A AVALIAÇÃO DO USO DO SISTEMA DE LIBERAÇÃO CONTROLADA DA ... · Odontologia de Piracicaba da...

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PIRACICABA RAFAELA VIDEIRA CLIMA DA SILVA A AVALIAÇÃO DO USO DO SISTEMA DE LIBERAÇÃO CONTROLADA DA DOXICICLINA NA TERAPIA PERIODONTAL DE PACIENTES FUMANTES COM PERIODONTITE CRÔNICA. UM ESTUDO CLÍNICO RANDOMIZADO PIRACICABA 2017

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PIRACICABA

RAFAELA VIDEIRA CLIMA DA SILVA

A AVALIAÇÃO DO USO DO SISTEMA DE LIBERAÇÃO

CONTROLADA DA DOXICICLINA NA TERAPIA PERIODONTAL DE

PACIENTES FUMANTES COM PERIODONTITE CRÔNICA. UM

ESTUDO CLÍNICO RANDOMIZADO

PIRACICABA 2017

RAFAELA VIDEIRA CLIMA DA SILVA

AVALIAÇÃO DO USO DO SISTEMA DE LIBERAÇÃO CONTROLADA DA

DOXICICLINA NA TERAPIA PERIODONTAL DE PACIENTES FUMANTES COM

PERIODONTITE CRÔNICA. UM ESTUDO CLÍNICO RANDOMIZADO.

Orientador: Prof. Dr. Antônio Wilson Sallum

PIRACICABA

2017

Dissertação apresentada à Faculdade de

Odontologia de Piracicaba da Universidade

Estadual de Campinas como parte dos

requisitos exigidos para a obtenção do título

de Mestra em Clínica Odontológica, na Área

de Periodontia.

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À

VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO

DEFENDIDA PELA ALUNA RAFAELA

VIDEIRA CLIMA DA SILVA E ORIENTADA

PELO PROF. DR. ANTÔNIO WILSON

SALLUM.

EPÍGRAFE

“Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é senão uma gota de água no mar.

Mas o mar seria menor se lhe faltasse uma gota”.

(Madre Teresa de Calcutá)

DEDICATÓRIA

Aos meus pais Genivaldo e Silvia, a quem devo a

história do meu crescimento moral e profissional,

dedico este trabalho com todo o meu amor e carinho.

Aos meus avós Santina e Alcides

por todo cuidado e zelo que tiveram comigo, desde sempre.

Ao meu namorado Felipe Fukuda,

por todo apoio, paciência e

compreensão ao longo destes dois

anos de mestrado.

Aos meus pacientes, os grandes pilares deste trabalho, a quem

dedico a minha busca por respostas.

AGRADECIMENTOS

Inicialmente agradeço a DEUS, minha força, minha sustentação e meu refúgio, que esteve e

permanece comigo em todos os momentos de minha vida, me guiando na tomada de

decisões. Agradeço todos os dias por ELE ter colocado na minha vida, pessoas que são

verdadeiros anjos disfarçados de seres humanos. Dentre eles:

Professora Anα Emíliα Fαriαs Pontes, minha inspiração inicial. Por ter me mostrado o

caminho da vida acadêmica e me ensinado a amar a Periodontia ainda mais.

Aos professores da FOP/UNICAMP, por me ensinarem que tudo é possível quando se

sonha ir mais além. Meus agradecimentos especiais aos professores:

Antônio Wilson Sαllum, pela orientação não apenas acadêmica, mas sim, de vida. Pela

oportunidade que a mim concedeu e pela confiança. Ser orientada de um grande mestre só

me fortalece e me inspira ser melhor como aluna e como pessoa. Obrigada, obrigada e

obrigada.

Kαrina Gonαales Silvério Ruiz, por todo apoio didático nas clínicas e aulas teóricas, na

qual se dedica que com toda paciência e carinho.

Renαto Corrêα Vianα Cαsαrin, por sempre estar presente e disposto, e a transmitir seu

inigualável conhecimento clínico, laboratorial e estatístico.

Enilson Antônio Sαllum, Francisco Humberto Nociti Junior e Márcio Zαffalon Cαsαti,

cada qual da sua maneira, mostrando sempre o caminho mais correto, racional e justo na

tomada de decisões.

As minhas amigas de mestrado e de vida: Amαndα Bαndeirα, Rαhyzα Freire e Elis Lirα,

e à Manoelito Ferreirα Silvα Júnior, que tornaram meus dias na FOP mais leves e felizes.

Que comprovaram que fazer pós-graduação não é uma tarefa tão árdua quando se tem

amigos de verdade.

À querida Anα Líviα Fileto Sαntanα, por me guiar desde o início do meu mestrado, dentro

e fora da clínica, e pela paciência e companheirismo dedicados a mim.

À Lucαs Alves Mourα, pela orientação na realização deste trabalho,mesmo que à

distância.

À Professora Eliαnα de Resende Duek,e seus colaboradores da PUC-Sorocaba, por

gentilmente ter fornecido as microesferas de PLGA.

Aos queridos colegas de mestrado: Thiαgo Ozi Bueno, Mαnuelα Rochα dos Santos e

Fernαndα Félix Cordeiro pelas experiências compartilhadas, e aos colegas doutorandos

Mαrcelα Di Mourα, Isαbelα Limα Frαnçα Grhomαnn, Mαbelle de Freitαs Monteiro, João

Paulo Sαngiorgio, Viviene Sαntαnα Bαrbosα, Tiαgo Tαiete, Mαyrα Lαino Albiero, Miki

Tαketomi Sαito, Tiαgo Tαrbes, e a pós doc. Sαmirα Sαlmeron, por cada ensinamento do

dia-a-dia que, com certeza, fizeram toda a diferença para eu alcançar este título.

Aos funcionários da FOP/UNICAMP, entre eles:

Reginα Cαetano, secretária da área, pela paciência e carinho infindáveis para com os

alunos da periodontia;

Mαriαna Lαzαrin, pelo zelo e cuidado com o Laboratório de Periodontia;

Jαnαínα Leite e Joαnα Visentim Diαs, secretária e auxiliar da clínica de pós graduação,

pelo auxílio e paciência para com meus pacientes;

Aos funcionários da Manutenção da clínica Reis e Luiz, pelos vários pedidos de “socorro”

atendidos com presteza e eficiência.

À todos que me ajudaram chegar até aqui, meus sinceros agradecimentos!

RESUMO

Recentes pesquisas apontam para a necessidade de terapias coadjuvantes para o

tratamento de pacientes fumantes com periodontite crônica, como o uso de

antimicroabianos associados à terapia mecânica convencional. O objetivo deste

estudo clínico randomizado foi avaliar por meio de parâmetros clínicos, o uso de

microesferas de poliácido lático-co-ácido glicólico (PLGA) contendo doxiciclina na

terapia periodontal em pacientes fumantes com periodontite crônica. Para a

realização deste estudo, foram selecionados 40 pacientes que se enquadraram nos

seguintes critérios de inclusão e exclusão: possuírem idade acima de 35 anos,

apresentarem no mínimo quatro dentes com sangramento a sondagem (SS) e com

profundidade de sondagem (PS) ≥ 5 mm em dentes unirradiculares; possuirem um

mínimo de 20 dentes; não serem portadores de doenças sistêmicas relevantes ou

ter utilizado antibioticoterapia nos 6 meses anteriores ao estudo. Todos os pacientes

receberam instrução de higiene oral e passaram por uma fase de pré-tratamento,

onde foram realizadas raspagens supragengivais e remoção dos fatores retentivos

de placa. Os pacientes foram divididos em 2 grupos de 20 pacientes que receberam

os seguintes tratamentos: debridamento periodontal ultrassônico associado à

administração local de 1 mg de microesferas de PLGA contendo doxiciclina 20% -

PLGA ± DOX (grupo teste); e debridamento periodontal ultrassônico associado à

administração local de 1 mg de microesferas de PLGA placebo - PLGA±Placebo

(grupo controle) em quatro dentes unirradiculares com SS e PS ≥ 5 mm. Foram

avaliados os seguintes parâmetros clínicos: Índice de Placa (IP),SS, Posição da

Margem Gengival Relativa (PMGR), PS e Nível de Inserção Clínica Relativa (NICR).

Os parâmetros descritos foram avaliados ao início, 30 e 90 dias após a visita inicial.

Bolsas profundas (PS ≥ 7 mm) e moderadas (≥5mm e < 7 mm) foram analisadas

separadamente. Os resultados obtidos foram comparados estatisticamente por meio

do teste de análise de variância com medidas repetidas, com nível de significância

de 5%. Aos 30 dias, bolsas moderadas do grupo PLGA±DOX apresentaram maior

redução de SS (16,5±27,1%) e NICR (6,2±1,3mm) quando comparadas ao grupo

PLGA±placebo (41,3±38,3% e 7,0±1,7 mm, respectivamente; p=0,04). Aos 90 dias,

bolsas profundas do grupo PLGA±DOX apresentaram maior redução de NICR

(1,9±1,2 mm) quando comparadas ao grupo PLGA±Placebo (1,0±1,0 mm); p=0,05.

Em vista dos resultados obtidos, pode-se concluir que a utilização da liberação local

de microesferas de PLGA de doxiciclina associada à terapia mecânica pode trazer

benefícios adicionais para o tratamento periodontal de pacientes fumantes com

periodontite crônica.

Palavras-chave: Tabagismo. Drogas de liberação local. Doxiciclina. Periodontite

crônica.

ABSTRACT

Recent researches point to the need for adjunctive therapies for the treatment of

smoking patients with chronic periodontitis, such as the use of antimicrobials

associated with conventional mechanical therapy. The aim of this randomized clinical

trial was to evaluate the use of doxycycline containing lactic-co-glycolic acid (PLGA)

microspheres in periodontal therapy in patients with chronic periodontitis. For this

study, 40 patients were selected according to the following inclusion and exclusion

criteria: they were older than 35 years old, had at least four teeth with bleeding on

probing (BoP) and with a probing depth (PD) ≥ 5 mm in unirradicular teeth; have a

minimum of 20 teeth; did not have relevant systemic diseases or had used antibiotic

therapy in the 6 months prior to the study. All patients received oral hygiene

instruction and underwent a pre-treatment phase, where supragingival debridament

and removal of plaque retentive factors were performed. Patients were divided into 2

groups of 20 patients who received the following treatments: ultrasonic periodontal

debridement associated with local administration of 1 mg of PLGA microspheres

containing 20% doxycycline - PLGA ± DOX (test group); and ultrasonic periodontal

debridement associated with local administration of 1 mg of PLGA placebo

microspheres - PLGA ± Placebo (control group) in four unirradicular teeth with BoP

and PD ≥ 5 mm. The following clinical parameters were evaluated: Plaque Index (PI),

Bleeding on Probing (BoP), Relative Gingival Margin Position (RGMP), Probing

Depth (PD) and Relative Clinical Attachment Level (RCAL). The described

parameters were evaluated at the baseline, 30 and 90 days after the initial visit. Deep

(PD ≥ 7 mm) and moderate (≥5 mm and <7 mm) pockets were analyzed separately.

The results were statistically compared using the repeated measures of variance

analysis, with a significance level of 5%. At 30 days, moderate pockets of the PLGA ±

DOX group had a greater reduction of BoP (16.5 ± 27.1%) and RCAL (6.2 ± 1.3mm)

when compared to the PLGA ± placebo group (41.3 ± 38 , 3% and 7.0 ± 1.7 mm,

respectively, p = 0.04). At 90 days, deep pockets of PLGA ± DOX group had a

greater reduction of RCAL (1.9 ± 1.2 mm) compared to PLGA ± Placebo (1.0 ± 1.0

mm ); p = 0.05. In view of the results obtained, it can be concluded that the use of the

local release of PLGA microspheres of doxycycline associated with mechanical

therapy can bring additional benefits for the periodontal treatment of smoking

patients with chronic periodontitis.

Key-words: Smoking. Local drug delivery. Doxycycline. Chronic periodontitis.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 12

2 REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................................ 15

3 PROPOSIÇÃO ................................................................................................................. 22

4 MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................................. 23

5 RESULTADOS ................................................................................................................. 29

6 DISCUSSÃO........................................................................................................................38

7 CONCLUSÃO..................................................................................................................... 42

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 43

ANEXO 1 CERTIFICADO DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA FOP/UNICAMP . 55

12

1 INTRODUÇÃO

O uso de cigarros constitui um dos principais fatores de risco para o

desenvolvimento e progressão da doença periodontal (Ryder, 1996); além disso, foi

sugerido que o fumo aumenta o risco de doença periodontal de duas a seis vezes

(Heasman et al., 2006). Pacientes fumantes geralmente possuem menos dentes e

uma perda de inserção mais avançada quando comparados a não fumantes (Calsina

et al., 2002). Fumar pode interferir em diversos fatores, tais como: na função de

células inflamatórias, na produção de mediadores imunológicos, na ecologia oral e

na vascularização do periodonto (Petropoulos et al., 2004). Estudos clínicos tem

demonstrado maiores reduções na profundidade de sondagem (PS) e sangramento

à sondagem (SS) em não fumantes quando comparados à fumantes após terapia

cirúrgica e não cirúrgica (Patel et al., 2012). Um recente estudo clínico randomizado

concluiu que fumar tem um efeito negativo na saúde periodontal, mesmo após uma

terapia de suporte de 12 meses, em particular em dentes maxilares unirradiculares

(Bunæs et al., 2016).

Vários estudos clínicos randomizados utilizando diferentes modalidades

terapêuticas não cirúrgicas vem sendo realizados na tentativa de se obter resultados

previsíveis no tratamento de pacientes fumantes com periodontite crônica

generalizada, dentre elas a raspagem e alisamento radicular (RAR) convencional por

quadrantes e o debridamento ultrassônico de boca toda (Chambrone et al., 2013;

Meulman et al., 2013). Este último constitui um método para remoção de biofilme

subgengival mais conservador, já que parte do princípio que endotoxinas

microbianas não estão fortemente ligadas à superfície radicular, não sendo

necessária a remoção de cemento para a saúde periodontal. Assim, objetiva a

desorganização do biofilme subgengival, e consequentemente, a remoção de

toxinas que estão superficialmente unidas ao cemento (Ciantar et al., 2014).

Resultados satisfatórios foram obtidos quando foram associados o debridamento

ultrassônico de boca toda à terapias coadjuvantes, como o uso de antibióticos de

liberação local controlada para o tratamento periodontal de pacientes fumantes

(Machion et al., 2004, Sgolastra et al., 2012; Agarwal et al., 2012; Pradeep et al.,

2013; Smiley et al., 2015). Uma recente revisão sistemática concluiu que o

debridamento ultrassônico ou a RAR, quando associados ao uso local de

antimicrobianos em bolsas periodontais com profundidades de sondagem ≥ 5 mm,

13

promovem melhoras mais significativas na redução da profundidade de sondagem e

no ganho de nível de inserção clínico, quando comparado ao debridamento sozinho

ou RAR sozinhos (Chambrone et al., 2016). Além disso, antimicrobianos locais

apresentam diversas vantagens em relação ao uso de antibióticos sistêmicos, dentre

elas: constitui uma abordagem terapêutica segura, pois não tem sido associada a

reações adversas ou resistência microbiana, como pode ocorrer com a

administração de antibióticos sistêmicos; melhor aceitação ao tratamento por parte

do paciente (Nair e Anoop, 2012); maior deposição da droga na bolsa periodontal,

levando consequentemente a uma maior redução de bactérias

periodontopatogênicas, proporcionando melhora nos parâmetros clínicos (Freidman,

Steinberg, 1990).

Dentre os diversos antimicrobianos locais, a doxiciclina, um derivado da

tetraciclina, quando associada a veículos de liberação controlada, tem se destacado

devido à significante melhora dos parâmetros clínicos da doença periodontal, se

associada ao debridamento mecânico. Bogren et al. (2008) observaram reduções

significativas no SS, PS e NIC, além de reduções no número de espécies

periodontopatogênicas com o uso da doxiciclina local após 3 anos, no tratamento de

pacientes com periodontite crônica. Além disso, estudos sugerem que a aplicação

local de doxiciclina pode melhorar os resultados obtidos com a raspagem e

alisamento radicular em tabagistas. Em um estudo comparativo entre o tratamento

mecânico associado a um gel de doxiciclina e o tratamento mecânico sozinho, foi

observado, após três meses, uma redução significativa da PS, NIC e SS, além da

redução de bactérias anaeróbias, com a aplicação do gel de doxiciclina quando

comparado ao tratamento mecânico sozinho, no tratamento de pacientes fumantes

com periodontite crônica (Sandhya et al., 2011). Um benefício em longo prazo com a

aplicação local da doxiciclina em pacientes tabagistas com periodontite crônica foi

descrito na literatura, onde melhoras nos parâmetros clínicos e microbiológicos

foram registrados após 2 anos de acompanhamento (Machion et al..2004a, 2006).

O PLGA (poliácido lático-co-ácido glicólico) utilizado no presente estudo,

representa um tipo de nanopartícula polimérica que oferece uma abordagem

alternativa para a liberação da droga, devido à sua biocompatibilidade, não

imunogenicidade, não toxicidade, biodegradabilidade, métodos de preparação

simples e estabilidade físico-química (Mundargi et al., 2008). Além disso, este

polímero é capaz de liberar o agente terapêutico de forma controlada por um longo

14

período de tempo (Sahoo et al., 2002). Em um estudo de caracterização das

microesferas de PLGA contendo doxiciclina, foi observado que este polímero é

capaz de liberar o fármaco de forma constante por até duas semanas (Moura et al.,

2015). Em pacientes não fumantes, melhoras significantes dos parâmetros clínicos

e microbiológicos foram encontradas com a uso das microesferas de PLGA

contendo doxiciclina associadas a terapia mecânica (Moura et al., 2015).

Desta forma, o objetivo do presente trabalho foi avaliar, através de um estudo

clínico randomizado, se a associação de doxiciclina (DOX) encapsulada em

microesferas de PLGA ao debridamento ultra-sônico no tratamento de pacientes

fumantes com periodontite crônica proporcionaria benefícios adicionais quando

comparadas ao debridamento associado a um placebo.

15

2 REVISÃO DA LITERATURA

O tratamento periodontal consiste na descontaminação mecânica da superfície

radicular dos dentes com o intuito de remoção de cálculos e biofilme dental

(Quirynen et al., 2005). Este procedimento é capaz de reduzir a contagem de

periodontopatógenos subgengivais devido à mudanças no habitat causado pela

redução da inflamação gengival e pela limitação dos nutrientes disponíveis para as

espécies que habitam o meio subgengival (Ximenez-Fyvie et al., 2000). A terapia

mecânica tem se provado eficiente em longo prazo (Kaldahl et al., 1996), porém, um

número significativo de bactérias patogênicas podem recolonizar a bolsa periodontal

em até 60 dias (Goodson et al., 1985). Além disso, a resposta do hospedeiro frente a

uma terapia mecânica periodontal pode ser alterada por fatores de riscos (The

American Academy of Periodontology, 2005). A OMS define como fator de risco

"qualquer atributo, característica ou exposição de um indivíduo que aumenta a

probabilidade de desenvolvimento de uma doença ou lesão" (WHO, 2016b). Neste

contexto, o tabagismo atua como um fator de risco para diversas doenças sistêmicas

e orais, tais como: câncer, lesões pré-malignas, doença obstrutiva coronária crônica,

periodontite, cárie dentária e falhas em implantes (Agnihotri e Gaur, 2014), além de

constituir o principal fator de risco relacionado à perda dentária (Albandar et al.,

2000).

Ao se investigar a influência do tabagismo na patogênese da doença periodontal,

deve-se levar em consideração a questão microbiológica e o fator hospedeiro. Os

resultados das avaliações qualitativas da composição do biofilme têm sido

controversos: alguns estudos relataram que os tipos de bactérias presentes no

biofilme de fumantes e não-fumantes não variam significativamente (Darby et al.,

2000); por outro lado, diversos estudos têm observado uma maior colonização por

patógenos periodontais no biofilme subgengival de fumantes (Gomes et al., 2006).

Alguns trabalhos ainda demonstram que os fumantes apresentam uma menor

redução de bactérias periodontopatogênicas em sítios que receberam raspagem e

alisamento radicular (Van Der Velden et al., 2003), o que pode explicar a pior

resposta dos fumantes à terapia periodontal mecânica. Quanto ao fator hospedeiro,

este irá determinar a susceptibilidade de cada paciente à infecção bacteriana. Em

pacientes fumantes, os neutrófilos, primeira linha de defesa do organismo,

apresentam menor quimiotaxia, fagocitose e aderência (Macfarlane et al., 1992).

16

Além disso, o tabagismo diminui as concentrações séricas de IgG e IgG2 para certos

patógenos periodontais (Haber et al., 1994). César-Neto et al. (2006, 2007)

avaliaram a expressão de alguns genes em biópsias gengivais em pacientes com

saúde periodontal, não fumantes com periodontite e fumantes com periodontite e

concluíram que o efeito do consumo de cigarros sobre a patogênese das doenças

periodontais parece envolver uma menor expressão de moléculas que diminuem a

inflamação e degradação tecidual, como IL-10 e OPG, e maiores níveis de citocinas

inflamatórias, como IL-6 e INF-γ. Victor et al. (2014) demonstraram ainda que além

da MMP-8 estar presente em maior quantidade nos tecidos periodontais de

fumantes, como já estabelecido na literatura, há também quantidades elevadas de

MMP-9 e esta também está relacionada ao aumento da destruição periodontal

observada nestes pacientes.

Além da influência das alterações microbiológicas e imunológicas provocadas

pelo tabagismo, a frequência e a quantidade do consumo de cigarros também

interferem diretamente no desenvolvimento e progressão da doença periodontal

(Susin et al., 2011; Dietrich et al., 2015; Khan et al., 2016). Susin et al. (2011)

classificaram como “não fumantes”, aqueles indivíduos que consumiram menos que

1 maço de cigarro durante toda a vida, fumantes “leves” aqueles que consumiram de

1-499 maços, “moderados”, de 500-1499 maços, e “pesados” aqueles que

consumiram mais que 1500 maços de cigarro durante toda a vida. Porém, outras

classificações também foram propostas, como observada no estudo de Khan et al.

(2016) que classificaram como fumantes “pesados”, aqueles que consumiam uma

quantidade ≥ 5 cigarros/dia e fumantes “moderados e leves”, uma quantidade < 5

cigarros/dia. Dietrich et al. (2015) consideraram como “fumantes ativos” ≤ 15

cigarros/dia e encontraram uma forte associação dose-dependente entre o

tabagismo e risco de perda dentária, e, apesar do risco diminuir em ex-fumantes, ele

pode permanecer elevado por até 20 anos em comparação com não-fumantes. Um

estudo de Similä e Virtanen (2015) relatou que o risco de perda de dentária pode

elevar significativamente a partir de 11 maços/ano e com uma história de 21 ou mais

anos de tabagismo.

Apesar das informações disponíveis na literatura serem altamente relevantes e

fornecerem um norte para iniciar o entendimento da patogênese periodontal em

fumantes, os níveis de melhora após tratamento ainda são menores comparados a

não fumantes. Visando melhores resultados na descontaminação radicular e na

17

melhora dos parâmetros clínicos, pesquisadores têm proposto o uso de antibióticos

como terapia co-adjuvante ao tratamento periodontal.

Dentre os sistemas utilizados para levar os agentes antimicrobianos nas bolsas

periodontais, pode-se citar os bochechos, irrigação, a administração sistêmica e

aplicação local utilizando dispositivos de liberação controlada (Park, 1995). A

eficácia de cada sistema depende da capacidade de distribuição da droga ao fundo

da bolsa periodontal em uma concentração bactericida ou bacteriostática

(Greenstein e Polson 1998).

Antibióticos da família da Tetraciclina têm sido usados sistêmica e localmente no

tratamento de periodontites, principalmente por reduzir a carga bacteriana

(Tilakaratne e Soory, 2014). A doxiciclina, um derivado da tetraciclina, tem sido

relatada em diversos estudos no tratamento da doença periodontal, devido a sua

afinidade com os tecidos do hospedeiro. Estudos iniciais demonstraram que a

doxiciclina foi mais eficaz do que outras tetraciclinas em vários aspectos, tais como

na redução da atividade de colagenase no fluido crevicular gengival de pacientes

com periodontite crônica; na inibição de MMPs (uma dose muito menor de

doxiciclina é necessária para reduzir um nível de colagenase em comparação com

minociclina ou tetraciclina, por exemplo); no bloqueio da atividade da colagenase de

neutrófilos (MMP- 8) em relação ao bloqueio da atividade da colagenase dos

fibroblastos (MMP-1), sugerindo que a doxiciclina pode fornecer um método seguro

de redução dos níveis elevados patológicos de colagenase sem interferir com a

renovação normal do tecido conjuntivo (AAP, 2002; Giannobile, 2008; Kirkwood et

al., 2007; Preshaw et al., 2008; Salvi e Lang, 2005). A capacidade de modular a

resposta do hospedeiro quando em baixa concentração, leva à inibição da matriz de

metaloproteinase (MMP), que destrói os constituintes do periodonto (colágeno, fibras

elásticas, proteoglicanas e fibronectinas) (Oringer et al., 2002; Emingil et al., 2008).

A doxiciclina também contribui para a diminuição da degradação do tecido

conjuntivo, pela regulação da expressão de mediadores pró-inflamatórios e citocinas

(incluindo IL-1 e TNF-α), e aumento da produção de colágeno, atividade dos

osteoblastos e formação óssea (Preshaw et al., 2004). Golub et al.(2005)

analisaram os efeitos de baixas doses de doxiciclina sobre a atividade da

colagenase de tecidos gengivais humanos inflamados obtidos de pacientes com

periodontite crônica durante a cirurgia periodontal. Eles concluíram que as MMPs

presentes no tecido gengival inflamado destes pacientes se originam principalmente

18

de infiltrados de polimorfonucleares (PMNs) ao invés de células gengivais residentes

(fibroblastos e células epiteliais) ou de monócitos / macrófagos e que a sua atividade

patológica nos tecidos pode ser diretamente inibida por níveis farmacológicos de

doxiciclina.

Apesar dos benefícios da terapia coadjuvante da doxiciclina estarem bem

estabelecidos na literatura, seu uso sistêmico tem sido associado ao surgimento de

microorganismos antibiótico-resistentes (Olsvik & Tenover, 1993). Além desta, outras

desvantagens estão relacionadas ao uso da antibioticoterapia sistêmica, tais como a

pequena proporção da dose total capaz de alcançar a microbiota subgengival e a

bolsa periodontal e a maior incidência de efeitos colaterais e reações adversas;

desvantagens que não são observadas com o uso de antibióticos administrados

localmente (Mombeli et al., 2004).

Há várias vantagens na utilização local da doxiciclina e outros antimicrobianos

em bolsas periodontais em relação à administração sistêmica via oral. Nair e Anoop

(2012) citam algumas dessas vantagens, tais como: grande aceitação e

cumprimento à terapia por parte do paciente, redução do custo do tratamento, evita

problemas do trato gastrointestinal que podem ocorrer pela administração via oral do

fármaco, pode fornecer uma rápida absorção devido ao rico suprimento sanguíneo,

ignora o metabolismo de primeira passagem pelo fígado, pode aumentar a eficácia

terapêutica do fármaco, oferece proximidade com o fluxo de sangue, é uma via

segura e conveniente, pode produzir maior duração de ação e oferece aplicação não

invasiva, indolor e simples. O uso de antibióticos locais também pode ajudar a

melhorar os resultados obtidos pela terapia mecânica convencional (Killoy, 2002),

por adiar a formação de um novo biofilme, particularmente quando associados à

veículos de liberação controlada (Leiknes et al., 2007).

A administração local da doxiciclina associada a veículos de liberação

controlada tem se destacado devido à significante melhora dos parâmetros clínicos

da doença periodontal, quando associada ao debridamento mecânico (Borgen et al.,

2008), apresentando benefícios no tratamento da periodontite crônica, paciente em

manutenção, periodontite agressiva e ainda, superfícies de difícil acesso para a

raspagem (Andrade et al., 2009). Caton et al. (2000) relataram que a terapia com

baixas concentrações de doxiciclina combinada com raspagem e alisamento

radicular (RAR) resultou em melhora clínica em pacientes com periodontite crônica,

além de não causarem resistência a antibióticos. Killoy et al. (2002) apresentaram

19

bons resultados com a utilização da doxiciclina local na formulação em gel

associada ao debridamento mecânico de bolsas periodontais de 5-6 mm, na qual

obtiveram uma redução de 2 mm em 69% dos sítios tratados em 3 meses.

Vários estudos sugerem que a aplicação local de doxiciclina pode melhorar os

resultados obtidos com a raspagem e alisamento radicular em tabagistas

(Mascarenhas et al., 2005; Preshaw et al., 2005; Machion et al., 2004a, 2006). No

trabalho de Machion et al. (2004a), pacientes com periodontite crônica foram

tratados com RAR associados ou não à aplicação de doxicilina. Aos seis meses

após a terapia periodontal, observou-se que o tratamento associado à doxiciclina

promoveu um ganho de inserção cerca de 50% maior (1,63 ±/- 0,93 mm e 1,04 ±/-

0,71 mm para gel de doxicilina ± RAR, e RAR respectivamente). Resultados

semelhantes foram encontrados na avaliação de dois anos após o tratamento

(Machion et al., 2006). Na avaliação microbiológica destes pacientes, Machion et al.,

(2004b), observaram que o uso adjunto da doxiciclina tópica após a RAR promove

uma maior eliminação de patógenos periodontais, como a Tannerella forsythia e

Porphyromonas gingivalis.

Mesmo com o bom desempenho da doxiciclina, necessita-se de um veículo

que permita a liberação e disposição da mesma, no meio subgengival, por um

período prolongado. Assim, o advento dos sistemas de drogas bioaderentes

aumenta a biodisponibilidade de drogas no local de adsorção devido ao maior

contato epitelial. A nanotecnologia oferece vários tipos de sistemas de distribuição

de drogas em nanoescala mucoadesivas, tais como lipossomas, micelas,

dendrímeros, nanotubos e micro e nanopartículas (Mirsa et al., 2010).

Dentre os vários tipos de veículos, as micro/nanopartículas se destacam por

oferecer estabilidade química, física e liberadora de fármacos (Astete and Sabliov

2006; Matesanz-Pérez et al. 2013; Misra et al. 2009), e estão sendo ativamente

investigadas para liberação de drogas em sítios específicos para várias doenças

como infecções bacterianas crônicas (Singh et al., 2008). Devido ao pequeno

tamanho, estas micro/nanoesferas são capazes de liberar o fármaco no local da

doença por um longo período de tempo (Morones et al., 2005). Além disso, essa

liberação ocorre de forma controlada, evitando, assim, os níveis sistêmicos tóxicos

alcançados durante a terapia antibiótica convencional (Ranjan et al., 2009). Os mais

populares e importantes polímeros bioabsorvíveis utilizados na formulação de

microesferas para desenvolver sistemas de liberação controlada de fármacos são

20

poliésteres alifáticos, tais como poli-e-caprolactona (PCL), poli (3-hidroxibutirato),

ácido poliglicólico (PGA), ácido poliláctico (PLA), e poliácido lático-co-ácido glicólico

(PLGA). Este último fornece uma ampla taxa de degradação, de meses a anos,

dependendo da composição e peso molecular (Vert et al., 1998). Trata-se de um

copolímero empregado como veículo para sistemas de liberação controlada, sendo

utilizado na fabricação das micro e nanoesferas de antibióticos de aplicação local,

bem caracterizado e aprovado para uso em humanos pelo US Food and Drug

Administration (US FDA) (Mukherjee et al. 2008). Ele permite a liberação local

controlada da droga eficientemente a partir da hidrólise de sua estrutura química, a

qual é clivada em ácido lático e ácido glicólico até piruvato, quando é assimilado

pelo ciclo do ácido tricarboxílico, gerando como produtos finais dióxido de carbono e

água (Misra et al. 2009). As nanopartículas de PLGA têm mostrado diversas

vantagens tecnológicas, tais como biocompatibilidade, biodegradabilidade, liberação

controlada, e segurança (Acharya e Sahoo, 2010).

O uso da doxiciclina em nanoformulações (micro/nanoesferas) mostrou ser

mais eficiente quando comparada à sua forma convencional. Foi investigado que

nanoparticulas carregadas com doxiciclina permanecem estáveis por,

aproximadamente, 10 dias, enquanto que a doxiciclina convencional perde a sua

estabilidade e a sua propriedade antibacteriana após 2 dias. Além disso,

nanopartículas de doxiciclina foram mais eficientes no controle da cinética de

crescimento de bactérias, podendo ser utilizadas de forma eficiente para a terapia

antibacteriana, possivelmente, contra um grande número de espécies bacterianas.

(Mirsa e Sahoo, 2012). Rao et al. (2012) testaram a eficácia de microesferas de

doxiciclina associada a terapia periodontal básica, onde seus resultados

comprovaram que os pacientes que receberam as microesferas em associação com

RAR durante todo o tratamento obtiveram um significante aumento do nível de

inserção e diminuição da profundidade de sondagem em relação ao grupo controle

(RAR associado às microesferas apenas no baseline). Em um estudo clínico,

randomizado e controlado, Srirangarajan et al. (2011) compararam a eficácia de gel

e de microesferas de doxiciclina em bolsas periodontais de pacientes com

periodontite crônica. Os resultados mostraram que as microesferas obtiveram uma

liberação mais controlada e uma concentração inicial da droga elevada; houve uma

melhora significativa no Índice de Placa e Índice Gengival nos primeiros 3 meses,

além de que os parâmetros microbiológicos foram significativamente melhores para

21

o grupo tratado com as microesferas, evidenciando que o tipo de veículo pode

influenciar na distribuição local da droga e no sucesso da terapia. Moura et al.

(2015) avaliaram o efeito da associação da administração local de nanoesferas de

doxiciclina com o debridamento periodontal no tratamento da periodontite crônica

avançada, e os resultados sugeriram que as microesferas de PLGA são efetivas

como sistema de liberação controlada local de DOX, e quando associadas ao

debridamento periodontal, podem promover resultados superiores em relação à

terapia mecânica isoladamente.

Até o momento, não há na literatura trabalhos que avaliem os efeitos de

microesfreas de PLGA contendo doxiciclina no tratamento da periodontite crônica de

pacientes fumantes. Portanto, com base nas diversas vantagens já descritas sobre o

uso local da doxiciclina em pacientes com periodontite crônica, o objetivo do

presente estudo foi avaliar, através de um estudo clínico randomizado, se a

associação de doxiciclina (DOX) encapsulada em microesferas de PLGA ao

debridamento ultra-sônico no tratamento de pacientes fumantes com periodontite

crônica proporcionaria benefícios adicionais quando comparadas ao debridamento

associado a um placebo.

22

3 PROPOSIÇÃO

O objetivo do presente estudo foi avaliar por meio de um estudo clínico

randomizado, se a associação de doxiciclina (DOX) encapsulada em microesferas

de PLGA ao debridamento ultra-sônico no tratamento de pacientes fumantes com

periodontite crônica proporcionaria benefícios adicionais quando comparadas ao

debridamento associado a um placebo.

23

4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Delineamento do estudo

Trata-se de um estudo clínico, randomizado, placebo controlado, duplo-cego com

desenho paralelo, sendo que os tratamentos foram distribuídos aleatoriamente entre

os pacientes. O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa

(CEP) da Faculdade de Odontologia de Piracicaba-UNICAMP em 14/10/2015, e está

inscrito sob o nº 095/2015 (Anexo 1). Também está inscrito na plataforma

clinicaltrials.gov sob o protocolo NCT02726646.

4.2 Seleção da amostra e critérios de elegibilidade

Foram selecionados, dentre os pacientes que procuraram tratamento nas

clínicas de Pós-Graduação da FOP-UNICAMP (local onde também foi realizada a

fase clínica desse estudo), 40 pacientes, com idade acima de 35 anos, de ambos os

gêneros (masculino ou feminino). O presente estudo inclui as análises de 18

pacientes, os quais concluíram o acompanhamento de 90 dias. O fluxograma

seguindo as normas CONSORT (Padrões Consolidados de Relatórios) é descrito na

Figura 1. Todos os pacientes estão enquadrados nos seguintes critérios de inclusão

e exclusão:

Critérios de inclusão:

• Pacientes fumantes (mínimo de 20 cigarros/dia, fumantes há pelo menos

10 anos), mas com boa saúde geral.

• Pacientes diagnosticados inicialmente com periodontite crônica moderada

ou severa (de acordo com a American Academy of Periodontology- AAP,

1999) verificada pela presença de bolsas periodontais e perda óssea

radiográfica;

• Pacientes que apresentaram no mínimo quatro sítios sangrantes com

profundidade de sondagem (PS) ≥ 5 mm em quatro dentes uniradiculares.

• Presença de um mínimo de 20 dentes;

• Consentimento formal para a participação na pesquisa, após a explicação

dos riscos e benefícios por indivíduo não envolvido na mesma (Resolução

24

n 196 de outubro de 1996 e o Código de Ética Profissional Odontológico

(C.F.O.) 179/93).

Critérios de exclusão:

• Presença de alteração periapical ou pulpar nos sítios selecionados.

• Presença de alterações sistêmicas ou uso de medicamentos (6 meses

anteriores ao estudo) que poderiam influenciar na resposta ao tratamento

periodontal (ex: antibióticos, fenitoína, ciclosporina, antagonista dos canais

de Cálcio, e anti-inflamatórios esteroidais e não-esteroidais);

• Presença de hipersensibilidade à tetraciclinas e seus derivados;

• Gravidez ou lactação

25

FIGURA 1- Flowchart do estudo, seguindo as normas CONSORT, 2010

Avaliados para elegibilidade (n=845)

Randomizados: 40

PLGA+DOX

Alocação para a intervenção (n=20)

*Receberam alocação para intervenção (n= 20)

*Não receberam alocação para intervenção (n= 0)

Perderam o acompanhamento (n=1, devido a motivos médicos)

Interromperam o acompanhamento (n=0)

Analisados (n=20)Excluídos da análise (n=0)

PLGA+PLACEBO

Alocação para intervenção (n=20)

*Receberam alocação para intervenção (n=20)

* Não receberam alocação para intervenção (n=0)

Perderam o acompanhamento (n=0)

Interromperam o acompanhamento (n=0)

Analizados (n=20)Excluídos da análise (n=0)

Excluídos: 805

-Não preencheram os critérios de inclusão: n=797

-Desistiram de participar: n= 1-Outras razões: 7 (2 iniciaram o tratamento

com outro cirurgião-dentista; 4 não possuíam horário disponível, 1 sob uso de antibiótico).

Seleção

Alocação

Acompanhamento

Análise (3 meses)

26

4.3 Intervenções

4.3.1 Exame e terapia inicial

Seleção de 40 pacientes de acordo com os critérios de inclusão e exclusão pré-

estabelecidos. Todos os pacientes foram instruídos sobre as causas e

consequências da doença periodontal bem como sobre a importância das técnicas

de prevenção, (escovação sulcular e uso de fio dental) para a terapia periodontal.

Nessa fase, foi realizado debridamento periodontal supragengival de boca toda com

dispositivo ultrassônico (Cavitron, Dentsply, Rio de Janeiro, Brasil), utilizando inserto

para raspagem supragengival (25 KHZ, Hu-Friedy, Rio de Janeiro, Brasil) e remoção

dos fatores retentivos de placa, tais como fechamento de cavidades e exodontia de

raízes residuais.

4.3.2 Seleção dos sítios para aplicação das microesferas

Foram selecionados 4 sítios distribuídos em 4 dentes unirradiculares

distintos, com SS e PS ≥ 5 mm. Nos casos em que o paciente

apresentasse mais que 4 sítios com estas condições, a seleção dos

mesmos seguia os seguintes critérios:

• Ausência de mobilidade grau II e III (Miller, 1938),

• Ausência de bifurcações (no caso de pré-molares superiores),

• Ausência de alterações periapicais ou pulapres, e

• Sítios distantes entre si.

4.3.3 Randomização e ocultação da alocação

A alocação para cada paciente foi determinada previamente ao tratamento utilizando

uma lista gerada por computador e envelopes opacos. A ocultação da alocação foi

realizada por um pesquisador não envolvido neste estudo. Paciente e examinador

não estavam cientes sobre o grupo de tratamento durante os procedimentos.

27

4.3.4 Tratamento

Os pacientes foram divididos em 2 grupos, cujos dentes receberam os

tratamentos propostos, como se segue:

• PLGA ± DOX - teste (20 pacientes) – debridamento mecânico em sessão

única, associado à aplicação de 1 mg de microesferas carregadas com

doxiciclina com a concentração de 20% por bolsa, em quatro bolsas com PS

iguais ou superiores a 5 mm.

• PLGA± placebo – controle (20 pacientes) – debridamento mecânico

ultrassônico em sessão única e aplicação de 1 mg microesferas placebo em

quatro bolsas com PS iguais ou superiores a 5 mm .

Os pacientes foram tratados utilizando um instrumento ultra-sônico (Cavitron,

Dentsply, Rio de Janeiro, Brasil) com insertos subgengivais (Ponta de Ultrassom

Universal Fina 25 KHZ, Hu–Friedy, Rio de Janeiro, Brasil), sob irrigação com solução

salina estéril. Para a aplicação, logo após o debridamento ultrassônico, foi utilizada

uma agulha hipodérmica longa - 30 mm (Injex, Ourinhos, SP), na qual era inserida

na ponteira preenchida com as microesferas (Figura 2), permitindo a liberação

destas na bolsa periodontal (Figura 3). As microesferas de PLGA, utilizadas neste

estudo como sistema de liberação controlada de droga, foram produzidas no

laboratório de Biomateriais de Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade

Católica de São Paulo, de acordo com Moura (2015). As microesferas foram

carregadas com Cloridrato de Doxiciclina (EMS Sigma Pharma-Genéricos,

Hortolândia, Brasil).

28

4.4 Avaliação clínica

Para padronização da localização da coleta dos dados clínicos, foram

confeccionados aparelhos orientadores de sondagem - “stents” com placas de

acrílico de 1mm de espessura (Bio-Art – São Carlos, SP, BRASIL) em plastificador a

vácuo (Bio-Art – São Carlos, SP, BRASIL), para sondagem dos sítios com PS ≥ 5

mm. Os parâmetros clínicos foram obtidos utilizando uma sonda periodontal do tipo

Carolina do Norte (Hu-Friedy - Chicago, IL, EUA) na visita inicial, 30 e 90 dias após

a mesma.

Uma examinadora previamente calibrada (RVCS), mascarada para o tipo de

tratamento realizou todas as avaliações clínicas. Medidas duplicadas de PS e NIC,

tomadas com 1 hora de intervalo, foram realizadas em 2 pacientes em um período

de treinamento pré-estudo. O teste de correlação de Pearson e o teste t de Student

foram aplicados para verificar a reprodutibilidade das medidas. A examinadora foi

considerada calibrada uma vez que a correlação foi estatisticamente significativa

positiva e não foram obtidas diferenças estatisticamente significativas entre as

medidas (91%).

Os parâmetros avaliados dos sítios com aplicação das microesferas foram:

a- Posição da Margem Gengival Relativa – PMGR: distância da demarcação no

“stent” até a margem gengival livre.

Figura 2. Aplicador de microesferas

(agulha hipodérmica longa inserida na ponteira)

Figura 3. Aplicação das microesferas na

bolsa periodontal

29

b- Nível de Inserção Clínica Relativa – NICR: distância da demarcação no “stent”

até a base, clinicamente detectável, da bolsa periodontal.

Os parâmetros avaliados dos sítios sem a aplicação das microesferas (parâmetros

de boca toda) foram:

c- Recessão gengival- RG - deslocamento apical da margem gengival em relação à

junção cemento esmalte (JCE),

d- Nível de inserção clínica –NIC- distância entre a JCE e a porção mais coronal do

epitélio juncional, ou fundo da bolsa periodontal.

Os parâmetros comuns para todos os sítios (com ou sem aplicação das

microesfreas) foram:

e- Índice de Placa – IP (Ainamo e Bay, 1975): Avaliação da presença/ausência de

placa num padrão binominal. Número de faces envolvidas com placa divididas

pelo número de faces presentes em todos os dentes do paciente.

0- Ausência de placa visível; 1- Presença de placa visível

f- Sangramento à sondagem - SS (Mühlemann e Son, 1971): padrão dicotômico.

0- Ausência de sangramento; 1- Presença de sangramento.

g- Profundidade de Sondagem – PS (NICR - PMGR): distância da margem gengival

à base, clinicamente detectável, da bolsa periodontal.

4.5 Análise estatística

Inicialmente os dados foram agrupados e médias de cada paciente

(unidade amostral) foram obtidas. Os dados foram inicialmente avaliados quanto a

normalidade pelo teste Shappiro-Wilk, sendo detectada normalidade para todos os

parâmetros. Dessa forma, foi realizada análise de variância (ANOVA) para medidas

repetidas e, quando detectada diferença estatisticamente significante, teste Tukey-

Kramer. Foi calculada também as alterações de cada parâmetro a cada tempo. Para

comparação foi utilizado o teste t de Student. Todas as análises foram realizada por

um estaticista cego para os tratamentos e utilizando o programa SAS (release 9.3,

Cary, USA). Foi considerado um nível de significância de 5% para todas as análises.

30

4.5.1 Tamanho da amostra

Sendo o NICR a variável primária, a potência do estudo foi calculada como

sendo 0,80 para detecção de 1 mm de diferença entre as médias, em α=0,05,

assumindo um desvio padrão de 1,5. Quarenta voluntários fumantes diagnosticados

com Periodontite Crônica foram selecionados para o estudo por uma única

examinadora (RVCS).

31

5 RESULTADOS

Oitocentos e quarenta e cinco pacientes foram inicialmente examinados, de

Agosto de 2015 a Outubro de 2016. Destes, quarenta pacientes fumantes foram

diagnosticados com periodontite crônica, atenderam aos critérios de elegibilidade e

foram incluídos do estudo. Em uma visita inicial, todos os pacientes foram instruídos

sobre as causas e consequências da doença periodontal e como realizar a higiene

oral corretamente.

5.1 Características demográficas e clínicas no baseline

Os dados quanto às características demográficas (idade, gênero) e clínicas (PS,

NIC, RG e SS) do baseline, para cada grupo, estão representados na Tabela 1.

Tabela 1.Média (± desvio-padrão) das características demográficas e clínicas no

baseline.

PLGA +

DOX

PLGA +

Placebo

Características

demográficas

Gênero

Masculino

/Feminino

10/10 8/12

Idade (média) 51,4 49,9

Características clínicas IP 64,3 ± 29,8

78,6 ± 29,2

SS 35,6 ± 18,6

40,1 ± 21,3

NIC 4,7 ± 1,0

4,5 ± 1,0

RG 1,0 ± 0,7

0,9 ± 0,6

(ANOVA, p≥0,05)

32

5.2. Parâmetros clínicos de boca toda

Foi verificada uma diferença intragrupos, ou seja, entre os tempos avaliados

(baseline e aos 90 dias) para os parâmetros IP, SS, NICR E PS, porém essa

diferença não foi verificada para PMGr. (p<0,05). Não foi verificada uma diferença

intergrupos, ou seja, entre os diferentes tratamentos (PLGA±DOX e PLGA±Placebo)

para os parâmetros analisados (Tabela 2).

Tabela 2. Parâmetros clínicos de boca toda do baseline e de 90 dias.

IP (%) SS (%) NIC (mm) RG (mm) PS (mm)

PLGA + DOX

Baseline 64,3 ± 29,8 Aa

35,6 ± 18,6 Aa

4,7 ± 1,0 Aa

1,0 ± 0,7 Aa

3,4 ± 0,6 Aa

90 dias 30,3 ± 18,9 Aa

9,6 ± 10,3 Ab

4,0 ± 1,2 Ab

1,1 ± 0,8 Aa

3,0 ± 0,5 Ab

PLGA +

Placebo

Baseline 78,6 ± 29,2 Aa

40,1 ± 21,3 Aa

4,5 ± 1,0 Aa

0,9 ± 0,6 Aa

3,6 ± 0,7 Aa

90 dias 45,3 ± 22,4 Ab

11,2 ± 15,3 Ab

4,0 ± 1,0 Ab

0,9 ± 0,6 Aa

3,1 ± 0,7 Ab

Letras minúsculas indicam diferença estatisticamente significante intragrupos e maiúsculas intergrupos (ANOVA/Tukey, p<0.05).

5.3 Parâmetros clínicos dos sítios com aplicação das microesferas

5.3.1 Índice de Placa (IP)

Ambos os grupos apresentaram redução significante nos índices de placa nos

períodos avaliados (p<0,05) (Tabela 3 e 4). A média da porcentagem ao final dos 90

dias do acompanhamento do IP para o grupo PLGA±DOX foi de 10,0±26,1% e para

o grupo PLGA±placebo 10,0±20,5%. Porém não apresentaram diferenças

significantes entre os grupos em nenhum dos tempos analisados (p>0,05).

33

Tabela 3. Média ± DP dos parâmetros clínicos IP, NICR, PMGR, PS e SS do grupo PLGA+DOX

Letras minúsculas indicam diferença estatisticamente significante intragrupos e maiúsculas intergrupos (ANOVA/Tukey, p<0.05).

Tabela 4. Média ± DP dos parâmetros clínicos IP, NICR, PMGR, PS e SS, do grupo

PLGA+Placebo.

PLGA ± DOX

IP (%) NICR (mm) PMGR (mm) PS (mm) SS (%)

Baseline 67,5 ± 46,7 Aa 8,8 ± 0,9 Aa 2,9 ± 0,5 Aa 5,9 ± 0,5 Aa 100,0 ± 0,0 Aa

30 dias 13,1 ± 32,6 Ab 7,4 ± 1,3 Ab 2,9 ± 0,6 Aa 4,5 ± 0,9 Ab 26,3 ± 27,3 Ab

90 dias 10,0 ± 26,1 Ab 6,7 ± 1,4 Ab 3,0 ± 0,8 Aa 3,9 ± 0,8 Ab 13,2 ± 19,3 Ab

Baseline 60,0 ± 39,4 Ab 8,1 ± 0,6 Aa 2,8 ± 0,5 5,3 ± 0,3 Aa 94,7 ± 22,9 Aa

30 dias 14,4 ± 28,8 Ab 6,6 ± 0,9 Ab 2,8 ± 0,5 3,8 ± 0,6 Ab 16,5 ± 27,1 Ab

90 dias 8,9 ± 18,8 Ab 6,2 ± 1,3 Ab 2,9 ± 0,7 3,5 ± 0,6 Aa 14,8 ± 26,9 Ab

Baseline 73,1 ± 43,9 Aa 10,2 ± 0,7 Aa 2,9 ± 0,3 Aa 7,3 ± 0,6 Aa 100,0 ± 0,0 Aa

30 dias 11,5 ± 30,0 Ab 8,3 ± 1,4 Ab 2,7 ± 0,4 Aa 5,6 ± 1,2 Ab 46,2 ± 38,0 Ab

90 dias 15,4 ± 31,5 Ab 7,5 ± 1,0 Ab 2,7 ± 0,4 Aa 4,8 ± 0,8 Ab 15,4 ± 31,5 Ab

PLGA Placebo

IP (%) NICR (mm) PMGR (mm) PS (mm) SS (%)

Baseline 6,57± 54 Aa 9,2 ± 1,1 Aa 3,2 ± 1,0 Aa 6,1 ± 0,5Aa 100,0 ± 0,0 Aa

30 dias 7,5 ± 24,5 Ab 8,2 ± 1,5 Aab 3,4 ± 1,2 Aa 4,8 ± 0,8 Ab 38,0 ± 33,0 Ab

90 dias 10,0 ± 20,5 Ab 7,4 ± 1,9 Ab 3,3 ± 1,5 Aa 4,2 ± 0,7 Ab 24 ± 29,1 Ab

Baseline 62,5 ± 45,5 Aa 8,6 ± 1,0 Aa 3,1 ± 0,9 Aa 5,5 ± 0,3 Aa 100,0 ± 0,0 Aa

30 dias 10,0 ± 20,5 Ab 7,4 ± 1,9 Ab 3,3 ± 1,5 Aa 4,2 ± 0,7 Ab 24 ± 29,1 Ab

90 dias 7,5 ± 18,3 Ab 7,0 ± 1,7 Ab 3,3 ± 1,2 Aa 3,7 ± 0,7 Ab 27,5 ± 31,3 Ab

Baseline 53,6 ± 45,8 Aa 10,5 ± 1,4 Aa 3,4 ± 1,3 Aa 7,1 ± 0,6 Aa 100,0 ± 0,0 Aa

Bo

lsas

ger

ais

Bo

lsas

mo

der

adas

B

ols

as p

rofu

nd

as

Bo

lsas

ger

ais

Bo

lsas

mo

der

adas

B

ols

as p

rofu

nd

as

34

Letras minúsculas indicam diferença estatisticamente significante intragrupos e maiúsculas

intergrupos (ANOVA/Tukey, p<0.05).

5.3.2 Sangramento à sondagem (SS)

Ambos os grupos apresentaram redução significante de SS em todos os períodos

(p<0,05). O grupo PLGA+DOX apresentou diferença estatisticamente significante

aos 30 dias (16,5±27,1%) quando comparado ao grupo PLGA+Placebo

(41,3±38,3%), em bolsas moderadas, com p<0,05 (Tabela 3 e 4).

5.3.3 Posição da margem gengival relativa (PMGR)

Ambos os grupos avaliados apresentaram aumento do valor da PMGR nos

tempos avaliados (Tabelas 3 e 4, Gráfico 1), porém a avaliação entre grupos não

demonstrou diferenças entre as médias de aumento da PMGR nenhum dos períodos

avaliados (p>0,05), na qual a média para o grupo PLGA+DOX foi de 3,0±0,8 mm e

para o grupo PLGA+placebo, 3,3±1,5 mm ao final dos 90 dias.

5.3.4 Profundidade de sondagem (PS)

Ambos os grupos apresentaram reduções significantes da PS em todos os

períodos analisados (p<0,05), cujos dados estão representados nas tabelas 3 e 4.

Entretanto, não foram observadas diferenças estatisticamente significantes entre os

grupos PLGA+DOX (3,5±0,6 mm) e PLGA+Placebo ao final de 90 dias (p>0,05). A

diferença destas reduções entre os grupos e entre os diferentes tempos avaliados

estão representadas na Tabela 5.

30 dias 14,3 ± 23,4 Ab 9,4 ± 2,1 Ab 3,7 ± 1,8 Aa 5,6 ± 1,2 Ab 41,3 ± 38,3 Ab

90 dias 21,4 ± 32,3 Ab 8,4 ± 2,6 Ab 3,7 ± 2,1 Aa 5,0 ± 1,1 Ab 14,3 ± 36,0 Ab

35

Tabela 5. Média ± DP da variação da PS aos 30 e 90 dias dos grupos PLGA+DOX E

PLGA+Placebo.

Δ 30 dias Δ 90 dias

Bolsas gerais

Bolsas Moderadas

Bolsas profundas

PLGA+DOX 1,7±1,2 2,0±0,6

PLGA+Placebo 1,3±0,6 1,9±0,8

Valor de p 0,15 0,45

PLGA+DOX 1,8±0,7 1,5±0,6

PLGA+Placebo 1,7±0,7 1,1±0,5

Valor de p 0,78 0,12

PLGA+DOX 2,5±0,7 1,8±0,9

PLGA+Placebo 2,1±0,9 1,4±1,1

Valor de p 0,178 0,436

(ANOVA/Tukey, p<0.05).

5.3.5 Nível de Inserção clínico relativo (NICR)

Ambos os grupos apresentaram diferenças estatisticamente significantes na

redução do NICR ao final dos 90 dias, porém, aos 30 dias, o grupo PLGA+DOX,

apresentou uma redução estatisticamente significante aos 30 dias em bolsas

moderadas quando comparado ao grupo PLGA+Placebo (6,2±1,3mm versus 7,0±1,7

mm, respectivamente, com p=0,04). Aos 90 dias, bolsas moderadas e profundas

apresentaram diferenças estatisticamente significantes, sendo que a diferença de

redução do NICR aos 90 dias em bolsas moderadas foi de 1,5±0,8 mm para o grupo

teste e 0,9±0,6 mm para o grupo controle (p=0,04). Em bolsas profundas, uma maior

diferença na redução do NICR foi observada aos 30 (2,7±0,9 versus 1,7±1,3;

p=0,04) e aos 90 dias (1,9±1,2 versus 1,0±1,0; p=0,05) para os grupos teste e

controle, respectivamente. A diferença desta redução entre os grupos e entre os

diferentes tempos avaliados está representada na tabela 6.

36

Tabela 6. Média ± DP da variação do NICR aos 30 e 90 dias dos grupos

PLGA+DOX E PLGA+Placebo.

Δ 30 dias Δ 90 dias

Bolsas Gerais PLGA+DOX 1,8±1,9 2.1±0,9

PLGA+Placebo 1,0±0.8 1,8±1,6

Valor de p 0,12 0,49

Bolsas Moderadas PLGA+DOX 1,9±1,0 1,5±0,8

PLGA+Placebo 1,6±1,3 0,9±0,6

Valor de p 0,47 0,04*

Bolsas Profundas PLGA+DOX 2,7±0,9 1,9±1,2

PLGA+Placebo 1,7±1,3 1,0±1,0

Valor de p 0,049* 0,05*

(ANOVA/Tukey, p<0.05).* Diferença estatisticamente significante.

37

Nível de inserção clínico relativo dos sítios com aplicação de PLGA

Bolsas Gerais

Bolsas Médias

Gráfico 1. NICR para bolsas gerais, médias e profundas entre os diferentes tempos avaliados. A=

PLGA+DOX; B=PLGA+Placebo.

Bolsas Profundas

A

A

A

B

B

B

38

6 DISCUSSÃO

Tem sido reportado que pacientes fumantes respondem menos ao tratamento

periodontal não cirúrgico, quando comparados a pacientes não fumantes, com

periodontite crônica (Kaldahl et al.,1996; Ah et al.,1994), indicando que novas

terapias precisam ser investigadas para estes pacientes. Assim, o objetivo do

presente estudo foi avaliar, através de parâmetros clínicos, a eficácia de

microesferas de PLGA contendo doxiciclina quando comparado ao placebo,

associada ao debridamento ultrassônico, em pacientes fumantes com periodontite

crônica.

Os índices de redução de placa presentes neste estudo caracterizam a

realização de medidas preventivas contra a recolonização dos sítios tratados e para

o conseqüente sucesso do tratamento proposto, e estão de acordo com estudos

prévios (Machion et al., 2003; Srirangarajan et al., 2011; Moura et al., 2015). Os

resultados presentes neste estudo quanto ao IP após 90 dias da aplicação da

doxiciclina em bolsas moderadas e profundas assemelham-se aos achados de

Machion et al., 2003 (21% e 19% para os grupos teste e controle respectivamente),

na qual utilizou doxiciclina em gel no tratamento de pacientes fumantes com

periodontite crônica. Entretanto, em ambos os estudos, não foram encontradas

diferenças estatisticamente significantes para este índice entre as modalidades

terapêuticas.

Quanto ao índice de sangramento, no presente estudo, apesar dos mesmos

apresentarem reduções entre os diferentes tempos avaliados para bolsas

moderadas e profundas, os valores de redução de SS, ao final de 3 meses, não

apresentou diferenças estatisticamente significantes entre os tratamentos PLGA

±DOX e PLGA ±placebo (14,8±26,9% versus 27,5±31,3%, respectivamente para

bolsas moderadas, e 15,4±31,5% versus 14,3±36,3%, respectivamente para bolsas

profundas). No estudo de Machion et al., também não apresentaram diferenças

estatisticamente significantes após 3 meses (36% para ambos os tratamentos).

Embora os valores do estudo prévio tenham sido superiores a este estudo, a terapia

adjunta com o gel de doxiciclina também não proporcionou valores significantes

estatisticamente na redução do SS quando comparado a terapia convencional

isoladamente. Entretanto, neste presente estudo, as reduções do SS foram

39

estatisticamente significantes aos 30 dias para bolsas moderadas (16,5±27,1%

versus 41,3±38,3%), para o grupo teste e controle, respectivamente, o que poderia

indicar uma suposta superioridade das microesferas quando comparadas ao gel de

doxiciclina, na redução do SS. A resposta favorável do SS aos 30 dias no grupo

PLGA ± DOX pode indicar que houve uma resposta mais rápida ao tratamento com

o antibiótico local quando comparado ao placebo, para esta variável. Uma possível

justificativa seria o fato de que antibióticos locais, quando associados à veículos de

liberação controlada, auxiliam a melhorar os resultados obtidos pela terapia

mecânica convencional por adiar a formação de um novo biofilme (Leiknes et al.,

2007). Ainda assim, devem-se interpretar estes resultados com cautela, já que

pacientes fumantes apresentam menores índices de inflamação do que pacientes

não fumantes (Nair et al. 2003; Dietrich et al. 2004; Peruzzo et al., 2016).

Considerando reduções na PS do presente estudo, não foram encontradas

diferenças estatisticamente significantes entre os grupos aos 3 meses. Paquette et

al. (2003) avaliaram o efeito de microesferas de minociclina no tratamento de

pacientes fumantes com periodontite crônica, e encontraram significantes reduções

na PS (1.19 mm) para o grupo teste, quando comparado ao grupo controle - RAR,

apenas (0.90 mm), ao final de 6 meses. Porém, Machion et al.(2003) observaram

estas diferenças neste período, e aos 18 meses em bolsas profundas, o que pode

reforçar a idéia da importância de um tratamento coadjuvante, como a aplicação

local de doxiciclina, à terapia mecânica, para o tratamento de sítios com dificuldade

de acesso e em bolsas profundas (Caffesse et al., 1986). Todavia, deve-se levar em

consideração que no estudo de Machion et al.(2003), um retratamento com o gel de

doxiciclina aos 12 meses foi realizado. Este fato demonstra a importância da

possível necessidade de reaplicações de antibióticos locais após um determinado

período de tempo. Moura et al. (2015), em um estudo de caracterização das

microesferas contendo doxiciclina, afirmaram que ocorre uma diminuição da

concentração da DOX no fluido gengival crevicular após 15 dias. Assim,

reaplicações do antimicrobiano podem ser favoráveis, principalmente em sítios com

dificuldade de instrumentação que não responderam adequadamente à terapia

inicial. Kinane & Radvar (1997) confirmam esta afirmação ao relatarem que

pacientes fumantes respondem de maneira desfavorável, principalmente em sítios

profundos. Considerando-se ainda os valores da PS deste presente estudo, os

mesmos contrastam-se com os de Moura et al.(2015), que apresentaram diferenças

40

estatisticamente significantes ao final de 3 meses para bolsas profundas (4.1 ± 1.0

versus 3.4 mm ± 0.9 mm, para o grupo com as microesferas de doxiciclina e

placebo, respectivamente). Porém, deve-se levar em consideração que os pacientes

no estudo de Moura et al. não eram tabagistas, o que pode justificar uma resposta

não estatisticamente significante na redução da PS neste presente estudo.

As melhoras significativas no NICR do presente estudo para bolsas moderadas (6,2

± 1,3 mm versus 7,0 ± 1,7 mm) e profundas (7,5 ± 1,0 mm versus 8,4 ± 2,6mm) ,

para os grupos teste e controle, estão de acordo com os achados de Moura et

al.(2015) (5.1 ± 1.1mm e 4.9 ± 1.1mm em bolsas moderadas; 6.2 ± 0.8 mm e 8.5 ±

2.3 mm em bolsas profundas) para este parâmetro clínico. Em um estudo de

Srirangarajan et al. (2011), apesar de não terem encontrado diferenças

estatisticamente significantes na redução da PS e no NIC, encontraram significantes

reduções no IP e SS. Além destes achados, relataram uma redução significativa na

contagem de microorganismos anaeróbios ao final de 9 meses, com a aplicação de

microesferas de doxiciclina, em pacientes não fumantes. Apesar do presente estudo

não ter apresentado dados microbiológicos, a ação antimicrobiana da doxiciclina

local, como citado em estudos prévios (Caton et al., 2000; Eickholz et al., 2002),

pode ter corroborado clinicamente na redução do NIC em bolsas profundas, ao final

de 90 dias. Embora apenas dois dos parâmetros avaliados (SS e NICr) tenham

apresentados os resultados mais significativos entre as tratamentos com e sem as

microesferas de doxiciclina, Bunaes et al. (2016) relataram que o tabagismo possui

um efeito negativo na saúde periodontal mesmo após uma terapia de suporte de 12

meses, especialmente em dentes maxilares unirradiculares.

A escolha das microesferas de PLGA dentre os diferentes sistemas para a

liberação local da doxiciclina justifica-se devido ao fato deste carreador ter

apresentado propriedades superiores em relação a outros sistemas, como por

exemplo, sua capacidade de permanecer estável por um longo período de tempo

(Mundargi et al., 2007; Srirangarajan et al., 2011; Moura et al., 2015). Em um estudo

in vitro comparando a eficácia de microesferas de PLGA ao gel, ambos contendo

doxiciclina, observou-se que as microesferas permaneceram estáveis na bolsa

periodontal por até 11 dias, enquanto que o gel, por apenas 7 dias (Mundargi et al.,

2007). Em um estudo avaliando o gel de doxiciclina associado à terapia periodontal

em fumantes, os autores não observaram melhoras significativas em nenhum dos

tempos avaliados (6 e 12 semanas) entre os grupos teste (gel de doxiciclina ±

41

debridamento ultrassônico) e controle (apenas debridamento ultrssônico) (Al Hulami

et al, 2011). Estes resultados podem indicar que o veículo utilizado para a liberação

local pode influenciar diretamente na resposta à terapia periodontal.

A seleção do debridamento ultrassônico de boca toda ao invés da RAR

por quadrante (RAR-Q) justifica-se devido ao fato do debridamento ser tão efetivo

quanto às raspagens por quadrantes (Wennström et al., 2001; Apatzidou & Kinane,

2004; Tomasi & Wennström 2009). Em um estudo de Meulman et al. (2013), foi

demonstrado que o debridamento em fumantes tem similar efeito clinico quando

comparado a RAR, embora os fumantes apresentaram uma resposta inferior

comparados aos não fumantes. Estes resultados reforçam a idéia da necessidade

de um anitmicrobiano adjunto no tratamento destes pacientes.

O uso de antimicrobianos locais tem sido cada vez mais avaliado e

discutido quanto a sua significância clínica na literatura periodontal atual. Parece que

alguns parâmetros para avaliar a significância clínica tem sido consideradas, como

uma maior proporção de sítios mostrando redução na PS de 2mm e ganho no nível

de inserção, o que poderia representar uma vantagem na terapia de suporte,

limitando a indicação de possíveis procedimentos cirúrgicos para um menor número

de sítios e, eventualmente, estendendo visitas de retorno. Até o momento, parece

que estes fármacos têm importantes e específicas indicações durante a terapia

periodontal e o tratamento de doença periodontal avançada em fumantes poderia

ser um deles.

42

7 CONCLUSÃO

Ambas as terapias foram eficazes para melhora dos parâmetros clínicos

avaliados. Porém, o uso de microesferas de doxiciclina associado ao debridamento

periodontal ultrassônico promoveu melhoras superiores do NIC e do SS ao final de

90 dias, quando comparados ao grupo controle, em pacientes fumantes com

periodontite crônica.

43

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ANEXO 1. CERTIFICADO DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA FOP/UNICAMP