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INSTRUMENTOS
Luciano Freitas é profissional de áudio, fez
curso de piano erudito, Full Mastering no Füller
Studios (Miami). É técnico em áudio na Pro
Studio Americana e foi professor de teclado no
Conservatório Musical Joelson Vieira.
A ARTE
egundo a Psicoacústica, ciência
que estuda a relação das leis físi-
cas com a captação e interpretação
dos sons pelo ser humano, esse fato
está aliado à localização das células
ciliares dentro de nossa cóclea. Essas
células são seletivas, ou seja, há dife-
rentes células para captarem diferen-
tes faixas de freqüências, e as respon-
sáveis pela captação dos médios en-
contram-se logo em sua extremidade
seguidas das que captam os agudos e lá
em seu interior as que captam os gra-
ves. Graças a essa disposição, nossos
ouvidos são muito mais sensíveis nas
freqüências entre 1.000Hz a 5000Hz
(médios) e mais deficientes na per-
cepção das baixas freqüências. Segun-
do as curvas de audibilidade e o fato
de nossa interpretação auditiva obe-
decer a uma escala logarítmica, ao ou-
virmos um sinal em 1.000Hz precisa-
mos em média de 30% mais energia
acústica para conseguirmos a mesma
sensação auditiva com um sinal de
50Hz. Devido a essa dificuldade natu-
ral de interpretação das freqüências
graves pelo ouvido humano aliada à
dificuldade dos transdutores (alto-
falantes) domésticos reproduzirem as
mesmas, muitos fabricantes desen-
volveram diferentes técnicas a fim de
otimizar sua reprodução.
Talvez a tecnologia mais utilizada
no grupo dos processadores psicoacús-
ticos seja a dos Exciters (ou Enhan-
cers) que, desde a década de 70, distin-
gue a sonoridade de diversas gravações
profissionais de sucesso, atingindo um
estatuto lendário ao longo dos anos,
graças às suas possibilidades sônicas.
Outrora, utilizado freqüentemente
para compensar as insuficiências da
tecnologia analógica, essa tecnologia é
hoje, em plena era digital, uma arma
secreta de técnicos e engenheiros de
áudio quando se trata de elaborar pro-
duções atuais que satisfaçam as exi-
gências auditivas contemporâneas.
S
DE ENGANARnossosCertamente muitos denós já paramos umdia para nosperguntar o porquê denossos ouvidos nãonos oferecerem umaresposta plana dentroda faixa defreqüênciaspercebidas peloouvido humano, entre20Hz e 20.000Hz
ouvidosouvidos
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Esses equipamentos realçam o som
mediante alterações de sinal que po-
dem ser sentidas subjetivamente co-
mo melhoramento sonoro. Para isso
são aplicados maioritariamente algo-
ritmos baseados na sensibilidade audi-
tiva humana e que influenciam a na-
tureza e a seqüência temporal dos si-
nais de áudio sem alterar a relação efe-
tiva de nível sonoro. Ou seja, diferen-
tes de um equalizador ou compressor,
esses processadores aumentam a sen-
sação auditiva sem alterarem a inten-
sidade dos níveis musicais.
Vejamos como vários fabricantes
tentam, por meio de suas tecnologias,
enganar nossos ouvidos :
APHEX 204Além de trazer o famoso Aural
Exciter (histórico exciter para agu-
dos), esse equipamento traz outra
tecnologia patenteada pela marca, o
Big Bottom, com ferramentas capazes
de proporcionar graves mais podero-
sos e fortes, incrementando densida-
de e sustain, livre de adicionar picos
de saída. Enquanto equalizadores e
geradores de subarmônicos aumen-
tam a quantidade de energia, poden-
do acarretar em saturação do sinal, o
Big Bottom, através de sua cadeia de
circuitos, aplica processadores de di-
nâmica, de fase e filtros de passagem
de altas freqüências variáveis criando
um sinal que será somado a outro não
modificado (original), produzindo o
sinal de saída processado.
Seus controles permitem ajustar o
contorno dos graves entre 50hz a
190Hz, a quantidade de harmônicos
inseridos e de sinal processado mistu-
rado ao original, otimizando dinami-
camente a fim de isolar e valorizar
complexas freqüências da extremida-
de baixa (principalmente entre 20hz
a 120Hz), proporcionando notas
mais ressonantes e profundas.
BEHRINGER SX3040Seu processador de graves não
chega a ser um exciter, pois funciona
como um compressor seletivo de fre-
qüências. A margem dessas freqüên-
cias é ajustável (entre 50Hz e 160Hz)
e, dependendo de sua dinâmica, é
comprimida e misturada ao sinal ori-
ginal com posição de fase retardada.
Por meio do processo de compressão,
os níveis dos picos têm seus tempos
de sustentação prolongados, portan-
to, são percebidos mais intensamen-
te. A deslocação de fase provoca um
enriquecimento dos graves, parecido
com o efeito Chorus.
Seu verdadeiro exciter é utilizado
para a região dos agudos, abrangendo
freqüências entre 1.3KHz e 10KHz.
PEAVEY KOSMOS V2Esse equipamento faz parte da ter-
ceira geração de subarmonizers dessa
empresa. Seus algoritmos geram um
sinal com uma oitava abaixo do grave
original, proporcionando, segundo o
fabricante, o impacto sentido quando
nos posicionamos bem em frente a
um PA. Possui uma saída dedicada
para subwoofers que oferece um filtro
de passagem baixa em 90Hz (quando
esse filtro está ativo é possível tam-
bém cortar as freqüências subar-
mônicas das saídas principais). Sua
tecnologia dinâmica de fase progres-
siva (a mesma presente em seus ante-
cessores Kosmos e Kosmos Pro), utili-
zada para manipular graves e também
agudos, ajuda a mascarar os efeitos ma-
léficos comuns em sonorizações como
cancelamentos de fase e comb filters.
Além do processamento das baixas
freqüências, o equipamento contribui
para o enriquecimento da imagem
estéreo do material sonoro.
FOCUSRITE COMPOUNDERPodemos classificar esse equipa-
mento como um processador de dinâ-
mica estéreo. Possui compressor,
Talvez a tecnologia mais utilizada no grupo dosprocessadores psicoacústicos seja a dos Exciters (ouEnhancers) que, desde a década de 70, distingue asonoridade de diversas gravações profissionais de
sucesso
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expander gate, limiter e uma ferra-
menta pouco comum nesses equipa-
mentos, um Bass Expand. Esse dispo-
sitivo é muito eficaz em alguns estilos
musicais que possuem muita energia
predominante na região das baixas
freqüências (como várias vertentes
da dance music). Essa energia, na
maioria dos casos, faz com que o com-
pressor trabalhe fortemente nessa re-
gião proporcionando aparente perda
de graves e sendo pouco eficaz nos
médios e agudos. Para solucionar esse
problema, o Bass Expand proporcio-
na que certa quantidade dessas baixas
freqüências passe pelo compressor
imune aos seus efeitos, po-
dendo enfatizar essa região
como desejado. Ao passar por
esse circuito, o equipamento
gera harmônicos de caracte-
rísticas similares às acrescen-
tadas com a saturação de gra-
vadores de fitas e equipa-
mentos vintage que utilizam
transformadores em seu flu-
xo de sinal. Ainda em seus controles,
o usuário poderá elevar a freqüência
do filtro dos graves, incrementando o
conteúdo dos harmônicos superiores
e obtendo grave com maior impacto.
WAVES MAXX BASSVerificando os órgãos de tubos, ge-
ralmente encontrados em igrejas, os
engenheiros da Waves perceberam
que ao serem reproduzidas suas notas
mais graves, parte de sua energia era
direcionada também aos tubos me-
nores. Essa foi a pedra fundamental
da tecnologia Maxx Bass que, além de
adicionar uma série harmônica à fre-
qüência fundamental, ainda reduz
sua intensidade, exigindo menos es-
forço dos amplificadores e proporcio-
nando graves muito mais robustos e
articulados, mesmo em transdutores
caseiros que quando conseguem re-
produzir freqüências a partir de 60Hz
são raras exceções. Um crossover indi-
ca qual a freqüência de corte do pro-
cessador, ou seja, a freqüência funda-
mental da qual terão origem os har-
mônicos, que serão na seqüência adi-
cionados ao sinal original por meio de
volumes individuais. A Waves coloca
a tecnologia Maxx Bass disponível em
seus hardwares (107, 102, 103, e Maxx
BCL) e também em seus softwares
(Maxx Bass, Renaissance Bass e Maxx
Player), todos com a mesma qualidade,
para escolha mais coerente conforme
sua necessidade e aplicação.