A Antiguidade Tardia em Textos - Religiosidades - André Bueno
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8/13/2019 A Antiguidade Tardia em Textos - Religiosidades - Andr Bueno
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Religiosidades
. A questo do Paganismo O pensamento pago duranteo perodo da Antiguidade Tardia.
. O Cristianismo O nascimento do cristianismo, suadifuso e as primeiras controvrsias; o probema dasprimeiras !eresias.
. "uereas reigiosas em #i$%ncio &m #i$%ncio, osprobemas igados a constru'o da (gre)a e doCristianismo.
. O &itismo Pago* Peter #ro+n anaisa a sociedade pag
durante a antiguidade tardia, mostrando o desgaste doscutos antigos em rea'o a ordem socia. Comentado por
http://antiguidadetardia.blogspot.com/2008/03/questo-do-paganismo.htmlhttp://antiguidadetardia.blogspot.com/2008/02/o-cristianismo.htmlhttp://antiguidadetardia.blogspot.com/2008/04/querelas-religiosas-em-bizncio.htmlhttp://antiguidadetardia.blogspot.com/2008/04/o-elitismo-pago.htmlhttp://3.bp.blogspot.com/__tpvm2sAn44/R_OxsiSTGFI/AAAAAAAAAEk/ewjpJs6I6zw/s1600-h/cristus.bmphttp://antiguidadetardia.blogspot.com/2008/03/questo-do-paganismo.htmlhttp://antiguidadetardia.blogspot.com/2008/02/o-cristianismo.htmlhttp://antiguidadetardia.blogspot.com/2008/04/querelas-religiosas-em-bizncio.htmlhttp://antiguidadetardia.blogspot.com/2008/04/o-elitismo-pago.html -
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Caros Amir atias.
. A (gre)a na continua'o, Peter #ro+n anaisa odesenvovimento da (gre)a na Antiguidade Tardia e seusv-rios aspectos sociais. Comentado por Caros Amiratias.
. O onasticismo* O desenvovimento da vida mon-sticae a estrutura'o do cristianismo. Comentado por CarosAmir atias.
. Oriente e Ocidente A Carne* O fec!o da an-ise de#ro+n sobre a (gre)a na antiguidade tardia, comentadopor Caros Amir atias
. A (gre)a nos "uadros do (mprio /omano* Por 0ernanda&spinosa, uma antoogia de te1tos sobre a consoida'o da(gre)a Crist na Antiguidade Tardia.
A questo do Paganismo
C23TO4 O/(&5TA(4 & 4(5C/&T(4O
5o que concerne ao paganismo, a infu6ncia do Oriente manifestou*
se de maneira intensssima desde o Ato (mprio e no retomaremos
as indica'7es )- fornecidas acerca das causas e dos caracteres das
grandes correntes que ea ento determinara. Coube*!es afir*
marem*se no scuo ((( e com for'a ainda maior.
0oi esta a poca, efetivamente, em que os cutos de divindades
orientais con!eceram maior 61ito. Para nos imitar aos principais,
os de 8sis, de Cibee e, principamente, de itra atingiram o apogeu
de sua difuso, faciitada doravante, no mais apenas pea
toer%ncia, mas pea adeso pessoa dos imperadores. &m 9:, 4ti*
mo 4evero ceebrou em 3io, por um grande taurob
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4erapeum e mandou adaptar um santu-rio de itra nos subterr%*
neos de suas grandes termas. O epteto de itra, invictus =invicto>,
passou ? ista de ttuos imperiais, e uma inscri'o oficia do tempo
de @ioceciano mostra*nos que este deus se transformou ento no
patrono do (mprio.
0oi esta tambm a poca em que com maior for'a se afirmou,
contando com o apoio do poder, a tend6ncia ao sincretismo. eio*
g-bao deu*!e uma forma e1agerada e ridcua pea pomposa
ceebra'o das nBpcias do #aa de &mesa, de que era o sumo*
sacerdote e cu)o nome tra$ia, com Ceestis, isto , Tanit, vinda de
Cartago por sua iniciativa. @a mesma forma, foi para o santu-riopor ee edificado ao seu deus que mandou transportar o fogo de
esta, os escudos sagrados de arte, a pedra negra da Drande e,
isto , Cibee, origin-ria de Pessinunte e introdu$ida em /oma peo
4enado no fim da segunda guerra pBnica, etc. as, pondo*se de
parte as e1travag%ncias, !avia maior sensibiidade em rea'o ao
que apro1imava as divindades do que ao que as separava. Tave$ se
e1perimentasse tambm o dese)o instintivo de evantar, frente ao
@eus dos cristos, um deus Bnico, concentrando em si todas asenergias c
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competamente eaborado e ensinado em /oma, entre GHH e GI
apro1imadamente, por um grego do &gito, Potino. &ncontramos a
as mesmas tend6ncias da poca, tanto o fervor e1atado e o apeo ?
sensibiidade, como a associa'o com fundo patFnico de eementos
provindos de doutrinas bastante diversas, em especia o
pitagorismo, o aristoteismo e o estoicismo.
Potino convidava o pensamento a conceber, por um ousadssimo
esfor'o de abstra'o, uma 2nidade absouta da qua procede, como
por uma srie de refe1os cada ve$ mais degradados, tudo o que
e1iste, ra$o, ama e corpo. A reaidade aparente interessava*!e
apenas pea ordem nea introdu$ida peo 4er primeiro, em que sefundem e !armoni$am todas as coisas. 2m impuso interior impeia*
o, pois, para a unidade divina. as seu monismo era tambm um
pantesmo e acomodava*se mesmo com o poitesmo, pois todos os
deuses so emana'7es do 4er; ademais, entre o mundo divino, ao
qua pertencem os astros, e o mundo terrestre, e1iste uma
mutido de demFnios que o !omem no pode negigenciar.
5a reaidade, o sistema evava a recomendar um esfor'o derenBncia asctica da ama frente ?s reaidades sensveis. 4e este
maograsse, a ama imorta encarnar*se*ia em animais e at em
categorias mais inferiores, isto , em pantas. 4e tivesse 61ito,
viveria ? u$ dos astros, c!egando, finamente, a absorver*se na
fuso em @eus. as o 61ito dependia do 61tase mstico que,
proporcionando a iumina'o sobrenatura, a viso e a certe$a da
feicidade suprema, constitua a Bnica possibiidade de estabeecer
contato com esta. Assim sendo, o neopatonismo desviava o esprito
do raciocnio; este era empregado apenas para provar sua pr
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tambm no constituam novidades e eram sustentadas por
inBmeros c!arates. Jpoca aguma, peo menos no mundo greco*
romano, acreditou com tanta intensidade na a'o imediata e
quotidiana de for'as superiores sobre o !omem, por conseguinte,
na adivin!a'o, na astroogia, magia e feiti'aria.
2ma das obras iter-rias de maior 61ito at meados do scuo ( foi
a ida de ApoFnio de Tiana, redigida, a pedido da mu!er de
4timo 4evero, EBia @omna, por um retor grego de seu crcuo,
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de aguns dees, fi
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ainda, at a restaura'o da independ6ncia grega no scuo N(N.
Euiano, em particuar, atribuiu*!e constantemente este sentido,
para ee audat
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se considerar fi
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mentais dos fi
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uma doutrina, cu)os tra'os em seguida especificou, )- quando
refugiado na Ksia, onde continuou a po6mica, que ficou igada a
seu nome contaminado pea carne e tendo sofrido a morte, Cristo
nada pode apresentar de divino, nem pode ter e1istido em toda
eternidade; foi criado por @eus, como intermedi-rio entre este e a
terra, de subst%ncia absoutamente distinta da divina. &ste
sacerdote de Ae1andria recebera um ensinamento em Anti
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mesma subst%ncia>. as a resist6ncia dos arianos reabriu e proon*
gou a discusso, sobretudo quando tiveram o apoio do imperador
Const%ncio ((. &stes c!egaram a cindir*se em v-rios grupos. 2ns,
moderados, aceitavam definir Cristo como sendo de subst%ncia
seme!ante =!omoiusios> a @eus, podendo o ad)etivo grego !omoios
receber duas interpreta'7es de nature$a an-oga ou seme!ante.
Os outros, radicais e1tremistas * e Const%ncio acabou por favorec6*
os *, negavam a seme!an'a e optavam pea inferioridade absouta
de Cristo. Os concios, reunidos em 4irmium, em U e UV,
aceitaram sucessivamente, sob a presso do (mperador, tr6s f
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bispo de Poitiers, 4anto i-rio, e peo de io, 4anto Ambr
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empa!ado. A doutrina tomara de emprstimo ao masdesmo irani*
ano a idia de um duaismo fundamenta, a oposi'o entre o bem e
o ma, associando*!e, porm, eementos de proced6ncia budista,
crist e gn
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supersti'7es. As concess7es ou as transfer6ncias a que teve de
ceder apenas mostram ainda me!or a for'a dos !-bitos que no
puderam ser abandonados peos novos conversos.
&stes conseguiram impor certas festas. O ritua das 4aturnais
infuenciou o carnava, ceebrado na data das 3upercais. Cutos
pagos feste)avam o nascimento de seu deus tornou*se necess-rio
ceebrar tambm o nascimento do Cristo. ouve !esita'7es quanto
? data. &sco!eu*se iniciamente o Y de )aneiro, data em que se
feste)ava no &gito o nascimento de uma crian'a concebida,
tambm, por uma virgem. @epois, no scuo (, esta data dei1ou de
ser a do 5ata e tornou*se a da &pifania, pois os romanosimpuseram a toda a cristandade o G de de$embro; este dia, desde
o scuo ( a. c., correspondia para ees ao sostcio do inverno e
quiseram consagrar a Cristo a festa que ento ceebrava o nasci*
mento do 4o.
A f popuar impFs a manuten'o de ugares sagrados, incuindo
fontes, careiras, etc. (mpFs os an)os, as imagens, os amuetos, o
desenvovimento do cuto dos m-rtires e de suas requias.
&nfim, dirigindo*se agora para as massas, o cuto de uma reigio
triunfante no mais podia ceebrar*se como o de pequenos grupos
coagidos ao segredo pea persegui'o. Ta fato acarretou uma
separa'o mais ntida entre os fiis e o cero. Acima de tudo, este
se cercou da pompa que !e permitia a rique$a da (gre)a. u*
tipicou, aumentou e embee$ou as basicas. Adotou uma iturgia
mais minuciosa. Associou ? prece, ?s eituras em vo$ ata e ? comu*
n!o com cerimonia e1terior de gestos, cantos e mBsica capa$es
de sustentar e e1atar todos os fervores, tanto entre as eites como
entre os simpes.
Assim, peo bri!o de suas moradas divinas, pea nobre$a de seus
ritos e pea magnific6ncia de suas festas, o Cristianismo pro*
porcionava aos seus crentes tanto ou mais do que o paganismo. &,se aguns deuses !aviam acenado aos !omens com promessas de
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sava'o an-ogas, o seu ensinamento contin!a ao menos um ee*
mento novo a caridade; para ee, a f nada era sem as a'7es e,
seguindo seu apeo, como )- o demonstramos, estas se mutipica*
ram a fim de tentar um avio das misrias !umanas. Q"ue nossos
sacerdotes provem seu amor ao pr ist
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reigiosos, pois, oficiamente, encontram*se na origem de cis7es
que duram at !o)e.
A diverg6ncia essencia, em teoogia, di$ia respeito ? dupa
nature$a, !umana e divina, de Cristo. Para uns, empen!ados em
subin!ar a unidade divina, a e1ist6ncia !umana e a Pai1o tendiam
a ser apenas apar6ncias tratava*se dos monofsitas. Para outros,
eram reaidades absoutas, mas to distintas da nature$a divina que
os sofrimentos de uma no ateravam a perfei'o da outra eram,
segundo o nome do patriarca de Constantinopa, 5est, ao qua se igavam, os nestoranos. A bem di$er, ambas as dou*
trinas, coocando @eus ? parte da Pai1o, comprometiam a /eden*'o; destarte, o que se tornou a ortodo1ia greco*romana afirmou a
unio das nature$as, mistrio insond-ve ao !omem. Os nestoria*
nos, iniciamente acusados pea infu6ncia monofisita, onipotente
no scuo , encontraram sua -rea de e1panso no (mprio 4ass%*
nida. O monofisismo conquistou os principais adeptos entre os
semitas, que nee recon!eciam suas tradi'7es de intransigente mo*
notesmo; conquistou, iguamente, os coptas e, menos
rigorosamente, os arm6nios. A Qortodo1iaQ conservou os gregos,am de /oma, sendo considerada em agumas partes a reigio dos
sen!ores estrangeiros. Os patriarcas de Antioquia e Ae1andria *
sobretudo Cirio de Ae1andria, no scuo *an'aram*se no
monofisismo para opor*se ao seu coega de Constantinopa, cu)o
ugar )unto ao Poder inve)avam. as sabiam que contavam com
seus povos, por intermdio dos monges.
ais cedo do que no Ocidente, e sob formas bem diferentes, o
monaquismo assumira, no Oriente, consider-ve ampitude, tanto
nas regi7es gregas corno arm6nias ou coptas. (nspirava*se, gera*
mente, nos ensinamentos de 4o #asio; os monges professavam
um idea de ascetismo e 61tase. 2ns viviam em comunidade, como
os do mosteiro fundado por 4o 4abas em Eerusam =scuo >;
outros viviam soit-rios, corno os discpuos de 4o 4imeo &stiita,
que passavam a vida, a e1empo de seu mestre, sobre counas, nacontempa'o de @eus. O prestgio desses santos !omens era
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imenso )unto ao povo, e seu nBmero aumentava incessantemente;
associar*se*!es era uma forma de evaso das prova'7es e
constrangimentos deste mundo. 4eu e1empo e sua paavra
fustigavam o vcio, a rique$a e o poder; ma enquadrados peos
bispos, constituam um eemento de permanente indiscipina, e
foram ees que subevaram as massas na ocasio ou sob prete1to
das quereas teo, ogo Arm6nia, cada uma com sua ngua itBrgica e sua
!ierarquia pr
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foi, na poca de seu sucessor Constante ((, um tr-gico confito com
o pontificado, que aienou ao (mperador seus sBditos itaianos, e
com um partido grego, c!efiado peo monge -1imo, o Confessor. A
conquista -rabe, arrebatando a #i$%ncio seus sBditos orientais,
acabaria por inutii$ar a tentativa monoteista e, na segunda meta*
de do scuo, o governo bi$antino renunciaria a este ensaio.
C/O2&T, . =org.> ist
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transforma'o que come'a com o !omem \cvicoQ da poca dos
Antoninos e termina com o bom cristo, membro da (gre)a cat
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outras cidades t6m uma ua to grande como a nossaRQ, pergunta
um menino num ivro c
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que devem preenc!er a vida de um indivduo da casse superior.
Considera*se a educa'o iter-ria como parte de um processo de
educa'o mora mais ntimo e e1igente. Acredita*se tambm que a
assimia'o meticuosa dos c-ssicos iter-rios acompan!a um
processo de forma'o mora a forma correta dos interc%mbios vet*
bais testemun!a a capacidade das pessoas da casse superior de
adotarem a forma corre ta dos interc%mbios interpessoais com seus
pares na cidade. Ao menos tanto quanto o controe da inguagem, o
controe muito estudado da postura constitui a marca do !omem
Qbem*nascidoQ na cena pBbica. Tra'os de comportamento que
nossos contempor%neos tenderiam a re)eitar como insignificantes *o controe atento dos gestos, dos movimentos dos o!os e at da
respira'o * so cuidadosamente observados peos !omens desses
scuos, pois indicam conformidade ?s normas morais da casse su*
perior. @a poca !eenstica ao reinado de Eustiniano, a seqL6ncia
ininterrupta de eptetos ison)eiros prodigai$ados nas -pides da
Ksia enor aos Qbem*nascidosQ trai mais que um voto piedoso; o
pape centra dos ad)etivos que ressatam rea'7es comedidas e
!armoniosas com os pares e a cidade, praticamente e1cuindo ou*tros vaores, revea o fardo das e1pectativas que pesaram sobre o
indivduo bem*sucedido.
@(4T`5C(A 4OC(A3
Aquio que quase se poderia c!amar de Q!ipocondria moraQ forma
uma s
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2ma imagem especfica do corpo, feita de um am-gama de no'7es
!erdadas do ongo passado da medicina grega e de fiosofia mora,
apresentada como a sede fisio
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se1uais. 5o se estabeece distin'o entre amor !omosse1ua e
amor !eterosse1ua; o pra$er fsico visto como uma continuidade
sub)acente entre os dois o pra$er se1ua, enquanto ta, no do
!omem. A vergon!a que pode estar igada a uma rea'o !o*
mosse1ua reside apenas no Qcont-gio moraQ que pode evar um
!omem das casses superiores a submeter*se ou fisicamente, ado*
tando uma posi'o passiva no ato se1ua, ou moramente,
entregando*se a um inferior de quaquer se1o. As rea'7es entre
!omens e mu!eres esto su)eitas ?s mesmas imita'7es. As inver*
47es da verdadeira !ierarquia * da qua constitui um e1empo tpico
a pr-tica da se1uaidade ora com uma parceira * so as mais
reprovadas e =ser- preciso di$erR> estimuantes formas de degrada*'o, sob o efeito do Qcont-gio moraQ de uma pessoa inferior a
mu!er. O medo da efemina'o e da depend6ncia emociona, fun*
damentado na necessidade de manter a imagem pBbica de um
!omem reamente integrado ? casse superior, e no em escrBpuos
reativos ? se1uaidade em si, determina o c
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Atravs da \\efemina'oQ, supostamente resutante de pra$eres
se1uais e1cessivos com parceiros de ambos os se1os, a
compac6ncia se1ua pode com efeito corroer a superioridade
incontestada do Qbem*nascidoQ.
#O PA/A O POO
@a tambm o particuarismo restritivo dos c
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cidade.
Tampouco nos deve surpreender a onga sobreviv6ncia da in*
diferen'a com rea'o ? nude$ na vida pBbica romana. &ssa socie*
dade no est- presa ? generai$a'o impcita da vergon!a se1ua.
A nude$ do ateta continua sendo um indcio de posi'o para os
Qbem*nascidosQ. O pape essencia dos ban!os pBbicos como pontos
de reunio da vida cvica fa$ da nude$ entre os pares e diante dos
inferiores uma e1peri6ncia cotidiana inevit-ve. Como vimos, os
c
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do governador romano adeado por sua guarda de !onra miitar, que
empun!a o g-dio e o dardo do egion-rio. Para que a vida das
cidades continue, a discipina e a soidariedade das eites ocais e
sua capacidade de controar seus administrados devem ser
mobii$adas ainda com mais consci6ncia do que antes. 2m sen*
timento de discipina pBbica evado a penetrar mais profunda*
mente nas vidas privadas dos not-veis o pre'o a pagar para
manter o status quo da ordem imperia. @a a profunda mudan'a da
atitude com rea'o aos con)uges no decorrer do scuo ((.
A4 23&/&4
Ao ongo das gera'7es precedentes, no fina da /epBbica e nocome'o do (mprio, as mu!eres dos !omens pBbicos eram tratadas
como seres perifricos que no contribuam em nada * ou bem
pouco * para o pape pBbico de seus maridos. A conduta dessas
Qcriaturin!asQ e as rea'7es com o esposo no tin!am grande
interesse para o mundo e1cusivamente mascuino dos poticos.
&as podiam minar o car-ter de seu !omem pea sensuaidade;
podiam at !e inspirat uma imprud6ncia !er
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a concordia, virtude potica e socia crucia em /oma, mostravam
outrora poticos mascuinos unindo a mo direita em sina de
aian'a; no tempo de arco Aurio sua pr
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ficante mensagem.
O fi
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fragmentos reco!idos nas resid6ncias dos not-veis do perodo que
nos ocupa. as no sobreviveu nem um peda'o de papiro * ou quase
* dos te1tos dos moraistas fi
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8/13/2019 A Antiguidade Tardia em Textos - Religiosidades - Andr Bueno
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Toda pessoa que se debru'ou sobre os escritos cristos ou sobre os
papiros cristos, como os te1tos encontrados em 5ag ammadi,
percebe que a obra dos fi
ist
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estritamente li$ada a uma cultura tradicional" Para que isso ocorra
acontece um interc)m%io entre as pessoas de classes superiores,
para que ha*a uma assimilao de todas as re$ras+ ento desde a
inf)ncia, o *ovem estuda com outros *ovens de mesma condio,
%asicamnte ele aprende os clssicos literrios e aprende a se
portar como um %em nascido controlando suas emo#es e $estos"
- $rande medo o conta$io moral, ou se*a, comportamentos
inadequados a sua posio social,em suma, um %em nascido tem de
constantemente se autovi$iar para no perder o equili%rio de suas
emo#es para que no acontea que sua sa.de tam%m fique
pre*udicada"
ssa preocupao com o equili%rio emocional tam%em interfere nas
rela#es se&uais, mas por incrivel que parea no h distino
entre o amor homosse&ual e o amor heterosse&ual"- prazer no
afeta a moral em si, o que *ul$a/se com ri$or o efeito que esse
prazer causa na vida p.%lica do homem" A ver$onha do ato se&ual
est li$ada a su%misso do homem de classe superior numa relao
homosse&ual, que tam%em valido numa relao heterosse&ualonde condenado o se&o oral com a parceira, ou se*a o c(di$o de
conduta nas rela#es se&uais nada mais do que o refle&o da
sociedade onde o homem de classe superior no pode se su%meter
aos seus inferiores e tam%em tem de controlar seus calores"
- que podemos notar que mesmo antes do cristianismo se firmar
como reli$io dentro do mperio !omano *a se tinha uma
preocupao com as rela#es se&uais,mas no como pecado,mas
sim como c(di$o moral,ento podemos aca%ar com a ideia de que
os pa$os eram or$isticos e li%ertinos e que somente com o
cristianismo que h uma moralizao do se&o"
Apesar de todos esses c(di$os morais os notveis tam%em
mostravam seu outro ''eu''p.%lico ,vale lem%rar por e&emplo
que era a aristocracia que patrocinava as san$rentas lutas entre$ladiadores"0am%em no eram todos os notveis que se$uiam esses
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codi$os de conduta,vale lem%rar de 0eodora mulher de
Constantino que era totalmente diferente das mulheres
respeitveis das classes superiores que eram um pouco mais que
nada na vida p.%lica de seus maridos ainda com o a$ravante de
serem acusadas de estra$ar o carter do homem por causa de sua
sensualidade"
-s fil(sofos em todo esse conte&to podem ser considerados como
''missionrios morais'' do mundo romano, tentavam convencer os
$randes homens de que tinham de viver a altura de sua condio
social ,mas ao que parece eles no eram muito apreciados pelas
elites"1omente com a filosofia crist sur$e uma moral universalistae um sentimento de i$ualdade entre os homens e ocorre uma
democratizao da contracultura dos filosofos feita pelos
diri$entes da $re*a"
Podemos concluir que, mesmo com toda a influencia crist, que
pre$a a i$ualdade entre os homens, ainda temos traos daquela
moral pa$ de distanciamento social em nossa sociedade atual"
A Igreja
O 5OO &4PAWO P#3(CO
A ascenso da domina'o do !omem ceibat-rio na (gre)a crist nos
eva ao reinado de Constantino e am. O que as diversas formas de
ceibato t6m em comum desde o primeiro perodo a vontade decriar um espa'o\ \pBbicoQ firmemente tra'ado no seio da vaga
federa'o de famias que comp7em a comunidade crist. 2m
espa'o QpBbicoQ criado no pr
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rigida e representada em pBbico por !omens ceibat-rios, perante
a sociedade Qdo mundoQ, na qua imperam o orgu!o dos !omens de
Qcora'o divididoQ, a ambi'o e as soidariedades tena$es de famia
e parentesco.
Ta ceibato freqLentemente assume a forma da abstin6ncia se1ua
dos cFn)uges. &m gera adotado em idade madura e mais tarde
ser- imposto aos padres com mais de trinta anos. J sob essa forma
que o ceibato se torna a norma esperada do cero citadino mdio
no perodo da Antiguidade tardia. 5o se trata de uma renBncia
e1cessivamente impressionante. Os !omens da Antiguidade
consideram a energia se1ua como uma subst%ncia vo-ti, rapi*damente esgotada nos QcaoresQ da )uventude. As duras reaidades
da mortaidade numa sociedade antiga asseguram uma reserva
permanente de viBvos srios, disponveis desde o incio da idade
madura e ivres para se entregar, Qesgotada toda pai1oQ, ?s ae*
grias mais pBbicas do cargo cerica. Assim, o ceibato designa de
modo inequvoco a e1ist6ncia de uma casse de pessoas que ocupa o
centro da vida\ \pBbicaQ da (gre)a, precisamente porque se
subtraram em definitivo ao que considerado como o mais privadona vida do eigo mdio Qno mundoQ. (nspirado por uma (embran'a
err
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comunidade sente de um espa'o pBbico definido de maneira to
caracteri$ada na pessoa de seus dirigentes deve reamente ser
muito forte.
A (D/&EA 5O PO@&/
Certamente foi o caso da (gre)a crist do scuo (((. Por vota do ano
UII de nossa era, a (gre)a torna*se uma institui'o ? qua s< fata
essa denomina'o. &m GHV, a (gre)a de /oma disp7e de um cero de
9 membros e mantm cerca de 9II viBvas e pobres. Ta grupo,
independentemente dos reigiosos reguares, to numeroso como
a mais importante corpora'o da cidade. J na verdade um grupo
enorme numa cidade em que as agremia'7es cuturais e asconfrarias funer-rias contam seus membros ?s dB$ias. ais
reveador, tave$, o papa Cornio apresenta essas estatsticas
impressionantes como uma das )ustifica'7es de seu direito a ser
considerado como o bispo da cidade. Cipriano, seu partid-rio, tem
o cuidado de subin!ar Qa deicade$a mora da castidade virginaQ de
Cornio, que se repugna de conservar um ato cargo. &stando em
)ogo em cada grande cidade do (mprio responsabiidades e
recursos to impressionantes, o ceibato e a inguagem do poderdevem se aiar ostensivamente na cena mais vasta da vida urbana
romana. Porque so ceibat-rios e por isso Qdesigados do mundo\ Q
no fina do scuo ((( os bispos cristos e o cero tornam*se, aos
o!os de seus admiradores, uma eite igua em prestgio ?s e9ites
tradicionais dos not-veis citadinos.
J a essa (gre)a condu$ida com firme$a por rais dirigentes, que a
converso do imperador Constantino em U9G confere uma posi'o
inteiramente pBbica, que se revear- decisiva e irreversve ao
ongo do scuo (. as primeiro votemos atr-s para considerar a
transforma'o das eites cvicas e de suas cidades ao ongo do pe*
rodo precedente, que cumina durante os ongos reinados de
Constantino e seus fi!os.
2A 5O#/&A A 4&/(WOO (mprio que Constantino governa como cristo decarado de U9G a
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UU difere profundamente da sociedade citadina Qc-ssicaQ da poca
antonina. A reaidade esmagadora de um imprio de porte mundia,
sensve desde as origens, torna*se sensve demais ?s cidades.
@epois de GUI, os consider-veis aumentos dos impostos so
necess-rios para manter a unidade e a defesa do (mprio. 5as
economias da Antiguidade, aumentos representavam muito mais
que um aumento da propor'o do e1cedente do qua o governo
imperia se apropriava. A casse superior deve ser reestruturada
para obter ivre acesso a ta e1cedente. As antigas e1onera'7es
ocais e a ve!a repugn%ncia em comprometer a posi'o dos ricos
com impostos diretos so re)eitadas. A interven'o direta nos
neg
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5o fina do scuo (((, entretanto, esses fatos so aceitos como o
esquema de base segundo o qua a sociedade romana deve se
organi$ar para sobreviver. O (mprio /omano tardio uma
sociedade dominada e1picitamente por uma aian'a entre os
servidores do imperador e os grandes propriet-rios de terras que
coaboram para controar os camponeses su)eitos ao imposto e para
impor a ei e a ordem nas cidades. A franca domina'o de aguns ?
custa de seus pares\ \bem*nascidosQ um fato estabeecido sem
ambigLidade peos potentes dos reinados de Constantino e seus
sucessores. Os c
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nas grandes cidades como /oma, Cartago, Anti
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t6m ao ado grandes saas para as recep'7es de cerimFnia, e muitas
ve$es possuem numa e1tremidade uma abside para os pequenos
banquetes. Assembias soenes do grupo de iniciados que dirige a
cidade, essas recep'7es diferem muito dos magnficos banquetes
cvicos abertos sem discrimina'o aos cientes, aos ibertos, aos
amigos e concidados, como aquees em cu)o decorrer Pnio, o
Eovem, tr6s scuos antes, prodigai$ava aos amigos e ibertos suas
reservas de vin!o medocre. uitas obras*primas da estatu-ria
c-ssica que outrora se erguiam ao redor ou no interior do foro
instaaram*se sem incidente nos vastos p-tios de entrada desses
pa-cios. (ndicam o direito dos potentes de tomar e preservar,
segundo suas pr
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a esse saecuMum, mesmo que agora se)a a f nomina dos po*
derosos.
A comunidade crist permanece unida atravs de uma miragem
muito particuar a da soidariedade, que doravante pode e1primir*
se abertamente no decorrer de cerimFnias na basica do bispo.
Assim, conquanto no constitua reamente uma \assembia dos
santosQ, a basica crist um ugar do qua esto francamente
ausentes as estruturas do saecuum. A !ierarquia do scuo menos
ntida na basica do que nas ruas da cidade. Apesar da nova
import%ncia do cero, apesar da cuidadosa segrega'o de !omens e
mu!eres * o mais das ve$es apartados de um ado e outro dasgrandes naves da basica *, apesar da consumada !abiidade dos
poderosos para destacarem*se da massa obscura dos inferiores com
suas espetacuares vestes domingueiras bordadas com cenas dos
&vange!os, as basicas crists permanecem uma reunio de
!omens e mu!eres e pessoas de todas as casses, iguamente
e1postos, sob a tribuna do bispo na abside, ao o!ar inquisidor de
@eus. 4abemos que Eoo Cris
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conceitos, aparentemente abstratos e estreitamente interigados,
!abitam o !ori$onte do cristo da Antiguidade tardia. Apenas
afrontandoos de maneira definida )- sem equvocos peo cero
que o !omem e a mu!er comuns podero gan!ar a Qcidade de
@eusQ, cu)as decias e pra$eres francamente sensuais os mosaicos
cristos da Antiguidade tardia evocam. 5ees os cristos dessa
poca contempam o rosto eternamente beo e tranqLio dos
santos, dos !omens e mu!eres agrad-veis a @eus, que os coocou
no no QamQ assptico e etreo, nascido da imagina'o moderna,
mas no antigo Qparaso das deciasQ, Qum ugar fertii$ado peas
-guas refrescantes e de onde desapareceram a dor, o sofrimento e
as -grimasQ.
O P&CA@O
A basica crist abriga uma assembia de pecadores iguais em sua
necessidade da miseric
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os Btimos de todos so os eigos casados. 5um espa'o
especiamente designado no fundo da basica, muito onge da
abside, ficam os QpenitentesQ, cu)os pecados os e1curam dos atos
de participa'o to concretos. oramente !umi!ados, vestidos
com mais simpicidade do que sua posi'o autori$a e com a barba
por fa$er, esperam, sob o o!ar da assist6ncia, o gesto pBbico de
reconciia'o de seu bispo. Ss ve$es a !ierarquia do saecuum e a
iguadade perante o pecado se c!ocam, e as conseqL6ncias so
memor-veis em Cesaria, #asio recusa as oferendas do imperador
!ertico aente; em io, Ambr
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qua o citadino, !abituado a ver essas desagrad-veis runas
!umanas como e1ce'7es amea'adoras para a regra da antiga co*
munidade cvica de cidados, concede ao pobre a priviegiada po*
si'o de smboo da miser-ve condi'o da !umanidade da qua
participa seu eu que pecador. A esmoa torna*se uma anaogia
poderosa da rea'o de @eus com o !omem pecador. Os gemidos
que os mendigos dirigem aos fiis que entram na basica para re$ar
preudiam os apeos desesperados dos fiis ? miseric
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reu$entes, de cima para bai1o ? maneira da antiga munificncia
cvica, veado pea garoa eve mas persistente das esmoas
cotidianas do cristo pecador aos desgra'ados an
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cidade do scuo (; deiberadamente se associa em pBbico a essas
categorias de pessoas cu)a e1ist6ncia fora ignorada peo antigo
modeo QcvicoQ dos not-veis urbanos. 4egundo os termos dos
C-nones de santo Atan-sio Q2m bispo que ama os pobres rico, e a
cidade e sua circunscri'o o !onraro\ \. @ificimente se podia
dese)ar um contraste mais agudo com a imagem QcvicaQ que os
not-veis ostentavam dois scuos antes.
A comunidade crist que cresce paraea ? cidade antiga, onde est-
onge de ser dominante no scuo (, criou, todavia, atravs de suas
cerimFnias pBbicas, seu tipo pessoa de uma nova forma de espa'o
pBbico, dominado com seguran'a por um novo tipo de personagenspBbicos apoiados com firme$a por mu!eres ceibat-rias, os bispos
ceibat-rios fundamentam seu prestgio sobre sua capacidade de
QaimentarQ uma nova categoria de pessoas, a categoria anFnima e
profundamente anticvica dos pobres sem ra$es e abandonados. 5o
scuo , as cidades do editerr%neo passam por novas crises. As
gera'7es que precedem e seguem imediatamente o ano HII
con!ecem importantes cat-strofes urbanas, como o saque de /oma
peos visigodos em H9I, e o surgimento de bispos infuentesAmbr
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facimente recon!ecveis, inseriras, com poucas varia'7es, em
rodas as tumbas crists. A surpreendente variedade de inscri'7es
funer-rias pags e da arre funer-ria pag testemun!a uma socie*
dade pouca rica em opini7es comuns referentes ? morre e ao am.
A tumba era ento um ugar privado porm priviegiado. A pessoa
morta, sustentada por seus grupos tradicionais * a famia, os pares,
os associados funer-rios e, no caso dos grandes, a pr
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desaparecidos. &, uma ve$ introdu$ida no recinto da basica, a
democracia do pecado estende*se para am do tBmuo de modo
inconcebve para os pagos. O cero pode recusar as oferendas
feitas em nome de membros no converridos da famia, de
pecadores no arrependidos e de suicidas.
2ma nova acep'o da e1presso \terra consagradaQ persisten*
temente atrai os morros ? sombra das basicas. Drandes cemittios
cristos, administrados peo cero, e1istiram em /oma desde o
incio do scuo (((. Comportavam gaerias subterr%neas
cuidadosamente construdas c concebidas de ta modo que grande
nBmero de pobres encontravam seputura. 9a!ados em nic!ossuperpostos nas catacumbas, tais tBmuos constituem ainda !o)e os
testemun!os sienciosos da determina'n do cero de agir como pa*
trono dos pobres. At na morte os pobres so mobii$ados as
fieiras de tBmuos !umides situadas a uma dist%ncia decente do
mausou dos ricos testemun!am a soicitucie e a soidariedade da
comunidade crist.
5o fina do scuo (, a difuso da pr-tica da depositio ad sanetos *o privigio de ser enterrado perto do tBmuo dos m-rtires * garante
que, se a comunidade crist e1igia uma !ierarquia de estima entre
seus membros, o cero, que controava o acesso a esses ugares
consagrados, erigia*se em -rbitro de ta !ierarquia. irgens,
monges e membros do cero so agrupados mais perto de numerosas
tumbas de m-rtires nos cemitrios de /oma, io e outro4 ugares.
&ssas novas eites da (gre)a urbana so seguidas de eigos !umides,
admitidos ai em recompensa de sua boa conduta crist. QProbiiano
Z ... [ a iaritas, uma mu!er cu)a castidade e bondade natura
eram con!ecidas de todos os vi$in!os Z ... [. &m min!a aus6ncia ea
permaneceu casta durante oito anos; por isso repousa neste ugar
santo.Q
(ntegrados de modo bem visve nas (gre)as crists, os mortos so
imperceptivemente retirados de sua cidade. A fim de assegurar orepouso e a permanente reputa'o de seus defuntos, a famia
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crist doravante trata apenas com o cero. As formas cvicas de
testemun!o passam a segundo pano. J s< nas pequenas cidades
itaianas tradicionais que o anivers-rio de um personagem pBbico
ainda constitui ocasio para um grande banquete cvico para os
not-veis e seus concidados. 5o scuo ( a corte imperia ceebra
pubicamente o uto do Qprimeiro cidadoQ, PetrFnio Probo, o maior
dos potentes de /oma. as, em seguida, sua mem
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Constantino possuem o mesmo presti$io na sociedade"2erealmente
o celi%ato assume a forma de a%stin3ncia se&ual dos con*4$es e
adotado em idade madura quando todos os calores da *uventude
esto es$otados"Para um homem em idade ativa ,cu*a posio
social lhe de acesso ao prazer se&ual muito dificil manter sua
condio para no dizer insuportvel"
5o sculo a i$re*a *a uma instituio %em estruturada e para os
%ispos cristos tererm o mesmo presti$io das elites tradicionais
aca%am adotando o celi%ato"A viso que os admiradores tem do
homem celi%atrio a de um homem desli$ado do mundo,uma
pessoa sa%ia e equili%rada"
- imprio de Constantino de 678 a 669 totalmente diferente da
sociedade da epoca antonina,desde 86: h um $rande aumento de
impostos que so necessrios para manter a unidade e se$urana
do imprio +mais do que o e&cedente que o $overno se apropria
ocorre uma reestruturao das classes superiores na qual os
notveis locais acresentam tam%m a posio de servos do
imperador"1o os chamados ''potentes''que controlam a cidadeem nome do imperador,mas no como na poca antonina pois
dentro da pr(pria classe superior h desi$ualdades"
nto podemos concluir que;
- mprio !omano tardio uma sociedade dominada
e&plicitamente por uma aliana entre servidores do imperador e os
$randes proprietrios de terra que cola%oram para controlar os
camponeses su*eitos aos impostos e para impor a lei e a ordem nas
cidades =, pa$ 8?8@
Perce%e/se tam%m uma mudana no comportamento do homem
p.%lico, a veste discreta da poca classica su%stituida pela to$a
cheia de ornamentos que refletem a posio social do individuo"
Brown nos lem%ra que a cidade do sculo ainda muito parecidacom a cidade do periodo clssico,ainda se tem os %anhos p.%licos,
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o Circo, o teatro e os $randiosos espetculos de feras no
hip(dromo de Constantinopla"
5a nova cena ur%ana aparecem o %ispo e a i$re*a que apesar de ter
prdios to $randiosos quanto a sala de audi3ncia do imperador
no passa de mais um elemento na sociedade"- %ispo at tem
acesso aos potentes mais A$ostinho nota que eles sempre so os
ultimos a serem reci%idospelas autoridades"Mas em contra partida
temos o e&mplo de oo Cris(stomo que quando estava em
Constantinopla torno/seimpopular pelo h%ito de acompanhar cim
os olhos cada um dos $randes proprietrios de terras que entravam
na i$re*a,seu olhar penetrante denunciava seus pecados e suasin*ustias"
Pecado, po%reza e morte so os tr3s conceitos que ha%itam a
mente do cristo da Anti$uidade 0ardia, a %asilica o local de
pecadores i$uais em necessidade de miseric(rdia,mas em
contradio perce%e/se principalmente na cerimonia de eucaristia
uma hieraquizao dos cristos, %ispo e clero so os primeiros a se
apro&imar, depois homens e mulheres castos,em se$uida os lei$oscasados e no fundo da %asilica e&cluidos da cele%rao ficam os
penitentes"Mas as vezes acontece de um $rande senhor ser
colocado *unto aos penitentes como no caso do imperador 0eodoro
que colocado *unto aos penitentes por Am%r(sio pelo fato dele
ter ordenado um massacre em 0essalnica"
A po%reza tam%m chama a ateo,$eralmente os po%res ficam na
porta da %asilica para dormir e pedir esmolas,eles representam o
estado do pecador e o remdio dos mais afortunados,oo
Cris(stomo dizia''stende a mo,no para o cu, mas para o po%re
''" Duem se presta muito vem a esse papel de proteo dos po%res
so as mulheres ricas que no final do sculo so men%ros da
aristocracia senatorial,a fortuna dessas mulheres criam laos de
patronato e de o%ri$a#es humilhantes entre o clero"
Como protetoras dos po%res e a%astados elas desfrutam de uma
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verdadeira posio p.%lica na re$io mediterranea,o mesmo ocorre
com os %ispos que so vistos como protetores dos po%res e adquire
import)ncia pela sua capacidade de alimentar os po%res
a%andonados"
ncerrando vamos analisar o conceito de morte na Anti$uidade
0ardia, a sociedade pa$ era muito po%re em opini#es referentes a
morte e ao alm,somente com o cristianismo se tem a noo de
preservar a mem(ria dos mortos $raas a uma s(lida doutrina
crist so%re o alm"-utro ponto importante de se analisar a
hierarquizao que a comunidade crist $arante aos mortos de
$rande estima que $eralmente so enterrados pr(&imos dostumulos dos martEres nos cemitrios de !oma"
A principal mudana que a elite no se preocupa tanto com os
c(di$os morais da poca antonina,se preocupa sim em servir o
imperador em prol seus pr(prios interesses,outra mudana a
i$re*a crist que apesar de pouco presti$iada vai conse$uindo se
inserir na sociedade"
O Monasticismo
O modeo do soit-rio
2m dia Constantino escreveu a santo AntFnio, sem impressionar em
nada o ve!o. AntFnio !avia dei1ado sua cidade de 0a_um na poca
em que nascia o imperador e desde agum tempo estava instaadono deserto da Tebaida. PacFmio tambm instaara seus primeiros
mosteiros antes que Constantino se tornasse imperador do Oriente.
O dito de Constantino, to famiiar ?s cidades, constitui novidade
para o mundo dos ascetas. Os monges, os monac!oi * quer di$er, os
Q!omens soit-riosQ *, proongam uma tradi'o crist muito
diferente que quase se poderia quaificar de arcaica. 4uas atitudes
espirituais e morais inspiram*se na e1peri6ncia de um ambiente
sobretudo rura, muito diverso daquee dos cristos citadinos. 5o
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scuo ( os monges do &gito e da 4ria con!ecem um sucesso de
estima e esc%ndao no mundo mediterr%neo. A ida de AntFnio, de
Atan-sio, aparece imediatamente ap
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vida organi$ada em sociedade. &stabeecem*se no equivaente
socia do continente -rtico, um espa'o considerado va$io desde
tempos imemoriais no mapa da sociedade mediterr%nea; essa no
man\s and, situada fora da cidade e que despre$a a cutura orga*
ni$ada, prop7e uma op'o outra que no a de uma e1ist6ncia im*
pac-ve e discipinada nas adeias superpovoadas.
&m seguida, assim agindo, o monge individua ficou ivre para
acan'ar por si mesmo, diante de @eus e entre seus compan!eiros,
o idea de Qsimpicidade do cora'oQ. 3iberto das tens7es inerentes
? sociedade estabeecida, enta e penosamente purificado das
sugest7es sussurradas peos demFnios, o monge ame)a possuir oQcora'o do )ustoQ, intato, to ivre dos n
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mon-stico no novo. &ngoba os aspectos mais radicais da
contracutura fios
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para que ta momento dure toda uma vida.
Am da cidade antiga
O paradigma mon-stico efetivamente nos apresenta um mundo
despo)ado de suas estruturas con!ecidas. Os encausuramentos, as
!ierarquias e as distin'7es precisas nas quais continua a basear*se a
vida da cidade foram misturados e nitidamente atenuados gra'as
aos impressionantes rituais comunit-rios que se desenroam nas
basicas crists. Contudo essas basicas continuam sendo espa'os
engastados nas estruturas s
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renBncia ? se1uaidade, garante que um sabor muito diferente
impregnar- a vida privada da famia crist nessa sociedade.
5o paradigma mon-stico a cidade perde sua preemin6ncia enquanto
unidade socia e cutura distinta. &m numerosas regi7es do Oriente
Pr
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privigio, de distribui'o de aimentos. Tais aprovisionamentos
eram distribudos a todos que podiam pretender descender da
casse dos cidados, independentemente de sua fortuna ou
pobre$a. As geneaogias registradas para estabeecer os direitos dos
cidados remontam os scuos at o come'o da ordem urbana
romana no &gito. 5o fina do scuo ( as antigas estruturas so
definitivamente supantadas. A cidade cercada de mosteiros e
conventos muito povoados. &nquanto cristos, os not-veis rivai$am
agora nas doa'7es caridosas destinadas aos pobres e aos
estrangeiros e no mais Qa muito respandescente cidade de
O1_r!_nc!os\ \. O not-ve cristo )- no o p!iopatris, o
Qapai1onado por sua cidadeQ, e sim o p!ioptFc!os, o Qapai1onadopeos pobresQ; contudo sempre de )oe!os que o !omem !umide
deve se apro1imar. "uanto aos pobres, embora sua misria ten!a
sido desnudada, gra'as ao simboismo cristo do pecado e de sua
repara'o, no desapareceram. &es tremem na noite fria do
deserto e se amontoam )unto ? basica ao redor de uma refei'o
dominica que !es servem os monges Qpor parte das amasQ das
Qmais bri!antes famiasQ que sem pre controam a cidade de
O1_r!_nc!os e o campo circundante. @oravante tais famias not6m mais necessidade de e1pressar um amor particuar por sua
cidade como se esta diferisse em aguma coisa da massa indistinta
dos !umides que eas controam tanto na cidade como no campoM
QApai1onados peos pobresQ, os grandes protegem os infei$es sem
distin'o, se)am nativos da cidade ou do campo.
A educa'o mon-stica
O paradigma mon-stico no s< varreu a especificidade da cidade;
ee amea'a enfraquecer sua infu6ncia sobre os not-veis num dos
aspectos mais ntimos. Cooca em questo o pape dos espa'os
pBbicos da cidade como ugares principais da sociai$a'o dos me*
ninos. 4eria erro grave crer que os monges so todos !er
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deserto * uma simpicidade em oposi'o ? grande corrup'o. 4ob a
tutea de um #asio de Cesaria ou de um &vagro do Ponto,
tcnicas de educa'o mora e modeos de comportamento e de dis*
cipina espiritua, antes praticados s< peas eites das cidades,
forescem com novo vigor nos mosteiros. &ssa cutura no se
restringe aos !omens maduros. 5a metade do scuo ( os
estabeecimentos mon-sticos )- recrutam rapa$es muito )ovens.
0amias citadinas ou ades abastadas consagtam seus fi!os ao
servi'o de @eus, o mais das ve$es para preservar a !eran'a famiiar
amea'ada por fi!os numerosos demais e sobretudo peas fi!as
e1cessivas. &sses monges muito )ovens no desaparecem no
deserto. Tendem a ressurgir anos depois incusive nas cidades,como membros de uma nova eite de abades e de ecesi-sticos de
forma'o asctica. Assim, o mosteiro torna*se a primeira
comunidade preparada para oferecer uma forma'o penamente
crist desde a )uventude. Assimia'o de uma cutura iter-ria
inteiramente baseada na iturgia e na #bia, forma'o do
comportamento segundo os c
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ias crists urbanas. A cidade antiga, onde as discipinas ntimas
!aviam modeado as identidades pBbica e privada dos membros de
casse superiores ao ongo de scuos, amea'a dissover*se numa
simpes federa'o de famias, cada uma das quais assegura para si
mesma, em coabora'o com !omens da (gre)a ou com monges que
vivem perto da cidade, a verdadeira educa'o * quer di$er, crist *
de seus )ovens. endo os serm7es de Eoo Cris
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aos fi!os a arte reigiosa do temor a @eus. Trata*se de um esbo'o
da futura cidade is%mica.
as, caro, o esbo'o enganador. 4e passamos dos serm7es de Eoo
Cris
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da sociedade ocidenta moderna, que gravita com tanta insist6ncia
ao redor das no'7es de se1uaidade e casamento, sem a
interven'o decisiva do paradigma mon-stico que abra'aram as
eites organi$adas da (gre)a crist no fina do scuo ( e come'o do
v. O controe da se1uaidade, um dos smboos mais simpes e
ntimos que e1istem, torna*se tambm um dos mais poderosos para
tradu$ir, sob a forma que ser- finamente a da Ata (dade dia, o
ve!o idea tena$ de uma vida privada que este)a sempre su)eita ?s
in)un'7es pBbicas da comunidade reigiosa.
O casa cristo casado no Ocidente tornou*se perme-ve, ao menos
em teoria, ?s sombrias e graves idias sobre a se1uaidadeeaboradas por santo Agostin!o, um bispo citadino, enquanto no
Oriente a famia crist manteve a antiga resist6ncia aos ideais de*
senvovidos com igua rigor te
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e o que ele representou para a sociedade principalmente para as
i$re*as crists nas cidades que at ento eram muito presti$iadas
*untamente com seus administradores"
1e$undo o autor, o mon$e passa a ser presti$iado pelo fato de ser
um ''homem solitario'' e que %usca um ideal de ''simplicidade
de corao'', ao contrario dos %ispos que vivem uma vida muito
intensa nas cidades"
- mon$e visto quase como um an*o por seus admiradores,pois ele
dei&ou de lado todas as preocupa#es da sociedade e vive em total
deslum%ramento e quem adota essa vida tam%m est maispr(&imo de rece%er a Feus e seus an*os"
Brown faz uma anlise da vida na cidade,uma vida cheia de
hierarquias e distin#es onde o unico local que o fiel se sente i$ual
as outras pessoas a %asilica crist ,apesar desta tam%m
reproduzir as estruturas sociais e&istentes"Ao contrrio do
paradi$ma monstico que forma uma nova sociedade ,uma nova
disciplina pessoal pautada na renuncia se&ual e uma sociedadeonde todos dependem i$ualmente da miseric(rdia divina"
Peter Brown nos faz perce%er a mudana de olhar com relao aos
po%res,os mon$es ao contrrio dos ''verdadeiros po%res'' so
enaltecidos e passam a rece%er esmolas que se destinavam aos
mendi$os que rodeavam as %asilicas" Para enterder esse processo
%asta pensar que para o lei$o era melhor dar esmolas para um
mon$e que rezaria por ele do que para um mendi$o que no lhe
daria nada em troca" -utro ponto interessante para refletirmos
a rivalidade que e&iste entre os notveis cristos para ver quem
fazia mais doa#es aos po%res e humildes,ento Peter Brow nos
mostra que os notveis prote$iam os po%res, tanto da cidade
quanto do campo, mesmo que fosse por vaidade"
-utro de%ate importante a influ3ncia que a educao monsticadespertou nos notveis, sa%e/se que muitos dos ascetas eram
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homens cultos que queriam a%andonar a vida de corrupo das
cidades" A educao monstica era %aseada na Bi%lia, na formao
de um comportamento que tinha por o%*etivo mostrar a certeza do
Feus invisivel, mas a educao da cidade no foi totalmente
eliminada pela dos mosteiros, mas mesmo assim podemos notar
que o fiel cristo comea a mudar seu estilo de vida inspirando/se
na vida dos mon$es,ou se*a,uma vida inspirada no temor de Feus"
-utro ponto interessante para analisarmos que os cristos vo
dei&ando de lado os anti$os espaos p.%licos com o teatro e o foro
para um lu$ar mais retirado para ter um contato mais pr(&imo
com Feus"
5o final de seu te&to, a%orda/se ainda so%re a noo de intimidade
que est estritamente li$ada a se&ualidadee do controla desta
como um re$ulador da comunidade reli$iosa, fator decisivo para
esse controle so as som%rias idias de 1anto A$ostinho so%re o
se&o"
Oriente e Ocidente: A Carne
O grande medo da carne
O paradigma mon-stico coocou um ponto de interroga'o no
casamento, na se1uaidade e at na diferencia'o dos se1os. Pois
no paraso Ado e &va eram seres asse1uados. 4e perderam seu es*
tado QangicoQ de adoradores e1cusivos de @eus foi porque, ao
menos indiretamente, caram na se1uaidade; e dessa queda nasensuaidade come'a a deriva de !omens e mu!eres rumo a um
mundo de preocupa'7es pr
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desastrosas da vida Qno mundo\ Q ee resove optar pea vida\ \ang*
icaQ do monge. Pois no mundo rgido das adeias do Oriente
Pr
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nega'o da diviso entre o QmundoQ e o QdesertoQ. Pois aquees
cu)os ps )- pisam as encostas do paraso, uma ve$ que optaram
pea e1ist6ncia QangicaQ do monge ou da virgem, podem
atravessar com os o!os inocentes da crian'a os campos, as adeias
e as grandes cidades e misturar*se sem constrangimento com
!omens e mu!eres. 4obre esse ponto Atan-sio deve questionar os
discpuos de iera1 no &gito. Pensador asctico e respeitado,
iera1 se pergunta se as pessoas casadas t6m um ugar no paraso,
mas, ao mesmo tempo, espera de seus austeros discpuos que
se)am servidos sem perigo por compan!eiras virgens. Eoo
Cris
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5o tocante aos casais cristos do Oriente mediterr%neo, neste
perodo e nos seguintes, deparamos com um parado1o. Os !er a presen'a na ama de impusos ainda mais mortais por*
que identific-veis com menor faciidade o frio agui!o da raiva,
do orgu!o e da avare$a. Por isso que a diminui'o das vis7es
se1uais e at a modifica'o das pou'7es noturnas so observadas
de perto como um ndice dos progressos que o monge reai$ou rumoao estado de transpar6ncia de um cora'o dedicado ao amor de
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@eus e do pr
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se impregne Qdo doce oor do desertoQ. &sta segunda esco!a deve
ser feita bem cedo. Terminou a poca das tempestuosas convers7es
da maturidade. @esde o ano II importante que o rapa$ e
sobretudo a mo'a optem por uma ou outra via, a favor ou contra o
fato de viver\ \no mundoQ como pessoa casada, antes que as pesadas
obriga'7es sociais do noivado recaiam sobre eas ao redor da idade
de tre$e anos. Passado esse momento, a incerte$a fatamente eva
?s conseqL6ncias devastadoras que acarreta um dese)o do deserto
insatisfeito ao ongo da vida con)uga que se seguir-. uito
freqLentemente a esco!a que um dos pais poderia ter feito
adiada por uma gera'o e recai sobre um dos fi!os. O scuo (
aquee das crian'as santas, dos recrutas infantis da vida asctica.Assim, arta, a piedosa me de 4imeo, o Eovem de Anti
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irms e fi!as.
A reaidade bi$antina...
O casamento precoce proposto aos )ovens de ambos os se1os
como um quebra*mar que protege o !omem cristo das vagas agi*
tadas da promiscuidade adoescente. &ntretanto at um moraista
to penetrante como Eoo Cris
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turbi!onando no teatro. 2ma est-tua de 6nus nua ergue*se diante
dos ban!os pBbicos de Ae1andria; di$*se que fa$ o vestido das
adBteras evantar*se acima da cabe'a; finamente ser- retirada
no por um bispo, mas peo governador mu'umano, no fim do
scuo ((. Ainda em YUI, em Paermo, tre$entas prostitutas
provocam um motim contra o governador bi$antino quando ee
entra nos ban!os pBbicos; con!ecemos esse incidente porque o
governador, um bom bi$antino que esperava do cero que cumprisse
seu dever para com a cidade, satisfi$era seu pedido nomeando o
bispo para o cargo de impetor imperia dos bordis, o que !e vaeu
uma reprimenda do papa ocidenta, c!ocado. O que resra da cidade
antiga no Oriente bi$antino no se enquadrou visivemente, emtodos os aspectos, com os c
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2sufruram no paraso uma e1ist6ncia penamente con)uga. A ae*
gria de se perpetuar por meio dos fi!os !es foi concedida, e Agos*
tin!o no v6 nen!uma ra$o para que tais fi!os no ten!am sido
concebidos no decorrer de um ato se1ua acompan!ado de sensa*
'7es de intenso e srio pra$er. Para o bispo de ipona o paraso no
uma anttese cintiante da vida \\no mundoQ. J Qum ugar de pa$ e
aegrias !armoniosasQ, no a aus6ncia de uma sociedade
estabeecida, como o deserto, mas, sim, uma sociedade estabeeci*
da como deveria ser, quer di$er, ivre das tens7es inerentes a suas
condi'7es atuais. O paraso e a e1peri6ncia de Ado e &va no pa*
raso fornecem um paradigma de interc%mbios concretos sociais e
se1uais. A conduta se1ua dos eigos casados ser- )ugada em rea*'o a esse paradigma e considerada fraca, pois a condi'o !umana
decaiu. Pois, se o paraso pode ser apresentado como um estado
penamente socia, a sombra do paraso reconquistado pode ser
vista no s
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cooca poucos probemas. A Eoo Cris
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manifestar atravs desses sinromas muito precisos nas rea'7es se*
1uais de pessoas casadas e requerendo uma constanre vigi%ncia
mora por parte de pessoas castas, o sina da ruptura fata da pro*
funda !armonia que anreriormente reinava entre o !omem e @eus,
o corpo e a ama, o !omem e a mu!er, e da qua Ado e &va usu*
fruram por agum tempo no paraso. Ai viveram no como cei*
bat-rios asse1uados, e sim como um casa !umano penamente ca*
sado, to representativos de uma sociedade !umana in nuce como
quaquer c!efe de famia de ipona. A )ustaposi'o de um estado
!umano casado idea com a vida con)uga presente de um eigo era
uma compara'o efica$, repetida sem cessar e for'osamente ofen*
siva para o casa mdio.
&ssas idias ou suas variantes tornaram*se de ta modo parte
inregrante do universo menta da cristandade ocidenta que
preciso recuar um pouco para sentir sua estran!e$a e avaiar a
especificidade da situa'o que evou Agostin!o e seus sucessores a
modificarem de modo to significativo o paradigma mon-stico que
!erdaram do Oriente.
Para o eigo cristo est- em )ogo uma nova inrerpreta'o do
significado do se1o. A nova interpreta'o impica tambm o desuso
dos c
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proongamento dos c
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do ato se1ua como um momento de dis)un'o inevit-ve com os
aspectos racionais, ou sociais, da pessoa. A concupisc6ncia da
carne, ta como se revea no ato se1ua, um tra'o da pessoa
!umana que caramente desafia uma defini'o socia e s< pode ser
acan'ado do e1terior pea obriga'o socia. Para o eigo, !omem
ou mu!er, as obriga'7es normais nas rea'7es se1uais, que eram
principamente de nature$a e1terior e socia, devem incuir a
concep'o nova de uma profunda brec!a na te1tura do pr * impica uma no'o de que !- ago
indecoroso no pr
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gra'as ao controe de agumas formas de carcias, por e1empo.
&nto se !- de considerar que a doutrina agostiniana abriu nas
defesas da famia crist uma brec!a ta que bi$antino nen!um
)amais teria ousado imaginar; por essa brec!a soprar- um forte
vento frio; ter- como origem os canonistas e seus eitores, os
padres confessores da (dade dia mais tardia.
Obesso ocidenta do se1o
As idias de Agostin!o impuseram um rigor e uma consci6ncia
ascticas da fraque$a mora do !omem aos !umides c!efes defamia Qno mundoQ. &e mesmo reuniu o QmundoQ e o QdesertoQ na
(gre)a cat
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apresentado como um sintoma priviegiado. porque singuarmente
ntimo e apropriado, da condi'o !umana o !omem, como ser
se1ua, tornou*se o menor denominador comum da grande
democracia dos pecadores reunidos na (gre)a cat
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5este te&to Peter Brow vai nos mostrar de que maneira o
paradi$ma monstico influenciou as pessoas do -riente e do
-cidente na Antui$uidade 0ardia nas quest#es de casamento e
se&ualidade"
A primeira questo so%re a queda na se&ualidade, se$undo o
paradi$ma monstico Ado e va eram seres asse&uados, a partir
do momento que eles cairam na se&ualidade todos os homens e
mulheres entraram num mundo cheio de preocupa#es li$adas ao
casamento e criao de filhos"
- mon$e, com medo de se envolver em todas essas o%ri$a#es opta
por uma vida ''an$lica'' lon$e do mundo, ai sur$e o primeiro
de%ate, cristos casados podem esperar o paraiso ou esse est
reservado somente para quem adota uma vida de a%stinencia
se&ual tal qual a do mon$e"
0alvez a resposta este*a na citao das scrituras ''0oda a carne
como a erva'',ou se*a, homens e mulheres so seres se&uadossuscetiveis a com%usto , ento espera/se do mon$e que ele
controle essas com%ust#es" Peter Brow analisa os $rupos ascetas
cristos mais radicais, esses $rupos ne$avam o valor do casamento
e a pr(pria se&ualidade que se$undo o autor implica a ne$ao
entre o ''mundo'' e ''deserto'' ou se*a, esses seres ''an$licos
'''podem misturar/se com homens e mulheres da cidade sem
correr o risco de cair na se&ualidade,esse ponto de vista vai ser
questionado por Atansio e oo Cris(stomo que pre$a contra a
associao ''espiritual'' de vir$ens e mon$es na cidade de
Anti(quia"
Peter Brow perce%e a necesidade de se controlar esse radicalismo
monstico, ento o que vai ocorrer no -riente Mediterraneo uma
or$anizao da sociedade onde todos devem praticar um c(di$o de
a%steno se&ual independente da classe e profisso"ooCris(stomo por e&emplo ataca os %anhos p.%licos e critica o h%ito
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das mulheres da aristocracia de mostrarem suas carnes nutridas
co%ertas apenas por pesadas *oias que determinavam sua elevada
posio social"
A literatura monstica sempre viu o impulso se&ual como al$o
ruim, mas parece no ter interferido na se&ualidade do homem do
''mundo''"-s mestres espirituais do deserto comearam a estudar
as vis#es se&uais e seus impulsos atravs de sonhos"va$ro estuda
minuciosamente todas essas vis#es e perce%eu que esses impulsos
revelam impulsos mais mortais como a raiva, o or$ulho e a
avareza" A diminuio dessas vis#es mostra que o mon$e pro$rediu
na %usca de um corao dedicado ao amor de Feus e do pr(&imo"
A moral crist oriental %em clara+ ou se vive os fatos se&uais
dentro do casamento, ou se renuncia a eles para viver uma vida no
deserto" Porm essa escolha tem de ser feita %em cedo, mais
precisamente para as moas antes dos 76 anos para no cair nas
o%ri$a#es sociais do noivado" Perce%e/se no sculo um
recrutamento de crianas para a vida asctica"
1e$undo Peter Brow o casamento precoce proposto aos *ovens
para que no caiam na armadilha dos dese*os incontrolveis da
*uventude, oo Cris(stomo por e&emplo no encontrava
pro%lemas no ato se&ual dentro da vida con*u$al le$al"As .nicas
restri#es so nas poca de menstruo, $ravidez e nas festas da
$re*a"5o entanto podemos perce%emos que ainda se mantinham
anti$as tradi#es na qual uma relao a$radavel para os dois
$arante que a criana se*a conce%ida %onita e saudvel" P(rem
fora da %asilica e das paredes da casa crist, a vida continua
indisciplinada, continuam os %anhos p.%licos e os espetaculos das
danarinas tur%ilhando nos teatros"
5o -cidente o paradi$ma monstico no atin$e o ocidente
latino"A$ostinho diz que a sociedade que compreende a
se&ualidade e o casamento no a pior de todas" Para ele Ado eva nunca foram seres asse&uados, pelo contrrio, viveram uma
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vida con*u$al plena, A$ostinho tam%m no via pro%lemas na
perpetuao de filhos acompanhados de um prazer srio e intenso"
A$ostinho no esperava que a se&ualidade desaparecesse da
iam$inao das pessoas e acha que os lei$os casados podem se
esforar para alcanar o paraiso,desde que vivam uma vida
con*u$al harmoniosa"
- lei$o cristo comea a reinterpretar o si$nificado do se&o e a
a%andonar c(di$os morais da se&ualidade quwe determinam
normas e proi%em al$umas coisas como por e&emplo preliminares
orais ou posi#es consideradas inadequadas" A se&ualidade seriase$undo esses c(di$os um prolon$amento do comportamento em
sociedade e um sinal intimo de dist)ncia social"
A$ostinho muda totalmente esse modelo, para ele a pai&o se&ual
no um ''calor'' indiferente que culmina nas rela#es se&uais e
sim uma fraqueza que todos partilham, volta/se a ateno para as
partes do corpo mais sensiveis a se&ualidade, no mais possivel
dizer que o homem tem mais mais se&ualidade do que a mulher ouque a mulher corrompe o homem moralmente,pois todos levam os
sintomas da queda de Ado e va"
- que vai ocorrer um processo de ''dis*uno inevitvel'' ou
conscupiscencia da carne, o ato se&ual passa a desafiar a ordem
social, homens e mulheres no precisam mais se$uir as o%ri$a#es
morais das rela#es se&uais, a%re/se uma $rande %recha para os
casais"Porem as pessoas continuam acreditando em seus mdicos
que dizem que um ato se&ual caloroso pode lhes dar uma criana
%onita e saudvel,mas ao mesmo tempo passam a respeitar os dias
que a $re*a proi%e as rela#es se&uais, como as festas reli$iosas
ou a quaresma pel ofato de temerem um casti$o divino"0am%m se
condena um ato se&ual realizado fora de um pro*eto consciente de
conce%er filhos para a cidade"
A$ostinho conse$uiu reunir ''mundo'' e ''deserto'' na $re*a
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Cat(lica, os %ispos passam a controlar e aconselhar os
lei$os,forma/se ento uma hierrquia entre os ''%em nascidos'',
seus inferiores e ''homens do deserto'' , s( que ao contrrio do
-riente , todos participaram da fraqueza herdada de Ado e va,
nenhuma renuncia, nenhum isolamento e nenhum c(di$o moral
pode conte/la"
5o final do te&to o autor dei&a o questionamento, o que
influenciou mais na cultura ocidental, o homem e a cidade ou a
$re*a e o mundoG
A Igreja nos Quadros do Im!rio Romano
9. O #(4PO @& /OA CO5"2(4TO2 A C&0(A @A (D/&EA CAT3(CA
0-!5A!/1 o chefe incontestado da $re*a Cat(lica no foi tarefa
fcil para o %ispo da cidade de !oma" Duer no plano reli$ioso, quer
no polEtico, muitas dificuldades se lhe er$ueram"
-s sucessivos invasores do mprio !omano do -cidente tinham
trazido consi$o a ameaa de um retorno ao pa$anismo ou qui da
radicao de uma atitude reli$iosa hertica
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A3&5T(5(A5O ((( &4TA#&3&C&2 A P/(A(A @O PAPA@O =HH>
5uma tlia devastada pelas invas#es, a import)ncia polEtica de
!oma cresceu de novo merc3 do seu si$nificado reli$ioso" Duando
todas as institui#es desa%aram, a or$anizao eclesistica
permaneceu" Centro da $re*a, !oma e o papa constituEram uma
fora que ao pr(prio imperador convinha reconhecer" 5este
sentido alentiniano pu%licou um edicto
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decretamos os privigios da santssima (gre)a de Constantinopa ou
5ova /oma. Porque os Padres concederam privigios, com toda a
ra$o, ao s do Ponto, Ksia e Tr-cia )untamente com os
bispos daqueas dioceses que ficam entre os b-rbaros se)am
ordenados pea )- citada sede da santssima igre)a de
Constantinopa. "ue cada metropoita destas dioceses ordene os
bispos da sua provncia como foi decarado peos divinos c%nones;
mas que, como acima foi dito, os metropoitas das citadas dioceses
se)am ordenados peo arcebispo de Constantinopa depois de se
terem reai$ado as devidas eei'7es segundo o costume e de !eterem sido comunicadas.
Z(. @. ansi, 4acrorum Conciiorum nova et ampissima coectio, t.
((, 0orentiae, 9YG, co. UI.[
=9> Os participantes do Concio de Constantinopa =UV9>. =G> 2ma
diocese era ento um agrupamento de provncias. Posteriormente
esta !ierarquia foi invertida.
4. 3&O AD5O @&0&5@&2 A A2TO/(@A@& @A 4A5TA 4J =HG>
5esta epEstola diri$ida ao imperador do -riente Marciano
-
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intacta depois deste epis(dio, na prtica a tend3ncia centrEfu$a do
-riente tornou/se cada vez mais nEtida"
"ue a cidade de Constantinopa ten!a, como dese)amos, a sua
g e se os
dese)os de um s< irmo tiverem mais peso em mim do que a
utiidade comum de toda a casa do 4en!or, deverei ser condenado.
Z3eo agno, &p. 9IH, ad arcianum Augustum =HG>, in E. P.
igne, Patroogae Cursus Competus, 4eries 3atina, t. 3, Paris,
9VV9, cos. ::U*::.[
A4 (/T2@&4 (5&/&5T&4 AO 4AC&/@C(O, 4&D25@O 4. D/&D/(O
AD5O
- pontificado de 2re$(rio
-
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no processo de definio da autoridade papal" A sua actuao como
administrador dos %ens da $re*a e como evan$elizador foi to
importante como a sua pro*eco literria" Fas suas o%ras, a !e$ra
Pastoral foi talvez a mais apreciada na dade Mdia"
A conduta de um preado deve ser to superior ? do povo como a de
um pastor ? das suas ove!as. @eve considerar seriamente a
necessidade de rectido que impende sobre ee se o povo for, com
propriedade, denominado o seu reban!o. @eve ser puro no
pensamento, pronto na ac'o, discreto no si6ncio, Bti no discurso,
misericordioso para com os (ndivduos, preeminente na
contempa'o; um compan!eiro pea !umidade para aquees queprocedem bem, um advers-rio pea )usti'a para os que procedem
ma; diigente com as coisas e1ternas por estar preocupado com as
internas, firme em rea'o ?s internas por estar imerso nas
e1ternas. Z...[
Z4ancti Dregorii agni, /egua Pastorais, in E. P. igne, Patroogae
Cursus Competus, 4eries 3atina, t. 3NNi(, Paris, 9VY:, ca. G.[
G. A (D5&EA, O/DA5(A5@O*4& COO 2 &4TA@O, 42P/(2 A
A2TO/(@A@& C((3
A or$anizao da $re*a fizera/se ainda dentro do perEodo imperial
romano" Fecalcando as institui#es do pr(prio mprio, o clero
hierarquizara/se num funcionalismo especificado, criara as suas
assem%lias e sEnodos, so%repusera H diviso provincial a sua
estrutura administrativa" sta or$)nica nascida dentro do stado
!omano, dependia dele e nomeadamente servia/o"
A desapario do mprio no -cidente e o caos trazido pelas
invas#es permitiram H $re*a no s( definir com maior clareza a
sua doutrina, como especialmente ampliar e fortalecer as
institui#es * criadas"
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5a confuso e anarquia que se se$uiram ao sculo v, a 1 !omana
representava o .nico ideal unificado r e a .nica estrutura capaz de
se opor H desinte$rao polEtica, reli$iosa e social em Curso"
Fetinha, tam%m, e este no era o seu menor trunfo, o monop(lio
da lEn$ua latina, cu*a internacionalidade foi o melhor utensElio da
cultura medieval" Partindo destas potencialidades, a $re*a tornou/
se a maior fora polEtica /do -cidente, colocando na sua depen/
d3ncia os estados medievais em formao"
O CO5C83(O @& 5(C&(A =UG> /&D23A&5TO2 A O/DA5(AWO
&C3&4(K4T(CA
-s primeiros concElios tiveram a seu car$o, entre outros
pro%lemas, a determinao da hierarquia eclesistica" -s
patriarcas nas capitais das provEncias detinham so% a sua
autoridade os %ispos
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e grande snodo tentar ta coisa ou continuar a fa$er o mesmo, o
seu procedimento dever- ser por competo anuado e restitudo ?
igre)a para a qua foi ordenado bispo ou presbtero.
Z(n E. C. A_er, A source*boo^ for ancient c!urc! !istor_, 5e+ or^,
9:9U, pp. UYI*UY9.[
4O#/& O4 #(4PA@O4 5A4 /&D(X&4 OC2PA@A4 P&3O4 #K/#A/O4
5esta carta do %ispo e escritor 1id(nio Apolinrio
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at onde vos autori$ar a condescend6ncia do nosso sen!or, o Papa,
para que se)a permitida a ordena'o episcopa entre os povos da
D-ia incudos dentro das fronteiras das sortes g.
=9> O rei visigodo &urico =HYY*HVH>. =G> O arianismo. =U> #ordeau1.
=H> Perigueu1. => /ouergue. =Y> 3imoges. => Eavos. =V> &au$e. =:>
#a$as. =9I> Comminges. =99> Auc!.
4O#/& A @&3((TAWO @O4 PO@&/&4 &4P(/(T2A3 & T&PO/A3 =H:H>
- Papa 2elsio
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Z&d. N((, H:H A. @., Car irbt, "ueen $ur gesc!ic!te des
Papstums, H.Q ed., TLbingen, 9:GH, n.O 9V.>
4O#/& O #(4PA@O & T&//A4 @& (50(J(4
Por motivo das invas#es muulmanas, tinha sido necessrio atentar
na situao dos %ispados que haviam ficado sem diri$ente" -
concElio Duinise&tum
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5A1CF- no -riente, onde no raro se revestiu de formas ascticas
e&a$eradas e mesmo e&trava$antes, o monaquismo encontrou a
partir do sculo urna or$anizao equili%rada, com a re$ra de 1"
Bento sur$ida na tlia" 5o era esta, na verdade, a primeira re$ra
estatuEda para re$ulamentao da vida reli$iosa em comum" 1"
Pac(mio
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acontecer. as ningum podia compreender o acontecimento at
ee se ter dado, e depois de ter acontecido o povo ia at a,
meditava sobre o assunto e ento, pea primeira ve$, via e
compreendia o evento. Z ... [
Z/obert de Cari, 3a conqu6te de Constantinopa, in istoriens et
C!roniqueurs du o_en Age, #ibiot!eque de (a Piade, G.a ed.
9:V, pp. , V.[
=9> Constantinopa. =G> A bra'a ou bra'o, correspondendo
apro1imadamente ? medida de dois bra'os estendidos, equivaia a
9,VG m. =U> A toesa equivaia a 9,:H: m.
A 025@AWO @A O/@& @& 4. PAC(O =C. UGI>
0endo/se dado conta das vanta$ens que a vida em comum podia
trazer ao asceta, 1" Pac(mio redi$iu um con*unto de re$ras que
incluEam, entre as o%ri$a#es do mon$e, o tra%alho manual" Por
morte de 1" Pac(mio, * nove conventos de homens e dois demulheres se$uiam a sua re$ra" Qma lenda da poca re$istada pelo
%ispo Palladius
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@- de comer e de beber a cada um Zdos irmos[ de acordo com a
sua robuste$ e distribui*!es os traba!os que conven!am e
correspondam ?s suas capacidades, no !es proibindo nem o )e)um
nem os aimentos. Assim, entrega traba!os pesados aos mais fortes
e tarefas mais eves e f-ceis ?quees que se discipinam mais e so
mais fracos. Z...[
Ss refei'7es tapem a cabe'a com os capu$es para que um irmo
no possa ver o outro irmo comer. 5o devem faar enquanto
comem nem devem votar os o!os para quaquer outra coisa fora
do prato ou da mesa.
& Zo an)o[ estabeeceu como regra que durante todo o dia deveriam
oferecer do$e ora'7es; e na atura de acender as u$es, do$e; e no
decurso da vigia nocturna, do$e, e ? !ora da nona, tr6s;
determinou porm que quando parecesse a todos ser atura de
comer, cada grupo devesse primeiro cantar um samo por ora'o.
Z ... [
"uando o an)o acabou de dar estas orienta'7es e cumpriu a sua
misso, despediu*se do grande Pac
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ao que vive em comunidade, o ceno%ita" sta anlise d/nos o
panorama dos primeiros passos do monaquismo"
J bem sabido que e1istem quatro categorias de monges. A primeira
categoria a dos cenobitas aquees que vivem em mosteiros e
servem sob a direc'o de uma regra e de um abade. A segunda
categoria a dos anacoretas ou eremitas aquees que, no estando
)- no primeiro fervor da sua converso, mas depois de uma onga
prova'o num mosteiro, tendo aprendido com o au1io de muitos a
combater o dem
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Zs. P. #enedicti, /egua Commentata, capo (, in E. P. igne,
Patroogiae Cursus Competus, 4eries 3atina, 9. 3N(, Paris, 9VYY,
ca(s. GH e GHY.[
/&D/A @& 4. #&5TO CAP. HV * 4O#/& O T/A#A3O A52A3 @(K/(O
A vida simples do mon$e %eneditino repartia/se, se$undo a re$ra
primitiva
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@esde as Caendas de Outubro at ao princpio da "uaresma, que se
entreguem ? eitura at ao fim da segunda !ora. 5a segunda !ora
que se)a dita a Ter'a => e ento que todos aborem no traba!o
que !es for designado, at ? 5ona. Ao primeiro sina da !ora de
5ona que todos arguem o seu traba!o e se aprontem para o soar
do segundo sina. @epois da refei'o que se entreguem ? eitura ou
aos samos.
5os dias da "uaresma, desde man! at ao fim da terceira !ora,
entreguem*se ? eitura e da at ao fim da dcima !ora que fa'am
o traba!o que !es for designado. & nestes dias da "uaresma cada
um receber- um ivro da bibioteca que er- seguido do principio aofim. &stes ivros devem ser dados no princpio da "uaresma. Z... [
Aos irmos doentes ou fracos ser- conferida uma tarefa ou ofcio de
ta nature$a que os manten!a onge da ociosidade e ao mesmo
tempo no os sobrecarregue ou afaste com traba!o e1cessivo. A
sua fraque$a deve ser tomada em considera'o peo abade.
Zs. P. #enedicti, /egua Commentata, capo HV, in E. P. igne,Patroogiae Cursus Competus. 4eries 3atina, t. 3N(, Paris, 9VYY
ca(s. IU e IH.[
=9> @ia 9 de Outubro. =G> Primeira !ora canFnica coincidindo com as
Y !oras da man!. =U> Ofcio re$ado normamente ?s U !oras da
tarde =nona !ora>. =H> Ofcio ceebrado depois da nona, a !ora
vari-ve. => Ofcio ceebrado normamente ?s : !oras da man!.