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A AVALIAÇÃO INTERNA COMO INSTRUMENTO DE GESTÃO EDUCACIONAL ARAUJO, Aline Giuri 1, PIO, Joelma Aparecida Zoboli 2 517 Foz do Iguaçu PR: UNIOESTE, 8 a 11 de dezembro de 2015, ISSN 2316-266X, n.4 517 A AVALIAÇÃO INTERNA COMO INSTRUMENTO DE GESTÃO EDUCACIONAL ARAUJO, Aline Giuri Professora do Centro Universitário São Camilo Espirito Santo [email protected] PIO, Joelma Aparecida Zoboli Professora do Centro Universitário São Camilo Espirito Santo [email protected] RESUMO No Brasil, muitos cursos superiores estão sendo ofertados sem o mínimo de qualidade. A Constituição Federal de 1988 no seu art. 209 diz que há necessidade de avaliação da qualidade de ensino pelo setor público, com intuito de colher indicadores para serem utilizados no processo de gestão das instituições. Neste contexto, este trabalho teve como objetivo apresentar informações sobre a avaliação interna do Centro Universitário São Camilo ES a nível de graduação e como esta pode ser um instrumento da gestão acadêmica. fez-se uma pesquisa bibliográfica e loogo após foi realizado um estudo de caso para melhor atender o objetivo em questão. Foram utilizados como fontes dos dados o PDI, o Projeto Pedagógico do curso de Administração, além de informações da Secretaria Geral da Instituição. Constatou-se que a instituição pesquisada disponibiliza de uma CPA bem organizada e utiliza seus indicadores de avaliação para definir estrategias de melhoria da educação atraves de um Plano de Ação Anual. Palavras-chave: Graduação. CPA. Gestão. ABSTRACT In Brazil, many university courses are being offered without minimum quality. The 1988 Constitution in its article 209 says there is need to assess the quality of education by the public sector, aiming to reap indicators for use in the management of the institutions process. In this context, this study aimed to present information on the internal evaluation of University Center São Camilo ES the undergraduate level and how this can be an instrument of academic management. We did a literature search and loogo after we conducted a case study to better meet the objective in question. They were used as data sources the PDI, the pedagogical project of the course of Directors, as well as information on the institution's General Secretariat. It was found that the research institution offers a well-organized and CPA uses its assessment indicators to define strategies to improve education through an Annual Action Plan. Keywords: Graduation. CPA . Management. 1 INTRODUÇÃO O ensino superior brasileiro está passando por um momento singular em seu sistema. Isso porque, é grande e crescente o número de instituições de ensino superior no Brasil, e muitos cursos estão sendo ofertados sem o mínimo de qualidade.

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A AVALIAÇÃO INTERNA COMO INSTRUMENTO DE GESTÃO

EDUCACIONAL

ARAUJO, Aline Giuri

Professora do Centro Universitário São Camilo Espirito Santo

[email protected]

PIO, Joelma Aparecida Zoboli

Professora do Centro Universitário São Camilo Espirito Santo

[email protected]

RESUMO

No Brasil, muitos cursos superiores estão sendo ofertados sem o mínimo de qualidade. A Constituição

Federal de 1988 no seu art. 209 diz que há necessidade de avaliação da qualidade de ensino pelo setor

público, com intuito de colher indicadores para serem utilizados no processo de gestão das instituições.

Neste contexto, este trabalho teve como objetivo apresentar informações sobre a avaliação interna do

Centro Universitário São Camilo ES a nível de graduação e como esta pode ser um instrumento da gestão

acadêmica. fez-se uma pesquisa bibliográfica e loogo após foi realizado um estudo de caso para melhor

atender o objetivo em questão. Foram utilizados como fontes dos dados o PDI, o Projeto Pedagógico do

curso de Administração, além de informações da Secretaria Geral da Instituição. Constatou-se que a

instituição pesquisada disponibiliza de uma CPA bem organizada e utiliza seus indicadores de avaliação

para definir estrategias de melhoria da educação atraves de um Plano de Ação Anual.

Palavras-chave: Graduação. CPA. Gestão.

ABSTRACT

In Brazil, many university courses are being offered without minimum quality. The 1988 Constitution in

its article 209 says there is need to assess the quality of education by the public sector, aiming to reap

indicators for use in the management of the institutions process. In this context, this study aimed to

present information on the internal evaluation of University Center São Camilo ES the undergraduate

level and how this can be an instrument of academic management. We did a literature search and loogo

after we conducted a case study to better meet the objective in question. They were used as data sources

the PDI, the pedagogical project of the course of Directors, as well as information on the institution's

General Secretariat. It was found that the research institution offers a well-organized and CPA uses its

assessment indicators to define strategies to improve education through an Annual Action Plan.

Keywords: Graduation. CPA . Management.

1 INTRODUÇÃO

O ensino superior brasileiro está passando por um momento singular em seu sistema. Isso

porque, é grande e crescente o número de instituições de ensino superior no Brasil, e muitos

cursos estão sendo ofertados sem o mínimo de qualidade.

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A Constituição Federal de 1988, ao apontar os princípios da educação no Brasil, em seu

Art. 206 diz:

Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:

I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;

II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o

saber;

III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas, e coexistência de

instituições públicas e privadas de ensino;

IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;

V - valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da

lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de

provas e títulos, aos das redes públicas;

VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei;

VII - garantia de padrão de qualidade.

VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação

escolar pública, nos termos de lei federal.

E, ainda, em seu art. 209 diz que “O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as

seguintes condições: I - cumprimento das normas gerais da educação nacional; II - autorização e

avaliação de qualidade pelo Poder Público”.

Observa-se que garantir um padrão de qualidade é princípio constitucional e que a

avaliação dessa qualidade foi conferida ao Poder Público.

A legislação brasileira contempla desde 1996 a avaliação no ensino superior. Porém, foi

em 2004, que o Ministério da Educação, preocupado com a melhoria da qualidade desta

educação, institui, através da lei 10.861, de 14 de abril de 2004, o Sinaes - Sistema Nacional de

Avaliação da Educação Superior, que segundo o § 1º do art. 1º da referida lei, tem como

finalidade:

§ 1º O SINAES tem por finalidades a melhoria da qualidade da educação

superior, a orientação da expansão da sua oferta, o aumento permanente da sua

eficácia institucional e efetividade acadêmica e social e, especialmente, a

promoção do aprofundamento dos compromissos e responsabilidades sociais

das instituições de educação superior, por meio da valorização de sua missão

pública, da promoção dos valores democráticos, do respeito à diferença e à

diversidade, da afirmação da autonomia e da identidade institucional.

O Sinaes contempla três modalidades de instrumentos de avaliação, que são: a Avaliação

das Instituições de Educação Superior (Avalies), a Avaliação dos Cursos de Graduação (ACG) –

avalia os cursos de graduação por meio de instrumentos e procedimentos que incluem visitas in

loco de comissões externas, e a Avaliação do Desempenho dos Estudantes (Exame Nacional de

Avaliação de Desempenho dos Estudantes – Enade).

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Conforme o Art. 2º da Lei nº. 10.861, ao promover a avaliação de instituições, cursos e

desempenho de estudantes, o SINAES deverá assegurar:

I – avaliação institucional, interna e externa, contemplando a análise global e

integrada das dimensões, estruturas, relações, compromisso social, atividades,

finalidades e responsabilidades sociais das instituições de educação superior e

de seus cursos;

II – o caráter público de todos os procedimentos, dados e resultados dos

processos avaliativos;

III – o respeito à identidade e à diversidade de instituições e de cursos;

IV – a participação do corpo discente, docente e técnico administrativo das

instituições de educação superior, e da sociedade civil, por meio de suas

representações. (LEI nº. 10.861, 2004).

O Art. 3º aponta que o objetivo da avaliação das instituições de ensino é a identificação

do seu perfil e o significado de sua atuação nas diferentes dimensões institucionais, dentre elas

obrigatoriamente:

I – a missão e o plano de desenvolvimento institucional - PDI;

II – a política para o ensino, a pesquisa, a pós-graduação, a extensão e as

respectivas formas de operacionalização, incluídos os procedimentos para

estímulo à produção acadêmica, as bolsas de pesquisa, de monitoria e demais

modalidades;

III – a responsabilidade social da instituição, considerada especialmente no que

se refere à sua contribuição em relação à inclusão social, ao desenvolvimento

econômico e social, à defesa do meio ambiente, da memória cultural, da

produção artística e do patrimônio cultural;

IV – a comunicação com a sociedade;

V – as políticas de pessoal, as carreiras do corpo docente e do corpo técnico-

administrativo, seu aperfeiçoamento, desenvolvimento profissional e suas

condições de trabalho,

VI – organização e gestão da instituição, especialmente o funcionamento e

representatividade dos colegiados, sua independência e autonomia na relação

com a mantenedora, e a participação dos segmentos da comunidade

universitária nos processos decisórios;

VII – infra-estrutura física, especialmente a de ensino e de pesquisa, biblioteca,

recursos de informação e comunicação;

VIII – planejamento e avaliação, especialmente os processos, resultados e

eficácia da auto-avaliação institucional;

IX – políticas de atendimento aos estudantes;

X – sustentabilidade financeira, tendo em vista o significado social da

continuidade dos compromissos na oferta da educação superior. (LEI nº.

10.861, 2004).

Ao pensar na Avaliação das Instituições de Educação Superior (Avalies), a legislação traz

uma avaliação que se desenvolve em duas etapas principais: a Autoavaliação – coordenada pela

Comissão Própria de Avaliação (CPA) de cada IES, e a Avaliação Externa – realizada por

comissões designada pelo INEP, segundo diretrizes estabelecidas pela Conaes.

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A ideia do Ministério da Educação é que os resultados das avaliações promovam uma

visão sobre a qualidade dos cursos e instituições de ensino superior no Brasil, com o objetivo de

nortear ações governamentais e políticas públicas educacionais, como também de proporcionar

aos estudantes, pais de alunos, instituições acadêmicas e à sociedade em geral, informações

sobre a realidade dos cursos e das IES.

Neste contexto, o presente trabalho tem como objetivo apresentar informações sobre a

avaliação interna do Centro Universitário São Camilo Espirito Santo a nível de graduação e

como esta pode ser um instrumento da gestão acadêmica.

Vale ressaltar que inicialmente fez-se uma pesquisa bibliográfica, que se revela num

trabalho investigativo minucioso em busca do conhecimento do assunto em questão. Logo após

foi realizado um estudo de caso para melhor atender o objetivo em questão. Foram utilizados

como fontes dos dados o PDI, o Projeto Pedagogico do curso de Administração, além de

informações da Secretaria Geral da Instituição

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Segundo os ensinamentos de Dardengo apud Ristoff (2007, p. 35):

A avaliação institucional é um empreendimento que busca a promoção da

tomada de consciência sobre a instituição. Seu objetivo é melhorar a

universidade. A autoconsciência institucional constitui importante subsídio para

o processo da tomada de decisão, tanto em nível individual quanto em nível

coletivo, da instituição como um todo, com vistas ao seu aperfeiçoamento, e

tem como ponto de fundamental importância a intensa participação de seus

membros tanto na forma de encaminhar a avaliação na identificação de critérios

e procedimentos, como na utilização dos resultados.

Dessa forma, pensamos a autoavaliação como um instrumento de gestão. Pois, através de

um processo de avaliação são identificados os pontos fracos e os pontos fortes, bem como as

oportunidades, que refletem em processos de melhoria nas IES.

Observamos que a auto-avaliação gera autoconhecimento, que pode ser ponderado como

aspecto gerencial e para provocar ações de aperfeiçoamento.

Portanto, o processo de avaliação é complementado pelo planejamento da melhoria da gestão das

IES, ou ainda, o planejamento da melhoria da gestão das IES é conseqüência do resultado de

uma auto-avaliação.

Quando realizada de forma metódica, a avaliação das instituições de ensino funciona

como uma oportunidade de aprendizado sobre a própria organização e também como

instrumento de internalização dos princípios e práticas da excelência em gestão.

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De tal modo aponta Zainko (2008, p. 16):

Para tanto, é preciso que de forma circular se pense e repense a cada momento,

a partir de práticas sistemáticas de avaliação como uma salutar maneira de

prestar contas a sociedade e de se autoconhecer.

É esse auto-retrato em processo permanente de auto-estudo, avaliação externa e

reavaliação que resgatará como princípio articulador da avaliação a sua função

diagnóstica, procedendo à indicação de situações problemáticas, as alternativas

para a correção dos rumos e, portanto, se constituindo em poderoso instrumental

dialético de identificação de novos rumos para a prática universitária.

Uma prática balizada por conceitos claramente explicitados e pelo engajamento

de todos os responsáveis no fazer universitário no processo de construção

cotidiana e coletiva de uma Universidade em constante aperfeiçoamento.

Uma Universidade que se auto-conhece e que com o olhar voltado para a utopia

da construção de uma nova sociedade vai lenta e progressivamente se

transformando em uma “nova” Universidade.

A construção dessa nova Universidade deve necessariamente ter na avaliação

seu instrumento mais fundamental para a mudança que se faz necessária. Uma

avaliação como processo sistemático, participativo, democrático e

principalmente de caráter construtivo, possibilitando a indispensável autocrítica,

identificando pontos positivos e problemáticos da instituição universitária,

indicando as questões prioritárias para o melhoramento da qualidade dos

processos institucionais: ensino, pesquisa, extensão, gestão.

Nesse contexto a CPA - Comissão Própria de Avaliação tem um papel fundamental, pois

em se tratando de instituição de ensino, é a CPA que operacionaliza esse processo avaliativo.

A organização da CPA é responsabilidade da IES, bem como os critérios adotados para a

composição da mesma, conforme nos apresenta o art. 11 da Lei 10.861/2004.

Art. 11. Cada instituição de ensino superior, pública ou privada, constituirá

Comissão Própria de Avaliação - CPA, no prazo de 60 (sessenta) dias, a contar

da publicação desta Lei, com as atribuições de condução dos processos de

avaliação internos da instituição, de sistematização e de prestação das

informações solicitadas pelo INEP, obedecidas as seguintes diretrizes:

I – constituição por ato do dirigente máximo da instituição de ensino superior,

ou por previsão no seu próprio estatuto ou regimento, assegurada a participação

de todos os segmentos da comunidade universitária e da sociedade civil

organizada, e vedada a composição que privilegie a maioria absoluta de um dos

segmentos;

II – atuação autônoma em relação a conselhos e demais órgãos colegiados

existentes na instituição de educação superior.

É com o resultado das avaliações internas, realizadas pela CPA, que gestor educacional

terá uma visão ampliada da realidade da instituição, podendo programar metas de mudanças de

curto, médio e longo prazo, no trabalho de planejamento acadêmico e administrativo, com

finalidade de correção e busca de novos fazeres, de acordo com a vocação institucional,

respeitando sua natureza e especificidade.

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Segundo Albuquerque et al (2009), neste sentido, aos resultados obtidos a partir da Auto-

Avaliação Institucional procura orientar a gestão institucional, em suas dimensões política,

acadêmica e administrativa, para promover os ajustes necessários à elevação do seu padrão de

qualidade.

3 RESULTADOS ALCANÇADOS

3.1 O Local do estudo: Centro Universitário São Camilo-ES

A União Social Camiliana, presente atualmente em 35 países dos cinco continentes,

fundada em Roma por São Camilo de Lellis, em 1582, dedica-se ao ideal da assistência integral

aos enfermos e à promoção da Saúde, dedicando especial ênfase à valorização da pessoa humana

e da vida.

No Brasil, as unidades Camilianas estão distribuídas nos Estados de São Paulo, Espírito

Santo, Bahia, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Distrito Federal, Rio de Janeiro e Paraná.

O Centro Universitário São Camilo - Espírito Santo é mantido pela União Social

Camiliana, pessoa jurídica de direito privado, constituída na forma de sociedade civil, sem fins

lucrativos, de caráter educativo, técnico e cultural.

A missão do Centro Universitário São Camilo – Espírito Santo é “Promover o

desenvolvimento do ser humano por meio da educação e da saúde, segundo os valores

Camilianos”. Instalado em área com 43000 metros quadrados, atua nos segmentos da Educação

Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio, Ensino Superior e Pós-Graduação, colocando à

disposição de seus alunos e colaboradores uma completa infraestrutura de ensino e extensão e se

estrutura na área da pesquisa.

Na Figura 1, apresenta-se a dimensão exata do número de alunos dessa IES dividido por

segmento educacional.

Figura 1 - Numero de alunos da IES, 2015.

Nível de Ensino Nº. de alunos

Educação Básica 932

Graduação 3.392

Pós-Graduação 307

Total 4.631

Fonte: Setor de Secretaria do Centro Universitário São Camilo ES.

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Sediado em município com localização estratégica na região sul do Estado do Espírito

Santo, a IES, atualmente, oferta 27 cursos de graduação, entre Bacharelado, Licenciatura e

Tecnólogos, e possui cursos de Pós-Graduação nas áreas de Saúde, Docência e Gestão.

Quanto ao contexto econômico da região de sua influência, principalmente, a partir de

Cachoeiro de Itapemirim, na qual está instalado este Centro Universitário, os seguintes pontos

podem ser destacados:

Economia baseada fortemente em extração e beneficiamento de minerais não

metálicos, com relevância nacional e com ênfase no comércio exterior, com destaque

internacional.

Figura 2 – Região de influencia do Centro Universitario São Camilo-ES, 2013.

Fonte: Google Maps.

Empresas com destaque em transporte de passageiros e cargas, com ênfase rodoviária,

com relevância nacional, requisitando competências em logística de transporte.

Demanda por profissionais para maior profissionalização no setor terciário – comércio

atacadista e varejista, serviços logísticos e demais serviços para empresas.

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Economia capixaba com atrativos para investimentos em logística de transporte em

escala internacional, regional e nacional, com infraestrutura para os modais ferroviário,

rodoviário, marítimo e com expansão no modal aéreo.

O Centro Universitário exerce papel fundamental no desenvolvimento regional, por meio

de parcerias com empresas e instituições nacionais e internacionais em diversas áreas de atuação

e desenvolve projetos de extensão, cujo foco são as áreas social, esportiva, educacional, cultural

e ambiental.

Vale ressaltar que o Centro Universitário São Camilo – Espírito Santo apresenta um

sistema institucional de avaliação permanente dos cursos, dos setores administrativos, do corpo

docente e das instalações, atraves da Comissão Propria de Avaliação - CPA

3.2 A CPA no organograma institucional

O PPI do Centro Universitario em estudo, está embasado de acordo com a Portaria N°

1.653, de 03 de junho de 2004, na Lei de diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB –Lei

9.394/96; nas Diretrizes Curriculares Nacionais dos cursos recomendadas pelo Conselho

Nacional de Educação; no Regimento Geral do Centro Universitário São Camilo – Espírito

Santo; no cumprimento das normas gerais da educação nacional e avaliação da qualidade pelo

Poder público, e esta composto conforme Figura 3.

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Figura 3 – Organograma Institucional Centro Universitário São Camilo ES

Fonte – PDI, 2014.

Assim, observa-se que a CPA está diretamente ligada a Reitoria, sendo o reitor

responsável pela sua gestão.

A avaliação interna tem como objetivos principais:

- Traçar o perfil de qualidade acadêmica, por meio do levantamento de informações e

elaboração de indicadores de desempenho da IES;

- Aferir potencialidades e pontos frágeis de atuação dos diferentes segmentos da IES,

contribuindo, assim, para a necessária reflexão crítica de suas ações;

- Contribuir para a adoção de medidas com vista à mudança de rumos e ao aprimoramento

do trabalho acadêmico da IES.

A CPA do Centro Universitário São Camilo Espirito Santo é composto por um gerente

indicada pelo Reitor, duas funcionárias e dois representantes membros do corpo técnico-

administrativo, eleitos por seus pares, um membro da sociedade civil, convidado pelo Reitor, três

membros do corpo docente eleitos por seus pares, um membro do corpo discente graduação e um

do corpo discente pós-graduação, eleitos por seus pares.

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Vale ressaltar que a CPA tem seu Regimento Geral, aprovado pelos órgãos de colegiados

Superior CEPE/CAS.

3.3 A CPA nas diretrizes estratégicas de gestão do Centro Universitário São Camilo-ES

O Centro Universitário, na competência do Pró-reitor acadêmico e coordenação do curso

de Administração, desenvolveram o documento intitulado “diretrizes estratégicas de gestão” com

o intuito de mapear as atividades de cada diretriz que faz parte do fazer da instituição, como

mostra a Figura 2. Como pode-se observar, a CPA constitui a “Diretriz 4” do referido

documento.

Figura 4 – Diretrizes estratégicas de Gestão,.

Fonte: Dados da pesquisa. Cachoeiro de Itapemirim,ES, 2013.

Como linhas de ação da diretriz 4, tema do nosso estudo, estão as avaliações e o

treinamento de líderes de turma (Figura 3).

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Figura 5 – Linhas de ação da CPA

Fonte: Dados da pesquisa. Cachoeiro de Itapemirim,ES, 2013.

A partir das linhas de ação são definidos os “Projetos de Ação” (Figura 6), listando o

responsável de cada projeto e o mês que deverá ser executado.

Figura 6 – Projetos de Ação I

Fonte: Dados da pesquisa. Cachoeiro de Itapemirim,ES, 2013.

A Figura 7 apresenta os projetos de ação relacionados à pós-graduação e, também, deixa

claro que existem ações que são realizadas em todos os meses do ano.

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Figura 7 – Projetos de Ação II, Cachoeiro de Itapemirim,ES, 2013.

Fonte: Dados da pesquisa. Cachoeiro de Itapemirim,ES, 2013.

Na Figura 8 está listado dois projetos de ação relacionados aos egressos e e-Mec.

Figura 8 – Projetos de Ação III

Fonte: Dados da pesquisa, Cachoeiro de Itapemirim,ES, 2013.

Em relação ao “Treinamento de Líderes de Turma”, pode-se observar na Figura 9, que o

“Projeto de Ação” está relacionado unicamente ao curso de preparação de lideres.

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Figura 9 – Linha de ação “Treinamento de Líderes de Turma”, Cachoeiro de Itapemirim,ES, 2013.

Fonte: Dados da pesquisa, Cachoeiro de Itapemirim,ES, 2013.

Pode-se constatar que a partir dos avaliações realizadas pelo CPA do Centro Universitário

São Camilo ES, os dados revelados são socializados e se transformam em indicativos para

iniciativas entre seus pares a fim de produzirem efeitos reais de melhoria.

3.4 Os resultados das avaliações da CPA no processo de gestão

Através dessas avaliações os coordenadores de curso podem considerar:

como indicadores a concretização de expectativas do Curso avaliado em relação

ao mercado de trabalho.

o grau de satisfação do egresso.

os padrões de qualidades exigidos pelas Condições de Ensino estabelecidas pelo

MEC.

Assim, os indicadores fornecem subsídios para a tomada de decisões destinadas a

melhorias do ensino. Permitem acompanhar a qualidade do ensino, ao longo dos anos, mediante

a comparação dos resultados.

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Em relação à avaliação dos professores, a CPA contabiliza os resultados e a coordenação

entrega os resultados pessoalmente a cada docente, discutindo estratégias para melhoria do

desempenho, quando necessário.

Já em relação aos eventos do curso, as avaliações são levadas e discutidas nas reuniões de

colegiado e NDE, com intuito de averiguar pontos fortes e fracos para serem melhor trabalhados

nos próximos eventos.

O resultado dos demais itens avaliados tambem serão discutidos e de posse desses

resultados, a coordenação apresenta/discute em reunião de Planejamento com os docentes e

define ações a serem realizadas para melhorar o desempenho acadêmico dos discentes e logo

após defini um Plano de Ação para cada ano.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A auto-avaliação está configurada como olhar geral sobre todos os processos

institucionais e é feito pela comunidade acadêmica e a comunidade externa através de suas

representações na Comissão Própria de Avaliação – CPA. Assim, pode-se afirmar que a

autoavaliação gera autoconhecimento, que pode ser ponderado como aspecto gerencial e para provocar

ações de aperfeiçoamento.

Quando realizada de forma metódica, a avaliação das instituições de ensino funciona como uma

oportunidade de aprendizado sobre a própria organização e também como instrumento de internalização

dos princípios e práticas da excelência em gestão.

Portanto, o processo de avaliação é complementado pelo planejamento da melhoria da gestão das

IES, ou ainda, o planejamento da melhoria da gestão das IES é consequência do resultado de uma

autoavaliação.

Pode-se observar durante a pesquisa que o Centro Universitário São Camilo ES disponibiliza de

uma CPA bem estruturada e os indicativos geradas no setor são considerados para a tomada de decisão

dos gestores, a nivel administrativo e pedagógico, para oferecer melhorias na qualidade de ensino da

Instituição. As avaliações são discutidas e transformadas num Plano de Ação anual, por curso de

graduação.

Vale ressaltar que a qualidade no ensino superior esta ligado ao reconhecimento social., uma vez

que são os membros da sociedade que a legitima ao escolherem para si ou para seus filhos como a

instituição mais conveniente. Mas, apesar do reconhecimento social, de outro lado está a razão desse

reconhecimento social baseada na eficiência dos melhores resultados e eficácia nos resultados atingidos

de uma gestão, que identificou as deficiências e potencialidades da instituição e planejou ações futuras

pensando em melhorias do desempenho da mesma.

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Assim, conclui-se que a autoavaliação institucional não deve ser vista apenas como instrumento

de recolhimento de dados, além de monitorar a qualidade do desempenho da IES e influenciar no

processo decisório da mesma, cria uma cultura de mudança institucional ao demonstrar aos segmentos

envolvidos que suas participações estão sendo consideradas.

Muitas instituições de ensino ainda enxergam a avaliação institucional apenas como forma de

controle do Estado. Observa-se que a autoavaliação deve ser vista como uma ferramenta que gera

subsídios em um processo de tomada de consciência (individual e coletiva), que leva a instituição ao

autoconhecimento, para gerar um planejamento estratégico, direcionador de mudanças e melhorias. Frisa-

se que a CPA - Comissão Própria de Avaliação tem um papel essencial nesse fazer avaliativo, pois é a

gestora de tal processo.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Presidência da República. Constituição da República Federativa do Brasil 1988. Diário

Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 5 de out. 1988. p. 1.

______. Presidência da República. Lei n. 10.861, de 14 de abril de 2004. Institui o Sistema

Nacional de Avaliação da Educação Superior -SINAES e dá outras providências. Diário Oficial

da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 15 de abr. 2004. Seção I - p. 3.

DARDENGO, V. M. Avaliação Institucional: a tessitura de uma experiência. São Paulo:

Centro Universitário São Camilo – SP, 2007.

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Gestão de IES: da teoria à prática. Brasília: FUNADESP, 2000.

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Itapemirim-ES, novembro de 2012.

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ZAINKO, M. A. S. Políticas Públicas de Avaliação da Educação Superior: conceitos e desafios.

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