A armadura de Deus
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A ARMADURA DE DEUS1
“Quanto ao mais, sede fortalecidos no Senhor e na força do seu poder.
Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as
ciladas do diabo;
porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados
e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças
espirituais do mal, nas regiões celestes.
Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e,
depois de terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis.
Estai, pois, firmes, cingindo-vos com a verdade e vestindo-vos da couraça da
justiça.
Calçai os pés com a preparação do evangelho da paz;
embraçando sempre o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos
inflamados do Maligno.
Tomai também o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de
Deus;
com toda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito e para isto vigiando
com toda perseverança e súplica por todos os santos
e também por mim; para que me seja dada, no abrir da minha boca, a palavra,
para, com intrepidez, fazer conhecido o mistério do evangelho,
pelo qual sou embaixador em cadeias, para que, em Cristo, eu seja ousado para
falar, como me cumpre fazê-lo.”
(Efésios 6:10-20)
1. A armadura.
1.1. Intodução
A armadura era um conjunto de peças feitas de metal ou couro, com que
os soldados antigos cobriam o corpo para se protegerem das armas de ataque dos
inimigos (no VT dm mad ou dm med, no sentido da couraça, e no NT
panoplia panoplia, armadura inteira e completa que inclue escudo, espada,
lança, capacete, grevas, e peitoral).
Desde as épocas mais remotas da história da humanidade (mais
especificamente desde Caim e Abel – Gn. 4) indivíduos ou grupos de povos,
tribos, raças ou nações têm buscado meios de impôr domínio sobre outros. Por
causa das guerras e o desejo insaciável do ser humano de ser e ter mais que seus
oponentes, surgiu a necessidade de meios de ataque e defesa através dos quais se
buscava a proteção do que já se possuía e a conquista de novos bens e territórios
por meio dos despojos de guerra.
Com o aperfeiçoamento das tecnologias de guerra, formou-se o que hoje
se conhece como a armadura de um guerreiro, capaz de livrá-los de situações de
morte iminente e de auxiliá-lo num ataque eficaz ao inimigo. Os principais
componentes de uma armadura são: o cinturão (ou cinto), a couraça, o calçado
(ou botas), o escudo, os dardos (ou flechas) e arcos, o capacete e a espada.
Utilizaremos aqui a ordem mencionada na carta de Paulo aos Efésios para fins
de estudo. Tais apetrechos se restringem ao uso manual e individual do
1 Neste estudo usa-se VT para Velho Testamento (e as referências à lingua são em hebraico quando não
especificado), NT para Novo Testamento (e as referências à lingua são em grego).
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guerreiro, sem mencionarmos outros componentes, tais como carros de guerra,
catapulta e demais instrumentos que exigiam o manejo de mais de um soldado.
A Bíblia relata inúmeras situações de guerra, sendo isso motivo para
divergências quanto ao caráter amoroso e misericordioso de Deus,
principalmente no ambiente do AT. Muitos chegam até a afirmar que a Bíblia
descreve dois deuses diferentes: um justo, santo e vingativo (“Homem de Guerra
é Yahweh” – Êx.15:3), e outro misericordioso, amoroso e compassivo, capaz de
salvar as pessoas do julgamento do primeiro derramando de seu sangue como
pagamento pela incapacidade de atingir seu elevado padrão moral (Jo.3:16).
Entretanto, ao lermos a Bíblia com o coração aberto para o ensino do Espírito
Santo e com o entendimento de que “Há um só Deus e um só mediador entre
Deus e os homens...” (1 Tm.2:5), podemos perceber o porquê de tal ênfase na
Palavra de Deus no que diz respeito à nossa guerra e todo o aparato relacionado
a ela.
Ao lermos a Palavra de Deus, fica-nos claro que certas ocorrências e
figuras no nível físico, natural (da matéria), em sua maioria, são relacionadas a
figuras e princípios espirituais. Assim, por exemplo, temos o sacrifício físico de
animais no AT, e o ensino de que o derramamento de sangue inocente faria a
“cobertura”da culpa, tipificando e apontando para o sacrifício de Jesus Cristo
que, com seu sangue, cancelou a dívida que o pecador tinha para com Deus por
causa de uma natureza pecaminosa. Também temos os profetas derramando
azeite na cabeça de reis e utensílios consagrados a Deus representando a unção,
a santificação, o enchimento e a capacitação do Espírito Santo sobre a pessoa ou
objeto ungido. Assim, entendemos que, quando encontramos na Bíblia
referências a uma armadura física, podemos estabelecer um paralelo com
realidades espirituais em sua maioria, a fim de compreendermos melhor como se
dá o processo de uso da armadura espiritual fornecida por Deus e citada na carta
aos Efésios.
Para tanto, é importante sabermos que, quando entramos para o exército
de Deus, o Senhor nos dá três coisas:
a. um manual para conhecermos essa guerra, nosso inimigo e
suas estratégias – a Bíblia;
b. Uma farda – a armadura de Deus;
c. Um rádio de longo alcance – nossa comunicação direta com
Deus por meio da oração, a fim de recebermos direção
específica do Senhor quando as situações assim o exigirem.
Estamos numa guerra, quer queiramos, quer não. Se a nossa decisão for a
de não lutar – desobedecendo às exortações bíblicas de combatermos o bom
combate (1 Tm.6:12) e não nos revestirmos de toda a armadura de Deus
(Ef.6:10-20) – acabaremos sendo atingidos. Nesses últimos dias, toda a Igreja
está na condição da Noiva que tem de provar sua devoção e fidelidade, tendo
vitória sobre o mundo maligno e devendo aprender a assumir a responsabilidade
que a capacitará a reinar juntamente com Cristo. Deus não nos põe à prova para
que caiamos, mas para que Ele possa ver em que ponto de autoridade poderá nos
colocar em Seu reino eterno.
Quando a Igreja passa a ocupar uma área pela primeira vez, ela deve
atacar, e não defender-se. A área-meta está debaixo do domínio de Satanás, que
precisa ser expulso dali. A única maneira de expulsar um inimigo entrincheirado
consiste em entrar no território e tomar as tocas onde o inimigo se abrigou. Foi
isso que a Igreja Primitiva fez em Jerusalém (cf. At.2-6), em Samaria (cf. At.8,
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sobre Simão, o mágico), e em Éfeso (cf. At.19), e, eventualmente, em toda nova
região onde ela penetrava. Outrossim, no sexto capítulo de Efésios, Paulo
associou a pregação do Evangelho à intercessão (cf. Ef.6:15,19,20) e à luta
contra os principados (cf. Ef.6:12,18,19). Sempre será necessário algum tipo de
poder para que a Igreja seja estabelecida pela primeira vez, porquanto a Igreja
precisa deslocar a estrutura satânica existente.
Entretanto, uma vez que um território tenha sido tomado, a Igreja deve
imediatamente passar para o modo defensivo, transformando o exército
conquistador em um exército defensor. Esse foi o arcabouço dentro do qual foi
escrita a epístola paulina aos Efésios. Deixar de fazer isso pode resultar na
posição de sermos derrotados pelo inimigo recentemente expulso. Quando a
Igreja deixa de defender a sua posição conquistada, Satanás dirige um contra-
ataque e retoma o território perdido. Assim aconteceu nas igrejas da Galácia.
Paulo repreendeu aqueles crentes e lhes perguntou: “Ó Gálatas insensatos!
Quem vos fascinou...?” (Gl.3:1). O verbo fascinar é uma referência direta às
atividades de Satanás.
Em uma guerra ativa, a informação mais crítica não é aquilo que a gente
sabe, mas aquilos que a gente não sabe. Especialmente quando o adversário sabe
que a gente não sabe. É fatal pisarmos numa zona de guerra sem estarmos
plenamente informados sobre tudo quanto está sucedendo ali. E o pior de todos
os erros, em uma guerra, é não saber onde se encontra o campo de batalha. Com
esse estudo, portanto, pretendemos rastrear na própria Bíblia as inúmeras
referências às partes de uma armadura e, por meio dessas referências, buscar a
compreensão de como, quando e onde devemos usar a armadura de Deus
descrita em Efésios 6:10-18 no nível espiritual. A partir disso, poderemos
estabelecer parâmetros para uma vida de vitória constante no Reino de Deus.
1.2. Referências à armadura
“Quanto ao mais, sede fortalecidos no Senhor e na força do seu poder.
Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as
ciladas do diabo;
porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os
principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso,
contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes.
Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia
mau e, depois de terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis.”
(Efésios 6:10-13)
São em muito maior número os textos das Escrituras que nos ordenam a
amar o Senhor do que os que nos mandam lutar contra o inimigo (Dt.10:12).
Com isso fica claro que, no Reino de Deus, amar é mais importante do que
guerrear. É necessário, antes de lutar contra as trevas, que dediquemos mais
tempo para nos aproximarmos de Deus. Por isso, permancer em intimidade com
o Senhor é o primeiro princípio de batalha espiritual que encontramos na Bíblia
(Tg.4:6-8).
Ao fazer menção à armadura, a Bíblia coloca Deus como a nossa maior
arma de guerra (Jr.51:19-23), e fica bem claro que ter sabedoria é melhor do que
nos armar para a guerra (Ec.9:18). O Senhor é a fonte da vitória, dEle procede a
armadura espiritual capaz de nos fazer prevalecer sobre o mundo, a carne e o
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Diabo (cf.7.2 deste estudo). É através da união com Deus que somos revestidos
de poder (Ef.6:10).
A armadura é citada na Bíblia como acessório de guerra em diversas
partes: Jz.9:54; 1 Sm.16:21; 31:4-6; 14:1-17; 2 Sm.18:15; 23:37; 2 Rs.10:2; 1
Cr.11:39; Ez.9:1. Segundo o costume da época, não era permitido ao soldado
apoderar-se da armadura alheia a fim de lutar suas próprias batalhas (1
Sm.17:38,39), e os despojos de guerra são direito do vencedor (Dt.20:14; 1
Sm.17:54).
Em ataques surpresa e/ou emergenciais, todos os capacitados e treinados
para vestir uma armadura e empunhar armas eram convocados - não era uma
opção (2 Rs.3:21). A Bíblia deixa bem claro que o Senhor nos deu autoridade
sobre todo o poder do inimigo (Lc.10:17-19; 1 Jo.3:8), por isso estamos
perfeitamente habilitados a utilizar da armadura espiritual quando submissos à
vontade de Deus.
A armadura de um guerreiro simbolizava sua força e, se caísse nas mãos
do inimigo, era sua humilhação e símbolo de derrota e/ou morte (1 Sm.17:54;
31:9,10; 2 Sm.2:21; 2 Rs.20:13; 1 Cr.10:9,10; Is.39:2; Ez.38:4; Lc.11:22).
Armaduras dadas como presente eram símbolo de honra e apreciação (1
Rs.10:25) e os carros de guerra tinham seu valor simbólico e deviam ser
cuidados (1 Rs.22:38).
Era comum a um guerreiro usar das próprias armas para o suicídio, a fim
de não morrer na mão do inimigo ou de maneira humilhante (Jz.9:54; 1
Sm.31:4-6; 1 Cr.10:4,5). Quando em desobediência, o Senhor fazia a arma do
guerreiro voltar-se contra si mesmo (Jr.21:4,5).
Antes de imaginarmos que podemos apenas recitar uma oração na qual
declaramos que estamos nos revestindo de cada peça da armadura de Deus,
precisamos compreender o que representa cada peça dessa poderosa arma de
guerra, então ela nos capacitará a verdadeiramente resistir os ataques do inimigo,
nos assegurará a proteção necessária a cada circunstância e levará a cabo a
vontade de Deus através de nossas vidas.
As Escrituras estão cheias de exemplos de pessoas que deram lugar a
uma pequena brecha em sua vida, o que permitiu ao inimigo entrar por ela de
maneira a alagar tudo com o mal. O grande pecado do rei Davi é um exemplo
bem claro disso (2 Sm.11). No tempo em que os reis deviam ir à guerra, Davi
ficou no palácio, então caiu em adultério e cometeu assassinato para acobertar o
que fizera. O Senhor lhe perdoou, mas a espada não deixou a sua casa até que a
tragédia atingisse alguns da própria família. O Senhor perdoará os pecados do
seu povo, mas sempre haverá conseqüências – colhemos o que plantamos (cf.
Gl.6:7), e os que estiverem sob os nossos cuidados é que sofrerão com isso.
Como Davi aprendeu, quando é hora de lutar, um dos lugares mais
perigosos onde permanecemos é na retaguarda. O inimigo não tem misericórdia
nem compaixão e está determinado a nos destruir. Entretanto, ele não terá poder
algum se estivermos submissos ao Senhor, debaixo do Seu senhorio, e resistindo
ao Diabo com toda a nossa vontade e persistência. É o que devemos fazer. É
importante lembrarmos que brechas nos muros de uma cidade significavam
falhas no sistema de defesa de toda uma nação (Is.22:8,9; Ne.4).
Precisamos usar a armadura de Deus para estarmos firmes. Isso implica,
no nível natural, em não ceder, resistir, não afrouxar, suportar, da mesma
maneira que um soldado dentro de uma guarita de vigilância à frente de um
quartel.
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A exortação de Paulo aos efésios, quando eles se preparavam para
batalhar contra o mal do seu tempo, foi no sentido de que se revestissem de toda
a armadura de Deus. Se deixarmos de lado parte da proteção, o inimigo muito
provavelmente encontrará nosso ponto fraco e nos atingirá bem ali. Não há
trégüas nesse conflito. Não podemos dizer: ‘Sinto-me cansado; por isso durante
algum tempo não quero lutar’. Não podemos dizer ao inimigo: ‘Não me atinja
em tal lugar’. Ele, logicamente, não vai agir segundo as nossas regras ou
interesses. Não podemos esperar do inimigo um jogo limpo!
No nível espiritual, quando recebemos Jesus como Senhor e Salvador de
nossas vidas, entramos para o exército de Deus, entramos para um quartel, e
Satanás torna-se nosso inimigo. É por esse motivo que muitos afirmam que,
após sua decisão por Cristo, suas vidas sofreram uma intensificação nas lutas e
adversidades. Muitos abandonam a fé por não serem advertidos dessa realidade
de guerra. O Diabo tentará de tudo para que desistamos, inclusive mantendo-nos
em ignorância a respeito desses fatos (2 Co.2:11).
As armas espirituais são providas por Deus (Sl.18:32) e são armas de
justiça (2 Co.6:7), armas da luz (Rm.13:12), de ataque e de defesa (2 Co.6:7) e
poderosas em Deus (2 Co.10:4). A armadura, portanto, vai tornar efetiva a nossa
luta, e teremos o poder que vem do Senhor. Ficaremos firmes, então, contra
todas as forças espirituais da maldade.
Revestir-se da armadura é um imperativo a todo cristão (Ef.6:11), para
que fiquemos firmes contra todas as estratégias e maquinações do Diabo
(Ef.6:11), estejamos conscientes de não lutarmos contra oponentes físicos, mas
contra os despotismos, os poderes, contra os espíritos mestres que são os
governantes mundiais das trevas presentes, contra as forças espirituais da
maldade na esfera celestial (espiritual), resistamos no dia mau (de perigo) e
permaneçamos inabaláveis e em posição depois de termos feito tudo que a crise
exige (Ef.6:13); tudo isso a fim de destruirmos fortalezas (2 Co.10:4), o que
mostra o caráter bélico de nossa estadia neste mundo. Nossa batalha é contra um
inimigo inteligente, o que exige de nós muito cuidado e atenção ao revestirmo-
nos com as armas dessa milícia. Um intercessor jamais deverá entrar na
intercessão sem estar revestido da armadura de Deus.
Com a expressão “Permanecer firmes” entendemos que, como herdeiros
e filhos de Deus, devemos nos manter firmes onde o Senhor nos colocou, onde é
o lugar que nos pertence, que nos foi outorgado pelo sangue de Jesus como
herança. De maneira nenhuma nos renderemos ou nos entregaremos ao inimigo
pois, quando resistimos, ele foge (Tg.4:7).
As fortalezas espirituais do inimigo basicamente são padrões de
pensamento que estão em conflito com o Senhor e seus caminhos, i.e., atitudes
mentais impregnadas pela desesperança, e que nos leva a aceitar, como
imutáveis, situações que sabemos serem contrárias à vontade de Deus. O
Evangelho do Reino foi a primeira arma que o Senhor deu aos setenta quando
os enviou ao mundo (cf. Lc.10). As trevas são ineficazes contra todas as peças
da armadura utilizadas juntas e ao mesmo tempo pelo cristão.
Assim, a guerra, para nós, cristãos, se resume a destruir argumentos e
toda pretensão que se levanta contra o conhecimento de Deus e levar todo
pensamento cativo, para torná-lo obediente a Cristo (2 Co.10:4,5). Com isso,
entendemos que o principal campo de batalha na guerra espiritual é a mente das
pessoas. Devemos, portanto, estar sempre prontos para lutar (Ne.4:17).
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Paulo descreveu em Efésios 6:10-20 as armas com as quais devemos
entrar num bom combate. Ele preveniu os efésios sobre a necessidade
fundamental de se revestirem de toda a armadura de Deus. E não fez isso uma
única vez, mas duas vezes (nos versículos 10 e 13). Quando Deus repete alguma
coisa Ele está enfatizando a seriedade da questão (Gn.41:32). E o que Ele disse
visava ao fato de oferecermos resistência no dia mau – essa é a nossa vitória. Por
isso temos que considerar cada peça com extremo cuidado.
Precisamos conhecer todas as nossas armas, porque Jesus conquistou
TODAS elas na cruz do Calvário, e elas nos foram entregues em Sua
ressurreição. Assim, só usaremos bem as armas que conhecermos bem. Por isso
a necessidade tanto do estudo como da aplicação desses princípios espirituais em
nossas vidas.
2. O cinto da verdade.
“Estai, pois, firmes, cingindo-vos com a verdade”
(Efésios 6:14a)
Peça de vestuário que consiste numa faixa ou tira de tecido, couro ou outros
materiais, usada ao redor da cintura; o cinto de um guerreiro, além de fixar a parte
frontal da armadura (a couraça) assegurando que esta não se soltasse nem
afrouxasse, protegia os órgãos reprodutores e o aparelho digestivo do soldado. O
termo usado para o que entende-se hoje por “apertar o cinto” foi originalmente
traduzido para o português arcaico por “cingir os lombos” (perizwnnumi – grego -
perizonnumi). Assim, fica claro que o termo refere-se à essa importante parte da
armadura, que pode comprometer diretamente o desempenho da couraça.
Figura tão essencial nas vestes de pessoas de diferentes posições e camadas
sociais, o cinto é referido na Bíblia como símbolo de fidelidade (Is.11:5), força e
autoridade (1 Sm.2:4; 2 Sm.22:40; Sl.18:32,39; 65:6; Is.45:5; 22:21), honra e
dignidade aos filhos de Arão – sacerdotes – (Êx.28:40), verdade (Ef.6:14) e alegria
(Sl.30:11). A maldição também é citada como manto que deve ser preso a um cinto,
o que nos remete à necessidade de uma verdade, um direito legal que mantenha essa
maldição ativa na vida de alguém (Sl.109:19; Is.3:24), já que “maldição sem causa
não se cumpre” (Pv.26:2).
Soldados também usavam a espada presa ao cinturão (1 Sm.17:39; 25:13; 2
Sm.3:31; 21:16; Ne.4:18). O cinturão de um guerreiro tinha grande valor (2
Sm.18:11), e fazia parte dos trajes militares de um comandante do exército de Israel
(2 Sm.20:8) e de oficiais babilônios (Ez.23:15).
Um cinto fazia parte, também, das vestes do príncipe, e foi parte do que Jônatas
deu a Davi, em sinal de aliança e reconhecimento da unção de Deus sobre ele (1
Sm.18:4 – como o que Jesus nos fez, dando-nos de Sua verdade, Sua natureza,
justiça e santidade (Jó 12:18; Ez.16:10; Sl.18:32).
É interessante notar a referência à mulher virtuosa, em Pv.31:24, que ‘fornece
cinto aos comerciantes’.
‘Cingir-se de luto’ é uma expressão muito comum no relato bíblico, dando-nos a
entender que havia um cinto específico que segurava a roupa característica de uma
situação de humilhação, tristeza e/ou vergonha - ‘cingir-se de saco’ referia-se à
substituição do cinto comum pelo saco (1 Rs.20:32; 2 Sm.3:31; Is.15:3; 22:12;
32:11; Jr.4:8; 6:26; 49:3; Lm.2:10; Ez.7:18; 27:31; Jl.1:8,13).
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Um cinto podre foi utilizado pelo profeta Jeremias para representar o povo
desobediente à verdade de Deus (Jr.13:1-11). Cintos de couro faziam parte dos trajes
típicos de profetas (2 Rs.1:8; Mt.3:4; Mc.1:6).
É curioso percebermos que, na Bíblia, afrouxar o cinto é sinal de desatenção,
desleixo (Is.5:27), e apertá-lo é sinal de prontidão, vigilância, certeza (Êx.12:11;
Dt.1:41; 1 Rs.18:46; 2 Rs.4:29; 9:1; Jó 38:3; 40:7; Pv.31:17; Is.8:9; Jr.1:17;
Lc.12:35,37; 17:8; Jo.21:18; At.12:8; 1Pd.1:13). Pedro, discípulo de Jesus, usava
um cinto e uma capa (Jo.21:7, 18).
Referências específicas a cinturões são encontradas por toda a Bíblia, como
parte das vestes sagradas do sacerdote (Êx.28:4-39; 29:5,9; 39:5,20,21,29;
Lv.8:7,13; 1 Sm.2:18; 2 Sm.6:14), nas quais o cinto era feito de linho fino, fios de
ouro e fios de tecido azul, roxo e vermelho trançados. A verdade, aqui, é
relacionada às quatro cores (dourada, azul, roxo e vermelho) representantes das
quatro manifestações do Filho de Deus nos quatro Evangelhos (Filho de Deus -
João, Filho do Homem - Lucas, servo - Marcos e Rei - Mateus – Lv.8:7) e nos
quatro seres (Homem, Cordeiro, Leão e Águia – Ez.1; Ap.4:8; 5:6,8,14; 6:1,6; 7:11;
14:3). O peitoral ficava acima do cinturão e preso a ele, e o sacerdote deveria se
lavar com água antes de vestí-lo (Lv.16:4). Os levitas usavam calções de linho na
cintura (Ez.44:18).
Uma referência à relação do uso da espada com o cinto (a Palavra de Deus é a
verdade) encontramos na história de um juiz de Israel, Eúde, que por ser canhoto
conseguiu passar despercebido numa vistoria e entrar na presença do rei inimigo
com uma espada de dois gumes presa ao cinto (Jz.3:16). Um rei também levava sua
espada dessa maneira (Sl.45:3).
Fisicamente falando, o cinto dá volta ao corpo e recobre o abdômen, ficando
sobre as entranhas (lombos, rins). Antigamente, as entranhas (interior abdominal)
eram associadas ao lado emocional do ser emocional, sua força, poder, vigor,
maturidade, habilidade e flexibilidade (esta relacionada à cintura). É importante
percebermos que a gordura das entranhas era oferecida junto com os rins e sua
gordura, com o redenho (‘revestimento’) do fígado e o sangue nos sacrifícios pelo
pecado (Lv.4:8-10). Segundo a cultura da época, esses elementos eram os principais
representantes da essência da alma humana (e o pecado reside na alma). Um cinto,
representando a vida e a vontade do apóstolo Paulo, é citado em At.21:11.
Um cinto nos dá proteção e tranquilidade. O cinto sustenta a espada de um
soldado, que vai confiante para a batalha, pois está preparado para a guerra.
A figura do servo (doulov doulos: escravo, servo, homem de condição servil),
no Novo Testanento, era a pessoa mais humilde e de menos valor dentro de um
recinto. Era sua função amarrar uma toalha à cintura a fim de lavar os pés dos
convidados do dono da casa (Jo.13:4,5). Assim, a verdade dAquele que se humilha e
toma a forma de escravo limpa a sujeira dos homens (cf. Fp.2:5-11; Tg.5:16).
Podemos relacionar cinturões de ouro ao poder divino e à santidade: e.g. um
comandante do exército do Senhor usa na cintura um cinto de ouro (Dn.10:5); os
sete anjos com as sete pragas do Apocalipse vestem cinturões de ouro sobre o peito
(Ap.15:6); a Bíblia cita que o Senhor tem majestade e poder na cintura (Sl.93:1) e o
Senhor Jesus aparecerá, no fim dos tempos, com um cinturão de ouro sobre o peito
(Ap.1:13).
A verdade não é apenas uma arma ofensiva – quando a usamos como Espada do
Espírito – mas é também uma arma de proteção. O pai da mentira ficará
enfraquecido diante da verdade pura da Palavra de Deus. Se não estamos firmes,
perdemos esse cinto quando mentimos. Ao chamar-nos para representá-lO como
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Seus embaixadores, o Senhor não apenas quer que tenhamos condições de falar
sobre Ele, mas deseja que sejamos como Ele é. Uma de Suas características básicas
é que Ele é fiel à Sua Palavra. Para que sejamos iguais a Ele temos, portanto, que
aprender a sermos fiéis ao que dizemos. Nossa palavra tem de ser algo que nos
comprometa mais do que um contrato. Nós não apenas temos que conhecer e
cumprir a Palavra do Senhor, mas cumprir a nossa própria palavra.
No nível espiritual, portanto, cingir-nos com a verdade é termos a mente cingida
com a Palavra de Deus, uma mente forte, vigorosa, madura espiritualmente, que
sabe usar e usa as Escrituras de forma a dar glória a Deus. Porém a verdade, sem o
tempero da graça, é algo devastador, mas a verdade, dita dentro do contexto da
graça de divina, é capaz de libertar as pessoas (cf. Jo.8:32).
A verdade são os ensinamentos da Palavra de Deus, que são personificados em
Jesus e revelados pelo Espírito Santo, aplicados à nossa vida. Com isso em mente,
entendemos que ‘mentirinhas’ afrouxam o cinto da verdade em nós pois, como
podemos ir a uma luta contra o pai da mentira se mentimos? A Bíblia nos adverte
que quem mente é filho do Diabo (cf. Jo.8:42-47). Por isso temos sempre que dizer
a verdade. Não podemos mentir. A mentira não pode existir na boca de um cristão,
senão o cinturão de sua armadura não poderá protegê-lo em nada.
Junto com a maior liberação das trevas neste mundo, tem havido uma erosão
bem maior na honra e na integridade. Isso não é verdade apenas em relação ao
mundo, mas também com respeito à Igreja. Uma razão importante de muitas
derrotas em nosso meio no Corpo de Cristo é a tendência a quebrarmos nossos
compromissos, tanto com o Senhor como uns para com os outros.
Percebemos, então, que há uma necessidade da verdade circundar
completamente o nosso ser pela frente e pelas costas. Jesus é a verdade. Sua Palavra
é a verdade, e por essa verdade somos santificados (Jo.17:17). O contato com a
verdade de Deus tem um forte impacto sobre as nossas emoções. Contra a verdade
de Deus as emoções, muitas vezes extremamente irracionais e errôneas, não
prevalecem. A referência de um cinto e de calçados manchados de sangue eram
atos de guerra e culpa (1Rs.2:5). A racionalidade de Deus contrabalança a
irracionalidade da alma humana.
Tudo isso nos leva a refletirmos sobre a nossa consciência da realidade. O que é
mais real: o que Deus diz ou o que eu vejo? O que é a verdade? (cf. Jo.18:38).
Precisamos aprender a viver pela verdade da Palavra da Deus (cf. Mt.4:4), que gera
e cria todas as coisas, visíveis e invisíveis, e não por nossas emoções. O cinturão da
verdade é uma arma poderosa para nos auxiliar exatamente quando estamos
emocionalmente abalados. Pois a verdade do Senhor é imutável.
A promessa para nós é de que o Espírito Santo nos guiará a toda a verdade
(Jo.16:13).
3. A couraça da justiça.
“e vestindo-vos da couraça da justiça.”
(Efésios 6:14b)
A couraça, nos tempos antigos, era uma malha que cobria o corpo pela frente e
nas costas. Constava de duas partes unidas nos lados (Jr.46:4; 51:3). É aquilo a que
se referem Ap.9:9 (‘couraças de bronze’) e Ap.9:17, e a arma que serve para
proteger a parte superior do corpo (Jó 41:26) – no VT Nwyrv shiryown ou Nyrv
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shiryon e Nyrv shiryan também (fem.) hyrv shiryah e hnyrv shiryonah e no NT
ywrax thorax.
Os guerreiros dos tempos bíblicos vestiam couraças de diferentes materiais,
como a de Golias, que era feita de escamas de bronze e pesava 60 kg (1 Sm.17:5).
Os guerreiros de Judá também usavam couraças (2 Cr.26:14). Na reconstrução dos
muros com Neemias, metade dos homens trabalhava e a outra metade permanecia
armada e vestida com couraças (Ne.4:16), numa referência à nossa necessidade de
vigilância.
Há uma estreita relação entre a couraça – parte da armadura de um guerreiro - e
o peitoral das vestes sagradas do Sumo sacerdote, onde ficava o colete com o Urim e
o Tumim e as doze pedras representantes das doze tribos de Israel (símbolos de
autoridade e poder) – Êx.25:7; 28:4. Esse peitoral era feito de linho fino trançado de
fios de ouro com fios de tecido azul, roxo e vermelho (Êx.28:15) e correntes de ouro
puro trançadas com cordas (Êx.28:22), tendo presas nas extremidades argolas de
ouro (Êx.28:23) unindo o peitoral ao cinturão. Assim, a justiça deve estar
divinamente ligada à verdade, senão perderemos a autoridade espiritual e o
discernimento do bem e do mal para as decisões diárias (Êx.28:15-30; 29:5; 35:9,27;
39:8,9,15-21). As argolas prendiam o colete ao peitoral e estes eram presos ao
cinturão com um cordão azul (Lv.8:8).
É importante repararmos que a couraça cobre o tórax, onde encontramos
coração, fígado e pulmões, órgãos nobres, vitais, que não podem ser lesados. E
muitas vezes são símbolos de valentia. Interessante é lembrarmos que o tórax do
cordeiro imolado pertencia ao sacerdote (Êx.29:26,27; Lv.7:30,31,34; 8:29;
10:14,15; Nm.18:18) e na consagração do nazireu o peito do animal sacrificado era
santo e pertencia ao sacerdote (Nm.6:20). O coração é o símbolo da vida humana.
Em diversas partes da Bíblia encontramos referências a crianças que vivem no
‘seio’de sua mãe – citadas como fonte de vida (Jó 24:9; Is.60:16; Lm.4:3). Assim, a
justiça de Deus sobre nós traz vida, além de impedir que o Diabo tenha poder de
lesar-nos mortalmente. É como se seus ataques, por piores que sejam, não possam
ferir a vida que há em nós. Da mesma forma, a couraça cobre também braços em
parte, regiões que se movimentam. Cremos haver nisso uma menção ao fato de que,
uma vez justificados, devemos continuar andando em justiça, i.e., os braços (e,
conseqüentemente, as mãos) devem estar limpos.
No nível espiritual a couraça é símbolo de justiça (integridade, retidão moral,
honradez diante da Palavra de Deus, posição correta em Deus - Is.59:17; Ef.6:14).
Ela é também da fé (através da qual se é salvo) e do amor (que é fruto da
justificação) – 1 Ts.5:8.
Não temos justiça por nós mesmos, mas precisamos valer-nos da justiça do
Senhor Jesus (Hb.4:14-16) e não sermos injustos para com os outros, pois Deus nos
trata de acordo com o que escolhemos viver: se exigirmos justiça dos outros, é isso
que receberemos do Senhor, mas se concedermos misericórdia, é isso que o Senhor
nos concederá (cf.Mt.5:7; 6:15; 18:23-35; Mc.11:26; Lc.6:36; Tg.2:13; 1 Pd.3:8).
Sabemos que, uma vez salvos, uma das conseqüências mais imediatas é a nossa
justificação. Somos justificados pelo sangue de Jesus, e isso protege a retaguarda da
nossa alma e da nossa consciência – órgãos espirituais vitais. Não podemos entrar
numa batalha contra o acusador sem a certeza de ‘não haver acusação’ sobre nós
(Rm.8:1). Seria derrota certa, morte certa. Por outro lado é claro que, se de livre e
espontânea vontade permanecermos em pecado, nunca estaremos revestidos dessa
couraça. Mesmo que se da boca para fora estiverermos cobertos com ela! O inimigo
não tem reivindicações sobre aqueles que estão em Cristo Jesus.
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A justiça é a nossa couraça (Ef.6:14) e como tal protege o coração de ser
condenado pela consciência (1 Jo.3:19-22). A justiça dá-nos confiança diante de
Deus. – ‘Não ter condenação’ significa ter uma consciência clara (1 Tm.1:3), uma
consciência sem ofensa (At.24:16). A justiça de Jesus nos livra da culpa da injustiça.
O fruto da culpa é a depressão A justiça de Deus em nós nos enche de valor, porque
já chegamos diante do Pai e fomos justificados pelo sangue do Cordeiro. Só
podemos pertencer ao exército de Deus com as vestes de justiça. A visão de João
mostra o exército de Jesus em trajes de linho branco, o que fala da justiça dos santos
(Ap.19:7-8,11,14).
A promessa para quem se achega a Deus com o coração quebrantado é que
somos feitos justiça de Deus e recebemos a plenitude (2 Co.5:21; Cl.2:10), e a fé
nos é creditada como justiça (R.4:3,5,6,9,22; Gn.15:6).
4. O calçado da prontidão do Evangelho da paz.
“Calçai os pés com a preparação do evangelho da paz;”
(Efésios 6:15)
Grevas ou caneleiras eram usadas para proteger as pernas e os pés de um
soldado (1 Sm.17:6). Esse tipo de calçado de guerra possuía uma proteção de metal
em forma de cravos localizados sob a sola, para que o guerreiro não escorregasse em
combate. Os calçados eram ofensivos e defensivos e faziam parte dos despojos de
guerra (2 Cr.28:15). Abraão, porém, não aceitou nem correia de sandália (len na‘al
ou -fem.- hlen na‘alah) do rei de Sodoma, a fim de não haver legalidade entre eles
- porque em tempos de guerra não podemos aceitar presentes do inimigo (Gn.14:23;
2 Rs.5:15-27; 6:8).
Golias usava caneleiras de bronze (1 Sm.17:6) e um par de sandálias comuns
não valia muito (Am.2:6; 8:6). Na bênção de Moisés dada à tribo de Aser foi-lhes
dito que o ferro e o metal lhes seriam por calçado (Dt.33:25). Cintos e sandálias
manchados de sangue fora do tempo de guerra traz maldição (1 Rs.2:5). O rei Asa,
de Judá, morreu com problema nos pés (1 Rs.15:23; 2 Cr.16:12).
Algo importante de mencionarmos é que, no tabernáculo dado a Moisés, o
sacerdote deveria lavar mãos e pés (representantes do nosso caminhar e das nossas
obras – Êx.30:19-21; 40:31) na bacia do pátio; mas com a nova aliança em Cristo
devemos apenas nos ater aos pés (pois a salvação não é por obras, e o confessar dos
pecados é o lavar a sujeira que pegamos no caminho – Jo.13:5-14; Ef.2:8,9). Assim
o Senhor “pisará aos pés as nossas iniqüidades e lançará todos os nossos pecados
nas profundezas do mar” (Mq.7:19).
É interessante notarmos que vestes de honra incluíam sandálias de couro,
possivelmente de animais marinhos (Ez.16:10; Ct.7:1; Lc.15:22), e descalçar
alguém era símbolo de humilhação e vergonha (Dt.25:9,10; Is.20:2) – por isso em
lugar santo devia-se tirar os calçados (Êx.3:5; Js.5:15; At.7:33). O ato de tirar
voluntariamente as sandálias e dar a outro também validava a transferência de uma
propriedade, era assim que se oficializava os negócios em Israel (Rt.4:7,8). De
forma semelhante se exigia justiça - deitando-se aos pés do responsável (Rt.3:7-14).
Tirar as sandálias também podia significar luto (Ez.24:17,23). Sandálias nos pés
significavam prontidão, vigilância (Êx.12:11; Is.5:27), enquanto que calçados
velhos podiam representar falta de cuidado, de fidelidade, de perseverança ou de
transparência (Js.9:5,13). O soldado não desamarra sua sandália em tempo de guerra
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(Is.5:27) e não tira a farda nem para dormir, i.e., devemos estar sempre prontos a
lutar, e com alvos e objetivos claros (cf. Lc.14:26-35).
Os pés do Filho do Homem são semelhantes ao bronze polido (Ap.1:15; 2:18) e
a besta terá os pés como de um urso (Ap.13:2). João Batista não se viu digno nem de
desatar ou carregar as correias das sandálias de Jesus (Mt.3:11; Mc.1:7; Lc.3:16;
Jo.1:27; At.13:25).
Deus disse que “sobre Edom atirará sua sandália” (Sl.60:8; 108:9), em sinal de
o subjugar. Daí vem a imagem de que devemos colocar os nossos inimigo sob os
nossos pés (Js.10:22-26; 2 Sm.22:39; 1 Rs.5:3; Sl.8:6; 47:3; 110:1; Zc.10:5;
Mt.22:44; Mc.12:36; Lc.20:43; At.2:35; Rm.16:20; 1 Co.15:25-27; Ef.1:22;
Hb.1:13; 2:8; 10:13). É com os pés que andamos, e se nos revestirmos de toda a
armadura de Deus andaremos em paz. Essa paz de Deus não é apenas uma completa
proteção contra o inimigo, mas é também uma arma ofensiva, uma vez que podemos
usar os pés para esmagar a cabeça da serpente (Gn.3:15). Outra circunstância similar
é que, ao pousar os pés sobre as águas do Jordão, os sacerdotes que carregavam a
arca da aliança teriam a corrente contida até que todo o povo atravessasse a seco por
seu leito (Js.3:13; 4:18). Paulo lembrou aos cristãos de Roma que não é o ‘Senhor
das Hostes’ nem o ‘Senhor dos Exércitos’ que esmaga o inimigo, e sim o ‘Deus da
paz’ (cf. Rm.16:20). É importante termos o cuidado de não permitirmos que nada
roube a nossa paz, para que não sejamos roubados de tão grande proteção.
Os pés, no nível natural, estão ligados ao ato de caminhar, à direção, à
orientação dada ao corpo (Sl.119:101), ao ato de estarmos prontos, vestidos,
disponíveis. Isso tem a ver com a nossa intenção. Nos quarenta anos de peregrinação
no deserto, as sandálias dos israelitas não se gastaram (Dt.29:5; Ne.9:21). Ao enviar
os doze, Jesus ordenou que calçassem sandálias (Mc.6:9), mas que não levassem um
par extra (Mt.10:10; Lc.10:4; 22:35). Calçar tem a ver com unir, ajustar, atar,
amarrar, assegurar. Como isso tem acontecido em nossos relacionamentos? Temos
agido de forma a promover a paz, unir, atar, ou mais no sentido de separar,
classificar, rotular, elitizar?
Assim é que podemos estar totalmente paramentados, mas marcharmos na
direção errada, marcharmos por conta própria. Ou nem marcharmos. Desviar-nos
dos verdadeiros propósitos do General. Sacudir o pó dos pés era sinal de isenção de
responsabilidade (Mt.10:14; Mc.6:11; Lc.9:5; 10:11; At.13:51). Pés também falam
do nosso caminho com o Senhor. Por isso podemos ter paz, mesmo em meio à
guerra. É o nosso testemunho - o que falamos, pensamos, agimos - que demonstra a
paz que temos em Deus. O nosso caminhar é baseado na palavra da reconciliação,
que temos em Jesus (2 Co.5:19).
Os sapatos são o Evangelho. O Evangelho são as boas novas de Cristo –
crucificado por nossos pecados, ressurreto e vencedor. A preparação aqui fala da
necessidade de vigiarmos o tempo todo, de enfrentarmos o inimigo com
estabilidade, agilidade e a prontidão produzidas pelas boas novas. Satanás tentará
nos trazer à complacência, ao contentamento com a situação e ao amor ao conforto.
Ezequiel 16 fala dos pecados de Sodoma, que refletem o amor à vida fácil
(Ez.16:49). Com os pés calçados na preparação do Evangelho da paz não seremos
enlaçado pelos pecados de Sodoma.
As botas são da preparação do Evangelho da paz. Temos paz com o Senhor e
‘somos conservados em perfeita paz’ (Is.26:3) porque a nossa mente está firme,
pois confiamos em Deus. A ‘paz do Senhor excede todo o nosso entendimento’
(Fp.4:7) e ela guarda o nosso coração e os nossos pensamentos em Cristo.
Precisamos preservar “a unidade do Espírito no vínculo da paz” (cf. Ef.4:3). Isso é
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assim quando irmãos que diferem quanto a questões importantes estão em paz um
com o outro, então são capazes de crescer juntos na compreensão da verdade. Além
disso, nos é possível ter paz com todos os homens, pois somos ministros da
reconciliação ao anunciarmos as boas novas (2 Co.5:18).
Muitos de nós gostamos de ostentar que propagamos o Evangelho e levamos a
paz de Deus às pessoas mundo afora, porém esquecemos de observar e expôr a falsa
“paz” que alimentamos dentro de nossas próprias casas. Como somos dentro de
nossas casas, com aqueles que convivem diariamente conosco? Se o Evangelho da
paz não nos trouxe paz, porque queremos levá-lo aos outros lá fora? Falamos de paz,
mas dentro de nossas casas não há paz. Quem você é dentro de casa? Não podemos
calçar os calçados da paz fora e tamancos de ataque dentro de nossos lares. Dentro
de casa precisamos viver o Evangelho que pregamos. A paz é a nossa liberdade.
Somos livres de contendas, temos paz interior apesar da presença constante do
inimigo à nossa volta.
A prontidão para com o Evangelho da paz é o calçado da armadura de Deus
(Ef.6:15 - etoimasia hetoimasia – refere-se à condição de uma pessoa ou coisa de
estar pronta ou preparada, prontidão, disposição; Êx.12:11; Is.5:27) e tem que ser a
diretriz do nosso caminhar cristão, inclusive durante a guerra. É o que faz os nossos
pés “como os da corça”, capaz de andarmos por lugares altos (Hc.3:19). É um
alerta para que não entremos em luta orientados por causas erradas. Por isso é
importante sabermos quando não lutar. A guerra só é ganha quando é autorizada e
estamos submetidos ao Senhor. Qualquer outra batalha que Deus não nos ordenou
lutar é morte certa. Seria um risco demasiadamente grande, pois, afinal, o nosso
objetivo, como soldados de Cristo, é “satisfazer àquele que nos arregimentou”(2
Tm.2:4).
5. O escudo da fé.
“embraçando sempre o escudo da fé,”
(Efésios 6:16a)
Antiga arma de defesa, o escudo era feito de couro ou de metal, geralmente de
forma circular ou oval, que os soldados, por meio de braçadeiras, prendiam num dos
braços (quase sempre o esquerdo) para se protegerem dos golpes de espada ou de
lança (1Sm 17.45; Ef 6.16). Existia duas espécies principais de escudo: o tsinnah, que encobria toda a
pessoa, e o magen, para usar-se nos conflitos corpo a corpo. Ambas estas palavras
são usadas nos Salmos metaforicamente com relação ao amparo de Deus (Sl.3:3;
5:12; 7:10; 18:2,30; 28:7; 33:20; 59:11; 84:9,11; 115:9,10,11; 119:114; 144:2).
Cinco palavras hebraicas são traduzidas pela palavra escudo no VT: a primeira
refere-se àquele escudo que era de tal grandeza que podia proteger todo o corpo. Era
este o já mencionado hnu tsinnah (como em 1 Cr.12:8,24,34; 2 Cr.25:5; Sl.5:12),
grande escudo de madeira, coberto de duras peles; o segundo era o magen (Ngm
também (no pl.) fem. hngm – como na expressão “Yahweh é o meu escudo” em
Gn.15:1; Dt.33:29; 2 Sm.22:3; Sl.3:3; 28:7; 33:20; 59:11; 84:9,11; 115:9; 119:114;
144:2; Pv.30:5 e em outras situações, como em Jz.5:8; 2 Sm.1:21; 2 Sm.31,36; 1
Rs.10:17; 14:26,27,28; 2 Rs.19:32; 1 Cr.5:18; 2 Cr.9:16; 12:9,10,11; 14:8; 26:14;
32:5,27; Jó 15:26; Sl.7:10; 18:2,30,35; 35:2; 47:9; 76:3; 115:10,11; Pv.2:7; Ct.4:4;
Is.21:5; 22:6; 37:33; Jr.46:3,9; Ez.23:24; 27:10; 38:4,5; 39:9; Na.2:3), era um
pequeno escudo redondo ou octogonal, muito usado pelos judeus, babilônios,
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caldeus, assírios e egípcios. Este pequeno escudo era também feito de madeira,
coberto de couro para uso geral, e havia os com uma cobertura de ouro (1
Rs.10:16,17; 14:26,27). No grego, a palavra usada é yureov thureos, e refere-se a
um escudo de quatro cantos (um grande quadrilongo), citado em Ef.6:16. O escudo
de maiores proporções era empregado principalmente pela infantaria sendo, algumas
vezes, levado pelo escudeiro (1 Sm.17:7). Quanto ao pequeno escudo redondo, era
usado tanto pela cavalaria quanto pela infantaria.
A terceira palavra traduzida por escudo (Nwdyk kiydown – 1 Sm.17:45; Jó 39:23)
é propriamente um dardo ou azagaia (1 Sm.17:45). A significação da quarta palavra
(jlv shelet) – 2 Sm.8:7; 1 Cr.18:7; 2 Cr.23:9; Jr.51:11; Ez.27:11 – nos é incerta,
embora, provavelmente, se trate de qualquer espécie de escudo pequeno. Ainda há o
hrxo cocherah, que refere-se a um pequeno escudo e pode ser encontrado em
Sl.91:4.
Era desonroso perder o escudo em combate, porque aumentava a tristeza
nacional o dizer-se que “desprezivelmente tinha sido arrojado o escudo dos
valentes” (2 Sm.1:21); tal ato, entre os gregos, era castigado com a pena de morte.
Falta de escudo era sinal de despreparo e vulnerabilidade (Jz.5:8). Um soldado
nunca poderia largar seu escudo.
Várias tribos de Israel são citadas como tendo seus guerreiros habilitados para
lutar com escudo e lança, como os Gaditas (1 Cr.12:8 – escudo grande - hnu
tsinnah), os de Judá (1 Cr.12:24, 2 Cr.11:12; 14:8; 25:5; 26:14 - escudo grande -
hnu tsinnah), os de Naftali (1 Cr.12:34 - escudo grande - hnu tsinnah) e os de
Benjamim (2 Cr.17:7 - magen -Ngm também -no pl.- fem. hngm – escudo pequeno).
Israel, em determinado momento da história, usou os escudos do batalhão dos
valentes de Davi (2 Rs.11:10; 1 Cr.18:7; 2 Cr.23:9).
Os escudos guarnecidos de ouro eram muito empregados para fins de
ornamentação ou para manifestação ostentosa. Salomão fez trezentos escudos
pequenos de ouro batido e os empregava deste modo e nas procissões religiosas,
como seu pai havia anteriormente feito, com os seus troféus de batalha (1
Rs.10:16ss; 2 Sm.8:7; 2 Cr.9:16). Esses trezentos escudos foram levados por
Sisaque, rei do Egito (2 Cr.12:9), e Roboão mandou fazer outros de bronze para
substituí-los (2 Cr.12:10); Ezequias mandou fazer mais escudos (2 Cr.32:5,27).
Persas, gamaditas e Lídios penduravam seus escudos nos muros e torres para
ostentação (Ez.27:11; 38:4,5). Na linguagem poética de Cantares, Salomão compara
o colar de uma donzela a ‘mil escudos pendurados numa torre’, fazendo menção a
essa utilidade (Ct.4:4).
As mães, na Lacedemônia, costumavam excitar a ambição de seus filhos,
passando-lhes às mãos os escudos dos pais, e proferindo estas palavras: “Teu pai
sempre conservou este escudo. Agora conserva-o tu, também, ou morre.” Os
homens da Etiópia e da Líbia levavam escudos pequenos (Ez.38:5; Jr.46:9). Outros
povos também utilizavam-nos de tamanho variado (Ez.23:24; 38:4).
Era motivo de orgulho para o guerreiro guardar brilhante o seu escudo. Quando
não o usava, sempre o cobria, friccionando-o com azeite para manter sua superfície
brilhante, tornar escorregadios os dardos lançados pelo inimigo e livrá-lo dos
estragos do tempo (Is.21:5; 22:6). Além disso, o brilho servia para cegar o inimigo
com o reflexo dos raios solares em batalhas a céu aberto.
O escudo nunca deve ser largado, devemos embraçá-lo sempre, porque nos
protege das chuvas de flechas e pedras que o inimigo lança contra nós. Quanto mais
oração e intimidade com o Senhor, maior é o nosso escudo. Porém, nosso escudo
14
pode brilhar tanto que pode cegar a nós mesmos. É necessário, portanto, que
utilizemos nossa capa de humildade a fim de proteger-nos do orgulho.
O Senhor nos protege tanto com escudo grande quanto com o pequeno
(“Embraça o escudo - Ngm magen - e o broquel - hnu tsinnah - e ergue-te em meu
auxílio.” – Sl.35:2); Ele nos dá Seu escudo de livramento (2 Sm.22:36) e o Seu
favor nos protege como escudo (Sl.5:12). O Senhor quebra o escudo (Ngm magen)
dos nossos inimigos (Sl.76:3).
No hebraico fé (hnwma ‘emuwnah ou - forma contrata - hnma ‘emunah –
Hc.2:4) é relacionada a firmeza, fidelidade, estabilidade, enquanto que no grego tem
mais a ver com convicção da verdade de algo, juntamente com as idéias de
fidelidade e lealdade (pistiv pistis - Mt.8:10; 9:2,22,29; 15:28; 17:20; 21:21; 23:23;
Mc.2:5; 4:40; 5:34; 10:52; 11:22; Lc.5:20; 7:9,50; 8:25,48; 17:5,6,19; 18:8,42;
22:32; At.3:16; 6:5,7; 11:24; 13:8; 14:9,22,27: 15:9; 16:5; 20:21; 24:24; 26:18;
Rm.1:5,8,12,17; 3:22,25,26,27,28,30,31; 4:5,9,11,12,13,14,16,19,20; 5:1,2; 9:30,32;
10:6,8,17; 11:20; 12:3,6; 14:1,22,23; 16:26; 1 Co.2:5; 12:9; 13:2,13; 15:14,17;
16:13; 2 Co.1:24; 4:13; 5:7; 8:7; 10:15; 13:5; Gl.1:23; 2:16,20;
3:2,5,7,8,9,11,12,14,22,23,24,25,26; 5:5,6,10; Ef.1:5; 2:8; 3:12,17; 4:5,13; 6:16,23;
Fp.1:25,27; 2:17; 3:9; Cl.1:4,23; 2:5,7,12; 1 Ts.1:3,8; 3:2,5,6,7,10; 5:8; 2
Ts.1:3,4,11; 2:13; 3:2; 1 Tm.1:2,4,5,14,19; 2:7,15; 3:9,13; 4:1,6,12; 5:8;
6:10,11,12,21; 2 Tm.1:5,13; 2:18,22; 3:8,10,15; 4:7; Tt.1:1,4,13; 2:2; 3:15;
Fm.1:5,6; Hb.4:2; 6:1,12; 10:22,38,39; 11:1-39; 12:2; 13:7; Tg.1:3,6;
2:1,5,14,17,18,20,22,24,26; 5:15; 1 Pd.1:5,7,9,21b; 5:9; 2 Pd.1:1,5; 5:4; Jd.1:3,20;
Ap.2:13,19; 14:12) ou ainda para ‘estar persuadido de, acreditar, depositar confiança
em’ temos pisteuw pisteuo (Mt.8:13; At.8:13; 1 Pd.1:21a).
Para o contrário de fé temos como falta de confiança (oligopistov oligopistos –
Mt.6:30; 8:26; 14:31; 16:8) ou infidelidade, incredulidade apistia apistia
(Mt.17:20 – ‘pequenez da fé’, Mc.9:24; Lc.12:28).
A fé é descrita como escudo capaz de apagar todos os mísseis incendiários (os
dardos com pontas acesas) do maligno descritos em Efésios 6:16, bem como a
salvação no Salmo 18:35. A fé precisa ser recebida através do Logos, mas
principalmente da Rhema (Rm.10:17 – cf. 7.2 deste estudo). E precisa ser exercida.
O exercício da fé constitui-nos num item de defesa a que vamos adeqüar-nos às mais
diversas circunstâncias. Andamos por fé e não por vista (2 Co.5:7) e triunfamos
sobre o inimigo pela fé (1 Jo.5:4). O escudo da fé é a nossa confiança no Senhor. O
escudo da fé é a nossa segurança e proteção. Serve para apagar a dúvida, o medo e a
incredulidade, além de cegar o inimigo que tenta se levantar contra nós.
Uma situação específica no NT tem chamado a atenção de muitos estudiosos no
que diz respeito ao tipo de problema levantado por Jesus e as armas para sua
solução. É o fato descrito em Mateus 17:14-21, quando seus discípulos não
conseguiram expulsar o demônio que atormentava um menino:
“E, quando chegaram para junto da multidão, aproximou-se dele um homem,
que se ajoelhou e disse:
Senhor, compadece-te de meu filho, porque é lunático e sofre muito; pois muitas
vezes cai no fogo e outras muitas, na água.
Apresentei-o a teus discípulos, mas eles não puderam curá-lo.
Jesus exclamou: Ó geração (genea genea: aquele que foi gerado, homens da
mesma linhagem, família, os vários graus de descendentes naturais, os membros
sucessivos de uma genealogia, metáf. grupo de pessoas muito semelhantes uns
15
com os outros nos dons, ocupações, caráter) incrédula e perversa! Até quando
estarei convosco? Até quando vos sofrerei? Trazei-me aqui o menino.
E Jesus repreendeu o demônio, e este saiu do menino; e, desde aquela hora,
ficou o menino curado.
Então, os discípulos, aproximando-se de Jesus, perguntaram em particular: Por
que motivo não pudemos nós expulsá-lo?
E ele lhes respondeu: Por causa da pequenez da vossa fé. Pois em verdade vos
digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte:
Passa daqui para acolá, e ele passará. Nada vos será impossível.
Mas esta casta (genov genos: família, raça, tribo, nação, i.e. nacionalidade ou
descendência de um pessoa em particular) não se expele senão por meio de
oração e jejum.”
Nesse texto, a situação pode ser compreendida quando percebemos a ênfase de
Jesus em repreender a incredulidade de seus discípulos, que foi a verdadeira causa
do impedimento para a libertação do menino através de suas investidas. Assim,
demônios saem sob a autoridade do nome de Jesus, mas essa casta de incredulidade,
que nos impede de exercermos essa autoridade, só sai com jejum e oração. A fé em
Deus, portanto, é a nossa arma defensiva contra qualquer tipo de dúvida (Ef.6:16).
Há uma palavra profética de que um dia Israel utilizará escudos e outras armas
como combustível (Ez.39:9), assim como a fé alimenta o mover do Espírito Santo
em nós.
A fé também pode ser ofensiva, em algumas circunstâncias (2 Rs.19:32; como
no caso em que metade dos homens sob o comando de Neemias ‘permanecia
armado’ com escudos - Ne.4:16; Is.37:33; Jr.51:11). Mas tanto a nível defensivo
quanto ofensivo é preciso que estejamos dispostos a aprender a manejar o escudo,
seja ele pequeno ou grande (Jr.46:3: “Preparai o escudo - Ngm magen - e o pavês -
hnu tsinnah - e chegai-vos para a peleja.”), i.e., colocarmos em prática a fé em
toda e qualquer situação (cf. Tg.2:14-26).
5.1. Os dardos inflamados do Maligno.
“com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do Maligno.”
(Efésios 6:16b)
Arma feita com uma vara curta na qual era colocada uma ponta de ferro e que
era atirada com uma das mãos (dardo); arma de arremesso, que consistia numa longa
haste de madeira, tendo uma ponta de pedra, bronze ou ferro pontudo (lança); arma
que consiste de uma vara que tem numa das extremidades uma ponta penetrante e na
outra tem penas e que é atirada por meio de um arco (seta ou flecha). Eis o que se
enquadra na descrição de dardos, setas, lanças ou flechas utilizados mais
comumente pelos povos dos tempos bíblicos.
A lança era de diversas espécies, desde a fortíssima arma, a chaniyth (tynx – 1 Sm.13:19,22; 17:7,47; 18:10; 19:9,10; 20:33; 21:8; 22:6; 26:7,8,11,12,16,22; 2
Sm.1:6; 2:23; 21:19; 23:7,8,18,21; 2 Rs.11:10; 1 Cr.11:23; 12:34 – dos de Naftali –
20:5; 2 Cr.23:9; Jó 39:23 – lança - ; 41:26; Sl.35:3; 46:9; 57:4; Is.2:4; Mq.4:3;
Na.3:3; Hc.3:11), que pesava cerca de 25 arretéis, e foi usada por Golias e Saul, até
ao kiydown (Nwdyk – propriamente um dardo ou azagaia - Js. 8:18,26; 1 Sm.17:6,45;
Jó 39:23 – dardo - 41:29; Jr.6:23; 50:42), leve e curta haste que o guerreiro levava
às costas, entre os ombros, dardo de arremesso. Ainda havia outras, como a romach
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(xmr - procedente de uma raiz não utilizada significando ‘arremessar’ – Nm.25:7;
Jz.5:8; 1 Cr.11:12; 12:8 – dos Gaditas – 12:24; 2 Cr.14:8 – dos de Judá – 2 Cr.25:5
– dos de Judá e Benjamim – 2 Cr.26:14; Ne.4:13,16,21; Jr.46:4; Ez.39:9; Jl.3:10), a
shelach (xlv - arma, projétil - Jó 36:12; Jl.2:8), a qayin (Nyq – utilizada por
gigantes – 2 Sm.21:16), a b@rowsh (vwrb - cipreste, abeto, junípero, pinheiro, uma
árvore nobre (lit.), referindo-se à majestade (fig.), material para o templo – Na.2:3),
o matteh ou (fem.) mattah (hjm e hjm - vara, ramo, tribo, bordão, cajado,
companhia liderada por um chefe com um bordão (originalmente) – Hc.3:9,14), a
macca‘ (eom - pedreira, extração, ato de quebrar pedras, míssil, dardo – Jó 41:26) e
a shebet (vara, bordão (apetrecho de um pastor), ramo, galho, clava, bastão, cetro
(sinal de autoridade), clã, tribo, cabo (referindo-se a espada, dardo). Foi com a lança
shebet (traduzida a palavra por ‘dardos’) que Joabe acabou de matar Absalão (2
Sm.18:14). No NT tem-se logche (logch - ponta de ferro ou cabeça de uma lança,
uma haste embutida numa lâmina pontiaguda de ferro – Jo.19:34) e belos (belov - míssil, dardo, flecha, seta – Ef.6:16).
As setas (ben - Nb - filho, neto, criança, membro de um grupo crianças - pl. -
masculino e feminino - mocidade, jovens (pl.), novo (referindo-se a animais), filhos
(como caracterização, i.e. filhos da injustiça [para homens injustos] ou filhos de
Deus [para anjos], povo (de uma nação) (pl.), referindo-se a coisas sem vida, i.e.
faíscas, estrelas, flechas (fig.), um membro de uma associação, ordem, classe – Jó
41:28; Lm.3:13; chets – Ux – flecha – Nm.24:8; Dt.32:23,42; 2 Rs.13:17; 19:32; 1
Sm.20:20,21,22,36,38; 2 Sm.22:15; 2 Rs.13:15,18; 1 Cr.12:2; 2 Cr.26:15; Jó 6:4;
Sl.7:13; 11:2; 18:14; 38:2; 45:5; 57:4 - flecha; 58:7; 64:3,7; 91:5; 120:4; 127:4;
144:6; Pv.7:23; 25:18; 26:18; Is.5:28; 7:24; 37:33; 49:2; 50:11; Jr.9:8; 50:9,14;
51:11; Lm.3:12; Ez.5:16; 21:21; 39:3,9; Hc.3:11; Zc.9:14; chatsats – Uux – cascalho – Sl.77:17) eram levadas numa aljava, e algumas vezes envenenadas.
Também há o termo propriamente para ‘flechas’, como chitstsiy ou chetsiy (yux ou
yux – flecha – 1 Sm.20:36,37; 2 Rs.9:24), shiryown ou shiryon e shiryan também
(fem.) shiryah e shiryonah (Nwyrv ou Nyrv e Nyrv também (fem.) hyrv e hnyrv - couraça para o corpo, uma arma, talvez uma lança, dardo – Jó 41:26), rab (br – arqueiro – Jó 16:13) e até baraq (qrb - relâmpagos, raios, referindo-se à uma
espada reluzente (fig.) – Jó 20:25).
‘Dardos inflamados’ (Ef.6:16) são setas, ou outras armas de arremesso, lançadas
quando estão em fogo ou têm em si qualquer material combustível. O escudo de
maiores proporções utilizado pela infantaria também era usado durante os cercos,
sendo muitos deles colocados juntos, de modo a formar uma gigantesca casca de
tartaruga, a fim a proteger as cabeças dos sitiadores contra os dardos (belov belos:
míssil, dardo, flecha, seta – Ef.6:16) e pedras que eram arremessados das muralhas
ou das torres. A unidade da fé é a nossa maior arma contra os ataques das trevas
contra nossas vidas e, para tanto, precisamos uns dos outros nesse processo. A
unidade também é um fator essencial para que haja um evangelismo eficaz, num
terreno sobre o qual os crentes possam caminhar e trabalhar juntos. O escudo é
móvel e pode nos proteger dos dardos inflamados do inimigo em qualquer região do
corpo (qualquer circunstância). Assim a nossa fé é capaz de ser aplicada a qualquer
circunstância onde os dardos da dúvida, do medo, da acusação, da injustiça, da
crítica, da fofoca e da violência se fizerem presentes.
Todos nós que estamos em meio à luta receberemos dardos inflamados lançados
contra nossas vidas. A questão é: será que vamos ser atingidos por esses dardos, ou
há como evitá-los ou acabar com eles? A fé não impede o inimigo de atacar, mas
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atua no sentido de extinguir o que o inimigo lança sobre nós. Se ficarmos feridos, é
certo que perdemos a nossa fé.
O arco era uma arma na qual eram amestrados todos os soldados, desde o mais
humilde aos filhos do rei, assim como não há distinção entre nós, os filhos de Deus
– todos entram nesse Reino pela fé, e pela fé é que vive o justo (Hc.2:4; Rm.1:17;
Gl.3:11; Hb.10:38).
6. O capacete da salvação.
“Tomai também o capacete da salvação”
(Efésios 6:17a)
O capacete (ebwk kowba‘ – 1 Sm.17:5,38; 2 Cr.26:14; Is.59:17; Ez.23:24;
27:10; 38:5) era uma peça da armadura feita de couro ou de bronze e usada para
proteger a cabeça. Era uma peça desenhada de forma que a cabeça ficava totalmente
protegida.
O que os israelitas usavam como capacete era na forma de uma carapuça com
peças que cobriam as orelhas e o pescoço. Era de bronze ou metal amarelo. Os
capacetes que Uzias forneceu ao seu grande exército (2 Cr.26:14) eram do mesmo
metal, bem como os de Saul e Golias (1 Sm.17:5,38). Estes capacetes de bronze eram
usados somente pelos principais guerreiros, sendo o simples soldado, segundo parece,
provido de carapuças enchumaçadas, com hastes de metal, ou então de barretes de
feltro ou de couro.
Os heteus usavam capacetes mais largos para cima do que os usados
comumente, ao passo que os oficiais da Assíria os usavam altos e em pontas. Fazia
parte do exército babilônio o uso de capacetes (Ez.23:24). Os capacetes dos persas
eram usados juntamente com os escudos como ornamento nos muros da cidade
(Ez.27:10; 38:5). Os egípcios também usavam capacetes (Jr.46:4).
A grande ‘central’ de tudo é o cérebro. O capacete (perikefalaia
perikephalaia: capacete, metáf.: proteção da alma que consiste na (esperança de)
salvação – Ef.6:17; 1 Ts.5:8) protege a cabeça, a mente, as vontades, o poder de
decisão, os órgãos dos sentidos e tudo o que está relacionado ao cérebro, a porção
mais nobre do corpo, o que nos exige cuidados especiais. Essa peça é projetada de tal
forma que todo ataque do inimigo fique de fora de nossa mente. Somos salvos por
Cristo e, igualmente, esse também é o ato mais nobre que há. Fomos comprados por
sangue e selados com selo real. É o ato nobre de Jesus que tem que proteger a parte
nobre do nosso corpo. A lembrança, a certeza, a proteção conferida a nós por esse
fato tem que ser presente durante a batalha.
Era no capacete que ficava gravada a insígnia do exército a que o soldado
pertencia. Isso nos remete ao fato de que temos em nosso capacete a nossa
identificação, i.e., a qual companhia pertencemos, se somos soldados rasos, qual a
nossa posição, função e hierarquia, e se podemos enfrentar determinada hierarquia
maligna. Expulsamos demônios de pessoas, mas contra principados o que podemos
fazer é combater. Combater, que implica lutar por uma posição e pelo domínio sobre
ela, é a forma de combate mais exaustiva e mais no corpo-a-corpo. Enfrentar
demônios sobre os quais não temos autoridade pode nos deixar feridos e nus (cf.
At.19:13-16). Contudo, confrontar principados sobre os quais não temos autoridade
pode ser ainda mais perigoso. Os maiores avivamentos em toda a história da Igreja
têm sido, no entanto, decorrentes do fato de ela se engajar nesse nível de guerra
espiritual.
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Antes de enfrentarmos um principado, temos que saber se é isso mesmo que o
Senhor quer que façamos. Infelizmente o Diabo nos lisonjeia, tentando nos seduzir a
ir além do nosso chamado, ou a fazer o que Deus nos chamou a fazer, só que de
forma prematura, ou na nossa própria força. Se o inimigo conseguir que
ultrapassemos a esfera de autoridade que nos foi concedida naquele momento (e que
está gravada em nosso capacete e pode ser revelada a nós se mantivermos nossa
mente guardada em Deus), ele sabe que nos faltará a graça necessária para derrotá-lo
(2 Co.10:12-16).
A certeza da salvação e o que ela significa é a nossa defesa mais poderosa contra
Satanás e seus ataques a nível da mente - que são os mais acirrados. É na mente que
ele pode nos vencer. Ele conhece muito bem a Palavra de Deus, e é conseguindo a
nossa atenção aos seus argumentos que tenta nos destituir da fé e fazer com que
caiamos. Mas, quando conhecemos a Palavra de Deus, o Senhor traz-nos à mente o
que precisamos no momento oportuno para alimentar a nossa fé (cf. Mt.4:1-11). Além
disso, devemos desenvolver a nossa salvação (Fp.2:12).
Diante de muitos ataques precisamos ver a salvação de Deus, i.e., libertação.
Is.26:1,3-4 diz que a salvação de Deus é a nossa proteção. ‘Deus lhe põe a salvação
por muros e baluartes’. O capacete da salvação protege a nossa mente em dias de
ataque, porque a nossa esperança está na salvação de Deus. Essa esperança guarda a
nossa mente em perfeita paz. Essa paz é uma grande arma de proteção.
Já se tem questionado durante muito tempo a existência de evidências no VT de
que Jesus Cristo é o Messias, o que tem levado muitos rabinos e judeus messiânicos a
inúmeras discussões. Porém as evidências estão aí, dentre elas o fato de que, em toda a
Torah (os cinco primeiros livros da Bíblia, denominados Pentateuco), se a cada 150
letras separarmos uma, temos formada a frase Yeshuah Mashiach (Jesus, o Messias).
Outra evidência da presença do nome de Jesus no VT é constatarmos a sua
ocorrência - Yeshuwah (Jesus, em hebraico) – quando a passagem refere-se a algum
tipo de salvação: Yahweh é salvação ou Yahweh salva. Tal evidência podemos
perceber na palavra ‘salvação’em hebraico, em Gn.49:18; Êx.15:2; Dt.32:15; 1
Sm.2:1; 14:45; 1 Cr.16:23; Jó 13:16; Sl.3:2,8; 9:14; 13:5; 14:7; 21:1,5; 22:1; 35:3,9;
62:1,2,6; 67:2; 68:19; 70:4; 78:22; 88:1; 89:26; 91:16; 96:2; 98:2,3; 106:4; 116:13;
118:15,21; 119:123,155,166,174; 140:7; 149:4; Is.12:2,3; 25:9; 26:1; 33:2,6; 49:6,8;
51:6,8; 52:7,10; 56:1; 59:11,17; 60:18; 62:1; Jn.2:9 (hewvy yeshuw‘ah: salvação,
libertação, bem-estar, prosperidade, salvação por Deus, vitória) bem como em 2
Sm.22:3,47; 23:5; 1 Cr.16:35; Sl.18:2,35,46; 24:5; 25:5; 27:1,9; 50:23; 51:12; 62:7;
85:4,7,9; 95:1; 132:16; Is.17:10; 45:8; 51:5; 61:10; Mq.7:7; Hc.3:18 (evy yesha‘ ou evy yesha‘: libertação, salvação, resgate, segurança, bem-estar, prosperidade, vitória)
e em Is.30:15; 43:12; 59:16; 63:5 (evy yasha‘: salvar, ser salvo, ser libertado, (Nifal),
ser salvo, ser salvo (em batalha), ser vitorioso, (Hifil) salvar, libertar, livrar de
problemas morais, dar vitória a) e pode ser melhor compreendida quando
substituimos a palavra salvação nessas referências pelo nome de Jesus, e.g. no
Sl.35:3: “Eu sou o teu Yeshuw’ah”. Ainda podemos encontrar a palavra ‘salvação’
em Jz.15:18; 2 Cr.6:41; Sl.37:39; 38:22; 40:10,16; 71:15; 119:41,81; 146:3; Is.45:17;
46:13; Jr.3:23; Lm.3:26 (hewvt teshuw‘ah ou hevt teshu‘ah: salvação, livramento
(geralmente por Deus mediante agência humana), salvação (em sentido espiritual), e
em Ml.4:2 (aprm marpe’: saúde, recuperação, cura, proveito, são (referindo-se à
mente).
Como podemos observar em Is.59:17, bem como em diversas outras referências,
o verdadeiro capacete da armadura de Deus envolve salvação, libertação, bem-estar,
19
prosperidade, salvação por Deus, vitória e é o próprio Yeshuw‘ah, Jesus, o Messias, o
qual nos propiciou eterna salvação.
O capacete da salvação protege a nossa mente. Nossa mente é que dirige o
movimento do escudo, dirige a espada e dirige todo o nosso corpo. A mente é o
campo de batalha onde precisamos decidir entre o ser carnal e o ser espiritual. O ser
carnal não conhece a Bíblia, tem medo e vive na dúvida e na incredulidade.
Infelizmente é fácil sentirmos o impulso de nos colocar à vontade e retirarmos o
capacete, deixando que a poluição deste mundo ataque a nossa mente mediante
televisão, revistas, músicas, pessoas, e mais a confusão da vida diária. Temos que
estar sempre guardando a mente, ou então nos abriremos à possibilidade de sermos
nela atingidos com ferimentos fatais que poderão roubar-nos a salvação. O capacete é
a nossa salvação, e temos de usá-lo o tempo todo. Precisamos ser soldados eficientes.
Soldado disciplinado não dá lugar à carne, mas é forte no Espírito.
Tudo o que somos está no cérebro, e tudo isto tem que ser modificado pela
salvação. A palavra ‘salvação’, em Ef.6:17, é swthria soteria, que significa
livramento da moléstia de inimigos, preservação, segurança, salvação num sentido
ético, aquilo que confere às almas segurança ou salvação, salvação messiânica,
salvação como a nossa posse atual, salvação futura, soma de benefícios e bênçãos que
nós, redimidos de todos os males desta vida, gozaremos após a volta visível de Cristo
do céu no reino eterno e consumado de Deus. Assim, refere-se a uma salvação
quádrupla: salvos da penalidade, poder, presença e, mais importante, do prazer de
pecar.
7. A espada do Espírito.
“e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus;”
(Efésios 6:17b)
Arma usada tanto para ataque quanto para defesa que consta de uma lâmina
comprida e pontuda, geralmente afiada dos dois lados, a espada era o instrumento de
guerra mais usual. Na antigüidade era menor do que a moderna, como podemos
inferir da descrição em Jz.3:16. Mas, nas mãos (geralmente a direita) de guerreiros
experimentados, podia ser manejada com terrível efeito (2 Sm.20:8-12; 1 Rs.2:5).
Era metida numa bainha, presa a um cinturão (Sl.45:3; Ct.3:8) e podia ser usada tão
somente para ferir quanto para matar.
A espada era curta e larga, geralmente com um só gume, mas algumas vezes
com dois, quando a sua função era a de instrumento perfurante. A sua forma era
muito variável, sendo muitas vezes direita, outras curva. Era geralmente levada
sobre a coxa esquerda e empunhada com a mão direita, e por esta razão pôde Eúde
ocultar uma espada curta ou um punhal sobre a coxa direita, sem desconfiança, visto
que era canhoto (Jz.3:16).
Antes do tempo do metal, as armas contundentes e cortantes eram feitas de
pederneira, mas em parte alguma se diz que os israelitas fizeram uso delas. Somente
em tempo de guerra se usava espada; em tempo de paz nem mesmo o rei, na sua
majestade, a trazia (1 Rs.3:24). Mais tarde, com o uso do metal na fabricação de
armas, Israel chegou a sofrer a privação de ferro por parte dos filisteus a fim de que
não possuíssem espadas nem lanças (1 Sm.13:19,22). Estratégia essa usada até hoje
pelo Diabo que, ao tirar-nos a alegria e o desejo pela Palavra de Deus, deixa-nos
sem uma de nossas mais eficazes armas de guerra.
20
A primeira menção de uma espada na Bíblia é a espada flamejante que guardava
o caminho para a árvore da vida (Gn.3:24 - brx chereb), após o pecado ter sido
aceito pelo primeiro casal. Assim, somente ao passarmos pela purificação através da
Palavra de Deus é que temos acesso à vida, e vida em abundância, vida eterna, de
conhecimento de Deus (Jo.17:3).
A espada é a mais antiga arma ofensiva mencionada na Bíblia e é simbolo de
poder e autoridade. Foi com ela que os filhos de Jacó assassinaram os siquemitas
(Gn.34:25,26), e era muitas vezes citada como sinônimo de guerra ou ataque
inimigo, e.g., ‘Eis que enviarei contra eles a espada a fome e a peste’ (Jr.29:17
além de Gn.31:26; Êx.5:3,21; 18:4; 22:24; Lv.26:6,7,8,25,33,36,37; Nm.14:3,43;
19:16; 20:18; Dt.28:22; 32:25; Jz.7:14,20,22; 1 Sm.15:8; 2 Sm.2:26; 3:29; 11:25;
12:10; 15:14; 18:8; 2 Rs.19:37; Jó 5:20; 15:22; 19:29; 27:14; 33:18; 39:22; 41:26;
Sl.22:20; 44:3; 63:10; 78:62,64; Is.1:20; 2:4; 3:25; 13:15; 14:19; 22:2; 37:7,38;
51:19; 65:12; Jr.2:30; 4:10; 5:12,17; 9:16; 11:22; 14:12,13,15,16,18; 15:2,3,9; 16:4;
18:21; 19:7; 20:4; 21:7,9; 24:10; 25:16; 25:29,31; 27:8,13; 29:17,18; 31:2; 32:24,36;
33:4; 34:4,17; 38:2; 39:18; 41:2; 42:16,17,22; 43:11; 44:12,13,18,27,28;
46:10,14,16; 48:2; 49:37; 50:16,27,35,36,37,38; 51:50; Lm.1:20; 2:21; 4:9; 5:9;
Ez.5:2,12,17; 6:3,4,7,8,11,12,13; 7:15; 11:8,10; 12:14,16; 14:17,21; 17:21;
21:12,19,20; 23:10,25; 24:21; 25:13; 26:6,8,11; 28:7,23; 29:8; 30:4,5,6,11,17;
31:17,18; 32:11,20,21,22,23,24,25,26,28,29,30,31,32; 33:27; 35:8; 38:8,21; 39:23;
Dn.11:33; Os.1:7; 2:18; 7:16; 11:6; 13:16; Am.4:10; 7:11,17; 9:1,10; Mq.4:3; 5:6;
6:14; Na.2:13; 3:15; Ag.2:22). Os israelitas matavam os rebeldes com espada
(Êx.32:27). Muitos destruíam seus inimigos com a espada na mão (Gn.48:22;
Êx.15:9; 17:13; Nm.21:24; Dt.13:15; 20:13; Js.6:21; 8:24; 10:28,30,32,35,37,39;
11:10,11,12,14; 19:47; Jz.1:8,25; 4:15,16; 1 Cr.21:12; 2 Cr.20:9; 29:9; Ed.9:7;
Et.9:5).
Outras referências ao mesmo termo hebraico brx chereb (no sentido literal)
encontramos em Êx.15:9; 17:13; 18:4; 32:27; Jz.8:10,20; 9:54; 18:27;
20:2,15,17,25,35,37,46,48; 21:10; 1 Sm.14:20; 15:33; 17:45,47,50,51; 21:8,9;
22:10,13,19; 25:13; 31:4,5; 2 Sm.1:12,22; 2:16; 12:9; 20:8,10; 23:10; 24:9; 1
Rs.1:51; 2:8,32; 3:24; 19:17; 2 Rs.3:26; 6:22; 8:12; 11:15,20; 19:7; 1 Cr.5:18,22;
10:4,5; 2 Cr.21:4; 23:14,21; 32:21; 36:17,20; Jó 1:15,17; 40:19; Sl.37:14,15; 44:6;
76:3; 89:43; Is.21:15; Jr.6:25; 26:23; Ez.16:40; 23:47; 30:21,22; 32:12; 35:5; 38:4;
Am.1:11; Na.3:3.
A promessa de Deus é que, sempre que Ele for enviar juízo sobre a terra, se as
sentinelas estiverem em seus postos, poderão nos avisar, cabendo a elas decidir se
avisarão ou não e assumindo as conseqüências de sua decisão (Ez.33:2,3,4,6); assim
o juízo do Senhor será sempre avisado aos seus servos, os profetas (Am.3:7). O
Senhor promete converter a violência das espadas em trabalho de arado (Is.2:4;
Mq.4:3).
O Anjo do Senhor apareceu empunhando uma espada (Nm.22:23,31; 1
Cr.21:16,27,30), assim como o Comandante do Exército do Senhor (Js.5:13).
Espada desembanhada e polida era sinal de ataque iminente (Ez.21:28). O Senhor
nos orienta a não confiarmos na nossa própria espada – nossa própria palavra -
(Ez.33:26) e promete livrar-nos da espada maligna, como fez a Davi (Sl.144:10).
Soldados mortos em combate eram enterrados com sua espada sob suas cabeças
(Ez.32:27), como sinal de honra e valor – de que lutaram até o fim. É isso que o
Senhor deseja de nós, os Seus sevos: fidelidade até o fim (Mt.24:13; Ap.2:10).
A ‘bênção’dada a Esaú por Isaque incluía viver por sua espada (Gn.27:40 - brx
chereb: espada, faca, ferramentas para cortar pedra), deixando evidente que uma
21
mudança de postura implicaria numa mudança de destino – isso nos leva a refletir
sobre o tipo de espada de que fazemos uso (Sl.64:3), que palavras saem da fonte da
nossa boca, que são prova do tipo de destino que estamos escolhendo (Tg.3:10-12).
Jacó tomou a região dos amorreus com sua espada e seu arco (Gn.48:22). A ‘espada
da boca’ (Jó 5:15; Sl.55:21; 59:7; Pv.25:18; 30:14) é a conversa perniciosa, a falsa
acusação, a difamação, a calúnia. Trata-se daquilo que, no Novo Testamento, é
chamado de “palavra torpe”(cf. Ef.4:26-29), ou toda palavra que não traz
edificação. A tagarelice é comparada a pontas de espada em Pv.12:18. Referindo-se
à bênção a Simeão e Levi, Jacó diz que suas espadas (hrkm m@kerah:
provavelmente no sentido de punhalada: espadas, armas, planos, significado dúbio)
são instrumentos de violência.
A espada trazia consigo um tipo de maldição, a de que quem usava de espada
morria de espada (Mt.26:52; Ap.13:10). Isso nos lembra de que seremos julgados
segundo nossas palavras (cf. Mt.12: 33-37). A situação é comprovada quando o rei
Acabe mandou matar à espada todos os profetas do Senhor por influência dos
profetas e adoradores de Baal (1 Rs.19:1,10,14) depois de ter-se a prova da
supremacia do Senhor e a morte dos profetas de Baal ao fio da espada (1 Rs.18:40).
Mas, tempo depois, o sangue dos profetas do Senhor é vingado através do ataque
que Jeú organizou, quando matou todos os profetas de Baal em Israel (2 Rs.10:25).
Algo semelhante e, de certa forma, equivalente, encontra-se em Gn.12, onde Deus
promete abençoar os que abençoam e amaldiçoar os que amaldiçoam Abraão e seus
descendentes (Gn.12:1-3). É importante lembrarmos que “os da fé é que são filhos
de Abraão” (Gl.3:7).
A palavra ‘gume’, para descrever o lado cortante da lâmina de uma espada ou
faca, no VT é hypyp piyphiyah (como no Sl.149:6) ou (plural) twypyp, que
significa dente, gume, boca ou hp peh (como em Pv.5:4), que significa boca
(referindo-se ao homem), boca (como órgão da fala), boca (referindo-se aos
animais), boca, abertura (de um poço, rio, etc.). Daí sua relação com as palavras de
uma pessoa. O Senhor faz da boca do seu profeta ‘como uma espada aguda’
(Is.49:2) e lança maldição àquele que não faz uso de sua espada, bem como àquele
que faz a obra de Deus relaxadamente (Jr.48:10), o que nos orienta a usarmos o que
o Senhor nos coloca nas mãos e em nossa boca.
Uma espada fazia parte, também, das vestes do príncipe, e foi parte do que
Jônatas deu a Davi, bem como sua capa, armadura e cinto, em sinal de aliança e
reconhecimento da unção de Deus sobre ele (1 Sm.18:4 – como o que Jesus fez a
nós, dando-nos de Sua verdade, Sua natureza, justiça e santidade (Jó 12:18;
Ez.16:10; Sl.18:32).
“Havia em Israel um milhão e cem mil homens que puxavam da espada; e em
Judá eram quatrocentos e setenta mil homens que puxavam da espada” (1 Cr.21:5).
A habilidade de usar da espada é a marca registrada do povo de Deus e saber atacar
é manejá-la eficientemente. Sem a espada, o soldado não é nada.
Os edificadores dos muros de Jerusalém, sob a liderança de Neemias, traziam a
espada à cinta, prontos para a batalha (Ne.4:13,18) e os discípulos de Jesus são
orientados a fazer de tudo para ter uma espada em mãos (Lc.22:36,38), assim como
devemos exercer o nosso ministério prontos com a Palavra de Deus para eventuais
ataques.
Deus ordenou que o profeta Ezequiel passasse espada como navalha de barbeiro
em sua cabeça, raspando-a ao Senhor (Ez.5:1). Ele mesmo, o Senhor, promete pôr
Sião como a espada do valente, i.e., limpa e sempre pronta para a batalha (Zc.9:13).
22
Outra profecia utilizando o termo ‘espada’ (só que desta vez com a palavra
macaira machaira: faca grande, usada para matar animais e cortar carne; pequena
espada, para diferenciá-la de uma grande; espada curva, para um golpe cortante;
uma espada reta, para perfurar – usada na maior parte das referências à espada no
NT) refere-se às guerras contra Jerusalém que ocorrerão nos dias que precedem a
volta do Messias (Lc.21:24).
Tiago foi morto ao fio da espada, a mando de Herodes (At.12:1,2), além de
outros mártires (Hb.11:37), assim como muitos cristãos escaparam dela (Hb.11:34).
O carcereiro do lugar onde Paulo estava preso quis suicidar-se com espada quando
pensou que os presos tinham fugido (At.16:27). A Palavra de Deus ensina que as
autoridades fazem uso da espada para a justiça e a disciplina (Rm.13:4).
A Palavra de Deus é, na sua força penetrante, comparada à espada de dois gumes
(Hb.4:12). Isso não quer dizer conhecimento intelectual da Bíblia, mas sim a
vivência desta Palavra em nosso caminhar pelo Espírito Santo é que nos traz a
vitória. As palavras ‘da boca saía-lhe uma afiada espada de dois gumes’ (Ap.1:16)
exprimem a força da Sua Palavra, que consideremos a Sua graça ou o Seu juízo
(Dt.32:41,42; Sl.7:12; 17:13; Is.27:1; 31:8; 34:5,6; 41:2; 66:16; Jr.12:12; 25:27,38;
47:6; 50:21; Ez.21:3,4,5,9,11,14,15,16,30; 30:24,25; 32:10; Am.7:9; 9:4; Sf.2:12;
Zc.11:17; 13:7), assim como uma espada afiada é a língua do leão (Sl.57:4). No fim
dos tempos, será entregue uma espada ao cavaleiro do cavalo vermelho, na abertura
do segundo selo (Ap.6:4) para executar os juízos de Deus. Há necessidade de
tomarmos a espada voluntariamente e aprendermos a manejá-la (Jl.3:10). Isso
envolve a nossa decisão própria, e o desejo de aprendermos a manuseá-la bem, e
sabermos que não é a espada física que nos dá a vitória (Js.24:14), pois o Senhor é a
espada gloriosa de Israel (Dt.33:29).
A espada é a única arma claramente ofensiva. Esta arma é a Palavra de Deus.
Jesus fez recuar o Diabo com o manejo da Palavra (Mt.4:1-11). O próprio Senhor
Jesus afirmou que veio trazer espada (macaira machaira) ao mundo (Mt.10:34).
Quando Pedro sacou da espada (macaira machaira) e cortou a orelha do servo do
sumo sacerdote (Mt.26:51; Mc.14:47; Jo.18:10), foi chamado à atenção por Jesus
(Mt.26:52; Jo.18:11), mostrando que a espada a que o Senhor se referia era Sua
Palavra e não espada física, como seus discípulos pensavam (Lc.22:49), e que a
espada nunca pode ser impedimento para o cumprimento da vontade de Deus em
nossa vida. A promessa de Deus é que espada não pode nos separar do amor do Pai
(Rm.8:35). Os soldados vieram prender o Senhor Jesus com espadas e paus
(Mt.26:47; Mc.14:43), e Jesus mostrou-lhes a inutilidade disso (Mt.26:55;
Mc.14:48; Lc.22:52).
O autor de Hebreus diz que a Palavra de Deus ‘é mais cortante do que faca de
dois gumes’ (Hb.4:12) e em Apocalipse, o cavaleiro que vem no cavalo branco
(Jesus) tem uma espada na boca (Ap.19:11-21). A Palavra tem dois gumes que
servem para julgar os pensamentos e intenções de quem a falou. Se mentimos,
seremos julgados pelo poder da Palavra de Deus. Hebreus 4:12 é uma passagem rica
em promessas. Uma pequena lista irá abençoar-nos, equipar-nos e encorajar-nos em
nosso trabalho de montar um cerco em torno de nossa alma a fim de protegê-la. A
seguir vão algumas amplificações:
‘A Palavra de Deus é viva2’. Viva vem da palavra grega zao, que vem de zoe,
que significa a vida de Deus – ativamente viva. A Palavra de Deus também é eficaz.
Em grego, eficaz é energas – que trabalha, que molda, operante, efetiva, energizada.
2 Todas as partes em negrito ou destacadas nas referências foram assim marcadas para fins de estudo e
não estão assim ressaltadas nas passagens bíblicas.
23
Adicionalmente, a Palavra de Deus penetra. Penetrar vem da palavra diikneomai:
que vem de dia – o canal de um ato; e hikanos – chegar, competente, amplo, capaz
de atender o desejo, suficiente, adequado, bastante. Além disso, em ‘até o ponto de
dividir alma e espírito’, a palavra dividir vem de merismos, que significa uma
separação e distribuição, dividir ou desunir, aprovisionar. A Palavra de Deus vai
dividir ou separar a alma e o espírito, distribuindo a cada um o que ele necessita, e a
sentença ‘e julga’ vem de kritikos – julgar ou criticar.
Juntando tudo isso, temos: ‘A Palavra de Deus é viva – ativamente viva – e está
cheia da vida de Deus e cheia de sua energia. Ela molda, trabalha em nós, e é
operante e efetiva. É suficientemente afiada e completamente competente
(adequada, suficiente, ampla, tem capacidade suficiente) para canalizar-se através
das várias áreas da alma e do espírito, alcançando o que deseja e mantendo-se no
alvo desejado. Ela é totalmente adequada! Vai chegar! E vai completar seu objetivo
quando estiver ali! Vai dividir a alma e o espírito, provisionando o necessário a cada
um enquanto critica os pensamentos e intenções do nosso coração’- e com o
versículo 13, temos – ‘Quando necessário, ela coloca a faca no pescoço de qualquer
coisa encontrada dentro da alma que é contrária à sua palavra’3.
Interessante também é observarmos o uso incomum de um têrmo estrangeiro no
NT, para uma espada na passagem em que Simeão toma o bebê Jesus nos braços e
profetiza a Maria sobre ele dizendo: “Eis que este menino está destinado tanto para
ruína como para levantamento de muitos em Israel e para ser alvo de contradição
(também uma espada - romfaia rhomphaia: provavelmente de origem estrangeira:
grande espada; propriamente uma longa lança traciana, também um tipo de espada
longa que se costumava usar no ombro direito - traspassará a tua própria alma ),
para que se manifestem os pensamentos de muitos corações.” (Lc.2:34,35) Parece
ser uma menção do sofrimento destinado ao Filho de Deus e àquilo pelo que sua
família na terra teria que presenciar, mas é o mesmo têrmo utilizado em Ap.1:16, em
Ap.2:12,16 e em Ap.19:15,21, quando refere-se à espada de dois gumes que saía da
boca de Jesus, coma qual Ele fere as nações, em sua aparição gloriosa nos últimos
tempos. Na referência à espada entregue ao cavaleiro chamado Morte, do cavalo
amarelo, com a abertura do quarto selo do juízo de Deus (Ap.6:8), usa-se esse
curioso têrmo novamente.
A Palavra de Deus é a verdade. Satanás ataca com mentira, tentando distorcer a
verdade, como a besta que será ferida à espada e será curada ‘milagrosamente`a fim
de enganar a muitos nos últimos dias (Ap.13:14). A Palavra expõe a mentira. A
aplicação da Palavra nos livra de todo o jugo. Nós nos protegemos dos ataques de
Satanás, suas mentiras e enganos, defendendo-nos com a verdade da Palavra de
Deus (Ef.6:14,17).
Espiritualmente falando, a espada é a Palavra de Deus vivificada em nós pelo
Espírito Santo. Seu manejo só é eficiente se o restante da armadura estiver em seu
devido lugar.
A Palavra de Deus ‘é uma espada de dois gumes’. É tanto ofensiva quanto
defensiva. Com ela atacamos o inimigo em cheio. Para usá-la bem, precisamos
tomar tempo estudando-a e memorizando-a. Quanto maior for o conhecimento que
temos da Palavra de Deus, mais habilidosos seremos na guerra espiritual, e mais
eficazes em nossos ataques às fortalezas do inimigo. Assim será fácil de nos
defendermos na hora do ataque. Jesus usou a Palavra para derrotar Satanás na
tentação (Mt.4:1-11). A espada deve, portanto, ser usada na boca (Ap.1:16).
3 Cf. SHEETS: 2004 – referências bibliográficas.
24
7.1.A oração e a vigilância.
“com toda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito e para isto
vigiando com toda perseverança e súplica por todos os santos
e também por mim; para que me seja dada, no abrir da minha boca, a palavra,
para, com intrepidez, fazer conhecido o mistério do evangelho,
pelo qual sou embaixador em cadeias, para que, em Cristo, eu seja ousado para
falar, como me cumpre fazê-lo.”
(Efésios 6:18-20)
A espada como arma é tão importante que é a única para a qual Paulo dá mais
explicações sobre seu uso: ele discrimina no versículo 18 um pouco mais acerca de
como usá-la em Efésios 6. Parece estar intimamente ligada à vigilância, à oração, à
oração no Espírito e à oração perseverante. Assim é que, espiritualmente falando, a
espada do Espírito está em nossa boca, a palavra deve ser liberada pelos nossos
lábios segundo a orientação e o discernimento do Espírito Santo, e não é, claro,
qualquer palavra, como nos exemplos a seguir:
É interessante notarmos que nem sempre as referências bíblicas sobre a Palavra
de Deus são as mesmas para as palavras dos homens, como em Números 22-25,
quando a palavra de Balaão, no hebraico, em contraponto à Palavra de Deus (rbd
dabar – Nm.23:16), é citada como lvm mashal (como em Nm.23:7,18;
24:3,15,20,21,23 – ‘proferiu a sua palavra’), aparentemente procedente de outra em
algum sentido original de superioridade em ação mental, provérbio, parábola, dito
proverbial, enigma, símile, poema, sentenças de sabedoria ética, máximas éticas.
Percebemos, inclusive, o uso de expressões que denotam poder divino, mas que
promovem a figura de Balaão, como Man n@’um (Nm.24:3 e 15 – em ‘Palavra de
Balaão’ e em ’palavra do homem de olhos abertos’, Nm.24:4, 16): que significa
(Qal) oráculo, declaração (de profeta), declaração (de profeta em estado de êxtase),
declaração (nas outras ocorrências sempre precedendo um nome divino).
Balaão queria uma espada para matar sua jumenta, mas foi ela quem levantou
palavra contra ele (Nm.22:29,30) e mais tarde ele mesmo foi morto à espada
(Nm.31:8; Js.13:22).
Também como Davi tentou usar a espada de Saul, que não era a arma que Deus
tinha lhe dado – 1Sm.17:39, assim a oração eficaz é aquela que é feita sobre a
Palavra de Deus e da Palavra de Deus, e não sobre a nossa própria palavra. Essa,
sim, tem efeito de espada!
Muitos caem em pecado porque não mantêm a vigilância necessária quando sua
autoridade espiritual aumenta. Esta é uma das razões porque muitos caem de forma
trágica no final da vida. Não importa quantas almas você tenha levado à salvação,
ou quantos demônios tenha expulsado; se não persistir em se submeter a Deus, em
se aproximar dEle, e em resitir ao Diabo, estará correndo seríssimo perigo
(cf.Mt.7:15-24; Tg.4:7).
Se quisermos conquistar as nossas cidades para Cristo, a Igreja precisa enfrentar
e derrotar o exército ocupante, formado por demônios, que estão sob o comando de
Satanás, o qual tem por alvo cegar as mentes dos perdidos para a luz do Evangelho
(cf. 2 Co.4:4; Ap.10:4,5; Ef.6:1). Sim, falamos de guerra espiritual. O trecho de
Apocalipse 12:11 pinta o quadro acerca de como será ganha a vitória: “Eles, pois, o
venceram por causa do sangue do Cordeiro e por causa da palavra do testemunho
25
que deram, e, mesmo em face da morte, não amaram a própria vida”. Sim, onde
fica o campo de batalha onde a Igreja deve enfrentar a Satanás e aos seus demônios?
A fim de levar o Evangelho a cada criatura humana, a Igreja foi chamada para
entrar em luta contra as forças do mal. O campo de batalha são os lugares celestiais
(Ef.1:20; 2:6; 3:10). É ali que a batalha pelas nossas cidades é ganha ou perdida,
pela oração.
A expressão “nos lugares celestiais”, ou conforme diz literalmente o grego:
“nos celestes”(cf. Ef.3:10), é usada por cinco vezes pelo apóstolo Paulo, em sua
carta aos Efésios. Portanto, os lugares celestiais devem ser um importante e
fundamental componente da revelação divina acerca da guerra espiritual.
Quando os crentes de Éfeso liam, na epístola de Paulo, a expressão “lugares
celestiais”, eles sabiam que a mesma faz alusão à dimensão espiritual onde operam
os anjos, os demônios, e até mesmo nós – a Igreja. E quando ouviam a admoestação
de que a nossa luta não é contra a carne e o sangue, mas contra as potestades e os
poderes da maldade, eles sabiam que isso se referia diretamente aos poderes
espirituais que existem e operam na mesma esfera em que atua a Igreja, através da
oração. A primeira vez que a expressão lugares celestiais foi usada em Efésios diz
respeito ao Pai (cf.Ef.1:3), a segunda vez diz respeito a Jesus (cf. Ef.1:20,21), a
terceira vez diz respeito à Igreja (cf. Ef.2:6), a quarta vez diz respeito aos
principados e potestades (cf. Ef.3:10) e a quinta e última vez diz respeito ao conflito
entre a Igreja e aqueles principados e potestades (cf. Ef.6:10-12).
Se pudermos imaginar o conflito entre Deus e o diabo, pela salvação dos
homens, em termos de um jogo de xadrez, então cada uma dessas cinco referências
aos “lugares celestiais” representa um movimento feito por Deus, no tabuleiro, que,
eventualmente, levará a um ‘xeque-mate cósmico’. Xeque-mate vem de um termo
persa que significa “cercar um líder, de modo que ele não possa escapar”. Essa
palavra é empregada no jogo de xadrez quando a peça “rei”, do adversário, fica
presa, e assim seja ganha a partida.
Primeiro movimento: Deus semeou os lugares celestiais com toda forma de
bênção espiritual que ele havia preparado desde “antes da fundação do mundo”,
tendo em mira o benefício dos cativos, em antecipação à libertação deles (cf.
Ef.1:3,4). Sem que Satanás o soubesse, seu reino já havia sido invadido pelo plano
eterno e soberano de Deus.
Segundo movimento: Deus aplicou um golpe estonteante ao enviar Jesus
primeiramente às partes mais inferiores do reino de Satanás (cf. Ef.4:9) para, em
seguida, exaltar Jesus às mais elevadas posições dos lugares celestiais (cf Ef.4:8,9;
1:18-22). Falando de maneira figurada, o primeiro golpe pôs os pés de Jesus no
fundo do sepulcro e confinou o príncipe da potestade do ar, juntamente com os seus
principados, aos pés de Jesus (cf. Ef.1:2; 1 Pd.3:22). O segundo golpe colocou Jesus
no mais elevado lugar possível dos lugares celestiais – à mão direita de Deus –
tendo-O estabelecido como Cabeça da Igreja (cf. Ef.1:18-22). Além disso, a
caminho para fora do sepulcro, Jesus levou consigo as chaves do inferno (grego:
Hades) e da morte, assim eliminando a eficácia do cadeado que mantinha fechadas
as portas do inferno (cf. Ef.4:8; Hb.2:14,15; Ap.1:18). Figuradamente temos, então,
os pés de Jesus na parte mais inferior dos lugares celestiais, enquanto que a Sua
cabeça está no seu ponto mais elevado. Sua cabeça e Seus pés estão na posição
correta. E seu corpo? Então vamos ao terceiro movimento, descrito em Efésios 2:6-
10:
Terceiro movimento: Deus está movendo seres humanos (pecadores) do
Sepulcro de Satanás para os lugares celestiais, onde eles (os santos) estão sentados
26
juntamente com Jesus (cf. Ef.2:6). As portas do inferno, agora já vulneráveis e
inseguras, não poderiam mesmo prevalecer contra a ordem de Deus (cf. Mt.16:18).
O objetivo da Igreja é atingir a plena medida da estatura de Cristo (cf. Ef.4:11-16),
deslocando o príncipe da potestade do ar e seus subordinados para que não
controlem mais os lugares celestiais, mas fiquem confinados e em sujeição, aos pés
de Jesus (cf. Ef.1:2,22,23; 2:6).
Quarto movimento: Deus estabeleceu a Igreja nos lugares celestiais tanto como
um exemplo quanto como uma testemunha diante dos principados e potestades (cf.
Ef.3:10). A Igreja é um exemplo da graça de Deus. A graça é algo com o que
Satanás simplesmente não consegue relacionar-se, porquanto ele vive totalmente
fora do escopo da mesma. Quando Jesus estava pendurado na cruz, Satanás
dependia da letra da lei para obter uma vitória técnica. Ele sabia que lhe era
impossível atingir o próprio Senhor Jesus, por causa da Sua impecabilidade. Mas
estava pensando que poderia continuar conservando a humanidade dentro de seu
sepulcro cósmico, por causa da pecaminosidade dos seres humanos, e para isso
usava de acusações baseadas na condenação da lei. Mas o que Satanás não conhecia
era o mistério oculto em Cristo: a graça de Deus, que veio à luz quando Seu corpo
foi traspassado. A graça permite que Deus conceda favor desmerecido sem violar a
Sua santidade por causa do sacrifício expiatório de Cristo. Apanhado totalmente de
surpresa, Satanás viu Jesus abrir um novo caminho de acesso para o homem até ao
Pai, não à base de retidão pessoal, mas à base da retidão de Cristo. Foi então que
Deus exibiu homens e mulheres, salvos pela graça divina, nos lugares celestiais,
para admiração de Satanás e seus seguidores. O papel da Igreja é tornar conhecida a
multiforme sabedoria de Deus, i.e., o plano divino de salvação mediante a graça de
Cristo, aos governantes e autoridades dos lugares celestiais.
Quinto movimento: Mediante quatro movimentos, Deus privou Satanás de seu
legítimo controle sobre os lugares celestiais, expulsando suas hostes e confiando-os
debaixo dos pés de Jesus. Agora a Igreja foi posta como potencialmente no controle
dos lugares celestiais, os quais, anteriormente, eram governados pelo príncipe da
potestade do ar. Não obstante, a Igreja precisa atacar e derrotar o inimigo, a fim de
reconquistar os lugares celestiais no nome de seu Senhor, a fim de que sejam abertos
os olhos daqueles que continuam sendo mantidos cativos por Satanás.
A estratégia divina consistiu em enviar Jesus em uma missão de resgate, para
libertar os cativos e então transformá-los em soldados bem treinados a fim de
lutarem contra o seu ex-captor, para que outros seres humanos que continuassem
cativos também pudessem ser libertados. Você pode, então, tomar a Palavra de Deus
e com ela, pela confissão dos seus lábios, despedaçar as setas inimigas. Pela Palavra
de Deus (confessada e testemunhada na sua vida) e pelo sangue do Cordeiro você é
vencedor (Ap.12:11).
7.2. Os inimigos do cidadão do Reino de Deus
A luta gira em torno de três inimigos principais: o mundo, a carne e o Diabo.
Temos inúmeras promessas de proteção na Bíblia, mas que estão condicionadas a
uma postura tanto a nível físico quanto a nível espiritual. Assim, sabemos que “o
anjo do SENHOR acampa-se ao redor dos que o temem e os livra” (Sl.34:7), e que
“o Diabo (...) anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para
devorar” (1 Pd.5:8); portanto, estamos numa posição na qual temos os anjos de
Deus ao nosso redor, e a influência maligna mais acerca, ao nosso derredor. Além
disso, se mantivermos nosso caráter revestido com toda a armadura de Deus, o
27
Maligno não poderá nos tocar (1 Jo.5:18), e teremos como que um campo de
proteção que nos cobre totalmente juntamente com os anjos ministradores de Deus.
Porém, se por alguém ou alguma circunstância que nos sobrevir, decidirmos nos
irar e nos sentirmos injustiçados, isso fará com que entreguemos uma arma nas
mãos de nosso inimigo, pois a ira é a arma do Diabo (cf. Ef.4:26-27). Desse modo,
podemos dar lugar (grego: topos – ofício, jurisdição) ao Diabo através de nossa ira
e abrimos um buraco de acesso em nosso escudo protetor. A partir dessa brecha,
colocamos para fora tudo o que há em nosso ser carnal (cf. Ef.4:29) através das
palavras, e estaremos suscetíveis a todos os tipos de setas que ressuscitarão o que
havia em nosso coração carnal, assim como “um abismo chama outro abismo”
(Sl.42:7).
A Palavra de Deus oferece a cada nível de batalha uma arma, como podemos
observar no quadro abaixo:
INIMIGO4 ARMA
Carne
O termo carne representa os desejos do
homem natural sem Deus, a vontade
submetida às emoções e às
circunstâncias da vida, a alma no
controle do ser e o espírito morto em
pecado. A Bíblia descreve as obras
da carne, que são: prostituição,
impureza, lascívia, idolatria,
feitiçarias, inimizades, porfias,
ciúmes, iras, discórdias, dissensões,
facções, invejas, bebedices,
glutonarias e coisas semelhantes a
estas, a respeito das quais já
sabemos que não herdarão o Reino
de Deus os que tais coisas praticam
(Gl.5:19-21).
NT
sarx sarx 1) carne (substância terna do corpo vivo,
que cobre os ossos e é permeada com
sangue) tanto de seres humanos como
de animais;
2) corpo
2a) corpo de uma pessoa, usado da
origem natural ou física, geração
ou afinidade, nascido por geração
natural, natureza sensual do
homem, "a natureza animal", sem
nenhuma sugestão de depravação,
Jejum
Jejuar é abster-se de algo que nos é
lícito (nos é permitido, como comer,
beber, falar, caminhar, cantar, etc) a fim
de, por um período determinado,
consagrar-se para um fim específico ou
buscar direção de Deus. Jejum sem
propósito não existe. Jejuar é
enfraquecer e submeter a carne à
decisão do Espírito ressurreto e assim
fortalecê-lo a fim de obter mais
sensibilidade espiritual e receber
direção, vitória, discernimento e
consagração para cumprir somente a
vontade de Deus e não a nossa. A Bíblia
deixa bem claro que um jejum apenas
expresso pela abstinência de algo mas
sem o cumprimento da vontade de Deus
não passa de obra morta (cf. Is.58;
Et.4:4-16).
VT
Mwu tsowm ou Mu tsom
Jejum, abstinência.
(1Rs.21:9,12; 2 Cr.20:3; Ed.8:21;
Ne.9:1; Et.4:3; 9:31; Sl.35:13; 69:10;
Is.58; Jr.36:6,9; Dn.9:3; Jl.1:14; 2:12-
17; Jn.3:5; Zc.8:19)
Mwu tsuwm (Qal) Abster-se de alimento, jejuar.
(Ne.1:4; Is.58:4)
4 Este quadro não apresenta todas as possibilidades de referências, servindo apenas para uma introdução
ao assunto para fins didáticos.
28
natureza animal com desejo
ardente que incita a pecar,
natureza física das pessoas,
sujeita ao sofrimento;
3) criatura viva (por possuir um corpo
de carne), seja ser humano ou animal;
4) a carne, denotando simplesmente a
natureza humana, a natureza terrena dos
seres humanos separada da influência
divina, e por esta razão inclinada ao
pecado e oposta a Deus.
Mt.26:41; Rm.8:6,12; 13:14;
Gl.5:13,24; 1 Jo.2:16.
twj t@vath (aramaico)
Em jejum, fazendo jejum, com fome.
(Dn.6:18)
rzn nazar 1) dedicar, consagrar, separar, devotar-
se, manter separado para fins sacros;
2) (Hifil) ser um nazireu, viver como um
nazireu.
(Zc.7:3)
NT
nhsteia nesteia jejum, abstinência voluntária, como
exercício religioso, de jejum
particular, o jejum público prescrito
pela lei mosaica e observado
anualmente no grande dia da
expiação, no décimo dia do mês de
Tisri (o mês Tisri compreende uma
parte de Setembro e Outubro no nosso
calendário); o jejum portanto, ocorria
no outono quando navegar era
geralmente perigoso por causa das
tempestades; abstinência provocada
por necessidade ou pobreza.
(Mt.17:21; Mc.9:29; At.27:9)
nhsteuw nesteuo abster-se de comida e bebida como
exercício religioso: inteiramente, se o
jejum é de apenas um dia, ou por
costume e opção alimentar, se por
vários dias.
(Mt.6:16; Mc.2:18; At.13:2,3)
Mundo
O mundo como nosso inimigo é mais no
sentido de sistema de valores submetido
à escravidão do pecado e ao pai da
mentira que é o Diabo (Ef.6:12). A
palavra de ordem é não tomarmos a
forma deste mundo, não moldar-nos de
acordo com os padrões deste século,
deste mundo (Rm.12:2), mas precisamos
nos transformar e renovarmos a nossa
mente de acordo com nossa vivência
com o Senhor. Os padrões malignos
Oração
A oração como arma é o resultado de
uma vida de intimidade com Deus, e não
pode ser vista como uma “lista de
supermercados” que apresentamos ao
Senhor em tempos de necessidade, mas
sim um relacionamento alimentado pelo
amor, pela gratidão e pelo compartilhar
de sonhos e conquistas segundo a
vontade de Deus.
O termo ‘intercessão’ (que vem de
29
estão distribuídos na forma com que as
culturas humanas encaram o mundo à
sua volta. Por isso o Evangelho do
Reino é um fator supracultural, i.e., está
acima de qualquer cultura humana
(Mt.15:3). Precisamos estar atentos aos
nossos aspectos culturais, valores e
padrões de pensamento, fala e atitudes
que contrariam a Palavra e a vontade de
Deus para nós, pois fazem parte de um
sistema o qual denominamos ‘mundo’ e
que é um de nossos mais perigosos e
astutos inimigos.
NT
kosmov kosmos 1) uma organização ou constituição apta
e harmoniosa, ordem, governo;
2) ornamento, decoração, adorno, i.e., o
arranjo das estrelas, ‘as hostes
celestiais’ como o ornamento dos
céus; 1Pe 3.3
3) mundo, universo;
4) o círculo da terra, a terra;
5) os habitantes da terra, homens, a
família humana;
6) a multidão incrédula; a massa inteira
de homens alienados de Deus, e por
isso hostil a causa de Cristo;
7) afazeres mundanos, conjunto das
coisas terrenas, totalidade dos bens
terrestres, dotes, riquezas, vantagens,
prazeres, etc, que apesar de vazios,
frágeis e passageiros, provocam
desejos, desencaminham de Deus e
são obstáculos para a causa de Cristo;
8) qualquer conjunto ou coleção geral de
particulares de qualquer tipo, os
gentios em contraste com os judeus
(Rm 11.12 etc), dos crentes
unicamente, Jo 1.29; 3.16; 3.17; 6.33;
12.47 1Co 4.9; 2Co 5.19.
intercecção – termo matemático que
descreve a união entre componentes de
dois ou mais conjuntos) é utilizado no
sentido de ‘encontro’ duplo: com Deus a
fim de recebermos favor para nós
mesmos ou para outros, e com as trevas,
para que conquistemos territórios mais
amplos e trabalhemos no sentido de
resgatar vidas que lhes estejam
submetidas.
VT
hlpt t@phillah (na maior parte das
vezes em que a palavra ‘oração’ é
citada no VT.)
llp palal intervir, interpor-se, orar, (Piel) mediar,
julgar, (Hitpael) interceder, orar.
Gn.20:17; Nm.11:2; 1 Sm.1:12,26;
12:23; 1 Rs.8:33,35,42,44; 1 Cr.7:25;
2Cr.6:24,26; 33:13; Ne.1:4; Sl.72:15;
Is.44:17 etc.
web ba‘uw (aramaico)
petição, pedido, oração (sempre na
liturgia judia).
Dn.6:7,11,13
hlav sh@’elah ou hlv shelah (na
maior parte das vezes em que a palavra
‘petição’ é citada no VT.)
demanda, solicitação, pedido.
1Sm 1.17 etc
lwq qowl ou lq qol (traduzido por
‘petição’)
procedente de uma raiz não utilizada
significando chamar em voz alta;
voz, som, ruído, som (de instrumento),
leveza, frivolidade.
hvqb baqqashah pedido, súplica, petição.
(Et.5:3)
hnxt t@chinnah favor, súplica de favor.
(Sl.119:170)
30
Jo.17:15,16; 14:27; 15:19; 16:33;
Gl.6:14; 1 Tm.6:7; Tg.4:1-4; 1 Jo.2:15-
17; 4:4, 5; 5:19.
Nwnxt tachanuwn ou (fem.) hnwnxt
tachanuwnah súplica, súplica de favor ao homem ou a
Deus.
2 Cr.6:21
hnr rinnah grito retumbante, referindo-se a rogo,
súplica, em proclamação, júbilo,
louvor.
Sl.61:1; 119:169
NT
proseuch proseuche (na maior parte
das vezes em que a palavra ‘oração’ é
citada no NT)
1) oração dirigida a Deus;
2) lugar separado ou apropriado para
oração, sinagoga, lugar ao ar livre
onde os judeus costumavam orar, fora
das cidades, nos lugares onde não
tinham sinagoga, tais lugares estavam
situados às margens de um rio ou no
litoral de um mar, onde havia um
suprimento de água para lavar as
mãos antes da oração.
proseucomai proseuchomai oferecer orações, orar.
(Mt.6:5,7,9; 26:39; Mc.11:24,25;
Lc.1:10; 9:18; 11:1,2; At.1:24; 6:6;
9:11; 10:30; 11:5; 13:3; 28:8;
Ef.6:18 – “orando em todo o
tempo’-Fp.1:9; Tg.5:13,14; Jd.1:20)
dehsiv deesis (às vezes traduzido por
‘súplica’)
necessidade, indigência, falta, privação
penúria, o ato de pedir, petição,
súplica, pedido a Deus ou a um ser
humano.
Lc.1:13; Ef.6:18 (‘súplica’); Fp.4:6;
Tg.5:16
deomai deomai
carecer, necessitar, desejar, ansiar por,
pedir, suplicar, aquilo que se pede,
orar, fazer súplicas.
Lc.21:36; 1 Ts.3:10
31
euch euche oração a Deus, voto.
Tg.5:15
eucomai euchomai orar a Deus, desejar, orar, pedir por.
2 Co.13:7
aithma aitema (Fp.4:6 – ‘petições’)
pedido, requisição, exigência
Sl.102:17; 122:6; Mt.5:44; Lc.6:12;
18:1; At.1:14; 12:5; 16:25; 1 Co.14:15;
Ef.6:18; Fp.4:6; Cl.4:2,12; 1 Ts.5:17; 1
Tm.2:1,8; Tg.5:15,16; 1 Pd.4:7.
Satanás
Antigo querubim da guarda ungido (cf.
Ez.28:13-19 e Is.14:12-15), pelo
orgulho e desejo de ser igual a Deus e
receber a glória que só a Ele é devida foi
lançado à terra e com ele a terça parte
dos anjos seus aliados em rebeldia
(Ap.12:4). É pai da mentira e exerce seu
domínio mediante uma hierarquia
demoníaca descrita em Ef.6:12
(principados, potestades, governos e
poderes5). Assim, o Senhor preparou
para eles o inferno (Mt.25:41), lugar de
tormento e fogo eterno onde serão
lançados no dia preparado para o seu
juízo, e com eles todos os que não
tiverem suas vestes lavadas pelo sangue
de Jesus.
Njs satan 1) adversário, alguém que se opõe
1a) adversário (em geral-pessoal ou
nacional).
2) adversário sobre-humano, Satã (como
nome próprio).
(1 Cr.21:1; Jó 1:6,7,8,9,12;
2:1,2,3,4,6,7; Zc.3:1,2)
satanav Satanas satan - grego de
origem aramaica
Palavra de Deus
Vale lembrar que somente a Palavra que
sai da boca de Deus e aplicada à nossa
vida (não apenas recitada) é que tem
efeito de espada contra as artimanhas e
os ataques do Diabo.
VT
rbd dabar (a maior parte das
referências a ‘palavra’, no VT)
discurso, palavra, fala, coisa, dito,
declaração, palavras, negócio,
ocupação, atos, assunto, caso, algo,
maneira ( por extensão).
Gn.15:1; 24:51; 41:28; Êx.9:20,21;
16:32; 35:4; Nm.11:23; 15:31; 22:38;
23:5; 30:1,2; 36:6; Dt.4:2; 5:5; 9:5;
30:14; 32:47; Js.8:8,27,35; 14:10;
Jz.3:20; 13:17; 1 Sm.1:23; 3:1,7,21;
9:27; 15:10; 1 Sm.15:23; 2 Sm.7:4,25;
12:9; 24:11; 1 Rs.2:4,27; 6:11,12;
8:20,26; 12:22; 13:9; 21:17; Sl.33:6;
119:9; Is.1:10; Ez.20:2 etc
hwu tsavah mandar, ordenar, dar as ordens,
encarregar, incumbir, decretar, (Piel)
designar, nomear, comissionar,
ordenar (referindo-se a atos divinos)
Êx.35:4; Dt.4:2; Js.8:8; 11:15; 2
Sm.24:19
5 Cf. ANNACONDIA: 2000 – Referências bibliográficas complementares sobre batalha espiritual.
32
1) adversário (alguém que se opõe a
outro em propósito ou ação), nome
dado
1a) ao príncipe dos espíritos maus, o
adversário inveterado de Deus e
Cristo;
1a1) incita à apostasia de Deus e
ao pecado;
1a2) engana os homens pela sua
astúcia;
1a3) diz-se que os adoradores de
ídolos estão sob seu controle;
1a4) pelos seus demônios, é
capaz de possuir pessoas e
infligi-las com enfermidades;
1a5) é derrotado com a ajuda de
Deus;
1a6) na volta de Cristo do céu, ele
será preso com cadeias por
mil anos, mas quando os mil
anos terminarem, ele andará
sobre a terra ainda com mais
poder, mas logo após será
entregue à condenação
eterna;
1b) pessoa semelhante a Satanás ou
que pratica suas obras (cf.
At.12:21-24).
(Mt.4:10; 12:26; 16:23; Mc.1:13;
3:23,26; 4:15; 8:33; Lc.10:18; 11:18;
13:16; 22:3,31; Jo.13:27; At.5:3; 26:18;
Rm.16:20; 1 Co.5:5; 7:5; 2 Co.2:11;
11:14; 12:7; 1Ts.2:18; 2 Ts.2:9; 1
Tm.1:20; 5:15; Ap.2:9,13,24; 3:9; 12:9;
20:2,7)
Diabo
diabolov diabolos 1) dado à calúnia, difamador, que acusa
com falsidade, caluniador, que faz
falsas acusações, que faz comentários
maliciosos;
2) metaph. aplicado à pessoas que, por
opor-se à causa de Deus, podem ser
descritas como agindo da parte do
demônio ou tomando o seu partido
Satanás, o príncipe dos demônios, o
hp peh boca (referindo-se ao homem), boca
(como órgão da fala), boca (referindo-se
aos animais), boca, abertura (de um
poço, rio, etc.), extremidade, fim pim,
um peso equivalente a um terço de um
siclo, ocorre somente em 1Sm 13.21.
Nm.20:24; 27:21; Dt.34:5; 1 Cr.12:23;
Lm.1:18
hps saphah ou (no dual e no plural)
tps sepheth lábio, idioma, fala, costa, margem,
canto, borda, beira, extremidade,
beirada, faixa, lábio (como órgão do
corpo)
Jó12:20
lwq qowl ou lq qol
procedente de uma raiz não utilizada
significando chamar em voz alta;
voz, som, ruído, som (de instrumento),
leveza, frivolidade
Gn.26:5; 1 Sm.15:22; Jr.38:20
rma ‘emer rma ‘omer 1) declaração, discurso, palavra, dito,
promessa, ordem
Nm.24:16; Sl.68:11; 107:11; Os.6:5
hrma ‘imrah ou hrma ‘emrah
declaração, discurso, palavra, palavra de
Deus, a Torah
Dt.32:2; 2 Sm.22:31; Sl.18:30; 105:19;
119:11,50,58,67,76,133,140,158,170;
138:2; Pv.30:5; Is.5:24
hlm millah pl. masc. como se fosse
procedente de hlm milleh hlm millah
(aramaico)
palavra, discurso, declaração.
2 Sm.23:2; Dn.4:33
NT
entolh entole 1) ordem, comando, dever, preceito,
injunção, aquilo que é prescrito para
alguém em razão de seu ofício;
33
autor de toda a maldade, que persegue
os servos de Deus, e escraviza as
pessoas, criando inimizade entre a
humanidade e Deus, instigando ao
pecado, afligindo os seres humanos com
enfermidades por meio de demônios que
tomam possessão dos seus corpos,
obedecendo às suas ordens.
Nosso verdadeiro inimigo é Satanás. Ele
usa a carne e o mundo a fim de seduzir-
nos; mas ele mesmo é a fonte que dá
origem a essa sedução (cf. Ef.2:1-3). Ele
é o grande mestre da mentira (cf.
Jo.8:44). Ele é o inventor da guerra e de
guerrilhas espirituais (cf. 2 Co.2:10,11).
Faltando-lhe autoridade verdadeira para
derrotar-nos, ele tem compensado esse
ponto de fraqueza mediante o
aperfeiçoamento da arte da subversão e
dos truques (cf. 2 Tm.2:25,26). Assim
sendo, ele tem mais que
contrabalançado as suas limitações ao
desenvolver esquemas enganadores de
toda sorte (cf. Ef.6:11). E o sucesso
desses esquemas diabólicos sempre
dependerá de uma coisa: a ignorância
dos santos, que ele promove de forma
ativa (cf. 2 Co.2:11; 11:3).
Lc.8:12; Ef.4:27; 6:11; 2 Tm.2:26;
Tg.4:7; 1 Jo.3:8; Ap.2:10; 12:10-12.
2) mandamento, regra prescrita de
acordo com o que um coisa é feita,
preceito relacionado com a linhagem,
do preceito mosaico a respeito do
sacerdócio, eticamente usado dos
mandamentos da lei mosaica ou da
tradição judaica
Mt.15:6
logov logos 1) do ato de falar, palavra, proferida a
viva voz, que expressa uma
concepção ou idéia, o que alguém
disse, os ditos de Deus, decreto,
mandato ou ordem, dos preceitos
morais dados por Deus, profecia do
Antigo Testamento dado pelos
profetas, o que é declarado,
pensamento, declaração, aforismo,
dito significativo, sentença, máxima,
discurso, fala, a faculdade da fala,
habilidade e prática na fala, tipo ou
estilo de fala, discurso oral contínuo-
instrução, doutrina, ensino, algo
relatado pela fala; narração, narrativa,
assunto em discussão, aquilo do qual
se fala, questão, assunto em disputa,
caso, processo jurídico, algo a
respeito do qual se fala; evento, obra;
2) seu uso com respeito a MENTE em
si, razão, a faculdade mental do
pensamento, meditação, raciocínio,
cálculo, conta, i.e., estima,
consideração, conta, i.e., cômputo,
cálculo, conta, i.e., resposta ou
explanação em referência a
julgamento, relação, i.e., com quem,
como juiz, estamos em relação, razão,
causa, motivo;
3) Em João, denota a essencial Palavra
de Deus, Jesus Cristo, a sabedoria e
poder pessoais em união com Deus.
Denota seu ministro na criação e
governo do universo, a causa de toda
a vida do mundo, tanto física quanto
ética, que para a obtenção da salvação
do ser humano, revestiu-se da
natureza humana na pessoa de Jesus,
34
o Messias, a segunda pessoa na
Trindade, anunciado visivelmente
através suas palavras e obras.
Este termo era familiar para os judeus e
na sua literatura muito antes que um
filósofo grego chamado Heráclito
fizesse uso do termo Logos, por volta de
600 a.C., para designar a razão ou plano
divino que coordena um universo em
constante mudança. Era a palavra
apropriada para o objetivo de João no
capítulo 1 do seu Evangelho.
Mt.8:8,16; 13:19,20,21,22,23; 15:12,23;
19:22; Mc.2:2; 4:14-20,33; 7:13,29;
10:22; 16:20; Lc.1:2; 4:32,36; 5:1; 7:7;
8:11, 13-15,21; 11:28; 22:61; Jo.2:22;
4:41,50; 5:24,38; 8:31,37,43,51,52,55;
10:35; 12:48; 14:23,24; 15:3,20,25;
17:6,14,17,20; Jo.1:1; 17:17; 18:9,32;
At.2:41; 4:4,29,31; 6:2,4,7; 8:4,14,25;
10:36,44; 11:1,19; 12:24;
13:5,7,26,44,46,48,49; 14:3,25;
15:35,36; 16:6,32; 17:11,13; 18:5,11;
19:10,20; 20:32; Rm.9:6,9; 13:7,22; 1
Co.14:36; 2 Co.2:17; 4:2; Fp.1:14;
Cl.1:25; 1 Ts.2:13; 1 Tm.4:5; 2Tm.2:9;
Tt.2:5; Hb.4:12; Tg.1:18,21,22,23; 1
Pd.1:23; 2:8; 3:1; 2 Pd.1:19; 3:5,7; 1
Jo.1:10; 2:5,7,14; 5:7; Ap.1:2,9; 3:8,10;
6:9; 12:11; 20:4
rhma rhema 1) aquilo que é ou foi proferido por viva
voz, algo falado, palavra, qualquer
som produzido pela voz e que tem
sentido definido, fala, discurso, o que
alguém falou, uma série de palavras
reunidas em uma sentença (uma
declaração da mente de alguém feita
em palavras), expressão vocal,
qualquer dito em forma de
mensagem, narrativa, de acordo com
alguma ocorrência;
2) assunto do discurso, objeto sobre o
qual se fala, na medida em que é um
assunto de narração, na medida em
que é um assunto de comando,
35
assunto em disputa, caso em lei.
Mt.4:4; 12:36; 26:75; 27:14; Mc.14:72;
Lc.1:38; 2:29; 3:2; 5:5; Jo.6:63;
At.10:37; 11:16; Rm.10:17; Ef.6:17;
Hb.6:5; 11:3; 1 Pd.1:25;
A armadura de Deus não foi preparada para um museu, mas para ser usada no
campo de batalha. Armaduras polidas, penduradas no corredor das nossas crenças
pessoais, não servirão no dia da batalha. Todos nós que pertencemos ao Reino do
amado Filho de Deus temos contra nós as forças do reino de Satanás, por isso
precisamos revestir-nos de toda a armadura de Deus.
Estaremos, com isso, firmados na verdade, pela justiça conquistada pelo Senhor
Jesus na cruz do Calvário, tendo paz com todos os que nos rodeiam, na fé que é
firmada na Palavra de Deus e que é a expressão de uma inteira confiança no Senhor
Jesus (pois só teremos êxito por meio dele) para todas as coisas. Com todas as peças
da armadura em seu devido lugar estaremos habilitados para andar em triunfo.
Somos Templo do Espírito Santo (1 Co.3:16; 6:19,20; 2 Co.6:16), o tabernáculo de
Deus na terra, e o Senhor mesmo, pela cruz de Cristo, nos abriu o caminho para a
santidade e o completo êxito nessa batalha.
Nós podemos ser fortes! Devemos ser fortes! Mas devemos ser fortes no Senhor,
e na força de Seu poder! O nosso andar é uma batalha. É necessário conhecermos,
então, os ardis armados pelo inimigo. Precisamos, portanto, manter a honra da nossa
chamada e a riqueza da nossa elevada posição. Como bons soldados,
permanecermos firmes e defendermos os interesses do Reino.
Mas, se temos furos em nossa armadura, se por alguma razão abrimos uma
brecha para que o inimigo tenha acesso ao nosso campo de proteção, precisamos
considerar seriamente e acatar com algumas atitudes:
a. Precisamos pedir humildade. Se queremos ter a armadura protegida e sem
furos, precisamos de humildade, e abrirmos mão de nossos direitos, como o direito
de nos defendermos (lembremo-nos que Jesus é a nossa defesa), o direito de nos
justificarmos (Jesus é o nosso Juiz Justo) e o direito de usarmos de nossa autoridade
para ferir outros.
Precisamos entender que o orgulho produz furos em nossa armadura. Precisamos
refletir e, se estivermos errados, precisamos voltar atrás em nossas opiniões.
Precisamos nos arrepender do orgulho de nossa linhagem, nossa família, nossa
formação. Precisamos nos arrepender do orgulho de nossa unção (e lembrarmos que
a unção não permanece, e que somos apenas mordomos do que Deus nos dá).
Precisamos nos arrepender do orgulho de nossa posição, do dinheiro, porque fere os
outros e abre brechas na armadura. Precisamos nos arrepender do orgulho de
nossa experiência, de não aceitarmos ser ensinados pelos outros, muito menos
quando são mais jovens que nós. Precisamos nos arrepender do orgulho de nossa
santidade e espiritualidade (farisaísmo). Precisamos nos arrepender do orgulho de
nossos dons e ministério. Precisamos nos arrepender do orgulho de sermos
sinceros, pois por causa dessa desculpa temos ferido a muitos dizendo o que
pensamos sem submetermo-nos a Deus em primeiro lugar.
O mundo precisa, nesses dias, de homens fortes. A fim de possuirmos cada peça
dessa maravilhosa armadura, é necessário irmos ao Calvário e lá buscarmos a capa
de humildade que devemos usar sobre a armadura, para que não fiquemos ofuscados
36
com o brilho que dela emana e não sejamos cegados pelo orgulho. Quando a
vestimos, vemos que o nosso corpo fica todo coberto. Devemos estar, então, em
condições de enfrentar o inimigo. Isso implica em reconhecermos a nossa própria
ignorância, que nunca venceremos uma guerra baseados em nossa própria
inteligência, perspicácia, força, bondade ou determinação (cf. Dt.20 e Lc.14:26-35).
‘Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes’ (cf. Tg.4:6-8). A
humildade, portanto, nos capacita a receber a graça de Deus.
b. Precisamos pedir uma armadura grossa, e vivê-la. Se você pedir, o Senhor vai
dá-la a você (Mt.7:7).
c. Ore ao Senhor, e peça-lhe força e perdão por viver uma coisa e falar outra.
Outra coisa que provoca furos em nossa armadura é a reclamação e a
murmuração, pois são sinais de falta de fé e são pecados terríveis. Murmuração
derruba todas as fortalezas que o Senhor ergueu à nossa volta.
Além disso, quando desejamos justiça, também abrimos brecha em nossas
armas de proteção. Isso é resultado de confiarmos somente em nós mesmos, em
mais ninguém, nem na justiça de Deus que é expressa pela misericórdia.
Identificamos isso no perfeccionismo e no racionalismo.
O Senhor tem permitido que soframos por Ele como uma forma de guerrearmos
na batalha espiritual. O maior ato de guerra espiritual, que venceu por completo o
inimigo e que o saqueou foi a cruz (Cl.2:13-15). O sofrimento em retidão desarma
Satanás (2 Tm.3:12; 1 Pd.2:18-25). No mesmo lugar em que o Senhor foi ferido Ele
recebeu autoridade para curar (Fp.2:5-11). O mesmo é verdade para nós, os
cristãos. No lugar em que o inimigo nos ferir, é ali que receberemos autoridade para
curar.
Para ser restituído naquilo que você deixou ser roubado e aprender a viver
revestido com essa poderosa armadura espiritual, ore assim6:
“Senhor, faça com que eu tenha um coração inabalável. Passa agora, Senhor,
uma vistoria em minha armadura, perdoa-me porque não permaneci pequeno e não
deixei o Senhor crescer e aparecer em minha vida.
Eu me fortaleço em Ti, Senhor e sou revestido de poder através da minha união
contigo. Extraio minha força de Ti (aquela força que o Teu ilimitado poder provê).
Ajuda-me a ficar firme, a não dar lugar aos planos e maquinações do Diabo.
Revisto-me agora de toda a armadura que Tu me deste – aquela armadura de um
soldado fortemente armado, que Tu supres – para que eu possa com êxito
permanecer firme contra todas as estratégias do Diabo.
Reconheço que não estou lutando contra a carne e o sangue – contendendo
apenas com oponentes físicos – mas contra os despotismos, contra os poderes,
contra os espíritos mestres que são os governantes mundiais das trevas presentes,
contra as forças espirituais da maldade na esfera celestial (espiritual).
Portanto, revisto-me da Tua completa armadura, ó Deus, para que eu possa
resistir e permanecer firme em minha posição no dia mau (de perigo) e, havendo
feito tudo – que a crise exige – permanecer firmemente em meu lugar.
Estou, pois, firme – defendendo minha posição – tendo ajustado o cinto da
verdade em volta dos meus lombos. Perdoa-me quando menti e não vivi na verdade.
Tu me santificas na verdade; a Tua Palavra é a verdade. O Senhor me tem feito
6 Referências bíblicas sobre as quais foi baseada esta oração: Ef.6:10-18; Jo.8:32; 17:17; 2 Co.10:3,4;
Rm.8:1; 2 Co.5:21; Is.26:3; Fp.4:7; 2 Co.5:18,7; 1 Jo.5:4; Ap.19:15; 12:11; 2 Co.3:5,6.
37
conhecer a verdade que me liberta. Nela tenho todas as armas da minha luta (que
não é carnal), poderosas em Ti para derrubar as fortalezas inimigas.
Ponho a couraça da justiça – integridade e da retidão moral e posição correta
em Deus. Perdoa-me quando quis que Tu fostes justo para comigo enquanto eu agia
com injustiça para com outros. Tu, Jesus, és a minha justiça. Eu hoje me visto com
a tua justiça. O inimigo não tem reivindicações sobre mim, pois estou em Cristo e
nenhuma condenação há para mim. Protege o meu coração. Ajuda-me a fazer o que
é justo aos Teus olhos, diante de Ti. Sou justiça de Deus, em Cristo Jesus.
Calço os meus pés na preparação – para enfrentar o inimigo com firme
estabilidade, e agilidade, e a prontidão produzida pelas boas novas – do Evangelho
da paz. Perdoa-me quando não promovi a paz. Tenho paz contigo, Senhor, e sou
conservado em perfeita paz porque a minha mente está firme em Ti, porque confio
em Ti. A Tua paz, que excede todo o entendimento, guarda o meu coração e
pensamentos em Cristo, meu Senhor, e tenho paz com todos os homens. Sou
ministro de reconciliação, para que a Tua paz santifique todo o meu ser e eu leve a
Tua paz a todos, anunciando as boas novas aos homens.
Levanto, sobretudo – cobrindo-me – o escudo da fé salvadora, com o qual
poderei apagar todos os mísseis incendiários do Maligno. Tu, Senhor, és o meu
escudo. Ponho toda a minha confiança em Ti. Caminho pela fé, pela Tua Palavra,
não pelo que vejo ou sinto, e triunfo sobre o inimigo pela fé.
Tomo também o capacete da salvação, firmando-me nos pensamentos,
sentimentos e propósitos do Teu coração. Perdoa-me quando deixei Satanás usar a
minha mente e o que há dentro de mim para machucar outros. Tu és a minha
salvação, por isso sou livre em minha mente.
E tomo a espada do Espírito, que é a Tua Palavra, e com ela, pela confissão dos
meus lábios, despedaço as setas inimigas. Tenho em minha boca a Palavra que é
vivificada em minha vida pelo Espírito Santo, por isso obtenho êxito nessa batalha.
Pela Tua Palavra e pelo Sangue do Cordeiro sou vencedor.
Oro em todo o tempo – em toda ocasião, em cada época – no Espírito, com toda
maneira de oração e súplica. Para o mesmo fim, conservo-me alerta e vigilante com
firme propósito e perseverança, intercedendo a favor de todos os santos – o povo
consagrado de Deus.
Graças Te dou, meu Deus, pela Tua armadura que me protege e me equipa para
a luta. Meu poder, habilidade e suficiência vêm de Ti. Tu mesmo me tens
qualificado como ministro e despenseiro de uma nova aliança (da salvação por
meio de Cristo), não da letra, mas do Espírito que vivifica.
Jesus, és o meu poder, a minha verdade, o meu calçado, o meu escudo, a minha
salvação, a minha espada. Tu, Jesus, és a minha armadura!”7
A luta espiritual é um fato inevitável na vida de todo cristão. Alguns têm mais
consciência disso do que outros, mas ninguém pode escapar dessa realidade. Deus
não apenas nos chamou para entrarmos em combate, mas também para sermos
vitoriosos, recuperando o terreno do inimigo. Jesus já assegurou nossa vitória final
na cruz, e Ele nos chama cada vez mais, para que façamos com que essa vitória seja
hoje uma realidade em nossa vida.
E, finalmente, que todos nós possamos, nesses dias que precedem o retorno do
Senhor Jesus, alcançar o nível de discipulado chamado ‘Gálatas 2:20’: ‘logo, já não
7 Cf. MILHOMENS: Orando a Palavra. 1993. – Referências Bibliográficas.
38
sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim’ e sermos, assim, ‘mais do que
vencedores por meio daquele que nos amou’ (Rm.8:37). 8
8. Referências Bibliográficas:
BUCKLAND, Rev. A. R.. Dicionário Bíblico Universal. São Paulo, Vida, 1981.
JOYNER, Rick. A batalha final. Rio de Janeiro: Danprewan, 1999.
JOYNER, Rick. A chamada final. Rio de Janeiro: Danprewan, 1999.
JOYNER, Rick. A visão profética para o século XXI. Rio de Janeiro: Danprewan,
2000.
MASTRAL, Eduardo Daniel e Isabela. Táticas de Guerra. Naós. São Paulo, outubro
de 2001.
MEARS, Henrietta C.. Estudo Panorâmico da Bíblia. São Paulo, Vida, 1982.
MILHOMENS, Valnice. Batalha espiritual. Apostila de estudo. Ministério Palavra
da Fé. São Paulo, 1993.
MILHOMENS, Valnice. Orando a Palavra. São Paulo, Palavra da Fé Produções,
1993.
SHEETS, Dutch. Sentinela de oração. Belo Horizonte: Editora Atos, 2004.
SILVOSO, Ed. Que nenhum pereça. São Paulo: Unilit, 1995.
STRONG, James. Strong´s Exhaustive Concordance of the Bible. EUA, 1980.
VIDA. Concordância Bíblica Abreviada. São Paulo, Vida, 1992.
8.1. Multimídia:
LA TORRACA, Liliam. Armadura de Deus. DVD produzido pelo Ministério Ágape
Reconciliação.9
SBB. Bíblia Online – Módulo Avançado. CD-Rom da Sociedade Bíblica do Brasil.
8.2. Referências complementares sobre Batalha Espiritual10
:
8.2.1. Livros:
8 Esse estudo é um apanhado do que o material acima citado relata a respeito da armadura de Deus, mais
uma extensa pesquisa nos textos bíblicos, realizado por Angela Natel, em fevereiro e março de 2006. 9 Pedidos (11) 6096-5106.
10 Existe um livro de que não me recordo o autor, mas o título é ‘A serpente do (ou no) paraíso’, e que é
muito importante no estudo de nosso inimigo e suas táticas de Guerra. Outro livro muito bom na área de
libertação intitula-se ‘Porcos na sala’.
39
ANDERSON, Neil T. Vitória sobre a escuridão. Bompastor, 2000.
ANNACONDIA, Carlos. Escute aqui, Satanás. São Paulo: Ed. Vida, 2000.
BEVERE, John. Debaixo de suas asas.
BEVERE, John. O temor do Senhor.
BROWN, Rebecca. Cavando trincheiras.
BROWN, Rebecca. Prepare-se para a guerra.
BROWN, Rebecca. Vaso para honra. Rio de Janeiro: Danprevan, 1998.
HINN, Benny. O sangue. Ed. Betânia, 1994.
JACKSON, John Paul. Desmascarando o espírito de Jezabel.
MASTRAL, Eduardo Daniel e Isabela. Rastros do Oculto. São Paulo, Naós, 2004.
MASTRAL, Eduardo Daniel e Isabela. Satanismo. São Paulo, Naós, 2004.
SUBIRÁ, Luciano. Voz de muitas águas.
8.2.2. Multimídia:
MASTRAL, Eduardo Daniel e Isabela. Seminário de Batalha Espiritual – Nível 1 –
A reconstrução dos muros. São Paulo, Naós, 2005.
MASTRAL, Eduardo Daniel e Isabela. Seminário de Batalha Espiritual – Nível 2 –
A restauração do altar.. São Paulo, Naós, 2005.