A autorregulação da aprendizagem de alunos em curso de...
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
Danielle Ribeiro Ganda
A autorregulação da aprendizagem de alunos em curso de formação
de professores: Um programa de intervenção
CAMPINAS
2016
Danielle Ribeiro Ganda
A autorregulação da aprendizagem de alunos em curso de formação
de professores: Um programa de intervenção
Tese de Doutorado apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em
Educação da Faculdade de Educação da
Universidade Estadual de Campinas
para obtenção do título de Doutora em
Educação, na área de concentração:
Psicologia Educacional.
Orientadora: Profª. Drª. Evely Boruchovitch ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO
FINAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELA
ALUNA DANIELLE RIBEIRO GANDA E
ORIENTADA PELA PROF.ª DR.ª EVELY
BORUCHOVITCH.
CAMPINAS
2016
Ficha catalográfica a ser elaborada pela biblioteca.
Solicitar em: https://hamal.bc.unicamp.br/catalogonline2/
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
TESE DE DOUTORADO
A autorregulação da aprendizagem de alunos em curso de formação
de professores: Um programa de intervenção
Autora: Danielle Ribeiro Ganda
COMISSÃO JULGADORA:
Prof.ª Drª. Evely Boruchovitch
(Orientadora)
Prof.º. Dr. José Aloyseo Bzuneck
Prof.ª Drª. Lucila Diehl Tolaine Fini
Prof.ª Drª. Acácia Aparecida Angeli dos
Santos
Prof.ª Drª. Mara Lazzaretti Bittencourt
A Ata da Defesa assinada pelos membros da Comissão Examinadora, consta no processo de vida
acadêmica do aluno.
2016
Dedicatória
Esse trabalho é dedicado aos meus pais, Jeane e Samuel, por acreditarem
em mim antes que eu mesma acreditasse; e por lutarem tão bravamente
pelo meu futuro.
AGRADECIMENTOS
Hoje realizo um sonho que, a princípio, pensava ser inalcançável. Um sonho que
só se tornou possível graças ao incentivo, ao apoio e ao carinho de muitas pessoas as
quais venho, por meio dessa singela carta, agradecer.
À Prof. Dra. Evely Boruchovitch por sua tamanha dedicação, carinho e
competência em me orientar. Obrigada por confiar e exigir de mim o meu melhor.
Graças a você, eu cresci muito profissionalmente e pessoalmente e guardarei essas
preciosas lições por toda a vida. Toda minha gratidão e carinho a você!
Aos Prof. Dr. José Aloyseo Bzuneck, Prof. Dra. Lucila Diehl Tolaine Fini, Prof.
Dra. Acácia Aparecida Angeli dos Santos e Prof. Dra. Mara Lazzaretti Bittencourt pelas
importantes considerações feitas informalmente e no exame de qualificação. Obrigada
pelas críticas e comentários expressos com tanta gentileza e respeito. Mestres como
vocês nos revelam que a verdadeira sabedoria não está nos títulos adquiridos, mas na
humildade em se reconhecer um eterno aprendiz.
Aos meus pais, Jeane Machado Ribeiro Ganda e Samuel Ganda, cujo amor,
cuidado e apoio eu nunca serei capaz de retribuir.
Aos meus irmãos, Muriell Ribeiro Ganda, Jéssica Ribeiro Ganda e Yuri Ribeiro
Ganda, por serem meus primeiros amigos, companheiros dos piores e melhores
momentos de minha vida.
Aos meus lindos sobrinhos Beatriz, Vítor e Felipe que com seus sorrisos,
abraços e simples presença conseguem abrandar todo cansaço e tristeza que paire sobre
o meu coração. A Tia Dani ama muito vocês!
Aos amigos da UNICAMP, especialmente, Maria Aparecida Mezzalira Gomes,
Helena Akemi Tanikawa e Valéria Maria Fusch Ferreira pelo companheirismo, pela
ajuda e pelo carinho durante o curso.
Aos amigos de Uberlândia, especialmente, Flávia Aparecida Silva Faria, Gilson
Carvalho de Oliveira Júnior, Renata Rosa Nicurgo e Raphael Fonseca Dias, pela
amizade fiel, pelas orações e pelo apoio de tantos anos.
Aos caros professores e funcionários da Faculdade de Educação da UNICAMP
que tanto me ensinaram, me incentivaram e me ajudaram; especialmente à querida
Nadir Aparecida Gomes Camacho que, com sua gentileza e carinho, foi fundamental na
minha escolha pela UNICAMP e ao longo de toda minha trajetória desde o mestrado até
o doutorado.
Aos queridos alunos que generosamente participaram desse estudo. Vocês
renovaram em mim o amor pelo ensino e a crença de que, por meio da Educação,
podemos transformar a vida das pessoas (especialmente a nossa, como professores!).
À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP pelo
apoio financeiro, fundamental para que eu pudesse realizar essa pesquisa e divulgá-la
em diversos eventos acadêmicos e científicos – PROCESSO: 2012/25497-2.
E enfim, venho agradecer, sobretudo, a DEUS por todas as bênçãos derramadas
sobre minha vida. Agradeço por colocar pessoas maravilhosas, verdadeiros anjos, em
meu caminho. Agradeço por me amparar nos momentos difíceis e por me ajudar a
realizar os meus sonhos. A ti, Senhor, minha eterna gratidão e amor!
MEMORIAL
Meu nome é Danielle Ribeiro Ganda e venho, por meio deste memorial, contar
um pouco da minha história, de como surgiu o meu amor pela Educação. Em minha
família, desde pequenos, meus pais ensinaram a mim e aos meus irmãos, a importância
do esforço, da honestidade e da fé em si mesmo e em Deus, para realizar nossos sonhos.
Ao longo de muitos anos, eles trabalharam arduamente para garantir-nos uma boa
educação tanto dentro como fora de casa. Graças ao amor, à coragem e ao empenho de
meus pais, eu tive a oportunidade de estudar em boas escolas, de ter experiências de
aprendizagem muito positivas e, com isso, descobrir o prazer em aprender.
Durante a trajetória escolar, eu convivi com muitos professores e alguns deles
marcaram especialmente minha vida. Ainda que tivessem suas particularidades, esses
educadores traziam em comum características como a competência, a dedicação, a
exigência e a gentileza com seus alunos. Eram professores que, de fato, preocupavam-se
em nos ensinar e, o mais importante, gostavam de fazer isso. Eles se dedicaram nos
momentos em que tive dificuldades para entender um assunto e me incentivaram
quando duvidei de minha capacidade para aprender. Depois de meus pais, meus
professores se tornaram grandes exemplos para mim, pessoas que aprendi a respeitar e a
admirar muito.
Ao final do Ensino Médio, eu sabia que gostaria de trabalhar diretamente com
pessoas e ajudá-las de algum modo, o que me levou a prestar o vestibular para
Psicologia na Universidade Federal de Uberlândia. Durante a Graduação, realizei vários
estágios em diferentes áreas, mas gostei tanto da educacional que participei também de
um projeto de extensão com alunos e professores de uma escola pública e de um
programa de iniciação científica com alunos ingressantes na universidade. Em ambos os
casos, percebi a carência e a falta de definição do papel do psicólogo no contexto
educacional, assim como a importância e as possíveis contribuições de seu trabalho. O
feedback positivo que recebi ao final do estágio aliado com os meus sonhos e interesses
pessoais, fez com que eu escolhesse esse caminho profissional.
Após a faculdade, trabalhei como orientadora educacional em uma escola
privada de Ensino Fundamental. Paralelamente, fiz o curso de Especialização em
Psicopedagogia Escolar que foi deveras importante para orientar minhas ações no
trabalho e despertar em mim o desejo de seguir carreira acadêmica, de investir em
pesquisas e de atuar na formação de futuros professores e psicólogos educacionais.
Assim, resolvi prestar o curso de Mestrado e, em seguida, o de Doutorado, na Faculdade
de Educação da UNICAMP. Durante o Mestrado, dei os primeiros passos no estudo da
teoria sociocognitiva da autorregulação da aprendizagem e pesquisei,
especificadamente, duas variáveis a ela relacionadas: atribuição de causalidade e
estratégias autoprejudiciais. Tive também a oportunidade de participar do Programa
Estágio Docente como monitora de duas disciplinas para o Curso de Pedagogia,
ministradas por minha orientadora em uma proposta diferenciada, que buscava
estimular a autorreflexão e a autorregulação dos universitários. A vivência foi tão rica
que, uma vez no Doutorado, resolvemos organizar e testar um programa voltado à
promoção da aprendizagem autorregulada para os alunos ingressantes, que é
apresentado na presente tese.
Ao traçar esse breve relato de minha história, percebo, uma vez mais, o quanto
fui abençoada pela família, pelos professores e pelas experiências que tive. O que sou e
o que conquistei até hoje só foram possíveis graças ao apoio de pessoas muito especiais
que me ensinaram, que acreditaram em mim e me motivaram a seguir seu exemplo.
Assim como aconteceu comigo, eu também quero fazer a diferença na vida de outras
crianças e jovens por meio do meu trabalho. Eu acredito que ter acesso a uma Educação
de qualidade é o requisito mais importante para garantir um futuro melhor, mais feliz,
para as pessoas e para o mundo em que vivemos. Trabalhar na área educacional é o
modo que escolhi de dar a minha contribuição!
RESUMO
A autorregulação é o processo pelo qual o indivíduo monitora, controla e reflete sobre
a própria aprendizagem. Alunos autorregulados possuem características motivacionais,
metacognitivas e comportamentais que potencializam o seu aprendizado. Tendo em
vista a importância da aprendizagem autorregulada nos dias atuais, o presente trabalho
teve como objetivo avaliar a eficácia de uma disciplina inovadora sobre autorregulação
da aprendizagem desenvolvida no formato programa de intervenção (abordagem
autorreflexiva) e no formato tradicional (abordagem expositiva teórica) destinado a
promoção da autorregulação de alunos de curso de formação de professores. A amostra
foi composta por 109 alunos, de quatro turmas, dos períodos integral e noturno,
ingressantes do curso de Pedagogia, de uma universidade pública brasileira nos anos
de 2013 e 2014. A pesquisa seguiu um delineamento quase experimental com as etapas
de pré-teste, intervenção, pós-teste e pós-teste postergado. As turmas foram escolhidas
aleatoriamente, uma como o grupo experimental tipo I e a outra grupo experimental
tipo II, que participaram, respectivamente, do programa de intervenção e da disciplina
teórica, incluindo todas as etapas da pesquisa; e as outras duas como grupos controle,
que participaram apenas do pré-teste e do pós-teste. Na coleta de dados do pré-teste e
do pós-teste, os estudantes responderam duas escalas de autorrelato tipo Likert e três
questionários abertos, relacionados às seguintes variáveis da autorregulação:
estratégias de aprendizagem, atribuição de causalidade, autoeficácia e estratégias
autoprejudiciais. A disciplina no formato de intervenção ocorreu num período de
quatro meses e incluiu 06 encontros quinzenais de 2 horas cada. A intervenção
envolveu a realização de aulas expositivas, tarefas teóricas, atividades autorreflexivas e
a escrita de um Diário de Aprendizagem, todos desenvolvidos para auxiliar o
universitário em uma dupla perspectiva: como aluno e como futuro professor. A
disciplina no formato tradicional teórico ocorreu no mesmo período e incluiu apenas
aulas expositivas e tarefas teóricas. No pós-teste postergado os alunos responderam a
uma entrevista semiaberta em plataforma online. Os resultados revelaram que os
alunos dos grupos experimentais relataram melhora no nível de autoeficácia, queda do
uso de estratégias autoprejudicais, maior relato de crenças positivas e uso mais
frequente de estratégias favoráveis à aprendizagem, do início para o final do semestre.
De modo geral, contatou-se que o programa de intervenção teve um impacto positivo
na promoção da autorregulação dos alunos e que, um programa como o que foi
desenvolvido, poderia auxiliar tanto no diagnóstico quanto na promoção da
autorregulação desses universitários. Os dados ora encontrados corroboram a
importância de se estimular o ensino da aprendizagem autorregulada no ensino
superior, com enfoque na realização de atividades autorreflexivas e metacognitivas.
Espera-se que os conhecimentos teóricos e as estratégias adquiridas na disciplina de
autorregulação ajudem o aluno do curso de Pedagogia na universidade e, futuramente,
em sua atuação profissional. Como futuro professor, acredita-se que o universitário
que tiver acesso aos conteúdos programáticos e as atividades propostas pela
perspectiva da aprendizagem autorregulada estará mais propenso e capacitado a
desenvolver as habilidades autorregulatórias de seus alunos fomentando, assim, um
círculo virtuoso de aprendizagem.
Palavras-chave: estratégias de aprendizagem; ensino superior; formação de professores.
ABSTRACT
Self-regulation is the process by which the individual monitors, controls and reflects on
his/her own learning. Self-regulated students have motivational, metacognitive and
behavioral characteristics that enhance their learning. Considering the importance of
self-regulated learning nowadays, this study aimed to evaluate the effectiveness of an
innovative course on learning self-regulation developed in the intervention program
format (self-reflexive approach) and in the traditional format (theoretical expositive
approach) for the promotion of self-regulation of preservice teachers. The sample
consisted of 109 students, of four classes, in the full and evening periods, freshman of
the Education Faculty, in a Brazilian public university in the years 2013 and 2014. The
research was conducted in a quasi-experimental design with the stages of pretest,
intervention, post-test and postponed post-test. The students groups were randomly
selected, one as experimental group type I and another as experimental group type II,
who participated, respectively, of the intervention program and the theoretical
discipline, including all stages of the research; and the other two as control groups,
which participated only in the pretest and posttest. In the data collect of the pre-test and
post-test, students answered two self-reported Likert scales and three open
questionnaires, related to the following variables of self-regulation: learning strategies,
causal attribution, self-efficacy and self-handicapping strategies. The course in the
intervention format occurred in a period of four months and included 06 biweekly
meetings of 2 hours each. The intervention involved the realization of lectures,
theoretical tasks, self-reflexive activities and a learning diary, all developed to assist the
university students in a double perspective: as a student and as a future teacher. The
course in the traditional theoretical format occurred in the same period and included
only lectures and theoretical tasks. In the postponed post-test students answered a semi-
open interview in online platform. The results showed that students in the experimental
groups reported improvement in the level of self-efficacy, decrease the use of self-
handicapping strategies, increased reporting of positive beliefs and more frequent use of
strategies conducive to learning, from the beginning to the end of the semester. Overall,
it contacted that the intervention program had a positive impact on the promotion of
student self-regulation and that a program like that was developed, could help both the
diagnosis and the promotion of self-regulation of these students. The data obtained
confirm the importance of stimulating the teaching of self-regulated learning in higher
education, focusing on the realization of self-reflexive and metacognitive activities. It is
expected that the theoretical knowledge and strategies acquired in self-regulatory course
help the student of Faculty of Education at the university and in future in their
professional activities. As a future teacher, it is believed that the university who have
contact with the program content and the activities proposed by the perspective of self-
regulated learning will be more prone and able to develop self-regulatory skills of its
students, thereby fostering a virtuous circle of learning.
Key-words: learning strategies; higher education; teacher education;
RESUMEN
La autorregulación es el proceso por el cual se monitora individuales, controla y refleja
sobre el propio aprendizaje. Estudiantes autorregulados tienen características
motivacionales, metacognitivas y de comportamiento que mejoran su aprendizaje. Dada
la importancia de la autorregulación del aprendizaje hoy en día, este estudio tuvo como
objetivo evaluar la eficacia de un curso innovador en el aprendizaje de la
autorregulación desarrollado en el formato de programa de intervención (enfoque de
auto-reflexivo) y en el formato tradicional (método expositivo teórico) para la
promoción de la autorregulación de estudiantes del curso de la formación del
profesorado. La muestra estuvo constituida por 109 estudiantes, de cuatro clases, de los
periodos dirunos y nocturnos, ingresantes en la Facultad de Educación, de una
universidad pública brasileña en los años 2013 y 2014. La investigación siguió un
diseño cuasi-experimental con medidas pretest, intervención post-test y post-test
retrasado. Las clases fueron elegidas al azar, una como el experimental tipo de grupo I y
outra como grupo experimental de tipo II, que participó, respectivamente, del programa
de intervención y de la disciplina teórica, incluyendo todas las etapas de la
investigación; y las otras dos como grupos de control, que participaron únicamente de ló
pre-test y pos-test. En la recopilación de los datos pre-test y post-test, los estudiantes
respondieron a dos escalas de autoinforme Likert y tres cuestionarios abiertos, en
relación con las siguientes variables de la autorregulación: estrategias de aprendizaje, la
atribución causal, la autoeficacia y estratégias autoperjudiciales. La disciplina en el
formato de la intervención se ocurrió en un período de cuatro meses e incluyó 06
reuniones quincenales de 2 horas cada una. La intervención consistió en la realizacion
de conferencias, tareas teóricas, actividades auto-reflexiva y la escrita de un diario de
aprendizaje, todos ellos desarrollados para ayudar a lós Estudiantes en una doble
perspectiva: como estudiante y como profesor futuro. La disciplina en el formato
tradicional teórico se ocurrió en el mismo período y sólo incluyó conferencias y tareas
teóricas. En el post-test retraso los estudiantes respondieron a una entrevista en la
plataforma semi-abierta online. Los resultados mostraron que los estudiantes de los
grupos experimentales reportaron una mejoría en el nivel de auto-eficacia, reducion en
el uso de estratégias autoperjudiciales, un aumento de la presentación de informes de las
creencias positivas y un uso más frecuente de estrategias que fomenten el aprendizaje,
desde el principio hasta el final del semestre. En general, fue mostrado de que el
programa de intervención tuvo un impacto positivo en la promoción de la auto-
regulación y que el desarrojo de un programa de esa manera, podría ayudar tanto el
diagnóstico como el fomento de la autorregulación de estos estudiantes. Los datos
corroboran la importancia de estimular la enseñanza de la autorregulación del
aprendizaje en la educación superior, con la realización de actividades auto-reflexivos y
metacognitivas. Se espera que los conocimientos teóricos y las estrategias adquiridas en
la disciplina de autorregulación ayudan al estudiante de la Facultad de Educación en la
universidad y en el futuro en sus actividades profesionales. Como profesor futuro, se
cree que los estudiantes que tienen acceso al contenido del programa y a las actividades
propuestas desde la perspectiva del aprendizaje autorregulado son más probables y
capazes de desarrollar las habilidades de autorregulación de sus estudiantes fomentando
así un círculo virtuoso de aprendizaje.
Palabras clave: estrategias de aprendizaje; enseñanza superior; formación de profesores.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Subprocessos do sistema de autorregulação do comportamento (Bandura,
1978, 1996)......................................................................................................................... 27
Figura 2. Ciclo da autorregulação da aprendizagem (Zimmerman, 2000, 2002)............... 28
Figura 3. Modelo de autorregulação da aprendizagem (Winne & Hadwin, 1998)............. 31
Figura 4. Processos-chave durante as fases da autorregulação (Schunk, 2001)................. 32
Figura 5. Fases e áreas da aprendizagem autorregulada (Pintrich, 2000, 2004)................ 34
Figura 6. Modelo de autorregulação PLEA (Rosário, 2004).............................................. 35
Figura 7. Modelo do processo de autorregulação (Perels, Gurtler, & Schmitz, 2005)....... 36
LISTA DE QUADROS
Quadro 1. Classificação de programas de intervenção voltados à promoção da
autorregulação..................................................................................................................... 43
Quadro 2. Levantamento de estudos científicos voltados à promoção da aprendizagem
autorregulada...................................................................................................................... 50
Quadro 3. Planejamento da disciplina no modo tradicional.............................................. 80
Quadro 4. Planejamento da disciplina no modo Programa de Intervenção........................ 81
Quadro 5: Resultados relativos à primeira hipótese........................................................... 111
Quadro 6: Resultados relativos à segunda hipótese.......................................................... 112
Quadro 7: Resultados relativos à terceira hipótese............................................................. 112
LISTA DE ABREVIATURAS E DE SIGLAS
APA American Psychological Association (APA),
BVS-Psi Biblioteca Virtual em Saúde
COPES Conditions, Operations, Products, Evaluations e Standards
ERIC Education Resources Information Center
LASSI Learning and Study Strategies Inventory – LASSI
SciELO Scientific Library On Line
SRSD Self-regulated strategies development – SRSD
UNICAMP Universidade Estadual de Campinas
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Comparação da amostra nos grupos controle e experimental......................................................... 82
Tabela 2. Análise comparativa dos escores da escala de autoeficácia entre pré-teste e pós-teste por
grupo............................................................................................................................................... 83
Tabela 3. Análise comparativa dos escores da escala LASSI entre pré-teste e pós-teste da Turma A......... 84
Tabela 4. Análise comparativa dos escores da escala LASSI entre pré-teste e pós-teste da Turma B....... 84
Tabela 5. Análise comparativa dos escores da escala LASSI entre pré-teste e pós-teste da Turma C....... 85
Tabela 6. Análise comparativa dos escores da escala LASSI entre pré-teste e pós-teste da Turma D....... 86
Tabela 7. Análise comparativa dos escores da escala LASSI entre pré-teste e pós-teste do
conjunto de turmas A com B........................................................................................................................... 87
Tabela 8. Análise comparativa dos escores da escala LASSI entre pré-teste e pós-teste do
conjunto de turmas C com D........................................................................................................................... 88
Tabela 9. Resultados da ANOVA para comparação dos escores das escalas entre o grupo
experimental I – Turma A e grupo experimental II – Turma B...................................................................... 89
Tabela 10. Resultados da ANOVA para comparação dos escores das escalas entre o grupo
experimental I – Turma A e grupo controle – Turma C................................................................................. 90
Tabela 11. Resultados da ANOVA para comparação dos escores das escalas entre o grupo
experimental I – Turma A e grupo controle – Turma D.......................................................................... 91
Tabela 12. Resultados da ANOVA para comparação dos escores das escalas entre o grupo
experimental II – Turma B e grupo controle – Turma C................................................................................. 92
Tabela 13. Resultados da ANOVA para comparação dos escores das escalas entre o grupo
experimental II – Turma B e grupo controle – Turma D................................................................................. 93
Tabela 14. Resultados da ANOVA para comparação dos escores das escalas entre os grupos
participantes (GE) e os grupos não participantes (GC) da disciplina.............................................................. 95 Tabela 15. Estratégias de aprendizagem citadas pelos alunos por grupos, nos tempos pré-teste e
pós-teste........................................................................................................................................................... 96 Tabela 16. Estratégias de aprendizagem citadas pelos alunos dos grupos participantes (GE) e não
participantes (GC) da disciplina, nos tempos pré-teste e pós-teste.................................................................. 97 Tabela 17. Características positivas citadas pelos alunos por grupos, nos tempos pré-teste e pós-
teste.................................................................................................................................................................. 97 Tabela 19. Características positivas citadas pelos alunos dos grupos participantes (GE) e não
participantes (GC) da disciplina, nos tempos pré-teste e pós-teste.................................................................. 98 Tabela 20. Características negativas citadas pelos alunos por grupos, nos tempos pré-teste e pós-
teste.................................................................................................................................................................. 98 Tabela 21. Características negativas citadas pelos alunos dos grupos participantes (GE) e não
participantes (GC) da disciplina, nos tempos pré-teste e pós-teste.................................................................. 99 Tabela 22. Causas do sucesso acadêmico citadas pelos alunos por grupos, nos tempos pré-teste e
pós-teste........................................................................................................................................................... 99 Tabela 23. Causas do sucesso acadêmico citadas pelos alunos dos grupos participantes (GE) e
não participantes (GC) da disciplina, nos tempos pré-teste e pós-teste........................................................... 99
Tabela 24. Sentimentos relacionados ao sucesso acadêmico, citados pelos alunos do grupo
experimental I – Turma A e grupo experimental II – Turma B, nos tempos pré-teste e pós-teste.................. 100
Tabela 25. Sentimentos relacionados ao sucesso acadêmico, citados pelos alunos dos grupos
participantes (GE) e não participantes (GC) da disciplina, nos tempos pré-teste e pós-teste.......................... 100
Tabela 26. Percepção dos alunos por grupos quanto ao controle da causa do sucesso acadêmico,
nos tempos pré-teste e pós-teste...................................................................................................................... 100
Tabela 27. Percepção dos alunos dos grupos participantes (GE) e não participantes (GC) da
disciplina quanto ao controle da causa do sucesso acadêmico, nos tempos pré-teste e pós-teste................... 101
Tabela 28. Percepção dos alunos por grupos quanto à localização da causa do sucesso acadêmico,
nos tempos pré-teste e pós-teste...................................................................................................................... 101
Tabela 29. Percepção dos alunos dos grupos participantes (GE) e não participantes (GC) da
disciplina quanto à localização da causa do sucesso acadêmico, nos tempos pré-teste e pós-teste................ 101
LISTA DE TABELAS
Tabela 30. Percepção dos alunos por grupos quanto à estabilidade da causa do sucesso acadêmico,
nos tempos pré-teste e pós-teste............................................................................................................... 102
Tabela 31. Percepção dos alunos dos grupos participantes (GE) e não participantes (GC) da
disciplina quanto à estabilidade da causa do sucesso acadêmico, nos tempos pré-teste e pós-teste........ 102
Tabela 32. Causas do fracasso acadêmico citadas pelos alunos por grupos, nos tempos pré-teste e
pós-teste..................................................................................................................................................... 102
Tabela 33. Causas do fracasso acadêmico citadas pelos alunos dos grupos participantes (GE) e não
participantes (GC) da disciplina, nos tempos pré-teste e pós-teste............................................................ 103
Tabela 34. Sentimentos relacionados ao fracasso acadêmico citados pelos alunos por grupos, nos
tempos pré-teste e pós-teste....................................................................................................................... 103
Tabela 35. Sentimentos relacionados ao fracasso acadêmico citados pelos alunos dos grupos
participantes (GE) e não participantes (GC) da disciplina, nos tempos pré-teste e pós-teste...................... 104
Tabela 36. Percepção dos alunos por grupos quanto ao controle da causa do fracasso acadêmico,
nos tempos pré-teste e pós-teste.................................................................................................................. 104
Tabela 37. Percepção dos alunos dos grupos participantes (GE) e não participantes (GC) da
disciplina quanto ao controle da causa do fracasso acadêmico, nos tempos pré-teste e pós-teste............ 104
Tabela 38. Percepção dos alunos por grupos quanto à localização da causa do fracasso acadêmico,
nos tempos pré-teste e pós-teste................................................................................................................. 105
Tabela 39. Percepção dos alunos dos grupos participantes (GE) e não participantes (GC) da
disciplina quanto à localização da causa do fracasso acadêmico, nos tempos pré-teste e pós-teste.......... 105
Tabela 40. Percepção dos alunos por grupos quanto à estabilidade da causa do fracasso acadêmico,
nos tempos pré-teste e pós-teste................................................................................................................. 105
Tabela 41. Percepção dos alunos dos grupos participantes (GE) e não participantes (GC) da
disciplina quanto à estabilidade da causa do fracasso acadêmico, nos tempos pré-teste e pós-teste........ 106
Tabela 42. Respostas dos alunos por grupos, nos tempos pré-teste e pós-teste........................................ 106
Tabela 43. Respostas dos alunos dos grupos participantes (GE) e não participantes (GC) da
disciplina quanto ao uso de estratégias autoprejudiciais, nos tempos pré-teste e pós-teste....................... 107
Tabela 44. Estratégias autoprejudiciais citadas pelos alunos por grupos, nos tempos pré-teste e pós-
-teste........................................................................................................................................................... 107
Tabela 45. Estratégias autoprejudiciais citadas pelos alunos dos grupos participantes (GE) e não
participantes (GC) da disciplina, nos tempos pré-teste e pós-teste............................................................ 108
Tabela 46. Justificativas apresentadas pelos alunos por grupos quanto à importância da
autorreflexão, nos tempos pré-teste e pós-teste......................................................................................... 108
Tabela 47. Justificativas apresentadas pelos alunos dos grupos participantes (GE) e não
participantes (GC) da disciplina quanto à importância da autorreflexão, nos tempos pré- teste e
pós-teste..................................................................................................................................................... 108
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO................................................................................................. 20
CAPÍTULO 1 – A autorregulação da aprendizagem sob a Teoria Social
Cognitiva: Principais modelos teóricos e variáveis relacionadas.......................
26
1.1 – Modelos teóricos da autorregulação................................................................ 26
1.2 – Variáveis da autorregulação............................................................................ 38
1.3 – Programas de intervenção em autorregulação: Considerações gerais............. 42
CAPÍTULO 2 – Propostas de intervenção em autorregulação da
aprendizagem no contexto acadêmico..................................................................
48
2.1 – Pesquisas internacionais.................................................................................. 51
2.2 – Pesquisas nacionais......................................................................................... 63
CAPÍTULO 3 – Método.........................................................................................
68
3.1 – Objetivos......................................................................................................... 68
3.2 – Hipóteses......................................................................................................... 68
3.3 – Participantes.................................................................................................... 69
3.4 – Instrumentos....................................................................................................
3.4.1. Instrumentos do Pré-teste e do Pós-teste........................................................
3.4.2. Instrumentos do Pós-teste postergado............................................................
71
71
74
3.5 – Procedimento de coleta de dados.................................................................... 75
3.6 – Pré-teste........................................................................................................... 77
3.7 – Pós-teste e Pós-teste postergado...................................................................... 77
3.8 – Proposta de Intervenção.................................................................................. 77
3.7 – Procedimento de análise de dados................................................................... 81
CAPÍTULO 4 – Resultados................................................................................... 83
41. - Análise inicial dos dados quantitativos do Grupo Experimental I, Grupo
Experimental II e Grupos Controle.......................................................................... 84
4.2 – Análise comparativa dos dados quantitativos entre o Grupo Experimental I,
o Grupo Experimental II e os Grupos Controle....................................................... 88
4.3 – Análise comparativa dos dados qualitativos entre o Grupo Experimental I,
o Grupo Experimental II e os Grupos Controle....................................................... 95
4.3 – Pós-teste postergado – Grupos Experimentais I e II....................................... 109
4.4 – Síntese dos resultados ..................................................................................... 110
CAPÍTULO 5 – Discussão.....................................................................................
113
5.1 – Discussão dos dados quantitativos entre o Grupo Experimental I, o Grupo
Experimental II e os Grupos Controle...................................................................... 113
5.2 – Discussão dos dados qualitativos entre o Grupo Experimental I, o Grupo
Experimental II e os Grupos Controle...................................................................... 116
5.3 – Considerações finais........................................................................................ 127
REFERÊNCIAS.......................................................................................................... 130
ANEXOS.......................................................................................................................142
20
APRESENTAÇÃO
Uma das questões de maior interesse e preocupação por parte de professores,
coordenadores e gestores de uma universidade se refere a como garantir que seus alunos
tenham sucesso acadêmico. Ainda que os estudantes tenham os conhecimentos e as
habilidades básicas necessárias ao ingresso no Ensino Superior, observa-se que eles
podem diferir muito no que concerne ao bom e ao mau desempenho nas disciplinas e
durante o curso, de modo geral. Pesquisadores da área sugerem que essas diferenças no
rendimento acadêmico estão intimamente relacionadas à capacidade de autorregulação
dos universitários (Brunstein & Glaser, 2011; Lee, Lim & Grabowski, 2010; Schunk &
Zimmerman, 2008). A autorregulação, definida como o processo de monitorar, controlar
e refletir sobre o próprio aprendizado, é fundamental para a promoção de uma Educação
de qualidade (Bandura, 2003; Brunstein & Glaser, 2011; Boruchovitch, Costa & Neves,
2005; Lee, Kim & Grabowski, 2010; Zimmerman & Schunk, 2004). Alunos
autorregulados tendem a ser mais organizados, esforçados, interessados e críticos. Eles
são capazes de estabelecer metas de estudo, analisar seu desempenho, persistir diante
das dificuldades e identificar os comportamentos que afetam sua aprendizagem (Schunk
& Zimmerman, 2008).
Nas últimas décadas, a literatura científica tem revelado uma relação positiva
entre a aprendizagem autorregulada e o desempenho acadêmico (Cleary, Platten &
Nelson, 2008; Guthrie, McRae, & Klauda, 2007). As pesquisas constatam que ser
autorregulado é um atributo que favorece a aquisição do conhecimento pelos alunos,
não apenas porque eles utilizam boas técnicas de estudo, mas também porque possuem
orientações motivacionais, crenças pessoais e emoções que são favoráveis ao aprender.
Observa-se, desse modo, que a autorregulação abrange várias dimensões da
aprendizagem como, por exemplo, a cognitiva/metacognitiva, a motivacional, a
emocional/afetiva, a social, entre outras (Bembenutty & Karabenick, 2004;
VanderStoep & Pintrich, 2003; Wolters, 2010; Zimmerman & Schunk, 2008).
A dimensão cognitiva/metacognitiva envolve o estudo das estratégias de
aprendizagem, ou seja, os procedimentos usados por um aluno para aprender um
conteúdo ou para realizar uma tarefa (Boruchovitch & Santos, 2006; Galvão, Câmara &
Jordão, 2012; Pozo, 1996). Entre as várias classificações formuladas para as estratégias
21
de aprendizagem, a mais conhecida é a que as divide em cognitivas e metacognitivas
(Dembo, 2001; Pozo, 1996). As primeiras são as técnicas usadas especificadamente para
facilitar o armazenamento da informação como, por exemplo, sublinhar, fazer resumos,
montar mapas conceituais, elaborar perguntas/respostas sobre o tema, entre outras. Já as
metacognitivas são voltadas ao planejamento, ao monitoramento e à regulação do ato de
aprender, como organizar o ambiente de estudo, fazer um plano de atividades semanais,
analisar se está compreendendo o assunto durante a leitura de um texto e pedir ajuda a
um colega (Dembo 2001; Pozo, 1996).
Enquanto as estratégias de aprendizagem favorecem o aprender, há outras que
dificultam ou mesmo impedem a boa realização das demandas acadêmicas, como as
estratégias autoprejudiciais (Hendrix & Hirt, 2009; McCrea et al., 2008). Essas
estratégias se referem às reclamações ou aos comportamentos expressos antes ou
durante a realização de uma tarefa, que têm como objetivo externalizar a culpa por um
possível fracasso. No caso das reclamações, o aluno pode, por exemplo, dizer que tem
muitos compromissos de trabalho e que, portanto, talvez se saia mal na prova devido ao
pouco tempo disponível que tem para estudar. Ressalta-se que, em situações assim, a
reclamação é considerada como autoprejudicial, quando o aluno a usa como desculpa ou
como justificativa que explique o seu possível baixo desempenho, que ele antecipa que
irá ocorrer. Por outro lado, os comportamentos autoprejudiciais não se restringem às
verbalizações, mas, sim, englobam todos os atos ou omissões que de fato diminuem a
probabilidade de ocorrer um sucesso como, por exemplo: adiar (procrastinar) o estudo e
a realização de trabalhos, faltar e não prestar atenção às aulas, não ler os textos teóricos
e abusar de álcool e de drogas na universidade (Brown, Park & Folger, 2012; Gadbois
& Sturgeon, 2011; Urdan, 2004; Uysal & Knee, 2012).
O uso de estratégias favoráveis ou desfavoráveis à aprendizagem pelo aluno está
diretamente relacionado à sua motivação e às suas crenças acerca de sua capacidade
para aprender, o que revela a importância da dimensão motivacional da autorregulação
(Weiner, 2010; Wolters, 2010). A motivação, definida como aquilo que move uma
pessoa à ação, é uma força motriz fundamental para iniciar e manter os esforços ao
longo do aprendizado (Ryan & Deci, 2000). De modo geral, a orientação motivacional
pode apresentar-se como mais intrínseca, em que há um interesse pessoal e prazer em
aprender um assunto ou em realizar uma atividade, ou mais extrínseca, na qual o
22
indivíduo estuda o conteúdo ou faz a tarefa para receber recompensas externas como,
por exemplo, uma boa nota ou reconhecimento social (Boruchovitch, 2008).
A orientação motivacional é influenciada pelas crenças pessoais dos estudantes,
entre as quais se destacam: a autoeficácia, as atribuições causais e as teorias implícitas
de inteligência (Azzi & Polydoro, 2010; Bandura, 2003; Dweck, 2006; Weiner, 2010).
A autoeficácia é definida como a percepção de uma pessoa sobre a sua capacidade em
aprender certo conteúdo ou realizar algo específico (Bandura, 1997, 2003). A atribuição
de causalidade se refere às causas dadas pelo indivíduo às situações de sucesso e de
fracasso que ocorrem com ele e com os outros (Weiner, 1985, 2010). Já as teorias
implícitas de inteligência dizem respeito às crenças do sujeito acerca da natureza da
capacidade intelectual, podendo ser compreendida como inatas e imutáveis ou como
desenvolvimentais, ou seja, modificáveis ao longo da vida (Dweck, 2006). Alunos que
apresentam maiores níveis de autoeficácia, atribuições causais de caráter interno e
controlável e crenças em uma inteligência desenvolvimental, tendem a ter maior
motivação no contexto acadêmico, pois acreditam que sejam capazes de aprender e de
ser mais inteligentes, assim como creem que são os principais responsáveis por seu
próprio aprendizado (Azzi & Polydoro, 2010; Weiner, 2010).
Além das crenças pessoais, da motivação e do uso de estratégias de
aprendizagem, há uma variável que perpassa todas as etapas do processo de
autorregulação: as emoções. Os estados emocionais, formados por componentes
fisiológicos, cognitivos e comportamentais, podem surgir antes, durante e depois da
realização de uma atividade (Gross, 1998). Se, por exemplo, um aluno não se sente
autoeficaz para fazer uma apresentação oral, ele pode ficar ansioso desde o momento
em que o professor propõe a tarefa. O estado de baixa autoeficácia, aliado a uma alta
ansiedade, pode levar ao uso de comportamentos autoprejudiciais, como a
procrastinação do trabalho ou a cópia de uma apresentação pronta da internet.
Entretanto, com um nível moderado de ansiedade e uma motivação intrínseca, por
exemplo, o aluno pode estabelecer um plano de ação e buscar estratégias para superar
sua dificuldade (por exemplo: pedir ajuda de um colega mais experiente, treinar a
apresentação em casa), aliviando aos poucos o seu nervosismo inicial. Após o uso
dessas estratégias, se o estudante fizer uma boa apresentação e obtiver uma boa nota no
trabalho, ele, provavelmente, atribuirá o sucesso ao seu esforço e se sentirá feliz e
orgulhoso (Martini & Del Prette, 2005; Weiner, 2010).
23
Assim, observa-se que as emoções podem afetar a aprendizagem em um sentido
positivo ou negativo, dependendo de sua intensidade, das características particulares do
aluno, das estratégias cognitivas e metacognitivas conhecidas e usadas por ele e até
mesmo do contexto social (Bortoletto & Boruchovitch, 2013). Portanto, o seu controle
tem um papel fundamental na autorregulação (Gross et al., 2006). A regulação das
emoções se refere ao processo de reconhecimento, de monitoramento, de avaliação e, se
necessário, de alteração das respostas emocionais (Thompson, 1994). Já as estratégias
de regulação emocional englobam as formas usadas pelos indivíduos nesse processo
como, por exemplo, a reavaliação cognitiva, a catastrofização, a supressão da emoção,
as atividades de distração, a busca de apoio social, entre outras (Gross, 1998).
A aprendizagem autorregulada implica uma conduta consciente, proativa e
individual do aluno (Zimmerman & Schunk, 2004). Entretanto, as pesquisas atuais
destacam o importante papel desempenhado também pelo ambiente na autorregulação
(Grau & Whitebread, 2012; Volet, Vauras, & Salonen, 2009; Zimmerman, 2000). A
dimensão social composta por professores, pais, colegas, comunidade e contexto
econômico/cultural podem, de fato, influenciar o aprendizado do aluno. No construto
teórico da Corregulação, estuda-se o modo pelo qual o conhecimento é coconstruído, os
problemas são partilhados e a motivação e as emoções são reguladas pelos pares (aluno-
aluno) e na relação professor-aluno, dentro e fora do espaço acadêmico (Salonen,
Vauras, & Efklides, 2005). Além disso, ressalta-se que as oportunidades e as limitações
que emergem das interações e do contexto social têm uma considerável influência na
conduta do indivíduo, durante a aprendizagem (Pintrich, 2004; Wolters, 2010;
Zimmerman, 2000).
Embora seja um processo complexo, a autorregulação pode e deve ser ensinada e
aprimorada no contexto educacional (Zimmerman & Schunk, 2008). Estudos de
intervenção com as variáveis da autorregulação mostram que é possível ensinar os
alunos a terem melhores estratégias de aprendizagem, a desenvolverem crenças
positivas sobre si próprios e a minimizarem os comportamentos que prejudicam o seu
aprendizado (Boekartes & Corno, 2005; Brunstein & Glaser, 2011; Cartier, Butler &
Bouchard, 2010).
Há, inclusive, indícios de que a promoção da aprendizagem autorregulada pode
trazer benefícios ao aluno não somente no contexto acadêmico, mas também em sua
24
prática profissional futura, uma vez que os princípios que norteiam a autorregulação,
como, por exemplo, o monitoramento, o controle e a reflexão, podem ser aplicados em
diversas áreas da vida de uma pessoa (Pintrich, 2004; Schunk & Zimmerman, 2008;
VanderStoep & Pintrich, 2003; Wolters, 2010). Ao se considerarem os alunos
universitários que estão em cursos de formação de professores, os aspectos então
elencados são de fundamental importância (Bembenutty, 2008; Dembo, 2001).
Pesquisadores sugerem que o ensino em cursos como, por exemplo, a Pedagogia e as
Licenciaturas, deve-se ater não apenas à formação técnica do docente, mas também a
propostas educacionais que ajudem o universitário a refletir sobre o seu perfil
acadêmico e que lhe ensinem estratégias destinadas a ajudá-lo a se tornar um aluno
mais autorregulado, de forma que ele tenha mais propriedade para desenvolver esses
mesmos processos nos seus futuros alunos (Cleary, 2011; Dembo, 2001; McKeachie,
Lin, & Middleton, 2004; Middleton, Abrams & Seaman, 2011).
Desse modo, partindo da necessidade de ajudar os alunos brasileiros a serem
melhores estudantes e, futuramente, profissionais mais bem preparados, a presente
pesquisa visou avaliar o impacto de uma disciplina sobre autorregulação da
aprendizagem, realizada em formato tradicional e em modo programa de intervenção,
nos hábitos de estudo e crenças de universitários de um curso de Formação de
Professores. Especificamente, a proposta teve o objetivo de trabalhar a promoção das
seguintes variáveis autorregulatórias: estratégias de aprendizagem (estratégias de
leitura e gerenciamento de tempo), motivação para aprender, crença de autoeficácia,
estratégias autoprejudiciais, regulação emocional (ansiedade), atribuição de
causalidade e teorias implícitas de inteligência.
A apresentação da pesquisa foi organizada da seguinte forma. O primeiro
capítulo foi destinado à exposição dos principais modelos teóricos desenvolvidos ao
longo dos anos sobre a Autorregulação da Aprendizagem e das variáveis relacionadas
ao construto. No segundo capítulo, realizou-se o relato do estado da arte dos trabalhos
atuais realizados sobre o tema em âmbito internacional e nacional. Nessa parte, foram
descritos os estudos experimentais e quase-experimentais nos quais se investigaram
propostas voltadas à promoção da aprendizagem autorregulada de alunos
universitários. O terceiro capítulo foi voltado à exposição do Método, incluindo a
descrição dos objetivos, hipóteses, participantes, instrumentos e procedimentos de
coleta e de análise de dados. No quarto capítulo, os resultados qualitativos e
25
quantitativos foram apresentados. Por fim, no último capítulo, os dados foram
analisados e discutidos frente aos achados da literatura científica e as limitações do
presente estudo foram abordadas, incluindo-se sugestões para pesquisas futuras.
26
CAPÍTULO 01
A AUTORREGULAÇÃO DA APRENDIZAGEM: PRINCIPAIS MODELOS
TEÓRICOS E VARIÁVEIS RELACIONADAS
Desde meados da década de 1980, o desenvolvimento de pesquisas sobre
autorregulação tem-se intensificado, especialmente no contexto educacional no qual se
busca descobrir como os estudantes podem tornar-se aprendizes autônomos, capazes de
regular seu próprio processo de aprendizagem (Zimmerman, 2001; Zimmerman &
Schunk, 2004). Há diversas teorias psicológicas que investigam o fenômeno e, entre
elas, a mais investigada é a Teoria Social Cognitiva, cujo pressuposto de que há uma
relação recíproca entre as variáveis pessoais, comportamentais e ambientais no
funcionamento humano tem orientado o trabalho de inúmeros professores, psicólogos e
pesquisadores da área da Educação (Bandura, 1986; Schunk, 2001; Zimmerman, 2001).
Tendo em vista apresentar o avanço científico sobre o tema e explicitar a
fundamentação teórico-metodológica que norteou a construção do presente estudo, neste
capítulo são descritos sete entre os principais modelos teóricos da autorregulação da
aprendizagem, desenvolvidos segundo a perspectiva sociocognitiva. Os modelos são
apresentados em ordem cronológica de publicação dos trabalhos científicos, do mais
antigo ao mais recente, de modo a elucidar o avanço das pesquisas sobre o tema no
ambiente acadêmico.
1.1 Modelos teóricos da Autorregulação
-Modelo de Bandura (1978)
O primeiro modelo teórico foi desenvolvido por Albert Bandura (1978), que
procurou explicar a autorregulação do comportamento por meio de um sistema
composto por três subprocessos de autogerenciamento: a auto-observação, o processo
de julgamento e a autorreação (Bandura, 1978, 1996; Polydoro & Azzi, 2009;
Zimmerman & Schunk, 2003), expostos na Figura 1.
27
A auto-observação se refere ao monitoramento do indivíduo sobre o seu
desempenho em aspectos como qualidade, ritmo, quantidade, originalidade,
autenticidade, consequências, desvio e moralidade. O processo de julgamento é o
momento no qual a pessoa avalia seu desempenho, a partir de seus padrões e valores
pessoais, de suas performances anteriores, das normas sociais, das comparações com os
outros e das condições na qual executou a atividade. Já a autorreação envolve as
respostas afetivas, cognitivas e reais frente à avaliação do desempenho, podendo ser
positivas ou negativas. Alguns exemplos dessas respostas seriam: autocorreções,
punições, recompensas, incentivos motivacionais e afetivos, entre outros (Bandura,
1978, 1996; Polydoro & Azzi, 2009; Zimmerman & Schunk, 2003).
Um conceito-chave que subjaz a perspectiva proposta por Bandura (1986) é o
da autoeficácia. Segundo o autor, as expectativas de resultado de uma pessoa
dependem sobremaneira dos seus julgamentos sobre quão bem eles acreditam que
podem realizar uma determinada tarefa, ou seja, se são autoeficazes (Bandura, 1986).
A crença de autoeficácia exerce um papel fundamental na motivação e no
comportamento frente à aprendizagem, uma vez que alunos mais autoeficazes são mais
motivados e persistentes durante a realização das tarefas acadêmicas (Zimmerman &
Schunk, 2003).
28
- Modelo de Zimmerman (2000)
A partir do modelo de Bandura (1996), Zimmerman (1998) formulou um
sistema no qual o processo de autorregulação acadêmica envolveria três fases. A
primeira é anterior ao processo de aprendizagem, em que se faz o planejamento da
atividade. A segunda acontece durante a execução da atividade e abrange as variáveis
que afetam a atenção e a ação. A terceira etapa é a da autoavaliação, no qual a pessoa
busca refletir sobre o seu desempenho ao longo do processo e reage frente os
resultados obtidos. Essa última fase influencia diretamente o modo como o indivíduo
se engajará em atividades acadêmicas semelhantes no futuro, mostrando que há uma
relação dinâmica e cíclica em todo aprendizado (Schunk, 2001; Schunk &
Zimmerman, 2008; Zimmerman, 1998), conforme se pode visualizar na Figura 2.
A fase prévia envolve a preparação para a ação no que concerne a dois aspectos
principais: a análise da tarefa e as crenças automotivacionais. Nessa etapa inicial, o
aluno elenca os objetivos que deverão ser alcançados, a partir de uma análise técnica
dos elementos necessários para se executar a tarefa como, por exemplo, o material, os
29
recursos e o tempo a ser despendido. Esse processo de análise é influenciado
diretamente pela crença pessoal de realização da tarefa (autoeficácia) que, por sua vez,
se relaciona com a motivação, com os resultados esperados e com as orientações em
prol de se executar o que é proposto (Schunk & Zimmerman, 2008; Zimmerman &
Schunk, 2004).
Na fase de desempenho, também denominada de fase de controle, a ação de
aprendizagem ocorre tendo como base o planejamento realizado anteriormente. Nesse
momento, há a utilização das estratégias de aprendizagem e de técnicas de estudo
voltadas à manutenção da concentração. Há também o acesso instantâneo a feeedbacks
parciais sobre o desempenho da tarefa (recordações cognitivas e metacognitivas) pelos
quais o aluno monitora se as estratégias por ele usadas estão sendo eficientes para
alcançar as metas ou se é necessário fazer ajustes. Os ajustes, ou experimentações
constituem novas formas de se desempenhar a atividade, inclusive frente a imprevistos
que ocorrem e que afetam o curso da ação como, por exemplo, maior dificuldade de
compreensão do conteúdo, falhas técnicas no computador ou problemas pessoais
repentinos (Schunk & Zimmerman, 2008; Zimmerman & Schunk, 2004).
A fase de autorreflexão é formada pelo autojulgamento e pelas autorreações.
Uma vez concluída a tarefa, o aluno faz uma avaliação do processo e atribui causas aos
resultados alcançados. Essa análise crítica sobre seu desempenho gera reações
emocionais que podem ser tanto positivas (realização pessoal, orgulho, alívio) quanto
negativas (frustração, tristeza, ansiedade). No que concerne ao comportamento, há dois
tipos de reações: as adaptativas e as defensivas. Por um lado, as reações adaptativas
visam a alterar ou manter as estratégias já usadas, na realização de uma próxima
atividade. Caso os resultados da atividade atual não tenham sido bons, ou seja, não
tenham atendido às metas estabelecidas a princípio, o aluno buscará mudar sua
conduta e usar estratégias eficazes. Caso tenha obtido um ótimo desempenho, poderá
optar por conservar ou aprimorar ainda mais as estratégias empregadas. Por outro lado,
as respostas defensivas são aquelas usadas pelo aluno com o intuito de se justificar
pelo seu mau rendimento na atividade, buscando eximir-se de responsabilidade pessoal
ou da possibilidade de esse fracasso ser atribuído à sua falta de capacidade. Nesses
casos, muitos alunos passam a adotar comportamentos disfuncionais à sua
aprendizagem como, por exemplo, as estratégias autoprejudiciais, definidas como as
30
desculpas ou as atitudes que podem atrapalhar a realização de uma atividade (Schunk
& Zimmerman, 2008; Zimmerman & Schunk, 2004).
- Modelo de Winne e Hadwin (1998)
Contemporâneos a Zimmerman (1998), Winne e Hadwin (1998) propuseram um
modelo de autorregulação segundo o qual os alunos percorrem quatro fases distintas
durante a execução de uma tarefa. Primeiramente, os estudantes formulam um modelo,
um arquétipo mental da tarefa proposta (Winne, 2004). Em seguida, eles estabelecem
metas relativas a esse modelo e selecionam estratégias cognitivas (métodos de estudo e
estratégias de aprendizagem) em prol do alcance de seus objetivos. Depois, os alunos
empregam e monitoram os métodos e as estratégias escolhidos, obtendo feedbacks
temporários sobre seu conhecimento a respeito do conteúdo e sobre suas crenças
pessoais de competência. Por fim, essa conduta gera informações que, quando
acessíveis, permitem ao aluno avaliar e adaptar os recursos das três fases anteriores,
caso o processo de aprendizagem não esteja ocorrendo conforme as metas estabelecidas
inicialmente (Winne, 2004).
Nesse modelo teórico, apresentado na Figura 3, o eixo central que articula as
quatro fases da aprendizagem é o monitoramento e o controle metacognitivos exercidos
pelo aprendiz. Além disso, pode-se observar que cada fase foi estruturada dentro de um
conjunto de cinco aspectos, cuja sigla em inglês é COPES, por se referir a Conditions,
Operations, Products, Evaluations e Standards, mas que, em Português, seria:
Condições, Operações, Produtos, Avaliações e Padrões (Winne 2001, 2004). As
condições se referem aos recursos disponíveis ou aos problemas que podem influenciar
o envolvimento do aluno com a tarefa. As operações são os processos cognitivos que o
estudante aplica (Winne & Hadwin, 1998). Winne (2004) propõe que há cinco
operações cognitivas primárias que são: pesquisa, monitoramento, agrupamento, ensaio
e tradução. Os produtos são o resultado da soma de todos os conhecimentos construídos
a partir da ação de aprendizagem, que irão interferir na aquisição de novos
aprendizados. As avaliações são o produto da comparação entre os padrões e os
produtos. Por fim, os padrões são objetivos traçados que, organizados, se constituem em
uma meta (Winne 2001, 2004).
31
32
- Modelo de Schunk (2001)
Em trabalho publicado no ano de 2001, Dale Schunk apresentou um esquema
com os principais processos que ocorrem durante as três fases da autorregulação do
modelo anteriormente proposto por Zimmerman (1998, 2000) e aperfeiçoado em
parceira com outros pesquisadores da área (Zimmerman, Bonner, & Kovach, 1996;
Zimmerman & Schunk, 1998, 2004). O esquema pode ser observado na Figura 4.
Embora muito semelhantes, há algumas diferenciações importantes entre os
componentes dos sistemas de Zimmerman (1998) e de Schunk (2001). A primeira é a
inclusão da variável modelagem social na fase prévia. Segundo Schunk (2001), as
informações aprendidas socialmente podem ser internalizadas pelos alunos e usadas
para gerar melhor desempenho. Além disso, as experiências de outros que obtiveram
sucesso acadêmico se tornam modelos para os estudantes, pois revelam que eles
também podem ser bem sucedidos se seguirem a mesma sequência de procedimentos
(Schunk, 2001).
Na fase de controle do desempenho, a comparação social é importante, pois
estabelece um padrão pelo qual o aluno confronta o seu desempenho com os dos demais
colegas. A percepção de que está conseguindo executar a tarefa como os outros aumenta
sua motivação para aprender, estimulando-o a manter o comportamento de esforço. Há
também a autoverbalização de estratégias autorregulatórias que envolve a construção
verbal de perguntas que podem orientar o aluno durante a aprendizagem. Enfim, há o
33
feedback atribuicional, que é o aquele dado pelo professor sobre e para o aluno a
respeito de seu investimento de esforço durante a atividade, o que pode favorecer a sua
motivação e sua autoeficácia (Schunk, 2001).
Na fase de autorreflexão, o monitoramento e a autoavaliação/feedback de todo o
processo de aprendizagem ampliam a percepção do aluno sobre seu progresso na
aquisição do conhecimento e a sua autoeficácia para a realização de uma próxima tarefa.
Outro componente dessa fase são as contingências de recompensa, ou seja, a informação
disponível ao aluno sobre os benefícios que serão recebidos caso alcance as metas. Se o
indivíduo sabe de forma clara quais são as metas e como será recompensado, sua
autoeficácia e motivação podem ser favorecidas (Schunk, 2001).
- Modelo de Pintrich (2000, 2004)
De acordo com Pintrich (2004), os modelos na perspectiva da autorregulação da
aprendizagem, sob o enfoque da teoria sociocognitiva, partilham de quatro hipóteses
gerais. A primeira delas é que os alunos são ativos no processo de aprendizagem, uma
vez que constroem os seus próprios significados, metas e estratégias a partir da
informação presente no ambiente externo e interno (suas mentes). A segunda é que eles
têm potencial para monitorar e regular certos aspectos de sua cognição, motivação,
comportamento, assim como alguns recursos disponíveis no ambiente (Pintrich, 2004).
Entretanto, reconhece-se que diferenças nos âmbitos biológico, desenvolvimental e
contextual podem interferir ou mesmo impedir os esforços individuais de
autorregulação dos indivíduos.
A terceira hipótese é a de que há um tipo de padrão e de metas estabelecidos
pelo aluno que norteiam sua aprendizagem e segundo os quais ele checa o seu
desempenho, de modo a manter sua conduta ou modificá-la, em prol do alcance desses
objetivos (Pintrich, 2004). Por fim, a perspectiva sociocognitiva partilha do pressuposto
de que as atividades autorregulatórias do indivíduo medeiam a sua relação com o
contexto no qual está inserido e com o desempenho por ele obtido. Em outras palavras,
não são apenas as características individuais (culturais, demográficas, sociais, de
personalidade), nem só os componentes contextuais da sala de aula que determinam a
aprendizagem, mas é, sim, a capacidade de autorregulação do aluno que faz a interface
entre esses dois domínios (Pintrich, 2004).
34
A partir dessas quatro hipóteses formuladas, Pintrich (2000, 2004) desenvolveu
um modelo de autorregulação da aprendizagem que inclui parte dos processos já
propostos por Bandura (1996) e por Zimmerman (2000), mas com descrições mais
detalhadas de como a autorregulação da aprendizagem pode ocorrer dentro de uma aula
(Figura 5). Todavia, o autor afirma que nem todo aprendizado acadêmico perpassa todas
as fases propostas no sistema, uma vez que alguns conhecimentos são adquiridos de
forma mais involuntária e implícita, sem o esforço consciente e ativo necessário no
processo autorregulatório (Pintrich, 2004).
35
Cada etapa proposta por Pintrich (2000, 2004) está especificada conforme as
quatro áreas da regulação: cognição, motivação, comportamento e contexto. O autor
afirma que essa estrutura teórica permite facilitar a compreensão de que é possível
desenvolver partes específicas do processo da autorregulação e não apenas a
metacognição ou a aprendizagem autorregulada de forma geral. Em resumo, a primeira
fase desse modelo envolve o planejamento da tarefa; A segunda inclui o monitoramento
cognitivo e o metacognitivo; A terceira etapa refere-se aos esforços para controlar e
regular fatores pessoais, da tarefa e do contexto; Já a quarta abrange as reflexões e as
reações do aluno diante de todo o processo (Pintrich, 2004).
- Modelo de Rosário (2004)
Ancorado nos modelos teóricos precedentes, Rosário (2004) propõe um esquema
da autorregulação da aprendizagem que envolve processos cíclicos intrafases. O modelo
denominado de PLEA envolve as etapas de planejamento, execução e avaliação, que
possuem as mesmas características do sistema de Zimmerman (2000), com a diferença
que pressupõe pequenos ciclos em cada uma delas. Desse modo, há como visualizar
propostas de intervenção que busquem ajudar o aluno a se autorregular em cada fase por
vez, ampliando aos poucos seu repertório de estratégias e crenças pessoais positivas que
levem futuramente a um domínio de todo o processo da autorregulação (Polydoro, &
Azzi, 2009; Rosário et al., 2010). O sistema proposto por Rosário (2004) está
apresentado na Figura 6.
36
- Modelo de Perels, Gurtler e Schmitz (2005)
Os pesquisadores Perels, Gurtler e Schmitz (2005), assim como Winne (2004),
propõem que o processo de aprendizagem é composto por uma sequência de episódios
de aprendizagem diários, que podem ser observados ao longo do tempo. Cada episódio
pode ser subdividido em subfases de pré-ação, ação e pós-ação, assim denominadas, de
acordo com a nomenclatura proposta por Heckhausen e Kuhl (1985). Cada fase possui
elementos comuns e diferentes entre as etapas do modelo proposto por Zimmerman
(2000), conforme se observa na Figura 7.
Na fase de planejamento, que antecede à aprendizagem, enquanto o modelo de
Zimmerman (2000) ressalta as influências das crenças motivacionais que seriam
altamente estáveis, o de Perels, Gurtler e Schmitz (2005) enfatiza os estados
motivacionais que podem ser mais intrínsecos ou mais extrínsecos conforme a
37
atividade, o contexto e as disposições pessoais do aprendiz. Outro construto central
nesse processo é a autoeficácia, cujo conceito adotado se refere ao do estado de
autoeficácia elaborado no trabalho de Schmitz e Skinner (1993).
A fase de ação se concentra na aplicação das estratégias de aprendizagem
divididas em três tipos: cognitivas, metacognitivas e de gerenciamento de recursos.
Destaca-se, nessa hora, a auto-observação e o controle do aluno no curso da
aprendizagem, uma vez que dele depende a disposição para manter o esforço e a
concentração durante a realização da tarefa, apesar das distrações e imprevistos que
possam aparecer (Perels, Gurtler, & Schmitz, 2005). Já a última fase é o momento em
que se comparam os resultados obtidos com as metas estabelecidas no início da
realização da tarefa. Assim como em outros modelos teóricos, essa avaliação gerará
reações emocionais positivas ou negativas que influenciarão a preparação para a
próxima atividade. Caso o desempenho tenha sido insatisfatório, poderão ser feitas
alterações nos objetivos ou nas estratégias adotadas, retroalimentando o ciclo da
autorregulação (Perels, Gurtler, & Schmitz, 2005).
Os modelos teóricos previamente descritos têm em comum o pressuposto de
cada aluno é um indivíduo agente no seu processo de aprendizagem e de que esse
processo pode ser expressivamente aprimorado com o domínio das habilidades
autorregulatórias (Schunk, 2001; Zimmerman, & Schunk, 2008). Os benefícios de se
promover a autorregulação no contexto acadêmico têm sido amplamente discutidos na
literatura internacional (Bembenutty, 2008; Dembo & Seli, 2004; McKeachie &
Svinicki, 2006; Pintrich, 2004; Rosário et al., 2010; Schunk & Zimmerman, 2008;
Wolters, 2010) e em âmbito nacional (Boruchovitch & Ganda, 2013; Costa &
Boruchovitch, 2009; Frison & Veiga Simão, 2011; Gomes & Boruchovitch, 2013;
Magalhães, 2012; Polydoro & Azzi, 2009). Em geral, os pesquisadores têm percebido
que alunos mais autorregulados têm maior motivação, mais organização, mais disciplina
e maior persistência frente às dificuldades, atributos esses que, por sua vez, promovem
um melhor desempenho no contexto educacional (Bandura, 1996; Zimmerman &
Schunk, 2003).
38
1.2 Variáveis da autorregulação
Ao tomar como referência os diversos modelos teóricos da autorregulação,
pode-se observar a relação existente entre os componentes metacognitivos,
comportamentais, motivacionais e emocionais da aprendizagem. Os estudos científicos
revelam que a aprendizagem autorregulada está relacionada com um nível mais
elevado de autoeficácia (Polydoro & Azzi, 2009; Schmidt & DeShon, 2010), com a
maior motivação para aprender (Artino & Stephens, 2009; Martinelli & Sassi, 2010),
com o maior repertório e com o uso mais frequente de estratégias de aprendizagem
(Brunstein & Glaser, 2011; Lee, Lim & Grabowski, 2010), com a menor frequência na
utilização de estratégias autoprejudiciais (McCrea, 2008; Strunk & Steele, 2011) e com
crenças atribucionais mais adequadas à aprendizagem, pelos alunos (Ferla, Valcke &
Schuyten, 2009; Spink & Nickel, 2010).
Um programa que vise a desenvolver a autorregulação dos alunos de modo
global deve trabalhar vários desses aspectos e oferecer orientações individuais quanto
às capacidades e às dificuldades particulares de cada estudante (Brunstein & Glaser,
2011; Kitsantas & Zimmerman, 2009; Sitzman & Ely, 2010). Com esse intuito, a
intervenção proposta na presente pesquisa teve como foco cinco variáveis associadas à
autorregulação que, de acordo com a literatura, exercem capital importância na vida
acadêmica dos alunos universitários, a saber: a motivação para aprender, a crença de
autoeficácia, as estratégias de aprendizagem, a atribuição de causalidade e as
estratégias autoprejudiciais (Artino & Stephens, 2009; Lee, Lim & Grabowski, 2010;
Polydoro & Azzi, 2009; Spink & Nickel, 2010), que serão descritas a seguir.
A motivação pode ser entendida como um conjunto de fatores que move uma
pessoa à ação, ou seja, os motivos pelos quais um indivíduo se engaja e persiste em
uma atividade (Bzuneck, 2009; Klassen & Kuzucu, 2009). No contexto educacional,
essa variável exerce um forte impacto no comportamento e no desempenho, uma vez
que alunos mais motivados têm maior propensão a se concentrarem nas aulas, a
dedicarem mais tempo ao estudo e a demonstrarem maior esforço e persistência na
realização das atividades, mesmo àquelas com maior grau de dificuldade. A conjunção
desses elementos leva a um melhor aprendizado e maior rendimento escolar (Bzuneck,
2009; Boruchovitch, 2008; Martinelli & Sassi, 2010; Weiner, 2010). Deve-se ressaltar
que ser motivado não é uma constante ou uma qualidade ou habilidade restrita a um
grupo de pessoas. Na verdade, a motivação é influenciada e moldada por uma série de
39
outros componentes, como, por exemplo, o senso de autoeficácia do aluno, a sua
percepção sobre o ambiente de sala de aula, os seus interesses particulares, as
experiências educacionais anteriores e a relação que tem com o professor. Esses dados
explicam a razão pela qual um mesmo estudante pode demonstrar muito interesse por
uma disciplina ou tipo de atividade e total apatia ou desgosto por outras (Bandura,
1986; Bzuneck, 2010; Martinelli & Sassi, 2010; Schunk, 1991).
De acordo com Pintrich (2003) há cinco famílias de construtos sócio-cognitivos
que têm sido usadas com mais frequência para se explicar a motivação do estudante
em contexto educacional. As famílias são: a autoeficácia e percepção de competência;
a atribuição de causalidade e a crença de controle; interesse e motivação intrínseca; o
estabelecimento de metas; e a importância/valor conferido à tarefa. Dentre esses
construtos, os dois primeiros (autoeficácia e atribuição de causalidade) foram focos de
investigação principais da presente pesquisa.
A autoeficácia é definida como a crença de uma pessoa em sua capacidade de
realizar uma determinada atividade ou de aprender um conteúdo específico (Bandura,
1997; Zimmerman & Kitsantas, 2007). A literatura aponta que essa crença surge a
partir de quatro fontes: as experiências prévias de sucesso, as experiências vicárias, a
persuasão verbal e os sintomas fisiológicos (Bandura, 1986; Bzuneck, 2004; Schunk,
1989). A primeira é a fonte mais forte de autoeficácia, pois vivenciar o êxito repetidas
vezes em uma atividade, fortalece no aluno a confiança de que é capaz de realizá-la.
De modo similar, observar a experiência de sucesso de colegas com características
semelhantes às suas, denominado de vivência vicária, pode levar o aluno a acreditar
que também em sua capacidade de aprender e executar o que lhe é proposto. Já a
persuasão verbal surte efeitos na elevação da autoeficácia desde que a pessoa que
incentive o aluno por meio da fala seja alguém que ele julgue ser confiável e que
conheça tanto as suas potencialidades quanto as características da tarefa ou conteúdo a
ser dominado. Por fim, a percepção dos sintomas fisiológicos (ex: ansiedade, mal-
estar) fornece ao estudante informações sobre o seu estado atual, ou seja, se está em
condições favoráveis para realizar o que lhe é pedido, caracterizando-se como uma
fonte de autoeficácia mais frágil, situacional e passageira (Bandura, 1997; Bzuneck,
2004; Schunk, 1989).
40
Sentir-se ou não autoeficaz é uma condição que, por sua vez, afeta a motivação,
as emoções, o comportamento e as expectativas de resultado dos alunos (Bandura,
1997; Bzuneck, 2009; Pajares, 2008; Zimmerman & Kitsantas, 2005). Um estudante
com autoeficácia mais elevada sente-se mais motivado, pois acredita que é capaz de
aprender a matéria e de fazer o que lhe é pedido pelo professor. Essa percepção faz
com que ele tenda a participar das atividades escolares e a se dedicar com mais
frequência quando comparado aos seus colegas que se sentem pouco capazes. Para
esses últimos, os seus esforços são inúteis, pois não creem em sua aptidão para
aprender ou para adquirir o conhecimento e as habilidades necessárias para realizar
uma dada tarefa (Pintrich & De Groot, 1990). Em vista disso, tendem também a
apresentar maiores níveis de ansiedade e estresse frente às atividades acadêmicas.
Tanto a motivação quanto a autoeficácia estão presentes na primeira fase do
ciclo da autorregulação de Zimmerman (2000) e influenciam diretamente o
comportamento dos alunos, especialmente no que concerne ao uso das estratégias de
aprendizagem (Bartels & Magun-Jackson, 2009; Klassen & Kuzucu, 2009), definidas
como os procedimentos e as técnicas destinados a aprimorar a aquisição, a retenção e o
uso da informação (Bartalo & Guimarães, 2008; Boruchovitch & Santos, 2006; Pozo,
1996). Há muitos tipos de estratégias de aprendizagem, como, por exemplo, sublinhar
textos, fazer resumos, organizar o ambiente de estudo, rever a matéria para ver se
compreendeu tudo, pedir ajuda quando tem dúvidas, gerenciar o tempo de estudo,
entre outros (Pozo, 1996). Cada aluno pode escolher diferentes métodos para aprender
melhor, mas, para isso, é necessário que esteja motivado e sinta-se capaz de adquirir o
conhecimento. Os alunos com maior repertório e com uso mais frequente dessas
estratégias tendem a compreender melhor o conteúdo e obter níveis mais elevados de
rendimento (Dembo & Seli, 2004).
Na realidade, o uso ou não de estratégias de aprendizagem repercute no
desempenho e, consequentemente, nas variáveis presentes na terceira fase do ciclo
autorregulatório: a da avaliação dos resultados (Schunk & Zimmerman, 2008;
Zimmerman & Schunk, 2004). Após a realização de uma atividade (ex: prova,
trabalho, conclusão de uma disciplina, entre outras), o aluno, em geral, recebe um
feedback que tanto pode ser positivo (sucesso) como negativo (fracasso). Seja como
for, o estudante formará crenças sobre os motivos que geraram aqueles resultados e
terá atitudes que influenciarão o seu engajamento em outras atividades futuras
41
(Bertrams & Dickhauser, 2012). Esse processo é denominado atribuição de
causalidade e tem sido amplamente estudado nas últimas décadas (Ferla, Valcke &
Schuyten, 2009; Ganda & Boruchovitch, 2011; Spink & Nickel, 2010; Weiner, 1985,
2004, 2010).
Entre as principais causas atribuídas pelos alunos nas situações de sucesso e
fracasso acadêmico estão: o esforço, a inteligência, a sorte, o auxílio do professor, o
nível de dificuldade da tarefa e o uso de estratégias de aprendizagem (Weiner, 1985,
2008). A taxonomia da Teoria de Atribuição de Causalidade pressupõe que as causas
podem ser classificadas de acordo com as dimensões de controlabilidade, lócus e
estabilidade (Martini & Boruchovitch, 2004; Weiner, 1985). A primeira refere-se ao
fato de a causa ser ou não controlável como, por exemplo, o investimento de esforço
que é considerado como passível de controle pelo indivíduo. A segunda considera se o
motivo pelo qual o sucesso ou fracasso ocorreu é interno (ex: inteligência) ou externo
ao aluno (ex: dificuldade da tarefa). Já na estabilidade, considera se a causa é estável,
se mantém ao longo do tempo durante a realização de outras atividades como, por
exemplo, no caso do uso adequado de estratégias de aprendizagem, ou se é instável,
como a influência da sorte nos resultados obtidos (Weiner, 1985, 2010).
Assim como a autoeficácia, a atribuição de causalidade se refere às crenças dos
alunos sobre o seu próprio aprendizado, mas diferem quanto ao momento em que são
ativadas e à sua generalidade. A autoeficácia, como construto motivacional, é anterior
à realização de uma atividade, pois os indivíduos tecem considerações sobre sua
capacidade antes de agir (Zimmerman & Kitsantas, 2005). Além disso, o construto se
restringe à análise da pessoa sobre sua aptidão em uma tarefa ou ao conteúdo
específico (Bandura, 1997). Já as atribuições causais são acessadas após a atividade,
quando se obtém o resultado final, e podem ser qualificadas tanto para um domínio
particular (ex: prova teórica de português) quanto geral (ex: ser um bom aluno). As
atribuições causais e o senso de autoeficácia apresentam também uma relação com o
comportamento futuro dos estudantes. Há alunos que, diante do fracasso, se sentem
incapazes e passam a adotar atitudes disfuncionais à sua aprendizagem, denominadas
pela literatura de estratégias autoprejudiciais (Elliot & Church, 2003; Ganda, 2011).
Essas estratégias são escolhas realizadas diante de uma situação que interfere nos
resultados de uma atividade (Berglas & Jones, 1978; Harris, Snyder, Higgins &
Schrag, 1986; Kolditz & Arkin, 1982).
42
No contexto acadêmico, há uma série de comportamentos que podem ser
autoprejudiciais, como: abusar de álcool e de drogas, procrastinar o estudo e a
realização de trabalhos, sair na noite anterior a um exame, não ler os textos da
disciplina, conversar durante as aulas, demonstrar ansiedade antes de uma
apresentação, relatar mal-estar durante uma prova, entre outros. Deve-se ressaltar que a
ação ou a justificativa dada pelo estudante é considerada autoprejudicial quando oculta
um sentimento de insegurança e de medo do fracasso (Elliot & Church, 2003; Ganda
& Boruchovitch, 2015; Harris, Snyder, Higgins & Schrag, 1986). Assim, por duvidar
de sua capacidade, o indivíduo usa de desculpas e condutas educacionais negativas que
poderão ser interpretadas pelos outros (colegas, pais e professores) como a causa do
seu insucesso.
Diante da importância que as variáveis autorregulatórias exercem no
aprendizado e no desempenho dos alunos, tem havido um número crescente de
pesquisadores interessados em analisar o comportamento dos alunos e propor formas de
ajudá-los a superar suas dificuldades. Há, inclusive, diversas propostas de intervenção
sendo desenvolvidas com o intuito de fomentar a autorregulação de alunos de todas as
etapas de escolarização, desde os primeiros anos do Ensino Fundamental até o Ensino
Superior e a Pós-Graduação (Boruchovitch & Ganda, 2013; Brunstein & Glaser, 2011;
Burke, & Williams, 2008; Costa & Boruchovitch, 2009; Gomes & Boruchovitch, 2011;
Rosário et al., 2010; Sitzmann, & Ely, 2010). A maior parte dessas propostas foi criada
tendo como base os pressupostos da teoria cognitiva e sociocognitiva da aprendizagem.
1.3 Programas de intervenção em autorregulação: Considerações
gerais
Os programas instrucionais voltados à promoção da autorregulação convergem
em três pontos principais: podem ser implementados no contexto de ensino de um
conteúdo, podem ser realizados em quase todos os níveis educacionais e podem ser
eficazes para diferentes tipos de alunos (Wolters, 2010). Embora haja diversas
iniciativas educacionais voltadas ao ensino de técnicas individuais de estudo ou de
estratégias de aprendizagem, um programa só poderá ser considerado promotor da
autorregulação, se incorporar em sua proposta as questões metacognitivas e
motivacionais dos alunos (Simpson et al., 1997; Wolter, 2010). Há uma variedade de
projetos de intervenção para a aprendizagem autorregulada que podem ser classificados
43
em relação à sua modalidade de instrução, ao seu formato, ao seu conteúdo e ao seu
tempo de duração (Hofer, Yu & Pintrich, 1998; Zimmerman & Tsikalas, 2005). Podem-
se somar a essa categorização outros aspectos como, por exemplo, o público-alvo, o
número de alunos e a qualificação do instrutor. Uma síntese da classificação dos
programas pode ser visualizado no Quadro 01, a seguir.
Quadro 01 – Parte 1
Classificação de programas de intervenção voltados à promoção da autorregulação
Programas de Intervenção em Autorregulação da aprendizagem
Aspecto Opções Descrição
Modalidade Presencial
Virtual
Mista (Blended Learning, Hybrid
Learning)
Aulas, orientações e atividades
realizadas presencialmente. Pode
incluir atividades para serem
realizadas em casa.
Aulas, orientações e atividades
realizadas em ambiente virtual. Uso
de plataformas online de ensino e
Sites da internet.
Integra aulas e atividades nas duas
modalidades: presencial e virtual.
Formato Integração curricular
(Programs Integrated)
Sobreposição curricular
(Courses adjunct)
Realizado dentro do contexto de uma
disciplina específica do curso
universitário. Atividades incorporadas
ao currículo.
Realizado em horário extraclasse.
Atividades podem ou não serem
incluídas no currículo.
Conteúdo Específico
Geral
Ensino de estratégias para o domínio
de um conteúdo específico.
Ensino de estratégias passíveis de
generalização a vários tipos de
conteúdos e atividades.
Tempo de duração Curta
Média
Longa
De 1 a 4 encontros.
De 5 a 12 encontros.
Acima de 12 encontros.
Público-alvo Ensino Fundamental
Ensino Médio
Ensino Superior
Pós-graduação/ Profissionais
Crianças, de 7 a 14 anos*.
Jovens, de 15 a 17 anos*.
Jovens/Adultos, 18 a 30 anos*.
Adultos, acima de 30 anos*.
Nota: * Faixa etária aproximada. Pode variar conforme o contexto de aprendizagem, o curso e a região.
44
Quadro 01 - Continuação
Classificação de programas de intervenção voltados à promoção da autorregulação
Programas de Intervenção em Autorregulação da aprendizagem
Aspecto Opções Descrição
Número de alunos Individual
Grupos pequenos
Turmas fechadas
Grupos grandes
Um aluno por vez.
De 2 a 10 alunos. Podem ser de
cursos e níveis diferentes.
Classes pré-formadas de alunos.
Acima de 10 alunos. Podem ser de
cursos e níveis diferentes.
Qualificação do instrutor Professor
Tutor/Monitor
Autoinstruído
Conduzido por um docente com
domínio na área da autorregulação.
Conduzido por um aluno mais
graduado no tema, geralmente
orientado por um professor.
Realizado individualmente, sem a
presença de um professor ou
tutor/monitor.
Nota: * Faixa etária aproximada. Pode variar conforme o contexto de aprendizagem, o curso e a região.
A maior parte dos programas de intervenção em autorregulação é desenvolvida
na modalidade presencial, em formato de sobreposição curricular, com conteúdo geral,
em um tempo de curta a média duração e tendo como público-alvo alunos do Ensino
Superior, agrupados em grandes grupos (Rosário, Núñez & González-Pienda,2010;
VanderStoep & Pintrich, 2003). Embora, de maneira geral, as pesquisas revelem bons
resultados com esse modelo básico de intervenção, diversas outras propostas vêm sendo
investigadas com o intuito de aperfeiçoá-lo (Shen & Liu, 2011).
Nas últimas décadas, com o avanço das tecnologias e com a expansão da internet
tem havido um acentuado crescimento no uso de recursos tecnológicos e virtuais no
processo de ensino (Sun & Rueda, 2012). Zimmerman e Tsikalas (2005) declaram que
os computadores podem constituir uma importante ferramenta no desenvolvimento da
aprendizagem autorregulada. Já para Shen e Liu (2011), o método de ensino que
envolva o uso de dispositivos eletrônicos e de uso da internet pode tanto fomentar a
autorregulação, quanto revelar o nível autorregulatório dos alunos, uma vez que a
aprendizagem em ambiente online pressupõe maior autonomia e disciplina por parte do
indivíduo (Sun & Rueda, 2012).
No que concerne ao conteúdo, os programas de intervenção que visem a uma
aquisição duradoura da capacidade de autorregulação devem apresentar diversas
45
estratégias de aprendizagem, passíveis de serem generalizadas para outras matérias e
outros contextos de aprendizagem (Hofer, Yu & Pintrich, 1998). No decorrer do curso,
devem-se propor atividades variadas nas quais os alunos tenham a oportunidade de
aplicar as estratégias demonstradas e de testar quais se adaptam ao seu estilo pessoal de
estudo (Simpson, Hynd, Nist & Burrell, 1997). Contudo, cabe ressaltar que, embora o
conhecimento das estratégias seja de suma importância para a autorregulação, ele por si
só não garante a sucesso da aprendizagem. Os alunos necessitam de saber quais são as
estratégias, como e em quais atividades usá-las e, até mesmo, quando modificá-las, caso
percebam que não estão sendo eficazes no alcance dos seus objetivos (Boruchovitch,
Costa & Neves, 2005; Pozo, 1996). Além disso, para que elas de fato sejam aplicadas
durante a realização de uma atividade, é necessário que outros aspectos pessoais do
estudante sejam considerados como, por exemplo, a sua metacognição, a sua
autoeficácia, a sua motivação, as suas crenças atribucionais e, inclusive, a sua percepção
sobre o ambiente de aprendizagem (Brunstein & Glaser, 2011; Weiner, 2010;
Zimmerman, Bonner & Kovach, 2008).
Um exemplo de intervenção que incorporou o ensino de estratégias de
aprendizagem para a habilidade escrita e as variáveis autorregulatórias foi o programa
Self-regulated strategies development – SRSD (Desenvolvimento de estratégias
autorreguladas), construído por Harris e Graham (2009). O SRSD combina a instrução
de estratégias pontuais para planejamento e revisão dos textos com os métodos de
autorregulação da aprendizagem como, por exemplo, o monitoramento, o
estabelecimento de metas e o autorregistro do processo de aprendizado. O SRSD
envolve seis estágios de instrução (ativação do conhecimento prévio, discussões em
grupo, modelagem cognitiva, memorização, suporte /ancoragem e desempenho
independente) e tem se mostrado um método eficaz para a melhoria da qualidade da
escrita, da promoção da autorregulação e do aumento da autoeficácia dos alunos
(Brunstein & Glaser, 2011; Harris, Graham, & Mason, 2003; Santangelo, Harris, &
Graham, 2008).
A partir do modelo instrucional SRSD, diversos trabalhos foram desenvolvidos
com o intuito de ajudar alunos, crianças e adolescentes, a usar boas estratégias para
composição de textos (Costa & Boruchovitch, 2009; Gomes & Boruchovitch, 2005,
2011; Graham, Harris, & MacArthur, 2006; Harris, Graham, & Mason, 2006;
Santangelo, Harris, & Graham, 2008). Os resultados promissores dos estudos
46
demonstram que as habilidades cognitivas, metacognitivas e autorregulatórias podem
ser fomentadas desde o início do Ensino Fundamental o que, possivelmente, promoveria
uma aprendizagem de maior qualidade e preveniria diversos problemas educacionais
enfrentados pelos estudantes nos anos escolares posteriores (Bandura, 2003; Brunstein
& Glaser, 2011; Boruchovitch, Costa & Neves, 2005; Zimmerman & Schunk, 2004).
Contudo, percebe-se que, muitas vezes, os próprios professores desses alunos não têm
conhecimento teórico e prático sobre a autorregulação e variáveis a ela relacionadas
como, por exemplo, a motivação, as atribuições causais, as estratégias de aprendizagem,
entre outras, que exercem um papel crucial no processo de ensino e aprendizado (Berry,
2006; Martini & DelPrette, 2002, 2009; Warfield, Wood, & Lehman, 2005; Woolfson &
Brady, 2009; Salonen, Vauras, & Efklides, 2005).
A questão é ainda mais delicada ao se constatar que os professores tanto não
tiveram contato com a fundamentação teórico-metodológica durante sua formação
docente, como, inclusive, não foram estimulados a refletir sobre sua conduta e a aplicar
as mesmas estratégias durante seu percurso acadêmico e profissional (Brunstein &
Glaser, 2011; Dembo, 2001; McKeachie & Svinicki, 2006). Um dos motivos pelos
quais se revela que é igualmente importante trabalhar a autorregulação no Ensino
Superior, especialmente em cursos de formação docente, (Cleary, 2011; Lee, Lim &
Grabowski, 2010; McKeachie, Lin, & Middleton, 2004; Middleton, Abrams & Seaman,
2011; Schunk & Zimmerman, 2008), conforme se propõe o presente estudo. Assim,
tendo em vista apresentar a revisão de literatura sobre o tema, são descritas, no próximo
capítulo, diversas pesquisas internacionais e nacionais nas quais foram implementados
projetos de intervenção destinados a desenvolver a autorregulação da aprendizagem de
alunos universitários.
47
CAPÍTULO 02
PROPOSTAS DE INTERVENÇÃO EM AUTORREGULAÇÃO DA
APRENDIZAGEM NO CONTEXTO ACADÊMICO
Ao ingressar no Ensino Superior muitos alunos se defrontam com um contexto
educacional para o qual não se sentem preparados. As pesquisas revelam que, até
mesmo, os estudantes que tinham um ótimo desempenho durante os ensinos
Fundamental e Médio, frequentemente se surpreendem com os altos níveis de
conhecimento, dedicação e excelência que se exigem nas universidades (Ferla, Valcke
& Schuyten, 2009). Perante o baixo rendimento e às altas taxas de evasão de alunos
universitários, acarretados em parte por essa situação, importantes pesquisas na área da
Educação têm sido realizadas, com o intuito de identificar as particularidades do
problema e, sobretudo, desenvolver propostas de promoção da autorregulação que
possam auxiliar os estudantes em seu ingresso e permanência na faculdade (Dembo,
2000; Magalhães, 2012; Rosário, Núñez e Pienda, 2006; Zimmerman, Bonner &
Kovach, 2008). Há trabalhos, inclusive, que buscam formas de ajudar os graduandos
tanto como alunos quanto como futuros profissionais (Boruchovitch & Ganda, 2013;
Dembo, 2001; McKeachie & Svinicki, 2006; VanderStoep & Pintrich, 2003).
Desse modo, tendo em vista mapear o estado da arte sobre o tema, efetuou-se
uma busca na literatura científica internacional e na nacional a respeito de pesquisas
experimentais e quase-experimentais que tenham investigado a aprendizagem
autorregulada, de modo geral, e as variáveis a ela relacionadas. A consulta foi realizada
nas bases de dados e periódicos eletrônicos da American Psychological Association
(APA), Scientific Library On Line (SciELO), Education Resources Information Center
(ERIC), Science Direct e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS-Psi) e também em
periódicos impressos disponíveis nas bibliotecas da Universidade Estadual de Campinas
- UNICAMP. O período de abrangência foi de 2004 a 2014. Para a investigação
internacional foram usadas as seguintes palavras-chave: “self-regulation”, “self-
regulated learning”, “intervention”, “self-regulated strategies”, “college students” e
“pre-service teachers”. Para a pesquisa nacional, foram usados os termos:
“autorregulação”, “aprendizagem autorregulada”, “intervenção”, “estratégias de
autorregulação”, “alunos universitários”, “estudantes de pedagogia” e “formação de
48
professores”. Deve-se ressaltar que não foram aqui incluídos os estudos divulgados em
dissertações, teses e livros, mas apenas os publicados em artigos de revistas científicas.
Na busca, localizaram-se diversos estudos sobre autorregulação de caráter
teórico (Boekaerts & Corno, 2005; Nicol & Macfarlane-Dick, 2006; Pintrich, 2004;
Polydoro & Azzi, 2009; Silva, Veiga Simão e Sá, 2004; Winne, 2005; Zimmerman,
2008) e descritivo-correlacional (García-Ros & Pérez-González, 2012; Machado &
Frison, 2012; Sampaio, Polydoro & Rosário, 2010; Zimmerman & Kitsantas, 2007).
Encontraram-se também trabalhos realizados em diversas áreas de investigação como,
por exemplo, a organizacional (Moraes & Andrade, 2010; Nascimento, 2008; Quinteiro,
Curral & Passos, 2010), a esportiva (Buckley & Cameron, 2011; Hagger et al., 2006;
Karoly et al., 2005; Lakes & Hoyt, 2004; Robazza, Pellizzari, & Hanin, 2004) e a
clínica (Brown, Bartholomew, & Naik, 2007; Carlson et al., 2012; Kuiper & Pesut,
2004; Meyer, Talbot, & Ranalli, 2007). Embora as pesquisas mencionadas tenham
revelado dados interessantes, não foram aqui apresentadas por não serem de caráter
experimental ou por não se enquadrarem no contexto acadêmico.
No que tange à área educacional, foram encontrados trabalhos de intervenção
realizados com alunos da Educação Infantil, dos Ensinos Médio, Fundamental e
Superior e, inclusive, com profissionais já graduados, conforme pode ser visualizado no
Quadro 02. Entretanto, em virtude do escopo do presente estudo, serão aqui relatadas
apenas as pesquisas cuja amostra foi composta por estudantes universitários. Cabe
mencionar que, por serem pesquisas de intervenção, optou-se por fazer uma descrição
detalhada de cada uma abrangendo a amostra, a filiação, os objetivos, os instrumentos,
os procedimentos de coleta e análise de dados e, por fim, os principais resultados
encontrados. Os trabalhos estão apresentados a seguir, em ordem cronológica, do mais
antigo para o mais atual. Primeiramente, estão descritos os estudos desenvolvidos no
exterior e, em seguida, os que foram realizados no Brasil.
49
Quadro 02
Levantamento de estudos científicos voltados à promoção da aprendizagem
autorregulada
Pesquisas Experimentais e Quase-experimentais no contexto educacional
Amostra Autoria / Ano de publicação Local de realização
Alunos da
Educação Infantil
Ávila & Frisson, 2012
Roque, 2012
Rosário, Barbosa, Núnez, & González-Pienda,
2005
Brasil (RS)
Portugal
Portugal
Alunos do Ensino
Fundamental
Bilimória & Almeida, 2008
Brunstein & Glaser, 2011
Burke & Williams, 2008, 2012
Costa & Boruchovitch, 2009
Cleary, Platten, & Nelson, 2008
Gago, 2012
Gomes & Boruchovitch, 2011
Lizarraga, Baquedano, Magado, & Elawar, 2012
Perels, Gurtler, & Schmitz, 2005
Peters & Kitsantas, 2009
Punhagui & Souza, 2012
Redford, Thiede, Wiley & Griffin, 2012
Rosário, González-Pienda, Núnez & Mourão,
2005
Portugal
Alemanha
Escócia
Brasil (GO)
Estados Unidos
Portugal
Brasil (SP)
Espanha
Alemanha
Estados Unidos
Brasil (PR)
Estados Unidos
Portugal
Alunos do Ensino
Médio
Abreu, 2012
Chung & Yuen, 2012
Cleary & Zimmerman, 2004
Kostons, Gog, & Paas, 2012
Portugal
Hong Kong
Estados Unidos
Holanda
Alunos do Ensino
Superior
Alexiou & Paraskeva, 2010
Bembenutty & White, 2013
Bernacki, Byrnes & Cromley, 2012
Bown, 2009
Boruchovitch & Ganda, 2013
Cotterall & Murray, 2009
Dunlosk & Rawson, 2012
Fabriz, Ewijk, Poarch & Buttner, 2013
Fantinel, Angelo, Lima & Maraschin, 2013
Frison & Moraes, 2010
Frison & Veiga Simão, 2011
Goh, Seet & Chen, 2012
Granville & Dison, 2005
Johnson, Archibald & Tenenbaum, 2010
Kauffman, Zhao & Yang, 2011
Leutner, Leopold, & Elzen-Rump, 2007
Matsumoto, Hiromori, & Nakayama, 2013
Nuckels, Hubner, & Renkl, 2009
Rosário et. al., 2010
Grécia
Estados Unidos
Estados Unidos
Estados Unidos
Brasil (SP)
Japão
Estados Unidos
Alemanha
Brasil (RS)
Brasil (RS)
Brasil (RS) e Portugal
Nova Zelândia
África do Sul
Estados Unidos
Estados Unidos
Alemanha
Japão
Alemanha
Portugal e Espanha
Profissionais
graduados
Bailey, Dunlosky, & Hertzog, 2010
Glava & Glava, 2010
Randi, Corno, & Johnson, 2011
Sitzmann, Bell, Kraiger, & Kanar, 2009
Sitzmann & Ely, 2010
Sitzmann & Johnson, 2012
Estados Unidos
Romênia
Estados Unidos
Estados Unidos
Estados Unidos
Estados Unidos
50
2.1. Pesquisas internacionais
Os professores Granville e Dison (2005) desenvolveram um projeto para
desenvolver as habilidades metacognitivas dos alunos, tendo em vista o aprimoramento
dos processos de aprendizagem e dos pensamentos de ordem superior. A amostra foi
composta por 35 estudantes ingressantes de uma universidade da África do Sul,
matriculados em um curso introdutório de aprendizagem da Língua Inglesa para fins
acadêmicos. O curso é realizado durante um ano, dividido em dois módulos de um
semestre cada. No primeiro, trabalham-se os aspectos relacionados à transição do aluno
do Ensino Médio para o Ensino Superior, incluindo as habilidades necessárias para
dominar o estudo e a escrita nesse novo contexto de aprendizagem. No segundo
módulo, os estudantes são levados a aplicar as estratégias aprendidas anteriormente em
um projeto de pesquisa científico. A partir da análise preliminar de entrevistas
semiestruturadas realizadas ao longo do curso, os autores observaram que o pensamento
metacognitivo se constituiu como uma importante ferramenta para a aprendizagem. Os
dados revelaram que, durante o curso, os alunos se engajaram totalmente nas
dificuldades e desafios de seu aprendizado e entenderam os aspectos cruciais da criação
de projetos científicos. Houve também evidências de melhora da consciência
metacognitiva e dos pensamentos analíticos e autoavaliativos dos universitários
(Granville & Dison, 2005).
No seu estudo experimental, Leutner, Leopold e Elzem-Rump (2007)
investigaram a eficácia de um programa de treinamento computadorizado voltado ao
uso de estratégias cognitivas para a promoção da autorregulação. Participaram do estudo
45 alunos de uma universidade da Alemanha, divididos em três tipos de grupos: a)
Experimental 1: recebeu treinamento em estratégias de aprendizagem com técnicas de
autorregulação; b) Experimental 2: recebeu treinamento em estratégias de aprendizagem
sem técnicas de autorregulação; e c) Controle: não recebeu treinamento nem em
estratégias, nem técnicas de autorregulação. O programa de intervenção consistiu de três
partes: 1ª) O estudo de caso: os componentes que seriam trabalhados no programa
foram apresentados em uma situação real; 2ª) A aprendizagem de estratégia: os alunos
aprenderam e aplicaram a estratégia de destacar partes importantes do texto; e 3ª) A
autorregulação: os participantes aprenderam e praticaram formas de autorregular a
aplicação da estratégia em prol das metas traçadas inicialmente. A coleta de dados foi
realizada por meio de uma escala de inteligência verbal, um teste de conhecimento
51
sobre o conteúdo do programa, um teste de compreensão textual e uma breve redação
sobre o uso de estratégias. Em consonância com as hipóteses iniciais, os resultados
revelaram que os alunos do grupo experimental 1 (treinamento em estratégias mais
autorregulação) mostraram-se mais capazes de aplicar a estratégia cognitiva em
consonância com seus objetivos, tanto durante a leitura como na recuperação das
informações do texto estudado (Leutner, Leopold & Elzem-Rump, 2007).
Bown (2009) buscou identificar os comportamentos autorregulatórios dos alunos
durante o aprendizado de língua estrangeira (russo), realizado por meio de um Programa
de Autoinstrução. No programa, o trabalho foi conduzido individualmente por aluno,
que teve a autonomia de escolher o momento de estudar, de fazer os exercícios, de
efetuar os testes e de marcar horários com os instrutores, caso necessitasse de ajuda. No
começo de cada curso foram explicados aos alunos os procedimentos e as regras do
Programa de Autoinstrução e dadas sugestões sobre como lidar com o seu processo de
aprendizagem. Além disso, foi-lhes entregue um conjunto de materiais, incluindo um
manual de orientações e uma série de textos teóricos básicos e auxiliares. Participaram
do estudo 20 alunos de uma universidade americana que responderam os seguintes
instrumentos: a) entrevistas semiestruturadas a respeito da experiência no curso,
realizadas em três momentos distintos e b) diários narrativos nos quais foram descritos
as estratégias por eles usadas, os avanços percebidos e as emoções eliciadas durante o
curso. Além disso, houve a análise de todo o material didático do programa e do
histórico dos estudantes, incluindo as notas dos testes, os registros de realização das
atividades e as datas das visitas ao centro de aprendizagem.
Os dados encontrados por Bown (2009) evidenciaram que, para os alunos, os
maiores desafios de se estudar pelo método autoinstrucional foram a ausência de uma
estrutura e de cobrança externa feita por um professor, a falta de parâmetros de
avaliação (ex: comparação entre colegas), e as poucas oportunidades para se receber um
feedback e praticar a língua estrangeira oralmente. Contudo, tendo em vista suprir essas
carências, os alunos aplicaram diversas estratégias cognitivas para regular sua própria
aprendizagem como: planejar, traçar metas de curto prazo, autoimpor-se datas-limite
para a realização de cada atividade, criar “penalidades” no caso de não cumprir as
tarefas, procurar materiais extras para exercitar a compreensão linguística (ex: músicas,
filmes, jornais e sites) e tentar praticar a conversação da língua com outras pessoas. No
que tange às emoções de ansiedade, frustração e desânimo que surgiram durante o
52
curso, parte dos alunos disse que buscou evitar as atividades que gerassem essas
emoções sempre que possível, enquanto que outros utilizaram autoverbalizações
positivas que os encorajasse quando não estivessem progredindo ou que os lembrasse
dos motivos que os levaram a fazer o curso. Por fim, constatou-se que os universitários
que se consideravam autoeficazes para aprender e aqueles que estabeleceram melhores
relacionamentos com os seus instrutores, foram os que relataram maiores ganhos e
satisfação pessoal com o método autoinstrucional.
Os protocolos de aprendizagem são uma estratégia autoguiada de escrita que
permite ao aluno elaborar e refletir sobre o conteúdo aprendido, o que pode favorecer a
sua autorregulação. Partindo desse pressuposto Nuckels, Hubner e Renkl (2009),
desenvolveram um estudo para avaliar o efeito que os avisos (prompts) teriam para a
compreensão dos alunos durante a redação de protocolos. A partir do modelo teórico de
Zimmerman (2000), eles elaboraram uma combinação de três tipos de avisos que se
referiam a cada fase do ciclo da autorregulação, a saber, cognitivos (1ª fase: organização
e elaboração), metacognitivos (2ª fase: monitoramento) e avaliativos (3ª: planejamento
de estratégias de remediação). Participaram, no estudo de Nuckels, Hubner e Renkl
(2009), 103 estudantes de uma universidade alemã que foram divididos, aleatoriamente,
em cinco grupos com diferentes condições experimentais: a) sem avisos; b) com avisos
cognitivos; c) com avisos metacognitivos; d) misto de avisos cognitivos e
metacognitivos com avisos avaliativos; e e) misto de avisos cognitivos e
metacognitivos, sem avisos avaliativos. A coleta do pré-teste e pós-teste foi realizada
por meio de questões abertas de compreensão do conteúdo. De modo geral, os
resultados revelaram que a aplicar a estratégia de dar avisos apoiando todas as fases da
autorregulação foi a melhor condição para se fomentar a compreensão. Os autores
concluíram que, com um suporte adequado, a escrita pode operar como um meio
benéfico para ajudar os alunos a autorregularem seu entendimento do conteúdo.
Em uma pesquisa realizada com 269 alunos de uma universidade japonesa,
Cotterall e Murray (2009) analisaram o progresso dos estudantes em um curso
autodirigido para aprendizado da Língua Inglesa, no que tange dois aspectos: a
proficiência na língua e o desenvolvimento do conhecimento metacognitivo. Partindo
dos conceitos da aprendizagem autorregulada (Pintrich, 2004; Zimmerman, 2000, 2008)
e do modelo de aprendizagem autônoma de Holec (1987), o curso foi construído de
modo que o aluno pudesse delinear e executar seus próprios planos de aprendizagem.
53
Desse modo, o estudante determinava suas metas, escolhia os materiais apropriados,
decidia quando iria usar os materiais, monitorava seu progresso e avaliava seu
desempenho.
No pré-teste e no pós-teste os alunos responderam a um questionário com 10
itens em escala do tipo Likert de cinco pontos, a respeito das suas crenças quanto à
importância do aprendizado da Língua Inglesa e quanto ao seu conhecimento
metacognitivo (planejamento, monitoramento e avaliação da aprendizagem). No início
do curso autodirigido, solicitou-se também aos participantes que escrevessem histórias
em inglês, que seriam revistas e analisadas por eles próprios no final do semestre.
Durante o curso, que durou 15 semanas, os alunos mantiveram o registro de
planejamentos pessoais e de diários de aprendizagem que, em conjunto com as
atividades de escrita e de avaliação formaram um portfólio sobre o desempenho
processual de cada participante. Ao final da pesquisa, os alunos responderam a um
questionário avaliativo do curso e, parte da amostra, participou de entrevistas
individuais e discussão em grupos focais (Cotterall & Murray, 2009).
Os resultados revelaram que o curso autodirigido contribuiu para o aumento das
crenças positivas dos alunos, especialmente no que concerne ao conhecimento
metacognitivo e ao controle aplicado na aprendizagem de línguas. Cerca de 80% da
amostra relatou que o curso os ajudou a perceber suas competências, a acreditar em sua
capacidade para planejar o estudo e a compreender melhor o processo de aprendizagem.
Os dados sugerem o método autodirigido possa ter propiciado esse progresso por ter
dado aos alunos a oportunidade inédita de traçarem e buscarem as próprias metas, de
autoavaliarem os seus resultados, de refletirem sobre sua aprendizagem, de
experimentarem diferentes estratégias e de procurarem a orientação do instrutor quando
julgassem necessário (Cotterall & Murray, 2009).
Os professores Johnson, Archibald e Tenenbaum (2010) realizaram dois estudos
para mensurar os efeitos de um método de aprendizagem por anotações online no
desenvolvimento das habilidades de compreensão da leitura, pensamento crítico e
metacognição de alunos de uma universidade americana. O método denominado de
Social Annotation Model - Learning System (SAM-LS) combina o uso de estratégias
instrucionais, aprendizado em grupo e a ferramenta de aprendizagem colaborativa de
anotação social em ambiente virtual: HyLigther. Os autores testaram o SAM-LS em um
54
curso de 9 sessões, realizadas ao longo de 10 semanas, nas quais os estudantes foram
orientados por um instrutor na utilização das estratégias para a leitura e análise de textos
acadêmicos. O tempo total de trabalho nas sessões foi de 6 horas, excluindo os
momentos de pré-teste e pós-teste nos quais os alunos leram um texto e responderam a
sete questões abertas que buscavam medir suas competências para compreender e
pensar criticamente sobre o que leram e fazer uma análise metacognitiva do processo.
No primeiro estudo, participaram 254 alunos ingressantes que foram divididos
em cinco condições instrucionais: 1) Os estudantes leram o texto usando a ferramenta
HyLigther para sublinhar e fazer anotações; 2) Mesma condição instrucional 1, mas
agora os alunos puderam ver os destaques e anotações feitos por seus colegas também;
3) Mesma condição instrucional 1, mas, nesse caso, os universitários tiveram acesso aos
destaques e anotações feitos pelo professor instrutor; 4) Já na quarta condição, eles
viram os destaques e anotações do instrutor primeiro. Depois leram o texto, sublinhando
e anotando do seu modo. Em seguida, responderam a duas questões autorreflexivas em
que comparavam o que fizeram com o que foi feito pelo instrutor; e 5) Os alunos apenas
leram o texto em folha impressa (Grupo controle). Os resultados não revelaram
diferenças estatisticamente significativas entre os grupos experimentais e controle. Os
autores ponderaram que esse resultado pode ter sido efeito do pouco tempo tanto gasto
na intervenção quanto dado aos alunos para aprenderem a usar a ferramenta de anotação
online - HyLighter. Contudo, todos os participantes apresentaram um aumento nas
habilidades relativas ao pensamento crítico.
O estudo 2 envolveu 267 alunos universitários agora agrupados em quatro
distintas condições instrucionais, nas quais todas envolveram o uso do HyLighter: 1) Os
alunos realizaram as atividades em grupos e depois compararam coletivamente suas
respostas com as do instrutor; 2) Os estudantes fizeram as tarefas sozinhos e depois
formaram grupos para analisar suas respostas frente às do instrutor; 3) Eles realizaram
as atividades em grupo e depois as compararam sozinhos; e 4) Os alunos fizeram e
compararam as suas tarefas sozinhos. Antes de todas as sessões do curso foi acrescida
uma introdução sobre o uso da ferramenta HyLigther. De modo geral, os dados
mostraram que as habilidades referentes à compreensão da leitura e à metacognição dos
alunos aumentaram quando eles trabalharam em grupo em apenas uma ou em ambas as
etapas da atividade (sublinhar/anotar e comparar as respostas).
55
Em uma parceria entre pesquisadores da Espanha e Portugal, Rosário et al.
(2010) implementaram uma proposta de intervenção voltada ao desenvolvimento de
estratégias de autorregulação da aprendizagem, com 176 alunos ingressantes de cursos
de Educação de duas universidades, de ambos os países. A amostra foi dividida em dois
grupos, experimental e controle, sendo que apenas o primeiro participou da intervenção,
realizada por meio do programa intitulado “Cartas do Gervásio a seu Umbigo”, de
Rosário, Núñez e Pienda, 2006. Esse programa consiste de 14 textos narrativos (cartas)
nas quais o personagem fictício Gervásio, um estudante universitário, reflete sobre as
dificuldades encontradas na sua adaptação ao ambiente acadêmico e aprende sobre as
estratégias autorregulatórias que podem lhe ajudar nessa transição. Nessa pesquisa
foram usadas seis, entre as 14 cartas do programa.
Os dados foram coletados por meio de uma série de instrumentos aplicados no
pré-teste e no pós-teste, que são: um questionário de estratégias de aprendizagem e de
conhecimento declarativo, um inventário de abordagem de aprendizagens, um
inventário de processos de aprendizagem autorregulada, uma escala de autoeficácia para
autorregulação da aprendizagem e um inventário sobre a instrumentalidade da
aprendizagem autorregulada. De maneira geral, os resultados indicaram que o programa
de intervenção foi eficaz para a promoção da autorregulação da aprendizagem. Os
alunos aprimoraram o conhecimento sobre as estratégias de aprendizagem, melhoraram
as suas competências autorregulatórias e reduziram o uso de abordagens superficiais
durante o aprendizado (Rosário et al., 2010).
O uso de portfólios online como uma possível ferramenta eficaz para a
promoção da aprendizagem autorregulada foi a questão suscitada por Alexiou e
Paraskeva (2010). O seu estudo, realizado com 41 estudantes do curso de ciência da
computação de uma universidade da Grécia, consistiu de três etapas formuladas com
base nas três fases do ciclo da autorregulação de Zimmerman (2000): fase prévia, de
desempenho e de autorreflexão. Antes do início do projeto, no pré-teste, os alunos
responderam um questionário composto por 30 itens a respeito do uso de estratégias de
aprendizagem e do conhecimento prévio sobre portfólios online. Depois, durante um
semestre, os participantes realizaram semanalmente atividades individuais programadas
com o uso da ferramenta virtual de portfólios, cuja plataforma permitia a interação com
os outros alunos e a assistência do administrador do sistema. Já no pós-teste foram
56
aplicadas três escalas sobre autoavaliação do portfólio pessoal, engajamento na
atividade e automonitoramento.
Os universitários relataram que o uso de portfólio online favoreceu a
compreensão e o engajamento durante as atividades. Além disso, eles disseram que se
configurou como uma importante ferramenta para aprimorar as suas habilidades de
aprendizagem autorregulatórias. A análise estatística dos dados corroborou o relato dos
alunos, ao revelar altas correlações entre os fatores cognitivos, afetivos e os níveis
motivacionais nas três fases da autorregulação trabalhadas e nos momentos de utilização
dos portfólios pelos participantes (Alexiou & Paraskeva, 2010).
Kauffman, Zhao e Yang (2011) examinaram como duas estratégias designadas
para aprimorar a autorregulação, a saber, diferentes métodos de anotação e lembretes de
automonitoramento, poderiam influenciar a quantidade de informação adquirida e o
desempenho de alunos universitários americanos, em um contexto de aprendizagem
online. No estudo 01, avaliou-se a eficácia de três métodos de anotação: a) O
convencional, no qual se deve apenas listar as informações importantes; b) O estrutural,
em que se colocam os dados em ordem hierárquica de relevância e c) O matrix, no qual
o conteúdo é organizado em tabelas, cujas colunas contêm os tópicos essenciais e as
linhas, as categorias. A amostra foi composta por 30 estudantes matriculados em
disciplinas de Psicologia Educacional, que participaram das quatro fases do
experimento (pré-teste, leitura do texto/anotação, revisão/estudo e pós-teste), realizadas
na sala de informática. Os resultados revelaram que os alunos que utilizaram os
métodos estrutural e matrix obtiveram melhor sistematização do conteúdo, sendo o
último ainda mais eficiente para identificar e localizar as informações. Além disso,
observou-se que o método “anotar” parece ser ainda mais eficaz para o estudo quando o
conjunto de anotações feito pelos alunos é inteiramente visualizado em apenas uma tela
do computador.
No estudo 02, os autores Kauffman, Zhao e Yang (2011) averiguaram os efeitos
dos métodos de anotação e dos lembretes de automonitoramento no desempenho de 119
universitários das disciplinas de Psicologia Educacional. O experimento foi dividido em
quatro fases. Na primeira, o pré-teste, os alunos preencheram um questionário composto
por 20 perguntas sobre o conhecimento prévio que tinham sobre o assunto, cujas
respostas deveriam ser escritas em lacunas em branco. Na fase 2, os participantes foram
57
instruídos a fazer anotações utilizando as ferramentas online disponíveis, sendo que,
para metade da amostra foram dados lembretes de automonitoramento e, para a outra
metade, não. Após quatro dias, realizou-se a terceira fase, na qual foi dado aos alunos
um tempo de 15 minutos para estudar o conteúdo com base nas anotações feitas
anteriormente. Em seguida, passaram para a última parte da pesquisa, em que
responderam testes para medir o seu conhecimento nos domínios declarativo, processual
e aplicado. Em resumo, os dados indicaram que os métodos de anotação mais
elaborados (estrutural e matrix) resultaram em um conjunto de anotações mais completo
e que, especialmente, o método matrix e o uso de lembretes de automonitoramento
levaram a um desempenho superior.
A relação entre as metas de realização, o uso de estratégias cognitivas e o
desempenho foi investigada por Bernacki, Byrnes e Cromley (2012). A partir de estudos
anteriores sobre aprendizagem autorregulada nos quais os autores utilizaram medidas de
autorrelato, eles optaram, nessa pesquisa, por usar uma plataforma virtual
computadorizada capaz de medir efetivamente os comportamentos autorregulatórios dos
alunos no momento em que são utilizados. Assim, 160 universitários americanos de
cursos de Educação responderam um questionário de metas de realização (tipos
domínio/aprender e performance) e um instrumento sobre o conhecimento prévio mais a
compreensão leitora antes (pré-teste) e após (pós-teste) a tarefa de aprendizagem. A
tarefa, composta por dois textos teóricos da área da Psicologia Educacional, foi
realizada em uma plataforma virtual de aprendizagem, equipada com ferramentas que
estimulavam o uso de estratégias de aprendizagem durante a leitura como, por exemplo,
sublinhar, fazer anotações, rever anotações, buscar informações adicionais e monitorar a
compreensão, assim como possibilitavam a navegação e a pesquisa nas páginas da
internet. Todas as ações dos alunos durante a atividade foram registradas pelo
computador, formando assim um histórico dos comportamentos de aprendizagem de
cada participante.
De modo geral, os dados indicaram que os tipos de metas de aprendizagem
influenciaram os comportamentos de aprendizagem autorregulados e, alguns desses
comportamentos, como o sublinhar e monitorar, tiveram uma correlação positiva com a
compreensão da leitura. Os estudantes com metas do tipo domínio/aprender usaram
mais as estratégias de busca de informações, de anotação e de monitoramento. Já os
58
alunos com meta do tipo performance-evitação apresentaram uma menor tendência no
uso das duas primeiras estratégias mencionadas (Bernacki, Byrnes & Cromley, 2012).
A tecnologia persuasiva se refere ao uso de tecnologias da computação com o
intuito de mudar comportamentos. Com base nesse tema, Goh, Seet e Chen (2012)
realizaram um estudo experimental para verificar o impacto que um sistema de
intervenção por mensagens de celular (SMS) persuasivas causaria no uso de estratégias
de aprendizagem autorregulatórias. A pesquisa foi realizada com 57 alunos de uma
universidade da Nova Zelândia, matriculados em uma disciplina introdutória sobre
sistema da informação, com duração de 12 semanas. Na primeira e na última semana
realizou-se, respectivamente, o pré-teste e o pós-teste nos quais os universitários
responderam ao instrumento Motivated strategies for learning questionnaires - MSLQ
(Pintrich et al.,1991), composto por 81 itens sobre estratégias de aprendizagem e
motivação, respondidos em uma escala Likert de 7 pontos, variando de 1 (Nada a ver
comigo) a 7 (Tudo a ver comigo). A amostra foi dividida em dois grupos, experimental
e controle, de modo que apenas o primeiro recebeu semanalmente as mensagens de
celular (SMS) persuasivas que os lembrava dos compromissos e os encorajava a assistir
às aulas, a participar dos workshops e a realizar as atividades da disciplina.
O estudo revelou um impacto positivo do método de intervenção por mensagens
de celular na aprendizagem autorregulada dos alunos no que tange, principalmente, os
seguintes aspectos: gerenciamento de tempo, estabelecimento de metas, percepção de
valor da tarefa e uso de estratégias cognitivas e metacognitivas. O envio de SMS
mostrou-se uma técnica viável e eficiente para se estimular, manter e melhorar o uso de
estratégias de aprendizagem e, por consequência, o desempenho dos participantes.
Ademais, observou-se que os alunos que geralmente apresentavam pior rendimento
acadêmico foram os que mais se beneficiaram da intervenção, obtendo uma melhora
ainda mais significativa do que os demais colegas (Goh, Seet & Chen, 2012).
Dunlosk e Rawson (2012) conduziram dois estudos para analisar a relação entre
a precisão no monitoramento metacognitivo e a recuperação da informação (memória)
no processo de aprendizagem autorregulada. No primeiro estudo, 48 alunos
universitários americanos receberam um texto teórico para ler, depois responderam um
teste sobre o assunto lido, em seguida fizeram a análise metacognitiva sobre o seu
desempenho em cada questão do teste e, por fim, revisaram o conteúdo do texto. Os
59
resultados revelaram que a precisão no julgamento metacognitivo favoreceu a retenção
da informação e a aprendizagem efetiva, quando foi dada ao aluno a possibilidade de
rever seus erros e acertos em uma tarefa e de estudar novamente os conceitos que não
tinha dominado.
No estudo 02, realizado pelos próprios autores (Dunlosk & Rawson, 2012),
participaram 150 universitários que passaram pelo mesmo processo do estudo 01,
descrito anteriormente. Contudo, o enfoque nesse caso esteve nas diferenças individuais
da precisão do julgamento. O achado mais relevante foi que o nível de confiança dos
alunos quanto ao acerto das questões, mensurado por uma avaliação cognitiva, foi
inversamente proporcional aos seus desempenhos no teste prático ao final do
experimento. O dado encontrado revelou que os universitários menos confiantes
dedicaram mais tempo ao reestudo do conteúdo, o que acabou desencadeando uma
maior memorização e um aprendizado mais efetivo.
Os professores Matsumoto, Hiromori e Nakayama (2013) desenvolveram um
curso de instrução em estratégias autorreguladas de leitura com o objetivo de influenciar
a motivação e as crenças gerais de aprendizagem de 360 alunos ingressantes de uma
universidade japonesa. O curso, voltado à aprendizagem de segunda língua (Inglês), foi
composto por 15 aulas de 90 minutos, nas quais se apresentou as estratégias cognitivas
de aprendizagem como, por exemplo, identificar ideias centrais, resumir, fazer
inferências e organizar as informações. Antes de cada aula, era pedido aos alunos que
lessem um texto a respeito de uma estratégia específica. Durante a aula, a estratégia era
explicada e demonstrada aos alunos, que as praticavam em seguida, tanto em exercícios
realizados em sala como em tarefas enviadas para casa. No final de cada aula, os alunos
eram indagados a respeito da eficácia da estratégia utilizada para a compreensão da
leitura.
No início e no final do curso, Matsumoto, Hiromori e Nakayama (2013)
solicitaram aos universitários que preenchessem um questionário de autorrelato
composto por 40 itens a serem respondidos em uma escala Likert de cinco pontos,
variando entre 1 (Discordo totalmente) e 5 (Concordo totalmente). O questionário
consistiu de três subescalas: uso de estratégias de leitura, motivação e crenças de
aprendizagem. A primeira subescala continha itens relativos às estratégias de raciocínio,
de adaptação, de monitoramento e de seleção da ideia central. A segunda se referia às
60
orientações motivacionais extrínseca e intrínseca e ao senso de autoeficácia para a
leitura. Por fim, a última subescala envolvia itens sobre as crenças gerais de
aprendizagem concernentes às disposições do ambiente, à aplicação de estratégias de
estudo e ao emprego do esforço nas tarefas de aprendizagem.
Os resultados preliminares do estudo mostraram que os tipos de motivação
afetam consideravelmente o modo como o uso de estratégias e as crenças gerais de
aprendizagem se relacionam. O curso de instrução em estratégias de leitura teve efeitos
positivos e facilitadores não apenas no uso das estratégias para a compreensão textual,
como também na motivação e nas crenças dos alunos no contexto de aprendizado de
uma segunda língua. A estratégia “seleção da ideia principal” foi a que revelou maior
influência significativa e positiva na compreensão, na motivação e nas crenças dos
estudantes (Matsumoto, Hiromori & Nakayama, 2013).
A pesquisa de Fabriz, Ewijk, Poarch e Buttner (2013) teve como objetivo
investigar os efeitos do uso do diário de aprendizagem no desenvolvimento da
autorregulação e no desempenho acadêmico dos alunos. Participaram do estudo 77
universitários de um curso de formação de professores de uma universidade alemã,
matriculados em duas disciplinas, uma de Psicologia, voltada ao estudo da
autorregulação da aprendizagem e outra de Educação, destinada ao ensino de gramática
da Língua Inglesa. Em cada disciplina, designaram-se dois grupos de alunos que
usariam o diário de aprendizagem (condição experimental) e dois que não usariam
(condição controle). O trabalho foi realizado ao longo de um semestre, com 16 sessões
semanais de 90 minutos. Na primeira e na última sessão, realizaram-se,
respectivamente, o pré-teste, no qual os alunos responderam a uma escala sobre o uso de
estratégias de aprendizagem (cognitivas, metacognitivas e de administração de
recursos), e o pós-teste, que incluiu o mesmo instrumento anterior mais um teste de
conhecimento teórico específico à disciplina cursada. O diário de aprendizagem usado
no estudo foi adaptado a partir do instrumento de automonitoramento de Perels et. al.
(2005, 2009), que contém escalas pautadas nas diferentes fases do ciclo da
autorregulação, incluindo as variáveis metacognitivas, motivacionais e emocionais. Os
grupos da condição experimental foram orientados a escrever no diário, duas vezes por
semana, ao longo do semestre.
61
Em concordância com suas hipóteses iniciais, Fabriz et al. (2013) observaram
que os alunos que participaram da disciplina teórica sobre a autorregulação e, ao mesmo
tempo, fizeram o diário de aprendizagem obtiveram um aumento no controle da atenção
e no senso de autoeficácia e uma diminuição no estresse e nas emoções negativas.
Entretanto, os universitários matriculados na disciplina de gramática que completaram o
diário relataram diminuição na motivação intrínseca e nas emoções positivas
relacionadas à aprendizagem. De acordo com os pesquisadores, esse dado revela a
importância de não apenas usar uma boa estratégia de estudo no contexto acadêmico,
mas, sobretudo, de explicar ao aluno os benefícios do automonitoramento e da
autorregulação para a sua aprendizagem. Não foram encontradas diferenças
significativas entre os grupos quanto ao desempenho obtido nos testes teóricos.
Assim como o diário de aprendizagem, outra ferramenta de automonitoramento
que se tem mostrado promissora na promoção da aprendizagem autorregulada é o
Homework log, que é um quadro no qual o aluno registra as metas, as distrações, o
tempo despendido e até o nível de satisfação ao realizar as atividades para casa. Os itens
do Homework log foram criados tendo como base os princípios que norteiam o processo
de autorregulação: planejamento, monitoramento, uso de estratégias e avaliação
(Zimmerman et al., 1996). Com o uso dessa ferramenta, Bembenutty e White (2013)
avaliaram a relação entre as crenças motivacionais, as estratégias de pedir ajuda, as
práticas individuais de realização de tarefa de casa, a satisfação e o desempenho
acadêmico de alunos em universidade nos Estados Unidos.
A amostra foi composta por 133 universitários que, primeiramente, responderam
a três escalas tipo Likert referentes às variáveis pedir ajuda, autoeficácia para a
aprendizagem e motivação intrínseca referente à disciplina que estavam cursando. Em
seguida, durante seis semanas consecutivas, receberam seis Homework logs para
descreverem as atividades para casa que estavam executando relacionadas a um longo
trabalho teórico da disciplina. Conforme esperado, os resultados indicaram uma
correlação positiva entre a satisfação, o desempenho acadêmico, os esforços na
realização da tarefa e a tendência adaptativa da estratégia de pedir ajuda. A autoeficácia,
a motivação intrínseca e o pedir ajuda também se relacionaram positivamente com as
notas finais obtidas no curso, enquanto que a ação de evitar pedir ajuda se correlacionou
de modo negativo com o desempenho.
62
Em resumo, a revisão internacional revelou um expressivo número de pesquisas
que tiveram como foco a promoção da autorregulação e o ensino de estratégias
destinadas ao aprendizado de língua estrangeira. Os programas, em sua maioria, foram
realizados em cursos de sobreposição curricular, ou seja, fora das disciplinas regulares
do curso universitário, e para grupos grandes de alunos (mais de 15 participantes). Além
disso, os modelos de intervenção mais empregados incorporaram o uso de
computadores e de atividades online e foram realizados em um tempo de média a longa
duração (de quatro semanas a um semestre). Nas coletas de dados, houve um
predomínio da utilização de instrumentos de autorrelato, embora diversos estudos
tenham incorporado a aplicação de testes avaliativos de conteúdo e atividades de
mensuração do uso de estratégias de aprendizagem nos momentos em que ocorre. Os
estudos estrangeiros evidenciaram que diferentes projetos de intervenção podem ser
eficazes para a promoção da autorregulação da aprendizagem. Os trabalhos que
obtiveram melhores resultados foram aqueles nos quais se investiu em desenvolver
conjuntamente diversos componentes cognitivos, metacognitivos e motivacionais da
autorregulação. Observa-se, contudo, que poucas pesquisas analisaram os aspectos
emocionais que interferem na aprendizagem como, por exemplo, a ansiedade, o
estresse, entre outros.
2.2. Pesquisas nacionais
Frison e Moraes (2010) investigaram em que medida a prática da monitoria
auxiliaria os alunos de uma universidade pública do Rio Grande do Sul nos seus
processos de autorregulação da aprendizagem. Fizeram parte do estudo vinte e dois
acadêmicos, sendo oito monitores, doze alunos que usufruem da monitoria e dois
professores-supervisores. Os participantes responderam a uma entrevista
semiestruturada cujo conteúdo versou sobre: a) as ações concretas realizadas na
monitoria para favorecer a aprendizagem, b) os aspectos positivos da monitoria para os
docentes, monitores e alunos e c) as vantagens e as desvantagens na implementação da
monitoria. As respostas foram examinadas por meio da técnica de análise de conteúdo.
De modo geral, os dados revelaram que a prática de monitoria ajudou os alunos
a estabelecerem metas, a desenvolverem estratégias e a criarem condições para a
realização da aprendizagem. Os monitores relataram que planejam atividades (ex: jogos,
exercícios, solução de problemas) próximas à realidade dos alunos monitorados de
63
modo que eles compreendam melhor os conteúdos trabalhados. As ações dos monitores
primavam também pelo desenvolvimento de habilidades dos alunos como, por exemplo,
o domínio de linguagens, a elaboração de propostas, as operações mentais e o emprego
de atitudes favoráveis à realização das tarefas acadêmicas. Os monitorados, por sua vez,
disseram que a monitoria os ajudava a aprender por diversos motivos, entre os quais os
mais citados foram: a) os estudantes começavam a observar o modo como eles próprios
aprendem; b) as explicações dos monitores eram mais claras que as dos docentes; c) o
monitor tornava-se um exemplo de aprendizagem passível de ser alcançado; e d) os
alunos compreendiam que as dificuldades na universidade são partilhadas por todos e
que, portanto, não era um problema exclusivo ou uma falta de capacidade particular
deles (Frison & Moraes, 2010).
Em uma parceria entre Brasil e Portugal, Frison e Veiga Simão (2011)
desenvolveram um trabalho para analisar a relação entre as narrativas autobiográficas e
a aprendizagem autorregulada de futuros professores. A amostra foi composta por 15
alunos portugueses, de um curso de formação inicial em Educação Básica, e 12
universitários brasileiros, de um curso de Pedagogia do Rio Grande do Sul. Os
participantes registraram as suas experiências de aprendizado em portfólios reflexivos,
usados como estratégia para a promoção da autorregulação da aprendizagem, referentes
à sua participação, autonomia e motivação no contexto acadêmico. Os dados dos
portfólios foram averiguados por análise de conteúdo e indicaram importantes
contribuições do trabalho, considerando o aumento das aprendizagens, o
desenvolvimento de competências e as mudanças no nível conceitual e no atitudinal
pelos alunos. Mais especificadamente, os principais ganhos foram relacionados à
percepção do papel exercido pelos universitários em sua própria aprendizagem, à forma
de apropriação dos conteúdos, a consciência dos próprios processos de aprender, ao
comprometimento com a aprendizagem, à compreensão da importância da reflexão, ao
incremento da tomada de decisão e à coerência na escolha das estratégias de
aprendizagem e sua possível aplicação na prática pedagógica (Frison & Veiga Simão,
2011).
Fantinel, Angelo, Lima e Maraschin (2013) verificaram o impacto de uma
proposta de intervenção voltada à promoção da aprendizagem autorregulada de 41
alunos do 1º e 4º semestres do curso de Licenciatura em Matemática a Distância de uma
universidade pública do Rio Grande do Sul. A intervenção, implementada no contexto
64
de uma oficina de estratégias de estudo, foi construída com base no programa “Cartas
do Gervásio a seu Umbigo”, desenvolvido pelos pesquisadores Rosário, Núñez e Pienda
(2006). Como mencionado anteriormente, o programa é constituído por 14 cartas nas
quais são abordados assuntos relativos à adaptação e à aprendizagem dentro do contexto
acadêmico, enfatizando o uso de estratégias de autorregulação para ajudar os estudantes
universitários como, por exemplo, a estruturação do ambiente de estudo, o
estabelecimento de metas, o monitoramento do desempenho, a redução da ansiedade, o
gerenciamento do tempo, a busca de ajuda, entre outras.
Na oficina, a proposta foi adaptada para o contexto online, com o uso da
plataforma virtual de aprendizagem Moodle. A intervenção ocorreu durante um período
de cinco semanas, em um tempo de 20 horas, e incluiu a leitura das cartas, a resolução
de tarefas semanais, discussões em fóruns e participações no chat e na webconferência.
No pré-teste e no pós-teste, a variável “Conhecimento do conteúdo pedagógico” foi
mensurada por meio de um instrumento composto por questões abertas. Os resultados
preliminares revelaram que os alunos apropriaram-se de algumas das estratégias
autorregulatórias trabalhadas e as mais citadas foram: anotações, elaboração de
resumos, uso de cronogramas para gestão do tempo, estudo em grupo, redução da
procrastinação, delineamento de objetivos, realização de planejamentos e preparação
para a execução de provas (Fantinel, Angelo, Lima & Maraschin, 2013).
Tendo em vista desenvolver um programa de ensino que incorporasse a
autorregulação da aprendizagem no Ensino Superior, Boruchovitch (2009) construiu
um conjunto de instrumentos e exercícios autorreflexivos no intuito de fomentar desde
o ensino dos conteúdos teóricos, a instrução em estratégias de aprendizagem até o
fortalecimento dos processos cognitivos e metacognitivos dos alunos. Esses
procedimentos foram testados, pela primeira vez, no contexto de uma disciplina de
Psicologia Educacional, conforme descrito em Boruchovitch e Ganda (2013). O artigo
traz o relato da implementação e dos efeitos positivos de uma proposta diferenciada de
ensino que teve como objetivo desenvolver as habilidades autorregulatórias dos
universitários.
Nessa iniciativa fizeram parte 26 alunos do 2º ano do curso de Pedagogia de
uma universidade pública de São Paulo. Precisamente, a pesquisa foi realizada ao
longo de um semestre letivo, totalizando 14 aulas, nas quais foram trabalhados
65
importantes tópicos relacionados à autorregulação como as estratégias de
aprendizagem, a motivação para aprender e a regulação emocional e social. Cada aula
era composta por tarefas práticas, apresentação teórica expositiva e atividades
autorreflexivas para casa que, ao final, culminaram na escrita de um “Diário de
Aprendizagem” (portfólio). No início e no fim da disciplina, os alunos responderam a
dois instrumentos de autorrelato, sendo um conjunto de questões abertas sobre sua
autopercepção como aluno e uma escala Likert de autoeficácia. Os resultados
revelaram que, de maneira geral, a proposta de ensino foi eficaz para a promoção das
habilidades autorregulatórias. Ao se comparar antes e após o curso, observou-se uma
maior frequência no número de estratégias de aprendizagem relatadas pelos
universitários, especialmente o “sublinhar” e o “redigir resumos”, que foram
constantemente trabalhadas durante o semestre. Quanto aos comportamentos
prejudiciais para a aprendizagem, houve um pequeno decréscimo, mas, mesmo assim,
o dado foi interessante ao constatar que os alunos se mostraram mais conscientes e
críticos de sua conduta acadêmica ao final do curso. Além disso, os participantes
também ressaltaram que a disciplina lhes proporcionou um aumento em sua
autorreflexão e trouxe mudanças positivas em seu comportamento e em sua motivação
para aprender na universidade.
Em síntese, pode-se verificar que o número de pesquisas voltadas à promoção
da aprendizagem autorregulada realizadas no Brasil ainda é incipiente, se comparado
aos da literatura internacional. Contudo, os resultados por elas encontrados são
animadores, pois revelam os inegáveis benefícios de se investir em propostas que
visem ajudar os alunos universitários. A maior parte das propostas de intervenção foi
realizada em cursos presenciais extraclasse, com grupos grandes de alunos (acima de
15 participantes) e com foco no ensino de estratégias de aprendizagem. Nos trabalhos,
a maioria das intervenções foi conduzida por monitores/tutores sob a orientação de
professores e houve o predomínio de instrumentos de autorrelato. Um dado
interessante também observado é o de que práticas relativamente simples como, por
exemplo, a monitoria e o uso de portfólios foram capazes de contribuir para fomentar a
autorregulação dos alunos universitários.
Tendo em vista a relevância do tema para a área educacional, a escassez de
estudos brasileiros e os resultados promissores alcançados pelas pesquisas recentes,
desenvolveu-se o presente projeto de pesquisa com o objetivo de elaborar e
66
implementar uma proposta de intervenção voltada a promover e fortalecer a
aprendizagem autorregulada dos estudantes. Como mencionado anteriormente, o
projeto foi construído tendo como alicerce teórico os pressupostos científicos da
Psicologia Sociocognitiva, especialmente o modelo de Zimmermam (2000, 2002). Já a
estrutura da intervenção foi planejada também a partir da experiência e das
contribuições dos trabalhos anteriores realizados e publicados dentro do Grupo de
Estudos e Pesquisa em Psicopedagogia – GEPESP, da Faculdade de Educação da
UNICAMP (Boruchovitch, 2007; Boruchovitch & Ganda, 2009, 2010, 2011, 2013;
Costa & Boruchovitch, 2009; Gomes & Boruchovitch, 2002, 2008 e 2011; Neves &
Boruchovitch, 2004). Cabe destacar que os instrumentos, procedimentos e exercícios
autorreflexivos construídos por Boruchovitch (2009) e a pesquisa realizada por
Boruchovitch e Ganda (2013) anteriormente citados têm especial relevância, pois
foram precursores do trabalho proposto nessa tese. A descrição completa do
delineamento do estudo será contemplada no próximo capítulo.
67
CAPÍTULO 03
MÉTODO
Neste capítulo descreve-se o delineamento da presente pesquisa desenvolvido
em caráter quase-experimental. A seguir são apresentados os objetivos, as hipóteses, os
participantes, os procedimentos de coleta e análise de dados, os instrumentos utilizados
nas etapas de pré-teste, pós-teste e pós-teste postergado e o planejamento de todo o
projeto de intervenção.
3.1. Objetivos
O estudo teve como objetivo geral avaliar a eficácia de uma disciplina teórica sobre
autorregulação e de um programa de intervenção voltada à promoção da autorregulação
da aprendizagem de alunos de um curso de formação de professores. Os objetivos
específicos foram:
Elaborar e implementar uma programa de intervenção relacionado às variáveis
associadas à autorregulação no contexto acadêmico;
Comparar as crenças de autoeficácia, as atribuições causais, os hábitos de
estudo, a orientação motivacional, o emprego de estratégias de aprendizagem e
de estratégias autoprejudiciais relatadas pelos alunos dos seguintes grupos:
experimental tipo I, experimental tipo II e controle, no pré-teste e no pós-teste;
Analisar os dados do pós-teste postergado dos grupos experimentais I e II.
3.2. Hipóteses
As hipóteses formuladas na presente pesquisa foram as seguintes:
Pós-teste: GE I mais autorregulado que GEII
Os alunos que participarem da disciplina no modo programa de intervenção
(grupo experimental I) apresentarão um aumento na motivação intrínseca e nas
crenças de autoeficácia quando comparados aos alunos participaram da
disciplina no modo tradicional teórico (grupo experimental II). Apresentarão
também atribuições causais mais adaptativas à aprendizagem, maior repertório
68
e uso de estratégias de aprendizagem e menor frequência no relato de uso de
estratégias autoprejudiciais;
Pós-teste: GE II mais autorregulado que GC
Os alunos que participaram da disciplina no modo tradicional teórico (grupo
experimental II) apresentarão um aumento na motivação intrínseca e nas
crenças de autoeficácia quando comparados aos alunos dos grupos controle.
Apresentarão também atribuições causais mais adaptativas à aprendizagem,
maior repertório e uso de estratégias de aprendizagem e menor frequência no
relato de uso de estratégias autoprejudiciais;
Pós-teste: GE I e II mais autorregulado que GC
Os alunos que participarem da disciplina no modo programa de intervenção
(grupo experimental I) e no modo tradicional teórico (grupo experimental II)
apresentarão um aumento na motivação intrínseca e nas crenças de autoeficácia
quando comparados aos alunos dos grupos controle. Apresentarão também
atribuições causais mais adaptativas à aprendizagem, maior repertório e uso de
estratégias de aprendizagem e menor frequência no relato de uso de estratégias
autoprejudiciais;
3.3. Participantes
A amostra foi composta por 109 alunos, de quatro turmas, dos períodos integral
e noturno, ingressantes do curso de Pedagogia de uma universidade pública brasileira
nos anos de 2013 e 2014. A idade dos participantes variou de 18 a 42 anos, com média
de 20,62 anos, sendo 101 (92,7%) do sexo feminino e 8 (7,3%) do sexo masculino. Na
ficha de identificação foi solicitado aos alunos que respondessem onde realizaram o
Ensino Médio; se fizeram cursinho pré-vestibular e por quanto tempo; se já cursaram
outra faculdade e, finalmente, se exerciam atividades extras como, por exemplo,
trabalho e estágios e com que frequência. A maioria dos participantes cursou o ensino
médio em instituição pública (52,29%), não fez cursinho pré-vestibular (51,38%), estão
na primeira graduação (87,16%) e não exercem atividades extras (63,30%), conforme
se oberva na Tabela 01.
Deve-se ressaltar que só foram incluídos na pesquisa aqueles alunos que
concordaram com a proposta e que assinaram o Termo de Consentimento Livre e
69
Esclarecido (Anexo I). De um total de 162 alunos presentes nas quatro turmas, 130
(80,24%), assinaram o termo, mas, entre esses, apenas 109 alunos (67,28%) foram
incluídos na amostra final, pois estiveram presentes nas coletas do pré-teste e do pós-
teste.
Tabela 01: Dados demográficos da amostra geral
Variáveis N %
Sexo Feminino
Masculino
101
08
92,66
7,34
Período Integral
Noturno
61
48
55,96
44,04
Grupos
A – Experimental
B – Controle Tipo I
C – Controle Tipo II
D – Controle Tipo II
27
33
28
21
24,77
30,28
25,69
19,27
Idade
< 20 anos
20 – 29 anos
> = 30 anos
73
29
7
66,97
26,61
6,42
Formação Ensino Médio Pública
Privada
57
52
52,29
47,71
Cursinho Pré-vestibular
Não fez
< = 1 ano
> = 2 anos
56
45
8
51,38
41,28
7,34
Graduação anterior 1ª Graduação
2ª Graduação
95
14
87,16
12,84
Atividades extras
Não exerce
< = 8 horas
9h – 24 horas
25h – 40 horas
> 40 horas
69
6
10
18
6
63,30
5,50
9,17
16,51
5,50
A amostra foi composta por quatro turmas de alunos ingressantes, dos períodos
integral e noturno, escolhidas aleatoriamente para se enquadrarem em uma das três
condições experimentais propostas no estudo. A turma A do período noturno (ano 2013)
foi o grupo experimental tipo I que participou da disciplina no modo Programa de
Intervenção. A turma B do período integral (ano 2013) foi o grupo experimental tipo II
que participou da disciplina no modo tradicional. As turmas C e D, respectivamente dos
períodos integral e noturno do ano seguinte (2014) foram os grupos controle que apenas
participaram das etapas de pré-teste e pós-teste. Por não terem feito a disciplina nem no
modo Intervenção, nem no modo tradicional, foram consideradas grupos controles, pois
não tiveram contato com os conteúdos sobre autorregulação da aprendizagem. Devido a
essa particularidade foram rodadas também análises descritivas dos conjuntos de turmas
70
A+B e C+D. Na Tabela 02 encontra-se uma descrição dos dados demográficos de cada
grupo.
Tabela 02: Dados demográficos de cada grupo da pesquisa
Variáveis
GRUPO A GRUPO B GRUPO C GRUPO D
N % N % N % N %
Sexo Feminino
Masculino
24
3 88,89
11,11
33
0 100,0
0,00
26
2 92,86
7,14
18
3 85,71
14,29
Formação
Ensino Médio
Pública
Privada
19
8 70,37
29,63
13
20 39,39
60,61
11
17 39,29
60,71
14
7 66,67
33,33
Cursinho Pré-
vestibular
Não fez
< = 1 ano
> = 2 anos
12
13
2
44,44
48,15
7,41
17
13
3
51,52
39,39
9,09
17
11
0
60,71
39,29
0,00
10
8
3
47,62
38,10
14,29
Graduação
anterior
1ª Graduação
2ª Graduação
22
5 81,48
18,52
30
3 90,91
9,09
28
0 100,0
0,00
15
6 71,43
28,57
Atividades
extras
Não exerce
< = 24 horas
25h – 40 horas
> 40 horas
11
3
9
4
40,74
11,11
33,33
14,81
25
6
2
0
75,76
18,18
6,06
0,00
25
3
0
0
89,29
10,71
0,00
0,00
8
4
7
2
38,10
19,05
33,33
9,52
Ao se examinar a Tabela 2, é possível notar diferenças interessantes. Os grupos
A e D do período noturno são formados majoritariamente por alunos que cursaram o
Ensino Médio em escola pública e que exercem atividades extras (trabalham, fazem
estágio), inclusive com carga horária superior a 24 horas semanais. No que concernem
às demais variáveis os grupos se comportam de modo semelhante havendo nas turmas
um predomínio de mulheres e de alunos que não fizeram cursinho pré-vestibular ou que
o fizeram por um tempo de até um ano. Embora na amostra geral a maioria dos
participantes esteja em sua primeira graduação, os poucos alunos cursando um segundo
curso superior pertencem mais frequentemente às turmas do noturno (Grupos A e D).
3.4. Instrumentos
3.4.1. Instrumentos do Pré-teste e do Pós-teste
Os instrumentos utilizados no pré-teste e no pós-teste serão descritos a seguir.
Antes de respondê-los foi solicitado aos alunos que preenchessem uma ficha de
identificação. A ficha requisitava informações referentes aos dados pessoais, formação
escolar, atividades de trabalho e lazer, além de hábitos de estudos dos participantes.
71
Atividade autorreflexiva geral: “Quem é você como estudante?”
(Boruchovitch, 2009)
Esse questionário consiste de três perguntas abertas, nas quais os participantes são
solicitados a refletirem sobre si próprios e a se autodescreverem como estudantes. As
questões apresentadas são as seguintes: “O que você faz quando precisa estudar e
aprender um novo conteúdo?”, “Quais são os seus pontos positivos como aluno?” e
“Quais são os seus pontos negativos como aluno?”. No pós-teste, para os participantes
do grupo experimental, foram acrescentadas as seguintes perguntas: “Você acha que
essa proposta de intervenção (conteúdos online e atividades autorreflexivas) o ajudou a
estudar e a aprender melhor?”; “Se sim, descreva em maiores detalhes”; “Se não,
explique o porquê”.
Escala de Autoeficácia para a aprendizagem (Zimmerman & Kitsantas, 2005
- traduzida por Boruchovitch & Ganda, 2010)
A escala, de título original Self-efficacy for Learning Form e desenvolvida por
Zimmerman e Kitsantas (2005), foi traduzida para o português por Boruchovitch &
Ganda, 2010, após o consentimento formal dos autores. A tradução foi inicialmente
realizada por dois profissionais da área educacional fluentes na Língua Inglesa. Depois,
as traduções foram comparadas, analisadas e reformuladas de modo a se obter a versão
mais adequada à realidade brasileira. Finalmente, realizou-se uma tradução inversa para
garantir a confiabilidade do conteúdo de cada item do instrumento.
A escala do tipo Likert é composta por 19 itens, cujas opções de respostas
assumem valores que vão de 0% a 100%, de acordo com a seguinte gradação: 0%
(Definitivamente não sou capaz de fazer), 30% (Provavelmente não), 50% (Talvez),
70% (Provavelmente sim) até 100% (Definitivamente sou capaz de fazer). Deve-se
ressaltar que, em consonância às orientações de aplicação do instrumento, as respostas
são digitadas no banco de dados em números cardinais de 1 a 10 e não em porcentagem.
Assim, por exemplo, se em um item o participante respondeu 30%, no banco será
digitado como 3; Se respondeu 90%, será digitado como 9 e assim por diante.
Os itens da escala se referem às crenças de autoeficácia relacionadas a três
atividades acadêmicas: estudo, preparação para provas e anotações em sala. O escore
total varia entre 0 e 100 e maiores escores indicam o relato de níveis mais elevados de
crença de autoeficácia para a aprendizagem. Não há itens de pontuação invertida. Em
72
pesquisa realizada com 223 alunos universitários de diferentes cursos, a consistência
interna do instrumento, medida pelo alfa de Cronbach, obteve um valor alto de 0.97
(Zimmerman & Kitsantas, 2007). Como exemplo de itens, podem ser citados os que se
seguem: o Item 07: “Quando você está tentando entender um assunto novo, você é
capaz de associar os novos conceitos com os antigos suficientemente bem para recordá-
los?” e o Item 18: “Quando você acha que foi mal numa prova que acabou de fazer,
você é capaz de retomar suas anotações e localizar todas as informações que você tinha
esquecido?”.
Learning and Study Strategies Inventory - LASSI (Weinstein, Schulte &
Palmer, 1987)
O LASSI é um instrumento destinado a mensurar as aptidões de estudo, as
estratégias de aprendizagem e as atitudes dos alunos no contexto acadêmico. A escala
do tipo Likert possui cinco opções de resposta que variam entre 1 (Nada característico
em você) e 5 (Totalmente característico em você). A versão que foi utilizada na presente
pesquisa foi adaptada e validada para o contexto brasileiro, em um estudo conduzido
por Bartalo (2006), com uma amostra de 833 alunos universitários dos estados do
Paraná e São Paulo. Após a análise fatorial e conceitual dos itens, o instrumento ficou
composto por 71 itens, distribuídos em nove subescalas, entre as quais as oito primeiras
estão em consonância com a escala original de Weinstein, Schulte e Palmer (1987):
processamento da informação, ansiedade, organização do tempo, concentração, atitude,
seleção de ideias principais, auxiliares de estudo, motivação e preocupações ao estudar.
Ao final, há também um conjunto extra de 11 itens referentes aos hábitos de estudo na
internet. Caso o aluno não utilize a internet para estudar, ele sinaliza no início e não
precisa responder as questões.
O escore total da escala LASSI varia de 71 a 355, de modo que, maiores escores
indicam que os alunos relatam melhores habilidades e estratégias de estudo. Há inversão
de valores nos seguintes itens: 2, 4, 5, 9, 10, 14, 16, 18, 21, 24, 25, 27, 29, 30, 31, 33,
34, 37, 38, 40, 42, 43, 45, 46, 48, 49, 51, 53, 55, 60, 62, 63, 65, 66, 67, 70 e 71. Na
pesquisa de Bartalo (2006), as análises de consistência interna para as subescalas
medidas pelo alfa de Cronbach, revelaram valores considerados de aceitáveis a altos, de
0.64 a 0.82.
73
Alguns exemplos de itens são: o Item 03: “Depois de uma aula, revejo os meus
apontamentos/anotações para relembrar a matéria”; o Item 33: “Não quero aprender
muitas coisas diferentes na universidade. Quero aprender apenas o que for preciso para
arranjar um bom emprego”; e o Item 57: “Fico tão nervoso e confuso quando faço uma
prova que as respostas que dou não são as melhores que a minha capacidade permite”.
Situação-problema para avaliação de Estratégias Autoprejudiciais de
estudantes universitários (Boruchovitch & Ganda, 2009)
Instrumento formado por uma situação-problema, seguida por duas questões
fechadas e duas abertas, referentes ao uso de estratégias autoprejudiciais em contexto
acadêmico. A situação apresentada foi desenvolvida com base na literatura da área e
versa sobre um aluno que faz uso de estratégias autoprejudiciais em contexto
educacional. A partir dessa história, pede-se ao participante que pense sobre sua
conduta no curso universitário e então responda se faz ou não uso de tais estratégias,
quais são as que usa e se acha importante refletir sobre os atos que atrapalham a sua
aprendizagem.
Questões abertas para avaliação das Atribuições Causais e emoções a ela
relacionadas (Boruchovitch & Santos, 2012)
Instrumento composto por dez questões abertas, cinco referentes ao sucesso
acadêmico e cinco relacionadas ao fracasso acadêmico, nas quais se indaga o principal
motivo atribuído pelo aluno às situações propostas, as emoções eliciadas em cada
ocasião e as suas percepções de controle, lócus/internalidade e estabilidade frente a
cada causa.
3.4.2. Instrumentos do Pós-teste postergado
Entrevista de follow-up após o curso (Boruchovitch, 2010)
Entrevista estruturada feita online, por meio da plataforma Google Drive,
composta por 8 questões que versam sobre o impacto do curso no aprendizado e no
comportamento em geral do aluno em contexto acadêmico. O instrumento foi
inicialmente construído para a avaliação de uma proposta de ensino voltada à
aprendizagem autorregulada, desenvolvida dentro de uma disciplina para alunos da
Graduação em Pedagogia (Boruchovitch & Ganda, 2011) e então adaptado para a
presente pesquisa. Seguem alguns exemplos das questões: “De modo geral, como você
74
classificaria a disciplina EP315? Por quê?”, “Foi possível usar os ensinamentos do
curso para ajudá-lo em outras disciplinas da Pedagogia? Justifique.”; entre outras.
3.5 Procedimento de Coleta de Dados
Inicialmente, foi entregue ao diretor da Faculdade de Educação uma carta de
apresentação e um documento solicitando autorização para a realização da pesquisa
(Anexo II). Em seguida, a aluna de Doutorado, proponente desse trabalho, pediu
permissão à sua orientadora, professora titular da instituição, para fazer a coleta de
dados e parte da intervenção no contexto de uma disciplina, que foi ministrada pela
docente no 1° semestre de 2013, com a coparticipação oficial da orientanda, como
monitora do Programa Estágio Docente - modalidade PED B.
De posse do aceite dos responsáveis, o projeto foi submetido ao Comitê de Ética
em Pesquisa da Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP, em atendimento às
normas vigentes do Conselho Nacional de Saúde, Resolução n° 466/12, que estabelece
os aspectos éticos das pesquisas realizadas com seres humanos no Brasil. Com a
aprovação do Comitê de Ética (Protocolo CAAE: 11633312.7.0000.5404, Anexo III),
iniciaram-se as reuniões com a professora da disciplina, para montar o cronograma e
organizar as atividades a serem realizadas com os alunos durante o semestre.
No primeiro dia de aula, a docente e a doutoranda apresentaram o curso e
explicaram aos estudantes o tema, os objetivos, os procedimentos de coleta dos dados e
os princípios éticos que nortearam o estudo. Os universitários que concordaram em
participar da pesquisa preencheram, em duas vias, um Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido, ratificando que a sua participação era voluntária, que os seus dados seriam
mantidos em caráter confidencial e que não teriam nenhum prejuízo, caso não
desejassem participar, ou caso quisessem retirar seus dados em qualquer etapa da
pesquisa. Além disso, foi ressaltado a todos que os alunos que não quisessem participar
responderiam aos instrumentos e fariam as atividades apenas como parte do conteúdo
programático da disciplina, sem que os seus resultados fossem examinados para fins do
presente estudo.
A pesquisa teve um delineamento quase experimental, pois a amostra foi
composta por quatro turmas de alunos previamente formadas, de dois períodos
diferentes (integral e noturno), de dois anos (2013 e 2014). De forma aleatória, uma
75
das turmas foi escolhida como grupo experimental I (Turma A), outra como grupo
experimental II (Turma B) e as demais como grupo controle (Turmas C e D). O estudo
foi composto por quatro fases: pré-teste, intervenção (aulas teóricas presenciais da
disciplina mais um conjunto de atividades autorreflexivas e online), pós-teste e pós-
teste postergado. Os grupos experimentais I e II participaram de todas as fases
mencionadas, embora o período de intervenção tenha sido conduzido de modo distinto
para o segundo, conforme será detalhado mais adiante no presente capítulo. Os grupos
controle participaram exclusivamente do pré-teste e do pós-teste.
Como mencionado, a intervenção foi realizada no contexto de uma disciplina
regular do 1° ano do curso de Pedagogia. A proponente desse estudo atuou oficialmente
na disciplina, por meio do Programa de Estágio Docente (PED), desenvolvido pela Pró-
reitoria de Pós-Graduação da UNICAMP, com o objetivo de aperfeiçoar os estudantes
pós-graduandos da universidade para o exercício da docência. Em acordo com a
resolução do estabelecimento de ensino (Resolução GR-031/2010), a aluna participou
como monitora voluntária na modalidade B do Programa PED, voltada a alunos de
Doutorado, no qual eles atuam juntamente com o professor titular e se tornam
corresponsáveis por 50% a 100% da carga horária da disciplina e de todas as atividades
realizadas no semestre.
Deve-se ressaltar que o conteúdo programático da disciplina, denominada
Pesquisa e Prática Pedagógica, previa o ensino das variáveis relacionadas à
autorregulação da aprendizagem, o que está em consonância com o tema central do
presente trabalho. A ementa abrangeu o estudo de questões ligadas à Educação e à
escola, a partir dos aportes teóricos em distintas áreas do conhecimento, aliado à
investigação e à análise das práticas educacionais. O objetivo geral do curso era
compreender e analisar as contribuições da Psicologia, com base na Perspectiva da
Aprendizagem Autorregulada, para o fortalecimento da capacidade de "aprender a
aprender" dos alunos do curso de Formação de Professores. Mais precisamente, o
conteúdo programático contemplou temas relacionados à autorregulação da
aprendizagem, como, por exemplo, a afetividade, a motivação para aprender, as
estratégias de aprendizagem e as teorias de inteligência, os quais foram também foco de
investigação nessa pesquisa.
76
3.6 Pré-teste
Os alunos fizeram o pré-teste coletivamente, no primeiro dia de aula, cada turma
no seu horário. Os participantes preencheram os cinco instrumentos: Atividade
autorreflexiva geral: “Quem é você como estudante?” (Boruchovitch, 2009); Escala de
Autoeficácia para a Aprendizagem (Zimmerman & Kitsantas, 2005), Learning and
Study Strategies Inventory - LASSI (Weinstein, Schulte & Palmer, 1987), Situação-
problema para Avaliação de Estratégias Autoprejudiciais de estudantes universitários
(Boruchovitch & Ganda, 2009) e Questões abertas para a Avaliação das Atribuições
Causais e Emoções a ela relacionadas (Boruchovitch & Santos, 2012). Os instrumentos
haviam sido aplicados em diversas pesquisas anteriores com alunos universitários e
todas as adequações de formatação e conteúdo necessárias foram efetuadas (Bortoletto,
2011; Boruchovitch & Ganda, 2009b, 2010b, 2011b; Ganda, 2011; Ganda &
Boruchovitch, 2011). Os universitários levaram, em média, 50 minutos para responder
todas as medidas.
3.7 Pós-teste e Pós-teste postergado
O pós-teste incluiu os mesmos instrumentos utilizados no pré-teste e foi feito
coletivamente, com todos os alunos, no último dia de aula da disciplina. Após dois
meses, os participantes dos grupos experimentais I e II foram convidados a participar do
pós-teste postergado que teve como objetivo analisar a permanência dos resultados
obtidos no pós-teste. Nessa fase, os dados foram coletados por meio das entrevistas de
follow-up, respondidas online pela plataforma Google Drive.
3.8 Proposta de Intervenção
O projeto de intervenção intitulado “Desenvolvendo a autorregulação da
aprendizagem de futuros professores” foi construído pela doutoranda e pela orientadora,
no ano de 2013. A proposta teve como base o trabalho ”Promovendo a autoconsciência
e a autorreflexão de futuros professores: Desenvolvimento de uma proposta de ensino
com base na aprendizagem autorregulada”, criado por Boruchovitch (2009), uma
experiência de ensino realizada com base nesse trabalho (Boruchovitch & Ganda, 2013)
e as publicações da literatura científica sobre o tema (Rodríguez et al, 2001; 2004;
VanderStoep & Pintrich, 2003).
O planejamento da intervenção incluiu desde as apresentações orais na aula até
as tarefas teóricas e atividades autorreflexivas realizadas tanto em sala como as para
77
casa. Todas as atividades e as tarefas online (vídeos e pesquisas na internet) foram
escolhidos por sua relevância teórica, por adequação à proposta de se estimular a
aprendizagem autorregulada e pelo interesse despertado em alunos com características
similares aos integrantes da amostra da presente pesquisa. No que concerne aos vídeos,
antes que fossem dados como tarefas na intervenção, pediu-se a quatro estudantes
universitários que os assistissem e dessem suas opiniões. Nesse estudo-piloto, os alunos
relataram que os vídeos eram muito bons, pois a exposição era clara e objetiva. Além
disso, afirmaram que o conteúdo era importante e interessante e o tempo de
apresentação não era longo como o de uma aula convencional.
Inicialmente, a intervenção foi planejada para ser executada em um semestre
letivo, entre março/2013 e junho/2013, no qual ocorreriam quatro aulas presenciais, de
quatro horas cada, e seis atividades extraclasse de uma hora cada, totalizando 22 horas
de trabalho. No mês anterior ao início da intervenção (fevereiro/2013), a doutoranda
conversou com os alunos e, em conjunto com sua orientadora, observou que seria
melhor mudar a periodicidade e o formato dos encontros. Desse modo, a intervenção foi
adaptada para acontecer em seis aulas presenciais de duas horas cada, realizadas
quinzenalmente, no período já previsto de quatro meses. As atividades extraclasses
envolveram três tarefas online (vídeos e pesquisas na internet), três tarefas com
exercícios práticos e autorreflexivos e um trabalho final (Diário de Aprendizagem).
Nas aulas presenciais, foram apresentados os conceitos de autorregulação da
aprendizagem e das variáveis a ele relacionadas, como, por exemplo, a motivação, a
autoeficácia e as estratégias de aprendizagem, entre outros. Todos os temas trabalhados
estavam presentes no modelo teórico proposto por Zimmerman (2000, 2002), em que o
processo da autorregulação é compreendido dentro de um ciclo dividido, didaticamente,
em três fases: 1ª) prévia, 2ª) de desempenho e 3ª) de autorregulação. Deve-se esclarecer
que essa parte teórica foi ministrada em conjunto com a docente da disciplina e foi
realizada para os alunos dos grupos experimentais I e II. O que diferiu no trabalho
realizado com o grupo experimental I (Turma A) é que seus participantes receberam
recursos voltados ao desenvolvimento da autorregulação, como, por exemplo,
atividades autorreflexivas, tarefas de ativação metacognitiva e orientações explícitas
sobre como aplicar o conteúdo à sua própria aprendizagem.
78
Já os estudantes do grupo experimental II (Turma B), participaram de um
modelo de disciplina tradicional, com aulas mais expositivas e atividades teóricas de
caráter cognitivo, ou seja, voltadas apenas à assimilação do conteúdo e não à
estimulação da autorreflexão. Parte das atividades usadas na presente pesquisa foram
desenvolvidas e pré-testadas pela professora orientadora e pela doutoranda em
disciplinas de cursos de Formação de Professores (Pedagogia e Licenciatura) nos anos
anteriores (Boruchovitch & Ganda, 2009, 2010, 2011, 2013). As demais foram
desenvolvidas com base na literatura científica sobre autorregulação (Bembenutty &
White, 2013; Boruchovitch & Bzuneck, 2004; Bzuneck & Guimarães, 2010; Dembo,
2000; Dembo & Seli, 2004; Dweck, 2006; Rodríguez et al., 2004, 2014; Simpson, 2002;
Trindade, 2009; VanderStoep & Pintrich, 2003; Weiner, 2008, 2010). Os temas, os
objetivos e as atividades de cada aula estão nos quadros 03 e 04, a seguir. Cabe ressaltar
que nas duas últimas aulas não foram passadas atividades para casa, pois o pós-teste foi
realizado na aula 06 e a aula 07 foi apenas de feedback da disciplina e do curso, de
modo geral, realizado pela professora titular da disciplina e pela doutoranda.
79
Quadro 3
Planejamento da disciplina no modo Tradicional – Grupo experimental II
TEMA GRUPO EXPERIMENTAL II
Meta Atividades em
sala
Atividades para
casa AULA 01
- Apresentação da
proposta de trabalho
- PRÉ-TESTE
- Estratégias de
Aprendizagem
- Apresentar a proposta
do curso
- Realizar o Pré-teste
- Apresentar o tema
teórico: Estratégias de
Aprendizagem
01. Ler e Sublinhar o
breve texto sobre
Autorregulação da
Aprendizagem.
02. Responder duas
questões sobre ler e
sublinhar.
01. Fazer a leitura do
texto teórico, sublinhar e
resumir. Procurar na
internet outros exemplos
de estratégias de
aprendizagem.
AULA 02
- Motivação para
aprender como aluno
e como futuro
professor
- Apresentar o tema
teórico: Motivação para
aprender
01. Fazer exercício sobre
motivação (itens escala
MI e ME).
02. Fazer exercício dos
níveis de motivação.
Responder a questão
sobre futuro professor.
01. Elaborar três questões
sobre o texto e respondê-
las. Fazer exercício sobre
motivação (MI e ME).
AULA 03
- Estratégias
autoprejudiciais
- Gerenciamento do
tempo de estudo
- Apresentar o tema
teórico: Estratégias
autoprejudiciais com
foco no gerenciamento
do tempo
01. Responder questões
sobre estratégias
autoprejudiciais.
02. Fazer uma síntese da
aula apresentada.
01. Ler o texto teórico e
listar os pontos mais
importantes. Elaborar um
parágrafo com suas
palavras ao final.
AULA 04
- Atribuição de
causalidade
- Crença de
Autoeficácia
- Apresentar o tema
teórico: Atribuição de
causalidade e Crença de
Autoeficácia
01. Responder questão
sobre crenças pessoais.
02. Escrever a definição
de atribuição.
01. Ler o texto teórico e
responder três questões.
AULA 05
- Estratégias de
regulação emocional
- Ansiedade no
contexto acadêmico
- Apresentar o tema
teórico: Estratégias de
regulação emocional
com foco na ansiedade
01. Responder questão
sobre emoções no
contexto acadêmico.
02. Escrever o que um
professor faria para ajudar
o aluno ansioso.
01. Elaborar um
personagem que seja um
aluno ansioso e dizer o
que faria para auxiliá-lo
na sala de aula.
AULA 06
- Teorias Implícitas
de Inteligência
- PÓS-TESTE
- Entrega do Diário
de Aprendizagem
- Realizar o pós-teste
- Apresentar o tema
teórico: Teorias
implícitas de
Inteligência
01. Responder questão
sobre inteligência.
02. Escrever o que faria
como professor para
ajudar o aluno a ter
crenças mais favoráveis
ao aprender.
-----
AULA 07
- Feedback da
disciplina
(Devolutiva das notas
e atividades)
- Entregar o feedback 01. Falar sobre as
contribuições, críticas e
sugestões a respeito da
disciplina.
-----
80
Quadro 4
Planejamento da disciplina no modo Programa de Intervenção – Grupo experimental I
TEMA GRUPO EXPERIMENTAL I
Meta Atividades em
sala
Atividades para
casa AULA 01
- Apresentação da
proposta de trabalho
- PRÉ-TESTE
- Estratégias de
Aprendizagem
- Apresentar a proposta
do curso
- Realizar o Pré-teste
- Apresentar o tema
teórico, promovendo a
reflexão e o auxílio no
uso de estratégias de
aprendizagem, com foco
na leitura de texto.
01. Responder a questão
sobre estratégias de
aprendizagem.
02. Ler e sublinhar o
breve texto sobre
Autorregulação da
Aprendizagem.
01. Ler, sublinhar e
responder questões sobre
o texto teórico. Assistir a
videoaula de estratégias
de aprendizagem e
responder as questões.
AULA 02
- Motivação para
aprender como aluno
e como futuro
professor
- Apresentar o tema
teórico, promovendo a
reflexão sobre a própria
motivação e sobre os
modos para se motivar
os seus futuros alunos.
01. Responder questões
abertas e itens da escala
de motivação.
02. Fazer exercício dos
níveis de motivação.
Responder a questão
sobre sua motivação.
01. Ler o texto teórico,
sublinhar e usar outra
estratégia que queira.
Responder questões sobre
sua motivação na
faculdade.
AULA 03
- Estratégias
autoprejudiciais
- Gerenciamento do
tempo de estudo
- Apresentar o tema
teórico, promovendo a
reflexão sobre o uso
dessas estratégias.
- Auxiliar os alunos no
gerenciamento do tempo
de estudo.
01. Responder questões
sobre estratégias
autoprejudiciais.
02. Preencher o quadro de
planejamento semanal.
01. Assistir a videoaula
sobre gerenciamento de
tempo e responder as
questões. Analisar o
planejamento semanal.
AULA 04
- Atribuição de
causalidade
- Crença de
Autoeficácia
- Apresentar o tema
teórico, promovendo a
reflexão sobre as
crenças pessoais.
- Observar e Registrar o
modo como se estuda
01. Responder questões
sobre causa do sucesso e
fracasso acadêmico.
02. Responder questão em
que deve analisar suas
próprias crenças.
01. Ler o texto teórico e
responder questão sobre
futuro professor. Fazer o
Homework Log.
AULA 05
- Estratégias de
regulação emocional
- Ansiedade no
contexto acadêmico
- Apresentar o tema
teórico, promovendo a
reflexão sobre as
emoções (com foco na
ansiedade) e estratégias
para regulá-las.
01. Responder questões
abertas de ansiedade.
02. Escrever o que faria
como professor para
ajudar o aluno ansioso.
01. Responder questões
sobre estratégias de
regulação emocional.
AULA 06
- Teorias Implícitas
de Inteligência
- PÓS-TESTE
- Entrega do Diário
de Aprendizagem
- Realizar o pós-teste
- Apresentar o tema
teórico, promovendo a
reflexão sobre as
crenças pessoais de
inteligência.
01. Preencher a escala de
Inteligência.
02. Escrever o que faria
como professor para
ajudar seu aluno a ter
crenças mais favoráveis
ao aprender.
-----
AULA 07
- Feedback da
disciplina
(Devolutiva das notas
e atividades)
- Entregar o feedback 01. Falar sobre as
contribuições, críticas e
sugestões a respeito da
disciplina.
-----
3.9 Procedimento de análise de dados
Os dados das escalas foram analisados por meio dos procedimentos de estatística
descritiva (cálculo de frequência, porcentagem, média e desvio padrão) e inferencial
(análise de variância para medidas repetidas - Repeated Measures ANOVA, análise da
81
consistência interna aferida pela alpha de Cronbach), de acordo com cada um dos
objetivos do estudo. As questões abertas dos instrumentos qualitativos e das entrevistas
de follow-up foram examinadas por meio da análise de conteúdo que envolve a
descrição de mensagens pela pré-análise das respostas, a exploração do material,
permitindo uma maior interpretação e inferência dos resultados (Campos, 2007;
Cavalcante, Calixto & Pinheiro, 2014). Desse modo, tendo como base a literatura da
área, construiu-se um sistema de categorização para cada pergunta que foi aferido por
juízes independentes, especialistas na temática, que analisaram 40% das respostas
aleatoriamente, obtendo um índice de concordância de 90%. A análise dos resultados
nas medidas aplicadas no tempo pré-teste não revelaram diferenças significativas entre
os grupos, ou seja, eles eram equiparáveis no que tange as variáveis investigadas. A
descrição dos resultados entre as etapas da pesquisa e entre grupos é apresentada no
próximo capítulo.
82
CAPÍTULO 04
RESULTADOS
Neste capítulo são apresentados os resultados encontrados nas etapas pré-teste,
pós-teste e pós-teste postergado do estudo. Conforme mencionado no capítulo Método,
a presente pesquisa teve um delineamento quase experimental, no qual a amostra
consistiu de 109 alunos de quatro turmas ingressantes do curso de Pedagogia, dos
períodos integral e noturno, escolhidas aleatoriamente para comporem uma das três
condições experimentais propostas no estudo: grupo experimental tipo I, grupo
experimental tipo II e grupo controle.
A turma A do período noturno (ano 2013) foi o grupo experimental I, que
participou da disciplina no modo Programa de Intervenção. A turma B do período
integral (ano 2013) foi o grupo experimental II, que participou da disciplina no modo
tradicional. As turmas C e D, respectivamente dos períodos integral e noturno do ano
seguinte (2014) foram os grupos controle, que apenas participaram das etapas de pré-
teste e pós-teste. Por não terem feito a disciplina nem no modo Intervenção, nem no
modo tradicional, foram consideradas grupos controles, pois não tiveram contato com
os conteúdos teóricos sobre Autorregulação da aprendizagem. Na Tabela 1 apresenta-se
o esquema de divisão da amostra.
Tabela 1: Comparação da amostra nos grupos controle e experimental
Turmas Número de
alunos Período
Condição
experimental Disciplina
A 27 Noturno/2013 Grupo experimental I
GE I
Modo programa
de intervenção
B 33 Integral/2013 Grupo experimental II
GE II Modo tradicional
C 28 Integral/2014 Grupo controle
GC Sem disciplina
D 21 Noturno/2014 Grupo controle
GC Sem disciplina
O principal objetivo da pesquisa foi comparar os possíveis efeitos do programa
de intervenção no desenvolvimento da autorregulação dos alunos. Nesse intuito,
aplicou-se um conjunto de instrumentos nas etapas pré-teste e pós-teste com o propósito
de mensurar diversas variáveis relacionadas à aprendizagem autorregulada como, por
exemplo, a crença de autoeficácia, os hábitos de estudo, o uso de estratégias
83
relacionadas à organização do tempo, ao controle da ansiedade, à manutenção da
motivação, entre outras. Os resultados foram comparados grupo a grupo, tendo em vista
responder as hipóteses formuladas no presente estudo.
Inicialmente examinaram-se os dados demográficos e das escalas no tempo pré-
teste para testar a homogeneidade da amostra, confirmando que os grupos eram
equiparáveis. Depois, realizaram-se as análises comparativas e longitudinais dos escores
quantitativos das escalas, nas etapas pré-teste e pós-teste para cada grupo e então entre
os grupos. Em seguida, as respostas obtidas nos instrumentos qualitativos foram
também descritas e avaliadas em função dos grupos e etapas da pesquisa. Por fim,
analisaram-se os resultados do pós-teste postergado.
4.1. Análise inicial dos dados quantitativos do Grupo Experimental I,
Grupo Experimental II e Grupos Controle
Na análise comparativa das variáveis numéricas entre as etapas pré-teste e pós-
teste foi utilizado o teste de Wilcoxon. Observa-se que a Turma A (Grupo Experimental
I) e o conjunto de Turmas A+B (Grupos Experimental I e II) apresentaram uma
diferença estatisticamente significativa de aumento do escore de autoeficácia entre os
dois momentos da pesquisa (Tabela 2). Já para o conjunto das Turmas C+D (Grupos
Controle) houve uma redução no escore da escala. Os dados sugerem que os alunos que
participaram da disciplina sentiram-se mais autoeficazes, ao final do semestre, enquanto
que os outros diminuíram sua autoeficácia.
Tabela 2: Análise comparativa dos escores da escala de autoeficácia entre pré-teste e pós-teste por
grupo
Turmas N Média DP Mínimo Máximo
Pré Pós Pré Pós Pré Pós Pré Pós Pré Pós Z Valor-p*
Turma A 27 27 121,74 127,30 15,53 25,27 91 52 151 165 2,06 p=0,040
Turma B 33 33 128,45 133,48 16,96 20,47 90 68 163 169 1,73 p=0,083
Turma C 28 28 129,93 126,57 23,07 26,29 62 56 181 177 1,15 p=0,249
Turma D 21 21 128,29 121,67 21,69 24,08 86 83 166 155 1,85 p=0,064
Turmas A+B 60 60 125,43 130,70 16,54 22,77 90 52 163 165 2,78 p=0,006
Turmas C+D 49 49 129,22 124,47 22,27 25,23 62 56 181 177 2,02 p=0,044
* Valor-p referente ao teste de Wilcoxon para amostras relacionadas para comparação entre as duas etapas da pesquisa
Nas tabelas 3, 4, 5, 6, 7 e 8 apresentam-se as análises comparativas dos escores
da escala LASSI total e das suas subescalas entre as duas etapas de coleta de dados.
Devido ao grande volume de informações, destinou-se uma tabela para cada grupo.
Novamente foi empregado o teste de Wilcoxon para amostras relacionadas,
considerando como significativo o valor de p inferior a 0,05.
84
Tabela 3: Análise comparativa dos escores da escala LASSI entre pré-teste e pós-teste da Turma A
Subescalas N Média DP Mínimo Máximo
Pré Pós Pré Pós Pré Pós Pré Pós Pré Pós Z Valor-p*
1. Processamento da
informação 27 27 43,00 43,37 8,24 7,45 25 21 55 54 0,38 p=0,705
2. Ansiedade 27 27 22,30 23,48 4,04 4,02 13 14 29 31 1,62 p=0,105
3. Organização do
tempo 27 27 27,63 27,48 4,98 5,56 14 13 38 35 0,14 p=0,891
4. Concentração 27 27 32,15 33,15 6,39 6,13 19 21 43 43 0,98 p=0,329
5. Atitude 27 27 35,96 36,33 3,52 3,26 29 28 40 40 0,81 p=0,418
6. Preocupações ao
estudar 27 27 8,26 7,52 1,75 2,36 4 2 10 10 2,01 p=0,045
7. Seleção de ideias
principais 27 27 24,19 24,78 3,98 3,81 15 14 32 31 0,80 p=0,421
8. Auxiliares de estudo 27 27 25,37 26,15 4,37 5,14 15 13 33 35 1,27 p=0,205
9. Motivação 27 27 39,67 40,89 5,37 5,85 27 25 49 49 1,40 p=0,161
- Hábitos de estudo na
internet 27 27 41,63 41,30 7,13 8,83 23 19 52 51 0,07 p=0,943
Escala LASSI total 27 27 258,52 263,15 30,53 31,36 195 186 301 305 1,23 p=0,218
* Valor-p referente ao teste de Wilcoxon para amostras relacionadas para comparação entre as duas etapas da pesquisa
Na Turma A (Grupo experimental I) houve uma redução do escore da subescala
“Preocupações ao estudar” do pré-teste para o pós-teste. Os dois itens que compõem
essa subescala dizem respeito à atitude do aluno de, durante o estudo, pensar nas
questões que, supostamente, podem cair na prova. Essa estratégia tem dupla conotação
uma vez que pensar sobre as perguntas podem ajudar a planejar e orientar o estudo ou,
para alguns alunos, pode despertar mais ansiedade, por se preocuparem antes da
avaliação (Tabela 3).
Tabela 4: Análise comparativa dos escores da escala LASSI entre pré-teste e pós-teste da Turma B
Subescalas N Média DP Mínimo Máximo
Pré Pós Pré Pós Pré Pós Pré Pós Pré Pós Z Valor-p*
1. Processamento da
informação 33 33 45,45 45,12 6,22 6,87 29 28 55 55 0,01 p=0,992
2. Ansiedade 33 33 22,30 23,91 3,64 3,41 16 18 30 33 2,88 p=0,004
3. Organização do
tempo 33 33 28,48 26,39 5,77 5,23 17 15 38 36 2,52 p=0,012
4. Concentração 33 33 33,09 33,58 5,84 6,43 18 13 43 45 0,77 p=0,440
5. Atitude 33 33 36,64 36,18 2,30 2,72 29 29 40 40 1,01 p=0,311
6. Preocupações ao
estudar 33 33 8,00 7,73 1,94 1,81 4 4 10 10 0,84 p=0,402
7. Seleção de ideias
principais 33 33 23,88 24,76 4,92 3,84 14 14 32 31 1,06 p=0,288
8. Auxiliares de estudo 33 33 26,09 28,09 4,74 3,63 17 20 33 34 2,58 p=0,010
9. Motivação 33 33 39,85 41,03 5,33 5,36 25 28 47 51 1,23 p=0,217
- Hábitos de estudo na
internet 33 33 42,76 42,88 7,40 6,48 23 23 54 51 0,15 p=0,885
Escala LASSI total 33 33 263,48 266,79 24,66 26,61 207 197 311 314 0,49 p=0,623
* Valor-p referente ao teste de Wilcoxon para amostras relacionadas para comparação entre as duas etapas da pesquisa
85
Na Turma B (Grupo experimental II), constatou-se o aumento nos escores das
subescalas “Ansiedade” e “Auxiliares de estudo” e redução na subescala “Organização
do tempo”. Observou-se então que, do início para o fim do semestre, os alunos
passaram a usar, com mais frequência, estratégias para estudar e lidar com a ansiedade.
Contudo, diminuíram o emprego de estratégias para gerenciar o tempo durante as
atividades acadêmicas (Tabela 4).
Tabela 5: Análise comparativa dos escores da escala LASSI entre pré-teste e pós-teste da Turma C
Subescalas N Média DP Mínimo Máximo
Pré Pós Pré Pós Pré Pós Pré Pós Pré Pós Z Valor-p*
1. Processamento da
informação 28 28 42,93 41,39 6,39 6,59 26 28 53 51 1,34 p=0,182
2. Ansiedade 28 28 22,54 22,50 4,53 4,35 14 14 30 30 0,05 p=0,961
3. Organização do
tempo 28 28 28,79 26,86 5,17 5,30 18 18 40 36 2,70 p=0,007
4. Concentração 28 28 32,64 32,29 5,97 4,95 21 21 41 41 0,75 p=0,452
5. Atitude 28 28 36,04 36,21 3,34 3,56 26 24 40 40 0,09 p=0,930
6. Preocupações ao
estudar 28 28 7,43 7,25 1,83 2,30 2 3 10 10 0,50 p=0,619
7. Seleção de ideias
principais 28 28 24,36 23,82 3,42 3,87 17 15 30 31 0,81 p=0,421
8. Auxiliares de estudo 28 28 25,36 25,46 3,94 4,37 16 13 33 32 0,14 p=0,886
9. Motivação 28 28 40,39 39,61 5,78 7,11 27 21 52 49 1,31 p=0,189
- Hábitos de estudo na
internet 28 28 39,57 39,76 6,58 6,20 28 24 50 49 0,61 p=0,545
Escala LASSI total 28 28 260,46 255,39 25,17 26,34 205 202 300 308 1,34 p=0,179
* Valor-p referente ao teste de Wilcoxon para amostras relacionadas para comparação entre as duas etapas da pesquisa
Na Turma C (Grupo controle), averiguou-se também uma redução da subescala
“Organização do tempo”. Os dados indicam que, entre o pré-teste e o pós-teste, os
alunos passaram a usar, com menos frequência, às estratégias voltadas ao
gerenciamento do tempo, ou seja, tiveram maior dificuldade para realizar os
compromissos da faculdade dentro dos prazos (Tabela 5).
86
Tabela 6: Análise comparativa dos escores da escala LASSI entre pré-teste e pós-teste da Turma D
Subescalas N Média DP Mínimo Máximo
Pré Pós Pré Pós Pré Pós Pré Pós Pré Pós Z Valor-p*
1. Processamento da
informação 21 21 44,57 44,81 6,43 6,50 28 29 53 55 0,32 p=0,746
2. Ansiedade 21 21 22,71 22,43 4,94 4,98 11 14 30 31 0,45 p=0,652
3. Organização do
tempo 21 21 27,24 26,33 6,20 6,03 19 15 41 40 1,14 p=0,255
4. Concentração 21 21 34,29 31,90 8,11 7,48 14 13 44 42 2,12 p=0,034
5. Atitude 21 21 36,81 35,90 3,11 3,33 27 29 40 40 1,08 p=0,281
6. Preocupações ao
estudar 21 21 7,86 7,90 2,22 1,81 3 5 10 10 0,23 p=0,818
7. Seleção de ideias
principais 21 21 24,38 24,38 3,72 3,87 17 12 30 28 0,24 p=0,807
8. Auxiliares de estudo 21 21 25,90 25,86 4,75 4,36 16 18 34 33 0,02 p=0,984
9. Motivação 21 21 40,48 41,19 5,07 6,10 28 28 52 49 0,84 p=0,400
- Hábitos de estudo na
internet 21 21 44,33 43,14 5,53 4,11 28 35 52 51 1,64 p=0,101
Escala LASSI total 21 21 264,24 260,71 28,00 29,90 207 201 316 311 0,58 p=0,563
* Valor-p referente ao teste de Wilcoxon para amostras relacionadas para comparação entre as duas etapas da pesquisa
Na Turma D (Grupo controle), houve diferença estatisticamente significativa no
que se refere à redução do escore da subescala “Concentração”. Essa informação revela
que, do início para o final do semestre, os alunos relataram estar menos concentrados,
ou seja, usar, com menos frequência, estratégias para reter a atenção durante as aulas, o
estudo e a realização das atividades acadêmicas, de modo geral (Tabela 6).
Tabela 7: Análise comparativa dos escores da escala LASSI entre pré-teste e pós-teste do conjunto de
Turmas A com B
Subescalas N Média DP Mínimo Máximo
Pré Pós Pré Pós Pré Pós Pré Pós Pré Pós Z Valor-p*
1. Processamento da
informação 60 60 44,18 44,33 7,22 7,13 25 21 55 55 0,25 p=0,804
2. Ansiedade 60 60 22,30 23,72 3,79 3,67 13 14 30 33 3,16 p=0,002
3. Organização do
tempo 60 60 28,10 26,88 5,40 5,36 14 13 38 36 2,10 p=0,036
4. Concentração 60 60 32,67 33,38 6,06 6,25 18 13 43 45 1,24 p=0,215
5. Atitude 60 60 36,33 36,25 2,91 2,95 29 28 40 40 0,26 p=0,795
6. Preocupações ao
estudar 60 60 8,12 7,63 1,84 2,06 4 2 10 10 1,98 p=0,048
7. Seleção de ideias
principais 60 60 24,02 24,77 4,49 3,79 14 14 32 31 1,31 p=0,192
8. Auxiliares de estudo 60 60 25,77 27,22 4,55 4,45 15 13 33 35 2,83 p=0,005
9. Motivação 60 60 39,77 40,97 5,31 5,54 25 25 49 51 1,85 p=0,064
- Hábitos de estudo na
internet 60 60 42,25 42,17 7,24 7,60 23 19 54 51 0,17 p=0,866
Escala LASSI total 60 60 261,25 265,15 27,33 28,65 195 186 311 314 1,26 p=0,207
* Valor-p referente ao teste de Wilcoxon para amostras relacionadas para comparação entre as duas etapas da pesquisa
87
As turmas A com B (Grupos Experimental I e II) apresentaram aumento
significativo dos escores das subescalas “Ansiedade” e “Auxiliares de estudo” e redução
nas escalas “Organização do tempo” e “Preocupações ao estudar”. Desse modo, infere-
se que os alunos das turmas que participaram da disciplina tanto no formato Programa
de Intervenção como no Tradicional, relataram o uso mais frequente de estratégias para
estudar e lidar com a ansiedade. Ao mesmo tempo passaram a empregar menos
estratégias para gerenciar o tempo de estudo (Tabela 7).
Tabela 8: Análise comparativa dos escores da escala LASSI entre pré-teste e pós-teste do conjunto de
Turmas C com D
Subescalas N Média DP Mínimo Máximo
Pré Pós Pré Pós Pré Pós Pré Pós Pré Pós Z Valor-p*
1. Processamento da
informação 49 49 43,63 42,86 6,40 6,71 26 28 53 55 1,05 p=0,296
2. Ansiedade 49 49 22,61 22,47 4,66 4,58 11 14 30 31 0,32 p=0,749
3. Organização do
tempo 49 49 28,12 26,63 5,63 5,57 18 15 41 40 2,84 p=0,004
4. Concentração 49 49 33,35 32,12 6,94 6,09 14 13 44 42 2,01 p=0,044
5. Atitude 49 49 36,37 36,08 3,23 3,43 26 24 40 40 0,83 p=0,408
6. Preocupações ao
estudar 49 49 7,61 7,53 2,00 2,11 2 3 10 10 0,24 p=0,812
7. Seleção de ideias
principais 49 49 24,37 24,06 3,52 3,84 17 12 30 31 0,41 p=0,680
8. Auxiliares de estudo 49 49 25,59 25,63 4,27 4,32 16 13 34 33 0,12 p=0,904
9. Motivação 49 49 40,43 40,29 5,43 6,68 27 21 52 49 0,48 p=0,629
- Hábitos de estudo na
internet 49 49 41,95 40,95 6,47 5,65 28 24 52 51 1,44 p=0,149
Escala LASSI total 49 49 262,08 257,67 26,20 27,75 205 201 316 311 1,38 p=0,169
* Valor-p referente ao teste de Wilcoxon para amostras relacionadas para comparação entre as duas etapas da pesquisa
A análise dos dados das Turmas C com D (Grupos Controle) revelou diferenças
significativas quanto à redução dos escores das subescalas “Organização do tempo” e
“Concentração” entre as etapas de pré-teste e pós-teste. A partir desse resultado, pode-se
sugerir que entre o início e o final do semestre letivo os alunos tiveram uma queda na
utilização de estratégias para gerenciar o tempo de estudo e de realização das atividades
acadêmicas, assim como relataram sentir-se menos atentos na faculdade (Tabela 8).
4.2. Análise comparativa dos dados quantitativos entre o Grupo
Experimental I, o Grupo Experimental II e os Grupos Controle
A primeira hipótese era a de que o Programa de Intervenção desenvolvido no
presente estudo seria efetivo para promover o aumento da autorregulação dos alunos
88
que o receberam (Grupo Experimental I) quando comparados aos colegas que não
participaram da intervenção (Grupo Experimental II e Grupos Controle). Para testar essa
hipótese aplicou-se a análise de variância para medidas repetidas (Repeated Measures
ANOVA), comparando-se os dados dos grupos no LASSI e na escala de autoeficácia, nos
tempos pré-teste e pós-teste. Os resultados da ANOVA para o grupo experimental I – GE
I (Turma A) e grupo experimental II – GE II (Turma B) estão expostos na Tabela 9.
A análise mostrou diferenças estatisticamente significativas entre as etapas de
pré-teste e pós-teste para ambos os grupos. Houve um aumento dos escores da escala de
autoeficácia para o GE I e GE II, revelando que os alunos das duas turmas sentiram-se
mais autoconfiantes na realização das atividades acadêmicas, ao final do semestre. O
GE II apresentou acréscimo também nos escores das subescalas 2 (Ansiedade) e 8
(Auxiliares de estudo) do LASSI, indicando que os estudantes do grupo experimental II
relataram uso mais frequente de estratégias de controle da ansiedade e de bons hábitos
de estudo do início para o final da pesquisa.
Tabela 9: Resultados da ANOVA para comparação dos escores das escalas entre o grupo
experimental I – Turma A e grupo experimental II – Turma B
Variáveis*
Análises
Comparação ente
Grupos (GE I e GE II)
Comparação entre
Etapas (Pré e Pós)
Interação
Grupos X Etapas
1. Processamento da
informação
F(1,58)=0.94;
p=0.337
F(1,58)=0.00;
p=0.963
F(1,58)=0.00;
p=0.950
2. Ansiedade F(1,58)=0.00;
p=0.975
F(1,58)=8.69;
p=0.005 b
F(1,58)=0.90;
p=0.346
3. Organização do tempo F(1,58)=0.05;
p=0.822
F(1,58)=2.33;
p=0.132
F(1,58)=4.00;
p=0.051
4. Concentração F(1,58)=0.25;
p=0.617
F(1,58)=1.27;
p=0.264
F(1,58)=0.06;
p=0.805
5. Atitude F(1,58)=0.10;
p=0.757
F(1,58)=0.00;
p=0.981
F(1,58)=0.62;
p=0.435
6. Preocupações ao
estudar
F(1,58)=0.06;
p=0.807
F(1,58)=3.86;
p=0.054
F(1,58)=0.22;
p=0.644
7. Seleção de ideias
principais
F(1,58)=0.01;
p=0.914
F(1,58)=0.97;
p=0.772
F(1,58)=0.08;
p=0.772
8. Auxiliares de estudo F(1,58)=1.52;
p=0.222
F(1,58)=7.97;
p=0.007 c
F(1,58)=1.13;
p=0.293
9. Motivação F(1,58)=0.01;
p=0.933
F(1,58)=3.13;
p=0.082
F(1,58)=0.37;
p=0.545
- Hábitos de estudo na
internet
F(1,58)=0.32;
p=0.571
F(1,58)=0.03;
p=0.871
F(1,58)=0.15;
p=0.701
Escala LASSI total F(1,58)=0.05;
p=0.819
F(1,58)=2.90;
p=0.094
F(1,58)=0.22;
p=0.642
Escala de autoeficácia F(1,58)=2.06;
p=0.156
F(1,58)=12.91;
p<0.001 a
F(1,58)=0.12;
p=0.735
* Variáveis transformadas em postos (ranks) nas análises devido à ausência de distribuição Normal
(a) Diferenças significativas entre tempos (teste de perfil por contraste): Pré ≠ Pós para grupos GE I e GE II
(b) Diferenças significativas entre tempos (teste de perfil por contraste): Pré ≠ Pós para grupo GE II
(c) Diferenças significativas entre tempos (teste de perfil por contraste): Pré ≠ Pós para grupo GE II
89
A análise de variância (ANOVA) empregada para comparar os dados do grupo
experimental I – GE I (Turma A) e do grupo controle – GC (Turma C) revelaram
diferenças estatisticamente significativas nos escores da escala de autoeficácia somente
para o GE I. O dado indica que os alunos que participaram do Programa de Intervenção
relataram um aumento em sua autoconfiança na realização das atividades acadêmicas do
início para o final do semestre (Tabela 10).
Tabela 10: Resultados da ANOVA para comparação dos escores das escalas entre o grupo
experimental I – Turma A e grupo controle – Turma C
Variáveis*
Análises
Comparação ente
Grupos (GE I e GC)
Comparação entre
Etapas (Pré e Pós)
Interação
Grupos X Etapas
1. Processamento da
informação
F(1,53)=0.79;
p=0.377
F(1,53)=0.50;
p=0.484
F(1,53)=1.33;
p=0.254
2. Ansiedade F(1,53)=0.05;
p=0.829
F(1,53)=0.78;
p=0.382
F(1,53)=0.98;
p=0.327
3. Organização do tempo F(1,53)=0.00;
p=0.966
F(1,53)=1.74;
p=0.193
F(1,53)=3.72;
p=0.059
4. Concentração F(1,53)=0.04;
p=0.851
F(1,53)=0.00;
p=0.972
F(1,53)=1.32;
p=0.256
5. Atitude F(1,53)=0.08;
p=0.777
F(1,53)=0.72;
p=0.401
F(1,53)=0.00;
p=0.972
6. Preocupações ao
estudar
F(1,53)=1.46;
p=0.232
F(1,53)=1.47;
p=0.230
F(1,53)=1.66;
p=0.204
7. Seleção de ideias
principais
F(1,53)=0.09;
p=0.761
F(1,53)=0.02;
p=0.881
F(1,53)=1.73;
p=0.194
8. Auxiliares de estudo F(1,53)=0.09;
p=0.768
F(1,53)=0.96;
p=0.331
F(1,53)=0.44;
p=0.512
9. Motivação F(1,53)=0.03;
p=0.856
F(1,53)=1.17;
p=0.285
F(1,53)=1.06;
p=0.308
- Hábitos de estudo na
internet
F(1,46)=2.92;
p=0.094
F(1,46)=0.13;
p=0.719
F(1,46)=0.32;
p=0.574
Escala LASSI total F(1,53)=0.57;
p=0.453
F(1,53)=0.00;
p=0.949
F(1,53)=3.58;
p=0.064
Escala de autoeficácia F(1,53)=0.52;
p=0.472
F(1,53)=0.56;
p=0.457
F(1,53)=5.00;
p=0.030 a
* Variáveis transformadas em postos (ranks) nas análises devido à ausência de distribuição Normal.
(a) Diferenças significativas entre tempos (teste de perfil por contraste): PréPós para grupo GE I.
Na análise de variância (ANOVA) realizada para comparar o grupo experimental
I – Turma A e o grupo controle – Turma D foram encontradas diferenças significativas
entre os tempos pré-teste e pós-teste em duas variáveis. Houve um aumento nos escores
da escala de autoeficácia para o GE I e uma redução nos valores da subescala 4
(Concentração) do LASSI para o GC, como está exposto na Tabela 11. Os resultados
revelam que os alunos do grupo experimental I – Turma A relataram um aumento
quanto à crença em sua capacidade para cumprir as atividades acadêmicas, assim como
90
se observou anteriormente nas demais comparações realizadas com os outros grupos
(Turmas B e C). Já os estudantes do grupo controle – Turma D demonstraram uma
queda da concentração durante o estudo e realização das tarefas da faculdade, do início
para o final do semestre.
Tabela 11: Resultados da ANOVA para comparação dos escores das escalas entre o grupo
experimental I – Turma A e grupo controle – Turma D
Variáveis*
Análises
Comparação ente
Grupos (GE I e GC)
Comparação entre
Etapas (Pré e Pós)
Interação
Grupos X Etapas
1. Processamento da
informação
F(1,46)=0.36;
p=0.552
F(1,46)=0.08;
p=0.774
F(1,46)=0.00;
p=0.952
2. Ansiedade F(1,46)=0.01;
p=0.929
F(1,46)=0.19;
p=0.668
F(1,46)=1.94;
p=0.170
3. Organização do tempo F(1,46)=0.87;
p=0.355
F(1,46)=0.07;
p=0.789
F(1,46)=0.47;
p=0.496
4. Concentração F(1,46)=0.17;
p=0.678
F(1,46)=1.37;
p=0.249
F(1,46)=5.43;
p=0.024 b
5. Atitude F(1,46)=0.00;
p=0.982
F(1,46)=0.57;
p=0.455
F(1,46)=2.08;
p=0.156
6. Preocupações ao
estudar
F(1,46)=0.02;
p=0.901
F(1,46)=1.55;
p=0.219
F(1,46)=0.79;
p=0.380
7. Seleção de ideias
principais
F(1,46)=0.00;
p=0.983
F(1,46)=0.74;
p=0.393
F(1,46)=0.15;
p=0.704
8. Auxiliares de estudo F(1,46)=0.02;
p=0.900
F(1,46)=0.48;
p=0.493
F(1,46)=0.77;
p=0.383
9. Motivação F(1,46)=0.06;
p=0.815
F(1,46)=4.01;
p=0.051
F(1,46)=0.00;
p=0.963
- Hábitos de estudo na
internet
F(1,46)=0.56;
p=0.456
F(1,46)=1.37;
p=0.248
F(1,46)=3.60;
p=0.064
Escala LASSI total F(1,46)=0.00;
p=0.972
F(1,46)=0.19;
p=0.665
F(1,46)=2.52;
p=0.120
Escala de autoeficácia F(1,46)=0.01;
p=0.942
F(1,53)=0.04;
p=0.846
F(1,53)=7.40;
p=0.009 a
* Variáveis transformadas em postos (ranks) nas análises devido à ausência de distribuição Normal.
(a) Diferenças significativas entre tempos (teste de perfil por contraste): PréPós para grupo GE.
(b) Diferenças significativas entre tempos (teste de perfil por contraste): PréPós para grupo GCII.
A segunda hipótese da pesquisa era a que os alunos que participaram da
disciplina no modo Tradicional (Grupo Experimental II) teriam melhor desempenho nas
variáveis autorregulatórias no pós-teste quando comparados aos alunos que não
participaram da disciplina (Grupos Controle). Na análise de variância (ANOVA)
empregada para os dados do grupo experimental II – Turma B e do grupo controle –
Turma C, identificaram-se diferenças significativas para os escores: da escala de
autoeficácia (aumento do pré-teste para o pós-teste para GE II), da subescala 1
“Processamento da informação” (maiores valores no GE II no pós-teste), da subescala 3
“Organização do tempo” (redução do pré-teste para o pós-teste para ambos os grupos),
da subescala 8 “Auxiliares de estudo” (maiores valores no GE II no pós-teste) e da
91
subescala extra “Hábitos de estudo na internet” (maiores valores no GE II no pré-teste e
pós-teste) do LASSI. Os dados estão apresentados na Tabela 12.
Os resultados revelam que os alunos do grupo experimental II – Turma B
tiveram um aumento significativo na crença de capacidade quanto à realização das
atividades acadêmicas do início para o final do semestre. Quando comparados com o
grupo controle – Turma C, o GE II relatou uso mais frequente de estratégias
relacionadas ao processamento da informação e aos auxiliares de estudo no pós-teste.
Contudo, tanto os estudantes do GE II quanto do GC apresentaram queda na
organização do tempo na faculdade entre as duas etapas da pesquisa. Em relação ao uso
de boas estratégias de estudo por meio da internet, os alunos do GE II relataram maior
frequência de uso no pré-teste e no pós-teste, comparando-se aos colegas do GC.
Tabela 12: Resultados da ANOVA para comparação dos escores das escalas entre o grupo
experimental II – Turma B e grupo controle – Turma C
Variáveis*
Análises
Comparação ente
Grupos (GEII e GC)
Comparação entre
Etapas (Pré e Pós)
Interação
Grupos X Etapas
1. Processamento da
informação
F(1,59)=4.23;
p=0.044 b
F(1,59)=0.73;
p=0.397
F(1,59)=0.62;
p=0.434
2. Ansiedade F(1,59)=0.15;
p=0.701
F(1,59)=3.45;
p=0.068
F(1,59)=3.90;
p=0.053
3. Organização do tempo F(1,59)=0.09;
p=0.761
F(1,59)=11.78;
p=0.001 c
F(1,59)=0.01;
p=0.936
4. Concentração F(1,59)=0.44;
p=0.509
F(1,59)=0.05;
p=0.821
F(1,59)=1.34;
p=0.252
5. Atitude F(1,59)=0.01;
p=0.906
F(1,59)=0.00;
p=0.989
F(1,59)=0.52;
p=0.473
6. Preocupações ao
estudar
F(1,59)=1.42;
p=0.238
F(1,59)=0.43;
p=0.515
F(1,59)=0.47;
p=0.497
7. Seleção de ideias
principais
F(1,59)=0.11;
p=0.742
F(1,59)=0.08;
p=0.772
F(1,59)=0.82;
p=0.369
8. Auxiliares de estudo F(1,59)=3.65;
p=0.049 d
F(1,59)=3.73;
p=0.058
F(1,59)=2.41;
p=0.126
9. Motivação F(1,59)=0.01;
p=0.904
F(1,59)=0.41;
p=0.524
F(1,59)=0.36;
p=0.553
- Hábitos de estudo na
internet
F(1,59)=6.88;
p=0.011 e
F(1,59)=0.28;
p=0.597
F(1,59)=0.21;
p=0.652
Escala LASSI total F(1,59)=1.58;
p=0.214
F(1,59)=0.15;
p=0.702
F(1,59)=1.67;
p=0.201
Escala de autoeficácia F(1,59)=0.28;
p=0.601
F(1,59)=0.66;
p=0.419
F(1,59)=5.70;
p=0.020 a
* Variáveis transformadas em postos (ranks) nas análises devido à ausência de distribuição Normal.
(a) Diferenças significativas entre tempos (teste de perfil por contraste): PréPós para grupo GEII.
(b) Diferenças significativas entre grupos (teste de Tukey): grupo GEIIGC no pós-teste.
(c) Diferenças significativas entre tempos (teste de perfil por contraste): PréPós para os grupos GEII e GC.
(d) Diferenças significativas entre grupos (teste de Tukey): grupo GEIIGC no pós-teste.
(e) Diferenças significativas entre grupos (teste de Tukey): grupo GEIIGC no pré-teste e pós-teste.
92
A análise de variância (ANOVA) de comparação dos dados entre o grupo
experimental II – Turma B e o grupo controle – Turma D revelou diferenças
estatisticamente significativas entre os tempos pré-teste e pós-teste. O primeiro grupo,
GE II, apresentou aumento dos escores na escala de autoeficácia, aumento na subescala
2 “Ansiedade” e redução na subescala 3 “Organização do tempo” do LASSI. Já o
segundo grupo, GC, obteve uma redução significativa dos escores na subescala 4
“Concentração”, conforme mostrado na Tabela 13. Assim, os alunos do GE II relataram
maior crença em sua eficácia e do uso de estratégias de controle da ansiedade, mas uma
diminuição na aplicação de estratégias para gerenciar o tempo, o que não era esperado.
Logo, o GC declarou uma queda na concentração durante as aulas e o estudo, do início
para o final do semestre.
Tabela 13: Resultados da ANOVA para comparação dos escores das escalas entre o grupo
experimental II – Turma B e grupo controle – Turma D
Variáveis*
Análises
Comparação ente
Grupos (GEII e GC)
Comparação entre
Etapas (Pré e Pós)
Interação
Grupos X Etapas
1. Processamento da
informação
F(1,52)=0.07;
p=0.798
F(1,52)=0.02;
p=0.884
F(1,52)=0.00;
p=0.967
2. Ansiedade F(1,52)=0.00;
p=0.985
F(1,52)=2.15;
p=0.149
F(1,52)=6.54;
p=0.014 b
3. Organização do tempo F(1,52)=0.48;
p=0.492
F(1,52)=4.32;
p=0.043 c
F(1,52)=1.05;
p=0.309
4. Concentração F(1,52)=0.00;
p=0.987
F(1,52)=2.34;
p=0.133
F(1,52)=5.37;
p=0.024 d
5. Atitude F(1,52)=0.10;
p=0.753
F(1,52)=2.28;
p=0.137
F(1,52)=0.65;
p=0.424
6. Preocupações ao
estudar
F(1,52)=0.02;
p=0.884
F(1,52)=0.61;
p=0.440
F(1,52)=0.17;
p=0.685
7. Seleção de ideias
principais
F(1,52)=0.00;
p=0.988
F(1,52)=0.32;
p=0.575
F(1,52)=0.00;
p=0.986
8. Auxiliares de estudo F(1,52)=1.24;
p=0.270
F(1,52)=2.20;
p=0.144
F(1,52)=3.10;
p=0.084
9. Motivação F(1,52)=0.10;
p=0.756
F(1,52)=2.02;
p=0.161
F(1,52)=0.06;
p=0.801
- Hábitos de estudo na
internet
F(1,52)=0.10;
p=0.758
F(1,52)=2.60;
p=0.113
F(1,52)=1.51;
p=0.225
Escala LASSI total F(1,52)=0.11;
p=0.736
F(1,52)=0.04;
p=0.836
F(1,52)=0.74;
p=0.394
Escala de autoeficácia F(1,52)=0.99;
p=0.326
F(1,52)=0.23;
p=0.633
F(1,52)=7.08;
p=0.010 a
* Variáveis transformadas em postos (ranks) nas análises devido à ausência de distribuição Normal.
(a) Diferenças significativas entre tempos (teste de perfil por contraste): PréPós para grupo GE II.
(b) Diferenças significativas entre tempos (teste de perfil por contraste): PréPós para grupo GE II.
(c) Diferenças significativas entre tempos (teste de perfil por contraste): PréPós para grupo GE II.
(d) Diferenças significativas entre tempos (teste de perfil por contraste): PréPós para grupo GC.
A terceira hipótese da pesquisa era a que os alunos que participaram da
disciplina no modo Programa de intervenção e no modo Tradicional (Grupos
93
Experimental I e II) exibiriam melhora nas variáveis autorregulatórias se comparados
aos alunos que não participaram da disciplina (Grupos Controle). Aplicou-se a ANOVA
e observou-se que as turmas do GE tiveram aumento nos escores da escala de
autoeficácia e subescala 2 “Ansiedade” do LASSI e as turmas do GC apresentaram
redução nos escores da subescala 3 “Organização do tempo” e subescala 4
“Concentração” do LASSI (Tabela 14). Assim, os alunos do GE relataram maior senso
de autoeficácia e de uso de estratégias de controle da ansiedade. Agora, os alunos do
GC apresentaram uma redução no uso de estratégias para manter a atenção e para
gerenciar o tempo de estudo na faculdade.
Tabela 14: Resultados da ANOVA para comparação dos escores das escalas entre os grupos
participantes (GE) e os grupos não participantes (GC) da disciplina
Variáveis*
Análises
Comparação entre Grupos
(GE e GC)
Comparação entre
Etapas (Pré e Pós)
Interação
Grupos X Etapas
1. Processamento da
informação
F(1,107)=1.12;
p=0.293
F(1,107)=0.27;
p=0.604
F(1,107)=0.47;
p=0.496
2. Ansiedade F(1,107)=0.05;
p=0.827
F(1,107)=3.14;
p=0.079
F(1,107)=6.11;
p=0.015 b
3. Organização do
tempo
F(1,107)=0.14;
p=0.711
F(1,107)=7.96;
p=0.006 c
F(1,107)=0.25;
p=0.620
4. Concentração F(1,107)=0.05;
p=0.821
F(1,107)=0.65;
p=0.422
F(1,107)=5.46;
p=0.021 d
5. Atitude F(1,107)=0.00;
p=0.967
F(1,107)=0.29;
p=0.588
F(1,107)=0.13;
p=0.724
6. Preocupações ao
estudar
F(1,107)=0.87;
p=0.354
F(1,107)=1.83;
p=0.179
F(1,107)=1.26;
p=0.265
7. Seleção de ideias
principais
F(1,107)=0.06;
p=0.808
F(1,107)=0.21;
p=0.646
F(1,107)=0.84;
p=0.363
8. Auxiliares de estudo F(1,107)=1.47;
p=0.227
F(1,107)=3.84;
p=0.053
F(1,107)=3.23;
p=0.075
9. Motivação F(1,107)=0.00;
p=0.952
F(1,107)=2.78;
p=0.099
F(1,107)=0.27;
p=0.603
- Hábitos de estudo na
internet
F(1,100)=1.36;
p=0.246
F(1,100)=1.63;
p=0.204
F(1,100)=1.87;
p=0.175
Escala LASSI total F(1,107)=0.85;
p=0.359
F(1,107)=0.00;
p=0.946
F(1,107)=3.89;
p=0.051
Escala de autoeficácia F(1,107)=0.08;
p=0.778
F(1,107)=0.78;
p=0.379
F(1,107)=12.28;
p<0.001 a
* Variáveis transformadas em postos (ranks) nas análises devido à ausência de distribuição Normal.
(a) Diferenças significativas entre tempos (teste de perfil por contraste): PréPós para grupo A+B.
(b) Diferenças significativas entre tempos (teste de perfil por contraste): PréPós para grupo A+B.
(c) Diferenças significativas entre tempos (teste de perfil por contraste): PréPós para grupo C+D.
(d) Diferenças significativas entre tempos (teste de perfil por contraste): PréPós para grupo C+D.
Em suma, ao analisar os resultados das escalas constatou-se que as três hipóteses
do estudo foram parcialmente confirmadas. Quanto à primeira hipótese, os alunos que
estiveram no Programa de Intervenção (Grupo experimental I) relataram um aumento na
crença de autoeficácia em comparação aos alunos dos Grupos controle, mas não houve
94
mudanças em relação às demais variáveis autorregulatórias. Em relação à segunda
hipótese, os universitários que fizeram a disciplina no modo tradicional (Grupo
experimental II) declararam aumento da autoeficácia e do uso de estratégias
relacionadas ao Processamento da informação, Organização do tempo, Auxiliares de
estudo, Ansiedade e Hábitos de estudo na internet. Por fim, no que concerne à terceira
hipótese, os alunos dos Grupos experimentais tiveram melhorias no relato da crença de
autoeficácia e do uso de estratégias de controle da ansiedade, quando comparados aos
universitários dos Grupos controle.
4.3. Análise comparativa dos dados qualitativos entre o Grupo
Experimental I, o Grupo Experimental II e os Grupos Controle
4.3.1 Resultados da Atividade autorreflexiva geral
O primeiro instrumento qualitativo aplicado na coleta continha três questões
abertas destinadas a mensurar o relato de uso de estratégias de aprendizagem e da
autopercepção dos alunos no ambiente acadêmico. Cada pergunta pôde ser respondida
de maneira livre, sem limite de palavras, motivo pelo qual o número de categorias
citadas é superior ao número de estudantes em cada grupo. Assim como mencionado no
capítulo Método, todas as respostas foram examinadas pelo método de análise de
conteúdo, no qual se construiu um sistema categorial avaliado por juízes independentes,
entre os quais se obteve um índice de concordância de 90% das respostas nas categorias.
Na questão inicial, as estratégias de aprendizagem mais citadas pelos alunos de
todos os grupos foram: leitura dos textos teóricos, pesquisa na biblioteca e sites da
internet e elaboração de resumos (Tabelas 15 e 16). No tempo pré-teste, o GE II
apresentou um número maior de estratégias por aluno (2,81) em comparação ao GE I
(2,29). Contudo, entre os tempos, identificou-se um aumento proporcional maior no
relato de estratégias de aprendizagem pelos participantes do GE I (25,80%) do que o GE
II (6,45%). Na comparação com o Grupo Controle TC, enquanto o GE I apresentou um
aumento de 25,80% no relato de uso de estratégias de aprendizagem, o GC – TC teve
uma queda no número de citações (3,34%). Na análise entre o GE I e o GC – TD, no
tempo pré-teste, os dois grupos tiveram frequência semelhante no número de estratégias
citadas por aluno, sendo de 2,29 para o GE I e de 2,28 para o GC – TD, mostrando a
equivalência da amostra. Contudo, entre os tempos, identificou-se um aumento no relato
95
de estratégias de aprendizagem pelos participantes do GE I (25,80%) e uma redução de
citações do GC – TD (16,67%).
Observou-se também uma diferença expressiva na categoria “Organizar o
ambiente de estudos” em que o GE II – TB (Pré: n=11; Pós: n=16) teve mais citações
que o GC – TC (Pré: n=3; Pós: n=1). No tempo pré-teste, os dois grupos tiveram
frequência semelhante no número de estratégias citadas por aluno. Contudo, entre os
tempos, identificou-se um aumento no relato de estratégias de aprendizagem pelos
participantes do GE II – TB (6,45%) e uma redução de citações do GC – TD (16,67%).
No tempo pré-teste, o conjunto dos grupos que participaram da disciplina (GE I e II)
apresentou um número maior de estratégias por aluno (2,58) em comparação aos alunos
do GC (2,20). Entre tempos identificou-se um aumento no relato de estratégias de
aprendizagem pelos participantes do GE e uma redução do GC, como está na Tabela 16.
De modo geral, os dados sugerem que a participação na disciplina sobre autorregulação,
especialmente no modo Programa de intervenção, tenha favorecido ao uso mais
frequente das estratégias.
Tabela 15: Estratégias de aprendizagem citadas pelos alunos por grupos, nos tempos pré-teste e pós-teste
Questão 01: O que você faz quando precisa estudar e aprender um novo conteúdo?
Estratégias
Grupo Experimental I Grupo Experimental II Grupo Controle TC Grupo Controle TD
Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste
N % N % N % N % N % N % N % N %
Ler os textos
teóricos 17 27,42 19 24,36 28 30,11 32 32,33 23 38,34 18 31,04 16 33,33 12 30,00
Pesquisar na
Biblioteca/Internet 16 25,81 20 25,64 20 21,50 20 20,20 16 26,67 16 27,59 19 39,58 10 25,00
Organizar o
ambiente de estudos 7 11,29 9 11,54 11 11,83 16 16,16 3 5,00 1 1,72 2 4,17 2 5,00
Sublinhar e fazer
resumos dos textos 9 14,51 13 16,67 19 20,43 20 20,20 11 18,33 12 20,69 5 10,42 5 12,50
Pedir ajuda aos
colegas e monitores 7 11,29 8 10,25 8 8,60 3 3,03 5 8,33 6 10,34 4 8,33 6 15,00
Prestar atenção às
aulas 6 9,68 9 11,54 7 7,53 8 8,08 2 3,33 5 8,62 2 4,17 5 12,50
Total 62 100 78 100 93 100 99 100 60 100 58 100 48 100 40 100
96
Tabela 16: Estratégias de aprendizagem citadas pelos alunos dos grupos participantes (GE) e não
participantes (GC) da disciplina, nos tempos pré-teste e pós-teste
Questão 01: O que você faz quando precisa estudar e aprender um novo conteúdo?
Estratégias
Grupos Experimentais –
Turma A e Turma B
Grupos Controle –
Turma C e Turma D
Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste
N % N % N % N %
Ler os textos teóricos 45 29,03 51 28,81 39 36,11 30 30,61
Pesquisar na
Biblioteca/Internet 36 23,22 40 22,59 35 32,40 26 26,53
Organizar o ambiente
de estudos 18 11,61 25 14,12 5 4,62 3 3,06
Sublinhar e fazer
resumos dos textos 28 18,06 33 18,64 16 14,81 17 17,34
Pedir ajuda aos colegas
e monitores 15 9,67 11 6,21 9 8,33 12 12,24
Prestar atenção às
aulas 13 8,38 17 9,60 4 3,70 10 10,20
Total 155 100 177 100 108 100 98 100
Na segunda questão, a maioria dos universitários de todos os grupos afirmou que
o esforço, o uso de boas estratégias de estudo e a concentração nas aulas são seus pontos
positivos como alunos (Tabelas 17 e 18). Houve uma redução nas citações do GC – TC
(Pré: n=47; Pós: n=42) das etapas de pré-teste para pós-teste, enquanto houve um
aumento no GE I (Pré: n=51; Pós: n=58). Ao se comparar os valores totais entre os
grupos GE I (Pré: n=51; Pós: n=58) e GC – TD (Pré: n=46; Pós: n=32), nota-se o
aumento das citações pela primeira turma e a diminuição pela segunda, do pré-teste para
o pós-teste. Observou-se um aumento das citações do GE II – TB (Pré: n=80; Pós:
n=87) das etapas de pré-teste para pós-teste, enquanto houve uma redução no GC – TC
(Pré: n=47; Pós: n=42). Analisando os valores dos grupos GE II – TB (Pré: n=80; Pós:
n=87) e GC – TD (Pré: n=46; Pós: n=32), notou-se o aumento das citações pela
primeira turma e uma diminuição pela segunda, do pré-teste para o pós-teste. O mesmo
ocorreu ao se comparar o conjunto dos grupos experimentais com os grupos controle,
havendo um aumento no número de características mencionadas pelo GE (Pré: n=131;
Pós: n=145) e uma queda de citações do GC (Pré: n=93; Pós: n=74) entre as etapas da
pesquisa (Tabela 18).
97
Tabela 17: Características positivas citadas pelos alunos por grupos, nos tempos pré-teste e pós-teste
Questão 02: Quais são os seus pontos positivos como aluno?
Características
Grupo Experimental I Grupo Experimental II Grupo Controle TC Grupo Controle TD
Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste
N % N % N % N % N % N % N % N %
Ser esforçado/
dedicado 21 41,18 25 43,10 30 37,50 33 37,93 24 51,07 19 45,24 21 47,83 16 50,00
Usar boas estratégias
de estudo 16 31,37 18 31,04 20 25,00 21 24,14 8 17,02 10 23,81 11 21,74 5 15,63
Prestar atenção às
aulas 8 15,69 11 18,97 18 22,50 19 21,84 12 25,53 9 21,43 9 19,57 7 21,87
Ser pontual na
entrega de trabalhos 3 5,88 1 1,72 9 11,25 11 12,64 3 6,38 4 9,52 4 8,69 4 12,50
Ter respeito pelos
professores 3 5,88 3 5,17 3 3,75 3 3,45 0 0 0 0 1 2,17 0 0
Total 51 100 58 100 80 100 87 100 47 100 42 100 46 100 32 100
Tabela 18: Características positivas citadas pelos alunos dos grupos participantes (GE) e não
participantes (GC) da disciplina, nos tempos pré-teste e pós-teste
Questão 02: Quais são os seus pontos positivos como aluno?
Características
Grupos Experimentais –
Turma A e Turma B
Grupos Controle –
Turma C e Turma D
Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste
N % N % N % N %
Ser esforçado/ dedicado 51 38,93 58 40,00 46 49,46 35 47,29
Usar boas estratégias de
estudo 36 27,48 39 26,89 18 19,35 15 20,27
Prestar atenção às aulas 26 19,84 30 20,68 21 22,58 16 21,62
Ser pontual na entrega
de trabalhos 12 9,16 12 8,27 7 7,52 8 10,81
Ter respeito pelos
professores 6 4,58 6 4,13 1 1,07 0 0
Total 131 100 145 100 93 100 74 100
A terceira questão versa sobre os pontos negativos que os alunos observavam em
si mesmos (Tabelas 19 e 20). No GE I, as características mais citadas foram a falta de
concentração (Pré: n=15; Pós: n=12) e de motivação (Pré: n=9; Pós: n=6) para alguns
conteúdos da faculdade. Por sua vez, no GE II e o GC – TD os universitários
destacaram mais a falta de concentração e a dificuldade de gerenciar o tempo de estudo.
O GE II teve uma redução de pontos negativos de 21,05%, o GE I teve uma queda de
36,95%, o que se pode aventar ser uma consequência positiva da intervenção, o GC –
TC teve uma redução de pontos negativos de 11,12% e o GC – TD teve uma redução de
pontos negativos de 30,23%. Ao analisar os grupos experimentais e grupos controle,
constatou-se que enquanto o GC teve uma diminuição de pontos negativos de 20,45%, o
98
GE teve uma queda de 28,15%, o que se supõe ser uma consequência positiva da
participação na disciplina de autorregulação e no Programa de Intervenção (Tabela 20).
Tabela 19: Características negativas citadas pelos alunos por grupos, nos tempos pré-teste e pós-teste
Questão 03: Quais são os seus pontos negativos como aluno?
Características
Grupo Experimental I Grupo Experimental II Grupo Controle TC Grupo Controle TD
Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste
N % N % N % N % N % N % N % N %
Ter pouca
concentração 15 32,61 12 41,39 17 29,82 9 20,00 13 28,89 10 25,00 11 25,58 6 20,00
Ser desmotivado
para alguns
conteúdos
9 19,57 6 20,69 9 15,79 9 20,00 8 17,78 7 17,50 7 16,28 7 23,33
Ser desorganizado
nos estudos 8 17,39 4 13,79 7 12,28 5 11,11 8 17,78 4 10,00 5 11,63 5 16,67
Ter dificuldade em
gerenciar o tempo 5 10,87 4 13,79 13 22,81 14 31,11 10 22,22 11 27,50 12 27,91 7 23,33
Ter dificuldade para
falar em público 5 10,87 1 3,45 4 7,02 2 4,45 4 8,89 1 2,50 6 13,95 3 10,00
Ter muita ansiedade
em avaliações 4 8,69 2 6,89 7 12,28 6 13,33 2 4,44 7 17,50 2 4,65 2 6,67
Total 46 100 29 100 57 100 45 100 45 100 40 100 43 100 30 100
Tabela 20: Características negativas citadas pelos alunos dos grupos participantes (GE) e não
participantes (GC) da disciplina, nos tempos pré-teste e pós-teste
Questão 03: Quais são os seus pontos negativos como aluno?
Características
Grupos Experimentais –
Turma A e Turma B
Grupos Controle –
Turma C e Turma D
Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste
N % N % N % N %
Ter pouca concentração 32 31,06 21 28,37 24 27,27 16 22,85
Ser desmotivado para
alguns conteúdos 18 17,47 15 20,27 15 17,04 14 20,00
Ser desorganizado nos
estudos 15 14,56 9 12,16 13 14,77 9 12,85
Ter dificuldade em
gerenciar o tempo 18 17,47 18 24,32 22 25,00 18 25,71
Ter dificuldade para
falar em público 9 8,73 3 4,05 10 11,36 4 5,71
Ter muita ansiedade em
avaliações 11 10,67 8 10,81 4 4,54 9 12,85
Total 103 100 74 100 88 100 70 100
4.3.2 Resultados das Questões abertas para avaliação das atribuições
causais e emoções a ela relacionadas
O segundo instrumento qualitativo da pesquisa continha dez questões
relacionadas às atribuições de causalidade, cinco sobre um sucesso acadêmico e outras
cinco sobre uma situação de fracasso. Nas Tabelas 21 e 22, nota-se a similaridade de
99
resposta entre todos os grupos, revelando que a maioria dos alunos atribui o sucesso na
faculdade ao seu próprio esforço e dedicação.
Tabela 21: Causas do sucesso acadêmico citadas pelos alunos por grupos, nos tempos pré-teste e pós-teste
Questão 01: Se você tivesse que escolher uma única palavra para explicar a causa desse sucesso, qual seria ela?
Causas
Grupo Experimental I Grupo Experimental II Grupo Controle TC Grupo Controle TD
Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste
N % N % N % N % N % N % N % N %
Esforço/ Dedicação/
Persistência 25 92,59 27 100 29 87,88 31 93,94 26 92,86 28 100 19 90,48 21 100
Ajuda de terceiros
(Família e Amigos) 2 7,41 0 0 2 6,06 0 0 1 3,57 0 0 2 9,52 0 0
Inteligência/
Capacidade 0 0 0 0 2 6,06 2 6,06 1 3,57 0 0 0 0 0 0
Total 27 100 27 100 33 100 33 100 28 100 28 100 21 100 21 100
Tabela 22: Causas do sucesso acadêmico citadas pelos alunos dos grupos participantes (GE) e não
participantes (GC) da disciplina, nos tempos pré-teste e pós-teste
Questão 01: Se você tivesse que escolher uma única palavra para explicar a causa desse sucesso, qual seria ela?
Causas
Grupos Experimentais –
Turma A e Turma B
Grupos Controle –
Turma C e Turma D
Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste
N % N % N % N %
Esforço/ Dedicação/
Persistência 54 90,00 58 96,66 45 91,83 49 100
Ajuda de terceiros
(Família e Amigos) 4 6,66 0 0 3 6,12 0 0
Inteligência/
Capacidade 2 3,33 2 3,33 1 2,04 0 0
Total 60 100 60 100 49 100 49 100
Quanto aos sentimentos associadas ao sucesso, todos os alunos citaram a
satisfação e a felicidade como predominantes, tanto no pré-teste como no pós-teste. Os
dados estão apresentados nas Tabelas 23 e 24, a seguir.
Tabela 23: Sentimentos relacionados ao sucesso acadêmico, citados pelos alunos do grupo
experimental I – Turma A e grupo experimental II – Turma B, nos tempos pré-teste e pós-teste
Questão 02: O que você, em geral, sentiu após esse sucesso acadêmico?
Sentimentos
Grupo Experimental I Grupo Experimental II Grupo Controle TC Grupo Controle TD
Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste
N % N % N % N % N % N % N % N %
Satisfação 14 51,85 16 59,26 7 21,21 15 45,46 8 28,57 12 42,86 7 33,34 6 28,57
Felicidade 6 22,22 3 11,12 14 42,43 7 21,21 9 32,14 11 39,29 6 28,57 9 42,86
Orgulho 5 18,52 4 14,81 7 21,21 6 18,18 6 21,43 2 7,14 6 28,57 4 19,05
Alívio 2 7,41 4 14,81 5 15,15 5 15,15 5 17,86 3 10,71 2 9,52 2 9,52
Total 27 100 27 100 33 100 33 100 28 100 28 100 21 100 21 100
100
Tabela 24: Sentimentos relacionados ao sucesso acadêmico, citados pelos alunos dos grupos
participantes (GE) e não participantes (GC) da disciplina, nos tempos pré-teste e pós-teste
Questão 02: O que você, em geral, sentiu após esse sucesso acadêmico?
Sentimentos
Grupos Experimentais –
Turma A e Turma B
Grupos Controle –
Turma C e Turma D
Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste
N % N % N % N %
Satisfação 21 35,00 31 51,66 15 30,61 18 36,73
Felicidade 20 33,33 10 16,66 15 30,61 20 40,81
Orgulho 12 20,00 10 16,66 12 24,48 6 12,24
Alívio 7 11,66 9 15,00 7 14,28 5 10,20
Total 60 100 60 100 49 100 49 100
Quanto à percepção de controle nota-se que não houve diferenças expressivas
entre as turmas. Os alunos de todos os grupos afirmaram, em sua maioria, que a causa
do sucesso é controlável (Tabelas 25 e 26). Interessante observar que, ao se comparar as
turmas, uma parte expressiva tanto de universitários participantes da disciplina GE (Pré:
n=9; Pós: n=7) quanto de seus colegas do GC (Pré: n=5; Pós: n=8) acreditam possuírem
controle parcial dos motivos que os levaram ao sucesso (Tabela 26).
Tabela 25: Percepção dos alunos por grupos quanto ao controle da causa do sucesso acadêmico,
nos tempos pré-teste e pós-teste
Questão 03: Você considera que tem controle sobre a causa do seu sucesso acadêmico?
Categorias
Grupo Experimental I Grupo Experimental II Grupo Controle TC Grupo Controle TD
Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste
N % N % N % N % N % N % N % N %
Controlável 20 74,07 22 81,48 28 84,85 30 90,91 24 85,72 24 85,72 17 80,95 17 80,95
Incontrolável 0 0 0 0 3 9,09 1 3,03 2 7,14 0 0 1 4,76 0 0
Parcialmente 7 25,93 5 18,52 2 6,06 2 6,06 2 7,14 4 14,28 3 14,29 4 19,05
Total 27 100 27 100 33 100 33 100 28 100 28 100 21 100 21 100
Tabela 26: Percepção dos alunos dos grupos participantes (GE) e não participantes (GC) da
disciplina quanto ao controle da causa do sucesso acadêmico, nos tempos pré-teste e pós-teste
Questão 03: Você considera que tem controle sobre a causa do seu sucesso acadêmico?
Categorias
Grupos Experimentais –
Turma A e Turma B
Grupos Controle –
Turma C e Turma D
Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste
N % N % N % N %
Controlável 48 80,00 52 86,66 41 83,67 41 83,67
Incontrolável 3 5,00 1 1,66 3 6,12 0 0
Parcialmente 9 15,00 7 11,66 5 10,20 8 16,32
Total 60 100 60 100 49 100 49 49
Já em relação à localização da causa atribuicional houve uma divisão mais
semelhante dentro de cada turma entre os universitários que acreditam ser o sucesso
decorrente de fatores internos ou de uma mistura parcial entre fatores internos e
101
externos. Como se pode ver nas Tabelas 27 e 28, os grupos apresentaram percentual
semelhante.
Tabela 27: Percepção dos alunos por grupos quanto à localização da causa do sucesso acadêmico, nos tempos
pré-teste e pós-teste
Questão 04: Você acredita que a causa de seu sucesso acadêmico está dentro ou fora de você?
Categorias
Grupo Experimental I Grupo Experimental II Grupo Controle TC Grupo Controle TD
Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste
N % N % N % N % N % N % N % N %
Interno 16 59,26 18 66,67 18 54,54 21 63,64 15 53,57 19 67,86 14 66,67 13 61,90
Externo 1 3,70 0 0 0 0 0 0 2 7,14 1 3,57 1 4,76 0 0
Em ambos 10 37,04 9 33,33 15 45,46 12 36,36 11 39,29 8 28,57 6 28,57 8 38,10
Total 27 100 27 100 33 100 33 100 28 100 28 100 21 100 21 100
Tabela 28: Percepção dos alunos dos grupos participantes (GE) e não participantes (GC) da
disciplina quanto à localização da causa do sucesso acadêmico, nos tempos pré-teste e pós-teste
Questão 04: Você acredita que a causa de seu sucesso acadêmico está dentro ou fora de você?
Categorias
Grupos Experimentais –
Turma A e Turma B
Grupos Controle –
Turma C e Turma D
Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste
N % N % N % N %
Interno 34 56,66 39 65,00 29 59,18 32 65,30
Externo 1 1,66 0 0 3 6,12 1 2,04
Em ambos 25 41,66 21 35,00 17 34,69 16 32,65
Total 60 100 60 100 49 100 49 100
Por fim, ao responderem sobre a estabilidade da causa do sucesso, a maioria
quase absoluta dos participantes declarou ser de ordem estável. Do mesmo modo que na
questão anterior, os percentuais de respostas de todos os grupos nas duas etapas da
pesquisa foram parecidos (Tabelas 29 e 30).
Tabela 29: Percepção dos alunos por grupos quanto à estabilidade da causa do sucesso acadêmico, nos tempos
pré-teste e pós-teste
Questão 05: Você considera que essa causa que lhe propiciou o sucesso também é responsável por outros sucessos acadêmicos
que você alcançou em ocasiões diferentes?
Categorias
Grupo Experimental I Grupo Experimental II Grupo Controle TC Grupo Controle TD
Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste
N % N % N % N % N % N % N % N %
Estável 27 100 26 96,30 31 93,94 33 100 28 100 28 100 21 100 21 100
Instável 0 0 0 0 2 6,06 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Parcialmente 0 0 1 3,70 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Total 27 100 27 100 33 100 33 100 28 100 28 100 21 100 21 100
102
Tabela 30: Percepção dos alunos dos grupos participantes (GE) e não participantes (GC) da
disciplina quanto à estabilidade da causa do sucesso acadêmico, nos tempos pré-teste e pós-teste
Questão 05: Você considera que essa causa que lhe propiciou o sucesso também é responsável por outros
sucessos acadêmicos que você alcançou em ocasiões diferentes?
Categorias
Grupos Experimentais –
Turma A e Turma B
Grupos Controle –
Turma C e Turma D
Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste
N % N % N % N %
Estável 58 96,66 59 98,33 49 100 49 100
Instável 2 3,33 0 0 0 0 0 0
Parcialmente 0 0 1 1,66 0 0 0 0
Total 60 100 60 100 49 100 49 100
Quando indagados sobre as causas de um fracasso acadêmico, os alunos de cada
grupo apresentaram respostas diferentes. Enquanto que para o GE I e o GC –TD o
motivo do fracasso era predominantemente a falta de motivação, para o GE II e o GC-
TC era a falta de esforço (Tabelas 31 e 32).
Tabela 31: Causas do fracasso acadêmico citadas pelos alunos por grupos, nos tempos pré-teste e pós-teste
Questão 01: Se você tivesse que escolher uma única palavra para explicar a causa desse fracasso, qual seria ela?
Causas
Grupo Experimental I Grupo Experimental II Grupo Controle TC Grupo Controle TD
Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste
N % N % N % N % N % N % N % N %
Falta de motivação/
Desinteresse 11 40,74 16 59,26 9 27,27 7 21,21 5 17,86 9 32,14 9 42,86 5 23,81
Dificuldade da tarefa 7 25,93 2 7,41 6 18,18 4 12,12 10 35,71 4 14,28 6 28,57 10 47,62
Falta de esforço/
Dedicação 5 18,52 5 18,52 14 42,43 19 57,58 12 42,86 12 42,86 4 19,05 3 14,29
Ansiedade/
Nervosismo 2 7,41 0 0 3 9,09 2 6,06 1 3,57 0 0 1 4,76 1 4,76
Influência de
terceiros 1 3,70 0 0 1 3,03 1 3,03 0 0 1 3,57 0 0 0 0
Falta de tempo para
estudar 1 3,70 4 14,81 0 0 0 0 0 0 2 7,14 1 4,76 2 9,52
Total 27 100 27 100 33 100 33 100 28 100 28 100 21 100 21 100
Tabela 32: Causas do fracasso acadêmico citadas pelos alunos dos grupos participantes (GE) e não
participantes (GC) da disciplina, nos tempos pré-teste e pós-teste
Questão 01: Se você tivesse que escolher uma única palavra para explicar a causa desse fracasso, qual seria ela?
Causas
Grupos Experimentais –
Turma A e Turma B
Grupos Controle –
Turma C e Turma D
Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste
N % N % N % N %
Falta de motivação/
Desinteresse 20 33,33 23 38,33 14 28,57 14 28,57
Dificuldade da tarefa 13 21,66 6 10,00 16 32,65 14 28,57
Falta de esforço/
Dedicação 19 31,66 24 40,00 16 32,65 15 30,61
Ansiedade/
Nervosismo 5 8,33 2 3,33 2 4,08 1 2,04
Influência de terceiros 2 3,33 1 1,66 0 0 1 2,04
Falta de tempo para
estudar 1 1,66 4 6,66 1 2,04 4 8,16
Total 60 100 60 100 49 100 49 100
103
Diferenças entre os grupos também apareceram na pergunta sobre os
sentimentos relacionados ao fracasso. Na Tabela 33 observa-se que os alunos do GE I
mencionaram mais frequentemente os sentimentos de incapacidade (Pré: n=8; Pós:
n=11) e desânimo (Pré: n=6; Pós: n=8). Enquanto que os universitários do GE II e o GC
– TC citaram mais a tristeza e a culpa. Já os universitários do GC – TD mencionaram a
incapacidade (n=6), a tristeza (n=5) e o desânimo (n=5).
Entre os conjuntos de grupos experimentais e controles encontraram diferenças
percentuais, inclusive, na questão sobre os sentimentos relacionados ao fracasso. Na
Tabela 34 observa-se que os alunos do GE mencionaram mais frequentemente os
sentimentos de desânimo (Pré: n=13; Pós: n=13), tristeza (Pré: n=14; Pós: n=9) e culpa
(Pré: n=12; Pós: n=14). Enquanto que os universitários do GC citaram mais
incapacidade (Pré: n=12; Pós: n=12), tristeza (Pré: n=13; Pós: n=15) e culpa (Pré: n=13;
Pós: n=5), com uma queda considerável na frequência relativa à última categoria.
Tabela 33: Sentimentos relacionados ao fracasso acadêmico citados pelos alunos por grupos, nos tempos pré-
teste e pós-teste
Questão 02: O que você, em geral, sentiu após esse fracasso acadêmico?
Sentimentos
Grupo Experimental I Grupo Experimental II Grupo Controle TC Grupo Controle TD
Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste
N % N % N % N % N % N % N % N %
Incapacidade 8 29,63 11 40,74 3 9,09 2 6,06 6 21,43 4 14,28 6 28,57 8 38,10
Desânimo 6 22,23 8 29,63 7 21,21 5 15,15 4 14,28 2 7,14 3 14,29 6 28,57
Tristeza 5 18,52 4 14,81 9 27,27 5 15,15 8 28,57 11 39,29 5 23,81 4 19,05
Culpa 4 14,81 3 11,12 8 24,25 11 33,34 8 28,57 4 14,28 5 23,81 1 4,76
Frustração 4 14,81 1 3,70 6 18,18 10 30,30 2 7,14 7 25,00 2 9,52 2 9,52
Total 27 100 27 100 33 100 33 100 28 100 28 100 21 100 21 100
Tabela 34: Sentimentos relacionados ao fracasso acadêmico citados pelos alunos dos grupos
participantes (GE) e não participantes (GC) da disciplina, nos tempos pré-teste e pós-teste
Questão 02: O que você, em geral, sentiu após esse fracasso acadêmico?
Sentimentos
Grupos Experimentais –
Turma A e Turma B
Grupos Controle –
Turma C e Turma D
Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste
N % N % N % N %
Incapacidade 11 18,33 13 21,66 12 24,48 12 24,48
Desânimo 13 21,66 13 21,66 7 14,28 8 16,32
Tristeza 14 23,33 9 15,00 13 26,53 15 30,61
Culpa 12 20,00 14 23,33 13 26,53 5 10,20
Frustração 10 16,66 11 18,33 4 8,16 9 18,36
Total 60 100 60 100 49 100 49 100
Em relação ao controle da causa do fracasso, os participantes de todos os grupos,
tiveram um percentual de respostas semelhante tanto no pré-teste como no pós-teste. A
104
maioria dos alunos relatou que as causas são controláveis (Tabela 35). Ao se comparar
os valores entre os grupos experimentais e controle, observa-se assim um aumento na
frequência de alunos do GE que relatou ter controle sobre seu sucesso acadêmico ao
contrário do GC em que houve redução (Tabela 36).
Tabela 35: Percepção dos alunos por grupos quanto ao controle da causa do fracasso acadêmico, nos
tempos pré-teste e pós-teste
Questão 03: Você considera que tem controle sobre a causa do seu fracasso acadêmico?
Categorias
Grupo Experimental I Grupo Experimental II Grupo Controle TC Grupo Controle TD
Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste
N % N % N % N % N % N % N % N %
Controlável 17 62,96 20 74,07 23 69,69 28 84,85 23 82,15 17 60,72 14 66,67 11 52,38
Incontrolável 4 14,81 2 7,41 8 24,25 2 9,09 4 14,28 7 25,00 2 9,52 4 19,05
Parcialmente 6 22,23 5 18,52 2 6,06 3 6,06 1 3,57 4 14,28 5 23,81 6 28,57
Total 27 100 27 100 33 100 33 100 28 100 28 100 21 100 21 100
Tabela 36: Percepção dos alunos dos grupos participantes (GE) e não participantes (GC) da
disciplina quanto ao controle da causa do fracasso acadêmico, nos tempos pré-teste e pós-teste
Questão 03: Você considera que tem controle sobre a causa do seu fracasso acadêmico?
Categorias
Grupos Experimentais –
Turma A e Turma B
Grupos Controle –
Turma C e Turma D
Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste
N % N % N % N %
Controlável 40 66,66 48 80,00 37 75,51 28 57,14
Incontrolável 12 20,00 4 6,66 6 12,24 11 22,44
Parcialmente 8 13,33 8 13,33 6 12,24 10 20,40
Total 60 100 60 100 49 100 49 100
Quanto à localização da causa, não houve diferenças expressivas nos relatos entre os
grupos (Tabelas 37 e 38). Para o GE, os motivos que levam ao fracasso são internos
(Pré: n=37; Pós: n=35) ou parcialmente internos e externos (Pré: n=14; Pós: n=20). No
GC os valores foram, respectivamente, de (Pré: n=29; Pós: n=30) para interno e (Pré:
n=13; Pós: n=14) para interno+externo.
Tabela 37: Percepção dos alunos por grupos quanto à localização da causa do fracasso acadêmico, nos
tempos pré-teste e pós-teste
Questão 04: Você acredita que a causa de seu fracasso acadêmico está dentro ou fora de você?
Categorias
Grupo Experimental I Grupo Experimental II Grupo Controle TC Grupo Controle TD
Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste
N % N % N % N % N % N % N % N %
Interno 18 66,67 14 51,85 19 57,58 21 63,64 16 57,15 16 57,15 13 61,90 14 66,67
Externo 4 14,81 2 7,41 5 15,15 3 9,09 4 14,28 3 10,71 3 14,29 2 9,52
Em ambos 5 18,52 11 40,74 9 27,27 9 27,27 8 28,57 9 32,14 5 23,81 5 23,81
Total 27 100 27 100 33 100 33 100 28 100 28 100 21 100 21 100
105
Tabela 38: Percepção dos alunos dos grupos participantes (GE) e não participantes (GC)
da disciplina quanto à localização da causa do fracasso acadêmico, nos tempos pré-teste
e pós-teste
Questão 04: Você acredita que a causa de seu fracasso acadêmico está dentro ou fora de você?
Categorias
Grupos Experimentais –
Turma A e Turma B
Grupos Controle –
Turma C e Turma D
Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste
N % N % N % N %
Interno 37 61,66 35 58,33 29 59,18 30 61,22
Externo 9 15,00 5 8,33 7 14,28 5 10,20
Em ambos 14 23,33 20 33,33 13 26,53 14 28,57
Total 60 100 60 100 49 100 49 100
No que se refere à estabilidade da causa do fracasso acadêmico, a maioria dos
alunos de todos os grupos acredita ser estável. Contudo, uma parcela expressiva dos
universitários acredita também ser instável. Os dados percentuais completos estão
apresentados nas Tabelas 39 e 40, a seguir.
Tabela 39: Percepção dos alunos por grupos quanto à estabilidade da causa do fracasso acadêmico, nos
tempos pré-teste e pós-teste
Questão 05: Você considera que essa causa que lhe propiciou o fracasso também é responsável por outros sucessos
acadêmicos que você alcançou em ocasiões diferentes?
Categorias
Grupo Experimental I Grupo Experimental II Grupo Controle TC Grupo Controle TD
Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste
N % N % N % N % N % N % N % N %
Estável 17 62,96 20 74,04 28 84,85 31 93,94 23 82,15 23 82,15 16 76,19 17 80,95
Instável 8 29,63 5 18,52 5 15,15 0 0 4 14,28 4 14,28 5 23,81 4 19,05
Parcialmente 2 7,41 2 7,41 0 0 2 6,06 1 3,57 1 3,57 0 0 0 0
Total 27 100 27 100 33 100 33 100 28 100 28 100 21 100 21 100
Tabela 40: Percepção dos alunos dos grupos participantes (GE) e não participantes (GC) da
disciplina quanto à estabilidade da causa do fracasso acadêmico, nos tempos pré-teste e pós-teste
Questão 05: Você considera que essa causa que lhe propiciou o fracasso também é responsável por outros
fracassos acadêmicos que você alcançou em ocasiões diferentes?
Categorias
Grupos Experimentais –
Turma A e Turma B
Grupos Controle –
Turma C e Turma D
Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste
N % N % N % N %
Estável 45 75,00 51 85,00 39 79,59 40 81,63
Instável 13 21,66 5 8,33 9 18,36 8 16,32
Parcialmente 2 3,33 4 6,66 1 2,04 1 2,04
Total 60 100 60 100 49 100 49 100
4.3.3 Resultados da Situação-problema para avaliação das estratégias
autoprejudiciais
O terceiro instrumento qualitativo abordou o relato de uso de estratégias
autoprejudiciais. Os participantes podiam citar o número de estratégias que quisessem
106
motivo pelo qual o número de citações é superior ao de alunos em cada turma. Na
Tabela 41 nota-se que a maioria dos universitários declarou ter comportamentos que os
prejudicam nas atividades acadêmicas. Na etapa pré-teste, os grupos controles – Turma
C e D ficou praticamente dividido em alunos que afirmaram usar as estratégias
autoprejudiciais e aqueles que não. Ao analisar os dados entre os tempos pré-teste e pós-
teste, observa-se um aumento percentual do número de alunos que relataram usar
estratégias para as duas turmas, sendo maior para o GE II e o GC – TC. Na Tabela 42,
de comparação entre os conjuntos de grupos, nota-se que a maioria dos universitários do
GE (Pré: n=41; Pós: n=50) declarou ter comportamentos que os prejudicam nas
atividades acadêmicas. Assim, no GC houve maior equilíbrio entre o número de alunos
que afirmou usá-las (Pré: n=25; Pós: n=35) e os que não (Pré: n=24; Pós: n=14).
Tabela 41: Respostas dos alunos por grupos, nos tempos pré-teste e pós-teste
Questão 01 – Parte 01: “Você acha que faz coisas que podem estar lhe atrapalhando a aprender melhor no seu curso
universitário?”
Respostas
Grupo Experimental I Grupo Experimental II Grupo Controle TC Grupo Controle TD
Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste
N % N % N % N % N % N % N % N %
Sim 20 74,07 22 81,48 21 63,64 28 84,85 13 46,43 20 71,43 12 57,14 15 71,43
Não 7 25,93 5 18,52 12 36,36 5 15,15 15 53,57 8 28,57 9 42,86 6 28,57
Total 27 100 27 100 33 100 33 100 28 100 28 100 21 100 21 100
Tabela 42: Respostas dos alunos dos grupos participantes (GE) e não participantes (GC) da
disciplina quanto ao uso de estratégias autoprejudiciais, nos tempos pré-teste e pós-teste
Questão 01: “Você acha que faz coisas que podem estar lhe atrapalhando a aprender melhor no seu
curso universitário?”
Respostas
Grupos Experimentais –
Turma A e Turma B
Grupos Controle –
Turma C e Turma D
Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste
N % N % N % N %
Sim 41 68,33 50 83,33 25 51,02 35 71,42
Não 19 31,66 10 16,66 24 48,97 14 28,57
Total 60 100 60 100 49 100 49 100
As estratégias autoprejudiciais citadas se agruparam em seis categorias,
conforme as Tabelas 43 e 44. Na etapa pré-teste os comportamentos mais referidos
pelos alunos foram: falta de atenção nas aulas, falha na organização do tempo e falta de
atenção durante o estudo. No pós-teste os valores sofreram expressiva alteração e tanto
os participantes do grupo experimental I quanto do experimental II declararam que a
estratégia autoprejudicial mais empregada por eles na universidade é a procrastinação.
Enquanto os universitários do GC – TC afirmaram que seu maior problema é a falta de
atenção durante as aulas. Entre os tempos da pesquisa, houve uma queda para o Grupo
107
experimental I e aumento para os demais grupos. O dado sugere que a intervenção pode
ter tido um efeito positivo na diminuição dos comportamentos prejudiciais à
aprendizagem relatados pelo GE I.
TABELA 43: Estratégias autoprejudiciais citadas pelos alunos por grupos, nos tempos pré-teste e pós-teste
Questão 01 – Parte 2: O que você faz?
Estratégias
autoprejudiciais
Grupo Experimental I Grupo Experimental II Grupo Controle TC Grupo Controle TD
Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste
N % N % N % N % N % N % N % N %
Falta de atenção
durante as aulas 14 30,43 6 17,65 6 16,21 5 11,91 3 20,00 9 30,00 9 31,04 12 27,27
Falha na organização
do tempo 8 17,39 6 17,65 10 27,03 10 23,81 4 26,67 6 20,00 6 20,69 8 18,18
Falta de atenção ao
estudar extraclasse 8 17,39 4 11,76 7 18,92 3 7,14 2 13,33 2 6,67 4 13,79 6 13,64
Problemas físicos e
emocionais 6 13,05 4 11,76 3 8,11 1 2,38 0 0 3 10,00 0 0 3 6,82
Procrastinação do
estudo e trabalhos 6 13,05 11 32,35 7 18,92 21 50,0 6 40,00 7 23,33 7 24,14 10 22,73
Falta de leitura dos
textos teóricos 4 8,69 3 8,83 4 10,81 2 4,76 0 0 3 10,00 3 10,34 5 11,36
Total 46 100 34 100 37 100 42 100 15 100 30 100 29 100 44 100
TABELA 44: Estratégias autoprejudiciais citadas pelos alunos dos grupos participantes (GE)
e não participantes (GC) da disciplina, nos tempos pré-teste e pós-teste
Questão 01 – Parte 2: O que você faz?
Estratégias
autoprejudiciais
Grupos Experimentais –
Turma A e Turma B
Grupos Controle –
Turma C e Turma D
Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste
N % N % N % N %
Falta de atenção durante
as aulas 20 24,09 11 14,47 12 27,27 21 28,37
Falha na organização do
tempo 18 21,68 16 21,05 10 22,72 14 18,91
Falta de atenção ao
estudar extraclasse 15 18,07 7 9,21 6 13,63 8 10,81
Problemas físicos e
emocionais 9 10,84 5 6,57 0 0 6 8,10
Procrastinação do estudo
e trabalhos 13 15,66 32 42,10 13 29,54 17 22,97
Falta de leitura dos
textos teóricos 8 9,63 5 6,57 3 6,81 8 10,81
Total 83 100 76 100 44 100 74 100
Após declararem o possível uso de estratégias autoprejudiciais, os alunos
responderam sobre a relevância de se refletir sobre seus comportamentos na
universidade. Todos os alunos (100%) de todos os grupos afirmaram que a reflexão é
importante e o motivo mais citado foi o de mudar a conduta como aluno, seguido por
melhorar a aprendizagem (Tabelas 45 e 46). Interessante observar que a categoria “Ser
um profissional melhor” emergiu de modo expressivo apenas no grupo experimental I.
108
Desse modo, pode-se inferir que o programa de intervenção tenha fomentado nos alunos
o pressuposto de que a melhoria dos comportamentos como aluno tenha influência
sobre a conduta como um futuro profissional, o que subjaz a teoria da autorregulação e
que foi, de fato, um dos propósitos da intervenção realizada.
TABELA 45: Justificativas apresentadas pelos alunos por grupos quanto à importância da autorreflexão, nos
tempos pré-teste e pós-teste
Questão 02: Você acha importante pensar sobre as coisas que você faz que são prejudiciais para a sua aprendizagem? Por quê?
Categorias
Grupo Experimental I Grupo Experimental II Grupo Controle TC Grupo Controle TD
Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste
N % N % N % N % N % N % N % N %
Mudar a conduta
como aluno 25 59,52 27 54,90 32 69,57 33 60,72 23 67,65 25 69,44 21 59,46 21 70,59
Melhorar a
aprendizagem 12 28,57 15 27,45 14 30,43 20 35,71 9 26,47 10 27,78 11 27,03 10 23,53
Ser um
profissional melhor 5 11,91 9 17,65 0 0 3 3,57 2 5,88 1 2,78 5 13,51 3 5,88
Total 42 100 51 100 46 100 56 100 34 100 36 100 37 100 34 100
TABELA 46: Justificativas apresentadas pelos alunos dos grupos participantes (GE) e não participantes
(GC) da disciplina quanto à importância da autorreflexão, nos tempos pré-teste e pós-teste
Questão 02: Você acha importante pensar sobre as coisas que você faz que são prejudiciais para a sua
aprendizagem? Por quê?
Categorias
Grupos Experimentais –
Turma A e Turma B
Grupos Controle –
Turma C e Turma D
Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste
N % N % N % N %
Mudar a conduta
como aluno 57 64,77 60 57,94 45 63,38 49 70,00
Melhorar a
aprendizagem 26 29,54 35 31,77 19 26,76 18 25,71
Ser um profissional
melhor 5 5,68 12 10,28 7 9,85 3 4,28
Total 88 100 107 100 71 100 70 100
4.4. Pós-teste postergado – Grupos Experimentais I e II
4.4.1 Resultados da Entrevista de follow-up após o curso
Inicialmente planejou-se que o pós-teste postergado seria realizado por meio de
uma entrevista semiestruturada, composta por doze perguntas, indagadas
presencialmente pela pesquisadora. Devido ao número reduzido de alunos que se dispôs
a participar (n=12; 20% da amostra GE), decidiu-se realizar aplicando um questionário
online, que mantivesse o mesmo conteúdo da entrevista, mas com redução no número e
no formato das questões. Montou-se então uma entrevista feita online, na plataforma
Google Drive, em que os universitários dos grupos experimentais I e II foram
solicitados a responder oito questões. Dos 60 alunos dos dois grupos, 36 (60%)
109
responderam as perguntas, sendo 16 universitários do grupo experimental I (programa
de intervenção) e 20 do grupo experimental II (disciplina tradicional).
Na questão 01: “De modo geral, como você classificaria a disciplina EP315?
Por quê?”, 32 alunos disseram que foi ótima, quatro que foi boa. Na questão 02: “Você
acha que o curso teve um impacto positivo na sua capacidade de aprender?”, todos os
alunos afirmaram que sim. Na questão 03: “O que você achou dos conteúdos/temas
trabalhados na disciplina EP315?”, 24 universitários disseram que foram ótimos e 12
que foram bons. Já a questão 04 foi diferente para os dois grupos. Para o GE I
perguntou-se: “O que você achou das atividades autorreflexivas?” e 9 alunos
classificou como ótimas e 7 como boas. Para o GE II indagou-se: “O que você achou
das atividades práticas?” e 14 universitários afirmou que foram ótimas e 6 como boas.
Na questão 05: “Você acha que a disciplina trouxe contribuições a você como
aluno?” e questão 06: “Você acha que a disciplina trouxe contribuições a você como
futuro professor?”, todos os alunos afirmaram que sim. Na questão 07: “Foi possível
usar o que aprendeu nessa disciplina para lhe ajudar em outras disciplinas da
faculdade?”, 30 disseram que sim e 6 que parcialmente. Enfim, na questão 08: “Você
teria alguma sugestão para a melhoria dessa proposta de ensino?”, 12 disseram que
sim e 24 que não. As principais sugestões dadas pelos alunos se referiram a
periodicidade da disciplina e ao tipo de atividades teóricas-práticas. Os participantes
recomendaram que a disciplina fosse realizada semanalmente, com maior carga horária
e com menos atividades teóricas. Eles sugeriram que fossem dadas mais atividades
online e de breve duração. No capítulo a seguir serão discutidos todos os dados
encontrados na presente pesquisa, tendo em vista responder se a disciplina no modo
programa de intervenção e modo tradicional contribuíram para a promoção da
aprendizagem autorregulada dos alunos universitários.
4.5. Síntese dos resultados
De modo a facilitar a compreensão do leitor, segue as sínteses dos resultados ora
encontrados em função de cada hipótese formulada no estudo (Quadros 05, 06 e 07). No
capítulo a seguir serão discutidos todos os dados encontrados na presente pesquisa,
tendo em vista responder se a disciplina no modo programa de intervenção e modo
110
tradicional contribuíram para a promoção da aprendizagem autorregulada dos alunos
universitários.
4.5.1. Resultados Hipótese 01: Grupo experimental I mais autorregulado do que
o grupo experimental II e os grupos controles.
Quadro 05
Resultados relativos à primeira hipótese
HIPÓTESES
Variáveis Confirmou Refutou Parcialmente
GE I mais
autorregulado que o
GE II
LASSI -- X --
Autoeficácia -- -- X
Estratégias de
aprendizagem X -- --
Autopercepção -- -- X
Atribuição de
Causalidade -- -- X
Estratégias
autoprejudiciais X -- --
GE I mais
autorregulado que o
GC – TC
LASSI -- -- X
Autoeficácia X -- --
Estratégias de
aprendizagem X -- --
Autopercepção X -- --
Atribuição de
Causalidade -- -- X
Estratégias
autoprejudiciais X -- --
GE I mais
autorregulado que o
GC – TD
LASSI -- -- X
Autoeficácia X -- --
Estratégias de
aprendizagem X -- --
Autopercepção X -- --
Atribuição de
Causalidade -- -- X
Estratégias
autoprejudiciais X -- --
111
4.5.2. Resultados Hipótese 02: Grupo experimental II mais autorregulado do
que os grupos controles.
Quadro 06
Resultados relativos à segunda hipótese
HIPÓTESES
Variáveis Confirmou Refutou Parcialmente
GE II mais
autorregulado que o
GC - TC
LASSI X -- --
Autoeficácia X -- --
Estratégias de
aprendizagem X -- --
Autopercepção X -- --
Atribuição de
Causalidade -- -- X
Estratégias
autoprejudiciais X -- --
GE II mais
autorregulado que o
GC – TD
LASSI X -- --
Autoeficácia X -- --
Estratégias de
aprendizagem X -- --
Autopercepção X -- --
Atribuição de
Causalidade -- -- X
Estratégias
autoprejudiciais X -- --
4.5.3. Resultados Hipótese 03: Grupos experimentais I e II mais autorregulados
do que o GC.
Quadro 07
Resultados relativos à terceira hipótese
HIPÓTESES
Variáveis Confirmou Refutou Parcialmente
GE mais
autorregulado que o
GC
LASSI X -- --
Autoeficácia X -- --
Estratégias de
aprendizagem X -- --
Autopercepção X -- --
Atribuição de
Causalidade -- -- X
Estratégias
autoprejudiciais X -- --
112
CAPÍTULO 05
DISCUSSÃO
A presente pesquisa teve como objetivo avaliar os efeitos de uma disciplina
teórica sobre autorregulação e de um programa de intervenção realizado com alunos
universitários com a finalidade de se promover a aprendizagem autorregulada. O estudo
envolveu quatro turmas de estudantes do curso de Pedagogia, divididos conforme as
condições experimentais da pesquisa: grupo experimental tipo I (GE I – turma A),
grupo experimental tipo II (GE II – turma B) e grupos controle (GC – turmas C e D). A
intervenção, realizada apenas com o GE I, contou com seis encontros quinzenais
inseridos em uma disciplina regular, nos quais foram trabalhadas as principais variáveis
relacionadas à autorregulação. A turma do GE II também participou da disciplina, mas
conduzida de modo tradicional, com aulas expositivas e tarefas teóricas, sem a
abordagem autorreflexiva e metacognitiva, presentes no programa de intervenção. Já as
duas turmas do GC foram aquelas que apenas fizeram as etapas pré-teste e pós-teste da
pesquisa, sem participação na disciplina. Neste capítulo, os resultados quantitativos e
qualitativos de cada grupo são discutidos em relação às hipóteses do estudo, assim
como no capítulo anterior.
5.1. Discussão dos dados quantitativos entre o Grupo Experimental I, o
Grupo Experimental II e os Grupos Controle
A análise inicial feita sobre os dados demográficos da amostra revelou
diferenças significativas entre os grupos experimental I (Turma A), grupo experimental
II (Turma B) e controles (Turmas C e D). O GE I e o GC – TD era composto por mais
alunos com maior idade, que fizeram o ensino médio em escola pública, que estão
cursando uma segunda graduação e que têm atividades extracurriculares remuneradas,
como trabalho e estágios. Essas diferenças são típicas ao se confrontar turmas do
período noturno, como foi o GE I e GC – TD e do período integral, como foram o GE II
e GC – TC. Ressalta-se que entre o GE I e o GC – TD, ambos do período noturno, não
foi encontrada nenhuma diferença.
No contexto universitário brasileiro, observa-se, normalmente, que os alunos
que fazem faculdade à noite, trabalham durante o dia (Rodrigues, 2015; Souza, Bastos
113
& Oliveira, 2014). Nota-se também que parte desses estudantes não teve a oportunidade
de ingressar no Ensino Superior antes ou estão fazendo uma segunda graduação, motivo
pelo qual tendem a ser mais velhos que seus colegas. Quanto à formação no Ensino
Médio, de modo geral, os alunos que cursam escolas públicas são aqueles que não têm
condições financeiras para se manter na faculdade sem precisar trabalhar, motivo pelo
qual buscam cursos noturnos.
Na comparação dos resultados das escalas de autoeficácia e do LASSI, realizada
antes de iniciar a pesquisa (pré-teste), não foram encontradas diferenças significativas,
garantindo assim a equiparação da amostra em todas as variáveis estudadas. Já, ao
analisar os dados entre os tempos do estudo as diferenças apareceram. Do pré-teste para
o pós-teste, tanto o grupo experimental tipo I como o tipo II tiveram aumento no escore
da autoeficácia. O GE II teve aumento também nas subescalas de ansiedade e auxiliares
de estudo do LASSI. Interessante notar que esse dado era esperado de fato para ocorrer
com o grupo experimental I que participou da disciplina no modo intervenção. Contudo,
como encontrado no estudo de Fabriz et. al. (2013), mesmo a participação em uma
disciplina teórica sobre autorregulação pode levar ao aumento da autoeficácia e de
estratégias cognitivas e de controle da emoção que favorecem a aprendizagem.
Durante o semestre foi possível notar importantes diferenças entre os dois
grupos experimentais que, possivelmente, expliquem parte dos resultados ora
encontrados. Os alunos do grupo experimental II, do período integral, demonstraram
desde o início da disciplina muito interesse pelos conteúdos trabalhados e um grande
engajamento durante as aulas teóricas. Embora não se tenha dado a eles atividades
autorreflexivas, pôde-se observar que parte deles liam os textos e questionavam os
temas partindo de sua própria experiência acadêmica. Por serem do período integral e
terem mais disponibilidade de tempo na universidade, alguns dos alunos relataram,
inclusive, que começaram a participar de um projeto desenvolvido por um órgão da
universidade com o intuito de auxiliar os alunos no que tange algumas variáveis da
autorregulação. Assim, conquanto tenha se buscado desenvolver uma pesquisa de
caráter experimental, há aspectos que nem sempre podem ser controlados quando se
investiga com turmas pré-formadas de alunos, que voluntariamente escolhem ou não
participar do estudo.
114
Na análise comparativa entre o GE I e o GC – TC verificou-se que o primeiro
grupo teve aumento na autoeficácia, enquanto o segundo teve uma queda. Sugere-se
assim que o trabalho com autorregulação pode ter favorecido ao aumento da confiança
dos alunos do GE I frente à sua capacidade em cumprir as atividades acadêmicas, como
preconizado por autores da área (Bandura, 1996, 2003; Zimmerman & Schunk, 2003).
O padrão se repetiu ao se analisar o GE I em função do GC – TD que, inclusive
apresentou também um decréscimo no escore da subescala concentração do LASSI,
indicando que se mostraram menos atentos na realização das tarefas da universidade, o
que pode, inclusive, estar relacionado à uma queda da motivação dos alunos desde o
ingresso no curso até o final do primeiro semestre. O resultado pode ser também um
indicativo do impacto positivo da disciplina de autorregulação para os alunos.
Do início para o final do semestre, o grupo experimental II teve um aumento no
escore da autoeficácia e nas seguintes subescalas do LASSI: processamento da
informação, auxiliares de estudo e hábitos de estudo na internet. Na subescala
organização do tempo tanto o GE II, quanto o grupo controle – turma C teve uma
redução da pontuação. Em relação ao grupo controle – turma D, o GE II teve também
um acréscimo na subescala ansiedade, enquanto que o GC – TD diminuiu o escore da
subescala concentração. De acordo com o relato dos universitários do GE II, eles
aumentaram sua autoeficácia e passaram a usar mais estratégias cognitivas para o
aprimoramento do estudo, inclusive com o uso da internet e controle da ansiedade.
Essas estratégias de aprendizagem fazem parte do construto autorregulação
(Boruchovitch, Costa & Neves, 2005; Zimmerman & Tsikalas, 2005; Zimmerman &
Schunk, 2008) e, consequentemente, foram apresentadas teoricamente na disciplina em
que os alunos do GE II participaram. Embora a disciplina para esse grupo não tenha tido
aulas e atividades destinadas à autorreflexão e à aplicação do conteúdo é provável que
os alunos tenham espontaneamente aproveitado o tema para seu aperfeiçoamento
pessoal.
Essa pressuposição baseia-se tanto nos dados aqui encontrados como na
observação informal realizada ao longo do semestre pela doutoranda. Os alunos do GE
II foram muito empenhados na disciplina; participaram ativamente nas aulas expositivas
e na realização das atividades teóricas propostas. Eles frequentemente trouxeram
dúvidas e relataram exemplos de seu próprio cotidiano, de como estavam usando os
temas aprendidos para melhorarem como estudantes. Ademais, ao final do semestre, a
115
maioria dos estudantes solicitou que fosse realizada uma nova disciplina sobre
autorregulação, mas com uma carga horária maior, para que pudessem aprender mais.
Na análise entre tempos e grupos, observou-se que os grupos participantes (GE I
e II – turmas A e B) apresentaram um aumento no escore de autoeficácia e da subescala
ansiedade do LASSI. Já os alunos que não participaram da disciplina (GC – turmas C e
D) tiveram uma queda nos valores de duas subescalas: organização do tempo e
concentração. De acordo com os dados, infere-se que a disciplina possa ter auxiliado os
alunos a se sentirem mais autoeficazes e concentrados na realização das atividades
acadêmicas, do início para o final do semestre. Importante ressaltar que os resultados
obtidos com o GC devem ser observados com atenção, uma vez que denota a redução
em duas variáveis relevantes para a aprendizagem autorregulada. O dado reforça a
necessidade de se ampliar iniciativas voltadas à promoção da autorregulação para os
alunos dentro da universidade (Fabriz et. al, 2013; Zimmerman & Schunk, 2008).
5.2. Discussão dos dados qualitativos entre o Grupo Experimental I, o
Grupo Experimental II e os Grupos Controle
As questões abertas dos instrumentos qualitativos do presente estudo foram
avaliadas por meio da análise de conteúdo, em que as respostas dos alunos foram
classificadas dentro de categorias. Como mencionado no capítulo anterior, cada aluno
tinha a liberdade de citar quantas respostas quisesse. As categorias de respostas
apresentadas por todos os grupos foram semelhantes, variando apenas na frequência das
citações. Na atividade autorreflexiva aplicada no pré-teste entre o grupo experimental I
e os demais grupos não foram encontradas diferenças expressivas. Contudo, na primeira
questão, no pré-teste, os alunos do GE II (disciplina tradicional) relataram uso mais
frequente de estratégias de aprendizagem do que os colegas do GE I (programa de
intervenção). Embora tenham demonstrado uma leve vantagem no início do semestre, a
média de citações aumentou proporcionalmente três vezes mais para o GE I do que para
o GE II, no pós-teste, indicando que os alunos da intervenção relataram que passaram a
usar mais estratégias de aprendizagem após o curso. Além disso, enquanto o GE I
aumentou o número de relato de estratégias, as turmas do GC diminuíram, sugerindo o
impacto positivo das atividades autorreflexivas empregadas na intervenção.
116
Os alunos de todos os grupos relataram que as estratégias mais utilizadas por
eles para estudar e aprender um novo conteúdo são a realização de leitura, grifo e
resumos dos textos teóricos, além de pesquisas na biblioteca e sites da internet. Tendo
em vista a alta porcentagem das respostas nessas categorias e o volume de material de
leitura indicado para os estudantes de pedagogia, sugere-se que os professores dentro de
sua disciplina ou em cursos específicos ensinem estratégias para maximizar a
compreensão leitora dos universitários (Gomes & Boruchovitch, 2011). As estratégias
de aprendizagem então elencadas são do tipo cognitivas e, se bem empregadas,
favorecem a aquisição da informação (Dembo, 2001; Pozo, 1996). Com a expansão das
tecnologias, o uso da internet tem sido inevitável durante os estudos (Sun & Rueda,
2012). Os alunos relataram que pelo computador e celular podem acessar tanto
diferentes textos teóricos como vídeo-aulas a respeito dos temas trabalhados em sala, o
que os ajuda a compreender melhor os conteúdos e a se manter motivados para estudar,
revelando os benefícios dessa prática (Johnson, Archibals & Tenenbaum, 2010;
Zimmerman & Tsikalas, 2005).
As demais estratégias citadas pela amostra foram: a organização do ambiente de
estudo, o pedido de ajuda ao colega ou monitor e o controle da atenção durante as aulas.
Essas ações são eminentemente de caráter metacognitivo, ou seja, direcionadas ao
planejamento e manutenção do aprendizado (Dembo, 2001; Pozo, 1996). Interessante
observar que nenhum dos participantes mencionou a ação de pedir auxílio ao professor,
instigando também uma reflexão sobre a relação que se tem estabelecido entre os
docentes e alunos no contexto universitário. Devido sua importância, o uso das
estratégias cognitivas e metacognitivas foi muito estimulado durante o programa de
intervenção, motivo pelo qual se entende o aumento expressivamente maior no relato de
estratégias do grupo experimental I em comparação aos grupos experimental II e
controle. Em cursos universitários da área de humanas, como o de Pedagogia da qual foi
escolhida a amostra, de fato se tem um grande volume de material teórico para ler e usar
estratégias para facilitar esse processo é fundamental. Alunos que tenham conhecimento
sobre várias estratégias e que saibam empregá-las em diferentes matérias e atividades,
têm maior facilidade para compreender o conteúdo e para recuperá-lo quando
necessário (Bartalo & Guimarães, 2008; Dembo & Seli, 2004; Gomes & Boruchovitch,
2011).
117
Técnicas simples como o sublinhar, resumir e organizar o ambiente de estudo já
são usadas pelos alunos, conforme eles próprios relataram nessa questão. Contudo, há
estratégias mais complexas como, por exemplo, a elaboração de mapa conceitual, a
construção de perguntas/respostas, a avaliação crítica do texto, entre outras, que podem
ajudar na apreensão do conteúdo (Dembo, 2001; Gil, Osieck & Juarez, 2001; Pozo,
1996; Souvignier & Mokhlesgerami, 2006). Ressalta-se, contudo, que um programa de
instrução em estratégias de aprendizagem é mais efetivo quando se alia aos princípios
da autorregulação (Gomes & Boruchovitch, 2011; Leutner, Leopold & Elzem-Rump,
2007). Ao se comparar os grupos experimentais e os grupos controle constatou-se,
respectivamente, um aumento e uma redução no número de citações, entre as etapas
pré-teste e pós-teste do estudo. Entende-se, assim, que a participação na disciplina, seja
no modo intervenção ou tradicional, possa ter favorecido ao maior relato de uso de boas
estratégias de aprendizagem.
Ao serem perguntados sobre os seus pontos positivos como alunos, os
participantes citaram o esforço/dedicação, o uso de boas estratégias, a concentração nas
aulas, a pontualidade na entrega de trabalhos e o respeito pelos professores. Para quase
todos os alunos o seu empenho ao estudar e realizar as atividades da graduação é a
maior de suas qualidades o que, de acordo com a literatura, é um fator fundamental para
uma aprendizagem efetiva e um bom desempenho acadêmico (Brunstein & Glaser,
2011; Weiner, 2010; Zimmerman & Schunk, 2008). Os alunos mencionaram também a
atenção às aulas, a pontualidade na entrega de trabalhos, o respeito pelos professores e o
uso de boas estratégias de estudo, de modo que os dois últimos aspectos foram
expressivamente mais frequentes no GE II.
As características positivas então elencadas são de fato valiosas para a
aprendizagem e, aliadas as respostas da questão anterior, revelam em parte os motivos
que levaram os alunos a passarem no vestibular de uma universidade pública. A
universidade pública em que se realizou a pesquisa é uma instituição reconhecida por
sua qualidade, com um processo seletivo rigoroso, que envolve duas fases, compostas
por questões objetivas, dissertativas e uma redação, em que se avaliam os conteúdos
trabalhados no Ensino Médio. Por esse motivo, os alunos que ingressam nos seus cursos
já são pessoas com muito conhecimento e boas práticas de estudo. Ao se confrontar os
grupos entre os tempos pré-teste e pós-teste constatou-se que os alunos do GE I tiveram
aumento maior no número de citações do que o GE II, enquanto que as turmas do GC
118
tiveram um decréscimo. Possível inferir que a intervenção tenha contribuído para uma
autopercepção positiva de suas qualidades pelos alunos que dela participaram. A análise
comparativa entre as duas turmas do grupo experimental e as duas do grupo controle
identificou que os participantes GE I e II referiram mais características positivas do
início para o final do semestre, enquanto o GC teve menos relatos. Hipotetiza-se
também que possa ser uma consequência benéfica da disciplina, de modo geral.
No que tange os pontos negativos houve uma redução do início para o final do
semestre para todos os grupos, sendo expressivamente mais acentuada no grupo
experimental I. Os alunos relataram que seus maiores problemas como alunos são a falta
de concentração, falta de motivação, desorganização ao estudar, falha no gerenciamento
do tempo, dificuldade de falar em público e a ansiedade frente a provas. Essas
características podem prejudicar de fato o desempenho dos estudantes, motivo pelo qual
se deve auxiliar os alunos a refletir sobre seus comportamentos e lhes ensinar estratégias
que favoreçam sua aprendizagem, o que foi de fato proposto no programa de
intervenção. Acredita-se que a disciplina tenha contribuído para a queda no relato de
características negativas citadas pelo GE I. Observa-se assim que, embora sejam bons
alunos, há sempre qualidades que podem ser aprimoradas e hábitos desfavoráveis à
aprendizagem que precisam ser modificados.
A falta de atenção e a falha na organização do tempo foram os pontos negativos
mais mencionados pelos universitários dos grupos controle. Os alunos relataram que
manter a concentração durante as aulas é difícil quando o conteúdo é desinteressante,
quando o professor apenas apresenta a matéria de forma expositiva ou quando há muitos
distratores (ex: celulares, conversas paralelas). Durante os estudos extraclasse, o desafio
maior é manter a atenção ao longo da leitura de textos muito complexos ou extensos,
razão pela qual os estudantes frequentemente acessam a internet em busca de diferentes
materiais e videoaulas que os estimule e os ajude a compreender melhor o conteúdo
estudado. Os universitários declararam também que encontram dificuldades em
gerenciar, ao longo da semana, a alta demanda de textos teóricos para ler, os trabalhos
da faculdade e os compromissos pessoais, o que acaba gerando muito estresse, falta de
motivação e queda no desempenho (Hendrix & Hirt, 2009; McCrea, 2008; Schraw,
Wadkins e Olafson, 2007).
119
A dificuldade com o gerenciamento do tempo é um problema comum entre
alunos universitários (Hendrix & Hirt, 2009; Schraw, Wadkins & Olafson, 2007;
McCrea et al.,2008). A grande demanda de leitura e trabalhos a serem realizados, às
atividades extracurriculares pessoais e profissionais e a falta de conhecimento sobre
estratégias para organizar seus compromissos ao longo da semana, faz com que muitos
estudantes se prejudiquem na universidade. Desse modo, destaca-se a importância de se
desenvolver propostas no Ensino Superior que vise ajudar os alunos a identificar suas
dificuldades acadêmicas e a apresentar diferentes métodos e hábitos favoráveis a
aprendizagem, assim como o que foi proposto nesse e em outros estudos nacionais e
internacionais (Boruchovitch & Ganda, 2013; Brunstein & Glaser, 2011; Cartier, Butler
& Bouchard, 2010; Frison & Veiga Simão, 2011; Polydoro et. al., 2015).
Os demais pontos negativos que os participantes aludiram foram: desmotivação,
desorganização do ambiente de estudo, ansiedade à provas e dificuldade em falar em
público. A categoria ansiedade foi frequentemente citada pelos alunos, reforçando a
relevância de se trabalhar a questão crítica da regulação emocional no contexto
universitário (Bortoletto & Boruchovitch, 2013; Rodrigues & Pelisoli, 2008). Ao se
comparar os grupos notou-se que o GC – turma D teve uma queda maior no relato de
pontos negativos do que o GE II, resultado que merecia maior investigação, uma vez
que nas perguntas anteriores o GE II apresentou relatos mais favoráveis à
aprendizagem.
No questionário sobre atribuição de causalidade, os alunos foram indagados a
respeito das causas e emoções relacionadas ao seu sucesso e fracasso acadêmico. Os
resultados do pré-teste revelaram que, de modo geral, os universitários de todos os
grupos já possuíam crenças atribuicionais favoráveis à aprendizagem. Na comparação
entre os grupos experimentais e os grupos controle, entre os tempos pré-teste e pós-
teste, esperava-se encontrar diferenças expressivas, mas os padrões de respostas foram
semelhantes, com apenas algumas discrepâncias percentuais entre as etapas do estudo.
A causa predominantemente citada pelos alunos de seu sucesso foi o esforço pessoal, ou
seja, sua dedicação, empenho e persistência, resultado também encontrado em outras
pesquisas (Boruchovitch & Ganda, 2010; Cortés-Suarez e Sandiford, 2008; Formiga,
2004). O dado corresponde com a resposta dos universitários na questão sobre os pontos
positivos que viam em si próprios, do qual o esforço foi a categoria mais frequente.
Como discutido anteriormente o resultado é positivo, pois indica que os universitários
120
reconhecem a importância do empenho pessoal para alcançar suas metas de
aprendizagem (Weiner, 2010).
A crença de que o esforço é o motivo principal que o leva a alcançar um objetivo
é fundamental para a aprendizagem autorregulada (Zimmerman & Schunk, 2004). O
processo da autorregulação pressupõe a participação ativa do aluno, em que é necessário
dedicar tempo e energia para dominar um conteúdo ou realizar uma atividade,
mantendo-se perseverante diante das dificuldades que apareçam. Um estudante que não
valoriza o esforço ou que não se sente motivado para se empenhar tende a cumprir suas
atividades com o mínimo de dedicação possível. Além do esforço, os universitários
mencionaram também a ajuda de terceiros e a inteligência (capacidade) como causas de
seu sucesso. Essas causas atribuicionais foram tratadas teoricamente na disciplina no
modo tradicional e trabalhadas de forma autorreflexiva no modo intervenção, o que
pode ter contribuído com os resultados encontrados.
A literatura de atribuição em diferentes níveis educacionais revela que os alunos
tendem a atribuir seu desempenho as seguintes causas: esforço, inteligência, sorte,
dificuldade da tarefa, temperamento, papel do professor, influência de terceiros, fadiga e
uso de estratégias de aprendizagem (Boruchovitch & Martini, 1997; Martini &
DelPrette, 2002, 2009; Weiner, 1988, 2004). Na presente pesquisa, além do esforço, os
alunos também citaram em menor proporção a ajuda de terceiros e a inteligência ou
capacidade como causas de seu sucesso. Alguns universitários relataram que o apoio da
família ou a orientação de bons professores foi fundamental para que alcançassem seus
objetivos. Por sua vez, outros participantes afirmaram que a facilidade em aprender os
conteúdos e expor seus conhecimentos foi primordial para serem bem sucedidos.
Na questão sobre as emoções desencadeadas pelo sucesso, os alunos de todos os
grupos citaram: satisfação, felicidade, orgulho e alívio. O dado é congruente com as
causas por eles elencadas, uma vez que uma meta alcançada por esforço ou capacidade
faz com que os alunos se sintam realizados e orgulhosos de si próprios (Boruchovitch &
Ganda, 2010; Difabio, 1994; Martini & Boruchovitch, 2004; Weiner, 1988, 2004). O
alívio é uma emoção interessante, pois normalmente está associado a uma conquista
muito desejada. Como as turmas da amostra eram compostas por alunos calouros, parte
deles escolheu o ingresso no ensino superior como um exemplo de sucesso. Eles
relataram que estudar nessa universidade era um sonho idealizado por anos e que, ao
121
passarem no vestibular, a primeira emoção que sentiram foi de alívio por terem
conseguido. O aspecto mais relevante dessas sensações positivas de realização e bem-
estar é fortalecer no aluno a crença de que seu empenho e dedicação trouxeram os
resultados almejados e que, portanto, devem manter o comportamento em situações
semelhantes no futuro.
Na relação entre autorregulação e atribuição de causalidade, observa-se que
alunos mais autorregulados tendem a acreditar que têm controle sobre as causas de seu
sucesso e fracasso, que essas são internas e instáveis ao longo do tempo (Zimmerman &
Schunk, 2004). Em consonância com a literatura, no presente estudo, a maioria dos
alunos de todos os grupos relatou ser o fator de seu sucesso de caráter controlável,
parcialmente interno e estável. Todavia, parte considerável dos estudantes afirmou ter
controle parcial. O dado é interessante ao se considerar que praticamente todos os
participantes declarou ser o sucesso desencadeado pelo seu esforço, que é considerado
teoricamente como uma causa controlável e interna (Weiner, 1989, 2004). Entretanto, a
aplicação de esforço é uma variável que pode sofrer influências de outros fatores que
nem sempre são tidos como incontroláveis pelos alunos como, por exemplo, a
motivação, a crença de autoeficácia e as condições situacionais, o que poderia explicar
esse resultado.
Tendo em vista a amostra ser formada por alunos do curso de Pedagogia,
ressalta-se ainda mais a importância de se investigar melhor as crenças dos
universitários, dos motivos que os fazem acreditar ter responsabilidade parcial sobre seu
sucesso, uma vez que poderão pensar o mesmo em relação ao desempenho de seus
futuros alunos (Boruchovitch, Costa & Neves, 2005; Martini & Del Prette, 2002, 2009).
Frente o impacto que as crenças podem ter no comportamento do indivíduo, faz-se
necessário investigar melhor os motivos que embasam as respostas dos alunos de modo
a ajudá-los a ter atribuições mais favoráveis que são as caracteristicamente instáveis,
internas e controláveis (Martini & Boruchovitch, 2004; Weiner, 2010).
No tocante ao fracasso houve algumas diferenças de respostas entre os grupos.
Comparando com a questão sobre o sucesso, percebe-se um número maior de tipos de
causas atribuídas pelos alunos ao fracasso. No GE I, a causa atribuída com maior
frequência pelos alunos foi a falta de motivação, enquanto que para o GE II foi a falta
de esforço, assim como observado nos estudos de Boruchovitch e Ganda (2010) e
122
Cortés-Suarez e Sandiford (2008). Para as turmas do GC as causas mais associadas ao
fracasso foram a falta de esforço e a dificuldade da tarefa. Além dessas, os alunos ainda
citaram: ansiedade, influência de terceiros e falta de tempo para estudar.
A falta de motivação dos estudantes pode ter relação com o conteúdo estudado,
as atividades da disciplina e até a conduta do professor em sala (Bzuneck, 2010).
Quando uma matéria ou uma tarefa é considerada muito fácil ou muito difícil os alunos
tendem a se desinteressar e, em certos casos, evitar as situações de aprendizagem, o que
pode levar a um baixo desempenho. Além disso, o relacionamento que o professor
estabelece com a turma, o modo como planeja suas aulas, ensina e dá o feedback das
atividades, pode afetar consideravelmente o nível motivacional dos alunos. Assim, por
essa razão, os alunos também elencaram a influência de terceiros, sobretudo os
professores, como causa de seu fracasso.
Outro motivo atribuído ao fracasso acadêmico foi a ansiedade a provas. A
ansiedade é definida como um estado emocional de tensão marcado por componentes:
fisiológicos (sudorese, tensão muscular, mal-estar); cognitivos (preocupação,
expectativas de resultado negativas, falha de memória); e comportamentais (agitação,
procrastinação), desencadeados em situações consideradas difíceis ou ameaçadoras
(Barlow, 2004; McCarthy & Goffin, 2005). Pesquisas revelam que fatores como o
volume de informações, a alta competição e a cobrança social têm feito com que os
alunos se sintam muito ansiosos ao serem avaliados, especialmente em testes como o
vestibular (Karino & Laros, 2014; Oliveira & Duarte, 2004; Peruzzo et al. 2008;
Rodrigues & Pelisoli, 2008). Tendo em vista os efeitos negativos da ansiedade para a
aprendizagem é necessário que os estudantes sejam orientados a usar estratégias de
regulação emocional, o que também foi trabalhado no programa de intervenção.
A categoria menos frequentemente apontada pelos alunos como causa de seu
fracasso foi a falta de tempo, embora seja importante ser considerada. Diante do grande
número de atividades acadêmicas e extracurriculares, alguns participantes relataram que
não dispõem de tempo para estudar e realizar os trabalhos como gostariam. Os
universitários do período noturno são os que mais se queixam dessa situação. Contudo,
são aqueles que, devido a sua condição de vida como aluno trabalhador, tendem a usar
melhores estratégias de gerenciamento de tempo, o que pôde ser notado durante o
acompanhamento na disciplina.
123
No que se referem os sentimentos relacionados ao fracasso a maioria dos alunos
do grupo experimental I e do grupo controle – TD citou a incapacidade. Já os estudantes
do grupo experimental II e grupo controle – TC mencionaram a tristeza e a culpa como
as emoções preponderantes decorrentes do fracasso. O sentimento de culpa geralmente
surge quando o indivíduo acredita que poderia ter se esforçado mais e é um sentimento
benéfico desde que leve à reflexão e mudança de atitude (Boruchovitch & Ganda, 2010;
Difabio, 1994; Martini & Boruchovitch, 1999; Weiner, 2004). Já se sentirem tristes,
frustrados e desanimados após um fracasso são reações normais, mas que também
devem ser trabalhadas de modo a favorecer o aprendizado.
A incapacidade é uma característica considerada prejudicial a autoestima, que
precisa ser discutida no intuito de fortalecer as habilidades e uso de estratégias de
aprendizagem dos alunos de modo a alcançarem o sucesso. Sentir-se incapaz é uma das
consequências mais negativas que se pode ter depois de uma experiência de fracasso,
pois há, nesse caso, um abalo no autoconceito e na autoestima do indivíduo (Martini &
Boruchovitch, 2005; Weiner, 1988, 1990). O aluno pode acreditar que não importa
quais ações tiver, ele sempre terá maus resultados, uma vez que não é inteligente o
suficiente para aprender e ser bem sucedido. O ideal é que o estudante reflita sobre os
motivos que o levaram ao fracasso associando-os não a sua capacidade, mas sim as
habilidades que precisa adquirir para obter as metas acadêmicas que almeja.
Em menor proporção, também foram citados o desânimo e a frustração como
causas do fracasso. Quando um aluno se dedica a uma atividade e não obtém os
resultados esperados, de fato, pode fazer com que se sinta desanimado, triste e frustrado
(Boruchovitch & Ganda, 2010; Martini & Del Prette, 2005; Graham & Weiner,1996). Já
o sentimento de culpa geralmente está associado à situação em que o estudante acredita
que não se dedicou como poderia e que, portanto, não foi bem sucedido. Sentir-se
incapaz ou pouco inteligente é um aspecto que deve ser trabalhado de modo a não
comprometer a autoestima e o comprometimento do aluno (Martini & Boruchovitch,
2005; Weiner, 1988, 1990).
Na classificação atribuicional a causa do fracasso foi interpretada de modo muito
diferente do sucesso. Houve uma distribuição de respostas nas questões relacionadas à
controlabilidade, internalidade e estabilidade. Embora a falta de esforço e a falta de
motivação tenham sido as categorias mais frequentemente citadas pelos universitários
124
de todas as turmas, o mais importante é investigar o modo como eles interpretam as
causas de modo a ajudá-los a ter crenças mais favoráveis à sua aprendizagem (Martini
& Boruchovitch, 2004; Weiner, 2010). A maioria dos universitários mencionou que as
causas de seu fracasso são controláveis, internas e estáveis, o que, nos dois primeiros
aspectos, são crenças típicas de uma aprendizagem autorregulada (Zimmerman &
Schunk, 2004). Interessante notar que na questão da estabilidade, parte expressiva dos
alunos do GE I e do GC – TD relatou que os fatores que desencadeiam o fracasso são
instáveis. Os motivos que levaram os alunos a terem essa interpretação atribuicional
podem estar relacionados ao fato de que os dois grupos relataram que a causa
preponderante do fracasso eram a falta de motivação e falta de esforço que são fatores
variáveis conforme o conteúdo estudado ou atividade realizada.
No instrumento sobre as estratégias autoprejudiciais, quando aplicado no pré-
teste, a maioria dos alunos declarou que tinham comportamentos desfavoráveis no
contexto acadêmico. Interessante observar que nas turmas do tipo controle houve uma
distribuição quase igualitária entre os universitários que afirmaram ter e não ter tais
comportamentos, padrão que se manteve semelhante no pós-teste. Já no grupo
experimental I (programa de intervenção), na etapa pós-teste, houve uma ligeira redução
dos estudantes que relataram usar estratégias autoprejudiciais, enquanto houve um
pequeno aumento nos demais grupos. Pela análise dos dados, sugere-se que a
intervenção em autorregulação possa ter tido um impacto positivo, ainda que pequeno,
na conduta dos alunos.
Em consonância com a literatura (Gadbois & Sturgeon, 2011; Hendrix & Hirt,
2009; Hirt, McCrea & Boris, 2003; McCrea et al., 2008; Urdan, 2004), os universitários
assumiram que usam as seguintes estratégias autoprejudiciais: falta de atenção às aulas,
falha no gerenciamento do tempo, falta de atenção durante o estudo, problemas físicos e
psicológicos, procrastinação e falta de leitura dos textos teóricos. O comportamento
autoprejudicial mais mencionado pelos alunos no pré-teste foi a falta de atenção durante
as aulas. No tempo pós-teste a categoria mais citada pelos universitários que
participaram da disciplina foi a procrastinação, enquanto que para os demais continuou
sendo a falta de atenção nas aulas. O gerenciamento do tempo e a procrastinação foram
assuntos discutidos na disciplina, por serem de fundamental importância na teoria da
autorregulação da aprendizagem. Os resultados aqui encontrados indicam a necessidade
125
de trabalhar melhor esses fatores talvez instruindo melhor os alunos quanto às
estratégias positivas para dirimir tais problemas.
Como a coleta pós-teste foi realizada ao final do primeiro semestre infere-se que,
após esse período na graduação, os universitários tenham identificado melhor os
comportamentos que os prejudicaram na realização das atividades e no seu rendimento
acadêmico. Dentre os tipos de comportamentos autoprejudiciais citados o que
predominou nos grupos GE I, GE II e GC – TD foi a procrastinação, que aumentou
consideravelmente do pré-teste para o pós-teste. Procrastinar, ou seja, o ato de protelar a
realização das tarefas de aprendizagem é um hábito que tem impacto negativo para o
desempenho e para o bem-estar físico e psicológico do aluno. Primeiro, porque se perde
tempo e energia que deveria ser aplicado nos estudos e execução das atividades o que,
por sua vez, acaba por desencadear no organismo reações emocionais de estresse e de
ansiedade (Brown, Park & Folger, 2012; Schraw, Wadkins & Olafson, 2007; Tice &
Baumeister, 1997).
O segundo comportamento autoprejudicial mais citado pelo GE II e GC foi a
falha no controle da atenção às aulas que, como mencionado anteriormente, está muito
associada à falta de estratégias positivas dos alunos e a forma como os conteúdos são
ministrados pelo professor. O dado revela a importância de se investir em novos
métodos de ensino que atendam as demandas dos alunos da atualidade. Embora a
geração de estudantes tenha mudado consideravelmente, percebe-se que os professores
continuam sendo formados como há décadas atrás, nas quais a relação de ensino-
aprendizagem era totalmente passiva com o predomínio de aulas expositivas e trabalhos
teóricos escritos. Para diminuir o problema, recomenda-se que o professor estimule o
diálogo e a reflexão nas aulas, assim como que incorpore os recursos tecnológicos que
hoje atraem tantos os jovens e que, se bem usados, podem tornar o aprendizado mais
interessante dentro e fora do ambiente acadêmico/escolar. Além disso, destaca-se a
importância de ensinar os alunos a usarem estratégias de aprendizagem que possam lhes
ajudar a manter a concentração durante as aulas mais expositivas como, por exemplo, os
métodos de anotação, identificação das ideias principais, construção de esquemas
teóricos, entre outros.
As demais estratégias mais frequentemente mencionadas pelos alunos de todos
os grupos foram: falha na organização do tempo, falta de concentração durante o estudo,
126
problemas físicos e emocionais e falta de leitura dos textos teóricos. Na análise
comparativa entre tempos, constatou-se um aumento expressivamente maior no número
de estratégias autoprejudiciais aludidas pelos universitários do grupo controle – turmas
C e D. Pode-se supor que os alunos tenham passado a ter mais comportamentos
desfavoráveis ou que tenham tomado maior consciência sobre os hábitos prejudiciais à
sua aprendizagem, no decorrer do semestre, lidando com demandas reais da vida
acadêmica.
Na última questão, em que os participantes foram indagados quanto à relevância
de refletirem sobre suas ações na faculdade, o padrão de resposta entre os grupos foi
muito semelhante. Todos os alunos da amostra afirmaram que pensar sobre seu
comportamento é muito importante pelos seguintes motivos: para mudar sua conduta
como aluno, para aperfeiçoar sua aprendizagem e seu desempenho acadêmico e, por
fim, para ser um profissional melhor. Entretanto, o dado mais notável encontrado foi o
de que os alunos do grupo experimental I mencionaram expressivamente mais a última
categoria que os outros grupos. Acredita-se que a participação na intervenção tenha
favorecido essa resposta uma vez que, em todos os encontros e atividades com a turma
do GE I, lhes foi estimulado a refletir sobre como o seu aprendizado na universidade
afeta sua atuação profissional futura. O programa, inclusive, foi construído numa dupla
perspectiva, tendo em vista auxiliar os universitários a serem estudantes mais
autorregulados e, possivelmente, melhores professores futuramente (Boruchovitch &
Ganda, 2013; Boruchovitch, Costa & Neves, 2005; Bembenutty, 2008; Dembo, 2001;
Middleton, Abrams & Seaman, 2011; Pintrich, 2004; Schunk & Zimmerman, 2008;
Wolters, 2010). Além disso, sugere-se que, por ser uma turma do período noturno que,
como discutido, tem um número maior de alunos que já exercem uma profissão,
relacionar o impacto que o aprendizado na graduação possa trazer para sua vida
profissional é algo mais automático.
5.3 Considerações finais
O Ensino Superior tem uma dinâmica diferente do que a maioria dos estudantes
está habituada (Ferla, Valcke & Schuyten, 2009). Normalmente, no Ensino Médio e nos
cursinhos pré-vestibular, o conteúdo das aulas vem organizado em apostilas e é restrito
aos temas que serão cobrados no vestibular. Os professores estimulam constantemente
os seus alunos durante as aulas e, no contraturno, os jovens ainda são acompanhados
127
por monitores. Já na universidade, a relação com os docentes é mais distante; os
estudantes tem uma grade horária mais ampla, recebem uma longa lista bibliográfica a
ser lida, tem uma série de trabalhos e provas para realizar e devem estabelecer sua
própria rotina de estudos.
Desse modo, o Ensino Superior exige dos alunos que sejam mais pró-ativos,
autônomos e organizados, o que nem sempre acontece, pois eles podem não ter
desenvolvidos essas habilidades durante sua trajetória escolar (Ferla, Valcke &
Schuyten, 2009). Por esse motivo um trabalho em autorregulação, assim como o
desenvolvido na presente pesquisa, é tão importante para auxiliar os estudantes no
ingresso e permanência na universidade. Ser um aluno autorregulado pressupõe ter um
comportamento favorável à aprendizagem, que envolva o exercício de boas práticas de
estudo, crenças positivas sobre si próprio, pensamentos autorreflexivos e o controle dos
hábitos prejudiciais (Bandura, 2003; Schunk & Zimmerman, 2008; Wolters, 2010;
Zimmerman, 2002). Durante o planejamento da intervenção buscou-se incluir temas e
atividades que ajudassem os alunos a refletirem sobre sua atitude, de modo a melhorar
os aspectos positivos e negativos de seu aprendizado, por eles relatados na etapa pré-
teste.
A pesquisa obteve resultados importantes ao se observar o impacto positivo que
a disciplina sobre autorregulação e o programa de intervenção teve para a melhoria dos
hábitos dos alunos. Contudo, o estudo teve algumas limitações que precisam ser
consideradas. A primeira delas refere-se ao fato de que todos os instrumentos utilizados
foram escalas e questionários de autorrelato. Por conseguinte, todas as respostas foram
obtidas a partir da percepção dos participantes, o que pode haver uma tendenciosidade
nas respostas. De acordo com Furnham (1986) as pessoas tendem a dar respostas que
considerem ser mais adequadas socialmente, o que se denomina como desejabilidade
social. Motivo pelo qual as respostas de instrumentos de autorrelato devem ser
analisadas com cautela. Para lidar com esse problema sugere-se que novos estudos
recorram a instrumentos que meçam de fato o avanço da autorregulação pelos alunos
como, por exemplo, o método usado por Bernacki, Byrnes e Cromley (2012). Os
autores desenvolveram uma plataforma virtual na qual eram registradas, em tempo real,
todas as ações dos alunos durante a realização das atividades destinadas a estimular a
autorregulação. Ao final da intervenção, pôde-se observar e correlacionar o uso das
128
estratégias de aprendizagem com o tipo de orientação motivacional dos alunos,
configurando um panorama de quais alunos eram mais autorregulados.
Outra limitação é que os grupos experimentais e controle foram compostos por
turmas pré-formadas de alunos, não se podendo garantir a homogeneidade em todas
variáveis demográficas da amostra, especialmente idade e realização de atividades
extracurriculares. As turmas do diurno e noturno têm características distintas o que pode
afetar os resultados consideravelmente. Além disso, devido ao número reduzido de
alunos, os grupos GE e GC foram escolhidos em anos distintos, o que pode também ter
afetado os dados. Sugere-se então que uma nova pesquisa seja realizada com uma
seleção aleatória dos participantes para cada grupo. Além disso, a disciplina no modo
programa de intervenção e no modo tradicional foi ministrada pelas mesmas
pesquisadoras: a professora titular e a doutoranda. Embora tenha se buscado garantir a
neutralidade na maneira de conduzir a disciplina, enfatizando a autorreflexão na
intervenção e apenas a exposição teórica na forma tradicional, é possível que as
pesquisadoras tenham apresentado o conteúdo de maneira autorreflexiva em algum
momento. Assim, recomenda-se que, em estudos futuros, se coloque diferentes pessoas
para conduzir as atividades em cada grupo experimental e que também sejam inseridos
observadores para avaliar as aulas.
Como discutido nesse capítulo, a amostra dessa pesquisa foi composta por
alunos de uma universidade pública, ou seja, que passaram por um rigoroso processo
seletivo para ingresso na graduação. Assim, pôde-se observar que já são bons alunos,
com um grau de conhecimento e de habilidades de estudo superiores à maioria da
população. Desse modo, seria interessante realizar a mesma pesquisa com uma amostra
composta por estudantes de faculdades particulares e de outras regiões brasileiras que
podem possuir características bem distintas. Quando se refere a cursos de formação de
professores como Pedagogia e as Licenciaturas a questão ainda é mais relevante devido
à reconhecida facilidade de admissão e baixa qualidade do ensino em um grande
número de instituições privadas brasileiras. Um programa de intervenção como o que
foi desenvolvido poderia auxiliar tanto no diagnóstico quanto na promoção da
autorregulação desses universitários. Supõe-se que poderia, especialmente, ajudá-los a
superar suas possíveis dificuldades como alunos e a serem melhores professores
futuramente.
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ANEXO I
143
ANEXO II
144
ANEXO III