A Armadura Espiritual - Hank Hanegraaff

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Transcript of A Armadura Espiritual - Hank Hanegraaff

AGRADECIMENTOSEm primeiro lugar, uma palavra de agradecimento ao conselho, equipe e aos amigos do Christian Research Institute por suas oraes. Eles no foram apenas a minha cobertura; foram o meu conforto. Ademais, quero agradecer a Stephen Ross por seus insights, Elliot Miller, por seus comentrios, Gretchen Passantino e Lee Strobel,por seu encorajamento e sugestes, Mark Sweenwy e toda a equipe da W Publishing, por seu suporte e perita reviso. Finalmente, meu amor e gratido a Kathy e a nossos pequenos Michelle, Katie, David, John Mark, Hank Jr., Christina, Paul Stephan, Faith, e o beb Graa, que nos precedeu no cu. Acima de tudo, sou supremamente agradecido ao meu Pai celeste, que se reveste de justia, como de uma couraa (Is 59.17).INTRODUOUma das realidades inescapveis viso crist deste mundo que no temos que lutar contra carne e sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os prncipes das trevas deste sculo, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais (Ef 6.12). Em outras palavras, voc e eu estamos engajados numa guerra contra um inimigo invisvel. E da mesma forma que fazemos com a nossa guerra contra o terrorismo, o ocidente encontra-se, repentinamente, preocupado em descobrir estratgias para vencer esta guerra invisvel.A Amazon.com alista, agora, mais de quinhentos ttulos sobre combate espiritual. E a Google, que faz pesquisas pela Internet, identificou mais de cinquenta mil referncias luta espiritual. Na qualidade de erudito cristo, o Dr. Clinton Arnolds bem o disse: Em nenhum perodo da histria da Igreja escreveu-se tanto sobre a guerra espiritual quanto na dcada passada. Parece que existem mais cristos pensando no assunto hoje do que existia h alguns sculos.Ironicamente, no faz tanto tempo que Satans parecia qualquer coisa, menos morto e enterrado o desastre de uma disposio mental modernista, inclinada a racionalizar o sobrenatural da existncia. Mas quando o modernismo rendeu-se espiritualidade do ps-moder- nismo, Satans reapareceu com uma vingana. Contudo, a declarao de que o Diabo havia emergido no mais se baseava numa viso crist de mundo. Em vez disto, surgiu de repente a caricatura cultural, movida pela indstria do entretenimento.Um dos momentos definidos como a reapario de Satans deu-se em 1973, quando O Exorcista, de William Peter Blatty, surgiu no cinema. A Amrica assistia sem flego, enquanto o filme tornava-se o mensageiro da demonizao. Misteriosas marcas satnicas surgiram no corpo da atriz Linda Blair. E isto foi apenas o comeo. Hollywood estimulava as massas com uma linguagem sexualmente perversa, e com episdios de levitao sensacionalmente produzidos.A FASCINAO DA AMRICA PELA POSSESSOInmeras ideias dos sculos XIX e XX combinaram-se afim de preparar nossa cultura para a sua atual fascinao pela possesso demonaca. No sculo XIX, o surgimento do espiritualismo a crena na existncia da comunicao com os mortos preparou o caminho para os modernos filmes do gnero, corno O Sexto Sentido, ou o seriado de TV Arquivo X.As psicanlises de Freud atravessaram os sculos XIX e XX com a crena, agora comumente aceita, de que as enfermidades atuais de uma pessoa (fsica, mental ou emocional) podem ter sido causadas por experincias traumticas do passado. A presena das doenas, argumentam Freud e seus sucessores, provam a presena de traumas passados, sem qualquer evidncia emprica.A ltima metade do sculo XX lanou uma base de credulidade e superstio sustentada pela pseudocincia, pelo espetculo pblico e pela experincia pessoal. A decadncia dos anos 60 foi compendiada nos desenhos de Anton Szandor Lavey, na celebrao da "missa negra sobre o altar de uma mulher nua. Lavey formou a igreja de Sat em 1965, e em 1968 publicou a Bblia Satnico, num convite adorao pblica, exemplificado na ode ao satanismo apresentada por Hollywood no filme O Beb de Rosemavy, de 1968.Os anos 80 e 90 deram passagem ao grande susto do satanismo, o correlativo do sculo XX para a Salem da Amrica colonial, com os seus julgamentos. O grande espanto do satanismo acelerou com os rumores de uma vasta conspirao satnica internacional e multigeracional, quase no detectvel, descrita em Midielle Kemembers, em 1983. Atingiu a fora total no pnico satnico cristianizado de Satas Underground e The Satan Seller. Testemunhes pessoais sensacionais, e no confirmados, promoveram um perodo sem precedentes de execues criminosas, institucionalizao psiquitrica e desintegrao familiar.Milhes de modernistas que haviam tentado racionalizar o mal sobrenatural comearam, de repente, a abraar a teologia de Flip Wilson. Aparentemente de um dia para o outro, o novo mantra das massas materialistas tornou-se: O Diabo levou-me a faz-lo. Pessoas de todos os espectros sociolgicos tornaram-se certas de que nelas habitavam demnios, e procuravam libertao.Tragicamente, a fascinao pelos demnios na cultura livre tem levado a um forte movimento de libertao entre os evanglicos. Como explica o antroplogo Michael Cuneo, algum estaria ocupado em inventar um esquema melhor. Qualquer seja o problema pessoal depresso, ansiedade, dependncia qumica, ou mesmo um apetite sexual descomedido h ministrios de exorcismo disponveis, hoje, que alegremente declaram-se habilitados a lidar com o problema. E ainda com o bnus significativo de no ser, na maioria dos casos, responsvel pelo problema. Os demnios so para serem repreendidos, e livrar-se deles a chave para a redeno moral e psicolgica.No American Exorcism, Cuneo traa a expanso da mania de libertao, da cultura popular para o cristianismo de O Exorcista para os ministrios de exorcismo evanglicos. Ele observa que a demanda por libertao, estimulada pelo filme O Exorcista, poderia bem ter-se extinguido, no fosse pela liberao, em 1976, de Hostage to the Devil (Refm do Diabo), do controverso jesuta Malachi Martin. No obstante demonstrar um notvel talento para a invencionice e o embelezamento transformando meias verdades pelo truque prestidigitador literrio, e aludindo a fatos imutveis da histria, Martin teve sucesso ao assoprar a chama do exorcismo, tornando-a um autntico inferno.Naquele mesmo ano, Ed e Lorraine Warren, apontados como Os mais Famosos Demonlogos do Mundo, acertaram em cheio com o resultado do que viria a ser conhecido como The Amityville Horror. Os Warrens declararam amaldioada uma casa em Amityville, Long Island cenrio de mltiplos assassinatos e dirigiram no local uma sesso esprita televisionada. No frenesi que se seguiu na mdia, os Warrens retrataram Amityville como um microcosmo de atividades demonacas na Amrica.Nos livros e filmes que vieram a seguir (Glwst Hunters, The Haunted, etc.), os Warrens contaram sombrias histrias de misteriosas marcas em banheiros, e seres demonacos que podiam arranhar e ferir suas vtimas. At mesmo remodelaram, em prosa contempornea, o incubo e o scubo da mitologia medieval. De acordo com os Warrens, estes demnios sexuais masculinos e femininos frequentavam os lares da classe mdia americana, pilhando as mulheres e satisfazendo os homens.Enquanto, na dcada seguinte estreia de O Exorcista, as pessoas estavam s voltas com debates acerca da possesso demonaca, o famoso autor e psicoterapeuta M.Scott Peck supria a moda da libertao com alguma legitimidade muito necessria. Em 1983, no lanamento de People of the Lie, o psiquiatra formado em Harvard/ Columbia argumentou que o exorcismo no era apenas heroico, mas tambm o nico remdio para muitos de seus pacientes problemticos.Ao confidenciar que este seu ponto de vista sobre o exorcismo fora iniciado com O Exorcista e instrudo com Hostage to the Devil, Peck proporcionou indstria da libertao o ar de respeitabilidade de que ela desesperadamente carecia. Cuneo declara: Nos anos que se seguiram publicao de People of the Lie, o namoro da Amrica com o exorcismo deu, gradualmente, passagem a uma bem desenvolvida fascinao cultural pelo satanismo.Esta fascinao pelos demnios na cultura livre levaria, inexoravelmente, a um forte movimento de combate espiritual entre os evanglicos. Havendo perdido a habilidade de pensar biblicamente, os crentes ps-modernos foram rapidamente transformados de agentes e introdutores de mudana cultural a conformistas e imitadores. A cultura popular acenou, e os cristos ps-modernos morderam a isca. Como resultado, o modelo discipular de guerra espiritual, uma vez patrocinado pelos puritanos na Amrica pr-moderna, deu passagem a um motivo de libertao. Em outras palavras, a paixo puritana pelo exerccio da disciplina espiritual, a fim de viver semelhana de Cristo, cedeu lugar agitada atividade de exorcizar demnios.Liderando a onda de libertao esto homens como Bob Larson, convencidos de que os demnios podem acionar, simultaneamente, centenas de alarmes de incndios independentes, materializar do nada armas perigosas,danificar freios de carros, e causar terremotos que atinjam 5.0 na escala Richter. A incurso de Larson no campo do exorcismo resultou em dramticos encontros com um vasto sortimento de espritos impuros, incluindo o que ele chama de demnios sexuais. Num de seus livros, Larson reconta a histria de uma mulher a quem ajudou, que precisava de um aborto aps ter sido violentada por um demnio incubo. Conta ele: Ns lutamos contra esta fecundao demonaca com oraes, e ordenamos que o fruto sobrenatural de Satans fosse abortado. Como Larson, o Dr. Neil Anderson acreditava em demnios sexuais. De seu ponto de vista, a interao entre humanos e demnios sexuais uma experincia suficientemente comum para ser includa no primeiro de seus sete passos para a liberdade, como um possvel pecado - - cometido no passado a ser renunciado. Anderson tambm est convencido de que o abuso de rituais satnicos e situaes de personalidade mltipla so problemas causados por uma ampla conspirao satnica. H reprodutores l fora, afirma ele. Temos encontrado mdicos, advogados e pastores que so satanistas disfarados de ministros de justia. Anderson observa que tem aconselhado vtimas do satanismo o suficiente para saber que h reprodutores (gerando filhos especialmente para sacrifcios, ou para transform-los em lderes), e agentes com- prometidos a infiltrar-se e a romper o ministrio cristo.Em seu best-seller The Bondage Breakcr, Anderson descreve como as foras das trevas o atacaram pessoalmente, objetivando expor as estratgias de Satans: Quando sa do chuveiro, encontrei diversos smbolos estranhos traados no espelho embaado... Fui tomar o caf da manh sozinho, e quando estava me sentando na cozinha, senti de repente uma leve dor na mo, que me fez recuar. Olhei e vi em minha mo o que parecia duas pequenas marcas de mordidas. Este o seu melhor projtil? , indaguei aos poderes das trevas que me atacavam. Voc acha que smbolos no espelho e uma marquinha vo impedir-me de entregar amensagem na capela, hoje? Saia daqui!Ele adverte que os satanistas se renem entre meia-noite e trs horas da madrugada, e parte de seu ritual convocar e enviar demnios. Trs horas o primeiro momento para atividades demonacas, e se voc acordar neste momento, pode ser que tenha sido atacado. J fui atingido por demnios inmeras vezes. Anderson alerta ainda que crianas adotadas so especialmente vulnerveis possesso demonaca, que os monstros que as crianas veem noite em seus quartos so demnios que devem ser repreendidos em nome de Jesus, e que os espritos malignos podem atac-las com objetos.Anderson e Larson, sem dvida, discordam sobre vrios aspectos da guerra espiritual, mas partilham a crena de que os cristos so os alvos principais da demonizao. Segundo Anderson, 85% da comunidade crist evanglica acha-se apanhada em algum nvel de servido satnica. E Larson vai mais longe ao sustentar que os crentes no se ocupam de tentar expulsar o demnio de algum que no seja cristo.Este ponto de vista no , de maneira alguma, nico. Durante os ltimos trinta anos, formou-se uma verdadeira controvrsia no cristianismo quanto noo de que os cristos podem ficar endemoninhados, e de que a cura a libertao. A maioria confessa que duvidava, mas experincias pastorais foraram-nos a repensar seus paradigmas intelectuais. Don Basham, autor do difundido Delirer Us From Evil, um exemplo clssico.Logo aps mergulhar no ministrio da libertao, Basham foi impactado pela compreenso de que todos os seus exorcismos envolviam crentes nascidos de novo, que haviam sido batizados no Esprito Santo. Informado de que a sua experincia estava em conflito com a Bblia e a teologia pentecostal, Basham procurou conselho com um antigo professor de filosofia de Cambridge, chamado Derck Prince, que se tornara um experiente ministro da libertao.Prince destacou que 95% das pessoas que haviam experimentado libertao genuna eram crentes sinceros e que ele havia sido pessoalmente exorcizado do demnio da ira. Como explicou Prince, fora como se alguma opresso, algum peso, houvesse sido tirado de dentro do meu peito e passado por minha boca. Senti, distintamente, alguma coisa saindo. Prince admitiu que no havia evidncia bblica direta quanto ao fato de um cristo sofrer possesso demonaca. A seu ver, contudo, a evidncia emprica era esmagadora. Deste modo, a sua mudana de opinio foi influenciada pela experincia subjetiva, e no pela evidncia bblica.E esta precisamente a questo. Experincias subjetivas so notoriamente falveis. Assina sendo, devem sempre ser testadas luz das verdades objetivas das Escrituras. Nas pginas a seguir, demonstrarei que a chave da vitria na guerra espiritual no se encontra na libertao, mas no discipulado. Conquanto devemos dar ao Diabo o que lhe devido, ousamos no superestimar o seu poder e o seu territrio. Espritos sexuais, demnios que mordem, e frmulas da moda para a libertao no passam de fantasias passageiras da cultura popular e da superstio pag.De qualquer modo, a cobertura descrita na Bblia como a armadura completa de Deus uma barreira impenetrvel contra a qual os dardos inflamados do maligno so impotentes. Quando estamos vestidos com a armadura, somos invencveis. Porm, quando no estamos, somos fantoches no esquema malvolo do Diabo.Meu desejo de escrever A Armadura Espiritual nasceu de meu livro anterior, .4 Orao de Jesus. No ltimo pedido desta orao modelo, Jesus ensinou os discpulos a orar: E no nos induzas tentao, mas livra-nos do mal (Mt 6.13). Quando voc o faz, deve ser imediatamente lembrado: Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo (Ef 6.11). Isto, claro, significa que voc no apenas est intimamente familiarizado com cada pea da armadura descrita por Paulo em Efsios 6, mas que entende o que cada pea representa.Quando terminei de escrever A Orao de Jesus, disse minha esposa, Kathy, que se no o tivesse escrito para ningum, mas para mim mesmo, teria sido igualmente vlido o esforo. Esse livro revolucionou absolutamente a minha vida de orao. Meu nico pesar que o espao no me permitiu expor toda a armadura de Deus. Portanto, estou vibrando pela oportunidade de faz-lo agora, neste livro.CAPTULO 1 O DIABO LEVOU-ME A FAZ-LO... fortalecei-vos no Senhor e na foro do seu poder.Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo. (Ef 6.10,11)Foi um momento que jamais esquecerei. Ainda posso lembrar exatamente de onde me encontrava e o que estava fazendo, quando ouvi, pela primeira vez, o Dr. Clinton Arnold contar a histria. Ele debatia com Ellot Mller, editor-chefe do Christian Research Journal, sobre o tema "O Cristo e a Influncia Demonaca. Terminando as apresentaes de abertura, Arnold contou a histria de Edmund Fabian, tradutor da Bblia Wycliffe, que fora brutalmente assassinado em Papua Nova Guin.Prolongando-se, Arnold exps sua convico de que h um grande perigo, e s vezes perigo de morte, em achar que um cristo no pode ser possudo por um demnio. Ele prosseguiu observando que o assassinato de Edmund Fabian instigou 'Wycliffe a repensar seu ponto de vista sobre a relao entre crentes e possesso.Segundo Anwld, Edmund Fabian cometeu o engano fatal de supor que Rin, seu consultor cristo de traduo, no pudesse ser possudo por um demnio. Embora Riu declarasse que uma voz poderosa em sua mente insistia em dizer-lhe para pegar um machado e golpear a cabea de Edmund, este recomendou-lhe: Deixe de se preocupar achando que possa ser um esprito maligno demnios no podem possuir cristos. Pouco depois, Rin acabou rendendo-se ao comando do demnio, apanhou uma machadinha c brutalmente assassinou Edmund Fabian.Embora eu houvesse, ao longo dos anos, ouvido ou lido centenas de histrias sobre os chamados cristos endemoninhados, a histria da morte de Edmund Fabian prendeu-me como nenhuma outra. Talvez porque Arnold seja o lder cristo mais digno de confiana sobre a questo de que os crentes podem cair sob possesso demonaca. Ou foi, talvez, a importncia das palavras: h um grande perigo, e s vezes, perigo de morte.Se j houve um exemplo de ideias tendo consequncias, este foi um! Edmund praticamente assinou o seu prprio atestado de bito por, teimosamente, recusar acreditar que cristos possam ser possudos por demnios. Pior ainda, a imagem ensanguentada da morte de Edmund forou-me a considerar a possibilidade de que eu posso ser culpado por acalmar os cristos com um falso senso de segurana. Se o assassinato de Edmund levou uma organizao mundial como a Wycliffe a repensar sua posio sobre a possesso demonaca de crentes, talvez eu tambm devesse reconsiderar as minhas crenas.DE VOLTA BBLIAA morte de Edmund Fabian levou-me a experimentar um genuno paradoxo psicolgico. Por um lado, eu estava certo de que as Escrituras excluem a possibilidade de cristos carem sob possesso demonaca. Por outro, eu no tinha dvidas de que o relato de Arnold sobre a morte de Edmund nas mos de um cristo possesso fora cuidadosamente investigado, e era digno de crdito. Finalmente, houve aquela tenso emocional que me levou a um exame mais aprofundando das Escrituras, alm de rever o relato do episdio. medida que eu mergulhava na Bblia, era confortado ao descobrir que o prprio Cristo exclui a possibilidade de um cristo ser possudo por demnios. Usando a ilustrao de uma casa, Jesus indaga: Ou como pode algum entrar em casa do homem valente e furtar os seus bens, se primeiro no manietar o valente, saqueando, ento, a sua casa? (Mt 12.29). No caso de uma pessoa possuda por demnios, o homem forte obviamente o Diabo. No crente habitado pelo Esprito, contudo, o homem forte Deus. A fora do argumento de Cristo leva inexoravelmente concluso de que, para os demnios possurem um crente, eles teriam, primeiro, que atacar aquEle que o habita isto , o prprio Deus!Jesus forneceu um argumento que leva deduo, ao frisar: E, quando o esprito imundo tem sado do homem, anda por lugares ridos, buscando repouso, e no o encontra. Ento, diz: Voltarei para a minha casa, donde sa. E, voltando, acha-a desocupada, varrida e adornada. Ento, vai e leva consigo outros sete espritos piores do que ele, e, entrando, habitam ali; e so os ltimos atos desse homem piores do que os primeiros (Mt 12.43-45, nfase do autor). A questo aqui clara e precisa: se no estamos ocupados pelo Esprito Santo, sujeitamo-nos possibilidade de ser habitados por demnios. Se, por outro lado, a nossa casa habitao de Cristo, o Diabo no acha lugar em ns.Ademais, descobri no Evangelho de Joo um argumento igualmente incontestvel contra a possesso de cristos. Os judeus estavam, mais uma vez, acusando Jesus de estar possudo por um demnio. Em vez de evitaras acusaes, Ele rebateu seus acusadores usando a razo. A essncia de seu argumento : Eu no tenho demnio; antes, honro a meu Pai (Jo 8.49). Portanto, impossvel se enganar quanto questo: ser possudo por demnios e honrar a Deus so situaes distintas! Finalmente, enquanto eu flua atravs das pginas das Escrituras, no surgiu um nico exemplo de cristo endemoninhado. Em vez disso, o ensinamento consistente da Palavra de Deus que os cristos no podem ser controlados, contra a sua vontade, por possesso demonaca. O princpio perfeitamente seguro. Se voc um seguidor de Jesus Cristo, o prprio Rei habita em voc (veja Jo 14.23; Rm 8.9-17). E voc pode descansar seguro de que maior o que est em vs do que o que est no mundo (1 Jo 4.4).O ensinamento consistente das Escrituras que os cristos no podem ser controlados, contra a sua vontade, por possesso demonaca.Pesquisar as Escrituras fez mais que satisfazer-me intelectualmente. Se Cristo afirmou que honrar a Deus e ser possudo por demnios so circunstancias distintas, e se a Bblia no contm um nico exemplo de um cristo endemoninhado, o assunto ficou esclarecido em minha mente. Em meu corao, contudo, eu ainda lutava com o impacto emocional do brbaro assassinato de Edmund Fabian.PODE O CRENTE FICAR ENDEMONINHADO?Diz-se que aqueles que persistem cm superestimar o poder e o campo de ao de Satans tm de recorrer ao uso da histria da mulher paraltica, relatada em Lucas 13, como o caso claro de um crente que estivera endemoninhado".'Seu argumento c apresentado tipicamente como se segue: A mulher que Jesus encontrou tinha um esprito de enfermidade, havia j dezoito anos". Ela estava na sinagoga, e foi mencionada como uma "filha de Abrao. Consequentemente, ela deve ter sido uma crente endemoninhada. No obstante, isto acha-se longe da verdade. Para comear, esta narrativa de Lucas carece totalmente da feio comum de um caso de exorcismo.Jesus dirigiu-se mulher, cm lugar de dirigir-se ao demnio; Satans no falou atravs da mulher aleijada, cia manteve-se silenciosa at que Jesus a curasse; e no apenas Lucas, mas os principais da sinagoga referiram-se ao acontecimento como uma cura, e no como um exorcismo.E mesmo que consideremos isto um exorcismo, o fato de Jesus encontrara mulher na sinagoga no faz dela uma crist. Cristo encontrava todo tipo de pessoas na sinagoga, c que no eram crentes. Na verdade, Ele referiu-se aos rabinos que ensinavam a Lei na sinagoga como 'hipcritas", "guias cegos", "raa de vboras , e "sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas interiormente esto cheios de ossos de mortos e de toda imundcia' (Alt 23.13,16,27,33). Alm do que, o fato de Jesus referir-se a ela corno "filha de Abrao" no faz dela, necessariamente, uma crist possessa. O Senhor referiu-se a Zaqueu como "filho de Abrao", apesar de, claramente, ele no ser um crente naquele momento (Lc 19.9). Na realidade, a frase "filha de Abrao no implica nada mais que descendncia fsica. Conforme as Escrituras explicitamente ensinam, nem todos que so descendentes de Abrao tm a f que ele possua (Rm 9.7,8; Alt 3.9).A HISTRIA DA GRAAFiquei fascinado ao assistir ao vdeo intitulado Atravs de tudo aquilo com Jesus, no qual Grace Fabian conta a histria do assassinato de seu marido. Uma coisa impressionou-me mais que tudo. Os Fabians podiam ser qualquer coisa, menos cristos dados ao sensacionalismo. Ao contrrio, eram, sem dvida, firmemente enraizados nas Escrituras.Esta impresso foi ainda mais reforada, quando tive o privilgio de falar pessoalmente com Grace. Em vez de estar fixada no poder de Satans para possuir os crentes, ela focava o poder de Deus para sustentar-nos em meio ao sofrimento. Longe de superestimar o poder e o domnio de nosso adversrio, ela reconhecia que Deus soberano sobre todas as coisas, inclusive as tentaes do Diabo. Atravs do sofrimento, Grace veio a conhecer, de modo mais pleno, que nada pode acontecer-nos sem primeiro passar pelo filtro do amor de Deus.De um modo humilde, porm sentencioso, Grace enfatiza que Satans nunca teve o controle nem mesmo no dia do brutal assassinato de seu marido. Nem por um momento a ideia de que um cristo possesso pudesse lhes fazer algum mal lhe ocorrera. A mera noo era estranha para Grace. Sua resposta ao relato de Arnold sobre a morte do marido fora enftica: No, no! , exclamara ela. Simplesmente, no verdade! Eu no sei de onde veio essa histria. Odeio quando algum escreve isso, e nunca chequei suas fontes.Alm disso, Grace deixou claro que, uma vez que Arnold no tinha um conhecimento direto do assassino de Edmund, no possua bases sobre as quais determinar se ele era endemoninhado. De modo inverso, Grace, que tivera com ele contato direto, declarou: No acredito que o homem que matou meu marido estivesse possesso. Ele um esquizofrnico. De fato, afirmou Grace: Quando ele foi transferido da cadeia para uma clnica psiquitrica, tornou-se calmo, normal e capaz de ter pensamentos sobre o Salvador. Ela fez uma pausa por um momento, e acrescentou: Eu sei que quando ele estava sob vigilncia psiquitrica, ns lamos para ele as Escrituras, e ele parecia estar experimentando a graa de Deus, ao menos naquele momento, seno antes.Finalmente, de modo inflexvel, Grace negou a ideia de que o assassinato de Edmund levara Wycliffe a repensar seu ponto de vista sobre a relao entre crentes e possesso. Em suas palavras: A nossa organizao no mudou qualquer orientao, que eu saiba, relacionando a morte de meu marido aos demnios. Nem mesmo temos uma poltica sobre demonizao. O presidente da Wycliffe nos Estados Unidos, Roy Peterson, confirmou que Grace est certa, como ele mesmo assumiu: A nossa organizao no empreendeu qualquer forma de reviso sobre a ligao entre crentes e possesso demonaca. Se este fosse o caso, Grace teria, certamente, sido informada a respeito. Usar a histria de Grace de um modo com que ela no esteja familiarizada errado.Superestimando o nosso AdversrioAo longo dos anos tenho lido uma grande variedade de histrias sustentando a ideia de que os cristos podem ser possudos por demnios. No final, todas elas tm algo em comum: superestimam grandemente o poder e o domnio de Satans. Alguns ministros da libertao fazem uma tentativa mais valente que outros, a fim de prover bases bblicas para a argumentao de que Satans pode possuir crentes. Inevitavelmente, contudo, suas experincias e histrias obscurecem sua exegese das Escrituras.Em The Botidage Breaker, o Dr. Neil Anderson usa, em excesso, setenta e cinco histrias (algumas chocantes) para demonstrar que 85% dos crentes so apanhados em algum nvel de escravido satnica. De igual modo, em 3 Crucial Questions about Spiritual Harfare (Trs Questes Cruciais sobre Guerra espiritual), Arnold busca responder a indagao Pode um cristo ser possudo por demnios? , comeando com trs histrias extraordinrias. Alm disso, numa verso ligeiramente mais dramtica do assassinato de Edmund, ele emprega a histria noticiada de uma mulher que fora subjugada c violentada por um demnio, e a histria registrada de um homem, cujo casamento foi maravilhosamente salvo por Cristo, mas a quem o demnio da raiva ainda leva ao descontrole toda vez que discute com a esposa.O que estas histrias tm em comum que elas superestimam enormemente o poder e a autoridade de Satans. Demnios sexuais so os recorrentes na mitologia medieval, e homens temperamentais precisam enxergar a realidade de que a desculpa o Diabo levou-me a faz-lo pouco mais que um conveniente pretexto para pecar. Conquanto tornou-se moda honrar o Diabo com cada tentao que enfrentamos, devemos estar sempre cientes de que a guerra espiritual envolve tanto o mundo quanto a carne. Como Paulo deixou claro em sua Epstola aos Efsios, somos s vezes derrotados em nossa guerra espiritual porque seguimos o curso deste mundo e os desejos da nossa carne (Ef 2.2,3).Sugerir que um cristo pode ser controlado, contra a sua vontade, a ponto de assassinar um outro crente, um exemplo quinta-essencial de superestimao de nosso adversrio. Igualmente, a ideia de que um demnio pode morder, escrever num espelho embaado de banheiro, ou violentar sexualmente um ser humano, tem mais em comum com a mitologia grega que com a viso crist. Inventar demnios da luxria, demnios das drogas, ou demnios da ira , na melhor das hipteses, um exemplo de nfases mal colocadas, e na pior, uma ilustrao de como a desculpa o Diabo levou-me a faz-lo tornou-se a teologia prevalecente de uma subcultura crist, que busca desesperadamente bodes expiatrios.Em patente contraste, a teologia crist ope-se possibilidade de um cristo ser, contra a sua vontade, possudo e controlado por demnios. Portanto, quando Jesus ensinou os discpulos a orar: E no nos induzas tentao, mas livra-nos do mal, salientou a tentao, e no a possesso, como o meio pelo qual o Diabo nos atrai. Enquanto a libertao devota crdito ao Diabo por motivaes assassinas, sensaes sexuais e ira desenfreada, o Senhor Jesus deixa claro que os maus pensamentos, mortes, adultrios, prostituio, furtos, falsos testemunhos e blasfmias procedem do corao (Mt 15.19). As palavras do Mestre ecoam pelos corredores do tempo com acuidade proftica: O homem bom, do bom tesouro do seu corao, tira o bem, e o homem mau, do mau tesouro do seu corao, tira o mal, porque da abundncia do seu corao fala a boca (Lc 6.45).Assim sendo, antes de tratar da armadura que a nossa proteo na guerra invisvel, o apstolo Paulo primeiro adverte os crentes quanto superestimao do poder de Satans, em supor que ele possa possuir e controlar-nos contra a nossa vontade. Uma perspectiva apropriada sobre a guerra espiritual locada sobre o poder de Deus, e no sobre as manobras de Satans. No demais, irmos meus, fortalecei-vos no Senhor e na forado seu poder. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo (Ef 6.10,11). Uma perspectiva apropriada sobre a guerra espiritual c focada sobre o poder de Deus, e no sobre as manobras de Satans.Embora o nosso adversrio anda em derredor, bramando como leo, buscando a quem possa tragar (1 Pe 5.8), ele , acima de tudo, um leo numa correia, cujo comprimento determinado pelo Senhor.CAPTULO 2 A BATALHA PELA MENTEPorque no temos que lutar centro carne e sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os prncipes das trenas deste sculo, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais. Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes. (Ef 6.12,13).Uma das coisas que mais aprecio na vida passar o dia com meus filhos. Desde o momento em que samos pela porta da frente, at a hora de irem para a cama, eles desafiam-me em todas as coisas, de tiro ao alvo a jogo de xadrez. Geralmente caio no sono com as palavras S mais uma brincadeira! soando em meus ouvidos.Durante anos, eu tive a supremacia. Entretanto, medida que meus filhos cresciam, a balana comeou a pender para o outro lado. Meus meninos, agora, freqiientemente me vencem no basquete, e as meninas ganham no xadrez mais vezes do que eu gostaria de admitir. Mas um jogo sobre o qual ainda conservo o monoplio o golfe. De fato, prometi aos meus filhos que se eles me superarem no golfe, depositarei cem dlares em sua poupana.Numa tarde, o inevitvel aconteceu. John Mark, que tinha apenas nove anos na ocasio, desafiou-me a uma competio e ... ganhou. A bola de Johnny mal alcanara o buraco, e ele olhou para mim com um sorriso travesso, dizendo: Hora de pagar, papai!Eu fui esperto, e arrisquei: Que tal o dobro ou nada? Nem pensar! Johnny respondeu categrico. E se eu lhe der duas tacadas de vantagem? No! Deixe-me dizer o que farei: vou lhe dar trs tacadas de vantagem. pegar ou largar.Aos poucos, Johnny comeou a vacilar: No sei evadiu-se ele, nervosamente. Vamos l, John Mark, duzentos dlares. Estou lhe dando trs tacadas. Como voc poder perder com uma vantagem de trs tacadas?Pude ver que Johnny estava comeando a cair no lao. Sim ou no? pressionei, acrescentando um senso de urgncia minha oferta.Relutantemente Johnny cedeu. Dez minutos mais tarde, ele estava olhando para mim com lgrimas nos olhos, e queixando-se. Isto no foi justo. No foi justo? O que voc quer dizer com no foi justo? No forcei voc a aceitar o dobro ou nada, forcei? Foi escolha sua, no foi? Sim, papai lamentou ele. Mas o senhor... o senhor foi como uma tentao, um diabinho sentado no meu ombro!No importa quo sedutora seja a tentao, somos responsveis pelas escolhas que fazemos.John Mark ainda no tinha dez anos, mas aprendeu uma lio de vida bem mais valiosa que cem dlares. A tentao est sempre porta. Est to prxima quanto um clique do mouse do seu computador, e to atraente quanto dinheiro fcil. Todavia, no importa quo sedutora seja a tentao, somos responsveis pelas escolhas que fazemos. Posso ter feito a jogada parecer boa demais para deixar passar, mas em ltima anlise, a escolha foi de Johnny.Hoje, o engraado diabinho tentador sentado no meu ombro, de John Mark algo trivial. Em qualquer oportunidade, ns o citamos como exemplo. Mas h um lado srio: o Diabo real, e ele nos tenta em mirades de maneiras. Enquanto superestimamos o poder de Satans, supondo que ele possa controlar-nos contra a nossa vontade, algo igualmente errado seria subestimar a sua astcia.Por isso, antes de falar da armadura que nos protege das artimanhas do Diabo, Paulo enfatiza, primeiro, o fato de que no temos que lutar contra carne e sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os prncipes das trevas deste sculo, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais (Ef 6.12). O combate espiritual travado contra seres invisveis que personificam as extremidades do mal. E as suas armas so espirituais, no fsicas. Eles no nos podem morder fisicamente, violentar-nos sexualmente, ou fazer-nos levitar, mas podem tentar-nos a trapacear, roubar e mentir.Alm do mais, crucial notar que, embora o Diabo no possa interagir diretamente conosco, de modo fsico, pode ter acesso a nossas mentes. Ele no pode ler a nossa mente, mas pode influenciar os nossos pensamentos. Portanto, o gracejo de Johnny, o diabinho da tentao sentado em meu ombro, no estava muito longe da verdade. De fato, se abrirmos a porta a Satans, por falhar em vestir a completa armadura de Deus, ele far algo como sentar-se em nosso ombro e cochichar em nosso ouvido. O cochicho no pode ser discernido com os ouvidos fsicos; pode, no entanto, penetrar o ouvido da mente.No podemos explicar como esta comunicao acontece mais do que podemos explicar as sinapses fsicas de nosso crebro. Mas que tais comunicaes de mente para mente ocorrem indiscutvel. No fosse assim, o Diabo no poderia ter tentado Judas para trair seu Mestre, seduzido Ananias e Safira para enganar Pedro, ou incitado Davi a fazer o censo. Nem o apstolo Paulo teria de nos instruir a vestir toda a armadura de Deus, para que [possamos] resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes (Ef 6.13). Em ltima anlise, toda a Escritura informa-nos que a guerra espiritual 'e a batalha pela mente.Finalmente, Paulo deseja que entendamos que, embora os anjos cados no sejam seres fsicos, so to reais quanto a carne sobre os nossos ossos. Eles so seres malvolos, e a imensido de seu intelecto excede a de qualquer pessoa que j viveu. Assim sendo, no devemos esperar que um homem, sem o auxlio do alto, seja preo para um anjo, especialmente um anjo cujo intelecto tenha sido afiado pela malcia. Do jardim do den presente gerao, Satans e suas hostes infernais tm aprimorado a arte da tentao.Para deleite do Diabo, frequentemente o retratamos numa figura grotesca vestido em uma roupa vermelha e com uma calda comprida ou como uma caricatura cultural, que desenha smbolos estranhos sobre espelhos de banheiros, avisa um lder cristo com duas pequenas marcas de mordidas, ou violenta sexualmente uma mulher. Longe de ser tolo ou estpido, Satans aparece como um anjo cosmopolita de iluminao. Nas palavras de C. S. Lewis, O maior mal no feito naqueles srdidos covis de crimes que Dickens adorava descrever em seus livros. Nem feito em campos de concentrao e de trabalho forado. Nesses, vemos o seu resultado final. Mas concebido e dirigido (movido, assistido, cuidado e cronometrado) em belos escritrios acarpetados, aquecidos e bem iluminados, por homens tranquilos, de colarinho branco, unhas cortadas e rostos bem barbeados, que no precisam erguer a voz. Em vez de animalescos, os demnios so brilhantes. Conforme observa Randy Alcorn, eles operam dentro de uma hierarquia dependente de emisso, recebimento e execuo de ordens. Eles travam guerras contra Deus, os santos anjos e ns. Reunio de inteligncia, estratgia, organizao de tropas, comunicao das ordens de batalhas e relatrios sobre os resultados do combato so aspectos fundamentais da guerra... Eles vivem num mundo espiritual, onde h certa clareza de pensamento, mesmo entre os anjos cados... Sua maneira de agir torcer, enganar e desencaminhar, mas so intima- mente familiarizados com a verdade que torcem.Enquanto os cristos contemporneos fixam-se em programas de sete passos, oferecidos por pessoas como Frank e Ida Mae Hammond (Pigs in the Parlot), eles tm tudo, mas se esquecem dos sete passos para a liberdade, apresentados nas Escrituras pelo apstolo Paulo. Satans sabe muito bem que, sem a armadura espiritual descrita por Paulo em Efsios 6, somos pees no jogo do Diabo. No admira, ento, que desde os dias dos puritanos, pouqussima coisa que valha a pena tenha sido escrita sobre a armadura de Deus.CAPTULO 3 A ARMADURA DA VERDADEEstai, pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade. (Ef 6.14)Imagine voltar no tempo, retornar ao final dos anos 60. Enquanto voc est sentado na igreja, num domingo de manh, seu pastor anuncia que na prxima semana a igreja ter uma conferncia especial com um antigo satanista, que foi miraculosamente transformado pelo poder do evangelho.Voc mal pode acreditar em seus ouvidos. Isto precisamente o que voc vinha esperando. Durante meses, voc vem tentando convencer um vizinho, que se envolveu com o ocultismo, de que isso algo muito perigoso. No obstante, seus esforos no tiveram xito. Assim, voc apressa-se em visit-lo e o convida a ir igreja. Apesar de seu vizinho t-lo rotulado de fundamentalista ingnuo, ele no capaz de dizer o mesmo sobre um ex-satanista genuno.O final de semana chega rpido, e voc est sentado com o seu vizinho no banco da igreja. John Todd apresentado com um antigo satanista, um mensageiro do conselho satnico Illuminati. Agora, ele um irmo em Cristo, livre das algemas do poder maligno.Todd abre sua mensagem com uma bomba. Segundo ele, poucas pessoas tm uma ideia de quo poderoso e penetrante o satanismo. Filmes como O Exorcista e O Beb de Rosemary so apenas a ponta do iceberg verdadeiramente insidioso. O perigo real, segundo ele acredita, encontra-se num cartel cuidadosamente enredado, abrangendo policiais, polticos e at mesmo pastores, que se acham secretamente comprometidos com subterfgios para levar adiante sua agenda uma agenda que tem introduzido o satanismo nos gabinetes do poder, bem como nos santurios religiosos. Todd deve saber, pois como um mensageiro do Illuminati, ele fez, pessoalmente, o pagamento de dezenas de pessoas proeminentes, inclusive lderes cristos. Nenhuma organizao incluindo a igreja imune a infiltraes.No mesmo instante, as imagens comeam a passar em sua mente em rpida sucesso. Voc se pergunta se Todd poderia estar se referindo a um evangelista que voc viu implorando por dinheiro na televiso, exatamente ontem noite. Ou seria o bispo mrmon que dirige o conselho ecumnico de sua comunidade?Trs palavras, contudo, mandam-no de volta realidade: Pastor Chuck Smith. Numa descrena atordoante, voc ouve Todd insinuar que Chuck Smith, o fundador do movimento Chapei Calvary, um satanista secreto. Ele foi estrategicamente colocado por Satans para seduzir os jovens, aprisionando suas mentes com canes de melodias seculares e letras enganosamente inofensivas, que mascaram as mensagens satnicas subliminares.Voc no consegue acreditar e provavelmente no ir acreditar que um dos catalisadores para o movimento de Jesus , na realidade, um peo nas mos do Inimigo. Como que antecipando os seus pensamentos, Todd recorda ao seu auditrio que Satans raramente usa candidatos bvios para as suas fraudes mortais, pois sabe que estes no sero acreditados. Em vez disso, afirma Todd, ele usa aqueles conhecidos por sua piedade e honestidade. Alm de tudo, Todd sabe dessas coisas de fonte original. Ele esteve l. Como um mensageiro do Illuminati, ele entregou pessoalmente oito milhes de dlares a Chuck Smith, dando-lhe instrues para que fundasse a Maranatha Music e a usasse para corromper as mentes de convertidos de boa f.Entretanto, voc acha isto difcil de engolir. Como pode algum que proclama to efusivamente o nome de Cristo vir a trair o seu Senhor? Todd parece ter uma resposta pronta para cada indagao. Judas traiu o Senhor por apenas trinta moedas de prata. Por que algum acharia no ser natural que Chuck Smith trasse a Cristo por oito milhes de dlares?Nervosamente, voc d uma olhadela de soslaio ao seu vizinho. Para sua surpresa, ele no parece nem um pouquinho ctico. Seus olhos esto fixos em Todd. como se ele e Todd fossem as nicas pessoas no santurio. Quando Todd faz o apelo, seu amigo apressa-se em direo ao plpito e, sem hesitar, entrega o corao ao Senhor. Qualquer dvida que voc ainda abrigasse evapora-se instantaneamente. Todd deve estar certo; olhe s os frutos!Saltemos juntos, do final dos anos 70 ao presente. John Todd no prega mais. Ele perdeu a sua popularidade numa queda do plpito para a priso um criminoso condenado, um impostor descoberto. E o seu vizinho? Tristemente, a sua f teve pouca durao. Na ltima vez que vocs se encontraram, ele esfregou no nariz um jornal com a notcia da condenao de Todd. Por que eu deveria seguir o seu Cristo? , vociferou ele. Vocs cristos so todos iguais. Se a verdade estivesse realmente do seu lado, vocs no teriam de forjar histrias para levar as pessoas a crer!TORCEDORES DA VERDADEAssim como John Todd, o antigo astro cristo, Mike Warnke, apresentou-se como um sumo sacerdote ex-satanista, que guiara mais de 1.500 membros da Irmandade, no sul da Califrnia. Como algum ntimo do Illuminati, principal na administrao do satanismo, Warnke pretensiosamente revela toda a terrvel e as- sustadora verdade sobre o satanismo. Seu livro The Satan Seller pretende contar a histria de como um calouro da faculdade, distinto e frequentador da igreja, foi atrado para o lcool, as drogas e as orgias sexuais, e as obrigatrias Missas Negras do satanismo. A Irmandade o satisfazia com tudo, desde cortinas suntuosas a dois pintinhos num tapete branco. E a sua missa negra era repleta de sacrifcios de animais e altares adornados com nus artsticos.Enquanto prosseguia, a narrativa carregada de 1oyeurismo jorrava daquela imaginao um pouco mais que frtil. Num mundo de fantasia, Warnke obteve poder, sexo e dinheiro, como servo de Satans; no mundo real, ele conquistou o mundo, a carne e o Diabo, sob a aparncia de um servo do Senhor. semelhana de The Satan Seller, o best-seller Stans Underground, de Laurent Stratford, tornou-se uma das principais fontes de promoo, perpetuao e validao do abuso de ritual satnico (SRA), sobrevivente adulto e memrias recalcadas, histeria que atingiu o auge no incio dos anos 90. Todavia, detalhes e documentao revelam que Lauren Stratford , na realidade, Laurel Rose Willson, uma mulher perturbada do Estado de Washington, que passou a maior parte de sua adolescncia e vida adulta inventando historias horrendas de vitimao, por uma variedade de pessoas, em uma variedade de cenrios.Depois que seus contos pornogrficos de abuso de ritual satnico foram expostos como invenes, Laurel Willson simplesmente reinventou a si prpria como Laura Grabowski, uma sobrevivente judia do Holocausto. Antes, ela apontava para as cicatrizes de sua automutilao como sendo obra de seus pais abusivos, dos porngrafos ou dos satanistas; agora, ela aponta para as cicatrizes nos braos e sussurra: Filhos de Mengele, como sendo obra do Dr. Mengele e de suas experincias mdicas. Aqueles que descreem de sua histria so apelidados de pees numa vasta conspirao satnica.Desafortunadamente, estas histrias no so anomalias. Sob a aparncia de verdade, os cristos transmitiram a lenda da converso de Darwin no leito de morte; boicotaram a Proctor & Gamble, porque seu presidente supostamente confessara a ligao de sua companhia com o satanismo; defenderam a historicidade dos Evangelhos atravs de falsificaes famosas, como a carta de Pilatos; discutiram a inspirao das Escrituras sobre as bases de cdigos bblicos enterrados; divulgaram o conto de James Bartley, que foi supostamente engolido por uma baleia, para sustentar a histria bblica de Jonas; difundiram a histria de cientistas descobrindo o inferno na Sibria, para respaldar o ensinamento bblico a respeito do tormento eterno; perpetuaram a lenda urbana de que a NASA descobriu o Dia Perdido de Josu e empregaram um jornalismo piegas para fazer circular uma infinita variedade de histrias de ressurreio. semelhana das crnicas de Os Guinness em Time for Truth, tais histrias criativas so epidemia tambm na cultura mais aberta. Ela vai desde as notcias da NBC sobre a exploso dos caminhes da General Motors, que mais tarde descobriu-se ser um embuste, histria fabricada do rapto de Norma McCorvey (AKA Jane Roe), encorajada pelos lderes pr-aborto, que foi to til na deciso da Suprema Corte americana, em 1973, Roe v. Wade. Estas tticas de torcer a verdade so inevitavelmente justificadas pela Verdade Maior que o produtor de filmes Oliver Stone usou, ao defender o fato em um de seus filmes: Mesmo se eu estiver totalmente errado... ainda estou certo... Estou essencialmente certo porque estou descrevendo o Mal com M maisculo.O QUE A VERDADE?Numa era em que as fabricaes da Internet viajam meio caminho volta do mundo, antes que a verdade tenha uma chance de pr os pingos nos is, as palavras de Paulo soam atravs dos sculos com urgncia dobrada: Estai, pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade (Ef 6.14). Uma vez que os seus lombos esto no centro do seu corpo, a verdade fundamental para a armadura de Deus. Sem ela, a armadura que o protege do mal simplesmente cairia, deixando-o nu e vulnervel.Mas o que a verdade? Foi justamente esta a pergunta que Pncio Pilatos fez a Jesus (veja Jo 18.38). Ironicamente, ele esteve face a face com a verdade, e no a percebeu. A gerao ps-moderna est na mesma posio. Olha para a verdade, mas falha em reconhecer a sua identidade.A verdade, como as outras peas da armadura, na realidade um aspecto da natureza do prprio Deus. Portanto, cingir-se com o cinturo da verdade cingir-se de Cristo, pois Cristo a verdade (Jo 14.6), e os cristos so os portadores da verdade. Conforme explicado por Os Guinncss, o cristianismo no a verdade porque funciona (pragmatismo); no a verdade porque sente que est certo (subjetivismo); no a verdade porque a minha verdade (relativismo). Ele a verdade porque acha-se ancorado na pessoa de Cristo. A f crist no a verdade porque funciona; ela funciona porque a verdade. Ela no a verdade porque a experimentamos; ns a experimentamos profunda e gloriosamente porque ela a verdade. No simplesmente a verdade para ns; a verdade para qualquer um que a busca, pois a verdade verdade mesmo se ningum acredita nela, e a falsidade falsidade mesmo se todos nela acreditam. por isso que a verdade no se rende opinio, moda, nmeros, posto ou sinceridade ela simplesmente a verdade, e ponto final.A verdade essencial a uma viso de mundo realstica.Alm disso, a verdade essencial a uma viso de mundo realstica. No momento em que tiramos o cinto da verdade, a nossa viso da realidade torna-se seriamente distorcida. As teorias de conspirao de Todd, os contos voyeursticos de Warnke e as memrias reprimidas de abuso de ritual satnico, de Stratford, envolvem sofisma, sensacionalismo e superstio, assim como os demnios sexuais de Larson, os demnios mordedores de Anderson, e os demnios da morte, de Arnold.Sem dvida, Satans est to contente com ministros que insinuam que os demnios so literalmente smbolos de humanidade de homem para homem, como est satisfeito com aqueles cuja demonologia movida por esteretipos de Hollywood. No livro Lord Voulgrns Letters, de Randy Alcorn, Lord Foulgrin informa a seu substituto demonaco que podemos beneficiar-nos de qualquer viso de ns, menos da verdadeira. Tente cuidadosamente descobrir a sua demonologia, e desenvolva-a da maneira mais vantajosa. Certifique-se de que a sua viso de ns provenha do ceticismo, da negao, ignorncia, superstio, lenda, literatura, espiritismo, cultura popular, ou qualquer combinao disso. Deixe-a vir de qualquer e de toda coisa, menos do livro proibido.Finalmente, tirar o cinto da verdade expor-se ao perigo. Se voc pensa que foi exorcizado do demnio da bulimia, voc achar que descobriu uma soluo fast-food para.um problema de longa data. Se voc acredita que foi liberto do demnio do cncer, voc achara que no mais precisa de intervenes mdicas. E s voc supe que libertou algum do demnio de homicdio, achar que a pessoa deixou de ser uma ameaa a si mesma ou sociedade.Pense novamente, por um instante, no assassinato de Edmund Fabian. Conforme documentado por Grace, o assassino de seu marido era um esquizofrnico comum. Quando estava sob medicao, era calmo e lcido; quando no, as vozes em sua cabea retornavam.Imagine o que teria acontecido se algum supusesse que o assassino de Edmund fosse algum possudo por Satans, em vez de um psictico. Imagine que o remdio escolhido fosse a libertao, em vez de medicao. Suponhamos que aps o exorcismo, o assassino no mais fosse considerado uma ameaa sociedade. Afinal, ele fora liberto do demnio que o levara a fazer aquilo.Imagine, alm disso, que a justia discordasse dos exorcistas cristos, e diagnosticasse o assassino de Edmund com psicose esquizofrnica, em vez de possesso satnica. Imagine que ele fosse posto sob medicao, c mandado de volta sociedade. Agora imagine o inimaginvel. Imagine o assassino de Edmund parando de tomar seus remdios, as vozes retornando e, novamente, ele com sangue nas mos.Agora pare de imaginar! O assassino de Edmund foi de fato trazido de volta aldeia. Ele parou de controlar com remdios os seus acessos psicticos. As vozes voltaram sua cabea, e ele tirou outra vida. Desta vez, a sua prpria. De fato, o cinturo da verdade essencial a uma viso de mundo realstica. Quando a sua fivela se quebra, a armadura cai. A realidade c nublada. O inimaginvel acontece. CAPTULO 4 A ARMADURA DA JUSTIAEstai, pois, firmes... vestida a couraa da justia. (Ef 6.14)A pergunta deveria ter sido: Pode a Igreja Catlica ajudar a salvar a sociedade? Em vez disso, em grandes letras sobrepostas imagem de um padre envergonhado, a indagao era: Pode a Igreja Catlica salvar a si mesma? A revista Time de 1 de abril de 2002 noticiava uma epidemia de abusos sexuais e o encobrimento da verdade, que abalaram, at ao ncleo, a Igreja Catlica Romana. Pior ainda, as prticas sexuais dos sacerdotes predatrios lanaram uma sombra funesta sobre o prprio cristianismo. Seu comportamento despedaou vidas, destruiu a confiana e marginalizou a credibilidade da igreja.Poucos se interessam em saber por que Paulo insiste para estarmos firmes... vestida a couraa da justia (Ef 6.14). A verdade sem a justia repugnante. No importa quo correta seja a nossa viso de mundo, ou resplendente a nossa ortodoxia; se ela no for ligada justia, perdemos a autoridade moral para falar. Nas palavras do escritor puritano William Gurnall, Um julgamento ortodoxo vindo de um corao profano e de uma vida mpia to repulsivo quanto seria uma cabea humana sobre os ombros de uma besta. O miservel que conhece a verdade, mas pratica o mal, pior que o ignorante.A justia o mago do cristianismo resumido numa nica palavra.Era inconcebvel a um soldado romano enfrentar um inimigo sem estar usando uma couraa. De igual modo, temerrio lutarmos com o inimigo de nossas almas sem a couraa da justia firmemente em seu lugar. Da mesma forma que a couraa, ou um colete prova de balas, um protetor fsico para o corao, assim a couraa da justia para ele um protetor espiritual. Sem ela, somos impotentes na guerra invisvel.A justia o mago do cristianismo resumido numa nica palavra. As foras das trevas esto determinadas a frustr-la. A estrela brilhante da manh (Ap 22.16) veio para cumpri-la. Justia o assunto da Carta aos Romanos. Na verdade, esta carta bem poderia ser chamada de couraa da justia, porque [no evangelho] se descobre a justia de Deus de f em f, como est escrito: Mas o justo viver da f (Rm 1.17). Mas, agora, se manifestou, sem a lei, a justia de Deus, tendo o testemunho da Lei e dos Profetas (3.21). Isto , a justia de Deus pela f em Jesus Cristo para todos e sobre todos os que creem (3.22).Antes de tudo, a couraa da justia protege contra a justia prpria. As Escrituras comparam a justia prpria a trapos de imundcie (Is 64.6). Todo artificio religioso baseado em justia prpria tenta tornar-se suficientemente bom diante de Deus. Romanos, contudo, refuta os remdios religiosos, ensinando que Deus imputa a justia sem as obras (Rm 4.6, nfase do autor). O que Martinho Lutero descreveu como o porto do cu acha-se resumido nas palavras: O justo viver da f (cf. Rm 1.17; 3.28).Paulo comea a Epstola aos Romanos retratando a brecha entre Deus c o homem: Porque todos pecaram, e destitudos esto da glria de Deus (Rm 3.23). E prossegue declarando que o abismo entre o nosso pecado e a justia de Deus no pode ser resolvido pela observncia da lei. Conclumos, pois, que o homem justificado pela f, sem as obras da lei (Rm 3.28). O apstolo finaliza demonstrando que a f possuda por Abrao lhe foi imputada como justia (Rm 4.9). E acrescenta: No s por causa dele est escrito que lhe fosse tomado em conta, mas tambm por ns, a quem ser tomado em conta, os que cremos naquele que dos mortos ressuscitou a Jesus, nosso Senhor (Rm 4.23,24).Ademais, vestimos a justia como uma couraa, tornando-nos escravos da justia. Paulo assevera: Mas graas a Deus que, tendo sido servos do pecado, obedecestes de corao forma de doutrina a que fostes entregues. E, libertados do pecado, fostes feitos servos da justia. Falo como homem, pela fraqueza da vossa carne; pois que, assim como apresentastes os vossos membros para servirem imundcia e maldade para a maldade, assim apresentai agora os vossos membros para servirem justia para a santificao (Rm 6.17-19).Aqueles que desejam imitar o Tiger Woods no se tornam o famoso jogador de golfe simplesmente usando a mesma marca de tacos. Tampouco vencem o Grand Slam de golfe por meramente dizer o slogan da Nike, Just do it (Apenas faa). Em vez disto, eles tornam-se Tiger Woods atravs da disciplina fsica e mental. Da mesma forma, aqueles que desejam imitar a Jesus Cristo no se tornam semelhantes a Ele simplesmente assumindo a aparncia do cristianismo; tampouco vencem o bom combate por meramente proferir slogans cristos. Em vez disso, tornam-se semelhantes a Cristo oferecendo-se a si mesmos a Deus, como sacrifcio vivo (Rm 12.1). Orao, jejum e sacrifcio caracterizaram a vida de Cristo. Por semelhante modo, estas disciplinas espirituais devem caracterizar a vida daqueles que sinceramente desejam tornar- se semelhantes a Cristo.As disciplinas espirituais devem caracterizar a vida daqueles que sinceramente desejam tomar-se semelhantes a Cristo.As disciplinas espirituais so, com efeito, os exerccios espirituais. Da mesma forma que as disciplinas fsicas de levantamento de peso e corridas promovem a fora e a resistncia, as disciplinas espirituais de abstinncia (isolamento, sacrifcio, simplicidade, etc.) e compromisso (estudo, servio, submisso, etc.) promovem a justia. Tom Landry, antigo tcnico do Dallas Cowboys, frequentemente citado por estas palavras: O trabalho de um tcnico de futebol obrigar os homens a fazer o que no querem, a fim de que alcancem o que sempre quiseram a ser. De modo bem parecido expressa-se Donald Whitney: Os cristos so chamados a obrigar-se a fazer algo que no fariam naturalmente empenhar-se nas disciplinas espirituais a fim de que se tornem o que sempre desejaram ser, isto , semelhantes a Jesus Cristo.O problema com o cristianismo contemporneo que a maioria crist nunca fez a transio da profisso de f ao discipulado. Consequentemente, tais cristos nunca se tornaram servos da justia. Dietrich Bonhoeffer estava certo em ridicularizar a crena fcil, em seu livro The Cost of Discipleship (O Custo do Discipulado). Contudo, conforme observado por DallasWillard, o custo do no- discipulado muito maior ainda.Negligenciar o discipulado e as disciplinas espirituais pelas distraes livres e sensuais dar lugar a uma igreja profana. Tal igreja no tem serventia para o mundo, nem estima entre os homens... uma abominao, riso do Inferno e averso do Cu. E quanto maior a igreja e maior a sua influncia, pior estorvo se torna ao mostrar-se profana. Os piores males vindos sobre o mundo foram trazidos por uma igreja profana. Em The Screwtape Letters (Cartas do Diabo ao seu Aprendiz), de C. S. Lcwis, o tio Screwtape acha-se descontente com Wormwood, porque seu paciente tornou-se cristo. Todavia, conforma-se Screwtape, No preciso desespero: centenas destes adultos convertidos foram recuperados depois de uma breve estadia no acampamento do Inimigo, e agora esto conosco. Todos os hbitos do paciente, mentais e fsicos, ainda esto a nosso favor.Screwtape sabia muito bem que os convertidos que falhassem em abraar a disciplina espiritual e o discipulado falhariam, tambm, em tornar-se semelhantes a Cristo. Dito de outro modo, a menos, e at que, um convertido se torne escravo da justia, no necessrio que se alarmem as foras das trevas.Finalmente, vestir a couraa da justia rejeitar a justia supersticiosa. Esta espcie de justia no preocupa, de maneira alguma, o tentador. Por que preocuparia? Afinal, a mais poderosa arma do arsenal de Satans o subterfgio. Ele alegra-se em fazer-nos presumir que a possesso de nossos corpos a sua maior conquista, quando, na realidade, a nossa justia que ele mais cobia. Desde a criao do homem at hoje, o propsito de Satans tem sido despir-nos de nossa armadura e despojar-nos de nossa justia.Dentre todas as maneiras atravs das quais Satans procurou fazer com que J maldissesse a Deus, ele nunca pediu a Deus para possuir o seu corpo. Conforme Wiliam Gurnall destaca, no foi a piedade que influenciou Satans; ele estava interessado numa aposta bem mais elevada: esperava possuir a alma de J. O Diabo teria ficado mil vezes mais satisfeito se J tivesse blasfemado contra Deus do que se ele, possuindo o corpo do patriarca, lanasse imprecaes atravs dele. Isso teria sido um pecado de J, no do Diabo,A tragdia, hoje, que multides supem ser a justia alcanada por meio da libertao, e no atravs do discipulado. Por conseguinte, os cristos que lutam com a luxria so vistos como possudos pelo demnio da luxria, e a libertao, dizem, a chave para a redeno moral e psicolgica. Tudo, desde a dependncia qumica at o apetite sexual desenfreado, sinal de possesso, com o abono suplementar de que os cristos no mais so responsveis por pecar. O problema, agora, abrigar demnios, e o segredo para a restaurao da justia livrar-se deles.Randy Alcorn habilmente salienta o problema da justia supersticiosa num comunicado oficial de Lord Foulgrin ao seu substituto demonaco, Squaltaint:Meu amado Squaltaint, faa a ral ignorar-nos quando estamos l, e exorcizar-nos quando no estamos. Deixe-os pr as mos sobre as pessoas e expulsar o demnio da solido, o demnio da dor nas costas, o demnio das pedras nos rins, e o demnio da constipao. Isto no apenas uma distrao do nosso trabalho principal em suas mentes e em sua moral, como tambm e uma bonificao pois por causa de sua tolice, outros concluem: esta coisa de demnio uma bobagem.Quando eles ponderam na atividade dos demnios, fazem os crentes na Bblia pensar: No passado, sim, mas no agora; l, sim, mas no aqui. Deixe a voragem do tempo e da distncia convenc-los de que, de algum modo, esto alm da guerra csmica.Alegro-me quando no lhes ensinam nada sobre ns, e quando ensinam enganos e excessos a nosso respeito. Deixe-os ver-nos atrs de cada moita, ou atrs de moita nenhuma. Deixe-os ver-nos em cada convulso, deficincia fsica, espuma na boca, ranger de dentes, ou exibio de fora sobre-humana. Ou deixe-os ver-nos em nenhum deles. Deixe-os temer que estejamos em toda parte, ou imaginar que no estamos em lugar algum. fcil esconder-se atrs de rtulos psicolgicos e mdicos. Desordem de personalidade mltipla? Estive l. E obra minha.Afortunadamente, muitos destes expertos em guerra espiritual no sabem o que esto fazendo, mesmo quando publicam manuais de como expulsar-nos. No minimizo o horror deste despejo repentino. E humilhante e desalentador. Na primeira vez que aconteceu, tudo o que pude pensar foi que o Inimigo havia me expulsado para dentro das trevas inferiores antes do tempo.Mas ainda que a expulso emocione, deixa um vcuo. Como eles o enchero? Deixe-os expulsar-nos, ou acreditar que o fizeram, enquanto a gentalha continua fazendo escolhas dirias que nos convidam a voltar. Deixe-os apelidar-nos e amarrar-nos para a satisfao de seus coraes, enquanto distraem o pensamentoe empenham-se em atividades que nos do poder sobre eles.Deixe-os pensar que podemos control-los contra a sua vontade, ou que, por serem cristos, no os podemos influenciar. Ambas as mentiras so teis. Se eles nunca pensam a nosso respeito, ns os temos. Se eles sempre pensam em ns, tambm os temos. Se nos ignoram, so nossos. Obcecados por ns, so nossos. Ter os olhos sobre ns to bom quanto t-los sobre si mesmos. A nica coisa que importa : que no tenham os olhos sobre Ele.O Livro nunca lhes disse para repreender um espirito de dissenso, mas para concordarem e serem unidos num s esprito. Nunca lhes ordenou repreender um demnio de incesto, mas que o ofensor deve arrepender-se e mudar seu comportamento, ou ser banido.Podemos dar um curto-circuito no discipulado, dizendo-lhes que eles podem quebrar exemplos de pecado simplesmente proferindo palavras mgicas, e no progredindo em atos de obedincia. Quem precisa de responsabilidade e disciplina para estabelecer novos modelos de pureza, quando eles podem, simplesmente, expulsar o demnio da luxria? .... Estive em cultos de libertao, onde alimentei uma torrente de informaes falsas. Voc no pode imaginar quantos deles acreditam no que eu digo, mesmo quando me repreendem como um esprito de mentira!Vi um captulo inteiro de um livro transmitindo informaes fornecidas por mim a maioria delas eu compus enquanto tentavam exorcizar-me! Algum disse ingnuo? .... No so as vibraes de poder nem as declaraes impetuosas de nossa derrota que me assustam; so as oraes secretas por santidade pessoal e o render-se ao Inimigo. E bem melhor quando eles focam em ns que quando olham para o prprio corao, ou pedem ao Inimigo para limp-los...Nunca amedrontado por sua performance ostensiva, Lord FoulgrinExamine-se a si mesmo. Voc sofre de justia prpria Vista a couraa da justia, abraando a justia do Salvador. Voc j se tornou um servo da justia, ou ainda um escravo do pecado? Vista a couraa da justia, praticando as disciplinas espirituais. A sua justia c baseada em superstio ou nas Escrituras? Use a couraa da justia, mudando o seu foco da libertao para o discipulado. Devemos estar sempre conscientes de que a justia, assim como a verdade, acha-se enraizada na prpria natureza de Deus. Uma vez que Deus se revestiu de justia, como de uma couraa (Is 59.17), os seus representantes devem refletir esta justia em seu viver cotidiano.A tragdia, hoje, que multides supem ser a justia alcanada por meio da libertao, e no do discipulado.

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