A atualidade da Retórica

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A atualidade da Retórica e seus estudos: encontros e desencontros Lineide Salvador Mosca Universidade de São Paulo Muito se tem falado da revitalização da Retórica em nossos dias. Mas o que é que isso significa exatamente? Teria ela se desvirtuado ao longo de sua trajetória ou teria sido mal compreendida pelos seus detentores e usuários? Talvez tudo isso conjuntamente e outras questões com que ela se deparou em sua conturbada existência. De fato, restrições no modo de entender a sua natureza foram responsáveis, a maior parte das vezes, por crises e mal-entendidos que afastaram esta velha ciência, uma das mais prestigiadas na Antigüidade, de seu projeto inicial, tal como concebido e sistematizado por Aristóteles. Uma vez definidos os seus limites, como teoria do discurso persuasivo, e o seu alcance, como um estudo das possibilidades e recursos com vistas à persuasão e a seus efeitos, estamos diante dos traços que a configuram e balizam a sua própria razão de ser. Na medida em que uma determinada prática discursiva cumpre a sua finalidade com eficácia, ela constitui uma construção retórica e os participantes dela, seja na condição de produtores ou co-produtores, farão também uma leitura retórica nesse circuito, de que resultará o bom êxito do empreendimento em questão. É comum, na Lingüística Textual, definir-se texto como uma unidade de comunicação, ao que se pode acrescentar o fato de que esta deve cumprir um determinado objetivo, daí a importância dos recursos e dos procedimentos a serem mobilizados para tanto. Longe estamos, portanto, de considerar as escolhas necessárias a cada situação discursiva como meros expedientes ou requintes de expressão. São bastante reveladores, nesse sentido, os usos que o termo retórico(a) vem assumindo em nossos dias, sobretudo nos meios de comunicação, quando se diz, a retórica da ONU, a retórica do presidente etc, quase que equivalentes a discurso, tal como este é concebido nas diversas abordagens das ciências da linguagem. Trata-se do conjunto de fatores que presidem a produção de uma manifestação discursiva, ou seja, de uma proposta de visão da realidade e dos recursos mobilizados para viabilizá-la, daí a identificação de Retórica, num sentido amplo, com Discurso, aproximando-se o texto, ou melhor, a textualidade, de seu sentido específico, a manifestação concreta, na busca dos

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Reteorica

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  • A atualidade da Retrica e seus estudos: encontros e desencontros

    Lineide Salvador Mosca Universidade de So Paulo

    Muito se tem falado da revitalizao da Retrica em nossos dias. Mas o que que isso

    significa exatamente? Teria ela se desvirtuado ao longo de sua trajetria ou teria sido mal

    compreendida pelos seus detentores e usurios? Talvez tudo isso conjuntamente e outras

    questes com que ela se deparou em sua conturbada existncia.

    De fato, restries no modo de entender a sua natureza foram responsveis, a maior parte das

    vezes, por crises e mal-entendidos que afastaram esta velha cincia, uma das mais prestigiadas na

    Antigidade, de seu projeto inicial, tal como concebido e sistematizado por Aristteles. Uma vez

    definidos os seus limites, como teoria do discurso persuasivo, e o seu alcance, como um estudo

    das possibilidades e recursos com vistas persuaso e a seus efeitos, estamos diante dos traos

    que a configuram e balizam a sua prpria razo de ser.

    Na medida em que uma determinada prtica discursiva cumpre a sua finalidade com eficcia,

    ela constitui uma construo retrica e os participantes dela, seja na condio de produtores ou

    co-produtores, faro tambm uma leitura retrica nesse circuito, de que resultar o bom xito do

    empreendimento em questo. comum, na Lingstica Textual, definir-se texto como uma unidade

    de comunicao, ao que se pode acrescentar o fato de que esta deve cumprir um determinado

    objetivo, da a importncia dos recursos e dos procedimentos a serem mobilizados para tanto.

    Longe estamos, portanto, de considerar as escolhas necessrias a cada situao discursiva

    como meros expedientes ou requintes de expresso. So bastante reveladores, nesse sentido, os

    usos que o termo retrico(a) vem assumindo em nossos dias, sobretudo nos meios de

    comunicao, quando se diz, a retrica da ONU, a retrica do presidente etc, quase que

    equivalentes a discurso, tal como este concebido nas diversas abordagens das cincias da

    linguagem. Trata-se do conjunto de fatores que presidem a produo de uma manifestao

    discursiva, ou seja, de uma proposta de viso da realidade e dos recursos mobilizados para

    viabiliz-la, da a identificao de Retrica, num sentido amplo, com Discurso, aproximando-se o

    texto, ou melhor, a textualidade, de seu sentido especfico, a manifestao concreta, na busca dos

  • Retrica. Actas do I Congresso Virtual do Departamento de Literaturas Romnicas Rhetoric. Proceedings of the First Virtual Congress of the Romance Literature Department A atualidade da Retrica e seus estudos: encontros e desencontros Lineide Salvador Mosca meios mais eficientes para o convencimento do que se pretende atingir e a conseqente adeso a

    esse propsito.

    Um retrospecto na trajetria que a Retrica percorreu ao longo de sua histria pode apontar

    em que circunstncias isto se dava e quais as diversas funes que lhe foram sendo atribudas. Da

    oralidade inicial, dos espaos amplos e do pblico no especfico, estendeu-se a sua atuao para

    alm do texto oral, efetuando-se tambm nas manifestaes escritas e nos mais diversos gneros

    discursivos. Destes, talvez os mais legtimos representantes na atualidade sejam o discurso

    jurdico, herdeiro direto das primeiras ocorrncias em que se defendia a posse das terras na Siclia

    contra os invasores; o publicitrio, pelo direcionamento que impe e pela nfase em seu pblico-

    alvo; e o poltico, na acepo ampla que o termo recobre, uma vez que lhe cabe defender o bem

    comum, mostrar o que til ou nocivo coletividade, entre outras coisas relevantes.

    Cabe, pois, destacar a diversidade de seu campo de atuao, uma das razes de sua

    fecundidade hoje, alm do fato de situar-se em pleno terreno da controvrsia, da discusso e do

    debate, portanto de estar sintonizada com os conflitos de nossos tempos. Assim que, nos

    enfoques contemporneos, a Retrica, conhecida por Nova Retrica, superpe-se Teoria da

    Argumentao, dado o espao de conflito e de confronto em que convocada a atuar. Seu campo

    propcio este, com base no verossmil, naquilo que razovel e provvel, diferentemente das

    demonstraes lgicas e matemticas.

    Por que se denominaria Nova, quando se sabe muito bem que o ncleo duro, ou seja, os

    pontos fundamentais, permanecem os mesmos propugnados em seu surgimento? Vale dizer, tem

    sua base em raciocnios dialticos, na juno do intelectivo e do afetivo, no acordo como ponto de

    partida entre orador e auditrio, no convencimento e na persuaso, vlidos em todos os nveis, do

    cotidiano ao mais abstrato, enfim, na adeso pretendida. Esta uma questo que deve ser

    colocada quando se trata de avaliar a situao atual dos estudos retricos. Se h uma parte

    comum, como constante da prpria natureza da Retrica, por outro lado acrscimos se vm

    fazendo medida que outras abordagens vo se formando no interior das Cincias da Linguagem,

    tais como a considerao pragmtica, a teoria dos atos de fala, a perspectiva sociocognitivo-

    interacionista. Desta ltima, sobretudo, significativo o aporte que tem trazido no domnio da

    compreenso do mecanismo do pensamento e da produo de linguagem, tida como mediadora.

    Amplia-se, pois, o campo de pesquisa, ao longo desses anos, ao mesmo tempo em que os

    trabalhos da argumentao se tornam mais apurados, voltando-se para diferentes tipos de

    auditrios. A partir de dados da retrica tradicional, a retrica de procedncia perelmaniana aceita

    o fato de que algumas argumentaes so dirigidas ao convencimento de todo tipo de auditrio,

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  • Retrica. Actas do I Congresso Virtual do Departamento de Literaturas Romnicas Rhetoric. Proceedings of the First Virtual Congress of the Romance Literature Department A atualidade da Retrica e seus estudos: encontros e desencontros Lineide Salvador Mosca visto como universal, enquanto outras destinam-se a persuadir determinados grupos em sua

    particularidade, de onde a diversificao cada vez maior dos pblicos atingidos.

    Dentro desse quadro, inevitvel que os estudos retricos, em suas novas verses, venham

    redistribuindo as suas funes, tais como o aprofundamento da Teoria da Argumentao,

    postulada por Cham Perelman & Tyteca, da Universidade Livre de Bruxelas, com

    desenvolvimentos atuais de Michel Meyer, A. Lempereur e outros; os trabalhos do Grupo , da Universidade de Lige na Blgica, que se aplicaram tambm a outras linguagens no verbais; as

    pesquisas do GRIC, da Universidade Lyon II, com Christian Plantin, Kerbrat-Orecchioni e outros,

    no que toca argumentao e interao; a Escola de Genebra, com o estudo dos elementos

    afetivos nas trocas comunicaticas; o Grupo holands, representado por Grootendorst e Van

    Eemeren; a retrica integrada de O. Ducrot e seus colaboradores, como Jean-Claude Anscombre;

    os trabalhos de Olivier Reboul, Ruth Amossy; de Manuel Carrilho, Rui Grcio, Eduardo Guimares

    e outros. Na vertente saxnica, cabe citar Stephen Toulmin, que publicou The Uses of Argument,

    na mesma data do Trait de lArgumentation, de Perelman (1958), Kenneth Burke, A Rhetoric of

    Motives, da dcada de 50 e republicada em 1969 pela Universidade da Califrnia, Berkeley, alm

    de outros.

    Alguns fatos foram sendo corrigidos ao longo dessa trajetria, como a questo da eloqncia

    gratuita, a nfase nos processos mnemotcnicos, a aceitao daquilo que Aristteles denominava

    provas tcnicas somente depois de exploradas as tcnicas discursivas, a abolio das fronteiras

    rgidas dos gneros do discurso, devido especialmente ao surgimento de gneros hbridos e de

    novos formatos ditados pelas transformaes tecnolgicas ou trazidos pela inventividade humana.

    Por outro lado, entroniza-se nos estudos da linguagem e nos demais campos das cincias

    humanas a preocupao com a subjetividade, tanto no que toca ao orador como ao auditrio,

    enfim, com a intersubjetividade desenvolvida entre ambos. Como ao sobre o entendimento e a

    vontade, a retrica conjuga as capacidades intelectivas e afetivas, considerando-as indissociveis,

    o que possibilita a interveno de fatores subjetivos na construo dos sujeitos e de seus

    discursos.

    Numa avaliao primeira do estado atual da Retrica, ou seja, de seu estatuto no conjunto dos

    estudos da linguagem e dos sistemas de significao, assim como das funes que lhe cabe

    cumprir, pode-se afirmar que a sua vitalidade se deve proposta de caminhos e alternativas, para

    os quais se buscam os meios mais eficientes de convencimento e de expresso.

    Nas situaes de interdependncias internacionais em que vive o mundo contemporneo, faz-

    se necessrio gerenciar e superar conflitos, construindo normas negociadas de convivialidade.

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  • Retrica. Actas do I Congresso Virtual do Departamento de Literaturas Romnicas Rhetoric. Proceedings of the First Virtual Congress of the Romance Literature Department A atualidade da Retrica e seus estudos: encontros e desencontros Lineide Salvador Mosca quando se faz sentir o conceito de retrico como o lugar onde se cruzam, se separam e se

    confrontam diferentes pontos de vista, diversas vises de mundo, de tendncias e de preferncias.

    Aqui se incluem questes ticas, estticas e campos afins, passveis de controvrsia e aos quais

    somente por um acordo prvio ou assentimento torna-se vivel qualquer negociao. A velha

    captatio benevolentiae dos modelos retricos tradicionais ainda desempenha aqui importante

    papel. Estende-se ela at mesmo ao prprio sistema organizacional de eventos e reunies, em que

    jantares, brindes, cafezinhos propiciam um clima favorvel ao encaminhamento das questes e s

    negociaes delas decorrentes.

    O cidado ou cidad contemporneos tm hoje que desenvolver o que se pode chamar de

    competncia retrica nesse processo em que o conhecimento e as trocas se fazem de modo

    interativo. Assim como h uma construo retrica do mundo, h tambm uma leitura retrica a

    empreender, ligada aos conhecimentos prvios das partes em questo, aos seus universos de

    representaes e s projees de suas expectativas e desejos, numa fuso de passado, presente

    e futuro. Aristteles, em sua Retrica1, afirmava que esta se serviria de tudo aquilo que num

    determinado momento fosse capaz de persuadir e teria como finalidade descobrir o que h de

    persuasivo em cada discurso. Perelman & Tyteca, dando continuidade a essa concepo, no

    Tratado da Argumentao2 postulam que o objeto da teoria da argumentao o estudo das

    tcnicas discursivas que permitem provocar ou aumentar a adeso dos espritos s teses que se

    apresentam ao seu assentimento, alm de delinear e detalhar a prpria estrutura da

    argumentao.

    Em prosseguimento, Michel Meyer, em seus diversos trabalhos, coloca a questo da distncia

    entre os sujeitos como central, insistindo na funo que a retrica tem na reduo dessa distncia,

    como mediadora das negociaes.

    Conforme se pode constatar, a teoria da argumentao, em suas vrias formas de existncia

    na atualidade, segundo os pontos enfatizados e os campos de atuao, constitui a espinha dorsal

    da Retrica em sua redefinio moderna, no quadro mais amplo da Anlise do Discurso que, por

    sua vez, reporta-se a uma teoria geral da significao. O que h de comum entre as diversas

    abordagens reside no fato de considerarem os traos enraizados na enunciao, bem como a

    inteno dos interlocutores de influenciar o outro, qualquer que seja ele, de alguma maneira. Sob

    essa perspectiva, os estudos da argumentao se voltam no apenas para os textos

    reconhecidamente persuasivos, mas para todo e qualquer tipo de discurso.

    1 Aristteles, Retrica, p. 33. 2 Perelman & Tyteca, Tratado da Argumentao, p. 5.

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  • Retrica. Actas do I Congresso Virtual do Departamento de Literaturas Romnicas Rhetoric. Proceedings of the First Virtual Congress of the Romance Literature Department A atualidade da Retrica e seus estudos: encontros e desencontros Lineide Salvador Mosca

    A Semitica, definida inicialmente por Greimas3 como sistema de significaes, apresenta um

    arcabouo terico capaz de situar a Retrica no processo de produo do sentido, podendo-se

    estabelecer pontos de contacto entre os seus princpios. O reconhecimento das chamadas partes

    do discurso, que inclui a inventio, a dispositio, a elocutio e a actio, encontra seus correspondentes

    na teoria semitica: a temtica e as figuraes discursivas (inventio); a organizao sintagmtica, a

    segmentao e o recorte das unidades discursivas, superiores frase (dispositio); o lugar das

    figuras de retrica dentro de uma semitica discursiva e textual, com a possibilidade de uma

    taxionomia que possa abranger no s o nvel da palavra e da frase, mas o do discurso em si

    (elocutio); a considerao dos elementos suprassegmentais (prosdia, entoao, ritmo, voz,

    timbre, pausas, tom), da cenografia e da movimentao que entram numa atividade discursiva,

    enfim, a linguagem enquanto ao sobre o mundo e sobre os homens (actio).

    Em virtude de a figura constituir uma pea importante na construo retrica, a ponto de ter

    sido o alvo quase exclusivo em determinadas pocas da histria da Retrica, levando-a a reduzir-

    se praticamente ao seu estudo, por esse caminho que Retrica e Semitica assinalam

    inicialmente um encontro de perspectivas. Nesse sentido, sua entrada se d no diretamente, a

    partir do inventrio tradicional herdado da antiga retrica, bastante redundante e no sistemtico,

    mas pelo empreendimento do Grupo , da Universidade de Lige, j aqui citado4. Jean-Marie Klinkenberg, membro ativo e eminente do Grupo, autor do prefcio de nossa Retricas de Ontem

    e de Hoje5, editado na Universidade de So Paulo, no qual traa um panorama do estado atual da

    Retrica, seguido do olhar diacrnico que o assunto requer. Outro ponto estreito de contacto com a

    Semitica constitui a manipulao, um dos componentes do percurso narrativo cannico desta

    teoria, com vistas modalizao dos sujeitos e que se d dentro de um padro contratual: fazer

    persuasivo do destinador (pelo poder, pelo saber) e fazer interpretativo do destinatrio. Retrica

    fundamental a persuaso, enquanto ao do homem sobre outros homens, conforme j

    dissemos atrs, voltando-se para as estratgias de convencimento e de persuaso, com vistas a

    mudar, manter ou incrementar um determinado ponto de vista ou atitude. Portanto, quanto a esse

    aspecto h muito a examinar em comum.

    Em ambas, subjaz uma estrutura contratual sob forma de pacto fiducirio (Semitica) ou

    acordo (Retrica), no se tratando de uma simples troca, mas de uma relao assimtrica baseada

    no poder das partes envolvidas. Basta lembrar que, para a teoria semitica, o percurso narrativo

    cannico tem seu ponto alto na sano exercida por um destinador-julgador, portanto, em situao

    3 Dic. de Semitica, p. 409. 4Retrica Geral e Retrica da Poesia. 5 Retricas de Ontem e de Hoje, pp. 11-15.

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  • Retrica. Actas do I Congresso Virtual do Departamento de Literaturas Romnicas Rhetoric. Proceedings of the First Virtual Congress of the Romance Literature Department A atualidade da Retrica e seus estudos: encontros e desencontros Lineide Salvador Mosca superior para faz-lo. Por mais que se fale hoje em interatividade, em concesses, em avanos e

    recuos, no se pode esquecer a relao de poder que envolve os papis sociais, a noo de

    prestgio, a voz de autoridade, a fora do modelo e do esteretipo que entram em jogo.

    Feitos esses paralelos e evidenciadas as muitas confluncias, cabe assinalar a relevncia da

    argumentao na produo discursiva, colocando-a porm no conjunto das estratgias globais e

    na dependncia de outros componentes, que envolvem a adeso dos interlocutores na atividade

    comunicativa, tais como os aspectos ligados enunciao, s condies de produo, memria

    discursiva, s formaes ideolgicas, s expectativas. Ficou devidamente provado, ao longo dos

    tempos, que a eficincia argumentativa no advm to-somente das qualidades elocucionais e que

    a Retrica superou a fase de descrena que se abateu sobre ela, ao enfatizar apenas esses dados

    do plano de expresso. A Tpica vem sendo estudada no como um simples repertrio de lugares-

    -comuns, mas como a base de uma semntica fundamental que, uma vez levantada e descrita,

    nos daria as bases de uma teoria das culturas, em termos universais. Para a Retrica, onde se

    h de buscar o material que fundamentar as provas, contra-provas, os modelos, a voz de

    autoridade e os recursos para o exerccio dos mais variados tipos de argumento. A sistematizao

    para o estudo destes nos vem de Perelman & Tyteca, ao classific-los em argumentos de

    dissociao e argumentos de ligao6, compreendendo estes ltimos os argumentos quase

    lgicos, os argumentos que se baseiam no real e os argumentos que fundamentam o real. Sua

    pormenorizada descrio procura dar conta dos mecanismos presentes na atividade argumentativa

    dos interlocutores que a efetuam nas mais diversas situaes do cotidiano e no apenas naquelas

    mais formais e elaboradas em que so convocados a se pronunciar. Nesse sentido, o discurso

    jurdico dos tribunais e o das tribunas polticas so os que mais mobilizam os recursos previstos

    pelas possibilidades do sistema retrico.

    Pode-se afirmar que a Retrica j rompeu com os princpios de normatividade que imperaram

    sobre a arte de bem falar ou da eloqncia e que a sua preocupao se volta para qualquer tipo de

    texto ou manifestao discursiva, uma vez que entende ser a argumentatividade a base de toda e

    qualquer manifestao discursivo-textual. Portanto, certas limitaes que lhe eram atribudas se

    esvaram, ao mesmo tempo que a sua revitalizao foi ocorrendo, na medida em que os prprios

    estudos do discurso se aprofundaram e em que as interseces entre disciplinas foram bem

    acolhidas como sinal dos novos tempos.

    A Retrica, vista por Perelman como Teoria da Argumentao, tem hoje um alcance que

    ultrapassa o seu campo, refletindo-se nos estudos do Direito, da Filosofia, da Pragmtica. Na viso

    6 Perelman & Tyteca, Tratado da Argumentao, Terceira parte: cap. II, cap.III e cap. IV.

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  • Retrica. Actas do I Congresso Virtual do Departamento de Literaturas Romnicas Rhetoric. Proceedings of the First Virtual Congress of the Romance Literature Department A atualidade da Retrica e seus estudos: encontros e desencontros Lineide Salvador Mosca do filsofo italiano Norberto Bobbio7, que prefaciou La Giustizia do autor, as preocupaes do

    estudioso belga so as de um lgico, comprometido com a realidade social, com as questes vitais

    de seu tempo. Tendo em conta que a Retrica uma disciplina para a qual os resultados

    concretos obtidos so fundamentais, dada a sua natureza e objetivos j aqui delineados,

    desenvolve ela conexes com campos afins, especialmente com a sociossemitica e com a

    etnografia da comunicao.

    Considerando o fato de que os atos de interlocuo so vistos a partir de uma interao, e no

    do ponto de vista estritamente lgico, neles estando presentes as competncias e intenes de

    seus participantes, os enunciados passam a ser vistos como produto de estratgias, que levam em

    conta as tenses existentes entre eles, a manuteno do equilbrio, a continuidade da relao e

    no a ruptura, para que a negociao entre as partes possa se estabelecer. Sendo assim, o

    sentido tambm negociado e construdo nessa interao. Entram a as questes da polidez, do

    agravo e da injria, do ridculo e outras que a teoria perelmaniana permite compreender melhor. No

    que toca ao ridculo, por exemplo, o autor o v como a arma poderosa de que o orador dispe

    contra os que podem, provavelmente, abalar-lhe a argumentao, recusando-se, sem razo, a

    aderir a uma ou outra premissa de seu discurso8. Mostra, a seguir, como esse tipo de raciocnio

    pode traduzir-se pela figura da ironia, que passvel de ser utilizada em todas as situaes

    argumentativas, por ser ela indireta.

    A partir de conceitos bsicos, formulados pela Retrica antiga e reestudados pela Nova

    Retrica, tem-se um arcabouo terico e metodolgico apto, por exemplo, a descrever e a analisar

    a formao de um determinado ethos, seja ele coletivo ou individual, dentro de um jogo de

    representaes que se d entre as partes envolvidas no processo de trocas comunicativas e de

    constituio das respectivas identidades. A questo identitria torna-se fundamental nos

    controvertidos dias em que vivemos, numa sociedade cada vez mais complexa, da a ligao

    bastante produtiva com as disciplinas atrs mencionadas.

    Quando se trata do ethos, torna-se impossvel no falar do pathos, que compem a to

    conhecida trada da antiga retrica, ao lado do logos, que constitui a sua base central. Trabalhando

    com representaes de si prprio, o ethos tambm absorve a do outro, atravs de seu pathos. As

    provas assim chamadas patticas desenvolvem-se pela mobilizao das paixes do auditrio,

    mediante representaes de seus comportamentos, aes ou situaes que possam desencadear

    as emoes desejadas. A paixo, portanto, relao com o outro e representao interiorizada da

    7 Prefcio a La Giustizia, de Cham Perelman, p.9. 8 Perelman & Tyteca, Tratado da Argumentao, p. 234.

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  • Retrica. Actas do I Congresso Virtual do Departamento de Literaturas Romnicas Rhetoric. Proceedings of the First Virtual Congress of the Romance Literature Department A atualidade da Retrica e seus estudos: encontros e desencontros Lineide Salvador Mosca diferena em relao a esse outro, de onde o clima de tenso, decorrente tambm da prpria

    ambigidade das paixes.

    Em matria que escrevemos para uma obra coletiva em homenagem a Perelman e na qual

    tratamos do lugar da afetividade em sua teoria9, fica ressaltada a idia de que o autor se recusa a

    separar o pathos do logos, fiel ao projeto da retrica aristotlica, que considera a influncia das

    paixes nos julgamentos. A ao sobre o entendimento e a ao sobre a vontade estariam unidas

    e no isoladas uma da outra. Um discurso bem construdo, segundo a antiga retrica, aquele que

    conjuga o ensinar (docere), o emocionar (movere) e o agradar (delectare). Esse famoso trip tem

    sido de grande valia at os nossos dias, em que do equilbrio dessas partes decorre a eficcia dos

    resultados, havendo sempre um elo comunicativo entre essas operaes do aparato retrico. O

    comover consistiria em excitar as paixes e uma certa ternura e o agradar estaria ligado prpria

    seduo, tema tambm vital ao trabalho retrico, quer na produo quer na recepo. Sob a

    perspectiva em que se coloca a Retrica, imprescindvel contar com as reaes dos destinatrios

    (avanos, recuos, concesses, agresses etc).

    A prpria classificao que Perelman faz das figuras reflete esse estado de coisas, ao

    consider-las como de presena, de comunho e de escolha. sempre de um envolvimento que

    se trata, ligado ao conceito de adeso, fundamental em sua teoria. Diante do reexame do estatuto

    das figuras, fez-se necessria uma nova classificao, respeitando, antes de tudo, o seu papel

    argumentativo convencer e persuadir ou seja, a sua capacidade de agir sobre o outro.

    De fato, a argumentao s tida como eficaz quando chega a persuadir o outro, no

    bastando a simples apresentao das provas e das razes. evidente que cabe tambm chamar a

    ateno para o cuidado que se deve ter no apelo aos sentimentos, a fim de evitar a manipulao

    perniciosa e as falcias do discurso. A competncia retrica implica em discernir essas situaes

    discursivas e a desvencilhar-se delas. A funo das emoes no processo argumentativo tem dado

    motivos a controvrsia, havendo os que repelem a sua interveno por julg-la nociva a uma

    iseno de julgamento.

    Nas teorias contemporneas da argumentao, posies mais moderadas a esse respeito

    tm-se desenvolvido, baseadas na coexistncia dos fatores racionais e no racionais. Cabe citar

    os trabalhos de Douglas Walton (1992), de Philippe Breton (2000), de Michel Meyer (1989, 1991),

    de Christian Plantin (1998), entre outros. Para Perelman, a razo passvel tambm de emocionar

    e a figura de suscitar a reflexo. Exemplo desse fato, tem-se, por exemplo, num poeta como Joo

    Cabral de Melo Neto, considerado um poeta cerebral, com predomnio da funo intelectiva da

    9 Mosca, A teoria perelmaniana , pp. 129-140.

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  • Retrica. Actas do I Congresso Virtual do Departamento de Literaturas Romnicas Rhetoric. Proceedings of the First Virtual Congress of the Romance Literature Department A atualidade da Retrica e seus estudos: encontros e desencontros Lineide Salvador Mosca linguagem e no de sua realizao afetiva. Sua composio, argumentativamente cerrada, com

    entimemas rigorosamente construdos, com os operadores argumentativos explcitos, no deixa de

    atingir altos pontos de emotividade. Na rede de figuras retricas estaria, em grande parte, o seu

    poder de sugesto e de convencimento: o discurso como um rio seria uma das mais recorrentes.

    No de espantar, pois, que Aristteles tenha se voltado to intensamente ao estudo das

    paixes e que esta continuidade se d nos estudos atuais. As modalizaes e as paixes

    constituem hoje temas relevantes na Semitica Discursiva e a Retrica tensiva tambm tem sido

    alvo de seus estudos, conforme se depreende dos trabalhos do Grupo Intersemitico de Paris, da

    Ecole de Hautes Etudes en Sciences Sociales (EHESS/CNRS). A nosso ver, pode-se mesmo

    propor um modelo smio-discursivo-retrico, abrangendo a produo de sentido e a funo

    persuasiva.

    O enfoque retrico, a que nos referimos ao longo desta exposio, fruto, pois, de uma viso

    integrada que absorve estudos ligados questo da produo de imagem e da identidade, sem se

    distanciar do arcabouo retrico que lhe serve de base, desde as suas primeiras manifestaes e

    sistematizaes.

    Cada vez mais significativa tambm a questo da opinio e de sua formao, reforada pelo

    trabalho da mdia, ainda que bastante controvertido e discutvel. No seria retrico se assim no

    fosse, domnio que da controvrsia e do polmico. No h o que discutir e argumentar, onde

    reina o consenso. exatamente o dissenso o seu campo de atuao. Este ponto vem reforar a

    idia de que a argumentao no coerciva, havendo a possibilidade da contra-argumentao, da

    refutao, da desqualificao do outro e de outros expedientes a serem desenvolvidos no trabalho

    de aquisio da competncia retrica.

    O jornal, como espao pblico de representao simblica, conjuga o conjunto das noes do

    senso comum, das crenas aceitas e admitidas, das aspiraes partilhadas e no passveis de

    discusso, enfim, daquilo que no pensamento grego se chamava doxa, ao domnio das coisas

    suscetveis de discrepncia, de desacordo, consideradas como de opinio, de no-unanimidade,

    de cruzamento de foras, de influncias e interesses. Cabe ressaltar o fato de que muitas vezes a

    imprensa projeta a idia de consenso, onde realmente ele no existe, sobretudo quando ela est

    muito preocupada com a prpria imagem e a sua manuteno no mercado, como atividade

    empresarial que se tornou, dependendo de concorrncia, lucros e outras vantagens. de se

    comparar as campanhas publicitrias dos jornais e revistas de maior tiragem e que constituem

    referncia nos pases onde atuam. A disputa pelos leitores acirrada, lanando no mercado os

    mais eloqentes slogans no que toca prpria imagem. Fica, assim, descartada a questo da

    neutralidade, uma vez que os fatos so filtrados por determinados pontos de vista, havendo uma

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  • Retrica. Actas do I Congresso Virtual do Departamento de Literaturas Romnicas Rhetoric. Proceedings of the First Virtual Congress of the Romance Literature Department A atualidade da Retrica e seus estudos: encontros e desencontros Lineide Salvador Mosca hierarquizao de valores nessa atribuio de sentido, no se devendo esperar que haja uma

    transparncia absoluta, mas possibilidades de aproximaes, considerando ainda o fato de que o

    prprio discurso no se apresenta unvoco, mas repleto de nuances e conotaes.

    crescente o papel que a opinio pblica vem desempenhando no encaminhamento das

    decises, na acelerao dos acontecimentos, tornando-se um poderoso actante narrativo que faz

    ser e faz fazer na grande narrativa que constitui a Histria. Em pleno campo do plausvel, do

    razovel, daquilo que Rui Grcio denomina racionalidade argumentativa10, a opinio torna-se hoje

    to forte como porta-voz da coletividade, que assume muitas vezes o controle de uma situao de

    conflito. evidente que isto se d principalmente atravs da mdia, que deveria constituir um

    espao de debate e de formao de opinio em seu papel mediador, portanto um espao de

    argumentao. As muitas regulamentaes a que se quer submeter a imprensa podem ser

    determinadas por agentes do poder, por foras econmicas ou outros setores que tentam impedir o

    exerccio livre da argumentao, por consider-la contrria aos seus interesses. A conivncia de

    muitos organismos da imprensa com a classe dos polticos tira-lhes a possibilidade de exercer a

    legtima funo que lhes cabe, a de resistncia, to comprometidos se encontram com grupos de

    diversas naturezas, com relaes partidrias. Na realidade, os prprios cidados se incumbem de

    avaliar o desempenho da imprensa, o que se pode verificar nos ndices de credibilidade ou de

    desconfiana que lhe so atribudos. O reconhecimento de que se trata de um determinado ponto

    de vista relativiza toda e qualquer informao, alm de colocar em xeque a pretensa objetividade.

    H que se contar com um jogo de subjetividades ou com o que se poderia considerar uma

    objetivao dos fatos, ambos filtradores e redutores da realidade. Cabe, ainda, levar em

    considerao que o no-dito faz parte tambm da produo do sentido, por meio dos

    pressupostos, dos subentendidos e daquilo que se cala, quer intencionalmente, quer por imposio

    da censura.

    Todos esses elementos nos levam a uma arte de ler, a que denominamos leitura retrica, j

    mencionada aqui. Partindo do plano de expresso, isto , do conjunto de marcas identificveis no

    texto, ou seja no dito, pode-se representar o plano do contedo, que d acesso ao sistema de

    conotaes dos significados, o dizer, com as suas possveis intencionalidades. Isto nos mostra a

    importncia da formao do leitor crtico. Ele ter que indagar sempre sobre as circunstncias de

    produo de determinada manifestao discursiva que o afeta, questionar o valor jurdico da

    palavra que lhe endereada (Quem tem direito para dizer o qu? Como regulado o direito

    palavra? etc). Em relao s populaes de pouca ou mdia instruo esta atitude ser bsica

    10 Grcio, Prefcio de Racionalidade..., p. 10.

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  • Retrica. Actas do I Congresso Virtual do Departamento de Literaturas Romnicas Rhetoric. Proceedings of the First Virtual Congress of the Romance Literature Department A atualidade da Retrica e seus estudos: encontros e desencontros Lineide Salvador Mosca naquilo que se pode chamar leitura referencial do mundo, mesmo fora de qualquer instruo

    escolarizada.

    Ao nos situarmos dentro de uma teoria da argumentao espao da intersubjetividade

    estamos em pleno campo da convergncia para uma ao. A Retrica aqui figura em toda a sua

    plenitude, tal como era concebida na Antigidade pelos filsofos greco-romanos, que no

    separavam sabedoria e palavra (diramos, discurso).

    Uma das maiores preocupaes das Novas Retricas foi a de reavaliar e restabelecer o

    equilbrio perdido das partes da retrica, com a hipertrofia valorativa da elocutio, uma vez que o

    plano de expresso havia tomado o primeiro lugar, especialmente no que tocava ao estatuto das

    figuras retricas. Valorizam-se tambm a actio e a memria, conforme se pode ver no crescente

    nmero de trabalhos sobre sentido e percepo, corporalidade, gestualidade, cenografia. Esta

    ltima alvo da etnografia da comunicao e tambm das teorias do discurso, especialmente das

    pragmtico-enunciativas.

    Para finalizar, podemos dizer que a tradio retrica est mais presente do que nunca,

    sobretudo depois que novas luzes foram trazidas a antigos conceitos ainda no suficientemente

    desenvolvidos. Um sistema de princpios coerentes presta-se hoje anlise dos mais variados

    objetos sociais, ligados ao Direito, Filosofia, ao Discurso e s Cincias Humanas de modo mais

    geral. Muitas so as pesquisas j elaboradas sobre esses princpios e outras esto em pleno

    andamento. No cabe aqui mencion-las para que no se cometa a falha da omisso de uma ou

    outra delas.

    De nossa parte, defendemos que a teoria da argumentao conhecida como a Retrica de

    nossos dias, profundamente vinculada ao saber de nossos antepassados culturais pode conduzir

    a uma posio de dialogicidade, que no anularia as subjetividades, mas dialeticamente as

    incorporaria em sua trajetria, valendo-se delas para chegar construo de novos saberes, novas

    atitudes, na construo de uma sociedade mais democrtica.

    Perelman deixou-nos lies preciosas nesse sentido, sobretudo de tolerncia e de liberdade.

    No prefcio de O Imprio Retrico11, ele elucida tudo aquilo que props como princpios bsicos e

    que se estendem a questes ticas e polticas de nosso tempo, dentro do esprito daquilo que ele

    concebe como teoria da argumentao: Mas todos os que crem na existncia de escolhas

    razoveis, precedidas por uma deliberao ou por discusses, nas quais as diferentes solues

    so confrontadas umas com as outras, no podero dispensar, se desejam adquirir uma

    11 Perelman, O Imprio Retrico, p. 27.

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  • Retrica. Actas do I Congresso Virtual do Departamento de Literaturas Romnicas Rhetoric. Proceedings of the First Virtual Congress of the Romance Literature Department A atualidade da Retrica e seus estudos: encontros e desencontros Lineide Salvador Mosca conscincia clara dos mtodos intelectuais utilizados, uma teoria da argumentao tal como a nova

    retrica apresenta.

    As questes ticas com as quais a sociedade se depara na atualidade e que afetam a prpria

    Cincia so inseparveis de uma teoria da ao e exigem mudanas e novas posturas. H

    disputas que so de cunho simblico e que se apresentam de modo bastante intrincado. Acresce,

    ainda, uma crise de credibilidade e de confiabilidade nos poderes pblicos e no tratamento da

    informao. Por outro lado, o conceito de cidadania responsvel prende-se ao uso de um discurso

    competente, como poderoso instrumento de ao, de onde o reflorescimento da Retrica em

    nossos dias, seno mesmo o seu rejuvenescimento.

    Dentro desse quadro de remoo dos obstculos que temos que considerar a funo da

    Retrica e o que ela tem a cumprir em seu papel fundador. Pode parecer uma postura idealista,

    mas ela mesma que reluta em manter o carter daquilo que humano. Esse seria o pensamento

    retrico por excelncia ao qual se seguiria um dilogo retrico, na administrao dos conflitos, com

    a aceitao das diferenas e do respeito ao outro.

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