SÉRIE ARTE/ reflexão Arte da Imagem, Arte da Música e Arte do Pensamento ANTE A LIÇÃO AGO/2011.
A Arte Mnemônica
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A arte mnemônica
Baudelaire compara a arte perfeita como uma barbárie inevitável, sintética e infantil
que se resulta da necessidade de ver as coisas de maneira ampla e a considerálas no seu
efeito de conjunto. Assim C.G. traduzindo fielmente suas próprias impressões, marca com
uma energia instintiva os pontos culminantes ou luminosos de um objeto, ou suas próprias
características algumas vezes com exagero útil para a memória humana. A imaginação do
espectador, submetendose por sua vez a essa mnemônica tão despótica, vê com nitidez a
impressão produzida pelas coisas sobre o espirito de C.G. O espectador é aqui o tradutor
de uma tradução sempre clara e inebriante.
O método de desenhar de C.G. é de memória. Sua execução é evidenciada em
duas partes: a primeira, um esforço de memória ressurreicionista, evocadora; e a outra, um
fogo, uma embriaguez de lápis, de pincel, que se assemelha quase a um furor. É o medo de
não agir com suficiente rápido, de deixar o fantasma escapar antes que sua síntese tenha
sido extraída e captada.
C.G. começa por leves indicações a lápis, apenas indicando a posição que os
objetos devem ocupar no espaço. Os planos principais são indicados em seguida por tons
em aguada, massas de inicio coloridas vagamente, levemente, porém retomadas mais tarde
e carregadas sucessivamente com cores mais intensas. No último momento, o contorno dos
objetos é definitivamente delineado com tinta.
Os anais da Guerra
Apesar de C.G, recorrer à sua memória em vez dos modelos para pintar, há raras
exceções em que ele tem que fazer breves anotações e rascunhos, que são os casos de
guerras. A Búlgaria, a Turquia, a Criméia e a Espanha são segundo Baudelaire grandes
festas para os olhos de C.G.
Pompas e Solenidades
A Turquia forneceu admiráveis motivos de composições ao C.G.: as festa de Bairam
C.G. pinta admiravelmente o fausto das cenas oficiais, das pompas e solenidades
nacionais, não de modo frio e didático, como os pintores que vêem nessas obras fardos
lucrativos, mas com todo o ardor de um homem apaixonado pelo espaço, pela perspectiva,
pela luz que envolve ou explode e se fixa em gotas ou centelhas nas asperezas dos
uniformes e dos trajes da corte.
Os movimentos populares, os clubes e as solenidades de 1848 forneceram igualmente a
C.G. uma série de composições pitorescas, a maior parte delas gravada pelo Illustrated
London News.
O Militar
O gênero de temas preferidos por C.G. é a pompa da vida, tal como ela se oferece
nas capitais do mundo civilizado, a pompa da vida militar, da vida elegante e galante. Ele
mostra uma predileção muito acentuada pelo militar, pelo soldado. Para Baudelaire, essa
propensão se dá não somente às virtudes e qualidades que passam forçosamente da alma
do guerreiro para sua atitude e rosto, como também ao paramento vistoso com que sua
profissão o reveste.
O militar tem seu sinal particular de beleza na despreocupação marcial, mesclando
placidez e audácia; é uma beleza que decorre da necessidade de estar pronto para morrer
a cada minuto.