A ÁGUA NA EPIDEMIOLOGIA DAS DOENÇAS Divisão de Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar -...

A ÁGUA NA EPIDEMIOLOGIA DAS

DOENÇAS

Divisão de Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar - CVE/SES-SP

Palestra proferida por:

Maria Bernadete de Paula Eduardo

no I Seminário Municipal de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano, organizado pela SEMAB e SMS/ São Paulo em 08 de Agosto de 2002

EPIDEMIOLOGIA DAS DOENÇAS TRANSMITIDAS POR ÁGUA

DOENÇA TRANSMITIDA PELA ÁGUA - gerada pela contaminação da água em algum ponto do sistema de abastecimento:• Água para consumo humano - para beber• Águas de recreação -piscinas,

cascatas,/cachoeiras, lagos, rios, mar.

DOENÇAS• Gastroenterites/DIARRÉIAS• Dermatites• Meningoencefalites• Outras/Síndromes (neurológica, renal, ictérica, etc..)

PATÓGENOS TRANSMITIDOS PELA ÁGUA• Bactérias, vírus e parasitas• Substâncias químicas/tóxicas, metais e outros


SVE ÁGUA• Ocorrência de Surtos de DT Água -

notificação obrigatória do evento, investigação epidemiológica dos casos, análises laboratoriais (pacientes) para detecção do agente etiológico

• Identificação dos fatores causais - deficiências nos sistemas de água e identificação dos agente etiológico

• Avaliação dos dados de surtos - adequacidade do tratamento da água potável e de recreação - pesquisas complementares

• Intersetorialidade - órgãos responsáveis pela vigilância de aspectos ambientais e de engenharia

VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA DAS DOENÇAS TRANSMITIDAS POR ÁGUA

• Dados sobre os surtos - análise da tendência dos distintos agentes etiológicos causadores - parâmetro importante para a avaliação da adequação de tecnologias utilizadas para monitoramento da qualidade e segurança da água; indicador de necessidades de mudança dos métodos de controle e identificação de problemas

• Dados sobre o tipo de sistemas de água• Água para beber - rotinas de tratamento, sistema de distribuição e

outros fatores ou múltiplos fatores (estudo das deficiências, HACCP)

• Águas para a recreação - piscinas, spas, lagos, parques aquáticos, etc..

• Tipos de sistemas


As mudanças ao longo do tempo:• medidas de saneamento básico contribuem

para o declínio das Doenças Infecciosas e Parasitárias

• mudanças recentes nos hábitos alimentares, nos processos tecnológicos de produção dos alimentos, a globalização do mercado de alimentos, a intensa mobilização da população alteram o perfil epidemiológico das doenças

• infecções emergentes - alteram o conceito tradicional sobre DIARRÉIA e SURTOS, e desafiam os controles vigentes


INFECÇÕES EMERGENTES E REEMERGENTES• infecções que apareceram recentemente na

população ou existiam, mas tiveram aumento rápido em sua incidência e em abrangências geográficas

• mutações de patógenos• avanços nos métodos de investigação e detecção• melhoria dos SVE - DTA


BACTÉRIAS• Vibrios - Vibrio Cholerae• Shigueloses• Salmonella typhy • E. coli O 157:H7• Campylobacter• Helicobacter pylori• Legionella• Pseudomonas, aeromonas, mycobacterium• Outras

Transmitidas Diretamente pela Água ou replicam nos Alimentos Contaminados


VIRUS • Hepatite A e E• Norwalk e similares• Rotavirus• Calicivirus• Poliovirus (Enterovirus tipo I, II, III)• Outros Enterovirus e Outros

São geralmente limitados a hospedeiros humanos, veiculados por água ou alimentos contaminados por fezes, não se replicam na água ou alimento, estáveis no meio ambiente, baixa dose infectiva e geralmente resistentes aos métodos de controle e desinfecção utilizados para bactérias.


PARASITAS• Giardia• Cryptosporidium• Cyclospora• Microsporidium• Amebas e Naeglerias• Outros

Tem geralmente uma variedade de hospedeiros humanos e animais, veiculados em formas de cistos ou oocistos por água ou alimentos contaminados por fezes, geralmente não se replicam na água ou alimento, estáveis no meio ambiente, baixa dose infectiva, muito baixas concentrações na água e alimentos, e resistentes aos métodos de controle e desinfecção utilizados para bactérias.


OUTROS CONTAMINANTES• Venenos químicos, pesticidas e outros• Cobre• Nitritos• Hidróxido de Sódio• Cloro• Sabões líquidos• Algas e outras toxinas• Outros

Situações ainda pouco detectadas pelos SVE



CONCEITO• a) surto - mais de 1 (um) caso de uma determinada

doença • b) 2 ou mais pessoas tem uma doença similar depois

da ingestão de água (sistemas) ou exposição às águas de recreação

• c) evidências epidemiológicas que implicam a água como fonte provável da doença (são excluídas as contaminações por preparo/manipulação) [EPA, CDC]

Sistema complementar:

MDDA - monitorização da diarréia doença diarréica aguda em unidades sentinelas - registro das diarréias e análise das mudanças de comportamento da incidência e das relações entre os casos - alerta às doenças de alto potencial alastrador e para detecção de surtos

Útil para a detecção de surtos/epidemias devido à patógenos transmitidos pela água


0

10

20

30

40

50

60

701 4 7 10

13

16

19

22

25

28

31

34

37

40

43

46

49

52

Semanas epidemiológicas

Caso

s de D

DA

MDDA EM GENERAL SALGADO - 1998


0

1 0

20

30

40

50

60

70

1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 20 2 22 23 24 25 26 27 28 29 30 3 32 33 34 35 36 37 38 39 40 4 42 43 44 45 46 47 48 49 50 5 52


0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55


Nú

me

ro d

e c

as

os

de

do

en

ça

s d

iarr

eic

as

ag

ud

as


Surto de Cyclospora cayetanensis

0102030405060708090

1001 6

11

16

21

26

31

36

41

46


Nú

me

ro d

e C

as

os

de

Dia

rré

ias


Número de surtos de DTHA por etiologia, no ESP, nos anos de 1995 a 2001

0

20

40

60

80

100

120

140

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001

BactériasVírusParasitasQuímicosIgnorado

Distribuição dos surtos de DTA por etiologia, no ESP - 1995

0

20

40

60

80

100

120

140

Bactéria Virus Parasitas Químico Ignorado

1995

Distribuição dos surtos notificados segundo a fonte causadora, no ESP - 1995

01020304050607080

1995

Distribuição dos surtos notificados como a fonte causadora “Água” por agente etiológico,

no ESP - 1995

02468

1012141618

S. sonnei +Giardia

Hep A Ignorado

1995

Distribuição dos surtos notificados como a fonte causadora “água + alimentos” por

agente etiológico, no ESP - 1995

0

1

2

3

4

5

6

7

8

Hep A Ignorado

1995


0102030405060708090

2000

0102030405060708090

100

Água "Água +Alimento"

Alimento Ignorado

2000

Distribuição dos surtos de DTA segundo a fonte causadora no ESP - 2000

Distribuição dos surtos notificados como a fonte causadora “Água” por agente

etiológico, no ESP - 2000

0123456789

10Ig

nor

ado

Sal

mon

ella

Hep

A

Nor

wal

k

Cyc

losp

ora

2000

Distribuição dos surtos notificados como a fonte causadora “Água + Alimento” por agente


0

1

2

Sh

igel

la s

onn

ei

Cry

pto

spor

idiu

m

2000

0102030405060708090

100S

alm

onel

la

E. c

oli

Shi

gella

C. p

erfr

inge

ns

Gia

rdia

Cry

ptos

pori

dium

Rot

avir

us

Hep

A

Igno

rado

Out

ros

2001


0

20

40

60

80

100

120

Água Água +Alimento

Alimento Água +Pessoa-

a-Pessoa

Pessoa-a-Pessoa

Ignorado

2001

Distribuição dos surtos de DTA segundo a fonte causadora no ESP - 2001

0

12

34

56

78

910

Shigella Rotavirus Hep A Ignorado

2001

Distribuição dos surtos notificados como a fonte causadora “Água” por agente


0

1

2

3

4

5

6

7

8

Ignorado

2002

Distribuição dos surtos notificados como a fonte causadora “Água + Alimento” por agente


0

1

2

cryp

tosp

orid

ium

giar

dia

2001

Distribuição dos surtos notificados como a fonte causadora “Água + Pessoa-a-pessoa” por

agente etiológico, no ESP - 2001

0

1

2

Cry

pto

spor

idiu

m

Hep

A

Rot

avír

us

2001

Distribuição dos surtos notificados como a fonte causadora “Pessoa-a-pessoa” por agente



Considerações• A investigação de surtos deve ser rigorosa e se

embasar em critérios clínicos (quadro clínico, tempo de incubação, duração da diarréia, etc.), em estudos epidemiológicos e testes de laboratório em tempo oportuno

• Os surtos devido à água apontam para deficiências no sistema de tratamento e distribuição da água, para a necessidade de revisão das tecnologias de tratamento da água e de seu controle de qualidade - são bons indicadores dos problemas

• Vírus e parasitas são resistentes às técnicas tradicionais de desinfecção e provocam doenças a partir de baixas concentrações dos patógenos na água

• Os vírus e parasitas são de difícil detecção na água e alimentos em geral, e exigem técnicas laboratoriais mais sofisticadas; inclusive dificultam monitoramentos de rotina de potabilidade da água

• Surtos de grande proporção, espalhados na comunidade, geralmente, estão associados à água e devidos à parasitas e/ou vírus


• Recomendações:

• 1) Ênfase na investigação epidemiológica de surtos de DTHA

• 2) monitoramentos de estrutura física da rede com inspeções de rotina periódicas tem se mostrado eficazes para a prevenção de acidentes e contaminações por diversas causas, além dos monitoramentos de potabilidade em distintos pontos;

• 3) estudos epidemiológicos para construção de parâmetros de contaminação patógeno/água são necessários

• 4) monitoramento de patógenos nas fontes de abastecimento/estudos dos tipos de contaminação - eliminação das causas de contaminação [EPA].


DIVISÃO DE DOENÇAS DE TRANSMISSÃO HÍDRICA E ALIMENTAR - CVE/SES-SP

Nosso site na Internet• http://www.cve.saude.sp.gov.br

Nosso e. mail• [email protected]

Nosso telefone• 0XX 11 3081-9804

Telefone para a notificação de surtos 24 horas/Orientações técnicas • 0800-55 54 66

A ÁGUA NA EPIDEMIOLOGIA DAS DOENÇAS Divisão de Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar -...

Documents

Transcript of A ÁGUA NA EPIDEMIOLOGIA DAS DOENÇAS Divisão de Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar -...