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Faculdade de Desporto Universidade do Porto A caminho da concretização de um sonho Relatório de Estágio Profissional Orientadora: Professora Doutora Paula Maria Fazendeiro Batista Luís Pedro Carvalho Limas Porto, Setembro de 2015 Relatório de Estágio Profissional apresentado com vista à obtenção do 2º ciclo de Estudos conducente ao grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário (Decreto-lei nº 74/2006 de 24 de Março e o Decreto-lei nº43/2007 de 22 de Fevereiro).

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Faculdade de Desporto Universidade do Porto

A caminho da concretização

de um sonho

Relatório de Estágio Profissional

Orientadora: Professora Doutora Paula Maria Fazendeiro Batista

Luís Pedro Carvalho Limas

Porto, Setembro de 2015

Relatório de Estágio Profissional

apresentado com vista à obtenção do

2º ciclo de Estudos conducente ao

grau de Mestre em Ensino de

Educação Física nos Ensinos Básico e

Secundário (Decreto-lei nº 74/2006 de

24 de Março e o Decreto-lei nº43/2007

de 22 de Fevereiro).

ii

Ficha de Catalogação

Limas, L. (2015). A caminho de um sonho – Relatório de Estágio Profissional.

Porto: L. Limas. Relatório de Estágio Profissional para a obtenção do grau de

Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário,

apresentado à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

PALAVRAS-CHAVE: ESTÁGIO PROFISSIONAL, EDUCAÇÃO FÍSICA,

PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM, TREINO FUNCIONAL

iii

DEDICATÓRIA

Aos meus pais, pelo apoio incondicional que sempre me deram em todos os

momentos da minha vida. Sem vocês nada seria possível.

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v

AGRADECIMENTOS

Aos meus Pais, as duas pessoas mais importantes da minha vida, razão da

minha existência, pela forma como me criaram, pela educação que me

transmitiram, repleta de valores, que fizeram de mim o homem que sou hoje.

À minha Irmã, por todo o apoio, pela amizade e pela incansável

disponibilidade.

Ao meu Irmão, que apesar de já não estar presente “entre nós”, estará

certamente orgulhoso de mim esteja onde estiver, pois sempre me incentivou a

seguir todos os meus sonhos.

À Tânia, por me ajudar a nunca desistir deste sonho. Por estar sempre

presente em todos os momentos desta caminhada e por ser a pessoa que me

completa.

À minha orientadora, Professora Doutora Paula Batista, por todo o

acompanhamento e disponibilidade que teve desde o início deste processo.

Serviu sempre de suporte para todo o trabalho desenvolvido.

À minha cooperante, Mestre Teresa Leandro, pela dedicação, amizade,

profissionalismo e disponibilidade total. Pela partilha de conhecimentos e

conselhos que contribuíram para o meu enriquecimento pessoal e profissional.

Aos meus alunos, pela colaboração, carinho, cooperação e respeito.

Conquistaram um lugar muito especial no meu coração e jamais serão

esquecidos.

Aos meus companheiros de estágio, Pedro e Ricardo, por toda a amizade e

entreajuda que demonstraram ao longo de todo o ano letivo. Convosco aprendi

e cresci como pessoa e profissional.

vi

Ao Renato, pelo companheirismo e amizade demonstrada ao longo desta

etapa.

A todos os meus verdadeiros amigos, que estiveram presentes nos

momentos chave.

vii

ÍNDICE GERAL

DEDICATÓRIA ................................................................................................. iii

AGRADECIMENTOS ......................................................................................... v

ÍNDICE GERAL ................................................................................................ vii

ÍNDICE DE QUADROS ..................................................................................... ix

ÍNDICE DE FIGURAS ..................................................................................... xiii

ÍNDICE DE ANEXOS ....................................................................................... xv

RESUMO........................................................................................................ xvii

ABSTRACT ..................................................................................................... xix

1. Introdução .................................................................................................. 2

2. ENQUADRAMENTO BIOGRÁFICO ........................................................... 5

2.1 Reflexão Autobiográfica .................................................................................................. 7

2.2. Expetativas Iniciais ......................................................................................................... 9

3. ENQUADRAMENTO DA PRÁTICA PROFISSIONAL .............................. 13

3.1 A Escola ......................................................................................................................... 15

3.2 O Grupo de Educação Física .......................................................................................... 17

3.3 O Núcleo de Estágio ................................................................................................ 18

3.4 A Minha Turma .............................................................................................................. 19

4. REALIZAÇÃO DA PRÁTICA PROFISSIONAL ........................................ 23

4.1 Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem ................................................... 25

4.1.1 A Conceção ............................................................................................................. 26

4.1.2 O Planeamento ....................................................................................................... 28

4.1.2.1 Plano Anual ..................................................................................................... 29

4.1.2.2 Unidade Didática ............................................................................................. 30

4.1.2.3 Plano de Aula ................................................................................................... 34

4.1.3 A Realização ....................................................................................................... 35

4.1.3.1 1ºPeriodo ........................................................................................................ 35

4.1.3.2 2º Período ....................................................................................................... 37

4.1.3.3 3º Período ....................................................................................................... 39

4.1.4 A Avaliação do Ensino ............................................................................................ 42

4.3 A Turma Partilhada .................................................................................................... 52

viii

4.4 A Experiência Inesperada - 1º Ciclo ........................................................................... 54

4.5 O Treino Funcional nas aulas de Educação Física.......................................................... 57

4.5.2 Introdução .............................................................................................................. 58

4.5.3 Metodologia ........................................................................................................... 60

4.5.3.1 Participantes .................................................................................................... 60

4.5.3.2 Instrumentos ................................................................................................... 60

4.5.3.3 Procedimentos de Análise ............................................................................... 64

4.5.4 Apresentação dos resultados ................................................................................. 64

4.5.4.1 Motivação dos Alunos para o Treino Funcional .............................................. 64

4.5.4.2 Padrão de Execução Motora ........................................................................... 70

4.5.4.3 Dados Antropométricos .................................................................................. 73

4.5.5 Discussão ................................................................................................................ 75

4.5.6 Conclusão ............................................................................................................... 76

4.5.7 Propostas para futuros estudos ............................................................................. 77

5. Participação na Escola e Relação com a Comunidade ........................ 79

5. Participação na Escola e Relação com a Comunidade .................................................... 81

5.1 Atividades realizadas ................................................................................................. 82

5.1.1 Happy Day .......................................................................................................... 83

5.1.2 MEXE-TE ............................................................................................................. 85

5.1.3 Visita de Estudo – Convento de Mafra ............................................................... 86

5.1.4 Sarau ................................................................................................................... 87

5.2 Desporto escolar ....................................................................................................... 88

6. CONCLUSÃO ............................................................................................ 91

6. Conclusão ............................................................................................................................ 93

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAs .......................................................... 95

8. ANEXOS .................................................................................................. 101

ix

ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1 - Distribuição de modalidades por Períodos e número de aulas

previstas e lecionadas ...................................................................................... 29

Quadro 2 - Circuito de treino funcional ............................................................ 60

Quadro 3 – Padrão de execução motora na 1ª aula e na última dos exercícios

do circuito de Treino Funcional ........................................................................ 70

Quadro 4 - Dados Antropométricos - Altura..................................................... 73

Quadro 5 - Dados Antropométricos - Peso ...................................................... 73

Quadro 6 - Dados Antropométricos - IMC ....................................................... 74

Quadro 7 - Dados Antropométricos por sexo – 1º Registo .............................. 74

Quadro 8 - Dados Antropométricos por sexo – 2º Registo .............................. 75

x

xi

ÍNDICE DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Distribuição por idades………………………………………………..65

Gráfico 2 – Atividades com maior preferência……………………………………65

Gráfico 3 - Atividades com menor preferência………………………...…………65

Gráfico 4 – Motivação para a prática do treino funcional……………………….65

Gráfico 5 – Exercícios com menor preferência…………………………………..66

Gráfico 6 - Exercícios com maior preferência……………………………………66

Gráfico 7 – Importância dada à melhoria da condição física…………………...66

Gráfico 8 – Motivação para a aula………………………………………………...67

Gráfico 9 – Influência do Treino Funcional na motivação para a aula………...67

Gráfico 10 – Cumprimento do prescrito…………………………………………..68

Gráfico 11 – Avaliação de desempenho………………………………………….68

Gráfico 12 – Importância do Treino Funcional na vida extraescolar……..…..69

Gráfico 13 – Manutenção do Treino Funcional nas aulas de EF……………...69

xii

xiii

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Cartaz alusivo ao evento "Happy Day" ............................................ 83

Figura 2 - Visita de estudo ao Convento de Mafra .......................................... 86

Figura 3 – Sarau final do ano letivo ................................................................. 87

xiv

xv

ÍNDICE DE ANEXOS

Anexo 1 - Ficha Biográfica................................................................................. iii

Anexo 2 - Questionário sobre o Treino Funcional ............................................. v

Anexo 3 - Cartão de registo individual ............................................................... vi

Anexo 4 - Ficha de registo de Feedback .......................................................... vii

Anexo 5 - Exemplo de plano de aula ............................................................... viii

Anexo 6 - Exemplo de ficha de avaliação diagnóstica da modalidade de

Andebol ............................................................................................................. xii

xvi

xvii

RESUMO

Este documento foi elaborado no âmbito do segundo ciclo de estudos

conducente ao grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos

Básico e Secundário, da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. O

Estágio Profissional decorreu numa escola do grande Porto, num Núcleo de

Estágio constituído por três estudantes-estagiários, a professora cooperante da

escola e a professora orientadora da faculdade. A elaboração deste documento

visa apresentar uma análise reflexiva das experiências vividas em contexto de

Estágio Profissional. Face a este propósito, todas as experiências e

aprendizagens documentadas neste ano letivo estão espelhadas nestas

páginas. O primeiro capítulo engloba a introdução do Relatório de Estágio. O

segundo capítulo é dedicado ao enquadramento biográfico, que espelha o

trajeto pessoal a nível desportivo, profissional e as expetativas referentes ao

Estágio Profissional. O terceiro capítulo, reporta-se ao enquadramento da

prática profissional, caracterizando a escola, o meio envolvente, o Núcleo de

Estágio e a turma que lecionei durante todo o ano letivo. O quarto capítulo,

contém a análise do trabalho desenvolvido, tendo como base as reflexões

realizadas ao longo deste processo evolutivo. A ênfase é dada aos momentos

mais significativos vivenciados. Neste capítulo é também apresentado o

trabalho de investigação “O treino funcional nas aulas de Educação Física”. O

quinto capítulo, “Participação na Escola e Relação com a Comunidade”,

espelha as vivências para além do tempo de aula, colocando em relevo a

participação nas atividades e as relações estabelecidas com a comunidade

escolar. O sexto e último capítulo, é reservado à conclusão desta longa

caminhada, tendo por base as expectativas iniciais e os momentos vividos ao

longo do Estágio Profissional.

PALAVRAS-CHAVE: ESTÁGIO PROFISSIONAL, EDUCAÇÃO FÍSICA,

PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM, TREINO FUNCIONAL

xviii

xix

ABSTRACT

The present report was carried out within the second cycle studies leading

towards the Master’s Degree in Physical Education Teaching for Elementary

and High School, of Faculty of Sport, University of Porto. The practicum took

place in a school located in Porto zone, within a group composed by three

interns, a cooperative teacher from the school and a supervisor from the

Faculty. The purpose of this document is to present a reflective analysis on the

events which occurred during the aforementioned practicum. Regarding this

purpose, all the experiences and learning’s acquired during this school year are

displayed throughout this report. The first chapter concerns the introduction of

the practicum report. As for the second chapter, it explores the biographical

context which influences the individual experience with sports, the career goals

and expectations towards the practicum itself. The third chapter covers the

professional background, describing the most important features of the school,

the surroundings, the practicum group and the class I taught. The fourth chapter

contains the analysis of the developed work, based on the reflections made

along the whole process, highlighting the most remarkable milestones. In this

chapter, it is also presented the study on “Functional Training on the Physical

Education class”. The fifth chapter, “Participation in School and Relationship

with the Community” acknowledges the after class experiences, emphasizing

the participation on the activities and the relationship established with the

school community. The sixth and final chapter contains the conclusion of this

journey based on the initial expectations and the different experiences that

occurred throughout it.

KEY-WORDS: PRACTICUM, PHYSICAL EDUCATION, TEACHING-

LEARNING PROCESS, FUNCTIONAL TRAINING

1. INTRODUÇÃO

3

1. INTRODUÇÃO

O presente relatório de estágio foi elaborado no âmbito do Estágio

Profissional, parte integrante do 2º ciclo de estudos em Ensino da Educação

Física nos Ensinos Básico e Secundário da Faculdade de Desporto da

Universidade do Porto (FADEUP). A conceção e elaboração deste documento

é uma tarefa extremamente exigente e difícil de realizar.

Segundo Formosinho (2001), o Estágio Profissional é a componente

curricular da formação profissional de professores que objetiva introduzir os

estudantes no mundo do ensino e desenvolver competências práticas inerentes

a um desempenho docente responsável e adequado à situação. Como tal, o

Estágio Profissional assume-se como um percurso recheado de características

próprias, correspondendo, à última fase da formação académica que prepara o

estudante estagiário para a realidade futura. Proporciona momentos para a

aplicação de uma série de comportamentos e conhecimentos sobre o ensino,

desenvolvendo, assim, competências e um espírito crítico no que concerne à

atividade profissional. Pois, tal como está plasmado nas normas Orientadoras

do Estágio Profissional da FADEUP “O Estágio Profissional visa a integração

no exercício da vida profissional de forma progressiva e orientada, através da

prática de ensino supervisionada em contexto real, desenvolvendo as

competências profissionais que promovam nos futuros docentes um

desempenho crítico e reflexivo, capaz de responder aos desafios e exigências

da profissão.”1 (p.2).

O Estágio torna-se uma etapa ainda mais marcante, pois é o primeiro

contacto real com a atividade profissional no papel de professor e,

simultaneamente, de aluno. É também um momento em que o estudante

estagiário procura transpor para a prática as competências adquiridas ao longo

da sua formação inicial.

De forma a retratar a minha vivência em contexto de Estágio

Profissional, e tendo em consideração as suas caraterísticas, o documento, ¹ Normas Orientadoras do Estágio Profissional do ciclo de estudos conducente ao grau de

Mestre em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário. Em vigor no ano

letivo 2014/2015. Porto: FADEUP. Matos, Z .

4

além da introdução (primeiro capítulo) está organizado em mais quatro grandes

capítulos.

O segundo capítulo reporta-se ao enquadramento biográfico, onde é

retratado o percurso pessoal, desportivo, profissional, bem como uma breve

referência às expectativas iniciais referentes ao Estágio Profissional. No

terceiro capítulo caracterizo a Escola, o Grupo de Educação Física, o Núcleo

de Estágio e a turma que acompanhei ao longo do ano letivo. O quarto capítulo

é reservado à “Realização da Prática Profissional”. Este capítulo está

subdividido em quatro subcapítulos: 1- “Organização e gestão do ensino e da

aprendizagem”, 2- “Turma partilhada”; 3- “ A Experiência inesperada – 1º Ciclo”

e 4 - ”O Treino Funcional nas aulas de Educação Física”. O quinto capítulo

“Participação na Escola e relação com a Comunidade”, incorpora as atividades

em que participei e que realizei ao longo do ano letivo.

Por último, é apresentada uma reflexão final - conclusão do relatório de

estágio, elaborada com base em todo o trabalho desenvolvido e todas as

experiências vivenciadas ao longo do ano letivo.

A realização deste relatório de estágio tornou-se num verdadeiro

desafio, visto que uma das minhas maiores dificuldades ao longo do ano

centrou-se na realização das reflexões individuais escritas, nas quais procurava

retratar as diferentes experiências vividas, designadamente os problemas

detetados e estratégias utilizadas para os superar.

5

2. ENQUADRAMENTO BIOGRÁFICO

6

7

2.1 Reflexão Autobiográfica

Realizando uma introspeção destaco, desde logo, que nunca fui pessoa

de desistir dos meus sonhos. Ao longo do meu percurso fui definindo e

alcançando novas metas. Durante a minha vida tive, à semelhança de outras

pessoas, alguns obstáculos que me fortaleceram e me tornaram numa melhor

pessoa. Contudo, nunca desisti daquilo que queria e daquilo que me faz feliz. O

“Ser Professor de Educação Física” foi um sonho que foi crescendo comigo e

que gradualmente passou de uma profissão, pela qual tinha uma grande

admiração, para a “minha” profissão. De facto, o gosto pela Educação Física

foi-se entranhando em mim de tal forma que atualmente não me vejo a fazer

outra coisa. Desejo e ambiciono educar e ensinar para o resto da minha vida.

Ainda em criança o entusiasmo pelo desporto já era bem grande.

Sempre fui uma criança ativa. O gosto pelo desporto esteve sempre presente e

acompanha-me até aos dias de hoje. Confesso que nunca pensei poder ser

Professor de Educação Física, pois a ida para a Faculdade nunca esteve nas

minhas perspetivas.

Em termos desportivos, a minha grande paixão sempre foi o Futebol,

contudo foi uma modalidade que nunca pratiquei a nível federado. Como sou

asmático, os médicos sempre aconselharam os meus pais a procurarem um

desporto de pavilhão onde o contacto com o pó não fosse tão intenso. Para

desgosto meu, nunca tive a felicidade de praticar a modalidade que mais

admiro e na qual me projeto para o resto da minha vida.

Quando tinha oito anos de idade tive a minha primeira experiência

desportiva no voleibol, durante uma época. Sendo natural de Espinho, a capital

do voleibol, e tendo um irmão que na altura era praticante da modalidade, era

quase obrigatório que a minha primeira experiência fosse no voleibol. Porém,

pouco tempo depois outra modalidade entrou na minha vida, o Andebol.

Rapidamente me apaixonei por esta modalidade que iniciei como jogador

quando tinha 10 anos, deixando-a 7 anos mais tarde.

Quando terminei o ensino secundário não tinha como objetivo continuar

os estudos. Queria um emprego imediato que me proporcionasse autonomia

financeira. Nesse período da minha vida trabalhava numa empresa de

telecomunicações. Contudo, depressa percebi que necessitava de algo mais,

8

algo que me satisfizesse todos os dias. Pesquisei um pouco sobre alternativas

e surgiu o desporto, área pela qual sempre fui apaixonado. Não tendo média

para ingressar na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, a minha

formação inicial iniciou-se no Instituto Piaget. Durante 3 anos fui trabalhador-

estudante com o intuito de me valorizar a nível pessoal e profissional. Com o

início de formação no Instituto Piaget tive a oportunidade de entrar no mundo

do futebol. Assim comecei como treinador adjunto nos iniciados do Boavista

FC, atividade essa que nunca mais deixei. Atualmente, sou treinador principal

de dois escalões de formação num clube do meu concelho, ADF Anta/Escola

de Futebol “Os Baixinhos”.

Para além do Futebol, já tive oportunidade de trabalhar num ginásio

como instrutor de sala de musculação, bem como monitor e coordenador em

campos de férias realizados no Verão.

A relação e o gosto de trabalhar com os mais novos, foi algo que sempre

me acompanhou, em virtude da minha Mãe ter sido durante vários anos

Auxiliar de Educação num infantário e a minha Irmã ser Educadora de Infância.

O gosto de trabalhar com crianças e poder contribuir na formação de terceiros

teve um “peso” significativo na minha escolha académica, aliando a isso a

paixão incontornável que tenho pelo Desporto.

Após a licenciatura, e face à oportunidade que surgiu em lecionar nas

AEC’s em Espinho, parei os estudos por um ano. A passagem pelas AEC’s foi

determinante no meu ingresso neste mestrado, pois percebi que para mim

lecionar é muito mais do que um trabalho, é uma paixão. Esta passagem pelas

AEC’s tornou-se numa experiência recheada de aprendizagem, pois tive

oportunidade de aplicar na prática alguns dos ensinamentos adquiridos na

licenciatura. Contudo, nem tudo foi um “mar de rosas”, esta foi uma fase muito

dolorosa da minha vida, pois coincidiu com a perda do meu irmão. Este grande

tropeção na minha vida fez-me pensar se valeria a pena continuar a estudar.

Porém, o facto de me ter apaixonado pela lecionação aos mais novos fez com

que me candidatasse ao Mestrado de Ensino na FADEUP, uma instituição de

referência onde se situam os melhores professores da área.

Este percurso pessoal, académico e profissional fez com que me

tornasse numa pessoa com objetivos bem delineados, responsável e

esforçada.

9

O Estágio Profissional realizado ao longo deste ano tornou-me

inclusivamente numa pessoa com um sentindo crítico superior. Pois, tal com

refere Nóvoa (1992), as situações que os professores são obrigados a

enfrentar (e a resolver) apresentam características únicas, exigindo portanto

respostas únicas: o profissional competente possui capacidades de

autodesenvolvimento reflexivo.

Acredito porém que a minha formação não termina aqui, pois como

refere Carrega (2012), a formação inicial não deve ser vista apenas como o

início da profissão, mas sim como uma das etapas de todo um processo

complexo, em constante alteração.

2.2. Expectativas Iniciais

O estágio representa o culminar da minha formação académica, de um

longo trajeto de dedicação e sobretudo de aprendizagem. Foi encarado como

uma oportunidade única e proveitosa para o meu desenvolvimento, na medida

em que expectava aplicar na prática o conhecimento adquirido ao longo dos

anos de formação académica e pessoal, atribuindo significado às

aprendizagens até então assimiladas. Tal como referem Flores e Day (2006), o

percurso que caracteriza o desenvolvimento pessoal e profissional dos

estudantes estagiários é influenciado por fatores mediadores, que os formam e

os identificam com a pessoa que hoje são. Entre esses fatores destacam-se as

vivências do passado, nomeadamente o percurso biográfico de cada um,

materializado no ambiente familiar, nas experiências sociais e nas vivências

formativas e desportivas.

Considerava que seria uma experiência que condicionaria a prática

profissional futura, onde criaria expetativas em relação ao meu desempenho

como profissional da educação. Neste espaço, perspetivava procurar as

soluções mais adequadas para conjunturas difíceis e imprevistas, e

corresponder à constante exigência de encontrar respostas adequadas e

imediatas, tudo isto perante a confrontação com a verdadeira realidade do

ensino. Como refere Pata (2012), é no exercício profissional, no espaço

escolar, que as conceções são revistas e adquirem significado nas relações

10

com os demais atores e no confronto com as delimitações do contexto

institucional

No começo do Estágio Profissional, pela importância que lhe estava

inerente, por ser um enorme desafio pessoal, por ser crucial para a minha

formação curricular e para o meu desenvolvimento enquanto ser humano, fui

“assaltado” por duas sensações bem distintas: a primeira, caracterizava-se pelo

nervosismo, pelo receio de falhar ou de não corresponder às minhas próprias

expetativas. Esta sensação foi a dominante no meu pensamento devido à

importância que este ano tinha para mim. No início do processo de facto esta

seria uma experiência de grande importância e de enorme responsabilidade.

Apesar de já ter alguma bagagem em resultado do ano em que me dediquei à

lecionação nas AEC’s, esta aventura era especial. A segunda caracterizava-se

pela felicidade e vontade enorme de começar o ano, e poder, assim concretizar

um sonho. A alegria de poder “sentir na pele” todo um leque de sensações que

invade o professor no seu dia-a-dia, por poder estar em contato com os alunos

e poder contribuir para a sua formação e construção das suas identidades.

Na prática, atuando como professor de Educação Física, um dos meus

objetivos principais era poder combater a ideia partilhada por grande parte da

comunidade escolar de que a Educação Física é uma disciplina dispensável,

que “faz falta”, mas que “vale pouco”, de ser ao mesmo tempo, como refere

Ennis (2006), uma área de alta necessidade mas de baixa necessidade. Junto

dos meus alunos tentei demonstrar os benefícios e igualar esta disciplina à

Matemática ou Português.

Igualmente, esperava poder estar à altura dos desafios que este ano me

pudesse colocar, ultrapassando as dificuldades com distinção, melhorando aos

poucos a minha ação como professor.

Esperava também poder estabelecer uma relação positiva com os meus

alunos, semelhante àquela que eu tinha com os meus professores de

Educação Física, sem dúvida aqueles que mais me marcaram durante o meu

percurso como aluno nos ensino Básico e Secundário.

Relativamente ao Núcleo de Estágio e Grupo de Educação Física,

desejava que fossem uma fonte de aprendizagem, onde pudesse partilhar as

vivências do dia-a-dia.

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Esperava ter um bom relacionamento na Escola, pretendia realizar o

meu trabalho da melhor forma, cumprindo o meu papel de Professor. Pretendia

fazer parte do Desporto Escolar e proporcionar atividades à comunidade

escolar.

Por fim, esperava que este ano me trouxesse muitas experiências e me

desse ainda mais respostas. Quanto a isso sinto-me realizado, pois as

oportunidades e aprendizagens foram muitas e bastante enriquecedoras. Deste

modo, penso que as minhas expetativas foram alcançadas.

12

13

3. ENQUADRAMENTO DA PRÁTICA PROFISSIONAL

14

15

3.1 A Escola

A Escola onde realizei o Estágio Profissional foi criada em 1956 pelo

Decreto nº40 725 do Ministério da Educação Nacional (Direção Geral do

Ensino Técnico Profissional), como escola técnica profissional, designada de

Escola Industrial e Comercial. Entrou em funcionamento em Janeiro de 1957

com aproximadamente 150 alunos e 17 professores, numa casa alugada no

Gaveto das Ruas 21 e 33. O seu plano de estudos referente ao Ciclo

Preparatório englobava:

- Formação Geral de Comércio;

- Formação do Serralheiro;

- Cursos complementares de aprendizagem: Carpinteiro – Marceneiro.

No início de 1966 iniciaram-se as obras para um novo edifício, situado a

nascente e sul da cidade de Espinho, com uma área de 21 500m2. O edifício

tinha 40 salas de aula e capacidade para cerca de 1200 alunos distribuídos por

um número máximo de 49 turmas em horário diurno. O custo da obra elevou-se

a 14 500 escudos, e as novas instalações formam inauguradas em 19/06/1968.

Nessa data, já com 1440 alunos, eram ministrados os cursos de Formação

Geral do Comércio, Formação do Serralheiro, Formação Feminina e Formação

de Montador Eletricista. Em regime de aperfeiçoamento, funcionavam os

cursos noturnos de Geral de Comércio, o de Serralheiro e de Montador

Eletricista.

A 21 de Novembro de 1979, por publicação no Diário da Republica, a

escola passou a denominar-se Escola Secundária. A designação atual data de

Abril de 1987, altura em que adotou, como patrono o Dr. Manuel Gomes de

Almeida.

De início vocacionada para o ensino técnico, a Escola acompanhou as

sucessivas reformas do sistema educativo, oferecendo hoje, aos alunos, uma

variada gama de opções que se enquadram nos cursos predominantemente

orientados para o prosseguimento de estudos e para a Vida Ativa.

De acordo com os dados patentes no Projeto Educativo do

Agrupamento, no início do presente ano letivo, a população discente da Escola

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era de aproximadamente 1400 alunos, sendo oriunda de diversas freguesias e

de concelhos vizinhos. No que concerne ao número de docentes, o

Agrupamento contabiliza 260 Professores. Relativamente ao pessoal não

docente são contabilizados 41 funcionários, sendo este número referente à

Escola Secundária onde nos encontramos.

A Escola foi recentemente remodelada pelo projeto “Parque Escolar”.

Este projeto de intervenção seguiu as normas de definidas pelo Programa de

Modernização das Escolas do Ensino Secundário, bem como as exigências do

projeto educativo da escola. Esta remodelação oferece boas condições para a

lecionação da Educação Física, contudo, evidenciou algumas anomalias em

situações pontuais. O espaço reservado para as aulas de Educação Física é

composto por um pavilhão, um ginásio, um campo de voleibol exterior e dois

campos exteriores de futebol e de andebol e outro de basquetebol. Além

destes campos disponíveis para a prática das várias modalidades, a escola

dispõe de uma sala de condição física oferecendo diferentes equipamentos

para o trabalho de força.

Aliado a tudo isto existem balneários para 4 turmas em simultâneo.

Estas condições são importantes na medida em que permitem uma rápida

troca de roupa aos alunos, e desta forma, o planeamento do professor pode ser

realizado tendo isso em atenção, pois sabe de antemão que os alunos não têm

necessidade de chegarem atrasados.

No que concerne às condições disponíveis para a prática, o pavilhão, ao

longo do ano teve alguns problemas de infiltrações de água deixando o piso

húmido em algumas zonas do campo. Relativamente aos espaços exteriores, o

piso do espaço 2 também sofre de algumas imperfeições aglomerando

algumas poças de água nos dias em que chove com frequência.

Relativamente ao material disponível, este permite abordar as seguintes

modalidades: basquetebol, futebol, voleibol, andebol, atletismo, ginástica,

corfebol, patinagem, ténis, judo, badminton, atividades de ar livre e de

orientação. Importa ainda referir que a escola tem uma parceria com a Piscina

Municipal de Espinho, possibilitando, deste modo, a lecionação da natação no

contexto das aulas de Educação Física e também do Desporto Escolar.

17

Ao longo do ano letivo foi visível a responsabilidade que todos os

Professores têm na preservação do material disponível, transmitindo aos

alunos a importância de manter o material em ótima condição.

Desde 2012 que a Escola é a escola sede do Agrupamento. Deste

também fazem parte uma Escola EB 2/3 e sete EB1’s.

3.2 O Grupo de Educação Física

Desde o início do ano letivo que o Grupo de Educação Física fez com

que os estudantes-estagiários se sentissem parte integrante do corpo docente.

Este grupo era constituído por 11 Professores, que mostraram, em todos os

momentos, total disponibilidade para colaborar em tudo o que fosse

necessário. Esta simpatia fez-me acreditar que não era visto apenas como

“mais um estagiário”.

A minha relação com o grupo foi bastante positiva, não houve quaisquer

desentendimentos entre nós e sempre que foi preciso ajudei no que me foi

solicitado. Cooperei com os professores e participei nas diversas atividades

dinamizadas pelos mesmos (Corta-Mato, Mexe-te e Sarau). Segundo Nóvoa

(1992), o diálogo entre professores é fundamental para consolidar saberes

emergentes da prática profissional. A dinâmica criada pelo Grupo revelou-se

determinante ao longo de todo o ano, inclusivamente a partilha de ideias e de

conhecimentos tornou-se num hábito saudável. O espírito de grupo e a

cooperação por parte de todos os intervenientes em todas as atividades

realizadas foi algo que consegui absorver para o meu futuro profissional.

A Professora Cooperante foi a principal responsável pela minha inclusão

e rápida integração na Escola. Apresentou-me a todos os professores e

funcionários, fazendo-me sentir parte integrante da escola desde o início do

ano letivo.

18

3.3 O Núcleo de Estágio

O núcleo de estágio, constituído pelos estudantes-estagiários, professor

cooperante e orientador da faculdade, devem segundo Batista e Queirós

(2013), funcionar como comunidades práticas, levando os estagiários a gerar

novo conhecimento e novas competências.

De facto, a minha opinião sobre este grupo, não podia ser melhor. Eu e

os meus colegas de estágio formamos realmente um verdadeiro grupo. Todos

trabalhamos afincadamente para alcançar os objetivos delineados, tendo

havido um esforço enorme para fazer o que foi solicitado. Fomos dedicados,

empenhados e penso que isso transpareceu para quem nos rodeou.

Trabalhamos ao longo de todo o ano em conjunto e de uma forma coesa.

O facto de sermos os três de áreas distintas permitiu uma partilha de

ideias ao longo do ano letivo, mediante os acontecimentos que fomos

vivenciando. O Pedro com a sua experiência no treino de Andebol tornou-se

fundamental para o planeamento das aulas e na análise de conteúdos da

modalidade, bem como no desenvolvimento do Treino Funcional. Já o Ricardo,

ligado á área da Dança e com alguns conhecimentos profundos da Ginástica,

ajudou na delineação de estratégias de ensino.

Desde cedo soube da importância que o núcleo de estágio teria, pois

seria com estas pessoas que iria trabalhar e conviver durante todo o ano letivo.

O bom ambiente e a cooperação entre todos os elementos foi fundamental

para o sucesso do grupo e para o sucesso individual. Neste momento, chegado

o fim, sinto que as relações de amizade entre nós foram fortificadas. Ao longo

do percurso sempre me senti apoiado pelos companheiros desta longa viagem,

tornando, bem complexo e exigente, num processo mais fácil.

19

3.4 A Minha Turma

A turma que acompanhei durante este ano de Estágio Profissional era

formada por um grupo de alunos que não se conhecia dos anos anteriores. Era

uma turma maioritariamente composta por alunos vindos de outras instituições,

algumas delas não pertencentes ao concelho de Espinho.

“Desde cedo percebi que a maior parte dos alunos da turma não se conhecia.

De facto a maioria deles eram oriundos de escolas diferentes”

(Reflexão aula nº1- 16/9/2014)

A turma, inicialmente era composta por 24 alunos, 12 rapazes e 12

raparigas. Porém, no início do segundo período dois alunos foram transferidos

para outras turmas e foram integrados quatro novos alunos, todos eles

rapazes, aumentando assim o número de alunos para 26.

Segundo os dados recolhidos no início do ano letivo, através das fichas

de aluno, apenas 7 alunos residiam na cidade de Espinho. Os restantes alunos

habitavam em Silvalde, Paramos, Esmoriz, Cortegaça, Grijó, Anta, S. Paio de

Oleiros e Argoncilhe.

A taxa de reprovação da turma situava-se em 22%, ou seja, cinco alunos

já tinham reprovado em anos anteriores. No que diz respeito à ambição

escolar, apenas um aluno revelou não ambicionar prosseguir estudos no

ensino superior. Relativamente à preferência disciplinar, sete alunos

escolheram a Educação Física como a sua disciplina preferida.

Ao nível de doenças/alergias, uma aluna sofria de epilepsia, algo que me

fez ter um cuidado especial e pesquisar acerca da doença. Dois alunos sofriam

de escolioses e um de asma. Todas estas informações revelaram-se

fundamentais não só para um conhecimento mais aprofundado dos alunos,

mas também para o processo de planeamento.

No início do ano os alunos foram submetidos à realização dos testes de

fitnessgram, tendo como principal objetivo a avaliação da aptidão física em três

vertentes: a aptidão aeróbia e a aptidão muscular, em dois ramos, força e

flexibilidade.

20

Utilizei 6 testes distintos: A corrida Vaivém, para avaliar aptidão aeróbia; o

teste das flexões de braços, para testar a força superior; os abdominais, para

avaliar a força abdominal; o senta e alcança e extensão do tronco, para avaliar

a flexibilidade isquiotibial e dorso-lombar.

Para completar a avaliação inicial dos alunos realizei igualmente a corrida

de 40 metros para avaliação da velocidade e o salto horizontal para avaliar a

impulsão horizontal. Estes dois testes foram utilizados mediante os critérios

propostos pelo Grupo de Educação Física da Escola.

Para avaliar a composição corporal calculei o IMC, através da relação do

peso pela altura. Os resultados foram expressos e classificados segundo uma

Zona Saudável de Aptidão física (Boa ou Ótima), ou Zona com Necessidade de

Incremento.

No que diz respeito à análise da composição corporal, a grande maioria

situava-se dentro do limite da Zona Saudável (23), encontrando-se apenas um

aluno se encontrava numa zona com necessidade de incremento, neste caso

com valores baixos de IMC. Face a este facto, durante o ano exerci uma

vigilância a este aluno, com atenção redobrada aos seus comportamentos

alimentares e físicos.

No que diz respeito à resistência aeróbia, no teste do vaivém, onze alunos

da turma não cumpriram os objetivos mínimos para se enquadrar dentro dos

valores da Zona Saudável de Aptidão Física. Apenas treze alunos conseguiram

atingir os níveis de Aptidão Física saudável. Deste modo, o trabalho aeróbio foi

uma das vertentes da condição física com maior enfoque durante todo o ano

letivo, no sentido de promover uma maior adaptação cardiorrespiratória.

No que concerne à força da aptidão muscular foram realizados dois testes

com resultados similares. Em relação ao teste dos abdominais, apenas dois

alunos não conseguiram atingir os níveis pretendidos. No que diz respeito ao

teste de extensão de braços, foram cinco os alunos a não cumprir com o

mínimo para se enquadrarem na Zona Saudável de Aptidão Física.

Relativamente à flexibilidade, os resultados obtidos foram francamente

negativos. Para avaliar a flexibilidade utilizei o teste do senta e alcança e o

teste de extensão do tronco. Em relação ao teste que avalia a flexibilidade

isquiotibial verificaram-se muitos resultados negativos, apenas um aluno

conseguiu atingir os níveis mínimos de zona saudável. Por outro lado, no teste

21

de extensão do tronco, foram dez os alunos que atingiram o mínimo

pretendido. Estes resultados não se revelaram nada animadores e revelam as

limitações físicas que os alunos hoje em dia têm, principalmente ao nível de

flexibilidade. A falta da prática regular de alongamentos poderá ter uma relação

direta com estes resultados. Durante o ano letivo decidi incorporar nas aulas a

realização de alongamentos no final da aula.

Quanto ao teste de velocidade, apenas três alunos não se encontram

dentro dos níveis de zona saudável, sendo estes três alunos do sexo

masculino.

Para avaliar o nível motor geral em diversas modalidades realizei uma

avaliação inicial concentrada nas modalidades de voleibol, futebol, andebol,

basquetebol e ginástica. Relativamente aos resultados apresentados pela

turma nas várias modalidades, constatei que se tratava de uma turma com

níveis bastantes satisfatórios. Talvez o facto de mais de 60% da turma praticar

desporto federado em tempos extraescolares influenciasse este fator. Entre as

modalidades mais praticadas pelos alunos da turma, destacavam-se o voleibol

e o futebol, com cinco e seis praticantes respetivamente.

No que concerne às atitudes a turma sempre se relevou bastante

empenhada, responsável e cumpridora na aprendizagem das várias

modalidades ensinadas e na realização das tarefas propostas.

Relativamente ao comportamento e forma de estar nas aulas, foi uma

turma fácil de liderar. Contudo, a integração dos quatros novos alunos no início

do segundo período modificou, numa fase inicial, a forma de estar da turma,

ocorrendo um aumento de comportamentos desviantes e de desatenção.

Contudo, acabou por ser algo que consegui controlar e gerir, não causando

interferência no processo de ensino-aprendizagem da turma.

22

23

4. REALIZAÇÃO DA PRÁTICA PROFISSIONAL

24

25

4.1 Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem

Esta área foi das mais importantes do ano de Estágio Profissional. Nesta

área centraram-se quase todas as atenções durante o ano letivo.

Tão importante como ensinar, o ato de planear e avaliar assumem uma

importância fulcral. Segundo Bento (2003), a ação do Professor não deve

limitar-se a uma pretensa preparação direta e à realização das aulas; deverá

sim assumir tarefas de planificação, de realização, de análise e avaliação do

ensino.

Apesar de conhecer as fases do processo ensino-aprendizagem,

conceção, planeamento, realização e avaliação desde o ano transato, só neste

contexto de estágio, em contacto com as exigências reais do ensino, é que

consegui relacioná-las com a prática.

Logo no início do ano apercebi-me da importância do planeamento,

tanto ao nível do Núcleo de Estágio, como no Grupo de Educação Física. Foi

necessário elaborar a planificação anual com bastante rigor, bem como as

primeiras unidades didáticas para as modalidades que iríamos lecionar no 1º

Período.

Para cumprir estas etapas, tive necessidade de construir uma estratégia

de intervenção, regida por objetivos pedagógicos, que me conduzissem com

sucesso a um processo de ensino baseado nos valores e aprendizagem na

disciplina de Educação Física, bem como na formação do aluno.

É neste momento que o professor estagiário recorre a todo o

conhecimento e experiências adquiridas até então, principalmente da

faculdade, e a partir daí efetua os ajustamentos necessários em função do

contexto em que está inserido.

26

4.1.1 A Conceção

De acordo com as Normas Orientadoras do Estágio Profissional2,

realizar a conceção do ensino “significa projetar a atividade de ensino no

quadro de uma conceção pedagógica às condições gerais e locais da

educação, às condições imediatas da relação educativa, à especificidade da

Educação Física no currículo do aluno e às características dos alunos” (p.4).

Na fase inicial do estágio, deparei-me com um “armazenamento” de

informação muito grande que me causou alguma confusão e, até mesmo,

alguma insegurança. Apesar de no início do ano me considerar uma pessoa

com alguma experiência no treino e até mesmo de lecionação de aulas aos

mais novos nada se comparava à grandeza de uma Escola Secundária.

Nas semanas que antecederam o início oficial do ano letivo tudo

aconteceu muito rápido, desde as reuniões com a Professora Orientadora e

com a Professora Cooperante, até às reuniões com o Grupo de Educação

Física e o Conselho de Turma.

Nos dias que se seguiram e após o conhecimento do contexto físico, tive

a primeira reunião com o Núcleo de Estágio, na qual ficamos a conhecer

melhor a Professora Cooperante. Esta indicou-nos alguns documentos, que,

após análise, me permitiram enquadrar enquanto Estudante Estagiário na

Escola, tais como: o Regulamento Interno da Escola (RI); o Projeto Educativo

de Escola (PEE); o Currículo de EF e o Projeto Curricular de Escola (PCE).

De acordo com Broch e Cros (1992) o PEE constitui o espelho do

estabelecimento de ensino, quer no plano interno, quer na sua relação com o

exterior. Já Leite (2001) refere que o PEE é a filosofia subjacente a uma

dinâmica de Escola, define princípios e linhas orientadoras gerais, assentes

nas características da comunidade educativa, de acordo com as orientações

nacionais, estabelece metas prevendo parcerias e tendo em conta os recursos

disponíveis (materiais, humanos).

2 Normas Orientadoras do Estágio Profissional do ciclo de estudos conducente ao grau de

Mestre em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário. Em vigor no ano

letivo 2014/2015. Porto: FADEUP. Matos, z .

27

No que concerne ao PCE, Carmen (1996) menciona que é o conjunto de

decisões articuladas, partilhadas pela equipa docente de uma Escola,

tendentes a dotar de maior coerência a sua atuação, concretizando as

orientações curriculares de âmbito nacional em propostas globais de

intervenção pedagógico-didática adequadas a um contexto específico e tem

como base o currículo nacional e o Projeto Educativo de Escola.

Já o PCT tem como referência o PCE é redigido consoante as

características específicas da turma. Tal como refere Leite (2000), o PCT

deverá permitir um nível de articulação (horizontal e vertical) que só as

situações reais tornam possível concretizar.

Nesta etapa, comecei por analisar cuidadosamente o Programa Nacional

de Educação Física do ensino secundário, mais especificamente do 10ºano,

discutindo alguns parâmetros com os meus colegas de núcleo de estágio e

com a professora orientadora. Após esta análise cuidada, pareceu-me evidente

que o programa curricular, para a atual carga horária, é demasiado extenso,

designadamente a nível do número de modalidades, não proporcionando o

tempo necessário à aprendizagem. Deste modo, dificilmente poderá ser

cumprido. Acresce que também tivemos em conta que o Programa Nacional de

Educação Física não deve ser encarado como inflexível, podendo ser alterado,

consoante as características e imprevisibilidade da prática.

Além desta análise documental participei na reunião do Departamento

de Expressões e posteriormente da nossa disciplina em particular. Neste

âmbito fomos apresentados e bem recebidos e aos poucos fui-me sentindo

integrado e parte daquela que seria “a minha escola”.

Além da interpretação que tenho do ensino atual, foi importante a

caracterização do meu ponto de partida. Deste modo realizei o PFI, que

pretende ser uma introspeção de cada estagiário acerca da perceção do seu

estado atual (conhecimentos, capacidades, dificuldades) perante os desafios

que lhe serão colocados no estágio. Refleti igualmente quais os pontos mais

importantes a evoluir e as metas a atingir.

O processo de recolha de algumas informações com o objetivo de

conhecer profundamente o contexto sociocultural e socioeconómico da

realidade onde iria efetuar o estágio, tornou-se igualmente preponderante. Para

isso foi fundamental uma breve caracterização geral da escola.

28

Estas informações foram, sem dúvida, essenciais para suportar a base

de todo o planeamento e adequar o processo de ensino/aprendizagem o

melhor possível à realidade com o qual eu me confrontei.

4.1.2 O Planeamento

Segundo Bento (2003), o objetivo primordial do planeamento consiste na

organização, controlo e racionalização do processo de ensino através da forma

como o processo de aprendizagem é orientado, da aquisição de

conhecimentos e habilidades, da formação e desenvolvimento de capacidades,

assim sendo para se planificar, deve-se ter em consideração as finalidades,

objetivos e conteúdos dos programas curriculares de Educação Física.

O planeamento é, portanto, na minha opinião, materializado num

documento que auxilia o professor na realização da sua tarefa que, apesar de

conter as linhas orientadoras que este achou mais pertinentes no momento da

sua realização, não passa de um plano.

Um dos instrumentos iniciais que se revelou essencial para o

conhecimento dos meus alunos, centro de todo o meu trabalho, foi o

questionário de caraterização da turma. Este instrumento permitiu-me situar a

turma em termos sociais, culturais e desportivos. Foi sem dúvida um auxiliar

essencial ao planeamento de ensino ajustado à realidade da turma.

A minha ação dividiu-se em três distintos níveis de planeamento:

planeamento anual, planeamento da unidade didática e planeamento da aula.

Posto isto, a construção do Modelo de Estrutura e Conhecimento (MEC) de

Vickers (1990), acompanhou-me ao longo de toda a caminhada. A sua

elaboração revelou-se determinante em todo o processo, pois reflete tudo

aquilo que foi realizado para determinada modalidade. A sua construção foi

muito benéfica, uma vez que ao longo da sua estruturação pude aumentar o

meu conhecimento em todas as modalidades. A sua estrutura divide-se em três

fases: fase da análise (módulos 1,2 e 3), fase da decisão (módulos 4,5,6 e 7) e

a fase da aplicação (módulo 8).

29

4.1.2.1 Plano Anual

Segundo Bento (2003), o planeamento anual é um plano de perspetiva

global que procura situar e concretizar o programa de ensino no local e nas

pessoas envolvidas.

A escolha das modalidades lecionadas foi seguida mediante as linhas

orientadoras do Programa Nacional de Educação Física para o 10ºano. Assim

sendo as modalidades abordadas foram: Ginástica de Solo e de Aparelhos,

Basquetebol, Futebol, Natação, Voleibol, Atletismo, Badminton, Dança e

Andebol. As modalidades distribuíram-se ao longo do ano conforme ilustra o

Quadro 1.

Quadro 1 - Distribuição de modalidades por Períodos e número de aulas previstas e lecionadas

Período Modalidades

Nº de aulas

previstas

Nº de aulas

lecionadas

1º Período

Ginástica de Solo e Aparelhos 12 11

Basquetebol 6 6

Futebol 5 5

2º Período

Voleibol 5 5

Natação 10 10

Atletismo 6 6

3º Período

Badminton 6 5

Dança 6 4

Andebol 8 8

A distribuição das modalidades pelos três Períodos foi realizada em

função do roulement apresentado no início do ano pelo Grupo de Educação

Física. O facto de o roulement “rodar” 6 vezes, permitiu a abordagem de várias

modalidades, tendo cada modalidade o seu espaço definido. Desta forma, em

nenhum momento necessitei de adaptar as aulas em virtude dos espaços, pois

a modalidade a abordar em função do espaço estava definida.

Ao longo do ano letivo utilizei o pavilhão para a lecionação das

modalidades de Voleibol e Badminton. No ginásio lecionei Ginástica e Dança.

30

No campo exterior lecionei Futebol e o Andebol e no campo exterior 2

Basquetebol e Atletismo.

Ao longo do ano, tive a vantagem do roulement permitir a permanência

nos mesmos espaços durante pelo menos meio período. A lecionação das

modalidades foi, ao longo do ano, realizada de forma alternada, à terça-feira

lecionava uma modalidade e à quinta-feira outra distinta.

Na primeira metade do primeiro período, tive à minha disposição o

campo exterior de basquetebol e o ginásio, as modalidades abordadas foram o

Basquetebol e a Ginástica. Na segunda metade do mesmo período a

lecionação da Ginástica manteve-se em virtude do espaço se manter e abordei

a modalidade de Futebol no campo exterior grande.

Na primeira metade do segundo Período as modalidades abordadas

foram o Voleibol no Pavilhão e a Natação na Piscina Municipal. Na segunda

metade do período a Natação manteve-se, juntando-se o Atletismo.

No que diz respeito ao terceiro Período, as modalidades abordadas na

primeira metade foram o Badminton e a Dança, no pavilhão e no ginásio

respetivamente, sendo a segunda metade reservada para a lecionação do

Andebol no campo exterior.

4.1.2.2 Unidade Didática

Ao longo do ano, o meu núcleo de estágio, optou por realizar o

planeamento das Unidades Didáticas comuns às três turmas. Contudo, alguns

dos módulos eram distintos consoante as especificidades de cada turma. Os

níveis distintos das turmas nas diferentes modalidades abordadas, exigiu, por

vezes, extensões de conteúdos distintas.

Com a realização dos MEC comecei a aperceber-me da importância do

planeamento para cada uma das modalidades. Cada modalidade tem a sua

especificidade e embora algumas possam ser transversais, nem sempre as

estratégias de ensino-aprendizagem são iguais.

A realização do módulo 4 foi aquele que mais me cativou durante todo o

ano no planeamento das várias modalidades, assumindo-se como o módulo

31

mais importante do planeamento, na medida em que garantia a sequência

lógica-específica e metodológica da matéria e organizava as atividades do

professor e dos alunos por meio de regulação e orientação da ação pedagógica

“endereçando às diferentes aulas um contributo visível e sensível para o

desenvolvimento dos alunos” (Bento, 2003, p. 60). O poder de planear aquilo

que temos de abordar sempre criou em mim uma motivação extra. Nem

sempre foi fácil gerir e conciliar a abordagem de tantos conteúdos, contudo ter

o poder de decidir o que abordar e quando abordar funcionou como um

estímulo extra. A realização das unidades didáticas (UD), tiveram como ponto

de partida essencialmente, o nível de desempenho dos alunos nas avaliações

iniciais. A prestação destes foi a razão de escolha dos diversos conteúdos a

lecionar em cada modalidade, tendo sempre em conta o prognóstico dos

objetivos que considerava que os alunos conseguiriam atingir no final da

unidade didática. As UD, algumas vezes, foram sujeitas a alterações ou a

pequenos ajustes em função da resposta dos alunos. A elaboração deste nível

do planeamento foi exigente mas muito enriquecedor, melhorando as minhas

competências de observação e decisão acerca do que era melhor para os

alunos.

Colocar em prática aquilo que tinha planeado inicialmente nem sempre

foi uma tarefa fácil, muito pelo contrário. Em certas modalidades, como por

exemplo Voleibol, a turma teve uma progressão mais rápida do que a

esperada, contudo, noutras ocorreu o oposto, como foi o caso da Natação.

Com o tempo fui-me adaptando a estas alterações, procurando em todos os

momentos privilegiar o processo de aprendizagem dos meus alunos.

Na modalidade de Voleibol a maioria dos alunos correspondeu de forma

muito positiva aos objetivos inicialmente propostos, sendo “obrigado” a criar

novos desafios aos alunos, antecipando, assim, a abordagem de alguns

conteúdos.

“Os alunos de nível 2 e 3 têm vindo a revelar uma grande evolução no

jogo 2x2, portanto, já na próxima aula irei abordar o jogo 3x3”

(Reflexão da aula nº34 – 29/01/2015 - Voleibol)

32

Na unidade didática de Natação necessitei de contrariar esta estratégia,

ou seja, a abordagem de alguns conteúdos necessitaram de um maior número

de aulas do que inicialmente previ.

“Visto os alunos de nível 3 ainda não terem conseguido consolidar os

estilos de costas e bruços, na próxima aula irei manter a abordagem dos

mesmos.”

(Reflexão da aula nº40 - 24/02/2015 - Natação)

“Não consegui abordar o estilo de mariposa, pois os alunos de nível 3

necessitaram de mais tempo de exercitação no estilo de bruços”

(Reflexão da aula nº44 – 10/03/2015 - Natação)

Na Dança, relativamente ao que inicialmente estava previsto, também

tive de efetuar alguns ajustes. A UD inicialmente estava programada para 6

aulas e em virtude de algumas atividades extras da turma, foi reduzida para 4

aulas. Consequentemente, alguns passos referentes ao Cha-cha-cha não

foram lecionados.

Os reajustes, alterações, fazem parte da prática docente. Se no início do

ano me sentia um pouco desconfortável a saltar etapas ou a manter os

mesmos conteúdos de uma aula para outra, no final do ano tudo isto se tornou

natural no dia-a-dia da minha prática.

Estas modificações que o planeamento foi sujeito ao longo do ano, são a

prova de que um planeamento não pode, em nenhum momento, tornar-se num

documento inflexível e inalterado, muito pelo contrário, é um guia fundamental

que deve ser moldado às necessidades contextuais. O professor deve ser

capaz de ajustar a abordagem dos conteúdos consoante a evolução da turma.

Por exemplo, na modalidade de Futebol, se a maioria dos alunos ainda não

assimilou a abordagem de uma situação de 2x1+GR, fará sentido na próxima

aula abordar uma situação mais complexa de 3x2+GR? Na minha opinião não,

será, assim, necessário encontrar estratégias mais complexas para os alunos

mais evoluídos e continuar de forma mais cuidada a abordagem dos conteúdos

menos complexos com os alunos com mais dificuldades. Na minha ótica este é

o caminho que o ensino deverá seguir, ou seja, ajustável ao nível dos alunos.

33

“Alguns alunos, em virtude de não terem uma proximidade tão grande

com a modalidade evidenciaram dificuldades na realização do exercício

(3x2+GR). A falta de mobilidade e noções espaciais tornaram o exercício

pouco fluido em alguns grupos de trabalho”

(Reflexão aula nº24 – 4/12/2014 - Futebol)

Por vezes a dependência de seguir o que está no plano poderá tornar o

ensino desajustado e inadequado à resposta da turma. Isso causará

certamente desmotivação nos alunos com menos competência. Que na minha

opinião são aqueles que devem ser mais motivados para a prática. A este

propósito, recordo-me de um pequeno diálogo que tive no início do ano com

uma aluna:

(...)

Eu: Porquê que ainda só participaste em 2 jogadas, quando há colegas

teus que já realizaram 7?

Aluna: Porque não gosto de basquetebol.

Eu: E isso é impedimento para tentares realizar mais vezes?

Aluna: Sim, não gosto de basquetebol e este exercício é muito difícil

para mim.

(...)

(7/10/2014)

Este diálogo decifra bem aquilo que penso e onde quero chegar. O

professor tem de ser capaz de perceber e alterar o seu planeamento quando o

seu ensino não está a dar resposta às necessidades dos seus alunos. Tal

como refere Bento (2003), o planeamento a este nível (UD) procura garantir,

sobretudo, a sequência lógico-específica e metodológica da matéria, e

organizar as atividades do professor e dos alunos por meio de regulação e

orientação da ação pedagógica, endereçando às diferentes aulas um contributo

visível e sensível para o desenvolvimento dos alunos.

34

4.1.2.3 Plano de Aula

A elaboração dos planos de aula no início do ano era demorada e por

vezes com situações de aprendizagens desadequadas em função daquilo que

era pretendido. Esta tornou-se numa das grandes dificuldades com que me

deparei neste ano de estágio.

A estrutura do Plano de Aula foi elaborada pelo núcleo de estágio, sendo

esta uma das primeiras tarefas coletiva do ano letivo. Assim sendo, optamos

por incorporar no plano de aula as seguintes categorias didáticas: Função

didática; objetivos da aula; objetivo comportamental; Situações de

Aprendizagem; Componentes Criticas e Organização dos Alunos/Professor

(Anexo 5). O excesso de informação no preenchimento das categorias centrais

do plano de aula tornou-se num obstáculo, que só com a ajuda da Professora

Cooperante, ao longo de várias semanas, fui ultrapassando. Por vezes,

colocava componentes críticas nos planos de aula que não concorriam para os

objetivos da aula, acabando por não as utilizar na prática.

Com refere Bento (1987), um professor para poder lecionar uma boa

aula é fundamental que este se prepare devidamente para ela. Não é uma

tarefa fácil, aliás é mesmo uma tarefa bastante dura pois significa cerca de uma

hora de atenção concentrada e de esforço intenso.

Segundo Bento (2003), o ensino é criado em dois momentos

diferenciados: primeiro na conceção e posteriormente na realidade, ou seja,

nem sempre aquilo que eu pensava ser o adequado para aos objetivos da aula

ocorre realmente na prática. A realidade associada ao imprevisto, aos

condicionalismos inesperados, requerem uma rápida reação e adequação do

professor, isto é, capacidade de tomar decisões que lhe permitam adequar o

presente ao que a realidade reclama. No início do ano letivo tinha dificuldade

em lidar com alguns imprevistos, como por exemplo, gerir os alunos

dispensados em virtude da organização dos grupos de trabalho que estava

devidamente planeado.

35

“Na parte inicial da aula, a minha intervenção foi mais demorada, visto

ter que repensar nos grupos de trabalho que já estavam pensados, em virtude

de 5 alunos terem solicitado a dispensa por atestado médico.”

(Reflexão aula nº 7 – 7/10/2014 - Basquetebol)

Contudo, com o passar do tempo, este tipo de acontecimentos acabaram

por ser ultrapassados de uma forma natural. Os níveis de ansiedade que

evidenciava no início da aula para que o número de alunos estivesse de acordo

com aquilo que estava planeado deixou de existir, pois sabia antemão o que

fazer se eventualmente algum aluno faltasse ou solicitasse dispensa da prática,

solucionando o problema. Acredito que esta melhoria ao nível da gestão de

imprevistos teve um grande crescimento com a realização das reflexões

realizadas após as aulas, pois conseguia perceber que tipo de

constrangimentos a falta de um ou de outro aluno teve na aula e fez-me pensar

em soluções futuras.

4.1.3 A Realização

4.1.3.1 1ºPeríodo

No início do ano letivo sentia-me receoso pelo facto de ter de lecionar

Ginástica. Isto por esta modalidade usualmente ser desvalorizada pela maioria

dos alunos e também pelo facto de não me sentir preparado para a lecionar. Ao

longo do período e com a ajuda da Professora Cooperante fui recorrendo a

algumas estratégias que, gradualmente, me tornaram mais seguro, passando a

encarar a modalidade com naturalidade. Mencione-se a título de exemplo o

recurso ao trabalho por circuito na modalidade de Ginástica de Solo e de

Aparelhos. Os alunos passavam por cada estação e realizavam as tarefas

solicitadas, com o auxílio de cartões que continham informação das tarefas a

realizar. Isso obrigou a uma maior responsabilização dos alunos, algo que no

início do ano me deixava algo reticente, mas que com o passar do tempo se foi

evidenciando como sendo a estratégia mais adequada.

36

“O trabalho por circuito nestas aulas, permite aos alunos estar mais

tempo em atividade. Inclusive possibilita uma organização de aula harmoniosa,

com a realização das diversas situações de aprendizagem fluida sem

interrupções.

A colocação dos cartões auxiliares com as palavras-chave dos

exercícios nas diferentes estações permite-me circular pelo espaço da aula

com maior liberdade.”

(Reflexão aula nº6 – 1/10/2014 - Ginástica)

No que concerne à lecionação do Basquetebol, as minhas dificuldades

iniciais prenderam-se com as propostas das situações de aprendizagem.

Apesar de ter estado perante uma turma predisposta para a modalidade, após

as aulas ficava sempre com a sensação de que poderia ter pensado “mais à

frente”.

“Durante a aula de hoje senti que realmente poderia ter sido mais

ambicioso no planeamento da aula, pois a maioria dos alunos já evidenciou ter

assimilado o passe e vai em situação 2x1.”

(Reflexão aula nº7 – 7/10/2014 – Basquetebol)

Nesta fase do Estágio as reflexões ainda eram muito imaturas e limitava-

me a descrever o que se tinha passado na aula, não utilizava as reflexões

como resolução de problemas e de aquisição de novas estratégias, algo que na

minha opinião acabou por ter influência direta nestas dificuldades iniciais.

Relativamente à modalidade de Futebol, foi aquela em que senti menos

dificuldades a lecionar.

“Comparativamente às 2 modalidades lecionadas até então, hoje senti-

me na minha praia. O facto de estar perfeitamente ambientado à modalidade

aumentou a minha confiança no comando da aula. Senti-me seguro na

emissão de feedbacks e na organização da aula.”

(Reflexão aula nº18 – 13/11/2014 – Futebol)

Embora, como já referi anteriormente, ensinar Futebol na escola é

diferente de ensinar no clube, o facto de ter um conhecimento profundo da

37

modalidade, permitiu-me recorrer a algumas das estratégias utilizadas no treino

para dar resposta às necessidades percecionadas. O facto de ter um

conhecimento mais profundo dos conteúdos a lecionar, permitiu-me estar mais

à vontade na aplicação de novas estratégias de ensino. Conseguia com maior

facilidade detetar as dificuldades que os alunos tinham na realização das

situações de aprendizagem, encontrando mais facilmente alternativas para

melhorar o processo de ensino. Nesta modalidade consegui motivar os alunos

menos capazes e responsabilizar os alunos com maior predisposição para

ajudar os colegas com mais facilidade.

4.1.3.2 2º Período

No segundo período, teve início a abordagem da natação. Esta

modalidade manteve-se durante todo o período, ficando estabelecido que à

terça-feira a aula decorreria na piscina municipal. Em simultâneo com a

natação, o voleibol foi abordado na primeira metade do período (pavilhão) e o

atletismo na segunda metade (campo exterior de basquetebol).

No que concerne à modalidade de natação confesso que no início do

período tive algumas reticências relativa à minha capacidade de lecionar a

modalidade. Talvez por se tratar de uma modalidade em que o meu

conhecimento era pouco aprofundado e, simultaneamente, uma modalidade

com a qual tinha pouco contacto. Contudo, estes receios inicias foram-se

desvanecendo com a ajuda da Professora Cooperante e dos meus colegas de

núcleo de estágio. Fui ganhando confiança na minha intervenção, fruto da

partilha de conhecimentos no núcleo de estágio e do investimento no estudo

dos vários estilos abordados. Não obstante a melhoria, em termos de

feedbacks tenho consciência de que a qualidade poderia ter chegado a outro

patamar, contudo, comparando com o meu nível inicial, sinto-me satisfeito e

com sentimento de dever cumprido. A experiência adquirida no Desporto

Escolar, desde o início do ano, tornou-se num elemento determinante para a

minha adaptação a esta modalidade.

Relativamente à modalidade de voleibol, esta foi a modalidade em que

tive mais facilidade de lecionar no 2º Período, visto se tratar de um desporto

com o qual sempre tive uma proximidade muito grande. A motivação da turma

38

durante a lecionação desta modalidade revelou-se determinante para uma

relação de ensino-aprendizagem bastante produtiva. Tal como já mencionei

anteriormente, a turma ultrapassou as expetativas iniciais, apresentando um

desempenho e conhecimento muito satisfatório.

“Uma vez mais a grande maioria dos alunos já demonstrou estar

totalmente adaptado e ambientado ao jogo 2x2. Desta forma irei antecipar a

introdução do jogo 3x3 na próxima aula, algo que estava previsto acontecer

apenas na 4ª aula da Unidade Didática.

A motivação e o entusiasmo que os alunos têm demonstrado na

realização das aulas de Voleibol tem contribuído para que as aulas sejam

dinâmicas e produtivas no que concerne ao alcance dos objetivos delineados.”

(Reflexão aula nº30 – 15/01/2015 - Voleibol)

Apesar de se ter tratado de uma unidade didática curta (5 aulas), a

turma revelou evolução nas habilidades motoras. Ao longo da unidade didática

consegui demonstrar uma qualidade de feedbacks e de intervenção na aula ao

nível esperado no início da mesma.

Na modalidade de Atletismo, o núcleo de estágio aplicou o Modelo de

Educação Desportiva (MED), algo que se tornou num desafio pessoal. Visto se

tratar-se de um modelo de ensino que promove a autonomia e

responsabilidade dos alunos, levantou algumas questões iniciais. Tal como

refere Siedentop (1994), o MED é um modelo de ensino baseado no currículo

do desporto que simula fundamentais dos contextos desportivos. Neste

modelo, os alunos assumem gradualmente responsabilidade acrescida pelas

suas aprendizagens, viabilizada pelo recurso, por parte do professor, a

estratégias instrucionais mais implícitas e informais. O controlo da turma e

gestão da aula foram alvo de um cuidado especial em virtude de os alunos

terem maior “liberdade”. Após o término desta unidade didática adquiri uma

visão diferente daquela que tinha inicialmente relativamente ao MED. A

passagem da “pasta” em diversos momentos de aula para os alunos fez com

que estes adquirissem uma maior responsabilidade e uma maior motivação no

desempenho das várias tarefas de aula. Apesar de numa fase inicial do

39

processo surgirem algumas dúvidas por parte dos alunos na organização da

aula e fazer com que uma ou outra aula ficasse aquém das expectativas, penso

que soube gerir as dificuldades de ambos (alunos e Professor) e ultrapassar os

obstáculos, criando uma dinâmica na aula que motivou os alunos.

“Sinto-me cada vez mais entusiasmado com a preparação destas aulas.

O planeamento destas obriga a um cuidado especial, pois os cartões de apoio

realizados têm de ser concretos e ir de encontro aos objetivos que

pretendemos para as aulas.”

(Reflexão aula nº 39 – 19/02/2015 - Atletismo)

“O comportamento da turma nas aulas tem-me surpreendido bastante.

Visto se tratar de uma organização de aula diferente, estava com receio que os

alunos pudessem aproveitar o facto de estarem mais libertos para aumentar os

comportamentos desviantes, contudo, a realização destas aulas tem

comprovado o contrário. Os alunos têm se empenhado nas tarefas solicitadas e

os capitães têm assumido as suas funções na integra.”

(Reflexão aula nº 41 – 26/02/2015 - Atletismo)

Acredito vivamente que é um modelo de ensino que promove o espírito

de equipa e motiva os alunos para a prática. Tal como refere Siedentop (1994),

este modelo valoriza a dimensão humana e cultural do desporto e, por isso,

reconhece a importância de o democratizar e de vitalizar a competição,

estabelecendo um compromisso pedagógico entre inclusão, competição e

aprendizagem.

4.1.3.3 3º Período

No terceiro e último Período, abordei o badminton e a dança no

pavilhão e no ginásio respetivamente. Na segunda metade do período abordei

apenas o andebol nos dois espaços exteriores disponíveis.

No que diz respeito, à lecionação da modalidade de badminton, a maior

dificuldade centrou-se na seleção de estratégias adequadas para os alunos

40

que evidenciaram dificuldades técnicas, não lhes permitindo realizar com

fluidez as sequências de batimentos propostas. Mesmo na abordagem de

batimentos de menor dificuldade técnica, os alunos evidenciaram dificuldades

em manter o volante jogável. A aliar a esta dificuldade os alunos tiveram que se

adaptar ao tamanho dos campos, que era reduzido, aportando dificuldades

acrescidas, como espelha o excerto a seguir apresentado:

“Os alunos evidenciaram mais uma vez dificuldades em realizar as

sequências de batimentos. Além de este facto estar relacionado com a

carência técnica os alunos têm-se confrontado com o obstáculo do tamanho

dos campos”

(Reflexão aula nº 50 – 14/04/2015 - Badminton)

Sinto que não fui tão capaz na resolução deste problema, e o facto de se

tratar de uma unidade didática tão curta também não ajudou.

A modalidade de dança representou o maior desafio que enfrentei ao

longo deste ano letivo. Olhei para a Dança como uma barreira a ultrapassar e

como um objetivo pessoal que tinha de ser capaz de superar. Contudo, apesar

das minhas dificuldades evidentes, superei as minhas próprias expectativas e

consegui lecionar a modalidade, motivando os alunos para a prática. Face ao

facto de não me sentir “confortável” na lecionação da modalidade, tive que

recorrer a recorrer a algumas estratégias para me defender. A título de

exemplo, uma das estratégias utilizadas logo na primeira aula da Unidade

Didática foi a pouca utilização da música em simultâneo com a abordagem dos

primeiros passos do Cha-cha-cha.

“Em virtude de não me sentir à vontade com a interpretação dos tempos

musicais, adotei uma estratégia defensiva nesta aula. Ou seja, realizei a

introdução dos passos time-step e basic movement sem a utilização da

música.”

(Reflexão aula nº 49 – 9/04/2015 - Dança)

“Decidi adotar uma nova estratégia, aproveitei o facto de uma aluna estar

totalmente ambientada com a modalidade e mais especificamente com os

41

passos, para ser a referência e exemplificar a sequência dos dois passos

abordados na aula anterior à turma.”

(Reflexão aula nº52 – 23/04/2015 - Dança)

Confesso que não foi fácil, mas acredito que o tempo investido a treinar

e a estudar a modalidade valeu a pena. Posso mesmo afirmar que fiquei

orgulhoso de mim.

A última modalidade abordada foi o andebol. Tal como tinha acontecido

no Futebol, não senti grandes dificuldades na sua lecionação, bem como no

seu planeamento. O facto de ter praticado a modalidade durante alguns anos,

permitiu-me estar perfeitamente ambientado às situações de aprendizagem

propostas, bem como à própria gestão de aula e emissão de feedbacks.

Abordamos esta modalidade através do MED, tal como tinha acontecido

anteriormente com o Atletismo. No meu entendimento, tratou-se da

confirmação de que o MED resulta de facto. Os alunos mostraram-se

motivados não apenas para a prática, mas também para a participação nas

várias tarefas que tiveram que desempenhar. Tal como refere Siedentop

(1994), os alunos são colocados a desempenhar tarefas de ensino e de gestão,

papéis tipicamente desempenhados pelo professor, exigindo-lhes um maior

comprometimento com o desenvolvimento das atividades e com os resultados

obtidos.

“Ao longo de toda a Unidade Didática os alunos desempenharam

funções de arbitragem, capitães e marcadores de pontuações. O envolvimento

criado pelo MED tornou a minha intervenção mais facilitada, uma vez que os

alunos sabiam o que realizar em cada uma das tarefas e o comprometimento

para com o processo foi excelente.

A participação dos alunos nas várias funções de aula fez com que estes

tivessem uma motivação extra no decorrer das mesmas. Além disso, a

passagem pelo papel de árbitro no decorrer dos jogos fez com que os alunos

se aproximassem mais da realidade das regras do andebol. No início da

Unidade Didática eram visíveis as dificuldades que os alunos tinham em

distinguir uma ação faltosa de uma ação normal.”

(Reflexão da Unidade Didática de Andebol)

42

4.1.4 A Avaliação do Ensino

A avaliação do ensino, juntamente com a sua planificação e realização

são, segundo Bento (2003), as principais tarefas da ação do professor. Dada a

sua relação indissociável, nenhuma destas três funções é dispensável.

A avaliação revelou-se uma das tarefas mais complicadas que realizei

ao longo deste ano de Estágio Profissional. Esta foi realizada em diferentes

momentos do ano, para balizar as metas a atingir e ajustar o processo de

ensino/aprendizagem às capacidades dos alunos.

A experiência adquirida ao longo da prática pedagógica permitiu-me tirar

ilações sobre a mesma, reajustando-a quando necessário.

O conjunto das avaliações diagnósticas realizadas no início de cada uma

das unidades didáticas estabeleceu-se como um importante ponto de partida

para o planeamento dos conteúdos a abordar em cada modalidade. Por outro

lado, as avaliações sumativas espelharam aquilo que foi realizado e assimilado

pelos alunos nas aulas.

Ao longo do ano letivo fui-me apercebendo da importância e da

dificuldade do ato de avaliar. A avaliação divide-se em 3 importantes

momentos: Avaliação Diagnóstica, Avaliação Formativa e Avaliação Sumativa.

Segundo Ribeiro (1993), a Avaliação Diagnóstica pretende verificar o

nível inicial do aluno nas diferentes habilidades, definindo-se um perfil

ilustrativo do nível inicial do aluno. Para tal, nas primeiras três aulas do ano

letivo, em concordância com a Professora Cooperante, foi realizada a bateria

de testes de fitnessgram e a avaliação diagnóstica das principais modalidades

a abordar ao longo do ano (Voleibol, Futebol, Andebol, Ginástica,

Basquetebol). A realização desta avaliação inicial permitiu-me perceber o nível

geral da turma, bem como as principais dificuldades apresentadas pelos alunos

nas diversas modalidades. A minha principal dificuldade nesta avaliação

diagnóstica prendeu-se pelo facto de as fichas de registo construídas pelo

núcleo de estágio contemplarem muitos parâmetros, tornando-se difícil o seu

preenchimento (ver exemplo da ficha de avaliação diagnóstica de Andebol –

Anexo 6)

43

“A realização da avaliação diagnóstica não se revelou um processo fácil,

visto que as fichas elaboradas para o levantamento de dados ser extensa,

tendo perdido bastante tempo na sua realização.”

(Reflexão aula nº 4 – 25/09/2015)

Na tentativa de colmatar a dificuldade de preenchimento in loco

efetuamos a filmagem das aulas de avaliação diagnóstica, contudo a tarefa de

preenchimento de todos os parâmetros foi uma tarefa exaustiva que consumiu

imenso tempo. Hoje, teria realizado as avaliações de forma diferente,

nomeadamente pela utilização de menos parâmetros de forma a que a tarefa

ficasse facilitada.

À exceção dos testes de fitnessgram e da Ginástica, as outras

modalidades foram avaliadas a partir da situação de jogo. Nestas duas

avaliações os alunos estavam distribuídos por grupos e iam passando por

várias estações. Este processo foi facilitado pela presença dos meus dois

colegas de Núcleo de Estágio, que marcaram presença em todas as aulas de

Avaliação Diagnóstica.

“A presença do Ricardo e do Pedro nestas primeiras aulas foi

fundamental, uma vez que cada um de nós ficou responsável por uma estação.

Assim sendo dividi a turma em 3 pequenos grupos.”

(Reflexão aula nº4 – 25/09/2015)

Na sequência da Avaliação Diagnóstica, a Avaliação Formativa

assume um papel importante no controlo e posterior orientação do processo de

ensino/aprendizagem. Tal como afirmam Ribeiro e Ribeiro (1990), a avaliação

formativa, realizada em todas as aulas, deve ser dominada pelos professores,

pois é esta que deve acompanhar todo o processo ensino-aprendizagem. Esta

avaliação permite ao Professor perceber a evolução dos seus alunos ao longo

das aulas, bem como se o processo de ensino está a ser adequado.

No processo de avaliação formativa, efetuado no final de cada aula,

também foi utilizada a autoavaliação dos conceitos psicossociais. Esta

estratégia formativa permitiu, aula a aula, consciencializar os alunos do seu

desempenho e aprendizagens. Permitiu igualmente a responsabilização de

44

cada aluno pela realização de uma prática de qualidade. Esta autoavaliação

apesar de ser realizada pelos alunos foi sempre aferida por mim, evitando

desta forma avaliações desadequadas da postura e comportamento do aluno

na aula.

Para a realização de uma Avaliação Formativa de qualidade e ajustada

ao desempenho real de cada aluno, foi necessário investir tempo no estudo de

algumas modalidades em que não me sentia “totalmente à vontade”. Os

exemplos mais evidentes, foram as modalidades de Natação, Atletismo e

Dança. A leitura de alguns livros de apoio e as conversas com a Professora

Cooperante e com os meus colegas de Núcleo de Estágio permitiu-me ir

aperfeiçoando a capacidade de observação e de intervenção nas matérias em

que não me sentia totalmente confortável. Com efeito, tal como afirmam Ribeiro

e Ribeiro (1990), a avaliação formativa, realizada em todas as aulas, deve ser

dominada pelos professores, pois é esta que deve acompanhar todo o

processo ensino-aprendizagem.

No que diz respeito à Avaliação Sumativa, utilizei quase todos os

parâmetros utilizados na Avaliação Diagnóstica. Desta forma, consegui

comparar os resultados obtidos e perceber a evolução de cada aluno. A

importância que dei ao processo evolutivo do aluno nas várias modalidades

tornou-se preponderante na atribuição das notas finais. De referir que na

avaliação dos alunos que tinham níveis de desempenho superiores, isto é, já

dominavam as matérias de ensino foram avaliados de forma mais acentuada

ao nível dos conceitos psicossociais. Ou seja, foi importante ao longo do ano

oferecer estímulos diferentes aos alunos com níveis de desempenho

superiores, designadamente ao nível da responsabilização de ajudar um colega

com nível de desempenho inferior, a evoluir na modalidade.

“Antes do início da aula, tive a preocupação de juntar o grupo de alunos

que é praticante da modalidade a nível federado e desafiá-los a ajudarem os

seus grupos de trabalho a evoluir e a ter um rendimento superior ao longo da

aula. Nenhum dos alunos se opôs ao desafio e até se mostraram motivados

com o facto de terem oportunidade de comandar as suas equipas.”

(Reflexão aula nº18 – 13/11/2014 - Futebol)

45

“Nesta aula decidi colocar um desafio às alunas que praticam voleibol

em clubes. Como já tem sido habitual nas aulas de Voleibol, no exercício de

subir a montanha, distribui os alunos pelos campos, tentando juntar um aluno

mais capaz e um menos capaz no primeiro jogo. Posto isto, decidi alterar as

regras, ou seja, o primeiro jogo foi de cooperação, o tempo de jogo foi alargado

de 2 para 5 minutos e os alunos com mais vivências na modalidade deveriam

intervir junto dos colegas, de forma a estes melhorarem a sua técnica.”

(Reflexão aula nº34 – 29/01/2015 - Voleibol)

A Avaliação Sumativa não se resume à atribuição de uma classificação

final. De acordo com Ribeiro (1993), a avaliação sumativa permite ajuizar o

progresso do aluno, após uma unidade de aprendizagens, permitindo,

simultaneamente, “conferir” os dados recolhidos no processo de avaliação

formativa (ainda que informal).

A avaliação do conhecimento dos alunos nas diversas modalidades foi

realizada por recurso a questões de aula e a realização de testes escritos, para

cada uma das modalidades abordadas. Em termos de estrutura os testes

continham questões de verdadeiro e falso, de escolha múltipla e de resposta

rápida. Para cada um dos testes escritos foi realizado um documento de

suporte teórico, pelo Núcleo de Estágio, com o objetivo de orientar o estudo

dos alunos.

4.1.4.1 O Ato de Classificar

Confesso que no final do 1º Período senti grandes dificuldades na

atribuição das classificações finais. A principal dificuldade centrou-se na

transformação dos dados das avaliações das diversas modalidades numa

classificação final.

A avaliação dos vários conteúdos das modalidades foi efetuada por

recurso a uma escola de 1 a 5 valores. A partir da soma de todos os

parâmetros, transformava o resultado final na escala de 1 a 20 valores. Porém,

na minha opinião a classificação final de um aluno não se pode apenas basear

em somas e subtrações de valores. Como Professores temos de ter

46

consciência do processo evolutivo que os alunos apresentam ao longo do

período e do ano letivo e balizar esta transformação aquando do processo de

atribuição da classificação.

Para classificar foi necessário transportar para uma escala de valores a

informação advinda da avaliação sumativa. Desta forma, o grupo de Educação

Física, de acordo com os critérios gerais definidos pelo Departamento de

Expressões, estipulou para cada domínio de aprendizagem os seguintes

valores percentuais: Habilidades motoras e Condição Física (70%); Conceitos

Psicossociais (20%) e Cultura Desportiva (10%).

Atendendo ao referido, a classificação final dos alunos não se resumiu

apenas ao saber-fazer, mas também ao saber-ser e ao saber. Tendo em

consideração esta perspetiva da avaliação, procurei, ao longo de todo o ano

letivo, sublinhar junto dos alunos a necessidade de haver um investimento em

todas os domínios.

O facto de ter de avaliar 26 alunos e ter em consideração os vários

domínios, fez com que este processo fosse dos processos mais difíceis de

realizar ao longo deste ano de Estágio Profissional. Com o tempo fui-me

sentindo melhor preparado para o ato de avaliar, designadamente pelo recurso

ao registo sistemático de elementos que considerava fundamentais para a

atribuição das classificações. Talvez tenha cometido alguns erros, contudo, tive

sempre a preocupação de avaliar da forma mais justa possível.

Ao longo do ano estive perante duas situações completamente opostas

no que diz respeito à classificação. A primeira aconteceu no final do 2º Período,

em que atribui uma nota negativa de 9 valores. Tratava-se de uma aluna pouco

empenhada e participativa, que desvalorizou, de forma clara, a disciplina de

Educação Física. Após análise e em conjunto com a Professora Cooperante,

consideramos que a atribuição desta classificação iria responsabilizá-la para

um 3º Período diferente. Felizmente a atitude da aluna melhorou e conseguiu

chegar ao final do ano com uma classificação positiva. A segunda situação

ocorreu no 3º Período, em que atribui uma nota de 20 valores. O aluno em

questão, ao longo de todo o ano, mostrou um desempenho motor acima da

média em todas as modalidades abordadas, bem como um interesse e

participação exemplar.

47

Por fim, é relevante salientar que durante o ano letivo, para além de

avaliar os alunos, procurei desenvolver a capacidade de estes se

autoavaliarem, refletindo criticamente acerca do seu comportamento e da

minha atuação junto dos alunos. Esta perspetiva é confirmada por Bento (2003,

p. 176) quando refere que “o sucesso do ensino depende tanto da atividade do

docente como das atividades de aprendizagem dos alunos”.

4.2 Gestão da Aula e Controlo da Turma

A minha preocupação central nas questões relativas à gestão e controlo

da aula, foi primeiramente procurar perceber como devia lidar com uma turma

que não era minha de forma integral. Na minha curta experiência profissional,

sempre lidei com grupos que estavam sob a minha total responsabilidade, pelo

que me olhavam como líder. Desta vez, tinha algo diferente, estava perante um

grupo de alunos que poderia olhar para mim de forma distinta, isto é, como um

mero estagiário que ainda estava no seu percurso de formação. Alheio a isso,

desde a primeira aula, procurei impor-me perante a turma como “o professor”.

Na aula de apresentação a Professora Cooperante assumiu perante os alunos

que seria a Professora titular da turma e total responsável do processo,

contudo, também mencionou que desde o primeiro momento eu seria “O

Professor”.

Este aspeto tornou-se fundamental no meu percurso ao longo do ano

letivo, visto que os alunos da minha turma olharam para mim como “o líder”.

Tornou-se realmente importante, pois em nenhum momento tive dificuldades

em gerir o grupo a nível comportamental e de indisciplina. Para tal, foi

importante, desde a primeira aula, assumir a responsabilidade que tinha,

mostrando aos alunos que estavam perante uma pessoa competente,

profissional e responsável.

A turma mostrou-se desde o início do ano de fácil relação. Ultrapassado

o momento de apresentação, cheguei ao momento de afirmação enquanto

Professor. Sabia da importância das primeiras aulas para que isso fosse

possível acontecer. Assim, tive a preocupação de preparar várias vezes o

48

discurso, de preparar respostas às possíveis dúvidas dos alunos e memorizar

os nomes num curto espaço de tempo, para a comunicação ser mais próxima e

eficaz. Também tinha consciência de que era importante não errar. Este era o

meu pensamento, sabia que se errasse nas primeiras aulas dificilmente

conseguiria “segurar” os meus alunos durante o resto do ano letivo. Consciente

destes pormenores, parti para as primeiras aulas com um nervosismo extra,

com um enorme formigueiro na barriga, porém quando começava a aula tudo

passava e entrava num “mundo” diferente, no meu mundo, naquele em que me

sinto realmente à vontade.

Felizmente, nas primeiras aulas consegui impor-me como professor,

mantendo uma postura por vezes rígida, que não era de todo a minha forma de

atuar, mas que sabia da sua importância naquele momento. Nas primeiras

aulas consegui implementar as rotinas impostas pelo regulamento interno da

escola, tal como algumas rotinas que a literatura refere e que considerei

importantes. Tal como sugere Rink (2014), podem ser implementadas rotinas

de balneário, rotinas pré-aula, rotinas inerentes à própria aula, rotinas de fim de

aula e, ainda, outro tipo de rotinas, tal como o tempo disponível para equipar, a

regra do apito (um apito- parar o exercício; dois apitos- parar o exercício e

juntar à minha beira), bem como a organização do início da aula e do

aquecimento. Como tal, os alunos entraram num momento de adaptação às

rotinas impostas pela escola e rotinas que iam de encontro à minha

pessoalidade. No entanto, para além destas, ao longo do ano, fui instituindo

outras, consoante as especificidades de cada modalidade, a título de exemplo

refira-se a Natação, em que não existiram momentos formais destinados à

apresentação das tarefas, estes foram substituídos pelos planos afixados numa

das extremidades da piscina. Neste contexto, Rosado e Ferreira (2011, p. 189)

afirmam que “as rotinas permitem aos alunos conhecer os procedimentos a

adotar na diversidade de situações de ensino, aumentando o dinamismo da

sessão e reduzindo significativamente os episódios e os tempos de gestão.”

Após este período de adaptação às rotinas de aula por parte dos alunos,

consegui-me libertar e focar-me no processo de ensino-aprendizagem. Ao

mesmo tempo, e após um conhecimento mais aprofundando de cada aluno, fui

deixando a postura rígida e passei a adotar uma postura mais natural, aquela

com que me sinto mais identificado.

49

O passo seguinte era o de encontrar uma postura equilibrada, isto é,

aproximar-me mais dos alunos sem nunca perder o respeito adquirido no início

do ano. Tornou-se um processo natural. Os alunos começaram a perceber que

podiam contar com a minha presença como ouvinte e conselheiro. Esta

proximidade não me retirou autoridade enquanto Professor, muito pelo

contrário, consegui cativar os alunos para a prática de forma mais eficaz e

fazer com que eles estivessem motivados para as tarefas propostas nas aulas.

Esta ligação com os alunos tornou-se igualmente importante na

abordagem de modalidades em que tinha um menor domínio do conteúdo,

como por exemplo na Natação e na Dança. Partia para as aulas menos

nervoso porque sabia que se errasse os alunos não olhariam para mim de

forma “desconfiada”.

Porém, não consegui motivar todos os alunos para a prática. Uma aluna

ao longo de todo o ano letivo manteve sempre uma postura desinserida do

contexto dos restantes colegas. Não participou de forma consistente nas

atividades propostas e poucas foram as vezes em que revelou vontade em

melhorar a sua postura e as suas capacidades. Apesar das várias conversas

que tive com a aluna, esta nunca desejou que eu a ajudasse. Este foi um dos

pontos negativos do meu Estágio Profissional. De facto, não fui capaz de

motivar a aluna para as aulas de Educação Física, integrando-a na turma e

melhorando a relação dela com os restantes colegas.

4.2.1 Relação Pedagógica

Ao longo do ano, como é natural, fui fortalecendo a relação pessoal com

os alunos.

No início do ano encontrei um grupo de alunos que não se conhecia,

onde a timidez dominava grande parte dos alunos. A relação entre os alunos

era pouca ou nula, visto que mesmo os alunos que frequentaram esta escola

nos anos anteriores não tinham quaisquer relações.

Como tal, deparei-me com uma dificuldade inicial, não queria dar muita

confiança aos alunos, pois o título de Professor Estagiário estava presente e os

alunos têm sempre tendência em “abusar” da autoridade. Ao mesmo tempo

50

procurava aproximar-me dos alunos para os conhecer melhor e assim poder

interagir de forma mais adequada com cada um deles.

Ao longo do ano letivo, as conversas no final de cada aula com os

alunos tornaram-se um hábito. Aproveitava aqueles momentos para falar com

eles sobre problemas, gostos, desporto ou até mesmo sobre outras disciplinas.

A minha relação com os alunos foi crescendo, estes perceberam que estavam

perante uma pessoa com mais vivências e em quem podiam confiar. Este

estatuto e a proximidade que adquiri com praticamente todos os alunos fez

com que a minha intervenção na prática ficasse facilitada. Para além dos

alunos estarem perante um Professor jovem, que representa uma motivação

acrescida, reconheceram-me competência. Este estatuto que conquistei foi

fundamental para que a minha proximidade com eles não ultrapassasse limites

que poderiam revelar-se prejudiciais à minha atuação como professor. Ao

longo de todo o ano letivo consegui gerir e manter uma relação de respeito

entre Professor e aluno.

No meu percurso ao nível de treino, tive sempre uma postura muito

próxima dos meus atletas, porque entendo que a função do treinador não se

resume apenas a treinar. A título de exemplo, passo a citar uma expressão

utilizada por José Mourinho: “Quem só percebe de futebol, nem mesmo de

futebol percebe”. O meu pensamento enquanto futuro Professor vai de

encontro a esta ideia, o Professor não pode ser apenas um sujeito que se

desloca à escola para lecionar modalidades, tem que ser mais que um mero

transmissor de informação. Desta forma, segui a minha linha de pensamento e

visto estar a lidar com crianças/jovens, entendi que esta postura ganhava ainda

mais importância. Aos olhos dos alunos é diferente ter um Professor que se

preocupa com estes e com o que os rodeia, do que um Professor que apenas

se preocupa com o espaço da aula. A relação criada com grande parte dos

alunos permitiu-me motivá-los e focá-los nos objetivos pretendidos.

A ligação criada com os alunos tornou-se fundamental e serviu de

suporte para todo o processo interativo criado ao longo do ano letivo. De forma

a poder confirmar a minha perceção, no final do ano, mais especificamente na

última aula, solicitei aos alunos que escrevessem algo sobre mim enquanto

Professor e sobre as aulas de Educação Física. Os testemunhos obtidos

podem ser observados de seguida:

51

“Adorei a experiência de trabalhar com o Professor. Acho que foi um dos anos

onde me esforcei mais, pois o Professor soube-me motivar mais do que os

meus antigos Professores. Teve sempre a preocupação de melhorar a minha

condição física”. (Renato3)

“O Professor foi excelente ao longo deste ano, esteve sempre atento à nossa

evolução e preocupou-se com o nosso bem-estar, não só físico mas também

psicológico”. (Carlos)

“Cativa e ensina muito bem as matérias. Tem métodos de ensino que

conseguem motivar os alunos muito facilmente”. (Carolina)

“Gostei muito do Professor, pois é exigente mas ao mesmo tempo

compreensivo”. (Andreia)

“Apesar de ser jovem demonstrou capacidades para ser um excelente

Professor. É exigente mas arranja sempre forma de motivar os alunos”. (Telmo)

“O Professor conseguiu-nos motivar a melhorar a nossa condição física.

Tornou as aulas de Educação física mais interessantes e mais ricas”. (Filipe)

“Ao longo do ano o Professor mostrou ser um bom profissional, teve sempre a

sua postura autoritária mas também soube ter momentos de brincadeira.

Gostei da maneira como organizou as aulas e também do facto de em pouco

tempo nos conhecer o suficiente para saber daquilo que somos

capazes”.(Joaquim)

“Foi o melhor Professor que alguma vez tive. Foi o único que me conseguiu

compreender e ajudar nos momentos que precisava”. (Daniela)

3 Nome fictício. O mesmo se aplica aos restantes nomes identificativos nos excertos seguintes.

52

“O Professor foi capaz de criar uma ligação muito própria e singular, inexistente

na maioria dos restantes Professores”. (Carla)

4.3 A Turma Partilhada

Ao longo deste ano de Estágio Profissional, partilhei com os meus

colegas de núcleo de estágio uma turma do 5º ano de escolaridade. Tratou-se

de uma experiência excecional. A turma era de sonho, recheada de alunos

queridos, educados, bem comportados, motivados e com grande qualidade,

tanto a nível motor como cognitivo.

“Hoje tive o primeiro contacto com a turma que será a partilhada pelos

três estagiários.

A primeira impressão foi excelente, trata-se de uma turma de 5º ano e é

composta por 29 alunos, 16 raparigas e 13 rapazes.

Através das fichas de caracterização é possível verificar que se trata de

uma turma ativa a nível do desporto federado. O futebol, o voleibol, o andebol,

a natação e a ginástica são os desportos praticados pelos alunos. A grande

maioria dos alunos já se conhece, visto terem frequentado o 1º ciclo na mesma

escola.”

(Reflexão aula nº 1 – 5º ano)

Tal como mencionei na reflexão da primeira aula, desde o primeiro

momento que a turma me cativou, não só pela sua grande predisposição para

a prática de desporto, como também pelo ambiente de proximidade que os

alunos revelaram entre eles. As indicações dos restantes Professores,

evidenciavam que estávamos perante uma turma com excelentes alunos,

deixando antever um ano letivo bastante positivo.

A escolha da lecionação das várias modalidades entre os estagiários foi

aleatória, tendo eu ficado responsável pelas unidades didáticas de voleibol (1º

Período) e futebol (2º e 3º Período). A unidade didática de Ginástica (2º

Período) foi lecionada pelos três em simultâneo, dada a especificidade e

complexidade que esta modalidade envolve.

53

Relativamente à lecionação de cada uma das modalidades, aquela em

que senti maior desconforto foi a Ginástica. Apesar de estarmos os três

estagiários presentes nas aulas, os medos associados ao risco de lesões

tornou-se numa dificuldade acrescida. A grande maioria dos alunos já tinha

vivências da ginástica de solo dos anos anteriores, contudo, o mesmo não

acontecia na ginástica de aparelhos. Tratou-se de uma novidade para a

maioria, tendo alguns alunos evidenciado receio em experimentar e concluir

com êxito algumas das tarefas solicitadas. Foi nesta vertente da ginástica, que

tive de investir um pouco mais, não só a nível das ajudas, mas também na

emissão de feedbacks. Como se tratava de uma faixa etária mais baixa

daquela que tinha na turma de 10º ano, tive de alterar um pouco a minha

postura. Assim, em vários momentos recorri à estratégia de ensinar a “brincar”.

Ou seja, por vezes desafiava os alunos a realizarem os elementos gímnicos

pretendidos através de uma linguagem mais próxima.

“Através de uma linguagem a brincar consegui que os alunos que

revelaram mais dificuldades até então tentassem sem medos e sem receios a

realização dos rolamentos à frente e à retaguarda. A título de exemplo usei as

expressões: “Imagina que és um militar, tens de fazer a cambalhota! Vamos lá

tentar!”; “Cabeça vai para dentro e para trás para seres ainda mais rápido.”

(Reflexão 5º ano - aula nº41 – Ginástica)

Por recurso a este tipo de estratégia consegui c que os alunos com

menos predisposição ultrapassassem os medos e realizassem os vários

elementos acrobáticos.

No que concerne às modalidades de Voleibol e Futebol não senti

qualquer tipo de dificuldade. A minha proximidade desportiva com as

modalidades permitiu-me ensinar de uma forma eficaz o jogo.

Terminado o ano letivo, posso assegurar que dificilmente poderíamos ter

uma turma melhor para partilhar. Os alunos adaptaram-se perfeitamente aos 3

professores, não lhes causando nenhuma estranheza a mudança de professor

nas diversas modalidades.

Foi sem dúvida uma experiência enriquecedora, em virtude de se tratar

de uma turma composta por alunos que vivenciaram uma grande mudança nas

54

suas vidas escolares. Sinto que tive um contributo importante na rápida

integração/adaptação destes à nova escola bem como na introdução da

disciplina de Educação Física nas suas vidas.

4.4 A Experiência Inesperada - 1º Ciclo

A lecionação ao 1º Ciclo foi uma experiência inesperada no meu Estágio

Profissional. Antes do início do ano não previa lecionar numa escola primária.

Contudo, tornou-se em mais uma experiência para mais tarde recordar. Apesar

de antes de ingressar no mestrado já ter tido a oportunidade de lecionar neste

nível de ensino, sinto que evoluí de forma significativa neste âmbito.

O núcleo de estágio ficou responsável pela lecionação de duas turmas

de 4º ano. Ambas eram bastantes heterogéneas, incorporando alunos com

maior e menor predisposição e motivação para a prática desportiva. Numa

primeira fase, a nossa missão passou por motivar os alunos com menor

predisposição para a prática. Passada essa fase, centramo-nos

essencialmente na oferta de várias experiências na área da Educação Física.

No início do ano, juntamente com os meus colegas de estágio,

estudamos o programa nacional dirigido ao 4º ano do 1º ciclo e percebemos de

uma forma mais aprofundada o que realmente é suposto abordar e que metas

os alunos deverão atingir. Visto se tratar de um ciclo de ensino que poderemos

acompanhar num futuro próximo não desvalorizei, em nenhum momento, esta

experiência.

Ao longo do ano abordamos as destrezas gímnicas básicas, tais como

rolamentos, deslocamentos e posições de equilíbrios; ações motoras primárias

do atletismo (correr, saltar e lançar); e o desenvolvimento de ações técnico-

táticas específicas de modalidades como o Basquetebol, o Andebol e o

Futebol.

Finalizado o ano letivo, creio que os objetivos propostos no início do ano

foram atingidos com sucesso. Os alunos tiveram a oportunidade de vivenciar

várias experiências desportivas potenciando as suas capacidades motoras. O

55

gosto pela prática desportiva passou de uma meta que parecia longínqua e

inalcançável para uma ultrapassável no final do ano letivo.

4.4.1Tempo de balanço do processo de ensino-aprendizagem

O facto de ter abordado uma vasta panóplia de modalidades ao longo do

ano letivo, revelou-se uma mais-valia para o meu enriquecimento profissional e

pessoal, contudo a extensão (diminuta) das unidades temáticas, por vezes,

formam uma desvantagem, porquanto não permitiram que houvesse uma

verdadeira evolução do desempenho dos alunos.

Em sentido inverso, a unidade didática de ginástica foi composta por 11

aulas, tendo sido visível uma evolução superior. De facto, a extensão das

unidades marcam a diferença nos ganhos obtidos em termos de aprendizagem.

Chegando ao final do ano, não estou certo da opção mais adequada, se

abordar menos modalidades, aumentando o número de aulas, ou abordar

muitas modalidades, diminuindo o número de aulas realizadas. Ambas as

escolhas têm as suas vantagens e desvantagens. Creio que a decisão terá que

ter em conta o plano curricular do ano de escolaridade e respetivos conteúdos

e as caraterísticas da turma que temos sob a nossa responsabilidade.

Entendo que a Educação Física deve ser vista como um meio formativo

eclético, que oferece experiências válidas nas várias modalidades. Sendo as

unidades didáticas mais ou menos extensas, é importante os alunos poderem

aceder a várias modalidades, para as ficar a conhecer e, se quiserem, poderem

iniciar a sua prática fora da escola. Tal como refere Bento (1999), a Educação

Física tem que ser encarada como uma disciplina relevante do currículo

escolar, que vai muito para além do físico, na qual o movimento e o desporto,

enquanto matéria de ensino, estão inerentes, devendo ser entendida como

uma disciplina curricular que toma o desporto como uma forma especifica de

lidar com a “corporalidade”, enquanto sistema de comportamentos culturais,

marcado por normas, regras e conceções socioculturais.

Ao longo de todo o ano letivo tive os meus altos e baixos, contudo

sempre tentei manter um equilíbrio que me permitisse estar em aprendizagem

continuada. Como principal ponto negativo no meu ano de Estágio Profissional

56

aponto o facto de não ter conseguido, em praticamente nenhum momento,

motivar uma das alunas da turma. A sua personalidade demasiado introvertida

e postura passiva e de distância para com os que a rodeavam não facilitou o

processo.

Porém, no que diz respeito à relação professor-turma sinto-me realizado

e orgulhoso, porquanto consegui estabelecer uma relação de empatia, amizade

e de respeito com os alunos.

57

4.5 O Treino Funcional nas aulas de Educação Física

4.5.1 Resumo

A elaboração do presente estudo teve como objetivos centrais analisar os

efeitos da implementação do treino funcional nas aulas de Educação Física ao

nível da motivação dos alunos para o trabalho de condição física e ao nível da

execução motora dos exercícios presentes no circuito. Os participantes foram

26 alunos de uma turma do 10º ano de escolaridade, com idades

compreendidas entre os 15 e os 17 anos. O estudo teve a duração de 8

semanas, com a realização de uma sessão por semana. Para avaliar a

motivação dos alunos para a prática do treino funcional adaptou-se o

questionário Gonzaga (2013). A análise da motivação foi efetuada por recurso

a um questionário adaptado de Gonzaga (2013). Para realizar a análise dos

questionários de questões de resposta aberta foi feita uma análise de

conteúdo, coadjuvada com estatística descritiva, especificamente frequências

relativas e absolutas. A análise da execução motora foi avaliada recorrendo ao

programa audiovisual Dartfish Express®, de recolha de imagens das sessões.

Com o mesmo propósito, o circuito de treino funcional realizado conteve uma

estação intitulada “móvel”, onde os alunos visualizavam a sua execução,

identificando os erros mais evidentes. Para a análise comparativa dos dados

antropométricos recolhidos no início e final da aplicação do programa de treino

recorreu-se ao teste Wilcoxon e para a comparação entre sexos o teste Man

Whitney. Os resultados revelaram que os alunos ficaram motivados para a

realização de circuitos de treino funcional nas aulas de Educação Física e que

a grande maioria apresentou melhorias na execução motora dos vários

exercícios realizados. No que concerne aos dados antropométricos, apenas se

registaram diferenças com significado estatístico ao nível da altura.

PALAVRAS-CHAVE: TREINO FUNCIONAL, CIRCUITO DE TREINO

FUNCIONAL, EXECUÇÃO MOTORA, MOTIVAÇÃO, AULAS DE EDUCAÇÃO

FÍSICA

58

4.5.2 Introdução

Nos dias de hoje as melhorias da condição física dos alunos nas aulas

de Educação Física são escassas ou praticamente nulas. Almeida e Ribeiro

(2009) advogam que uma das razões para a inexistência de melhorias da

condição física dos alunos é a fraca intensidade nas aulas de Educação Física.

Paralelamente, é também uma realidade que os adolescentes passam

grande parte do seu tempo livre em práticas sedentárias, levando a uma

diminuição acentuada dos seus níveis de atividade física. Como tal, é

fundamental que os Professores de Educação Física estejam atentos e

procurem tornar os alunos mais ativos, com um trabalho regular, que os motive

e contribua para a criação de hábitos de vida saudável no contexto

extraescolar.

Quando realizada de forma competente e supervisionada, a prática de

exercício físico na adolescência, além de ser segura, efetiva e motivante, pode

auxiliar no crescimento e na promoção de saúde. Um estudo de Guila (2003)

demonstrou que muitas crianças e jovens durante o processo de crescimento

não alcançam o seu potencial de desenvolvimento, em parte, por carência de

estímulo físico.

No que concerne ao trabalho de condição física no contexto das aulas

de Educação Física, ao longo deste ano de Estágio Profissional, tive

oportunidade de experienciar não apenas nas aulas que lecionei, mas também

nas aulas que observei dos meus colegas de Núcleo de Estágio e Professores

mais experientes, que a realização de exercícios de melhoria da condição física

não é bem aceite pelos alunos e os níveis de motivação para a sua realização

são tendencialmente reduzidos. Esta falta de motivação dos alunos para o

trabalho da condição física reside num alargado conjunto de fatores. Neste

âmbito, Lourenço (2002) justifica a falta de motivação pelo facto de a adesão

ao exercício físico ser determinada por fatores individuais, sociais e cognitivos,

que se relacionam entre si. Tal como refere Costa (1991), para se obter

sucesso é preciso estar motivado, e o motivo para os jovens participarem em

atividades desportivas relaciona-se essencialmente com o divertimento, o

desenvolvimento das habilidades, a forma física e a saúde.

59

Atendendo a este panorama, propus-me encontrar uma alternativa que

contribuísse para a melhoria da condição física dos alunos nas aulas de

Educação Física e que, simultaneamente, os motivasse para a sua prática. O

caminho passou por implementar um circuito de Treino Funcional.

Segundo Garganta (2015), o Treino Funcional engloba um conjunto de

exercícios que promovem a condição física com base em “Padrões de

movimento” que servem de suporte para a realização de um conjunto alargado

de tarefas do dia-a-dia e de técnicas desportivas. Face a este postulado, a

inclusão do Treino Funcional nas aulas de Educação Física surge como um

caminho a seguir. Com efeito, sendo a Educação Física uma disciplina que

oferece aos alunos a oportunidade de aprender e desenvolver as suas

capacidades motoras, porque não incluir o treino funcional nas aulas de forma

regular?

Durante o ano letivo muitas foram as questões que surgiram. Que tempo

destinar ao Treino Funcional? Qual a melhor forma de o distribuir tendo em

conta as inúmeras modalidades obrigatórias a lecionar? A aplicação do Treino

Funcional trará vantagens ao nível da condição física dos alunos? A inclusão

do Treino Funcional nas aulas poderá influenciar (positiva ou negativamente) a

motivação dos alunos? Na verdade, muitos foram os pensamentos cruzados na

minha cabeça ao longo desta caminhada. Contudo, recorrendo ao pensamento

de Garganta (2015), que defende que a escola deve ser o ponto de partida

para a alteração de comportamentos, decidi arriscar no desenvolvimento desta

temática e tentar responder às questões colocadas. Assim, considerei que o

Treino Funcional, como estratégia de mudança, tendo em conta que é uma

atividade acessível a qualquer aluno e fácil de implementar, pode ser uma luz

ao fundo do túnel par ao trabalho da condição física no contexto das aulas de

Educação Física. Como tal, o presente estudo tem como objetivo geral analisar

os efeitos da implementação do treino funcional nas aulas de Educação Física.

Complementarmente foram definidos os seguintes objetivos específicos:

Analisar os níveis motivacionais dos alunos para a prática do Treino

Funcional nas aulas de Educação Física.

Analisar a alteração da qualidade da execução motora das tarefas

inseridas no treino funcional;

60

Comparar as medidas antropométricas anteriores e posteriores à

aplicação do programa de treino

Analisar as medidas antropométricas anteriores e posteriores à

aplicação do programa de treino em função do sexo

4.5.3 Metodologia

4.5.3.1 Participantes

Participaram no presente estudo 26 alunos, 12 raparigas e 14 rapazes,

com idades compreendidas entre os 15 e 17 anos (Gráfico 1). Todos os

participantes pertencem a uma turma de 10º ano de escolaridade de uma

Escola situada em Espinho. Dos 26 alunos, 17 alunos praticam uma

modalidade a nível federado e 9 alunos não praticam qualquer modalidade fora

do contexto das aulas de Educação Física.

Gráfico 1 - Distribuição por idades

4.5.3.2 Instrumentos

Circuito de Treino Funcional

O circuito de treino funcional foi elaborado pelos Estudantes Estagiários

do Núcleo de Estágio para um total de 8 aulas, tendo sido aplicado na parte

final de cada uma delas. Em termos estruturais, o circuito foi composto por 10

estações, conforme ilustra Quadro 2.

15

16

17 0

5

10

15

20

Idades

Nº de alunos

61

Quadro 2 - Circuito de treino funcional

Estação Descrição Imagem

Es

taçã

o 1

Cad

eira

iso

tric

a

O aluno adota uma posição estática, com a

coluna e cabeça encostadas a uma parede. Os

membros inferiores deverão estar fletidos

realizando um ângulo de 90 graus.

Es

taçã

o 2

Sa

lto

à c

ord

a

O aluno realiza o maior número possível de

saltos à corda. O salto poderá ser efetuado a dois

ou a um pé.

Es

taçã

o 3

Afu

nd

o e

stá

tico

Adotando uma posição de afundo, o aluno realiza

uma descida do seu corpo de forma controlada,

fletindo os membros inferiores. O joelho não deve

avançar o calcanhar.

Es

taçã

o 4

Esca

lado

r O aluno adota posição de prancha e deverá realizar

de forma alternada a flexão dos membros inferiores à

frente.

Es

taçã

o 5

Bu

rpee

s

O aluno alterna de forma frequente a posição de

prancha e salto a pés juntos.

62

Es

taçã

o 6

Exte

nsã

o d

e

bra

ço

s

Adotando uma posição de prancha, o aluno

realiza flexão dos membros superiores (até 90

graus), mantendo uma postura corporal

controlada.

Es

taçã

o 7

Fle

o d

o t

ron

co

O aluno realiza flexão do tronco adotando uma

posição corporal com os membros inferiores

fletidos e a coluna no solo. As mãos devem

ultrapassar a zona da anca no momento da

contração abdominal.

Es

taçã

o 8

Ag

acha

me

nto

O aluno adota posição de agachamento com os

pés paralelos e à largura dos ombros. A descida

da bacia deve ser controlada, sem avançar os

joelhos além da linha do calcanhar.

Es

taçã

o 9

Tricep

s c

om

bo

la

me

dic

ina

l

O aluno realiza flexão dos membros superiores

com os cotovelos juntos à cabeça. A bola

medicinal não deve ultrapassar a linha da cabeça

na fase concêntrica.

Es

taçã

o 1

0

Esta

ção

ve

l

Estação reservada à visualização de imagens das aulas anteriores.

O tempo de exercitação das várias estações situou-se nos 30 segundos,

bem como o tempo de repouso. Em todas as sessões apenas se realizou uma

série.

63

Os pressupostos que estiveram na base da construção deste circuito

foram a variedade de exercícios dinâmicos e apelativos para os alunos, bem

como o trabalho equilibrado no que diz respeito aos membros inferiores, core

abdominal e membros superiores.

A estação 10, intitulada “móvel”, serviu, essencialmente, para os alunos

visualizarem a sua prestação na realização dos exercícios das aulas anteriores.

Avaliação Antropométrica

A avaliação antropométrica foi realizada em dois momentos. O primeiro

momento na semana antecedente ao início do estudo e o segundo momento

na semana seguinte ao término do estudo.

A altura foi medida com uma fita métrica colocada num poste de uma

baliza do ginásio. Os valores foram registados em metros até ao milímetro mais

próximo.

O peso corporal foi registado através de uma balança digital da escola

da marca TANITA. Os valores foram registados em quilogramas até a

decigrama mais próxima.

Questionário de Motivação

O questionário motivacional, versão adaptada de Gonzaga (2013), é

composto por 10 questões de resposta aberta. Foi aplicado entre a 5ª e a 6ª

sessão.

Através do preenchimento do questionário pelos alunos, aferimos a

motivação que estes revelam para a realização do treino funcional nas aulas de

Educação Física.

64

Filmagem de Execução Motora

A filmagem da execução motora dos exercícios propostos para cada

estação do circuito foi efetuada através de um Tablet, utilizando o programa

audiovisual Dartfish express®, que permite a gravação de vídeo e registo de

imagens. Este permite ainda realizar a manipulação das imagens capturadas,

facilitando a sua visualização em slow motion. Recorrendo a este instrumento

foi possível registar a qualidade da prestação motora dos alunos nos vários

exercícios e posteriormente partilhar e analisar a execução de cada um.

4.5.3.3 Procedimentos de Análise

Para realizar a análise dos questionários de questões de resposta aberta

foi feita uma análise de conteúdo, coadjuvada com estatística descritiva,

especificamente as frequências relativas e absolutas.

Relativamente à comparação dos dados antropométricos iniciais e finais

foi realizado o teste não paramétrico Mann Whitney para amostras

independentes e os testes não paramétricos para dados não emparelhados

com o teste Wilcoxon. O Programa utilizado foi o SPSS. O nível de significância

foi mantido a p≤0,05.

No que concerne à análise de execução motora foi utilizado o programa

Dartfish express®. A captura de imagens e vídeo foi realizada ao longo de

todas as sessões e analisadas com os alunos em slow motion nas aulas

seguintes.

4.5.4 Apresentação dos resultados

4.5.4.1 Motivação dos Alunos para o Treino Funcional

No Gráfico 2, podemos observar as preferências dos alunos ao nível das

práticas em Educação Física. Dos 26 alunos da turma, 53% apontam para as

modalidades coletivas como as preferidas, seguindo-se as modalidades

individuais e outras atividades com 20% cada uma. Já o treino funcional é

considerado a atividade preferida de 7% dos alunos.

65

Como podemos observar no Gráfico 3, as atividades que os alunos

menos gostam de realizar nas aulas de Educação Física são as modalidades

individuais (69%), seguem-se as modalidades coletivas (27%) e o treino

funcional (4%).

Gráfico 2 – Atividades com maior preferência Gráfico 3 - Atividades com menor preferência

Os alunos quando questionados diretamente acerca do treino Funcional,

77% refere que gosta do treino funcional nas aulas de Educação Física, 15%

refere que não gosta e 8% refere que depende da carga física imposta durante

a aula (Gráfico 4).

Gráfico 4 - Motivação para a prática do treino funcional

O Gráfico 5 evidencia que o exercício de trabalho de abdominal é o

preferido dos alunos da turma (35%). Os saltos à corda são os preferidos para

23% dos alunos e a cadeira isométrica para 15%.

7%

53%

20%

20%

TF

Modalidades coletivas

Modalidades individuais

Outros

4% 27%

69%

TF

Modalidades coletivas

Modalidades individuais

77%

15% 8%

Sim

Não

Depende da carga física da aula

66

31%

38% 4%

8%

4% 15%

Burpees

Flexões

Cadeira isómetrica

Abdominais

Já no que concerne aos que menos gostam (Gráfico 6), verifica-se que a

realização das flexões é o exercício que os alunos têm menos preferência, com

38% de respostas. Já a realização dos burpees é para 31% dos alunos o

exercício que menos gostam.

Gráfico 6 - Exercícios com menor preferência

No Gráfico 7 podemos observar que 58% dos alunos considera muito

importante o trabalho de força nas aulas de Educação Física. Já 27%

considera que é muito importante e 7% pouco importante. De registar que 8%

dos alunos não tem uma opinião formada sobre a questão.

Gráfico 7 - Importância dada à melhoria da condição física

8% 15%

35% 23%

11% 8%

Biceps com barra

Cadeira isómetrica

Abdominais

Salto à corda

27%

58%

7% 8% Muito

Importante

Importante

Pouco Importante

Sem opinião

Gráfico 5 – Exercícios com maior preferência

67

No Gráfico 8, verificamos que 62% dos alunos considera que a

modalidade abordada na aula influência a sua motivação para a mesma. Já

15% considera que a motivação estimulada pelo Professor ao longo da aula

influência a sua predisposição para a mesma.

Gráfico 8 - Motivação para a aula

Metade dos alunos quando questionados acerca da influência do Treino

Funcional para a motivação para a aula de Educação Física revelou que a

realização do treino funcional os motiva. Já 31% afirma que a realização do

treino funcional não influência a sua motivação para a aula e 11% considera

que a realização os deixa menos motivado para a prática (Gráfico 9).

Gráfico 9 - Influência do Treino Funcional na motivação para a aula

62% 15%

8% 15%

Modalidade abordada

Motivação externa

Avaliação

50%

11%

31%

8%

Mais motivado

Menos Motivado

Não influência

Depende do cansaço

68

No que concerne ao cumprimento dos exercícios prescritos pelo

Professor, como podemos observar no Gráfico 10, 85% dos alunos afirma que

cumpre sempre o solicitado na realização do circuito de treino funcional e 15%

afirma que, por vezes, tenta escapar ao solicitado.

Gráfico 10 - Cumprimento do prescrito

Relativamente ao desempenho nos circuitos de treino funcional, como se

pode observar no Gráfico 11, 46% dos alunos considera que tem um bom

desempenho, 23% avaliam as suas prestações como muito boas e 8% coloca-

se no medíocre.

Gráfico 11 - Avaliação do desempenho

85%

15%

Cumpro sempre

Tento escapar por vezes

23%

46%

23%

8%

Muito bom

Bom

Suficiente

Mediocre

69

Os alunos quando questionados acerca da importância do Treino

Funcional para a vida extraescolar, como se pode observar no Gráfico 12, 54%

considera que a realização de treino funcional é muito importante na melhoria

da condição física e 23% destaca a importância do treino funcional na

preparação para as modalidades coletivas e individuais.

Gráfico 12 - Importância do Treino Funcional na vida extraescolar

No que concerne à manutenção do Treino Funcional nas aulas de

Educação Física, verificou-se, como espelha o Gráfico 13, que 92% dos alunos

mantinha a realização de um circuito de treino funcional e apenas 8% dos

alunos retirava este tipo de trabalho, que para eles é complementar.

Gráfico 13 - Manutenção do Treino Funcional nas aulas de EF

54%

11%

23%

12%

Muita importância (melhoria da condição física)

Nenhuma

Preparação para outras modalidades

Pouca importância

92%

8%

Mantinha

Retirava

70

4.5.4.2 Padrão de Execução Motora

Ao longo das oito semanas do estudo foi visível a evolução dos alunos

em alguns dos exercícios solicitados no circuito de treino funcional. Dos nove

exercícios realizados no circuito foram selecionados aqueles que os alunos

evidenciaram mais evolução ao longo das oito semanas. No Quadro 3 podem

ser observadas, de forma pormenorizada, as alterações obtidas na qualidade

de execução em 5 exercícios.

Quadro 3 – Padrão de execução motora na 1ª aula na última dos exercícios no circuito de Treino

Funcional

Exercício 1ª Sessão do circuito de TF 8ª Sessão do circuito de TF

Flexão de

braços

71

Cadeira

isométrica

Flexão do

tronco

Triceps

com bola

medicinal

72

Afundo

No exercício de flexão de braços é visível, tal como evidencia a imagem

do Quadro 2, que os alunos tinham tendência em elevar a bacia. Uma das

correções posturais realizadas foi de encontro ao alinhamento da coluna, de

forma a melhorar a posição de prancha.

No exercício de cadeira isométrica, um dos erros mais frequentes

apresentados pelos alunos foi a posição dos pés. Nesta estação os feedbacks

centraram-se na correção da posição dos pés, ou seja, paralelos e à largura

dos ombros, de forma a oferecer uma maior estabilidade e suporte ao aluno.

No exercício de flexão do tronco a postura inicial da maioria dos alunos

evidenciava algumas incorreções, como por exemplo a coluna com posições

desadequadas, flexão do pescoço e pouca preocupação com posição dos

membros inferiores. A evolução dos alunos neste exercício foi de encontro ao

alinhamento postural, bem como à contração total do core abdominal.

Na estação de tríceps com bola medicinal, como podemos verificar no

Quadro 2 os erros evidenciados na 1ª sessão de treino funcional centravam-se

na posição dos membros superiores e na flexão do pescoço.

No exercício de afundo, os alunos na 1ª sessão de treino funcional

evidenciavam o avanço do joelho e uma postura corporal relaxada.

Realizando uma breve comparação entre as posturas apresentadas na

1ª sessão de treino funcional e a 8ª sessão é visível a melhoria postural dos

73

alunos. As correções posturais foram realizadas com o auxílio de imagens

capturadas nas aulas, tendo sido transmitidos aos alunos nas aulas seguintes.

Contudo, apesar das melhorias apresentadas, estas não foram

evidentes em todos os exercícios e em todos os alunos da turma. Os alunos

que não efetuaram o circuito de treino funcional de forma regular ao longo das

8 semanas, foram aqueles que apresentaram menos melhorias. No que

concerne aos exercícios em que não se evidenciaram diferenças tão relevantes

a nível postural, justifica-se pelo facto dos exercícios não terem um nível de

exigência tão grande.

4.5.4.3 Dados Antropométricos

Como podemos verificar nos Quadros 4 e 5, a Altura e o Peso tiveram

alterações significativas, aumentando do início para o final do ano letivo (p=

0,002 e p=0,006, respetivamente).

Já o IMC não teve alteração com significado estatístico (Quadro 6).

Quadro 4 - Dados Antropométricos - Altura

Variável Média Desvio Padrão P

Altura 1 1,6404 0,07175 0,002*

Altura 2 1,6488 0,07399

*Diferenças com significado estatístico (P ≤ 0.05)

Quadro 5 - Dados Antropométricos - Peso

Variável Média Desvio Padrão P

Peso 1 58,9231 10,85148 0,006*

Peso 2 59,7962 10,49752

*Diferenças com significado estatístico (P ≤ 0.05)

74

Quadro 6 - Dados Antropométricos - IMC

Variável Média Desvio Padrão P

IMC 1 21,8000 3,07350 0,232

IMC 2 21,9038 2,88257

A exploração das variáveis em função do sexo evidenciou que no início

do ano os rapazes eram significativamente mais altos que as raparigas

(Quadro 7), diferença que se manteve no final do ano letivo (Quadro 8).

No que concerne ao Peso e IMC não se verificou qualquer diferença

com significado estatístico.

Quadro 7 - Dados Antropométricos por sexo – 1º Registo

Variável Média Desvio Padrão P

Peso 1 Masculino 60,8071 13,60014

0,403 Feminino 56,7250 6,26435

Altura 1 Masculino 1,6821 0,06447

0,001* Feminino 1,5917 0,04448

IMC 1 Masculino 21,3143 3,80523

0,403 Feminino 22,3667 1,92511

*Diferenças com significado estatístico (P ≤ 0.05)

75

Quadro 8 - Dados Antropométricos por sexo – 2º Registo

Variável Média Desvio Padrão P

Peso 2 Masculino 61,7000 13,07070

0,462 Feminino 57,5750 6,20881

Altura 2 Masculino 1,6921 0,06762

0,001* Feminino 1,5983 0,04324

IMC 2 Masculino 21,3857 3,48289

0,322 Feminino 22,5083 1,95144

*Diferenças com significado estatístico (P ≤ 0.05)

A exploração entre as variáveis, evidenciaram que existem correlações

significativas na Altura 1 e Altura 2 tal como podemos verificar nos quadros 6 e

7. Já as variáveis de Peso 1, Peso 2, IMC 1 e IMC 2 não revelam resultados

com diferenças com significado estatístico.

4.5.5 Discussão

A análise dos níveis motivacionais dos alunos para o treino funcional

revela que a maioria dos alunos gosta do treino funcional e desejam que este

se mantenha nas aulas de Educação Física.

Na generalidade os alunos consideram que a prática do treino funcional

tem um contributo importante nas suas vidas extraescolares, tanto na melhoria

da condição física, como na adoção de hábitos de vida saudáveis.

Contudo, 31% dos alunos não consideram o Treino Funcional como uma

atividade que os faça aumentar os índices de motivação para a aula de

Educação Física no seu todo. Deste modo, a motivação facultada pelo

Professor terá de ser evidente para aumentar o compromisso dos alunos. Os

exercícios têm de ser cativantes para manter um grau de motivação elevado,

bem como a transmissão de conhecimento aos alunos acerca da importância

da realização dos exercícios prescritos, pois tal como refere Garganta (2015,

p.154), “é fundamental motivar uma pessoa, mas isso só se consegue quando:

76

se gosta da tarefa, acha a tarefa desafiante e entende que se trata de algo

importante”.

Verificou-se ainda, que os exercícios menos exigentes são os preferidos

pelos alunos, ao invés dos exercícios com um grau de complexidade superior

que são os mais preteridos.

No que concerne à importância do trabalho de força nas aulas de

Educação Física, 85% dos alunos considera importante ou muito importante

este trabalho estar presente nas aulas. Neste âmbito, Wilmore e Costill (2001)

referem que o treino de força pode ter muitos benefícios para o

desenvolvimento dos adolescentes. Os ganhos de força são decorrentes,

sobretudo, das adaptações neurais e do aumento do tamanho corporal.

Relativamente à evolução de execução motora ficou evidente a evolução

de alguns alunos. Contudo, esta evolução não se verificou em todos os alunos

da turma, nem em todas as estações. Os alunos que não tiveram uma prática

regular do circuito ao longo das 8 semanas foram aqueles que menos

melhorias apresentaram. Já os alunos que tiveram uma presença assídua ao

longo do estudo revelaram uma sensibilidade diferente para as suas correções,

contribuindo de forma evidente para os resultados apresentados na última

sessão. A responsabilidade e a disponibilidade demonstrada pela grande

maioria dos alunos tornaram-se fundamentais para a evolução da execução

motora dos exercícios prescritos.

No que comporta à comparação dos dados antropométricos registados

no início do ano letivo e no final, a altura e o peso evidenciaram diferenças com

significado estatístico. Estes resultados já seriam expectáveis, em virtude dos

alunos estarem num processo de crescimento.

4.5.6 Conclusão

Os dados deste estudo revelam que os alunos estão “abertos” a novos

desafios. O Treino Funcional assume-se como uma alternativa perfeitamente

viável para o trabalho de condição física nas aulas de Educação Física. Não

necessita de material dispendioso, não ocupa tempo excessivo nas aulas e

77

pode mesmo ser uma atividade proposta pelos alunos, a nível de incorporação

de exercícios, com a supervisão do Professor.

A escolha para o momento da realização do circuito na aula de

Educação Física fica ao critério do Professor, contudo, realizar na parte final da

aula poderá não trazer uma rentabilidade tão grande, pois os alunos

apresentam-se mais desgastados fisicamente e psicologicamente. Entendo que

o ideal será realizar após o aquecimento na parte inicial da aula, pois os alunos

estão mais predispostos para a atividade.

O Treino Funcional pode trazer benefícios da condição física dos alunos,

contudo, esta terá de ser uma prática regular com exercícios adequados e

motivantes.

No que concerne à execução motora, como revelou o presente estudo,

os alunos são capazes de em poucas sessões assimilarem as noções

posturais adequadas de execução, contudo, é necessário uma supervisão

cuidada e uma emissão de feedbacks ajustada ao nível dos alunos. A

demonstração ou a visualização de imagens/vídeos, através da utilização de

tablet, será uma alternativa bastante viável para a transmissão de informação.

4.5.7 Propostas para futuros estudos

Este estudo teve a duração de 8 semanas, sendo realizada uma sessão

de Treino Funcional por semana. Entendo que será pertinente a realização de

um estudo similar ao longo de vários meses ou até mesmo durante um ano

letivo completo, com um mínimo de duas sessões semanais.

A realização de outros circuitos com exercícios destintos, onde se

alternasse circuitos com e sem material e mais e menos estações seria

vantajoso para avaliar a motivação dos alunos para a prática do Treino

Funcional nas aulas de Educação Física.

O circuito proposto foi aplicado na parte final das aulas, contudo e

pensando que os alunos apresentam uma predisposição superior no início da

aula, seria interessante analisar a prestação dos mesmos, variando o momento

da sua realização (parte inicial vs parte final).

78

4.5.8 Referencias Bibliográficas

Almeida, A. e Ribeiro, D. (2009). Comparação dos níveis de atividade

física nas aulas de educação física quanto à morfologia e género dos

alunos, modelo estrutural das escolas, unidades temáticas e

características das aulas: estudo realizado em estudantes a frequentar o

2º ciclo do ensino básico da Escola EB 2-3 Fernando Pessoa e do

colégio Nossa Senhora da Paz: Porto.

Costa, R. (1991). Fatores de motivação dos jovens praticantes de

voleibol. Porto: Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação

Física da Universidade do Porto.

Garganta, R., & Santos, C. (2015). Proposta de um sistema de

promoção da atividade física/exercício físico, com base nas “novas”

perspetivas do treino funcional. In R. Rolim, P. Batista & P. Queirós

(Eds.), Desafios renovados para a aprendizagem em educação física

(pp. 125-157). Porto: Editora FADEUP.

Guila, J. (2003). Efeitos de um programa de treino de força em contexto

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cidade de Maputo. In: A. Prista; A. Marques; S. Saranda & A. Madeira.

Atividade física e desporto: Fundamentos e contextos. Moçambique:

Faculdade de Ciências de Educação Física e Desporto.

Lourenço, A. (2002). Motivação para a aderência ao exercício físico

regular em populações especiais. Porto: Faculdade de Ciências do

Desporto e de Educação Física da Universidade do Porto.

Wilmore, J. & Costill, D. (2001). Fisiologia do desporto e do exercício.

Brasil Mano.

79

5. PARTICIPAÇÃO NA ESCOLA E RELAÇÃO COM A COMUNIDADE

80

81

5. Participação na Escola e Relação com a Comunidade

No início do ano letivo tinha consciência de que a função do professor

estagiário incorporava outras funções que não só as resultantes das aulas.

Participar ativamente nas atividades da escola e sentir-me parte integrante da

mesma foram objetivos que estabeleci para esta área. Tal como referem Silva,

Pinto e Batista (2009, p.9), “além de gestor da aula, o Professor tem de ser um

gestor de relações pessoais e de conflitos, um gestor administrativo, um gestor

de tarefas de interação com a comunidade.”

Ao longo do estágio dediquei-me e empenhei-me participando nas

atividades realizadas na escola, mais concretamente nas do grupo de

Educação Física.

Participei nas reuniões de departamento de expressões, de grupo de

Educação Física e nos conselhos de turma que me permitiram adquirir algumas

competências nesta área organizacional que o professor também tem que

possuir. Estes momentos revelaram-se determinantes na relação com os

restantes professores.

Desde o início do ano letivo que a Professora Cooperante promoveu

muito o contacto do Núcleo de Estágio com a restante comunidade escolar,

apresentando-nos a todos os funcionários e professores ligados à direção da

escola. Fomos recebidos de forma muito positiva por todos os elementos.

Acolheram-nos da melhor maneira possível, mostrando-se disponíveis para

tudo o que fosse necessário. Esta proximidade permitiu-me uma rápida

adaptação ao meio escolar e foi determinante na minha passagem pela Escola.

Relativamente à participação nas atividades da escola, estive presente

na colaboração de várias, entre as quais o clube de natação no Desporto

Escolar, “Mega Atleta”, “Happy Day”, “Mexe-te” e numa visita de estudo a

Mafra. O envolvimento na comunidade escolar foi sendo cada vez mais efetivo

também fruto destas atividades. Nestas iniciativas tive oportunidade de partilhar

ideias e de trabalhar em equipa visando um objetivo comum, o que me fez

sentir verdadeiramente integrado no Grupo. A proximidade construída com a

comunidade escolar tornou-me parte integrante da escola e revelou-se

fundamental na minha evolução enquanto futuro profissional docente.

82

5.1 Atividades realizadas

Ao longo deste ano letivo o núcleo de estágio foi solicitado a participar

de forma ativa nas atividades realizadas pela Escola. Em algumas das

atividades participamos de forma direta na sua organização.

O primeiro evento em que tive uma participação ativa foi no “Mega

atleta”, realizado no 1º Período, organizado pelo Grupo de Educação Física. O

evento foi composto por uma prova de velocidade, salto em comprimento e

resistência (corta-mato). Primou por ser uma atividade que envolveu um grande

número de alunos, onde a qualidade da organização se revelou um elemento

importante.

Ao longo da atividade fiquei responsável por orientar os alunos na prova

de corta-mato. O trabalho foi facilitado pela presença de um professor do grupo

de Educação Física, que me foi transmitindo a informação necessária para uma

maior fluidez da atividade.

A atividade decorreu da forma esperada, o grupo de Educação Física

conseguiu sensibilizar os alunos para a prática da atividade. Porém, apesar de

tudo ter decorrido dentro da normalidade o Núcleo de Estágio conseguiu

detetar um aspeto negativo na sua realização. A fraca adesão dos alunos do

ensino secundário foi evidente deixando a sensação de que poderíamos ter

feito algo mais para mobilizar os “mais velhos”.

A participação neste primeiro evento dinamizado na Escola permitiu-me,

desde logo, antever a capacidade que o Grupo de Educação Física tinha para

a organização de eventos. Em virtude de se tratar de uma atividade realizada

no 1º Período, senti alguma timidez na intervenção, assumindo, por vezes, uma

postura passiva. Porém, sabia que em atividades futuras tinha de adotar uma

postura mais ativa e ser mais interventivo. Com o tempo, fui ultrapassando

estes constrangimentos iniciais e conquistando o meu lugar dentro do Grupo de

Educação Física.

83

5.1.1 Happy Day

O Happy Day foi o evento organizado pelo núcleo de estágio neste ano letivo

(Figura 1). Este evento foi direcionado para os alunos dos 3º e 4º anos de

escolaridade e visou promover a interação entre escolas do agrupamento, bem

como uma saudável transição entre ciclos, aliada à promoção de estilos de vida

saudáveis e à prática regular de exercício físico.

Figura 1 - Cartaz alusivo ao evento "Happy Day"

A angariação de patrocínios, a convocação dos funcionários, a

transmissão da informação à direção da escola e a alguns professores, bem

como a requisição dos espaços, reuniões com as professoras da Escola nº2 e

com o núcleo de estágio de Espanhol foram algumas das tarefas realizadas

nas semanas antecedentes ao evento.

Após uma dedicação e um esforço enorme por parte de todos, núcleo de

estágio e Professora Cooperante, chegamos ao grande dia ansiosos mas

recheados de expectativas elevadas para o que se avizinhava.

O evento iniciou-se com três pequenas intervenções por parte do

Presidente da Câmara Municipal de Espinho, da Presidente do Conselho Geral

e do Diretor da Escola.

Preparamos a realização de um peddy paper com variadíssimas

atividades: paralelas (estação radical), corrida de sacos, jogo de latas,

estafetas com água, salto em comprimento, lançamentos ao cesto, jogos

84

didáticos de Espanhol e sensibilização para uma alimentação saudável. Para a

realização destas atividades contamos com a colaboração de alguns

professores da escola, de uma nutricionista e de alguns dos nossos alunos,

que prontamente se disponibilizaram para ajudar no que fosse necessário.

A afluência ao evento não foi tão grande como esperado, ainda assim

contou com 85% das inscrições. Apesar de não terem comparecido todos os

inscritos conseguimos angariar uma excelente massa humana, cerca de 150

pessoas, entre alunos e encarregados de educação.

A angariação dos patrocínios foi um processo simples e permitiu que o

evento fosse autossustentado. Junto dos patrocinadores conseguimos angariar

alimentação (pães, bolos, fiambre, fruta), água e sumos para o lanche convívio

e uma tela alusiva ao evento.

Realizando uma avaliação geral do evento, posso afirmar que superou

as nossas expetativas iniciais. O facto de não ter ocorrido nenhum problema no

decorrer do evento deixou-nos extremamente felizes. O dinamismo que

conseguimos criar ao longo de toda a prova motivou bastantes feedbacks

positivos por parte dos participantes. Os encarregados de educação que

participaram ficaram contentes com o que viram da escola e a capacidade que

esta tem. Já nos alunos, eram visíveis os rostos de felicidade, indicativos que

adoraram as atividades realizadas. Só posso estar contente e orgulhoso do

trabalho desenvolvido pelo Núcleo de Estágio, que conseguiu demonstrar a

capacidade organizativa e de gestão em atividades escolares. Após algumas

semanas de imenso trabalho na preparação deste evento, chegamos ao fim

com o sentimento de dever cumprido.

Pessoalmente, não tenho dúvidas em afirmar que valeu a pena todo o

investimento que empreendi. Para além das aprendizagens que esta atividade

me facultou ao nível das tarefas e exigências a cumprir na organização de

atividades deste género, dei também um passo importante para me assumir

como professor e sentir parte integrante da escola.

85

5.1.2 MEXE-TE

O MEXE-TE foi uma atividade inserida no programa Rumos da escola e

visou a promoção de várias atividades desportivas para os alunos da escola,

desde o 5º até ao 12º ano de escolaridade.

A organização do MEXE-TE ficou a cargo do Grupo de Educação Física

e contou com a realização de torneios de basquetebol, voleibol, hóquei em

campo, andebol e dança (Zumba). A função do Núcleo de Estágio foi organizar

e gerir o torneio da modalidade de basquetebol destinado aos alunos dos 5º e

6º anos de escolaridade.

O processo de inscrição não era de carácter obrigatório, ou seja,

participavam os alunos que queriam, contudo teve uma enorme afluência.

Durante a atividade assumi funções de arbitragem e de gestão dos jogos

do 5º ano (basquetebol). Comparativamente à primeira atividade realizada pelo

Grupo de Educação Física (Corta-Mato), consigo facilmente perceber que a

minha intervenção foi mais importante nesta atividade. Assumi uma função de

responsabilidade que foi concretizada com êxito. A postura tímida que revelava

junto dos restantes docentes do Grupo de Educação Física desvaneceu-se,

passando a sentir-me perfeitamente integrado nas dinâmicas do Grupo.

Tudo correu conforme planeado, os jogos realizaram-se no horário

previsto e todas as equipas participaram nos jogos que estavam agendados.

Este evento tornou-se em mais um momento dedicado a atividades desportivas

promovidas pela escola e, mais uma vez, o Grupo de Educação Física mostrou

a sua capacidade de organizar eventos para um elevado número de

participantes. A dinâmica e o espírito de entreajuda que todos os Professores

do Grupo de Educação Física apresentam, permite que este tipo de eventos

possa ser realizado nesta escola.

86

5.1.3 Visita de Estudo – Convento de Mafra

Uma atividade de cariz diferente, uma visita de estudo. Tudo começou

no conselho de turma no final do 2º Período, quando a Professora de História

da turma questionou se algum Professor estaria disponível para uma

deslocação ao Convento de Mafra. Desde logo me disponibilizei a participar na

atividade (Figura 2).

Figura 2 - Visita de estudo ao Convento de Mafra

Era sem dúvida uma atividade na qual tinha muito gosto em participar no

meu ano de estágio, pois permitia-me partilhar alguns momentos com os meus

alunos fora do contexto de aula.

A visita decorreu durante todo o dia, sendo repartida em três momentos.

Durante a manhã visitamos e pudemos conhecer o Convento de Mafra. De

tarde visitamos a Tapada de Mafra, local reservado para os momentos de lazer

dos Reis, e fizemos uma breve paragem na Ericeira.

Tudo isto culminou num dia recheado de divertimento, mas também de

conhecimento. Foi uma experiência diferente, estar “do outro lado” enquanto

professor, onde as responsabilidades são outras, mas ao mesmo tempo

também muito enriquecedoras. Pude conhecer melhor os meus alunos e

partilhar momentos que em contexto de aula seriam impossíveis.

Não tenho dúvidas de que esta atividade foi mais uma que contribuiu

para o meu enriquecimento enquanto Professor ao longo deste ano letivo.

87

Creio que é importante para o Professor conhecer os seus alunos fora do

contexto de aula e numa visita de estudo são muitos os momentos de interação

entre alunos-professores.

5.1.4 Sarau

O Sarau do final de ano foi realizado pelo grupo de Educação Física e

teve o contributo do Núcleo de Estágio. O evento foi direcionado para algumas

turmas da escola, contando também com a presença de um grupo de dança e

uma equipa de ginástica artística do concelho de Espinho (Figura 3).

Relativamente ao meu contributo nesta atividade, fiquei responsável pela

gestão do material das várias apresentações, bem como pela organização e

gestão da coreografia de dança apresentada pela turma partilhada de 5º ano. A

atividade exigiu uma elevada capacidade de organização e coordenação por

parte de todos os professores do grupo de Educação Física, culminando, desta

forma, num evento de grande sucesso que contou com uma grande afluência

de alunos e familiares.

Figura 3 – Sarau final do ano letivo

88

5.2 Desporto escolar

O clube de natação do Desporto Escolar foi acompanhado pelo Núcleo

de Estágio durante todo o ano. Revelou-se uma atividade bastante produtiva no

que concerne à aquisição de competências na modalidade de natação.

Confesso que no início do ano não era a modalidade que mais gostava

de acompanhar no Desporto Escolar, pois sentia alguns receios e medos na

lecionação da modalidade, algo que se foi diluindo com o passar do tempo.

No início do ano letivo deparamo-nos com um grupo de alunos

heterogéneo - alguns alunos já estavam perfeitamente adaptados ao meio

aquático, porém outros ainda revelavam medos e receios da água. Face a

estes factos, optamos por dividir o grupo em dois. O grupo de nível 1

(adaptação ao meio aquático) e o grupo de alunos de nível 2 e 3. O primeiro

trabalhava no tanque pequeno, enquanto o segundo grupo no tanque de águas

profundas.

O grupo apresentou uma evolução natural e à medida que os alunos iam

conseguindo ultrapassar as devidas etapas subiam de nível. No final do ano,

conseguimos reduzir o nível 1 de doze para quatro alunos.

Ao longo do ano participamos ativamente nos treinos como também no

acompanhamento dos alunos às competições. Após uma reunião com a

Professora Cooperante, responsável pelo clube de natação, decidimos em

virtude do elevado número de alunos (40 alunos), a presença de 2 estagiários

em todos os treinos. No que concerne às competições, ficou estabelecido o

acompanhamento a pelo menos uma competição ao longo do ano. Neste

âmbito, tive a oportunidade de acompanhar os alunos em duas competições,

em Castelo de Paiva e Arouca. Em ambas as participações obtivemos boas

classificações, revelando uma participação positiva por parte da Escola.

Esta experiência enriqueceu de forma substancial o meu ano de Estágio

Profissional. Por se tratar de uma modalidade com um grau de especificidade

elevado, que não tem o mediatismo de outras, este acompanhamento anual

permitiu-me corrigir algumas das minhas lacunas, como por exemplo, a

emissão de feedbacks e o planeamento de situações de aprendizagens.

De facto, além de poder acompanhar e perceber a organização/gestão

de um clube de Desporto Escolar, pude colocar em prática algumas estratégias

89

de ensino que me foram úteis na lecionação da natação à minha turma no 2º

Período. Senti-me realmente melhor preparado, não só a nível da matéria de

ensino, mas também a nível de planeamento e gestão de aula.

O encontro de Desporto Escolar promovido pela Escola no 3º Período

contou com a colaboração do Núcleo de Estágio. A realização desta atividade

permitiu-me perceber o funcionamento de toda a logística necessária para a

realização de uma atividade desta dimensão. Uma atividade que requer

empenho coletivo e muita responsabilidade por parte de todos os professores,

pois mobiliza muitos alunos de escolas diferentes, sendo o planeamento e a

sua organização fulcrais.

Chego ao final do ano letivo com o sentimento de dever cumprido, ao ver

alunos que no início do ano tinham medo de entrar na piscina e que chegam ao

final do ano a nadar pelo menos uma técnica. Passaram a sentir-se totalmente

confortáveis dentro da piscina, sem medos e sem receios. Esta evolução

demonstra que contribui para a adaptação destes ao meio aquático, o que me

deixa extremamente orgulhoso e satisfeito.

90

91

6. CONCLUSÃO

92

93

6. CONCLUSÃO

Concluído o Estágio Profissional, resta-me referir que este foi um ano

bastante gratificante e enriquecedor, contribuindo grandemente para a minha

formação pessoal e profissional.

A possibilidade de poder lecionar neste estabelecimento de ensino,

permitiu-me crescer, pois aprendi a lidar com situações que até aqui não

faziam parte do meu dia-a-dia.

Tive oportunidade de lecionar em três níveis de ensino destintos e com

condições ótimas de trabalho. Além disso, vivenciei ao longo de todo o ano,

experiências únicas com os meus alunos, Professores e restante comunidade

educativa, que jamais serão esquecidas. Aprendi mais do que aquilo que no

início imaginei, crescendo como pessoa e docente.

O caminho não foi fácil, este foi recheado de altos e baixos. O Estágio

Profissional permitiu-me arriscar, experimentar, observar, avaliar e refletir

através de um ensino orientado. As dificuldades, os receios e a insegurança

foram ultrapassadas com uma vontade pessoal enorme. Por tudo isto, ainda

me sinto mais satisfeito e realizado, pois os obstáculos tornaram-me num futuro

profissional melhor preparado.

Quanto aos meus alunos, motivo de todo o meu trabalho e dedicação, o

objetivo centrou-se na potenciação das suas aprendizagens e neste âmbito

penso que o objetivo foi cumprido.

Face a este quadro, posso afirmar que as minhas expetativas iniciais foram

atingidas. Assim, termino com o sentimento de dever cumprido e de que tudo

fiz para realizar sempre o melhor em prol do Agrupamento, do Núcleo de

Estágio e dos alunos em especial.

Encaro, por isso, o meu futuro com otimismo e segurança. Sinto que

ocorreu uma grande evolução em diversos aspetos desde o início do ano até

agora, que todas as experiências passadas promoveram em mim um aumento

de competência e de conhecimentos.

Terminou o Estágio Profissional mas começa agora uma nova caminhada.

Será uma caminhada longa, que terá os seus altos e baixos como todas as

94

outras mas que encaro com grande vontade e entusiasmo. Serei mais um a

lutar pelos meus objetivos e pelos meus sonhos.

“Somos do tamanho dos nossos sonhos”.

(Fernando Pessoa, s/d)

95

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

96

97

7. Referências Bibliográficas

Almeida, A. e Ribeiro, D. (2009). Comparação dos níveis de atividade

física nas aulas de educação física quanto à morfologia e género dos

alunos, modelo estrutural das escolas, unidades temáticas e

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Porto

Wilmore, J. & Costill, D. (2001). Fisiologia do desporto e do exercício.

Brasil Manole

101

8. ANEXOS

102

iii

Anexo 1 - Ficha Biográfica

FICHA INDIVIDUAL DO ALUNO

Informações Pessoais

Nome Completo:

Data de Nascimento: Nacionalidade: Naturalidade:

Morada: Localidade:

E-mail: Telemóvel:

Agregado Familiar

Nome do Pai: Idade: Telemóvel:

Nome da Mãe: Idade: Telemóvel:

Habilitações Literárias (Pai): Profissão:

Habilitações Literárias (Mãe): Profissão:

Número de Irmãos: Idades: Com quem Vives?

Tipologia da habitação:

☐ Própria ☐ Arrendada ☐ Moradia ☐ Vivenda

___________________________ ☐ Apartamento (☐ T0 ☐ T1 ☐ T2 ☐ T3 ☐ T4)

Encarregado de Educação

Nome: Idade: Parentesco:

Percurso Escolar

Escola que frequentaste no ano letivo anterior:

Já reprovaste em algum ano? Sim ☐ Não ☐ Se sim, em qual?

Pretendes seguir para o Ensino Superior? Sim ☐ Não ☐ Que profissão pretendes exercer no futuro?

Disciplinas com mais dificuldades:

Disciplinas que mais gosta:

Qual é a tua motivação para as aulas de Educação Física?

☐ Nenhuma ☐ Pouca ☐ Suficiente ☐ Bastante ☐ Total

Que nota tiveste a Educação Física no ano Letivo anterior?

Quais as modalidades que mais gostas?

Quais as modalidades que menos gostas?

Quais as modalidades que nunca praticaste, mas gostarias?

Percurso Desportivo

Praticas alguma modalidade? Sim ☐ Não ☐ Se sim, qual/quais?

És Federado? Sim ☐ Não ☐ Se sim, há quantos anos?

Quantas vezes treinas por semana? Duração de cada treino?

Em que dias da semana são os teus treinos?

Quais as modalidades que já praticaste?

Já participaste no Desporto Escolar? Sim ☐ Não ☐ Se sim, qual?

iv

Tencionas participar no Desporto Escolar neste ano letivo? Sim ☐ Não ☐

Se sim, em que modalidade?

Hábitos Diários

Que refeições fazes por dia?

Pequeno-almoço ☐ Meio da manhã ☐ Almoço☐ Lanche ☐ Jantar ☐ Ceia ☐ Outras ☐ Quais?

Onde costumas almoçar? ☐ Cantina ☐ Café ☐ Casa ☐ Restaurante

Média do nº de horas de sono diárias: Hora de deitar: Hora de levantar:

Média do nº de horas de estudo diárias: Local de estudo: Com quem estudas?

Fumas? ☐ Nunca ☐ Raramente ☐ Frequentemente

☐ Sempre

Consomes bebidas alcoólicas? ☐ Nunca ☐ Raramente

☐ Frequentemente ☐ Sempre

Áreas de Interesse: ☐ Desporto ☐ Artes ☐ Música ☐ Política ☐ Ciência ☐ Cultura ☐ Outras. Quais?

Classifica os teus hábitos de leitura? ☐ Nunca ☐ Poucas vezes ☐ Muitas vezes ☐ Sempre

Com que frequência ouves música? ☐ Nunca ☐ Poucas vezes ☐ Muitas vezes ☐ Sempre

Com que frequência vês televisão? ☐ Nunca ☐ Poucas vezes ☐ Muitas vezes ☐ Sempre

Quantas horas passas na internet por dia? ☐ menos de 1h ☐ 1h a 2h ☐ 2h a 3h ☐ 3h a 4h ☐ 4h a 5h ☐ mais de 5h

Qual o meio de transporte que usas para te deslocares até a escola?

☐ A pé ☐ Carro ☐ Autocarro ☐ Comboio ☐ Taxi ☐ Bicicleta

Quantos minutos demoras a chegar à escola? (aproximadamente) ☐ 10 ☐ 20 ☐ 30 ☐ 40 ☐ 50 ☐ 60 (ou +)

Histórico Médico

Tens alergias? Sim ☐ Não ☐ Se sim, a quê?

Já foste operado(a)? Sim ☐ Não ☐ Se sim, a quê?

Tens alguma doença crónica? Sim ☐ Não ☐ Se sim, qual?

Tens algum problema de saúde? Sim ☐ Não ☐ Se sim, qual?

Tens algum fator que condicione a prática de Educação

Física? Sim ☐ Não ☐

Se sim, qual?

v

Anexo 2 - Questionário sobre o Treino Funcional

Questionário - Treino Funcional

Responde atentamente e de forma sincera às seguintes perguntas:

1- O que mais gostas de fazer nas aulas de Educação Física? E menos?

2- Gostas da aplicação do treino funcional nas aulas?

3- De entre os exercícios que fazes quais é que mais gostas de fazer? E menos?

4- Relativamente ao trabalho da força (superior, média e inferior) é uma capacidade física muito

importante que deve ser trabalhada nas aulas de Educação Física. Que importância lhe

atribuis?

5- O que te faz gostar mais de umas aulas comparativamente a outras?

6- O facto de realizares o circuito de treino funcional influência a tua motivação para a aula?

Habitualmente ficas mais ou menos motivado? Justifica.

7- Cumpres aquilo que o Professor prescreve (tempo, repetições,…)? Ou pelo contrário tens

dificuldade em fazer o prescrito? Ou tentas “escapar” fazendo o menos possível?

8- Como defines o teu desempenho nos circuitos de treino funcional?

9- Que importância achas que poderá ter o treino funcional na tua vida extraescolar?

10- Caso te fosse dada a opção, mantinhas ou retiravas o treino funcional das aulas de Educação

Física?

vi

Anexo 3 - Cartão de registo individual

Cartão de Registo Individual Treino Funcional

Nome: Nº: Turma:

Exercícios/Data / / / / / / / / /

Cadeira isométrica

Salto à corda

Afundo estático

Escalador

Burpees

Flexões

Abdominais

Agachamento

Triceps com bola medicinal

vii

Anexo 4 - Ficha de registo de Feedback

FICHA DE REGISTO – OBSERVAÇÃO DA INSTRUÇÃO

Professor: _________________________________________________________

UNIDADES DE TEMPO Tipo de Instrução

MIN

UTO

S

0’’-5’’ 5’’-10’’ 10’’-15’’ 15’’-20’’ 20’’-25’’ 25’’-30’’ 30’’-35’’ 35’’-40’’ 40’’-45’’ 45’’-50’’ 50’’-55’’ 55’’-60’’ AT Apresentação da tarefa

9’ FC Feedback corretivo

10’ FP Feedback prescritivo

11’ FD Feedback descritivo

21’ FI Feedback interrogativo

22’ AP Afetividade positiva

23’ AN Afetividade negativa

33’

34’

35’

47’

48’

49’

61’

62’

63’

viii

Anexo 5 - Exemplo de plano de aula

Plano de Aula Nº 61

Professor Cooperante: Teresa Leandro Professor-Estagiário: Luís Limas Ano/Turma: 10º6 Nº alunos previstos: 26 Local: Escola Secundária Dr. Manuel Gomes de Almeida

Aula nº 6 de 9 Data: 28/05/2015 Hora: 11:50 h Duração: 70’ Espaço: Campo de Futebol

Material: 10 bolas de andebol, sinalizadores, 10 cones, fitas, 4 arcos, 4 cordas, 2 apitos Unidade Didática: Andebol Função Didática: Exercitação

Objetivo geral

Habilidades Motoras: Desenvolver situações de superioridade numérica (2x1 e 3x2). Trabalhar o décalage e o passe e vai. Desenvolver transições defesa-ataque e ataque-defesa. Cultura Desportiva: Identificar as regras do andebol, bem com as suas caraterísticas básicas. Identificar a terminologia da modalidade. Condição Física e Fisiologia: Desenvolver a força explosiva através da realização do remate em suspensão e/ou mudanças de direção rápidas, a velocidade de reação acompanhando as movimentações do seu adversário direto e a coordenação óculo-manual manipulando a bola de forma segura e precisa. Conceitos Psicossociais: Respeitar os colegas, professor e funcionários, cooperar com os colegas e ajudá-los a ultrapassar as suas dificuldades, envolver-se ativamente nas atividades da aula, procurando melhorar o seu desempenho.

Objetivo Comportamental Situações de Aprendizagem Componentes Críticas Organização

Alunos/Professor

PARTE INICIAL

11:55

5’

O aluno: - Prepara o organismo para a atividade física seguinte.

Mobilização articular: Organizados por equipas realizam os movimentos de aquecimento pedidos pelo seu capitão

“Não diminui a intensidade” - Os alunos deslocam-se pelo espaço definido.

PARTE FUNDAMENTAL

ix

12:00

10’

O aluno: - Ultrapassa o defensor direto através da realização de fintas de corpo e/ou rápidas mudanças de direção; - Realiza o remate em suspensão/apoio após a chamada dos 3 apoios, - Realiza o remate em suspensão/apoio com rotação do tronco e com o braço que tem a bola “armado”. - Desmarca-se, criando linhas de passe que favoreçam o ataque.

Situação de 2x1: Dois alunos que iniciam exercício no meio campo, devem ultrapassar o seu opositor, recebendo a bola em posição favorável para finalizar. O exercício deve ser realizado de ambos os lados. Nota: Defesa ativa Proibição do uso do drible 5’ troca de lado Pontuação: Arcos: 3 Pontos Cones: 2 Pontos

- “Passa e utiliza a finta de corpo”; - “Avança quando encontrares espaço”; - “Bola acima da cabeça”; - “Arma o braço de remate”; - “Cotovelo aponta para a zona de remate”; - “Não pode usar drible”;

Turma dividida por equipas, cada uma ocupa 1/4 de campo:

12:10

10’

O aluno: - Ultrapassa o defensor direto através da realização de fintas de corpo e/ou rápidas mudanças de direção; - Realiza o remate em suspensão/apoio após a chamada dos 3 apoios, - Realiza o remate em suspensão/apoio com rotação do tronco e com o braço que tem a bola “armado”. - Desmarca-se, criando linhas de passe que favoreçam o ataque. - Ataca o espaço entre defensores para criar espaço para colega penetrar.

Situação de 3x2: Três alunos que iniciam exercício no meio campo, devem ultrapassar os 2 opositores, recebendo a bola em posição favorável para finalizar. O exercício deve ser realizado de ambos os lados. Notas: Defesa ativa 5’ troca de lado Pontuação: Arcos: 3 Pontos Cones: 2 Pontos

- “Passa e utiliza a finta de corpo”; - “Avança quando encontrares espaço”; - “Bola acima da cabeça”; - “Arma o braço de remate”; - “Cotovelo aponta para a zona de remate”; - “Não pode usar drible”;

Turma dividida por equipas, cada uma ocupa 1/4 de campo:

x

12:20

15’

Em situação ofensiva: - Circula a bola através da realização de passes para colegas desmarcados; - Ataca o espaço entre defensores, superando situações de 1x1 e/ou fixando o defensor do colega, criando espaço para finalizar; Em situação defensiva: - Marca o seu adversário direto através da marcação em proximidade (quando este possui a bola) e marcação de vigilância (quando este não possui a bola); - Auxilia os companheiros quando estes são ultrapassados.

Situação 5x4+GR Os alunos realizam ataque posicional em situação de superioridade numérica. Após recuperar a bola, a equipa que se encontrava em processo defensivo tenta chegar ao meio campo com a bola controlada. Nota: Alunos que estão em espera assumem papel de árbitro e marcador. 7’ rodam as equipas. Pontuação: 1 Golo = 1 Ponto Golo através do décalage = 2 Pontos Chegada ao meio campo = 1 Ponto

- Tomar a iniciativa ofensiva; - Simular remates, passes e movimentações para iludir/fixar os adversários;

2 Equipas em cada meio campo

12:35

20’

Em situação ofensiva: - Circula a bola através da realização de passes para colegas desmarcados; - Cria linhas de passe; - Aproveita espaço livre; Em situação defensiva: - Marca o seu adversário direto através da marcação em proximidade (quando este possui a bola) e marcação de vigilância (quando este não possui a bola); - Auxilia os companheiros quando estes são ultrapassados. - Realiza rápida transição para o ataque.

Treino holandês (Transições) - 5x4+GR & Treino Funcional (3 equipas): Os alunos realizam ataque posicional em situação de superioridade numérica. Após recuperar a bola, a equipa realiza transição para o meio campo contrário (onde se encontra uma equipa em espera), realizando novamente ataque posicional. Nota: A 4ª equipa realiza durante os 5’ de jogo um circuito de treino funcional. 5’ rodam as equipas. Equipa que obter melhor score de golos vence o “torneio”. Pontuação: 10 Pontos - Equipa vencedora

- Tomar a iniciativa ofensiva; - Simular remates, passes e movimentações para iludir/fixar os adversários; - Recorrer ao drible apenas quando estritamente necessário.

Campo inteiro – 2 equipas ocupam um meio campo e a 3ª equipa encontra-se

em espera no meio campo oposto:

xi

O aluno: - Aumenta a sua força inferior, média e superior através de treino de força

Circuito de Treino Funcional (4 Estações) (30’’ de exercitação, 15’’ para trocar de estação) Estação 1: Flexões Estação 2: Salto com pés juntos - Degrau Estação 3: Abdominais Estação 4: Salto à corda

“Respira na contração” “Troca rápido de estação” “Corpo contraído” “Não diminui o ritmo”

4ª Equipa realiza o circuito de treino funcional junto à entrada do campo.

PARTE FINAL

13:05

5’

- O aluno mantém-se em silêncio enquanto os colegas realizam a sua autoavaliação.

Realizar a autoavaliação aferida com os alunos. - Refletir acerca da sua prestação durante a aula.

- Alunos dispostos em meia-lua, com o professor no centro, à sua frente.

xii

Anexo 6 - Exemplo de ficha de avaliação diagnóstica da modalidade de Andebol

LEGENDA: 1 – Não faz; 2 – Faz com dificuldade; 3 – Faz razoavelmente; 4 – Faz bem; 5 – Faz sem erros

ALU

NO

S

ANDEBOL

AP

AN

HA

DA

C/

PA

SSE

Passe (direção e altura adequadas)

Receção (apanhar a bola sem deixar

cair)

Desmarcação (criar linha de passe segura)

RO

UB

A C

ON

ES

Drible (progredir no campo com

bola controlada)

Finalização (finaliza quando tem

oportunidade)

Ocupação espaço (Ofe.) (“abre”, jogando em

amplitude)

Ocupação espaço (Def.) (“fecha”, protegendo a

baliza)