A aprendizagem com o uso das tecnologias digitais: viver e ...

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A aprendizagem com o uso das tecnologias A aprendizagem com o uso das tecnologias A aprendizagem com o uso das tecnologias A aprendizagem com o uso das tecnologias A aprendizagem com o uso das tecnologias digitais: viver e conviver na virtualidade digitais: viver e conviver na virtualidade digitais: viver e conviver na virtualidade digitais: viver e conviver na virtualidade digitais: viver e conviver na virtualidade Eliane Schlemmer Doutora em Informática na Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS. Professora do Pro- grama de Pós-graduação da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS. e-mail: [email protected] Resumo Resumo Resumo Resumo Resumo Esse artigo apresenta uma discussão sobre a aprendizagem com o uso das Tecnologias Digitais (TDs) explicitando algumas teorias e as concepções epistemológicas. Realiza uma análise das transformações sociais e das novas formas de pensamento oriundas das mudanças dos meios tecnológicos, ressaltando a aprendizagem em Ambientes Virtuais, Comunidades Virtuais e Mundos Virtuais a partir das percepções dos sujeitos sobre o seu processo, quando imersos nesses ambientes. Palavras-chave Palavras-chave Palavras-chave Palavras-chave Palavras-chave Aprendizagem; interação; tecnologias digitais. Abstract Abstract Abstract Abstract Abstract This paper presents a discussion on learning with Digital Technologies making explicit some theories and epistemological conceptions. An analysis of the social transformations and new ways of thinking that emerge from technological changes, emphasizing learning in Virtual Environments, Virtual Communities and Virtual Worlds beginning from the perceptions of the actors as to their process when immersed in these environments. Key words Key words Key words Key words Key words Learning, interaction and digital technologies. Série-Estudos - Periódico do Mestrado em Educação da UCDB. Série-Estudos - Periódico do Mestrado em Educação da UCDB. Série-Estudos - Periódico do Mestrado em Educação da UCDB. Série-Estudos - Periódico do Mestrado em Educação da UCDB. Série-Estudos - Periódico do Mestrado em Educação da UCDB. Campo Grande-MS, n. 19, p. 103-126, jan./jun. 2005.

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A aprendizagem com o uso das tecnologiasA aprendizagem com o uso das tecnologiasA aprendizagem com o uso das tecnologiasA aprendizagem com o uso das tecnologiasA aprendizagem com o uso das tecnologiasdigitais: viver e conviver na virtualidadedigitais: viver e conviver na virtualidadedigitais: viver e conviver na virtualidadedigitais: viver e conviver na virtualidadedigitais: viver e conviver na virtualidade

Eliane Schlemmer

Doutora em Informática na Educação pela UniversidadeFederal do Rio Grande do Sul - UFRGS. Professora do Pro-grama de Pós-graduação da Universidade do Vale do Riodos Sinos – UNISINOS.

e-mail: [email protected]

ResumoResumoResumoResumoResumoEsse artigo apresenta uma discussão sobre a aprendizagem com o uso das Tecnologias Digitais (TDs)explicitando algumas teorias e as concepções epistemológicas. Realiza uma análise das transformaçõessociais e das novas formas de pensamento oriundas das mudanças dos meios tecnológicos, ressaltando aaprendizagem em Ambientes Virtuais, Comunidades Virtuais e Mundos Virtuais a partir das percepções dossujeitos sobre o seu processo, quando imersos nesses ambientes.

Palavras-chavePalavras-chavePalavras-chavePalavras-chavePalavras-chaveAprendizagem; interação; tecnologias digitais.

AbstractAbstractAbstractAbstractAbstractThis paper presents a discussion on learning with Digital Technologies making explicit some theories andepistemological conceptions. An analysis of the social transformations and new ways of thinking thatemerge from technological changes, emphasizing learning in Virtual Environments, Virtual Communitiesand Virtual Worlds beginning from the perceptions of the actors as to their process when immersed inthese environments.

Key wordsKey wordsKey wordsKey wordsKey wordsLearning, interaction and digital technologies.

Série-Estudos - Periódico do Mestrado em Educação da UCDB.Série-Estudos - Periódico do Mestrado em Educação da UCDB.Série-Estudos - Periódico do Mestrado em Educação da UCDB.Série-Estudos - Periódico do Mestrado em Educação da UCDB.Série-Estudos - Periódico do Mestrado em Educação da UCDB.Campo Grande-MS, n. 19, p. 103-126, jan./jun. 2005.

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IntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntrodução

O presente artigo se insere no con-texto do Grupo de Pesquisa em EducaçãoDigital - gpe-d /CNPq, se vincula a linhade pesquisa Práticas Pedagógicas e Forma-ção do Educador do Programa de Pós-Gra-duação em Educação da UNISINOS e temsua origem nas pesquisas realizadas sobrea aprendizagem com uso das TecnologiasDigitais – TDs. A partir da apresentação dasconcepções epistemológicas, foca na con-cepção interacionista/construtivista/sistêmica como pressuposto do desenvol-vimento do trabalho, evidenciando a com-preensão sobre a aprendizagem, conheci-mento e desenvolvimento relacionando-acom o uso de algumas TDs. Apóia-se naspercepções dos sujeitos1 sobre o seu pro-cesso de aprender com o uso dessastecnologias expressas em registros nos di-ários das comunidades virtuais no Ambi-ente Virtual de Aprendizagem – AVA.

Ao realizarmos uma rápida busca nainternet encontramos mais de 157.000 en-dereços sobre aprendizagem+tecnologias,23.000 sobre aprendizagem+tecnolo-gias+digitais e cerca de 17.600 para apren-dizagem+em+comunidades+virtuais. Bastaacessarmos alguns desses endereços paradescobrirmos que não existe uma compre-ensão única do assunto, cada um se ex-pressa de uma forma, analisa a área sobreuma determinada perspectiva epistemológi-ca, teórica e metodológica, que tem rela-ção com a sua história, a sua vivência, asaprendizagens que realizou durante o seuviver e conviver, os meios aos quais teveacesso durante o seu desenvolvimento,

tudo isso caracteriza a própria aprendiza-gem. O resultado dessa busca evidenciaainda a preocupação e o interesse no as-sunto, pois atualmente, diferentes tipos deorganizações têm utilizado as TDs comoforma de ampliar os espaços destinados àcomunicação e a aprendizagem, proporci-onando aos sujeitos o acesso à informa-ção e as possibilidades de interação a qual-quer tempo independentemente dos limi-tes impostos pelo espaço geográfico.

Nas universidades, em particular paraa área da Educação, a preocupação con-siste em investigar o quanto as TecnologiasDigitais - TDs existentes e as possibilidadesadvindas do seu uso podem contribuir, nosentido de representar avanços significati-vos nos processos de ensino e de aprendi-zagem e, o quanto a área da educaçãopode colaborar para novas criaçõestecnológicas, que tenham implícito no seudesenvolvimento pressupostos epistemoló-gicos, os quais favoreçam a aprendizageme o desenvolvimento da pessoa humanaem interação com essas tecnologias. Sensí-vel a essa preocupação é que a UNISINOSvêm incentivando e investindo na pesqui-sa e no desenvolvimento de TDs que pos-sam contribuir efetivamente para o proces-so educativo, e que estejam em consonân-cia com os critérios de excelência por elaperseguidos. Isso se expressa no desenvol-vimento do AVA2, do agente comunicativoMariá3 e do mundo virtual AWSINOS4. En-tretanto, o uso das TDs em processos edu-cacionais continua a suscitar muitas discus-sões; uma delas consiste na natureza dosmeios que possibilitam ao sujeito ter aces-

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so a informação e a mecanismos de inte-ração para a ampliação do conhecimento,o que está diretamente relacionado com acompreensão que o docente tem sobrecomo se dá a aprendizagem e o domíniodos novos meios digitais, pois uma vez queos meios mudam, logicamente as metodo-logias utilizadas devem ser repensadas,principalmente em função das novas pos-sibilidades.

2 Teorias de aprendizagem,2 Teorias de aprendizagem,2 Teorias de aprendizagem,2 Teorias de aprendizagem,2 Teorias de aprendizagem,concepções epistemológicas econcepções epistemológicas econcepções epistemológicas econcepções epistemológicas econcepções epistemológicas etecnologias digitaistecnologias digitaistecnologias digitaistecnologias digitaistecnologias digitais

Recentemente novas teorias têm sur-gido das mais diferentes áreas do conheci-mento, tais como: psicologia, biologia,informática, filosofia, na busca de compre-ender e explicitar o processo de cogniçãohumana. Entre elas podemos apontar aTeoria Sistêmica da Cognição, também cha-mada de Teoria de Santiago, desenvolvidapor Maturana e Varela; a Teoria doProcessamento da Informação; a Teoria daMente de Perner; a Teoria Ecológica dos Sis-temas de Bronfenbrenner; a Teoria da Apren-dizagem Significativa de Ausubel, entre tan-tas outras já tradicionalmente conhecidas.Nesse universo teórico é fundamental paranós, educadores, identificarmos em cadauma delas qual a concepção epistemoló-gica que permanece como pano de fundo,ou seja, como determinada teoria compre-ende a origem do conhecimento humano.As concepções epistemológicas podem serassim representadas.

Na concepção apriorista acredita-seque o conhecimento está apriori, ou seja,que a origem do conhecimento está no pró-prio sujeito, sendo que as estruturas de co-nhecimento já vêm programadas na ba-gagem hereditária de forma inata ou sub-metida ao processo de maturação. O co-nhecimento é entendido como algo exclu-sivo do sujeito, de forma que o meio nãoparticipa dele.

Na concepção empirista acredita-seque as bases do conhecimento estão nosobjetos. O conhecimento é algo que preci-sa ser passado, sendo adquirido pelos senti-dos e desta forma impresso na mente dosujeito. O empirismo consiste numa concep-ção que valoriza as relações hierárquicas.Essa concepção encontra apoio na psicolo-gia comportamentalista, no associacionis-mo, no behaviorismo e no neobehaviorismo.

Na concepção interacionista acredita-se que o conhecimento ocorre num proces-so de interação entre sujeito e objeto de co-nhecimento, entre um indivíduo e seu meio

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físico e social. Segundo Becker (1993) o inte-racionismo assume a linguagem, a experi-ência e a ação do educando, sendo que oconhecimento não está nem no sujeito, nemno objeto, mas sim na interação, dando-sea real importância da ação do sujeito no seupróprio processo de aprendizagem.

Becker (1993) nos diz que não bas-ta ter nascido para ser sujeito de conheci-mento como nos mostram os aprioristas,pois um corpo sim é dado por hereditarie-dade, mas um sujeito é construído passo apasso, por força da ação própria, ação noespaço e no tempo. Ação sobre o meio so-cial econômico, cultural, mas nunca umaação no vazio. Por outro lado, o meio, porsi só não se constitui num “estímulo”, deforma que o sujeito por si só, não se consti-tui “sujeito” sem que haja a mediação domeio físico e social. Portanto, este é um pro-cesso de interação entre o mundo do sujei-to e o mundo do objeto, ativado pela açãodo sujeito.

Essas concepções epistemológicas,mesmo que não explicitadas, guiam o de-senvolvimento de metodologias que sematerializam nas práticas didático-pedagó-gicas, expressando um modelo educacio-nal e, portanto, a compreensão que o pro-fessor tem sobre como o sujeito aprende.

Com relação ao uso de tecnologiasno processo educacional, quando falamosem concepção empirista, falamos em ins-trução programada, Computer BasedTraining - CBT, Web Basic Training - WBT eWeb Basic Instructions - WBI e Ensino aDistância. Essas tecnologias apresentam ainformação em seções breves, testam o es-

tudante após cada seção e fornecemfeedback imediato para as respostas dosestudantes. Nesse sentido o computador évisto como máquina de ensinar. Quandofalamos em concepção interacionista, fala-mos em ambientes virtuais de aprendiza-gem, comunidades virtuais de aprendiza-gem, mundos virtuais, espaços nos quaisos sujeitos podem interagir e construir co-nhecimento. Nesse sentido o computadoré visto como potencializador do desenvol-vimento cognitivo.

3 Desenvolvimento, aprendiza-3 Desenvolvimento, aprendiza-3 Desenvolvimento, aprendiza-3 Desenvolvimento, aprendiza-3 Desenvolvimento, aprendiza-gem e conhecimento do ponto degem e conhecimento do ponto degem e conhecimento do ponto degem e conhecimento do ponto degem e conhecimento do ponto devista da epistemologia genéticavista da epistemologia genéticavista da epistemologia genéticavista da epistemologia genéticavista da epistemologia genéticade Piagetde Piagetde Piagetde Piagetde Piaget

Segundo Piaget (1972 apudSCHLEMMER, 2002), o desenvolvimentodo conhecimento é um processo espontâ-neo que se relaciona com a totalidade deestruturas do conhecimento. A aprendiza-gem, em geral, é provocada por situaçõesexternas. O desenvolvimento explica aaprendizagem, é um processo essencialonde cada elemento da aprendizagemocorre como uma função do desenvolvi-mento total, portanto, a aprendizagem estásubordinada ao desenvolvimento. A apren-dizagem somente ocorre quando há, daparte do sujeito, uma assimilação ativa:“Toda a ênfase é colocada na atividade dopróprio sujeito, e penso que sem essa ativi-dade não há possível didática ou pedago-gia que transforme significativamente osujeito” (p. 43).

O desenvolvimento, segundo Piaget,sempre pode ser visto em duas direções.

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Olhando para trás é uma compensação deestruturas de conhecimento que estão pre-sentes e são sentidas como inadequadas;olhando para frente é a reestruturação des-sas estruturas e implica um genuíno ele-mento de novidade, de algo que não esta-va presente antes, nem pré-programadoanteriormente em estrutura fisiológicas.

Piaget interessou-se pelo conheci-mento na medida em que é coordenaçãogeral da ação presente (real) ou possível(interna), isto é, a forma geral do conheci-mento e não seu conteúdo particular. Oconhecimento é um estado de equilíbrioque tende tanto a se conservar quanto aexpandir seu alcance de assimilação; se aexpansão é pequena e não leva à pertur-bação do conhecimento, a conservação émantida; se, no entanto, a expansão é maissubstancial e leva à perturbação do conhe-cimento, a tendência é compensar a per-turbação por uma reconstrução através daqual o conhecimento recentemente expan-dido fica novamente em estado de equilí-brio. Se por alguma razão a reconstruçãonão ocorre, a perturbação do conhecimen-to é suprimida e o antigo estado de equilí-brio é reconstituído.

Para Piaget (1972 apudSCHLEMMER, 2002), o conhecimento nãoé uma cópia da realidade, nem simplesmen-te olhar, fazer uma cópia mental ou ima-gem de um acontecimento: “Conhecer émodificar, transformar o objeto e compre-ender o processo dessa transformação e,conseqüentemente, compreender o modocomo o objeto é construído” (p. 44). Nestaconcepção o conhecimento é construídopelo sujeito que age sobre o objeto perce-

bido interagindo com ele, sendo as trocassociais condições necessárias para o desen-volvimento do pensamento.

O conhecimento humano, com asrelações interpessoais (das quais ele é tan-to um pré-requisito, uma parte componen-te, quanto um resultado de construçãomútua), é algo vivo e não pode permane-cer inerte. É uma construção conjunta pes-soal e social de genuína novidade, isto é, aconstrução de uma nova realidade. Piagetopõe-se ao ideal de um conhecimento im-pessoal dizendo que o conhecimento comotal não existe, mas somente pessoas emrelação ao que conhecem.

4 TDs como propulsora de4 TDs como propulsora de4 TDs como propulsora de4 TDs como propulsora de4 TDs como propulsora detransformações sociais e detransformações sociais e detransformações sociais e detransformações sociais e detransformações sociais e denovas formas de pensamentonovas formas de pensamentonovas formas de pensamentonovas formas de pensamentonovas formas de pensamento

Segundo Castells (1999), uma revo-lução tecnológica centrada nas tecnologiasda informação está remodelando a basematerial da sociedade em ritmo acelerado.Há um movimento intenso e crescente deredes interativas de computadores, criandonovas formas e canais de comunicação,moldando a vida e simultaneamente, sen-do moldadas por ela.

[...] a tecnologia não determina a socieda-de. Nem a sociedade escreve o curso datransformação tecnológica [...] o resultadofinal depende de um complexo padrãointerativo [...]. A tecnologia é a sociedade,e a sociedade não pode ser entendida ourepresentada sem suas ferramentastecnológicas (CASTELLS, 1999, p. 25).

Castells (1999) nos diz que estamosvivendo o surgimento de uma nova estru-tura social associada ao surgimento de um

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novo modo de desenvolvimento, o infor-macionalismo. Esse modo informacional dedesenvolvimento é constituído pelo surgi-mento de um novo paradigma tecnológi-co baseado na tecnologia da informação.No modo informacional de desenvolvimen-to, a fonte de produtividade está na tecno-logia de geração de conhecimentos, deprocessamento da informação e de comu-nicação de símbolos. A busca por conheci-mento e informação é que caracteriza afunção da produção tecnológica no infor-macionalismo. O que é específico ao modoinformacional de desenvolvimento é a açãode conhecimentos sobre os próprios conhe-cimentos como principal fonte de produti-vidade. Dessa forma, o que caracteriza aatual revolução tecnológica não é a cen-tralidade de conhecimentos e informa-ção, mas sim a aplicação desses para ageração de novos conhecimentos e de dis-positivos de processamento/comunicaçãoda informação, criando um ciclo de reali-mentação cumulativo entre a inovação eseu uso. Esse ciclo de realimentação entrea introdução de uma nova tecnologia, seususos e seus desenvolvimentos em novosdomínios acontece numa velocidade mui-to grande no novo paradigma.

Segundo Maturana, a realimentaçãoé uma das características de um sistemaautopoiético, assim podemos considerar arevolução tecnológica numa visão sistêmi-ca. “Em particular, uma influência, ou mensa-gem, pode viajar ao longo de um caminhocíclico que poderá se tornar um laço de re-alimentação. O conceito de realimentaçãoestá intimamente ligado com o padrão derede” (CAPRA, 1996, p.78). Por gerar laços

de realimentação, as redes de comunicaçãopodem vir a ter a capacidade de se auto-regular e auto-organizar. A auto-organiza-ção emerge como a concepção central davisão sistêmica, assim como as concepçõesde realimentação e auto-regulação estãoestritamente ligadas a redes.

[...] a difusão da tecnologia amplifica seupoder de forma infinita, à medida que osusuários apropriam-se dela e a redefinem.As novas tecnologias da informação nãosão simplesmente ferramentas a serem apli-cadas, mas processos a serem desenvolvi-dos. Usuários e criadores podem tornar-sea mesma coisa. Dessa forma, os usuáriospodem assumir o controle da tecnologia[...]. Segue uma relação muito próxima en-tre os processos sociais de criação e mani-pulação de símbolos (a cultura da socieda-de) e a capacidade de produzir e distribuirbens e serviços (as forças produtivas). Pelaprimeira vez na história, a mente humanaé uma força direta de produção, não ape-nas um elemento decisivo no sistema pro-dutivo (CASTELL, 1999, p. 51).

De acordo com Castells (1999), as eli-tes aprendem fazendo e desta forma modi-ficam as aplicações da tecnologia, enquan-to a maior parte das pessoas aprende usan-do, ficando assim limitados à tecnologia,ou seja, dependentes tecnologicamente.Esse fazer, como objeto de compreender erecriar, pode ser observado no que diz Piagetquando ele destaca a importância do fazerpara compreender. O autor coloca comoessência do desenvolvimento a ação, ouseja, para que o sujeito aprenda e construaconhecimento é fundamental a sua ação.A ação constitui um conhecimento (savoirfaire) autônomo, sendo que, a conceituaçãoacontece por tomadas de consciência pos-

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teriores e, estas procedem de acordo comuma lei de sucessão que vai das zonas deadaptação ao objeto para atingir as coor-denações internas das ações, sendo que, apartir de certo nível há influência resultanteda conceituação sobre a ação.

Ainda segundo Castells (1999), a in-tegração crescente entre mentes e máqui-nas está alterando fundamentalmente anossa vida nas mais diferentes dimensões.Em decorrência das mudanças, tanto nasmáquinas como no conhecimento sobre avida e com o auxílio de tais máquinas econhecimentos, está ocorrendo “uma trans-formação tecnológica mais profunda: a dascategorias segundo as quais pensamostodos os processos” (CASTELLS, 1999, p. 80).É nessa perspectiva que cientistas e pes-quisadores convergem para uma novaabordagem epistemológica, a da “comple-xidade”. Esses estudiosos buscam compre-ender o surgimento de estruturas auto-or-ganizadas que criam complexidade a par-tir da simplicidade e ordem superior a par-tir do caos, por meio de várias ordens deinteratividade entre os elementos básicosna origem do processo. Entre esses pesqui-sadores podemos identificar Maturana,Morin, Capra, entre outros. Podemos eviden-ciar o descrito acima, a partir da reflexãode um dos sujeitos sobre o seu processode aprendizagem com o uso do AVA.Percebo que o uso do ambiente virtual de aprendi-zagem, tem exigido de mim um processo de auto-organização, uma nova forma de aprender, portan-to estou aprendendo a aprender... A partir de algu-mas reflexões vejo o quanto a lógica formal aindaestá enraizada no meu pensamento. As tecnologiasde informação e comunicação vem requerendo umamudança na forma de pensar, através da lógica dia-

lética. Porém percebo que esta mudança paradig-mática do pensamento vem a ser um processo deaprendizagem...

Entretanto, o pensamento da com-plexidade precisa ser considerado maiscomo um método para entender a diversi-dade do que uma metateoria unificada.Não se pode afirmar que não existam re-gras, elas são criadas e modificadas em umprocesso contínuo de ações deliberadas einterações exclusivas. O paradigma da tec-nologia da informação não evolui para seufechamento como um sistema, mas rumoà abertura como uma rede de acessosmúltiplos, sendo seus principais atributos aabrangência, a complexidade e a disposi-ção em forma de rede. O descrito acima épercebido pelo sujeito quando se refere que:Algumas regras de relações foram estabelecidas...Acho que o grupo foi bastante responsável no quediz respeito a constituição e efetivação da comuni-dade. ... Foi muito legal interagir com colegas numambiente como o AVA (aberto as diferentes possibi-lidades lançadas pelos alunos). Contudo foi, e aindaé, necessário ressignificar as formas de manifesta-ção do pensamento. A comunicação escrita e nãooral, a estrutura em rede e não hierárquica e acooperação para a construção do conhecimento, nosfazem ver e viver a educação de uma outra formada qual estávamos habituados.

5 Mudanças dos meios: trans-5 Mudanças dos meios: trans-5 Mudanças dos meios: trans-5 Mudanças dos meios: trans-5 Mudanças dos meios: trans-formações do tempo e do espaçoformações do tempo e do espaçoformações do tempo e do espaçoformações do tempo e do espaçoformações do tempo e do espaço

É fato que a informação é o subsí-dio para a construção do conhecimento,para o aprendizado, de forma que o usodas TDs, principalmente a Internet, vem re-volucionando as formas de ensinar e deaprender. Por meio dela é possível acessara informação necessária no momento certo

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de acordo com o interesse de cada indiví-duo. Outra possibilidade se relaciona à dis-seminação, e conseqüentemente, a so-cialização da informação, as quais ocorremde forma imediata e numa amplitude ini-maginável. Entretanto, a maior contribui-ção que a Internet pode proporcionar aoprocesso educacional diz respeito à mudan-ça de paradigma, impulsionada pelo gran-de poder de interação que ela propicia.

Dessa forma, o surgimento de ambi-entes computacionais baseados na Webpropiciam que a inteligência do homem sejadistribuída e se amplie numa coletividade,por meio da constituição de redes de convi-vência. Essas redes são possibilitadas pelacriação de comunidades virtuais formadasnão pela proximidade física, mas por assun-to de interesse em comum. Tudo isso consti-tui um novo espaço, uma nova temporali-dade. Um espaço puramente relacional, on-de é preciso “aprender a se movimentar”.Uma temporalidade flexível, multissíncrona,na qual o sujeito necessita aprender a ad-ministrar o tempo. Isso é evidenciado porum dos sujeitos no seguinte registro:Que sufoco! Quero deixar registrado aqui minhasdificuldades em dar conta dos encontros agendadosvirtualmente. Como no caso da discussão na sala dechat prevista para este encontro... Acredito que estadesorganização faça parte de um novo processo deaprendizagem! Aquela pessoa muito organizada comlápis e papel, agora está uma desorganizada virtual.Isto vem me exigindo grandes reflexões sobre o usodas tecnologias de informação e comunicação naeducação e vem comprovar o fato de que a mudan-ça do meio exige uma reorganização pessoal e cole-tiva ... (um mês após) estou me dando conta de que,a organização físico presencial é muito diferente daorganização virtual, e, acredito que por enquanto soumuito mais organizada no espaço físico presencial...

Segundo Castells (1999), tanto o es-paço quanto o tempo estão sendo trans-formados sob o efeito combinado do pa-radigma da tecnologia da informação edas formas e processos sociais induzidospelo processo atual de transformação his-tórica. O espaço e o tempo são radicalmentetransformados, localidades ficam despoja-das de seu sentido cultural, histórico e geo-gráfico e reintegram-se em redes funcionaisou em colagens de imagens, resultando umespaço de fluxos que substitui o espaço delugares. Passado, presente e futuro podemser programados para interagir entre si namesma mensagem. O espaço de fluxos e otempo intemporal são as bases fundamen-tais de uma nova cultura que transcende einclui a diversidade dos sistemas de repre-sentação historicamente transmitidos: acultura da virtualidade real. Esse modelo delocalização baseado no espaço de fluxostem como elemento-chave os “meios deinovação”5. A capacidade de sinergia é oque define a especificidade de um meio deinovação, ou seja, o valor agregado resul-tante não dos efeitos cumulativos dos ele-mentos presentes no meio, mas de sua in-teração. Assim, o novo espaço é organiza-do em torno de fluxos de informação. Aênfase na interatividade entre lugares rom-pe os padrões espaciais de comportamen-to em uma rede fluída de intercâmbios queforma a base para o surgimento do espa-ço de fluxos. O espaço de fluxos é umanova forma espacial característica das prá-ticas sociais que dominam e moldam asociedade em rede. Desse modo, o espaçode fluxos “é a organização material das prá-

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tão passei a pensar na construção da autonomia epercebi o quanto tive que aprender sobre o meuaprender, até chegar ao ponto de escrever este diá-rio e comunicar meus pensamentos, assim comorealizar o exercício de reflexionamento com relaçãoao que escrevi no meu texto da disciplina anterior,percebendo que o espaço de fluxo da comunidadeanterior esta sendo utilizado para esta comunidadetambém, foram inúmeras vezes que recorri ao quefoi construído anteriormente para compreender oque está sendo construído atualmente, rompendoa linearidade muitas vezes imposta em aulas tradi-cionais. Também percebi o quanto era importantepara mim que a colega Elaine compreendesse oque estava sendo discutido e agora o mesmo acon-tece com a colega Dani, o desenvolvimento delassignifica o desenvolvimento do grupo e conseqüen-temente o meu desenvolvimento. Percebi tambémque a quebra da hierarquia, oportunizada pela Pro-fessora, fez com que eu me portasse como sujeitoativo desse processo e principalmente responsávelpara que a aprendizagem ocorresse.

O tempo intemporal segundoCastells (1999), é somente uma forma do-minante emergente do tempo social nasociedade em rede porque o espaço de flu-xos não anula a existência de lugares. Asociedade em rede é caracterizada pela rup-tura do ritmo biológico ou social associadoao conceito de um ciclo de vida. A culturada virtualidade real associada a um siste-ma multimídia eletronicamente integradoauxilia na transformação do tempo emnossa sociedade segundo duas formas: si-multaneidade e intemporalidade. Nessenovo contexto, a ordenação dos eventossignificativos perde seu ritmo cronológicointerno e fica organizada em seqüênciastemporais condicionadas ao contexto soci-al de sua utilização. Assim, é ao mesmotempo uma cultura do eterno e do efêmero.O tempo eterno/efêmero da nova cultura

ticas sociais de tempo compartilhado quefuncionam por meio de fluxo” (CASTELLS,1999, p. 436).

O tempo, de acordo com Castells(1999), na natureza como na sociedade,parece ser específico a um determinadocontexto: o tempo é local. Tendo como focoa estrutura social emergente, o autor diz que“a mente da atualidade é a mente quenega o tempo” e que esse novo “sistematemporal” está relacionado ao desenvolvi-mento das tecnologias de comunicação. Otempo linear, irreversível, mensurável e pre-visível está sendo fragmentado na socie-dade em rede.

A transformação é mais profunda: é a mis-tura de tempos para criar um universo eter-no que não se expande sozinho, mas quese mantém por si só, não cíclico, mas ale-atório, não recursivo, mas incurso: tempointemporal, utilizando a tecnologia parafugir dos contextos de sua existência e paraapropriar, de maneira seletiva, qualquervalor que cada contexto possa oferecer aopresente eterno (CASTELLS, 1999, p. 460).

O que Castells (1999) coloca podeser evidenciado na percepção de um dossujeitos sobre a sua relação com esse novotempo e espaço:Ao realizar diversas leituras sobre Comunidades Vir-tuais, passei a estruturar diversos questionamentossobre o que tenho vivido em Comunidade Virtual,quais os conflitos instaurados? Acredito que a pró-pria utilização do AVA que leva a ressignificar nossomodo de interagir e comunicar causou em mim omaior desequilíbrio, o mesmo aconteceu nos fórunssobre Vigotsky e sobre o Fazer e Compreender. Hojerecebi um e-mail da Dani sobre Acoplamento estru-tural e passamos a discutir. Percebi que o conflitoda comunidade Realidade Virtual, durante a minhaparticipação, ocorreu somente com o planejamento,pois estávamos coordenando os pensamentos. En-

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transcende qualquer seqüência específicae adapta-se à dinâmica da sociedade emrede, possibilitando interações individuaise representações coletivas formando umpanorama mental atemporal.

Desse modo, podemos perceber queesses novos meios, com os quaisinteragimos, são de outra natureza, de for-ma que as metodologias anteriormenteadotadas não dão conta de explorar opotencial que oferecem. Portanto, novasmetodologias precisam surgir, levando emconta a potencialização do processo de in-teração possibilitados pelas TDs.

6. Ambientes virtuais de6. Ambientes virtuais de6. Ambientes virtuais de6. Ambientes virtuais de6. Ambientes virtuais deaprendizagem, comunidadesaprendizagem, comunidadesaprendizagem, comunidadesaprendizagem, comunidadesaprendizagem, comunidadesvirtuais de aprendizagem evirtuais de aprendizagem evirtuais de aprendizagem evirtuais de aprendizagem evirtuais de aprendizagem emundos virtuaismundos virtuaismundos virtuaismundos virtuaismundos virtuais

6.1 Comunidades virtuais

Comunidades virtuais são redes ele-trônicas de comunicação interativa autode-finida, organizada em torno de um interes-se ou finalidade compartilhados. Esse novosistema de comunicação pode abarcar eintegrar diferentes formas de expressão,bem como a diversidade de interesses, valo-res e imaginações, inclusive a expressão deconflitos. Isso tudo devido à sua diversifica-ção, multimodalidade e versatilidade. O de-senvolvimento de comunidades virtuais seapóia na interconexão, se constitui por meiode contatos e interações de todos os tipos.Segundo Lévy (1999) e Palloff e Pratt(1999), comunidades virtuais são formadasa partir de afinidades de interesses, de co-nhecimentos, de projetos mútuos e valores

de troca, estabelecidos num processo decooperação6. Uma comunidade virtual é umcoletivo mais ou menos permanente depen-dendo dos interesses dos participantes, quese organiza por meio de ferramentas ofere-cidas por um novo meio. As comunidadesse alimentam do fluxo, das interações, dasinquietações, das relações humanasdesterritorializadas, transversais, livres.

Lévy (1999) coloca que nessas co-munidades virtuais de aprendizagem, asrelações on-line estão muito longe de se-rem frias, elas não excluem as emoçõesfortes. A responsabilidade individual, a opi-nião pública e seu julgamento aparecemfortemente no ciberespaço. No entanto, acomunicação via redes de computadores éum complemento ou um adicional e nãoirá de forma alguma substituir os encon-tros físicos. Na verdade, as relações entreantigos e novos dispositivos de comunica-ção não podem ser pensadas em termosde substituição. Nas comunidades virtuaisas emoções são expressas nos textos pro-duzidos pelos participantes, de forma quea afetividade está presente nas interaçõesvirtuais e é possibilitada por meio do usode ambientes virtuais de aprendizagempara a formação de comunidades. Essaafetividade, que é construída e representa-da pela linguagem escrita, existe e se de-senvolve no virtual. É uma afetividade quese constitui na presença virtual.

Entre os participantes das comunida-des virtuais também se desenvolve umaforte moral social, um conjunto de leis nãoescritas, que governam suas relações. Amoral implícita é em geral a da reciprocida-de, ou seja, se aprendemos algo lendo as

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trocas de mensagens, é preciso tambémexpressar o conhecimento que temos quan-do uma situação problema ou questiona-mento for formulado. A total liberdade deopinião é conferida igualmente a todos osparticipantes, sendo que as regras que re-gulam as interações são construídas nacoletividade. Isso se opõe fortemente a qual-quer tipo de censura e possibilita a explo-ração de novas formas de opinião pública.

Podemos estabelecer relações com oque diz Piaget sobre os dados psicológicose os fins da educação moral, quando falaque é necessário um espírito de coopera-ção tal que cada um compreenda todos osoutros. Isso se refere a uma solidariedadeinterna que não elimine os pontos de vistaparticulares, mas coloque-os em reciproci-dade e realize a unidade na diversidade. Otrabalho em grupo apresenta vantagens doponto de vista da própria formação do pen-samento, pois a atividade pessoal se de-senvolve livremente numa atmosfera decontrole mútuo e de reciprocidade. Isso podeser evidenciado no registro abaixo:exploramos o programa Active World. Encontrei di-ficuldade inicialmente porque não percebia a pro-posta do trabalho, construir um mundo... A utiliza-ção do programa é bastante complexa e para apren-der será necessário bastante autonomia. Contudoestou inserida em uma comunidade que vai orien-tar a construção de um mundo específico, atenden-do as necessidades e os objetivos dos membros dacomunidade. Já recebi e-mail de uma aluna ofere-cendo-se para ajudar e aceitando sugestões.

A presença de conflitos é parte inte-grante da vida de uma comunidade virtu-al, principalmente quando um dos partici-pantes infringe as regras acordadas, con-forme evidenciado a seguir:

Hoje fiquei meio decepcionada, pois entrei no mun-do para continuar florindo nosso ambiente central,mas me deparei com um mundo sem a praça, semas floreiras que haviam sido colocadas, enfim, todomodificado. Enviei um e-mail para a galera, conti-nuei me comunicando no chat e no fórum, massão poucos retornos. Sugeri que esquematizássemosum projeto, pois nosso trabalho inicial foi desconfigu-rado. Qualquer um está conseguindo modificar eaté remover aquilo que outra pessoa faz, o queacaba gerando alguns “conflitos”, no sentido de quese perde a noção daquilo que estaríamos dandoandamento. O mundo estava ficando tão bonitinho,agora está uma confusão. Tem de tudo um pouco,num ambiente que não comporta tais objetos. Tele-visão na rua, além de outros objetos que não apre-ciei. Não está ficando coerente. É necessário orga-nizarmos em conjunto nossas próximas ações, poisassim acaba sendo tempo desperdiçado.

Por outro lado, constroem-se afinida-des, parcerias e alianças intelectuais, senti-mentos de amizade e outros que se desen-volvem nos grupos de interação da mes-ma forma como acontece entre pessoas quese encontram fisicamente para conversar.A personalidade de cada participante serevela por meio do estilo de escrita, compe-tências, tomadas de posição, evidenciadasnas relações humanas presentes nas inte-rações. Também dessa forma, as comuni-dades não estão livres de manipulações eenganações, assim como em qualquer ou-tro espaço de interação social.

Uma comunidade que sustenta umarede ativa de comunicação aprenderá comseus próprios erros, pois serão difundidospor toda a rede e voltarão para a sua ori-gem ao longo de laços de realimentação.Devido a isso, a comunidade tem a possi-bilidade de corrigir seus erros, se auto-regu-lando e auto-organizando.

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6.2 Ambientes virtuais de aprendizagem

Segundo Schlemmer (2002), Ambien-tes Virtuais de Aprendizagem, Ambientes deAprendizagem Online, Sistemas Geren-ciadores de Educação a Distância, Softwarede Aprendizagem Colaborativa são deno-minações utilizadas para softwares desen-volvidos para o gerenciamento da apren-dizagem via Web. São sistemas que sinteti-zam a funcionalidade de software paraComunicação Mediada por Computador –CMC (síncrona e assíncrona) e métodos dedisponibilização de material de apoio paracursos online. Muitos desses sistemas re-produzem a sala de aula presencial físicapara o meio online, outros buscam alémde simplesmente reproduzir ambientes edu-cacionais existentes para um novo meio,usar a tecnologia para propiciar aos apren-dizes novas ferramentas que promovam aaprendizagem. Esses últimos procuram su-portar uma grande e variada gama de es-tilos de aprendizagem e objetivos, encora-jando a colaboração, a aprendizagem ba-seada em pesquisa, além de promovercompartilhamento e re-uso dos recursos.

Esses sistemas apresentam um con-junto de características que o definem, dis-ponibilizando ferramentas que podem po-tencializar processos de interação, de cola-boração e de cooperação. No entanto, mui-tos se restringem a apresentação de con-teúdos e proposição de tarefas/exercícios/testes/provas já organizados e sistematiza-dos anteriormente pelo professor. Em mui-tos deles a cooperação serve somente comotécnica para motivar o aluno a executar oque já foi previamente definido preparado

e apresentado pelo tutor, sendo esse oaspecto principal em detrimento daaprendizagem cooperativa, resultante deum processo de interação que propicia aoaluno autoria e autonomia7 no seu proces-so de aprendizagem.

Ambiente Virtual de Aprendizagem – AVA

O AVA da UNISINOS foi desenvolvidoa partir de um Projeto Pedagógico Comuni-cacional - PPC que tem como pressupostosfilosófico e institucional o Humanismo Soci-al-Cristão, expresso na Pedagogia Inaciana;como pressuposto epistemológico, a concep-ção interacionista-construtivista-sistêmica;como pressupostos pedagógicos, a dialogi-cidade, a interdisciplinaridade e a transdis-ciplinaridade8. Trata-se de um ambiente virtualde aprendizagem que possibilita a criaçãode comunidades e micro-comunidades, ouseja, sub-sistemas que se inter-relacionam esão interdependentes, formando sistemas noqual o todo é maior que a soma das partes.Isso expressa a concepção sistêmica, ondeo conhecimento é visto como um todo inte-grado, sendo que as propriedades funda-mentais se originam das relações entre aspartes formando uma rede. Essas comunida-des são formadas a partir de interesses emcomum, em que o sujeito é o centro do pro-cesso de aprendizagem e em interação comos objetos de conhecimento e demais sujei-tos constrói conhecimentos. Isso expressa aconcepção interacionista-construtivista, poisreconhece que sujeito e objeto de conheci-mento são organismos vivos, ativos, abertos,em constante troca com o meio ambienteatravés de processos interativos indisso-

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ciáveis e modificadores das relações, a partirdas quais os sujeitos em relação modificam-se entre si, compreendendo o conhecimentocomo um processo em permanente constru-ção. Assim, o AVA apresenta níveis de com-plexidade superiores relativos aos ambien-tes existentes no mercado.

A interface do AVA foi construída parapossibilitar Interação Mútua9 e se constituia partir de diferentes funcionalidades agru-

padas em Tutorial; Informações; Serviços –agenda, virtualteca, glossário, FAQ, conta-to, histórico quantitativo, histórico qualitati-vo; Comunicação – mural, fórum, correio,chat;, Webfólio Coletivo – orientações, ava-liação, desafios, casos, problemas, projetos,oficinas, arquivos; e Webfólio individual -apresente-se, diário, arquivos, A figura abai-xo representa essa interface. O uso do AVAé assim evidenciado pelos sujeitos:

Novas ferramentas do AVA foram-me apresentadas,como por exemplo o espaço para a disponibilizaçãode vídeos. Não fazia idéia da quantidade de ferra-mentas disponíveis e as suas potencialidades paraa área educacional. Realmente o ambiente propiciao desenvolvimento de uma prática pedagógicaconstrutivista, porém um fator fundamental para quea aprendizagem realmente aconteça é a autono-mia do aluno durante o uso de tais ferramentas e ainteração com os demais sujeitos participantes da

comunidade. O ambiente vem me desestruturandoem relação a esta nova forma de aprendizagem...Durante as provocações levantadas no fórum, co-meço a perceber como existem relações nas falasde muitos autores, como no caso das contribuiçõesde Levy em relação ao ciberespaço e as questõesrelacionadas com o espaço de fluxos, tratado porCastells. Vejo como é necessário refletir e interpre-tar as idéias dos autores, para poder argumentar esocializar tais leituras com os demais participantes

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através do fórum de discussão, que conseqüente-mente, permite a modificação do sujeito (no sentidode crescimento em relação a aprendizagem). Ofórum permite me expor de maneira escrita, o quetem facilitado a organização do meu pensamento.

Quero deixar registrado aqui que percebo algunsavanços em relação a utilização de algumas ferra-mentas proporcionadas pelo AVA, no qual eu aindanão havia utilizado e nem percebido a importânciadas mesmas. Através do seminário com a professo-ra, tenho me dado conta da importância da utiliza-ção de tais ferramentas para organização e a rela-ção das informações, afim de que se possa visuali-zar o desenvolvimento da própria aprendizagem. Aparticipação e a interação no fórum também tempermitido construir conhecimento.

Fundamentado nos pressupostos ci-tados anteriormente, o desenho do AVA pro-picia e incentiva o desenvolvimento de me-todologias que visam à construção de umarede de convivência, de expressão de solida-riedade, na qual participam os diferentesatores (aluno, secretário, orientador/articula-dor, conceptor e administrador). Trata-se dedescobrirmos novas formas de vivermosjuntos nas dimensões simbólicas, funcionaise cognitivas, sustentadas por relações deautonomia e cooperação. A figura a seguirrepresenta a espiral do conhecimento, naqual a aprendizagem se dá num sistemaaberto e contínuo ao desenvolvimento deestruturações superiores, originadas a par-tir das descobertas e possibilidades surgi-das no processo de interações ocorrido en-tre os diferentes níveis de atores. Procuraresumir a idéia de uma comunidade emdesenvolvimento espiral voltada para aabertura de possíveis e a novidade10.

Nesse sentido, a metodologia parautilização do AVA é baseada no pressupos-to da atividade cooperativa, que possibilitaum processo de ação-reflexão continuadosdos sujeitos da aprendizagem. Inclui e in-centiva o trabalho interdisciplinar e trans-disciplinar, oportunizando o desenvolvimen-to do pensamento e da autonomia pormeio de trocas intelectuais, sociais, culturaise políticas, e favorece a tomada de consci-ência da aprendizagem. Implica, ainda, umprojeto comunicacional descentrado e me-diado em praticamente todas as funçõesinterativas possíveis no espaço do ambi-ente. Os professores além de serem especia-listas, têm a função de orientador, de articula-dor e de problematizador. Isso implica parti-cipação, fomento à discussão, acompanha-mento e análise da construção do conheci-mento por meio da participação coletiva eindividualizada11. O registro abaixo eviden-cia a percepção de um dos sujeitos sobre afunção do professor.Percebo o quanto é importante o processo de inter-venção como forma de mediação pedagógica doprofessor orientador de uma comunidade virtual deaprendizagem, pois tal processo leva o sujeito ao

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desequilíbrio, gerando novas necessidades. E, quan-do uma necessidade é gerada, o sujeito busca asnovas possibilidades de ação até atingir o estado deequilíbrio e satisfazer a sua necessidade. Hoje, mesinto assim, teorizando Piaget, compreendendo-omelhor através da experiência como aluno, sujeitodo processo de aprendizagem.

Dessa forma, as possibilidades exis-tentes no AVA provocam um repensar daspráticas pedagógicas atuais e incentiva odesenvolvimento de práticas pedagógicasinovadoras. Entre elas, podemos citar a me-todologia de Projetos de Aprendizagem eIdentificação e Resolução de ProblemasOrientada ao Processo. Nessas propostasmetodológicas é fundamental a mediaçãopedagógica do professor e a possibilidadede interação entre os atores envolvidos. Sãoessas premissas que fazem a diferença naqualidade de um processo educacional, noqual se prioriza a aprendizagem e a coope-ração. Durante a aprendizagem é necessá-rio um processo de reflexão do próprio sujei-to sobre sua ação. O que muitas vezes ocor-re é a imposição de uma única lógica res-ponsável por transmitir o conhecimento, aoinvés de propiciar o desenvolvimento lógicode cada um, o qual possibilitaria ao sujeitoreconstruir conceitos, estabelecer relações,entender seu próprio processo de aprendi-zagem, melhorando sua auto-estima. Essapreocupação é expressa por Papert (1994apud SCHLEMMER, 2002), quando refereque a melhor aprendizagem ocorre quan-do o aprendiz assume o comando.

Tanto nos projetos de aprendizagem,quanto na identificação e resolução de pro-blemas, a construção do conhecimentoocorre a partir das interações que são signifi-

cadas pelo sujeito a partir das relações queele estabelece entre a nova informação e oconhecimento que possui, ocorrendo des-sa forma a aprendizagem. Assim, podemosdizer que a aprendizagem possui uma di-mensão que é social, a qual se relacionaas trocas, a colaboração a cooperação; euma dimensão individual, que se relacionaa significação e sistematização individual,conforme pode ser visto na figura a seguir.

Projetos de aprendizagem e identifi-cação e resolução de problemas podem serviabilizados por meio do uso de ambientestecnológicos baseados da web, que permi-tam a constituição de comunidades virtuaisde aprendizagem. Essas comunidadespodem ser formadas por orientadores/articuladores e estudantes, caracterizando-se num espaço para partilhar recursos ma-teriais e informações que ambos possuem.Assim, os orientadores/articuladores tam-bém aprendem, ao mesmo tempo em queos estudantes atualizam continuamentetanto seus saberes “disciplinares”, ou seja,

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na disciplina em que são especialistas,como desenvolvem e transformam suaspráticas pedagógicas. Um dos sujeitos as-sim se expressam sobre o desenvolvimen-to do projeto:Através da apresentação do andamento do projetodo seminário, percebo o quanto é importante a con-tribuição dos colegas para a melhoria do projetoem desenvolvimento. A partir desta socialização mesinto mais segura para prosseguir com a elabora-ção do esquema de sumário e iniciar a construçãoteórica do artigo que pretendo escrever. O compar-tilhamento de idéias é essencial para crescermosem equipe. Quanto ao uso da ferramenta projeto,do AVA, a cada semana que passa, fica mais fácilcompreendê-la...

6.3 Mundos Virtuais - Avatar(Telepresença)

Poderíamos dizer que mundos virtu-ais são mundos paralelos ao mundo físi-co? Ou seria melhor dizer que são repre-sentações a partir dos mundos que conhe-cemos e/ou imaginamos, sendo assim,mundos de outra natureza?

um mundo virtual, no sentido amplo, éum universo de possíveis, calculáveis apartir de um modelo digital. Ao interagircom o mundo virtual, os usuários o ex-ploram e o atualizam simultaneamente.Quando as interações podem enriquecerou modificar o modelo, o mundo virtualtorna-se um vetor de inteligência e cria-ção coletiva (LEVY, 1999, p. 75).

Tecnicamente, um Mundo Virtual éum cenário dinâmico, com representaçãoem três dimensões – 3D, modelado compu-tacionalmente por meio de técnicas de com-putação gráfica e usado para representara parte visual de um sistema de realidade

virtual. Esses ambientes são projetados pormeio de ferramentas específicas, sendo quea mais popular é a linguagem de progra-mação VRML (Virtual Reality ModelingLanguagem). Esse tipo de “realidade” estáse popularizando e pode ser facilmenteexperimentada por usuários que navegamna Internet, pois já existem vários sites nosquais o sujeito pode experimentar a sensa-ção de estar num Mundo Virtual em 3D etambém vários softwares que possibilitama construção desses mundos de forma ra-zoavelmente simples, sem que haja neces-sidade de saber programar em VRML.

Um mundo virtual pode representarde forma semelhante ou fielmente o mun-do físico, ou ser uma criação muito diferen-te, desenvolvido a partir de representaçõesespaciais imaginárias, simulando espaçosnão-físicos, lugares para convivência virtu-al, com leis próprias, nos quais podemosusar todo o poder da nossa imaginação ecriatividade.

Uma das características fundamen-tais dos mundos virtuais é o fato de seremsistemas dinâmicos, ou seja, os cenários semodificam em tempo real à medida queos usuários vão interagindo com o ambi-ente. Essa interação pode ocorrer em me-nor ou maior grau dependendo da formade interface adotada, pois os mundos alémse constituírem por cenários dinâmicos,podem ser povoados tanto por humanos,representados por meio de avatares osquais realizam ações e se comunicam,quanto por agentes comunicativos12.

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AAAAAWSINOS: a criação de umWSINOS: a criação de umWSINOS: a criação de umWSINOS: a criação de umWSINOS: a criação de ummundo de aprendizagensmundo de aprendizagensmundo de aprendizagensmundo de aprendizagensmundo de aprendizagens

A construção do AWSINOS faz parteda pesquisa “Construção de Mundos Virtu-ais para Capacitação Continuada a Distân-cia”. Segundo Schlemmer et al. (2004), oAWSINOS é um mundo virtual no qual ossujeitos são autores, convocados a experi-mentar o processo de aprendizagem emação, na construção do conhecimento deforma colaborativa e cooperativa, onde aautonomia é o pano de fundo que movi-menta a construção do mundo.

Para construir o AWSINOS houve arealização de um planejamento, delineandoa proposta e contemplando os interesses dossujeitos-participantes da pesquisa. Ficou esta-belecido que o mundo seria construído a par-tir da temática “Contos” para ser trabalhadona educação infantil e no ensino fundamen-tal. No ensino médio e superior poderia serutilizado no sentido de que os estudantespudessem auxiliar na ampliação do mundoque está sendo construído. Durante o pro-cesso de exploração e construção do mun-do, fez-se necessário um trabalho cooperati-vo entre os sujeitos, incluindo desde revela-ção das descobertas individuais até parce-ria no planejamento e execução da propos-ta, envolvendo diferentes áreas de conheci-mento, nas quais os sujeitos concentram suaespecialidade. Portanto, realizando um tra-balho cooperativo a pedagogia pôde arti-cular suas intenções no bairro temático, aarquitetura auxiliou na “organizaçãoarquitetônica” no espaço e na indicação deobjetos a serem utilizados. Ao descobrir“como fazer” as informações foram compar-

tilhadas, possibilitando ao grupo apropriar-se e avançar na construção. Um dos sujei-tos assim se manifesta sobre o processo:Bem, estamos agora com um planejamento do mundoque pretendemos desenvolver, permitindo uma mai-or organização das idéias para a sua construção. Aindame sentido perdida em relação a exploração e movi-mentação espacial. Percebo cada vez mais a necessi-dade de compartilhar conhecimentos com outras áre-as, principalmente com a arquitetura, que é a partirdessa área de conhecimento é que começa a surgiras principais bases do planejamento arquitetônico.Hoje, especificamente trocamos algumas informaçõessobre as texturas de algumas avenidas, além da en-trada do mundo e da definição da localização cardeal(norte, sul, leste, oeste) que poderá estar disponívelna entrada do mundo, permitindo e facilitando a lo-calização dos bairros. Tive um grande progresso: con-segui buscar objetos em outros mundos e inserir emum dos bairros propostos, através da cópia da descri-ção das propriedades dos objetos.

O AWSINOS, conforme figura abai-xo, está em construção. Atualmente o sujeitoentra na Praça Central, seguindo pelo ambi-ente pode ver ruas, flores, árvores, e outdoorsindicando os bairros que compõem o mun-do de contos: contos diversos, contos de fic-ção, contos de terror, contos da mitologia,a galeria da história da criação do AWSINOS,um painel com filmes e sites linkados e umespaço reservado para a criação livre, poralunos da disciplina do Computador na So-ciedade e na Empresa, do Curso de Ciên-cia da Computação e da Informática e poralunos das disciplinas de Educação e Multi-meios do Curso de Pedagogia. Nesses bair-ros possuem diferentes e diversos objetosque caracterizam cada um dos espaços. Hátambém uma área de lazer com jogos episcina, entre outros. A seguir um dos sujei-tos evidencia esse processo de construção.

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Hoje trabalhei inicialmente sozinha, na verdade ter-minei a galeria que eu e a Dani iniciamos. Apóstrabalhei no bairro do terror, onde iniciei a constru-ção de um prédio inacabado, a Carine sugeriu al-gumas estampas de paredes e me mostrou as vari-ações da mesma. Logo chegaram as colegas daCarine do curso de arquitetura onde fizemos umabreve apresentação do projeto e do mundo virtual.Foi importante retomar as idéias porque foi possí-vel perceber como precisamos do outro na constru-ção. As trocas sobre o conhecimento técnico, o pla-nejamento, a construção da galeria e etc. Após asalunas do curso de arquitetura decidiram iniciar obairro ficção, então eu também fui para lá a fim departicipar das trocas, como não utilizamos o chat acomunicação não se efetivou. Percebi que a Carinetrocou bastante com elas, talvez pela proximidadeda área de conhecimento em que atuam

O processo de aproximação dos su-jeitos com o Mundo nos remete a discutiros seguintes aspectos surgidos durante apesquisa: sensações experimentadas ao in-teragir num mundo virtual, bem como asrelações estabelecidas, aprendizagens propi-

ciadas na construção dos mundos, habilida-des e competências necessárias para intera-gir e utilizar mundos virtuais nas práticas di-dático-pedagógicas, possibilidades dos mun-dos serem utilizados em processos edu-cacionais para contribuir na aprendizagem13.

Na construção do AWSINOS, perce-bemos que por meio da participação ativaos sujeitos vivenciam o processo de apren-dizagem, resultando em aprendizagem sig-nificativa; realizam trocas síncronas eassíncronas e também experimentam atelepresença, via avatar, permitindo atua-rem e cooperarem, construindo subsídiosteóricos e técnicos para compreender comose dá o uso dessa tecnologia em proces-sos educacionais, planejando a construçãodo mundo para este fim, conforme eviden-ciado no registro abaixo:Esta semana nos encontramos a fim de que pudés-semos replanejar alguns espaços que até então

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estavam sendo construídos sem dar a caracteriza-ção ideal para os mesmos. Foi quando percebi, queaté então não tínhamos claro o objetivo da constru-ção do mundo, ou seja, durante a nossa conversasurgiu a questão: para quem e com que objetivoestamos criando um mundo com bairros distintos?Para crianças? Alunos de escola? De que idade?Qual é a aprendizagem que as mesmas estariamdesenvolvendo ao entrar no mundo? Bem, foi pen-sando nisto que conseguimos dar prosseguimentoao planejamento do mesmo. Nós mesmos criamosas respostas para as nossas próprias perguntas. Areflexão constante sobre as ações é que tem noslevado a compreensão dos fatos.

Na construção de um mundo virtualse aprende de forma lúdica, pode ser umaaventura, uma brincadeira, um “faz-de-con-ta”, no qual adultos constroem aprendiza-gens ao “virtualizar” um mundo com suasintenções e implicações, construindo e re-construindo saberes, interagindo e coope-rando. Isso é evidenciado pelos sujeitosconforme a seguir:Hoje a experiência no Active World foi muito significa-tiva, atrativa e emocionante. Significativa porque oprogresso obtido foi imenso. Conseguimos iniciar aconstrução de mundos. Já sabíamos, devido às leitu-ras realizadas sobre o Active e as experimentaçõesfeitas no programa, que só poderíamos construiralgo tendo um objeto inicial para clonar e mudaras suas características. Conseguimos listas imensasde códigos de objetos, texturas, cores e outros, masnão sabíamos onde encaixar aqueles números. Foihoje, ao refletirmos sobre onde mudar, como mu-dar, que abri a janela das propriedades do objeto -que era uma rua - e vi que a extensão do nome doobjeto coincidia com a extensão dos objetos dosquais tínhamos os códigos. Experimentei trocar e...A rua virou uma parede de água. Daí para diante,não paramos mais (a professora, a colega Marina eeu). A experiência foi muito atrativa, pois conseguircomeçar a construir foi um maravilhoso convite anão parar mais. Foi emocionante porque a alegriade sairmos da estaca zero foi imensa. Esta tarde foi

extremamente proveitosa! Hoje eu coloquei flores eplantas em nossa praça. Também comecei a iluminá-la. Brinquei com prédios, inserindo uma pirâmidesem saída. Tentei fazer uma abertura, mas não deu.Comecei a construir um prédio, mas ficou muito me-dieval, então retirei-o. A experiência está sendo 10.

Hoje também aconteceu algo engraçado, pois eu es-tava aqui trabalhando no AWSINOS e apareceu umacolega. Ela olhou para a tela do computador e disse“O que tu tá fazendo? Isso é hora de brincar?”. Brin-car??? Achei engraçada sua concepção, pois como asimagens são em 3D, a aparência é a de “um jogo” ousemelhante, achou que eu estava brincando.

O diálogo entre homem-máquina al-tera os processos educacionais em funçãodas imprevisibilidades e indefinições quenascem das interações do corpo com astecnologias. Essa interação do sujeito como espaço cibernético o afeta, principalmen-te na sua relação com o conhecimento, oque tem acelerado mudanças em todos ossetores da sociedade. Na educação, no mo-mento em que os espaços de aprendiza-gem são expandidos, possibilitando a de-mocratização da informação, a qual agorapode assumir uma representação em 3D,faz com que nos preocupemos tambémcom o chamado “corpo tecnologizado”. Se-gundo Levy (1999), os mundos virtuais, porexemplo, colocam em novas bases os pro-blemas do laço social, a hominização, o pro-cesso de surgimento do gênero humanoacelera-se de forma brutal. Assim, no proces-so de criação tecnológica e utilização des-ses recursos em processos educacionais éfundamental pensarmos no tipo de intera-ção que essas TDs possibilitam, pois é sabi-do que a chave do processo de aprendiza-gem está na interação do sujeito. Os sujei-tos assim se expressam sobre a experiência:

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Hoje foi o meu primeiro contato com Eduverse. Foimuito engraçado e! Percebo a grande dificuldadeem me situar no mundo AWSINOS. Estou em faseexploratória do mundo. A localização espacial den-tro dele é muito complicada, uma vez que não exis-te linearidade. Comecei a duplicar objetos e conheceralgumas propriedades do mesmo. Com a ajuda dascolegas, acredito que poderei começar entender umpouco mais sobre a construção de mundos virtuais.

Confesso que estou me sentindo bem mais a von-tade durante a construção do mundo. Quanto a lo-calização espacial, agora está bem melhor... Talvez,porque a entrada principal, agora, esteja indicandoa denominação dos bairros, facilitando a entradapara as demais partes do mundo. A busca e a in-serção de novos objetos também tem facilitado aconstrução. Estou me sentindo um pouco mais sol-ta e começo a compreender o processo de aprendi-zagem de maneira mais segura. Sinto que com oplanejamento do mundo, a construção tende a evo-luir, assim como as interações entre todos nós, par-ticipantes da pesquisa. A cada dia, novas aprendi-zagens ocorrem...

Hoje eu e a professora viemos para o laboratório afim de darmos continuidade à construção do mun-do. Eu reorganizei a praça, que estava literalmentedestruída. Agora está muito mais apresentável econvitativa. Muito bonita!!! Falta colocar flores noscantos de uma das ruas também, pois já coloqueiem três delas até o momento. Organizei os cantei-ros, a iluminação, acrescentei árvores. Muito legal!Descobri que dá para atravessar as coisas, comopassar no meio do canteiro, estando de costas, nomodo de visão que muda a câmara, ou seja, mevendo. De frente para o objeto não dá. Olhando naprimeira pessoa também não, mas de costas dá. Avisão 3D se modifica. Os objetos parecem folhas depapel, e aí surgem espaços entre os quais é possí-vel passar. Gostei!!! Quando eu pulo, faço algumaexpressão, gostaria de me ver, mas não consigo.Queria ver meu rosto. Estes dias dei meia volta, fizos movimentos e pude ver minha expressão, mashoje não. Não lembro o que eu havia feito de dife-rente. Na verdade, acho que nada, mas o fato é queo resultado não foi o mesmo. Ah! Gostaria de regis-trar outra impressão: em todos os programas de

computador, precisamos salvar nossas informações,registros, etc, por isso, creio eu, sempre tenho aimpressão de que preciso salvar as alterações quefiz no mundo. As vezes quero “desfazer” e/ou “refa-zer”, como se estivesse em outro software. Tambémjá me peguei tentando utilizar “control C” para copi-ar o objeto, “control V” para colar, ...

Silva (1999 apud AIRES e ERN, 2002)diz que há algumas singularidades ouprerrogativas que possibilitam dizer que umproduto, uma comunicação, um equipa-mento, uma obra são interativos, qual sejase estiverem imbuídos de uma concepçãoque contemple “complexidade, multiplicida-de, não-linearidade, bidirecionalidade,potencialidade, permutabilidade (princípiocombinatório), imprevisibilidade etc, permi-tindo ao usuário a liberdade de participa-ção, de intervenção” (SILVA, 1999, p. 132apud AIRES e ERN, 2002, p. 81). Ainda se-gundo Primo (1999), um sistema interativodeve dar total autonomia ao usuário. Se-gundo ele os sistemas que apresentam “in-teração mútua” se interfaceiam virtualmen-te, de forma que uma interface totalmenteinterativa é aquela que trabalha navirtualidade, possibilitando a ocorrência daproblemática e viabilizando atualizações.Quanto mais uma interface permitirinteratividade, mais contribuirá para a cons-trução do conhecimento.

7 Considerações finais7 Considerações finais7 Considerações finais7 Considerações finais7 Considerações finais

Sabemos que toda e qualquer cria-ção/desenvolvimento de ferramenta tecno-lógica nunca é neutra, pois sempre haverápressupostos, concepções, intenções por par-te de quem as desenvolve, as quais se refle-tirão na forma/conteúdo da ferramenta em

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questão. Podemos como exemplo citar: assimulações, as quais são criadas com objeti-vos específicos, para que os sujeitos que asutilizam desenvolvam determinadas compe-tências; os CBTs, WBTs e WBIs desenvolvidoscom a finalidade de “treinar” os sujeitos emum determinado domínio do conhecimen-to; as linguagens de programação – quepossibilitam aos programadores criar apli-cações específicas para os mais variadosdomínios da sociedade; os software aplicati-vos entre outros. Dessa forma, o AWSINOSe o AVA também têm as suas intencionali-dades, quais sejam a de provocar desequilí-brio no sistema de significação dos sujeitoscom relação a crença de como se dá o pro-cesso de aquisição do conhecimento, vistoque apresentam diversas ferramentas queservem como suporte a interação (comuni-cação), outras que suportam o trabalho co-letivo (webfólio coletivo), podendo auxiliar,dependendo da mediação pedagógica, nodesenvolvimento do respeito mútuo, solida-riedade interna, colaboração e cooperaçãoe outras ainda em que o sujeito registra suasaprendizagem e sentimentos (webfólio indi-vidual), auxiliando na tomada de consciên-cia e no processo de meta-cognição, semfalar na ferramenta de avaliação, a qualincentiva um novo olhar, no sentido deuma avaliação qualitativa.

Assim, o AVA e o AWSINOS são cria-ções tecnológicas com um recorte epistemo-lógico e teórico definido, suficientemente ro-busto e apropriado para provocar, por meiodo seu desenho, processos de desequilíbriocognitivo, tomada de consciência e meta-cognição, impulsionando o rompimento de

paradigma quanto às atitudes em relaçãoao processo de conhecer. É importante con-siderar que a proposta interacionista é aber-ta a estruturações diferenciadas surgidas apartir de um processo dialógico, e destaforma inclui, chama a discussão. Tambémé importante chamar a atenção para o fatode que estar trabalhando num recorteepistemológico assumido não caracterizadeterminismo tecnológico, pois “pensar umdispositivo na perspectiva interacionista-construtivista-sistêmica é situar objetos epossibilidades de interação que levem adesequilíbrios permanentes entre osinteragentes, e que propicie a construçãodos instrumentos de reequilibração. Na pers-pectiva das comunidades virtuais de apren-dizagem, estas estruturações podem ser vis-tas como resultantes da construção coleti-va, auto-regulada (em ritmos, regulações eoperação) pelas condutas dos atores, bus-cando coordenações gerais entre as váriasações individuais, abertas às transforma-ções necessárias frente a novos objetos domundo natural e social” (SCHLEMMER etal., 2001, p. 6). Dessa forma, acredito queas características de uma criaçãotecnológica podem influenciar positivamen-te as interações nela realizadas, culminan-do com a construção de uma rede de con-vivência, de expressão de solidariedade.Isso é evidenciado por diferentes usuáriosdo AVA e também pelos construtores doAWSINOS em registros realizados nos diá-rios de suas comunidades, os quais estãodisponíveis nas mesmas.

Assim, ao utilizar as TDs no processoeducacional, é essencial identificarmos as

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concepções que fundamentam o desenvol-vimento das ferramentas que se pretendeutilizar, tendo uma idéia clara das suaspossibilidades e potencialidades, pois nouso que faremos dela estará explicitada acompreensão que temos do processo edu-cativo num espaço que inclui essastecnologias. É preciso saber identificar quaissão as metodologias que nos permitem ti-rar o máximo de proveito das TDs em rela-ção ao desenvolvimento humano, ou seja,elas precisam propiciar a constituição deredes de comunicação na qual as diferen-ças sejam respeitadas e valorizadas; os co-nhecimentos sejam compartilhados e cons-truídos cooperativamente; a aprendizagemseja entendida como um processo ativo,construtivo, colaborativo, cooperativo eauto-regulador.

Penso que uma das formas de bus-car uma maior compreensão sobre a apren-dizagem com o uso das TDs consiste, alémde realizarmos experimentos utilizando cri-ações tecnológicas a partir de teorias emetodologias consagradas, num processode auto-conhecimento com relação a comopercebemos e representamos a nossa pró-pria aprendizagem, e nesse caso, o pesqui-sador também se inclui, uma vez que tam-bém aprende com o uso das TDs e, a partirdessa relação, articulação, ter mais subsídi-os que possam auxiliar no desenvolvimen-to de novas TDs que possam potencializaros processos de aprendizagem. Acreditoque dessa forma poderemos estar efetiva-mente contribuindo para qualificar e am-pliar a produção de conhecimento na área.

NotasNotasNotasNotasNotas1 Alunos do seminário “Aprendizagem com o usodas TDs” e do seminário “Comunidades Virtuais deAprendizagem na Sociedade em Rede”, do mestra-do em Educação e participantes da pesquisa “Cons-trução de Mundos Virtuais para a capacitação con-tinuada a distância”2 Software de construção colaborativa para ogerenciamento da aprendizagem via web,disponibilizado gratuitamente para instituições edu-cacionais (http://www.unisinos.br/ava). Hoje o AVAconta com cerca de 50 instituições usuárias-colabo-radoras, entre elas instituições de ensino funda-mental, ensino médio e ensino superior, de inicia-tiva privada, pública e não governamental, do Brasile do exterior. O AVA está internacionalizado para alíngua espanhola numa colaboração da Universi-dade Católica do Uruguai – UCU (http://www.ucu.edu.uy) e para a língua inglesa por cola-boração do Lincoln Institute of Land Policy (http://www.lincolninst.edu) (http://ava.lincolninst.edu:8080)3 Ver http://www.inf.unisinos.br/~graphit/unicidade/maria/.4 Ver http://www.activeworlds.com/edu/awedu_participants.asp e http://www.activeworlds.com/edu/awedu_download.asp.5 Conjunto específico de relações de produção egerenciamento com base em uma organização soci-al que, de modo geral, compartilha uma cultura detrabalho e metas instrumentais, visando gerar novosconhecimentos, novos processos e novos produtos.6 A cooperação, segundo Piaget, é identificada comoum processo em ação. Co-operação é operar em con-junto na ação; caracteriza-se pela coordenação depontos de vista diferentes e pela existência de regrasautônomas de condutas fundamentadas no respeitomútuo. Para que haja uma cooperação são necessá-rias as seguintes condições: existência de uma esca-la comum de valores; conservação da escala de valo-res e existência de uma reciprocidade na interação.7 Ser autônomo significa ser sujeito de sua própriaeducação. Um sujeito é autônomo quando é capazde especificar as suas próprias leis, ou o que éadequado para ele. Diz-se que um sujeito tem maisautonomia quanto mais ele tem capacidade de re-

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conhecer suas necessidades de estudo, formularobjetivos para o estudo, selecionar conteúdos, orga-nizar estratégias de estudo, buscar e utiliza os ma-teriais necessários, assim como organizar, dirigir,controlar e avaliar o processo de aprendizagem.Dessa forma o sujeito deixa de ser objeto da condu-ção, influxo, ascendência e coerção educacional, poisele desenvolve uma forte determinação interna, ouauto-afirmação.

8 Ver Schlemmer et al. (2001) e Schlemmer (2002).9 Ver Primo (1999 apud SCHLEMMER, 2002).10 Ver Schlemmer et al. (2001) e Schlemmer (2002).11 Schlemmer et al. (2001, loc.cit.) e Schlemmer (2002,loc.cit.).12 Ver Schlemmer, Borba, Bicca, Musse, Fagundes,Pezzini (2004).13 Ver Schlemmer, Backes, Andrioli, Duarte (2004).

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SCHLEMMER, Eliane; BACKES, Luciana; ANDRIOLI, Aline; DUARTE, Carine Barcellos.AWSINOS: Construção de um Mundo Virtual. In: CONGRESSO IBERO-AMERICANO DEGRÁFICA DIGITAL – SIGRADI, 8., 2004, São Leopoldo. Anais... São Leopoldo: Universida-de do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS, 2004. CD-ROM.

SCHLEMMER, Eliane; BORBA, Marcelo Hernandes; BICCA, Felipe Maino; MUSSE,Soraia Raupp; FAGUNDES, Themis; PEZZINI, Anete Amorim. Mariá, um agente comuni-cativo. In: CONGRESSO IBERO-AMERICANO DE GRÁFICA DIGITAL – SIGRADI, 8., 2004,São Leopoldo. Anais... São Leopoldo: Universidade do Vale do Rio dos Sinos –UNISINOS, 2004. CD-ROM.

Recebido em 4 de março de 2005.Recebido em 4 de março de 2005.Recebido em 4 de março de 2005.Recebido em 4 de março de 2005.Recebido em 4 de março de 2005.Aprovado para publicação em 6 de maio de 2005.Aprovado para publicação em 6 de maio de 2005.Aprovado para publicação em 6 de maio de 2005.Aprovado para publicação em 6 de maio de 2005.Aprovado para publicação em 6 de maio de 2005.