A adoção da nuvem pode ajudar em tempos de crise econômica, mas ... 14 maio2015

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Alfredo Saad IT Sourcing Consultant at Saad Consulting A Adoção da Nuvem Pode Ajudar em Tempos de Crise Econômica, mas ... 14 Maio 2015 Conforme amplamente discutido na literatura, a implementação de soluções de TI através da adoção da alternativa da computação em nuvem tem tornado possível a obtenção, por organizações de todos os portes, de relevantes benefícios, tais como: O atendimento imediato a demandas elásticas por recursos de TI A substituição de gastos de capital (CapEx) por gastos operacionais (OpEx) O acesso a aplicações através de uma ampla diversidade de dispositivos e independentemente da localização geográfica do usuário O ajuste dos preços incorridos de forma compatível com as flutuações de demanda Discutimos também em posts anteriores (*) que a adoção da alternativa da computação em nuvem numa organização não acarreta a obtenção “automáticade tais benefícios. Apenas a definição de uma estratégia adequada e a implantação correta de cada etapa do processo, através da identificação e tratamento dos riscos a elas inerentes, podem resultar na consecução eficaz dos business drivers que motivaram a sua adoção, dentre os quais podemos destacar: Um aumento do market-share no segmento em que a organização atua, através da obtenção de vantagem competitiva Uma diminuição do time-to-market de seus produtos / serviços, através de processos inovadores Um aumento na eficiência e produtividade de suas operações, através da otimização de custos, tempos e recursos Como tudo isso se reflete no cenário atual vivido no Brasil, onde se configura uma aguda deterioração dos indicadores da economia, relativos a inflação, desemprego, atividade econômica, crédito e capacidade de investimento, dentre outros fatores ? Por todo o potencial de benefícios almejados pela adoção da alternativa cloud, parece razoável concluir que ela pode contribuir, de forma relevante, para que a economia brasileira supere a crise ora prevalente. Há, entretanto, uma dificuldade adicional a ser superada para garantir a eficácia da implantação da alternativa cloud no Brasil de uma forma ampla e generalizada: trata-se da inadequação e da insuficiência da infra-estrutura tecnológica disponível no país, conforme pode ser depreendido pela análise dos relatórios anuais publicados pelo World Economic Forum. O mais recente deles, publicado em 15 de abril de 2015, que reflete a posição de 2014, pode ser visto no link http://www.weforum.org/reports/global-information-technology-report-2015. Este relatório anual, publicado desde 2004, estabelece um índice, chamado Network Readiness Index (NRI), que reflete o gráu com que a economia dos países alavanca as Tecnologias de Informação e Comunicações (TIC) em

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Alfredo Saad

IT Sourcing Consultant at Saad Consulting

A Adoção da Nuvem Pode Ajudar em

Tempos de Crise Econômica, mas ... 14 Maio 2015

Conforme amplamente discutido na literatura, a implementação de soluções de TI através da adoção da alternativa da

computação em nuvem tem tornado possível a obtenção, por organizações de todos os portes, de relevantes

benefícios, tais como:

O atendimento imediato a demandas elásticas por recursos de TI

A substituição de gastos de capital (CapEx) por gastos operacionais (OpEx)

O acesso a aplicações através de uma ampla diversidade de dispositivos e independentemente da localização

geográfica do usuário

O ajuste dos preços incorridos de forma compatível com as flutuações de demanda

Discutimos também em posts anteriores (*) que a adoção da alternativa da computação em nuvem numa organização

não acarreta a obtenção “automática” de tais benefícios. Apenas a definição de uma estratégia adequada e a

implantação correta de cada etapa do processo, através da identificação e tratamento dos riscos a elas inerentes,

podem resultar na consecução eficaz dos business drivers que motivaram a sua adoção, dentre os quais podemos

destacar:

Um aumento do market-share no segmento em que a organização atua, através da obtenção de vantagem

competitiva

Uma diminuição do time-to-market de seus produtos / serviços, através de processos inovadores

Um aumento na eficiência e produtividade de suas operações, através da otimização de custos, tempos e recursos

Como tudo isso se reflete no cenário atual vivido no Brasil, onde se configura uma aguda deterioração dos

indicadores da economia, relativos a inflação, desemprego, atividade econômica, crédito e capacidade de

investimento, dentre outros fatores ?

Por todo o potencial de benefícios almejados pela adoção da alternativa cloud, parece razoável concluir que ela pode

contribuir, de forma relevante, para que a economia brasileira supere a crise ora prevalente.

Há, entretanto, uma dificuldade adicional a ser superada para garantir a eficácia da implantação da alternativa cloud

no Brasil de uma forma ampla e generalizada: trata-se da inadequação e da insuficiência da infra-estrutura

tecnológica disponível no país, conforme pode ser depreendido pela análise dos relatórios anuais publicados pelo

World Economic Forum. O mais recente deles, publicado em 15 de abril de 2015, que reflete a posição de 2014, pode

ser visto no link http://www.weforum.org/reports/global-information-technology-report-2015.

Este relatório anual, publicado desde 2004, estabelece um índice, chamado Network Readiness Index (NRI), que

reflete o gráu com que a economia dos países alavanca as Tecnologias de Informação e Comunicações (TIC) em

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benefício de sua competitividade. O NRI objetiva subsidiar a definição de políticas nacionais, ao identificar

potencialidades e carências de cada país e sua evolução ao longo do tempo. O NRI consolida 54 indicadores em 10

pilares, por sua vez agregados em 4 grandes áreas (Ambiente, Prontidão, Utilização e Impacto).

Considerando ser a economia brasileira a 7ª. economia do mundo, seria razoável supor que os indicadores relativos a

infra-estrutura de tecnológia e comunicações do país fossem compatíveis com sua representatividade no cenário

global. Não é, entretanto, o que se observa ao se analisar os relatórios anuais do WEF, a partir dos quais passaremos a

ressaltar alguns fatos:

- O índice NRI consolidado mostra uma degradação entre 2004, ano em que o Brasil aparecia como 46º. entre 104

países pesquisados e 2014, ano em que o país aparece como 87º. em 148 países pesquisados.

- Ao comparar os dois últimos reports, que refletem as posições de 2013 e 2014, constata-se um declínio em três das

quatro áreas pesquisadas ... :

o Prontidão: de 76º. (2013) para 91º. (2014)

Dentre os 3 pilares dessa área o destaque negativo foi a área de Habilidades, com declínio da 91ª. posição em 2013 para a 108º. posição em 2014.

o Utilização: de 47º. (2013) para 60º. (2014)

Dentre os 3 pilares dessa área os destaques negativos foram as áreas de Utilização em

Negócios, com declínio da 41ª. posição em 2013 para a 52º. posição em 2014 e Utilização

no Governo, com declínio da 54ª. posição em 2013 para a 71º. posição em 2014.

o Impacto: de 57º. (2013) para 75º. (2014) ...

Houve declínio nos dois pilares dessa área: Impactos Sociais (de 58º. em 2013 para 73º. em

2014) e Impactos Econômicos (de 64º. em 2013 para 76º. em 2014)

- ... contra uma pequena melhoria em uma das áreas:

o Ambiente: de 116º. (2013) para 111º. (2014)

Houve melhoria num dos pilares dessa área (Ambiente de Negócios e Inovação), de 135º.

Em 2013 para 121º. Em 2014) e declínio no outro pilar da área (Ambiente Político e

Regulatório), de 78º. Em 2013 para 95º. Em 2014.

Deve ser ressaltado, que independentemente da tendência de declínio ou melhoria, as posições observadas em cada

um dos 10 pilares, tanto em 2013 quanto em 2014, são incompatíveis com o fato de que o país abriga a 7ª. maior

economia do mundo. No pilar de melhor desempenho do país (Utilização em Negócios), por exemplo, estávamos em

41º. em 2013, posição degradada para 52º. em 2014.

Reconheça-se, por outro lado, que os sofríveis indicadores mostrados pelo país tenderiam a ser algo abrandados se

considerados isoladamente os grandes centros urbanos e industriais, que certamente apresentariam indicadores menos

desfavoráveis. Note-se, entretanto, que o peso significativamente maior desses centros é predominante no cálculo da

média do país. Contrariamente, indicadores menos favoráveis observados em regiões menos privilegiadas do país, por

seu menor peso, têm baixa influência sobre o cálculo da média do país. Em resumo, os valores apresentados no

relatório do WEF tendem a ser apenas levemente piores que aqueles observados nos grandes centros urbanos e

industriais.

Tais indicadores regionalizados, entretanto, não estão disponíveis, sendo válida, entretanto, a afirmação de que as

carências de infra-estrutura tecnológica deverão ser avaliadas, caso a caso, constituindo-se em potencial entrave para

uma adoção maciça das novas tecnologias digitais no país, dentre elas a adoção da computação em nuvem.

Você concorda com os conceitos aqui emitidos ? Enriqueça a discussão com seus comentários.

(*) Acesse os posts anteriores para obter informações adicionais sobre os temas cloud e outsourcing:

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