A beleza está nos olhos do observador. - unigaia-brasil.org fileseus alimentos, seviços e outras...

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A beleza está nos olhos do observador.

Um bom design depende de uma relação livre e harmoniosa entre a natureza e as pessoas, no qual uma observação cuidadosa e uma visão holística definem a inspiração, o conjunto e os padrões. Isso não é algo que se gera no isolamento, mas através de interação recíproca e contínua com o tema em questão.

A Permacultura serve-se destas condições para conscientemente se planejar para o futuro declínio energético.

Em grupos de caçadores e pequenas sociedades agrícolas, o ambiente natural provem tudo que é necessário, junto com o esforço humano exigido para colher os resultados. Em sociedades pré-industriais com altas densidades populacionais, a produção agrícola dependia de grandes e contínuos abastecimentos de cultivos humanos. A sociedade industrial depende de grandes e contínuos abastecimentos de combustíveis fósseis prover seus alimentos, seviços e outras utilidades. Permacultores utilizam a observação cuidadosa e a visão holística para reduzir a dependência de grandes cultivos, de energias não renováveis e de alta tecnologia.

Assim, a agricultura tradicional era concentrada em cultivos, a agricultura industrial é concentrada em energia, e o sistema de planejamento permacultural é intenso em informações e planejamento.

Num mundo em que a quantidade de observações e interpretações secundárias (medianas) ameaça nos afundar, os imperativos renovar e expandir nossa habilidade de observação (de todas as formas) é pelo menos tão importante quanto a necessidade de filtrar e encontrar sentido no dilúvio de informações medianas. Aprimorar habilidades de observação e a interação de reflexões são também prováveis origens de soluções criativas, mais do que bravas conquistas em novos campos de conhecimento especializado pelos exércitos da ciência e tecnologia.

O símbolo para este princípio é uma pessoa como uma árvore, enfatizando-nos na natureza e transformados por ela. Esse símbolo também pode ser visto como o buraco da fechadura na natureza através do qual podemos ver a solução.O provérbio "a beleza está nos olhos do observador" nos faz lembrar que o processo de observação influencia a realidade e que devemos ser sempre sensatos sobre verdades e valores absolutos.

Não coloque todos os seus ovos numa única cesta.

O spinebill e o beija-flor tem bicos longos e capacidade para se manter se manter no mesmo lugar no ar, uma perfeita combinação para sorver o néctar de flores longas e delgadas. Essa estraordinária coadaptação evolucionária simboliza a especialização da forma e da função na natureza.

A grande diversidade de formas, funções e interações na natureza e na humanidade são a fonte da complexidade sistêmica que evolui ao longo dos tempos. O papel e o valor da diversidade na natureza, cultura e Permacultura são dinâmicos, complexos e às vezes aparentemente, contraditórios em si mesmos. A diversidade necessita ser vista como resultado do equilíbrio e da tensão existente na natureza entre variedade e possibilidade de um lado, e de produtividade e força do outro.

Hoje se reconhece amplamente que a monocultura é uma causa importante da vulnerabilidade de pragas e doenças e, portanto, do uso indiscriminado de agrotóxicos e energia para seu controle. A policultura é uma das mais importantes e amplamente reconhecidas aplicações do uso da diversidade, mas absolutamente, não é a única.

A diversidade dos vários sistemas de cultivo reflete as características peculiares da natureza e situação do local e contexto cultural. A diversidade das estruturas, tanto de entes vivos como de construções, é um aspecto importante deste princípio, assim como a diversidade entre espécies e populações, inclusive em comunidades humanas.

O provérbio “Não coloque todos os seus ovos numa única cesta” incorpora o entendimento popular que a diversidade proporciona um seguro contra as peças que a natureza e a vida cotidiana nos pregam.

Não pense que está no caminho certo somente porque ele é o mais batido.

O ícone do sol subindo no horizonte e um rio em primeiro plano nos mostra um mundo composto por contornos e bordas.

Os estuários nas zonas de maré constituem uma interface complexa entre a terra e o mar e podem ser vistos como um grande mercado ecológico de troca entre esses dois grandes domínios de vida. A [água rasa permite a penetração da luz solar que possibilita o crescimento de algas e plantas, proporcionando também áreas onde as aves aquáticas buscam alimento. A água doce dos rios que drenam as micro bacias escoa sobre a água salgada, que é mais densa e que oscila entre as marés, redistribuindo nutrientes para inúmeras formas de vida ai presentes.

Dentro de cada ecosistema terrestre, o solo vivo, que pode ter apenas alguns centímetros de profundidade, é uma borda ou interface entre o subsolo mineral, sem vida, e a atmosfera. Para todo tipo de vida terrestre, inclusive para nós humanos, essa é a mais importante de todas as bordas. Solos profundos, bem aerados e drenadossão como uma esponja, uma ótima interface capaz de manter plantas saudáveis e produtivas. Apenas um número limitado de espécies resistentes pode viver em solos rasos, compactos e pouco drenados que apresentam uma interface insuficiente para a vida.

As artes marciais e as tradições espirituais consideram a visão periférica como sendo um sentido crítico, além dos nossos cinco sentidos, que nos conecta a um mundo bem diferente do mundo que enxergamos com a nossa visão focalizada.Este princípio reforça a idéia de manter a consciência e fazer uso das bordas e aspectos marginais em qualquer escala, em qualquer sistema. Qualquer que seja nosso objeto de atenção, precisamos nos lembrar que são nas margens e bordas de qualquer coisa ou sistema que os eventos mais interessantes acontecem; um design que vê as bordas como uma oportunidade e não como um problema provavelmente será mais bem sucedido e adaptável. Neste processo, nós descartamos as conotações negativas associadas com a palavra “marginal” para fazer ser visto o valor em elementos somente contribuem de forma periférica para uma função ou sistema

O provérbio “Não pense que está no caminho certo somente porque ele é o mais batido” nos lembra que as coisas mais comuns, óbvias e populares não são necessariamente as mais significativas ou de maior influência.

A verdadeira visão não é enxergar as coisas como elas são hoje, mas como serão no futuro.

Este princípio tem duas vertentes: realizarmos um design levando em conta as mudanças de forma deliberada e cooperativa e respondermos de criativamente ou adaptarmos o design às mudanças de larga escala do sistema que escapam ao nosso controle e influência.A aceleração da sucessão ecológica dentro de sistemas de cultivo é a expressão mais comum deste princípio na prática e literatura de Permacultura. Esses conceitos também tem sido aplicados para facilitar a compreensão de como as mudanças sociais e organizacionais podem ser estimuladas de maneira criativa. Da mesma forma como usamos uma gama mais ampla de modelos ecológicos para mostrar como podemos fazer uso da sucessão, agora vejo isso no contexto maior do uso das mudanças e das nossas respostas a elas.

Em Permacultura Um nós verificamos que, apesar da estabilidade ser um importante aspecto da Permacultura, mudanças evolutivas são essenciais. A Permacultura diz respeito à durabilidade de sistemas vivos naturais e da cultura humana, mas essa durabilidade paradoxalmente depende em grande parte de certo grau de flexibilidade e mudança. Muitas estórias e tradições trazem o tema que diz que dentro da maior estabilidade estão as sementes da mudança. A ciência nos mostrou que o que é aparentemente sólido e permanente pode ser, no nível celular e atômico, uma furiosa massa de energia e mudanças, analogamente às descrições de certas tradições espirituais.

A borboleta, que é a transformação de uma lagarta, é o símbolo de uma idéia de mudança adaptativa que é mais estimuladora do que ameaçadora.

Enquanto é importante integrar esse entendimento de fluidez e mudanças contínuas na nossa consciência diária, a aparente ilusão de estabilidade, permanência e sustentabilidade se resolve pelo reconhecimento de que a natureza das mudanças depende da escala, discutido no princípio 7: Design partindo de padrões para chegar aos detalhes. Em qualquer sistema em particular, as mudanças rápidas, de pequena escala e duração dos seus elementos contribuem, para uma estabilidade de ordem mais elevada do próprio sistema. Vivemos e agimos num contexto histórico de rotatividade e mudanças em sistemas de múltiplas e grandes escalas e isso gera uma nova ilusão de mudança sem fim, sem qualquer possibilidade de estabilidade ou sustentabilidade. Um sentido sistêmico e contextual do equilíbrio dinâmico entre estabilidade e mudança contribui para o design que é evolucionário mais do que acidental.

O proverbio “A verdadera visão não é enxergar as coisas como elas são hoje, mas como serão no futuro” enfatisa que entender a mudança é muito mais que a projeção de gráficos estatísticos mostrando tendências. Também estabelece uma ligação cíclica entre este ultimo princípio de design e o primeiro, sobre observação.

Produza feno enquanto faz sol.

Nós vivemos num mundo de abundância sem precedentes, resultante da extração dos enormes reservatórios de combustíveis fósseis criados pela Terra ao longo de bilhões de anos. Nós temos utilizado essa abundância para incrementar nossa coleta de recursos renováveis da Terra levando a um grau insustentável. A maioria dos impactos adversos ocasionados por essa extração descomedida estão surgindo, enquanto a disponibilidade de combustíveis fósseis entra em declíneo. Em linguagem financeira, nós temos vivido sobre um consumo global que ocorre de forma tão veloz que levará qualquer negócio a falência.

Nós precisamos aprender como salvar e reutilizar a maioria desta abundância que atualmente estamos consumindo ou desperdiçando, de forma que nossas crianças e descendentes tenham uma vida digna. A base ética para este princípio dificilmente será clara. Infelizmente, a noção convencional de valores, capital, investimento e riqueza não são úteis neste trabalho.

Conceitos inapropriados de riqueza tem nos levado a ignorar oportunidades de captar vazões locais tanto de energias renováveis como não renováveis. Identificar e agir sobre essas oportunidades pode fornecer a energia pela qual nós podemos reconstruir o capital, bem como proporcionar um rendimento para nossas necessidades imediatas.

Este princípio diz respeito à captação e armazenamento de energia a longo prazo, ou seja, poupando e investindo para a construção de capital natural e humano. A geração de renda (para necessidades imediatas) é tratado no Princípio 3: Obter um rendimento.

O símbolo do sol capturado em uma garrafa sugere a preservação do excedente sazonal e uma variedade de modos de capturar e armazenar energia, tradicionais e modernos. Reflete também a lição básica da ciência biológica: Toda e qualquer vida é, direta ou indiretamente, dependente da energia solar captada pelas plantas.

O provérbio "Produza feno enquanto faz sol" nos lembra que temos tempo limitado para capturar e armazenar a energia antes da abundância sazonal ou casual ser dissipada.

Você não pode trabalhar de estômago vazio.

O princípio anterior centrou a nossa atenção sobre a necessidade de utilizar riquezas existentes para fazer investimentos a longo prazo no capital natural. Mas não há nenhum ponto abrangendo a possibilidade de plantar florestas para nossos netos, já que nós não temos o suficiente para comer hoje.

Este princípio nos lembra que devemos conceber qualquer sistema de forma que forneça a auto-suficiência em todos os níveis (inclusive nós mesmos), usando energia captada e armazenada de forma eficaz para mantê-lo e capturar mais energia. De um modo geral, flexibilidade e criatividade para encontrar novas maneiras de obter um rendimento serão cruciais com o declínio do atual modelo energético.

Sem rendimentos verdadeiramente úteis e imediatos, qualquer coisa que planejarmos e desenvolvermos, tenderão a degenerar, enquanto elementos que geram rendimento imediato irão proliferar. Se nós atribuirmos isso à natureza, às forças de mercado ou à ganância humana, os sistemas que mais efetivamente obtêm rendimento e o utilizam mais eficientemente para satisfazer as necessidades de sobrevivência, tendem a prevalecer sobre outras alternativas. Um rendimento, lucro ou renda funciona como uma recompensa que encoraja, mantém e/ou replica o sistema que gerou este rendimento. Desta forma, sistemas bem sucedidos se disseminam. Em linguagem de sistemas, essas recompensas são chamadas de fendas de feedback positivo que amplificam o processo ou sinal original. Se levamos a sério a concepção de soluções sustentáveis, então temos de estar à procura de recompensas que incentivam o sucesso, crescimento e reprodução dessas soluções.

A visão original sobre Permacultura oferecida por Bill Mollison, com jardins de alimentos e plantas úteis, em vez de plantas ornamentais sem uso doméstico é ainda um importante exemplo da aplicação deste princípio. O símbolo do vegetal com uma mordida mostra a produção de algo que nos dá um rendimento imediato, mas também nos lembra de outras criaturas que estão tentando obter um rendimento de nossos esforços.

Os pecados dos pais recaem sobre os filhos até a sétima geração.

Este princípio trata dos aspectos auto-reguladores do desing permacultural que limitam ou desencorajam o crescimento ou o comportamento inadequado. Com melhor compreensão de como os feedbacks positivos e negativos funcionam na natureza, nós podemos projetar sistemas que são mais auto-reguladores, reduzindo assim o trabalho envolvido no gerenciamento de correções árduas e repetitivas.

O Feedback é um conceito de sistemas que tornou-se comum na engenharia eletrônica. Princípio 3: A obtenção de rendimento descreve o feedback da energia armazenada que auxilia na obtenção de mais energia, um exemplo de feedback positivo. Esta situação pode ser vista como um acelerador para impulsionar o sistema em direção a energia disponível espontaneamente. Da mesma forma, o feedback negativo é o freio que evita que o sistema caia em situações de escassez e instabilidade por uso excessivo ou inapropriado da energia. Os organismos e indivíduos adaptam-se ao feedback negativo dos sistemas da natureza em larga escala e comunidades desenvolvem a auto-regulação para evitar e anular as duras consequências de feedbacks negativos externos.

A auto-manutenção e a regulação de sistemas podem ser vistas como o cálice sagrado da Permacultura: um ideal que nós nos esforçamos para alcançar, mas talvez nunca o faremos completamente.

Sociedades tradicionais reconheciam que os efeitos de feedbacks negativos externos, geralmente aparecem de forma lenta. As pessoas necessitavam de explicações e avisos, como “Os pecados dos pais recaem sobre os filhos até a sétima geração” e “leis do karma” as quais funcionam num mundo de almas reencarnadas.

Na sociedade moderna, nós temos que admitir uma enorme dependência da larga-escala, frequentemente afastados, sistemas para suprir nossas necessidades, enquanto esperamos um enorme grau de liberdade no que realizamos sem controle externo. De certa forma, toda a nossa sociedade é como um adolescente que quer ter tudo, neste exato momento, porém sem conseqüência alguma.

Muitos dos aspectos de desequilíbrio ecológico em nossos sistemas resultam da nossa negação da necessidade de auto-regulação e sistemas de feedback que controlam comportamentos inapropriados simplesmente devolvendo as consequências deste comportameto diretamente para nós. A canção de John Lennon “Instant Karma” sugere que iremos colher o que semeamos muito mais rápido do que imaginamos. A rapidez das mudanças e a crescente globalização podem ser a concretização desta visão.

A hipótese de Gaia, de que a Terra é um sistema auto-regulatório, como qualquer organismo vivo, torna a imagem Terra adequada para representar este princípio. Evidências científicas da excelente capacidade da Terra de manter seu equilíbrio interno por centenas de milhares de anos, a destaca como um típico sistema auto-regulatório, o que estimula a evolução e a continuidade, dos seus organismos e sub-sistemas.

Deixe a natureza seguir seu curso

Recursos renováveis são aqueles que se renovam e são repostos pro processos naturais dentro de determinados períodos, sem a necessidade de utilização de recursos não-renováveis. Na linguagem da economia, recursos renováveis podem ser vistos como nossa fonte de renda, enquanto os não-renováveis como o capital ativo. Gastar o nosso capital ativo diariamente torma a sobrevivência insustentável em qualquer linguagem. O design permacultural tem como objetivo fazer o melhor uso possível de recursos naturais renováveis para gerenciar e manter produções e rendas, mesmo se a utilização de recursos não-renováveis se fizer necessária durante o estabelecimento do sistema.

No restabelecimento do equilíbrio do uso entre recursos renováveis e não-renováveis, frequentemente se esquece que essas “novas idéias”, não faz muito tempo, eram regra geral. A piada que diz que o varal é um secador solar é divertida porque com ela reconhecemos que fomos ludibriados a usar geringonças complexas e desnecessárias para executar tarefas simples.

Serviços renováveis (ou funções passivas) são aqueles que adquirimos das plantas, animais e do solo vivo e da água, sem que estes sejam consumidos. Por exemplo, quando utilizamos uma árvore para retirar madeira estamos utilizando um recurso renovável, mas quando a utilizamos para sombreamento ou abrigo, recebemos benefícios através da árvore que não esta sendo consumida. Essa simples compreensão é obvia e ainda poderosa no replanejamento de sistemas em que muitas funções simples tem dependido do uso insustentável de recursos não renováveis.

O design permacultural deveria buscar o melhor uso de senviços ambientas não consumíveis para minimizar nossas demandas de consumo de recursos e enfatizar a possibilidade de uma interação harmoniosa entre homem e natureza. Não existe exemplo mais importante na história da prosperidade humana derivada da utilização de serviços ambientais do que nossa domesticação e uso de cavalos para transporte, cultivo do solo e uso da força para diversos usos. A proximidade com animais domésticos como os cavalos também propiciou um contexto empático para estender a ética humana e incluir a natureza em suas preocupações.

O provérbio “Deixe a natureza seguir seu curso” nos recorda que a intervenção humana e a complexidades de processos podem tornar as coisas piores e nós devemos respeitar e valorizar a inteligência/lógica em sistemas e processos biológicos.

Não desperdice para que não lhe falteUm ponto na hora certa economiza nove

Este princípio trás em conjunto, valores tradicionais de parcimônia e cuidados com bens materiais, com o foco na preocupação com poluição, e numa perspectiva mais radical que vê desperdícios como recursos e oportunidades.

O processo industrial que sustenta a vida moderna pode ser caracterizado por um modelo de implemento-produto no qual os implementos são materiais naturais e energia enquanto os produtos são materiais e serviços proveitosos. Entretanto, quando recuamos neste processo e analisamos a longo prazo, podemos observar todos esses produtos úteis terminarem como rejeitos (principalmente em montanhas de lixo) e até mesmo o mais etéreo dos serviços exigiu a degradação de energia e recursos. Este modelo pode ser melhor caracterizado por consumo-dejeto. A visão das pessoas como simples consumidores e excretadores pode ser biológica, mas não ecológica.Bill Mollison define um poluente como “um produto de qualquer componente do sistema que não é reutilizado de forma proveitosa por nenhum outro componente”. Essa definição nos encoraja a buscar alternativas para minimizar a poluição e o desperdício através do planejamento de sistemas que fazem uso de todos os seus produtos. Em resposta a uma questão sobre infestações permanentes de lesmas, Mollison costumava dizer que não havia excesso de lesmas, e sim falta de patos

A minhoca é uma figura adequada para este princípio por que se alimenta de restos vegetais, os quais são convertidos em húmus, que melhora a qualidade do solo para seus microorganismos e plantas. Assim a minhoca, como todos os seres vivos, fazem parte de uma teia onde os produtos de um são os insumos para o outro.

O provérbio “Não desperdice para que não lhe falte” nos lembra que é fácil ser devastador quando existe a abundância, mas esta ação pode ser a causa de futuras adversidades. “Um ponto na hora certa economiza nove” nos reforça o valor do sustento, no tempo ideal, da prevenção de desperdícios e do trabalho que envolve a reparação e restauração de recursos.

As vezes as árvores nos impedem de ver as florestas

Os seis primeiros princípios tendem a considerar os sistemas de uma perspectiva dos elementos, organismos e pessoas de baixo para cima. Os demais seis princípios tendem a enfatizar a perspectiva de cima para baixo dos padrões e relações que tendem a emergir por meio da auto-organização e co-evolução dos sistemas. Os traços comuns dos padrões observáveis na natureza e na sociedade nos permitem não apenas entender o que enxergamos, mas também usar um padrão de um contexto e escala para o planejamento em outros sistemas. O reconhecimento dos padrões é resultado da aplicação do princípio 1: Observar e interagir, sendo necessariamente o precursor do processo de design.

A aranha na sua teia, com padrões de linhas concêntricas e radiais, evocam o planejamento de áreas por zonas e setores, o aspecto mais conhecido e talvez o mais amplamente aplicado em disign de Permacultura. O padrão desta teia é claro, mesmo que os detalhes variem sempre.

A modernidade se orientou no sentido de desarrumar qualquer intuição ou bom senso sistêmico que pode ordenar a imensa variedade de opções e possibilidades do design que se apresentam em todos os campos da atividade humana. Esse problema de enfocar a complexidade do detalhe resulta no design de elefantes broncos, que são grandes e imponentes, mas não funcionam, ou monstros sagrados que consomem toda nossa energia ou recursos, sempre ameaçando escapar do nosso controle. Oos sistemas complexos que funcionam tendem a evoluir a partir de sistemas simples que funcionam de forma que, encontrar o padrão adequado para aquele design é ais importante que entender todos os detalhes dos elementos do sistema.

O provérbio “As vezes as árvores nos impedem de ver a floresta” nos faz lembrar que os detalhes tendem a desviar nossa percepção da natureza do sistema; quanto mais perto nos aproximamos, menor será nossa capacidade de entender a questão como um todo.

Muitos braços tornam o fardo mais leve.

Em todos os aspectos da natureza, desde o funcionamento interno dos organismos até ecossistemas inteiros, encontramos conecxões entre as coisas que são tão importantes quanto elas mesmas. Desta forma, o objetivo de um design auto-regulado e functional é dispor os elementos de tal maneira que cada um deles satisfaça a necessidade e aceite os produtos dos demais elementos.

Nosso viés cultural de focalizar a complexidade dos detalhes nos leva a ignorar a complexidade dos inter-relacionamentos. A nossa tendência é sempre optar pela segregação dos elementos como a estratégia padrão de design para reduzir a complexidade dos relacionamentos. Essas soluções r em parte devido ao nosso método científico reducionista que separa os elementos para estudá-los isoladamente. Qualquer consideração de como eles funcionam como parte de um sistema integrado tem sempre por base as conclusões tiradas do seu estudo quando isoladas do sistema.

Este princípio focalize mais detalhadamente os vários tipos de relacionamentos que aproximam os elementos em sistema mais estreitamente integrados, e os métodos de design mais avançados de comunidade de plantas, animais e pessoas para obter benefícios desses relacionamentos.

A habilidade de um designer para criar sistemas que sejam estreitamente integrados depende de uma visão de uma série de inter-relacionamentos do tipo chave-fechadura, côo nas peças de um quebra-cabeças, que caracterizam as comunidades ecológicas e sociais. Assim como num design pré-definido, temos que antecipar e acomodar as interações ecológicas e sociais efetivas que se desenvolvem a aprtir da auto-organização e crescimento.

O ícone deste princípio pode ser visto como uma visão de cima para baixo de um círculo de pessoas ou elementos formando um sistema integrado. O centro aparentemente vazio representa o sistema abstrato integral que surge da organização dos elementos e que também lhes dá forma e caráter.

Ao desenvolver a conscientização da importância dos inter-relacionamentos no design de sistemas auto-suficientes, duas informações presentes nos ensinamentos e na literatura de Permacultura são de importância fundamental:

Cada elemento exerce muitas funções Cada função importante é apoiada por muitos elementos

As conexões ou inter-relações entre os elementos de um sistema integrado pode variar bastante. Alguns podem ser predatórios ou competitivos, outros são cooperativos ou mesmo simbióticos. Todos esses tipos de inter-relacionamentos podem ser benéficos na construção de uma comunidade ou sistema integrado forte, mas a Permacultura enfatiza fortemente e construção de inter-relacionamentos benéficos e simbióticos. Essa recomendação se baseia em duas crenças:

Temos uma disposição cultural para enxergar e acreditar em inter-relacionamentos predatórios e competitivos, deixando de lado os inter-relacionamentos cooperativos e simbióticos, na natureza e na cultura.* inter-relacionamentos cooperativos e simbióticos serão mais adaptados num futuro de energia decrescente.A Permacultura pode ser vista como parte de uma tradição de conceitos que enfatizam os inter-relacionamentos mututalistas e simbióticos em relação aos demais que são competitivos e predatórios. A disponibilidade decrescente de energia vai vai deslocar a percepção geral desses conceitos de um idealismo romântico para uma necessidade prática.

Quanto mais alto, pior a queda.Devagar e sempre se ganha a corrida.

Os sistemas devem ser projetados para executar funções na menor escala que seja prática e eficiente no uso de energia para aquela função.

A escala e a capacidade humana deveriam ser a unidade de medida para uma sociedade sustentável democrática e humana. Sempre que fizermos qualquer coisa de natureza auto-suficiente e independente – produzir alimentos, consertar um eletrodoméstico, manter nossa saúde, estamos fazendo um uso eficaz e poderoso deste princípio. Sempre que fizermos nossas compras de pequenos comerciantes locais ou contribuímos para questões ambientais e de comunidade local, também estaremos aplicando este princípio.

A velocidade de movimentação de materiais e pessoas (e outros seres vivos) entre sistemas deveria ser minimizada. A redução da velocidade reduz a movimentação total, aumentando a energia disponível para a auto-dependência e autonomia do sistema.

A velocidade, especialmente em movimentos pessoais, gera altos níveis de estimulação que abafam a delicadeza e a tranqüilidade. Por exemplo, quando dirigimos para um novo destino, estamos estimulados pela nova paisagem. Quando viajamos na mesma rota regularmente, podemos notar diferenças sutis, mas geralmente nós perdemos o interesse e ficamos entediados. Entretanto, se fazemos a mesma rota de bicicleta ou caminhando, nossos olhos, ouvidos, pele e nariz estão abertos para um novo mundo de estímulos sutis que a limitação e velocidade do carro nos impede de perceber.

A concha de um caracol é pequena o suficiente para ser carregada nas suas costas e também capaz de desenvolver-se. Com seus pés lubrificados, o caracol pode facilmente atravessar qualquer tipo de terreno. Ainda que seja o terror dos jardineiros, o caracol é um ícone apropriado para demonstrar a pequena escala e a baixa velocidade.

O provérbio Quanto mais alto, pior a queda nos faz lembrar de uma das desvantagens de crecimento e tamanho excessivo. Por outro lado o provérbio Devagar e sempre se ganha a corrida é um dos muitos que estimulam a paciência, ao mesmo tempo que trás uma reflexão sobre uma realidade comum na natureza e na sociedade.