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- GUIA DE LEITUR A -PA R A O P R O F E S S O R
A caixa de Klara
Rachel van KooijIlustrações Sandra JáveraTradução Hedi GnädingerSérie laranja nº 31240 páginas
o livro Klara Meindert é uma professora muito querida.
Amiga dos alunos, ela tem o dom de transformar cada aula
em uma aventura inesquecível. As crianças do quarto ano,
suas preferidas, são as primeiras a saber de sua grave doença.
A princípio, acreditam que a professora conseguirá comba-
ter o “monstro” que está em sua barriga. Porém, após um
tratamento malsucedido contra o câncer, a própria Klara
decide contar aos alunos que em breve morrerá. A partir de
então, lidando com o medo e as questões suscitadas pela
notícia da separação iminente, alunos e professora buscam
se despedir com coragem, tentando não temer o que se
avizinha. Diante da inevitabilidade da morte de Klara, as
crianças decidem construir um caixão para ela: na verdade,
uma caixa colorida, na qual Julius e seus colegas deixam
registradas as mais bonitas experiências que viveram ao
lado da professora, elaborando, assim, a dor da perda, em
um delicado processo de luto.
a autora Rachel van Kooij nasceu em 1968, em Wageningen, Holanda, e mudou-se com a família para a Áustria aos 10 anos. Pedagoga pela Universidade de Viena, trabalha como te-rapeuta de pessoas com necessidades especiais e estreou na literatura infantojuvenil em 2000. Sua obra transita por questões sensíveis como adoção, deficiência, velhice, excentricidade e morte. A caixa de Klara é seu primeiro livro publicado no Brasil.
a ilustradora Sandra Jávera é paulistana, formada pela Faculdade de Arquitetura e Ur-banismo da Universidade de São Paulo (FAU--USP). Completou seus estudos no InstitutoTomie Ohtake e no Museu de Arte Contem-porânea da USP, em São Paulo, e na ParsonsSchool of Design e na School of Visual Arts,em Nova York, Estados Unidos, onde vive.Além de ilustradora de livros, revistas e jor-nais, é ceramista.
TEMAS Morte / Luto / Amadurecimento / Amizade
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INTERPRETANDO O TEXTO
a morte não é um a coisa se m im p ortância
Quando Julius, personagem central de A caixa de Klara, conta
para a mãe que o fundo da classe será transformado em uma
praia, onde sua professora aproveitará seus últimos momentos,
é surpreendido por uma veemente repreensão:
– Sabe, Julius, [...] você tem de entender. A morte não é uma
coisa sem importância. Até nós, adultos, temos dificuldade de
lidar com ela. Vocês todos ainda são crianças, e ela [a professora]
devia ter levado isso em conta. (p. 22)
Assim que profere seu julgamento, a mãe liga para outros
pais da turma, procurando impedir que Klara passe seus últimos
dias convivendo com as crianças.
Essa reação não é incomum: encarar a perda definitiva de
alguém próximo e querido é algo doloroso. Quando se trata de
falar sobre morte com crianças, as dificuldades se intensificam.
Pode-se acreditar que elas não têm maturidade suficiente para
lidar com o assunto e, diante disso, muitos adultos preferem o
silêncio como forma de protegê-las do sofrimento.
A narrativa de A caixa de Klara, no entanto, revela outras pos-
sibilidades de lidar com a questão, tomando como foco a trajetória
vivenciada pelos personagens infantis. Ao olhar para as crianças
(e para nós mesmos) de modo inverso àquele proposto pela mãe
de Julius, percebe-se que elas (assim como nós, adultos), com
o repertório próprio à idade, procuram meios simbólicos para
lidar com esse evento inevitável, por mais abominável que seja.
É essa a proposta de Julius e de seus colegas: acompanhar Klara
em seus dias finais e, com ela, descobrir a melhor maneira de
lidar com a despedida e a saudade. Um ato simples, que contém
em si a maior dose de coragem que puderam reunir.
Este é o maior valor de A caixa de Klara: o fato de a ficção
abordar o tema da morte no contexto da infância de forma
direta, sem subterfúgios. Hoje se sabe que falar claramente
* Os destaques remetem ao item Mergulhando na temática.
ficção
Do ponto de vista da psicologia infantil, a ficção pode constituir um bom aliado tera-pêutico, auxiliando as crianças a nomear seus medos e angústias. Para o psicanalista Bruno Bettelheim (1903-90), esse é o caso dos contos de fadas, narrativas capazes de restaurar significados na vida e confrontar os pequenos com os “predicados humanos bá-sicos” de forma respeitosa e honesta, pois, além de entreter, põem em cena questões existenciais. Em seu livro A psicanálise dos contos de fadas (Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002), ele afirma:
Os contos de fadas transmitem à criança de forma múltipla que uma luta contra dificuldades graves na vida é inevitável, é parte intrínseca da existência humana – mas que, se a pessoa não se intimidae se defronta de modo firme com asopressões inesperadas e muitas vezesinjustas, ela dominará todos os obstácu-los e, ao fim, emergirá vitoriosa.
Mergulhando na temática
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sobre o tema pode ajudar as crianças a superar a perda, pos-
sibilitando-lhes empreender um trabalho bem-sucedido de
luto, enquanto o silêncio sobre o assunto gera desamparo ou,
em casos mais graves, favorece estados melancólicos.
Julius e sua mãe exemplificam bem esses dois modos de
encarar perdas significativas. Enquanto o menino une forças
para olhar a morte de frente e ultrapassá-la simbolicamente,
sua mãe vive presa na perda de Julia, irmã de Julius falecida
durante a gestação. É o menino que, tentando elaborar a morte
da professora, leva a mãe a libertar-se do próprio luto, permitin-
do que pouco a pouco ela fale sobre o assunto, demonstrando
assim que, em uma relação de confiança e respeito, as crianças
têm muito a ensinar aos adultos:
– O Fridolim está enterrado lá – diz Julius.
A mãe deixa a colher cair de volta na panela.
– Quem?
– O hamster da Elena – explica ele, estranhando que a mãe
tenha se assustado tanto. Será que ela pensou que era uma
pessoa? Mas elas não são enterradas em parques... – Ela...
– Uma ou duas colheres? – interrompe a mãe, pondo duas
colheres no prato de Julius sem esperar pela resposta.
Julius puxa o prato. “Então é assim”, pensa. Ninguém pode
falar sobre a morte, mas ele quer e precisa falar sobre a morte.
Ele olha para a mãe, que também encheu o prato e come
nervosamente.
[...]
Julius para de falar. Será que a mãe não percebeu mesmo
que ele precisa falar sobre isso? Sobre isso e sobre a professora
[...]? Talvez Julius queira falar sobre Julia, que nunca dormiu
no quarto cor-de-rosa. Mas a mãe continua comendo em
silêncio. Ela nem mastiga direito, como se quisesse engolir
as palavras de Julius, que não quer ouvir. (p. 85-6)
tr ansbordando de a mor
Os cem mais belos destinos turísticos da Europa é o livro que
Julius e seus amigos escolhem como lembrança de final de ano
para Klara. Originalmente seria um presente trivial, marcando
o encerramento de um ciclo: o término da primeira etapa do
Ensino Fundamental. No entanto, ao tomarem conhecimento
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da doença de Klara e de sua morte iminente, as crianças perce-
bem que o presente, tal como foi planejado, já não faz sentido.
“Ela não pode mais viajar a lugar nenhum!”, lamenta Elena
(p. 75). “Para esse tipo de despedida, não existe presente”
(p. 75), conclui Kátia. A ideia fica, então, suspensa.
Mas a angústia da perda premente acompanha a turma – e
é sentida especialmente por Julius e Elena. Tentando lidar com
esse sentimento nada brando que a doença de Klara provoca,
as crianças procuram mobilizar experiências de morte pelas
quais passaram a fim de compreender a situação. Elena conta
a Julius que já “enterrou alguém” – no caso, Fridolim, seu
hamster, cujo túmulo ela sempre visita e mantém enfeitado
com dentes-de-leão, sua comida predileta. Julius lembra-se
de seu coelho morto, que foi incinerado sem nenhum ritual.
Refletindo sobre o enterro de seu animalzinho de estimação e
questionando-se sobre as possibilidades de vida após a morte,
Elena conclui que Fridolim, por estar morto, talvez não se
importe com os presentes que lhe são destinados. E conclui:
“Eu que me sinto bem fazendo isso” (p. 80).
É nesse momento, elaborando juntos as vivências de
separação e os próprios sentimentos delas decorrentes, que
Elena e Julius decidem pelo presente de despedida para Klara.
O que há de inominável na angústia gerada pela morte poderá
ser deslocado para algo concreto, nomeável, que simbolize a
beleza da experiência vivida entre as crianças e a professora.
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Decidido então que, apesar das circunstâncias, seria, sim,
uma ótima ideia entregar um presente a Klara, Elena obser-
va certeiramente: “Uma pessoa não é um hamster” (p. 80).
Portanto, é preciso pensar em algo que não a magoe e a deixe
feliz. O presente adequado será também fruto de elaboração
das vivências experimentadas por Julius, Elena e os outros
colegas na tentativa de compreender as próprias sensações
diante da morte.
A dimensão coletiva perpassa praticamente todas as si-
tuações de enfrentamento da morte de Klara. Por exemplo,
Julius conta um sonho para Elena, em que ele e Klara são
fechados em uma terrível caixa preta sob uma tampa de ferro.
A partir daí, concluem juntos: o presente para a “profe”
será uma caixa “colorida, bonita e original, fora do comum.
Ela precisa, pelo menos, não ter mais medo da caixa preta”
(p. 153-4). Nesse episódio, também há, como em outros
trechos do livro, uma inversão entre os tradicionais papéis
adulto e infantil: as crianças é que ajudarão a professora a
lidar com o medo da morte.
Passado o susto e deixando de lado o tabu, a decisão das
crianças de construir um caixão para Klara está longe de ser
uma atitude reprovável, dado que é o meio concreto de
elaboração da perda encontrado por elas. Em vez de fugir
da realidade inevitável, as crianças a encaram, aceitando-a
pouco a pouco.
Como o leitor decerto notará, a construção da caixa, com a
imprescindível ajuda do avô de Julius, não é apenas perpassada
pela dor: transforma-se em alguns momentos em brincadeira.
É claro que os alunos sofrem, mas divertem-se, por exemplo,
enfeitando o caixão com memórias do que fora partilhado
entre eles e Klara, em um bonito processo de superação:
Nas faces internas [da caixa], todos juntos pintaram
muitas crianças. Crianças lendo, fazendo contas, pulando,
correndo, dormindo, rindo e chorando. E, em cada um
dos cantos, há uma criança parada, sem fazer nada, apenas
olhando para o céu, com uma das mãos levantada, como
que se despedindo. (p. 186)
Nesse processo conjunto de construção de um objeto
afetivo, os alunos podem, sobretudo, transformar a relação
que mantêm com a professora: da morte em diante, Klara
brincadeira
As brincadeiras infantis dão boas pistas sobre o que se passa na mente das crian-ças, dado que o brincar é um dos meios básicos de expressão dos sentimentos infantis. Por meio de projeções e desloca-mentos dos afetos em objetos concretos, as crianças podem reproduzir conflitos e elaborá-los. Como explica a psicanalista argentina Arminda Aberastury (1910-72) em seu livro A criança e seus jogos (Porto Alegre: Artmed, 1992), no qual discorre sobre as etapas do brincar em diversas faixas etárias:
O brinquedo possui muitas das carac-terísticas dos objetos mais banais, mas, pelo seu tamanho, pelo fato de que a criança exerce domínio sobre ele, pois o adulto outorga-lhe a qualidade de algo próprio e permitido, transforma-se no instrumento para domínio de situações penosas, difíceis, traumáticas, que se engendram na relação com os objetos reais. Além disso, o brinquedo é substi-tuível e permite que a criança repita, à vontade, situações prazenteiras e dolo-rosas que, entretanto, ela por si mesma não pode repetir no mundo real. (p. 15)
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será uma lembrança tão triste quanto bela. Antes de ser algo
“horrível” – como caracteriza a mãe de Julius ao descobrir o
que ele e os amigos estão fazendo –, o objeto em construção
ajuda a mitigar angústias de forma ativa, fazendo com que um
caixão transforme-se em uma caixa – um presente que trans-
borda amor.
de m ãos dada s com os per sonagens
A caixa de Klara é contada em terceira pessoa por um nar-
rador onisciente que mostra conhecer bem as ações e os
sentimentos dos personagens. Embora se mantenha bastante
próximo à perspectiva infantil, principalmente à de Julius,
sua onisciência é estratégica: ao transitar pelos diversos olha-
res dos personagens, relatando o que ainda não sabem, atua
como uma espécie de guia de Julius e seus pares no processo
de luto, assim como do leitor na elaboração do conteúdo dra-
mático da história.
Logo no início do livro, os olhares do narrador e de Julius
fundem-se na ansiosa observação dos dedos do menino, que
aguarda a professora Klara, já sabendo – mas não aceitando
– que ela morrerá muito em breve:
Olha fixo para elas [as mãos] e conta: dez dedos, cinco em
cada mão. Julius já os contou pelo menos quatro vezes, de
trás para frente e de frente para trás, como se alguém pudesse
roubá-los ao menor descuido. (p. 9)
Nesse mesmo episódio, o narrador compartilha com as
crianças o inconformismo pela morte de Klara e comenta após
o choro de Xandi: “Não pode acontecer uma coisa dessas. Não
na vida real, com pessoas que a gente conhece e ama” (p. 10).
Passado o momento inicial de negação, é também por meio
da voz do narrador, amalgamada à de Julius em vários mo-
mentos de discurso indireto livre, que vem à tona uma série
de dúvidas do menino: “Será que uma pessoa pode escolher
o lugar onde quer ser enterrada? Ela simplesmente é enterra-
da onde tiver espaço?”(p. 101). Dessa maneira, o leitor pode
acompanhar de perto, de mãos dadas com os personagens, os
percalços do processo pelo qual as crianças do livro passam, de
certo modo superando a situação e amadurecendo com elas.
narrador onisciente
Como onisciente que é, o narrador de A caixa de Klara toma, constantemente, certa distância para comentar ou revelar meandros de situações que escapam aos personagens. Nesse movimento, acaba se tornando, muitas vezes, uma voz que ampara, assumindo um papel típico dos adultos para com as crianças – sem que, com isso, se distancie da perspectiva e dos sentimentos infantis ou se transforme em dono da verdade. Por exemplo, não se furta a apontar se as decisões de Julius e de seus amigos estão certas ou erradas, mas sempre os apoia de algum modo para que continuem caminhando por um universo tão árduo e novo como o da morte:
Julius sentiu um frio na barriga. Ele sabe que é certo enterrar Julia dessa forma, mas ele também sabe que a mãe precisa de tempo para entender isso. (p. 99)
Se em alguns momentos acompanha o movimento de negação das crianças, em outros o narrador expõe ao leitor, com firmeza, a gravidade da situação:
Quando Julius chega em casa, sua cabe-ça está lotada de pensamentos. Não são pensamentos leves e engraçados, nem tampouco emocionantes. São angustian-tes, porque não tem uma resposta para eles [...] não se pode enganar a morte com uma brincadeira. Ela vem na hora que quiser. (p. 120-1)
Além disso, sonda os pensamentos e ações dos personagens adultos, para os quais o processo de luto em curso tam-bém é custoso:
Ela [a mãe de Julius] espera, mas o filho não diz nada. Em seguida, fecha a porta e deixa para trás Julius e tudo o que deixaram de conversar no escuro. Na sala, ela liga a televisão e muda de canal várias vezes, até parar em uma comédia. Ela precisa ver um filme, uma história em que todos estejam bem e saudáveis e que a vida lhes ofereça tudo o que desejam. (p. 199)
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No último capítulo, também por intermédio da voz do
narrador, o leitor acompanha os sentimentos emocionados
do marido de Klara diante da perda iminente. Com ele pode
vislumbrar o resultado dos muitos esforços empreendidos por
todas os personagens da narrativa em busca de alternativas
simbólicas para lidar com o inevitável. Nas poucas horas que
antecedem a morte de Klara, tudo o que o sr. Meindert quer é
estar sozinho com a mulher, mas é surpreendido pelas crian-
ças trazendo algo em um carrinho de mão. Está disposto a
mandá-las embora, porém é tocado pelo que vê e ouve delas.
Percebe então que a narrativa infantil, desenhada no caixão que
construíram para ela, contém todas as palavras que poderiam
ser ditas em um momento como aquele. E é assim, por meio
das crianças, que o sr. Meindert despede-se da mulher, e ela,
da vida. Amparada pelos melhores momentos vividos, Klara
sorri e finalmente sua chama se apaga:
Estranhamente, [o sr. Meindert] fica feliz por poder lhe con-
tar o que seus alunos construíram para ela [...] E enquanto ele
descreve a caixa para sua Klarinha, nos mínimos detalhes, ela
fecha os olhos, sorrindo, e nunca mais os abre. (p. 234)
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CONVERSANDO COM OS ALUNOS
antes da le itur a
Tendo em vista que o tema tratado em A caixa de Klara é
delicado, vale a pena introduzi-lo antes da leitura propria-
mente dita. Para tanto, selecione algumas ilustrações do livro
(a professora na cadeira de rodas; o hamster de Elena, já sem
vida, dentro de uma caixa; a construção do caixão pelas
crianças). Divida a turma em pequenos grupos e distribua
as ilustrações entre os alunos. Peça a cada grupo que elabore
narrativas curtas (de um ou dois parágrafos), com base nas
imagens e nas seguintes questões:
• Por que a mulher está em uma cadeira de rodas?
• O que o hamster faz dentro da caixa?
• O que as crianças estão construindo?
A atividade pode ser realizada em duas aulas. Na pri-
meira, divida os grupos, lance as questões e distribua as
ilustrações. Assim os alunos terão tempo suficiente para
refletir sobre as questões colocadas, debatê-las e criar suas
narrativas. Na aula seguinte, peça que cada grupo apresente
Indicações de livros
Para o aluno
• BOJUNGA, Lygia. Corda bamba. Rio deJaneiro: Casa Lygia Bojunga, 2007.
Maria recupera-se do choque de ter per-dido os pais equilibristas em um acidente.Na casa da avó, com quem tem dificul-dade de conviver, consegue aos poucoselaborar as perdas.
• CALI, Davide; SERGE, Bloch. Fico àespera. São Paulo: Cosac Naify, 2005.
A passagem da infância para a maturidadee posterior velhice, representadas em frasessucintas e imagens singelas que demarcamos ciclos de nossa existência.
• MINGAU, Muriel. No oco da avelã. SãoPaulo: Edições SM, 2013.
Um menino consegue salvar a mãe doente,aprisionando a morte dentro de uma avelã,mas pode a vida seguir seu curso sem afinitude por perto?
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a narrativa elaborada para o restante da classe. Pelo teor das
ilustrações e pelas questões postas, é possível que o tema da
morte surja. Após a exposição, introduza A caixa de Klara
para a turma.
dur ante a le itur a
Como se trata de um livro longo, vale a pena dividir a leitura
em blocos. Primeiro os alunos os leem em casa e depois alguns
trechos pré-selecionados são relidos em voz alta, em sala de
aula. Escolha trechos emblemáticos da história, que deem
ideia do conflito central e de sua resolução, e que demons-
trem a ambientação da história, os principais personagens e
a estrutura narrativa da obra.
A seguir, sugira aos alunos que se reúnam em grupos
(preferencialmente a mesma formação da atividade anterior),
escolham um episódio do livro de que mais gostaram (lido
em casa ou na sala de aula) e o representem em um cartaz
(por meio de ilustrações, fotografias ou colagens). Vale a pena
conciliar essa atividade com as aulas de Artes. Além de terem
a chance de trabalhar com materiais e suportes diferencia-
dos, eles poderão tomar contato mais aprofundado com as
ilustrações de Sandra Jávera, as quais vale a pena analisar.
Feito isso, solicite a cada grupo que exponha seu cartaz
aos demais, comentando sobre sua realização e justificando
a escolha dos episódios que serviram de inspiração. Isso esti-
mulará a percepção crítica dos alunos, levando-os a perceber
que estão fazendo uma atividade com muitas possibilidades
de aprofundamento. Além de lidar com o difícil tema do
livro e elaborá-lo, eles poderão relacionar a literatura a outras
manifestações artísticas, ampliando sua interpretação. Assim,
vale lançar questões como:
• Por que vocês selecionaram esse trecho da narrativa?
• De que modo o cartaz de vocês se relaciona com a his-
tória de Julius?
• Como foi o processo de construção do cartaz?
Finda a leitura do livro, os grupos terão produzido uma
série de cartazes que, juntos, poderão compor um interessante
painel expositivo.
• PRATES, Valquíria; CORAZZA, Bianca.Histórias do além: as sete vidas de Bertran.São Paulo: Edições SM, 2007.
Maria Elvira descobre, com muito pesar,que seu gato acaba de morrer. Para ela-borar a perda, vai buscar a visão da mortenas culturas egípcia, chinesa, mexicana,australiana e tapajó.
• VALDIVIA, Paloma. É assim. São Paulo:Edições SM, 2012.
Se nascer e morrer são apenas instantes,o que importa é desfrutar o presente e acompanhia dos outros. É o que mostra esselivro por meio de textos sensíveis e cenasrepletas de emoção.
Para o professor
• KEHL, Maria Rita. “As crianças e seusnarradores”.
Resenha sobre o livro Os contos de fadasno divã, que enfatiza o papel da ficçãopara as crianças, ajudando-as a narrar aprópria história. Disponível em: <www.mariaritakehl.psc.br/conteudo.php?id=80>.Acesso em: jan. 2015.
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elaboração do guia Carolina Serra
Azul (mestre em Teoria Literária e
Literatura Comparada pela Faculdade de
Filosofia, Letras e Ciências Humanas da
Universidade de São Paulo – FFLCH-USP);
preparação Malu Rangel; edição Graziela R.
S. Costa Pinto; revisão Marcia Menin.
dep ois da le itur a
Peça aos alunos que reelaborem e estendam as narrativas que
fizeram antes da leitura, agora chegando a 20-30 linhas. É
importante atentar para o fato de que agora eles já conhecem
os episódios referentes a cada ilustração. Porém cabe ressaltar
que não tentem “adequar” suas narrativas para aproximá-las
da história do livro: eles devem apenas repensá-las tendo como
base a leitura. Um bom ponto de partida é estimulá-los para
que continuem a criar do ponto onde pararam.
Para finalizar, proponha que cada grupo leia para a clas-
se as duas versões da narrativa (antes e depois da leitura) e
os incentive a relatar o processo de criação dos dois textos.
Com isso, eles não só exercitarão a oralidade e o pensamento
crítico sobre o trabalho, mas terão a chance de refletir sobre
os temas do livro.