preparação e

compreensão das particularidades envolvidas nesta tarefa. Esta experiência provoca reflexões

acerca dos componentes indispensáveis para uma comunicação efetiva. Além de comunicar, é

preciso acolher os sentimentos despertados pela má notícia. Percebe-se a dificuldade de alguns

profissionais ao depararem-se com a demanda emocional envolvida. As reações à má notícia são,

em geral: angustia, ansiedade, tristeza, choro e, por vezes, raiva e revolta. O portador da má

notícia, muitas vezes, também experimenta reações emocionais que, se não identificadas e

trabalhadas, podem prejudicar a efetividade da comunicação, como não possibilitar um momento

de escuta ao familiar e/ou ao paciente, a fim de acolher seus sentimentos. Proporcionar este

espaço é uma forma de abranger o que a Política Nacional de Humanização (PNH, 2004) propõe

como prática de Acolhimento ao usuário em todos os âmbitos de atenção. CONCLUSÃO: A

intervenção psicológica neste contexto propicia aos receptores da notícia um espaço para

expressão e manejo dos sentimentos, possibilitando que repercussões emocionais difíceis possam

ser acolhidas e trabalhadas. Além disso, a participação da psicologia neste momento auxilia os

médicos a compreenderem a importância do escutar no momento de comunicar, bem como

refletir acerca das formas de comunicação verbal e não verbal, tornando a comunicação efetiva.

Palavras-chave: psicologia hospitalar; comunicação de más notícias; intervenção psicológica.

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O PSICÓLOGO COMO FACILITADOR DO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO NO

CONTEXTO HOSPITALAR

Alessandra Rodrigues Dias; Priscila Viegas Kercher; Luana Duarte Beck; Rita Gigliola Gomes

Prieb; Ângela Pratini Seger

INTRODUÇÃO: Uma das competências do psicólogo hospitalar é facilitar os processos de

comunicação entre as equipes multiprofissionais, os familiares e os pacientes. Aspectos como

ruídos, bloqueios e filtração das informações podem interferir neste processo, os quais podem ser

potencializados por dificuldades cognitivas e/ou por reações emocionais dos envolvidos. A

comunicação écomposta pela linguagem verbal e não verbal, como os gestos, o tom de voz e os

movimentos corporais. No contexto hospitalar, as dificuldades de comunicação também ocorrem

devido ao uso de linguagem técnica e científica, podendo ser compreendida entre os profissionais

da mesma profissão, mas nem sempre por aqueles de categorias diferentes e pelos pacientes e

seus familiares. Além disso, se observa dificuldades de comunicação da equipe de saúde diante

de situações difíceis e inerentes ao processo de adoecimento, como em casos de diagnóstico

recente, de mau prognóstico e de medidas terapêuticas não curativas.OBJETIVO: Destacar a

intervenção psicológica como potencializadora da comunicação efetiva no ambiente hospitalar

entre equipes, pacientes e familiares. MÉTODO: Relato de experiências integradas acerca das

intervenções psicológicas realizadas por equipes que compõem o Serviço de Psicologia Clínica

de dois hospitais gerais e universitários de Porto Alegre. RESULTADOS: Diariamente nos

deparamos com falhas importantes no diálogo entre a equipe e o paciente/familiar, seja pela

dinâmica em que ela se estabelece, como um curto espaço de tempo e pouca oportunidade para

questionamentos, seja por uma falta de habilidade dos profissionais para esta árdua tarefa. A

intervenção psicológica pode verificar a efetividade da comunicação, uma vez que o psicólogo é

capacitado para perceber e interpretar a linguagem verbal e não verbal que fazem parte deste

processo. Desta forma o psicólogo traduz e clarifica as informações, tanto à equipe, quanto aos

familiares e aos pacientes, a fim de favorecer uma melhor compreensão, tornando a comunicação

efetiva. Cabe ao profissional da psicologia nomear sentimentos velados e interpretar o silêncio

dos pacientes e familiares, bem como sensibilizar a equipe para validar e acolher os aspectos

emocionais expressados pelos mesmos. CONLUSÃO: A comunicação efetiva ocorre quando o

receptor compreende a mensagem transmitida pelo emissor. O papel do psicólogo como

facilitador deste processo é destacado por meio das intervenções realizadas ao acompanhar as

notícias médicas aos pacientes e familiares, estimulando sua participação ativa nas tomadas de

decisões relacionadas ao plano terapêutico. Com isso também sensibiliza e amplia a escuta da

equipe e otimiza a dialogicidade.

Palavras-chave: comunicação; psicologia hospitalar; intervenção psicológica.

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REAÇÕES EMOCIONAIS DAS GESTANTES FRENTE AO DIAGNÓSTICO DE

CARDIOPATIA FETAL

Carolina Medeiros; Elisa Pereira; Elisa Hanke; Camila Ávila; Patricia Ruschel

Durante a gravidez existem sonhos e esperanças em relação a como os pais imaginam o bebê. A

gestação é um momento que a mulher tem para se preparar física e psicologicamente para

assumir a maternidade. Entretanto, o temor da malformação assombra o casal, durante este

período. A maioria das alterações estruturais ou funcionais do coração do feto tem chances de

serem identificadas a partir da 18ª semana de gestação. O diagnóstico desperta nas mães

expressões de desespero, dor insuportável e sofrimento, uma situação que lhes foge ao domínio e

as torna impotentes. Neste trabalho objetiva-se identificar os sentimentos despertados nas

gestantes frente à cardiopatia congênita do bebê. Pesquisa retrospectiva, descritiva e qualitativa,

através do método de análise de conteúdo de Bardin (1991). Os dados foram coletados e

categorizados através da leitura de evoluções dos atendimentos de gestantes, após a descoberta

do diagnóstico de cardiopatia fetal. Foram revisados os registros de 49 gestantes e

categorizadas 61 verbalizações referentes aos sentimentos frente ao diagnóstico fetal.

Evidenciaram-se três categorias, com subcategorias, na análise dos registros das consultas

psicológicas: sentimentos (preocupação, rejeição, ambivalência, raiva, medo, culpa, solidão,

tristeza, esperança e desesperança – 55%); enfrentamento (negação, dedicação, religiosidade e

autocontrole – 28%) e impacto emocional (surpresa e decepção – 17%). Considera-se a

importância da compreensão dos sentimentos e reações emocionais das gestantes que recebem

diagnóstico de cardiopatia fetal, que deverão ser devidamente trabalhados. Isto, visando

minimizar o trauma psíquico, a ansiedade e o estresse, auxiliando na aderência ao tratamento e

cuidados com o bebê cardiopata.

Palavras-chave: malformação cardíaca; gestação; cardiopatia fetal.

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CARACTERÍSTICAS DE PACIENTES COM INSUFICIÊNCIA CARDÍACA DE UM

AMBULATÓRIO DE TRANSPLANTE CARDÍACO

Carolina Frota Medeiros; Paula Moraes Pfeifer; Patrícia Pereira Ruschel

A indicação de um transplante cardíaco desperta: ansiedades e fantasias características em um

paciente que apresenta um quadro de insuficiência cardíaca. Além do sofrimento físico imposto

pela doença, o paciente está exposto a sofrimento emocional pela incerteza e confronto com sua

terminalidade. Torna-se importante que tenha oportunidade de ser preparado do ponto de vista

psicológico para o transplante. Esta pesquisa tem como objetivo descrever as características de

pacientes com insuficiência cardíaca de um Ambulatório de Transplante Cardíaco, incluindo o

nível de ansiedade, depressão e estresse antes da psicoprofilaxia para a cirurgia de transplante

cardíaco. Os pacientes que participaram desta pesquisa tinham insuficiência cardíaca, sendo

avaliados pela equipe multiprofissional e eram candidatos a transplante cardíaco. Os pacientes

foram avaliados através de um questionário sociodemográfico, de Escalas de Depressão e

Ansiedade de Beck e o Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp. O presente estudo

é transversal e as variáveis contínuas foram descritas através de média e desvio padrão e as

categóricas de percentis. A amostra foi de 32 pacientes, com média de idade de 48 anos (± 11,2),

sendo 59,4% do sexo masculino, 62,5% casados, 59,4% residem no interior do Rio Grande do

Sul, 37,5% possuem Ensino Fundamental Incompleto. Com relação ao tipo de Miocardiopatia se

caracterizam por: 78,1% dilatada, 15,6% isquêmica, 3,1% hipertrófica e 3,1% peri-parto. Com

relação a sintomas emocionais 54,8% apresentaram ansiedade e 61,3% depressão. De acordo

com a escala Lipp 62,5% apresentaram estresse, destes 34,4% com sintomas psicológicos, 21,9%

sintomas físicos e 6,3% sintomas mistos. Pode-se observar que a maioria dos pacientes

demonstraram dificuldades emocionais na etapa de ingresso para a lista de transplante cardíaco.

Espera-se que a intervenção de psicoprofilaxia cirúrgica reduza sintomas de ansiedade, depressão

e estresse, através do esclarecimento dos procedimentos, do trabalho das fantasias relacionadas

ao transplante e expectativas pós-cirúrgicas que cada paciente possui.

Palavras-chave: transplante cardíaco; insuficiência cardíaca; psicoprofilaxia cirúrgica.

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AVALIAÇÃO DA RELAÇÃO PATERNA, SUPORTE FAMILIAR E ESTRATÉGIAS DE

ENFRENTAMENTO FRENTE AO DIAGNÓSTICO DE MALFORMAÇÃO FETAL

Cláudia Simone Silveira dos Santos; José Antonio Azevedo Magalhães; Maria Lúcia Tiellet

Nunes

Desde a concepção as primeiras relações do ser humano são carregadas de sentimentos e

fantasias relacionadas ao filho esperado. Muito se estuda sobre as reações maternas e o impacto

de um diagnóstico fetal na gestante. E quais as repercussões no pai? O que ocorre com o pai

quando este bebê tão esperado apresenta-se com uma malformação? É possível intervir de

maneira precoce para que pai-feto malformado estabeleça vínculos saudáveis desde o momento

do diagnóstico, prevenindo problemas na interação e melhora na qualidade de vida da família? O

objetivo geral é avaliar a qualidade da relação pai-feto, o suporte familiar e as estratégias de

enfrentamento em gestações com diagnóstico de malformação fetal. Também, avaliar a relação

pai-feto com diagnóstico de malformação; avaliar o suporte familiar para o enfrentamento deste

diagnóstico; identificar as estratégias de enfrentamento do pai diante do diagnóstico; identificar

como se dá o acolhimento do pai pela equipe multiprofissional; correlacionar as variáveis do pai

com os resultados das escalas de Parental Bonding, Modos de Enfrentamento de Problemas e

Percepção de Suporte Familiar; analisar a interpretação do conteúdo manifesto, através de um

método de descrição analítica e a interpretação do que foi dito à luz da literatura relativa ao tema

em exame. Será um estudo quantitativo e qualitativo, transversal, com amostra de 265 pais que

acompanham o pré-natal na equipe de Medicina Fetal. Serão aplicadas as seguintes escalas:

Parental Bonding Instrument (PBI), Escala de Modos de Enfrentamento do Problema – EMEP;

Inventário de Percepção de suporte familiar IPSF e entrevista semidirigida conforme protocolo

de assistência da equipe. Serão respeitadas as orientações Éticas conforme Resolução 466/2012 e

realizadas análises descritivas, estudos de correlação entre variáveis do pai e análise de conteúdo

de Bardin. Acredita-se na possibilidade de elaboração das emoções do pai de maneira mais

adequada, desmistificando fantasias e auxiliando na vinculação. As estratégias de enfrentamento

que o indivíduo irá utilizar estão relacionadas aos recursos culturais, materiais, valores, crenças,

habilidades sociais e apoio social, que por vezes podem estar indisponíveis.

Palavras-chave: paternity; coping behavior; family relationship.

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ÓBITO FETAL, REPERCUSSÕES E ENFRENTAMENTO

Sinara Santos; Cláudia Simone Silveira dos Santos

O óbito fetal é um evento vivenciado de forma traumática e dele podem decorrer inúmeras

consequências negativas ao psiquismo materno. Trata-se de um acontecimento invariavelmente

inesperado e que marca a ruptura de uma ligação afetiva baseada em expectativas que não se

concretizaram. O presente estudo teve como objetivo realizar uma revisão bibliográfica acerca

dos sentimentos que acompanham a ocorrência do óbito fetal em mulheres, seus familiares,

equipe de saúde e o papel do psicólogo em orientar o início do processo de elaboração do luto. A

revisão bibliográfica foi realizada através das bases de dados Pubmed, Scielo, Bireme, Google

Acadêmico, além de capítulos de livros clássicos e contemporâneos, foram pesquisadas

publicações na literatura que apresentavam uma relação com a ocorrência do óbito fetal no

período de 1981 e 2013, os descritores Óbito Fetal, Gestação, Morte, luto e Papel do Psicólogo

foram usados isoladamente e em combinação na pesquisa. Este estudo evidencia o grande

impacto emocional na mãe e familiares diante do óbito fetal e destaca a importância do suporte e

acompanhamento psicológico neste evento proporcionando o encaminhamento do início

adequado do processo de luto. O óbito fetal é algo visto como incompreensível e de difícil

comunicação. Família e equipe mobilizam-se com o sofrimento em um lugar onde se espera a

vida - o Centro Obstétrico. Ao contrário caem por terra expectativas, fantasias, restando à

reorganização com a separação repentina do bebê que foi aguardado. Na maioria das vezes a

família prefere não falar sobre a perda e a equipe médica, por sua vez, também tem dificuldade

em lidar com a situação, pois representa o fracasso. A função do psicólogo é proporcionar

espaço para se falar sobre a perda, deixar que sentimentos como culpa, raiva e tristeza venham à

tona, possibilitando resgatar a história desse bebê, sua identidade e expectativas atribuídas a ele,

favorecendo a plena vivencia do momento, o que pode contribuir para prevenção de futuras

complicações emocionais.

Palavras-chave: óbito fetal; gestação; papel do psicólogo.

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DISTANÁSIA EM CRIANÇAS

Ângela Barbieri; Alberto Manuel Quintana; Cristine Gabrielle da Costa dos Reis; Priscila

Ferreira Friggi; Camila Peixoto Farias

A presente pesquisa teve como objetivo conhecer como os médicos das UTIs neonatal e

pediátrica significam a distanásia. Especificamente, desejou-se identificar como a morte de

crianças impactavam emocionalmente os médicos; entender como os médicos das UTIs neonatal

e pediátrica eles vivenciam a dificuldade de cura de uma criança e compreender como

identificam o seu preparo para lidar com situações de final de vida em crianças. Para tanto,

utilizou-se de um estudo exploratório/descritivo, de abordagem qualitativa. A coleta de dados foi

feita por meio de entrevista semiestruturada com 6 médicos e 5 residentes, pertencentes às UTIs

neonatal e pediátrica. As informações das entrevistas foram transcritas e analisadas a partir da

análise de conteúdo. Os princípios éticos foram respeitados, de forma a proteger todos os direitos

dos participantes, com formalização da participação por meio de Termo de Consentimento Livre

e Esclarecido. Como resultados obtidos, observou-se que os médicos significam a distanásia em

UTI pediátrica e neonatal sob influência de múltiplos fatores. Estes trazem a complexidade da

convivência cotidiana com a morte e o processo de morrer, juntamente com os sentimentos e

mecanismos de defesa e colocam em voga a ausência do ensino e preparação para lidar com a

morte no cotidiano hospitalar durante a graduação. Constata-se também afirmações de que a

distanásia realmente acontece, mas que está permeada por uma série de questões, como os

pedidos obstinados da família do paciente terminal internado na UTI, passando pelas dúvidas em

relação ao investimento, ou não, no mesmo e nos critérios utilizados para se saber até onde

investir ou as divergências da equipe nas tomadas de decisão. Além disso, ressalta-se o enorme

receio das repercussões éticas e legais em relação às decisões tomadas, no que se refere aos

códigos de ética profissional e o Código Penal brasileiro. Por fim, considera-se, nesta pesquisa,

que diante dos múltiplos aspectos referentes à morte existem diversas necessidades de

aperfeiçoamento como, por exemplo, a sua abordagem na graduação e residência, a comunicação

adequada entre os profissionais durante os processos decisórios e durante o trabalho na UTI e a

ponderação entre os desejos da família e as reais possibilidades de sobrevivência do doente.

Palavras-chave: morte; criança hospitalizada; bioética.

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AS RELAÇÕES FAMILIARES NO CONTEXTO DO CÂNCER INFANTIL

Adelise Salvagni; Alberto Manuel Quintana; Caroline Rubin Rossato Pereira; Cristine Gabrielle

da Costa dos Reis; Natalia Dalla Côrte Cantarelli; Priscila Ferreira Friggi

O câncer infantil traz diversas repercussões para a família que o vivencia, demandando

mudanças em diversos aspectos da mesma, que afetam desde a rotina familiar até a dinâmica das

relações entre os membros. Todos estes são implicados pela situação de adoecimento, ainda que

não estejam diretamente ativos no cuidado da criança. Neste sentido, o presente estudo objetivou

compreender as implicações do câncer infantil na dinâmica familiar considerando os subsistemas

conjugal, parental e fraternal. Realizou-se um estudo clínico-qualitativo que abarcou três estudos

de caso, sendo que foram incluídas três famílias de crianças que haviam recebido o diagnóstico

de câncer infantil e estavam em tratamento em um hospital público de uma cidade do sul do

Brasil. Utilizou-se entrevistas semidirigidas com os progenitores e os irmãos adolescentes; com

as crianças, tanto o paciente como seus irmãos menores, aplicou-se a técnica do desenho da

família com estória; além disso, foram realizadas observações no hospital e nas residências das

famílias. Os dados foram submetidos à análise de conteúdo e, no caso dos desenhos, atentou-se

também para alguns aspectos gráficos dos mesmos. Os resultados apontaram para uma tendência

de união entre os cônjuges, no entanto, ela se dá no sentido da atenção para com o cuidado da

criança adoecida, em contrapartida a intimidade do casal parece ficar em segundo plano,

notadamente no início do tratamento. No âmbito da parentalidade, observou-se que as atenções e

os investimentos da família estão destinados ao cuidado da criança, o que ocasiona uma

aproximação entre os progenitores e esta e um consequente afastamento dos demais filhos que

residem conjuntamente. Além disso, ocorre que os demais filhos por vezes ficaram desassistidos

do cuidado parental. No que diz respeito à relação fraterna, evidenciou-se uma relação de união e

cuidado entre os irmãos, sendo esta uma maneira de lidar com a situação de adoecimento e

enfrentar as ausências da mãe no lar. As três famílias abarcadas neste estudo possuíam

configurações específicas e apresentaram, portanto, particularidades em sua forma de vivenciar o

câncer infantil. Porém, de forma geral, pode-se considerar que os membros das famílias tendem a

se unir para enfrentar o acontecimento, ainda que se tenha o afastamento físico de alguns

membros em determinados momentos. Diante deste contexto do câncer infantil, observa-se a

importância de dispender um olhar sistêmico para estas famílias e suas relações, compreendendo

que as implicações ocorrem para todos os membros da família.

Palavras-chave: câncer infantil; dinâmica familiar; psicologia da saúde.

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A EXPERIÊNCIA DE UM ESTÁGIO OPTATIVO NO CONTEXTO DA RESIDÊNCIA

MULTIPROFISSIONAL

Elisa Cardoso Azevedo; Natalie Valenti

Fundamento teórico: O trabalho da residente de psicologia no âmbito hospitalar justifica-se, pois

o adoecimento e a hospitalização são fontes de desorganização psíquica. Quando se trata de um

paciente pediátrico, identifica-se que a internação provoca a vivência de experiências emocionais

intensas e complexas no paciente e na família, alterando a dinâmica familiar e exigindo dos

membros a mobilização de recursos internos para que consigam adaptar-se a condição do

adoecimento. Neste sentido, entende-se que este momento de crise e vulnerabilidade pode ser

melhor subjetivado com o auxílio do psicólogo inserido na equipe multiprofissional. Objetivo:

Relatar a experiência de um estágio optativo vivenciada por uma psicóloga residente nas

unidades pediátricas de um Hospital Geral de Porto Alegre. Delineamento: Relato de experiência

realizada ao longo do segundo ano da Residência Integrada Multiprofissional em Saúde, com

ênfase na Saúde da Criança, em um Hospital de Alta Complexidade de Porto Alegre. Resultados:

Foram realizadas diversas atividades nas unidades de pediatria do hospital, como observação dos

rounds na Unidade de Internação Pediátrica, na Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica e na

Emergência Pediátrica, incluindo uma visita técnica à Unidade de Neonatologia. Viabilizou-se a

participação no Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente, no grupo de pais da Oncologia

Pediátrica e também o acompanhamento das atividades desenvolvidas pela psicologia nos

ambulatórios de Fibrose Cística e de Infectologia. Além disso, foi possível participar das

discussões de casos clínicos e seminários junto a equipe de psicologia e das aulas da residência

multiprofissional. Conclusão: A experiência de estágio optativo proporcionou à residente um

maior interesse pelas ricas possibilidades de trabalho da psicologia no contexto hospitalar,

gerando assim ampliação da sua área de conhecimento e aperfeiçoamento profissional.

Oportunizou ainda um importante espaço de interação e troca de vivências, além de ter

proporcionado à residente uma reflexão acerca das questões clínicas, institucionais e suas

intersecções. Sugere-se que outras parcerias entre as Residências e Serviços de Psicologia

possam acontecer a fim de possibilitar novas e mútuas experiências.

Palavras-chave: residência; psicologia; hospital.

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SUPORTE PSICOLÓGICO E ONCOLOGIA - RELATO DE EXPERIÊNCIADO

ESTÁGIO SUPERVISIONADO REALIZADO EM UM HOSPITAL DA REGIÃO OESTE

DE SANTA CATARINA

Fernanda da Cruz Bertan; Camila Kelin Menegolla Tacca

Atualmente, estima-se que as doenças crônicas estão no ranking para uma das principais causas

de mortalidade. Entre elas, pode-se citar o câncer, que ainda hoje é de sinônimo de morte para a

maioria das pessoas, gera grandes alterações na vida do indivíduo, além do sofrimento e desgaste

psicológico e físico para o doente e para seus familiares. O suporte psicológico hospitalar para

este público auxilia o paciente e os familiares a desenvolverem estratégias e criatividade para

suportar mudanças muitas vezes drásticas em seu estilo de vida. O objetivo deste relato de

experiência é apresentar o suporte psicológico realizado no contexto oncológico, que abrange o

setor de quimioterapia, radioterapia e oncologia (internação) num hospital da região oeste de

Santa Catarina. Este suporte se desenvolveu através da atividade de estágio supervisionado do

curso de Psicologia. O serviço psicológico é existente na instituição, no entanto não é exclusivo

para o setor. As atividades tiveram início em março do presente ano e se estendem até o mês de

outubro. Os atendimentos são ofertados aos pacientes oncológicos ambulatoriais, e aos internos,

bem como seus familiares. Trabalhou-se com diferentes idades e diagnósticos de neoplasias. De

modo geral, o serviço e as equipes foram colaborativos e receptivos. A importância deste tipo de

atendimento é auxiliar o paciente no enfrentamento de sua doença, fornecendo subsídios para

conscientização de sua condição, além de mobilizar forças no combate de angústias, medos, e

sofrimentos que geralmente se fazem presentes no adoecimento. É evidente que a maioria das

pessoas que se encontram nesta realidade associa a palavra câncer a dor, sofrimento,

desestruturação, e principalmente morte. Embora realizemos principais tratamentos como a

quimioterapia e a radioterapia, além das cirurgias, que são um meio bastante eficaz para que a

doença fique controlada ou até mesmo desapareça, é fundamental o suporte psicológico. Não

deve ser tratado apenas do órgão prejudicado e do adoecer em si, há um ser único, com

características próprias e individuais que precisa de ajuda para ressignificar o processo de

adoecimento. Percebeu-se na maioria dos atendimentos, intenso desconforto originado pela

hospitalização e reações medicamentosas, resultando como fonte geradora de ansiedade. Avalia-

se a prática de modo positivo, sendo indescritível conseguir resgatar a pessoa que se esconde

atrás da doença, devolvendo sua autoestima, esperança e brilho no olhar. Tendo em vista as

nuances apresentadas, instiga-se a importância de um profissional psicólogo exclusivamente para

o setor oncológico.

Palavras-chave: câncer; paciente; suporte psicológico.

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APLICAÇÃO DE GRUPO OPERATIVO COMO PRINCIPAL ATIVIDADE DE

INTERVENÇÃO EM PSIQUIÁTRIA - RELATO DE EXPERIÊNCIA

Fernanda da Cruz Bertan; Jucélia Adriana Bülau; Ana Luisa Roso Santos

A Sociedade Hospitalar Comunitária e Beneficente de Nonoai atende hoje, cerca de uma dezena

de municípios com demandas relacionadas à saúde mental, dependência química, entre outros

serviços tradicionais oferecidos pela rede SUS e Convênios. A instituição dispõe de noventa e

sete leitos, sendo que setenta e um são via SUS, e os demais, de diversos convênios. A mesma é

composta por doze leitos destinados a psiquiatria, considerando que o encaminhamento dos

pacientes ocorre através da 11ª Coordenadoria Regional da Saúde do município de Erechim - RS,

prevendo o prazo de aproximadamente trinta dias para o tratamento, onde, se necessário, é

realizada a renovação da IH (Internação Hospitalar). Os acolhimentos dos pacientes e seus

familiares são realizados pela psicóloga e/ou assistente social, contemplando orientações gerais

sobre o tratamento e regras da própria instituição. Após, o contrato terapêutico é firmado através

da assinatura do paciente e/ou responsável. Dentre as atividades realizadas com os pacientes

psiquiátricos destacam-se os encontros diários através de um grupo operativo; atividades em

grupo com a fisioterapeuta, encontros semanais com o Pastor; artesanatos; atendimento

psicológico, atendimento psiquiátrico; dia da beleza, além de uma missa realizada mensalmente

com o Pe. da Igreja Católica. Constata-se que o grupo operativo é uma atividade de extrema

importância e necessidade no contexto da internação psiquiátrica, uma vez que ocorre de

segunda à sexta-feira e permite, consequentemente, a identificação de queixas e demandas dos

próprios integrantes a cerca do cotidiano da internação, que envolve, em grande medida, dúvidas

em relação ao tratamento, bem como os próprios relacionamentos interpessoais em grupo e

familiares. O encontro possibilita ainda, através das verbalizações dos pacientes sobre as suas

vivências cotidianas a cerca da dependência química bem como dos transtornos mentais, um

compartilhamento de experiências e grande aprendizado através do convite a reflexão. Portanto,

estes encontros não viabilizam somente uma escuta acolhedora, mas permitem, sobretudo,

trabalhar numa perspectiva de criar um espaço cada vez mais lúdico, acolhedor, saudável e de

respeito para com os seus usuários.

Palavras-chave: hospital geral, psiquiatria, grupo operativo.

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MEDITAÇÃO E QUALIDADE DE VIDA EM PACIENTES COM DOENÇA RENAL

CRÔNICA EM HEMODIÁLISE

Flávia de Magalhães Soares; Dione Lima Braz; Gabriela Marques Giusti de Araujo; Gabriela

Frantz; Janiele Cristine Peres Borges; Rafael de Almeida; Viviam Maraninchi Alam

A insuficiência renal crônica (IRC) é uma doença progressiva e irreversível, controlável, porém

sem cura e com elevada taxa de morbidade e mortalidade. O paciente com IRC em hemodiálise

tem um cotidiano restrito e monótono, favorecendo o sedentarismo e a debilidade funcional,

convivendo constantemente com a negação e as conseqüências da evolução da doença, além de

um tratamento doloroso e com as limitações e alterações que repercutem na sua própria

percepção de qualidade de vida. A presente pesquisa tem como objetivo identificar as mudanças

ocorridas na avaliação da qualidade de vida após três meses de prática de meditação em 85

pacientes portadores de doença renal crônica em tratamento hemodialítico no instituto de

nefrologia do Hospital Santa Casa de misericórdia de Pelotas, já que se sabe que a doença renal

tem um grande impacto na qualidade de vida dos pacientes em hemodiálise. Trata-se de um

estudo de abordagem quantitativa e de delineamento longitudinal. Foram utilizados, como

instrumento de pesquisa, o WHOQOL-100 para avaliar a qualidade de vida e um formulário com

variáveis sociodemograficas e clínicas. As terapias alternativas como a meditação podem

contribuir para o controle dos sintomas, melhor percepção da doença e desenvolvimento de

estratégias de enfrentamento do quadro. A meditação é uma prática que conduz o indivíduo a um

estado de consciência diferenciado, no qual são eliminadas ou reduzidas as reações negativas aos

estímulos ambientais da consciência. Assim é possível que a mente se foque em uma única coisa,

produzindo um estado de relaxamento e alívio da tensão, pressupostos importantes para que se

obtenha qualidade de vida. A meditação é considerada uma terapia que limpa a mente de

interferências externas estressantes. A importância de estudos sobre este tema ajuda esses

pacientes a uma busca de métodos alternativos para auxiliar numa melhor adaptação ao novo

estilo de vida. Os resultados estão em processo de análise e serão apresentados posteriormente.

Palavras-chave: meditação; qualidade de vida; hemodiálise.

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SÍNDROME DE BURNOUT E FATORES ASSOCIADOS EM PROFISSIONAIS DE UM

HOSPITAL DA CIDADE DE PELOTAS, RIO GRANDE DO SUL

Gabriela Marques Giusti de Araujo; Viviam Maraninchi Alam; Flávia de Magalhães Soares

A Síndrome de Burnout é uma reação à tensão emocional crônica relacionado ao trabalho com

profissionais que estão diretamente envolvidos ao relacionamento intenso e frequente com

pessoas que necessitam de algum tipo de cuidado. É um construto formado por três dimensões

relacionadas, mas independentes: exaustão emocional, despersonalização e diminuição da

realização pessoal no trabalho. Os profissionais da área hospitalar estão expostos a diversos

agentes estressores, tais como: ambientes insalubres, salários baixos, o contato direto com

pacientes em estado grave, onde acabam compartilhando diversas emoções (angústia, dor e

medo), o que torna esses profissionais particularmente susceptíveis ao sofrimento psíquico. A

importância deste estudo implica nas possíveis consequências, pois o Burnout em profissionais

na área da saúde afeta o ambiente hospitalar e interfere na obtenção dos objetivos, levando esses

profissionais a um processo de alienação, desumanização e apatia, ocasionando problemas de

saúde, absenteísmo e intenção de abandonar a profissão. Por isso, a identificação e o controle dos

fatores geradores dos sinais e sintomas apresentado pelos trabalhadores vão contribuir para a

promoção da sua saúde individualmente e da saúde do grupo para melhoria da qualidade dos

serviços prestados. O objetivo deste estudo foi identificar a prevalência e os fatores associados à

Síndrome de Burnout de uma amostra de 836 profissionais de um hospital da cidade de Pelotas,

Rio Grande do Sul. Foram utilizados, como instrumentos de pesquisa, o Maslach Burnout

Inventory (MBI) e um questionário com variáveis sociodemograficas de hábitos de saúde e

comportamento. Os questionários foram auto aplicados e a coleta de dados ocorreu no período

entre abril e junho de 2014. Os resultados foram codificados e digitados através da dupla

digitação no programa EPI Info 6 e estão em processo de análise no pacote estatístico SPSS 13.0

e serão apresentados posteriormente. Será realizada uma análise univariada, para descrever as

características da amostra e bivariada, para comparar as médias do desfecho com as variáveis de

exposição (teste t e ANOVA). As variáveis que forem consideradas possíveis fatores de confusão

serão ajustadas através da regressão linear.

Palavras-chave: burnout; estresse; hospital.

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O IMPACTO DOS VÍNCULOS PARENTAIS NA RELAÇÃO COM A CHEFIA EM

AMBIENTE HOSPITALAR

Gabriela Marques Giusti de Araujo; Viviam Maraninchi Alam; Flávia de Magalhães Soares

As atitudes dos líderes exercem influência no comportamento dos funcionários, mas não

podemos responsabilizá-los pelo bom relacionamento e produtividade de uma empresa. Para

entendermos o processo de liderança não podemos esquecer que os seguidores possuem sua

própria identidade, assim como o líder o que pode deixar essa relação mais complexa. O

relacionamento com chefia no ambiente de trabalho é mais uma forma do indivíduo se relacionar

tanto conscientemente como inconscientemente. Os mais influenciáveis, na maior parte do

tempo, são as motivações inconscientes, que estão além das nossas habilidades de controlá-las.

Essas motivações surgem de imagens poderosas e emoções do nosso inconsciente que

projetamos nos nossos relacionamentos com o líder, através do processo de transferência. A

importância de estudos sobre este tema reside nas consequências negativas que poderão ser

sentidas de ambos os lados dentro da relação de trabalho, pois a organização perde em

produtividade e qualidade do serviço prestado, enquanto o trabalhador perde em saúde física e

psicológica. O objetivo deste trabalho é avaliar os funcionários do Hospital Santa Casa de

Misericórdia de Pelotas, buscando verificar se há associação entre percepções de vínculos

parentais e dificuldade com a chefia no ambiente de trabalho através de um estudo

epidemiológico quantitativo descritivo, do tipo transversal. Para avaliar o relacionamento com a

chefia, foi utilizado a Escala de Satisfação de Trabalho de Siqueira, e a percepção dos vínculos

parentais foi avaliada através do questionário Parental Bonding Instrument. Os questionários

foram auto aplicados e a coleta de dados ocorreu no período entre abril e junho de 2014, numa

amostra de 836 profissionais. Os resultados foram codificados e digitados através da dupla

digitação no programa EPI Info 6 e estão em processo de análise no pacote estatístico SPSS 13.0

e serão apresentados posteriormente. Será realizada uma análise univariada, para descrever as

características da amostra e bivariada, para comparar as médias do desfecho com as variáveis de

exposição (teste t e ANOVA). Os possíveis fatores de confusão serão ajustados através da

regressão linear.

Palavras-chave: vínculo; chefia; hospitalar.

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INTERVENÇÃO PSICOLÓGICA MÃE/CRIANÇA EM UNIDADE DE TERAPIA

INTENSIVA PEDIÁTRICA

Jane Iandora Heringer Padilha; Gicela Nicollini; Marina Damion

Esta intervenção mãe/criança foi realizada na Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica de um

hospital público de Porto Alegre, sendo parte de uma prática de estágio curricular. A criança foi

diagnosticada com Síndrome de Pompe, quadro clínico que exigiu longo tempo de internação.

Foram realizadas atividades lúdicas com a criança e atendimentos individuais com a mãe

baseados na Terapia de Apoio e visitas ao leito. Este trabalho teve por objetivo: 1) relatar e

analisar as intervenções com a criança e com sua mãe; 2) colaborar para o conhecimento de

práticas em psicologia hospitalar. A metodologia de pesquisa foi qualitativa, baseada em estudo

de caso. A coleta de dados se baseou em análise documental de materiais utilizados em

supervisão: diários de campo e relatos de entrevistas dialogadas. Os dados foram analisados pelo

método de Análise de Conteúdo. A partir dos atendimentos Psicológicos à mãe cinco categorias

foram originadas das entrevistas dialogadas: Sentimentos da mãe; Repercussões da doença e

organização da família; Observações/ comportamento da criança; Relação com a

equipe/internação prolongada; Relação com outros familiares da UTI. Dos relatos do diário de

campo referente aos atendimentos da criança, sete categorias foram elencadas: Entendendo e

conhecendo o paciente; Relação conjugal e familiar; Intervenção terapêutica; Setting terapêutico;

Relação terapêutica e o brincar; Intercorrências no atendimento psicológico; Contratransferência

e supervisão. Foi possível, diante do presente estudo, relatar as possibilidades de intervenção

psicológica com a díade mãe/criança ao longo da vivência de uma internação hospitalar

prolongada. O estudo enfatizou a importância de um atendimento integral ao paciente e seu

familiar que prioriza aspectos clínicos e emocionais. Além disso, este possibilitou uma maior

disseminação de informações sobre a Síndrome de Pompe e as possibilidades de atuação

psicológica diante do paciente e seu familiar.

Palavras-chaves: UTI pediátrica; atendimento psicológico; síndrome de pompe.

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PERCEPÇÕES DA MULHER SOBRE A PERDA GESTACIONAL E A ASSISTÊNCIA

EM SAÚDE

Priscila Malikovski; Marisa Marantes Sanchez

A perda gestacional, conhecida popularmente como aborto, pode ser considerada um fenômeno

capaz de atingir a qualquer mulher em idade fértil. O aborto espontâneo entre as suas diferentes

causas possui as chamadas naturais, a qual ocorre por distúrbios de origem genética nos três

primeiros meses de gestação e a perda perinatal a qual acontece após as 22 semanas de gravidez.

Nesse caso é constatado o óbito fetal nas últimas semanas de gestação ou quando há morte do

recém-nascido nas primeiras semanas por causas diversas. A perda, seja ela espontânea ou

perinatal, expõe a mulher a um grande sofrimento emocional, pois a sua dor muitas vezes não é

aceita por familiares ou pela equipe de saúde que prestou o atendimento, vindo a dificultar a

elaboração do luto. Torna-se necessária a presença de um psicólogo na equipe para realizar a

escuta sobre os sentimentos das mulheres em relação à perda, a partir de um enfoque preventivo,

de cuidado e acolhimento. Este estudo qualitativo realizado na Unidade Básica de Saúde (UBS)

do município de Charqueadas teve como objetivo conhecer os sentimentos de mulheres com

perda gestacional e sua percepção quanto ao atendimento da equipe de saúde. Participaram da

amostra três mulheres, escolhidas por conveniência, com idades entre 30 e 40 anos, com história

de perda gestacional, as quais receberam ou não receberam atendimento psicológico. A partir do

delineamento de estudos de casos múltiplos foi aplicado um questionário semi-estruturado para

coleta de dados e realizada a análise de narrativas. Os resultados indicaram que quando a mulher

não pode vivenciar seus sentimentos, encontra dificuldades de contatar com a realidade da perda.

Somente uma das participantes recebeu atendimento psicológico e nenhuma delas recebeu apoio

emocional pela equipe médica ou de enfermagem. Conclui-se que há falhas no atendimento, ao

prevalecer em mulheres com perda gestacional a percepção de descaso com os seus sentimentos.

Isso pode contribuir para dificultar a elaboração do luto e, portanto, o trabalho do psicólogo se

mostra imprescindível nesses casos.

Palavras-chave: perda gestacional; sentimentos; percepção sobre a perda.

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PROBLEMATIZANDO O CAMPO DE ATUAÇÃO DA PSICOLOGIA HOSPITLAR: A

IMPORTÂNCIA DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA

Rafael Lisboa dos Santos; Natalie Faria Valenti

A supervisão em Psicologia no Hospital opera em dois níveis: o do aprendizado em relação à

prática hospitalar e o da manifestação de sentimentos em relação a esta, possibilitando

problematizar a atuação das atividades do estagiário. A partir das trocas realizadas neste espaço

durante o período de estágio em Psicologia Clínica no Hospital São Lucas da PUCRS

(HSL/PUCRS), onde por vezes era questionado possibilidades de ampliação e aprofundamento

das atividades já realizadas, que originou-se a motivação para produção deste trabalho. A

inserção do psicólogo no contexto hospitalar é associada historicamente à preocupação com o

bem estar integral de pacientes internados e seus familiares, partindo, inicialmente, de um

modelo clínico de atuação. Desde então, desenvolveram-se progressos no sentido de associar

ensino e pesquisa à prática de assistência realizada pelo Psicólogo. Através de relatos de

experiência da prática realizada durante o estágio, e da leitura de bibliografia que problematiza a

questão, o pôster objetiva traçar um paralelo entre esse movimento realizado pela Psicologia

Hospitalar e a possibilidade de consolidação da mesma, destacando a necessidade de

investimento em fatores e condições que possibilitem ao Psicólogo que atua neste contexto

investir em ensino e pesquisa. Entende-se que o movimento de interação entre essas três frentes

é fundamental para sustentar sua prática, e abre possibilidade para o alcance de novos objetivos,

como, por exemplo, melhoria na qualidade das intervenções, constante atualização em termos

teóricos e técnicos, e maiores subsídios para trocas com profissionais de outras áreas de atenção

à saúde. O não investimento em pesquisas neste contexto implica inclusive numa crescente

distorção dos trabalhos de ordem prática, mantendo o distanciamento entre a teoria e a

intervenção realizada, gerando falta de clareza sobre o que o profissional oferece na instituição

hospitalar. Assim faz-se necessário que a produção científica seja valorizada e incentivada não

apenas pelo psicólogo inserido no contexto hospitalar, mas também pelos currículos das

faculdades de Psicologia.

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CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA HOSPITALAR NA ATENÇÃO À PACIENTES DA

INFECTOLOGIA PEDIÁTRICA

Rafael Lisboa dos Santos; Evelin Maria de Costa; Camila Nunes Cabral; Maria Fernanda

Moura da Cunha; Natalie Faria Valenti

A inserção da Psicologia na equipe multidisciplinar que compõe o Ambulatório de Infectologia

Pediátrica do Hospital São Lucas da PUCRS (HSL/PUCRS), fez com que psicólogos e

acadêmicos da área buscassem meios para melhor atender à clientela nele assistida. Esta busca se

deu através de seminários teóricos e supervisões, e proporcionou a elaboração deste trabalho. A

presença do HIV/AIDS em pacientes pediátricos, foco de atendimento do ambulatório, acomete e

fragiliza o organismo, tornando-o suscetível a outras patologias infecciosas caso não aja correta

adesão ao tratamento medicamentoso. Também estão associados à sua presença, fatores

psicossociais, como o estigma negativo; falta de informação e preconceito, potencializando o

sofrimento psíquico de crianças portadoras da doença e seus familiares. A partir desta

constatação, o presente estudo visa, através de relatos da prática realizada no hospital e

integração destes com literatura atual sobre o tema, contribuir para problematização da

HIV/AINDS infantil. São levados em conta, para tal, aspectos relativos ao imaginário familiar,

associados à doença, onde, por vezes, há a presença de culpas, medos, fantasias e o próprio

preconceito internalizado. Um dos desafios em relação à intervenção com esta população é o

momento de revelação diagnóstica, que devido aos fatores anteriormente citados, pode ser

evitado por parte da família, ocultando da criança o diagnóstico. Neste cenário, o paciente

infantil se vê em um estado de vulnerabilidade frente a algo que não pode nomear, e, portanto

não tem como recorrer ao auxilio dos pais para dar conta da angústia que percebe. Torna-se

necessário a abertura de espaço de acolhimento e escuta terapêutica para seus responsáveis,

buscando entender sentimentos, fantasias e motivações presentes, de modo a integrá-los no

tratamento da criança. A ocultação do diagnóstico dificulta com que a criança venha, no futuro, a

desenvolver uma identidade voltada para o cuidado com a própria saúde, repensar-se e

desenvolver-se com autonomia.

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A UTILIZAÇÃO DE RECURSOS AUDIOVISUAIS NA DISCIPLINA DE PSICOLOGIA

HOSPITALAR: UMA EXPERIÊNCIA DE ENSINO-APRENDIZAGEM

Roberta de Alencar-Rodrigues; Simone dos Santos; Jamile Kerber

Este trabalho retrata a experiência de ensino de Psicologia Hospitalar em um curso de graduação

em Psicologia através do olhar dos(as) alunos(as) e da professora responsável pela disciplina em

uma instituição de ensino superior de um município do interior do Rio Grande do Sul. Trata-se

de uma disciplina eletiva que faz parte da grade curricular do curso de Psicologia, cujo objetivo é

abordar a prática do psicólogo no contexto hospitalar. Por ser uma matéria teórica, os(as)

alunos(as) não têm a possibilidade de ter o contato direto com os pacientes no ambiente

hospitalar, o qual só será realizado através dos estágios curriculares. No entanto, os filmes

possibilitam visualizar a realidade do contexto hospitalar, pois projetam o(a) espectador(a) para

as situações do cotidiano hospitalar. Assim, o uso de filmes é uma metodologia complementar às

aulas expositivas e aos seminários. Para trabalhar os conceitos de Psicologia Hospitalar, os

seguintes filmes foram exibidos e discutidos em sala de aula: Óleo de Lorenzo, Golpe do

Destino, Doutores da Alegria, Renascimento do Parto, Uma lição de Vida. O primeiro permite

discutir a relação família-paciente e equipe-família através de cenas que exemplificam o quanto a

família é um aliado no tratamento. O segundo favorece o aprendizado do tratamento humanizado

e da falta de humanização nos atendimentos oferecidos pelos médicos aos seus pacientes. O

terceiro visibiliza a hospitalização infantil e a importância de favorecer o direito da criança a

seguir o seu desenvolvimento pleno, mesmo internada. O quarto problematiza a violência

obstétrica que ocorre em alguns hospitais brasileiros. E o último facilita o aprendizado de temas

como tratamento do câncer, pacientes terminais, estratégias de enfrentamento e prontuário

psicológico. Através desta metodologia, os(as) alunos(as) são instigados a olhar além da doença,

buscando conhecer as particularidades do paciente internado, resgatando a sua história,

reforçando os recursos saudáveis preservados no paciente. O uso de filme torna as aulas

produtivas, permite que os(as) aluno(as) signifiquem o tema ministrado em sala de aula e, além

disso, ameniza o impacto de conteúdos que envolvem morte e sofrimento.

Palavras-chave: ensino; psicologia hospitalar; filmes; intervenção psicológica.

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A VIVÊNCIA DE LUTO ANTECIPATÓRIO FRENTE AO CÂNCER TERMINAL: UM

PROCESSO DE ELABORAÇÃO DA FINITUDE

Taís Carvalho; Jorge Ondere Neto; Tatiana Galli; Bárbara Rech

O trabalho de intervenção psicológica que tem como enfoque o processo de luto antecipatório do

paciente oncológico, cujo quadro clínico é terminal, possibilita a elaboração tanto de seu

diagnóstico quanto de sua finitude. O objetivo do presente trabalho é descrever um caso clínico

de uma paciente com câncer de fígado em situação de terminalidade e a psicoterapia diante desse

processo de luto antecipatório. Para isso, o método empregado é em forma de caso clínico, visto

que possibilita compreender de maneira aprofundada o luto antecipatório vivenciado pela

paciente, bem como o manejo psicológico realizado a partir de suas demandas. A paciente

recebera a comunicação do diagnóstico pelo seu oncologista quem lhe explicou detalhadamente

sobre sua doença; após isso, iniciou-se um acompanhamento psicológico solicitado pelo médico.

Nos primeiros atendimentos, a paciente explicava as informações clínicas de seu quadro; no

entanto, mesmo relatando as evidências médicas, negava seu diagnóstico. Ao longo da

psicoterapia, a paciente se sentiu revoltada, pois não compreendia o sentido de sua

hospitalização. Posteriormente, realizando procedimento de transfusão sanguínea devido ao

quadro de insuficiência imunológica no qual estava, a paciente demonstra sinais de depressão, e,

nesse período, relatou sobre a sua filha, adulta, que estava internada em outra instituição devido a

um osteosarcoma cujo quadro também era de terminalidade. Nesse momento, a psicoterapia teve

como enfoque o processo de luto antecipatório tanto de si quanto de sua filha. Esta, vindo a

falecer, fez com que a paciente iniciasse um processo de elaboração de sua própria condição de

saúde decorrentes da perda, sendo a falta da filha o assunto de maior sofrimento e repetição. Em

seu tempo de elaboração, a paciente começou a refletir sobre seu papel e de sua importância no

meio familiar e, também, de sua morte, relatando que todos estavam bem encaminhados e que, a

partir de então, passara a aceitar sua finitude. O trabalho psicoterapêutico, ao longo do processo

de morrer da paciente, teve como enfoque: a elaboração da terminalidade de sua vida; o manejo

pelo uso da associação livre; o encontro afetivo entre psicoterapeuta e paciente que se tornam

determinante ao longo da psicoterapia e, por fim, a utilização de uma técnica ativa norteada por

uma ética do cuidado cujo setting tem como objetivo promover uma adaptabilidade às

necessidades da paciente.

Palavras-chave: psicanálise; psicoterapia psicodinâmica; luto; cuidados paliativos na

terminalidade da vida.

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O SOFRIMENTO TRADUZIDO POR IMAGENS

Vanusa Rodrigues; Tatiane Cappelari Silveira

Este trabalho foi construído por meio de uma experiência no atendimento a um jovem paciente

com diagnóstico de distrofia muscular, que não conseguia se comunicar verbalmente, porém,

dotado de total capacidade de compreensão. A distrofia muscular é uma doença degenerativa

herdada do cromossomo x da mãe e afeta principalmente os filhos do sexo masculino causando

deficiência física. Inicialmente, ocorre o comprometimento dos músculos dos membros

superiores avançando por meio de fraqueza progressiva para a incapacidade de andar. Foi

baseado nos sentidos mais aguçados que surgiu a ideia de criar uma pasta com inúmeras figuras

como canal de comunicação visual para que o atendimento clínico se tornasse viável. As figuras

foram coletadas da internet e depois foi realizada a impressão colorida. Posteriormente ocorreu a

divisão em categorias: veículos, animais, frutas, legumes e demais alimentos e bebidas, assim

como rostos com expressões faciais, a fim de identificar o seu estado emocional, pessoas, para

representar a família, e outras imagens que caracterizavam o seu cotidiano. As imagens foram

apresentadas ao paciente que as identificava facilmente e, no decorrer da sessão, ia apontando

para as figuras com a finalidade de externalizar um pouco de si. Conforme ele ia mostrando, era

necessário auxiliar na sequência dos fatos visando uma melhor compreensão do caso. Dessa

forma, o objetivo do trabalho foi alcançado, pois as imagens traduziam o sofrimento do paciente

que, por vezes, emocionava-se e não conseguia conter as lágrimas. Não é raro encontrar, em

nossa sociedade, pessoas com deficiência dos mais variados tipos, entretanto, ainda são poucas

as publicações e novos métodos para lidar com elas. Foi esse o desafio encontrado diante desse

paciente com distrofia muscular que não conseguia se comunicar verbalmente, mas que

precisava de ajuda para elaborar o luto pela morte da mãe e se adaptar ao seu novo lar. Portanto,

faz-se necessário provocar uma reflexão a respeito de novos métodos utilizados no atendimento e

cuidado de pacientes que requerem mais atenção e, por vezes, acabam não recebendo assistência

por carência de adaptação à sua necessidade.

Palavras-chave: distrofia muscular; comunicação; imagens.

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A IMPORTÂNCIA DOS CUIDADOS PALIATIVOS NO CONTEXTO DA DOENÇA DE

ALZHEIMER

Tatiane Cappelari Silveira; Vanusa Rodrigues

A Doença de Alzheimer é caracterizada como uma condição progressiva, neurodegenerativa e

irreversível que acarreta uma série de sintomas cognitivos e comportamentais. Esta doença

costuma aparecer no início da velhice, a partir dos 60 anos e causa muito sofrimento não apenas

no indivíduo por ela acometido, mas para toda a família. Tratando-se de uma doença de curso

lento, em geral mais de dois anos, exige cuidados especiais, visto que na fase terminal o paciente

já não reconhece a família e pode apresentar comportamentos agressivos. Os cuidados paliativos

aparecem, no contexto das doenças terminais, como grande aliado das equipes médicas, das

famílias e sobretudo dos pacientes, posto que visa melhorar sua qualidade de vida, informar e

proporcionar uma morte mais digna por meio de uma atenção integral, envolvendo aspectos

físicos, emocionais e espirituais, além da promoção da autonomia do paciente. É sabido que a

morte é um tema bastante ansiogênico e que não se costuma pensar nela, ou quando se faz,

pensa-se como algo distante, tranquilo e que ocorrerá no seio familiar, entretanto, nem sempre

isto acontece. Este trabalho é baseado em um estudo de caso com um paciente acometido pela

doença de Alzheimer e tem como objetivo primordial divulgar a ampliação dos cuidados

paliativos a esta doença, posto que a maioria dos estudos os relacionam apenas ao câncer.

Conhecer mais acerca destas intervenções, faz-se necessário, já que vivemos em um país em

processo de envelhecimento e, consequentemente, com números cada vez maiores de casos de

Alzheimer, dentre outras demências. Este estudo concluiu que os cuidados paliativos são de

suma importância neste contexto, pois permite maior conhecimento, controle e avaliação mais

adequada dos sintomas, além de proporcionar apoio emocional para o paciente, família e equipe

terapêutica. Vale ainda ressaltar que é muito difícil realizar estes cuidados sem uma equipe

multidisciplinar com formação específica.

Palavras-chave: doença de Alzheimer; cuidados paliativos.

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INTERVENÇÕES PSICOLÓGICAS EM UNIDADE DE EMERGÊNCIA HOSPITALAR:

RELATO DE EXPERIÊNCIA

Alane Viñas Nardi; Aline Daniela Fernandes Lopes; Nemora Gomes da Rocha; Simone

Medianeira Scremin; Tamires dos Santos Rios; Thomas Marschner Oliveira

Introdução: A Emergência é uma das portas de entrada do hospital, atende a pacientes com

diferentes patologias e níveis de gravidade. Todos necessitam de intervenção médica imediata, o

que pode tornar o ambiente tenso, mobilizador e muitas vezes hostil, tornando necessária a

presença de um psicólogo. As intervenções psicológicas nesse contexto diferenciam-se dos

atendimentos psicológicos clássicos. Por exemplo, muitas vezes não é o paciente quem procura o

atendimento e sim o profissional, que identifica a necessidade através de busca ativa ou por

solicitação da equipe assistente, que percebe a demanda. Outra diferença refere-se

ao setting terapêutico, pois há dificuldades para manter, em todas as intervenções, o mesmo

enquadre. Isto é, o atendimento pode ocorrer em diferentes ambientes: no leito, nas cadeiras de

espera por atendimento médico ou mesmo na rua, quando o familiar encontra-se desorganizado

pela situação de crise. O objetivo de manter o setting hospitalar na emergência é o mesmo

do setting tradicional: preservar o paciente e a relação terapeuta-paciente. Justificativa: Apesar

de ser uma área que exige do profissional o manejo de dificuldades importantes, há pouco

material disponível na literatura científica sobre intervenção psicológica em emergência para

instrumentalizar os profissionais com exemplos de atuação prática e estratégias de

intervenção. Objetivo: Relatar a experiência de intervenções psicológicas na emergência

do HCPA. Resultados: A equipe é composta por: psicóloga contratada, residente, especializanda

e três estagiários. As principais demandas por atendimento psicológico são: más noticias (óbito,

diagnóstico recente, prognóstico reservado), sintomas depressivos e ansiosos, dificuldades na

comunicação paciente-equipe. A principal dificuldade para a manutenção do setting na

emergência do HCPA é a superlotação, especialmente por seu impacto nas questões de sigilo e

de confidencialidade. Na tentativa de resguardar a privacidade do paciente, os atendimentos são

prioritariamente realizados em uma sala disponível para equipe multidisciplinar. Em alguns

casos, porém esse recurso é inviabilizado, sendo necessário intervir junto ao leito. Considerações

finais: Diante do cenário exposto, percebe-se a importância do terapeuta na manutenção

do setting terapêutico na emergência, pois ele se responsabilizará pelas normas que estão em

jogo durante o atendimento. À medida que o profissional internalizar o processo terapêutico e

posicionar-se de maneira ética sua conduta favorecerá o vinculo, independentemente do

enquadre físico. É importante ao analisar cada caso que o profissional considere as possíveis

limitações na relação terapêutica que podem advir do contexto no qual o paciente está inserido,

assumindo uma postura mais ativa no enfrentamento destas.

Palavras-chave: emergência; psicologia hospitalar; setting.

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QUALIDADE DE VIDA E CÂNCER DE PRÓSTATA

Leonardo Machado Souza; Marisa Marantes Sanchez

O câncer é compreendido como um problema de saúde pública. O câncer de próstata, por sua

vez, tem incidência maior a cada ano, demandando atenção das políticas públicas e serviços de

atenção especializados. Assim investigam-se aspectos sobre a qualidade de vida de homens

portadores de câncer de próstata em um município do interior do Estado do Rio Grande do Sul.

Trata-se de uma pesquisa de caráter qualitativo, realizada por meio de estudo de casos múltiplos,

tendo por instrumentos o questionário WHOQOL-bref e uma entrevista semidirigida.

Participaram do estudo dois homens com mais de 70 anos, escolhidos por conveniência

considerando como critério de inclusão ter feito ou estar fazendo tratamento para o Câncer de

Próstata. Como critérios de exclusão foram considerados a aparição de outras doenças, déficit

cognitivo grave ou a presença de transtorno mental incapacitante. Os resultados apontam para

indicadores positivos e negativos em diferentes aspectos relacionados à qualidade de vida. O

aumento da atenção sobre as medidas preventivas em saúde e as sequelas decorrentes ao

tratamento são alguns dos aspectos de maior relevância identificados no processo. Ambos

relatam a importância da presença do apoio familiar na reabilitação pós-cirurgia e enfatizam a

falta de acompanhamento psicológico durante este processo. Conclui-se a partir dos dados

obtidos, que o sujeito submetido a tratamento de câncer percebe ganhos e perdas em diferentes

aspectos da qualidade de vida, demandando atenção do profissional em psicologia no que refere

à manutenção e recuperação da mesma.

Palavras-chave: qualidade de vida; câncer; câncer de próstata; psicologia.

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SATISFAÇÃO NO TRABALHO E FATORES ASSOCIADOS EM PROFISSIONAIS DE

UM HOSPITAL DA CIDADE DE PELOTAS, RIO GRANDE DO SUL

Viviam Maraninchi Alam; Gabriela Marques Giusti de Araujo; Flávia de Magalhães Soares

Satisfação no trabalho defini-se como resultado da avaliação que o trabalhador tem sobre seu

trabalho ou a realização de seus valores por meio desta atividade, é um estado emocional e

individual que afeta aspectos comportamentais e na saúde física e mental do profissional. A

determinação da satisfação no trabalho e suas consequências na saúde do trabalhador nem

sempre são claras. Alguns fatores podem atuar tanto como determinante quanto como

consequência da satisfação, a exemplo do relacionamento com o líder. Em determinada situação,

se este aspecto estiver negativo, ele pode gerar insatisfação no trabalho. Por outro lado, a

insatisfação no trabalho pode gerar problemas de relacionamento no ambiente de trabalho. A

importância de estudos sobre o tema reside em buscar através dos resultados maiores condições e

suporte aos profissionais da saúde, pois eles lidam com o sentimento de impotência e o limite

humano. O objetivo deste trabalho é identificar os elementos que se associam à satisfação no

trabalho em profissionais de um hospital da cidade de Pelotas no Rio Grande do Sul, de uma

amostra de 836 profissionais da saúde, através de um estudo epidemiológico quantitativo

descritivo, do tipo transversal. Para avaliar a Satisfação no Trabalho, utilizou-se a Escala de

Satisfação no Trabalho de Siqueira (1985), juntamente com um questionário elaborado para

delineamento dos aspectos sociodemográficos, laborais e emocionais. Os questionários foram

auto aplicados e a coleta de dados ocorreu no período entre abril e junho de 2014. Os resultados

foram codificados e digitados através da dupla digitação no programa EPI Info 6 e estão em

processo de análise no pacote estatístico SPSS 13.0 e serão apresentados posteriormente. Será

realizada uma análise univariada, para descrever as características da amostra e bivariada, para

comparar as médias do desfecho com as variáveis de exposição (teste t e ANOVA). As variáveis

que forem consideradas possíveis fatores de confusão serão ajustadas através da regressão linear.

Palavras-chave: satisfação; trabalho; hospital.

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ABSENTEÍSMO DE TRABALHADORES EM UM AMBIENTE HOSPITALAR

Viviam Maraninchi Alam; Gabriela Marques Giusti; Flávia de Magalhães Soares

A Santa Casa de Misericórdia de Pelotas (SCMP) vem apresentando expressivo número de

profissionais que se afastam de suas atividades em função de adoecimentos de ordem física e

psíquica. Assim, buscou-se identificar as causas do absenteísmo no trabalhador da saúde da

SCMP, afim de implementar medidas/ações preventivas a partir destes dados. Realizou-se um

levantamento retrospectivo sobre a incidência de absenteísmo e suas causas, no período de seis

meses, entre estes trabalhadores. Para isso, foi realizado uma análise prévia em cima dos dados

fornecidos pelo Serviço de Medicina do Trabalho e, após analisados, foram estudadas medidas

de prevenção baseadas na problemática apresentada. Constatou-se que, em 255 trabalhadores

afastados por doença no período estudado, num total de 181 dias, foram registrados 315

atestados médicos, 46 auxílio-doenças e 71 licenças médicas. Cabe ressaltar também que, no

mesmo período, houve somente um acidente do trabalho. Quanto ao tempo de serviço dos

funcionários afastados, 59% apresentam menos de 9 anos na instituição. A categoria profissional

dos técnicos/auxiliares de enfermagem apresentaram 101 afastamentos do trabalho, sendo a

categoria com maior número de afastamento em sua atividade no respectivo hospital. As doenças

relacionadas ao sistema digestivo (17%) foram as mais freqüentes, seguidas das afecções

relacionadas ao sistema ósteomuscular (17%) e o sistema respiratório (14%) como a terceira

doença com maior prevalência. Destes funcionários afastados, 82% são do sexo feminino e

possuem, em média, menos de 9 anos de serviço. O maior número de licenças femininas pode

representar uma resposta deste grupo ao cansaço e à insatisfação pelas condições de vida e

trabalho, em que se torna cada vez mais difícil a conciliação entre a família e o trabalho, em

decorrência da falta de infraestrutura doméstica e, até mesmo, da divisão de tarefas no lar.

Concluímos que os índices de absenteísmo doença entre os trabalhadores da instituição estudada

apresentam-se elevados, indicando a necessidade de estudos em cada local de trabalho, buscando

detectar problemas causais específicos de cada setor e planejar soluções. Pensa-se também em

montar um grupo focal com tais trabalhadores e se utilizar deste espaço para identificar qual o

significado do trabalho na vida destes trabalhadores e qual a opinião que estes têm quanto às

condições de trabalho e sobre o que leva ao adoecimento.

Palavras-chave: trabalhador da saúde, absenteísmo, ambiente hospitalar.

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A MORTE EM DIFERENTES ETAPAS DO CICLO DE VIDA FAMILIAR:

CONTRIBUIÇÕES DA TEORIA SISTÊMICA À ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO

HOSPITALAR

Simone Dill Azeredo Bolze; Beatriz Schmidt; Lauren Beltrão Gomes; Carina Nunes Bossardi;

Maria Aparecida Crepaldi

A família vivencia diversos eventos estressores ao longo do ciclo vital. O enfrentamento da

morte de um membro tende a ser um dos ajustamentos mais difíceis para o sistema familiar, pois

pode acarretar diferentes repercussões, imediatas e de longo prazo, o que se associa ao risco de

disfuncionalidade. O impacto provocado pelo óbito na família está relacionado à natureza da

morte, à função e à posição que a pessoa falecida ocupava na estrutura familiar, às características

do seu relacionamento com os demais membros, à fase do ciclo de vida no qual a família se

encontra e ao histórico de perdas prévias. Considerando que o psicólogo hospitalar lida com o

enfrentamento da morte cotidianamente em sua prática, torna-se importante discutir estratégias

de intervenção nesses casos. Assim, o presente trabalho apresentará possibilidades de atuação do

psicólogo hospitalar em situações de acompanhamento de enfermidades cujo desfecho previsto é

o óbito, levando-se em conta diferentes estágios do ciclo de vida familiar. Serão apresentadas

vinhetas oriundas de casos atendidos no contexto hospitalar, em que se discutirão estratégias de

intervenção psicológica embasadas na teoria sistêmica, incluindo técnicas de encorajamento das

famílias a realizarem seus rituais de despedida. Por meio das vinhetas clínicas, serão abordadas

situações de morte na família com filhos pequenos e adolescentes, no período de lançamento dos

filhos e no estágio tardio da vida. Contemplar-se-á as características do processo

psicoterapêutico a partir da abordagem sistêmica, as quais envolvem facilitação da expressão e

compartilhamento de sentimentos, reaproximação dos membros da família, definição de questões

pendentes, resolução de conflitos e favorecimento das diferentes formas de comunicação.

Ressalta-se a importância de o psicólogo investigar a história transgeracional de doenças e de

mortes na família, com o intuito de averiguar se a manifestação de estados emocionais e/ou

comportamentais do paciente e de seus familiares se relaciona às experiências pregressas.

Entende-se que intervenções tais como as propostas podem prevenir a cristalização de tarefas

desenvolvimentais, bem como sentimentos de remorso, culpa e a emergência de luto patológico.

Ademais, o atendimento psicológico nesse contexto, considerando suas características peculiares,

tende a favorecer o início do processo de reflexão de um projeto de vida para os que ficam, o que

se associa à diminuição do risco de desfechos psicopatológicos futuros na nova configuração

familiar. Esse trabalho traz contribuições sobre a prática no contexto hospitalar e fornece

reflexões para intensificar a inserção desses profissionais e reafirmar a importância dessa área de

atuação da psicologia.

Palavras-chave: morte; psicologia hospitalar; relações familiares.

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INSTRUMENTOS SISTÊMICOS COMO SUBSÍDIO À ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO

HOSPITALAR

Simone Dill Azeredo Bolze; Beatriz Schmidt; Carina Nunes Bossardi; Lauren Beltrão Gomes;

Maria Aparecida Crepaldi

A Teoria Sistêmica possui como principal pressuposto a ideia de que sistema é um todo

complexo em constante interação, que não pode ser reduzido às propriedades das partes. Tal

paradigma é utilizado em diferentes áreas do conhecimento, incluindo o contexto hospitalar, o

qual é compreendido como um sistema aberto, complexo, multifacetado, imprevisível e

dinâmico, em que emergem situações que afetam os estados emocionais das pessoas que nele se

inserem. O psicólogo hospitalar que desempenha a sua prática com base em pressupostos

sistêmicos busca compreender os casos que atende para além do problema ou da queixa,

enfocando sua intervenção nos contextos e na interação dos vários sistemas que compõem o

ambiente institucional. Dessa maneira, é esperada uma ampliação do foco de atuação, com o

profissional intervindo no sentido de facilitar as expressões de ansiedades e recursos daqueles

que atende, bem como a (re)construção ou o fortalecimento de vínculos saudáveis entre doente-

família-equipe. O setting hospitalar exige do psicólogo criatividade, flexibilidade e um exame

permanente dos próprios conceitos, conhecimentos e limitações. Nessa perspectiva, o objetivo do

presente trabalho é apresentar instrumentos sistêmicos como subsídios que favoreçam a atuação

do psicólogo no hospital geral. Para tanto, serão contemplados o Genograma (ou Genetograma)

Familiar, o Mapa de Redes e o Ecomapa, considerando suas principais características,

funcionalidades e possibilidades de aplicação. Por meio de vinheta de caso clínico, pretende-se

ilustrar a utilização desses instrumentos pelo psicólogo hospitalar, com o intento de favorecer a

compreensão ampliada dos casos, a identificação de fatores de risco e de proteção à saúde, bem

como as potencialidades nos contextos de inserção dos pacientes e de suas famílias, tais como

elementos que constituem as redes social e institucional de apoio. Entende-se que a adoção

desses instrumentos favorece a compreensão do processo saúde-doença a partir dos vários

sistemas e subsistemas que se relacionam à pessoa hospitalizada, sob uma ótica que considera os

contextos histórico, político, social e cultural de cada caso. Discutir-se-á que o psicólogo

hospitalar pode funcionar como um coprodutor da saúde de indivíduos e de famílias nos

contextos em que se inserem, promovendo-a em todas as suas dimensões.

Palavras-chave: teoria sistêmica; psicologia hospitalar; intervenção.

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O PAPEL DA PSICOLOGIA NO ATENDIMENTO DE ÓBITO INFANTIL E ADULTO

EM AMBIENTE HOSPITALAR

Grasiela Arnold; Carolina Frota Medeiros; Nataís Bilhão Mombach Brites; Patricia Pereira

Ruschel

A morte é um evento que faz parte do desenvolvimento humano e se faz presente no cotidiano de

todos. O hospital representa um local no qual as pessoas buscam ajuda para restabelecer sua

saúde, bem como, pode ser o local de sua finitude. A perda de uma pessoa querida é uma das

experiências mais dolorosas que o ser humano pode sofrer. Este trabalho tem como objetivo

descrever o atendimento a familiares em caso de óbito de pacientes adultos e infantis. O método

utilizado foi um relato de experiência. Através da equipe da unidade onde ocorreu o óbito, é

realizado o encaminhamento para atendimento, por telefonema para o Serviço de Psicologia

Clínica. No primeiro momento, realiza-se a identificação dos familiares do paciente, após se faz

um acolhimento inicial com apresentação do profissional da psicologia se colocando a disposição

para auxiliá-los, principalmente no sentido de acolher os sentimentos despertados pela morte do

familiar. Em seguida leva-se a família para a sala do Serviço de Psicologia, verificando-se qual o

entendimento que tem sobre o óbito, identificando fantasias e esclarecendo dúvidas sobre o

adoecimento e a morte, mas principalmente fazendo a escuta empática, tendo como objetivo a

elaboração de um luto saudável. É importante que o psicólogo identifique qual o familiar mais

organizado para que este fique com as responsabilidades burocráticas do óbito. Depois do

acolhimento a família pode ser levada ao morgue, para se despedir do familiar, ficando a seu

critério ir ao local ou não. Para encerrar os familiares são encaminhados ao setor de internação,

para que o familiar mais organizado faça a documentação do óbito enquanto os outros familiares

o aguardam. Em caso de óbito infantil, o diferencial é que se proporciona aos pais que possam

fazer o primeiro momento de despedida dentro da UTI Pediátrica e vestir a roupa se for de sua

vontade. Cada família tem uma funcionalidade particular, o que faz com que cada atendimento

seja diferente do outro. É importante que a equipe esteja preparada para acolher todas as

demandas advindas do óbito, pois estas são as mais variadas possíveis, devidos às relações

familiares desenvolvidas antes do óbito, mas também do significado que tem a morte daquela

pessoa. Identificar e encaminhar, quando necessário, para psicoterapia faz parte da ação do

psicólogo.

Palavras-chave: óbito, hospitalização, atendimento psicológico.

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CONCEPÇÕES DOS PROFISSIONAIS DE UMA UTI PEDIÁTRICA SOBRE

INTERDISCIPLINARIDADE NA PERSPECTIVA DE IMPLANTAÇÃO DE UM

PROGRAMA DE RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM SAÚDE

Jane Iândora Heringer Padilha; Ananyr Porto Fajardo

Esta pesquisa teve como objetivo de investigação a análise das concepções que os profissionais

da Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica do Hospital Materno Infantil Presidente Vargas,

Porto Alegre/RS, têm sobre interdisciplinaridade. A intenção foi levantar questões para

possibilitar a preparação dos profissionais desta instituição para a implantação do projeto de

Residência Multiprofissional em Saúde com ênfase em Saúde da Criança em pareceria com a

Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Participaram da pesquisa onze profissionais de

diferentes núcleos: enfermagem, fisioterapia, fonoaudiologia, medicina, nutrição e serviço social.

Para o levantamento dos dados foi aplicado um questionário sobre interdisciplinaridade e as

respostas às questões foram analisadas conforme o método de Análise de Conteúdo. A partir

desta análise foram levantadas cinco categorias: 1) Ações de envolvimento coletivo; 2) Postura

profissional; 3) Motivações individuais; 4) Dispositivos institucionais; 5) Perfil da unidade e dos

usuários. Para as participantes, a interdisciplinaridade precisa de ações coletivas como reuniões,

rounds, espaços de encontro que possibilitem a melhor comunicação; pressupõe uma postura

profissional de respeito às demais áreas do saber e de incorporação da interdisciplinaridade às

práticas cotidianas; depende de motivações individuais como interesse e vontade de colaborar e

aprender; é viabilizada por dispositivos institucionais que proporcionem esta ação; constitui-se a

partir do perfil do equipamento de saúde e de seus usuários. Para analisar como acontece a

interdisciplinaridade é necessário considerar o contexto (unidade/instituição) onde ocorre, os

sujeitos envolvidos (profissionais, usuários e familiares) e as relações intersubjetivas nas

equipes. Estes fatores possibilitam ou dificultam a efetivação de práticas interdisciplinares. Na

construção da prática interdisciplinar é importante reconhecer a importância de cada um, os

potenciais e as limitações das disciplinas. O profissional não pode estar preso à prescrição e

precisa buscar compreender as necessidades de cada situação e reinventar. A integralidade da

atenção em saúde pressupõe a ampliação da dimensão de cuidado na prática dos profissionais de

saúde, tornando-os responsáveis pelos resultados das ações, considerando que o hospital é um

equipamento de saúde com uma complexidade maior que outros. A Residência Multiprofissional

em Saúde pode colaborar impulsionando a reflexão sobre as práticas de trabalho e fortalecendo

as ações interdisciplinares, sendo uma estratégia de educação permanente em saúde.

Palavras-chave: interdisciplinaridade; UTI pediátrica: residência multiprofissional em saúde.

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PRÁTICAS PSICOLÓGICAS COM PACIENTE EM UNIDADE DE TERAPIA

INTENSIVA

Juliane Disegna Fraporti; Franciele Amador Ribeiro

O presente trabalho busca descrever as práticas psicológicas realizadas com pacientes internados

em UTI, evidenciando a importância desta abordagem para recuperação destes pacientes, através

do método descritivo a partir da experiência dos atendimentos psicológicos realizados em uma

unidade de terapia intensiva adulta de um hospital geral. A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é

uma unidade complexa dentro de um hospital, destinada a pacientes graves ou de risco, que

requerem assistência permanentes, e monitorização contínua. Esta unidade exige recursos

humanos especializados, equipamentos específicos próprios. Tal complexidade implica

exposição constante a eventos geradores de estresse para o paciente, tornando a atuação do

psicólogo de grande pertinência para o trabalho das repercussões psíquicas nesta vivência. A

assistência psicológica ao paciente adulto tem como objetivo principal permitir o alívio da

angústia advinda da situação de doença e internação, e melhora da qualidade de permanência na

UTI. Além disso, o manejo com o paciente em condições de intervenção verbal, almeja a

promoção de acolhimento, minimização da ansiedade, validação dos sentimentos emergentes, e

identificação e intervenção em situações de desajuste comportamentais, e em quadros

psicopatológicos, além de promover a autonomia e participação doente. Um quadro comumente

encontrado também nesse ambiente é o delirium, uma síndrome neurocomportamental causada

pela comprometimento transitório da atividade cerebral, secundário a distúrbios sistêmicos, que

acomete 80% dos pacientes internados em UTI, que tem indicação de tratamento farmacológico,

e intervenções psicossociais com a equipe de saúde. O paciente em estado comatoso ou sedação,

não apresenta condições para intervenção verbal, porém a participação da família deve ser

estimada como auxílio na recuperação e despertas desse paciente. A intervenção psicológica em

paciente na UTI baliza a situação do adoecimento, traz à tona a subjetividade do paciente, que se

apoia à técnica psicológica para o desenvolvimento de condutas adaptativas e enfrentamento

ajustado. Desta forma, o trabalho do psicólogo não se baseia na modificação da condição

biológica ou de condições sociais, mas fundamenta-se na expectativa de mudanças internas que

permitem viver melhor aquilo que se apresenta como conflito, assim como lidar com as novas

possibilidade que se revelam.

Palavras-chave: psicologia hospitalar, intensivismo, paciente crítico.

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RELATO DE EXPERIÊNCIA: INSERÇÃO DA PSICOLOGIA NO INTENSIVISMO A

PARTIR DE UM PROGRAMA DE RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL

Edna Lima; Letícia Pereira; Silvana Hartmann

O trabalho do psicólogo no âmbito hospitalar é relativamente novo dentro da psicologia, tendo

suas primeiras experiências relatadas a partir da década de 80 no país. A jovem psicologia

hospitalar foi conquistando aos poucos seu espaço e hoje já atua nos diferentes cenários possíveis

dentro do hospital, inclusive nas unidades de terapia intensiva, território onde a incerteza e a

imprevisibilidade se faz presente, trazendo consigo um grande desafio para a técnica e a prática

do psicólogo hospitalar. Objetiva-se relatar a experiência de inserção da Psicologia no

Intensivismo, através do trabalho de três psicólogas egressas da primeira turma de Residência

Multiprofissional Integrada em Saúde (REMIS) em um Complexo Hospitalar de Porto Alegre em

parceria com uma Universidade Federal. Observou-se através das práticas realizadas que o

trabalho das psicólogas residentes possibilitou a expansão das práticas em Psicologia Hospitalar,

devido à atuação constante das mesmas no intensivismo, da maior integração com as equipes e

do desenvolvimento de ações inovadoras enquanto serviço de Psicologia. As desenvolvidas de

abril de 2012 a 2014 na modalidade de dedicação exclusiva, com 60 horas semanais,

concentraram-se na implantação do serviço de Psicologia nas Unidades de Terapia Intensiva

(UTIs), e no desenvolvimento de protocolos para as práticas de assistência nesta especialidade.

As intervenções psicológicas foram pautadas nos referenciais de orientação Psicodinâmica Breve

e desenvolvidas junto a familiares, pacientes e equipes, de forma individual ou grupal. Dentre as

principais intervenções realizadas nas UTIs destacaram-se: acompanhamento em situações de

óbito, auxílio na comunicação de más notícias, grupo de familiares, avaliação e manejo do

Delirium, participação em rounds e através da execução de pesquisas científicas. Compreende-se

que estas ações contribuíram para ampliar a atuação do psicólogo no âmbito hospitalar, renovar e

qualificar os serviços de saúde, como também despertar as equipes assistenciais para a

perspectiva do cuidado interdisciplinar, integral e humanizado ao sujeito hospitalizado nas UTIs.

Além disso, sustentam e reforçam a proposta de uma Residência Multiprofissional, qualificando

os profissionais participantes e alinhando sua atuação aos pressupostos do Sistema Único de

Saúde.

Palavras-chave: psicologia, residência multiprofissional integrada em saúde, unidades de terapia

intensiva.

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TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO APÓS INTERNAÇÃO EM UTI:

INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO

Letícia Paulino Pereira; Gabriela Peretti Wagner

A experiência de uma internação em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) traz ao indivíduo

sequelas tanto físicas quanto emocionais, as quais podem desencadear reações psicológicas

agudas e potencialmente traumáticas, entre elas, o Transtorno de Estresse Pós-Traumático

(TEPT). Foi realizada uma revisão sistemática da literatura com o objetivo de identificar quais os

principais instrumentos utilizados na atualidade para a avaliação dos sintomas de TEPT em

egressos de UTI. Pretende-se a partir deste subsidiar práticas de assistência, prevenção e

tratamento do TEPT nesta população. A literatura foi revisada, a partir das bases de dados

Bireme, Scopus e Pubmed, considerando artigos publicados nos últimos 5 anos (2008 a 2013),

utilizando-se os descritores “posttraumatic stress disorder” AND “intensive care unit “ AND

“risk factors”. Identificou-se através da revisão dos estudos seis diferentes escalas, validadas

para este fim e auto-aplicáveis, que mensuram intensidade e freqüência do TEPT nesta

população, segundo critérios do DSM-IV. O momento e a forma de aplicação variou entre os

estudos, fator que consideramos passível de viés em relação aos resultados obtidos. Alguns

pesquisadores realizaram entrevistas presenciais, durante a internação ou em período posterior

determinado, ou ainda, somente após a alta e por aplicação via contato telefônico. Também os

critérios de exclusão e inclusão para participação do estudo foram diversos, gerando diferentes

taxas de TEPT e outros comprometimentos psicológicos entre a população estudada. A história

prévia de doença psiquiátrica é citada como relevante fator de risco na maior parte dos estudos,

ainda sim alguns autores não consideraram o fator na apuração dos resultados. Entre os estudos

que atentaram para este viés, os pacientes obtiveram menores taxas de TEPT após o tempo de

follow up estabelecido para a reaplicação da escala. Identificar e intervir nos sinais e sintomas

psicológicos, assim como atuar em medidas preventivas, pode auxiliar na diminuição da

ocorrência do TEPT e de outros comprometimentos emocionais nas UTIs. Sugere-se que novos

estudos sejam realizados, ampliando as bases consultadas, a fim de mapear as deficiências

presentes na literatura.

Palavras-chave: transtorno de estresse pós-traumático; avaliação psicológica; unidade de terapia

intensiva.

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ESCUTA PSICANALÍTICA DE UM PACIENTE PENECTOMIZADO

Livia Diederichsen de Brito; Teodoro Schmidt Jacino; Daniela Cristina Silva Bianchini; Maria

Clarice Leão Pires; Maríndia Oliveira de Quadros

O procedimento de penectomização por câncer chega a cem mil no mundo, no Brasil representa

dois por cento nos homens, correspondendo a mil cirurgias de retirada de membro. Segundo o

Instituto Nacional do Câncer (INCA), o Brasil possui um dos maiores índices de câncer de pênis

no mundo, sendo que no ano de 2009 se constatou mais de 4600 casos da doença, existindo

variação na incidência desse tipo de tumor conforme a região do país estudado e as condições

socioeconômicas da região. As variações chegam ser de 5,5% a 16% nas regiões Norte e

Nordeste e de 1% e 4% nas regiões Sul e Sudeste do Brasil. Para tanto, casos como estes podem

oferecer consequências emocionais significativas aos afetados. Desta forma, o presente trabalho

tem como objetivo apresentar, por meio de vinhetas clínicas, o inicio do processo de elaboração

psíquica de um paciente penectomizado, a partir dos atendimentos realizados pelo Serviço de

Psicologia de um Hospital Geral de Porto Alegre. As intervenções ocorreram durante o período

de dois meses, totalizando 16 atendimentos, que buscaram facilitar a compreensão de angústias,

fantasias e medos que surgiram durante o pré e pós operatório. Segundo o olhar psicanalítico, a

pessoa doente, por uma questão orgânica, afasta-se do mundo exterior e de tudo aquilo que não

diga respeito ao seu sofrimento, recolhendo seus investimentos exclusivamente para si. A partir

do entendimento Freudiano, o paciente em questão, durante o tempo de internação lançou mão

de importantes mecanismos psíquicos de defesa, externalizando fantasias primitivas.

Sentimentos ambivalentes como temor real à castração contrastando com o desejo do alívio da

dor confiado após o procedimento cirúrgico; dúvidas com relação à autoimagem e a sexualidade,

e a reinserção social após a mutilação. Com isto, o acompanhamento psicológico para além do

suporte emocional proporcionou ao paciente um espaço de (re)organização psíquica para as

tomadas de decisões e projeção do futuro.

Palavras-chave: câncer, doenças do pênis, psicanálise.

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QUANDO O FAMILIAR SE TORNA PACIENTE: A CONTINUIDADE DO

ACOMPANHAMENTO EM SAÚDE MENTAL APÓS O MOMENTO DE CRISE

RELACIONADO À INTERNAÇÃO NA UTI

Maíra Pellin Feldmann; Cibele Denise Weide Acosta; Eloísa Fraga Coromberque; Priscila

Viegas Kercher; Rita Gigliola Gomes Prieb

INTRODUÇÃO: A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) recebe pacientes em estado crítico de

saúde com necessidade de monitoração contínua. O ambiente da UTI costuma potencializar

sentimentos de desamparo e de angústia frente à hospitalização, somados à insegurança gerada

pela imprevisibilidade do quadro clínico diante dos tratamentos e ao medo frente ao risco de

morte dos pacientes. Nesse contexto, é benéfico o acompanhamento psicológico aos familiares

objetivando propiciar acolhimento emocional, favorecer a produção de subjetividade e

simbolização da experiência vivenciada. Entretanto, por vezes, identifica-se a importância da

continuidade do suporte emocional após o momento de crise, pois determinadas demandas

ultrapassam as possibilidades de trabalho psicológico na UTI. Nesses casos, torna-se essencial

estabelecer a articulação com a rede de saúde mental. OBJETIVO: Problematizar a atuação do

psicólogo com familiares de pacientes internados em UTI que demandam acompanhamento

psicológico posterior a internação. MÉTODO: Relato de experiência embasado na atuação do

Serviço de Psicologia Clínica do Hospital de Clínicas de Porto Alegre nas UTIs adulto dessa

mesma instituição. RESULTADOS: A psicologia atua no CTI atendendo pacientes e,

principalmente, os seus familiares. No trabalho com as famílias, utiliza-se a e a psicoterapia de

apoio e intervenção em crise como referenciais teóricos, os quais têm por finalidade minimizar o

sofrimento psíquico diante do processo de adoecimento e de hospitalização. Nos atendimentos

individuais e em grupo, por meio de uma escuta especializada, possibilita-se aos familiares a

expressão de sentimentos e pensamentos frente ao contexto da UTI. Como as intervenções são

breves, busca-se construir junto às famílias possíveis estratégias de seguimento do suporte

emocional para aquelas em que se verifica tal necessidade. Diante dos dados obtidos nos

atendimentos, o psicólogo contata a rede do município de origem dos familiares, identificando os

serviços que podem dar continuidade ao acompanhamento iniciado no hospital. Após, trabalha-

se com os familiares o processo de reconhecimento dessas demandas identificadas no hospital e

as possibilidades de encaminhamento. Estabelece-se um canal de comunicação com o local

escolhido para a continuidade do acompanhamento psicológico de forma corresponsável,

visando à prevenção e a promoção em saúde mental dos familiares. CONCLUSÕES: No

contexto da UTI, o psicólogo precisa estar sensível às demandas emocionais dos familiares, visto

a possibilidade de mobilização de questões psíquicas complexas e de sofrimento intenso.

Considerando as limitações das intervenções breves, cabe ao profissional da psicologia acionar a

rede de saúde mental, não negligenciando as demandas mobilizadas no período em que os

familiares vivenciaram a internação.

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Palavras-chave: saúde mental; terapia intensiva; bem-estar familiar.

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O LUTO ANTECIPATÓRIO EM FAMILIARES DE PACIENTES RENAIS CRÔNICOS

EM HEMODIÁLISE

Marina Barcellos Barbosa; Katherine Flach; Joanna Leusin; Lisiane Milhoranza Rech

Durante o período de tratamento em hemodiálise, pacientes e familiares vivenciam diversas

perdas, que trazem consigo dor e sofrimento diante da iminência da morte. Este processo

configura a vivência do luto antecipatório. O luto antecipatório comumente ocorre em períodos

longos de cuidados, no caso de doenças graves, a um familiar que ainda está vivo, mas sua perda

já é sentida para uma série de atividades que executava anteriormente. Nestes casos, mesmo o

paciente não tendo chegado a óbito, diversas perdas já necessitam ser elaboradas, para ambos os

lados. Muitas vezes, o doente pode passar por uma degeneração física ou psíquica, podendo

desencadear para o cuidador sentimentos de ambivalência, por vezes com o desejo de que o

familiar possa morrer para aliviar o sofrimento de ambos, e em outras, de culpa despertada pelos

sentimentos anteriores. Presenciar a dor e o sofrimento de um ente querido, sentindo-se

impotente frente a realidade que se impõe, causa intenso sofrimento para os familiares (Flach,

Lobo, Potter & Lima, 2012; Kovács, 1992). Considerando que a vivência da perda relaciona-se,

entre muitos outros fatores, com a importância do vínculo que se tinha com o objeto perdido

(Franco, 2002), faz-se importante compreender o significado da perda para a família. Os estudos

sobre a perda a partir de um olhar individual parecem ter negligenciado o entendimento da perda

sob o olhar sistêmico e, assim, também deixado de lado importante via de compreensão do

fenômeno, já que nem todas as perdas carregam o mesmo significado para todos os membros da

família (Walsh & McGoldrick, 1998). Ainda, uma adequada vivência e elaboração do luto

antecipatório pode assumir caráter preventivo e evitar um luto complicado após a perda real

(Levy, 1992). A partir desta perspectiva, bem como de relato de experiência profissional em uma

Unidade de Hemodiálise de um hospital de alta complexidade do Porto Alegre no ano de 2014,

este trabalho busca a compreensão de aspectos importantes, como o significado da perda para a

família, sentimentos, angústias, fantasias e incertezas esperados no processo de luto

antecipatório, com o intuito de auxiliar familiares de pacientes crônicos a vivenciarem este

processo no ambiente hemodialítico. Também o entendimento do papel do psicólogo como

colaborador e facilitador para proporcionar a pacientes, familiares e também equipe

multidisciplinar, momentos de apoio e elaboração diante da perda, observando seus limites

pessoais, pode contribuir para a qualidade do acompanhamento psicológico em Unidades de

Nefrologia.

Palavras-chave: luto antecipatório, hemodiálise, pacientes renais crônicos.

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ENCONTROS E DESENCONTROS: GRUPO NA SALA DE ESPERA COMO

POSSIBILIDADE DE TROCAS E APROXIMAÇÃO ENTRE OS FAMILIARES

Lidiane Andreza Klein; Marta Aparecida dos Santos Chaves; Martin Roeben Tessmer

O processo de espera para assistência em saúde é um fenômeno merecedor de atenção, pois é

nele que se dá o início da relação entre o indivíduo, a doença e a equipe de assistência. Assim

como, o acesso ao conhecimento necessário para a busca e a manutenção de uma melhor

qualidade de vida. O CTI por caracterizar-se como uma unidade destinada ao tratamento de

pacientes graves, com importantes debilidades físicas e, com frequência, com demandas

psicológicas, acaba por tornar esse processo extremamente penoso e ansiogênico para os

familiares. O sentimento de impotência e pensamentos com o espectro da morte, não obstante,

rondam suas percepções e exacerbam o sofrimento. A implantação do grupo surgiu como uma

estratégia complementar ao Serviço de Psicologia já oferecido, para o acolhimento humanizado

da família dos pacientes internados no CTI Adulto do Hospital Mãe de Deus. Objetivando

oferecer aos familiares um espaço diferenciado e humanizado para discussão, reflexão e

externalização de afetos diante da experiência no CTI. Configura-se como um grupo aberto,

acontece 30 minutos antes do horário de visitas, na sala de espera do CTI; três vezes por semana.

O convite formal a participação é feito na hora, seguido pela apresentação do coordenador e dos

participantes. O grupo é coordenado por algum membro do Serviço de Psicologia, onde esse

profissional apresenta uma breve explanação sobre os objetivos do trabalho grupal. As

intervenções e orientações ocorrem no transcorrer do grupo e são efetuadas de acordo com a

demanda que emerge. Ao final o coordenador sintetiza a discussão e disponibiliza atendimento

individual aos que desejarem. Agrupar-se aos seus semelhantes é uma característica inerente ao

ser humano, cujo movimento, nos momentos de vulnerabilidade e insegurança, tende a surgir

com maior incidência na busca de apoio e fortalecimento. No primeiro semestre, foram 18

encontros, com uma média de 13 participantes por encontro; nos quais foi possível se observar

troca de conhecimentos, experiências, expectativas, medos e angústias. Assim como, um maior

sentimento de pertencimento e proximidade entre as famílias que passam por experiências

semelhantes, com frequência evidenciou-se sentimentos de coesão e de segurança neste

ambiente. Por parte da equipe profissional do CTI foi pontuada uma sensível melhora na

convivência com os familiares, bem como uma importante redução no nível de ansiedade destes.

Tornar a espera na sala de espera uma possibilidade de aproximação e expressão de afetos

mostrou-se como um dispositivo eficiente no intuito de humanizar o atendimento aos familiares.

Palavras-chave: CTI adulto; grupo; familiares.

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PROJETO TERAPÊUTICO SINGULAR EM HEMATO-ONCOLOGIA PEDIÁTRICA:

UM OLHAR PSICOLÓGICO

Paula Moraes Pfeifer; Caie Pires de Deus Lima; Miguel Armando Bick; Denise Pasqual

Schmidt

O Projeto Terapêutico Singular (PTS) é um dispositivo originário dos serviços de saúde mental

que se propõe a ultrapassar as fronteiras existentes entre os diferentes núcleos de saberes na

produção de saúde. Este estudo visa apresentar o olhar do psicólogo sob os resultados de

pesquisa de implantação do PTS em unidade hemato-oncológica de hospital do interior do Rio

Grande do Sul. Realizou-se uma pesquisa-ação utilizando como instrumentos seminários -

almejando promover a discussão e a elaboração coletiva de alternativas para uma melhor

assistência - e questionário contendo oito perguntas abertas visando compreender as vivências

dos participantes. Os sujeitos da pesquisa foram vinte e três profissionais da equipe de saúde. Os

dados obtidos foram categorizados e interpretados através da Análise de Conteúdo. Após a

realização dos seminários, foram distribuídos questionários entre os participantes. Percebeu-se

que a maioria dos participantes não havia vivenciado nenhum tipo de projeto de implantação de

novas práticas, revelando desconhecimento e despreparo. Destaca-se que, inicialmente, não

houve adesão completa da equipe. De acordo com os participantes as reuniões em horário de

escala e dia de folga, o projeto longo com muitas reuniões sequenciais, a falta de profissionais e

o elevado número de pacientes foram obstáculos à participação. Ainda assim, a maioria

descreveu o PTS como uma experiência interessante, impar, desafiadora e gratificante, que

possibilitou uma visão integral do paciente. Os achados da pesquisa reforçam dados da literatura

que apontam como obstáculos ao desenvolvimento de novas técnicas a organização hospitalar e

as características do trabalho. O modelo tradicional hospitalar é altamente hierarquizado de

acordo com o saber e divide os homens, as tarefas e os privilégios, os quais desfrutam aqueles

que se encontram no topo da hierarquia. Além disso, as condições de trabalho na rede pública de

saúde são uma questão delicada: há um aumento no número de pacientes e redução da equipe,

jornadas de trabalho prolongadas, ritmos acelerados de produção, hierarquia rígida e vertical,

fragmentação de tarefas e a desqualificação do trabalho. Conclui-se que a prática hospitalar ainda

está centrada no desenvolvimento de tarefas, as quais são realizadas de forma isolada, muitas

vezes sem articulação e comunicação. A construção de novas práticas é essencial, por possibilitar

a aquisição de ferramentas para a melhoria do cuidado prestado ao paciente e, portanto, se deve

buscar favorecer a organização do trabalho da equipe de saúde de modo a contemplar tal

demanda.

Palavras-chave: psicologia hospitalar; interdisciplinaridade; projeto terapêutico singular.

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PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS E AS FANTASIAS INFANTIS: AS DIFERENÇAS

ENTRE BIÓPSIAS E CIRURGIAS ELETIVAS

Paula Moraes Pfeifer; Priscila Ferreira Friggi; Ângela Barbieri; Alberto Manuel Quintana

Independentemente da idade e do porte da cirurgia, ela é uma experiência carregada de

afetividade por ameaçar a integridade física da criança. A criança, na medida em que, por estar

com o aparelho psíquico ainda em formação, nem sempre tem condições para lidar com o que a

cirurgia mobiliza, vivenciando ansiedade e angustia como uma reação a situações de perigo.

Nesse sentido, surgem as fantasias, como tentativa de defesa e de reestabelecimento do equilíbrio

emocional para conseguir enfrentar essa situação. Este estudo visa comparar as fantasias

presentes em crianças hospitalizadas para realização de procedimentos cirúrgicos internadas em

unidade pediátrica de hospital público no interior do Rio Grande do Sul durante o ano de 2014.

Para tanto, realizou-se um estudo de caso adotando um referencial teórico psicanalítico. Foram

analisadas duas crianças: uma que realizou biópsia e outra uma cirurgia eletiva, com idades de 12

e 11 anos respectivamente. Ambas foram avaliadas em um único momento, através da hora do

jogo e do teste das fábulas buscando compreender seu entendimento sobre a doença e a cirurgia,

bem como sentimentos e fantasias mobilizadas. A aplicação dos instrumentos foi gravada,

transcrita na íntegra e os dados foram analisados mediante o método de análise de conteúdo.

Percebeu-se que as angústias e fantasias expressas pela criança que aguardava realização de

biópsia estavam ligadas à indefinição do diagnóstico, a suspeita de câncer e ao estigma desta

doença associado à morte. Já na outra participante, estes estavam relacionados ao medo da

cirurgia, do corte, de ficar desfigurada, da dor e da morte. Além disso, a pouca informação a

respeito do procedimento favoreceu o aumento da ansiedade e presença de fantasias. Este estudo

reforça dados da literatura, no qual diversos estudos indicam o elevado medo que as crianças e

adolescentes submetidos a cirurgias apresentam: medo de sentir dor, medo da anestesia e de

alterações corporais. Entretanto, ainda contribui na diferenciação das fantasias existentes entre

esses procedimentos cirúrgicos, geralmente, pouco investigadas. Além disso, reforça a

necessidade de preparo psicológico para procedimentos cirúrgicos invasivos de um modo geral.

Conclui-se que existem diferenças importantes entre as fantasias apresentadas por crianças que

experienciaram distintos procedimentos invasivos, ligados à ausência ou presença de

diagnóstico. Além disso, ainda há necessidade, por parte dos profissionais da saúde, de

esclarecerem as crianças a respeito dos procedimentos, bem como encaminharem para a

realização de psicoprofilaxia cirúrgica.

Palavras-chave: psicologia da saúde; fantasias; cirurgia infantil.

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COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA EM UTI: O USO DE UMA FERRAMENTA PARA

FACILITAR A INTERAÇÃO COM OS PACIENTES

Camila Lúcia Etges; Silvana Pinto Hartmann

Esse resumo visa relatar o processo de confecção e utilização de pranchas de comunicação

alternativa como instrumento facilitador da interação entre a equipe multiprofissional e os

pacientes traqueostomizados ou intubados internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTI).

Este instrumento foi organizado por uma psicóloga e uma fonoaudióloga durante atuação em um

programa de Residência Multiprofissional Integrada em Saúde, com ênfase em Intensivismo, em

um complexo hospitalar de Porto Alegre entre 2012 e 2014. O instrumento foi composto por

nove pranchas que continham imagens de fácil visualização e que foram impressas em material

impermeável possibilitando a higienização. As imagens foram retiradas de um portal de

Comunicação Assistiva, adaptadas e divididas por temas, conforme as principais necessidades de

comunicação não-verbal identificadas, através da observação e de trocas de experiências das

profissionais com a equipe assistencial. Cada prancha foi nomeada conforme o tema que a

compunha, sendo assim distribuídas: Higiene, Alimentação, Posição, Equipe, Emoções, Dor,

Fases do Dia e Calendário. A primeira prancha continha uma orientação de como utilizar o

material, pois o mesmo podia ser compartilhado por qualquer membro da equipe. As residentes

faziam o uso do instrumento através de questionamentos sobre os temas e os pacientes eram

orientados a se comunicar através do apontamento, com o dedo, nas figuras ou com o piscar dos

olhos conforme suas limitações. Através da utilização deste instrumento de facilitação, tanto

pelas residentes quanto pelos membros da equipe assistencial, pode-se verificar uma melhor

interação entre o paciente e os profissionais, instituindo o sujeito acamado como tomador de

decisões referentes ao seu cuidado, dando-lhe a oportunidade de compreender as informações, os

procedimentos e expressar suas dúvidas e sentimentos. Além disso, na experiência da psicóloga,

as pranchas facilitaram a avaliação de aspectos emocionais e a orientação têmporo-espacial, o

que contribuiu para a prevenção do Delirium, em alguns casos, e outros problemas decorrentes

da má comunicação com os pacientes que não podiam se comunicar verbalmente devido às

limitações da internação.

Palavras-chave: comunicação; multidisciplinaridade; unidades de terapia intensiva.

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CONSTRUINDO UM INDICADOR DE ASSISTÊNCIA EM PSICOLOGIA ATRAVÉS DA

PRÁTICA PROFISSIONAL EM UMA UTI ONCOLÓGICA

Silvana Pinto Hartmann; Sílvia Abduch Haas

Este resumo visa elucidar o acompanhamento quantitativo dos atendimentos realizados por uma

psicóloga durante atuação em um programa de residência multiprofissional integrada em saúde.

Através da necessidade emergente em Psicologia Hospitalar de se buscar um melhor controle dos

atendimentos que visem à qualidade da assistência, entende-se que o registro e o levantamento

dos dados possam contribuir para o gerenciamento das atividades na área. Os registros foram

realizados em uma planilha durante os meses de abril a outubro de 2013, em uma Unidade de

Terapia Intensiva (UTI), especializada em oncologia, composta por dez leitos, na cidade de Porto

Alegre. As demandas de atendimento psicológico eram identificadas através da busca ativa e das

discussões em rounds onde a psicóloga residente participava juntamente com a equipe médica,

de enfermagem, nutrição, fisioterapia e serviço social. Conforme as condições clínicas dos

pacientes, em alguns casos, apenas os familiares foram acompanhados. Foram dedicadas 44

horas semanais de práticas à UTI que se dividiam em atendimentos a pacientes e/ou familiares,

participação em rounds diários, seminários com a equipe de Psicologia, supervisão semanal,

entre outros. O indicador sugerido do levantamento dos dados foi o de “Número de Internações x

Número de Atendimentos”. Durante os seis meses de atuação, internaram 153 pacientes, sendo

85 acompanhados pela psicóloga residente. Dos pacientes acompanhados, 40 evoluíram a óbito,

45 receberam alta da unidade e 10 destes seguiram sendo atendidos pela psicóloga na enfermaria.

Foram prestados atendimentos nos casos de óbito como o acompanhamento da equipe médica

durante a comunicação da notícia, acolhimento e apoio aos familiares. Devido à alta

complexidade dos casos na UTI oncológica, os números levantados podem indicar a necessidade

de um número maior de psicólogo atuando na mesma para garantir a qualidade e cobertura

assistencial de maneira integral. A produção de indicadores contribui para afirmar a necessidade

da contribuição da Psicologia no ambiente hospitalar, organizar e aprimorar os serviços

prestados.

Palavras-chave: psicologia hospitalar; unidade de terapia intensiva; oncologia.

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CRESCIMENTO INDIVIDUAL APÓS O TRAUMA NUMA AMOSTRA DE MULHERES

PORTUGUESAS COM CANCRO DA MAMA

Catarina Ramos; Tânia Rudnicki; Isabel Leal; Richard G. Tedeschi

Objetivos: O câncer da mama significa um conjunto de reações psicológicas adversas, como

ansiedade, depressão ou sintomas de perturbação de stress pós-traumático (TEPT). Contudo,

investigação recente salienta que, o coping individual com o processo de doença pode resultar na

percepção de mudanças positivas nas diversas áreas da vida da mulher - crescimento pós-

traumático (CPT). A presente comunicação desenvolve-se no âmbito de um estudo mais

abrangente, efetuado em contexto hospitalar, com o objetivo de potencilizar o desenvolvimento

de CPT em mulheres portuguesas com câncer da mama. Método: Neste estudo transversal, 158

mulheres (N = 55 anos; DP = 9,92) com diagnóstico não-metastizado de câncer da mama

(estadio 1-3) são avaliadas quanto à percepção de doença, TEPT, CPT, suporte social e processo

cognitivo (crenças centrais e estilo de ruminação), através de questionário sócio-demográfico e

clínico; Questionário de Percepção de Doença; Inventário de Crescimento Pós-Traumático;

Escala de Ruminação Relacionada com o Acontecimento; Inventário de Crenças Centrais; Escala

de Estresse Pós-traumático e Checklist de Desordens Civil (PCL-C); Escala de Satisfação com o

Suporte Social. Resultados: Os resultados da análise descritiva reportam a existência de CPT em

mulheres portuguesas com câncer da mama (M = 65,04; DP = 23,61), com maior prevalência de

percepção de recursos e competências pessoais (M = 20,67; DP = 6,97) e de percepção de novas

possibilidades e de maior valorização da vida (M = 20; DP = 7,97), após o trauma. Apesar do

tempo médio de diagnóstico (M = 14,7 meses; DP = 11,58), as participantes revelam sintomas

graves de TEPT (M = 37,7; DP = 16,73). Os valores elevados de suporte social (M = 60,75; DP

= 11,17) e moderados de processamento cognitivo – crenças centrais (M = 28,38; DP = 10,99) e

ruminação deliberada (M = 15,4; DP = 7,46), poderão indicar uma boa adaptação psicossocial à

doença, em longo-prazo. Conclusão: Estes resultados preliminares são um contributo relevante

para a compreensão da vivência individual do câncer da mama em mulheres portuguesas. Uma

análise longitudinal e mais momentos de avaliação, são recomendações para estudos futuros.

Palavras-chave: câncer da mama; crescimento pós-traumático; psicologia da saúde.