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VII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL
Londrina de 08 a 10 novembro de 2011 - ISSN 2175-960X – Pg. 1115-1125
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A AQUISIÇÃO DA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS (LIBRAS) NA INFÂNCIA: O
PAPEL DA FAMÍLIA.
MATHIELY OLIVEIRA DE ABREU.1
RITA DE FÁTIMA DA SILVA.2
FACULDADE ADVENTISTA DE HORTOLÂNDIA – SP.
1 Introdução
A pesquisa possibilita uma reflexão sobre o papel da família no processo da aquisição da
LIBRAS, de um menor deficiente auditivo e identificar como e quem prepara a família para
tal ensino da LIBRAS. As informações aqui apresentadas é o resultado de uma árdua pesquisa
de campo, tendo como base teórica estudiosos da área.
O desejo de obter o conhecimento sobre a real situação de alunos deficientes auditivos da rede
pública do município de Hortolândia – SP, surge após fazer parte de uma comunidade onde
existem jovens e adultos surdos que se comunicam perfeitamente com os demais, sejam eles
ouvintes ou não, através da LIBRAS. Percebo o quanto a língua de sinais traz benefícios a
estes indivíduos, pois ativamente estão exercendo o seu papel na comunidade e
conseguintemente sua própria cidadania.
Porém, uma dúvida surge quanto aos menores deficientes auditivos do município: “Como
esses menores estão sendo instruídos pelos seus familiares a obter uma língua que os
permitam viver com autonomia?”.
Esta pesquisa trata a LIBRAS como sendo a primeira língua recomendada a ser apresentado a
um menor deficientes auditivo, devido ser uma língua expressamente desenvolvida através da
visão e das mãos, Santana (2007) denomina esta modalidade como “visuomanual”.
2 Metodologia
Tratando-se de uma pesquisa científica, este trabalho foi desenvolvido através da pesquisa de
campo e da revisão de literatura. O número total de D.A matriculados na rede regular de
1 Graduanda no curso de especialização em Educação Especial Inclusiva, pela Faculdade Adventista de
Hortolândia – SP. E_mail: [email protected]. Rua Pastor Hugo Gegembauer, 265. Pq: Ortolândia, Hortolândia – SP.
2 Doutorado em Educação Física, pela Universidade Estadual de Campinas, UNICAMP. E_mail:
[email protected]. Rua Pastor Hugo Gegembauer, 265. Pq: Ortolândia, Hortolândia – SP.
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ensino do município de Hortolândia são 21 ao todo. Por tanto foram entregues 21
questionários, obtendo o retorno apenas de 11, sendo assim, as informações aqui fornecidas
não se trata de um todo, como a princípio era o objetivo da pesquisa, mas nos proporciona
uma reflexão sobre o tema abordado.
As técnicas utilizadas foram:
• Questionário: O questionário era composto por perguntas abertas e fechadas e foi
preenchido pelos pais ou responsáveis dos alunos com deficiência auditiva na ausência da
pesquisadora. A pesquisa foi entregue à coordenadora da secretaria de educação de
Hortolândia – SP, a Sra. Kelly Harumi Lírio Tamashiro. Ela esteve entregando às professoras
itinerantes da rede os questionários dentro de um envelope, sendo que as mesmas entregaram
aos pais ou responsáveis para o preenchimento. Após o preenchimento dos questionários, os
sujeitos devolveram às professoras itinerantes o envelope com os questionários, e elas
entregaram à coordenadora Sra. Kelly. A pesquisadora esteve recolhendo este material
pessoalmente com a coordenadora. Porém, antes do preenchimento do mesmo, uma leitura
minuciosa das instruções deveria ser realizada.
• Elementos de estatística: o tratamento dos dados coletados na apresentação deste trabalho
final, está sendo feito através de gráficos.
De acordo com a Resolução nº 196 de 10 de outubro de 1996 do Ministério da Saúde, toda
pesquisa que envolve seres humanos como participantes deve ser avaliada por um comitê de
ética em pesquisa, geralmente vinculado a instituições autorizadas. Seguindo a resolução, o
projeto de pesquisa (A AQUISIÇÃO DA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS (LIBRAS) NA
INFÂNCIA: O PAPEL DA FAMÍLIA) foi encaminhado para o Comitê de Ética em Pesquisa
da Unicamp - SP, sendo autorizado e reconhecido pelo número: 583/2011.
3 Resultados - listas de gráficos
Conforme apresentado previamente na metodologia, os resultados desta pesquisa estão sendo
apresentados através de gráficos.
Quadro 1: Escolaridade dos pais e/ou responsáveis
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Quadro 2: Descoberta da surdes
Quadro 3: Faixa etária dos deficientes auditivos pesquisados
Quadro 4: Comunicação – Família X Deficiente
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Quadro 5: Nível de compreensão – Família X Deficiente
Quadro 6: Iniciação em Libras
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4 Família. Seu papel e importância na sociedade dentro de um contexto contemporâneo.
Este núcleo social ‘família’ é constantemente alvo de estudos por pesquisadores do mundo
inteiro, ao longo dos séculos o seu formato original, que há décadas atrás era constituído por:
pai, mãe e filhos, foram fragmentados, dando lugar a novas formações e conceitos. Brito e
Dessen caracterizam a formação da família na atualidade:
A família é concebida, atualmente, de uma forma mais ampla do que
tradicionalmente era vista. Esse novo conceito baseia-se na intimidade
entre seus membros, na relação entre as gerações e nas variáveis
externas incorporadas à família, o que implica apreender
características do relacionamento entre o homem e a mulher e entre as
crianças e os genitores, bem como do relacionamento de outras
pessoas que também convivem com a família. (1999, p. 1).
Este novo conceito surge devido às necessidades que brotaram ao longo dos anos pela
sociedade moderna. Porém há quem diga que o núcleo familiar é uma instituição “falida”. O
sociólogo europeu Bernardes (1997) relata que a maioria dos comentaristas acadêmicos
parece acreditar que 'a família' não existe ou que a descrição constantemente utilizada não se
enquadra com a situação atual. Porém Bernardes acredita na importância deste núcleo social e
aconselha que o estudo da vida familiar deveria ser uma disciplina academica nas escolas,
faculdades e universidades. (Tradução nossa).
Independente de quais indivíduos a família moderna é constituída, o relevante, a saber, é: o
que a família tem por dever transmitir aos seus integrantes? Através do estudo de
Hammersmith (2002, p. 4) podemos obter a seguinte resposta: “uma família é feita de pessoas
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que amam e cuidam uns dos outros”. (Tradução nossa). Porém este conceito não se fecha em
si, Szymanski (2002, p. 23) diz que: “tem o seu papel no desenvolvimento de modelos”.
Dentro desta perspectiva, visualizamos o quanto a família, desempenha um papel primordial
na vida de seus membros, desde a primeira idade ate a sua fase adulta, afinal é o primeiro
meio social do qual a criança faz parte, será neste meio onde obterá o conhecimento
necessário para desenvolver-se ao longo de sua vida adulta. Entretanto, dependerá uma boa
parte da família transmitir princípios e valores a todos os membros que a integrem. De acordo
com o conhecimento adquirido é o que será transmitido.
Porém, em contra partida, através de estudos e pesquisas sabemos que a educação transmitida
pela escola auxilia o ser humano em vários aspectos, em especial de auxiliar o individuo a se
desenvolver em sua sociedade, fazendo com que seja um cidadão completo, pensante e
questionador. Villamarín (2001) em seu livro (A educação racional) fala que a mudança de
comportamento que visa o progresso, virá quando os seres humanos estiverem cientes de que
é necessário ter alguns itens em mente, tais como: O bom senso, integridade moral,
otimismo, auto-estima e auto confiança. Mas para isso ser absolvido e colocado em prática
pela sociedade Villamarín, diz que é somente através da educação que isso poderá ocorrer.
Neste primeiro gráfico podemos observar qual é o nível escolar dos pais dos D.A pesquisados
no município. Este gráfico mostra que o grau de instrução acadêmica dos pais ou responsáveis
dos alunos são de média para baixa escolaridade, com isso a falta de instrução para auxiliar
um filho, seja ele surdo ou não, de fato fica um tanto quanto comprometido. Levando também
em consideração o fator idade, pois quanto mais idade e baixa escolaridade o responsável
possuir, maior será a sua dificuldade em auxiliar e buscar recursos para promover uma boa
educação e instrução para o filho D.A. Salva-se alguns casos dentro deste contexto, pois
sabemos que isso não é uma regra, exceções existem, pais e responsáveis leigos podem e
fazem a diferença na vida de seus filhos, para isso basta apenas ter uma característica que é e
faz a diferença na vida de um ser humano, a persistência.
4.1 Quando o ideal não é o real. Atitude reflexo x atitude reflexiva.
A chegada de uma criança em qualquer família é motivo de grande alegria, em especial
quando esta criança é desejada por todos, Buscaglia relata como é essa expectativa:
O nascimento é um milagre, pois cada pessoa que nasce possui um
potencial e possibilidades ilimitado. Cada indivíduo tem o poder de
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criar, compartilhar, descobrir novas alternativas e trazer novas
esperanças à humanidade. O nascimento de uma criança na maior
parte das famílias é um momento de alegria, de orgulho, de reunião
das pessoas queridas de celebração da renovação da vida. (2006, p.32)
Certamente não é o desejo de nenhuma família ter um filho com alguma deficiência, porém
nem sempre o ideal é o real e é neste ponto que muitas famílias perecem por falta de
conhecimento, perecem por não saber instruir seus filhos logo nos primeiros meses de vida.
Pois logo quando descobrem a deficiência, entram em estado de “luto”.
A nossa prática nos mostra que os pais, ao terem a certeza da surdez
do filho, passam a sentir “pena” da criança olhando-a com tristeza,
tendendo a se culparem e passando a se sentir pouco a vontade ao
brincar com um filho que não escuta. Essa mudança de
comportamento altera significativamente a relação de mãe e filho e
compromete o vínculo com os pais. Como este é de extrema
importância para a criança, e já foi “quebrado” após o diagnóstico da
surdez, necessita ser reconstruído o mais rápido possível para que não
haja danos futuros maiores. (SILVA; KAUCHAKJE, GESUELI,
2003, p.101)
Dentro deste contexto, é de se esperar a demora na reação e providências a serem tomadas
pelos pais, pois sofrem por não receberem nenhuma orientação “pós- notícia”, não conseguem
olhar a situação com outra ótica a não ser a de frustração. Com relação aos profissionais da
saúde, temos a seguinte colocação:
Os médicos, principalmente, deveriam estar mais atentos quanto a
preocupação dos pais com a audição de seus filhos, devido a posição
de autoridade que ocupam na área de saúde, pois esse cuidado
certamente evitaria prejuízos, maiores no futuro. Ou seja, o período
crítico para a aquisição de uma língua não deveria ser “perdido” pela
criança surda, como também a compreensão dos pais sobre o seu real
papel para o desenvolvimento de seu filho. (ROSSI, 1994, apud
SILVA, KAUCHAKJE, GESUELI, 2003, p.102)
Mas é neste momento que pais e familiares devem reagir, na mais tenra idade buscar
proporcionar uma interação total com a criança surda. Se ela realmente não conseguirá ouvir,
se os planos não são de colocar o implante coclear, o melhor a fazer é ensinar esta criança a se
comunicar com os seus. Santana (2007) diz que estudos recentes mostram que ate por volta
dos cinco anos de idade é o período crítico do processo de aquisição da linguagem, seja ela
falada ou através de sinais.
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Com esta informação notamos que mais de 50% dos familiares pesquisados descobriram a
surdez por volta dos dois anos de idade, fazendo assim com que a possibilidade do filho
aprender com “certa facilidade” dentro do seu período cognitivo esperado uma língua, no caso
a LIBRAS, ficasse um tanto quanto comprometida. Notasse que as idades dos participantes
são de crianças e em alguns casos de adultos, ou seja, de seres humanos que poderiam se
comunicar sem maiores dificuldades, ao menos com seus familiares, porém não é isso que
obtivemos como resultado.
4.2 Libras. Sinais que falam
Ainda existem pessoas que não conhecem a Língua Brasileira de Sinais, outras que conhecem
sua existência, porém não utilizam e ate mesmo não sabem quais os benefícios de utilizá-la,
na maioria das vezes o motivo é por terem um pré conceito errado com relação a mesma. Um
grande número de pessoas ainda não tem o conhecimento de que a LIBRAS é uma língua e
não apenas gestos aleatórios.
A sociedade em uma boa parte possui o conhecimento da existência do alfabeto de sinais e
acreditam que a Libras se resume apenas no alfabeto, mas Castro (2009) diz que apenas as
pessoas que desconhece a LIBRAS acreditam que a comunicação é feita por meio da
soletração das letras do alfabeto e dos números. Mas o uso da datilologia (soletração de
palavras através de letras do alfabeto em LIBRAS) ocorre somente quando não existe um
sinal específico para determinada palavra. A LIBRAS é uma língua que possui estrutura
gramatical assim como a língua portuguesa. Em sua obra “Comunicação por Língua
Brasileira de Sinais” Castro diz:
Assim como os demais idiomas existentes hoje em dia no mundo, a
LIBRAS é também um idioma que possui uma estrutura gramatical
própria, contendo particularidades idiomáticas e variações
regionais, que se assemelham ao sotaque ou às gírias da língua
portuguesa, que são próprios de cada região no Brasil. Em cada
pais no mundo fala-se uma língua de sinais diferente. Nos estados
unidos, por exemplo, a língua de sinais usada pelos surdos é
conhecida como a ASL (American Sign Language) uma língua que
teve parte de seu vocabulário derivada da Língua Francesa de
Sinais há mais de 180 anos. Na Itália, a língua de sinais é
conhecida como LSI (língua de Sinais Italiana). As línguas de
sinais não se padronizam por meio das línguas faladas em
diferentes países. Por exemplo, embora na Inglaterra e nos Estados
Unidos fala-se inglês assim como em alguns outros países, as
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línguas de sinais desses países, são completamente diferentes. A
mesma diferença entre línguas de sinais é observada entre países
que usam o francês, o espanhol e o português entre muitas outras
línguas faladas. (CASTRO, 2009, p.23)
Souza e Silvestre (2007) ressaltam que a percepção que a família tem de que a criança vai ter
dificuldades em se comunicar acaba dificultando no processo de aquisição da língua de sinais,
fazendo com que venham adotar estilos comunicativos que entorpeçam ainda mais a
comunicação com ela desde os primeiros meses de vida. Alguns exemplos nos ajudam a
compreender esta afirmação: os pais às vezes podem não responderem os gestos que a criança
surda faz, fazendo com que não ocorra um intercambio comunicativo; Pais que queiram
ensinar o oralismo para o filho e por fim a grande questão, a verbalização das atividades
mentais, pois crianças surdas filhos de pais ouvintes apresentam atrasos com relação a este
último item.
Essa falta de compreensão certamente se dá devido à falta de uma linguagem própria e
acessível, onde ambas as partes possam conviver, se relacionando de forma integral e
participativa, seja ela no âmbito familiar ou social. O maior percentual foi com relação à faixa
etário por volta do sétimo ano de vida, porém ao olharmos para os anos anteriores que passou,
surge uma pergunta: Como ela se comunicava com seus familiares? A resposta é uma só,
através de gestos, onde apenas por este instrumento ser humano algum consegue se expressar
por completo. Angustia e solidão, são sentimentos que os ouvintes sentem e quem dirá uma
pessoa D.A que enxerga, observa, vive e sente, mas se encontra limitada para simplesmente
expressar sua opinião, seus sentimentos e seus desejos.
Alterações de comportamento são constantemente observados por surdos que não possuem
auxílio no processo de aquisição de uma linguagem, a agressividade é notória em alguns
casos. Pois a sensação é de estar dentro de uma redoma de vidro, ou seja, você está no
ambiente, mas não faz parte dele. É algo que de fato os aflige constantemente.
5 CONCLUSÃO
Observou-se que os familiares ainda não têm a deficiência auditiva como tal, mas sim como
uma diferença física, que não necessita de um dialeto especifico, formal, no caso a LIBRAS,
mas que apenas uma comunicação gestual (código familiar) se faz necessário para
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compreender o que o sujeito deseja, porém insuficiente para expor opiniões e exercer sua
cidadania. A análise comparativa dos dados informa que os benefícios de uma família
consciente, que sabe se comunicar com seu filho através da LIBRAS, proporciona ao
indivíduo uma socialização rápida e eficaz em seu meio social.
Através desta pesquisa, sugerimos a Prefeitura Municipal, juntamente com a Secretaria de
Educação de Hortolândia – SP, que realizassem uma campanha apoiando a LIBRAS como a
primeira língua a ser ensinada para os surdos, mostrando através de palestras, seminários,
propagandas áudio visuais, sejam elas televisivas, radiofônicas ou expositivas, primeiramente
a comunidade local, aos professores da rede municipal e consecutivamente aos pais de alunos
deficientes. Após as palestras itinerantes, estender a todos que desejarem cursos nas
modalidades: básico, intermediário e avançado em LIBRAS, como uma segunda língua.
Fornecendo um certificado após a conclusão de cada modalidade concluída. Pois a partir do
momento que esta gama de pessoas com deficiência auditiva começar a se expressarem, a
serem ouvidas e compreendidas, certamente iniciarão o seu papel como cidadãos,
reconhecendo aqueles que realmente lutam em prol dos seus direitos e os tornam uma
realidade.
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