A AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO EMPRESARIAL: O PASSO...

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FUNDAÇÃFUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E DE EMPRESAS CENTRO DE FORMAÇÃO ACADÊMICA E PESQUISA CURSO DE MESTRADO EXECUTIVO EM GESTÃO EMPRESARIAL Carlos Alberto Meireles Marçal A AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO EMPRESARIAL: O PASSO SEGUINTE À IMPLEMENTAÇÃO DO SISTEMA DE GESTÃO. Rio de Janeiro 2008

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FUNDAÇÃFUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS

ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E DE EMPRESAS

CENTRO DE FORMAÇÃO ACADÊMICA E PESQUISA

CURSO DE MESTRADO EXECUTIVO EM GESTÃO EMPRESARIAL

Carlos Alberto Meireles Marçal

A AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO EMPRESARIAL:

O PASSO SEGUINTE À IMPLEMENTAÇÃO DO

SISTEMA DE GESTÃO.

Rio de Janeiro

2008

2

FUNDAÇÃFUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS

ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E DE EMPRESAS

CENTRO DE FORMAÇÃO ACADÊMICA E PESQUISA

CURSO DE MESTRADO EXECUTIVO EM GESTÃO EMPRESARIAL

Carlos Alberto Meireles Marçal

A AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO EMPRESARIAL:

O PASSO SEGUINTE À IMPLEMENTAÇÃO DO

SISTEMA DE GESTÃO.

Dissertação de Mestrado apresentada à Escola

Brasileira de Administração Pública e de Empresas da

Fundação Getúlio Vargas como requisito parcial para

obtenção do título de Mestre em Gestão Empresarial.

Orientador: Prof. Luis César G. de Araújo

Rio de Janeiro

2008

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AGRADECIMENTOS

A Deus, acima de tudo.

Aos meus pais, que nunca mediram esforços para me proporcionar uma boa

educação, pelo apoio e incentivo.

Ao meu orientador Professor Luis César G. de Araújo por sua incomensurável

dedicação, pelo apoio, pela motivação constante e principalmente pelas lições e

valores que me foram passados ao longo da sua orientação.

À minha esposa Luciane Ramos Dias pela paciência e carinho.

Ao ex-Gerente Geral de Equipamentos e Serviços do Abastecimento-Refino,

Ronaldo Ururahy, pelo patrocínio para realização deste programa de mestrado, à ex-

Gerente da Área de Avaliação de Desempenho Empresarial, Márcia Springer, e meus

gerentes diretos, por propiciarem as condições necessárias a compatibilizar minhas

atividades profissionais e acadêmicas.

Aos professores da Ebape, pelos inúmeros ensinamentos recebidos.

Aos colegas das turmas de mestrado de 2006 e 2007 e 2002, pela convivência e

pela troca de experiências.

A todos aqueles que conviveram comigo na minha vida profissional, pois, de

alguma forma, contribuíram para este resultado.

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RESUMO

Esse trabalho buscou verificar a etapas envolvidas na implantação do Balanced

Score Card como sistema de gestão estratégica em uma empresa pública brasileira.

Também tinha como objetivo verificar se a empresa poderia ser considerada

uma organização orientada para estratégia, através de comparação entre os resultados

obtidos com a implantação do sistema de gestão e os itens de verificação apontados

na literatura, entre os quais se destaca a capacidade de se obter a maximização dos

recursos financeiros e humanos através do alinhamento estratégico.

Os resultados encontrados, demonstraram que a empresa estudada implantou o

sistema de gestão segundo a metodologia indicada na literatura e após a

implementação apresentou evidências de que , embora apresente pontos de

otimização no processo de alinhamento, pode ser considerada uma empresa orientada

para estratégia.

Palavras-Chave

Estratégia; Alinhamento Estratégico; Abastecimento.

5

ABSTRACT

This study aimed to verify the steps involved in the deployment of Balanced

Score Card as a system of strategic management at a Brazilian public company.

It also had intended to verify if company can be considered a Strategy Focused

Organization, by comparing the results of the management system implementation with

the items listed in the literature, which also highlights the ability to obtain maximizing the

financial and human resources through the strategic alignment.

The results demonstrated that the company has implemented the management

system according to the method indicated in the literature and after implementation

presented evidence that, although has optimizing points on the alignment process, it

can be considered a Strategy Focused Organization.

.

Keywords

Strategy; Strategy Alignment; Downstream.

6

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Preocupações e necessidades de balanceamento na avaliação do

desempenho ..................................................................................................................38

Figura 2 – Vetores Críticos do Balanceamento Scorecard............................................45

Figura 3 – As quatro dimensões do BSC.......................................................................46

Figura 4 – Perspectiva do Cliente..................................................................................50

Figura 5 – Perspectiva de Aprendizado e Crescimento.................................................53

Figura 6 – Mapas, indicadores, metas e iniciativas........................................................56

Figura 7 – Ganhos estratégicos......................................................................................57

Figura 8 – Temas estratégicos.......................................................................................58

Figura 9 – Causa e efeito...............................................................................................58

Figura 10 – Justificativas para construção de scorecards..............................................61

Figura 11 – Princípios gerais de uma SFO (Organização Focada na Estratégia)..........72

Figura 12 – Alinhamento estratégico..............................................................................77

Figura 13 – Relação entre excelência na gestão e nível de benefícios.........................79

Figura 14 – Organograma Funcional..............................................................................91

Figura 15 – Evolução do processo de desempenho empresarial...................................95

Figura 16 – Sistema de administração estratégica.........................................................97

Figura 17 – Cronograma de implantação.....................................................................101

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LISTA DE ABREVIAÇÕES

BPR Business Process Reengineering

BSC Balanced Scorecard

BSCOL Balanced Scorecard Collaborative

CEO Chief Executive Officer

CNPQ Conselho Nacional do Petróleo

EFQM European Foundation for Quality Management

FNQ Fundação Nacional da Qualidade

GLP Gás liquefeito de petróleo

HBR Harvard Business Review

HPS Hyperion Performance Scorecard

JIT Just in Time

MBNQA Malcolm Baldrige National Quality Award

MME Ministério de Minas e Energia

P&D Pesquisa e Desenvolvimento

PEMP Progresso Efetivo e Medição da Perfomance

PETROBRAS Petróleo Brasileiro S/A

PPA Plano Anual de Atividades

PDG Plano de Dispêndios Globais

PNQ Prêmio Nacional da Qualidade

PQGF Prêmio Nacional da Gestão Pública

RDE Relatório de Desempenho Empresarial

RSI Renaiscence Solutions, Inc.

SEST Secretaria de Controle das Empresas Estatais

SMART Strategic Measurement Analysis and Reporting Technique

SFO Strategy focused organization

TI Tecnologia da Informação

TOC Theory of Constraints

TPI Total Performance Indicators

TQM Total Quality Management

VP Vice Presidente

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................10

1.1 Contextualização do problema ................................................................10

1.2. Apresentação do Problema .....................................................................12

1.3. Hipótese Básica .......................................................................................14

1.4. Objetivos ..................................................................................................14

1.4.1 Objetivo principal ...........................................................................15

1.4.2. Objetivos intermediários ................................................................15

1.5. Relevância do Estudo ..............................................................................15

1.6. Delimitação do Estudo .............................................................................16

2. METODOLOGIA .................................................................................................17

3. REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................20

3.1. Planejamento ...........................................................................................20

3.2. Estratégia .................................................................................................20

3.3. Planejamento Estratégico ........................................................................22

3.4. Críticas e limitações do planejamento estratégico ...................................27

3.5. Desempenho organizacional e metodologias de avaliação de

desempenho .......................................................................................................28

3.5.1. Desempenho organizacional .........................................................28

3.5.2. Avaliação do desempenho ............................................................28

3.5.3. Gestão do desempenho organizacional ........................................30

3.5.4. Indicadores de desempenho .........................................................30

3.5.5. Sistemas de avaliação do desempenho........................................32

3.5.6. Balanceamento dos sistemas........................................................37

3.5.7. Dificuldades para medir e avaliar...................................................38

3.6. Balanced Scorecard..................................................................................40

3.7. Organização Orientada para Estratégia ..................................................70

9

4. ANÁLISE DOS RESULTADOS ...........................................................................89

4.1. Descrição da empresa e visão corporativa ..............................................89

4.2. Histórico da Avaliação de desempenho na Petrobras .............................92

4.3. Escolha do sistema de gestão .................................................................95

4.4. Análise entre a Relatório de Desempenho Empresarial (RDE) e a

proposta do Balanced Scorecard (BSC) ..................................................98

4.5 A construção do BSC na Petrobras .......................................................100

4.6. Verificação dos itens propostos para uma organização focada na

estratégia no Área de Negócio Abastecimento ......................................105

4.7. Conclusões do capítulo ..........................................................................108

5. CONCLUSÕES .................................................................................................110

6. RECOMENDAÇÕES .........................................................................................112

7. REFERÊNCIAIS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................113

8. ANEXOS ...........................................................................................................123

10

1. INTRODUÇÃO

Este capítulo aborda o problema de pesquisa que originou este trabalho.

Primeiramente, será feita uma introdução ao trabalho a ser desenvolvido, seguida da

apresentação do objetivo principal e dos intermediários, a relevância do tema estudado

e finalmente, as limitações deste estudo.

1.1. Contextualização do problema

Os anos 50-60 viram grande crescimento das economias em especial nos

setores de eletrodomésticos e automobilísticos. A forte acumulação de capital gerou

crescimento e solidificação de grandes empresas e introduziu a diversificação como

estratégia para diminuir riscos e custos, além de aproveitar as oportunidades,

contribuindo para a formação de grandes conglomerados.

Nos início dos 70 a prioridade era diversificar, expandir os negócios de modo a

diluir sua dependência a um único negócio ou produto (inclusive com internalização de

negócios que apresentavam oportunidades ou potencial risco para as empresas).

Nesse período o otimismo imperava, logo havia uma tendência de iniciar atividade em

campo às vezes radicalmente oposta a sua experiência original. Mas já no final dos

anos 70, os problemas inflacionários e o aumento da concorrência, adicionados à

elevação da taxa de juros do início da década de 80, tiveram como conseqüência o

fechamento de unidades de produção e demissões em massa com forte recessão,

intensificada pela instabilidade crescente do mercado e pelo forte endividamento

americano, fazendo com que a capacidade de estimular a economia ficasse seriamente

prejudicada.

Segundo Nadler e Tushman (1999) a partir da década de 80, as organizações

experimentaram mudanças significativas nos seus ambientes de negócios, destacando-

se as alterações da política e da economia globais, que trazem abertura de mercados,

competição globalizada, ampla desregulamentação de indústrias e avanços nas

tecnologias de informação e telecomunicações, alterando as limitações de espaço e

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tempo nos negócios e facilitando o acesso a informações, serviços e redes de

distribuição.

Essa nova situação, extremamente mutável e surpreendente, passou a exigir

maior capacidade competitiva daquelas organizações que estão atentas aos rumos que

poderiam mantê-las ativas e vigorosas, para que se perpetuassem nos negócios,

mesmo face às dificuldades enfrentadas. Com esse intuito, as organizações tentam

identificar e utilizar modelos gerenciais que imprimam maior competitividade.

Os negócios da nova economia não podiam mais ser modelados como fábricas,

dessa forma, à medida que a competição mundial tornava mais baseada em

informação, a habilidade em criar ou explorar ativos intangíveis passava a ser mais

decisiva (EDVINSSON, 1986)

Naquele momento e cada vez mais no futuro, o alcance de patamares de

excelência em desempenho tornava-se essencial. Mas, para isso, era necessário que

as organizações desenvolvessem sua capacidade de aprender. Era imprescindível que

fossem desenvolvidos mecanismos de avaliação, conjugados com o conseqüente

aprimoramento ou inovação dos produtos, processos, padrões e práticas de gestão.

A implementação bem sucedida dessas ações, requereria da organização um

entendimento claro sobre as hipóteses básicas associadas às estratégias, de forma

que houvesse um alinhamento entre as unidades organizacionais e seus recursos,

mediante testes contínuos dessas unidades e a obtenção de resultados passíveis de

provocarem adaptações sempre que for necessário. Isso é decorrente da percepção de

que deficiências de aprendizagem são fatais na compreensão da realidade, pois,

assim, abre-se espaço para que venham à tona as ameaças à sobrevivência da

organização, conjugadas com a incapacidade de reconhecer novas oportunidades de

negócios.

A grande ênfase que as organizações davam às medições financeiras de curto

prazo fazia com que houvesse uma grande lacuna entre o desenvolvimento da

estratégia e sua implementação, ressaltando a pouca adequação do modelo de gestão

tradicional no que concerne à ligação das ações de curto prazo com a estratégia de

longo prazo. Era necessário estender a visão básica da Alta Administração para toda a

estrutura através de relações de causa e efeito, e medir apenas o que realmente

importava através de indicadores totalmente quantificáveis, possibilitando que se

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avaliasse sistematicamente o quanto à estrutura e cada uma de suas partes está

atingindo os objetivos propostos.

A partir dos anos 90, com a publicação dos artigos de Kaplan e Norton na

Harvard Business Review, o conceito do balanced scorecard começa a ser debatido

em seminários e por empresas de consultoria. Seu surgimento está intrinsecamente

ligado às limitações dos sistemas tradicionais de avaliação de desempenho, porém

com sua evolução e uso, vem se tornando uma importante ferramenta de gestão

estratégica que além de conciliar as diferentes dimensões da mensuração de

desempenho proporciona que a organização seja orientada para a estratégia.

A metodologia Balanced Scorecard, desenvolvida por Robert S. Kaplan e David

P. Norton (1992), vem sendo utilizada por diversas organizações como resposta para a

realização de uma avaliação integrada do desempenho, baseada em um sistema de

indicadores que, além de refletirem os objetivos e metas organizacionais, explicitam as

ligações do dia-a-dia operacional com a estratégia de transformação adotada.

O BSC é uma ferramenta que materializa a visão e a estratégia da empresa

através de um “mapa estratégico” alinhado com objetivos e medidas de desempenho

da empresa. Esse mapa é feito com base nas perspectivas financeira, do cliente, dos

processos internos e de aprendizado e crescimento, sendo que essas medidas devem

ser fortemente interligadas garantir a comunicação dos temas estratégicos principais,

como o crescimento da empresa, a redução de riscos ou o aumento de produtividade.

1.2. Apresentação do Problema

Devido à falta de alinhamento estratégico, muitos recursos humanos e

financeiros são empregados em projetos que não impulsionam a empresa além de

outras inúmeras iniciativas sem relevância para a organização. O resultado disso é que

em vez de geração de resultado, há apenas um aumento da entropia interna, que por

conseguinte gera uma demanda por jornadas de trabalho cada vez longas, com

aumento dos custos e da necessidade de novos investimentos.

Metaforicamente essa situação é como um barco com muitos remadores que

tem como objetivo ir para frente. Embora cada barco seja impulsionado por atletas

altamente motivados, bem treinados e com excelente condicionamento físico, se cada

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um desses excepcionais remadores desenvolvesse e tentassem implementar suas

próprias táticas, os resultados seriam desastrosos.

A diferença entre as equipes vencedoras e as equipes perdedoras normalmente

reside na capacidade de remar em perfeita sintonia, com cada integrante remando com

vigor, mas de maneira coordenada e sob a orientação de um timoneiro responsável

pelo ritmo e orientação da embarcação. Essa metáfora é rica, pois ajuda a entender

que o benefício principal do alinhamento estratégico é a maximização dos recursos

humanos e financeiros dentro das empresas, ou seja, alinha todos os remadores em

uma mesma direção.

Segundo Kaplan e Norton (2006) várias empresas se comportam como barcos

sem coordenação. São compostas por unidades de negócio eficientes, com executivos

altamente treinados, motivados e experientes, mas não possuem seus esforços

alinhados entre si. No melhor caso o desempenho da corporação é apenas a soma do

desempenho de cada unidade de negócio subtraído do custo da administração central.

Entretanto o mais provável é que devido às atividades conflitantes das unidades de

negócio, causadas por clientes em comum ou recursos compartilhados, o resultado

final seja bem abaixo do que poderia ser caso houvesse uma atuação coordenada.

Como apresentado na metáfora, a administração central é como o bom timoneiro

que compreende os pontos fracos e fortes de cada remador, estuda o ambiente externo

e analisa a competição. Define então um curso de ação claro e assegura sua

implementação.

Kaplan e Norton (2006) identificaram que ao classificar as práticas de gestão de

empresa que utilizavam Scorecards, nos cinco princípios de gestão identificados como

importantes para a implementação bem sucedida da estratégia (mobilização, tradução

da estratégia, alinhamento da organização, motivação dos empregados e

gerenciamento), a diferença mais significativa entre as empresas que obtiveram

benefícios expressivos com o uso do BSC e as que informaram resultados pouco

expressivos, residia na etapa de alinhamento organizacional.

Assim, visando melhorar o entendimento sobre a etapa de alinhamento

organizacional na empresa estudada, busca-se entender quais seriam os alicerces que

suportariam a construção, desenvolvimento e posterior gerenciamento do alinhamento

14

organizacional, viabilizando a existência de um fluxo de agregação de valor pela

maximização de sinergias corporativas.

1.3. Hipótese Básica

Na busca pelos fundamentos das organizações de alto desempenho, torna-se

necessário compreender os fatores influenciadores do bom desempenho no processo

de gerenciamento de alinhamento organizacional. Isso pode sugerir medidas que

possam subsidiar o entendimento do desempenho global.

O processo de alinhamento estratégico é crucial para guiar todas as atividades

da empresa, pois o esforço do dia a dia e o dinamismo do mercado desviam a atenção

até dos melhores gestores. O alinhamento estratégico não requer grande montante de

investimento, nem alta tecnologia, já que é uma metodologia simples baseada na

objetividade da liderança, no envolvimento das pessoas e na disciplina e entusiasmo

dos gestores. De preferência deve ser implementado em toda empresa de modo amplo

e sistêmico.

A hipótese básica é de que a qualidade da gestão do processo de alinhamento

estratégico pode ser verificada, ao se identificar no mapa estratégico da Área de

Negócio estudado uma consonância com os objetivos estratégicos propostos no mapa

estratégico corporativo.

1.4. Objetivos

O presente trabalho visa analisar a eficiência do sistema de gestão em transmitir

a estratégia da corporação de forma contínua e em proporcionar o alinhamento

estratégico das áreas de negócio a compõe.

A dissertação será desenvolvida com base no modelo de estudo de caso único.

Com isso pretende-se evidenciar através da análise de uma Área de Negócio

específica a interdependência entre os indicadores e iniciativas estratégicas e o

alinhamento dos mesmos entre si e com a Estratégia da Corporação.

15

Com base no exposto, os objetivos deste trabalho se dividem da seguinte forma:

1.4.1. Objetivo principal

Avaliar a eficiência do processo de alinhamento estratégico ao verificar o

alinhamento da Área de Negócio Abastecimento com os objetivos estratégicos

da corporação.

1.4.2. Objetivos intermediários

Como intermediários são buscados os seguintes objetivos:

• Identificar a motivação da escolha do BSC como sistema de gestão e

como foi sua implementação;

• Identificar a opinião dos gestores sobre dificuldades no processo de

gestão estratégica e possíveis pontos de otimização;

1.5. Relevância do Estudo

A busca por uma forma eficiente de medição de desempenho, que pudesse,

além de avaliar os investimentos, direcionar estrategicamente a corporação, indicando

possíveis correções de rumo quando necessário, sempre esteve presente na história

empresarial.

Até a introdução do Balanced Scorecard na década de 90, os gestores se

utilizavam quase que exclusivamente de informações proveniente das áreas financeira

e contábil.

Atualmente, devido à demanda crescente pela medição de outros fatores

relevantes na agregação de valor dos serviços e produtos oferecidos, gerada pelo

acirramento da competição em níveis globais, o conceito proposto de mensuração e

controle de resultados não somente através de indicadores financeiros e contábeis vem

ganhando espaço.

Por ser uma tendência recente, especialmente no Brasil onde as primeiras

publicações começaram a chegar ao final da década de 90, a relevância do tema

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proposto por esse trabalho, está em contribuir tanto no âmbito empresarial quanto

acadêmico com a inclusão no acervo de um estudo de caso sobre avaliação da eficácia

da utilização da ferramenta BSC no alinhamento estratégico em uma empresa

brasileira do setor público.

1.6. Delimitação do Estudo

Este estudo tratará questões relativas à eficiência da sistemática de

gerenciamento do processo de alinhamento estratégico da Área de Negócio

Abastecimento da Petrobras.

A descrição da escolha do sistema de gestão e o histórico de implementação

abrangerá a empresa como um todo, porém a análise sobre a eficácia do sistema de

gerenciamento do processo de alinhamento estratégico e comunicação da estratégia

ficará restrita à apenas à Área de Negócio do Abastecimento.

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2. METODOLOGIA

Dentre as diversas metodologias utilizadas para classificar uma pesquisa, de

acordo com YIN (2005), este trabalho pode ser classificado como um estudo de caso

único no que tange os procedimentos técnicos a serem utilizados e quanto aos seus

objetivos pode ser classificado como descritivo e exploratório.

Ao buscar descrever em detalhes o caso analisado a fim de sistematizar a

experiência real percebemos o caráter descritivo, já o viés exploratório vem com a

busca do entendimento de como se dá o processo de utilização e revisão dos

indicadores que compões o BSC da empresa estudada.

De acordo com YIN (2005), um estudo de caso é uma investigação empírica que

investiga um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real,

especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente

definidos, ou seja o método de estudos de caso deveria ser utilizado quando

deliberadamente quisesse lidar com questões contextuais, acreditando que fossem

altamente pertinentes ao fenômeno de estudo. Além disso cita que a investigação de

estudo de caso enfrenta uma situação tecnicamente única em que haverá muito mais

variáveis de interesse do que pontos de dados, e, como resultado, baseia-se em várias

fontes de evidências, com os dados precisando convergir em um formato de triângulo,

e, como outro resultado, beneficia-se do desenvolvimento prévio de proposições

teóricas para conduzir a coleta e a análise de dados.

O autor complementa que por ser um método de pesquisa que abrange tudo, ou

seja, a lógica de planejamento, técnica de coleta de dados e abordagens de análise, o

estudo de caso deve ser encarado como uma estratégia de pesquisa abrangente, se

destacando como o mais completo dentre outros procedimentos técnicos.

É importante ressaltar que, conforme a visão de Denzin e Lincoln (1994, p. 4), o

presente estudo possui natureza predominantemente qualitativa, já que pesquisa

qualitativa ressalta a natureza socialmente construída, o relacionamento entre o

pesquisador e o que está sendo estudado e as restrições situacionais que delimitam a

pesquisa.

18

De acordo com Malhotra (2001), as pesquisas qualitativas são utilizadas

principalmente quando se quer entender melhor um tema, gerar novas hipóteses, gerar

indicadores ou atributos de mensuração ou gerar alternativas para fechar questões em

aberto.

Tripodi et al. (1981, p. 40) reforçam a não relevância numérica do tamanho da

amostra nas pesquisas de natureza qualitativa e exploratória, tendo em vista a atenção

na representatividade do conteúdo a ser pesquisado.

Na pesquisa em questão empregou-se de técnica de pesquisa de documentação

indireta, com investigação bibliográfica, e de técnica de pesquisa de documentação

direta, com investigação observacional extensiva, mediante a aplicação de questionário

estruturado.

Segundo Gil (1997, p. 35), "qualquer investigação em Ciências Sociais deve-se

valer, em mais de um momento, de procedimentos observacionais”.

A investigação bibliográfica foi conduzida pelo próprio autor deste trabalho,

através de pesquisa bibliográfica, em livros, revistas acadêmicas, periódicos, teses,

dissertações e Internet, seguida de uma pesquisa documental junto à empresa, através

de relatórios, apresentações e folders, utilizando, na maior parte das vezes, o acervo

integrado da rede de bibliotecas do Sistema Petrobras.

Segundo YIN (2005) as maiores vantagens de se ter como fontes de evidências

os registros em arquivos e a documentação são: a estabilidade, discrição, exatidão e

ampla cobertura, porém é necessário que se atente para a possibilidade de

seletividade tendenciosa, relato de vieses e acesso restrito.

É também adequado para este trabalho, o conceito proposto por Gil (1997, p.

97), de que a amostragem por acessibilidade é destituída de rigor estatístico:

O pesquisador seleciona os elementos a que tem acesso, admitindo que estes possam,

de alguma forma, representar o universo. Aplica-se este tipo de amostra em estudo

exploratórios ou qualitativos, onde não é requerido elevado nível de precisão.

Por fim foi conduzida a etapa de entrevistas informais com profissionais

responsáveis pela definição das estratégias corporativas, responsáveis pela

manutenção do BSC, além de usuários intermediários e finais, que serão informados

sobre o tema e objetivo da pesquisa, além do porquê de sua escolha.

19

Segundo YIN (2005) a entrevista estruturada é uma das formas mais

importantes de obtenção de informações para um estudo de caso, porém o autor

ressalta que para que se obtenha sucesso nessa etapa é necessário seguir sua própria

linha de investigação, como reflexo do protocolo de seu estudo de caso, e fazer as

questões reais de uma forma não tendenciosa que também atende às necessidades de

sua linha de investigação.

É ressaltado pelo autor que embora as entrevistas tenham como ponto forte o

fato de serem direcionadas ao tópico de estudo, fornecendo inferências causais

percebidas, os dados podem sofrer influência de vieses e imprecisões oriundos de

questões mal elaboradas e reflexibilidade, ou seja, o entrevistado fala o que o

entrevistador quer ouvir.

Buscou-se a partir da base conceitual, modelar o desenvolvimento da pesquisa

para que fossem obtidas as respostas das seguintes questões orientadoras:

• O sistema o de gerenciamento utilizado, permitiu que o alinhamento estratégico

desenvolvido no momento da implementação fosse mantido após os primeiros

ciclos de revisão da estratégia?

• Quais os motivos que levaram a empresa a implementar o BSC como modelo de

gestão quais foram as etapas percorridas até o presente ciclo?

• Quais foram às dificuldades encontradas e quais são os pontos de melhoria

identificados?

Após as entrevistas, as informações coletadas foram pré-analisadas, conforme o

caso e grau de relevância para o estudo. As informações mais importantes foram então

destacadas para serem incluídas nas partes em que seriam relevantes.

Em seguida foi feita a consolidação com as demais fontes de informação para

verificação da convergência de evidências. Finalmente foi a análise e a conclusão do

material coletado.

20

3. REFERENCIAL TEÓRICO

Este capítulo abordará uma revisão bibliográfica do tema estudado, servindo

como referencial teórico para a pesquisa. Terá início na conceituação, origem e

evolução da estratégia. Em seguida apresentará o planejamento estratégico e

finalmente a revisão da literatura sobre as desempenho e as metodologias de gestão

analisadas, que concluirá este capítulo.

3.1. Planejamento

Segundo Lacombe (2003, p.162) o planejamento é um processo administrativo

que visa determinar a direção a ser seguida para alcançar um resultado desejado.

Peter Drucker, em seu conceito de planejamento, defende a eficácia e eficiência

como sendo imprescindíveis para o bom funcionamento das organizações. A eficácia

possui maior relevância, já que por maior que seja a eficiência, essa não será capaz de

compensar a má escolha dos objetivos, ou seja a eficiência no desempenho das

atividades operacionais jamais irá compensar um erro na definição dos objetivos

estratégicos da organização.

Pode-se assumir então que planejar uma organização consiste no estudo e na

escolha de alternativas para se alcançar um objetivo para a organização, a partir de

sua situação atual.

3.2. Estratégia

O conceito de estratégia não é único ou definitivo. Ao longo do desenvolvimento

da área de Administração Estratégica o termo teve vários significados diferentes, tanto

em complexidade como em abrangência. Nesse ponto, o conceito de estratégia

apresenta um paradoxo, pois demanda a integração de uma série de teorias e

enfoques, impedindo o completo registro de seus conceitos e abordagens (CABRAL,

1998).

De acordo com Mintzberg e Quinn (1991), estratégia pode ter diferentes

entendimentos quanto ao seu emprego, podendo significar táticas, políticas, objetivos,

21

metas, programas, entre outros, numa tentativa de exprimir os conceitos necessários

para defini-la.

A utilização do conceito de estratégia, vem sendo feito de forma indiscriminada na

área de Administração, com significados que vão desde definições formais, que

funcionam como um trilho a ser seguido de maneira precisa e inequívoca, até um

conceito menos tangível de alma, personalidade e razão existencial de uma

organização.

Meirelles e Gonçalves (2001) definem estratégia como a disciplina da

administração que se ocupa da adequação da organização ao seu ambiente, porém

admitem que o conceito de estratégia, por ser de grande emprego acadêmico e

empresarial, e é dotado de uma grande amplitude e diversificação, que em alguns

aspectos se complementam e em outros, divergem.

Mintzberg, Lampel e Ahlstrand (2000), reforçam as formas distintas em que o

termo estratégia é empregado, ainda que definido tradicionalmente de uma maneira

apenas.

Ainda segundo Mintzberg e Quinn (1991) a estratégia vai contra as abordagens

deterministas que se restringem a uma idéia de como lidar com um inimigo em um

ambiente de concorrência ou de mercado, pois a estratégia não se resume apenas a

idéias, proposições, diretrizes, indicativos de caminhos e soluções; ela tem uma

amplitude e abrangência que englobando inclusive o conceito de Eficácia Operacional

de Porter. Definem estratégia como um modelo ou plano que integra os objetivos, as

políticas e as ações seqüenciais de uma organização, em um todo coeso.

Segundo Oliveira (1993), a Estratégia pode ser definida como uma forma

articulada de unir a ação, os objetivos e os desafios de forma a alcançar o resultado

esperado. A Estratégia segundo Ansoff (1977), é uma forma estruturada de se avaliar o

futuro, integrada ao processo de tomada de decisão visando alcançar os resultados

esperados. Levando-se em conta, no planejamento, a escolha de alternativas para se

alcançar um objetivo, essencialmente essas alternativas possíveis constituem

estratégias.

Kaplan e Norton (1997) descrevem a estratégia como uma das etapas de um

processo contínuo e lógico que movimenta toda a organização desde o nível

estratégico, onde é definida e missão da empresa, até o nível mais baixo de execução.

22

Dentre os muitos conceitos de estratégia, um dos mais utilizados é o de Wright,

Kroll e Parnell (2000), que a definem como planos da alta administração para alcançar

resultados consistentes com a missão e os objetivos gerais da organização.

3.3. O Planejamento Estratégico

Viver em sociedade sempre foi essencial à sobrevivência humana, desde os

primórdios, o homem já se organizava em grupos como as tribos, a igreja e a família.

Essas pequenas organizações já serviam de alicerce para a construção de

relacionamentos com o intuito de atingir seus objetivos.

Dentro desse raciocínio, Kwasnicka (1993) salienta que um indivíduo não é

completo por si só e, que ele só atinge tal estado a partir do momento em que passa a

atuar dentro de um grupo, porém para que haja harmonia é necessário que tenha

organização, pois cada indivíduo possui objetivos e graus de satisfação diferentes, e

visando suprir essas necessidades surge o planejamento.

O planejamento não visa apenas harmonizar as relações humanas, mas minimizar

auxiliar as pessoas no entendimento dos mistérios do amanhã.

O futuro desperta a imaginação das pessoas, tanto em razão da própria

curiosidade, inerente ao homem, quanto ao medo causado pela insegurança desse

contexto mutável em que estamos inseridos.

Fazendo uma análise histórica, verificamos que o período que antecede 1950 foi

fortemente caracterizado pela produção em massa, uma vez que ela

possibilitou/possibilita a diminuição do custo unitário dos produtos. A concepção de

marketing, nessa época, de acordo com Ansoff (1990) era muito simples: "a firma que

oferecesse um produto padronizado, ao preço mais baixo, seria a vencedora". Barlett e

Ghoshal (1994) comentam que, nessa época o estabelecimento de estratégias

empresariais era uma tarefa direta porque as companhias eram menores e menos

diversificadas.

Durante um longo período, principalmente antes da Revolução Industrial, as

empresas pouco se empenhavam em alcançar estratégias competitivas, o que de

acordo com Fleury e Arkader (1995), ocorria pela baixa necessidade em investir em

tecnologias que trouxessem produtos melhores. A baixa necessidade vinha do

desbalanceamento entre a alta demanda e a pequena oferta.

23

Segundo Hirschman (1977), no período anterior a Revolução Industrial, as

economias e as próprias sociedades não tinham grande variabilidade e as decisões

eram normalmente tomadas de forma unilaterais, fazendo com que houvesse pouco

interesse em se desenvolver um pensamento administrativo.

As características básicas desta revolução, são o desenvolvimento do setor fabril,

aplicação da energia à indústria, melhoramento dos meios de transporte e

comunicação, aumento do domínio do capitalismo e grande desenvolvimento

tecnológico (SOUZA,1976),

Clutter e Crainer (1993) citam que, após a Revolução Industrial, devido a

crescente complexidade dos negócios oriunda do aumento da indústria, a necessidade

de domínio da técnica de controle se tornou indispensável aos empresários.

O crescimento acelerado das indústrias no período do pós-guerra, segundo

Chandler (1998), ocorreu devido à expansão de mercados e capacidade produtiva das

empresas. O mesmo autor reforça que corporações que administravam em sua maioria

poucas divisões no período anterior a segunda guerra, passaram a operavam com um

grande número de divisões, enfatizando ainda mais a necessidade de se ter

administradores capacitados e sistemas de gestão eficientes.

Complementando a observação de Chandler (1998), Ansoff (1990) cita que a

partir do momento que as empresas cresceram, tornando-se grandes e complexas,

sistemas mais elaborados de gerenciamento e pessoal mais capacitado, se tornaram

essenciais.

Então, e face à aceleração das mudanças tecnológicas e do aumento da

complexidade das organizações, o planejamento estratégico começou a ser

incorporado aos processos de gestão, sendo a formulação da missão e da visão o

ponto focal da estratégia.

A necessidade de planejar surge como forma de identificar, correlacionar, analisar

e avaliar todas as variáveis envolvidas nos processos decisórios, a fim de possibilitar

um desenvolvimento contínuo de maneira eficaz e acessível a todos.

Para Hirschman (1977) sem o conhecimento da história, indivíduos têm apenas

suas experiências limitadas como base para seus pensamentos e ações, e em

ambientes de mudanças rápidas e descontínuas, a forma familiar de gerenciamento,

através das tradições e experiências existentes, não é mais suficiente para enfrentar as

novas oportunidades e ameaças, logo, sem o benefício de uma estratégia unificadora,

24

partes diferentes da organização podem desenvolver respostas distintas, contraditórias

e ineficazes, podendo vir tarde demais para garantir a sobrevivência da empresa.

Nos anos 60, o Planejamento estratégico atinge o topo, e o objetivo das empresas

era crescer exponencialmente, porém devido à complexidade crescente, a necessidade

de se ter administradores com conhecimento dos processos e capazes de filtrar esses

ambientes complexos e para produzir planos coerentes, se tornou crucial (BARRIE,

1984).

Buscando atender essa demanda, já na década de 70, começam a surgir os

especialistas em estratégias, que se baseavam em conceito elaborados para

formulação das estratégias de negócios. Entre os conceitos mais comuns estão: a

Matriz da Taxa de Crescimento da Indústria em ao Mercado (matriz BCG) e a Curva de

Experiência.

Os modelos praticados ao longo da década de 70 já não apresentavam a mesma

eficácia. Os resultados insatisfatórios obtidos por esses modelos no início dos anos 80

fizeram com que os administradores começassem a questionar o valor de muitos

modelos. A situação de crise, provocada pelos fracassos das estratégias, resultou na

falta de confiabilidade por parte dos administradores.

Para navegar nesse mar de incertezas é preciso escolher as direções corretas

para o crescimento futuro além ter habilidade de gerar sinergia em um grande número

de pessoas para a nova direção escolhida.

No Brasil as mudanças no gerenciamento ocorrem principalmente após os anos

80. Segundo Fleury e Arkader (1995), elas foram frutos principalmente das turbulências

ocorridas no setor econômico do país, que migrou de um modelo econômico,

fortemente protecionista, com baixa concorrência interna e com importante participação

do Estado nas atividades econômicas, para modelo direcionado a uma maior

abertura de mercado e menor interferência e participação do Estado nas atividades

produtivas.

No novo cenário de abertura de mercado, empresas ameaçadas pelo aumento da

concorrência, altos índices de inflação e demandas instáveis, se viram forçadas a rever

seus conceitos e modelos estratégicos para permanecerem de forma competitiva no

mercado.

25

O Planejamento estratégico representa na essência a resposta a essas questões,

passando a ser uma ferramenta de gestão imprescindível face à aceleração da

complexidade e das mudanças externas.

De forma genérica um Plano Estratégico pode ser entendido como um conjunto

coerente de grandes prioridades e de decisões que estimulam a convergência de

esforços para o desenvolvimento presente e futuro de uma organização num horizonte

de longo prazo.

Um dos entendimentos mais aceitos para o conceito de Plano Estratégico é de um

instrumento que define explicitamente a missão (razão de ser) e os objetivos de longo

prazo da organização, estabelece os programas de ação necessários para alcançá-los

e aloca os recursos necessários para tanto.

Segundo Fischmann e Almeida (1990) o planejamento estratégico é embasado

em algumas questões, como: Qual é a nossa missão? O que queremos ser? Quais

nossos objetivos, metas e políticas? Resumindo: onde, quando, com quem e como a

empresa realizará seus negócios?

Planejamento Estratégico é uma técnica administrativa que, através da análise do

ambiente de uma organização, cria a consciência das suas oportunidades e ameaças

dos seus pontos fortes e fracos para o cumprimento da sua missão e, através desta

consciência, estabelece o propósito de direção que a organização deverá seguir para

aproveitar as oportunidades e evitar riscos (FISHCMANN e ALMEIDA,1990).

Um dos pontos críticos citados por Fischmann e Almeida (1990), é necessidade

de capacitar os gestores da corporação para tomar decisões integradas, ou seja, que

levem em consideração o foco administrativo e operacional, fazendo com que a

organização seja mais eficiente e eficaz.

Segundo Cunha (1998:10), o Planejamento Estratégico como um processo de

análise sistemática dos pontos fortes e fracos da empresa, e das oportunidades e

ameaças do meio ambiente com o objetivo de estabelecer objetivos, estratégias e

ações que possibilitem um aumento da competitividade empresarial.

Em seu trabalho Oliveira (1993) ressalta que o Planejamento Estratégico é uma

metodologia administrativa que visa integrar a empresa e o meio onde ela está

inserida, através do estabelecimento da direção a ser seguida pela empresa.

A missão e os objetivos devem ser estáveis, então nada pode ser mais destrutivo

e perturbador que reorientações freqüentes dos objetivos maiores da instituição, sem

26

fortes razões que não sejam as hesitações da gerência, já que confundem os seus

acionistas, controladores, gerentes, empregados e clientes, porém a busca por

estabilidade nos objetivos de longo prazo não pode impedir readaptações necessárias

nos planos de ação de curto e médio prazo.

Drucker (1977), ressalta que o planejamento estratégico é um processo contínuo,

sistemático, organizado e capaz de prever o futuro, de maneira a tomar decisões que

minimizem riscos.

O alinhamento do planejamento tático-operacional ao planejamento estratégico

assegura que a organização como um todo siga para uma mesma direção e atinja os

resultados esperados.

Além disso, é necessário que cada nível hierárquico da corporação exerça a

função que lhe cabe, para evitar o que Storch, Nara e Storch (2004) ressaltam como

uma falha comum em muitos sistemas de planejamento: uma concentração muito

grande nos detalhes operacionais e financeiros deixando o posicionamento competitivo

em segundo plano, levando essas empresas a perderem de vista questões importantes

como a análise da competitividade.

No nível corporativo deve se preocupar com tarefas que exigem visão global como

a definição da missão da organização e a seleção dos seus negócios, no nível de

negócios as questões centrais referem-se à seleção dos mercados-alvo e definição das

estratégias competitivas em cada Área de Negócio, e por fim o nível funcional que deve

manter o foco em finanças, infra-estrutura, recursos humanos, logística, marketing,

vendas e serviços.

Então, adicionado à imprevisibilidade do ambiente, os negócios tornaram-se muito

maiores e complexos, levando grandes empresas a adotar configurações

organizacionais e modelos gerenciais sofisticados, diversificados e descentralizados,

gerando um impacto enorme sobre os altos executivos, já que os níveis de volatilidade

e incerteza externas, conjugadas com a complexidade interna, demandavam novos

meios e instrumentos de medição e controle, que segundo Kato (2000) se fazem

necessários para evidenciar o resultado das decisões tomadas.

27

3.4. Críticas e limitações do planejamento estratégico

Uma das críticas mais recorrentes ao planejamento estratégico, na literatura

analisada, é a de que se pressupõe que não há variabilidade nas condições de

contorno estabelecidas entre o momento da formulação do plano e sua implementação.

Na realidade isto não ocorre. Se assim fosse, não haveria necessidade de

planejamento, bastaria analisar os fatos históricos. Porém, o que realmente ocorre são

mudanças cada vez mais rápidas na sociedade ao lado do plano temporal, cabendo, à

organização, perceber que o ambiente e as necessidades individuais são mutáveis e

não estáticas e que interferem na organização.

Segundo Peter Senge (1990) as formas de planejamento que se baseiam

somente no raciocínio linear são falhas dado que a realidade é composta de círculos,

mas nós só vemos linhas retas, ou seja, temos uma visão estática do começo ao fim,

não percebendo as inter-relações existentes entre os diversos eventos. Ainda segundo

o mesmo autor, a falta de êxito na resolução de determinados problemas se deve a

incapacidade de reunir suas diversas funções e seus talentos num conjunto produtivo,

ressaltando a necessidade do entendimento de que o todo pode ser maior que a soma

de suas partes.

Gaj (1995) aborda a complexidade organizacional sob a ótica dos elementos que

a compõe: sistema administrativo, organização e ambiente. Define que a relação entre

esses elementos é estabelecida de forma contínua, não tendo um início definido,

dificultando a delimitação e implementação do planejamento.

A falha apontada por Hamel e Prahalad (1990) consiste em tentar imitar as

estratégias competitivas de seus concorrentes, principalmente em termos de custo e

qualidade, quando o ideal seria criar um novo modelo de estratégia.

Mintzberg (1973) apresenta de forma clara a colocação de que o planejamento

estratégico deve ser flexível o suficiente para se adequar a cada nova situação de um

ambiente dinâmico. Através dessa abordagem contingencial, reforça aos os

planejadores a necessidade de se ter consciência de que o planejamento estratégico é

um processo caro e geralmente requerer uma estabilidade de fatores não encontrada

na vida real.

28

3.5. Desempenho organizacional e metodologias de avaliação de desempenho

3.5.1. Desempenho organizacional

Segundo o dicionário Houaiss, desempenho significa a maneira como atua ou se

comporta alguém ou algo, avaliada em termos de eficiência, de rendimento; atuação. É

a atuação desejada ou observada de um indivíduo ou grupo na execução de uma

tarefa, cujos resultados são posteriormente analisados para avaliar a necessidade de

modificação ou melhoria. Mas significa também o resgate ou recuperação do que

estava empenhado; ou melhor, o cumprimento de um compromisso, obrigação ou

promessa.

Assumindo que o compromisso é firmado no momento da elaboração da

estratégia, então é razoável entendermos que o desempenho organizacional é

cumprimento dessa estratégia, ou melhor, o reflexo da estratégia em termos de sua

implementação, explicitando sua adequação frente às realidades externa e interna da

organização

Jensen e Sage (2000) apontam que as técnicas e modelos de desempenho

organizacional vêm evoluindo continuamente, desde os trabalhos de Taylor com os

estudos de tempo e movimento até os critérios de excelência dos Prêmios da

Qualidade.

3.5.2. Avaliação do desempenho

O objetivo de se medir a criação de riqueza não é novo. Os empresários e

administradores sempre estiveram preocupados em desenvolver painéis de

desempenho que indicassem se suas decisões de investimentos estavam contribuindo

para o acúmulo de riqueza.

A proliferação desses painéis de avaliação de desempenho nas organizações

reflete um crescimento geral do interesse pelo aprimoramento desse tipo de

ferramental de gestão.

Para Lawton (2002) os esforços para atingir a excelência organizacional tendem a

ser mais abrangentes e eficazes quando levam em consideração não apenas os

interesses internos mas também os interesses dos clientes.

29

A razão do interesse por assuntos internos e dos indicadores desenvolvidos

serem, geralmente, de origem financeira, é explicada pelo fato de que uma empresa

deve a continuidade de sua existência à realização de lucros e, de uma maneira geral,

seu recurso de capital é um elemento escasso.

Com o passar do tempo, diversos indicadores financeiros têm sido desenvolvidos

e utilizados para a medição do desempenho empresarial, dentre os quais podemos

citar:

• Retorno sobre o Investimento (ROI - Return On Investment);

• Lucro líquido;

• Retorno sobre Vendas (ROS - Return On Sales);

• Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE - Return On Equity);

• Retorno sobre o Capital Empregado (ROCE - Return On Capital Employed);

• Valor Econômico Agregado (EVA - Economic Value Added), desenvolvido, na

década de 80, pela empresa de consultoria Stern & Stewart.

Sistemas de controle financeiro são utilizados desde a era industrial, e foram

criados, objetivando monitorar de forma simples e clara as alocações de capital,

facilitando assim a tomada de decisão pelos administradores.

Embora a importância dos indicadores financeiros seja de incontestável

relevância, controles financeiros de forma isolada não garantem o alcance das

vantagens competitivas sustentáveis na era da informação. É necessário que seja

desenvolvida a capacidade de se mobilizar e explorar os ativos intangíveis, como

clientes, sociedade e marca. É muito mais importante obter a percepção dos

empregados, clientes e investidores sobre seu desempenho do que melhorias

incrementais de uma determinada área operacional.

Conclui-se que a avaliação de desempenho deve ser organizada buscando

contemplar medidas de todas as áreas e perspectivas relevantes ao melhor resultado

atual e futuro da corporação.

Segundo Rummler e Brache (1994) a medição é fundamental para que as

pessoas percebam o que se espera delas e tenham maior compreensão do quanto seu

desempenho individual afeta o todo.

30

3.5.3. Gestão do desempenho organizacional

De acordo com Sink e Tuttle (1989), o processo de gerenciamento do

desempenho é um processo sistemático pelo qual definição, planejamento,

implementação e controle de estratégia, acontecem de modo coerente, persistente e

paciente, permeando toda a organização.

O processo de gestão de desempenho está permanentemente sendo

realimentado de forma cíclica, e é projetado para estimular o controle e a realização de

metas de longo prazo, de forma a fazer a organização competir, sobreviver e crescer.

A gestão do desempenho busca verificar se a corporação está conseguindo

concretizar sua visão quanto ao que pretende tornar-se, que em linhas gerais é a

sobrevivência e o crescimento sustentável, pela constante melhoria do desempenho

organizacional, respeitando os valores e princípios individuais e organizacionais, tendo

o lucro como conseqüência.

3.5.4. Indicadores de desempenho

Segundo os Critérios de Excelência da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ,

2006) os indicadores de desempenho compreendem os dados que quantificam as

entradas (recursos ou insumos), os processos, as saídas (produtos), o desempenho de

fornecedores e a satisfação das partes interessadas. São usados para acompanhar o

desempenho ao longo do tempo e podem ser classificados em: simples (decorrentes

de uma única medição) ou compostos; diretos ou indiretos, em relação à característica

medida; direcionadores ou resultantes.

A composição balanceada desses indicadores de desempenho é que irá permitir

o correto funcionamento de todo sistema de medição do desempenho, que em última

análise irá permitir a verificar a eficácia da organização em atingir os objetivos

estabelecidos.

Os indicadores de desempenho têm papel relevante na comunicação dos

objetivos estratégicos já que segundo Hronec (1994), as medidas de desempenho

possibilitam a indução da estratégia em toda a organização, permitindo que todas as

pessoas da organização entendam o que ela é, e como individualmente, estão

vinculados a ela.

31

Além de comunicar e clarear os objetivos estratégicos por toda a organização,

os indicadores são usados para auxiliar uma alocação mais eficiente dos recursos,

medir o que foi alcançado em relação aos objetivos, medir a satisfação dos clientes e

avaliar a capacidade de melhorá-la e identificar os melhores desempenhos permitindo

a aprender a partir das melhores práticas.

Para se desenvolver indicadores ou medidas de desempenho de forma eficiente

é necessário que além do conhecimento dos processos da organização, se conheça os

inter-relacionamentos entre os objetivos da organização e dos participantes envolvidos

(tanto internos quanto externos), para que isso possa ser administrado e validado.

É importante considerar também que para se medir algo é preciso determinar

claramente dimensões, valores ou capacidades, para que a medição seja confiável e

uniforme, baseando-se em fatos e não em opiniões, palpites ou intuições.

Segundo Fonseca, Lourenço e Allen (1997) os indicadores de desempenho se

separar em três grandes grupos: Qualidade (medem o atendimento aos desejos,

necessidades e expectativas dos clientes), tempo (medem a velocidade da

organização, como ela consegue reagir às influências externas, responder aos pedidos

dos clientes, às mudanças na concorrência e às mudanças ambientais) e custos

(medem o desempenho financeiro da organização, isto é, os gastos com o pessoal,

processo e administração).

Esses autores ainda ressaltam como principais características a se considerar

na seleção de indicadores chave:

• Representar da melhor forma possível os fatores que levam à melhoria da

satisfação dos clientes e do desempenho operacional;

• Facilitar a análise estatística e o grau de correlação entre a melhoria da

qualidade e a melhoria do desempenho operacional e satisfação dos clientes;

• Orientar as ações no sentido de assegurar que melhorias adotadas contribuam

para os propósitos globais da empresa;

• Fornecer uma base comum para a tomada de decisões (maior a probabilidade

de assegurar consenso nas decisões);

• Ser compreensível, simples e sem ambigüidades;

• Ser susceptível à uniformidade de interpretação;

• Ter ampla aplicação, isto é, que avaliem o desempenho da qualidade nas várias

áreas da organização;

32

• Ser preciso e de aplicação barata;

• Levar em conta as tendências e referenciais de excelência (benchmarking), para

permitir comparações com a concorrência;

• Levar em conta a interligação entre todos os indicadores escolhidos

(Alinhamento).

3.5.5. Sistemas de avaliação do desempenho

Kaplan e Norton (1997) afirmam que "se o desempenho não está sendo medido,

ele não está sendo gerenciado". Acrescentam ainda que se a organização anseia

sobreviver e prosperar na Era do Conhecimento, ela deve utilizar-se de um sistema de

gestão do desempenho alinhado com sua estratégia.

Em adição a isso, O’Mara et al,(1998), afirmam que um sistema de medição de

desempenho não apenas fornece dados necessários para a gerencia controlar as

várias atividades da empresa, mas também influenciam as decisões e o

comportamento organizacional.

Um sistema de medição focado em metas, pode ser um instrumento valioso para

propor mudanças na administração de processos.

Para Neely et al. (1995), medição de desempenho pode ser compreendida como

a técnica usada para quantificar a eficiência e a eficácia das atividades de negócio. A

eficiência vai tratar da relação entre utilização econômica dos recursos, levando em

consideração um determinado nível de satisfação. Por sua vez, a eficácia avalia o

resultado de um processo onde as expectativas dos diversos clientes são ou não

atendidas.

Considera-se que o início do uso de indicadores de desempenho ocorreu nas

décadas de 20 e 30, como pode ser verificado nos trabalhos de Taylor e Gilbreth,

envolvendo a medição dos tempos e movimentos na indústria (JENSEN; SAGE, 2000)

Apresenta-se a seguir uma relação sumarizada (modelo, autor e características)

de diversas abordagens utilizadas no último século, para tratar da sistemática de

medição e avaliação do desempenho. Desde modelos exclusivamente financeiros,

como é o caso do modelo DuPont, até se chegar aos casos mais modernos inseridos

na apreciação dos resultados das organizações candidatas às premiações da

qualidade e excelência da gestão: nos EUA e Brasil.

33

1914 Modelo DuPont - Brown, F.D – A idéia do modelo Du Pont é que todos

os itens que participam e que contribuem para a formação da TRI devem

e podem ser analisados, ou seja, em um único quadro tem-se todos os

componentes que formam a Taxa de Retorno.

1986 Teoria da Restrição - Goldratt, E.M.; Cox, J – consiste na formalização

de uma série de princípios, os quais, acabaram construindo o

pensamento da tecnologia da produção otimizada, que é o alicerce da

teoria das restrições (TOC – Theory of Constraints) – O método é

explicitado no livro A Meta (1984)

1989 Melhoria da performance – Sink, D. S.; Tuttle, T. C. – propõe o

acompanhamento organizacional a partir da medição de sete critérios de

performance, a saber: eficácia, eficiência, qualidade, produtividade,

qualidade de vida de trabalho, inovação e lucratividade. É representado

através de um sistema de retroalimentação em ciclo fechado

1990 Pirâmide de Performance – McNair, C. J.;Lynch, R; Cross, K.- Baseado

nos conceitos de TQM. Divide a empresa quatro níveis diferentes,

proporcionando a estrutura para um sistema de comunicação por duas

vias, necessário para instituir uma visão abrangente da companhia nos

vários níveis da organização. Os objetivos são traduzidos para os níveis

mais baixos da organização, enquanto as medidas são traduzidas para os

níveis superiores.

1991 Modelo de resultados e determinantes – Fitzgerald, L.; Johnston, R.; -

O modelo se baseia em duas vertentes: A de resultados, onde se tem a

mensuração do desempenho financeiro e da competitividade, e a vertente

dos Determinantes, subdividida em Qualidade de serviço e Flexibilidade.

Pirâmide de desempenho SMART (Strategic Measurement Analysis and

Reporting Technique) – Lynch, R.; Cross, K. – desenvolvida no

laboratórios Wang suporta a necessidade de incluir medidas que tragam

foco na performance tanto internamente quanto externamente. Apresenta

o desdobramento da medições até os departamento e centros de trabalho

refletindo a visão e objetivos corporativos.

34

1992 Balanced Scorecard – Kaplan, R. S.; Norton, D. P. – é um conceito de

medição onde as atividades da empresa são alinhadas com os objetivos

em termos de visão e estratégia. Tem o foco não somente em resultados

financeiros mas em uma visão mais abrangente da organização.

Apresenta-se em quatro perspectivas: perspectiva financeira; do cliente;

processos internos e inovação e aprendizado.

Balanced Scorecard – Maisel, L. S. - O BSC de Maisel também

apresenta quatro perspectivas para medição do desempenho, sendo que

a diferença fica por conta das medidas de processo comercial ao invés de

medidas de processos internos, mas que abrangem os mesmos

princípios, e uma medida proposta por Maisel que leva em consideração

os recursos humanos.

1993 PEMP – Progresso Efetivo e Medição da Perfomance - Adams, C.;

Roberts, P. – estabelece que é importante medir a empresa por quatro

áreas definidas como medidas externas, que são direcionadas aos

clientes e ao mercado, medidas internas, direcionadas ao aprimoramento

da empresa, as medidas de alto a baixo, que aceleram o processo de

mudança e as medidas de baixo para cima, que delega poderes e

aumenta a liberdade de ação.

Quantum - Hronec, S. M. - busca o monitoramento dos processos, a

satisfação dos clientes, o benchmarking de processos e a geração de

mudanças por meio de medição do desempenho nas três dimensões:

qualidade, tempo e custo. As características marcantes do modelo

Quantum são a sua visão horizontal, própria das técnicas de

gerenciamento de processo, e a sua vocação para a melhoria contínua.

1994 Navegador Skandia - Skandia AFS – busca medir o capital intelectual

através de diversos indicadores que englobam os componentes

financeiro, cliente, processos, renovação e desenvolvimento e humano.

35

1995 TPI – Total Performance Indicators – Sears Roebuck and Company –

se apresenta como um conjunto de indicadores montados de tal forma a

direcionar os empregados a tomar boas atitudes. Buscam como

conseqüência um impacto tanto na retenção dos clientes como dos

próprios funcionários.

1996 Entradas, Processos e Saídas - Brown, M. G. – baseia-se em analisar

as entradas (requisitos dos clientes, matéria-prima e capital empregado,

empregados felizes, motivados e habilitados) o sistema de

processamento (elaboração de produtos, entrega de serviços, projeto de

produtos e serviços) e as saídas (produtos, serviços, resultados

financeiros) além da avaliação de resultados (atendimento das

necessidades dos clientes, clientes encantados) e definição de metas.

Fatores Essenciais, não essenciais e contingenciais – Brignall, S.; -

entres os itens considerados na parcelas de elementos essenciais

citamos o modelo de controle, o nível de análise, as múltiplas dimensões

de desempenho e as implicações de TI. Os elementos não essenciais

abrangem ferramentas como o JIT, TQM, BPR e Benchmarking.

Finalmente as variáveis contingenciais contemplam os estágios do ciclo

de vida e o ambiente interno.

1999 Performance Management Framework – Otley, D. T. – busca medir a

performance organizacional através da definição de objetivos estratégicos

e planos; do estabelecimento de metas; de estruturas de incentivo e

recompensa e sistema de feedback.

2000 Modelo Action-Profit-Linkage – Epstein, M.J.; Kumar, P.; Westbrook,

R.A. – Busca fornecer ao gestor um ferramenta capaz de identificar e

medir os direcionadores chave para obtenção de lucro e sucesso, criando

um interligação entre eles e para estimar o impacto das ações tomadas.

Divide-se em: ações empresariais, produtos e serviços entregues, ações

com os clientes e impacto econômico.

36

2001 Performance Prism – Neely, A.; Adams, C. Crowe, P. - é uma medida de

desempenho e ferramenta de gerenciamento, que consiste em cinco

perspectivas de desempenho inter-relacionadas, representadas como

cinco faces de um prisma a saber: satisfação dos stakeholders,

estratégias, processos, capacidades e contribuição dos stakeholders.

2002 Business Scorecard – Kanji, G. K.; Sá, P. Moura – se baseia na analise

de valor dos stakeholders, busca pela excelência dos processo,

aprendizagem organizacional e satisfação ou encantamento do

stakeholder.

2006 MBNQA - Malcolm Baldrige National Quality Award – NIST - National –

busca a promoção das realizações obtidas com a Qualidade e verifica a

importância dada às técnicas da melhoria da qualidade. Valoriza também

abordagens inovadoras da qualidade e valoriza os recursos humanos e à

troca de informações.

EFQM – Excellence Model – EFQM - European Foundation for Quality

Management – o modelo foi desenvolvido para o European Quality

Award, e tem como objetivo disponibilizar a alta administração da

organização uma ferramenta que lhes permita participar e medir o

desempenho da sua organização, além de permitir compará-la a outra

organização.

PQGF – Prêmio Nacional da Gestão Pública – Ministério do

Planejamento, Orçamentário e Gestão - sua finalidade é reconhecer e

premiar as organizações públicas que comprovem alto desempenho

institucional, com qualidade em gestão. Premiam as organizações que

evidenciam melhoria gerencial rumo à inovação, à redução de custos, à

qualidade dos serviços e à satisfação do cidadão.

37

PNQ – Prêmio Nacional da Qualidade – FNQ - Fundação Nacional da

Qualidade - busca promover a aplicação do estado da arte da gestão com

vistas ao aumento da competitividade das empresas sediadas no Brasil.

As premiadas são as consideradas como modelos de organizações

competentes e suas estratégias de desempenho para alcançar o sucesso,

assim como, os benefícios decorrentes da utilização dessas estratégias

são considerados como benchmarking e replicados por outras empresas

na busca da melhoria da gestão.

3.5.6. Balanceamento dos sistemas

O controle financeiro representa uma grande força de coesão para empresa

empresa, mas segundo medidas puramente financeiras são criticadas por sua

inadequação para refletir as atividades que estão, no tempo presente, criando valor

para a organização.

O modelo tradicional de avaliações financeiras não se mostra mais

suficientemente capaz de incentivar a busca por novas vantagens competitivas e

crescimento sustentável, em especial por possuir foco no curto prazo, ou seja, apenas

os investimentos cujos retornos possam ser prontamente medidos são apreciados,

renegando os investimentos em inovação de produtos e processos, a capacitação dos

empregados e a melhoria da satisfação do cliente, para um segundo plano.

O balanceamento de sistemas se faz necessário para que haja um equilíbrio

entre os aspectos operacionais, normalmente associados às medidas de curto prazo, e

os fatores estratégicos , diretamente ligados às medidas de longo prazo. Um esquema

desse balanceamento pode ser visto na figura 1.

38

Figura 1 - Preocupações e necessidades de balanceamento na avaliação do desempenho

Em um proposta de balanceamento, Goldratt e Cox (1986), usaram a teoria da

restrição como balizamento para a avaliação de desempenho, definindo com objetivo

da gestão empresarial o aumento da geração de dinheiro hoje e no futuro, aumento da

satisfação dos clientes hoje e no futuro e aumento da satisfação dos empregados hoje

e no futuro.

Um sistema adequado de indicadores tem como meta avaliar todos os aspectos

organizacionais, atuando como um desdobramento das estratégias até o nível

operacional, permitindo aos analisar as estratégias em curso e, constantemente,

reavaliar os rumos da organização.

O desbalanceamento ocorre normalmente devido à dificuldade de medição

apresentada por indicadores não financeiros, que ao não apresentar um ligação de

causal com os indicadores financeiros, acabam preteridos pelo sistema de avaliação do

desempenho.

O estabelecimento de relações de causa e efeito entre os indicadores é o que

faz do sistema de medição de desempenho uma ferramenta estratégica avaliar a

eficácia das ações tomadas para alcançar objetivos estratégicos de longo prazo.

39

3.5.7. Dificuldades para medir e avaliar

O entendimento claro daquilo que se mede e se avalia é essencial para que a

avaliação do desempenho cumpra seu papel.

Boas idéias não são suficientes para se ter uma gestão adequada. É necessário

que se identifique claramente o que é possível ser feito, e de que forma será feito. A

partir daí deve-se estabelecer sistemas de medição e acompanhamento para garantir a

atenção dos líderes e dos membros da organização em relação a aonde se quer

chegar e como chegar.

Stankard (2005) ressalta que, mesmo os melhores os sistemas de medição,

estão sujeitos ao lado subjetivo da natureza humana, que tende a se portar

defensivamente quando os resultados medidos ficam aquém do esperado pela alta

administração.

As pessoas ao se sentirem ameaçadas por resultados insuficientes geralmente

se justificam através de desculpas pouco comprováveis, ocasionalmente atribuindo

culpa a outras pessoas e chegando até a casos de falsificação ou manipulação das

medições, fazendo com que a identificação e tratamento da causa raiz do desvio seja

feita.

Quando de forma sistemática os resultados negativos sobre o desempenho

organizacional são tratados de forma defensiva, há uma tendência de que o cinismo

impere nas discussões, especialmente através de falsos conselhos construtivos que

visam evitar situações embaraçosas, fazendo com que e a análise crítica dos

indicadores perca eficiência e o desempenho organizacional piore ainda mais.

Um dos processo decisivos ao bom funcionamento do sistema de medição é a

comunicação eficiente, porém há de se considerar que em muitos casos a

comunicação interna não de forma suave e sem interrupções. As falhas de

comunicação podem gerar expectativas erradas e ações desalinhadas. Entre as falhas

mais comuns está à definição pouco clara dos objetivos, indicadores e metas, que faz

com que as pessoas não sigam as mesmas regras e nem se atenham aos mesmos

limites.

Takashina e Flores (1999) citam que as armadilhas mais comuns na gestão de

desempenho baseada em indicadores, são: A analise comparativa simples entre o

previsto e o realizado sem os posteriores questionamentos com foco na melhoria,

40

possuir características sem associação com a estratégia; objetivar o corte de custos

desconsiderando a melhorar na qualidade e desempenho, incluir características não

importantes na cesta de indicadores e menosprezar a satisfação das pessoas e o

progresso de forma sistemática e integrada, não estabelecer prioridades e hierarquias

das diversas medidas, não considerar a variabilidade dos resultados e finalmente,

possuir um conjunto muito extenso de indicadores.

Nesse último item sobre a quantidade de indicadores, ninguém ousou tanto

quanto Jack Welch que ao ser perguntado (entrevista concedida ao site:

http://www.agenegocios.com.br em 3/12/2006) sobre quais indicadores de negócio

considera fundamentais para o sucesso da empresa respondeu que:

“O mais importante, na minha opinião, é que são apenas três os

indicadores para os quais uma companhia tem de olhar: o grau de

envolvimento dos colaboradores; o nível de envolvimento dos clientes e

depois a qualidade do fluxo de caixa”. Ou seja, uma empresa não pode

passar sem saber como vai a satisfação dos trabalhadores, dos clientes e

qual é a saúde do seu fluxo de caixa.

3.6. Balanced Scorecard

Os métodos de avaliação de desempenho empresarial baseados somente nos

indicadores contábeis e financeiros continuam sendo largamente utilizados nos dias

atuais, porém as medidas financeiras atuam de forma reativa retratando apenas os

acontecimentos passados.

Essa visão era suficiente para gerenciar as corporações do na era industrial, onde

o sucesso das empresas era determinado pela maneira como se aproveitavam dos

benefícios e das economias de escala, mas se tornou deficiente quando muitas das

premissas adotadas na época da revolução industrial se tornaram obsoletas.

Na era da informação, tanto as empresas do setor produtivo quanto às de

serviços, enfrentam a necessidade de desenvolver novas capacidades para assegurar

o sucesso competitivo. Segundo Kaplan e Norton (1997) mobilizar e explorar ativos

intangíveis ou invisíveis tornou-se muito mais decisivo do que investir e gerenciar ativos

físicos tangíveis.

Atualmente muitas empresas possuem sistemas de medida de desempenho que

incorporam as parcelas financeiras e não-financeiras, porém essas medidas são

41

utilizadas principalmente para dar um feedback tático e controlar as operações de curto

prazo.

A proposta de Kaplan e Norton é de um sistema balanceado de objetivos e

medidas que não se limitam a um conjunto aleatório de medidas de desempenho, mas

derivam de um processo hierárquico norteado pela missão e pela estratégia da

organização. O Balanced Scorecard busca traduzir a missão e a estratégia da

corporação em objetivos e medidas tangíveis.

A filosofia do BSC é utilizada para viabilizar os processos gerenciais críticos:

Esclarecer e traduzir a visão e a estratégia, comunicar e associar objetivos e medidas

estratégicas, planejar e estabelecer metas e alinhar iniciativas estratégicas e melhorar

o feedback e o aprendizado estratégico.

O sistema propõe a medição de desempenho organizacional sob quatro

perspectivas de forma equilibrada: financeira, clientes, processos internos e

aprendizado.

Concluindo, o BSC busca assegura a existência de um processo sistemático para

implementar e obter feedback sobre a estratégia, garantindo que a organização fique

alinhada e focalizada na estratégia de longo prazo.

Retrospectiva Histórica

A origem do modelo remonta a 1990, quando o Instituto Nolan Norton, a unidade

de pesquisa da KPMG, patrocinou o estudo de um ano entre diversas empresa sob o

título de "Measuring Perfomance in the Organization of the Future". A motivação vinha

da crença de que os métodos de avaliação de desempenho empresarial existentes na

época, em geral baseados apenas nos indicadores contábeis e financeiros, estavam se

tornando obsoletos.

Ao se analisar os estudos de casos recentes sobre sistemas inovadores de

mensuração de desempenho, o sistema da Analog Devices chamou a atenção dos

pesquisadores por descrever uma abordagem para mensuração do índice de progresso

em atividades de melhorias contínua, com um scorecard que continha além de vária

medidas financeiras tradicionais, trazia também medidas de desempenho relativas a

prazos entrega ao cliente, qualidade e ciclo de processos de produção, e também

eficácia no desenvolvimento de novos produtos.

42

As análises do grupo levaram ampliação do scorecard da Analog para o que foi

chamado de Balanced Scorecard. Esse scorecard foi organizado em torno de quatro

perspectivas: financeira, do cliente, interna e de inovação e aprendizado. O

balanceamento explicitado no nome do modelo advinha do equilíbrio entre os objetivos

de curto e longo prazo, medidas financeiras e não-financeiras, indicadores de

tendência e resultado e as perspectivas interna e externas de desempenho.

O estudo concluído em 1990 teve suas constatações documentadas na Harvard

Business Review de 1992 no artigo The Balanced Scorecard - Measures That Drive

Performance.

Os executivos da Rockwater e da FMC Corporation identificaram no BSC não

apenas um sistema de indicadores, mas uma possibilidade de comunicar novas

estratégias e alinhas suas empresas a elas, procurando gerar oportunidades de

crescimento, oferecendo aos clientes produtos e serviços personalizados com alto valor

agregado. O trabalho com essas empresas reforçou a importância da vinculação das

medidas da BSC à estratégia organizacional.

A importância da escolha de medidas baseadas no sucesso estratégicos foi

descrita em um segundo artigo para a HBR, Putting the Balanced Scorecard to Work,

publicado em 1993.

Tendo Norton figurando como o principal executivo, a Renaiscence Solutions, Inc.

(RSI), tinha como um dos principais serviços à consultoria stratégica baseada no

Balanced Scorecard como veículo para facilitar a tradução e implementação de

estratégias. A aliança com a Gemini Consulting abriu oportunidades de interação do

scorecard a grandes programas de transformação, refinando ainda mais as

características estratégicas do scorecard.

As experiências seguintes revelaram que, além de esclarecer e comunicar a

estratégia, o BSC começou a ser usado como uma forma de gerenciar a estratégia. A

evolução do BSC advinda dessas experiências foi descrito em um terceiro artigo, Using

the Balanced Scorecard as a Strategic Management System da HBR em 1996. No

mesmo ano, Robert Kaplan e David Norton publicaram o livro “The Balanced Scorecard

– Translating Strategic into Action”.

O Balanced Scorecard deixou de ser um sistema de medição aperfeiçoado para

se transformar em um sistema gerencial essencial.

43

Definição e Objetivos

Segundo Rocha (2000), o BSC é mais do que um sistema de medidas, devendo

também traduzir a visão e a estratégia de uma unidade de negócios em objetivos e

medidas tangíveis, que representam o equilíbrio entre indicadores externos voltados

para acionistas e clientes, e medidas internas dos processos críticos, de inovação,

aprendizado e crescimento.

O importante é o equilíbrio entre as medidas de resultado e os vetores de

desempenho futuro.

O sucesso ou fracasso de uma corporação esta intimamente ligado ao que está

definido na sua missão e visão, na sua definição estratégica. É essencial que se

entenda como a empresa funciona, como é organizada, e fornecer instrumentos que

indiquem a cada momento como está a empresa proporcionando formas para que se

possa corrigir o rumo com agilidade e eficácia.

O Balance Scorecard vem ao encontro dessas necessidades por agregar a

maioria dos modelos de controle financeiro e não financeiro, propiciando ao

administrador uma fotografia fiel do desempenho da empresa. Possibilita o

acompanhamento e monitoramento das evoluções das decisões da empresa através

de indicadores chaves.

Permite ao gerente ter uma medida de tudo que ocorre em sua empresa e assim

ter melhor embasamento para tomar decisões.

A possibilidade de medir a estratégia abre um horizonte de possibilidades já que

permite a avaliação de causa e efeito de uma estratégia estabelecida, proporcionando

a chance de reescrever a estratégia se essa não gerar os resultados esperados.

A medição permite que se evite um fracasso ou se confirme uma boa estratégia.

O maior efeito de uma boa estratégia, e mais que isso fortalece a empresa ao se

comunicar a estratégia a toda organização, deixando transparecer para todas as

pessoas a importância de se medir.

Costa (2001) sugere definir o Balanced Scorecard como um sistema de suporte à

decisão, já que pretende reunir elementos chave para poder acompanhar a estratégia.

Essa sugestão é criticada por Kállas que assim como Kaplan e Norton, reforça que o

BSC não é apenas um sistema de suporte à decisão mas uma ferramenta de

comunicação da estratégia e de feedback da sua execução.

44

Outro ponto positivo dessa aplicação é a estruturação geral de indicadores,

facilitando o controle do desempenho e performance da empresa, possibilitando a

identificação de inexistência de diversos processos ou falhas (ROCHA 2000).

O BSC é um ferramenta poderosa de administração para execução da estratégia,

proporcionando ajuda ao gerenciamento da execução e ferramentas para refiná-la

(FRIGO, 2002).

Este sistema, diferentemente dos modelos tradicionais de avaliação, permite o

monitoramento olhando para o futuro, pois os indicadores são confrontados com as

metas a serem atingidas, o que sinaliza a tendência e o comportamento futuro.

Segundo Kaplan e Norton a função do Balanced Scorecard vai além do

acompanhamento de medidas táticas ou operacionais, ele se comporta como um

sistema de gestão estratégica para administrara estratégia de longo prazo (Kaplan e

Norton, 1997). A filosofia do scorecard permite viabilizar os processos gerenciais

críticos descritos a seguir:

1. Esclarecer e traduzir a visão e a estratégia.

O processo tem início com o esforço conjunto da alta administração em

traduzir a estratégia de sua unidade de negócios em objetivos

estratégicos específicos. Em seguida esses objetivos irão se interligar

através de relações de causa e efeito sob as diferentes perspectivas do

negócio: financeira, cliente, processos internos, aprendizado e

crescimento. O desenvolvimento do BSC permite que, ao trabalhar em

equipe, executivos de áreas funcionais diferentes elaborem um modelo

consensual da empresa inteira, no qual todos prestaram sua contribuição.

Os objetivos do scorecard tornam-se uma responsabilidade funcional,

proporcionando aos gerentes desenvolver o consenso em torno da

estratégia da empresa, expressando-a em termos que orientam a ação no

nível local

2. Comunicar e associar objetivos e medidas estratégicas.

A comunicação serve para mostrar a todos os funcionários os objetivos

críticos que devem ser alcançados para que a estratégia da empresa seja

bem sucedida. A comunicação e conexão auxilia gerentes na

comunicação da estratégia para cima e para baixo na organização,

45

permitindo que os objetivos e medidas estratégicas sejam transmitidas à

empresa inteira.

3. Planejar, estabelecer metas e alinhar iniciativas estratégicas.

O efeito mais impactante do BSC ocorre quando é utilizado para introduzir

a mudança organizacional. Os executivos devem estabelecer metas que

representem uma descontinuidade no desempenho da unidade de

negócio, e que se alcançadas, transformarão a empresa. O BSC permite

também se quantifique os resultados pretendidos no longo prazo, que se

identifique mecanismos e forneça recursos para que os resultados sejam

alcançados e se estabeleça referenciais de curto prazo para as medidas

financeiras e não-financeiras do scorecard.

4. Melhorar o feedback e o aprendizado estratégico.

Talvez esse seja o aspecto mais inovador e importante de todos os

scorecards. Fornece aos executivos uma procedimento para receber

feedback sobre sua estratégia e testar as hipóteses em que ela se baseia,

viabilizando assim correções no rumo tomado e o aprendizado

organizacional em nível executivo. O BSC não se limita a medir a

mudança, ele a estimula.

Fonte: Kaplan e Norton.(2000).

Figura 2 – Vetores Críticos do Balanceamento Scorecard.

46

Perspectivas do BSC

O BSC foi concebido como um sistema de gerenciamento estratégico cujo

propósito é traduzir a missão e a estratégia das empresas em um conjunto abrangente

de medidas de desempenho que serve de base para um sistema de medição e

administração estratégica, segundo as palavras do prof. Robert Kaplan.

A proposta do BSC é, então, complementar a avaliação financeira da performance

passada, com indicadores que avaliam os direcionadores da performance futura. Para

isso, a metodologia propõe a definição de algumas perspectivas que complementam a

visão financeira e para as quais são definidos indicadores que avaliam a

operacionalização da estratégia da empresa ou de uma unidade de negócios em

particular.

O processo de medição do BSC pode ser usado para comunicar e não

simplesmente controlar. Deste modo, o BSC pretende assegurar que as empresas

estejam tomando as ações corretas, no presente, que as levarão ao sucesso e maior

valor no futuro.

O BSC propõe quatro dimensões ou perspectivas que representam os temas

estratégicos para a grande maioria das empresas, conforme esquema a seguir.

Figura 3 – As quatro dimensões do BSC.

47

A quantidade e a natureza das dimensões podem variar de empresa para

empresa, mas o importante é que seja analisado o equilíbrio entre elas e a sua

capacidade de representar a estratégia implementada. Outro ponto a ressaltar é que na

proposta de Kaplan e Norton os objetivos financeiros servem de foco para os objetivos

e indicadores em todas as outras perspectivas, ou seja, todo indicador selecionado

deveria ser parte da cadeia de causa e efeito que culmina com a melhoria da

performance financeira.

Cada dimensão tem uma razão de ser na proposta do BSC. Como visto acima, o

BSC mantém uma ênfase grande na visão financeira na medida em que ela é a

responsável por sinalizar de forma rápida e precisa se a estratégia da empresa e a sua

operacionalização estão contribuindo para a melhoria da saúde econômico-financeira

da Companhia.

No entanto, equilibra esta visão com outras três dimensões que explicitam a

importância de outros indicadores de performance. Parte desses indicadores é

agrupados sob a dimensão de Cliente, que procura retratar como a missão e a

estratégia da empresa contemplam as necessidades e expectativas do cliente.

Indicadores típicos: satisfação, retenção, marketshare.

Para satisfazer a demanda dos clientes é necessário explicitar na visão de

Processos Internos a preocupação com a eficácia dos processos que concentram o

maior impacto na satisfação dos clientes e que melhor representam as competências

básicas da Companhia. Indicadores típicos: qualidade, tempo de resposta, custo e

desenvolvimento de novos produtos.

Os indicadores de Clientes e Processos Internos identificam os parâmetros que a

empresa considera vitais para o sucesso competitivo.

No entanto, é a dimensão de Aprendizado e Crescimento Organizacional que

monitora a infraestrutura necessária – pessoas, sistemas e procedimentos - para que

estes objetivos sejam alcançados no longo prazo. O crescimento e a excelência, no

longo prazo, são alcançados através de estratégias que incrementem a capacitação

dos empregados, a melhoria dos sistemas de informação e o alinhamento dos

procedimentos e práticas organizacionais. Indicadores típicos: satisfação dos

empregados, disponibilidade dos sistemas de informação e retenção de empregados.

48

Perspectiva Financeira

Avalia a lucratividade da estratégia. Permite medir e avaliar resultados que o

negócio proporciona e necessita para seu crescimento e desenvolvimento, assim como

para satisfação dos seus acionistas.

Segundo Kaplan e Norton (1997) a história da estratégia deve começar pelos

objetivos financeiros de longo prazo e depois relacioná-los com a seqüência de ações

que precisam ser tomadas em relação aos processos a fim de que no longo pra atinja-

se o desempenho econômico desejado.

Os indicadores devem desempenhar a função de definir o desempenho financeiro

esperado e servir de meta principal para os objetivos e medidas das outras

perspectivas do Balanced Scorecard.

Ao longo do ciclo de vida de uma empresa os objetivos financeiros podem diferir

consideravelmente, variando de acordo com a estratégia que a organização desejem

seguir. As fases se subdividem em:

• Crescimento – onde as empresas se encontram nos estágios iniciais de seus

ciclos de vida. Possuem produtos e serviços com significativo potencial de

crescimento. O objetivo financeiro global para empresas na fase de crescimento

serão aumento de vendas e percentuais de crescimento da receita.

• Sustentação – são empresas que ainda conseguem atrair investimentos mas

são compelidas a obter excelentes retornos sobre o capital investido. Espera-se

que mantenham ou aumentem a participação no mercado, logo possuem foco

em objetivos relacionados à lucratividade.

• Colheita – empresas que já alcançaram a maturidade e onde investimentos

significativos já não se justificam mais. A meta principal é maximizar o fluxo de

caixa e reduzir a necessidade de capital de giro.

É importante ressaltar que uma súbita mudança de tecnologia, mercado ou legislação

pode alterar completamente o posicionamento da empresa em relação aos seus ciclo

de vida fazendo com que os objetivos e necessidades de investimento sejam revistos.

Kaplan e Norton (1997) afirmam também que para cada fase do ciclo de vida

existem três temas financeiros norteadores:

49

• Crescimento e mix de receita – são percentuais de aumento de venda e

participação de mercados para regiões, mercados e clientes selecionados.

• Redução de custos e melhoria de produtividade – iniciativas que visam à

otimização de custos e compartilhamento dos canais de relacionamento

com clientes.

• Utilização dos ativos e estratégias de investimentos – medidas globais de

resultado do sucesso das estratégias financeiras destinadas a aumentar as

receitas, reduzir custos e aumentar a utilização do ativo.

Entre os indicadores financeiros normalmente considerados estão o retorno sobre

o investimento, o valor econômico agregado, a lucratividade, o aumento de receitas,

redução de custos e outros objetivos de cunho financeiro que estejam alinhados com a

estratégia. Os objetivos financeiros representam metas de longo prazo, gerar retornos

acima do capital investido na unidade de negócios. O BSC permite tornar os objetivos

financeiros explícitos, além, de permitir ajustes entre unidades de diferentes negócios e

de diferentes fases de seus ciclos de vida e crescimento.

No final todos os objetivos e medidas das outras perspectivas deverão estar

associadas à consecução de um ou mais objetivos da perspectiva financeira.

O potencial de atração a novos clientes e criação de novos produtos deve ser

exercitado, portanto deve-se evitar o enforque excessivo nos produtos e clientes

existentes (OLVE, ROY e WETER, 2001).

Perspectiva do Cliente

Identifica os segmentos de mercado visados e as medidas do êxito da empresa

nesse segmento. Identificar os fatores que são importantes na concepção dos clientes

é uma exigência do BSC, e a preocupação desses em geral situa-se em torno de

quatro categorias: tempo, qualidade, desempenho e serviço.

Os indicadores considerados como essências nessa perspectiva são:

• Participações de mercado – Reflete a proporção de negócios num

determinado mercado, em termos de clientes, valores gastos ou volume

unitário vendido.

50

• Aquisição ou captação de clientes – mede, em termos absolutos ou

relativos, a intensidade com que uma unidade de negócio retém ou mantém

relacionamentos com seus clientes.

• Retenção de clientes – controla em termos absolutos ou relativos à

intensidade com que uma unidade de negócios retém ou mantém

relacionamentos contínuos com seus clientes.

• Nível de satisfação dos consumidores – mede o nível de satisfação de

acordo com critérios específicos de desempenho dentro da proposta de

valor.

• Lucratividade dos clientes – mede o lucro líquido de clientes ou segmentos,

depois de deduzidas as despesas específicas necessárias para sustentar

esses clientes.

Figura 4 – Perspectiva do Cliente.

Kaplan e Norton (1997) citam que mesmo para diferentes segmentos de mercado

e atividades, as propostas de valor possuem atributos comuns que são divididos em:

atributos dos produtos e serviços, relacionamento com os clientes e imagem e

reputação.

51

Perspectiva dos Processos Internos

É elaborada após as perspectivas financeira e dos clientes, pois essas fornecem

as diretrizes para seus objetivos.

Os processos internos são as diversas atividades empreendidas dentro da

organização que possibilitam realizar desde a identificação das necessidades até a

satisfação dos clientes.

Cada empresa usa um conjunto específico de processos a fim de criar valor para

os clientes e produzir resultados financeiros, porém uma cadeia de valor genérica serve

de modelo para que outras empresas possam construir a perspectiva dos processos

internos. Esse modelo inclui os processos de inovação (criação de produtos e

serviços), operacional (produção e comercialização) e de serviços pós-venda (suporte

ao consumidor após as vendas).

Nessa perspectiva os executivos identificam os processos críticos em que devem

buscar a excelência a fim de atender aos objetivos dos acionistas e de segmentos

específicos de clientes.

A melhoria dos processos internos no presente é um indicador-chave do sucesso

financeiro no futuro.

Perspectiva Aprendizado e Crescimento

É onde se desenvolve a infra-estrutura que possibilita a consecução de

crescimento e melhoria de longo prazo. Os objetivos da perspectiva de aprendizado e

crescimento são os vetores de resultado excelentes nas três perspectivas do

scorecard.

É improvável que as empresas sejam capazes de atingir suas metas de longo

prazo para clientes e processos internos utilizando as tecnologias e capacidades

atuais. Além disso, a intensa competição global exige que as empresas melhorem

continuamente sua capacidade de oferecer valor a clientes e acionistas (Kaplan e

Norton, 1997).

A perspectiva do aprendizado e crescimento permite à organização ampliar sua

capacidade de renovação no longo prazo (OLVE, ROY e WETTER, 2001)

52

A partir da análise da perspectiva financeira é possível identificar que para

alcançarmos um desempenho inovador é necessário que se minimize ou elimine as

lacunas provenientes da diferença entre a capacidade atual das pessoas, sistemas e

procedimentos e aquela que será requerida para o alcance dos objetivos esperados.

Para isso a empresa deve investir na reciclagem dos funcionários, no

aperfeiçoamento da tecnologia da informação e dos sistemas e no alinhamento dos

procedimentos e rotina operacionais.

A eficácia desse processo é medida através de três indicadores essenciais:

Satisfação dos funcionários – é o reconhecimento de que o ânimo dos

funcionários e a satisfação com o emprego são hoje aspectos considerados altamente

importantes pela maioria das empresas já que funcionários satisfeitos são uma

precondição para aumento da produção, capacidade de resposta, qualidade e melhoria

do serviço oferecido aos clientes.

Retenção dos funcionários – a é medida de que a empresa está investindo no

longo prazo, evitando que qualquer saída indesejada represente uma perda do capital

intelectual da empresa.

Produtividade dos funcionários – mede o resultado do impacto agregado da

elevação do nível de habilidade e moral dos funcionários, pela inovação, melhoria dos

processos internos e pelos clientes satisfeitos.

Kaplan e Nortor (1997) reforçam que a satisfação dos funcionários é considerada

como base para as o alcance dos outros dois resultados.

Além das medidas essenciais são identificados também três vetores situacionais,

apontados como necessários para propiciar o crescimento e desenvolver as melhorias

de longo prazo na perspectiva de aprendizado e crescimento:

Capacidade ou competência dos funcionários – a reciclagem é vista como

primordial, dado que para acompanhar as mudanças radicais que as empresas vem

passando os funcionários são obrigados a assumir responsabilidades sensivelmente

diferentes das que estavam acostumado para que a empresa alcance seus objetivos as

perspectivas dos cliente e dos processos internos.

53

Capacidade dos sistemas de informação ou infra-estrutura tecnológica – para que

os funcionários consigam se desempenhar com eficácia no ambiente competitivo

precisam que os sistemas de informação seja suficientemente ágeis para proporcionar

excelentes informações sobre clientes, processos internos e quais são as

conseqüências financeiras de suas decisões.

Clima para ação ou Motivação, Empowerment e Alinhamento – visa possibilitar

que funcionários habilitados e com excelente infra-estrutura tecnológica possam agir no

melhor interesse da empresa através de programas motivacionais e do

estabelecimento de autonomia para tomada decisões e execução de planos de ação.

A ligação dos vetores com os indicadores essenciais é exemplificada na figura

abaixo:

Figura 5 – Perspectiva de Aprendizado e Crescimento.

Kaplan e Norton (1997) ressaltam que ainda hoje as empresas praticamente

ignoram a medição de resultados ou dos vetores dessas capacidades. Os autores

consideram isso frustrante, já que uma das metas mais importantes para a adoção do

scorecard como ferramenta de gestão e controle é promover o crescimento das

capacidades individuais e organizacionais.

54

Integração das Medidas do Balanced Scorecard à Estratégia

O objetivo de qualquer sistema de mensuração deve ser motivar todos os

executivos e funcionários a implementar com sucesso a estratégia de sua unidade de

negócios (Kaplan e Norton, 1996). Portanto um BSC bem sucedido é aquele que

transmite a estratégia de forma eficiente através de um conjunto balanceado de

medidas.

BSC permite descrever a visão de futuro, mostrar que todos os funcionários

podem contribuir para o sucesso da organização e dá foco aos esforços de mudança.

Para que isso ocorra os observadores deverão ser capazes de olhar além dos

objetivos e medidas e conseguir ver a estratégia que está por trás.

A integração das medidas do BSC com a estratégia é verificada através de três

princípios:

1. Relações de causa e efeito – o sistema de mensuração deve explicitar as

relações (hipótese) entre os objetivos (e as medidas) nas diversas perspectivas,

através de uma seqüência de “se-então”, de modo que possam ser gerenciadas

e validadas;

2. Vetores de desempenho – o BSC é uma combinação equilibrada entre vetores

de resultado ou de ocorrência e de desempenho ou tendência. Os indicadores

de tendência são normalmente específicos e refletem a singularidade da

estratégia da unidade de negócios. Os indicadores de desempenho comunicam

a maneira como os resultados devem ser alcançados e indicam

antecipadamente se a estratégia está sendo bem sucedida;

3. Relação com fatores financeiros – o BSC deve enfatizar fortemente os

resultados, principalmente os financeiros, para que os programas de melhoria

não sejam incorretamente considerados como o objetivo maior da empresa, e

conseqüentemente a empresa acabe se desiludindo com a falta de

recompensas tangíveis.

Há de se ter cuidado para não se perde o foco durante a definição do número de

medidas e indicadores que serão contemplados no BSC. O número de indicadores

necessários a um BSC bem elaborado torna-se irrelevante quando o BSC é entendido

55

como uma manifestação da estratégia, já que as diversas medidas ficam

interligadas numa cadeia de causa e efeito que descreve a estratégia da unidade de

negócios.

Muitas empresas entendem que uma alta quantidade de indicadores se faz

necessária, para que se possa medir suas operações de forma eficiente. O problema é

que essas empresas não conseguem distinguir de forma clara a diferença entre as

medidas de diagnóstico, que monitoram se a empresa continua no rumo certo e avisam

caso haja algum acontecimento incomum que necessite ação imediata, e as

estratégicas, que definem uma estratégia para alcançar a excelência corporativa.

O BSC não visa substituir o sistema de medição cotidiano da empresas mas

direcionar a atenção dos funcionários e executivos para os fatores capazes de levar a

empresa a grandes realizações.

Mesmo os melhores objetivos e medidas podem ser alcançados de forma errada,

quando falta o equilíbrio entre as medidas de diagnóstico e as medidas estratégicas.

Então os construtores do Scorecard deverão antecipar-se ao impulso de subotimização

que poderá ocorrer para um determinado indicador, e incluir medidas suplementares

que desestimulem a consecução das metas fundamentais.

Mapas estratégicos

No processo de criação do BSC, Kaplan e Norton (2004) descreveram que era

possível alterar os indicadores para os períodos subseqüentes com certa facilidade a

partir do momento em que se era obtido um consenso a respeito dos objetivos

estratégicos. Os objetivos estratégicos e indicadores dispostos ao longo das quatro

perspectivas do BSC, deveriam se interligar através de relações de causa e efeito para

que ficasse claro como investimentos em infra-estrutura ou no clima organizacional por

exemplo, poderiam agregar valor para o acionista.

O diagrama formado pelos objetivos estratégicos, dispostos pelas quatro

perspectivas e ligados por relações de causa e efeito é o que se chama de Mapa

Estratégico.

• O mapa estratégico do Balanced Scorecard é uma arquitetura para a

descrição da estratégia.

• O mapa estratégico ajuda a organização a ver sua estratégia de maneira

coesiva, integrada e sistemática.

56

• O mapa estratégico proporciona um meio lógico e abrangente para

descrever a estratégia.

• O mapa estratégico constrói as bases do sistema gerencial para a

implementação da estratégia com eficácia e rapidez.

Os mapas estratégicos ajudam a organização a ver suas estratégias de maneira

coesiva, integrada e sistemática, e além de ser de simples compreensão, os mapas

estratégicos constroem os alicerces do sistema gerencial para a implementação da

estratégia com eficácia e rapidez.

Figura 6 – Mapas, indicadores, metas e iniciativas.

A estratégia é parte de um processo contínuo lógico que permeia toda a

organização desde a declaração da missão, valores e visão, passando por indicadores

e chegando até as metas, iniciativas e objetivos pessoais dos empregados da linha de

frente e suporte.

Os objetivos estratégicos são as declarações resumidas sobre o que deve ser

alcançado ou o que é crítico para o sucesso da estratégia e as iniciativas estratégicas

são as ações estruturadas (projetos), não rotineiras e críticas para o alcance dos

Objetivos Estratégicos.

57

Possuem relação direta com o nível de desempenho traduzido pela Metas

Estratégicas e devem ser focadas nos desafios de médio e longo prazo.

Uma boa iniciativa estratégica deve ter:

• Responsabilidade no nível da equipe de líderes;

• Data de início e término claramente definidos e reuniões de

acompanhamento progressivas;

• Resultados claramente definidos;

• Um orçamento;

• Comprometimento com alocação de recursos.

As iniciativas ajudam a preencher a lacuna entre o nosso desempenho atual e o

desejado através da geração de ganhos estratégicos e não ganhos operacionais.

Os ganhos operacionais garantem a melhora da eficácia e eficiência dos

processos na sua atual condição (foco de melhoria contínua), já os ganhos

estratégicos permitem alavancar o negócio frente aos concorrentes, estabelecendo

vantagens competitivas únicas e sustentabilidade do negócio (foco de

diferenciação)

Figura 7 – Ganhos estratégicos

O Tema Estratégico é a declaração que representa um segmento central da

Estratégia Corporativa. É construído a partir da Visão, Síntese e Pilares da Estratégia

Corporativa.

58

Figura 8 – Temas estratégicos

O Mapa Estratégico fornece subsidio para a tomada de decisão de priorização

dos recursos necessários para o alcance de metas de longo prazo, através das

relações de causa e efeitos, que possibilitam identificar o potencial de geração de valor

dos ativos intangíveis da organização. Torna claro para todos qual é o resultado final

pretendido pela organização ao implementar um determinado programa.

Figura 9 – Causa e efeito

59

Na figura acima o alinhamento do pessoal de terra através de um programa de

capacitação profissional por exemplo, terá como resultado uma melhor qualidade nos

serviços prestados, resultando em uma maior satisfação dos clientes e fidelização

devidos a vôos pontuais e preços mais baixos. Este resultado por conseguinte trará um

aumento do faturamento pela utilização de menos aviões e maior número de clientes,

que por fim culminará na maior geração de valor, atendendo assim as expectativas dos

acionistas quanto ao retorno financeiro do seu investimento.

Estrutura e Estratégia

As estratégias são definidas para uma determinada estrutura organizacional e o

BSC deve refletir essa estrutura.

No caso da empresa formada por várias unidades estratégicas, há o

pressuposto de que as sinergias entre as unidades de negócio tornam a corporação

mais valiosa do que a soma das partes. Nesse caso o BSC auxilia a criação de

sinergias permitindo um diálogo mais intenso não apenas sobre resultados financeiros

de curto prazo, mas também sobre bases para o crescimento e o desempenho

financeiro futuro.

Prahalad e Hamel (1990), exemplificam como a Honda consegue criar sinergias

corporativas através da utilização de sua capacidade em projetos e produção de

motores de alta qualidade e preço competitivo para diferentes segmentos.

O Scorecard corporativo deve refletir a estratégia corporativa identificando as

vantagens para a existência de unidades operando em uma estrutura corporativa ao

invés de cada unidade operando como entidade independente com sua própria

estrutura administrativa e fontes independentes de capital.

Em linhas gerais o scorecard corporativo cumpre seu papel ao esclarecer ao

esclarecer os valores, crenças e temas que refletem a identidade corporativa e devem

ser compartilhados por todas as unidades de negócio (temas estratégicos) e as ações

impostas visando a criação de sinergias em nível da unidade de negócio (papel

corporativo).

60

No caso das joint-ventures ou aliança a função crucial do BSC é explicitar as

metas que ambas as partes têm para o empreendimento conjunto.

O BSC deverá articular a teoria de como as empresas, que anteriormente

trabalhavam de forma separada, com estruturas e objetivos distintos, possam agora

criar valor diferenciado e sustentável para os clientes, em conseqüência da eficácia do

trabalho conjunto.

Outra fonte de vantagem competitiva além de unir unidades de negócio diferentes

através de temas comuns, é quando as empresas envolvidas conseguem compartilhar

um recurso corporativo.

Esses recursos proporcionam vantagem competitiva quando oferecem as unidades

de negócio capacidades exclusivas que não poderiam obter com qualidade e pr preço

semelhante de fornecedores independentes, ou mesmo uma subunidade própria.

Para evitar que esses recursos venham a se tornar uma desvantagem competitiva

eles devem ser periodicamente ser sujeitados a testes de mercado, e caso não

apresentem vantagem suas funções deveriam ser assumidas individualmente pelas

unidades operacionais ou tercerizadas para fornecedores externos mais competitivos e

eficientes no atendimento.

A construção do Balanced Scorecard

As organizações iniciam a construção de scorecards por diversos motivos, porém

nenhuma das razões está relacionada exclusivamente com a melhoria do sistema de

indicadores, cada razão faz parte de um conjunto abrangente de metas cujo intuito é

mobilizar a organização em novas direções estratégicas.

Segundo Kaplan e Norton (1996), a maioria das empresas adota o scorecard para

orientar partes isoladas do processo gerencial.

61

Figura 10 – Justificativas para construção de scorecards

Fonte: Adaptado de Kaplan e Norton 1997

Um sistema gerencial não surge instantaneamente, deve ser introduzido

gradativamente. Quando o Balanced Scorecard é utilizado como a estrutura

organizadora central do novo sistema gerencial, todas as mudanças têm consistência e

coerência.

A metodologia apresentada por Kaplan e Norton para a construção de um

Balanced Scorecard eficiente sofreu alterações ao longo do tempo, incorporando o

aprendizado obtido a partir da implementação do sistema de gestão estratégica em

diversas organizações.

Em 1993, no artigo da Harvard Business Review, “Building a Balanced

Scorecard”, foram apresentados sete passo para a construção de um BSC. Já em

1997, no Livro “Estratégia em Ação”, os autores delinearam um plano típico e

sistemático que havia sido utilizado para criar scorecards em diversas organizações. O

novo plano utilizava os mesmos pressupostos apresentados em 1993 porém houve um

refinamento da proposição original e a incorporação de mais três passos.

62

Esse plano apresentava os dez passos agrupados em quatro etapas descritas a

seguir:

1. Definição da arquitetura de indicadores;

2. Consenso em função dos objetivos estratégicos;

3. Escolha e elaboração dos indicadores;

4. Elaboração do plano de implementação.

Etapas para a criação de um BSC

Definição da arquitetura de indicadores

Tarefa 1 – Selecionar a unidade organizacional adequada

A construção de um scorecard em nível corporativo pode ser uma atividade

muito complexa, por isso Kaplan e Norton (1997) recomendam que o primeiro

scorecard seja feito preferencialmente em uma unidade estratégica de negócios que

possuam a cadeia de valores completa e uma estratégia para realizar a sua missão.

A proposição de se iniciar por uma unidade de negócio ao invés de iniciar pela

corporação se baseia no fato de que as operações de cada unidade são normalmente

tão distintas que faria mais sentido desenvolver scorecards separados para as

diferentes unidades de negócio do que tentar começar pela construção de um

scorecard corporativo.

Kaplan e Norton (1997) reforçam que embora o projeto possa ser implantado

diretamente em toda corporação, a implantação em uma unidade estratégica de

negócio é menos complexa devido às proporções, se apresentando como a opção mais

cautelosa e segura.

Tarefa 2 – Identificar as relações entre a unidade de negócios e a corporação

Após a seleção da unidade de negócios o arquiteto (responsável pelo processo

de construção do BSC inicial e incorporação do scorecard ao sistema gerencial),

através de entrevistas com os principais executivos, irá identificar os objetivos

financeiros da unidade, temas corporativos e as relações com outras unidades de

negócio da corporação.

63

Kaplan e Norton citam que esse conhecimento é fundamental, para evitar que a

unidade de negócio selecionada obtenha sua otimização as custas das demais.

A identificação dessas relações traz a tona as limitações e oportunidades que ficariam

ocultas caso se se analisa a unidade selecionada de forma isolada.

Consenso em função dos objetivos estratégicos;

Tarefa 3 – Realizar a primeira série de entrevistas

Cada executivo receberá do arquiteto a declaração da visão e missão da

corporação, os documentos internos que tratam da estratégia adotada pela

organização e o material básico do Balanced Scorecard, para que com o suporte de

reuniões individuais de aproximadamente uma hora e meia, os mesmos obtenham

informações sobre os objetivos estratégicos e desenvolvam as idéias preliminares

sobre as quatro perspectivas do BSC.

Essa etapa cumpre papel fundamental ao comunicar aos executivos o conceito

do BSC e obter a percepção inicial de como a estratégia organizacional pode ser

traduzida em objetivos e medidas. Proporcionam também conhecer as preocupações

dos executivos e conflitos potenciais

Tarefa 4 – Sessão de síntese

A término da primeira série de entrevistas, o arquiteto e os demais membros da

equipe de projeto irão preparar uma relação preliminar de objetivos e medidas que

servirão de base para a primeira reunião com a equipe da alta administração.

A equipe deverá elabora uma relação preliminar de objetivos prioritários,

distribuídos nas quatro perspectivas do BSC e interligados em relações de causa e

efeito.

Tarefa 5 – Workshop executivo: primeira etapa

Durante o workshop o arquiteto atua como facilitador nos debates sobre as

declarações de missão e estratégia, buscando dar início ao processo de geração de

consenso em relação ao scorecard. Cada perspectiva é abordada de forma seqüencial

e o grupo irá delibera sobre mais de quatro ou cinco medidas para cada perspectiva.

64

Cada objetivo é discutido individualmente, porém depois de discutidos, o grupo

deverá selecionar apenas os três ou quatro mais importantes de cada perspectiva.

Em havendo tempo o arquiteto poderá iniciar a discussão sobre os indicadores,

obtendo assim ao final do workshop, além do consenso em torno dos objetivos em

cada perspectiva, uma lista de indicadores potenciais para cada objetivo.

O arquiteto ao final da reunião disponibilizará um documento sintetizando as

conclusões na forma do mapa estratégico.

Escolha e elaboração dos indicadores

O objetivo essencial da seleção de indicadores específicos para o scorecard é a

identificação dos indicadores que melhor comuniquem o significado da estratégia.

Kaplan e Norton (1997) definem que a arte de definir indicadores está nos vetores de

desempenho já que estes são os indicadores capazes de fazer com que as coisas

aconteçam.

Tarefa 6 – Reuniões dos subgrupos

O arquiteto trabalha individualmente com cada subgrupo durante as várias

reuniões, no refinamento da descrição dos objetivos estratégicos, na identificação dos

indicadores que melhor captam e comunicam a intenção do objetivo, na identificação

das fontes de informação e ações necessárias e na identificação das relações críticas

entre os indicadores da perspectiva analisada e a relação das perspectivas umas com

as outras.

O resultado esperado da reunião dos subgrupos é a elaboração de uma lista

detalhada de objetivos e indicadores para cada perspectiva, um ilustração e um modelo

gráfico de como os indicadores serão quantificados e se inter-relacionam dentro de

uma perspectiva e entre as demais perspectivas.

Tarefa 7 - Workshop executivo: segunda etapa

Nessa etapa o arquiteto deverá envolver além da alta administração e seus

subordinados diretos, um número maior de gerentes de nível médio, para debater a

visão, a estratégia e os objetivos e indicadores experimentais da organização

elaborados para o scorecard.

65

O resultado obtido pelos subgrupos na tarefa anterior deverá ser apresentado

pelos executivos integrantes de cada subgrupo, para que seja criado um

comprometimento com o processo de desenvolvimento do scorecard.

Os participantes comentam os indicadores e começam a debater um plano de

implementação, sendo que no final do evento deverão sair com um documento que

comunique as intenções e o conteúdo do scorecard a todos os funcionários da unidade

de negócios.

Elaboração do plano de implementação

Tarefa 8 – Desenvolver plano de implementação

Os líderes de cada subgrupo formarão uma nova equipe que trabalhara na

formalização de metas de superação e em um plano de implementação para o

scorecard, que deverá conter a maneira como os indicadores se inter-relacionam com

os bancos de dados e sistemas de informações, comunicando e facilitando o

desenvolvimento de métricas de segundo nível.

O resultado será o desenvolvimento de um novo sistema de informações capaz

de vincular as métricas de alto nível às medidas operacionais do chão de fábrica.

Tarefa 9 - Workshop executivo: terceira etapa

No terceiro workshop a equipe executiva irá tomar a decisão final sobre a visão,

objetivos e indicadores, validando suas metas de superação propostas anteriormente.

Ao final a equipe deverá chegar a um acordo em como o programa de implementação

irá comunicar o scorecard aos funcionários, integrá-lo à filosofia gerencial e

desenvolver um sistema de informações que sustente o scorecard.

Tarefa 10 – Finalizar o Plano de implementação

Embora a implementação do novo sistema de gerenciamento da estratégia deva

ser feita de forma progressiva, é importante que não se perca tempo já que para criar

valor, o Balanced Scorecard deve ser rapidamente integrados ao sistema gerencial.

Com o tempo os sistemas de informações gerenciais serão ajustados ao processo.

66

O prazo para implementação de um projeto típico pode durar 16 semanas,

sendo influenciado sobretudo pelas agendas executivas. O prazo poderá ser estendido

se que isso represente um problema, mas deverá se limitar a tempo necessário para o

levantamento dos dados essenciais.

Kaplan e Norton (1997) ressaltam que a importância do arquiteto é grande até a

sexta semana, ou seja, até a realização do primeiro workshop executivo, a segunda

etapa deverá ser conduzida pela alta administração, cabendo ao arquiteto apenas o

papel de facilitador.

A adoção dessa conduta proporciona comprometimento da equipe executiva e

gera com resultado final para corporação uma nova abordagem gerencial.

Criação de um sistema gerencial integrado

Segundo Kaplan e Norton (1997), foi identificado em diversas organizações que

após o lançamento do Balanced Scorecard logo surge à preocupação quanto à

compatibilidade do BSC com os demais sistemas gerenciais existentes como a

orçamentação, o alinhamento de iniciativas estratégicas e o estabelecimento de metas

pessoais. A preocupação é pertinente já que sem essas relações é possível que o

esforço dedicado ao desenvolvimento de BSC não gere benefícios tangíveis.

Visando suprir a necessidade de alinhamento foi elaborado um calendário que

incorpora as quaro características essenciais á um sistema de estão estratégica:

1. Formulação da estratégia e atualização dos temas estratégicos;

2. Relação com os objetivos e recompensas pessoais;

3. Relação com planejamento, alocação de recursos e orçamentos anuais;

4. Feedback e aprendizado estratégicos.

Formulação da estratégia e atualização dos temas estratégicos

Normalmente a formulação da estratégia e a atualização dos temas estratégicos

constituem uma orientação hierárquica para os chefes das divisões operacionais, e

durante esse processo, a alta administração pode formatar o BSC visando à

implementação de um novo plano de longo prazo ou apenas a atualização anual da

estratégia.

67

Relação com os objetivos e recompensas pessoais

As organizações que desejem a contribuição de todos os funcionários para a

implementação da estratégia compartilharão suas visões e estratégias de longo prazo

com as pessoas que devem executá-la, e as incentivarão a sugerir formas pelas quais

a visão e a estratégia, possam ser alcançadas. Quando há uma compreensão da

estratégia por parte de todos os esforços e iniciativas da empresa se alinham aos

processos necessários de transformação.

Dado que o processo de alinhamento da organização é complexo e demorado,

normalmente são usados três mecanismos para que isso ocorra:

• Programas de comunicação e educação – é necessário que todos entendam a

estratégia e quais as atitudes para que essas se realizem. O programa contínuo

e coerente de educação, reforço e feedback sobre a performance estratégica,

constituem a base do alinhamento organizacional.

• Programas de estabelecimento de metas – os indivíduos depois de

comunicados e educados devem, junto com suas equipes, traduzir os objetivos

estratégicos de nível mais alto em objetivos operacionais e pessoais.

• Vinculação do sistema de conseqüência – o alinhamento deve ser motivado por

sistemas de incentivo e compensação. Kaplan e Norton (1996) ressaltam que

somente após a implementação de sistemas de comunicação e educação é que

a vinculação financeira deverá ser implementada.

Segundo Bressiani, Alt e Massote (2003) ao fazermos um desdobramento de

objetivos, de cima para baixo, é necessário o cuidado em considerar cada uma das

perspectivas examinadas: temas estratégicos, objetivos estratégicos e quais os índices

que permitem a mensuração do cumprimento dos objetivos em relação ao

planejamento para o período.

Logo para o desenvolvimento eficaz de um BSC, é imprescindível o envolvimento

da alta administração no processo de criação e estruturação dos indicadores.

O objetivo do processo de comunicação é alinhar a estratégia com todos os

funcionários da organização, seja em efeito cascata até a base da pirâmide, seja de

baixo para cima até o conselho de administração.

68

Esta metodologia de gestão permite a organização, a flexibilidade exigida pelo

mercado, bem como a eficácia no uso das informações estratégicas da empresa para a

tomada de decisão de forma correta.

Relação com planejamento, alocação de recursos e orçamentos anuais

Apenas alinhar os recursos humanos não é suficiente, é necessário que se

alinhe também os recursos financeiros e físicos à estratégia. Tanto os orçamentos de

capital de longo prazo, quanto às iniciativas estratégicas e despesas anuais devem

visar à realização de metas ambiciosas para os objetivos e indicadores contidos no

scorecard.

Para que a integração entre o planejamento estratégico e orçamentário ocorra são

recomendados quatro passos:

• Metas de superação – devem ser traçadas metas ambiciosas que com base nas

inter-relações de causa e efeito serão aceitas por todos;

• Identificar e racionalizar as iniciativas estratégicas – as prioridades para os

investimentos devem ser definidas buscando fechar as lacunas identificadas

pelos indicadores do BSC;

• Identificar iniciativas críticas que envolvam mais de uma unidade de negócios –

identificar iniciativas que gerem benefícios para as unidades de negocio e a

corporação como um todo através do estabelecimento de sinergias;

• Vincular a estratégia à alocação de recursos e aos orçamentos anuais – o

planejamento estratégico e orçamentário são importantes demais para serem

tratados como atividades independentes, as despesas do ano seguinte são

vinculadas às metas específicas de curto prazo ou marcos do plano plurianual,

e dessa forma os executivos, tornam possível a vinculação do orçamento à

estratégia além de facilitar o acompanhamento da trajetória estratégica

estabelecida.

Em resumo, se a formulação da estratégia e a atualização dos temas

estratégicos tiverem sido bem feitos, o processo de orçamentação deverá

simplesmente envolver a tradução do primeiro ano de um plano de 3 a 5 anos num

orçamento operacional.

69

Feedback e o processo de aprendizado estratégico

A estratégia planejada, embora elaborada com as melhores intenções e

informações disponíveis, talvez não seja válida para a condição atual. Mintzberg (2000)

cita que, freqüentemente as idéias para o aproveitamento de novas oportunidades

provêm dos gerentes menos graduados da organização.

Kaplan e Norton (1996) descrevem os ingredientes essenciais dos processos

eficazes de aprendizado estratégico como sendo:

• Visão estratégica estruturada e compartilhada – permite ao participante se

perceber no contexto estratégico da organização;

• Um processo de feedback – permite através da coleta dados de desempenho

sobre a estratégia, que as hipóteses sobre as inter-relações entre objetivos e

iniciativas sejam testadas;

• Um processo de solução de problemas em equipe – permite o aprendizado

através da analise dos dados de desempenho coletados e fornece condições

para que a estratégia seja adaptada às situações que venham a surgir. Um dos

itens mais relevantes nesse processo é a reunião de revisão estratégica. Essa

reunião deve ocorrer de forma periódica e desempenha papel fundamental no

processo de aprendizado estratégico da equipe executiva.

O processo de feedback e aprendizado estratégico são considerados como

sendo dados fundamentais para a implementação bem-sucedida da estratégia,

relacionando as análises operacionais mensais e as revisões estratégicas em um

processo chamado de análise em dois níveis.

Algumas precauções

Uma das funções do BSC é buscar a eliminação da incoerência entre a formulação

e desenvolvimento da estratégia, e sua implementação. Geralmente a causa da

incoerência está nas barreiras criadas pelos sistemas tradicionais de gerenciamento.

As principais barreiras identificadas segundo Kaplan e Norton (1996) são:

• Visões estratégicas não executáveis – quando a empresa não consegue traduzir

sua visão e sua estratégia de forma compreensível e factível, principalmente

70

devido às divergências entre a maneira como as declarações de visão e missão

são traduzidas em ações, fazendo com que os diversos grupos sigam agenda

diferentes segundo suas própria interpretações.

• Estratégias não associadas às metas de departamentos, equipes e indivíduos –

quando as exigências de longo prazo da estratégia não são traduzidas de forma

clara para as unidades de negócio, departamentos, equipes e indivíduos,

fazendo com que o foco continue a ser operacional, ou seja, no cumprimento do

orçamento (previsto x realizado). O sistema de incentivos associado a medidas

financeiras de curto prazo, só reforça formas ultrapassadas de fazer negócio.

• Estratégias não associadas à alocação de recursos a longo e curto prazos –

quando não há alinhamento entre os programas de ação e de alocação de

recursos às prioridades estratégicas de longo prazo. Isso ocorre normalmente

quando os processo de planejamento estratégico e planejamento orçamentário

(anual) são feitos de forma separada.

• Falta de feedback estratégico – quando o foco é dado apenas ao feedback

operacional ,que está relacionado na sua maior parte as medidas financeiras de

curto prazo, as empresas não tem como testar e aprender sobre a estratégia

implementada.

O maior benefício do uso do BSC como sistema de gestão estratégica ocorre

quando as empresas realizam revisões estratégicas regulares.

3.7. Organização Orientada para Estratégia

Segundo Kaplan e Norton (2000b), o Balanced Scorecard permitiu que

muitas organizações atingissem elevado nível de sucesso na implementação das

suas estratégias, mas apesar dos benefícios aferidos com a implementação do

Balanced Scorecard, a simples implementação de um Mapa Estratégico, com seus

objetivos indicadores, metas e iniciativas, não garante o salto de melhoria de

desempenho esperado.

Então depois de dedicado estudo das razões desses sucessos, em

organizações que se destacaram, e, em geral foram precursoras na utilização do BSC,

Kaplan e Norton (2000a) identificaram o desenvolvimento de um novo sistema

gerencial focado na estratégia. Os elementos-chave identificados são a estratégia, o

71

foco e a organização. Isso levou esses autores a cunharem o conceito de strategy

focused organization – SFO (no Brasil traduzido como organização orientada para a

estratégia), incorporando as características dessas organizações de comprovado

sucesso. Essas observações foram compiladas por Kaplan e Norton no livro

“Organização Orientada para Estratégia” (2001) onde são explicitados os cinco

princípios comuns a essas empresas que conseguiram focar a equipe executiva, as

unidades de negócio, recursos humanos, tecnologia da informação e recursos

humanos à estratégia da organização.

“Nossas pesquisas sobre empresas bem sucedidas no Balanced

Scorecard revelaram um padrão consistente na consecução do

foco e do alinhamento estratégico. Embora cada organização

abordasse o desafio à sua própria maneira, em ritmos e seqüência

diferentes, observamos a atuação de cinco princípios comuns, que

chamamos de princípios da organização orientada focada na

estratégia” (KAPLAN e NORTON, 2001)

Os cinco princípios gerenciais identificados foram:

1. Mobilizar a mudança pr meio da liderança executiva;

2. Traduzir a estratégia em termos operacionais;

3. Alinhar a organização à estratégia;

4. Transformar a estratégia em tarefa de todos;

5. Converter a estratégia em processo contínuo.

72

Figura 11 – Princípios gerais de uma SFO (Organização Focada na Estratégia)

PRINCÍPIO 1 - Mobilizar a mudança por meio da liderança executiva

O BSC é muito mais do que um sistema de mensuração de desempenho.

Kaplan e Norton (2000) mostram que ele é também um programa de mudanças,

fortemente dependente do compromisso dos líderes com a visão estratégica: “Após a

deflagração da mudança, os executivos estabelecem um processo de governança para

orientar a transição. Esse processo define, demonstra e reforça os novos valores

culturais da organização e exige como elemento relevante o rompimento com as

tradicionais estruturas de poder”.(KAPLAN; NORTON, 2000).

A condição mais importante para se obter sucesso no processo de orientação de

uma Organização a Estratégia é a participação ativa e visível da equipe executiva.

73

A orientação deve ser encarada como um processo de mudança cultural. A

persistência e do senso comum deve motivar as pessoas em torno desta iniciativa e

fazer com que um novo sistema de gestão estratégico evolua.

Componentes do princípio 1

1. Os executivos comunicam o sentido de urgência

As organizações orientadas para com a estratégia iniciam o processo criando

uma consciência coletiva sobre a necessidade da mudança. Essa necessidade

pode ser estimulada tanto por fatores internos – desempenho atual inaceitável -

como por fatores externos – o surgimento de uma ameaça competitiva. Seja qual

for o motivo, os executivos devem criar o sentido de urgência destacando as

razões pelas quais uma nova abordagem para a execução da estratégia é

necessária.

2. As mudanças estratégicas foram compartilhadas e homologadas nas

diversas instâncias pertinentes

Sem uma mensagem e um compromisso consistentes dos executivos, sendo os

mais importantes os advindos do executivo principal, o momento para a

mudança não pode ser estabelecido ou mantido

3. Visão, Missão e Estratégia estão claramente definidas

Um componente crítico para a mobilização é a necessidade de uma visão, de

uma missão e de uma estratégia claramente definidas. A articulação inicia-se

com a definição do destino estratégico (ou visão de futuro). A existência de uma

visão de futuro é crítica para o processo de comunicação da estratégia. Quais

são as fontes primárias de crescimento – quais mercados, quais produtos, quais

inovações? Quais são as áreas chaves de focalização e de investimentos para

os próximos três anos? Uma organização deve poder testar se alcançou ou não

sua visão de futuro. A liderança executiva encontrará extrema dificuldade para

orientar a organização para com a estratégia se, por exemplo, as funções de

vendas e de produção possuírem visões conflitantes em relação à introdução de

74

novos produtos, ou se o CEO e o VP de marketing não obtiverem uma

concordância em relação a um orçamento adequado. Uma visão, uma missão e

uma estratégia claramente definidas, articuladas e compartilhadas facilitarão o

processo de orientação da organização para com a estratégia.

4. Os executivos estão alinhados em torno da estratégia

O alinhamento entre os executivos é um aspecto chave para o desenvolvimento

de uma Organização Orientada a Estratégia. Os executivos devem desenvolver

uma compreensão compartilhada sobre a estratégia. Devem ter um ponto de

referência comum, ao invés de operarem como um grupo de especialistas

funcionais focados em seus próprios silos.

5. Cada membro do grupo executivo é dono de um componente da estratégia

Para executar com sucesso uma nova estratégia, uma organização necessita de

responsabilidade para com a mudança. Ao invés de organizarem-se

funcionalmente, as organizações orientadas para com a estratégia são

estruturadas em torno dos temas estratégicos. Cada um destes temas

transforma-se numa base para a mudança da cultura proporcionando a devida

movimentação da organização em direção á visão de futuro. Os executivos

transformam-se em “guardiões” desses temas – muito embora não sejam

responsáveis por todas as atividades inerentes aos temas, devem coordenar os

esforços daquelas pessoas que contribuem para com o seu sucesso.

6. Cada executivo identificou e nomeou agentes de mudança qualificados

para patrocinar e gerenciar o esforço

A orientação de uma organização para com a estratégia transcende a

mobilização e o alinhamento dos executivos. O grupo gerencial e os indivíduos

de alto desempenho devem ser engajados no processo para realizar as

atividades críticas fazendo com que a organização mova-se em direção a visão

de futuro. Estas pessoas devem ser os agentes da mudança, mantendo os

executivos conectados com as mudanças em curso.

75

PRINCÍPIO 2 - Traduzir a estratégia em termos operacionais

Embora no aspecto financeiro o entendimento da estratégia possa se socorrer

do demonstrativo de resultado e do balanço, nos demais aspectos do negócio a

compreensão do desenrolar da estratégia passa a ser facilitada pelo uso dos mapas

estratégicos, que explicitam as relações de causa e efeito entre os objetivos

estratégicos sob as diversas perspectivas.

A construção de um mapa estratégico, ou seja, o detalhamento dos poucos

objetivos vitais da estratégia, é o primeiro passo para traduzi-la de maneira que todas

as pessoas possam compreendê-la. O emprego dos mapas estratégicos, facilita a

descrição e a comunicação da estratégia, de maneira coerente e visível, para todas as

pessoas em uma organização. Para Kaplan e Norton (2000), o mapa estratégico, os

indicadores de desempenho, as metas e as iniciativas formam o ferramental necessário

para descrever o processo de criação de valor para os clientes a partir dos ativos

intangíveis.

Muito embora as pessoas possam concordar sobre uma visão de futuro em alto

nível, esta pode não estar totalmente alinhada, então alcançar a clareza da estratégia é

um aspecto essencial para testá-la e alcançar a visão de futuro.

A identificação de temas e objetivos estratégicos, indicadores de desempenho,

metas e planos de ação devem tornar a estratégia explícita o suficiente de modo que

todas as pessoas possam compreendê-la. Todos os indicadores de desempenho

devem possuir metas definidas. Os planos de ação devem estar alinhados aos

objetivos estratégicos e, dessa forma, justificados e provisionados com recursos.

Finalmente, um processo que proporcione sua implementação deve ser posto em

prática para assegurar que a organização gerencie a implementação da estratégia

continuadamente.

76

Componentes do princípio 2

1. A estratégia é explicitada através de um mapa estratégico como parte do

processo de planejamento.

Mapas estratégicos devem ser empregados para descrever estratégia utilizando

um formato padrão. Isto é, fornecer um modelo comum dentro do qual a

estratégia de uma organização possa ser detalhada. Um mapa estratégico deve

ilustrar as relações de causa e efeito entre os objetivos que explicitam a história

da estratégia. O mapa estratégico deve tornar explícito:

• O desenvolvimento das competências e da infra-estrutura e o ajuste da

cultura;

• Os processos de negócio que devem ser executados com os níveis mais

elevados de eficiência e eficácia;

• A proposição única de valor que será entregue ao mercado;

• O alcance dos objetivos econômicos conforme articulado com os

stakeholders.

2. Indicadores são utilizados para comunicar a estratégia e são balanceados

nas perspectivas financeiras e não-financeiras.

Os objetivos do mapa estratégico, equilibrado entre perspectivas financeiras e

não financeiras, devem ser utilizados para avaliar o alcance dos objetivos

estratégicos e influenciar o comportamento das pessoas. Além disso, devem

existir um mix de indicadores o qual deve incluir indicadores de resultado e de

tendência.

3. Metas são estabelecidas para cada indicador nas perspectivas financeiras

e não-financeiras coerentemente com a visão.

Devem existir metas definidas para cada um dos indicadores de desempenho

pertencentes às perspectivas financeiras e não-financeiras. Essas metas devem

refletir a velocidade pela qual a estratégia deve ser implementada – deve haver

coerência entre elas e o perfeito entendimento, por parte dos líderes, de que o

desempenho não pode ser maximizado imediatamente para todos os objetivos.

77

4. Iniciativas corporativas são claramente definidas e os executivos são

responsáveis pelo sucesso na execução.

As iniciativas estratégicas representam as ações específicas e os recursos

necessários que serão utilizados para se alcançar os objetivos estratégicos. As

iniciativas estratégicas podem ser traduzidas no “como” os resultados

estratégicos serão conseguidos. Essencialmente, as iniciativas estratégicas

devem ser empregadas para eliminar os gaps de desempenho entre a situação

atual e a situação futura.

Uma iniciativa estratégica deve ser vista como um projeto da intervenção. Boas

iniciativas estratégicas deve possuir:

• Responsabilidade no nível executivo;

• Datas claramente definidas (início, marcos de progresso e término);

• Produtos claramente definidos;

• Orçamento;

• Alocação de recursos.

Figura 12 – Alinhamento estratégico

78

PRINCÍPIO 3 - Alinhar a organização à estratégia

Segundo Kaplan e Norton (2000), para que o desempenho organizacional seja

superior à soma das partes, as estratégias individuais precisam estar conectadas e

integradas. Contudo as organizações, em geral, formam uns todos complexos, em cuja

arquitetura busca-se obter economias de escala, integração de conhecimentos e tudo o

mais que contribua na formação de uma resultante sinérgica, mediante a integração de

suas várias partes.

Com o emprego do BSC é possível se estabelecer ligações entre as diversas

áreas funcionais e unidades de negócio, independentemente das diferenças presentes

e da autonomia de gestão em cada uma, mas mantendo coerência estratégica com o

BSC do conjunto;

Uma vez que a estratégia da organização tenha sido traduzida em termos

operacionais, ela deve ser desdobrada para as unidades de negócio, unidades de

suporte, processos e pessoas a fim de que as estratégias locais / individuais possam

ficar alinhadas e suportar a estratégia corporativa. O desdobramento é necessário a fim

de assegurar sinergias efetivas entre as unidades de negócio e de serviços

compartilhados (unidades de suporte).

Cada unidade formula uma estratégia apropriada para seu mercado alvo, à luz

de suas circunstâncias específicas – concorrentes, oportunidades do mercado,

processos críticos e recursos de investimento – entretanto, estas estratégias locais

devem estar visceralmente ligadas aos temas e às prioridades estratégicas

corporativas.

É desejável que o desdobramento ocorra também além das fronteiras da

organização. Nesse caso, pode ser estabelecidos com fornecedores críticos, clientes,

empresas terceiras (outsouring) e joint-ventures.

Na prática, o esforço e o envolvimento das pessoas geralmente são ótimos

quando seus próprios princípios, padrões e valores estão alinhados com os da

organização (RAMPERSAD, 2004).

79

Kaplan e Norton (2006), após estudarem práticas de gestão específicas,

adotadas pelas organizações selecionadas para o Balanced Scorecard Hall of Fame for

Strategy Execution – grupo de reconhecimento instituído pela Balanced Scorecard

Collaborative, que contempla as organizações que mais se destacaram na

implementação de suas estratégias adotando um sistema de gestão baseado no BSC –

e as compararem com outros dois grupos de praticantes de BSC de menor expressão,

puderam concluir que, além de apresentarem um nível de excelência inigualável, as

organizações do Hall of Fame apresentaram uma grande diferença quanto ao

alinhamento organizacional em torno da estratégia, conforme mostra a figura 13.

Figura 13 – Relação entre excelência na gestão e nível de benefícios (KAPLAN e NORTON, 2006)

Assim como a já citada metáfora dos remadores e do timoneiro, muitas

empresas são como barcos sem coordenação. São compostas por maravilhosas

unidades de negócios, cada uma delas reunindo executivos altamente treinados,

experientes e motivados. Mas os esforços das várias unidades de negócio não estão

80

alinhados entre si. Na melhor das hipóteses, as unidades de negócio não interferem

umas nas outras e o desempenho da corporação é igual à soma do desempenho de

cada unidade de negócio, menos o custo da administração central.

O mais provável, contudo, é que as diferentes unidades de negócio

desenvolvam atividades conflitantes envolvendo clientes comuns ou recursos

compartilhados, ou que percam oportunidades de desempenho ainda melhor, por não

conseguirem coordenar suas ações. Como conseqüência, o resultado final fica muito

aquém do que poderia ser alcançado se elas trabalhassem juntas.

O timoneiro do barco é como a administração central. O mau timoneiro ocupa

espaço valioso, aumenta o peso do barco e compromete o desempenho geral da

equipe. Já o bom timoneiro, em contraste, compreende os pontos fortes e os pontos

fracos de cada remador, estuda o ambiente externo e analisa a competição. Define,

então, um curso de ação claro para o barco e assegura sua implementação,

mediante a coordenação dos remadores em busca do desempenho ótimo. O bom

timoneiro, como a administração corporativa bem liderada, contribui para o melhor

desempenho dos remadores individualmente (KAPLAN e NORTON, 2006).

Componentes do princípio 3

1. A estratégia corporativa é utilizada para guiar as estratégias das unidades

de negócio que o utilizam para garantir o alinhamento corporativo.

A estratégia corporativa define a agenda estratégica para toda a organização. O

desdobramento da estratégia corporativa pode ocorrer em nível corporativo,

divisional, distrital, etc. Entretanto, recomenda-se que deva ocorrer nos níveis

em que haja pessoas tomando decisões estratégicas a respeito de como a

organização deve proceder e que possuam autonomia pelos meios e

responsabilidades pelos resultados finais.

81

2. A estratégia corporativa é utilizada para guiar a estratégia das unidades de

suporte, que o utilizam para garantir o alinhamento corporativo e com as

unidades de negócio.

Consistente com os critérios para as unidades de negócio, a estratégia

corporativa também deve ser desdobrada para as unidades de serviços

compartilhados. Dependendo da natureza funcional dessas unidades, suas

estratégias guardarão menos alinhamento direto com a estratégia ascendente

(corporativa ou de uma unidade de negócios). As unidades de suporte devem

desdobrar suas estratégias de maneira a mostrar como irão suportar os objetivos

da corporação e das unidades de negócio. È desejável que contratos de níveis

de serviço estejam estabelecidos entre as unidades de serviço e de negócio.

3. As estratégias dos clientes e fornecedores descrevem como seus objetivos

se alinham com a estratégia corporativa.

Muitas organizações, particularmente companhias baseadas em produto, fazem

deste componente uma peça chave do sistema de gestão de terceiros. Essas

organizações utilizam esse desdobramento para explicitar:

• Os objetivos do relacionamento;

• A contribuição de cada entidade para o relacionamento utilizando-se de

outros atributos além do custo.

4. Os executivos usam a estratégia para reportar o desempenho da empresa

para os acionistas, funcionário e stakeholders.

Embora não seja um componente essencial para orientar uma organização para

com a estratégia, a comunicação baseada na estratégia para com os acionistas

e stakeholders tornam-se cada vez mais freqüente e tem provado ser de

extrema eficácia. Em tempos onde a transparência corporativa não poderia ser

mais crucial, essa prática oferece aos executivos uma solução valiosa.

82

PRINCÍPIO 4 - Transformar a estratégia em tarefa de todos

Nas organizações da economia do conhecimento, é imprescindível que os

responsáveis pela criação do valor compreendam a estratégia. Assim, “os executivos

usam o Balanced Scorecard como ferramenta nos processos de comunicar a estratégia

e de educar a organização” (KAPLAN; NORTON, 2000).

É preciso fazer com que todos compreendam seu papel e sua contribuição na

execução da estratégia organizacional. Sendo a estratégia uma tarefa cotidiana de

todos, empenho pessoal e motivação são essenciais para executá-la. Para os autores

(2000a), os sistemas de recompensas mostram-se como direcionadores importantes

para uma maior atenção na execução da estratégia;

O CEO e os demais executivos das organizações que obtiveram sucesso na

orientação destas para com a estratégia compreenderam que não poderiam executar,

sozinhos, uma nova estratégia. Uma única pessoa (ou apenas um pequeno grupo) não

consegue executar uma dada estratégia, a menos que, as outras pessoas da

organização, as quais detém o conhecimento do negócio, também a compreendam. É

correto afirmar que os executivos - aqueles que se prestam à tomada de decisão

estratégica ou que estejam a serviço de determinar os rumos do negócio formulem a

estratégia - no entanto, possuem a obrigação de não só determiná-la mas, também, de

educar as demais pessoas sobre ela. Só desta maneira cada pessoa pode identificar

sua contribuição para com a estratégia. A estratégia deve tornar-se o trabalho cotidiano

de cada um.

Componentes do princípio 4

1. Os funcionários estão plenamente conscientes sobre a visão e a estratégia

da empresa.

Se as pessoas não estiverem conscientes da visão e da estratégia, não é

razoável esperar que uma organização possa executar sua estratégia. Todas as

pessoas devem ter uma compreensão acerca dos objetivos estratégicos que a

organização estabeleceu a fim de assegurar que as suas atividades estejam

alinhadas com eles.

83

2. As prioridades estratégicas são comunicadas freqüentemente por diversos

meios a toda a organização.

As práticas recomendadas incluem programas estruturados de comunicação da

estratégia. Encontros com o CEO, newsletters, política de “portas abertas” e

intranet, são todos parte do plano de comunicação. Mais uma vez, a habilidade

de uma organização executar a sua estratégia está na compreensão que as

pessoas possuem a respeito dela. Aqui o esforço essencial está em definir e

avaliar um plano de comunicação de longo prazo cotidianemente.

3. As pessoas compreendem seu papel no alcance da estratégia e acreditam

que podem fazer a diferença.

Uma vez que as pessoas tem ampla compreensão da estratégia corporativa,

elas devem compreender como seu trabalho contribui para a sua execução.

Dados que a estratégia é desdobrada através da várias instâncias

organizacionais, tanto os executivos como as pessoas devem igualmente

compreender como contribuem. Durante o processo de desdobramento, a

consciência de contribuição específica aos resultados estratégicos aumenta. Daí

a necessidade das organizações desenvolverem e implementarem modelos de

desempenho que reflitam as contribuições estratégicas de cada um dos papéis

organizacionais.

4. Objetivos e metas individuais e das equipes devem ser alinhados com a

Estratégia.

As organizações que aspiram tornarem-se orientadas para com a estratégia,

devem desafiar as pessoas posicionadas nos níveis de decisões mais

operacionais a desenvolverem seus próprios objetivos, de maneira mais ampla à

luz das prioridades estratégicas. Freqüentemente, as pessoas encontrarão

outros espaços, além do escopo de suas atividade tradicionais, onde possam

contribuir. O processo de estabelecimento de metas individuais deve levar em

conta as metas da unidade de negócios ou de suporte nos quais estejam

alocados.

84

5. Planos de desenvolvimento individuais estão alinhados com objetivos

estratégicos relevantes que podem ser influenciados pelas pessoas.

Os planos de desenvolvimento individuais devem suportar os objetivos

estratégicos da unidade de negócio ou do processo de negócio nos quais as

pessoas estejam alocadas. A criação de planos de desenvolvimento em torno

das metas estratégicas facilita uma melhor distribuição de responsabilidade

dentro da organização.

6. O sistema de remuneração e recompensa deve estar ligado ao

desempenho estratégico.

O componente final deste princípio trata do sistema de incentivos e de

recompensa. Para ajustar o comportamento das pessoas como requerido pela

estratégia, as mudanças devem ser reforçadas através de incentivos financeiros

e não-financeiros. Quando esses sistema se torna vinculado ao plano de

desenvolvimento individual o qual, por sua vez, está vinculado à estratégia da

organização, o interesse pelos detalhes da estratégia aumenta. Dessa maneira,

as pessoas irão demandar um conhecimento profundo da estratégia para então

aplicá-lo ao seu trabalho. Os incentivos não financeiros – como promoções ou

ampliações de atribuições e responsabilidades – também comunicam essa

mensagem.

PRINCÍPIO 5 - Converter a estratégia em processo contínuo

Em boa parte das organizações, o processo gerencial desenvolve-se em torno

do orçamento e do plano operacional. As organizações orientadas para a estratégia

adotam, porém, uma postura diferente, aplicando um modelo chamado de processo de

laço duplo, que integra o gerenciamento tático e o estratégico em um único processo

contínuo e ininterrupto. Para Kaplan e Norton (2000), “a reunião gerencial mensal se

concentra na revisão do desempenho em comparação com as previsões, na análise

das variações do real em relação ao orçado e no desenvolvimento de planos de ação

para cuidar das discrepâncias”. É preciso que as organizações tenham condições de

testar as hipóteses da estratégia, gerando um processo de aprendizado contínuo.

85

Para isso, Norton (2006) recomenda a criação de eventos periódicos para avaliação

dos rumos da estratégia e sistemas de feedback e análise que forneçam dados reais

para apoio às decisões gerenciais;

A estratégia é o meio pelo qual uma organização diferencia-se da concorrência e

alcança sucesso empresarial. A diferenciação permite que se estabeleça uma

proposição de valor sustentável ao mercado. No entanto, o ambiente competitivo não

deixa de evoluir e de modificar-se, os atributos competitivos continuam se modificando

e as expectativas dos clientes continuam a emergir. Portanto, uma organização

orientada para com a estratégia faz do processo de gestão da estratégia, um processo

contínuo.

A gestão estratégica depende da capacidade da organização de revisar e ajustar

a hipótese estratégica e os processos que suportam sua execução. Decisões

estratégicas somente podem ser tomadas com uma estratégia claramente

estabelecida. Uma vez que a execução da estratégia é a essência da criação de valor e

do crescimento sustentado do negócio, avaliar o avanço de sua implementação é

responsabilidade constante da liderança. Os executivos devem permanentemente

atender às mudanças ambientais e ajustar a abordagem da execução estratégica numa

base contínua. Finalmente, o orçamento deve estar vinculado ao sistema de gestão da

estratégia de modo a suportar as decisões cotidianas e manter a organização

focalizada nos objetivos estratégicos. O aprendizado (teste e ajuste da hipótese

estratégica) é o objetivo chave de um sistema de gestão da estratégia.

O sistema deve enfatizar o diálogo e a descoberta entre a liderança. A

responsabilidade deve ser compartilhada através dos temas estratégicos e o alcance

de um entendimento mais integrado das relações de causa e efeito que dirigem os

resultados do negócio deve ser conseguido.

86

Componentes do princípio 5

1. Processo de gestão da estratégia

As reuniões executivas devem dar ênfase nas questões estratégicas. Reuniões

convencionais tendem a investir pouco tempo com a revisão da estratégia –

muito pouca ênfase é dada ma compreensão das relações de causa e efeito que

sustentam a estratégia. Essas reuniões concentram-se na revisão do

desempenho passado, explorando uma ou outra implicação potencial sobre

resultados futuros. Reuniões organizadas em torno da hipótese estratégica

possibilitam obter um fórum mais dinâmico e a real exploração das questões

críticas: seja para suportar o diálogo sobre as anomalias de desempenho, seja

para estabelecer o foco estratégico da reunião seguinte. Enquanto que as

reuniões convencionais tendem a ser orientadas por eventos, as reuniões de

revisão da estratégia são organizadas para proporcionar uma aprendizagem

contínua sobre a eficácia da execução da estratégia e ainda revisar ou

considerar novas alternativas estratégicas.

2. Ferramentas e sistemas de apoio.

As ferramentas e sistemas de apoio à gestão devem fornecer informações

suficientes para indicar o processo da organização em relação à execução da

estratégia. Esses sistemas devem incorporar aproximadamente 25 a 30

indicadores de desempenho os quais devem promover o foco das discussões

gerenciais somente naquilo que é aceito como estratégico, eliminando a

dispersão dos executivos a qual usualmente ocorre quando centenas de

indicadores estão em discussão. É recomendável que o sistema de informações

que suporte a gestão estratégica possuam as funcionalidades de drill-down para

que se navegue em quaisquer níveis de detalhe – e de agregação - de modo a

se obter o resultado da organização para então suportar a análise da estratégia.

87

3. Integração entre sistemas de gestão (estratégica, tática e operacional).

Freqüentemente se diz que os orçamentos tendem a focalizar a atenção naquilo

que aconteceu no último exercício ao invés de focalizar naquilo que é

estrategicamente desejado para o próximo. Os orçamentos são empregados

também para justificar as despesas que continuam a ocorrer na operação do

negócio, enquanto que os objetivos estratégicos tipicamente requerem novos

investimentos. Dessa forma, ao invés de focalizar o sistema de gestão no

orçamento, as organizações orientadas para a estratégia, a colocam no centro

do diálogo gerencial. Além disso, a estratégia e o alinhamento das iniciativas

para cumpri-la, são empregados para orientar o processo orçamentário. Uma

vez que as iniciativas são vinculadas aos objetivos estratégicos, quando estes

são revisados, as iniciativas também são acompanhadas pela revisão dos seus

avanços. Dessa forma a organização obtém o progresso (ou não) em direção ao

alcance do objetivo.

4. Aprendizado estratégico.

Na medida em que as organizações passam a sentirem-se cada vez mais

familiarizadas e confortáveis com este novo conjunto de práticas de negócio,

promovido pela discussão sobre estratégia, oportunidades emergem

promovendo novos aprendizados. Como o modelo de gestão da estratégia

fornece o feedback sobre os resultados, a organização torna-se capaz de estar

as hipóteses subjacentes a ela de modo a avaliar se a mesma está, de fato,

gerando os resultados esperados.

Organizações orientadas para estratégia empregam as idéias e o aprendizado

gerado por esse modelo para aprimorar suas estratégias. Ao invés de ser um

evento anual, a formulação da estratégia, sua avaliação e revisão tornam-se um

processo contínuo.

88

5. Compartilhamento de informações.

Em organizações orientadas para estratégia as informações estratégicas devem

revelar o quão bem a estratégia está sendo executada. Dado que a organização

consegue mensurar sua estratégia, ela estará apta para avaliar a efetividade de

sua abordagem de implementação. Fornecer essas informações para toda a

organização faz com que reflexões estratégicas surjam espontânea e

inesperadamente a partir de qualquer ponto. Enquanto líderes são responsáveis

pela rápida tomada de decisão estratégica baseada nessas informações, as

reflexões que surgem daqueles que implementam a estratégia podem emergir

de qualquer lugar.

89

4. ANÁLISE DOS RESULTADOS

O capítulo aborda uma descrição sumarizada da empresa, do histórico de

avaliação de desempenho e dos motivos que a levaram a escolher o Balanced

Scorecard como sistema de gerenciamento estratégico. Apresenta também o processo

de construção e implementação do BSC na organização e na Área de Negócio

estudado.

Analisa as características da Área de Negócio estudado frente aos itens

propostos para uma organização focada na estratégia e por fim apresenta uma

conclusão do capítulo.

Descrição da empresa e visão corporativa

Constituída no início dos anos 50, com o objetivo de executar as atividades do

setor petróleo no Brasil em nome da União a Petróleo Brasileiro S/A - PETROBRAS

iniciou suas atividades com o acervo recebido do antigo Conselho Nacional do Petróleo

(CNP), que manteve sua função fiscalizadora sobre o setor.

Entre os anos de 1954 e 1997 as operações de exploração e produção de

petróleo, bem como as demais atividades ligadas ao setor de petróleo, gás natural e

derivados, à exceção da distribuição atacadista e da revenda no varejo pelos postos de

abastecimento, foram monopólio Petrobras. Proporcionando à Petrobras tornar-se líder

em comercialização de derivados no País.

No final dos 90, o Brasil já figurava no seleto grupo de 16 países com a produção

superior à 1milhão de barris de óleo por dia. Nessa mesma época oi sancionada a que

abriu as atividades da indústria petrolífera no Brasil à iniciativa privada.

Inserida em um novo ambiente mais competitivo a empresa elaborou um novo

plano estratégico, que agora vislumbrava um horizonte de cinco anos.

Vários novos campos de petróleo foram descobertos após a quebra do monopólio,

tanto nas bacias terrestres já em adiantado estado exploratório como na plataforma

continental, permitindo que já no ano de 2003, a Petrobras tivesse sua a sua produção

diária de óleo e gás natural ultrapassando a marca de 2 milhões de barris, e finalmente

em 2006, com entrada em produção da plataforma P-50, a produção brasileira

superava o consumo, atingindo a auto-suficiência sustentável em petróleo.

90

A estratégia contemplava também a expansão da área internacional permitindo

que a empresa mantivesse atividades operacionais ou escritórios em 27 países e a

produção internacional que era de apenas 58 mil barris de óleo e gás passou, em 2006,

para 230 mil barris diários.

A empresa se tornou a 14ª empresa, entre todas as companhias de petróleo do

mundo e a 7ª entre as de capital aberto.

Segundo a própria empresa a explicação para o sucesso da Petrobras está na

eficiência de suas unidades espalhadas por todo o Brasil: nas refinarias, áreas de

exploração e de produção, dutos, terminais, gerências regionais e na sua grande frota

petroleira.

Na Visão 2020 o objetivo é ser uma das cinco maiores empresas integradas de

energia do mundo e a preferida pelos nossos públicos de interesse.

Os atributos dessa visão são:

• Forte presença internacional

• Referência mundial em biocombustíveis

• Excelência operacional, em gestão, recursos humanos e tecnologia

• Rentabilidade

• Referência em responsabilidade social e ambiental

• Comprometimento com o desenvolvimento sustentável

A empresa tem como missão atuar de forma segura e rentável, com

responsabilidade social e ambiental, nos mercados nacional e internacional,

fornecendo produtos e serviços adequados às necessidades dos clientes e

contribuindo para o desenvolvimento do Brasil e dos países onde atua.

91

A empresa é estruturada da seguinte forma (desdobramento até o nível de área de

negócio):

Figura 14 – Organograma Funcional

A Área de Negócio Abastecimento

A Petrobras abastece quase toda a demanda do mercado brasileiro por derivados

de petróleo.

Além do objetivo de aumentar sua capacidade de produção, de modo a atender a

crescente demanda por derivados, a Petrobras precisa enfrentar outro desafio: adaptar

suas refinarias de modo a aumentar a taxa de conversão de diferentes tipos de óleo,

dentro da já existente estrutura de processamento, eliminando, assim, à dependência

da importação. Aqui, os resultados já podem ser observados, graças ao Programa para

92

o Desenvolvimento de Tecnologias Estratégicas para o Refino, com projetos como a

Conversão Catalítica Fluida para Resíduos Pesados, que visa transformar resíduos

pesados, de baixo valor, em produtos que têm grande demanda no mercado brasileiro,

como o óleo diesel, gasolina e GLP assegurando, assim, lucratividade a um setor que,

em todo o mundo, opera com baixas margens de lucro.

De acordo com a Petroleum Intelligence Weekly, a Petrobras é a oitava maior

companhia no setor downstream - refino, transporte e comercialização.

O termo downstream, na Petrobras, está ligado à boa parte da estrutura

operacional da Companhia: são quinze refinarias, no Brasil, Estados Unidos e

Argentina, sendo que no Brasil são onze refinarias com capacidade de produzir

aproximadamente 2000 mil barris por dia, duas fábricas de fertilizantes, uma fábrica de

Xisto, longa malha dutoviária, diversos terminais e bases e mais de 50 navios em sua

frota própria.

Para manter-se tecnologicamente atualizada, a Petrobras aprimora

constantemente suas atividades de downstream, procurando atender ao crescimento

do mercado nacional de derivados, às exigências de qualidade dos combustíveis, à

segurança do homem, às possibilidades de exportação e aos cuidados com o meio

ambiente.

O setor de Petroquímica e Fertilizantes prevê investimentos para os projetos do

Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro e na área de transporte marítimo estão

previstos investimentos aplicados no Programa de Expansão e Modernização da Frota

na construção de navios de suprimento de plataformas.

Histórico da Avaliação de desempenho na Petrobras

O Relatório de execução do Plano Anual de Atividades – PAA foi o único

instrumento corporativo de avaliação empresarial, com visão extremamente

operacional quer seja física ou econômico-financeira (visão tática anual), desde a

criação da empresa até a década de 80, embora fosse elaborado também,

paralelamente, o Plano Plurianual de Atividades- PPA na Petrobras.

Em 1979, com a criação da Secretaria de Controle das Empresas Estatais – SEST

pelo Governo Federal, a Petrobras foi obrigada a implementar a elaboração de um

93

Plano de Dispêndios Globais-PDG, bem como seu respectivo acompanhamento

mensal, cujo principal objetivo era o de sistematizar o controle do desembolso das

estatais pelo Governo.

Posteriormente, como aperfeiçoamento deste controle, foi implementada, em

paralelo à execução do PDG, a programação e o respectivo acompanhamento mensal

do Orçamento Anual de Investimentos, o qual continha a carteira dos principais

projetos de investimentos corporativos, agora já com visão física (acompanhamento da

realização) aliada à visão de desembolso dos projetos.

Na segunda metade da década de 80, com o impacto do avanço da

competitividade das empresas japonesas no mundo, os países atingidos absorveram

as técnicas utilizadas no Japão, e implementaram programas semelhantes, como por

exemplo, a premiação da qualidade da gestão das empresas.

No Brasil, foi criado o Prêmio Nacional da Qualidade, cujos critérios foram

adotados pela Petrobras para avaliação de sua gestão. Tal instrumento demonstrou,

nas quatro avaliações da Petrobras, a partir de 94, que a empresa não tinha uma

metodologia adequada para avaliação de resultados. Isso corrobora a necessidade do

planejamento estratégico e de sua administração.

Na década de 90, como resultado de um esforço conjunto entre a Petrobras e o

Ministério de Minas e Energia (MME), foi implementado o Contrato de Gestão entre a

Petrobras e a União, que:

• por parte do Governo, objetivava maior conhecimento das atividades da

Petrobras, e o estabelecimento de metas anuais de desempenho global

(operacional, econômico-financeiro, custos, recursos humanos, P&D,

segurança industrial, qualidade e produtividade e cumprimento do objeto

social);

• por parte da Petrobras se intencionava maior autonomia de gestão, aliada à

liberação de constrangimentos legais, o que dificultava significativamente a

operacionalização das atividades da empresa.

Cabe ressaltar que tal instrumento propiciava acompanhamento trimestral dos

indicadores de desempenho selecionados pelo MME. Entretanto, as intenções da

Petrobras não se concretizaram porque não houve por parte do Governo interesse em

renovar o Contrato firmado em janeiro de 1994, com vigência de três anos.

94

Posteriormente, foi estabelecido o processo de avaliação através do Relatório de

Desempenho Empresarial - RDE, que espelha uma visão dos resultados corporativos e

por Área de Negócio da Petrobras realizados no ano anterior e no ano em curso, bem

como a meta anual. Essa avaliação já apresenta vários alinhamentos com o

planejamento estratégico, a saber:

• os indicadores constantes do planejamento estratégico fazem parte do

elenco dos indicadores acompanhados no RDE;

• o Relatório apresenta os resultados por Área de Negócio, conforme

estabelecido no planejamento estratégico; e também considera as metas

aprovadas para o exercício no planejamento estratégico.

Todas as avaliações de desempenho empresarial mencionadas anteriormente,

exceto a última, retratavam unicamente a visão tática anual, sem considerar os

objetivos estratégicos, o que caracterizava o planejamento estratégico como estático.

Frente ao novo ambiente institucional do setor de energia, no ano de 2000, a

organização elaborou um novo plano estratégico olhando para um cenário de 5 anos.

Em agosto de 2001 a empresa iniciou então um projeto para transformar-se numa

organização com foco na estratégia.

O projeto completo de implementação do BSC teve duração de 16 meses, e

incluiu a criação de 86 painéis de desempenho que permeavam a organização como

um todo desde de o presidente até as Unidades de Negócio. A construção se deu no

formato “top down”, com a construção dos seis painéis corporativos nos quatro

primeiros meses (um para cada Área de Negócio) seguidos do desdobramento dos

demais painéis nos 12 meses subseqüentes.

95

Figura 15 – Evolução do processo de desempenho empresarial

Escolha do sistema de gestão

A Petrobras, por força da emenda constitucional no. 9, de 09/11/95, passou a

integrar-se a uma nova realidade institucional e regulatória de flexibilização do

monopólio do petróleo.

Essa flexibilização foi regulamentada pela lei no. 9.478, de 06.08.1997 e, a partir

de então, qualquer empresa, independentemente da origem de seu capital, pode

realizar atividades de exploração, produção, transporte, refino, importação e

exportação de petróleo. Essa mudança abriu o setor petróleo para competição em

todos as suas Áreas, influenciando diretamente a atuação da Petrobras e conferindo

um grau maior de complexidade a seus processos decisórios.

O novo ambiente trouxe novas oportunidades e desafios, levando a empresa a,

em 1999, elaborar um plano estratégico para o período de 2000 a 2005. Esse plano

contemplava a criação de 14 projetos de uma agenda de mudança, e um dos projetos

dessa agenda era implantar uma nova metodologia de avaliação de desempenho

empresarial, como instrumento imprescindível para a implementação da administração

estratégica.

96

Esta seria a forma estruturada, pela qual o corpo gerencial poderia posicionar-se e

relacionar-se a empresa com seu ambiente sócio-produtivo, de maneira a assegurar-

lhe sucesso permanente e a livrá-la de surpresas.

A administração estratégica é um processo de identificação de objetivos para a

empresa no longo prazo, assim como estabelece os caminhos (estratégias) para o

alcance desses objetivos; as ações e recursos necessários para operacionalizar essas

orientações; a monitoração dos resultados da empresa e das mudanças do ambiente

externo e interno; assim como, a avaliação estratégica de todo o processo.

A proposta a ser desenvolvida pela área de avaliação de desempenho

empresarial deveria então conferir dinamismo ao planejamento como um todo,

fechando o ciclo da administração estratégica e permitindo sua caracterização como

processo contínuo e integrado ou, o que podemos chamar, de feedback do

planejamento.

Então, visando elaborar uma proposta de modelo de avaliação de desempenho

empresarial, para a Petrobras foi constituído pela Diretoria Executiva um Grupo de

Trabalho coordenado pela área de Planejamento Estratégico com a participação

diversas Áreas de Negócio.

Após análise de diversas metodologias de avaliação de desempenho empresarial,

decidiu-se por se fazer uma análise mais criteriosa do Modelo Quantun e do BSC,

sendo que por fim a metodologia escolhida foi a do Balanced Scorcard.

Ao comparar-se as duas metodologias apresentadas, o BSC destacava-se como a

mais adotada no âmbito internacional e nacional, auxiliando na obtenção de grandes

melhorias tanto nos resultados como na gestão das empresas. Além disso não se tinha

conhecimento da aplicação do Modelo Quantum de Desempenho na mesma extensão

e aceitação do BSC

A metodologia BSC buscava estruturar a avaliação considerando o equilíbrio entre

as diversas dimensões empresariais, resumidas nas dimensões financeira, clientes e

mercados, processos internos e aprendizado e crescimento.

Segundo Kaplan e Norton (1997) um dos principais motivos para a escolha do

BSC como sistema de gestão estratégica é para obter clareza quanto a estratégia,

97

porém devido ao fato de que na empresa analisada a missão e visão já serem

claramente definidas, o BSC seria implantado como tecnologia para operacionalizar o

planejamento estratégico.

Como a aplicação da metodologia do BSC, a correlação entre a Avaliação de

Desempenho Empresarial e o Planejamento Estratégico da Companhia seria reforçada,

pois os objetivos que integram cada uma das dimensões do BSC são seriam os que

foram estabelecidos no Planejamento Estratégico.

A metodologia do BSC previa uma relação de causa e efeito entre os objetivos, as

dimensões não financeiras e a financeira, convergindo para o resultado final da

Empresa.

Com a aplicação da metodologia do BSC a empresa buscava aumentar a

objetividade do planejamento estratégico, integrando-o ao planejamento de médio e

curto prazo, através da clara definição dos objetivos corporativos, das estratégias, da

distribuição de responsabilidades para sua implementação e da medição sistemática

dos esforços de cada responsável para o alcance dos mesmos.

Figura 16 – Sistema de administração estratégica

98

A expectativa com a implantação do BSC é de que a fosse possível provocar:

• medidas de causa e efeito: cada objetivo selecionado deve ser parte de uma

cadeia de causa e efeito que representa a estratégia da empresa;

• ligação à perspectiva financeira: cada medida selecionada deve, em última

análise, ser relacionada a resultados financeiros;

• indicadores de desempenho: um equilíbrio entre indicadores de resultados e

vetores de desempenho; e

• indução a mudanças: adoção de ações que causam mudanças de

comportamentos e processos.

.

4.4. Análise entre a Relatório de Desempenho Empresarial (RDE) e a proposta

do Balanced Scorecard (BSC)

Na época, a Avaliação de Desempenho Empresarial era executada utilizando-se o

RDE como instrumento básico para análise mensal de desempenho pela Alta

Administração da Petrobras.

O RDE, quando de sua criação, visava atender a demanda da Alta Administração

de analisar não só o resultado corporativo da empresa como também iniciar um

processo de mudança de controles e de gerenciamento dos mesmos, como resultado

da implantação da visão de “Área de negócio” definida no Planejamento Estratégico,

bem como atender uma demanda de informações estruturadas para auxiliar os

trabalhos da área financeira.

Entretanto, ao longo do tempo, este não se mostrou suficiente para suportar todas

as necessidades demandadas pela implementação da administração estratégica, que

representava a mais avançada e coerente forma de pensamento estratégico,

considerada imprescindível à sobrevivência e sucesso das companhias no mundo

atual.

Buscava-se um sistema que permitisse:

• Análise nas questões estratégicas da corporação;

• Análise crítica do Planejamento estratégico;

99

• Relacionamento entre objetivos estratégicos, metas de longo prazo e

orçamentos;

• Integração com os demais sistemas corporativos; e

• Comunicação da estratégia para toda organização.

Então, devido à ineficiência em aprofundar as análises dos resultados obtidos, a

pouca conexão com as estratégias e a visão reativa, fez com que a organização

adotasse a sistemática sugerida pela proposta do BSC.

As vantagens identificadas com o uso do BSC em relação ao RDE forma:

1. Propiciar o conhecimento (consenso) e atualização (dinamismo) da

estratégia por toda a organização;

2. Refletir o alinhamento das metas das Áreas e indivíduos à estratégia,

garantindo a eficiência e eficácia do negócio, e eliminando o

subjetivismo associado à tomada de decisão;

3. Facilitar a associação dos objetivos estratégicos com as metas de

longo prazo e os respectivos orçamentos anuais;

4. Poder ser integrado com o sistema de reconhecimento de

desempenho;

5. Ser integrado com outras iniciativas empresariais como os projetos

constantes da agenda de mudança organizacional;

6. Propiciar o dinamismo necessário ao adequado desempenho da

administração estratégica, permitindo o feedback do planejamento

estratégico;

7. Permitir a visão integrada e holística do desempenho da organização

(dimensões financeira, mercadológica, processual e de

aprendizagem e crescimento);

8. Redução do tempo gasto nas reuniões da alta administração,

garantindo análises mais focadas nas questões estratégicas da

organização.

Após essa análise, o Grupo de Trabalho recomendou então implantação do

“Balanced Scorecard – BSC” na Companhia.

100

Foram escolhidas para dar suporte a implementação do BSC, através da

modalidade licitação:

A “Symnetics Consultoria Empresarial”, que era a representante de Kaplan e

Norton para a América Latina, para trabalhar a aplicação e desenvolvimento do

método;

A “BSCOL” para auxiliar a construção e posteriores revisões dos painéis de

desempenho através de ferramenta “Design Express”;

A “Hyperion Solutions” que através da aplicação “Hyperion Performance

Scorecard” (HPS) implementaria a base para o acompanhamento e desempenho

estratégico.

A partir da contratação da consultoria selecionada no final de 2001, a empresa

iniciou a contratação de seu painel corporativa.

4.5. A construção do BSC na Petrobras

A definição da arquitetura de indicadores

Segundo a metodologia proposta por Kaplan e Norton (1997) a primeira tarefa

dessa fase é a seleção da unidade organizacional adequada. È recomendável que se

comece a implantação preferencialmente em uma unidade estratégica de negócios que

possuam a cadeia de valores completa e uma estratégia para realizar a sua missão

devido a complexidade da implantação corporativa.

Na empresa estudada decidiu-se por iniciar a implantação a partir do painel

corporativo como pode ser visto abaixo:

101

Figura 17 – Cronograma de implantação

A equipe decidiu iniciar pela estratégia global da empresa para que o painel

corporativo servisse de norteador para os demais Áreas de negócio, garantindo

também que a segunda tarefa fosse cumprida sem maiores dificuldades, ou seja, a de

identificar as relações entre a unidade de negócios e a corporação.

Embora não tenha sido seguida a proposição de Kaplan e Norton (1997) de

iniciar o processo por uma unidade de negócio, a solução adotada embora mais

complexa, garante uma melhor identificação e alinhamento entre as áreas, segmentos

e unidades de negócio e apoio.

102

A busca do consenso em função dos objetivos estratégicos;

Na empresa analisada foi definido um cronograma de Workshops visando a

sensibilização e validação da estratégia, mapas estratégicos, indicadores, metas e

iniciativas.

A realização da primeira série de entrevistas foi formalizada através da etapa de

“Sensibilização da Equipe de Líderes” ou o que foi convencionado como Workshop 0.

Esse workshop serviu para que os executivos (diretores) obtivessem as

informações sobre os objetivos estratégicos e desenvolvessem as idéias preliminares

sobre as quatro perspectivas do BSC, além de obter a percepção inicial de como a

estratégia organizacional poderia ser traduzida em objetivos e medidas. Para cada um

dos 6 painéis corporativos e 80 painéis das unidades de negócio, corporativas e de

apoio foi realizado um Workshop 0.

A sessão de síntese ocorreu após a analisar do resultado do Workshop 0 pela

equipe de desenvolvimento, que sintetizou a relação preliminar de objetivos e medidas

através da elaboração dos Mapas Estratégicos, que iriam servir de base para a

primeira reunião com a equipe da alta administração.

103

Com os Mapas elaborados, foram realizados os primeiros Workshops

Executivos, que a empresa chamou de Workshops de Validação dos Mapas

Estratégicos – Workshops 1. Nesses Workshops foi buscado o consenso em torno dos

objetivos em cada perspectiva, tendo como resultado dos Workshops um documento

sintetizando as conclusões na forma do mapa estratégico.

A escolha e elaboração dos indicadores

A equipe de desenvolvimento trabalhou, a partir da consolidação do Primeiro

Workshop Executivo e através de reuniões individuais prévias ao segundo Workshop

Executivo, no refinamento da descrição dos objetivos estratégicos e na identificação e

consolidação dos indicadores que melhor captam e comunicam a intenção de cada

objetivo. Foram identificadas também as fontes de informação e as relações críticas

entre os indicadores e as perspectivas analisadas, concluindo o que de acordo com a

metodologia sugerida por Kaplan e Norton (1997) seria a etapa 6.

No Segundo Workshop executivo foram apresentados a visão, a estratégia e os

objetivos e discutidos os indicadores experimentais da organização.

Elaboração do plano de implementação

Coube a equipe de desenvolvimento a tarefa de trabalhar na formatação do

plano de implementação para o scorecard. Nessa etapa foram definidas as metas de

superação e as iniciativas estratégicas.

No terceiro workshop a equipe executiva se reuniu e validou os objetivos,

indicadores e suas metas de superação, além das iniciativas estratégicas. Foram

validados também os sistemas de gerenciamento da estratégia e o plano de

comunicação, concluindo a penúltima e a última etapa do plano de implementação

proposto por Kaplan e Norton.

A última etapa da implantação do BSC Corporativo se encerrou no início de

2002. Apenas 18 semanas após seu início, ficando consistente com a proposição de

Kaplan e Norton (1997) de 16 semanas.

104

Dificuldades e vantagens identificadas

A primeira dificuldade foi a de conciliação das agendas de todos os executivos, já

que o projeto foi implementado na corporação como um todo e não em uma unidade de

negócio específica o número de executivos envolvidos era bastante alto.

O plano de comunicação não foi implementado de acordo com o que havia sido

previsto devido à mudança na diretoria de comunicação durante o processo de

implantação. Embora o fato não tenha comprometido a implantação como um todo é

relevante ressaltar que a troca dos patrocinadores – liderança executiva –em especial

em empresas públicas Pode comprometer a implantação e manutenção do sistema de

gerenciamento da estratégia. Isso reforça como fator crítico de sucesso o patrocínio da

alta administração.

Alcançar um número razoável de objetivos e indicadores estratégicos também foi

considerada como uma tarefa complexa, devido a dificuldade por parte dos executivos

em distinguir entre os objetivos e indicadores operacionais e os estratégicos.

A elaboração das iniciativas estratégicas no mesmo workshop em foram definidas

as metas dos indicadores deslocou o foco da atenção quase que na sua totalidade para

a definição de metas fazendo com que a discussão das iniciativas ficasse esvaziada.

Percebe-se que as dificuldades encontradas divergem um pouco das barreiras

citadas por Kaplan e Norton (1997), talvez pelo fato da implantação ser feita no formato

top-down forçando um melhor alinhamento estratégico.

Entre as vantagens cita-se o maior entendimento da estratégia do processo de

planejamento estratégico e maior comprometimento com a estratégia desde o nível

gerencial até o chão de fábrica.

105

4.6. Verificação dos itens propostos para uma organização focada na estratégia

no Área de Negócio Abastecimento

Foi ressaltado durante as entrevistas que a mobilização para mudança por meio

da liderança executiva é um dos principais fatores crítico de sucesso em uma

organização pública. Assim como já havia sido apresentado anteriormente, é possível

perceber que sem o apoio da alta administração, tanto a implementação quanto a

manutenção do sistema de gestão ficam seriamente comprometidos.

Observa-se também que, em linhas gerais, os executivos, ao longo dos ciclos que

sucederam à implementação, foram eficientes na criação de uma consciência coletiva

sobre a necessidade da mudança quando essa se fazia necessária e conseguiam

manter o sentido de urgência através de demonstrações consistentes de compromisso.

Outra vertente revelada foi a, evolução na clareza e na qualidade com que a

visão, missão e estratégia passaram a possuir. A discussão sobre a visão de futuro,

passou a ser tema recorrente nas reuniões gerenciais.

Pode-se perceber também que pelo fato da visão, missão e estratégia serem

formuladas em conjunto pelo grupo executivo, sendo o desdobramento para os

segmentos advindos dessas diretrizes estratégicas, a sinergia do trabalho fica

preservada..

Foi verificada também, a criação de estruturas formais, responsáveis por garantir

que a orientação estratégica permeasse as atividades cotidianas fazendo com que a

organização se movesse em direção à visão de futuro traçada. Essas estruturas

trabalham no detalhamento da estratégia através dos mapas estratégicos, permitindo

que a comunicação da estratégia seja feita de forma simples e coerente para todas as

pessoas da empresa.

Assim como já havia sido indicado por Kaplan (1997), a maioria dos

entrevistados apontou que a quantidade e o equilíbrio entre os indicadores financeiros

e não financeiros, devem ser fortemente trabalhados, evitando-se misturar nos mapas

estratégicos indicadores de cunho operacional com os indicadores financeiros. Alguns

ressaltaram a necessidade de se incluir nos mapas não só indicadores de resultado

106

mas também os de tendência. Segundo Kaplan (1997), o BSC não visa substituir o

sistema de medição cotidiano da empresas mas direcionar a atenção dos funcionários

e executivos para os fatores capazes de levar a empresa a grandes realizações.

Ao serem questionados sobre as iniciativas estratégicas, alguns relataram que

há pontos de melhoria no processo de definição das iniciativas estratégicas. Segundo

os entrevistados a grande maioria se enquadra nas características esperadas de uma

iniciativa estratégica, porém algumas possuem o foco demasiadamente operacional,

não devendo ser classificadas como iniciativas estratégicas.

Observa-se que ao serem questionados sobre o alinhamento estratégico, os

entrevistados, indicaram que essa é a parcela que requer a maior atenção devido a

complexidade da organização. Foi reforçada a necessidade de que o mapa estratégico

da organização tenha seu desdobramento feito a fim de assegurar sinergias efetivas

entre as unidades da organização, alcançando assim as almejadas economias de

escala, integração de conhecimentos e principalmente coerência estratégica para

alcance da missão.

Foi possível inferir do discurso que embora cada área ou unidade de negócio

possua uma estratégia diferenciada para lidar com seu mercado alvo, há um consenso

de que estas estratégias locais necessariamente devem estar conectadas às

prioridades estratégias corporativas, a fim de que o ganho de uma parte não represente

a perda do todo.

O desdobramento a partir da estratégia corporativa foi citado como fator crítico

para o alinhamento eficaz entre as unidades da corporação, porém foi possível

perceber que as lacunas no processo de comunicação dos objetivos estratégicos da

corporação e definições demasiadamente genéricas de alguns objetivos, conduzem a

interpretações diferentes de um mesmo objetivo, gerando assim possibilidade de

desalinhamento. Em adição a isso foi citado que a relação entre as unidades de serviço

e as unidades de negócio ainda precisam ser melhoradas através do estabelecimento

de um maior número de contratos de níveis de serviço, e uma avaliação constante da

qualidade, eficiência, e custo da prestação dos serviços.

Embora não seja essencial para definir uma organização orientada para a

estratégia o uso da estratégia como referencial para basear a comunicação com os

acionistas e stakeholders foi outro fato observado ao longo das entrevistas, em

especial no que tange o nível de investimentos realizados e a realizar.

107

A comunicação foi entendida como sendo essencial para que a execução da

estratégia fosse bem sucedida. Se as pessoas não compreenderem os objetivos

estratégicos da organização não serão capazes de assegurar que suas atividades

estejam alinhadas com eles.

Para isso são realizadas campanhas institucionais para divulgação da missão,

visão e estratégia, além disso, são realizados workshops para desdobramento das

metas estratégicas até o nível de cada colaborador. Nesses workshops as estratégias,

objetivos e metas são apresentados e exaustivamente discutidos os para que cada um

entenda sua colaboração específica para o bom funcionamento do todo.

Através desse processo de desdobramento a organização acredita que, inclusive

para as pessoas posicionadas nos níveis mais operacionais, seja possível, estabelecer

objetivos e metas alinhadas com as prioridades estratégicas, fazendo com que todos

os participantes da organização possuam em seu sistema de gerenciamento de

desempenho individual um vínculo claro com os objetivos estratégicos da organização.

Pelas respostas dos entrevistados foi possível inferir que embora exista um

sistema de sistema de remuneração e recompensa bem estruturado e vinculado ao

desempenho estratégico, esse sistema é pouco agressivo, e segundo eles não

estimula de forma eficaz o alcance das metas propostas.

Em um primeiro momento alguns dos entrevistados relacionaram que o

acompanhamento da estratégia era feito nas reuniões periódicas de análise crítica.

Porém ao longo da conversa, esse grupo convergiu para a opinião inicial dos demais

entrevistados, na qual as reuniões periódicas de análise crítica foram apontadas como

tendo o viés mais operacional do que estratégico. O tempo dedicado à análise dos

resultados passados superava significativamente o tempo dedicado a discussão

estratégica. Por fim foi identificada a necessidade de se realizar com mais freqüência

reuniões organizadas em torno da hipótese estratégica, visando o aprendizado

contínuo sobre a eficácia da execução da estratégia e a análise de possíveis

alternativas estratégicas.

As ferramentas e sistemas de apoio foram apontados como sendo eficientes,

atualizados e fácil manuseio, possibilitando uma análise de qualidade por parte dos

108

executivos. Houve apenas uma observação em relação ao número de excessivo de

indicadores não estratégicos, que ocasionalmente dispersam a atenção dos executivos

do foco estratégico.

Conforme observado, a correlação dos orçamentos com a estratégia, tem

crescido ao longo tempo. O orçamento operacional, embora inserido no contexto

estratégico, ainda preserva forte relação com as despesas do processo produtivo. Já o

orçamento de investimentos apresenta forte correlação com os objetivos estratégicos.

Em relação ao processo de aprendizado estratégico, houve um entendimento de

que é possível afirmar que o modelo de gestão da estratégia utilizado é capaz de

fornecer o feedback necessário para que a formulação e o ajuste das hipóteses

estratégicas sejam feitos de forma contínua. Finalmente quanto ao compartilhamento

das informações, foi inferido que a comunicação eficiente das informações estratégicas

para toda a organização já possibilita que opções estratégicas comecem a emergir de

outros pontos da organização diferentes da alta administração.

4.7. Conclusões do capítulo

A implementação do BSC na Petrobras seguiu de forma bastante consistente a

metodologia proposta por Kaplan e Norton (1997).

Os objetivos pretendidos ao se implementar o BSC como sistema de gestão

estratégica também é aderente aos motivos citados na literatura, ou seja, fazer com

que a estratégia seja comunicada, entendida, e praticadas por todos, migrando a

empresa de um viés tático para uma empresa focada na estratégia.

Na literatura foi sugerido que a implementação ocorresse a partir de uma

unidade piloto, porém o formato adotado na Petrobras definiu pela implementação a

partir do painel corporativo, o que facilitou o alinhamento estratégico dos demais

painéis.

Mesmo considerando o elevado número de painéis de painéis que foram

implementados o prazo proposto pela metodologia sugerida por Kaplan e Norton (1997)

foi respeitado.

Ao se analisar a evolução do processo de gestão estratégica a luz dos cinco

princípios gerenciais identificados como essenciais a uma organização orientada para

estratégia, foi possível observar que, embora a empresa ainda apresente pontos de

109

melhoria, atende a todos os requisitos de uma organização orientada para estratégia.

A maior disseminação da estratégia por toda organização, foi elencada como

sendo um dos pontos mais positivos alcançados pelo BSC. Como a estratégia se

tornou mais clara para todos os níveis da corporação, a percepção de onde chegar e

como cada um poderá contribuir para que esse objetivo seja alcançado foi aumentada,

gerando maior comprometimento com o alcance das metas traçadas.

Em uma empresa em franca expansão, a capacidade de alinhamento estratégico

a partir dos mapas corporativos aumenta a sinergia das partes fazendo com o ganho

seja otimizado,

Outro ponto positivo identificado foi a maior aderência obtida entre o orçamento

e o planejamento estratégico, garantindo que os recursos da empresa sejam alocados

de forma mais eficiente.

Entre os pontos de atenção relacionados estão à dificuldade na priorização das

iniciativas e indicadores estratégicos, podendo ocasionar uma perda de foco. Foram

relacionadas também lacunas no processo de definição dos objetivos estratégicos, que

por serem, em alguns casos, muito abrangentes poderiam gerar interpretações

divergentes.

Assim como já havia sido ressaltado como fator crítico no processo de

implantação, o patrocínio da alta administração voltou a ser considerado como ponto

principal para a garantia da continuidade eficiente do BSC como sistema de gestão

estratégica.

Finalmente, o alinhamento estratégico da área de negócio com a corporação

pode ser verificado através da identificação nos painéis das áreas de negócio de

objetivos, indicadores e metas desdobrados dos painéis corporativos. O alinhamento

também se mostra presente na parcela financeira, através da priorização dos

investimentos segundo orientações desdobradas das decisões estratégicas.

110

5. CONCLUSÕES

Os motivos que levaram a Petrobras a implementar o BSC como sistema de

gestão estratégica ficaram claros aos se analisar os resultados do estudo de caso

apresentado.

A Empresa se viu diante de uma nova realidade institucional e regulatória com a

flexibilização do monopólio do petróleo. Essa mudança abriu o setor petróleo para

competição em todos os seus segmentos, influenciando diretamente a atuação da

Petrobras e conferindo um grau maior de complexidade a seus processos decisórios.

A pressão advinda do novo ambiente mais competitivo trouxe novas

oportunidades e novos desafios. A empresa percebeu a necessidade de implantar uma

nova metodologia de avaliação de desempenho empresarial, como instrumento

imprescindível para a implementação da administração estratégica.

Buscava-se também, além da avaliação de desempenho, um sistema que

capacitasse à organização a analisar criticamente o planejamento estratégico, a instituir

uma correlação entre objetivos estratégicos, metas de longo prazo e orçamentos e a

permitir a comunicação clara e eficiente da estratégia para toda organização.

Objetivava-se consolidar a empresa como uma organização focada na estratégia.

Pode-se perceber então que os motivos que levaram a empresa a buscar o BSC

como sistema de gestão estratégica.

Foi verificado que após a decisão de utilizar o BSC como sistema de gestão

estratégica a implementação também esteve alinhada com a proposta dos autores,

tanto no conceito quanto nas etapas e prazos de implementação. A diferença mais

significativa em relação à metodologia proposta foi à estratégia de implantar de forma

global a partir do painel corporativo desdobrando para as demais áreas de negócio,

sem que antes fosse feito um piloto em uma das unidades de negócio. Esse formato,

embora divergente da metodologia proposta, foi sustentado pela concepção de que a

empresa pretendia garantir o alinhamento de todas as áreas de negócio com o painel

corporativo.

111

Quanto aos benefícios da implementação e manutenção do BSC foram citados a

maior disseminação da estratégia por toda organização, o melhor entendimento da

estratégia, que se tornou mais clara para todos os níveis da corporação, o aumento da

sinergia corporativa e um maior comprometimento dos empregados.

Outro ponto positivo identificado foi a maior aderência obtida entre o orçamento

e o planejamento estratégico, garantindo que os recursos da empresa sejam alocados

de forma mais eficiente.

Entre os pontos de atenção relacionados estão à dificuldade na priorização das

iniciativas e indicadores estratégicos, podendo ocasionar uma perda de foco. Foram

relacionadas também lacunas no processo de definição dos objetivos estratégicos, que

por serem, em alguns casos, muito abrangentes poderiam gerar interpretações

divergentes.

Em relação ao sistema de recompensa e remuneração, foi identificado que

existe a conexão dos sistemas de gerenciamento de desempenho individual com os

objetivos, indicadores e metas estratégicos, porém o sistema não é suficientemente

eficaz no objetivo de estimular fortemente o alcance das metas estratégicas.

Outro ator crítico relacionado foi o patrocínio da alta administração, considerado

como fiel da balança para a garantia da continuidade eficiente do BSC como sistema

de gestão estratégica.

Finalmente, em relação ao alinhamento estratégico, a empresa analisada

apresentou evidências de que, embora apresente pontos de otimização no processo de

alinhamento, o mapa estratégico da área de negócio de Negócio estudada apresenta

grande consonância com os objetivos estratégicos propostos no mapa estratégico

corporativo. É possível identificar no mapa da área de negócio estudada de objetivos,

indicadores e metas, desdobrados do mapa corporativo que comprovam o alinhamento.

112

6. RECOMENDAÇÕES

Pela pouca experiência do autor na elaboração de uma pesquisa estruturada,

diversos questionamento e observações só foram percebidos ao longo da elaboração

do trabalho. Parte desses questionamentos aponta para problemas que não haviam

sido pensados quando da época da elaboração da dissertação, podendo servir de

ponto de partida para outras pesquisas sobre o tema.

Como pontos relevantes citamos:

• Desenvolvimento de sistemas de incentivo financeiros atrelados às metas

estratégicas para empresas públicas;

• Impacto da transição da alta administração no processo de continuidade de

sistemas de gestão estratégica em empresas públicas;

• Análise do alinhamento entre as peças orçamentárias e os objetivos

estratégicos de longo prazo;

• Estudar formas contínuas e eficazes de comunicar e obter feedback sobre a

estratégia.

113

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123

8. ANEXOS

ANEXO 1

Roteiro de entrevista Semi Estruturada

124

Implantação e desenvolvimento do BSC

1. O que levou a empresa a escolher o BSC como sistema de gestão?

2. Como foi a implementação do BSC na Petrobras?

3. A Organização já pode ser considera como Orientada para Estratégia?

4. Os executivos comunicam o sentido de urgência?

5. As mudanças estratégicas são compartilhadas e homologadas nas diversas

instâncias pertinentes?

6. A Visão, Missão e Estratégia estão claramente definidas?

7. Os executivos estão alinhados em torno da estratégia?

8. A estratégia é explicitada através de um mapa estratégico como parte do

processo de planejamento?

9. Os indicadores são utilizados para comunicar a estratégia e são balanceados

nas perspectivas financeiras e não-financeiras?

10. As metas são estabelecidas para cada indicador nas perspectivas financeiras e

não-financeiras coerentemente com a visão?

11. As iniciativas corporativas são claramente definidas e os executivos são

responsáveis pelo sucesso na execução?

12. A estratégia corporativa é utilizada para guiar as estratégias das unidades de

negócio e de suporte, que a utilizam para garantir o alinhamento corporativo si?

13. Os executivos usam a estratégia para reportar o desempenho da empresa para

os acionistas, funcionário e stakeholders?

14. Os funcionários estão plenamente conscientes sobre a visão e a estratégia da

empresa?

15. As prioridades estratégicas são comunicadas freqüentemente por diversos

meios a toda a organização?

16. As pessoas compreendem seu papel no alcance da estratégia e acreditam que

podem fazer a diferença?

125

17. Planos de desenvolvimento individuais estão alinhados com objetivos

estratégicos relevantes que podem ser influenciados pelas pessoas?

18. O sistema de remuneração e recompensa esta ligado ao desempenho

estratégico?

19. As ferramentas e sistemas de apoio são eficientes no apoio à decisão?

20. Ao invés de ser um evento anual, a formulação da estratégia, sua avaliação e

revisão pode ser considerado um processo contínuo?

21. As informações são fornecida de forma eficiente para toda a organização, para

que a estratégia possa emergir de qualquer lugar?

22. Como está estabelecida a relação com planejamento, alocação de recursos e

orçamentos anuais?

23. As metas de superação foram traçadas com base nas inter-relações de causa e

efeito?

24. As iniciativas estratégicas foram Identificadas e racionalizadas?

25. Quais os pontos de melhoria identificados?

126

ANEXO 2

Apresentação da Dissertação

127

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