A AVALIAÇÃO DAS APRENDIZAGENS DOS ALUNOS Volume...

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UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE PSICOLOGIA E CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO A AVALIAÇÃO DAS APRENDIZAGENS DOS ALUNOS NA ÁREA DE PROJECTO UM ESTUDO DE CASO MÚLTIPLO Volume 2 Anexos Aníbal Amílcar Ferreira de Sousa MESTRADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO Área de especialização em Avaliação em Educação 2005

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UNIVERSIDADE DE LISBOA

FACULDADE DE PSICOLOGIA E CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO

A AVALIAÇÃO DAS APRENDIZAGENS DOS ALUNOS

NA ÁREA DE PROJECTO

UM ESTUDO DE CASO MÚLTIPLO

Volume 2 Anexos

Aníbal Amílcar Ferreira de Sousa

MESTRADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO

Área de especialização em Avaliação em Educação

2005

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UNIVERSIDADE DE LISBOA

FACULDADE DE PSICOLOGIA E CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO

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Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação Universidade de Lisbca

BIBLIOTECA

A AVALIAÇÃO DAS APRENDIZAGENS DOS ALUNOS

NA ÁREA DE PROJECTO

UM ESTUDO DE CASO MÚLTIPLO

Volume 2 Anexos

Aníbal Amílcar Ferreira de Sousa

MESTRADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO

Área de especialização em Avaliação em Educação

Dissertação orientada pela P rof8 Doutora Maria Helena M. C. Peralta

2005

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ÍNDICE DE ANEXOS

Os anexos 1 a 18 resultam deste estudo. Os anexos 19 a 29 referem-se aos

instrumentos de avaliação utilizados pelos professores participantes neste estudo na

avaliação das aprendizagens dos alunos na Area de Projecto.

► Anexo 1 : Guião de entrevista aos professores............................................................... 1

► Anexo 2: Guião de entrevista aos alunos....................................................................... 4

► Anexo 3: Entrevista ao Professor 1 .................................................................................... 6

► Anexo 4: Entrevista ao Professor 2 ...................................................................................15

► Anexo 5: Entrevista ao Professor 3 .............................................................................23

► Anexo 6: Entrevista ao Professor 4 .................................................................................. 32

► Anexo 7: Entrevista aos alunos do Professor 1 ........................................................ 42

► Anexo 8: Entrevista aos alunos do Professor 2 ..........................................................52

► Anexo 9: Entrevista aos alunos do Professor 3 ..........................................................55

► Anexo 10: Entrevista aos alunos do Professor 4 ..........................................................58

► Anexo 11 : Síntese e agrupamento dos dados (Professor 1)................................60

► Anexo 12: Síntese e agrupamento dos dados (Professor 2)................................64

► Anexo 13: Síntese e agrupamento dos dados (Professor 3)................................68

► Anexo 14: Síntese e agrupamento dos dados (Professor 4)............................... 73

► Anexo 15: Síntese a agrupamentos dos dados (Alunos do Professor 1 ).................... 78

► Anexo 16: Síntese a agrupamentos dos dados (Alunos do Professor 2 ) .................... 80

► Anexo 17: Síntese a agrupamentos dos dados (Alunos do Professor 3 ) .................... 82

► Anexo 18: Síntese a agrupamentos dos dados (Alunos do Professor 4 ) .................... 84

► Anexo 19: Critérios de avaliação da Área de Projecto (Professor 1)....................... 85

► Anexo 20: Ficha de auto-avaliação (Professor 1)....................................................... 86

► Anexo 21 : Grelha de observação (Professor 2 )......... 87

► Anexo 22: Ficha de auto-avaliação final (Professor 2 ) ..............................................88

► Anexo 23: Ficha de avaliação (Professor 2)................................................................89

► Anexo 24: Ficha de observação (Professor 3 )............................................................ 90

► Anexo 25: Ficha de observação (Professor 3 )............................................................ 91

► Anexo 26: Ficha de avaliação sumativa (Professor 3 ) ...............................................92

► Anexo 27: Ficha de auto-avaliação (Professor 4).......................................................93

► Anexo 28: Ficha de hetero-avaliação (Professor 4)....................................................94

► Anexo 29: Ficha de avaliação sumativa (Professor 4 ) ...............................................95

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ANEXO 1____________ GUIÃO DE ENTREVISTA AOS PROFESSORES____________(Guião construído de acordo com o modelo proposto por Rodrigues (2002: 299-303).

T e m a ■ A avaliação das aprendizagens dos alunos na área de projecto.

O b je c t iv o s ► Saber quais as concepções dos professores acerca da área de projecto e da avaliação das aprendizagens dos alunos na área de projecto.

► Recolher informações sobre o processo de avaliação das aprendizagens dos alunos na área de projecto.

B l o c o s

t e m á t ic o s

1. Legitimação da entrevista.2. Concepções acerca da área de projecto e da avaliação das aprendizagens

dos alunos na área de projecto.3. Processo de avaliação das aprendizagens dos alunos na área de projecto.

4. Validação da entrevista.

E s t r a t é g ia ► Entrevista semi-directiva.► Os tópicos referenciados para cada bloco têm uma função orientadora da

entrevista.

T á c t ic a ► Adoptar uma atitude empática.► Utilizar uma linguagem coloquial durante a entrevista.► Utilizar uma estratégia de “papagaio de papel”, isto é, deixar fluir o

discurso dos entrevistados ao “sabor da conversa” mas segurando sempre o “fio” condutor da entrevista de modo discreto tendo em conta os objectivos da entrevista.

► Solicitar aos entrevistados, quando necessário, exemplos concretos que clarifiquem o seu discurso.

► Aproveitar o discurso dos entrevistados de forma a redireccionar a entrevista (caso seja o caso) ou a promover a sua evolução tendo em conta os objectivos da entrevista.

► Não condicionar as respostas dos entrevistados.

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B l o c o s

t e m á t ic o sO b j e c t iv o s T ó p ic o s O b s e r v a ç õ e s

► E sclarecer os ► O bjectivos da ► A gradecer ao b jec tivos da entrevista e a d ispon ib ilidade dosen trev ista no natu reza da en trev istados p araco n tex to da investigação. partic ip ar nainvestigação . investigação.

► G aran tir a ► V alo rizar oconfidencialidade e contribu to dos

l .L e g it im a ç ã o da

ENTREVISTA.

anon im ato da en trev istados p araen trev ista (em re lação aos en trev istados, à esco la e às afirm ações produzidas.)

► P e d ir autorização

a investigação.

M ostrar d ispon ib ilidade para re sp o n d er a todas as questões postas pelos en trev istados.

p a ra a entrevista ser g ravada.

► E sta r a ten to às reacções do en trev istado à entrevista.

2. ► S ab er quais as ► 0 que pensa ► U tiliza r um aC o n c e p ç õ e s d o s concepções dos sobre a á rea de linguagem

pr o f e s s o r e s pro fesso res acerca pro jecto e da coloquial.a c e r c a da á r e a d a área de projecto avaliação dasDE PROJECTO E DA e da avaliação das aprendizagensAVALIAÇÃO DAS aprend izagens dos dos alunos naAPRENDIZAGENS alunos na área de área de p ro jec to .DOS ALUNOS NA projecto .

ÁREA DEp r o je c t o .

► R eco lher ► A finalidade da ► A avaliação com oinform ações sobre avaliação das dispositivoo p rocesso de aprend izagens facilitador doavaliação das dos alunos na aprender a

3. aprendizagens dos área de p ro jec to . aprender.

P r o c e sso d e alunos na área de ► A valiação ► A avaliação. AVALIAÇÃO DAS projecto . form ativa. form ativa.

APRENDIZAGENSDOS ALUNOS NA ► A s ev idências das ► A fiab ilidade e

ÁREA DE aprend izagens validade dos

PROJECTO. realizadas pelo s instrum entos.alunos. ► A dim ensão

► In terven ien tes no com unicativa daprocesso de avaliação.avaliação.

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B l o c o s

t e m á t ic o sO b je c t iv o s TÓPICOS O b s e r v a ç õ e s

► R eferentes da avaliação sum ativa das aprendizagens dos alunos na área de projecto .

► S o lic ita r ao ► A spectos ► V alorizar, de novo,en trev istado a considerados a im portância doreferência a im portantes e não con tribu to doasp ec to s que referidos na en trev istado para aconsidere entrevista. investigação.

4.pertinen tes e que n ão tenham sido

► C om entário à entrevista.

V a l id a ç ã o da

ENTREVISTA.focados durante a entrevista.

► A gradecer a d ispon ib ilidade do entrevistado.

► C o n c lu ir a en trev ista.

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ANEXO 2GUIÃO DE ENTREVISTA AOS ALUNOS

(G uião constru ído d e acordo com o m odelo proposto por R odrigues (2002: 299-303).

T e m a ■ A avaliação das aprendizagens dos alunos na área de projecto.O b je c t iv o s ► Saber as opiniões dos alunos acerca da área de projecto e da avaliação das

aprendizagens dos alunos na área de projecto.► Recolher informações sobre o processo de avaliação das aprendizagens dos

alunos na área de projecto.

B l o c o s

TEMÁTICOS5. Legitimação da entrevista.6. Concepções dos alunos acerca da área de projecto e da avaliação das

aprendizagens dos alunos na área de projecto.

7. Processo de avaliação das aprendizagens dos alunos na área de projecto.8. Validação da entrevista.

E s t r a t é g ia ► Entrevista semi-directiva.

► Os tópicos referenciados para cada bloco têm uma função orientadora da entrevista.

T á c t ic a ► Adoptar uma atitude empática.► Utilizar uma linguagem coloquial e acessível aos entrevistados durante a

entrevista.

► Não interromper o “discurso” dos entrevistados nem fazer juízos de valor sobre o que referem.

► Não condicionar as respostas dos entrevistados.

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B l o c o s

t e m á t ic o sO b je c t iv o s TÓPICOS O b s e r v a ç õ e s

► Esclarecer os ► Objectivos da ► Agradecer aobjectivos da entrevista. disponibilidade dosentrevista no contexto entrevistados parada investigação. participar na

► Garantir a investigação.

1. confidencialidade e ► Valorizar oanonimato da contributo dos

L e g it im a ç ã o

DA ENTREVISTA.entrevista (em relação aos entrevistados, à escola e às afirmações produzidas.)

► Pedir autorização para a entrevista ser gravada.

entrevistados para a investigação.

2. ► Saber quais as ► 0 que pensam ► Utilizar umaCONCEPÇÕES concepções dos sobre a área de linguagemDOS ALUNOS alunos acerca da área projecto e sobre a coloquial.ACERCA DA de projecto e da avaliação das ► TJtilizar um a

ÁREA DE avaliação das aprendizagens r W l i U M U V i 11 1 ( I

linguagem acessível ao nívelPROJECTO E DA aprendizagens dos dos alunos na

AVALIAÇÃO DAS alunos na área de área de projecto. etário dosAPRENDIZAGENS projecto. entrevistados.DOS ALUNOS NA

ÁREA DEPROJECTO.

► Recolher informações ► 0 objecto da ► 0 que é avaliado.sobre o processo de avaliação. ► Intervenientes na

3.

PROCESSO DE AVALIAÇÃO DAS

avaliação das aprendizagens dos alunos na área de projecto.

► Intervenientes no processo de avaliação.

avaliação.

APRENDIZAGENS ► Referentes daDOS ALUNOS NA avaliação

AREA DE sumativa dasPROJECTO. aprendizagens

dos alunos na área de projecto.

4.► A gradecer a ► V alorizar, de novo,

d isponib ilidade dos a im portância doV a l id a ç ã o da entrevistados. con tribu to dos

ENTREVISTA. ► C onclu ir a entrevista.en trev istados para a investigação .

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ANEXO 3___________________________Entrevista ao Professor 1___________________________

(Junho de 2004)

Entrevistador. Conforme lhe referi no contacto informal que tive consigo, esta entrevista insere-se num trabalho de investigação sobre a avaliação das aprendizagens dos alunos na Área de Projecto realizado com o fim de obter o grau de mestre em Ciências da Educação, área de especialização de Avaliação. Agradeço a sua disponibilidade para participar neste estudo e reafirmo-lhe as garantias de confidencialidade e anonimato de toda a informação que disponibilizar nesta entrevista. Nem o seu nome nem o da sua escola são referidos. Pode, assim, estar descansada. Agradeço que esteja à vontade e refira o que honestamente lhe aprouver referir. Para efeitos de transcrição da sua entrevista, peço-lhe autorização para a gravar. Vê algum inconveniente?

Professor 1\ Não, não.

Entrevistador. Obrigado. Gostava que me dissesse qual a sua formação e em que escalão da Carreira Docente se encontra.

Professor 1: Sou licenciada em História e estou no 7.° escalão.

Entrevistador: Obrigado. Centrando-me agora no conteúdo da entrevista. Quando verificou, no seu horário, que ia ter a Área de Projecto qual foi a sua reacção?

Professor 1: Eu gosto da Área de Projecto, embora haja anos melhores do que outros. Já acontecia o mesmo com a Área-Escola. Gosto muito quando as turmas são arrojadas e me exigem que ultrapasse os meus limites de "professorinha de História", que gosto de ser, e conseguimos realizar projectos que envolvem tecnologias, que intervêm na comunidade e conseguem até mover vontades... estou-me a lembrar de um projecto que envolveu o Cantinho dos Animais e funcionou com os alunos durante a Feira de S. Mateus, que vão ao encontro da História local (lembro-me de uma A-Escola de há 4 ou 5 anos sobre o Aristides de Sousa Mendes de que os meus antigos alunos ainda me falam). Tenho paciência, boa vontade e gosto de ser surpreendida e de me surpreender porque só assim me imagino a cumprir 35 anos de serviço, ou mais.

Entrevistador. Já vi que a sua ideia da Área de Projecto é positiva. Acha-a interessante... ou dispensava-a?

Professor 1: Não, não, não a dispensava nem é dispensável. E o único espaço onde os alunos podem aprofundar determinados temas que mais nenhuma disciplina aborda, de os aprofundar e de os tratar de uma forma muito mais livre e mais criativa também.

Entrevistador. E do ponto de vista da dinâmica da área de projecto, considera-a muito diferente das disciplinas tradicionais? O que é que é possível fazer que nas outras disciplinas não é?

Professor 1: Usar as novas tecnologias de informação, os audiovisuais, trabalhar em grupo... nas outras disciplinas há o programa, há mais limitações... e é um trabalho muito mais informal, acho que ninguém pensa logo na avaliação, nem... eu pelo menos eu não penso... (risos)

Entrevistador. E quando é que começou a pensar na avaliação dos alunos?

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Professor 1: A avaliação... eu comecei a pensar nela... eu avaliei-os no fim do 1.° período, pois a minha avaliação não se adaptava bem aos critérios que foram definidos...

Entrevistador. A sua escola tem alguma coordenação da área de projecto? Quem definiu esses critérios?

Professor 1: O Conselho Pedagógico... tem 10 critérios... e depois as minhas anotações, algumas vezes, não tinham a ver tanto com o que estava nos critérios, se bem que eu os conhecesse, depois as contas, como lá diz que de x critérios a x critérios os alunos têm... e isto dificulta um bocadinho... fica assim um pouco... penso que alguns se acabam por repetir...

Entrevistador. E como é que trabalhou a avaliação dos alunos? Com os seus critérios ou com os definidos pela escola?

Professor 1: Adaptei os meus a esses, mas a avaliação sofreu sempre algumas distorções... Adaptei os meus aos critérios da escola... tenho registos informais de cada aluno... não são registos estruturados... há aqui critérios que só alunos com determinado nível é que atingem, não é?

Entrevistador. Considera que os critérios definidos pela escola são demasiadamente exigentes, é?

Professor 1: A partir de um certo nível acho que são. Por outro lado... não sei explicar bem...

Entrevistador. Os alunos têm conhecimento destes critérios?

Professor 1: Por acaso têm. Têm porque eu dei-os a conhecer, mas eu privilegiava numa primeira fase muito mais o grupo, a participação, e quando chego aqui e vejo que os critérios não contemplam bem isto...

Entrevistador: Estes critérios são uniformes para toda a escola? Os professores não são livres de construírem os critérios a partir dos diferentes projectos que cada turma está a concretizar?

Professor 1: Não, não, são os mesmos para toda a escola.

Entrevistador: Para si, no seu caso, o que é valorizaria mais na área de projecto? Que competências?

Professor 1: Valorizo a participação e colaboração e a procura de informação e, depois, uma progressiva autonomia... no 7.° ano... não existem alunos com grande capacidade de autonomia...

Entrevistador: E na sua turma, como é que está a concretizar a área de projecto? Têm um projecto apenas, vários...

Professor 1: Tenho só um projecto, um tema aglutinador e depois cada grupo foi sugerindo...

Entrevistador: E o projecto é sobre...

Professor 1: E sobre o desporto. Os alunos só queriam temas ligados ao desporto, estavam viciados em desporto.. .eu queria por força fugir mas não consegui...

Entrevistador: E como é que chegaram e esse acordo?

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Professor 1: Foi em assembleia de turma, uma grande confusão... cada grupo escolheu o seu projecto favorito, dentro desse grande tema do desporto... e os temas surgem assim...

Entrevistador: E qual é o produto pensado para esse projecto?

Professor 1: O produto... é um trabalho escrito por cada grupo, onde aprenderam todos os aspectos ligados a um trabalho escrito... como é que se faz a introdução, como se cita a bibliografia, essas coisas...mas são coisas simples... por exemplo, há dois anos consegui coisas muito melhores... mas esta turma não tinha capacidades para fazer muito melhor...depois apresentam o trabalho à turma... foi depois da Páscoa... e aí cada grupo foi livre de o fazer da forma que quiseram... uns utilizaram vídeos, outros CDs, outros acetatos.. .tudo foi escolha deles. Só têm de programar, dizer o que querem, se precisam da minha ajuda para qualquer coisa... o que é interessante é que os pais colaboram de uma forma muito interessada. Já noutros projectos que fiz também as famílias participavam de forma muito interessante...

Entrevistador: E essa colaboração é a que nível?

Professor J: No trabalho dos alunos... por exemplo, não tive dificuldade nenhuma que os pais autorizassem os alunos a irem fazer uma gravação nas piscinas. Fui com eles numa manhã que eu não tinha aulas e eles também não... levaram os alunos, foram buscá-los. Depois... têm um trabalho... vou-lhe contar uma coisa: no início queria que eles desenvolvessem outras coisas, queria que eles desenvolvessem mais a comunicação, que pegassem no jornal da escola... eles que queriam ser jornalistas... e pensei que fosse engraçado, mas eles.... Bem então propus-lhes que um dos trabalhos finais fosse a realização de um programa desportivo, uma espécie de directo, e foi isso que fomos fazer ao Porto, numa visita de estudo ao Museu das telecomunicações. Eles foram, tiveram de preparar um guião, tinham feito as filmagens das actividades, e depois chegaram lá e introduziram as suas peças... foi tudo feito por eles... gostaram muito.

Entrevistador. E na construção do projecto, qual era a sua proximidade em relação ao trabalho que os alunos estavam a desenvolver?

Professor /: Fui-lhes dando algumas orientações. Por exemplo, no guião do programa eles foram definindo quantos directos queriam, quantos repórteres queriam...o texto foi construído no quadro pela turma toda, já sem os grupos...

Entrevistador: Foi um texto colectivo da turma toda...

Professor 1: Sim, um texto colectivo... houve alguns ensaios...

Entrevistador: E durante o processo, o que é valorizava nos alunos? Valorizava alguma coisa? No primeiro momento de avaliação o que é que valorizou para fundamentar a avaliação que ia dar?

Professor 1: Nessa altura valorizei sobretudo a capacidade de pesquisa, que era o que estavam a fazer... não dava para ver muito mais, a cooperação ao nível do grupo. No segundo período já valorizei outras coisas, já valorizei a organização da informação e a originalidade da apresentação que eles iam fazer à turma. Agora vem mais a criatividade.

Entrevistador. E em relação ao produto, vai fazer alguma avaliação autónoma...

Professor J : Não vou fazer, não, não vou, acho que não. Não vou.

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Entrevistador. E como é que vai ser a avaliação do terceiro período... o que é que vai fazer na avaliação?

Professor 1: Não vão ser muito diferentes do que foi no segundo período. Bem eu acho que eles agora estão melhores, gostaram do que fizeram... andaram mais entusiasmados.

Entrevistador. Mas nas menções qualitativas que atribui aos alunos tem algum perfil, a que é que faz corresponder cada menção qualitativa...

Professor 1: Tenho dois perfis, principalmente: para o aluno de satisfaz e para o aluno de satisfaz bem.

Entrevistador. E importa-se de me dizer o que é que distingue esses dois perfis de alunos?

Professor 1: O aluno de Satisfaz é um aluno empenhado, integra-se no grupo, é minimamente criativo, autónomo na pesquisa e selecção de informação, mas que tem algumas dificuldades na sua comunicação.

Entrevistador. Interessante... e o aluno de satisfaz bem?

Professor 1: O aluno Satisfaz Bem é dinâmico, bem integrado no grupo, assumindo-se até como motor do mesmo, imaginativo e capaz de aplicar e comunicar com clareza a informação.

Entrevistador. E eles percebem isto, aceitam isto? E em relação aos momentos de avaliação que já teve os alunos alguma vez questionaram...

Professor 1: Não, não questionaram. Nós fizemos a avaliação em conjunto nas aulas, aliás eles preenchem uma fichazinha que é esta... de auto-avaliação, individual, não é de grupo.

Entrevistador. E eu posso ficar com um exemplar?

Professor 1: Sim, sim... depois dou., agora só tenho este exemplar que é o que estou a usar. Esta ficha é o Director de turma que mas dá, depois eu peço-lhe... aliás é uma folha que eles preenchem, depois, a outras disciplinas... é comum.

Entrevistador: E essas fichas, são construídas pelo conselho de turma, por exemplo, têm a ver com o Projecto Curricular de Turma?

Professor 1: Não, não, é da escola, é para todos...

Entrevistador: Mas o Projecto Curricular de Turma não discutiu as competências a desenvolver na Área de Projecto?

Professor 1: O Projecto Curricular de Turma só se referiu ao projecto lá para o fim do ano, quando foi proposta uma visita de estudo, cujos objectivos tiveram de ser definidos de acordo com o mesmo. Nas Orientações do Projecto Curricular de Escola estavam, inicialmente definidas, as áreas de intervenção a privilegiar e a escolha das que seriam seguidas na Área de Projecto... foi uma proposta minha ao Conselho de Turma e aprovada por ele. Desde que não incomode ninguém o Conselho de Turma aprova tudo.

Entrevistador: Se lhe perguntasse, agora que está no fim do ano, que competências os alunos aprenderam, o que é que eles aprenderam, para que é que serviu a área de projecto, o que dizia?

Professor I: Estão com mais iniciativa, estão confiantes, mas aventureiros. Mais organizados ao nível da pesquisa, acho que foi isto...

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Entrevistador. E ao nível da sua adesão ao longo do projecto? Foi crescente...

Professor 1: Houve altos e baixos... dependente das condições, por exemplo, da Internet... quando não conseguiam informação de qualidade sobre o que queriam... quando havia pouca informação... andavam um pouco desanimados...

Entrevistador. E em relação às disciplinas tradicionais houve alguma alteração...

Professor 1: Não houve nada... eu acho que ... apesar de terem introduzido aquele peso da avaliação na área de projecto eu penso que... os alunos trabalharam porque gostaram. A avaliação não serviu para eles trabalharem...

Entrevistador. A avaliação não é usada...

Professor 1: Não, não, nem nunca dei negativas... só satisfaz. Tenho dois alunos pouco empenhados, já com várias retenções... mas vão trabalhando.

Entrevistador: E a reacção dos alunos em relação à avaliação é igual nas outras disciplinas...

Professor 1: Não, não... aí conta mais.

“ Entrevistador: Mas para si o que é a avaliação na Área de Projecto? Como é que a entende...

Professor 1: Para mim, a avaliação é a tentativa de apreciar a evolução verificada na aquisição das competências que nos propusemos desenvolver, desde o ponto de partida até ao momento em que se faz esse balanço. Eu não avaliei nenhum aluno com Não Satisfaz (embora tivesse hesitado num caso), porque é muito difícil, havendo motivação, liberdade e responsabilidade dos alunos na escolha dos temas e nas metas atingir, que o aluno não consiga atribuir-se a si próprio uma avaliação positiva. Nesta Área os alunos são muito mais críticos e responsáveis na sua auto-avaliação do que em História. E o tal aluno que me suscitou dúvidas auto-avaliou-se com Não Satisfaz. Foi o contexto familiar de risco que me levou a optar pelo contrário.

Entrevistador: Interessante...

Professor 1: A avaliação que faço com os alunos serve para ver o grau de realização atingido por nós, eles e eu, na concretização do projecto. Aliás, este ano, independentemente da ficha de avaliação da Escola, criámos uma grelha nossa e, como tenho duas turmas, elas são diferentes, embora tenham valorizado pontos comuns.

Entrevistador: Mas a avaliação sumativa...

Professor 1: Aquela avaliação que depois coloco na pauta não me diz muito, passaria bem sem ela e sem o peso que lhe passaram a atribuir na transição de ano. Como não valorizo só aspectos cognitivos, às vezes até noto que os colegas ficam surpreendidos com um Satisfaz Bem num aluno menos brilhante. O contrário também acontece.

Entrevistador: Mas o que é que avalia, o que é que valoriza?

Professor 1: Aquilo que valorizo, genericamente, resume-se ao seguinte: a motivação e o empenho... a cooperação, a criatividade... (pausa), a pesquisa e a selecção e o tratamento da informação... este aspecto com maior ou menor peso para cada uma das três etapas, de acordo com o ano e o estado da turma, a sua situação...

Entrevistador: E tem alguma ideia se eles valorizam o que fizeram em relação à área de projecto? Se eles a acham interessante...

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Professor 1 : Eles nas introduções dos trabalhos quase todos dizem ter gostado da área de projecto e de terem trabalhado... apesar de não ter sido um grande projecto...

Entrevistador: E o conselho de turma... por exemplo, aquando do Projecto Curricular de Turma a Área de Projecto foi de alguma maneira discutida? O que é que devia desenvolver, que competências...

Professor 1: Não, não...

Entrevistador: Foi tudo da sua responsabilidade, ninguém ajudou nem, depois, lhe pediu contas.

Professor 1: Não, não.

Entrevistador: E nos momentos de avaliação...

Professor 1: Também não... algumas vezes peço a colaboração de um ou outro professor, mas é pontual. Esta viagem foi integrada no plano de actividades da turma.

Entrevistador: E nos momentos de avaliação, as competências que estava a desenvolver na área de projecto e que sendo transversais se poderiam reflectir, também, nas outras disciplinas... aliás a legislação refere que as aprendizagens da área de projecto...

Professor 1: Não há nada, nenhum diálogo...

Entrevistador: E já agora, por curiosidade, em relação às outras áreas curriculares não disciplinares...

Professor 1: Também não há nada... cada um faz o que entende. É uma questão de cultura da escola.

Entrevistador: Mas o Projecto Curricular de Turma como é que é construído?

Professor 1: Pega-se na caracterização da turma, nos inquéritos aos alunos, vêem-se os pontos fortes e fracos da turma, os interesses e as dificuldades e depois vão-se seleccionando dentre as áreas seleccionadas pela escola o que interessa mais àquela turma.. .havia 3 ou 4...

Entrevistador: E as áreas prioritárias são.

Professor 1: São definidas pelo conselho pedagógico para toda a escola

Entrevistador: Mas depois nunca mais se fala sobre o que se está a fazer?

Professor 1: Não, não. Esta turma até estava a ser observada por causa do Coménius, mas até a professora de estudo acompanhado é que faz... é sobre a pesquisa e selecção de informação...

Entrevistador: Uma dimensão que também estava a ser desenvolvida na área de projecto...

Professor 1: Sim, estava...e eu propus-lhe dar-lhe os meus dados, mas ainda não fizemos isso... A professora achou muito boa ideia mas até agora ainda não houve nada.

Entrevistador: Os professores funcionam como ilhas, não é?

Professor 1: E, é um bocado assim... E difícil. Isto... o quadro é muito instável e as pessoas... cada um dá as suas aulas e vai embora...

Entrevistador: Pois, o que é facto é que há um documento chamado Projecto Curricular de Turma, construído pela turma e que implica alguma partilha, colaboração...

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Professor 1: Pois, mas não existe. Na área escola tive algum trabalho com o conselho de turma, fazia o trabalho que agora penso que é exigido...

Entrevistador: Pois, mas a área de projecto até certo ponto vem dar aquilo que a área escola não tinha: um espaço próprio, professor responsável, avaliação...

Professor 1: Pois, pois, mas não se faz nada.

Entrevistador. Alguma vez sentiu dificuldade em traduzir o trabalho dos alunos, as observações que tinha nas menções qualitativas da avaliação da área de projecto?

Professor 1: Sim, sim ...

Entrevistador. E essa dificuldade residia em quê?

Professor 1: Há aqui critérios que acabam por ser repetitivos... porque às vezes o esforço, o empenho não se mede assim. Os alunos podem chegar sem grandes competências e fazer grandes progressos que, ao lado de outros que já as possuam podem parecer não valer grande coisa, mas valem, para aquele aluno...é que há situações... por exemplo, na passada quarta feira, um aluno meu que tem um medo enorme de se expor fez a sua apresentação, fez um esforço enorme, mas conseguiu...foi uma tentativa, mas fez, eu já estava a sofrer... estes critérios não se adaptam aos pequenos, têm pouco a ver com eles. Quando a avaliação... olhe, sinceramente, eu preferia trabalhar sem avaliação.

Entrevistador. E não vê uma avaliação fora destes critérios, com critérios construídos por cada professor em função da turma.. .seria mais interessante ou continua...

Professor 1: Não, é sempre interessante avaliar, ver de onde se partiu, onde se chegou... mas fora disto... são demasiados formais?

Entrevistador. Formais?

Professor 1: Sim, académicos...são critérios que se adaptam a qualquer disciplina e se a área de projecto é um espaço diferente... eu avalio estes critérios em História... trabalho menos em grupo mas... de resto, isso avalio eu como professora de História, não necessitava de vir para a área de projecto para desenvolver isto.

Entrevistador: Há pouco referiu que a avaliação na área de projecto é uma avaliação individual, mas a dinâmica da turma é essencialmente...

Professor 1: Em grupo...

Entrevistador: Não considera pertinente valorizar o grupo...

Professor 1: Eu valorizo o grupo. Há alunos que se eu os avaliasse apenas por eles e não considerasse o grupo, teriam uma avaliação diferente. Quando os avalio eu selecciono logo as informações que tenho do grupo e depois vejo como é que eles interagiram, não é uma avaliação tão individual como isto... socorro-me das minhas folhas, das minhas notas.

Entrevistador: E conversa com eles antes de dar as notas, ou só depois... se houver divergências?

Professor 1: Não, não, converso com eles.

Entrevistador. E considera que a avaliação da área de projecto não é pertinente, certo? Disse há pouco que a dispensava...

Professor 1: Sim, sim, passava bem sem ela, assim.

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Entrevistador. Imagine que tinha a possibilidade de introduzir alterações na avaliação da área de projecto, o que é que alteraria?

Professor 1: Alterava...valorizava mais os aspectos de carácter afectivo, o grupo, a dinâmica e o trabalho de grupo e depois uma avaliação mais cooperativa, o que progrediu, o que faz melhor, uma coisa muito simples... é evidente que a autonomia... mas isso é para se ir vendo, vou avaliar a autonomia quando? E uma coisa complicada, não pode ser assim... senão passo a vida a avaliar, não ensino nada, não desenvolvo nada, não trabalho nada, não faço nada...

Entrevistador: Bem, se esta avaliação tivesse um objectivo formativo...

Professor 1: Mas não, não tem... há aqui critérios que eu tive de preencher... e não tinha elementos para o fazer.

Entrevistador: Não tinha elementos e preencheu-os?

Professor 1: Preenchia, preenchia... foi uma confusão... não prejudiquei foi os alunos.

Entrevistador: E o Conselho Pedagógico não é receptivo a alterações, as pessoas não transmitem a sua discordância...

Professor 1: Bem... antes não havia nada, no início... e as coisas apareceram no natal, foi uma confusão.

Entrevistador: Os critérios apareceram no Natal?

Professor 1: Sim, nós na altura estávamos na experiência... na gestão flexível do currículo. E de pois, achou-se melhor que era preciso haver qualquer coisa... e apareceu isto... mas a turma da altura era melhor e não tive muita dificuldade... e eles sabiam a metodologia do trabalho de projecto, não houve tantas dúvidas... Agora, estes não estão ainda nesse estádio... ainda têm muitas dificuldades...

Entrevistador: Mas em relação ao projecto deste ano trabalhou com a metodologia...

Professor 1: Trabalhei em metodologia de projecto, isso aprendi há dois anos, com a outra turma e com o professor que na altura trabalhava comigo. Este ano...

Entrevistador: Bem, mas de qualquer dos modos, a área de projecto também serve para desenvolver competências ligadas à metodologia de projecto...

Professor 1: Está bem, mas os outros já as tinham e estes não... não é fácil nalgumas condições... (risos)

Entrevistador: Mas este ano estes alunos produziram qualquer coisa, não foi em vão.

Professor 1: Sim, sim... têm sempre de produzir qualquer coisa. Eu logo de início começo a pensar com eles o produto final. Não consigo trabalhar se não vir alguma coisa como produto final. Tem de ser logo pensado, mesmo que depois leve umas voltas pelo meio, e levou muitas, mas tem de haver.

Entrevistador: No produto final apresentou-lhes alguns critérios que teriam de ter em atenção?

Professor 1: O único critério que tinha era que todos os delegados de grupo deviam assegurar que todos os elementos do grupo tinham de participar, ou seja, toda a gente tinha de ter a sua participação. E funcionou...

Entrevistador: Penso que tenho já uma ideia aproximada do trabalho que fez.

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Professor J: Não fiz nada de especial, poderia ter feito melhor mas trabalho muito sozinha, apenas com algumas ajudas pontuais, mas nada articulado...

Entrevistador: A escola não tem a preocupação de dar às pessoas informação sobre a área de projecto, sobre as suas exigências...

Professor J: Não, não, nunca houve nada, não há nada. A única intervenção do conselho pedagógico é na elaboração dos critérios... é pouco não é? Repare nos critérios... sim, não... claro que entre o sim e o não eu opto pelo sim, vou privilegiar o aluno, não é? Há graus intermédios... hás vezes andava por aqui a ver se conseguia dar algum não para os diferenciar... outras vezes estava tão confusa que os preenchia a lápis... não há meio termo... é complicado... e, depois, eu pensava... não era bem isto que eu tinha em mente... enfim.

Entrevistador: Olhe, gostei muito de conversar consigo. Agradeço-lhe uma vez mais a sua disponibilidade. Deu-me muita informação interessante para o meu estudo. Não se importa de me disponibilizar os instrumentos de avaliação que adoptou este ano para avaliar a Área de Projecto?

Professor I: Não, não, eu depois dou-lhe uma cópia. Mas eu utilizei umas anotações minhas. Como lhe disse já, não gostei muito das fichas da escola. Mas dou-lhas na mesma. As minhas anotações é que não. Não têm interesse. São muito pessoais e não estão sequer organizadas...

Entrevistador: Está bem. Não faz mal. Agradeço-lhe na mesma. Só uma coisa: tem alguma formação sobre a Área de Projecto?

Professor 1: Não, nada. O que sei é o que tenho lido, a minha experiência e nada mais. Faço o que posso.

Entrevistador. É um aspecto importante e que as escolas deveriam privilegiar. Mas pronto. Não vamos conversar agora sobre isto. Eu depois contacto consigo para lhe mostrar as informações básicas que eu retirei da sua entrevista... para ver se concorda...

(Risos)

Professor 1: Obrigada. Eu confio...

Entrevistador: Não é isso. Eu sei. Muito obrigado, de novo, pela sua disponibilidade. Obrigado.

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ANEXO 4_____________ __________Entrevista ao Professor 2_______________________________

(Junho de 2004)

Entrevistador. Boa tarde. Obrigado pela sua disponibilidade em estar comigo. Conforme já sabe, esta entrevista é para um trabalho de investigação sobre a avaliação das aprendizagens dos alunos na Área de Projecto que estou a realizar para obter o grau de mestre em Ciências da Educação, área de especialização de Avaliação. Agradeço, de novo, a sua disponibilidade para participar neste estudo e reafirmo-lhe as garantias que já lhe dei de confidencialidade e anonimato de toda a informação que fornecer nesta entrevista. Não vai haver nenhuma referência ao seu nome nem ou ao da sua escola. Pode ficar descansada. Agradeço que esteja à vontade e diga o que honestamente pensa. Por causa da transcrição da sua entrevista, peço-lhe autorização para a gravar. Vê algum inconveniente?

Professor 2: Não, não.

Entrevistador. Obrigado. Gostava que me dissesse qual a sua formação e em que escalão da Carreira Docente se encontra.

Professor 2: Sou licenciada em Artes Plásticas e estou no 5.° escalão.

Entrevistador: Quando soube que ia dar área de projecto qual foi a sua primeirareacção?

Professor 2: Fiquei muito agradada.

Entrevistador. Considera a área de projecto interessante do ponto de vista curricular?

Professor 2: Fiquei satisfeita com a área de projecto... pronto, acho que não me consegui desprender completamente da área escola, de que gostava muito. Para mim, a área de projecto é um pouco a área escola, com tempo, com um professor responsável... a área de projecto é uma área que dá para fazer tudo, não é?

Entrevistador. E tudo o que é?

Professor 2: É o fazer, é a criatividade, é o concretizar algo, para os alunos e para mim...é tentarmos todos em conjunto... o que é que temos de fazer para chegar, para fazer alguma coisa...

Entrevistador. Este ano, como concretizou a área de projecto? Com um projecto ao longo do ano ou vários? Como fez?

Professor 2: Este ano foi um pouco mais complicado, a sério... não estive tão animada como nos outros anos. Nos anos anteriores fiz apenas um projecto por ano, este ano foram vários projectos.

Entrevistador. E esses projectos tinham alguma coisa em comum ou eram autónomos?

Professor 2: Eu tentei no início do ano, à semelhança do que fiz no ano anterior, que fosse um projecto que englobasse a turma toda, mas os miúdos começaram a querer outra coisa... e eu acabei por deixar... acabei por controlar mas acabei por deixar que as coisas partissem dos alunos e que os projectos fossem vários e não só um.

Entrevistador. E os projectos foram...

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Professor 2 : Eram projectos sobre o desporto... depois quebraram aquilo e quiseram fazer teatro... fizemos então um teatro.

Entrevistador: O produto foi então um teatro... e centrado sobre que tema?

Professor 2: Sobre os problemas deles, sobre a rebeldia, a emancipação, a relação com a mãe, o pai... problemas da idade deles, miúdos do 7.° de escolaridade..., coisas que estão a acontecer com eles...

Entrevistador: E depois deste projecto, fez outros?

Professor 2: Sim, isto acabou no 2.° período. Depois no terceiro período estão a fazer trabalhos sobre a União Europeia... que tem a ver com entrada, agora, dos novos países... e fizeram uma exposição que está agora no átrio... fizeram-na na semana passada... pronto, são peças soltas... estão a fazer um jogo sobre o tema para porem na sala dos alunos...

Entrevistador: Fizeram a exposição e o jogo, foi? E o que valorizou nesses projectos? O que é que considera que eles efectivamente aprenderam?

Professor 2: O que eu valorizo mesmo é a responsabilidade. E assim, eles comprometem-se, eu deixo que eles escolham o trabalho deles, e portanto... mas acho que o que eu valorizo é o facto de eles terem escolhido, e depois de fazerem, de gerirem o tempo, os materiais... e o processo... a responsabilidade de executarem, de fazerem, de se comprometerem com as coisas...

Entrevistador: E outras competências transversais, que não que referiu... por exemplo, o domínio da expressão, da língua...

Professor 2: Eles fizeram pesquisa, elaboraram um guião...

Entrevistador: E nesse processo, como foi a articulação com os outros professores?

Professor 2: (Encolher de ombros e silêncio)

Entrevistador: Trabalhou sozinha, foi?

Professor 2: Foi, foi...

Entrevistador: E o Conselho Pedagógico? Não existem directrizes...

Professor 2: Não, não, não existe nada.

Entrevistador: E ao nível da construção do Projecto Curricular de Turma? A área de projecto foi de alguma maneira considerada?

Professor 2: O conselho de turma... pergunta só... não se importam...

Entrevistador: Mas o conselho de turma não tem sequer curiosidade em saber o que é que está a fazer com a área de projecto?

Professor 2: Sim... sim. Eu digo o que estou a fazer. Tem de ficar em acta e portanto eu digo. Mas apenas isto. Não há nada mais. Digo o que é que os alunos escolheram, o que estão a fazer... eu quando os alunos estão a trabalhar eu digo para eles confirmarem algumas informações com os professores... por exemplo, com o professor de Geografia.

Entrevistador: Mas são apenas situações pontuais, nada de estruturado, coordenado...

Professor 2: Não, não. Eles estão sempre ocupados (risos), têm os testes ou a matéria está atrasada...ou há algum outro problema. Os colegas também pensam um bocado assim: se a área de projecto tem um professor, então... arranja-te.

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Entrevistador. Sim... mas há enquadramentos legais que de alguma forma contrariam essa forma de pensar. Por exemplo, o Projecto Curricular de Turma condiciona a forma de projectar a área de projecto já que as competências a desenvolver devem ser acordadas pelo conselho de turma...

Professor 2: O Projecto Curricular de Turma... é um fazer de conta, não serve para nada, nem sei onde é que ele está... não tem importância nenhuma para o trabalho dos professores, penso eu.

Entrevistador. E como é uma aula típica de área de projecto? Como é que se desenrola a dinâmica da aula, da turma...

Professor 2: Cada grupo desenvolve as tarefas que têm de realizar... eu estou sempre com eles, acompanho o que estão a fazer, resolvo-lhes as dificuldades que eles não conseguem resolver... estou sempre com eles, perto deles.

Entrevistador: E aquando do primeiro momento de avaliação o que pensou, o que é que valorizou para atribuir as menções qualitativas que a legislação determina?

Professor 2: É assim... eu pedi-lhes que até ao Natal... isto é, acordámos o que tínhamos de fazer, não é? Temos de prever um tempo para concluir, não é? Portanto, para mim, o que eu mais valorizo é a capacidade que eles têm de respeitar o que acordámos, de cumprir o que tínhamos combinado. Vejo se eles conseguem fazer o que tínhamos combinado, se trazem os materiais necessários para a aula, se empenham, se estão organizados... têm de se empenhar e pensar em tudo, pois a escola não dá grandes facilidades... os computadores são de difícil utilização, não há normalmente tinteiros, se vão para a biblioteca passado pouco tempo a senhora responsável pela biblioteca vem dizer que eles não podem estar lá... é complicado... por vezes sinto-me um bocado... precisava de ter uma sala com material, com computador... Agora, que estão a fazer o jogo, é só um exemplo, estão a fazer questões de Português, Ciências, de Desporto... de cultura geral... e eu achei que seria interessante fazer as questões em computador, por uma questão visual e de facilidade, pois escrito à mão... mas na escola não foi possível... levei eu para casa e imprimi eu... sinto-me muito limitada.

Entrevistador: A escola não cria condições facilitadoras, não disponibiliza recursos...

Professor 2: Eu sinto isso, não estou a dizer mal da escola... não é isso. Eles até dão. Por exemplo: se precisar de cartolinas... agora com o computador... e depois, deixar alguns na sala e ir com outros para a biblioteca, ensiná-los como se faz com o computador, como se formata... é difícil de gerir estas situações. Eu tenho isto em consideração. São limitações que são alheias a eles. Se eu os sentisse despreocupados, mas não. Eles apesar de tudo estão interessados, animados, com vontade... Pára-se algumas vezes porque não dá mesmo.

Entrevistador: Mas quando dá as menções qualitativas atende a ...

Professor 2: Valorizo o empenhamento, a vontade, o respeito pelo acordado, caso contrário é uma balda, não vamos a lado nenhum. Isto é, respeitar o que planeámos... Valorizo a organização, a responsabilidade, a criatividade e iniciativa do grupo e da turma. Uma turma/grupo motivados para o "seu" projecto tem vontade de ver o seu trabalho concluído, tem soluções... criatividade...

Entrevistador: Conversou com eles inicialmente sobre o que iria valorizar na área de projecto...

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Professor 2: Foi um bocado indo... ao longo das aulas. No início ainda não me conheciam...

Entrevistador. Sim, sim, quando digo no início não quero dizer no primeiro dia de aulas. Há pouco disse que tinham combinado uma série de coisas...

Professor 2: Conversar não conversei, mas penso que eles se aperceberam ao longo das aulas em função daquilo que lhes ia dizendo, mesmo não tendo formalizado com eles esta informação... penso que eles sabiam o que eu valorizava...

Entrevistador. Nenhum deles questionou a forma como foi avaliado na área de projecto?

Professor 2: Não, não. Eu por acaso no 2.° período dei dois ou três satisfaz e eles não questionaram.

Entrevistador: E o que é que valorizou para atribuir essas menções reduzidas de não satisfaz?

Professor 2: Foi a não apresentação do que tínhamos combinado. E o empenhamento mas também o respeito pelo que planeámos, temos de cumprir... eu sei que é um projecto, que pode falhar por vários motivos, mas eu estou atenta, vejo as condições do processo... agora se por algum motivo eles não cumprem, por responsabilidades deles, então eu... foi apenas um grupito, não correu lá muito bem, mas agora já recuperaram, já se recompuseram.

Entrevistador: E isso... eles não protestaram, aceitaram.

Professor 2: Sim, sim...

Entrevistador: Valorizou os produtos...

Professor 2: Avaliei. Valorizei a criatividade do produto, o empenhamento na realização do mesmo, a organização dos grupos para conseguir o resultado final. Basicamente foi isto.

Entrevistador: Então, para si a avaliação o que é? Como é que a entende?

Professor 2: (Pausa) A avaliação é uma imposição. Tem que ser feita. Acho-a uma seca... (risos), desculpe o termo... porque é pedida tês vezes por ano lectivo, contando ainda com as informações intercalares. Nem sempre é possível avaliar produtos quando são pedidas informações. Avalio organização, empenhamento e actividades que estão a decorrer, mas não produtos finais... isolados. Valorizei a responsabilidade, a criatividade e o empenhamento. Ou seja, valorizei a realização e concretização da ideia inicial do projecto.

Entrevistador: E durante o processo... houve alguma chamada de atenção para a situação... para o que estavam a fazer... o que era suposto fazerem...

Professor 2: Houve, houve... chamei-lhes a atenção, fui-lhes falando... dei-lhes tempo para fazerem... se eles se comprometem... têm de cumprir, não é? Mas também espero que eles sejam responsáveis, que assumam os seus compromissos. Depois há uma altura que os aperto, eles percebem... não sei se deverei ser mais directa, dizer-lhes: vejam lá, olhem que vão ter não satisfaz, não sei... não me lembro assim muito da avaliação durante as aulas. Eu sei que os tenho de avaliar...

Entrevistador: Mas para si...

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Professor 2: Não me está sempre a bater na cabeça, não me lembro sempre... acho que é mesmo assim... eles escolhem as coisas, ou escolhemos todos e depois eles têm de as trabalhar, de cumprir. Este ano foi assim... já no ano passado... fizemos um teatro, com uma outra turma...

Entrevistador. Mas este ano, a peça de teatro que fizeram... para quem foi, qual foi o público?Professor 2: Escolheram uma turma, penso que por amizade... também fizemos uma visita de estudo e eles também convidaram a mesma turma.

Entrevistador. E essa visita de estudo, também estava integrada na área de projecto ou...

Professor 2: Foi um pouco a compensação... fomos ao parque biológico de Gaia, agora no início do 3.° período. Como se tinham portado bem... quer dizer, o projecto maiorzinho tinha sido concluído e no 3.° período era apenas coisas mais soltas, como já referi...

Entrevistador. A escola elaborou algumas normas comuns, critérios ou directrizes para a área de projecto? Existe alguma coisa...

Professor 2: Não, não... estou a trabalhar com o que penso ser o mais correcto, estou sozinha.

Entrevistador: E tem alguns registos, utilizou algum suporte documental...

Professor 2: Sim, sim... fiz para mim uma ficha de observação de aula...

Entrevistador: Pode disponibilizar-me...

Professor 2: Sim, sim.

Entrevistador: E tem alguma dificuldade no preenchimento destas fichas?

Professor 2: Não, não, fui eu que as fiz... (risos). Utilizei também uma outra ficha que lhes dou para eles não se sentirem perdidos, mas esta não foi eu que a fiz, retirei-a de um livro sobre a área de projecto, uma ficha de avaliação de trabalho de grupo... assim, como está, o que falta fazer... também faço a auto-avaliação no final de cada período...

Entrevistador: E a auto-avaliação como é que a faz? Que diálogo é que faz com eles?

Professor 2: Dou-lhes uma ficha...

Entrevistador: E eles preenchem-na de uma forma séria, ou não valorizam o que estão a fazer?

Professor 2: Não, não... de uma forma séria. Eu controlo o ambiente.

Entrevistador: E que de maneira valoriza a informação dada pelos alunos na atribuição da sua avaliação?

Professor 2: Eu pego no que tenho e confronto com as informações deles, mas não discuto nada com eles, não sei se estou a fazer bem...

Entrevistador: Não se preocupe com isso. Não é isso que está em causa. A minha função não é dizer se o que está a fazer é bem feito ou não. Apenas ouvi-la sobre o que faz. Não se preocupe com a minha opinião.

Professor 2: Eles participam daquela maneira e eu vou para casa e vejo a opinião que eles têm de si mesmos. E normalmente eles são justos.

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Entrevistador. Não há divergências entre a sua opinião e a deles?

Professor 2: Não, normalmente não há. Quando existe eu falo com eles depois.

Entrevistador: E eles aceitam...

Professor 2: Sim, sim... não questionam, não sei se será pela idade, mas aceitam, aceitam.

Entrevistador: E agora no fim do ano? Por exemplo, as menções não satisfaz que atribuiu, como é a situação actual dos alunos?

Professor 2: Estão bem... melhoraram. Foi uma forma de lhes dizer que o que eles estavam a fazer era, ou não era, o que se esperava deles... é uma forma também de lhes ensinar, há muitas formas... ficaram um bocado apertados... (risos). E que eles vão ter a área de projecto mais anos e não podem pensar que é uma brincadeira, que não se lhes exige nada. Eles encaram as outras disciplinas de outra maneira. Parece que é diferente. Aliás nos primeiros dias aparecem como que seja apenas para descansar, para brincar. E eu digo-lhes: vamos lá trabalhar... e é a sério e quando eles pensam que não é a sério eu lembro-lhes que é a sério. Eu não falho nos materiais que eles pedem... na ajuda que pedem, e portanto eles também não podem falhar.

Entrevistador: Claro que a sua atitude também dá crédito ao valor da área de projecto...

Professor 2: É assim, não falho, trago sempre o que eles pedem para poderem trabalhar. Só que penalizo se eles não fazem... mas tenho de dar o exemplo, não é? E como gosto muito da área de projecto... (risos). Eles têm de respeitar e têm de trabalhar. Mas também depende de mim, não é, do meu exemplo... e eu nunca falho com eles. Se eles querem um gravador... no caso do teatro eles convidaram a turma... fomos falar com o director de turma, tudo dentro dos prazos... temos de cumprir...

Entrevistador: E os pais vieram ver a peça de teatro?

Professor 2: Sim, sim vieram, alguns vieram. E o teatro foi aberto aos professores da turma... mas os professores não foram... nem os professores da turma... fiquei um pouco desiludida... eles vieram ter comigo numa manhã que não tinham aulas, eles vieram ter comigo que estava na escola e não tinha aulas, montámos os cenários... tudo... e eu vejo-os empenhados, interessados, a participar... e correu tudo muito bem... e eles convidaram os professores, colocaram no livro de ponto o convite, mas não apareceu ninguém... e eles disseram: venha ver a nossa peça de teatro, mas não apareceu ninguém...

Entrevistador: Bem... é lógico tendo em conta o alheamento do conselho de turma...

Professor 2: Pois, pois... mas fiquei triste. Convidados e não aparecerem... houve muita dedicação, muito trabalho... Mas já no ano passado não apareceu ninguém... e a turma até fez uns convites...todos bem desenhados... nem os professores que estavam com aulas com eles naqueles tempos apareceram...

Entrevistador: Tem alguma explicação para esse alheamento dos professores da turma em relação ao que os alunos fazem na área de projecto?

Professor 2: Eu não estou a culpar ninguém... deve ser... se há professores responsáveis... eles que façam. O que se está a fazer, eu faço um resumo...

Entrevistador: Mas é apenas para a acta, é?

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Professor 2: Sim, sim... só para a acta. Se não fosse para a acta, penso que não dizia nada. Agora eu gostava que eles estivessem presentes... e no fundo eu acho que os alunos aprenderam coisas, não se respeitavam... e agora já não.

Entrevistador. Há pouco referiu que durante o processo da área de projecto a avaliação não estava presente. Se tivesse possibilidade de fazer uma avaliação como entendesse, se não houvesse determinações legais, como é que faria?

Professor 2\ Fazer uma avaliação como entendesse? O que sinto... não me dão nada... eu sou professora, humana... faço como me parece. Por exemplo, quando dei àqueles alunos o não satisfaz eu pensei: eles agora vão aprender, vão ver que é importante fazer alguma coisa. Eu acho que uso a avaliação com bom senso. Mas era capaz de a dispensar. Mas procuro compreendê-los... eu observo, registo, chamo-lhes a atenção... mas penso que a poderia dispensar, mas valorizaria o cumprimento do que se assumiu, tem de se ter responsabilidade e isto desde pequenino... caso contrário é uma balda e eles na área de projecto podem pelo menos aprender isto. Eles escolheram, assumiram compromissos, mas que aprendam, que tirem daí alguma coisa... mas pronto, a avaliação... bem poderia trabalhar tudo isto com os alunos sem avaliação... a partir de uma certa altura em que eles se envolvem e eu também... penso que eles não pensam na avaliação... eles e eu, também (risos).

Entrevistador: Se eles se implicarem...

Professor 2: Sim, sim... isso é que é importante. Eu também acabo por tirar um certo gozo disto... talvez tenha a ver com a minha formação... eu gosto de fazer, de executar, de chegar a um fim... eu levo-os logo a pensar onde vamos chegar... e a partir daí andarmos ao contrário... por exemplo, se eles querem fazer um teatro, está bem... o que é que teremos de fazer... e por aí em diante. Eu não imponho muito as ideias, apesar de tudo. Respeito muito a individualidade de cada um, a sensibilidade de cada um, o que cada um quer. E eu não esqueço isto na área de projecto... vou-os vendo como pessoas...

Entrevistador. E em termos de avaliação? Falou em individualidade...Pensa neles enquanto pessoas individuais ou enquanto membros de um grupo? Diferencia-os ou não se preocupa com isso?

Professor 2: Sim... eu diferencio-os porque sei o que é que cada um fez. Observei-os, estive muito tempo com eles, sei o que cada um fez... acho eu, pelo menos. Se o trabalho é compromisso daquele grupo e se o grupo falha...

Entrevistador. Mas para si, o que é determinante para diferenciar um aluno dentro de um grupo?

Professor 2: As diferenças deles é pelos que eles fazem... não quer dizer que tenha a preocupação de os diferenciar... eu estou lá... se não fizerem eu vou logo ter com eles...trabalhamos juntos... todos têm de ter tarefas... e eu nesta turma estou muito tempo com eles... tenho artes, área de projecto e eu tenho uma boa relação com eles... nunca tive problemas com eles... não vão para as aulas para perturbar

Entrevistador. Quando avalia os alunos na área de projecto, qual é a sua principal preocupação, isto é, para que é que serve, basicamente, a avaliação que faz aos alunos na área de projecto, qual a sua finalidade?

Professor 2: A principal preocupação é cumprir a legislação. Sou obrigada a avaliar e a apresentar informações nos Conselhos de Turma. Se não fosse obrigada a avaliar não o faria e os projectos seriam feitos do mesmo modo!... O trabalho desenvolve-se em

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grupo e por vezes quando nos é pedida informação sobre os trabalhos desenvolvidos é uma avaliação num estado complicado... não dá muito jeito... (risos).

Entrevistador. Só uma questão final: tem alguma formação sobre a Área de Projecto?

Professor 2: Não, nada. Faço o que posso e sei. Do meu curso tenho algumas noções sobre projecto e a sua metodologia, mais nada. Faço o que sei e o que posso.

Entrevistador. Obrigado por esta conversa. Gostei muito de estar aqui consigo e de conversar consigo sobre estas coisas. A sua participação é muito importante para mim e agradeço-lhe isto.

Professor 2: Não tem de agradecer...

Entrevistador. Sabe que sem a sua disponibilidade, e a dos outros colegas que também participam, eu não poderia fazer este trabalho...

Professor 2: Eu sei, mas não tem de agradecer.

Entrevistador: Eu depois contacto consigo para lhe dar uma síntese da informação da sua entrevista para confirmar...

Professor 2: Obrigado, obrigado. Tive muito gosto, também, em conversar consigo.

Entrevistador. Eu é que lhe agradeço.

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ANEXOS___________________________Entrevista ao Professor 3___________________________

(Junho de 2004)

Entrevistador. Bom dia. Obrigado pela sua disponibilidade em estar comigo e participar neste estudo. Conforme já sabe, esta entrevista é para um trabalho de investigação sobre a avaliação das aprendizagens dos alunos na Área de Projecto que estou a realizar para obter o grau de mestre em Ciências da Educação, área de especialização de Avaliação. Agradeço-lhe bastante a sua disponibilidade para participar neste estudo. Conforme já lhe referi, garanto-lhe a confidencialidade e o anonimato de toda a informação que der nesta entrevista. Não vai ser identificado nem o seu nome nem o da sua escola. Pode ficar descansada. Peço-lhe que esteja à vontade e diga o que pensa efectivamente, sem problemas. Peço-lhe autorização para gravar esta entrevista para a poder transcrever. Vê algum inconveniente?

Professor 3: Não, não, esteja à vontade e faça como entender.

Entrevistador: Gostava que me informasse sobre as suas habilitações e o escalão em que se encontra.

Professor 3: Sou licenciada em Design e estou no 5.° escalão.

Entrevistador: Quando viu no seu horário que tinha a área de projecto qual foi a sua primeira reacção?

Professor 3: Fiquei um pouco preocupada pois tinha duas turmas de área de projecto e como nunca tinha trabalhado em área de projecto ... mas fiquei satisfeita pois iria trabalhar em projecto e como sou de educação visual, para mim, não me é completamente estranho.

Entrevistador: E qual o interesse curricular da área de projecto? Caso pudesse, alterava alguma coisa no seu enquadramento curricular?

Professor 3: O que alteraria são sobretudo situações pontuais. São as cargas horárias, a organização dos horárias. Precisava de uns certos reajustes tendo em conta as necessidades dos projectos. Naquilo que se pode trabalhar com a área de projecto não sei ainda muito, não tenho muita informação. A informação que tenho ainda é pouca, os livros são ainda poucos e a informação que passa nas escolas ainda é pouco organizada, ainda está toda a gente a organizar-se, a escola ainda não tem grandes informações.

Entrevistador: E a escola tem alguma coordenação ao nível da área de projecto?

Professor 3: A escola tem um grupo mas que não funcionou para os professores que estavam a leccionar mas sim num processo de investigação, de tentar perceber o que era a área e como se podia trabalhar. Eles fizeram inquéritos aos professores e aos pais, mas ainda não conheço os resultados.

Entrevistador: Não há directrizes comuns a nível da escola, o conselho pedagógico...

Professor 3: Não, não, não há. Cada um trabalhou por si, o que perturba sempre um bocadinho, sem saber bem por onde trabalhar. Eu orientei-me principalmente pelo interesse dos alunos, virei-me para os alunos e eles é que decidiram.

Entrevistador: E o que é que procurou valorizar com a área de projecto?

Professor 3: Nos alunos?

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Entrevistador: Sim, sim.

Professor 3: Como não havia directrizes comuns a minha preocupação foi centrar-me nas turmas e nos alunos, especificamente, no que eles achavam ser mais importante. Aliás eles tinham mais experiência que eu na área de projecto, já tinham tido no 5.° e 6.° anos e eu era a primeira vez. E nas conversas que tive com eles acabou por se definir um pouco o que seria, pelo menos para mim deram-me a conhecer o que poderia valorizar mais. Mas penso que isto é importante. Partir dos alunos. Mesmo que houvesse directrizes de escola eu iria sempre preocupar-me com isto, com os alunos, com o que eles consideram, o que acham... a área de projecto é de facto feita pelos alunos, parte deles, mesmo que a escola tenha uma orientação. Os alunos é que definem os seus próprios caminhos.

Entrevistador. E olhando agora para trás, o que considera que eles aprenderam?

Professor 3: É muito complicado na minha opinião fazer esses balanços finais porque... eu acho que há várias situações que se vão definindo e os percursos são sempre muito particulares e... a grande questão o que é que aprendemos, ainda por cima em projectos... o que eu penso que eles entenderam e aprenderam teve a ver com as suas próprias posturas em relação às situações que se colocaram. E para mim isto era suficiente. A minha preocupação de avaliação, na observação que fazia deles, era ver como é que eles lidavam com os seus próprios problemas, era isto... Para mim, isto é que era importante. Na falta de outras situações melhor definidas para mim o importante era ver como é que os alunos lidam com as situações, como é que as resolvem e eu acho que eles aprenderam a lidar e a tentar... mas confesso que não foi fácil... e o que é que não é fácil aqui? É nós percebermos o que nós podemos fazer, como é que nós vemos a sala de aula, será que podemos sair da sala de aula... os meios limitam-nos fortemente, a carga horária, o tempo, enfim, há uma série de limitações que depois vêm condicionar. Eu acho sinceramente que para mim, neste balanço, o que eles aprenderam e o que eu aprendi foi como gerir estas situações todas e ao resolver estas questões todos nós aprendemos. Eu confesso que a progressão não terá sido... como hei-de dizer?

Entrevistador: Mas os projectos foram concretizados? Tiveram um produto?

Professor 3: Os projectos foram todos concretizados.

Entrevistador. Concretizaram mais do que um projecto?

Professor 3: Eu logo de início pensei concretizar vários projectos pois da experiência que eu tenho na educação visual um dos problemas dos projectos longos é eles arrastarem-se e perderem interesse. Os alunos ainda não têm a sua autonomia muito assumida, eles não gerem muito bem... e são dependentes um pouco e se aquilo se arrasta muito eles perdem-se. E eu pensei logo nisso, embora as coisas tenham de ser finalizadas, têm de ter um produto e o produto tem de satisfazer, também, que se sintam satisfeitos com o produto e quando isto acontece temos resultados positivos. Agora o que é que aprendemos com isto? Quando perguntamos aos alunos o que é que aprenderam não sei se eles sabem responder a isto. Depende muito dos projectos, eu acho que eles têm muita dificuldade em responder. Por exemplo, no próximo ano vou tentar que eles façam os seus esquemas que eles percebam o que é que estão de facto a aprender, o que é que estivemos a fazer. Estes momentos de paragem são bons e eu este ano não os valorizei muito.

Entrevistador: A área de projecto é uma área aberta, sem conteúdos enunciados, com uma lógica diferente das lógicas disciplinares...

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Professor 3: Exactamente, eu acho importante que eles percebam, isto é importante, e eles acabam por perceber, no fundo, eles poderão ter dificuldade em verbalizar mas eles perceberam. Eles perceberam. Não é um conteúdo como as outras disciplinas, eles sabem isso. Na última aula falámos sobre isso. E depois tem a ver com o tipo de aluno, não é? Uns valorizaram a postura que tiveram ao longo das aulas. O tipo de alunos que nas outras disciplinas se preocupa mais com os conteúdos tem mais dificuldade em perceber o que se passa nesta área. É um tipo de aluno que não valoriza muito a sua postura, os seus métodos, o seu percurso, e .. .e... pois...

Entrevistador: E são os aspectos relacionados com as atitudes os que mais valoriza...

Professor 3: Sim, sim.

Entrevistador: É o que mais avalia na avaliação...

Professor 3: Fundamentalmente o envolvimento dos alunos no processo de construção do projecto. É fundamental, para mim.

Entrevistador: E teve alguma conversa com eles sobre o que iria valorizar na área de projecto? Em relação à avaliação, por exemplo, que tem uma forma de notação diferente das outras disciplinas, conversou com eles sobre estes aspectos?

Professor 3: Conversa... eu tive logo no início do ano, como tenho sempre. Procuro dar-lhes uma panorâmica do que se pretende, do que vai ser a avaliação, como é que é feita... agora falamos no início do ano, mas ao longo do ano não me preocupei muito... aquando da auto-avaliação, no fim de cada período, falava com eles.

Entrevistador: E em que termos é que a auto-avaliação foi feita?

Professor 3: Havia directrizes de escola, havia uma ficha comum. E a minha auto- avaliação organizava-se em função, também, dessa ficha.

Entrevistador: E estas directrizes de avaliação eram comuns e vinculativas ou dependiam dos projectos que cada turma estava a desenvolver?

Professor 3: Toda a escola. As fichas eram comuns. As fichas de informação de avaliação final também são comuns como pode ver. Mas eu uso registos meus, informais.

Entrevistador: E como é que diferencia as três menções de avaliação? O que valoriza como elemento diferenciador?

Professor 3: Resultava do preenchimento da ficha, como pode ver. Na minha opinião as menções de satisfaz, satisfaz bem, não satisfaz são muito redutores e são muito redutores... eu acho que... é muito complicado passar do processo de aula para o preenchimento desta ficha.

Entrevistador: A escola poderia construir, critérios gerais de avaliação, a que faria corresponder os diferentes níveis de avaliação, o satisfaz, satisfaz bem...

Professor 3: Pois, pois... a escola pelo menos está a reflectir sobre o assunto, vamos ver...

Entrevistador. Mas, para si, a avaliação serve para quê?

Professor 3: Bem... para mim serve para situar o aluno na sua própria aprendizagem. E um aspecto importante.

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Entrevistador: E a escola está a ponderar...

Professor 3: A escola está a reflectir sobre a vantagem desta ficha. Não é muito facilitadora. Há aqui duas situações: a que uniformiza toda a escola, e é o problema da avaliação, na minha pouca experiência, mas é a avaliação que tem de ser a mesma para todos e a avaliação do próprio indivíduo, do seu percurso e a área de projecto, na minha opinião, é muito mais centrada no indivíduo do que nos itens comuns a todos os indivíduos, porque cada um é diferente do outro. Estamos numa determinada etapa do projecto mas também estamos num percurso individual. Naturalmente que há uma planificação, mas temos que dar espaço ao indivíduo, ao que é cada aluno. Temos de respostas a cada um. E aqui é que eu entendo que estas fichas são muito redutoras. Quando a estamos a preencher sentimos que nos falta aqui qualquer coisa. Agora como é que isto se vai resolver eu não sei, sinceramente...

Entrevistador: Mas acha importante que uma área desta natureza tenha avaliação? E qual seria a sua função?

Professor 3: Eu trabalhava bem sem avaliação, sinceramente trabalhava. Talvez manteria a auto-avaliação, o aluno auto-avaliar-se...

Entrevistador: E não sente ser importante uma avaliação global do aluno...

Professor 3: Sim, sim, uma apreciação global do trabalho do aluno. Não pode deixar de haver uma apreciação global do que aquele aluno fez, penso que isto é importante. A avaliação não é uma punição a avaliação é uma, está a falhar-me o termo... de chamar a atenção ao aluno mas ao mesmo tempo deve ser uma apreciação, o aluno perceber que aquilo que o aluno faz tem de ter algum sentido, não só para ele, mas... bem o que é importante, voltando um pouco atrás, é que o aluno perceba qual foi o seu percurso, mas também é importante que o aluno perceba que está inserido num grupo, numa turma e numa escola, e daí estas decisões... só por aqui é que eu vejo a necessidade de haver alguma coisa em comum a toda a escola...

Entrevistador: Mas... e a que é que faz corresponder as menções qualitativas na avaliação da Área de Projecto? Por exemplo, a menção de não satisfaz. Há muito alunos com não satisfaz?

Professor 3: Não, não... é natural que não haja. Sendo a área de projecto tão dinâmica, é natural que não haja. Ao longo do processo o professor detectaria e interviria... não há razões para haver não satisfaz... só excepcionalmente. E pelo menos a minha opinião. Se bem que haja muito para observar... e a questão do tempo... acaba por ser difícil. E eu nunca tinha pensado nisto antes de ter trabalhado com a área de projecto e esta conversa também me está a consciencializar para muita coisa.

Entrevistador: Interessante... e como é que os alunos trabalharam na área de projecto?

Professor 3: Eles trabalharam em dinâmica de grupo...

Entrevistador: E valorizou mais a dinâmica do grupo ou cada aluno, individualmente considerado?

Professor 3: Eu valorizei mais individualmente o aluno no grupo. Sempre, sempre. Eu acho que isto é que é importante. Eu não consigo funcionar de outro modo. Mesmo quando há dinâmica de grupo eu não consigo deixar de isolar o funcionamento de cada aluno no grupo. Neste caso eu disse-lhes: vocês vão trabalhar em grupo para viabilizar o projecto, mas a minha observação recai sobre cada um, porque um grupo para mim só

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pode ter valor para dinamizar a situação ou os projectos em causa, é mais interessante... eu acho que eles precisam disso... mas não é fácil...

Entrevistador: E no decorrer da aula, como é que actua, há uma proximidade em relação ao trabalho deles ou...Professor 3: Sim, sim... e eu penso que até demais. Penso que aqui é que residiu o maior problema, penso. E que eu talvez tenha marcado uma presença excessiva, mas acho que o nível etário deles... são muito pequeninos, os seus métodos de trabalho ainda não estão muito desenvolvidos. Eu penso que a área de projecto também é para eles em termos pessoais desenvolverem.., e eles não os têm muito desenvolvidos, para além do problema de trabalharem em grupo, eles não sabem.

Entrevistador: E atendendo que nas outras disciplinas a cultura de avaliação ainda é muito centrada no teste e aqui não sendo...

Professor 3: É uma confusão. Eu sinto que para eles também é confusão. O que é que está a ser valorizado? Se o professor estiver bem informado, se a escola tiver tudo definido, se as coisas estiverem a funcionar como deve ser, as coisas tomam-se mais fáceis, não há tanta insegurança... é que eles não estão habituados a ser avaliados a não ser nos produtos finais imediatos, que são os testes... eu muitas vezes que lhes dizia que o produto final da área de projecto era importante para tudo fazer sentido mas que o percurso é que era fundamental. E eles às vezes não percebem... é muito longínquo, não é imediato, e estes alunos precisam, e eu sinto isto cada vez mais, de uma resposta imediata aquilo que estão a fazer, terem feedback.

Entrevistador: E em relação ao processo eles tinham ideia do que é que estava a ser valorizado?

Professor 3: Isso foi discutido e em cada aula se fazia a análise do que se tinha feito, do que se estava a fazer...

Entrevistador: Há pouco.falou na importância do feedback... como é que o exercia sobre os alunos?

Professor 3: Em relação ao que estava a decorrer e ao desempenho de cada um mas da minha parte penso que deveria ter havido mais informação sobre o que eu estava... qual era a observação, penso que foi um dos área de projecto aspectos em que eu falhei e que para o ano tenciono melhorar, isto é, o que é que foi feito ao longo de um determinado tempo, para eles saberem, tal como têm nas outras disciplinas... mas eles têm muitas dificuldades em perceberem que não é só o trabalho final que conta, mas o que se faz nas aulas... e é um pouco compreensível, nós é que temos de encontrar, de criar mecanismos para eles perceberem... e na área de projecto de tempos a tempos introduzir algo, mesmo feito por eles, do ponto de vista de avaliação, também para eles perceberem que estão em observação.

Entrevistador: Mas eles não tinham momentos de auto-avaliação...

Professor 3: Tinham esta fichinha que não resolveu este problema mas que pretendeu ser um passo para isto... se bem que esta ficha fosse mais do tipo de um balanço, cada um preenchia. E isto no fundo servia para eles se organizarem, como se pode ver pela ficha... e eles faziam isto regularmente, deveria ser de aula a aula mas nem sempre era possível...

Entrevistador: Mas este preenchimento também lhes dava uma certa consciência do que estavam a fazer...

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Professor 3: Isto é que eu considero importante, não é avaliar como...o que é importante é o que é que eu estou a aprender, isto para mim, é que é importante, é saber se eles sabem o que é que estão a aprender, embora eles reconhecessem que nas aulas de projecto também não é forçoso que haja sempre um resultado em cada aula... como nas outras aulas...

Entrevistador. Mas as competências que se desenvolvem não têm de ser sempre necessariamente cognitivas, podem também ser...

Professor 3: Exactamente, a capacidade de eles resolverem os problemas... o que eu penso é que a este nível, do 7.° ano, início do ciclo, não é mal nenhum se nós começarmos pelo processo, assimilar o método, entender, perceber como é que se trabalha em grupo, no contexto de uma turma...

Entrevistador: E que projecto é que a turma desenvolveu? Foi um projecto ligado...

Professor 3: Foi a solidariedade. Eles queriam um projecto centrado na solidariedade, qualquer coisa neste âmbito. Foi um projecto sobre o cantinho dos animais abandonados de Viseu. Tudo partiu deles. Nós fizemos... inicialmente cada um escolheu individualmente e depois houve um processo de escolha de que resultou num projecto da turma. Este projecto previa uma angariação de fundos. Mas isto poderia ficar apenas limitado à escola e sem grande sentido. Não era isto que queria. Para isso, eles pesquisaram, informaram-se, foram ver o espaço, recolheram informações sobre o assunto... aliás inicialmente o projecto nem tinha esta vertente. Eles queriam era ser solidários com alguém. Foi engraçado. Não fomos logo para O Cantinho. Houve vários. Muitas instituições da cidade foram discutidos, mas recaiu sobre o Cantinho. O produto final foi o dia na escola sobre O cantinho dos animais, com recolha de fundos, um processo que foi muito demorado... mas correu muito bem, foi um dia de festa, foi um sucesso. A representante do cantinho esteve presente e de tal maneira gostou do trabalho que eles fizeram nível de painéis e de informação que vai ser utilizada no espaço do cantinho dos animais na Feira de São Mateus. Tudo resultou muito bem, com um ar de festa... e eu penso que se conseguiu transmitir, a levar as pessoas a participar, a senhora trouxe animais para eventuais adopções, eles viram isso tudo, viram como é que tudo funcionava. Para mim houve uma coisa muito interessante, eles são muito jovens, mas eles perceberam onde é que estão as dificuldades quando queremos desenvolver um projecto destes, onde é que as coisas correm melhor, o que temos de fazer... e eles perceberam muito bem isso.

Entrevistador. Para si, então, o grande balanço que faz foi o facto de eles terem vivenciado a construção de um projecto...

Professor 3: Sim, como se constrói e como é que se pode atingir um produto final com bastante satisfação, não apenas centrado no grupo que o desenvolveu mas que salte para fora, para a comunidade e neste caso penso que funcionou, o eles conseguirem resolver, ajudar... e isto foi muito engraçado. Eles todos querem resolver o problema, mas constatam que não é assim, que nem sempre se podem resolver os problemas, mas vão percebendo que as coisas não funcionam assim... são estas situações vivenciadas...

Entrevistador. E esse produto qual é a avaliação que faz?

Professor 3: Pois, este produto é o resultado, não foi avaliado isoladamente. E há um aspecto de que eu não falei atrás. E que há alguns alunos que fazem trabalhos em casa, ou seja, além da investigação que fazem na escola fazem também trabalhos em casa... há poucos recursos na escola. Ou os computadores não estão disponíveis ou as impressoras não imprimem e há uma série de coisas que têm de ser feitas em casa. Para

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mim, um dos grandes dramas da área de projecto está nos meios, na acessibilidade dos meios.

Entrevistador. Mas a escola não disponibiliza meios...

Professor 3: Às vezes é difícil. E repare... este projecto, da solidariedade, pode-se resumir a nada. Tem de ser na escola, tem de reflectir na comunidade... é feito numa escola, e a escola tem de se organizar, tem de dar resposta. Os alunos precisam de informação, têm de se informar, o que já está feito, como se faz. E em relação ao produto final, o que acontece é que nem todos os alunos participam de igual modo. Como é um trabalho de grupo acontece com alguma frequência que há alunos que não fazem tudo, ao mesmo ritmo dos outros. Mas eu acho que . nós podemos ultrapassar facilmente isto do ponto de vista de avaliação se estivermos atentos ao percurso de cada aluno, o que cada um fez. É a importância das aulas e dos balanços que se fazem, para se saber o que é que cada um está a fazer, vamos tentando diferenciar,... o melhor que somos capazes, nós também estamos a aprender, não estamos muito habituados a trabalhar assim.

Entrevistador: Claro. Uma dos aspectos mais interessantes, se bem que implique alguma dificuldade, é que a área de projecto exige uma lógica de funcionamento completamente diferente da lógica tradicional, disciplinar...

Professor 3: Temos de nos adaptar. É uma área interessante.

Entrevistador: Defende o interesse curricular desta área?

Professor 3: Sim, sim. Para mim, e eu não sei se já disse isto antes, o que é mais limitativo é o tempo, a rigidez do tempo. Para mim era preferível ter um tempo semanal, pequeno, para fazer pontos de situação, mas, depois, deveria haver mais tempo para poder realizar alguns projectos que de outra forma se toma muito difícil concretizar. E que o que acontece é que com os tempos actuais, nós entramos, começamos a organizarmo-nos, o que já se fez, o que vamos fazer e estamos quase no fim ,... é difícil gerir o tempo.

Entrevistador. Bem mas os projectos têm de se adaptar ao tempo, não é?

Professor 3: Sim, sim, claro.

Entrevistador. E ao nível do conselho de turma como é que a área de projecto é entendida? Há algum trabalho de coordenação? Por exemplo, aquando da construção do Projecto Curricular de Turma como é que a área de projecto foi integrada?

Professor 3: Não houve nada, não aconteceu nada. Os professores não coordenaram nada. Mas penso que a culpa poderá ser minha. Eu também poderia ter transportado a área de projecto para o conselho de turma, o que estava a fazer, m as...

Entrevistador: Mas a situação pode também ser posta ao contrário. Do ponto de vista normativo, o Projecto Curricular de Turma é um documento de construção do conselho de turma, um documento estratégico do que se tenciona fazer nesse ano lectivo e nesta perspectiva é da responsabilidade de todos. Aliás a área de projecto concretiza competências transversais...

Professor 3: Exacto, pois, mas... cada um está preocupado com a sua disciplina... as pessoas não funcionam em equipa, a área de projecto não aparece como importante para os outros professores, não lhe foi dada relevância, apesar da sua importância...

Entrevistador. E o conselho de turma nunca questionou a avaliação, qualquer aspecto que tivesse a ver com o que se estava a fazer com a área de projecto?

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Professor 3: Não, não. Eu ia informando, mas... penso que nada de importante. Os professores estão distantes... estão é atrapalhados, preocupados com as suas disciplinas, com as voltas que os currículo deu... os professores estão é preocupados consigo e o seu trabalho. Estaria correcto envolver os outros professores, mas vejo como muitodifícil...

Entrevistador. Então as competências transversais da área de projecto...

Professor 3: Não foram conversadas em conselho de turma. Fui eu que decidi... o conselho de turma não tem grande interesse, grande preocupação, o professor responsável pela área de projecto que faça as coisas, ele é que sabe... se eu tiver necessidade de alguma coisa falo pontualmente com algum professor...

Entrevistador: Mas são situações pontuais...

Professor 3: Sim, sim, pontuais... não há nada planificado. Em termos de minha experiência penso que seria mais um assunto para o conselho de turma...

Entrevistador. Mas nem na avaliação o conselho de turma se preocupa...

Professor 3: Não, a área de projecto é a última nota, é dada... e pronto, as coisas andam. E o que é que se há-de fazer? Não é assim que se avaliação alia? Temos de dizer se satisfaz, se não satisfaz... é como se fosse 1, 2, 3 ... não há nenhum questionamento.

Entrevistador: Eu estou a questionar isto porque a área de projecto trabalha com competências transversais, que se reflectem, também, nas outras disciplinas...

Professor 3: Mas para envolver o conselho de turma na avaliação nunca poderia ser assim... teria de haver intercâmbio de informação... um outra atitude... a avaliação é apenas ditar... não há nada mais.

Entrevistador. Nós temos uma atitude muito fechada...

Professor 3: Eu própria tenho dificuldade em lidar com isto... eu só agora é que me vou consciencializando do que a área de projecto implica... não é fácil, exige conhecimento, informação, outra forma de trabalhar...

Entrevistador: Mas o Projecto Curricular de Turma serve exactamente para isto. Para os professores acordarem as grandes linhas estratégicas do seu trabalho com a turma...

Professor 3: Pois, pois... talvez se a escola organizacionalmente tivesse algumas directrizes... agora ao nível do conselho de turma vejo como muito difícil trabalhar de outra o modo do que o tradicional. Nesta fase... como disse a escola tem um grupo que está a pensar sobre o assunto... vamos ver no que vai dar, mas de momento...

Entrevistador: Quero agradecer-lhe esta entrevista que considero muito interessante...

Professor 3: Obrigado. Gostei muito, também...

Entrevistador: Agradeço-lhe, de novo, a sua disponibilidade. Gostava de saber uma coisa: tem alguma formação específica em relação à Area de Projecto

Professor 3: Não, nada, apenas algumas noções de projecto e de metodologia de projecto... adquiri no curso... de resto nada.

Entrevistador: É um problema realmente esta questão da formação.

Professor 3: Pois... se é (risos).

Entrevistador: Eu depois contacto consigo para lhe mostrar um resumo da sua entrevista, está bem?

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Professor 3: Obrigado, está bem. Estou à sua disposição.

Entrevistador. Obrigado. Obrigado.

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ANEXO 6___________________________ Entrevista ao Professor 4___________________________

(Junho de 2004)

Entrevistador: Boa tarde. Obrigado por estar aqui e pela sua disponibilidade em participar neste meu estudo. Conforme já sabe, esta entrevista é para um trabalho de investigação sobre a avaliação das aprendizagens dos alunos na Área de Projecto que estou a realizar para obter o grau de mestre em Ciências da Educação, área de especialização de Avaliação. Agradeço-lhe, novamente, a sua disponibilidade para participar neste estudo e reafirmo-lhe as garantias que já lhe dei de confidencialidade e anonimato de toda a informação que disser nesta entrevista. Nada vai ser identificado. Nem o seu nome nem o da sua escola. Pode estar à vontade e dizer o (jue pensa, sem constrangimentos. Vê algum inconveniente em gravar esta entrevista? É por causa da sua transcrição. Tenho a sua autorização, posso gravar?

Professor 4: Sim, sim.

Entrevistador: Obrigado. Gostava que me dissesse, primeiramente, qual a sua formação e em que escalão da Carreira Docente se encontra.

Professor 4: Sou licenciado em Design e estou no 6.° escalão.

Entrevistador: Quando viu que ia ter Área de Projecto qual foi a sua ideia

Professor 4: Fiquei satisfeito. Eu já tinha alguma experiência na área de projecto nos anos anteriores e já tinha coordenado em anos anteriores, noutra escola, a área de projecto.

Entrevistador: E numa perspectiva curricular, considera pertinente a área de projecto?

Professor 4: Eu acho interessante. Pessoalmente penso que não é imprescindível. Quem sente que esta área como imprescindível são as pessoas que estão ligadas a disciplinas com uma forte carga teórica em contraponto com outros professores, como é o meu caso, que tendo formação em Educação Visual sempre trabalharam deste sempre nesta metodologia... uma metodologia de projecto. Qualquer conteúdo teórico é passado aos miúdos dentro de um trabalho, de um contexto próprio, de um trabalho com uma metodologia desta natureza, usando uma avaliação muito parecida, que se baseia fundamentalmente valoriza mais os processos e menos o conteúdo final. A maior parte das disciplinas busca muito o produto final, a prova do conhecimento... ele mostrou que sabe ou não mostrou que sabe... portanto eu, pessoalmente, não sinto que seja imprescindível porque... se outras disciplinas fizessem, também, este trabalho este tipo de competências passava para os alunos e os alunos, pelos menos alguns adquiririam estas competências, pois nem com a área de projecto, também, todos os alunos adquirem, também, todas as competências.

Entrevistador: Falou há pouco na valorização do processo, na sua importância. Do ponto de vista da avaliação isto tem consequências, como é que a vê, qual é a ideia, qual é o sentido que a avaliação tem para si neste contexto...

Professor 4: Bom... Eu acho que isto é o fundamental dentro desta disciplina porque quem tiver a tentação de avaliar os produtos na minha opinião, na minha humilde opinião, estão a falhar. Eu julgo que aquilo que nós queremos, aquilo que querem que nós consigamos com esta disciplina só se consegue se nós investirmos tudo nos processos. A avaliação é importante mas a avaliação dos processos... o produto final...

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nós temos, eu pelo menos em relação aos meus alunos finjo que é importante, mas para mim não é importante, apesar de fazer sentir que é.

Entrevistador: Bem de qualquer dos modos, a sua escola olha a área de projecto de que forma? Por exemplo, ao nível da coordenação a escola exerce alguma...

Professor 4: Existe um coordenador que coordena também outras áreas e os clubes e que coordena também a área de projecto...

Entrevistador: E o seu conteúdo funcional está definido?

Professor 4: Eu... a mim parece-me que a coordenação está feita num sentido mais administrativo... Por exemplo, no início do ano quando foi necessário distribuir alguns documentos reuniram-se os professores da área de projecto e... pronto é uma reunião onde o coordenador consegue falar para todos ao mesmo tempo, não é? O que não quer dizer que se faça um trabalho de coordenação, que se façam questões uns aos outros... não.

Entrevistador. Não há troca de opiniões entre os professores...

Professor 4: Não, não.

Entrevistador. E o conselho de turma, como é que aborda a área de projecto... por exemplo, no Projecto Curricular de Turma... a área de projecto é referida de alguma maneira?

Professor 4: E referido o que não quer dizer que seja considerado de muito relevante. Nós sabemos que qualquer tipo de informação que possa enriquecer o Projecto Curricular de Turma é bem vinda, não é? Mas não é uma área que seja coordenada pelo conselho de turma. Em sede de conselho de turma não se coordena, não se discute, apenas há uma comunicação, não sei se se pode dizer, unívoca...

Entrevistador: Num só sentido, não é.

Professor 4: Exactamente. O professor da área de projecto comunica aos colegas o que se vai fazer, o que estão a fazer...

Entrevistador: Não há mais nenhuma informação... Por exemplo, o conselho de turma não discute, por exemplo, que competências a área de projecto deveria privilegiar... que critérios se deveria ter em conta...

Professor 4: Não... não... O que aconteceu... aconteceu foi que numa das primeiras reuniões foram dadas todas as informações...

Entrevistador: E quem é que deu estas informações? Foi o conselho pedagógico?

Professor 4: Não, não, penso que veio do ministério.

Entrevistador: E possível ter acesso a essa informação?

Professor 4: Sim, sim... ela é pública, toda a escola pode ter acesso a ela. Mas a proveniência da informação é do ministério... ao nível do conselho de turma não se produziu nada... havia mais coordenação quando tínhamos a área escola, se bem que fosse uma mais por necessidade, não por gosto, tínhamos de dividir as horas...

Entrevistador: Tinham de negociar muita coisa, não era?

Professor 4: Exactamente, quem dava as horas necessárias, quais as disciplinas... era por isso e não por devoção, por interesse... Agora não se negoceia nada, está tudo negociado à partida, não é?

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Entrevistador. Como é que apresentou a área de projecto aos seus alunos, atendendo à lógica diferente com que a área de projecto funciona?

Professor 4: Eu... usando uma expressão terra a terra abri o jogo e disse-lhes que íamos trabalhar de maneira diferente, que ia ser avaliada de maneira diferente, que a avaliação também teria uma escala diferente, que seria qualitativa, com objectivos diferentes...

Entrevistador. E falou-lhes disso tudo?

Professor 4: Sim, principalmente dos objectivos diferentes da disciplina. Não sei se todos teriam percebido tudo, mas, hoje, no fim do ano, penso que a grande maioria deles percebeu.

Entrevistador. Pelo menos foram-se apercebendo que estavam a trabalhar de modo diferente, não? E o que é que reforçou nessa diferença do ponto de vista curricular?

Professor 4: Eu tenho alguma facilidade em conversar isto com os alunos pois eu em Educação Visual digo quase o mesmo. Não é bem o mesmo pois na Educação Visual o produto tem mais importância que na área de projecto, apesar de na minha opinião também não dever ter muita. Bem... o que eu lhes disse foi que o que eu queria ver, o que eu quero avaliar, a nota que eles vão ter, pois eles só funcionam assim, a nota é em fiinção do modo como eles fazem e não do produto do trabalho... portanto o que eu quero é que eles venham às aulas, isto é importante atendendo aos alunos que nós temos, que trabalhem nas aulas, de uma forma empenhada, que se interessem pelo trabalho, que sempre que seja preciso algum material, por exemplo, amanhã é preciso trazer determinado material e eles o tragam, isto é, assim mostram interesse pela disciplina, e principalmente, porque é uma coisa a que eu dou mais importância, que trabalhem bem em grupo. Nesta disciplina é o nosso último refugio, o trabalhar em grupo, sistematizarmos o trabalho em grupo, já que nas outras disciplinas não temos tempo para isso, para se trabalhar em grupo.

Entrevistador. Mas como a área de projecto é uma área muito livre, com um grande espaço de liberdade, não é, há uma grande possibilidade...

Professor 4: Deve ser realmente aproveitada para se trabalhar em grupo. Eu julgo, penso que eles se aperceberam que o resultado do trabalho de um ano poderia ser o menos importante, bem... perceberam isto, também, de uma forma parcelar, isto é, como disse há pouco eles têm de pensar que o produto final também vai ter uma avaliação, não é? Também lhes fiz sentir que o trabalho deles ao longo das aulas tivesse qualidade obviamente o produto final também irá ter qualidade, já que uma coisa está ligada à outra.

Entrevistador. Isso é interessante... é uma forma diferente de os alunos verem o resultado do seu trabalho, não é?

Professor 4: Pois, há que investir no processo, na minha opinião.

Entrevistador: Para si, os critérios que referiu, o interesse, o empenhamento pelo trabalho, são os fundamentais ou depois utiliza também outros para fazer a avaliação do processo? Como é que vê, com que olhar, digamos assim?

Professor 4: Eu julgo que eles não sabem, mas quem define a nota deles no final do período são eles e a turma.

Entrevistador: Tem alguma conversa com eles... sobre o que será importante avaliar? Tomam parte na escolha dós critérios? Como é que faz?

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Professor 4: Sim, sim... tomam...eu dou-lhes espaço para eles definirem algumas das competências que eles julgam que devem ser avaliadas. Num dos impressos que eu uso, há um quadro com as competências e está um espaço em branco que eles podem preencher...

Entrevistador: E eles usam por norma esse espaço? Escrevem qualquer coisa?

Professor 4: Normalmente... isto é uma boa pergunta. A maioria não escreve mais nada. Aproveita as que estão lá. Talvez 5 a 10% por vezes escreve mais qualquer coisa.

Entrevistador. E isso depois é conversado com eles, como é que faz?

Professor 4: Sim, sim... é conversado com eles, mas não fazemos muita conversa neste sentido... por exemplo, na minha outra disciplina de Educação Visual em cada área de trabalho nós definimos os critérios, de uma forma diferente, o que vai ser avaliado, o que não vai ser... na área de projecto esta conversa só a faço uma vez. São sempre as mesmas competências.

Entrevistador. Mantém essas competências ao longo do ano. E que tipo de actividades é que os alunos fazem para desenvolver essas competências? E o mesmo projecto ou fazem vários? Como é?

Professor 4: Ao longo da minha curta carreira tenho variado. Eu não gosto de fazer sempre da mesma maneira. Para já é um desafio se eu alterar qualquer coisa. Este ano foi um mesmo projecto para todo o ano lectivo. E um trabalho muito, muito rico, exige muito tempo, exige uma série de actividades diferentes, que se complementam.

Entrevistador. E qual é o projecto?

Professor 4: Bem... o produto final foi, é, uma foto novela. Cada grupo de trabalho da turma produziu uma foto novela desde o ponto zero até ao produto final, desde a escolha do tema, a construção de uma história, o guião, a recolha de materiais para depois fazer a produção propriamente dita, a fotografia...

Entrevistador: E este tem foi sugestão sua ou eles...

Professor 4: Eu vou ser honesto... como fui até aqui nesta conversa. Eu não impus, mas fui sugerindo...

Entrevistador: Bem, mas de qualquer modo envolveu-os...

Professor 4: Sim, eles foram de corpo e alma, de corpo e alma. De qualquer maneira eu gostava muito de fazer esta experiência, já tinha feito uma parecida em educação visual, no 9.° ano, tinham demorado um período lectivo. Eu achei que em turma de 7.° ano tentando abordar partes do trabalho de forma mais profunda era um tipo de trabalho que poderia funcionar bem ao longo de todo o ano. E funcionou muito bem e vão terminar agora e vão fazer uma bonita exposição.

Entrevistador: Eles construíram a história toda?

Professor 4: Tudo, tudo... familiares deles, amigos que vieram à escola, entidades...mas eu expliquei-lhes porque é que eu gostava de um trabalho deste género. Eu já tinha tido área de projecto noutra escola, três ou quatro anos, e gostava de trabalhar o currículo desta forma... a área de projecto já é conhecida desde o início... aquilo que eu vejo quase sempre em todas as turmas o que é? Escolhem-se aqueles temas que são banais: droga, adolescência, tabaco, GNR, bombeiros, bem... eu... bem não quer dizer que estes temas não sejam importantes mas não me estava a apetecer que eles fossem para a biblioteca, mais uma vez, fotocopiassem uns livros, fossem à Internet

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e imprimissem uns textos e pôr uma lombada e estava o trabalho feito... não me apetecia fazer um trabalho desse género. Fala-se muito que é importante motivar os alunos... os professores também... eu gosto de ser professor da área de projecto mas também gostaria de estar motivado...

Entrevistador. Caso contrário dificilmente conseguirá motivação dos alunos, não é?

Professor 4: E um trabalho desses não me motiva minimamente, zero. Não me motiva, não tem significado nem tem nada de novo. O que é que eu fiz? Depois de ter feito uma recolha, uma espécie de um diagnostico do que eles fizeram no ano passado, na outra turma... que temas abordaram, como é que abordaram... bateu tudo certinho... biblioteca... Bem disse-lhes que temas é que gostariam de tratar este ano... e bateu tudo certo, também, os mesmos temas...Bem, eu tinha de arranjar uma perspectiva, uma abordagem completamente diferente... e então o que é que lhes sugeri... se eles quisessem abordar a toxicodependência então inventavam uma história em que abordassem o tema e que integrasse o projecto da foto novela. Inventava uma história a partir do tema. Isto é um trabalho, eu julgo que é, na minha opinião é muito rico porque é um trabalho que envolve mesmo a comunidade, eu já tinha experiência de outros anos. A família, fala-se tanto nas famílias, estão lá nas fotografias, avozinhas, tios... estão nas fotografias, e o primo... como actores, foram fotografados, estão a desempenhar um papel, foram fotografados assim... porque tinha determinados níveis de qualidade que tinham de ser cumpridos, não é?

Entrevistador. E nesses níveis de qualidade, nessas competências... estou a lembrar- me, por exemplo, da capacidade de escrita, havia alguma interacção com outros professores da turma, como o professor de Português, por exemplo. As competências foram trabalhadas em articulação com outras disciplinas...

Professor 4\ Não, não...

Entrevistador. Trabalhou sozinho, com a sua competência...

Professor 4: Bom... eu não quero culpar os outros professores...

Entrevistador. Não, não... não é isso, apenas ver o modo de funcionamento...

Professor 4: Minha culpa, eu não pedi ajuda. Voltando aos conselhos de turma... hoje em dia há muito esta atitude... olhem eu vou fazer isto, não vos chateio e eles quase que me agradecem. Quando no conselho de turma alguém pede qualquer coisa... (risos) e então isto também ter a ver com o meu contexto, este ano... eu estava de novo numa escola e eu senti... bem se eu começo a chatear já ... qualquer dia ninguém me quer ver à frente... pode ser que para o ano possa ser diferente... agora eu aceito que... bem o trabalho poderia não ter mais qualidade, isto é, os alunos é que os iriam fazer, a professora de português teria mais competência que eu...

Entrevistador: A questão é que esse projecto, essas actividades poderiam permitir um trabalho mais em conjunto por parte dos professores... o desenvolvimento de competências transversais que aliás são uma exigência curricular...

Professor 4: Sim, sim... mas isto é uma prova da riqueza deste trabalho. Este ano não fiz isto. Com a participação de outros professores poderia ter sido melhor. Assim demorei mais tempo...

Entrevistador: Controlou melhor o processo assim, foi?

Professor 4: Bem... eu não fazia questão de controlar todo o processo... Como estava num meio novo não quis...

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Entrevistador: E em relação à avaliação da área de projecto alguma vez foi questionada, algum professor mostrou qualquer interesse, curiosidade...

Professor 4: Não, não... em acta há sempre um pequeno parágrafo, um ponto da ordem de trabalhos destinado à área de projecto e ao estudo acompanhado...

Entrevistador. E qual é o conteúdo desse...

Professor 4: Se está a correr tudo bem, se as planificações estão a ser cumpridas... e eu digo que sim... pois não é? Se eu é que sou o responsável ia dizer que estava a correr mal, não?

Entrevistador. E a avaliação da área de projecto, como a entende, como é que a concretizou? Os alunos tiveram alguma intervenção, quando, a que nível... participaram na sua auto-avaliação?

Professor 4: A avaliação é um balanço. A avaliação do final do período é pouco discutida. E muito discutida é durante o período, porque eles têm registos de avaliação que vão sendo preenchidos... no final do período é só fazer contas, fazer contas entre aspas, é fazer corresponder... Preocupa-me fundamentalmente na área de projecto maia do que a auto-avaliação, que é muito importante, a hetero-avaliação, sou mais adepto...

Entrevistador. O olhar dos outros...

Professor 4: Sim, porque o trabalho em grupo... dificilmente é bem avaliado por nós próprios, temos dificuldade em ver tudo... pode-nos passar ao lado muitas coisas, as nossas reacções, as nossas intolerâncias...

Entrevistador: Os alunos divergem muito nas avaliações que fazem em relação à auto- avaliação?

Professor 4: Às vezes divergem entre si, mas o motivo que identifico mais vezes como explicativo das divergências são as amizades que existe entre eles.

Entrevistador: Contamina, não é? ... mas é natural.

Professor 4: Mas fico triste, não conseguem abstrair-se disto... Eles fazem três tipos de avaliação: a auto-avaliação, a hetero-avaliação e depois o grupo no seu conjunto, depois, avalia o grupo.

Entrevistador: E têm registos...

Professor 4: Sim... sim... No início do ano construí isso tudo... Penso que é fácil de usar. Nessa avaliação de grupo eles têm de se questionar em relação a isto: o que é que está planificado para hoje, o que é que fizemos? Depois avaliam-se... em três níveis... eu nunca fugi destes três níveis para depois ser mais fácil fazer a transposição para a avaliação qualitativa sumativa da área de projecto. Eu tentei sempre confrontá-los com a sua própria planificação.

Entrevistador: E na tradução final da avaliação? O que vai fazer corresponder às três menções qualitativas de avaliação da área de projecto? O que distingue, para si, um aluno de satisfaz de satisfaz bem, por exemplo?

Professor 4: Em relação a estas menções vou deixar que as estatísticas mandem.

Entrevistador: Vai fazer uma tradução sumativa dos elementos obtidos? Como é que faz isso?

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Professor 4: Vou ver se consigo fazer isto sem me deixar tentar por fazer algumas correcções, alguns ajustes, que às vezes faço até em educação visual... eu acho que a forma mais honesta de fazer avaliação sumativa é pegar no que está para trás, cruzar os critérios e as dimensões que definimos e depois ver o que dá... se dá 4 dá quatro. Mas muitas vezes acontece que nós pensamos... eh, pá... mas este aluno merece 5, e porque é que merece 5? Porque se calhar nós criámos essa imagem dele por nunca ter falhado com os materiais, por ser interessado, por ser empenhado, pelos seus trabalhos terem tido qualidade... só que se fizermos a média daquilo que se tem... isto na educação visual; na área de projecto é mais simples, não é de 1 a 5, são só 3 degraus... e eu já fiz isso. Já decidi premiar alunos com satisfaz bem.

Entrevistador. E quando diz premiar... para si é premiar o quê?

Professor 4: Premiar o empenho, a regularidade, o seu trabalho...

Entrevistador. E eles têm a noção de que quando estão a fazer auto-avaliação e hetero- avaliação estão a posicionar-se nesses níveis ou não?

Professor 4: Eles têm a noção disso... mas eu tento fugir a isso, a essa possível batota da parte deles ao pedir-lhes no final do período uma síntese descritiva, e então eu peço-, lhes cruzinhas, letras... mas depois vou confrontar com a síntese descritiva que eles fizeram e tem de bater certo. Uma das coisas que avalio no final do período é a coerência da síntese descritiva em relação ao resto, tento responsabilizá-los... A auto- avaliação só conta se for coerente com o resto. Em educação visual, por exemplo, eu peço-lhes uma auto-avaliação de todos os trabalhos práticos que eles fazem, e alguns deles põem sempre satisfaz bem, satisfaz bem... e depois nas sínteses descritiva dizem que não tiveram tempo para fazer tudo... eu exijo sempre a coerência. Para mim, as cruzes não valem muito. Ponho sempre as cruzes com a síntese descritiva... e as coisas têm de bater certo umas com as outras e se baterem certo eu considero a auto-avaliação deles na avaliação final. E serve para tirar dúvidas, inclusivamente.

Entrevistador. E chega a conversar com eles sobre isso?

Professor 4: Sim, na última aula do período chegamos a conversar sobre isso, e eles sabem o que é que vale mais, o que vale menos... mas não se preocupam muito com essas coisas... talvez por serem miúdos do 7.° ano de escolaridade.

Entrevistador. Não nota que eles estão motivados por isso, por terem uma avaliação sumativa boa...

Professor 4: Esquecem-se disto durante o processo. O que mais os preocupa durante o processo, durante o período todo, o busílis da questão é o trabalho de grupo, é o que pode definir se tudo corre bem se tudo corre mal, basicamente é isto e todas as avaliações deles normalmente ficam muito presas à qualidade do trabalho de grupo.

Entrevistador. E tem algum critério especial para constituir os grupos?

Professor 4: Eles gostaram muito do modo como eu constituí os grupos. Foi uma mescla de decisões minhas e deles. Queria 5 grupos... então escolhi dois elementos para cada grupo e depois cada um foi escolhendo o grupo em que gostaria de ficar... eles foram indexando aos diferentes grupos... os alunos que normalmente são rejeitados escolheram os grupos onde queriam ficar, e a coisa correu relativamente bem. Definir grupos com turmas de 30 alunos são 90 minutos.

Entrevistador: Sim, admito que sim. O processo tem de ser bem controlado...

Professor 4: Sim... bem gerido, as emoções... tudo.

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Entrevistador. E os grupos mantêm-se estáveis ao longo do ano?

Professor 4: Sim. Houve algumas mudanças pontuais. Se eles quiserem mudar terão sempre de justificar porquê, e eu sempre que considerei pertinente aceitei.

Entrevistador. Agora que estamos no fim de ano, se lhe perguntassem que competências tinham os alunos desenvolvido com a área de projecto, o que é que de facto eles aprenderam?Professor 4\ Eu acho que eles aprenderam duas coisas fundamentais, na minha opinião. Uma tem a ver com a área de projecto propriamente dita e a outra tem a ver com este trabalho específico que desenvolveram ao longo do ano. De certeza que eles agora sabem trabalhar em grupo de uma forma... com mais qualidade, pois bateram muito com a cabeça...

Entrevistador: E isso é como uma certeza que tem?

Professor 4: Sim, tenho, mas também era uma competência muito muito fácil de atingir... bem as competências podem verificar-se em graus, não é? Eles podem ter uma competência desenvolvida a vários níveis, não quer dizer que seja sempre o máximo. E neste caso eles trabalham melhor, tenho a certeza.

Entrevistador: Isso foi uma das dimensões que valorizou...

Professor 4: Sim, se me perguntarem se eles trabalham melhor em grupo eu tenho a certeza... não quer dizer que trabalhem de uma forma perfeita... mas isso nem os adultos... mas trabalham muito melhor que no início do ano, tenho a certeza. E isto advém da área de projecto. Em relação a este trabalho que desenvolveram eles aperceberam-se que em relação às aprendizagens pode haver muito mais coisas para além do professor que está ali e da sala de aula.

Entrevistador: E concretamente eles desenvolveram que competências?

Professor 4: Eles aprenderam muita coisa... não sei se é uma competência se um conhecimento... eles ficaram a saber que... um trabalho pode levá-los para fora da escola, envolver a comunidade, a família...

Entrevistador: Que não se aprende apenas no espaço da aula...

Professor 4: Exactamente. Que a escola pode ser muito mais que a sala de aula. Agora as outras competências mais específicas...

Entrevistador: Não foram valorizadas por si neste projecto?

Professor 4: Não foram muito, acho que tiveram uma importância secundária. Para mim, não era isso que era fundamental. De qualquer maneira tinha exigências em relação à qualidade do texto... não há erros ortográficos... Numa foto novela temos texto, balões de diálogo, fotografias... se fosse detectado algum erro era emendado... houve sempre esses critérios... e isto fez com que eles tivessem uma melhor competência na escrita... penso que sim, penso que ajudou. Pelos menos ajudou a perceber que isto está mal escrito, não pode ser, temos de emendar... pois muitas vezes eles não querem saber nem dão importância a esse assunto. Foi isto essencialmente.

Entrevistador: E em relação a estes instrumentos de avaliação...

Professor 4: A hetero-avaliação é a hetero-avaliação do grupo, auto-avaliação ... as fichas foram construídas de forma a serem de uso fácil, de forma a que eu possa olhar e ver logo qual é a tendência dos alunos, vejo logo... a avaliação contínua tem esta ficha. Eu vejo o tipo de avaliações que o grupo fez de si próprio e depois transfiro para aqui.

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Pode ver que cada aluno é avaliado pelo o que cada um dos outros acha dele, pelo que ele acha de si próprio e pela avaliação que o grupo faz... é como que uma avaliação por equipas e uma avaliação individual. E a tal coerência que é exigida... porque a ideia que eles têm do que é o satisfaz, não satisfaz é uma ideia global que eles têm ... não há nada que esteja especificado.

Entrevistador. E a avaliação resulta disto tudo...

Professor 4: Sim, resulta... mas isto não dá para fazer contas. Eu pondero os dados todos... é uma ponderação mas não é uma ponderação matemática... pondero tudo globalmente e depois isto resulta num determinado nível. O que pesa mais é a ideia global que é transmitida pelos diferentes aspectos da ficha. Eu deixo que esta ideia global me ajude em última instância. Esta ficha ajuda-me muito. O espaço em aberto raramente é preenchido pelos alunos.

Entrevistador: E acha que os alunos valorizam esta ficha, que assumem isto de uma forma...

Professor 4: De uma forma séria, com seriedade.

Entrevistador. Eu refiro isto poisnas outras disciplinas uma vez que eles não trabalham com esta lógica...

Professor 4: Não, não trabalham... eles fazem isto de uma maneira natural. Também procuro não chateá-los muito com o preenchimento destas fichas. Elas são importantes para mim, para me organizar e para eles para eles valorizarem o seu próprio trabalho. Nunca os massacrei com isto. Eles têm conhecimento disto, preenchem isto de tempos a tempos... não quer dizer que seja em todas as aulas. Uma aula tem 90 minutos e é uma vez por semana. Se fosse preencher todas as aulas... mas preenchem de tempos a tempos, quando vejo que é necessário. O trabalho para eles é giro, mas o preenchimento disto já não. Começam logo, o quê, papéis... para preencher... utilizo uma unidade de tempo razoável... se bem que este tipo de procedimentos faça mais sentido para os alunos mais velhos, eles têm de justificar porque é que se consideram bons.

Entrevistador. Mas como é que os alunos olham para estes dados das fichas? Eles referem, por exemplo, bem eu estou aqui, mas poderia estar além... há algum tipo de observações ou reacções por parte dos alunos?

Professor 4: Não... eu penso que com estes alunos é sempre difícil que os alunos compreendam o que está em causa com a avaliação... o que é importante é nós fazê-los ir por ali... eles não entendem mas vão. Nós explicamos-lhe... e quando forem mais velhos, no 9.° ano eles começam a ter mais consciência, penso eu.

Entrevistador. Nunca teve necessidade de reforçar alguma coisa, por exemplo, dizendo, olhem vocês ao nível da avaliação, devem fazer, isto é, a avaliação ser usada como uma forma de os alunos saberem o que devem fazer, como devem melhorar... ou a avaliação nunca é usada neste contexto?

Professor 4: Sim, sim... mas de um modo informal, espontaneamente, no decorrer da aula, junto de cada grupo. Por exemplo, eu tenho alunos que não sabem, não sabem com maiúsculas trabalhar em grupo, estão sempre contra... e eu confrontava-os com isso, mas sem estar preocupado com os papéis, com as fichas... era muito na altura em conversa com eles. A conversa com eles era mais informal, se não seria massacrante. Com os alunos... e com os colegas então... se eu chegasse junto dos meus colegas de trabalho e lhes dissesse, olhem, eu tenho aqui isto para avaliar a área de projecto chamavam-me burro, o quê, usas isso?

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Entrevistador: Mas pensa que os outros professores não trabalham nesta lógica?

Professor 4: Olhe, sinto uma grande curiosidade... eu gostava muito discutir com alguém o que estou a fazer na área de projecto... um pouco como eu fazia no meu estágio em educação visual com o meu orientador... mas não, não consigo. Trabalhamos muito isolados.

Entrevistador: E as reuniões de coordenação? Foram só no início do ano?

Professor 4: Não, são uma por período, mas servem para fazer o ponto da situação, como é que estão as coisas a correr, há necessidades materiais, como é que vão expor os trabalhos...

Entrevistador: Pois é uma cultura de...

Professor 4: Uma cultura de exposição... (risos)

Entrevistador: Gostei muito de conversar consigo. Apenas uma questão final: tem alguma formação específica sobre a Área de Projecto?

Professor 4: Não, não. Sei alguma coisa de projecto e de metodologia de projecto que aprendi no curso, mais nada. Mas é um aspecto muito importante, a formação.

Entrevistador: Realmente. E esta preocupação também deveria ser das escolas, disponibilizar informação aos seus professores sobre estas novas áreas curriculares. Mas bem... Qualquer dia contacto consigo para lhe mostrar a síntese da sua entrevista para verificar a informação que valorizei.

Professor 4: Obrigado, mas confio perfeitamente.

Entrevistador: Obrigado. Agradeço-lhe a sua participação que para mim é fundamental. Muito obrigado.

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ANEXO 7___________________________ Entrevista ao Professor 4___________________________

(Junho de 2004)

Entrevistador: Boa tarde. Obrigado por estar aqui e pela sua disponibilidade em participar neste meu estudo. Conforme já sabe, esta entrevista é para um trabalho de investigação sobre a avaliação das aprendizagens dos alunos na Área de Projecto que estou a realizar para obter o grau de mestre em Ciências da Educação, área de especialização de Avaliação. Agradeço-lhe, novamente, a sua disponibilidade para participar neste estudo e reafirmo-lhe as garantias que já lhe dei de confidencialidade e anonimato de toda a informação que disser nesta entrevista. Nada vai ser identificado. Nem o seu nome nem o da sua escola. Pode estar à vontade e dizer o que pensa, sem constrangimentos. Vê algum inconveniente em gravar esta entrevista? E por causa da sua transcrição. Tenho a sua autorização, posso gravar?

Professor 4: Sim, sim.

Entrevistador. Obrigado. Gostava que me dissesse, primeiramente, qual a sua formação e em que escalão da Carreira Docente se encontra.

Professor 4: Sou licenciado em Design e estou no 6.° escalão.

Entrevistador: Quando viu que ia ter Área de Projecto qual foi a sua ideia

Professor 4\ Fiquei satisfeito. Eu já tinha alguma experiência na área de projecto nos anos anteriores e já tinha coordenado em anos anteriores, noutra escola, a área de projecto.

Entrevistador. E numa perspectiva curricular, considera pertinente a área de projecto?

Professor 4: Eu acho interessante. Pessoalmente penso que não é imprescindível. Quem sente que esta área como imprescindível são as pessoas que estão ligadas a disciplinas com uma forte carga teórica em contraponto com outros professores, como é o meu caso, que tendo formação em Educação Visual sempre trabalharam deste sempre nesta metodologia... uma metodologia de projecto. Qualquer conteúdo teórico é passado aos miúdos dentro de um trabalho, de um contexto próprio, de um trabalho com uma metodologia desta natureza, usando uma avaliação muito parecida, que se baseia fundamentalmente valoriza mais os processos e menos o conteúdo final. A maior parte das disciplinas busca muito o produto final, a prova do conhecimento... ele mostrou que sabe ou não mostrou que sabe... portanto eu, pessoalmente, não sinto que seja imprescindível porque... se outras disciplinas fizessem, também, este trabalho este tipo de competências passava para os alunos e os alunos, pelos menos alguns adquiririam estas competências, pois nem com a área de projecto, também, todos os alunos adquirem, também, todas as competências.

Entrevistador. Falou há pouco na valorização do processo, na sua importância. Do ponto de vista da avaliação isto tem consequências, como é que a vê, qual é a ideia, qual é o sentido que a avaliação tem para si neste contexto...

Professor 4: Bom... Eu acho que isto é o fundamental dentro desta disciplina porque quem tiver a tentação de avaliar os produtos na minha opinião, na minha humilde opinião, estão a falhar. Eu julgo que aquilo que nós queremos, aquilo que querem que nós consigamos com esta disciplina só se consegue se nós investirmos tudo nos processos. A avaliação é importante mas a avaliação dos processos... o produto final...

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nós temos, eu pelo menos em relação aos meus alunos finjo que é importante, mas para mim não é importante, apesar de fazer sentir que é.

Entrevistador. Bem de qualquer dos modos, a sua escola olha a área de projecto de que forma? Por exemplo, ao nível da coordenação a escola exerce alguma...

Professor 4: Existe um coordenador que coordena também outras áreas e os clubes e que coordena também a área de projecto...

Entrevistador. E o seu conteúdo funcional está definido?

Professor 4: Eu... a mim parece-me que a coordenação está feita num sentido mais administrativo... Por exemplo, no início do ano quando foi necessário distribuir alguns documentos reuniram-se os professores da área de projecto e... pronto é uma reunião onde o coordenador consegue falar para todos ao mesmo tempo, não é? O que não quer dizer que se faça um trabalho de coordenação, que se façam questões uns aos outros... não.

Entrevistador. Não há troca de opiniões entre os professores...

Professor 4: Não, não.

Entrevistador: E o conselho de turma, como é que aborda a área de projecto... por exemplo, no Projecto Curricular de Turma... a área de projecto é referida de alguma maneira?

Professor 4: É referido o que não quer dizer que seja considerado de muito relevante. Nós sabemos que qualquer tipo de informação que possa enriquecer o Projecto Curricular de Turma é bem vinda, não é? Mas não é uma área que seja coordenada pelo conselho de turma. Em sede de conselho de turma não se coordena, não se discute, apenas há uma comunicação, não sei se se pode dizer, unívoca...

Entrevistador. Num só sentido, não é.

Professor 4: Exactamente. O professor da área de projecto comunica aos colegas o que se vai fazer, o que estão a fazer...

Entrevistador: Não há mais nenhuma informação... Por exemplo, o conselho de turma não discute, por exemplo, que competências a área de projecto deveria privilegiar... que critérios se deveria ter em conta...

Professor 4: Não... não... O que aconteceu... aconteceu foi que numa das primeiras reuniões foram dadas todas as informações...

Entrevistador: E quem é que deu estas informações? Foi o conselho pedagógico?

Professor 4: Não, não, penso que veio do ministério.

Entrevistador: E possível ter acesso a essa informação?

Professor 4: Sim, sim... ela é pública, toda a escola pode ter acesso a ela. Mas a proveniência da informação é do ministério... ao nível do conselho de turma não se produziu nada... havia mais coordenação quando tínhamos a área escola, se bem que fosse uma mais por necessidade, não por gosto, tínhaitibs cie dividir as horas...

Entrevistador: Tinham de negociar muita coisa, não era?

Professor 4: Exactamente, quem dava as horas necessárias, quais as disciplinas... era por isso e não por devoção, por interesse... Agora não se negoceia nada, está tudo negociado à partida, não é?

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Entrevistador. Como é que apresentou a área de projecto aos seus alunos, atendendo à lógica diferente com que a área de projecto funciona?

Professor 4: Eu... usando uma expressão terra a terra abri o jogo e disse-lhes que íamos trabalhar de maneira diferente, que ia ser avaliada de maneira diferente, que a avaliação também teria uma escala diferente, que seria qualitativa, com objectivos diferentes...

Entrevistador. E falou-lhes disso tudo?

Professor 4\ Sim, principalmente dos objectivos diferentes da disciplina. Não sei se todos teriam percebido tudo, mas, hoje, no fim do ano, penso que a grande maioria deles percebeu.

Entrevistador. Pelo menos foram-se apercebendo que estavam a trabalhar de modo diferente, não? E o que é que reforçou nessa diferença do ponto de vista curricular?

Professor 4: Eu tenho alguma facilidade em conversar isto com os alunos pois eu em Educação Visual digo quase o mesmo. Não é bem o mesmo pois na Educação Visual o produto tem mais importância que na área de projecto, apesar de na minha opinião também não dever ter muita. Bem... o que eu lhes disse foi que o que eu queria ver, o que eu quero avaliar, a nota que eles vão ter, pois eles só funcionam assim, a nota é em fimção do modo como eles fazem e não do produto do trabalho... portanto o que eu quero é que eles venham às aulas, isto é importante atendendo aos alunos que nós temos, que trabalhem nas aulas, de uma forma empenhada, que se interessem pelo trabalho, que sempre que seja preciso algum material, por exemplo, amanhã é preciso trazer determinado material e eles o tragam, isto é, assim mostram interesse pela disciplina, e principalmente, porque é uma coisa a que eu dou mais importância, que trabalhem bem em grupo. Nesta disciplina é o nosso último refugio, o trabalhar em grupo, sistematizarmos o trabalho em grupo, já que nas outras disciplinas não temos tempo para isso, para se trabalhar em grupo.

Entrevistador. Mas como a área de projecto é uma área muito livre, com um grande espaço de liberdade, não é, há uma grande possibilidade...

Professor 4: Deve ser realmente aproveitada para se trabalhar em grupo. Eu julgo, penso que eles se aperceberam que o resultado do trabalho de um ano poderia ser o menos importante, bem... perceberam isto, também, de uma forma parcelar, isto é, como disse há pouco eles têm de pensar que o produto final também vai ter uma avaliação, não é? Também lhes fiz sentir que o trabalho deles ao longo das aulas tivesse qualidade obviamente o produto final também irá ter qualidade, já que uma coisa está ligada à outra.

Entrevistador: Isso é interessante... é uma forma diferente de os alunos verem o resultado do seu trabalho, não é?

Professor 4: Pois, há que investir no processo, na minha opinião.

Entrevistador. Para si, os critérios que referiu, o interesse, o empenhamento pelo trabalho, são os fundamentais ou depois utiliza também outros para fazer a avaliação do processo? Como é que vê, com que olhar, digamos assim?

Professor 4: Eu julgo que eles não sabem, mas quem define a nota deles no final do período são eles e a turma.

Entrevistador: Tem alguma conversa com eles... sobre o que será importante avaliar? Tomam parte na escolha dos critérios? Como é que faz?

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Professor 4: Sim, sim... tomam...eu dou-lhes espaço para eles definirem algumas das competências que eles julgam que devem ser avaliadas. Num dos impressos que eu uso, há um quadro com as competências e está um espaço em branco que eles podem preencher...

Entrevistador. E eles usam por norma esse espaço? Escrevem qualquer coisa?

Professor 4: Normalmente... isto é uma boa pergunta. A maioria não escreve mais nada. Aproveita as que estão lá. Talvez 5 a 10% por vezes escreve mais qualquer coisa.

Entrevistador. E isso depois é conversado com eles, como é que faz?

Professor 4: Sim, sim... é conversado com eles, mas não fazemos muita conversa neste sentido... por exemplo, na minha outra disciplina de Educação Visual em cada área de trabalho nós definimos os critérios, de uma forma diferente, o que vai ser avaliado, o que não vai ser... na área de projecto esta conversa só a faço uma vez. São sempre as mesmas competências.

Entrevistador: Mantém essas competências ao longo do ano. E que tipo de actividades é que os alunos fazem para desenvolver essas competências? E o mesmo projecto ou fazem vários? Como é?

Professor 4: Ao longo da minha curta carreira tenho variado. Eu não gosto de fazer sempre da mesma maneira. Para já é um desafio se eu alterar qualquer coisa. Este ano foi um mesmo projecto para todo o ano lectivo. E um trabalho muito, muito rico, exige muito tempo, exige uma série de actividades diferentes, que se complementam.

Entrevistador: E qual é o projecto?

Professor 4: Bem... o produto final foi, é, uma foto novela. Cada grupo de trabalho da turma produziu uma foto novela desde o ponto zero até ao produto final, desde a escolha do tema, a construção de uma história, o guião, a recolha de materiais para depois fazer a produção propriamente dita, a fotografia...

Entrevistador: E este tem foi sugestão sua ou eles...

Professor 4: Eu vou ser honesto... como fui até aqui nesta conversa. Eu não impus, mas fui sugerindo...

Entrevistador: Bem, mas de qualquer modo envolveu-os...

Professor 4: Sim, eles foram de corpo e alma, de corpo e alma. De qualquer maneira eu gostava muito de fazer esta experiência, já tinha feito uma parecida em educação visual, no 9.° ano, tinham demorado um período lectivo. Eu achei que em turma de 7.° ano tentando abordar partes do trabalho de forma mais profunda era um tipo de trabalho que poderia funcionar bem ao longo de todo o ano. E funcionou muito bem e vão terminar agora e vão fazer uma bonita exposição.

Entrevistador: Eles construíram a história toda?

Professor 4: Tudo, tudo... familiares deles, amigos que vieram à escola, entidades...mas eu expliquei-lhes porque é que eu gostava de um trabalho deste género. Eu já tinha tido área de projecto noutra escola, três ou quatro anos, e gostava de trabalhar o currículo desta forma... a área de projecto já é conhecida desde o início... aquilo que eu vejo quase sempre em todas as turmas o que é? Escolhem-se aqueles temas que são banais: droga, adolescência, tabaco, GNR, bombeiros, bem... eu... bem não quer dizer que estes temas não sejam importantes mas não me estava a apetecer que eles fossem para a biblioteca,'mais uma vez, fotocopiassem uns livros, fossem à Internet

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e imprimissem uns textos e pôr uma lombada e estava o trabalho feito... não me apetecia fazer um trabalho desse género: Fala-se muito que é importante motivar os alunos... os professores também... eu gosto de ser professor da área de projecto mas também gostaria de estar motivado...

Entrevistador. Caso contrário dificilmente conseguirá motivação dos alunos, não é?

Professor 4: E um trabalho desses não me motiva minimamente, zero. Não me motiva, não tem significado nem tem nada de novo. O que é que eu fiz? Depois de ter feito uma recolha, uma espécie de um diagnostico do que eles fizeram no ano passado, na outra turma... que temas abordaram, como é que abordaram... bateu tudo certinho... biblioteca... Bem disse-lhes que temas é que gostariam de tratar este ano... e bateu tudo certo, também, os mesmos temas...Bem, eu tinha de arranjar uma perspectiva, uma abordagem completamente diferente... e então o que é que lhes sugeri... se eles quisessem abordar a toxicodependência então inventavam uma história em que abordassem o tema e que integrasse o projecto da foto novela. Inventava uma história a partir do tema. Isto é um trabalho, eu julgo que é, na minha opinião é muito rico porque é um trabalho que envolve mesmo a comunidade, eu já tinha experiência de outros anos. A família, fala-se tanto nas famílias, estão lá nas fotografias, avozinhas, tios... estão nas fotografias, e o primo... como actores, foram fotografados, estão a desempenhar um papel, foram fotografados assim... porque tinha determinados níveis de qualidade que tinham de ser cumpridos, não é?

Entrevistador. E nesses níveis de qualidade, nessas competências... estou a lembrar- me, por exemplo, da capacidade de escrita, havia alguma interacção com outros professores da turma, como o professor de Português, por exemplo. As competências foram trabalhadas em articulação com outras disciplinas...

Professor 4: Não, não...

Entrevistador Trabalhou sozinho, com a sua competência...

Professor 4: Bom... eu não quero culpar os outros professores...

Entrevistador. Não, não... não é isso, apenas ver o modo de funcionamento...

Professor 4: Minha culpa, eu não pedi ajuda. Voltando aos conselhos de turma... hoje em dia há muito esta atitude... olhem eu vou fazer isto, não vos chateio e eles quase que me agradecem. Quando no conselho de turma alguém pede qualquer coisa... (risos) e então isto também ter a ver com o meu contexto, este ano... eu estava de novo numa escola e eu senti... bem se eu começo a chatear já ... qualquer dia ninguém me quer ver à frente... pode ser que para o ano possa ser diferente... agora eu aceito que... bem o trabalho poderia não ter mais qualidade, isto é, os alunos é que os iriam fazer, a professora de português teria mais competência que eu...

Entrevistador. A questão é que esse projecto, essas actividades poderiam permitir um trabalho mais em conjunto por parte, dos professores... o desenvolvimento de competências transversais que aliás são uma exigência curricular...

Professor 4: Sim, sim... mas isto é uma prova da riqueza deste trabalho. Esté ano não fiz isto. Com a participação de outros professores poderia ter sido melhor. Assim demorei mais tempo...

Entrevistador. Controlou melhor o processo assim, foi?

Professor 4: Bem... eu não fazia questão de controlar todo o processo... Como estava num meio novo não quis...

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Entrevistador. E em relação à avaliação da área de projecto alguma vez foi questionada, algum professor mostrou qualquer interesse, curiosidade...

Professor 4: Não, não... em acta há sempre um pequeno parágrafo, um ponto da ordem de trabalhos destinado à área de projecto e ao estudo acompanhado...

Entrevistador. E qual é o conteúdo desse...

Professor 4: Se está a correr tudo bem, se as planificações estão a ser cumpridas... e eu digo que sim... pois não é? Se eu é que sou o responsável ia dizer que estava a correr mal, não?

Entrevistador. E a avaliação da área de projecto, como a entende, como é que a concretizou? Os alunos tiveram alguma intervenção, quando, a que nível... participaram na sua auto-avaliação?

Professor 4: A avaliação é um balanço. A avaliação do final do período é pouco discutida. É muito discutida é durante o período, porque eles têm registos de avaliação que vão sendo preenchidos... no final do período é só fazer contas, fazer contas entre aspas, é fazer corresponder... Preocupa-me fundamentalmente na área de projecto maia do que a auto-avaliação, que é muito importante, a hetero-avaliação, sou mais adepto...

Entrevistador: O olhar dos outros...

Professor 4: Sim, porque o trabalho em grupo... dificilmente é bem avaliado por nós próprios, temos dificuldade em ver tudo... pode-nos passar ao lado muitas coisas, as nossas reacções, as nossas intolerâncias...

Entrevistador. Os alunos divergem muito nas avaliações que fazem em relação à auto- avaliação?

Professor 4: As vezes divergem entre si, mas o motivo que identifico mais vezes como explicativo das divergências são as amizades que existe entre eles.

Entrevistador: Contamina, não é? ... mas é natural.

Professor 4: Mas fico triste, não conseguem abstrair-se disto... Eles fazem três tipos de avaliação: a auto-avaliação, a hetero-avaliação e depois o grupo no seu conjunto, depois, avalia o grupo.

Entrevistador: E têm registos...

Professor 4: Sim... sim... No início do ano construí isso tudo... Penso que é fácil de usar. Nessa avaliação de grupo eles têm de se questionar em relação a isto: o que é que está planificado para hoje, o que é que fizemos? Depois avaliam-se... em três níveis... eu nunca fugi destes três níveis para depois ser mais fácil fazer a transposição para a avaliação qualitativa sumativa da área de projecto. Eu tentei sempre confrontá-los com a sua própria planificação.

Entrevistador. E na tradução final da avaliação? O que vai fazer corresponder às três menções qualitativas de avaliação da área de projecto? O que distingue, para si, um aluno de satisfaz de satisfaz bem, por exemplo?

Professor 4: Em relação a estas menções vou deixar que as estatísticas mandem.

Entrevistador: Vai fazer uma tradução sumativa dos elementos obtidos? Como é que faz isso?

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Professor 4: Vou ver se consigo fazer isto sem me deixar tentar por fazer algumas correcções, alguns ajustes, que às vezes faço até em educação visual... eu acho que a forma mais honesta de fazer avaliação sumativa é pegar no que está para trás, cruzar os critérios e as dimensões que definimos e depois ver o que dá... se dá 4 dá quatro. Mas muitas vezes acontece que nós pensamos... eh, pá... mas este aluno merece 5, e porque é que merece 5? Porque se calhar nós criámos essa imagem dele por nunca ter falhado com os materiais, por ser interessado, por ser empenhado, pelos seus trabalhos terem tido qualidade... só que se fizermos a média daquilo que se tem... isto na educação visual; na área de projecto é mais simples, não é de 1 a 5, são só 3 degraus... e eu já fiz isso. Já decidi premiar alunos com satisfaz bem.

Entrevistador. E quando diz premiar... para si é premiar o quê?

Professor 4: Premiar o empenho, a regularidade, o seu trabalho...

Entrevistador. E eles têm a noção de que quando estão a fazer auto-avaliação e hetero- avaliação estão a posicionar-se nesses níveis ou não?

Professor 4\ Eles têm a noção disso... mas eu tento fugir a isso, a essa possível batota da parte deles ao pedir-lhes no final do período uma síntese descritiva, e então eu peço- lhes cruzinhas, letras... mas depois vou confrontar com a síntese descritiva que eles fizeram e tem de bater certo. Uma das coisas que avalio no final do período é a coerência da síntese descritiva em relação ao resto, tento responsabilizá-los... A auto- avaliação só conta se for coerente com o resto. Em educação visual, por exemplo, eu peço-lhes uma auto-avaliação de todos os trabalhos práticos que eles fazem, e alguns deles põem sempre satisfaz bem, satisfaz bem... e depois nas sínteses descritiva dizem que não tiveram tempo para fazer tudo... eu exijo sempre a coerência. Para mim, as cruzes não valem muito. Ponho sempre as cruzes com a síntese descritiva... e as coisas têm de bater certo umas com as outras e se baterem certo eu considero a auto-avaliação deles na avaliação final. E serve para tirar dúvidas, inclusivamente.

Entrevistador. E chega a conversar com eles sobre isso?

Professor 4: Sim, na última aula do período chegamos a conversar sobre isso, e eles sabem o que é que vale mais, o que vale menos... mas não se preocupam muito com essas coisas... talvez por serem miúdos do 7.° ano de escolaridade.

Entrevistador. Não nota que eles estão motivados por isso, por terem uma avaliação sumativa boa...

Professor 4: Esquecem-se disto durante o processo. O que mais os preocupa durante o processo, durante o período todo, o busílis da questão é o trabalho de grupo, é o quepode definir se tudo corre bem se tudo corre mal, basicamente é isto e todas asavaliações deles normalmente ficam muito presas à qualidade do trabalho de grupo.

Entrevistador. E tem algum critério especial para constituir os grupos?

Professor 4: Eles gostaram muito do modo como eu constituí os grupos. Foi uma mescla de decisões minhas e deles. Queria 5 grupos... então escolhi dois elementos para cada grupo e depois cada um foi escolhendo o grupo em que gostaria de ficar... eles foram indexando aos diferentes grupos... os alunos que normalmente são rejeitados escolheram os grupos onde queriam ficar, e a coisa correu relativamente bem. Definir grupos com turmas de 30 alunos são 90 minutos.

Entrevistador. Sim, admito que sim. O processo tem de ser bem controlado...

Professor 4\ Sim... bem gerido, as emoções... tudo.

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Entrevistador: E os grupos mantêm-se estáveis ao longo do ano?

Professor 4: Sim. Houve algumas mudanças pontuais. Se eles quiserem mudar terão sempre de justificar porquê, e eu sempre que considerei pertinente aceitei.

Entrevistador. Agora que estamos no fim de ano, se lhe perguntassem que competências tinham os alunos desenvolvido com a área de projecto, o que é que de facto eles aprenderam?

Professor 4 : Eu acho que eles aprenderam duas coisas fundamentais, na minha opinião. Uma tem a ver com a área de projecto propriamente dita e a outra tem a ver com este trabalho específico que desenvolveram ao longo do ano. De certeza que eles agora sabem trabalhar em grupo de uma forma... com mais qualidade, pois bateram muito com a cabeça...

Entrevistador: E isso é como uma certeza que tem?

Professor 4: Sim, tenho, mas também era uma competência muito muito fácil de atingir... bem as competências podem verificar-se em graus, não é? Eles podem ter uma competência desenvolvida a vários níveis, não quer dizei* que seja sempre o máximo. E neste caso eles trabalham melhor, tenho a certeza.

Entrevistador: Isso foi uma das dimensões que valorizou...

Professor 4: Sim, se me perguntarem se eles trabalham melhor em grupo eu tenho a certeza... não quer dizer que trabalhem de uma forma perféita... mas isso nem os adultos... mas trabalham muito melhor que no início do ano, tenho a certeza. E isto advém da área de projecto. Em relação a este trabalho que desenvolveram eles aperceberam-se que em relação às aprendizagens pode haver muito mais coisas para além do professor que está ali e da sala de aula.

Entrevistador: E concretamente eles desenvolveram que competências?

Professor 4: Eles aprenderam muita coisa... não sei se é uma competência se um conhecimento... eles ficaram a saber que... um trabalho pode levá-los para fora da escola, envolver a comunidade, a família...

Entrevistador: Que não se aprende apenas no espaço da aula...

Professor 4: Exactamente. Que a escola pode ser muito mais que a sala de aula. Agora as outras competências mais específicas...

Entrevistador: Não foram valorizadas por si neste projecto?

Professor 4: Não foram muito, acho que tiveram uma importância secundária. Para mim, não era isso que era fundamental. De qualquer maneira tinha exigências em relação à qualidade do texto... não há erros ortográficos... Numa foto novela temos texto, balões de diálogo, fotografias... se fosse detectado algum erro era emendado... houve sempre esses critérios... e isto fez com que eles tivessem uma melhor competência na escrita... penso que sim, penso que ajudou. Pelos menos ajudou a perceber que isto está mal escrito, não pode ser, temos de emendar... pois muitas vezes eles não querem saber nem dão importância a esse assunto. Foi isto essencialmente.

Entrevistador: E em relação a estes instrumentos de avaliação...

Professor 4: A hetero-avaliação é a hetero-avaliação do grupo, auto-avaliação ... as fichas foram construídas de forma a serem de uso fácil, de forma a que eu possa olhar e ver logo qual é a tendência dos alunos, vejo logo... a avaliação contínua tem esta ficha. Eu vejo o tipo de avaliações que o grupo fez de si próprio e depois transfiro para aqui.

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Pode ver que cada aluno é avaliado pelo o que cada um dos outros acha dele, pelo que ele acha de si próprio e pela avaliação que o grupo faz... é como que uma avaliação por equipas e uma avaliação individual. E a tal coerência que é exigida... porque a ideia que eles têm do que é o satisfaz, não satisfaz é uma ideia global que eles têm ... não há nada que esteja especificado.

Entrevistador. E a avaliação resulta disto tudo...

Professor 4: Sim, resulta... mas isto não dá para fazer contas. Eu pondero os dados todos... é uma ponderação mas não é uma ponderação matemática... pondero tudo globalmente e depois isto resulta num determinado nível. O que pesa mais é a ideia global que é transmitida pelos diferentes aspectos da ficha. Eu deixo que esta ideia global me ajude em última instância. Esta ficha ajuda-me muito. O espaço em aberto raramente é preenchido pelos alunos.

Entrevistador. E acha que os alunos valorizam esta ficha, que assumem isto de uma forma...

Professor 4: De uma forma séria, com seriedade._

Entrevistador: Eu refiro.isto pois nas outras disciplinas uma vez que eles não trabalham com esta lógica...

Professor 4: Não, não trabalham... eles fazem isto de uma maneira natural. Também procuro não chateá-los muito com o preenchimento destas fichas. Elas são importantes para mim, para me organizar e para eles para eles valorizarem o seu próprio trabalho. Nunca os massacrei com isto. Eles têm conhecimento disto, preenchem isto de tempos a tempos... não quer dizer que seja em todas as aulas. Uma aula tem 90 minutos e é uma vez por semana. Se fosse preencher todas as aulas... mas preenchem de tempos a tempos, quando vejo que é necessário. O trabalho para eles é giro, mas o preenchimento disto já não. Começam logo, o quê, papéis... para preencher... utilizo uma unidade de tempo razoável... se bem que este tipo de procedimentos faça mais sentido para os alunos mais velhos, eles têm de justificar porque é que se consideram bons.

Entrevistador Mas como é que os alunos olham para estes dados das fichas? Eles referem, por exemplo, bem eu estou aqui, mas poderia estar além... há algum tipo de observações ou reacções por parte dos alunos?

Professor 4: Não... eu penso que com estes alunos é sempre difícil que os alunos compreendam o que está em causa com a avaliação... o que é importante é nós fazê-los ir por ali... eles não entendem mas vão. Nós explicamos-lhe... e quando forem mais velhos, no 9.° ano eles começam a ter mais consciência, penso eu.

Entrevistador. Nunca teve necessidade de reforçar alguma coisa, por exemplo, dizendo, olhem vocês ao nível da avaliação, devem fazer, isto é, a avaliação ser usada como uma forma de os alunos saberem o que devem fazer, como devem melhorar... ou a avaliação nunca é usada neste contexto?

Professor 4\ Sim, sim... mas.de um modo informal, espontaneamente, no decorrer da aula, junto de cada grupo. Por exemplo, eu tenho alunos que não sabem, não sabem com maiúsculas trabalhar em grupo, estão sempre contra... e eu confrontava-os com isso, mas sem estar preocupado com os papéis, com as fichas... era muito na altura em conversa com eles. A conversa com eles era mais informal, se não seria massacrante. Com os alunos... e com os colegas então... se eu chegasse junto dos meus colegas de trabalho e lhes dissesse, olhem, eu tenho aqui isto para avaliar a área de projecto chamavam-me burro, o quê, usas isso?

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Entrevistador. Mas pensa que os outros professores não trabalham nesta lógica?

Professor 4: Olhe, sinto uma grande curiosidade... eu gostava muito discutir com alguém o que estou a fazer na área de projecto... um pouco como eu fazia no meu estágio em educação visual com o meu orientador... mas não, não consigo. Trabalhamos muito isolados.

Entrevistador. E as reuniões de coordenação? Foram só no início do ano?

Professor 4: Não, são uma por período, mas servem para fazer o ponto da situação, como é que estão as coisas a correr, há necessidades materiais, como é que vão expor os trabalhos...

Entrevistador: Pois é uma cultura de...

Professor 4: Uma cultura de exposição... (risos)

Entrevistador: Gostei muito de conversar consigo. Apenas uma questão final: tem alguma formação específica sobre a Área de Projecto?

Professor 4: Não, não. Sei alguma coisa de projecto e de metodologia de projecto que aprendi no curso, mais nada. Mas é um aspecto muito importante, a formação.

Entrevistador: Realmente. E esta preocupação também deveria ser das escolas, disponibilizar informação aos seus professores sobre estas novas áreas curriculares. Mas bem... Qualquer dia contacto consigo para lhe mostrar a síntese da sua entrevista para verificar a informação que valorizei.

Professor 4: Obrigado, mas confio perfeitamente.

Entrevistador: Obrigado. Agradeço-lhe a sua participação que para mim é fundamental. Muito obrigado.

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Quero agradecer a vossa presença e o facto de não se importarem de dar a vossa opinião sobre algumas coisas sobre a vossa área de projecto. Peço-vos que sejam sinceros, está bem? Conforme já sabem, esta conversa é para um trabalho que estou a realizar. Podem estar à vontade pois ninguém vai ser identificado. Ninguém vai saber os vossos nomes, quem vocês são, nada. O nome da vossa professora e da vossa escola também não vai ser identificada. Como vêem há um anonimato completo. Portanto, estejam à vontade e digam a vossa opinião, o que pensam, o que consideram correcto, o que pensam ser a verdade. As vossas respostas são importantes para mim, não se esqueçam, está bem? Agradeço é que não falem “uns em cima dos outros”, caso contrário não vos consigo perceber e, depois, quando estiver a ouvir não sei quem é que está a falar. Posso gravar a entrevista? É mais fácil para mim, depois, transcrever as vossas respostas. Não se importam? Posso começar a gravar? (Acenos de concordância). Então, vamos lá. Podem responder pela ordem que quiserem e, podem dizer mais coisas no caso de se terem esquecido. Não falem é ao mesmo tempo, por favor, está bem?

Entrevistador: Eu gostava de saber, em primeiro lugar, é se vocês gostaram da vossa da área de projecto?

A1F: Sim, porque o tema foi escolhido por nós e serviu para aprofundar os nossos conhecimentos.A2F: Sim, este ano gostei muito da área de projecto, pois representámos um teatro e eu adoro representar e no fim do ano tratamos do tema da sexualidade e pude tirar muitas dúvidas que tinha.A3M: Sim, porque foi divertido e os trabalhos que eu e o meu grupo fizemos foram engraçados.A4M: Sim, gostei da área de projecto deste ano, porque adorei as aulas, as apresentações dos projectos, adorei a nossa forma de trabalhar e principalmente a professora.A5F: Sim, porque no 1.° e 2.° períodos fizemos um teatro sobre a adolescência e eu adoro fazer teatro e no terceiro período fizemos um trabalho sobre a sexualidade que é um tema que tem muito que se lhe diga (risos).A6F: Sim, adorei. Porque eu e as minhas colegas fizemos um trabalho de que gostamos muito. E ajudámo-nos uns aos outros.A3M: Sim, também gostei. Acho que a área de projecto é uma disciplina importante para os alunos a nível da autonomia e desempenho.A1F: Eu também gostei muito, porque a partir de um tema realizei várias actividades, experimentei novas técnicas e esforcei-me muito mais que nos anos passados. Também aprendi com os meus erros e verifiquei que é preciso ser cada vez mais responsável.

Entrevistador: E aprenderam muito com a Área de Projecto? O que é que fizeram? Quais as actividades? Que projecto realizaram?

A1F: Como o tema escolhido pelo meu grupo foi a sexualidade aprendi que se devem ter vários cuidados com o que fazemos e como o fazemos porque poderemos ter várias consequências.A3M: Aprendi a ter espírito de entreajuda e a colaborar com os outros.

ANEXO 8_______________________Entrevista aos alunos do Professor 2_______________________

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A4M: Para mim, foi a nossa organização, a forma de apresentar, fazer tudo até à data marcada...A2F: Eu com a área de projecto aprendi a representar em palco e a estar mais à vontade e tirei muitas dúvidas sobre a sexualidade (risos de alguns colegas).A1F: Aprendemos muita coisa. (Concordância dos colegas).A5F: Para mim o mais importante foi o que aprendi sobre a sexualidade.A6F: Aprendi técnicas de pintura, a prendi a estar perante o público e as atitudes a tomar num palco. E também aprendi a ver as representações dos outros grupos, principalmente no tema da sexualidade.ASM: Eu aprendi a ser autónomo e a trabalhar com empenho para ver o trabalho realizado.A2F: Eu aprendi mais no 3.° período porque o nosso tema foi a sexualidade e nós aprendemos muito sobre este tema, tivemos acesso à Internet o que também facilitou as coisas.A4M: Aprendemos a fazer projectos.

Entrevistador: E o é que pensam que merecem na área de projecto? Que nota, isto é, que menção qualitativa esperam vir a ter? Satisfaz bem?

AJF: Penso que mereço satisfaz bem, porque participei com empenho, ajudei os meus colegas com mais dificuldades e fiz os projectos ordenadamente e com sentido.A2F: Eu também acho que mereço satisfaz bem, porque acho que fiz um bom trabalho e interessei-me sobre os temas desenvolvidos.A2M: Eu acho que mereço um satisfaz, porque realizei o trabalho proposto e o meu comportamento não foi lá muito bom. (risos).A5F: Eu também acho que mereço satisfaz, porque trabalhei bem, mas em relação ao período passado o trabalho não foi tão bom, principalmente o seu resultado, mesmo tendo em conta alguns obstáculos.A6F: Eu acho que mereço satisfaz porque não mereço o nível mais acima e porque também não me esforcei muito para merecer mais (sorriso).A4M: Eu acho que mereço satisfaz, porque trabalhei bem no 1.° e n° 3.° períodos... penso que no 2.° brinquei, mas depois compensei no 3.° período.

Entrevistador: E que avaliação é que pensam que vão ter? O que é que pensam que a vossa professora vos vai dar? O mesmo que referiram antes?

A2F: Eu não é para me gabar mas penso que a “stora” me vai dar a nota que disse, pois interessei-me bastante.A3M: Eu penso também que sim. Como disse antes, o problema foi o meu comportamento... (risos).A l F. Eu acho que sim, porque interessei-me bastante e empenhei-me em todas as actividades.A5F: A mim também... é a nota que mereço e a professora costuma ser justa ao atribuir as notas.A4M: Eu também, porque sim... também acho que sim.A6F: Sinceramente eu não sei. São os professores que nos avaliam e por vezes fazemos e dizemos coisas que a nós não nos chateiam nem nos preocupa mas que aos professores chateiam, (risos e sinais de concordância em alguns colegas).

Entrevistador: E o que é que a vossa professora valorizou na área de projecto para vos avaliar? Sabem?

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A4M: Eu para mim penso que é o trabalho que realizamos e o comportamento, porque não há mais métodos de avaliação, acho eu. (risos)A3M: A forma de trabalhar. Eu pelo menos não parei de trabalhar nas aulas, (risos)A2F: Valoriza o trabalho desenvolvido, a entreajuda no grupo e a apresentação do trabalho.A1F: Eu penso que valoriza muito o empenho e a criatividade.A4F: O comportamento, o empenho, a assiduidade e a pontualidade, acho eu.A5F: Eu não sei, se calhar o nosso trabalho, o nosso empenho, o nosso comportamento, acho que é isto, penso eu.A6F: Eu também concordo com o que os meus colegas disseram, o nosso trabalho e o empenhamento.

Entrevistador: E vocês sabiam desde o princípio o que é que a vossa professora queria que vocês fizessem na área de projecto?

A1F: Não, simplesmente sabia que queria ver um trabalho bem organizado.A3M: Eu não sabia. (Risos)A2F: A nossa professora deixou-nos escolher o tema e nós demos largas à nossa imaginação. (Risos)A4M: Eu também não sabia.A5F: Desde o início do ano a professora queira que nós tivéssemos empenho e responsabilidade e quanto ao tema fomos livres para o escolhermos. (Concordância dos colegas)

Entrevistador: E tiveram oportunidade de dar a vossa opinião sobre o que, segundo a vossa opinião, consideravam importante avaliar na área de projecto?

(em coro): Sim, sim.A6F: Estamos à vontade para dizer quando queremos. Se não queremos não dizemos nada. (Concordância dos colegas).A2F: Sim, na área de projecto temos oportunidade para dizer tudo o que concordamos e discordamos.A1F: Algumas vezes.A4F: Sim, temos, temos.A3M: Eu não disse nada. (Risos)A5F: Eu tive oportunidade de dar a minha opinião mas foi só perante os meus colegas. A professora disse que os parâmetros de avaliação já estavam definidos. Bem, mas eu tive oportunidade de dizer o que pensava mas não o quis fazer.

Entrevistador: Penso que já chega, não é? Gostei muito de conversar convosco e agradeço-vos, uma vez mais, a vossa simpatia por aceitarem participar nesta conversa. Desejo-vos felicidades a todos, que tenham boas notas e umas óptimas férias. Obrigado.

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(Junho de 2004)

Obrigado por estarem aqui e não se importarem de ter esta conversa comigo. Gostava muito de saber a vossa opinião, o que pensam, sobre algumas coisas da vossa área de projecto. Peço-vos que digam o que pensam, que sejam sinceros. Conforme já vos disse, esta conversa é para um trabalho que estou a realizar. Sejam sinceros e digam, realmente, a vossa opinião. Não vão ser identificados, ninguém vai saber os vossos nomes, nem quem vocês são. Nem mesmo o nome da vossa escola. Por isso não tenham receio, estejam à vontade e digam o que pensam e o que vos parecer correcto, está bem? O que vocês disserem é muito importante para mim. Peço-vos para não falarem tLuns em cima dos outros”, todos ao mesmo tempo, para vos poder perceber está bem? Mais uma coisa antes de começarmos. Gostava de vos pedir autorização para gravar a entrevista. É mais fácil para mim, depois, saber o que disseram e poder transcrever as vossas respostas. Não se importam? Posso, então, começar a gravar? (Aceno com a cabeça que sim). Então, vamos começar. Já sabem: podem responder como entenderem, pela ordem que quiserem e, mesmo depois de responderem, podem dizer mais coisas caso queiram e se lembrem de alguma coisa que considerem importante. Não falem é ao mesmo tempo, por favor, está bem?

Entrevistador: Em primeiro lugar, para começarmos, eu gostava de saber se vocês gostaram da vossa da área de projecto?

AJF: Sim, eu gostei muito. Porque o tema que foi tratado era do meu gosto, do meu interesse. Se o tema não fosse do meu interesse não me aplicava da mesma maneira. Ma como foi, apliquei-me muito.A2F: Eu também gostei, porque tratei de um tema que gostei e pude ajudar os animais. Também porque ajudámos uma Associação carente. Foi muito útil.A3M: Gostei. Porque escolhemos o tema que queríamos. E fizemos coisas “fixes”.A4M: Sim, gostei, porque convivi muito com os meus colegas, mais que nos outros anos. Realizámos muitos trabalhos em grupo e também gostei de ir muitas vezes à biblioteca e à sala dos computadores.A5F: Sim, porque o tema que tratámos é muito importante e interessante e também aprendemos coisas novas que não sabíamos.A6F: Sim, porque fizemos uma actividade interessánte que gostei muito. Não era uma actividade como as outras, era divertida para nós e ajudava os animais. E adorei ir vender rifas.A3M: Sim, foi “bué” fixe a nossa “stora” deixar-nos escolher os temas que queríamos. AJF: Nós gostámos porque trabalhámos num projecto conjunto, tivemos uma visita de estudo e organizámos uma actividade a nível escolar, ajudando uma instituição. E toda a turma estava interessada. (Concordância dos restantes alunos).

Entrevistador: E o que é que aprenderam com a área de projecto, com o projecto que realizaram?

AJF: Aprendi que a ajuda é sempre muito útil, mesmo que seja pouca.A3M: Muita coisa. Os Direitos dos Animais, o que fazer no caso de ter um animal. Ajudar uma Instituição, a história e os cuidados a ter com uma tatuagem e aprendi a ceder em alguns aspectos para o bem do grupo.

ANEXO 9______________________Entrevista aos alunos do Professor 3______________________

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A4M: Aprendi a trabalhar em grupo. Dava-mos ideias, pesquisámos.A2F: Eu aprendi que se deve ajudar os animais. Aprendi os Direitos dos Animais e outras coisas mais.A1F: Aprendi muita coisa. Aprendi que se trabalharmos em equipa podemos fazer coisas fixes como a do Cantinho dos Animais, que nós fizemos.A5F: Aprendi a colaborar e a ajudar as outras pessoas e animais, sem pedir nada em troca. E aprendi também que devíamos ser mais unidos.A6F: Aprendi a ser responsável com os meus colegas e com os trabalhos que fizemos. ASM: Eu aprendi, também, a saber trabalhar mais em grupo e a pesquisar informação mais desenvolvida e aprendi novas técnicas, como por exemplo, vender rifas.A2F: Aprendi a chamar a atenção das pessoas sobre assuntos da nossa sociedade, principalmente de instituições que todos os dias se esforçam para dar o melhor às pessoas e aos animais e que não têm condições e precisam de ajuda.

Entrevistador: E que nota é que pensam que vão ter, que merecem, na área de projecto?

A1F: Eu acho que mereço um satisfaz porque trabalhei neste trabalho com imenso gosto e aplicação.A2F: Satisfaz bem, porque trabalhei e fiz o qúe pertencia à minha parte.ASM: Satisfaz, porque ajudei o meu grupo e eles ajudaram-me.A4M: Satisfaz, porque trabalhei mais que nos outros anos e acho que o trabalho do meu grupo está muito bom.A5F: Eu também, porque trabalhei com o meu grupo.A6F: Eu acho que mereço satisfaz bem, pois esforcei-me por atingir os meus objectivos, trabalhei bem e fiz tudo o que devia.

Entrevistador: E que avaliação, que nota, é que pensam que vão ter? Pensam que a professora vos vai dar a mesma nota que disseram?

A l F. Eu acho que sim, porque penso que ela reconheceu o meu esforço neste trabalho. A2F: Eu também. E acho que eu evoluí desde o 2.° período.ASM: Sim eu também. Porque a “stora”, algumas vezes, dá a nota que os alunos pedem. Mas tem de verificar todos os períodos, o que nós fizemos.A5F: A mim a professora vai-me dar satisfaz bem. Trabalhei bem e ajudei nasdificuldades do grupo.A4M: Satisfaz, não sei se a professora me dá satisfaz bem. Mas eu esforcei-me e o trabalho estava bom e melhorei o comportamento. Mas não sei se me vai dar.A6F: A mim talvez satisfaz, porque a professora se calhar não sabe o quanto meesforcei. Mas trabalhei para que a nossa actividade fosse uma actividade cheia de êxito.

Entrevistador: E o que é que acham que a vossa professora valorizou na área de projecto para vos avaliar? Têm alguma ideia?

A1F: A nossa forma de trabalhar, o nosso empenho, a colaboração e a forma de estar na sala de aula, em silêncio e o nosso comportamento.A2F: Eu penso que foi o desenvolvimento do trabalho, o nosso comportamento dentro do grupo e a pesquisa que fizemos.A4M: Talvez o comportamento e o empenhamento já que foram muito necessários para fazermos este trabalho, que necessitava de muitas ideias e colaboração.ASM: A forma de apresentar os trabalhos e a pesquisa.A4F: Eu penso que é o trabalho e o esforço e a responsabilidade e o modo como o grupo se comportou.

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A1F: O comportamento é importante, pois nós falamos imenso. A atitude e a forma de trabalhar...A2F:.... porque apesar de termos feito muita coisa podíamos ter feito melhor e de forma mais organizada.A5F: Eu acho que a professora valorizou tudo. Reconheceu o nosso esforço. Mas o comportamento penso que é essencial, e o trabalho, para provarmos que trabalhámos. A4F: A nossa forma de trabalhar, o nosso trabalho em grupo, porque as coisas que eu mais fiz foi o trabalho de grupo.A1F: O nosso comportamento, o empenho e a participação, deve ser isto.

Entrevistador: E vocês sabiam o que a professora queira que vocês fizessem na área de projecto? Sabiam desde que começaram a trabalhar?

A1F: Ao princípio do ano não sabíamos. Decidimos depois muita confusão. Foi angariar fundos para o Cantinho dos Animais Abandonados.A3M: Eu não sabia. (Risos)A2F: No início do ano quem escolheu os projectos fomos nós. De início a professora foi escolhendo algumas actividades e nós, depois, fizemos.A4M: Ao princípio não tivemos um projecto concreto, mas passado algum tempo decidimos que ia ser angariar fundos para uma instituição e depois ainda tivemos que escolher a instituição. Mas correu tudo muito bem, apesar da confusão.A5F: A professora sempre quis que fizéssemos trabalhos organizados e que tivéssemos uma atitude positiva na aula.A1F: A trabalhar e a organizar o trabalho e a ajudar os colegas do grupo.

Entrevistador: E vocês puderam dar a vossa opinião sobre o que consideravam importante avaliar na área de projecto? Ou foi só a opinião da vossa professora? Deram a vossa opinião sobre o que era importante avaliar?

(em coro): Sim, sim.A2F: Sim, para mim, foi a ajuda no grupo.A4M: A professora é que vai avaliar e é ela quem deve saber o que é importante para uma avaliação.A1F: Quem quis falou e disse o que pensava. Mas nem toda a gente falou.

Entrevistador: Obrigado pelas vossas opiniões. Forma muito interessantes e vão ser muito importantes para mim. Por mim, já acabei. Desejo-vos felicidades, umas óptimas notas e que as vossa férias sejam, também, muito boas. Obrigado.

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(Junho de 2004)

Muito obrigado por não se terem importado de conversar comigo. Como sabem, gostava de saber a vossa opinião sobre algumas coisas da vossa área de projecto. Agradeço que digam o que pensam, que sejam sinceros, está bem? Conforme antes vos disse, esta estou a fazer um trabalho e a vossa opinião é muito importante para mim. Digam o que pensam, pois ninguém vai saber os vossos nomes, nem quem vocês são. Não vou dizer, também, o nome do vosso professor nem o nome da vossa escola. Nada é identificado pelo nome. Tudo anónimo. Podem estar à vontade e dizer o que pensam e o que vos parecer correcto. Peço-vos para não falarem “uns em cima dos outros” pois, assim, não vos consigo perceber, está bem? Cada um de sua vez. Gostava de vos pedir autorização para gravar a entrevista. Pode ser? É mais fácil para mim, depois, quando estiver a transcrever as vossas respostas saber o que disseram e quem disse o quê. Não se importam? Posso começar a gravar? (Concordância). Então, vamos começar. Podem responder pela ordem que quiserem e, mesmo depois de responderem, podem dizer mais coisas no caso de se lembrarem. Não falem é ao mesmo tempo, por favor, está bem?

Entrevistador: Vocês gostaram da vossa da área de projecto?

A1F: Sim, porque fizemos trabalhos diferentes dos que tínhamos feitos antes e cultivamos valores que ainda estavam ocultos.A2F: Gostei, porque o trabalho foi colaborado por todo o grupo e fizemos um trabalho diferente dos outros anos.ASM: Sim, porque trabalhamos em grupo e foi um trabalho divertido.A4M: Sim, porque este ano fiz um trabalho onde gostei de participar.A5F: Sim, porque o professor é fixe e o trabalho é também muito fixe, acho qué é bom para a aprendizagem.A6M: Gostei da área de projecto porque fizemos um trabalho bastante original, não aqueles trabalhos de “chacha” que toda a gente faz. (Risos)

Entrevistador: E o que é que aprenderam na área de projecto, com as actividades que fizeram, com o vosso projecto?

A1F: Aprendi a lidar com os meus colegas de grupo e a trabalharmos em conjunto.A2F: Aprendi a trabalhar em grupo.A4M: Aprendi a trabalhar em grupo e a fazer trabalho novo.A5F: Este ano aprendi a trabalhar melhor em grupo, aprendi a respeitar as opiniões dos outros em grupo e aprendi a fazer fotonovelas.A3M: Desenvolvi o meu empenho no grupo e aprendi a organizar-me num trabalho de grupo.A6M: Além de aprender a fazer uma fotonovela, aprendi a trabalhar em grupo.

Entrevistador: E que nota é que pensam que merecem na área de projecto? Um satisfaz bem...

A1F: Eu penso que mereço satizfaz bem porque me empenhei no trabalho e consegui atingir os objectivos.A2M: Eu também, porque me empenhei e trabalhei.A3M: Eu também, porque penso que o meu trabalho merece essa nota.

ANEXO 10Entrevista aos alunos do Professor 4

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A4M: Eu também penso que mereço satisfaz bem porque me empenhei bastante na realização do projecto.A5F: Eu também, porque acho que sou uma das pessoas que trabalha com o grupo e sou aplicada.A6F: Eu acho que é entre o satisfaz e o satisfaz bem porque acho que o meu empenho foi bom, mas penso que me comportei um pouco mal e tenho várias faltas de material.

Entrevistador: E que nota é que pensam que vão ter? O professor vai dar a avaliação que vocês disseram?

A1F: Penso que me vai dar a nota que eu disse.A2M: A mim também. Eu trabalhei e não estive distraído.A6F: Eu não sei muito bem. Talvez um satisfaz porque se calhar não me empenhei este período quanto o “stor”queria e portei-me um pouco mal, por isso não sei muito bem. A3M: Eu também penso que me vai dar a nota que eu quero. O professor acompanhou o meu trabalho.A4M: Eu também. Ele conhece bem o meu trabalho.A5F: A mim também. Tive um bom empenhamento no trabalho e bom comportamento

Entrevistador: E o que é que pensam que o vosso professor valorizou na área de projecto para vos avaliar? Têm alguma ideia?

A1F: Valorizou o empenho e o comportamento.ASM: O nosso empenho, pois ele vai avaliar-nos por isso.A4M: O nosso empenho, porque este trabalho exigia muita qualidade.A2M: O empenho, o trabalho aò longo do ano e o comportamento.A5F: Eu também penso que é o empenho na aula, o comportamento e o trabalho em grupo, porque são as coisas mais importantes numa aula.A6F: Sim, também penso que o empenho e a união com o grupo, a compreensão e o comportamento.

Entrevistador: E sabiam desde o princípio o que é que o vosso professor queira que vocês fizessem na área de projecto?

(Em coro: sim, sim).A1F: Sim, desde o início do ano que sabíamos que íamos fazer uma fotonovela.A4M: Sim, e queria que aprendêssemos a trabalhar em grupo.

Entrevistador: E tiveram oportunidade de dar a vossa opinião sobre o que consideravam importante avaliar na área de projecto?

(em coro): Sim, sim.A2M: Ao longo do ano fomos conversando.A3M: É verdade.

Entrevistador: Muito bem. Estou satisfeito com as vossas respostas. Obrigado. Vão ser muito úteis para mim. Por mim, só quero voltar a agradecer a vossa simpatia por terem estado a conversar comigo. Desejo-vos felicidades e que tudo vos corra bem. Boas notas e boas férias. Muito obrigado a todos. Boa tarde.

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ANEXO 11Síntese e agrupamento de dados

Entrevista ao Professor 1

R e f e r ê n c ia s a ... S e g m e n t o s d e t e x t o

1. Aceitação da Área de Projecto.

► Eu gosto muito.► Gosto muito quando as turmas são arrojadas e me exigem

que ultrapasse os meus limites de professora de História.► Gosto de realizar projectos.

2. Vantagens da Área de Projecto.

► E o único espaço onde os alunos podem aprofundar determinados temas que mais nenhuma disciplina aborda, de os aprofundar e de os tratar de uma forma muito mais livre e mais criativa também.

3. Modo deconcretização da Área de Projecto.

► Tudo fo i escolha deles.► Têm sempre de produzir qualquer coisa.► Eu logo de início começo a pensar com eles o produto final.► Não consigo trabalhar se não vir alguma coisa como

produto final.► Tem de ser logo pensado, mesmo que depois leve umas

voltas pelo meio.► Levou muitas (voltas), mas tem de haver.► Todos os elementos do grupo tinham de participar.► Toda a gente tinha de ter a sua participação.

4. Dificuldades na concretização da área de projecto.

► Trabalho muito sozinha.► Algumas ajudas pontuais.►

5. Intervenção na concretização da Área de Projecto.

► Fui-lhes dando algumas orientações.► Se precisam da minha ajuda para qualquer coisa (ajudo).

6 . Coordenação do Conselho Pedagógico

► Nada articulado.► Não se faz nada.► A única intervenção do conselho pedagógico é na

elaboração dos critérios.► 0 Conselho Pedagógico tem 10 critérios para avaliar a

área de projecto.► Nas orientações do Projecto Curricular de Escola estavam

inicialmente definidas as áreas de intervenção a privilegiar e a escolha das que seriam seguidas em Area de Projecto.

7. Coordenação do Conselho de Turma.

► Não há nada, nenhum diálogo.► Algumas vezes peço a colaboração de um ou outro

professor, mas é pontual.► Cada um dá as suas aulas e vai embora.► Desde que não incomode ninguém o Conselho de Turma

aprova tudo.► 0 Projecto Curricular de Turma só se referiu à Area de

Projecto lá para o fim do ano quando fo i proposta uma visita de estudo e os objectivos tiveram de ser formulados de acordo com o mesmo.

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8. Decisões dos alunos sobre a concretização da Área de Projecto.

► Escolhem um tema aglutinador.► Foi em assembleia de turma.► Cada grupo escolheu o seu projecto favorito, dentro desse

grande tema do desporto.► 0 único critério que tinha era que todos os delegados de

grupo deviam assegurar que todos os elementos do grupo tinham de participar, ou seja, toda a gente tinha de ter a sua participação. (E funcionou.)

9. Actividades realizadas na Area de Projecto.

► Um trabalho escrito por cada grupo sobre o desporto.► Apresentação do trabalho à turma.► Cada grupo fo i livre de o fazer da forma que quiseram.► Uns utilizaram vídeos, outros CDs, outros acetatos.

10. Participação da comunidade educativa.

> Os pais colaboram de uma forma muito interessada.

11. Definição de avaliação.

► A avaliação é a tentativa de apreciar a evolução verificada na aquisição das competências que nos propusemos desenvolver, desde o ponto de partida até ao momento em que se faz esse balanço.

► A avaliação que faço com os alunos serve para ver o grau de realização atingido por nós (eles e eu) na concretização do projecto.

12. Funções da avaliação da Área de Projecto.

► A avaliação não serviu para eles trabalharem (os alunos trabalharam porque gostaram).

► Ver de onde se partiu, onde se chegou.► Eu preferia trabalhar sem avaliação.► Passava bem sem ela.► E um trabalho muito mais informal, acho que ninguém

pensa logo na avaliação.► Aquela avaliação que depois coloco na pauta não me diz

muito, passaria bem sem ela e sem o peso que lhe passaram a atribuir na transição de ano.

► Como não valorizo só aspectos cognitivos, às vezes até noto que os colegas ficam surpreendidos com um Satisfaz Bem num aluno menos brilhante. 0 contrário também acontece.

13. Objecto de avaliação.

► 0 grupo.► A participação.► A motivação.► 0 empenho.► A colaboração.► A cooperação.► A criatividade.► A procura de informação.► Uma progressiva autonomia.► A capacidade de pesquisa.► A organização da informação.► A pesquisa/selecção e tratamento de informação.► A originalidade da apresentação que iam fazer à turma.► A criatividade.

14. Registos de ► Tenho registos informais de cada aluno.

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avaliação. ► Não são registos estruturados.► Uma ficha de auto-avaliação individual.► Uma ficha comum a toda a escola.

15. Dificuldades na avaliação das aprendizagens dos alunos na Área de Projecto.

► São os mesmos critérios para toda a escola.► São critérios que se adaptam a qualquer disciplina e a área

de projecto é um espaço diferente.► Há critérios que acabam por ser repetitivos.► Não contemplam aspectos importantes.► Antes não havia nada, no início.► Apareceram no natal, fo i uma confusão.► A minha avaliação não se adaptava bem aos critérios que

foram definidos pelo Conselho Pedagógico.► As minhas anotações às vezes não tinham a ver tanto com o

que estava nos critérios.► Há aqui critérios que eu tive de preencher... e não tinha

elementos para o fazer.► Preenchia, preenchia... fo i uma confusão... não prejudiquei

fo i os alunos.► Entre o sim e o não eu opto pelo sim, vou privilegiar o

aluno, não é?► Não há meio-termo, é complicado.► Dificuldade em traduzir o trabalho dos alunos, as

observações que tinha nas menções qualitativas da avaliação da área de projecto.

► Há critérios que só alunos com um determinado nível é que atingem.

► A avaliação não tem um carácter formativo.► 0 esforço, o empenho não se mede assim.► Os alunos podem chegar sem grandes competências e fazer

grandes progressos que, ao lado de outros que já as possuam, podem parecer não valer grande coisa, mas valem, para aquele aluno.

► Adaptei os meus a esses, mas a avaliação sofreu sempre algumas distorções.

16. Avaliação formativa.

► Selecciono logo as informações que tenho do grupo.►

17. Avaliação sumativa

► Não vou fazer nenhuma avaliação autónoma do produto.► Vejo como è que eles interagiram.► Não é uma avaliação tão individual como isto.► Socorro-me das minhas folhas, das minhas notas.► Há alunos que se eu os avaliasse apenas por eles e não

considerasse o grupo, teriam uma avaliação diferente.► Eu não avaliei nenhum aluno com Não Satisfaz (embora

tivesse hesitado num caso), porque è muito difícil, havendo motivação, liberdade e responsabilidade dos alunos na escolha dos temas e nas metas atingir, que o aluno não consiga atribuir-se a si próprio uma avaliação positiva.

► 0 aluno Satisfaz: é empenhado, integra-se no grupo, minimamente criativo, autónomo na pesquisa e selecção de informação, mas com dificuldades na sua comunicação.

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► 0 aluno Satisfaz Bem é dinâmico, bem integrado no grupo, assumindo-se até como motor do mesmo, imaginativo e capaz de aplicar e comunicar com clareza a informação.

18. Directrizes do Conselho Pedagógico sobre a avaliação da Área de Projecto.

► 0 Conselho Pedagógico indica os critérios.

19. Directrizes do Conselho de Turma sobre a avaliação da Área de Projecto.

20. Participação dos alunos nas decisões de avaliação.

► Converso com eles.► Eu dei-os a conhecer (os critérios).► Fizemos a avaliação em conjunto nas aulas.

21. Auto-avaliação ► Eles preenchem uma fichazinha que é esta... de àuto- avaliação, individual, não é de grupo.

► Nesta área os alunos são muito mais críticos e responsáveis na sua auto-avaliação do que em História.

22. Saberes declarativos.

23. Saberesprocedimentais.

► Aprenderam todos os aspectos ligados a um trabalho escrito.

► Mais organizados ao nível da pesquisa.24. Saberes

atitudinais.► Estão com mais iniciativa.► Estão confiantes, mais aventureiros.

25. Saberesmetacognitivos.

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ANEXO 12Síntese e agrupamento de dados

Entrevista ao Professor 2

R e f e r ê n c i a s a ... S e g m e n t o s d e t e x t o

1. Aceitação da Área de Projecto.

► Fiquei muito agradada.► Gosto muito da área de projecto.

2. Vantagens da Área de Projecto.

► A área de projecto é uma área que dá para fazer tudo.► E o fazer, é a criatividade, é o concretizar algo, para os

alunos e para mim.3. Modo de

concretização da Área de Projecto.

► E tentarmos todos em conjunto... o que é que temos de fazer para chegar, para fazer alguma coisa.

► Eu levo-os logo a pensar onde vamos chegar.► Eu não imponho muito as ideias, apesar de tudo.► Respeito muito a individualidade de cada um, a

sensibilidade de cada um, o que cada um quer.► Vou-os vendo como pessoas.► Uma turma/grupo motivados para o "seu" projecto tem

vontade de ver o seu trabalho concluído, tem soluções/ criatividade.

► Eles comprometem-se, eu deixo que eles escolham o trabalho deles, e depois de fazerem, de gerirem o tempo, os materiais e o processo, a responsabilidade de executarem, de fazerem, de se comprometerem com as coisas.

► Têm de se empenhar e pensar em tudo.► Todos têm de ter tarefas.

4. Dificuldades na concretização da Área de Projecto.

► Estou sozinha.► Sinto-me muito limitada.► Este ano fo i um pouco mais complicado.► Não estive tão animada como nos outros anos.► A escola não dá grandes facilidades.

5. Intervenção na. concretização da Área de Projecto.

► Vejo se eles conseguem fazer o que tínhamos combinado, se trazem os materiais necessários para a aula, se empenham, se estão organizados.

► Eu estou lá, se não fizerem eu vou logo ter com eles.► Trabalhamos juntos.► Eu estou sempre com eles, perto deles.► Acompanho o que estão a fazer.► Resolvo-lhes as dificuldades que eles não conseguem

resolver.► Eu estou atenta.► Vejo as condições do processo, se por algum motivo eles

não cumprem, por responsabilidades deles.► Chamo-lhes a atenção.► Procuro compreendê-los.

6. Coordenação do Conselho Pedagógico.

► Não existe nada.

7. Coordenação do ► E um fazer de conta.

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Conselho de Turma.

► Não serve para nada.► Não tem importância nenhuma.► Nem sei onde é que ele está.► O conselho de turma pergunta só, não se importa.► Eu digo o que estou a fazer.► Tem de ficar em acta e portanto eu digo. Mas apenas isto.

Não há nada mais.► Se não fosse para a acta, penso que não dizia nada.► Digo o que è que os alunos escolheram, o que estão a fazer.► Quando os alunos estão a trabalhar eu digo para eles

confirmarem algumas informações com os professores.► Os professores estão sempre ocupados, têm os testes ou a

matéria está atrasada...ou há algum outro problema.► Os colegas também pensam um bocado assim: se a área de

projecto tem um professor, então... arranja-te.► Os professores foram convidados para o produto final e

não apareceram.► Nem os professores que estavam com aulas com eles

naqueles tempos apareceram (no produto final).8. Decisões sobre a

concretização da Área de Projecto.

► Um projecto que englobasse a turma toda.► Os miúdos começaram a querer outra coisa... e eu acabei

por deixar que as coisas partissem dos alunos e que os projectos fossem vários e não só um.

9. Actividades realizadas na Área de Projecto.

► Um teatro sobre os problemas deles, sobre a rebeldia, a emancipação, a relação com a mãe, o pai, problemas da idade deles, miúdos do 7.° de escolaridade (até ao 2. ° período).

► Trabalhos sobre a União Europeia, que tem a ver com entrada, agora, dos novos países.

► Uma exposição no átrio e estão.► Um jogo sobre o tema para porem na sala dos alunos (no

3. ° período).► Um teatro sobre os problemas da idade deles.► Uma exposição sobre a União Europeia.► Um jogo sobre a União Europeia.

10. Participação da comunidade educativa.

► Sim, alguns pais vieram.

11. Definição de avaliação.

► Uma forma de lhes dizer que o que eles estavam a fazer era, ou não era, o que se esperava deles.

► E uma imposição.► E uma seca porque é pedida três vezes por ano lectivo.

12. Funções da avaliação.

► Para eles não se sentirem perdidos.► Quando dei o não satisfaz àqueles alunos, pensei: eles

agora vão aprender, vão ver que é importante fazer alguma coisa.

► Uso a avaliação com bom senso.► Era capaz de a dispensar.► Poderia trabalhar tudo isto com os alunos sem avaliação.► A principal preocupação è cumprir a legislação.

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► Sou obrigada a avaliar e a apresentar informações nos Conselhos de Turma.

► Se não fosse obrigada a avaliar não o faria e os projectos seriam feitos do mesmo modo.

► Não me lembro assim muito da avaliação durante as aulas.► Não me está sempre a bater na cabeça.► Não me lembro sempre.► Poderia trabalhar tudo isto com os alunos sem avaliação.► A partir de uma certa altura em que eles se envolvem penso

que eles não pensam na avaliação.13. Objecto de

avaliação.► A responsabilidade.► A capacidade que eles têm de respeitar o que acordámos, de

cumprir o que tínhamos combinado.► 0 empenhamento na realização.► 0 respeito pelo acordado.► A organização dos grupos.► A criatividade.► A iniciativa do grupo.► 0 que eles fazem.► Não avalio produtos finais.

14. Registos de avaliação.

► Fiz para mim uma ficha de observação de aula.► Ficha de avaliação de trabalho de grupo.► Ficha de auto-avaliação.► Os registos de avaliação foram feitos por mim.► Só entendo e utilizo os meus (registos).

15. Dificuldades da avaliação das aprendizagens dos alunos na Área de Projecto.

► Estou a trabalhar com o que penso ser o mais correcto.► Faço o que me parece.► Não me dão nada.

16. Avaliação formativa.

► Eu observo, registo, chamo-lhes a atenção.► Avalio as actividades que estão a decorrer.

17. Avaliação sumativa.

► A realização e concretização da ideia inicial (do projecto).► Eu pego no que tenho e confronto com as informações

deles, mas não discuto nada com eles.► Nunca tive problemas com eles.► Observei-os, estive muito tempo com eles, sei o que cada

um fez.► Valorizei a responsabilidade, a criatividade e o

empenhamento. Ou seja a realização e concretização da ideia inicial (do projecto) (para atribuir as menções qualitativas).

18. Directrizes do Conselho Pedagógico sobre a avaliação da Área de Projecto.

19. Directrizes do Conselho de

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turma sobre a avaliação da Área de Projecto.

20. Participação dos alunos na avaliação da Área de Projecto.

► De uma forma séria.► Foi um bocado indo... ao longo das aulas.► Aperceberam ao longo das aulas em Junção daquilo que

lhes ia dizendo.► Mesmo não tendo formalizado com eles esta informação,

penso que eles sabiam o que eu valorizava.21. Auto-avaliação. ► Faço a auto-avaliação no final de cada período.

► Vou para casa e vejo a opinião que eles têm de si mesmos. E normalmente eles são justos.

22. Saberes declarativos.

23. Saberesprocedimentais.

► A pesquisa.

24. Saberes atitudinais.

► 0 cumprimento do que se assumiu.► A responsabilidade.

25. Saberesmetacognitivos.

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ANEXO 13Síntese e agrupamento de dados

Entrevista ao Professor 3

R e f e r ê n c ia s a ... U n id a d e s d e R e g i s t o

1. Aceitação da Área de Projecto.

► Fiquei satisfeita pois iria trabalhar em projecto e como sou de educação visual

► Fiquei um pouco preocupada.► Tinha duas turmas de área de projecto e nunca tinha

trabalhado em área de projecto.2. Vantagens da

Área de Projecto.► E uma área interessante.► E importante.

3. Modo deconcretização da Área de Projecto.

► Trabalharam em dinâmica de grupo.► Orientei-me principalmente pelo interesse dos alunos.► Centrar-me nas turmas e nos alunos, especificamente, no

que eles achavam ser mais importante.► Mesmo que houvesse directrizes de escola eu iria sempre

preocupar-me com os alunos, com o que eles consideram, o que acham.

► A área de projecto é de facto feita pelos alunos, parte deles, mesmo que a escola tenha uma orientação.

► A área de projecto também é para eles em termos pessoais se desenvolverem.

► A área de projecto é muito mais centrada no indivíduo do que nos itens comuns a todos os indivíduos, porque cada um é diferente do outro.

► Naturalmente que há uma planificação, mas temos que dar espaço ao indivíduo, ao que é cada aluno. Temos de respostas a cada um.

► Mesmo quando há dinâmica de grupo eu não consigo deixar de isolar o funcionamento de cada aluno no grupo.

► 0 produto final da área de projecto era importante para tudo fazer sentido mas o percurso è que era fundamental.

4. Dificuldades na concretização da Área de Projecto.

► Não sei ainda muito.► Não tenho muita informação.► A informação que tenho ainda é pouca.► Os livros são ainda poucos.► A informação que passa nas escolas ainda é pouco

organizada.► Ainda está toda a gente a organizar-se.► A escola ainda não tem grandes informações.► Um dos grandes dramas da área de projecto está nos

meios, na acessibilidade dos meios.► Os meios limitam-nos fortemente.► Há poucos recursos na escola.► Há uma série de coisas que têm de ser feitas em casa.► A carga horária, o tempo, enfim, há uma série de

limitações.► 0 que é mais limitativo é o tempo, a rigidez do tempo.

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► E difícil gerir o tempo.► Os alunos ainda não têm a sua autonomia muito assumida.► Eles não gerem muito bem... perdem-se.► Num trabalho de grupo acontece com alguma frequência

que há alunos que não fazem tudo, ao mesmo ritmo dos outros.

► 0 tipo de alunos que nas outras disciplinas se preocupa mais com os conteúdos tem mais dificuldade em perceber o que se passa nesta área. E um tipo de aluno que não valoriza muito a sua postura, os seus métodos, o seu percurso.

5. Intervenção na concretização da Área de Projecto.

► Eu talvez tenha marcado uma presença excessiva.► São muito pequeninos, os seus métodos de trabalho ainda

não estão muito desenvolvidos.► Estes alunos precisam, e eu sinto isto cada vez mais, de

uma resposta imediata àquilo que estão a fazer, terem feedback.

► Em relação ao que estava a decorrer e ao desempenho de cada um.

► Da minha parte penso que deveria ter havido mais informação sobre o que eu estava... qual era a observação, penso que fo i um aspectos em que eu falhei e que para o ano tenciono melhorar, isto è, o que é que fo i feito ao longo de um determinado tempo, para eles saberem.

6. Coordenação do Conselho Pedagógico.

► Não há.► A escola tem um grupo mas que não funcionou.

7. Coordenação do Conselho de Turma.

► Não houve nada, não aconteceu nada.► Não lhe fo i dada relevância.► A Area de Projecto não aparece como importante para os

outros professores.► Os professores não coordenaram nada.► As pessoas não funcionam em equipa.► Cada um trabalhou por si, o que perturba sempre um

bocadinho.► Ao nível do conselho de turma vejo como muito difícil

trabalhar de outro modo do que o tradicional.► Cada um está preocupado com a sua disciplina.► Os professores estão distantes... estão è atrapalhados,

preocupados com as suas disciplinas, com as voltas que os currículo deu.

► Os professores estão é preocupados consigo e com o seu trabalho.

► 0 conselho de turma não tem grande interesse, grande preocupação.

► 0 professor responsável pela área de projecto que faça as coisas, ele é que sabe.

► Para envolver o conselho de turma na avaliação teria de haver intercâmbio de informação... um outra atitude... a avaliação é apenas ditar... não há nada mais.

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► Mas penso que a culpa poderá ser minha.► Eu também poderia ter transportado a área de projecto

para o conselho de turma, o que estava a fazer.► A área de projecto é a última nota, é dada... e pronto, as

coisas andam. E o que è que se há-de fazer? Não ê assim que se avaliação?

► Temos de dizer se satisfaz, se não satisfaz... è como se fosse 1, 2, 3... não há nenhum questionamento.

8. Decisões dos alunos sobre a concretização da Área de Projecto.

► Os alunos decidiram.► São os alunos que definem os seus próprios caminhos.►. Cada um escolheu individualmente e depois houve um

processo de escolha que resultou num projecto da turma.9. Actividades

realizadas na Área de Projecto.

► Angariação de fundos para o Cantinho dos animais abandonados.

► Um dia de festa na escola.10. Participação da

comunidade► Sim, que salte para fora, para a comunidade.► Não ficar confinado à escola.► A representante do cantinho esteve presente.► A senhora trouxe animais para eventuais adopções.► De tal maneira gostou do trabalho que eles fizeram nível de

painéis e de informação que os vai ser utilizar (numa exposição pública).

11. Definição de avaliação.

► A avaliação não é uma punição.► Uma apreciação global do que aquele aluno fez.

12. Funções da avaliação da Área de Projecto.

► Que o aluno perceba qual fo i o seu percurso.► 0 aluno perceber que aquilo que faz tem de ter algum

sentido.► Chamar a atenção ao aluno.► Ser uma apreciação.► Situar o aluno na sua própria aprendizagem.► Para se organizarem.► Eu trabalhava bem sem avaliação, sinceramente

trabalhava.► Manteria a auto-avaliação, o aluno auto-avaliar-se.► Ao longo do processo o professor detectaria e interviria...

não há razões para haver não satisfaz. Só excepcionalmente.

13. Objecto de avaliação.

► As atitudes.► 0 envolvimento.► 0 percurso de cada aluno.► 0 que cada um fez.

14. Registos de avaliação.

► Uma ficha de auto-avaliação comum à escola.► Uma ficha de avaliação final comum à escola.► As fichas de informação de avaliação final também são

comuns.► Uso registos meus, informais.

15. Dificuldades na avaliação das aprendizagens dos alunos na

► Eles não estão habituados a ser avaliados a não ser nos produtos finais imediatos, que são os testes.

► Eles têm muitas dificuldades em perceberem que não ê só o trabalho final que conta, mas o que se faz nas aulas.

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; -----Area de Projecto. ► As menções qualitativas são muito redutores.

► Saber se eles sabem o que é que estão a aprender.► Os percursos são sempre muito particulares e... a grande

questão o que é que aprendemos, ainda por cima em projectos.

► E muito complicado na minha opinião fazer esses balanços finais.

► E muito complicado passar do processo de aula para o preenchimento da ficha.

► Estas fichas são muito redutoras.► Quando a estamos a preencher sentimos que nos falta aqui

qualquer coisa.16. Avaliação

formativa.► A avaliação do próprio indivíduo, do seu percurso.► Como é que eles lidavam com os seus próprios problemas.► Como ê que os alunos lidam com as situações, como é que

as resolvem.17. Avaliação

sumativa.► Resultava do preenchimento da ficha.► Valorizei mais individualmente o aluno que o grupo.► 0 produto é o resultado, não fo i avaliado isoladamente.► Fundamentalmente o envolvimento dos alunos no processo

de construção do projecto. E fundamental, para mim. (na atribuição das menções qualitativas).

18. Directrizes do Conselho Pedagógico sobre a avaliação da Área de Projecto.

19. Directrizes do Conselho de Turma sobre a avaliação da Área de Projecto.

20. Participação dos alunos nas decisões de avaliação.

► Logo no início do ano.► Procuro dar-lhes uma panorâmica do que se pretende, do

que vai ser a avaliação, como ê que é feita.► Ao longo do ano não me preocupei muito.► Cada um preenchia.► Faziam isto regularmente, deveria ser de aula a aula mas

nem sempre era possível.21. Auto-avaliação. ► Em cada aula fazia-se a análise do que se tinha feito, do

que se estava a fazer.► Auto-avaliação no fim de cada período.► A minha observação recai sobre cada um, porque um grupo

para mim só pode ter valor para dinamizar a situação ou o projecto em causa.

22. Saberes declarativos.

► Recolheram informações sobre o assunto.

23. Saberesprocedimentais.

► A capacidade de resolverem os problemas.► Como gerir estas situações todas e ao resolver estas

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questões todos nós aprendemos.► Assimilar o método, entender, perceber como è que se

trabalha em grupo, no contexto de uma turma.► Como se constrói e como é que se pode atingir um produto

final com bastante satisfação, não apenas centrado no grupo que o desenvolveu mas que salte para fora, para a comunidade.

► Pesquisaram.24. Saberes

atitudinais.► A solidariedade.► As suas próprias posturas em relação às situações que se

colocaram.► Eles conseguirem resolver, ajudar.

25. Saberesmetacognitivos.

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ANEXO 14Síntese e agrupamento de dados

Entrevista ao Professor 4

R e f e r ê n c ia s a ... S e g m e n t o s d e t e x t o

1. Aceitação da Área de Proiecto.

► Fiquei satisfeito.► Eu gosto de ser professor da área de projecto.

2. Vantagens da Área de Projecto.

► Não a considero imprescindível.► Quem sente que esta área como imprescindível são as

pessoas que estão ligadas a disciplinas com uma forte carga teórica.

► Outros professores, como é o meu caso, que tendo formação em Educação Visual sempre trabalharam deste sempre nesta metodologia... uma metodologia de projecto.

► Que a escola pode ser muito mais que a sala de aula.► Um trabalho pode levá-los para fora da escola, envolver a

comunidade, a família.► Eles aperceberam-se que pode haver muito mais coisas

para além do professor que está ali e da sala de aula.3. Modo de

concretização da Área de Projecto.

► Disse-lhes que íamos trabalhar de maneira diferente.► Qualquer conteúdo teórico é passado aos miúdos dentro de

um trabalho, de um contexto próprio.► Só conseguimos aquilo que queremos na área de projecto

se investirmos tudo nos processos.► Deve ser realmente aproveitada para se trabalhar em

grupo-► E o nosso último refúgio, o trabalhar em grupo.► Que trabalhem nas aulas, de uma forma empenhada.► Que se interessem pelo trabalho.► Que sempre que seja preciso algum material, por exemplo,

amanhã é preciso trazer determinado material e eles o tragam, isto é, assim mostram interesse.

► Também lhes fiz sentir que se o trabalho deles ao longo das aulas tivesse qualidade obviamente o produto final também iria ter qualidade, já que uma coisa está ligada à outra.

4. Dificuldades na concretização da Área de Projecto.

► Eu gostava muito discutir com alguém o que estou a fazer na área de projecto.

► Trabalhamos muito isolados.5. Intervenção na

concretização da Área de Projecto.

► De um modo informal, espontaneamente, no decorrer da aula, junto de cada grupo.

► Confrontava-os em conversa com eles.6. Coordenação do

Conselho Pedagógico.

► Não há coordenação.► Existe um coordenador que coordena, também, as outras

áreas não disciplinares.► A mim parece-me que a coordenação está feita num sentido

mais administrativo.► No início do ano quando fo i necessário distribuir alguns

documentos reuniram-se os professores da área de projecto.

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► Uma reunião onde o coordenador consegue falar para todos ao mesmo tempo.

► Numa das primeiras reuniões foram dadas todas as informações.

► A proveniência da informação è do ministério.► São uma por período.► Servem para fazer o ponto da situação, como é que estão as

coisas a correr, se há necessidades materiais, como é que vão expor os trabalhos.

7. Coordenação do Conselho de Turma.

► Não se coordena.► Não se discute.► Não há troca de opiniões.► Ao nível do conselho de turma não se produziu nada.► O professor da área de projecto comunica aos colegas o

que se vai fazer, o que estão a fazer.► Não há mais nenhuma informação.► Não se negoceia nada, está tudo negociado à partida.► As competências não foram trabalhadas em articulação

com outras disciplinas.► Eu não pedi ajuda.► Com a participação de outros professores poderia ter sido

melhor.► Em acta há sempre um pequeno parágrafo, um ponto da

ordem de trabalhos destinado à área de projecto.► Se está a correr tudo bem, se as planificações estão a ser

cumpridas.► Não quer dizer que seja considerado muito relevante (o

projecto curricular de turma).8. Decisões dos

alunos sobre a concretização da Área de Projecto.

► Depois de ter feito uma recolha, uma espécie de um diagnostico do que eles fizeram no ano passado.

► Cada grupo de trabalho da turma produziu uma foto novela desde o ponto zero até ao produto final, desde a escolha do tema, a construção de uma história, o guião, a recolha de materiais para depois fazer a produção propriamente dita, a fotografia.

► E um trabalho muito, muito rico, exige muito tempo, exige uma série de actividades diferentes, que se complementam.

► Eles foram de corpo e alma, de corpo e alma.► Eu tinha alguns níveis de qualidade que tinham de ser

cumpridos.9. Actividades

realizadas na Área de Projecto.

► Este ano fo i um mesmo projecto para todo o ano lectivo.► 0 produto final è uma foto novela.► Uma exposição.

10. Participação da comunidade educativa.

► Envolve mesmo a comunidade.► A família, fala-se tanto nas famílias, estão lá nas

fotografias, avozinhas, tios... estão nas fotografias, e o primo... como actores, foram fotografados, estão a desempenhar um papel, foram fotografados.

► Funcionou muito bem.11. Definição de ► A avaliação é um balanço.

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avaliação.12. Funções da

avaliação.► Já decidi premiar alunos com satisfaz bem.► Premiar o empenho, a regularidade, o seu trabalho► A avaliação é importante mas a avaliação dos processos.► Preocupa-me mais do que a auto-avaliação, que é muito

importante, a hetero-avaliação, sou mais adepto.13. Objecto de

avaliação.► Valorizo mais os processos e menos o conteúdo final.► 0 empenho► A regularidade► O trabalho.► 0 modo como eles fazem e não o produto do trabalho.

14. Registos de avaliação.

► No início do ano construí isso tudo.► As fichas foram construídas de forma a serem de uso fácil,

para que eu possa olhar e ver logo qual é a tendência dos alunos, vejo logo.

► A avaliação contínua tem esta ficha.► Elas são importantes para mim, para me organizar e para

eles para eles valorizarem o seu próprio trabalho.► Esta ficha ajuda-me muito.► Se eu chegasse junto dos meus colegas de trabalho e lhes

dissesse, olhem, eu tenho aqui isto para avaliar a área de projecto chamavam-me burro, o quê, usas isso?

15. Dificuldades na avaliação das aprendizagens dos alunos na Área de Projecto.

► 0 trabalho em grupo... dificilmente è bem avaliado por nós próprios, temos dificuldade em ver tudo... pode-nos passar ao lado muitas coisas, as nossas reacções, as nossas intolerâncias.

► 0 que mais os preocupa durante o processo, durante o período todo, o busílis da questão, é o trabalho de grupo, é o que pode definir se tudo corre bem ou se tudo corre mal.

► As vezes os alunos divergem entre si, mas o motivo que identifico mais vezes como explicativo das divergências são as amizades que existem entre eles.

16. Avaliação formativa.

► Quem tiver a tentação de avaliar só os produtos, na minha humilde opinião, está a falhar.

17. Avaliação sumativa.

► Em relação a estas menções vou deixar que as estatísticas mandem.

► Vou ver se consigo fazer isto sem me deixar tentar por fazer algumas correcções, alguns ajustes, que às vezes faço.

► Eu acho que a forma mais honesta de fazer avaliação sumativa é pegar no que está para trás, cruzar os critérios e as dimensões que definimos e depois ver o que dá.

► Mas isto não dá para fazer contas. Eu pondero os dados todos... é uma ponderação mas não è uma ponderação matemática... pondero tudo globalmente e depois isto resulta num determinado nível.

► Todas as avaliações deles normalmente ficam muito presas à qualidade do trabalho de grupo.

► Mas muitas vezes acontece que nós pensamos... este aluno merece 5, eporque è que merece 5? Porque se calhar nós criámos essa imagem dele por nunca ter falhado com os

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materiais, por ser interessado, por ser empenhado, pelos seus trabalhos terem tido qualidade... só que se fizermos a média daquilo que se tem...

► 0 que pesa mais é a ideia global que é transmitida pelos diferentes aspectos da ficha.

► Eu deixo que esta ideia global me ajude em última instância.

► Os alunos têm de pensar que o produto final também vai ter uma avaliação.

► Finjo que o produto é importante, mas para mim não é importante apesar de fazer sentir que é.

18. Directrizes do Conselho Pedagógico sobre a avaliação da Área de Projecto.

19. Directrizes do Conselho de Turma sobre a avaliação da Área de Projecto.

20. Participação dos alunos na avaliação.

► Dou-lhes espaço para eles definirem algumas das competências que eles julgam que devem ser avaliadas.

► Num dos impressos que eu uso, há um quadro com as competências e está um espaço em branco que eles podem preencher.

► A maioria não escreve mais nada. Aproveita as que estão lá. Talvez 5 a 10% por vezes escreve mais qualquer coisa.

► Eu tentei sempre confrontá-los com a sua própria planificação.

► Serve para tirar dúvidas, inclusivamente.► De uma forma séria, com seriedade.► Também procuro não chateá-los muito com o

preenchimento destas fichas.► Nunca os massacrei com isto.► Eles têm conhecimento disto, preenchem isto de tempos a

tempos... não quer dizer que seja em todas as aulas.► 0 trabalho para eles è giro, mas o preenchimento disto já

não. Começam logo, o quê, papéis?► Para as preencher utilizo uma unidade de tempo razoável...

se bem que este tipo de procedimentos faça mais sentido para os alunos mais velhos, eles têm de justificar porque é que se consideram bons.

► Penso que com estes alunos è sempre dificil que os alunos compreendam o que está em causa com a avaliação.

► A avaliação do final do período é pouco discutida.► Mas não se preocupam muito com essas coisas... talvez por

serem miúdos do 7. ° ano de escolaridade.► Que ia ser avaliada de maneira diferente.

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► Que a avaliação também teria uma escala diferente, que seria qualitativa, com objectivos diferentes.

► E conversado com eles, mas não fazemos muita conversa neste sentido.

► Esta conversa só a faço uma vez.► No final do período é só fazer contas, fazer contas entre

aspas, é fazer corresponder.► Nessa avaliação de grupo eles têm de se questionar em

relação a isto: o que é que está planificado para hoje, o que é que fizemos?

► Depois avaliam-se... em três níveis.► Eu nunca fugi destes três níveis para depois ser mais fácil

fazer a transposição para a avaliação qualitativa sumativa da área de projecto.

► Pedir-lhes no final do período uma síntese descritiva.► Quem define a nota deles no final do período são eles e a

turma.► Uma das coisas que avalio no final do período è a

coerência da síntese descritiva em relação ao resto, tento responsabilizá-los.

► Na última aula do período chegamos a conversar sobre isso, e eles sabem o que é que vale mais, o que vale menos.

► Eu vejo o tipo de avaliações que o grupo fez de si próprio e depois transfiro para aqui.

21. Auto-avaliaçao. ► Fazem três tipos de avaliação: a auto-avaliação, a hetero- avaliação e depois o grupo no seu conjunto avalia o grupo.

► A auto-avaliação só conta se fo r coerente com o resto.► Cada aluno é avaliado pelo que cada um dos outros acha

dele, pelo que ele acha de si próprio e pela avaliação que o grupo faz... é como que uma avaliação por equipas e uma avaliação individual.

► Eles têm registos de avaliação que vão sendo preenchidos.► Peço-lhes uma auto-avaliação de todos os trabalhos

práticos que eles fazem.► Ponho sempre as cruzes com a síntese descritiva... e as

coisas têm de bater certo umas com as outras e se baterem certo eu considero a auto-avaliação deles na avaliação final.

22. Saberes declarativos.

23. Saberesprocedimentais.

► Uma melhor competência na escrita.► Exigências em relação à qualidade do texto.

24. Saberes atitudinais.

► Sabem trabalhar em grupo com mais qualidade.

25. Saberesmetacognitivos.

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ANEXO 15Síntese e agrupamento de dados

Entrevista aos alunos do Professor 1

Nota 1: A... refere-se a um(a) aluno(a).Nota 2: A:A: refere o intervalo; exemplo: A1:A4: os alunos Al, A2, A3 e A4.

Referências a... Segmentos de texto26. Aceitação da

Área de Projecto.► Sim. (A1:A6)► Fizemos uma viagem de estudo interessante. (Al)► As aulas são foces. (Al)► Por causa do tema que tratamos. (A2, A3)► É divertido. (A5)

27. Aspectos valorizados na Área de Projecto.

► 0 tema que tratámos. (Al, A2, A3)► A viagem de estudo. (Al)► 0 trabalho de grupo. (A4)► Planeámos fazer coisas que nunca tínhamos feito. (A6)

28. Modo deconcretização da Área de Projecto.

► Tínhamos tudo planeado. (A2:A6)► Ao longo das aulas fomos dando a nossa opinião sobre o

que gostaríamos de fazer. (A2, A3)► Sabíamos o que íamos fazer. (A4)► Combinámos tudo. (A3)► Nós planeámos nas aulas o que iríamos fazer depois. (A4)

29. Participação nas decisões de avaliação.

► Sim. (A1:A6)► A nossa participação. (A4)► Falávamos sobre o nosso comportamento. (A l: A6)► (Falávamos sobre) o nosso empenhamento. (A l: A6)

30. Aspectos valorizados na avaliação.

► 0 interesse demonstrado. (A 1)► O trabalho que fiz. (Al, A6)► 0 empenho no grupo. (A2, A5)► 0 empenhamento. (A3)► A colaboração no trabalho. (A2, A5)► 0 comportamento nas aulas. (A2, A5, A6)► 0 esforço. (A6)

31. Avaliação sumativa.

► Satisfaz. Faltei muito e só aprendi algumas coisas. (A2)► Satisfaz. "Preguicei” muito ao longo do I . °e 2.°períodos.

(A3)► Satisfaz bem. Trabalhei a sério. (A4)► Satisfaz. Empenhei-me nas aulas e ajudei os meus colegas.

(A5)► Satisfaz bem. Progredi muito. (A6)

32. Saberes declarativos.

► Aprendemos e aprofundamos coisas sobre o desporto. (Al, A3, A5)

► Aprendi coisas relacionadas com o jornalismo. (A5)33. Saberes

procedimentais.► Aprendi a investigar. (Al, A5)► Aprendi a trabalhar em grupo. (A l, A5, A6)► Aprendi a fazer um trabalho. (Al, A5)

34. Saberes atitudinais.

► Que nos devemos ajudar uns aos outros. (A2)► Aprendi a conviver. (A3)

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► Aprendi a falar em público sem vergonha. (A4)35. Saberes

metacognitivos.' ►

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ANEXO 16Síntese e agrupamento de dados

Entrevista aos alunos do Professor 2

Nota 1: A... refere-se a um(a) aluno(a).Nota 2: A:A: refere o intervalo; exemplo: Al :A4: os alunos Al, A2, A3 e A4.

R e f e r ê n c ia s a ... S e g m e n t o s d e t e x t o

1. Aceitação da Área de Projecto.

► Sim. (A1:A6)► 0 tema fo i escolhido por nós. (Al )► A partir de um tema realizei várias actividades. (Al)► Representámos um teatro e eu adoro representar. (A2, A5)► Foi divertido. (A3)► Adorei a nossa forma de trabalhar. (A4)► Adorei as aulas. (A5, A6)► E u e as minhas colegas fizemos um trabalho de que

gostámos muito. (A6)2. Aspectos

valorizados na Área de Projecto.

► Tratámos do tema da sexualidade. (A2; A5)► Pude tirar muitas dúvidas que tinha. (A2)► Acho que a Area de Projecto é uma disciplina muito

importante para os alunos ao nível da autonomia e desempenho. (A3)

3. Modo deconcretização da Área de Projecto.

► Queria que nós tivéssemos empenho. (Al : A5)► Queria que nós tivéssemos responsabilidade. (Al : A5)► Queria um trabalho bem organizado. (Al)► Deixou-nos escolher o tema. (A2)► Demos largas à nossa imaginação. (A2)

4. Participação nas decisões de avaliação.

► Sim. (A1:A5)► Na área de projecto temos oportunidade para dizer tudo o

que concordamos e discordamos. (A2, A4)► A professora disse que os parâmetros de avaliação já

estavam definidos. (A4)5. Aspectos

valorizados na avaliação.

► 0 empenho. (Al, A4, A5, A6)► A criatividade. (Al)► A forma de trabalhar. (A3)► 0 trabalho que realizámos. (A2, A4, A5, A6)► A entreajuda no grupo. (A2)► A apresentação do trabalho. (A2)► 0 comportamento. (A4, A5)► A assiduidade. (A4)► A pontualidade. (A4)

6. Avaliação sumativa.

► Satisfaz bem. Empenhei-me em todas as actividades. (Al)► Ajudei os meus colegas com mais dificuldades. (Al)► Fiz os projectos ordenadamente. (Al ).► Interessei-me bastante. (Al)► Satisfaz bem. Acho que fiz um bom trabalho. (A2)► Interessei-me sobre os temas desenvolvidos. (A2)► Satisfaz. 0 meu comportamento não fo i lá muito bom. (A3)► Satisfaz. Trabalhei bem, mas em relação ao período

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passado o trabalho não foi tão bom. (A5)► Satisfaz. Não me esforcei muito para merecer mais. (A6)

7. Saberes declarativos.

► Aprendemos muitas coisas. (A1:A6)► Tirei muitas dúvidas sobre a sexualidade. (A2)► 0 que aprendi sobre sexualidade. (A3, A5)

8. Saberesprocedimentais.

► A representar. (A2, A6)► Acesso à Internet o que facilitou as coisas. (A2)► A nossa organização. (A4)► Aprendemos a fazer projectos. (A4)► Técnicas de pintura. (A6)

9. Saberes atitudinais.

► Esforcei-me muito mais que nos anos passados. (A l)► Verifiquei que è preciso ser cada vez mais responsável.

(Al)► Aprendi que se devem ter vários cuidados com o que

fazemos e como o fazemos porque poderemos ter várias consequências. (Al)

► A estar mais à vontade em palco. (A2)► Aprendi a ter espírito de entreajuda. (A3)► A colaborar com os outros. (A3)► Aprendi a ser autónomo. (A3)► A trabalhar com empenho. (A3)► Fazer tudo até à data marcada. (A4)► Ajudámo-nos uns aos outros. (A6)

10. Saberesmetacognitivos.

► Aprendi com os meus erros. (Al)

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ANEXO 17Síntese e agrupamento de dados

Entrevista aos alunos do Professor 3

Nota 1: A... refere-se a um(a) aluno(a).Nota 2 : A:A: refere o intervalo; exemplo: A1:A4: os alunos A l, A2, A3 e A4.

R e f e r ê n c ia s a ... S e g m e n t o s d e t e x t o

11. Aceitação da Área de Projecto.

► Sim. (A1:A6).► Toda a turma estava interessada. (A1:A6)► 0 tema tratado era do meu gosto, do meu interesse. (Al,

A2, A5)► Se o tema não fosse do meu interesse não me aplicava da

mesma maneira. (Al)► Escolhemos o tema que queríamos. (A3)► Fizemos coisas fixes. (A3)► Porque o tema que tratámos é muito importante. (A5)► Gostei de ir à biblioteca e à sala dos computadores. (A4)► Não era uma actividade como as outras, era divertida para

nós e ajudava os animais. (A6)12. Aspectos

valorizados na Área de Projecto.

► Trabalhámos num projecto conjunto. (Al)► Organizámos uma actividade a nível escolar. (Al)► Ajudámos uma instituição. (Al)

13. Modo deconcretização da Área de Projecto.

► Decidimos depois de muita confusão. (Al)► A trabalhar. (Al)► A organizar o trabalho. (Al)► A ajudar os colegas do grupo. (Al)► Quem escolheu os projectos fomos nós. (A2)► Deixar-nos escolher o tema que queríamos. (A3)► A professora sempre quis que fizéssemos trabalhos

organizados. (A5)► A professora sempre quis) que tivéssemos uma atitude

positiva na aula. (A5)14. Participação nas

decisões de avaliação.

► Sim. (A1:A6).► A ajuda no grupo. (A l)► A professora é que vai avaliar, ela é que sabe. (A4)

15. Aspectos valorizados na avaliação.

► A nossa forma de trabalhar. (A l, A4)► A participação. (Al)► 0 nosso empenho. (A l, A4)► A colaboração. (Al)► A forma de estar na sala. (A 1)► 0 nosso comportamento. (Al, A2, A4, A5)► 0 desenvolvimento do trabalho. (A2, A4)► A pesquisa que fizemos. (A2, A3)► A forma de apresentar os trabalhos. (A3)► 0 esforço. (A4, A5)

16. Avaliação sumativa.

► Satisfaz. Trabalhei com imenso gosto e aplicação. (Al)► Satisfaz bem. Trabalhei e fizo que pertencia à minha parte.

(A2)

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► Evoluí desde o 2. °período. (A2)► Satisfaz, porque ajudei o meu grupo e eles ajudaram-me.

(A3)► Satisfaz, porque trabalhei mais que nos outros anos e acho

que o trabalho do meu grupo está muito bom. (A4)► Esforcei-me. (A4)► Melhorei o meu comportamento. (A4)► Eu também, porque trabalhei com o meu grupo. (A5)► Trabalhei bem. (A5)► Ajudei nas dificuldades do grupo. (A5)► Satisfaz bem. Esforcei-me por atingir os meus objectivos,

trabalhei bem e fiz tudo o que devia. (A6)17. Saberes

declarativos.► Aprendemos coisas novas que não sabíamos. (A5)► Muita coisa. (Al, A3)

18. Saberesprocedimentais.

► Aprendi a trabalhar em grupo. (A2)► 0 que fazer no caso de ter um animal. (A3)► Pesquisar informação. (A3)► Aprendi novas técnicas. (A3)► Realizámos trabalhos de grupo. (A4)► Pesquisámos. (A4)

19. Saberes atitudinais.

► Aprendi que se trabalharmos em equipa podemos fazer coisas fixes. (Al)

► Aprendi a chamar a atenção das pessoas sobre assuntos da nossa sociedade. (A2)

► A trabalhar mais em grupo. (A3)► Aprendi a ceder nalguns aspectos para o bem do grupo.

(A3)► Aprendi a colaborar. (A5)► A ajudar as outras pessoas. (A5)► A ajudar sem pedir nada em troca. (A5)► Aprendi que devíamos ser mais unidos. (A5)► Aprendi a ser responsável com os meus colegas. (A6)► (Aprendi a ser responsável) com os trabalhos que fizemos.

(A6)20. Saberes

metacognitivos.►

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ANEXO 18Síntese e agrupamento de dados

Entrevista aos alunos do Professor 4

Nota 1: A... refere-se a um(a) aluno(a).Nota 2: A:A: refere o intervalo; exemplo: Al :A4: os alunos A l, A2, A3 e A4.

Referências a... Segmentos de texto21. Aceitação da

Área de Projecto.► Sim. (Al, A3, A4, A6)► Gostei. (A2, A6)► Foi um trabalho divertido. (A3)► Fiz um trabalho onde gostei de participar. (A4)► Porque o professor é fixe. (A5)► Porque o trabalho é fixe. (A5)

22. Aspectos valorizados na Área de Projecto.

► Fizemos trabalhos diferentes dos que tínhamos feito antes. (A1.A2)

► Porque o trabalho fo i colaborado por todo o grupo. (A2)► Porque trabalhamos em grupo. (A3)► Fizemos um trabalho bastante original. (A6).

23. Modo deconcretização da Área de Projecto.

► Sim, sabíamos o que íamos fazer. (Al :A6)► (0 professor) queria que aprendêssemos a trabalhar em

grupo. (A4)24. Participação nas

decisões de avaliação.

► Sim. (A1:A6)► Ao longo do ano fomos conversando. (A2, A3).

25. Aspectos valorizados na avaliação.

► 0 empenho. (Al :A6)► 0 comportamento. (Al, A2, A5, A6)► 0 trabalho ao longo do ano. (A2)► 0 trabalho em grupo. (A5)► A união com o grupo. (A6)

26. Avaliação sumativa.

► Satisfaz bem. (Al, A2, A4, A5)► Consegui atingir os objectivos. (Al)► Porque me empenhei no trabalho. (Al, A2, A4)► Sou aplicada. (A5)► Entre o satisfaz e o satisfaz bem. (A6)► Penso que me comportei um pouco mal. (A6)► Tenho várias faltas de material. (A6)

27. Saberes declarativos.

28. Saberesprocedimentais.

► A trabalhar em grupo. (A2, A4, A6)► Aprendi a organizar-me num trabalho de grupo. (A3)

29. Saberes atitudinais.

► Aprendi a lidar com os meus colegas. (A l)► A trabalharmos em conjunto. (Al)► Aprendi a respeitar as opiniões dos outros. (A5)►

30. Saberesmetacognitivos.

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A U b i ù ^

ESCOLA BÁSICA DOS 2° E 3° CICLOS ..'ú

C ü

m

tcTurma

IcA

f

i i

I

>

Nome: n°

Critérios1

Perloodo

2Perl

oodo

3Perl

oodo

S im N ã o S im N ã o S im N ão

Capaddade de procurar informação

Capacidade de seleccionar informação

Capacidade de aplicar informação

Capacidade de s e expressar com clareza

Participação/colaboração nas actividades de grupo

Método de Estudo e de Tratialho.lndivldual

Espírito de cooperação e ajuda

Iniciativa

Autonomia

Espírito crítico

Peso dos Critérios Menção a atribuir8 a 10 critérios com SIM Satisfaz Bem5 a 7 critérios com SIM Satisfaz0 a 4 critérios com SIM Não Satisfaz

Menção a atribuir:

1 ° Período 2 ° Período 3 o Período

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fi*afc»dM 2*«3*ck*M FICHA DE AU TO-AVALIAÇÃO y Cicio Aao lectivo Período

A preencher pelo AlunoLPO LEI LEU HST GEO MAT CFQ CNA EDV EDT EDF EDM EMRC FC EA AP

Aquisição, compreensão e

- Muito Bom

1.- Bom

utilização de - Satisfazconhecimentos - Não Satisfaz

2. Express So oral- Correcta- Com dificuldades

o - Correcta

1H

- Com dificuldades

4. Estuda regularmente- Sim

g -N8o

f S. Realiza as tarefas propostas para casa- Sim

o.0 -Não

IX 6. Ê assiduo e pontual- Sim-Não

7. Faz-se acompanhar do material necessário- Sim

-Não- Progrediu

8. Progressão na aprendizagem - Manteve

- Piorou

SIM NÀO

9. É criativo10. Revela espirito crítico11. Quando nio compreende esclarece dúvidas12. É sociável13. É introvertido e relaciona-se dificilmente14. É responsável15, Coopera na manutenção de um bom clima na sala de aula

16. Revela autonomia e iniciativa

Data: O Aluno:

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Agrupamento Vertical de Escolas ... . ;GRELHAS DE OBSERVAÇÃO DE ÁREA DE PROJECTO

TURMA / ANO DIAS DO MÊS DE 2003/2004

VALORES/ATITUDES 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31

PONTUALIDADE -

ASSIDUIDADE

MATERIAL

EMPENHO NAS TAREFAS

ORGANIZAÇÃO DO PLANO DE TRABALHO

RESPEITO PELOS COLEGAS

Professora:

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AuUo ZI Agrupamento Vertical de Escolas c.'*

ÁREA DE PROJECTO - Ficha de auto - avaliação F inal

&

Nome do aluno Tema do projecto. Z.V »•

,N °. r-Ano'.. Turma ’ . Data* / . / r

Reflecte sobre a forma como participaste neste projecto, para poderes preencher esta ficha, (coloca uma X)

Ler textos, livros ou revistas \ j •t Recolher materiais

Pesquisar na internet \ t\ Seleccionar material recolhido *. *

Fazer entrevistas Elaboração de resumos : :Escrever textos Tirar fotografiasTrabalhar no computador Escrever um “livro” / .

Fazer cartazes Desenhar e pintarMontar uma exposição Organizar/participar num jogoConstruir uma maqueta Modelar objectosParticipar numa peça de teatro Realizar um cenárioOrganizar um desfile

2 . Coloca uma X na resposta mais adequada ao teu trabalho:

2 .1 . A relação com os colegas do grupo foi:

Muito boa 1 ~ | Boa [ J ] Satisfaz | | Não satisfaz | |

2.2. A forma como trabalhei no grupo foi:

Muito boa Boa 11' 1 Satisfaz I I Não satisfaz 1 |

2 .3 . A m inha participação nas actividades foi:

Muito boa Boa [ 3 Satisfaz [ | Não satisfaz | |2 .4 . 0 resultado do trabalho realizado foi:

Satisfaz Bem | 1 Satisfaz 1^1 Não Satisfaz j |

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A ltó y io Z 3

Agrupamento Vertical de Escolas

ÂREA DE PROJECTO 1- -:. ^ ANO__ Turma-----

Aula ___________ ______Responsabilidadi Organização Empenhamento Participação Iniciativa

GRUPOS NS S SB NS S SB NS S SB NS S SB NS S SB

1

2

3456 IObs.

*

| '

-

Aulal£d2to] Responsabilidadi Organização Empenhamento Participação In idsAlva

GRUPOS NS S SB NS S SB NS S SB NS S SB NS S SB

1

2

3456Obs.

Aula/ / Responsabilidadi Organização Empenhamento Participação Iniciativa

GRUPOS NS S SB NS S SB NS S SB NS S SB NS S SB

1

23456Obs.

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ESCOLA BÁSICA DOS V E 3* CICLOS

ÁREA DE PROJECTO ANO LECTIVO 200_ / 200

FICHA DE OBSERVAÇÃO DA ÁREA DE PROJECTO

ANO TURMA______ D AIA / /___ TEMA DO PROJECTO_____________ |_______________________________PAR PEDAGÓGICO ___________________________/ _______

Organizoçéo do projecto e concretização das

tarefes

Cooperação com os colegas/professores

Capacidade de iniciativa Qualidade de execução e apresentação

Capacidade de rrflexdo sobre o trabalho

desenvolvido

Apreciação Global

N m Nomerp rp yp rp r p rp rp rp rp rp rp rp rp rp rp rp rp rp

1234567891011121314IS16171819202122232425262728

NO- Nie Observado RP-ReveUpowo a - Revela RC - Bereía daraArote

ObaervaçSei: NS-NioM bfiu8 — Rafftfa»SB - Sctbfltt Boa

\z

omi

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Escola Básica 2,3 ' ÁREA DE PROJECTO turma:

ano lectivo 2003/04 FICHA DE OBSERVAÇÃO piofossora:

INICIATIVA: ABORDAGEM METODOLÓGICA:

ACTIVIDADES: DATA:

> Ogontraçôo do pro|acto o conaoffioçâo do arofai

> C oopotoçâo oom o« cotogo» • ptoloaomo

> Copaddodo do tofclofNo

> Quoldodo do oxocuçâo o apcoiontoçâo

> Capoddodo do ioflox6o «obto o taaboho downvoMdo

N* N e m «

CRU PO Of matAiHO

ntOIOMO M poio toaloodo quo o aooto

A n a M lociwo» qu» OeiofrrWiom oaoudb-o-db

Ao voaptoocupoçdonapfOMivoçâodoambtorto

Etaoonquootto*condueomoad on M m do moto ondo vNo

ApMoorao oewtoglw p/ mofto<o<a*uo Méoçõo com 0 moto

Comunico.dbcutoodofondotoototptdptto*

AjJdaoMu método do IKtoatto ât naeotoldodM do gmpo

Auto-cvataOMu doaomponlto omlunçòodo conttdoomquo M Iro MO

1 a

2

3

4

5

6

7

8

9

10

I I

12

13

14

15

16

17

18

19

20

21

22

23

24

25

26

27

a s

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- A W o 1 6

Escola Básica 2,3 !. . ÁREA DE PROJECTO 7 ° ;

ano lectivo 2003/04 professora: i.*,-. -r. ‘ ‘ L .

AVALIAÇÃO 2® PERÍODOrtóo Satisfaz Satisfaz

RP revela pouco R revela RC revela claramente ' Satlsfazbem

N° N o m e

Organização do projecto

e concretização de tarefas

Cooperação com os colegas

e professores

Capacidade de Inlckrítva

QuaBdade de execução e

apresentação

Capâldade de reflexão sobre o

trabalho desenvolvido

A p r e c ia ç ã og lo b a l

1 Alexandra Monteiro j < 1 s

2 Alexandre

3 Ana Fiüpa 4 i -;

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4 Ana Margarida.

5 Ana Paula ?6 Ana Dias

7 Ana Raquel Pereira ■;

8 Ana Rita - '

9 Andreia -^ . \

10 Andreiai t ■

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11 Bárbara ; . i• : / Ê

12 Qaudia Trigo r ./

13 Daniel i ’ C ^ ■ « i i »

14 Daniela V. . . ^

15 Elber >/;

\ 6 f ;

16 Emanuel cJ

17 Irene r.- ■>

18 João , . 'l

19 José ; '

20 Luisi 1

21 Marta i 1-

22 Pedro j

23 Renato ri . R 1

24 Renato Nunes

25 Samuel

26 Telma

27 Vanessa •

“Xí

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- j r t íV o

Escola EB 2,3 -2003/04

Área de Projecto - 7’ano - Turma___

Nome: Número:

Auto-avaliacão - Período

Competências (NS/ S / SB)

Assiduidade/ Pontualidade . ■ .

• Cumprimento de regras

Responsabilidade

Tolerância

Empenho

Respeito pelos outros

Autonomia

Criatividade

Espírito de iniciativa

Cooperação com o grupo

Capacidade de decisão

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Data

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Síntese Descritiva

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Escola EB 2,3 . - : - 2003/04

Área de Projecto - 7 ano - Turma - Grupo —

Hetero-avaliacão - __ Período

-C

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Escola EB 2,3 , - 2003/04