A Atualidade Do Combate Ao Racismo

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A atualidade do combate ao racismo Nos últimos meses temos acompanhado diversas manifestações recentes da população negra norte-americana e de refundadores do Partido dos Panteras Negras contra casos de racismo realizados pela polícia, por pessoas da grande mídia, por organizações e militantes de extrema-direita e, até mesmo, por um pré-candidato à presidência dos Estados Unidos da América. O caso mais recente aconteceu no dia 18 de julho, quando vários confrontos aconteceram entre militantes negros(as) e membros remanescentes da KKK (Klu Klux Klan), que organizaram uma manifestação contra a retirada da bandeira confederada que ainda tremulava no Capitólio (prédio do parlamento) da cidade de Columbia, no estado da Carolina do Sul, nos Estados Unidos. Símbolo racista A bandeira confederada foi utilizada durante quatro anos, ainda no século XIX (1861 a 1865), pelos chamados “Estados Confederados” como símbolo da confederação que não reconhecia o governo oficial. Em 1861 os EUA elegeram como presidente Abraham Lincoln, que tinha como principal proposta de campanha a abolição da escravidão dos negros. Seis estados (posteriormente chegaram a somar treze estados) do sul dos Estados Unidos se uniram em uma confederação para combater as medidas progressistas adotadas e para defender a manutenção da escravidão e o regime agrário que vigorava no país as custas da exploração da população negra, principalmente nos campos de plantação de algodão. A tal confederação foi declarada ilegal por Lincoln e respondeu à decisão do presidente com armas, dando início à Guerra Civil que dividiu os EUA entre o norte abolicionista e o sul escravista. Embora a guerra tenha durado quatro anos, com a derrota da confederação para o governo oficial, as marcas da segregação nos EUA se mantiveram por muito tempo, principalmente nos estados do sul, que tinham ideais enraizados de opressão contra os negros. E somente na década de 1960 o governo norte- americano aprovou leis que declararam a igualdade entre negros e brancos.

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A atualidade do combate ao racismo

Nos últimos meses temos acompanhado diversas manifestações recentes da população negra norte-americana e de refundadores do Partido dos Panteras Negras contra casos de racismo realizados pela polícia, por pessoas da grande mídia, por organizações e militantes de extrema-direita e, até mesmo, por um pré-candidato à presidência dos Estados Unidos da América.

O caso mais recente aconteceu no dia 18 de julho, quando vários confrontos aconteceram entre militantes negros(as) e membros remanescentes da KKK (Klu Klux Klan), que organizaram uma manifestação contra a retirada da bandeira confederada que ainda tremulava no Capitólio (prédio do parlamento) da cidade de Columbia, no estado da Carolina do Sul, nos Estados Unidos.

Símbolo racista

A bandeira confederada foi utilizada durante quatro anos, ainda no século XIX (1861 a 1865), pelos chamados “Estados Confederados” como símbolo da confederação que não reconhecia o governo oficial.

Em 1861 os EUA elegeram como presidente Abraham Lincoln, que tinha como principal proposta de campanha a abolição da escravidão dos negros. Seis estados (posteriormente chegaram a somar treze estados) do sul dos Estados Unidos se uniram em uma confederação para combater as medidas progressistas adotadas e para defender a manutenção da escravidão e o regime agrário que vigorava no país as custas da exploração da população negra, principalmente nos campos de plantação de algodão.

A tal confederação foi declarada ilegal por Lincoln e respondeu à decisão do presidente com armas, dando início à Guerra Civil que dividiu os EUA entre o norte abolicionista e o sul escravista. Embora a guerra tenha durado quatro anos, com a derrota da confederação para o governo oficial, as marcas da segregação nos EUA se mantiveram por muito tempo, principalmente nos estados do sul, que tinham ideais enraizados de opressão contra os negros. E somente na década de 1960 o governo norte-americano aprovou leis que declararam a igualdade entre negros e brancos.

O passado no presente

Os EUA gostam de se proclamar como a maior democracia do mundo ou como a nação mais democrática do planeta, mas tudo isso não passa de um discurso furado que só cola para a grande mídia burguesa que tenta vender essa idéia e enganar a população dos países menos desenvolvidos para que se sujeitem às vontades norte-americanas como método para se tornarem tão prósperos como o falso paraíso apresentado em filmes e programas de televisão.

Prova disso é que além dos diversos problemas econômicos e sociais que jogam milhões de trabalhadores(as) norte-americanos(as) e suas famílias na miséria todos os dias, as feridas do racismo não apenas não foram curadas, como estão em carne viva e sangrando sem parar.

As manifestações protagonizadas por seguidores da organização racista Klu Klux Klan e dos ideais da Confederação, embora possam parecer patéticas pela pouca adesão das massas,

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mostram que a igualdade ainda está longe de ser alcançada na principal potência capitalista. E em tempos de crise ela se agrava cada vez mais, porque as classes opressoras buscam culpados para o fracasso desse sistema e, como sempre, o bode expiatório são as classes oprimidas, no caso dos EUA, aqueles(as) que não são identificados com o perfil norte-americano: negros, latinos e imigrantes de países subdesenvolvidos, além de praticantes de religiões do Oriente Médio.

A prova disso é que nos últimos anos tem se intensificado os crimes contra a população negra, principalmente. São três casos recentes de assassinatos realizados pela polícia contra jovens negros desarmados e sem ficha criminal; há pouco menos de um mês um terrorista invadiu e matou nove pessoas em uma igreja, que era conhecida por ser frequentada pela população negra e como espaço de resistência nos tempos da segregação racial, na mesma cidade das manifestações da KKK. Agora, vemos a cobra do nazifascismo rastejando pelas ruas da cidade de Columbia e carregando bandeiras da confederação e com a suástica, saudando a ação deste terrorista.

Mas isso não é tudo! Ao lado de artista negros, como Morgan Freeman, que adotam o discurso opressor de que devemos esconder o racismo e deixar de debater o tema, para que ele se torne algo esquecido, vemos um dos pré-candidatos à presidência dos Estados Unidos gritar em alto e bom som declarações racistas e preconceituosas. Pior, com isso ele já conquistou cerca de 23% das intenções de votos mesmo antes de ser declarado oficialmente como candidato.

Donald Trump, o famoso apresentador, dono de uma riqueza bilionária e um dos homens mais influentes da mídia burguesa norte-americana, fez declarações que deixou o próprio Partido Republicano (conservador) assustado. Entre outras coisas, disse que imigrantes latinos, como os mexicanos, são estupradores, vagabundos e perigosos, que trazem drogas e crimes e propôs construir (como se já não houvesse) um muro para impedir a entrada deles no país.

O racismo deve ser denunciado e combatido

Precisamos analisar a questão racial sob a luz do marxismo, que nos leva ao materialismo histórico e ao caráter de classes dessa forma de preconceito. Uma sociedade construída sobre a exploração do povo negro, que se negou durante mais de 400 anos a dar o direito de que um negro pudesse sentar na mesma lanchonete que um branco, não vai eliminar o racismo de um dia para o outro, muito menos se seguir a tendência da classe opressora de esconder o problema debaixo do tapete da Casa Branca.

Enquanto algumas pessoas defendem que o racismo seja camuflado, a grande maioria, como os manifestantes de Ferguson, os militantes do New Panther Party (organização que tenta reconstruir o Partido dos Panteras Negras, famoso por defender os(as) negros(as) nos anos 60) e pessoas anônimas ou influentes da sociedade, denunciam todos os dias e combatem de forma ideológica e prática o racismo.

Não é permitido que um(a) democrata, progressista e principalmente um(a) comunista(a) compactue com práticas racistas. Devemos combater e denunciar no dia-a-dia qualquer atitude deste tipo dentro da sociedade e nos vigiar para destruirmos os velhos vícios que a

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sociedade capitalista nos impõe. Como declararam vários astros do basquete, entre eles Le Bron James, durante a preparação para jogos importantes da temporada da NBA, NÃO PODEMOS RESPIRAR enquanto jovens negros(as) morrerem assassinados na periferia ou enquanto qualquer negro(a) seja tratado de forma inferior por causa da cor da sua pele ou da sua cultura.