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Faculdade de Desporto Universidade do Porto
A caminho da concretização
de um sonho
Relatório de Estágio Profissional
Orientadora: Professora Doutora Paula Maria Fazendeiro Batista
Luís Pedro Carvalho Limas
Porto, Setembro de 2015
Relatório de Estágio Profissional
apresentado com vista à obtenção do
2º ciclo de Estudos conducente ao
grau de Mestre em Ensino de
Educação Física nos Ensinos Básico e
Secundário (Decreto-lei nº 74/2006 de
24 de Março e o Decreto-lei nº43/2007
de 22 de Fevereiro).
ii
Ficha de Catalogação
Limas, L. (2015). A caminho de um sonho – Relatório de Estágio Profissional.
Porto: L. Limas. Relatório de Estágio Profissional para a obtenção do grau de
Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário,
apresentado à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.
PALAVRAS-CHAVE: ESTÁGIO PROFISSIONAL, EDUCAÇÃO FÍSICA,
PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM, TREINO FUNCIONAL
iii
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, pelo apoio incondicional que sempre me deram em todos os
momentos da minha vida. Sem vocês nada seria possível.
v
AGRADECIMENTOS
Aos meus Pais, as duas pessoas mais importantes da minha vida, razão da
minha existência, pela forma como me criaram, pela educação que me
transmitiram, repleta de valores, que fizeram de mim o homem que sou hoje.
À minha Irmã, por todo o apoio, pela amizade e pela incansável
disponibilidade.
Ao meu Irmão, que apesar de já não estar presente “entre nós”, estará
certamente orgulhoso de mim esteja onde estiver, pois sempre me incentivou a
seguir todos os meus sonhos.
À Tânia, por me ajudar a nunca desistir deste sonho. Por estar sempre
presente em todos os momentos desta caminhada e por ser a pessoa que me
completa.
À minha orientadora, Professora Doutora Paula Batista, por todo o
acompanhamento e disponibilidade que teve desde o início deste processo.
Serviu sempre de suporte para todo o trabalho desenvolvido.
À minha cooperante, Mestre Teresa Leandro, pela dedicação, amizade,
profissionalismo e disponibilidade total. Pela partilha de conhecimentos e
conselhos que contribuíram para o meu enriquecimento pessoal e profissional.
Aos meus alunos, pela colaboração, carinho, cooperação e respeito.
Conquistaram um lugar muito especial no meu coração e jamais serão
esquecidos.
Aos meus companheiros de estágio, Pedro e Ricardo, por toda a amizade e
entreajuda que demonstraram ao longo de todo o ano letivo. Convosco aprendi
e cresci como pessoa e profissional.
vi
Ao Renato, pelo companheirismo e amizade demonstrada ao longo desta
etapa.
A todos os meus verdadeiros amigos, que estiveram presentes nos
momentos chave.
vii
ÍNDICE GERAL
DEDICATÓRIA ................................................................................................. iii
AGRADECIMENTOS ......................................................................................... v
ÍNDICE GERAL ................................................................................................ vii
ÍNDICE DE QUADROS ..................................................................................... ix
ÍNDICE DE FIGURAS ..................................................................................... xiii
ÍNDICE DE ANEXOS ....................................................................................... xv
RESUMO........................................................................................................ xvii
ABSTRACT ..................................................................................................... xix
1. Introdução .................................................................................................. 2
2. ENQUADRAMENTO BIOGRÁFICO ........................................................... 5
2.1 Reflexão Autobiográfica .................................................................................................. 7
2.2. Expetativas Iniciais ......................................................................................................... 9
3. ENQUADRAMENTO DA PRÁTICA PROFISSIONAL .............................. 13
3.1 A Escola ......................................................................................................................... 15
3.2 O Grupo de Educação Física .......................................................................................... 17
3.3 O Núcleo de Estágio ................................................................................................ 18
3.4 A Minha Turma .............................................................................................................. 19
4. REALIZAÇÃO DA PRÁTICA PROFISSIONAL ........................................ 23
4.1 Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem ................................................... 25
4.1.1 A Conceção ............................................................................................................. 26
4.1.2 O Planeamento ....................................................................................................... 28
4.1.2.1 Plano Anual ..................................................................................................... 29
4.1.2.2 Unidade Didática ............................................................................................. 30
4.1.2.3 Plano de Aula ................................................................................................... 34
4.1.3 A Realização ....................................................................................................... 35
4.1.3.1 1ºPeriodo ........................................................................................................ 35
4.1.3.2 2º Período ....................................................................................................... 37
4.1.3.3 3º Período ....................................................................................................... 39
4.1.4 A Avaliação do Ensino ............................................................................................ 42
4.3 A Turma Partilhada .................................................................................................... 52
viii
4.4 A Experiência Inesperada - 1º Ciclo ........................................................................... 54
4.5 O Treino Funcional nas aulas de Educação Física.......................................................... 57
4.5.2 Introdução .............................................................................................................. 58
4.5.3 Metodologia ........................................................................................................... 60
4.5.3.1 Participantes .................................................................................................... 60
4.5.3.2 Instrumentos ................................................................................................... 60
4.5.3.3 Procedimentos de Análise ............................................................................... 64
4.5.4 Apresentação dos resultados ................................................................................. 64
4.5.4.1 Motivação dos Alunos para o Treino Funcional .............................................. 64
4.5.4.2 Padrão de Execução Motora ........................................................................... 70
4.5.4.3 Dados Antropométricos .................................................................................. 73
4.5.5 Discussão ................................................................................................................ 75
4.5.6 Conclusão ............................................................................................................... 76
4.5.7 Propostas para futuros estudos ............................................................................. 77
5. Participação na Escola e Relação com a Comunidade ........................ 79
5. Participação na Escola e Relação com a Comunidade .................................................... 81
5.1 Atividades realizadas ................................................................................................. 82
5.1.1 Happy Day .......................................................................................................... 83
5.1.2 MEXE-TE ............................................................................................................. 85
5.1.3 Visita de Estudo – Convento de Mafra ............................................................... 86
5.1.4 Sarau ................................................................................................................... 87
5.2 Desporto escolar ....................................................................................................... 88
6. CONCLUSÃO ............................................................................................ 91
6. Conclusão ............................................................................................................................ 93
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAs .......................................................... 95
8. ANEXOS .................................................................................................. 101
ix
ÍNDICE DE QUADROS
Quadro 1 - Distribuição de modalidades por Períodos e número de aulas
previstas e lecionadas ...................................................................................... 29
Quadro 2 - Circuito de treino funcional ............................................................ 60
Quadro 3 – Padrão de execução motora na 1ª aula e na última dos exercícios
do circuito de Treino Funcional ........................................................................ 70
Quadro 4 - Dados Antropométricos - Altura..................................................... 73
Quadro 5 - Dados Antropométricos - Peso ...................................................... 73
Quadro 6 - Dados Antropométricos - IMC ....................................................... 74
Quadro 7 - Dados Antropométricos por sexo – 1º Registo .............................. 74
Quadro 8 - Dados Antropométricos por sexo – 2º Registo .............................. 75
xi
ÍNDICE DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Distribuição por idades………………………………………………..65
Gráfico 2 – Atividades com maior preferência……………………………………65
Gráfico 3 - Atividades com menor preferência………………………...…………65
Gráfico 4 – Motivação para a prática do treino funcional……………………….65
Gráfico 5 – Exercícios com menor preferência…………………………………..66
Gráfico 6 - Exercícios com maior preferência……………………………………66
Gráfico 7 – Importância dada à melhoria da condição física…………………...66
Gráfico 8 – Motivação para a aula………………………………………………...67
Gráfico 9 – Influência do Treino Funcional na motivação para a aula………...67
Gráfico 10 – Cumprimento do prescrito…………………………………………..68
Gráfico 11 – Avaliação de desempenho………………………………………….68
Gráfico 12 – Importância do Treino Funcional na vida extraescolar……..…..69
Gráfico 13 – Manutenção do Treino Funcional nas aulas de EF……………...69
xiii
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 - Cartaz alusivo ao evento "Happy Day" ............................................ 83
Figura 2 - Visita de estudo ao Convento de Mafra .......................................... 86
Figura 3 – Sarau final do ano letivo ................................................................. 87
xv
ÍNDICE DE ANEXOS
Anexo 1 - Ficha Biográfica................................................................................. iii
Anexo 2 - Questionário sobre o Treino Funcional ............................................. v
Anexo 3 - Cartão de registo individual ............................................................... vi
Anexo 4 - Ficha de registo de Feedback .......................................................... vii
Anexo 5 - Exemplo de plano de aula ............................................................... viii
Anexo 6 - Exemplo de ficha de avaliação diagnóstica da modalidade de
Andebol ............................................................................................................. xii
xvii
RESUMO
Este documento foi elaborado no âmbito do segundo ciclo de estudos
conducente ao grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos
Básico e Secundário, da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. O
Estágio Profissional decorreu numa escola do grande Porto, num Núcleo de
Estágio constituído por três estudantes-estagiários, a professora cooperante da
escola e a professora orientadora da faculdade. A elaboração deste documento
visa apresentar uma análise reflexiva das experiências vividas em contexto de
Estágio Profissional. Face a este propósito, todas as experiências e
aprendizagens documentadas neste ano letivo estão espelhadas nestas
páginas. O primeiro capítulo engloba a introdução do Relatório de Estágio. O
segundo capítulo é dedicado ao enquadramento biográfico, que espelha o
trajeto pessoal a nível desportivo, profissional e as expetativas referentes ao
Estágio Profissional. O terceiro capítulo, reporta-se ao enquadramento da
prática profissional, caracterizando a escola, o meio envolvente, o Núcleo de
Estágio e a turma que lecionei durante todo o ano letivo. O quarto capítulo,
contém a análise do trabalho desenvolvido, tendo como base as reflexões
realizadas ao longo deste processo evolutivo. A ênfase é dada aos momentos
mais significativos vivenciados. Neste capítulo é também apresentado o
trabalho de investigação “O treino funcional nas aulas de Educação Física”. O
quinto capítulo, “Participação na Escola e Relação com a Comunidade”,
espelha as vivências para além do tempo de aula, colocando em relevo a
participação nas atividades e as relações estabelecidas com a comunidade
escolar. O sexto e último capítulo, é reservado à conclusão desta longa
caminhada, tendo por base as expectativas iniciais e os momentos vividos ao
longo do Estágio Profissional.
PALAVRAS-CHAVE: ESTÁGIO PROFISSIONAL, EDUCAÇÃO FÍSICA,
PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM, TREINO FUNCIONAL
xix
ABSTRACT
The present report was carried out within the second cycle studies leading
towards the Master’s Degree in Physical Education Teaching for Elementary
and High School, of Faculty of Sport, University of Porto. The practicum took
place in a school located in Porto zone, within a group composed by three
interns, a cooperative teacher from the school and a supervisor from the
Faculty. The purpose of this document is to present a reflective analysis on the
events which occurred during the aforementioned practicum. Regarding this
purpose, all the experiences and learning’s acquired during this school year are
displayed throughout this report. The first chapter concerns the introduction of
the practicum report. As for the second chapter, it explores the biographical
context which influences the individual experience with sports, the career goals
and expectations towards the practicum itself. The third chapter covers the
professional background, describing the most important features of the school,
the surroundings, the practicum group and the class I taught. The fourth chapter
contains the analysis of the developed work, based on the reflections made
along the whole process, highlighting the most remarkable milestones. In this
chapter, it is also presented the study on “Functional Training on the Physical
Education class”. The fifth chapter, “Participation in School and Relationship
with the Community” acknowledges the after class experiences, emphasizing
the participation on the activities and the relationship established with the
school community. The sixth and final chapter contains the conclusion of this
journey based on the initial expectations and the different experiences that
occurred throughout it.
KEY-WORDS: PRACTICUM, PHYSICAL EDUCATION, TEACHING-
LEARNING PROCESS, FUNCTIONAL TRAINING
3
1. INTRODUÇÃO
O presente relatório de estágio foi elaborado no âmbito do Estágio
Profissional, parte integrante do 2º ciclo de estudos em Ensino da Educação
Física nos Ensinos Básico e Secundário da Faculdade de Desporto da
Universidade do Porto (FADEUP). A conceção e elaboração deste documento
é uma tarefa extremamente exigente e difícil de realizar.
Segundo Formosinho (2001), o Estágio Profissional é a componente
curricular da formação profissional de professores que objetiva introduzir os
estudantes no mundo do ensino e desenvolver competências práticas inerentes
a um desempenho docente responsável e adequado à situação. Como tal, o
Estágio Profissional assume-se como um percurso recheado de características
próprias, correspondendo, à última fase da formação académica que prepara o
estudante estagiário para a realidade futura. Proporciona momentos para a
aplicação de uma série de comportamentos e conhecimentos sobre o ensino,
desenvolvendo, assim, competências e um espírito crítico no que concerne à
atividade profissional. Pois, tal como está plasmado nas normas Orientadoras
do Estágio Profissional da FADEUP “O Estágio Profissional visa a integração
no exercício da vida profissional de forma progressiva e orientada, através da
prática de ensino supervisionada em contexto real, desenvolvendo as
competências profissionais que promovam nos futuros docentes um
desempenho crítico e reflexivo, capaz de responder aos desafios e exigências
da profissão.”1 (p.2).
O Estágio torna-se uma etapa ainda mais marcante, pois é o primeiro
contacto real com a atividade profissional no papel de professor e,
simultaneamente, de aluno. É também um momento em que o estudante
estagiário procura transpor para a prática as competências adquiridas ao longo
da sua formação inicial.
De forma a retratar a minha vivência em contexto de Estágio
Profissional, e tendo em consideração as suas caraterísticas, o documento, ¹ Normas Orientadoras do Estágio Profissional do ciclo de estudos conducente ao grau de
Mestre em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário. Em vigor no ano
letivo 2014/2015. Porto: FADEUP. Matos, Z .
4
além da introdução (primeiro capítulo) está organizado em mais quatro grandes
capítulos.
O segundo capítulo reporta-se ao enquadramento biográfico, onde é
retratado o percurso pessoal, desportivo, profissional, bem como uma breve
referência às expectativas iniciais referentes ao Estágio Profissional. No
terceiro capítulo caracterizo a Escola, o Grupo de Educação Física, o Núcleo
de Estágio e a turma que acompanhei ao longo do ano letivo. O quarto capítulo
é reservado à “Realização da Prática Profissional”. Este capítulo está
subdividido em quatro subcapítulos: 1- “Organização e gestão do ensino e da
aprendizagem”, 2- “Turma partilhada”; 3- “ A Experiência inesperada – 1º Ciclo”
e 4 - ”O Treino Funcional nas aulas de Educação Física”. O quinto capítulo
“Participação na Escola e relação com a Comunidade”, incorpora as atividades
em que participei e que realizei ao longo do ano letivo.
Por último, é apresentada uma reflexão final - conclusão do relatório de
estágio, elaborada com base em todo o trabalho desenvolvido e todas as
experiências vivenciadas ao longo do ano letivo.
A realização deste relatório de estágio tornou-se num verdadeiro
desafio, visto que uma das minhas maiores dificuldades ao longo do ano
centrou-se na realização das reflexões individuais escritas, nas quais procurava
retratar as diferentes experiências vividas, designadamente os problemas
detetados e estratégias utilizadas para os superar.
7
2.1 Reflexão Autobiográfica
Realizando uma introspeção destaco, desde logo, que nunca fui pessoa
de desistir dos meus sonhos. Ao longo do meu percurso fui definindo e
alcançando novas metas. Durante a minha vida tive, à semelhança de outras
pessoas, alguns obstáculos que me fortaleceram e me tornaram numa melhor
pessoa. Contudo, nunca desisti daquilo que queria e daquilo que me faz feliz. O
“Ser Professor de Educação Física” foi um sonho que foi crescendo comigo e
que gradualmente passou de uma profissão, pela qual tinha uma grande
admiração, para a “minha” profissão. De facto, o gosto pela Educação Física
foi-se entranhando em mim de tal forma que atualmente não me vejo a fazer
outra coisa. Desejo e ambiciono educar e ensinar para o resto da minha vida.
Ainda em criança o entusiasmo pelo desporto já era bem grande.
Sempre fui uma criança ativa. O gosto pelo desporto esteve sempre presente e
acompanha-me até aos dias de hoje. Confesso que nunca pensei poder ser
Professor de Educação Física, pois a ida para a Faculdade nunca esteve nas
minhas perspetivas.
Em termos desportivos, a minha grande paixão sempre foi o Futebol,
contudo foi uma modalidade que nunca pratiquei a nível federado. Como sou
asmático, os médicos sempre aconselharam os meus pais a procurarem um
desporto de pavilhão onde o contacto com o pó não fosse tão intenso. Para
desgosto meu, nunca tive a felicidade de praticar a modalidade que mais
admiro e na qual me projeto para o resto da minha vida.
Quando tinha oito anos de idade tive a minha primeira experiência
desportiva no voleibol, durante uma época. Sendo natural de Espinho, a capital
do voleibol, e tendo um irmão que na altura era praticante da modalidade, era
quase obrigatório que a minha primeira experiência fosse no voleibol. Porém,
pouco tempo depois outra modalidade entrou na minha vida, o Andebol.
Rapidamente me apaixonei por esta modalidade que iniciei como jogador
quando tinha 10 anos, deixando-a 7 anos mais tarde.
Quando terminei o ensino secundário não tinha como objetivo continuar
os estudos. Queria um emprego imediato que me proporcionasse autonomia
financeira. Nesse período da minha vida trabalhava numa empresa de
telecomunicações. Contudo, depressa percebi que necessitava de algo mais,
8
algo que me satisfizesse todos os dias. Pesquisei um pouco sobre alternativas
e surgiu o desporto, área pela qual sempre fui apaixonado. Não tendo média
para ingressar na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, a minha
formação inicial iniciou-se no Instituto Piaget. Durante 3 anos fui trabalhador-
estudante com o intuito de me valorizar a nível pessoal e profissional. Com o
início de formação no Instituto Piaget tive a oportunidade de entrar no mundo
do futebol. Assim comecei como treinador adjunto nos iniciados do Boavista
FC, atividade essa que nunca mais deixei. Atualmente, sou treinador principal
de dois escalões de formação num clube do meu concelho, ADF Anta/Escola
de Futebol “Os Baixinhos”.
Para além do Futebol, já tive oportunidade de trabalhar num ginásio
como instrutor de sala de musculação, bem como monitor e coordenador em
campos de férias realizados no Verão.
A relação e o gosto de trabalhar com os mais novos, foi algo que sempre
me acompanhou, em virtude da minha Mãe ter sido durante vários anos
Auxiliar de Educação num infantário e a minha Irmã ser Educadora de Infância.
O gosto de trabalhar com crianças e poder contribuir na formação de terceiros
teve um “peso” significativo na minha escolha académica, aliando a isso a
paixão incontornável que tenho pelo Desporto.
Após a licenciatura, e face à oportunidade que surgiu em lecionar nas
AEC’s em Espinho, parei os estudos por um ano. A passagem pelas AEC’s foi
determinante no meu ingresso neste mestrado, pois percebi que para mim
lecionar é muito mais do que um trabalho, é uma paixão. Esta passagem pelas
AEC’s tornou-se numa experiência recheada de aprendizagem, pois tive
oportunidade de aplicar na prática alguns dos ensinamentos adquiridos na
licenciatura. Contudo, nem tudo foi um “mar de rosas”, esta foi uma fase muito
dolorosa da minha vida, pois coincidiu com a perda do meu irmão. Este grande
tropeção na minha vida fez-me pensar se valeria a pena continuar a estudar.
Porém, o facto de me ter apaixonado pela lecionação aos mais novos fez com
que me candidatasse ao Mestrado de Ensino na FADEUP, uma instituição de
referência onde se situam os melhores professores da área.
Este percurso pessoal, académico e profissional fez com que me
tornasse numa pessoa com objetivos bem delineados, responsável e
esforçada.
9
O Estágio Profissional realizado ao longo deste ano tornou-me
inclusivamente numa pessoa com um sentindo crítico superior. Pois, tal com
refere Nóvoa (1992), as situações que os professores são obrigados a
enfrentar (e a resolver) apresentam características únicas, exigindo portanto
respostas únicas: o profissional competente possui capacidades de
autodesenvolvimento reflexivo.
Acredito porém que a minha formação não termina aqui, pois como
refere Carrega (2012), a formação inicial não deve ser vista apenas como o
início da profissão, mas sim como uma das etapas de todo um processo
complexo, em constante alteração.
2.2. Expectativas Iniciais
O estágio representa o culminar da minha formação académica, de um
longo trajeto de dedicação e sobretudo de aprendizagem. Foi encarado como
uma oportunidade única e proveitosa para o meu desenvolvimento, na medida
em que expectava aplicar na prática o conhecimento adquirido ao longo dos
anos de formação académica e pessoal, atribuindo significado às
aprendizagens até então assimiladas. Tal como referem Flores e Day (2006), o
percurso que caracteriza o desenvolvimento pessoal e profissional dos
estudantes estagiários é influenciado por fatores mediadores, que os formam e
os identificam com a pessoa que hoje são. Entre esses fatores destacam-se as
vivências do passado, nomeadamente o percurso biográfico de cada um,
materializado no ambiente familiar, nas experiências sociais e nas vivências
formativas e desportivas.
Considerava que seria uma experiência que condicionaria a prática
profissional futura, onde criaria expetativas em relação ao meu desempenho
como profissional da educação. Neste espaço, perspetivava procurar as
soluções mais adequadas para conjunturas difíceis e imprevistas, e
corresponder à constante exigência de encontrar respostas adequadas e
imediatas, tudo isto perante a confrontação com a verdadeira realidade do
ensino. Como refere Pata (2012), é no exercício profissional, no espaço
escolar, que as conceções são revistas e adquirem significado nas relações
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com os demais atores e no confronto com as delimitações do contexto
institucional
No começo do Estágio Profissional, pela importância que lhe estava
inerente, por ser um enorme desafio pessoal, por ser crucial para a minha
formação curricular e para o meu desenvolvimento enquanto ser humano, fui
“assaltado” por duas sensações bem distintas: a primeira, caracterizava-se pelo
nervosismo, pelo receio de falhar ou de não corresponder às minhas próprias
expetativas. Esta sensação foi a dominante no meu pensamento devido à
importância que este ano tinha para mim. No início do processo de facto esta
seria uma experiência de grande importância e de enorme responsabilidade.
Apesar de já ter alguma bagagem em resultado do ano em que me dediquei à
lecionação nas AEC’s, esta aventura era especial. A segunda caracterizava-se
pela felicidade e vontade enorme de começar o ano, e poder, assim concretizar
um sonho. A alegria de poder “sentir na pele” todo um leque de sensações que
invade o professor no seu dia-a-dia, por poder estar em contato com os alunos
e poder contribuir para a sua formação e construção das suas identidades.
Na prática, atuando como professor de Educação Física, um dos meus
objetivos principais era poder combater a ideia partilhada por grande parte da
comunidade escolar de que a Educação Física é uma disciplina dispensável,
que “faz falta”, mas que “vale pouco”, de ser ao mesmo tempo, como refere
Ennis (2006), uma área de alta necessidade mas de baixa necessidade. Junto
dos meus alunos tentei demonstrar os benefícios e igualar esta disciplina à
Matemática ou Português.
Igualmente, esperava poder estar à altura dos desafios que este ano me
pudesse colocar, ultrapassando as dificuldades com distinção, melhorando aos
poucos a minha ação como professor.
Esperava também poder estabelecer uma relação positiva com os meus
alunos, semelhante àquela que eu tinha com os meus professores de
Educação Física, sem dúvida aqueles que mais me marcaram durante o meu
percurso como aluno nos ensino Básico e Secundário.
Relativamente ao Núcleo de Estágio e Grupo de Educação Física,
desejava que fossem uma fonte de aprendizagem, onde pudesse partilhar as
vivências do dia-a-dia.
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Esperava ter um bom relacionamento na Escola, pretendia realizar o
meu trabalho da melhor forma, cumprindo o meu papel de Professor. Pretendia
fazer parte do Desporto Escolar e proporcionar atividades à comunidade
escolar.
Por fim, esperava que este ano me trouxesse muitas experiências e me
desse ainda mais respostas. Quanto a isso sinto-me realizado, pois as
oportunidades e aprendizagens foram muitas e bastante enriquecedoras. Deste
modo, penso que as minhas expetativas foram alcançadas.
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3.1 A Escola
A Escola onde realizei o Estágio Profissional foi criada em 1956 pelo
Decreto nº40 725 do Ministério da Educação Nacional (Direção Geral do
Ensino Técnico Profissional), como escola técnica profissional, designada de
Escola Industrial e Comercial. Entrou em funcionamento em Janeiro de 1957
com aproximadamente 150 alunos e 17 professores, numa casa alugada no
Gaveto das Ruas 21 e 33. O seu plano de estudos referente ao Ciclo
Preparatório englobava:
- Formação Geral de Comércio;
- Formação do Serralheiro;
- Cursos complementares de aprendizagem: Carpinteiro – Marceneiro.
No início de 1966 iniciaram-se as obras para um novo edifício, situado a
nascente e sul da cidade de Espinho, com uma área de 21 500m2. O edifício
tinha 40 salas de aula e capacidade para cerca de 1200 alunos distribuídos por
um número máximo de 49 turmas em horário diurno. O custo da obra elevou-se
a 14 500 escudos, e as novas instalações formam inauguradas em 19/06/1968.
Nessa data, já com 1440 alunos, eram ministrados os cursos de Formação
Geral do Comércio, Formação do Serralheiro, Formação Feminina e Formação
de Montador Eletricista. Em regime de aperfeiçoamento, funcionavam os
cursos noturnos de Geral de Comércio, o de Serralheiro e de Montador
Eletricista.
A 21 de Novembro de 1979, por publicação no Diário da Republica, a
escola passou a denominar-se Escola Secundária. A designação atual data de
Abril de 1987, altura em que adotou, como patrono o Dr. Manuel Gomes de
Almeida.
De início vocacionada para o ensino técnico, a Escola acompanhou as
sucessivas reformas do sistema educativo, oferecendo hoje, aos alunos, uma
variada gama de opções que se enquadram nos cursos predominantemente
orientados para o prosseguimento de estudos e para a Vida Ativa.
De acordo com os dados patentes no Projeto Educativo do
Agrupamento, no início do presente ano letivo, a população discente da Escola
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era de aproximadamente 1400 alunos, sendo oriunda de diversas freguesias e
de concelhos vizinhos. No que concerne ao número de docentes, o
Agrupamento contabiliza 260 Professores. Relativamente ao pessoal não
docente são contabilizados 41 funcionários, sendo este número referente à
Escola Secundária onde nos encontramos.
A Escola foi recentemente remodelada pelo projeto “Parque Escolar”.
Este projeto de intervenção seguiu as normas de definidas pelo Programa de
Modernização das Escolas do Ensino Secundário, bem como as exigências do
projeto educativo da escola. Esta remodelação oferece boas condições para a
lecionação da Educação Física, contudo, evidenciou algumas anomalias em
situações pontuais. O espaço reservado para as aulas de Educação Física é
composto por um pavilhão, um ginásio, um campo de voleibol exterior e dois
campos exteriores de futebol e de andebol e outro de basquetebol. Além
destes campos disponíveis para a prática das várias modalidades, a escola
dispõe de uma sala de condição física oferecendo diferentes equipamentos
para o trabalho de força.
Aliado a tudo isto existem balneários para 4 turmas em simultâneo.
Estas condições são importantes na medida em que permitem uma rápida
troca de roupa aos alunos, e desta forma, o planeamento do professor pode ser
realizado tendo isso em atenção, pois sabe de antemão que os alunos não têm
necessidade de chegarem atrasados.
No que concerne às condições disponíveis para a prática, o pavilhão, ao
longo do ano teve alguns problemas de infiltrações de água deixando o piso
húmido em algumas zonas do campo. Relativamente aos espaços exteriores, o
piso do espaço 2 também sofre de algumas imperfeições aglomerando
algumas poças de água nos dias em que chove com frequência.
Relativamente ao material disponível, este permite abordar as seguintes
modalidades: basquetebol, futebol, voleibol, andebol, atletismo, ginástica,
corfebol, patinagem, ténis, judo, badminton, atividades de ar livre e de
orientação. Importa ainda referir que a escola tem uma parceria com a Piscina
Municipal de Espinho, possibilitando, deste modo, a lecionação da natação no
contexto das aulas de Educação Física e também do Desporto Escolar.
17
Ao longo do ano letivo foi visível a responsabilidade que todos os
Professores têm na preservação do material disponível, transmitindo aos
alunos a importância de manter o material em ótima condição.
Desde 2012 que a Escola é a escola sede do Agrupamento. Deste
também fazem parte uma Escola EB 2/3 e sete EB1’s.
3.2 O Grupo de Educação Física
Desde o início do ano letivo que o Grupo de Educação Física fez com
que os estudantes-estagiários se sentissem parte integrante do corpo docente.
Este grupo era constituído por 11 Professores, que mostraram, em todos os
momentos, total disponibilidade para colaborar em tudo o que fosse
necessário. Esta simpatia fez-me acreditar que não era visto apenas como
“mais um estagiário”.
A minha relação com o grupo foi bastante positiva, não houve quaisquer
desentendimentos entre nós e sempre que foi preciso ajudei no que me foi
solicitado. Cooperei com os professores e participei nas diversas atividades
dinamizadas pelos mesmos (Corta-Mato, Mexe-te e Sarau). Segundo Nóvoa
(1992), o diálogo entre professores é fundamental para consolidar saberes
emergentes da prática profissional. A dinâmica criada pelo Grupo revelou-se
determinante ao longo de todo o ano, inclusivamente a partilha de ideias e de
conhecimentos tornou-se num hábito saudável. O espírito de grupo e a
cooperação por parte de todos os intervenientes em todas as atividades
realizadas foi algo que consegui absorver para o meu futuro profissional.
A Professora Cooperante foi a principal responsável pela minha inclusão
e rápida integração na Escola. Apresentou-me a todos os professores e
funcionários, fazendo-me sentir parte integrante da escola desde o início do
ano letivo.
18
3.3 O Núcleo de Estágio
O núcleo de estágio, constituído pelos estudantes-estagiários, professor
cooperante e orientador da faculdade, devem segundo Batista e Queirós
(2013), funcionar como comunidades práticas, levando os estagiários a gerar
novo conhecimento e novas competências.
De facto, a minha opinião sobre este grupo, não podia ser melhor. Eu e
os meus colegas de estágio formamos realmente um verdadeiro grupo. Todos
trabalhamos afincadamente para alcançar os objetivos delineados, tendo
havido um esforço enorme para fazer o que foi solicitado. Fomos dedicados,
empenhados e penso que isso transpareceu para quem nos rodeou.
Trabalhamos ao longo de todo o ano em conjunto e de uma forma coesa.
O facto de sermos os três de áreas distintas permitiu uma partilha de
ideias ao longo do ano letivo, mediante os acontecimentos que fomos
vivenciando. O Pedro com a sua experiência no treino de Andebol tornou-se
fundamental para o planeamento das aulas e na análise de conteúdos da
modalidade, bem como no desenvolvimento do Treino Funcional. Já o Ricardo,
ligado á área da Dança e com alguns conhecimentos profundos da Ginástica,
ajudou na delineação de estratégias de ensino.
Desde cedo soube da importância que o núcleo de estágio teria, pois
seria com estas pessoas que iria trabalhar e conviver durante todo o ano letivo.
O bom ambiente e a cooperação entre todos os elementos foi fundamental
para o sucesso do grupo e para o sucesso individual. Neste momento, chegado
o fim, sinto que as relações de amizade entre nós foram fortificadas. Ao longo
do percurso sempre me senti apoiado pelos companheiros desta longa viagem,
tornando, bem complexo e exigente, num processo mais fácil.
19
3.4 A Minha Turma
A turma que acompanhei durante este ano de Estágio Profissional era
formada por um grupo de alunos que não se conhecia dos anos anteriores. Era
uma turma maioritariamente composta por alunos vindos de outras instituições,
algumas delas não pertencentes ao concelho de Espinho.
“Desde cedo percebi que a maior parte dos alunos da turma não se conhecia.
De facto a maioria deles eram oriundos de escolas diferentes”
(Reflexão aula nº1- 16/9/2014)
A turma, inicialmente era composta por 24 alunos, 12 rapazes e 12
raparigas. Porém, no início do segundo período dois alunos foram transferidos
para outras turmas e foram integrados quatro novos alunos, todos eles
rapazes, aumentando assim o número de alunos para 26.
Segundo os dados recolhidos no início do ano letivo, através das fichas
de aluno, apenas 7 alunos residiam na cidade de Espinho. Os restantes alunos
habitavam em Silvalde, Paramos, Esmoriz, Cortegaça, Grijó, Anta, S. Paio de
Oleiros e Argoncilhe.
A taxa de reprovação da turma situava-se em 22%, ou seja, cinco alunos
já tinham reprovado em anos anteriores. No que diz respeito à ambição
escolar, apenas um aluno revelou não ambicionar prosseguir estudos no
ensino superior. Relativamente à preferência disciplinar, sete alunos
escolheram a Educação Física como a sua disciplina preferida.
Ao nível de doenças/alergias, uma aluna sofria de epilepsia, algo que me
fez ter um cuidado especial e pesquisar acerca da doença. Dois alunos sofriam
de escolioses e um de asma. Todas estas informações revelaram-se
fundamentais não só para um conhecimento mais aprofundado dos alunos,
mas também para o processo de planeamento.
No início do ano os alunos foram submetidos à realização dos testes de
fitnessgram, tendo como principal objetivo a avaliação da aptidão física em três
vertentes: a aptidão aeróbia e a aptidão muscular, em dois ramos, força e
flexibilidade.
20
Utilizei 6 testes distintos: A corrida Vaivém, para avaliar aptidão aeróbia; o
teste das flexões de braços, para testar a força superior; os abdominais, para
avaliar a força abdominal; o senta e alcança e extensão do tronco, para avaliar
a flexibilidade isquiotibial e dorso-lombar.
Para completar a avaliação inicial dos alunos realizei igualmente a corrida
de 40 metros para avaliação da velocidade e o salto horizontal para avaliar a
impulsão horizontal. Estes dois testes foram utilizados mediante os critérios
propostos pelo Grupo de Educação Física da Escola.
Para avaliar a composição corporal calculei o IMC, através da relação do
peso pela altura. Os resultados foram expressos e classificados segundo uma
Zona Saudável de Aptidão física (Boa ou Ótima), ou Zona com Necessidade de
Incremento.
No que diz respeito à análise da composição corporal, a grande maioria
situava-se dentro do limite da Zona Saudável (23), encontrando-se apenas um
aluno se encontrava numa zona com necessidade de incremento, neste caso
com valores baixos de IMC. Face a este facto, durante o ano exerci uma
vigilância a este aluno, com atenção redobrada aos seus comportamentos
alimentares e físicos.
No que diz respeito à resistência aeróbia, no teste do vaivém, onze alunos
da turma não cumpriram os objetivos mínimos para se enquadrar dentro dos
valores da Zona Saudável de Aptidão Física. Apenas treze alunos conseguiram
atingir os níveis de Aptidão Física saudável. Deste modo, o trabalho aeróbio foi
uma das vertentes da condição física com maior enfoque durante todo o ano
letivo, no sentido de promover uma maior adaptação cardiorrespiratória.
No que concerne à força da aptidão muscular foram realizados dois testes
com resultados similares. Em relação ao teste dos abdominais, apenas dois
alunos não conseguiram atingir os níveis pretendidos. No que diz respeito ao
teste de extensão de braços, foram cinco os alunos a não cumprir com o
mínimo para se enquadrarem na Zona Saudável de Aptidão Física.
Relativamente à flexibilidade, os resultados obtidos foram francamente
negativos. Para avaliar a flexibilidade utilizei o teste do senta e alcança e o
teste de extensão do tronco. Em relação ao teste que avalia a flexibilidade
isquiotibial verificaram-se muitos resultados negativos, apenas um aluno
conseguiu atingir os níveis mínimos de zona saudável. Por outro lado, no teste
21
de extensão do tronco, foram dez os alunos que atingiram o mínimo
pretendido. Estes resultados não se revelaram nada animadores e revelam as
limitações físicas que os alunos hoje em dia têm, principalmente ao nível de
flexibilidade. A falta da prática regular de alongamentos poderá ter uma relação
direta com estes resultados. Durante o ano letivo decidi incorporar nas aulas a
realização de alongamentos no final da aula.
Quanto ao teste de velocidade, apenas três alunos não se encontram
dentro dos níveis de zona saudável, sendo estes três alunos do sexo
masculino.
Para avaliar o nível motor geral em diversas modalidades realizei uma
avaliação inicial concentrada nas modalidades de voleibol, futebol, andebol,
basquetebol e ginástica. Relativamente aos resultados apresentados pela
turma nas várias modalidades, constatei que se tratava de uma turma com
níveis bastantes satisfatórios. Talvez o facto de mais de 60% da turma praticar
desporto federado em tempos extraescolares influenciasse este fator. Entre as
modalidades mais praticadas pelos alunos da turma, destacavam-se o voleibol
e o futebol, com cinco e seis praticantes respetivamente.
No que concerne às atitudes a turma sempre se relevou bastante
empenhada, responsável e cumpridora na aprendizagem das várias
modalidades ensinadas e na realização das tarefas propostas.
Relativamente ao comportamento e forma de estar nas aulas, foi uma
turma fácil de liderar. Contudo, a integração dos quatros novos alunos no início
do segundo período modificou, numa fase inicial, a forma de estar da turma,
ocorrendo um aumento de comportamentos desviantes e de desatenção.
Contudo, acabou por ser algo que consegui controlar e gerir, não causando
interferência no processo de ensino-aprendizagem da turma.
25
4.1 Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem
Esta área foi das mais importantes do ano de Estágio Profissional. Nesta
área centraram-se quase todas as atenções durante o ano letivo.
Tão importante como ensinar, o ato de planear e avaliar assumem uma
importância fulcral. Segundo Bento (2003), a ação do Professor não deve
limitar-se a uma pretensa preparação direta e à realização das aulas; deverá
sim assumir tarefas de planificação, de realização, de análise e avaliação do
ensino.
Apesar de conhecer as fases do processo ensino-aprendizagem,
conceção, planeamento, realização e avaliação desde o ano transato, só neste
contexto de estágio, em contacto com as exigências reais do ensino, é que
consegui relacioná-las com a prática.
Logo no início do ano apercebi-me da importância do planeamento,
tanto ao nível do Núcleo de Estágio, como no Grupo de Educação Física. Foi
necessário elaborar a planificação anual com bastante rigor, bem como as
primeiras unidades didáticas para as modalidades que iríamos lecionar no 1º
Período.
Para cumprir estas etapas, tive necessidade de construir uma estratégia
de intervenção, regida por objetivos pedagógicos, que me conduzissem com
sucesso a um processo de ensino baseado nos valores e aprendizagem na
disciplina de Educação Física, bem como na formação do aluno.
É neste momento que o professor estagiário recorre a todo o
conhecimento e experiências adquiridas até então, principalmente da
faculdade, e a partir daí efetua os ajustamentos necessários em função do
contexto em que está inserido.
26
4.1.1 A Conceção
De acordo com as Normas Orientadoras do Estágio Profissional2,
realizar a conceção do ensino “significa projetar a atividade de ensino no
quadro de uma conceção pedagógica às condições gerais e locais da
educação, às condições imediatas da relação educativa, à especificidade da
Educação Física no currículo do aluno e às características dos alunos” (p.4).
Na fase inicial do estágio, deparei-me com um “armazenamento” de
informação muito grande que me causou alguma confusão e, até mesmo,
alguma insegurança. Apesar de no início do ano me considerar uma pessoa
com alguma experiência no treino e até mesmo de lecionação de aulas aos
mais novos nada se comparava à grandeza de uma Escola Secundária.
Nas semanas que antecederam o início oficial do ano letivo tudo
aconteceu muito rápido, desde as reuniões com a Professora Orientadora e
com a Professora Cooperante, até às reuniões com o Grupo de Educação
Física e o Conselho de Turma.
Nos dias que se seguiram e após o conhecimento do contexto físico, tive
a primeira reunião com o Núcleo de Estágio, na qual ficamos a conhecer
melhor a Professora Cooperante. Esta indicou-nos alguns documentos, que,
após análise, me permitiram enquadrar enquanto Estudante Estagiário na
Escola, tais como: o Regulamento Interno da Escola (RI); o Projeto Educativo
de Escola (PEE); o Currículo de EF e o Projeto Curricular de Escola (PCE).
De acordo com Broch e Cros (1992) o PEE constitui o espelho do
estabelecimento de ensino, quer no plano interno, quer na sua relação com o
exterior. Já Leite (2001) refere que o PEE é a filosofia subjacente a uma
dinâmica de Escola, define princípios e linhas orientadoras gerais, assentes
nas características da comunidade educativa, de acordo com as orientações
nacionais, estabelece metas prevendo parcerias e tendo em conta os recursos
disponíveis (materiais, humanos).
2 Normas Orientadoras do Estágio Profissional do ciclo de estudos conducente ao grau de
Mestre em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário. Em vigor no ano
letivo 2014/2015. Porto: FADEUP. Matos, z .
27
No que concerne ao PCE, Carmen (1996) menciona que é o conjunto de
decisões articuladas, partilhadas pela equipa docente de uma Escola,
tendentes a dotar de maior coerência a sua atuação, concretizando as
orientações curriculares de âmbito nacional em propostas globais de
intervenção pedagógico-didática adequadas a um contexto específico e tem
como base o currículo nacional e o Projeto Educativo de Escola.
Já o PCT tem como referência o PCE é redigido consoante as
características específicas da turma. Tal como refere Leite (2000), o PCT
deverá permitir um nível de articulação (horizontal e vertical) que só as
situações reais tornam possível concretizar.
Nesta etapa, comecei por analisar cuidadosamente o Programa Nacional
de Educação Física do ensino secundário, mais especificamente do 10ºano,
discutindo alguns parâmetros com os meus colegas de núcleo de estágio e
com a professora orientadora. Após esta análise cuidada, pareceu-me evidente
que o programa curricular, para a atual carga horária, é demasiado extenso,
designadamente a nível do número de modalidades, não proporcionando o
tempo necessário à aprendizagem. Deste modo, dificilmente poderá ser
cumprido. Acresce que também tivemos em conta que o Programa Nacional de
Educação Física não deve ser encarado como inflexível, podendo ser alterado,
consoante as características e imprevisibilidade da prática.
Além desta análise documental participei na reunião do Departamento
de Expressões e posteriormente da nossa disciplina em particular. Neste
âmbito fomos apresentados e bem recebidos e aos poucos fui-me sentindo
integrado e parte daquela que seria “a minha escola”.
Além da interpretação que tenho do ensino atual, foi importante a
caracterização do meu ponto de partida. Deste modo realizei o PFI, que
pretende ser uma introspeção de cada estagiário acerca da perceção do seu
estado atual (conhecimentos, capacidades, dificuldades) perante os desafios
que lhe serão colocados no estágio. Refleti igualmente quais os pontos mais
importantes a evoluir e as metas a atingir.
O processo de recolha de algumas informações com o objetivo de
conhecer profundamente o contexto sociocultural e socioeconómico da
realidade onde iria efetuar o estágio, tornou-se igualmente preponderante. Para
isso foi fundamental uma breve caracterização geral da escola.
28
Estas informações foram, sem dúvida, essenciais para suportar a base
de todo o planeamento e adequar o processo de ensino/aprendizagem o
melhor possível à realidade com o qual eu me confrontei.
4.1.2 O Planeamento
Segundo Bento (2003), o objetivo primordial do planeamento consiste na
organização, controlo e racionalização do processo de ensino através da forma
como o processo de aprendizagem é orientado, da aquisição de
conhecimentos e habilidades, da formação e desenvolvimento de capacidades,
assim sendo para se planificar, deve-se ter em consideração as finalidades,
objetivos e conteúdos dos programas curriculares de Educação Física.
O planeamento é, portanto, na minha opinião, materializado num
documento que auxilia o professor na realização da sua tarefa que, apesar de
conter as linhas orientadoras que este achou mais pertinentes no momento da
sua realização, não passa de um plano.
Um dos instrumentos iniciais que se revelou essencial para o
conhecimento dos meus alunos, centro de todo o meu trabalho, foi o
questionário de caraterização da turma. Este instrumento permitiu-me situar a
turma em termos sociais, culturais e desportivos. Foi sem dúvida um auxiliar
essencial ao planeamento de ensino ajustado à realidade da turma.
A minha ação dividiu-se em três distintos níveis de planeamento:
planeamento anual, planeamento da unidade didática e planeamento da aula.
Posto isto, a construção do Modelo de Estrutura e Conhecimento (MEC) de
Vickers (1990), acompanhou-me ao longo de toda a caminhada. A sua
elaboração revelou-se determinante em todo o processo, pois reflete tudo
aquilo que foi realizado para determinada modalidade. A sua construção foi
muito benéfica, uma vez que ao longo da sua estruturação pude aumentar o
meu conhecimento em todas as modalidades. A sua estrutura divide-se em três
fases: fase da análise (módulos 1,2 e 3), fase da decisão (módulos 4,5,6 e 7) e
a fase da aplicação (módulo 8).
29
4.1.2.1 Plano Anual
Segundo Bento (2003), o planeamento anual é um plano de perspetiva
global que procura situar e concretizar o programa de ensino no local e nas
pessoas envolvidas.
A escolha das modalidades lecionadas foi seguida mediante as linhas
orientadoras do Programa Nacional de Educação Física para o 10ºano. Assim
sendo as modalidades abordadas foram: Ginástica de Solo e de Aparelhos,
Basquetebol, Futebol, Natação, Voleibol, Atletismo, Badminton, Dança e
Andebol. As modalidades distribuíram-se ao longo do ano conforme ilustra o
Quadro 1.
Quadro 1 - Distribuição de modalidades por Períodos e número de aulas previstas e lecionadas
Período Modalidades
Nº de aulas
previstas
Nº de aulas
lecionadas
1º Período
Ginástica de Solo e Aparelhos 12 11
Basquetebol 6 6
Futebol 5 5
2º Período
Voleibol 5 5
Natação 10 10
Atletismo 6 6
3º Período
Badminton 6 5
Dança 6 4
Andebol 8 8
A distribuição das modalidades pelos três Períodos foi realizada em
função do roulement apresentado no início do ano pelo Grupo de Educação
Física. O facto de o roulement “rodar” 6 vezes, permitiu a abordagem de várias
modalidades, tendo cada modalidade o seu espaço definido. Desta forma, em
nenhum momento necessitei de adaptar as aulas em virtude dos espaços, pois
a modalidade a abordar em função do espaço estava definida.
Ao longo do ano letivo utilizei o pavilhão para a lecionação das
modalidades de Voleibol e Badminton. No ginásio lecionei Ginástica e Dança.
30
No campo exterior lecionei Futebol e o Andebol e no campo exterior 2
Basquetebol e Atletismo.
Ao longo do ano, tive a vantagem do roulement permitir a permanência
nos mesmos espaços durante pelo menos meio período. A lecionação das
modalidades foi, ao longo do ano, realizada de forma alternada, à terça-feira
lecionava uma modalidade e à quinta-feira outra distinta.
Na primeira metade do primeiro período, tive à minha disposição o
campo exterior de basquetebol e o ginásio, as modalidades abordadas foram o
Basquetebol e a Ginástica. Na segunda metade do mesmo período a
lecionação da Ginástica manteve-se em virtude do espaço se manter e abordei
a modalidade de Futebol no campo exterior grande.
Na primeira metade do segundo Período as modalidades abordadas
foram o Voleibol no Pavilhão e a Natação na Piscina Municipal. Na segunda
metade do período a Natação manteve-se, juntando-se o Atletismo.
No que diz respeito ao terceiro Período, as modalidades abordadas na
primeira metade foram o Badminton e a Dança, no pavilhão e no ginásio
respetivamente, sendo a segunda metade reservada para a lecionação do
Andebol no campo exterior.
4.1.2.2 Unidade Didática
Ao longo do ano, o meu núcleo de estágio, optou por realizar o
planeamento das Unidades Didáticas comuns às três turmas. Contudo, alguns
dos módulos eram distintos consoante as especificidades de cada turma. Os
níveis distintos das turmas nas diferentes modalidades abordadas, exigiu, por
vezes, extensões de conteúdos distintas.
Com a realização dos MEC comecei a aperceber-me da importância do
planeamento para cada uma das modalidades. Cada modalidade tem a sua
especificidade e embora algumas possam ser transversais, nem sempre as
estratégias de ensino-aprendizagem são iguais.
A realização do módulo 4 foi aquele que mais me cativou durante todo o
ano no planeamento das várias modalidades, assumindo-se como o módulo
31
mais importante do planeamento, na medida em que garantia a sequência
lógica-específica e metodológica da matéria e organizava as atividades do
professor e dos alunos por meio de regulação e orientação da ação pedagógica
“endereçando às diferentes aulas um contributo visível e sensível para o
desenvolvimento dos alunos” (Bento, 2003, p. 60). O poder de planear aquilo
que temos de abordar sempre criou em mim uma motivação extra. Nem
sempre foi fácil gerir e conciliar a abordagem de tantos conteúdos, contudo ter
o poder de decidir o que abordar e quando abordar funcionou como um
estímulo extra. A realização das unidades didáticas (UD), tiveram como ponto
de partida essencialmente, o nível de desempenho dos alunos nas avaliações
iniciais. A prestação destes foi a razão de escolha dos diversos conteúdos a
lecionar em cada modalidade, tendo sempre em conta o prognóstico dos
objetivos que considerava que os alunos conseguiriam atingir no final da
unidade didática. As UD, algumas vezes, foram sujeitas a alterações ou a
pequenos ajustes em função da resposta dos alunos. A elaboração deste nível
do planeamento foi exigente mas muito enriquecedor, melhorando as minhas
competências de observação e decisão acerca do que era melhor para os
alunos.
Colocar em prática aquilo que tinha planeado inicialmente nem sempre
foi uma tarefa fácil, muito pelo contrário. Em certas modalidades, como por
exemplo Voleibol, a turma teve uma progressão mais rápida do que a
esperada, contudo, noutras ocorreu o oposto, como foi o caso da Natação.
Com o tempo fui-me adaptando a estas alterações, procurando em todos os
momentos privilegiar o processo de aprendizagem dos meus alunos.
Na modalidade de Voleibol a maioria dos alunos correspondeu de forma
muito positiva aos objetivos inicialmente propostos, sendo “obrigado” a criar
novos desafios aos alunos, antecipando, assim, a abordagem de alguns
conteúdos.
“Os alunos de nível 2 e 3 têm vindo a revelar uma grande evolução no
jogo 2x2, portanto, já na próxima aula irei abordar o jogo 3x3”
(Reflexão da aula nº34 – 29/01/2015 - Voleibol)
32
Na unidade didática de Natação necessitei de contrariar esta estratégia,
ou seja, a abordagem de alguns conteúdos necessitaram de um maior número
de aulas do que inicialmente previ.
“Visto os alunos de nível 3 ainda não terem conseguido consolidar os
estilos de costas e bruços, na próxima aula irei manter a abordagem dos
mesmos.”
(Reflexão da aula nº40 - 24/02/2015 - Natação)
“Não consegui abordar o estilo de mariposa, pois os alunos de nível 3
necessitaram de mais tempo de exercitação no estilo de bruços”
(Reflexão da aula nº44 – 10/03/2015 - Natação)
Na Dança, relativamente ao que inicialmente estava previsto, também
tive de efetuar alguns ajustes. A UD inicialmente estava programada para 6
aulas e em virtude de algumas atividades extras da turma, foi reduzida para 4
aulas. Consequentemente, alguns passos referentes ao Cha-cha-cha não
foram lecionados.
Os reajustes, alterações, fazem parte da prática docente. Se no início do
ano me sentia um pouco desconfortável a saltar etapas ou a manter os
mesmos conteúdos de uma aula para outra, no final do ano tudo isto se tornou
natural no dia-a-dia da minha prática.
Estas modificações que o planeamento foi sujeito ao longo do ano, são a
prova de que um planeamento não pode, em nenhum momento, tornar-se num
documento inflexível e inalterado, muito pelo contrário, é um guia fundamental
que deve ser moldado às necessidades contextuais. O professor deve ser
capaz de ajustar a abordagem dos conteúdos consoante a evolução da turma.
Por exemplo, na modalidade de Futebol, se a maioria dos alunos ainda não
assimilou a abordagem de uma situação de 2x1+GR, fará sentido na próxima
aula abordar uma situação mais complexa de 3x2+GR? Na minha opinião não,
será, assim, necessário encontrar estratégias mais complexas para os alunos
mais evoluídos e continuar de forma mais cuidada a abordagem dos conteúdos
menos complexos com os alunos com mais dificuldades. Na minha ótica este é
o caminho que o ensino deverá seguir, ou seja, ajustável ao nível dos alunos.
33
“Alguns alunos, em virtude de não terem uma proximidade tão grande
com a modalidade evidenciaram dificuldades na realização do exercício
(3x2+GR). A falta de mobilidade e noções espaciais tornaram o exercício
pouco fluido em alguns grupos de trabalho”
(Reflexão aula nº24 – 4/12/2014 - Futebol)
Por vezes a dependência de seguir o que está no plano poderá tornar o
ensino desajustado e inadequado à resposta da turma. Isso causará
certamente desmotivação nos alunos com menos competência. Que na minha
opinião são aqueles que devem ser mais motivados para a prática. A este
propósito, recordo-me de um pequeno diálogo que tive no início do ano com
uma aluna:
(...)
Eu: Porquê que ainda só participaste em 2 jogadas, quando há colegas
teus que já realizaram 7?
Aluna: Porque não gosto de basquetebol.
Eu: E isso é impedimento para tentares realizar mais vezes?
Aluna: Sim, não gosto de basquetebol e este exercício é muito difícil
para mim.
(...)
(7/10/2014)
Este diálogo decifra bem aquilo que penso e onde quero chegar. O
professor tem de ser capaz de perceber e alterar o seu planeamento quando o
seu ensino não está a dar resposta às necessidades dos seus alunos. Tal
como refere Bento (2003), o planeamento a este nível (UD) procura garantir,
sobretudo, a sequência lógico-específica e metodológica da matéria, e
organizar as atividades do professor e dos alunos por meio de regulação e
orientação da ação pedagógica, endereçando às diferentes aulas um contributo
visível e sensível para o desenvolvimento dos alunos.
34
4.1.2.3 Plano de Aula
A elaboração dos planos de aula no início do ano era demorada e por
vezes com situações de aprendizagens desadequadas em função daquilo que
era pretendido. Esta tornou-se numa das grandes dificuldades com que me
deparei neste ano de estágio.
A estrutura do Plano de Aula foi elaborada pelo núcleo de estágio, sendo
esta uma das primeiras tarefas coletiva do ano letivo. Assim sendo, optamos
por incorporar no plano de aula as seguintes categorias didáticas: Função
didática; objetivos da aula; objetivo comportamental; Situações de
Aprendizagem; Componentes Criticas e Organização dos Alunos/Professor
(Anexo 5). O excesso de informação no preenchimento das categorias centrais
do plano de aula tornou-se num obstáculo, que só com a ajuda da Professora
Cooperante, ao longo de várias semanas, fui ultrapassando. Por vezes,
colocava componentes críticas nos planos de aula que não concorriam para os
objetivos da aula, acabando por não as utilizar na prática.
Com refere Bento (1987), um professor para poder lecionar uma boa
aula é fundamental que este se prepare devidamente para ela. Não é uma
tarefa fácil, aliás é mesmo uma tarefa bastante dura pois significa cerca de uma
hora de atenção concentrada e de esforço intenso.
Segundo Bento (2003), o ensino é criado em dois momentos
diferenciados: primeiro na conceção e posteriormente na realidade, ou seja,
nem sempre aquilo que eu pensava ser o adequado para aos objetivos da aula
ocorre realmente na prática. A realidade associada ao imprevisto, aos
condicionalismos inesperados, requerem uma rápida reação e adequação do
professor, isto é, capacidade de tomar decisões que lhe permitam adequar o
presente ao que a realidade reclama. No início do ano letivo tinha dificuldade
em lidar com alguns imprevistos, como por exemplo, gerir os alunos
dispensados em virtude da organização dos grupos de trabalho que estava
devidamente planeado.
35
“Na parte inicial da aula, a minha intervenção foi mais demorada, visto
ter que repensar nos grupos de trabalho que já estavam pensados, em virtude
de 5 alunos terem solicitado a dispensa por atestado médico.”
(Reflexão aula nº 7 – 7/10/2014 - Basquetebol)
Contudo, com o passar do tempo, este tipo de acontecimentos acabaram
por ser ultrapassados de uma forma natural. Os níveis de ansiedade que
evidenciava no início da aula para que o número de alunos estivesse de acordo
com aquilo que estava planeado deixou de existir, pois sabia antemão o que
fazer se eventualmente algum aluno faltasse ou solicitasse dispensa da prática,
solucionando o problema. Acredito que esta melhoria ao nível da gestão de
imprevistos teve um grande crescimento com a realização das reflexões
realizadas após as aulas, pois conseguia perceber que tipo de
constrangimentos a falta de um ou de outro aluno teve na aula e fez-me pensar
em soluções futuras.
4.1.3 A Realização
4.1.3.1 1ºPeríodo
No início do ano letivo sentia-me receoso pelo facto de ter de lecionar
Ginástica. Isto por esta modalidade usualmente ser desvalorizada pela maioria
dos alunos e também pelo facto de não me sentir preparado para a lecionar. Ao
longo do período e com a ajuda da Professora Cooperante fui recorrendo a
algumas estratégias que, gradualmente, me tornaram mais seguro, passando a
encarar a modalidade com naturalidade. Mencione-se a título de exemplo o
recurso ao trabalho por circuito na modalidade de Ginástica de Solo e de
Aparelhos. Os alunos passavam por cada estação e realizavam as tarefas
solicitadas, com o auxílio de cartões que continham informação das tarefas a
realizar. Isso obrigou a uma maior responsabilização dos alunos, algo que no
início do ano me deixava algo reticente, mas que com o passar do tempo se foi
evidenciando como sendo a estratégia mais adequada.
36
“O trabalho por circuito nestas aulas, permite aos alunos estar mais
tempo em atividade. Inclusive possibilita uma organização de aula harmoniosa,
com a realização das diversas situações de aprendizagem fluida sem
interrupções.
A colocação dos cartões auxiliares com as palavras-chave dos
exercícios nas diferentes estações permite-me circular pelo espaço da aula
com maior liberdade.”
(Reflexão aula nº6 – 1/10/2014 - Ginástica)
No que concerne à lecionação do Basquetebol, as minhas dificuldades
iniciais prenderam-se com as propostas das situações de aprendizagem.
Apesar de ter estado perante uma turma predisposta para a modalidade, após
as aulas ficava sempre com a sensação de que poderia ter pensado “mais à
frente”.
“Durante a aula de hoje senti que realmente poderia ter sido mais
ambicioso no planeamento da aula, pois a maioria dos alunos já evidenciou ter
assimilado o passe e vai em situação 2x1.”
(Reflexão aula nº7 – 7/10/2014 – Basquetebol)
Nesta fase do Estágio as reflexões ainda eram muito imaturas e limitava-
me a descrever o que se tinha passado na aula, não utilizava as reflexões
como resolução de problemas e de aquisição de novas estratégias, algo que na
minha opinião acabou por ter influência direta nestas dificuldades iniciais.
Relativamente à modalidade de Futebol, foi aquela em que senti menos
dificuldades a lecionar.
“Comparativamente às 2 modalidades lecionadas até então, hoje senti-
me na minha praia. O facto de estar perfeitamente ambientado à modalidade
aumentou a minha confiança no comando da aula. Senti-me seguro na
emissão de feedbacks e na organização da aula.”
(Reflexão aula nº18 – 13/11/2014 – Futebol)
Embora, como já referi anteriormente, ensinar Futebol na escola é
diferente de ensinar no clube, o facto de ter um conhecimento profundo da
37
modalidade, permitiu-me recorrer a algumas das estratégias utilizadas no treino
para dar resposta às necessidades percecionadas. O facto de ter um
conhecimento mais profundo dos conteúdos a lecionar, permitiu-me estar mais
à vontade na aplicação de novas estratégias de ensino. Conseguia com maior
facilidade detetar as dificuldades que os alunos tinham na realização das
situações de aprendizagem, encontrando mais facilmente alternativas para
melhorar o processo de ensino. Nesta modalidade consegui motivar os alunos
menos capazes e responsabilizar os alunos com maior predisposição para
ajudar os colegas com mais facilidade.
4.1.3.2 2º Período
No segundo período, teve início a abordagem da natação. Esta
modalidade manteve-se durante todo o período, ficando estabelecido que à
terça-feira a aula decorreria na piscina municipal. Em simultâneo com a
natação, o voleibol foi abordado na primeira metade do período (pavilhão) e o
atletismo na segunda metade (campo exterior de basquetebol).
No que concerne à modalidade de natação confesso que no início do
período tive algumas reticências relativa à minha capacidade de lecionar a
modalidade. Talvez por se tratar de uma modalidade em que o meu
conhecimento era pouco aprofundado e, simultaneamente, uma modalidade
com a qual tinha pouco contacto. Contudo, estes receios inicias foram-se
desvanecendo com a ajuda da Professora Cooperante e dos meus colegas de
núcleo de estágio. Fui ganhando confiança na minha intervenção, fruto da
partilha de conhecimentos no núcleo de estágio e do investimento no estudo
dos vários estilos abordados. Não obstante a melhoria, em termos de
feedbacks tenho consciência de que a qualidade poderia ter chegado a outro
patamar, contudo, comparando com o meu nível inicial, sinto-me satisfeito e
com sentimento de dever cumprido. A experiência adquirida no Desporto
Escolar, desde o início do ano, tornou-se num elemento determinante para a
minha adaptação a esta modalidade.
Relativamente à modalidade de voleibol, esta foi a modalidade em que
tive mais facilidade de lecionar no 2º Período, visto se tratar de um desporto
com o qual sempre tive uma proximidade muito grande. A motivação da turma
38
durante a lecionação desta modalidade revelou-se determinante para uma
relação de ensino-aprendizagem bastante produtiva. Tal como já mencionei
anteriormente, a turma ultrapassou as expetativas iniciais, apresentando um
desempenho e conhecimento muito satisfatório.
“Uma vez mais a grande maioria dos alunos já demonstrou estar
totalmente adaptado e ambientado ao jogo 2x2. Desta forma irei antecipar a
introdução do jogo 3x3 na próxima aula, algo que estava previsto acontecer
apenas na 4ª aula da Unidade Didática.
A motivação e o entusiasmo que os alunos têm demonstrado na
realização das aulas de Voleibol tem contribuído para que as aulas sejam
dinâmicas e produtivas no que concerne ao alcance dos objetivos delineados.”
(Reflexão aula nº30 – 15/01/2015 - Voleibol)
Apesar de se ter tratado de uma unidade didática curta (5 aulas), a
turma revelou evolução nas habilidades motoras. Ao longo da unidade didática
consegui demonstrar uma qualidade de feedbacks e de intervenção na aula ao
nível esperado no início da mesma.
Na modalidade de Atletismo, o núcleo de estágio aplicou o Modelo de
Educação Desportiva (MED), algo que se tornou num desafio pessoal. Visto se
tratar-se de um modelo de ensino que promove a autonomia e
responsabilidade dos alunos, levantou algumas questões iniciais. Tal como
refere Siedentop (1994), o MED é um modelo de ensino baseado no currículo
do desporto que simula fundamentais dos contextos desportivos. Neste
modelo, os alunos assumem gradualmente responsabilidade acrescida pelas
suas aprendizagens, viabilizada pelo recurso, por parte do professor, a
estratégias instrucionais mais implícitas e informais. O controlo da turma e
gestão da aula foram alvo de um cuidado especial em virtude de os alunos
terem maior “liberdade”. Após o término desta unidade didática adquiri uma
visão diferente daquela que tinha inicialmente relativamente ao MED. A
passagem da “pasta” em diversos momentos de aula para os alunos fez com
que estes adquirissem uma maior responsabilidade e uma maior motivação no
desempenho das várias tarefas de aula. Apesar de numa fase inicial do
39
processo surgirem algumas dúvidas por parte dos alunos na organização da
aula e fazer com que uma ou outra aula ficasse aquém das expectativas, penso
que soube gerir as dificuldades de ambos (alunos e Professor) e ultrapassar os
obstáculos, criando uma dinâmica na aula que motivou os alunos.
“Sinto-me cada vez mais entusiasmado com a preparação destas aulas.
O planeamento destas obriga a um cuidado especial, pois os cartões de apoio
realizados têm de ser concretos e ir de encontro aos objetivos que
pretendemos para as aulas.”
(Reflexão aula nº 39 – 19/02/2015 - Atletismo)
“O comportamento da turma nas aulas tem-me surpreendido bastante.
Visto se tratar de uma organização de aula diferente, estava com receio que os
alunos pudessem aproveitar o facto de estarem mais libertos para aumentar os
comportamentos desviantes, contudo, a realização destas aulas tem
comprovado o contrário. Os alunos têm se empenhado nas tarefas solicitadas e
os capitães têm assumido as suas funções na integra.”
(Reflexão aula nº 41 – 26/02/2015 - Atletismo)
Acredito vivamente que é um modelo de ensino que promove o espírito
de equipa e motiva os alunos para a prática. Tal como refere Siedentop (1994),
este modelo valoriza a dimensão humana e cultural do desporto e, por isso,
reconhece a importância de o democratizar e de vitalizar a competição,
estabelecendo um compromisso pedagógico entre inclusão, competição e
aprendizagem.
4.1.3.3 3º Período
No terceiro e último Período, abordei o badminton e a dança no
pavilhão e no ginásio respetivamente. Na segunda metade do período abordei
apenas o andebol nos dois espaços exteriores disponíveis.
No que diz respeito, à lecionação da modalidade de badminton, a maior
dificuldade centrou-se na seleção de estratégias adequadas para os alunos
40
que evidenciaram dificuldades técnicas, não lhes permitindo realizar com
fluidez as sequências de batimentos propostas. Mesmo na abordagem de
batimentos de menor dificuldade técnica, os alunos evidenciaram dificuldades
em manter o volante jogável. A aliar a esta dificuldade os alunos tiveram que se
adaptar ao tamanho dos campos, que era reduzido, aportando dificuldades
acrescidas, como espelha o excerto a seguir apresentado:
“Os alunos evidenciaram mais uma vez dificuldades em realizar as
sequências de batimentos. Além de este facto estar relacionado com a
carência técnica os alunos têm-se confrontado com o obstáculo do tamanho
dos campos”
(Reflexão aula nº 50 – 14/04/2015 - Badminton)
Sinto que não fui tão capaz na resolução deste problema, e o facto de se
tratar de uma unidade didática tão curta também não ajudou.
A modalidade de dança representou o maior desafio que enfrentei ao
longo deste ano letivo. Olhei para a Dança como uma barreira a ultrapassar e
como um objetivo pessoal que tinha de ser capaz de superar. Contudo, apesar
das minhas dificuldades evidentes, superei as minhas próprias expectativas e
consegui lecionar a modalidade, motivando os alunos para a prática. Face ao
facto de não me sentir “confortável” na lecionação da modalidade, tive que
recorrer a recorrer a algumas estratégias para me defender. A título de
exemplo, uma das estratégias utilizadas logo na primeira aula da Unidade
Didática foi a pouca utilização da música em simultâneo com a abordagem dos
primeiros passos do Cha-cha-cha.
“Em virtude de não me sentir à vontade com a interpretação dos tempos
musicais, adotei uma estratégia defensiva nesta aula. Ou seja, realizei a
introdução dos passos time-step e basic movement sem a utilização da
música.”
(Reflexão aula nº 49 – 9/04/2015 - Dança)
“Decidi adotar uma nova estratégia, aproveitei o facto de uma aluna estar
totalmente ambientada com a modalidade e mais especificamente com os
41
passos, para ser a referência e exemplificar a sequência dos dois passos
abordados na aula anterior à turma.”
(Reflexão aula nº52 – 23/04/2015 - Dança)
Confesso que não foi fácil, mas acredito que o tempo investido a treinar
e a estudar a modalidade valeu a pena. Posso mesmo afirmar que fiquei
orgulhoso de mim.
A última modalidade abordada foi o andebol. Tal como tinha acontecido
no Futebol, não senti grandes dificuldades na sua lecionação, bem como no
seu planeamento. O facto de ter praticado a modalidade durante alguns anos,
permitiu-me estar perfeitamente ambientado às situações de aprendizagem
propostas, bem como à própria gestão de aula e emissão de feedbacks.
Abordamos esta modalidade através do MED, tal como tinha acontecido
anteriormente com o Atletismo. No meu entendimento, tratou-se da
confirmação de que o MED resulta de facto. Os alunos mostraram-se
motivados não apenas para a prática, mas também para a participação nas
várias tarefas que tiveram que desempenhar. Tal como refere Siedentop
(1994), os alunos são colocados a desempenhar tarefas de ensino e de gestão,
papéis tipicamente desempenhados pelo professor, exigindo-lhes um maior
comprometimento com o desenvolvimento das atividades e com os resultados
obtidos.
“Ao longo de toda a Unidade Didática os alunos desempenharam
funções de arbitragem, capitães e marcadores de pontuações. O envolvimento
criado pelo MED tornou a minha intervenção mais facilitada, uma vez que os
alunos sabiam o que realizar em cada uma das tarefas e o comprometimento
para com o processo foi excelente.
A participação dos alunos nas várias funções de aula fez com que estes
tivessem uma motivação extra no decorrer das mesmas. Além disso, a
passagem pelo papel de árbitro no decorrer dos jogos fez com que os alunos
se aproximassem mais da realidade das regras do andebol. No início da
Unidade Didática eram visíveis as dificuldades que os alunos tinham em
distinguir uma ação faltosa de uma ação normal.”
(Reflexão da Unidade Didática de Andebol)
42
4.1.4 A Avaliação do Ensino
A avaliação do ensino, juntamente com a sua planificação e realização
são, segundo Bento (2003), as principais tarefas da ação do professor. Dada a
sua relação indissociável, nenhuma destas três funções é dispensável.
A avaliação revelou-se uma das tarefas mais complicadas que realizei
ao longo deste ano de Estágio Profissional. Esta foi realizada em diferentes
momentos do ano, para balizar as metas a atingir e ajustar o processo de
ensino/aprendizagem às capacidades dos alunos.
A experiência adquirida ao longo da prática pedagógica permitiu-me tirar
ilações sobre a mesma, reajustando-a quando necessário.
O conjunto das avaliações diagnósticas realizadas no início de cada uma
das unidades didáticas estabeleceu-se como um importante ponto de partida
para o planeamento dos conteúdos a abordar em cada modalidade. Por outro
lado, as avaliações sumativas espelharam aquilo que foi realizado e assimilado
pelos alunos nas aulas.
Ao longo do ano letivo fui-me apercebendo da importância e da
dificuldade do ato de avaliar. A avaliação divide-se em 3 importantes
momentos: Avaliação Diagnóstica, Avaliação Formativa e Avaliação Sumativa.
Segundo Ribeiro (1993), a Avaliação Diagnóstica pretende verificar o
nível inicial do aluno nas diferentes habilidades, definindo-se um perfil
ilustrativo do nível inicial do aluno. Para tal, nas primeiras três aulas do ano
letivo, em concordância com a Professora Cooperante, foi realizada a bateria
de testes de fitnessgram e a avaliação diagnóstica das principais modalidades
a abordar ao longo do ano (Voleibol, Futebol, Andebol, Ginástica,
Basquetebol). A realização desta avaliação inicial permitiu-me perceber o nível
geral da turma, bem como as principais dificuldades apresentadas pelos alunos
nas diversas modalidades. A minha principal dificuldade nesta avaliação
diagnóstica prendeu-se pelo facto de as fichas de registo construídas pelo
núcleo de estágio contemplarem muitos parâmetros, tornando-se difícil o seu
preenchimento (ver exemplo da ficha de avaliação diagnóstica de Andebol –
Anexo 6)
43
“A realização da avaliação diagnóstica não se revelou um processo fácil,
visto que as fichas elaboradas para o levantamento de dados ser extensa,
tendo perdido bastante tempo na sua realização.”
(Reflexão aula nº 4 – 25/09/2015)
Na tentativa de colmatar a dificuldade de preenchimento in loco
efetuamos a filmagem das aulas de avaliação diagnóstica, contudo a tarefa de
preenchimento de todos os parâmetros foi uma tarefa exaustiva que consumiu
imenso tempo. Hoje, teria realizado as avaliações de forma diferente,
nomeadamente pela utilização de menos parâmetros de forma a que a tarefa
ficasse facilitada.
À exceção dos testes de fitnessgram e da Ginástica, as outras
modalidades foram avaliadas a partir da situação de jogo. Nestas duas
avaliações os alunos estavam distribuídos por grupos e iam passando por
várias estações. Este processo foi facilitado pela presença dos meus dois
colegas de Núcleo de Estágio, que marcaram presença em todas as aulas de
Avaliação Diagnóstica.
“A presença do Ricardo e do Pedro nestas primeiras aulas foi
fundamental, uma vez que cada um de nós ficou responsável por uma estação.
Assim sendo dividi a turma em 3 pequenos grupos.”
(Reflexão aula nº4 – 25/09/2015)
Na sequência da Avaliação Diagnóstica, a Avaliação Formativa
assume um papel importante no controlo e posterior orientação do processo de
ensino/aprendizagem. Tal como afirmam Ribeiro e Ribeiro (1990), a avaliação
formativa, realizada em todas as aulas, deve ser dominada pelos professores,
pois é esta que deve acompanhar todo o processo ensino-aprendizagem. Esta
avaliação permite ao Professor perceber a evolução dos seus alunos ao longo
das aulas, bem como se o processo de ensino está a ser adequado.
No processo de avaliação formativa, efetuado no final de cada aula,
também foi utilizada a autoavaliação dos conceitos psicossociais. Esta
estratégia formativa permitiu, aula a aula, consciencializar os alunos do seu
desempenho e aprendizagens. Permitiu igualmente a responsabilização de
44
cada aluno pela realização de uma prática de qualidade. Esta autoavaliação
apesar de ser realizada pelos alunos foi sempre aferida por mim, evitando
desta forma avaliações desadequadas da postura e comportamento do aluno
na aula.
Para a realização de uma Avaliação Formativa de qualidade e ajustada
ao desempenho real de cada aluno, foi necessário investir tempo no estudo de
algumas modalidades em que não me sentia “totalmente à vontade”. Os
exemplos mais evidentes, foram as modalidades de Natação, Atletismo e
Dança. A leitura de alguns livros de apoio e as conversas com a Professora
Cooperante e com os meus colegas de Núcleo de Estágio permitiu-me ir
aperfeiçoando a capacidade de observação e de intervenção nas matérias em
que não me sentia totalmente confortável. Com efeito, tal como afirmam Ribeiro
e Ribeiro (1990), a avaliação formativa, realizada em todas as aulas, deve ser
dominada pelos professores, pois é esta que deve acompanhar todo o
processo ensino-aprendizagem.
No que diz respeito à Avaliação Sumativa, utilizei quase todos os
parâmetros utilizados na Avaliação Diagnóstica. Desta forma, consegui
comparar os resultados obtidos e perceber a evolução de cada aluno. A
importância que dei ao processo evolutivo do aluno nas várias modalidades
tornou-se preponderante na atribuição das notas finais. De referir que na
avaliação dos alunos que tinham níveis de desempenho superiores, isto é, já
dominavam as matérias de ensino foram avaliados de forma mais acentuada
ao nível dos conceitos psicossociais. Ou seja, foi importante ao longo do ano
oferecer estímulos diferentes aos alunos com níveis de desempenho
superiores, designadamente ao nível da responsabilização de ajudar um colega
com nível de desempenho inferior, a evoluir na modalidade.
“Antes do início da aula, tive a preocupação de juntar o grupo de alunos
que é praticante da modalidade a nível federado e desafiá-los a ajudarem os
seus grupos de trabalho a evoluir e a ter um rendimento superior ao longo da
aula. Nenhum dos alunos se opôs ao desafio e até se mostraram motivados
com o facto de terem oportunidade de comandar as suas equipas.”
(Reflexão aula nº18 – 13/11/2014 - Futebol)
45
“Nesta aula decidi colocar um desafio às alunas que praticam voleibol
em clubes. Como já tem sido habitual nas aulas de Voleibol, no exercício de
subir a montanha, distribui os alunos pelos campos, tentando juntar um aluno
mais capaz e um menos capaz no primeiro jogo. Posto isto, decidi alterar as
regras, ou seja, o primeiro jogo foi de cooperação, o tempo de jogo foi alargado
de 2 para 5 minutos e os alunos com mais vivências na modalidade deveriam
intervir junto dos colegas, de forma a estes melhorarem a sua técnica.”
(Reflexão aula nº34 – 29/01/2015 - Voleibol)
A Avaliação Sumativa não se resume à atribuição de uma classificação
final. De acordo com Ribeiro (1993), a avaliação sumativa permite ajuizar o
progresso do aluno, após uma unidade de aprendizagens, permitindo,
simultaneamente, “conferir” os dados recolhidos no processo de avaliação
formativa (ainda que informal).
A avaliação do conhecimento dos alunos nas diversas modalidades foi
realizada por recurso a questões de aula e a realização de testes escritos, para
cada uma das modalidades abordadas. Em termos de estrutura os testes
continham questões de verdadeiro e falso, de escolha múltipla e de resposta
rápida. Para cada um dos testes escritos foi realizado um documento de
suporte teórico, pelo Núcleo de Estágio, com o objetivo de orientar o estudo
dos alunos.
4.1.4.1 O Ato de Classificar
Confesso que no final do 1º Período senti grandes dificuldades na
atribuição das classificações finais. A principal dificuldade centrou-se na
transformação dos dados das avaliações das diversas modalidades numa
classificação final.
A avaliação dos vários conteúdos das modalidades foi efetuada por
recurso a uma escola de 1 a 5 valores. A partir da soma de todos os
parâmetros, transformava o resultado final na escala de 1 a 20 valores. Porém,
na minha opinião a classificação final de um aluno não se pode apenas basear
em somas e subtrações de valores. Como Professores temos de ter
46
consciência do processo evolutivo que os alunos apresentam ao longo do
período e do ano letivo e balizar esta transformação aquando do processo de
atribuição da classificação.
Para classificar foi necessário transportar para uma escala de valores a
informação advinda da avaliação sumativa. Desta forma, o grupo de Educação
Física, de acordo com os critérios gerais definidos pelo Departamento de
Expressões, estipulou para cada domínio de aprendizagem os seguintes
valores percentuais: Habilidades motoras e Condição Física (70%); Conceitos
Psicossociais (20%) e Cultura Desportiva (10%).
Atendendo ao referido, a classificação final dos alunos não se resumiu
apenas ao saber-fazer, mas também ao saber-ser e ao saber. Tendo em
consideração esta perspetiva da avaliação, procurei, ao longo de todo o ano
letivo, sublinhar junto dos alunos a necessidade de haver um investimento em
todas os domínios.
O facto de ter de avaliar 26 alunos e ter em consideração os vários
domínios, fez com que este processo fosse dos processos mais difíceis de
realizar ao longo deste ano de Estágio Profissional. Com o tempo fui-me
sentindo melhor preparado para o ato de avaliar, designadamente pelo recurso
ao registo sistemático de elementos que considerava fundamentais para a
atribuição das classificações. Talvez tenha cometido alguns erros, contudo, tive
sempre a preocupação de avaliar da forma mais justa possível.
Ao longo do ano estive perante duas situações completamente opostas
no que diz respeito à classificação. A primeira aconteceu no final do 2º Período,
em que atribui uma nota negativa de 9 valores. Tratava-se de uma aluna pouco
empenhada e participativa, que desvalorizou, de forma clara, a disciplina de
Educação Física. Após análise e em conjunto com a Professora Cooperante,
consideramos que a atribuição desta classificação iria responsabilizá-la para
um 3º Período diferente. Felizmente a atitude da aluna melhorou e conseguiu
chegar ao final do ano com uma classificação positiva. A segunda situação
ocorreu no 3º Período, em que atribui uma nota de 20 valores. O aluno em
questão, ao longo de todo o ano, mostrou um desempenho motor acima da
média em todas as modalidades abordadas, bem como um interesse e
participação exemplar.
47
Por fim, é relevante salientar que durante o ano letivo, para além de
avaliar os alunos, procurei desenvolver a capacidade de estes se
autoavaliarem, refletindo criticamente acerca do seu comportamento e da
minha atuação junto dos alunos. Esta perspetiva é confirmada por Bento (2003,
p. 176) quando refere que “o sucesso do ensino depende tanto da atividade do
docente como das atividades de aprendizagem dos alunos”.
4.2 Gestão da Aula e Controlo da Turma
A minha preocupação central nas questões relativas à gestão e controlo
da aula, foi primeiramente procurar perceber como devia lidar com uma turma
que não era minha de forma integral. Na minha curta experiência profissional,
sempre lidei com grupos que estavam sob a minha total responsabilidade, pelo
que me olhavam como líder. Desta vez, tinha algo diferente, estava perante um
grupo de alunos que poderia olhar para mim de forma distinta, isto é, como um
mero estagiário que ainda estava no seu percurso de formação. Alheio a isso,
desde a primeira aula, procurei impor-me perante a turma como “o professor”.
Na aula de apresentação a Professora Cooperante assumiu perante os alunos
que seria a Professora titular da turma e total responsável do processo,
contudo, também mencionou que desde o primeiro momento eu seria “O
Professor”.
Este aspeto tornou-se fundamental no meu percurso ao longo do ano
letivo, visto que os alunos da minha turma olharam para mim como “o líder”.
Tornou-se realmente importante, pois em nenhum momento tive dificuldades
em gerir o grupo a nível comportamental e de indisciplina. Para tal, foi
importante, desde a primeira aula, assumir a responsabilidade que tinha,
mostrando aos alunos que estavam perante uma pessoa competente,
profissional e responsável.
A turma mostrou-se desde o início do ano de fácil relação. Ultrapassado
o momento de apresentação, cheguei ao momento de afirmação enquanto
Professor. Sabia da importância das primeiras aulas para que isso fosse
possível acontecer. Assim, tive a preocupação de preparar várias vezes o
48
discurso, de preparar respostas às possíveis dúvidas dos alunos e memorizar
os nomes num curto espaço de tempo, para a comunicação ser mais próxima e
eficaz. Também tinha consciência de que era importante não errar. Este era o
meu pensamento, sabia que se errasse nas primeiras aulas dificilmente
conseguiria “segurar” os meus alunos durante o resto do ano letivo. Consciente
destes pormenores, parti para as primeiras aulas com um nervosismo extra,
com um enorme formigueiro na barriga, porém quando começava a aula tudo
passava e entrava num “mundo” diferente, no meu mundo, naquele em que me
sinto realmente à vontade.
Felizmente, nas primeiras aulas consegui impor-me como professor,
mantendo uma postura por vezes rígida, que não era de todo a minha forma de
atuar, mas que sabia da sua importância naquele momento. Nas primeiras
aulas consegui implementar as rotinas impostas pelo regulamento interno da
escola, tal como algumas rotinas que a literatura refere e que considerei
importantes. Tal como sugere Rink (2014), podem ser implementadas rotinas
de balneário, rotinas pré-aula, rotinas inerentes à própria aula, rotinas de fim de
aula e, ainda, outro tipo de rotinas, tal como o tempo disponível para equipar, a
regra do apito (um apito- parar o exercício; dois apitos- parar o exercício e
juntar à minha beira), bem como a organização do início da aula e do
aquecimento. Como tal, os alunos entraram num momento de adaptação às
rotinas impostas pela escola e rotinas que iam de encontro à minha
pessoalidade. No entanto, para além destas, ao longo do ano, fui instituindo
outras, consoante as especificidades de cada modalidade, a título de exemplo
refira-se a Natação, em que não existiram momentos formais destinados à
apresentação das tarefas, estes foram substituídos pelos planos afixados numa
das extremidades da piscina. Neste contexto, Rosado e Ferreira (2011, p. 189)
afirmam que “as rotinas permitem aos alunos conhecer os procedimentos a
adotar na diversidade de situações de ensino, aumentando o dinamismo da
sessão e reduzindo significativamente os episódios e os tempos de gestão.”
Após este período de adaptação às rotinas de aula por parte dos alunos,
consegui-me libertar e focar-me no processo de ensino-aprendizagem. Ao
mesmo tempo, e após um conhecimento mais aprofundando de cada aluno, fui
deixando a postura rígida e passei a adotar uma postura mais natural, aquela
com que me sinto mais identificado.
49
O passo seguinte era o de encontrar uma postura equilibrada, isto é,
aproximar-me mais dos alunos sem nunca perder o respeito adquirido no início
do ano. Tornou-se um processo natural. Os alunos começaram a perceber que
podiam contar com a minha presença como ouvinte e conselheiro. Esta
proximidade não me retirou autoridade enquanto Professor, muito pelo
contrário, consegui cativar os alunos para a prática de forma mais eficaz e
fazer com que eles estivessem motivados para as tarefas propostas nas aulas.
Esta ligação com os alunos tornou-se igualmente importante na
abordagem de modalidades em que tinha um menor domínio do conteúdo,
como por exemplo na Natação e na Dança. Partia para as aulas menos
nervoso porque sabia que se errasse os alunos não olhariam para mim de
forma “desconfiada”.
Porém, não consegui motivar todos os alunos para a prática. Uma aluna
ao longo de todo o ano letivo manteve sempre uma postura desinserida do
contexto dos restantes colegas. Não participou de forma consistente nas
atividades propostas e poucas foram as vezes em que revelou vontade em
melhorar a sua postura e as suas capacidades. Apesar das várias conversas
que tive com a aluna, esta nunca desejou que eu a ajudasse. Este foi um dos
pontos negativos do meu Estágio Profissional. De facto, não fui capaz de
motivar a aluna para as aulas de Educação Física, integrando-a na turma e
melhorando a relação dela com os restantes colegas.
4.2.1 Relação Pedagógica
Ao longo do ano, como é natural, fui fortalecendo a relação pessoal com
os alunos.
No início do ano encontrei um grupo de alunos que não se conhecia,
onde a timidez dominava grande parte dos alunos. A relação entre os alunos
era pouca ou nula, visto que mesmo os alunos que frequentaram esta escola
nos anos anteriores não tinham quaisquer relações.
Como tal, deparei-me com uma dificuldade inicial, não queria dar muita
confiança aos alunos, pois o título de Professor Estagiário estava presente e os
alunos têm sempre tendência em “abusar” da autoridade. Ao mesmo tempo
50
procurava aproximar-me dos alunos para os conhecer melhor e assim poder
interagir de forma mais adequada com cada um deles.
Ao longo do ano letivo, as conversas no final de cada aula com os
alunos tornaram-se um hábito. Aproveitava aqueles momentos para falar com
eles sobre problemas, gostos, desporto ou até mesmo sobre outras disciplinas.
A minha relação com os alunos foi crescendo, estes perceberam que estavam
perante uma pessoa com mais vivências e em quem podiam confiar. Este
estatuto e a proximidade que adquiri com praticamente todos os alunos fez
com que a minha intervenção na prática ficasse facilitada. Para além dos
alunos estarem perante um Professor jovem, que representa uma motivação
acrescida, reconheceram-me competência. Este estatuto que conquistei foi
fundamental para que a minha proximidade com eles não ultrapassasse limites
que poderiam revelar-se prejudiciais à minha atuação como professor. Ao
longo de todo o ano letivo consegui gerir e manter uma relação de respeito
entre Professor e aluno.
No meu percurso ao nível de treino, tive sempre uma postura muito
próxima dos meus atletas, porque entendo que a função do treinador não se
resume apenas a treinar. A título de exemplo, passo a citar uma expressão
utilizada por José Mourinho: “Quem só percebe de futebol, nem mesmo de
futebol percebe”. O meu pensamento enquanto futuro Professor vai de
encontro a esta ideia, o Professor não pode ser apenas um sujeito que se
desloca à escola para lecionar modalidades, tem que ser mais que um mero
transmissor de informação. Desta forma, segui a minha linha de pensamento e
visto estar a lidar com crianças/jovens, entendi que esta postura ganhava ainda
mais importância. Aos olhos dos alunos é diferente ter um Professor que se
preocupa com estes e com o que os rodeia, do que um Professor que apenas
se preocupa com o espaço da aula. A relação criada com grande parte dos
alunos permitiu-me motivá-los e focá-los nos objetivos pretendidos.
A ligação criada com os alunos tornou-se fundamental e serviu de
suporte para todo o processo interativo criado ao longo do ano letivo. De forma
a poder confirmar a minha perceção, no final do ano, mais especificamente na
última aula, solicitei aos alunos que escrevessem algo sobre mim enquanto
Professor e sobre as aulas de Educação Física. Os testemunhos obtidos
podem ser observados de seguida:
51
“Adorei a experiência de trabalhar com o Professor. Acho que foi um dos anos
onde me esforcei mais, pois o Professor soube-me motivar mais do que os
meus antigos Professores. Teve sempre a preocupação de melhorar a minha
condição física”. (Renato3)
“O Professor foi excelente ao longo deste ano, esteve sempre atento à nossa
evolução e preocupou-se com o nosso bem-estar, não só físico mas também
psicológico”. (Carlos)
“Cativa e ensina muito bem as matérias. Tem métodos de ensino que
conseguem motivar os alunos muito facilmente”. (Carolina)
“Gostei muito do Professor, pois é exigente mas ao mesmo tempo
compreensivo”. (Andreia)
“Apesar de ser jovem demonstrou capacidades para ser um excelente
Professor. É exigente mas arranja sempre forma de motivar os alunos”. (Telmo)
“O Professor conseguiu-nos motivar a melhorar a nossa condição física.
Tornou as aulas de Educação física mais interessantes e mais ricas”. (Filipe)
“Ao longo do ano o Professor mostrou ser um bom profissional, teve sempre a
sua postura autoritária mas também soube ter momentos de brincadeira.
Gostei da maneira como organizou as aulas e também do facto de em pouco
tempo nos conhecer o suficiente para saber daquilo que somos
capazes”.(Joaquim)
“Foi o melhor Professor que alguma vez tive. Foi o único que me conseguiu
compreender e ajudar nos momentos que precisava”. (Daniela)
3 Nome fictício. O mesmo se aplica aos restantes nomes identificativos nos excertos seguintes.
52
“O Professor foi capaz de criar uma ligação muito própria e singular, inexistente
na maioria dos restantes Professores”. (Carla)
4.3 A Turma Partilhada
Ao longo deste ano de Estágio Profissional, partilhei com os meus
colegas de núcleo de estágio uma turma do 5º ano de escolaridade. Tratou-se
de uma experiência excecional. A turma era de sonho, recheada de alunos
queridos, educados, bem comportados, motivados e com grande qualidade,
tanto a nível motor como cognitivo.
“Hoje tive o primeiro contacto com a turma que será a partilhada pelos
três estagiários.
A primeira impressão foi excelente, trata-se de uma turma de 5º ano e é
composta por 29 alunos, 16 raparigas e 13 rapazes.
Através das fichas de caracterização é possível verificar que se trata de
uma turma ativa a nível do desporto federado. O futebol, o voleibol, o andebol,
a natação e a ginástica são os desportos praticados pelos alunos. A grande
maioria dos alunos já se conhece, visto terem frequentado o 1º ciclo na mesma
escola.”
(Reflexão aula nº 1 – 5º ano)
Tal como mencionei na reflexão da primeira aula, desde o primeiro
momento que a turma me cativou, não só pela sua grande predisposição para
a prática de desporto, como também pelo ambiente de proximidade que os
alunos revelaram entre eles. As indicações dos restantes Professores,
evidenciavam que estávamos perante uma turma com excelentes alunos,
deixando antever um ano letivo bastante positivo.
A escolha da lecionação das várias modalidades entre os estagiários foi
aleatória, tendo eu ficado responsável pelas unidades didáticas de voleibol (1º
Período) e futebol (2º e 3º Período). A unidade didática de Ginástica (2º
Período) foi lecionada pelos três em simultâneo, dada a especificidade e
complexidade que esta modalidade envolve.
53
Relativamente à lecionação de cada uma das modalidades, aquela em
que senti maior desconforto foi a Ginástica. Apesar de estarmos os três
estagiários presentes nas aulas, os medos associados ao risco de lesões
tornou-se numa dificuldade acrescida. A grande maioria dos alunos já tinha
vivências da ginástica de solo dos anos anteriores, contudo, o mesmo não
acontecia na ginástica de aparelhos. Tratou-se de uma novidade para a
maioria, tendo alguns alunos evidenciado receio em experimentar e concluir
com êxito algumas das tarefas solicitadas. Foi nesta vertente da ginástica, que
tive de investir um pouco mais, não só a nível das ajudas, mas também na
emissão de feedbacks. Como se tratava de uma faixa etária mais baixa
daquela que tinha na turma de 10º ano, tive de alterar um pouco a minha
postura. Assim, em vários momentos recorri à estratégia de ensinar a “brincar”.
Ou seja, por vezes desafiava os alunos a realizarem os elementos gímnicos
pretendidos através de uma linguagem mais próxima.
“Através de uma linguagem a brincar consegui que os alunos que
revelaram mais dificuldades até então tentassem sem medos e sem receios a
realização dos rolamentos à frente e à retaguarda. A título de exemplo usei as
expressões: “Imagina que és um militar, tens de fazer a cambalhota! Vamos lá
tentar!”; “Cabeça vai para dentro e para trás para seres ainda mais rápido.”
(Reflexão 5º ano - aula nº41 – Ginástica)
Por recurso a este tipo de estratégia consegui c que os alunos com
menos predisposição ultrapassassem os medos e realizassem os vários
elementos acrobáticos.
No que concerne às modalidades de Voleibol e Futebol não senti
qualquer tipo de dificuldade. A minha proximidade desportiva com as
modalidades permitiu-me ensinar de uma forma eficaz o jogo.
Terminado o ano letivo, posso assegurar que dificilmente poderíamos ter
uma turma melhor para partilhar. Os alunos adaptaram-se perfeitamente aos 3
professores, não lhes causando nenhuma estranheza a mudança de professor
nas diversas modalidades.
Foi sem dúvida uma experiência enriquecedora, em virtude de se tratar
de uma turma composta por alunos que vivenciaram uma grande mudança nas
54
suas vidas escolares. Sinto que tive um contributo importante na rápida
integração/adaptação destes à nova escola bem como na introdução da
disciplina de Educação Física nas suas vidas.
4.4 A Experiência Inesperada - 1º Ciclo
A lecionação ao 1º Ciclo foi uma experiência inesperada no meu Estágio
Profissional. Antes do início do ano não previa lecionar numa escola primária.
Contudo, tornou-se em mais uma experiência para mais tarde recordar. Apesar
de antes de ingressar no mestrado já ter tido a oportunidade de lecionar neste
nível de ensino, sinto que evoluí de forma significativa neste âmbito.
O núcleo de estágio ficou responsável pela lecionação de duas turmas
de 4º ano. Ambas eram bastantes heterogéneas, incorporando alunos com
maior e menor predisposição e motivação para a prática desportiva. Numa
primeira fase, a nossa missão passou por motivar os alunos com menor
predisposição para a prática. Passada essa fase, centramo-nos
essencialmente na oferta de várias experiências na área da Educação Física.
No início do ano, juntamente com os meus colegas de estágio,
estudamos o programa nacional dirigido ao 4º ano do 1º ciclo e percebemos de
uma forma mais aprofundada o que realmente é suposto abordar e que metas
os alunos deverão atingir. Visto se tratar de um ciclo de ensino que poderemos
acompanhar num futuro próximo não desvalorizei, em nenhum momento, esta
experiência.
Ao longo do ano abordamos as destrezas gímnicas básicas, tais como
rolamentos, deslocamentos e posições de equilíbrios; ações motoras primárias
do atletismo (correr, saltar e lançar); e o desenvolvimento de ações técnico-
táticas específicas de modalidades como o Basquetebol, o Andebol e o
Futebol.
Finalizado o ano letivo, creio que os objetivos propostos no início do ano
foram atingidos com sucesso. Os alunos tiveram a oportunidade de vivenciar
várias experiências desportivas potenciando as suas capacidades motoras. O
55
gosto pela prática desportiva passou de uma meta que parecia longínqua e
inalcançável para uma ultrapassável no final do ano letivo.
4.4.1Tempo de balanço do processo de ensino-aprendizagem
O facto de ter abordado uma vasta panóplia de modalidades ao longo do
ano letivo, revelou-se uma mais-valia para o meu enriquecimento profissional e
pessoal, contudo a extensão (diminuta) das unidades temáticas, por vezes,
formam uma desvantagem, porquanto não permitiram que houvesse uma
verdadeira evolução do desempenho dos alunos.
Em sentido inverso, a unidade didática de ginástica foi composta por 11
aulas, tendo sido visível uma evolução superior. De facto, a extensão das
unidades marcam a diferença nos ganhos obtidos em termos de aprendizagem.
Chegando ao final do ano, não estou certo da opção mais adequada, se
abordar menos modalidades, aumentando o número de aulas, ou abordar
muitas modalidades, diminuindo o número de aulas realizadas. Ambas as
escolhas têm as suas vantagens e desvantagens. Creio que a decisão terá que
ter em conta o plano curricular do ano de escolaridade e respetivos conteúdos
e as caraterísticas da turma que temos sob a nossa responsabilidade.
Entendo que a Educação Física deve ser vista como um meio formativo
eclético, que oferece experiências válidas nas várias modalidades. Sendo as
unidades didáticas mais ou menos extensas, é importante os alunos poderem
aceder a várias modalidades, para as ficar a conhecer e, se quiserem, poderem
iniciar a sua prática fora da escola. Tal como refere Bento (1999), a Educação
Física tem que ser encarada como uma disciplina relevante do currículo
escolar, que vai muito para além do físico, na qual o movimento e o desporto,
enquanto matéria de ensino, estão inerentes, devendo ser entendida como
uma disciplina curricular que toma o desporto como uma forma especifica de
lidar com a “corporalidade”, enquanto sistema de comportamentos culturais,
marcado por normas, regras e conceções socioculturais.
Ao longo de todo o ano letivo tive os meus altos e baixos, contudo
sempre tentei manter um equilíbrio que me permitisse estar em aprendizagem
continuada. Como principal ponto negativo no meu ano de Estágio Profissional
56
aponto o facto de não ter conseguido, em praticamente nenhum momento,
motivar uma das alunas da turma. A sua personalidade demasiado introvertida
e postura passiva e de distância para com os que a rodeavam não facilitou o
processo.
Porém, no que diz respeito à relação professor-turma sinto-me realizado
e orgulhoso, porquanto consegui estabelecer uma relação de empatia, amizade
e de respeito com os alunos.
57
4.5 O Treino Funcional nas aulas de Educação Física
4.5.1 Resumo
A elaboração do presente estudo teve como objetivos centrais analisar os
efeitos da implementação do treino funcional nas aulas de Educação Física ao
nível da motivação dos alunos para o trabalho de condição física e ao nível da
execução motora dos exercícios presentes no circuito. Os participantes foram
26 alunos de uma turma do 10º ano de escolaridade, com idades
compreendidas entre os 15 e os 17 anos. O estudo teve a duração de 8
semanas, com a realização de uma sessão por semana. Para avaliar a
motivação dos alunos para a prática do treino funcional adaptou-se o
questionário Gonzaga (2013). A análise da motivação foi efetuada por recurso
a um questionário adaptado de Gonzaga (2013). Para realizar a análise dos
questionários de questões de resposta aberta foi feita uma análise de
conteúdo, coadjuvada com estatística descritiva, especificamente frequências
relativas e absolutas. A análise da execução motora foi avaliada recorrendo ao
programa audiovisual Dartfish Express®, de recolha de imagens das sessões.
Com o mesmo propósito, o circuito de treino funcional realizado conteve uma
estação intitulada “móvel”, onde os alunos visualizavam a sua execução,
identificando os erros mais evidentes. Para a análise comparativa dos dados
antropométricos recolhidos no início e final da aplicação do programa de treino
recorreu-se ao teste Wilcoxon e para a comparação entre sexos o teste Man
Whitney. Os resultados revelaram que os alunos ficaram motivados para a
realização de circuitos de treino funcional nas aulas de Educação Física e que
a grande maioria apresentou melhorias na execução motora dos vários
exercícios realizados. No que concerne aos dados antropométricos, apenas se
registaram diferenças com significado estatístico ao nível da altura.
PALAVRAS-CHAVE: TREINO FUNCIONAL, CIRCUITO DE TREINO
FUNCIONAL, EXECUÇÃO MOTORA, MOTIVAÇÃO, AULAS DE EDUCAÇÃO
FÍSICA
58
4.5.2 Introdução
Nos dias de hoje as melhorias da condição física dos alunos nas aulas
de Educação Física são escassas ou praticamente nulas. Almeida e Ribeiro
(2009) advogam que uma das razões para a inexistência de melhorias da
condição física dos alunos é a fraca intensidade nas aulas de Educação Física.
Paralelamente, é também uma realidade que os adolescentes passam
grande parte do seu tempo livre em práticas sedentárias, levando a uma
diminuição acentuada dos seus níveis de atividade física. Como tal, é
fundamental que os Professores de Educação Física estejam atentos e
procurem tornar os alunos mais ativos, com um trabalho regular, que os motive
e contribua para a criação de hábitos de vida saudável no contexto
extraescolar.
Quando realizada de forma competente e supervisionada, a prática de
exercício físico na adolescência, além de ser segura, efetiva e motivante, pode
auxiliar no crescimento e na promoção de saúde. Um estudo de Guila (2003)
demonstrou que muitas crianças e jovens durante o processo de crescimento
não alcançam o seu potencial de desenvolvimento, em parte, por carência de
estímulo físico.
No que concerne ao trabalho de condição física no contexto das aulas
de Educação Física, ao longo deste ano de Estágio Profissional, tive
oportunidade de experienciar não apenas nas aulas que lecionei, mas também
nas aulas que observei dos meus colegas de Núcleo de Estágio e Professores
mais experientes, que a realização de exercícios de melhoria da condição física
não é bem aceite pelos alunos e os níveis de motivação para a sua realização
são tendencialmente reduzidos. Esta falta de motivação dos alunos para o
trabalho da condição física reside num alargado conjunto de fatores. Neste
âmbito, Lourenço (2002) justifica a falta de motivação pelo facto de a adesão
ao exercício físico ser determinada por fatores individuais, sociais e cognitivos,
que se relacionam entre si. Tal como refere Costa (1991), para se obter
sucesso é preciso estar motivado, e o motivo para os jovens participarem em
atividades desportivas relaciona-se essencialmente com o divertimento, o
desenvolvimento das habilidades, a forma física e a saúde.
59
Atendendo a este panorama, propus-me encontrar uma alternativa que
contribuísse para a melhoria da condição física dos alunos nas aulas de
Educação Física e que, simultaneamente, os motivasse para a sua prática. O
caminho passou por implementar um circuito de Treino Funcional.
Segundo Garganta (2015), o Treino Funcional engloba um conjunto de
exercícios que promovem a condição física com base em “Padrões de
movimento” que servem de suporte para a realização de um conjunto alargado
de tarefas do dia-a-dia e de técnicas desportivas. Face a este postulado, a
inclusão do Treino Funcional nas aulas de Educação Física surge como um
caminho a seguir. Com efeito, sendo a Educação Física uma disciplina que
oferece aos alunos a oportunidade de aprender e desenvolver as suas
capacidades motoras, porque não incluir o treino funcional nas aulas de forma
regular?
Durante o ano letivo muitas foram as questões que surgiram. Que tempo
destinar ao Treino Funcional? Qual a melhor forma de o distribuir tendo em
conta as inúmeras modalidades obrigatórias a lecionar? A aplicação do Treino
Funcional trará vantagens ao nível da condição física dos alunos? A inclusão
do Treino Funcional nas aulas poderá influenciar (positiva ou negativamente) a
motivação dos alunos? Na verdade, muitos foram os pensamentos cruzados na
minha cabeça ao longo desta caminhada. Contudo, recorrendo ao pensamento
de Garganta (2015), que defende que a escola deve ser o ponto de partida
para a alteração de comportamentos, decidi arriscar no desenvolvimento desta
temática e tentar responder às questões colocadas. Assim, considerei que o
Treino Funcional, como estratégia de mudança, tendo em conta que é uma
atividade acessível a qualquer aluno e fácil de implementar, pode ser uma luz
ao fundo do túnel par ao trabalho da condição física no contexto das aulas de
Educação Física. Como tal, o presente estudo tem como objetivo geral analisar
os efeitos da implementação do treino funcional nas aulas de Educação Física.
Complementarmente foram definidos os seguintes objetivos específicos:
Analisar os níveis motivacionais dos alunos para a prática do Treino
Funcional nas aulas de Educação Física.
Analisar a alteração da qualidade da execução motora das tarefas
inseridas no treino funcional;
60
Comparar as medidas antropométricas anteriores e posteriores à
aplicação do programa de treino
Analisar as medidas antropométricas anteriores e posteriores à
aplicação do programa de treino em função do sexo
4.5.3 Metodologia
4.5.3.1 Participantes
Participaram no presente estudo 26 alunos, 12 raparigas e 14 rapazes,
com idades compreendidas entre os 15 e 17 anos (Gráfico 1). Todos os
participantes pertencem a uma turma de 10º ano de escolaridade de uma
Escola situada em Espinho. Dos 26 alunos, 17 alunos praticam uma
modalidade a nível federado e 9 alunos não praticam qualquer modalidade fora
do contexto das aulas de Educação Física.
Gráfico 1 - Distribuição por idades
4.5.3.2 Instrumentos
Circuito de Treino Funcional
O circuito de treino funcional foi elaborado pelos Estudantes Estagiários
do Núcleo de Estágio para um total de 8 aulas, tendo sido aplicado na parte
final de cada uma delas. Em termos estruturais, o circuito foi composto por 10
estações, conforme ilustra Quadro 2.
15
16
17 0
5
10
15
20
Idades
Nº de alunos
61
Quadro 2 - Circuito de treino funcional
Estação Descrição Imagem
Es
taçã
o 1
Cad
eira
iso
mé
tric
a
O aluno adota uma posição estática, com a
coluna e cabeça encostadas a uma parede. Os
membros inferiores deverão estar fletidos
realizando um ângulo de 90 graus.
Es
taçã
o 2
Sa
lto
à c
ord
a
O aluno realiza o maior número possível de
saltos à corda. O salto poderá ser efetuado a dois
ou a um pé.
Es
taçã
o 3
Afu
nd
o e
stá
tico
Adotando uma posição de afundo, o aluno realiza
uma descida do seu corpo de forma controlada,
fletindo os membros inferiores. O joelho não deve
avançar o calcanhar.
Es
taçã
o 4
Esca
lado
r O aluno adota posição de prancha e deverá realizar
de forma alternada a flexão dos membros inferiores à
frente.
Es
taçã
o 5
Bu
rpee
s
O aluno alterna de forma frequente a posição de
prancha e salto a pés juntos.
62
Es
taçã
o 6
Exte
nsã
o d
e
bra
ço
s
Adotando uma posição de prancha, o aluno
realiza flexão dos membros superiores (até 90
graus), mantendo uma postura corporal
controlada.
Es
taçã
o 7
Fle
xã
o d
o t
ron
co
O aluno realiza flexão do tronco adotando uma
posição corporal com os membros inferiores
fletidos e a coluna no solo. As mãos devem
ultrapassar a zona da anca no momento da
contração abdominal.
Es
taçã
o 8
Ag
acha
me
nto
O aluno adota posição de agachamento com os
pés paralelos e à largura dos ombros. A descida
da bacia deve ser controlada, sem avançar os
joelhos além da linha do calcanhar.
Es
taçã
o 9
Tricep
s c
om
bo
la
me
dic
ina
l
O aluno realiza flexão dos membros superiores
com os cotovelos juntos à cabeça. A bola
medicinal não deve ultrapassar a linha da cabeça
na fase concêntrica.
Es
taçã
o 1
0
Esta
ção
mó
ve
l
Estação reservada à visualização de imagens das aulas anteriores.
O tempo de exercitação das várias estações situou-se nos 30 segundos,
bem como o tempo de repouso. Em todas as sessões apenas se realizou uma
série.
63
Os pressupostos que estiveram na base da construção deste circuito
foram a variedade de exercícios dinâmicos e apelativos para os alunos, bem
como o trabalho equilibrado no que diz respeito aos membros inferiores, core
abdominal e membros superiores.
A estação 10, intitulada “móvel”, serviu, essencialmente, para os alunos
visualizarem a sua prestação na realização dos exercícios das aulas anteriores.
Avaliação Antropométrica
A avaliação antropométrica foi realizada em dois momentos. O primeiro
momento na semana antecedente ao início do estudo e o segundo momento
na semana seguinte ao término do estudo.
A altura foi medida com uma fita métrica colocada num poste de uma
baliza do ginásio. Os valores foram registados em metros até ao milímetro mais
próximo.
O peso corporal foi registado através de uma balança digital da escola
da marca TANITA. Os valores foram registados em quilogramas até a
decigrama mais próxima.
Questionário de Motivação
O questionário motivacional, versão adaptada de Gonzaga (2013), é
composto por 10 questões de resposta aberta. Foi aplicado entre a 5ª e a 6ª
sessão.
Através do preenchimento do questionário pelos alunos, aferimos a
motivação que estes revelam para a realização do treino funcional nas aulas de
Educação Física.
64
Filmagem de Execução Motora
A filmagem da execução motora dos exercícios propostos para cada
estação do circuito foi efetuada através de um Tablet, utilizando o programa
audiovisual Dartfish express®, que permite a gravação de vídeo e registo de
imagens. Este permite ainda realizar a manipulação das imagens capturadas,
facilitando a sua visualização em slow motion. Recorrendo a este instrumento
foi possível registar a qualidade da prestação motora dos alunos nos vários
exercícios e posteriormente partilhar e analisar a execução de cada um.
4.5.3.3 Procedimentos de Análise
Para realizar a análise dos questionários de questões de resposta aberta
foi feita uma análise de conteúdo, coadjuvada com estatística descritiva,
especificamente as frequências relativas e absolutas.
Relativamente à comparação dos dados antropométricos iniciais e finais
foi realizado o teste não paramétrico Mann Whitney para amostras
independentes e os testes não paramétricos para dados não emparelhados
com o teste Wilcoxon. O Programa utilizado foi o SPSS. O nível de significância
foi mantido a p≤0,05.
No que concerne à análise de execução motora foi utilizado o programa
Dartfish express®. A captura de imagens e vídeo foi realizada ao longo de
todas as sessões e analisadas com os alunos em slow motion nas aulas
seguintes.
4.5.4 Apresentação dos resultados
4.5.4.1 Motivação dos Alunos para o Treino Funcional
No Gráfico 2, podemos observar as preferências dos alunos ao nível das
práticas em Educação Física. Dos 26 alunos da turma, 53% apontam para as
modalidades coletivas como as preferidas, seguindo-se as modalidades
individuais e outras atividades com 20% cada uma. Já o treino funcional é
considerado a atividade preferida de 7% dos alunos.
65
Como podemos observar no Gráfico 3, as atividades que os alunos
menos gostam de realizar nas aulas de Educação Física são as modalidades
individuais (69%), seguem-se as modalidades coletivas (27%) e o treino
funcional (4%).
Gráfico 2 – Atividades com maior preferência Gráfico 3 - Atividades com menor preferência
Os alunos quando questionados diretamente acerca do treino Funcional,
77% refere que gosta do treino funcional nas aulas de Educação Física, 15%
refere que não gosta e 8% refere que depende da carga física imposta durante
a aula (Gráfico 4).
Gráfico 4 - Motivação para a prática do treino funcional
O Gráfico 5 evidencia que o exercício de trabalho de abdominal é o
preferido dos alunos da turma (35%). Os saltos à corda são os preferidos para
23% dos alunos e a cadeira isométrica para 15%.
7%
53%
20%
20%
TF
Modalidades coletivas
Modalidades individuais
Outros
4% 27%
69%
TF
Modalidades coletivas
Modalidades individuais
77%
15% 8%
Sim
Não
Depende da carga física da aula
66
31%
38% 4%
8%
4% 15%
Burpees
Flexões
Cadeira isómetrica
Abdominais
Já no que concerne aos que menos gostam (Gráfico 6), verifica-se que a
realização das flexões é o exercício que os alunos têm menos preferência, com
38% de respostas. Já a realização dos burpees é para 31% dos alunos o
exercício que menos gostam.
Gráfico 6 - Exercícios com menor preferência
No Gráfico 7 podemos observar que 58% dos alunos considera muito
importante o trabalho de força nas aulas de Educação Física. Já 27%
considera que é muito importante e 7% pouco importante. De registar que 8%
dos alunos não tem uma opinião formada sobre a questão.
Gráfico 7 - Importância dada à melhoria da condição física
8% 15%
35% 23%
11% 8%
Biceps com barra
Cadeira isómetrica
Abdominais
Salto à corda
27%
58%
7% 8% Muito
Importante
Importante
Pouco Importante
Sem opinião
Gráfico 5 – Exercícios com maior preferência
67
No Gráfico 8, verificamos que 62% dos alunos considera que a
modalidade abordada na aula influência a sua motivação para a mesma. Já
15% considera que a motivação estimulada pelo Professor ao longo da aula
influência a sua predisposição para a mesma.
Gráfico 8 - Motivação para a aula
Metade dos alunos quando questionados acerca da influência do Treino
Funcional para a motivação para a aula de Educação Física revelou que a
realização do treino funcional os motiva. Já 31% afirma que a realização do
treino funcional não influência a sua motivação para a aula e 11% considera
que a realização os deixa menos motivado para a prática (Gráfico 9).
Gráfico 9 - Influência do Treino Funcional na motivação para a aula
62% 15%
8% 15%
Modalidade abordada
Motivação externa
Avaliação
50%
11%
31%
8%
Mais motivado
Menos Motivado
Não influência
Depende do cansaço
68
No que concerne ao cumprimento dos exercícios prescritos pelo
Professor, como podemos observar no Gráfico 10, 85% dos alunos afirma que
cumpre sempre o solicitado na realização do circuito de treino funcional e 15%
afirma que, por vezes, tenta escapar ao solicitado.
Gráfico 10 - Cumprimento do prescrito
Relativamente ao desempenho nos circuitos de treino funcional, como se
pode observar no Gráfico 11, 46% dos alunos considera que tem um bom
desempenho, 23% avaliam as suas prestações como muito boas e 8% coloca-
se no medíocre.
Gráfico 11 - Avaliação do desempenho
85%
15%
Cumpro sempre
Tento escapar por vezes
23%
46%
23%
8%
Muito bom
Bom
Suficiente
Mediocre
69
Os alunos quando questionados acerca da importância do Treino
Funcional para a vida extraescolar, como se pode observar no Gráfico 12, 54%
considera que a realização de treino funcional é muito importante na melhoria
da condição física e 23% destaca a importância do treino funcional na
preparação para as modalidades coletivas e individuais.
Gráfico 12 - Importância do Treino Funcional na vida extraescolar
No que concerne à manutenção do Treino Funcional nas aulas de
Educação Física, verificou-se, como espelha o Gráfico 13, que 92% dos alunos
mantinha a realização de um circuito de treino funcional e apenas 8% dos
alunos retirava este tipo de trabalho, que para eles é complementar.
Gráfico 13 - Manutenção do Treino Funcional nas aulas de EF
54%
11%
23%
12%
Muita importância (melhoria da condição física)
Nenhuma
Preparação para outras modalidades
Pouca importância
92%
8%
Mantinha
Retirava
70
4.5.4.2 Padrão de Execução Motora
Ao longo das oito semanas do estudo foi visível a evolução dos alunos
em alguns dos exercícios solicitados no circuito de treino funcional. Dos nove
exercícios realizados no circuito foram selecionados aqueles que os alunos
evidenciaram mais evolução ao longo das oito semanas. No Quadro 3 podem
ser observadas, de forma pormenorizada, as alterações obtidas na qualidade
de execução em 5 exercícios.
Quadro 3 – Padrão de execução motora na 1ª aula na última dos exercícios no circuito de Treino
Funcional
Exercício 1ª Sessão do circuito de TF 8ª Sessão do circuito de TF
Flexão de
braços
72
Afundo
No exercício de flexão de braços é visível, tal como evidencia a imagem
do Quadro 2, que os alunos tinham tendência em elevar a bacia. Uma das
correções posturais realizadas foi de encontro ao alinhamento da coluna, de
forma a melhorar a posição de prancha.
No exercício de cadeira isométrica, um dos erros mais frequentes
apresentados pelos alunos foi a posição dos pés. Nesta estação os feedbacks
centraram-se na correção da posição dos pés, ou seja, paralelos e à largura
dos ombros, de forma a oferecer uma maior estabilidade e suporte ao aluno.
No exercício de flexão do tronco a postura inicial da maioria dos alunos
evidenciava algumas incorreções, como por exemplo a coluna com posições
desadequadas, flexão do pescoço e pouca preocupação com posição dos
membros inferiores. A evolução dos alunos neste exercício foi de encontro ao
alinhamento postural, bem como à contração total do core abdominal.
Na estação de tríceps com bola medicinal, como podemos verificar no
Quadro 2 os erros evidenciados na 1ª sessão de treino funcional centravam-se
na posição dos membros superiores e na flexão do pescoço.
No exercício de afundo, os alunos na 1ª sessão de treino funcional
evidenciavam o avanço do joelho e uma postura corporal relaxada.
Realizando uma breve comparação entre as posturas apresentadas na
1ª sessão de treino funcional e a 8ª sessão é visível a melhoria postural dos
73
alunos. As correções posturais foram realizadas com o auxílio de imagens
capturadas nas aulas, tendo sido transmitidos aos alunos nas aulas seguintes.
Contudo, apesar das melhorias apresentadas, estas não foram
evidentes em todos os exercícios e em todos os alunos da turma. Os alunos
que não efetuaram o circuito de treino funcional de forma regular ao longo das
8 semanas, foram aqueles que apresentaram menos melhorias. No que
concerne aos exercícios em que não se evidenciaram diferenças tão relevantes
a nível postural, justifica-se pelo facto dos exercícios não terem um nível de
exigência tão grande.
4.5.4.3 Dados Antropométricos
Como podemos verificar nos Quadros 4 e 5, a Altura e o Peso tiveram
alterações significativas, aumentando do início para o final do ano letivo (p=
0,002 e p=0,006, respetivamente).
Já o IMC não teve alteração com significado estatístico (Quadro 6).
Quadro 4 - Dados Antropométricos - Altura
Variável Média Desvio Padrão P
Altura 1 1,6404 0,07175 0,002*
Altura 2 1,6488 0,07399
*Diferenças com significado estatístico (P ≤ 0.05)
Quadro 5 - Dados Antropométricos - Peso
Variável Média Desvio Padrão P
Peso 1 58,9231 10,85148 0,006*
Peso 2 59,7962 10,49752
*Diferenças com significado estatístico (P ≤ 0.05)
74
Quadro 6 - Dados Antropométricos - IMC
Variável Média Desvio Padrão P
IMC 1 21,8000 3,07350 0,232
IMC 2 21,9038 2,88257
A exploração das variáveis em função do sexo evidenciou que no início
do ano os rapazes eram significativamente mais altos que as raparigas
(Quadro 7), diferença que se manteve no final do ano letivo (Quadro 8).
No que concerne ao Peso e IMC não se verificou qualquer diferença
com significado estatístico.
Quadro 7 - Dados Antropométricos por sexo – 1º Registo
Variável Média Desvio Padrão P
Peso 1 Masculino 60,8071 13,60014
0,403 Feminino 56,7250 6,26435
Altura 1 Masculino 1,6821 0,06447
0,001* Feminino 1,5917 0,04448
IMC 1 Masculino 21,3143 3,80523
0,403 Feminino 22,3667 1,92511
*Diferenças com significado estatístico (P ≤ 0.05)
75
Quadro 8 - Dados Antropométricos por sexo – 2º Registo
Variável Média Desvio Padrão P
Peso 2 Masculino 61,7000 13,07070
0,462 Feminino 57,5750 6,20881
Altura 2 Masculino 1,6921 0,06762
0,001* Feminino 1,5983 0,04324
IMC 2 Masculino 21,3857 3,48289
0,322 Feminino 22,5083 1,95144
*Diferenças com significado estatístico (P ≤ 0.05)
A exploração entre as variáveis, evidenciaram que existem correlações
significativas na Altura 1 e Altura 2 tal como podemos verificar nos quadros 6 e
7. Já as variáveis de Peso 1, Peso 2, IMC 1 e IMC 2 não revelam resultados
com diferenças com significado estatístico.
4.5.5 Discussão
A análise dos níveis motivacionais dos alunos para o treino funcional
revela que a maioria dos alunos gosta do treino funcional e desejam que este
se mantenha nas aulas de Educação Física.
Na generalidade os alunos consideram que a prática do treino funcional
tem um contributo importante nas suas vidas extraescolares, tanto na melhoria
da condição física, como na adoção de hábitos de vida saudáveis.
Contudo, 31% dos alunos não consideram o Treino Funcional como uma
atividade que os faça aumentar os índices de motivação para a aula de
Educação Física no seu todo. Deste modo, a motivação facultada pelo
Professor terá de ser evidente para aumentar o compromisso dos alunos. Os
exercícios têm de ser cativantes para manter um grau de motivação elevado,
bem como a transmissão de conhecimento aos alunos acerca da importância
da realização dos exercícios prescritos, pois tal como refere Garganta (2015,
p.154), “é fundamental motivar uma pessoa, mas isso só se consegue quando:
76
se gosta da tarefa, acha a tarefa desafiante e entende que se trata de algo
importante”.
Verificou-se ainda, que os exercícios menos exigentes são os preferidos
pelos alunos, ao invés dos exercícios com um grau de complexidade superior
que são os mais preteridos.
No que concerne à importância do trabalho de força nas aulas de
Educação Física, 85% dos alunos considera importante ou muito importante
este trabalho estar presente nas aulas. Neste âmbito, Wilmore e Costill (2001)
referem que o treino de força pode ter muitos benefícios para o
desenvolvimento dos adolescentes. Os ganhos de força são decorrentes,
sobretudo, das adaptações neurais e do aumento do tamanho corporal.
Relativamente à evolução de execução motora ficou evidente a evolução
de alguns alunos. Contudo, esta evolução não se verificou em todos os alunos
da turma, nem em todas as estações. Os alunos que não tiveram uma prática
regular do circuito ao longo das 8 semanas foram aqueles que menos
melhorias apresentaram. Já os alunos que tiveram uma presença assídua ao
longo do estudo revelaram uma sensibilidade diferente para as suas correções,
contribuindo de forma evidente para os resultados apresentados na última
sessão. A responsabilidade e a disponibilidade demonstrada pela grande
maioria dos alunos tornaram-se fundamentais para a evolução da execução
motora dos exercícios prescritos.
No que comporta à comparação dos dados antropométricos registados
no início do ano letivo e no final, a altura e o peso evidenciaram diferenças com
significado estatístico. Estes resultados já seriam expectáveis, em virtude dos
alunos estarem num processo de crescimento.
4.5.6 Conclusão
Os dados deste estudo revelam que os alunos estão “abertos” a novos
desafios. O Treino Funcional assume-se como uma alternativa perfeitamente
viável para o trabalho de condição física nas aulas de Educação Física. Não
necessita de material dispendioso, não ocupa tempo excessivo nas aulas e
77
pode mesmo ser uma atividade proposta pelos alunos, a nível de incorporação
de exercícios, com a supervisão do Professor.
A escolha para o momento da realização do circuito na aula de
Educação Física fica ao critério do Professor, contudo, realizar na parte final da
aula poderá não trazer uma rentabilidade tão grande, pois os alunos
apresentam-se mais desgastados fisicamente e psicologicamente. Entendo que
o ideal será realizar após o aquecimento na parte inicial da aula, pois os alunos
estão mais predispostos para a atividade.
O Treino Funcional pode trazer benefícios da condição física dos alunos,
contudo, esta terá de ser uma prática regular com exercícios adequados e
motivantes.
No que concerne à execução motora, como revelou o presente estudo,
os alunos são capazes de em poucas sessões assimilarem as noções
posturais adequadas de execução, contudo, é necessário uma supervisão
cuidada e uma emissão de feedbacks ajustada ao nível dos alunos. A
demonstração ou a visualização de imagens/vídeos, através da utilização de
tablet, será uma alternativa bastante viável para a transmissão de informação.
4.5.7 Propostas para futuros estudos
Este estudo teve a duração de 8 semanas, sendo realizada uma sessão
de Treino Funcional por semana. Entendo que será pertinente a realização de
um estudo similar ao longo de vários meses ou até mesmo durante um ano
letivo completo, com um mínimo de duas sessões semanais.
A realização de outros circuitos com exercícios destintos, onde se
alternasse circuitos com e sem material e mais e menos estações seria
vantajoso para avaliar a motivação dos alunos para a prática do Treino
Funcional nas aulas de Educação Física.
O circuito proposto foi aplicado na parte final das aulas, contudo e
pensando que os alunos apresentam uma predisposição superior no início da
aula, seria interessante analisar a prestação dos mesmos, variando o momento
da sua realização (parte inicial vs parte final).
78
4.5.8 Referencias Bibliográficas
Almeida, A. e Ribeiro, D. (2009). Comparação dos níveis de atividade
física nas aulas de educação física quanto à morfologia e género dos
alunos, modelo estrutural das escolas, unidades temáticas e
características das aulas: estudo realizado em estudantes a frequentar o
2º ciclo do ensino básico da Escola EB 2-3 Fernando Pessoa e do
colégio Nossa Senhora da Paz: Porto.
Costa, R. (1991). Fatores de motivação dos jovens praticantes de
voleibol. Porto: Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação
Física da Universidade do Porto.
Garganta, R., & Santos, C. (2015). Proposta de um sistema de
promoção da atividade física/exercício físico, com base nas “novas”
perspetivas do treino funcional. In R. Rolim, P. Batista & P. Queirós
(Eds.), Desafios renovados para a aprendizagem em educação física
(pp. 125-157). Porto: Editora FADEUP.
Guila, J. (2003). Efeitos de um programa de treino de força em contexto
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Lourenço, A. (2002). Motivação para a aderência ao exercício físico
regular em populações especiais. Porto: Faculdade de Ciências do
Desporto e de Educação Física da Universidade do Porto.
Wilmore, J. & Costill, D. (2001). Fisiologia do desporto e do exercício.
Brasil Mano.
81
5. Participação na Escola e Relação com a Comunidade
No início do ano letivo tinha consciência de que a função do professor
estagiário incorporava outras funções que não só as resultantes das aulas.
Participar ativamente nas atividades da escola e sentir-me parte integrante da
mesma foram objetivos que estabeleci para esta área. Tal como referem Silva,
Pinto e Batista (2009, p.9), “além de gestor da aula, o Professor tem de ser um
gestor de relações pessoais e de conflitos, um gestor administrativo, um gestor
de tarefas de interação com a comunidade.”
Ao longo do estágio dediquei-me e empenhei-me participando nas
atividades realizadas na escola, mais concretamente nas do grupo de
Educação Física.
Participei nas reuniões de departamento de expressões, de grupo de
Educação Física e nos conselhos de turma que me permitiram adquirir algumas
competências nesta área organizacional que o professor também tem que
possuir. Estes momentos revelaram-se determinantes na relação com os
restantes professores.
Desde o início do ano letivo que a Professora Cooperante promoveu
muito o contacto do Núcleo de Estágio com a restante comunidade escolar,
apresentando-nos a todos os funcionários e professores ligados à direção da
escola. Fomos recebidos de forma muito positiva por todos os elementos.
Acolheram-nos da melhor maneira possível, mostrando-se disponíveis para
tudo o que fosse necessário. Esta proximidade permitiu-me uma rápida
adaptação ao meio escolar e foi determinante na minha passagem pela Escola.
Relativamente à participação nas atividades da escola, estive presente
na colaboração de várias, entre as quais o clube de natação no Desporto
Escolar, “Mega Atleta”, “Happy Day”, “Mexe-te” e numa visita de estudo a
Mafra. O envolvimento na comunidade escolar foi sendo cada vez mais efetivo
também fruto destas atividades. Nestas iniciativas tive oportunidade de partilhar
ideias e de trabalhar em equipa visando um objetivo comum, o que me fez
sentir verdadeiramente integrado no Grupo. A proximidade construída com a
comunidade escolar tornou-me parte integrante da escola e revelou-se
fundamental na minha evolução enquanto futuro profissional docente.
82
5.1 Atividades realizadas
Ao longo deste ano letivo o núcleo de estágio foi solicitado a participar
de forma ativa nas atividades realizadas pela Escola. Em algumas das
atividades participamos de forma direta na sua organização.
O primeiro evento em que tive uma participação ativa foi no “Mega
atleta”, realizado no 1º Período, organizado pelo Grupo de Educação Física. O
evento foi composto por uma prova de velocidade, salto em comprimento e
resistência (corta-mato). Primou por ser uma atividade que envolveu um grande
número de alunos, onde a qualidade da organização se revelou um elemento
importante.
Ao longo da atividade fiquei responsável por orientar os alunos na prova
de corta-mato. O trabalho foi facilitado pela presença de um professor do grupo
de Educação Física, que me foi transmitindo a informação necessária para uma
maior fluidez da atividade.
A atividade decorreu da forma esperada, o grupo de Educação Física
conseguiu sensibilizar os alunos para a prática da atividade. Porém, apesar de
tudo ter decorrido dentro da normalidade o Núcleo de Estágio conseguiu
detetar um aspeto negativo na sua realização. A fraca adesão dos alunos do
ensino secundário foi evidente deixando a sensação de que poderíamos ter
feito algo mais para mobilizar os “mais velhos”.
A participação neste primeiro evento dinamizado na Escola permitiu-me,
desde logo, antever a capacidade que o Grupo de Educação Física tinha para
a organização de eventos. Em virtude de se tratar de uma atividade realizada
no 1º Período, senti alguma timidez na intervenção, assumindo, por vezes, uma
postura passiva. Porém, sabia que em atividades futuras tinha de adotar uma
postura mais ativa e ser mais interventivo. Com o tempo, fui ultrapassando
estes constrangimentos iniciais e conquistando o meu lugar dentro do Grupo de
Educação Física.
83
5.1.1 Happy Day
O Happy Day foi o evento organizado pelo núcleo de estágio neste ano letivo
(Figura 1). Este evento foi direcionado para os alunos dos 3º e 4º anos de
escolaridade e visou promover a interação entre escolas do agrupamento, bem
como uma saudável transição entre ciclos, aliada à promoção de estilos de vida
saudáveis e à prática regular de exercício físico.
Figura 1 - Cartaz alusivo ao evento "Happy Day"
A angariação de patrocínios, a convocação dos funcionários, a
transmissão da informação à direção da escola e a alguns professores, bem
como a requisição dos espaços, reuniões com as professoras da Escola nº2 e
com o núcleo de estágio de Espanhol foram algumas das tarefas realizadas
nas semanas antecedentes ao evento.
Após uma dedicação e um esforço enorme por parte de todos, núcleo de
estágio e Professora Cooperante, chegamos ao grande dia ansiosos mas
recheados de expectativas elevadas para o que se avizinhava.
O evento iniciou-se com três pequenas intervenções por parte do
Presidente da Câmara Municipal de Espinho, da Presidente do Conselho Geral
e do Diretor da Escola.
Preparamos a realização de um peddy paper com variadíssimas
atividades: paralelas (estação radical), corrida de sacos, jogo de latas,
estafetas com água, salto em comprimento, lançamentos ao cesto, jogos
84
didáticos de Espanhol e sensibilização para uma alimentação saudável. Para a
realização destas atividades contamos com a colaboração de alguns
professores da escola, de uma nutricionista e de alguns dos nossos alunos,
que prontamente se disponibilizaram para ajudar no que fosse necessário.
A afluência ao evento não foi tão grande como esperado, ainda assim
contou com 85% das inscrições. Apesar de não terem comparecido todos os
inscritos conseguimos angariar uma excelente massa humana, cerca de 150
pessoas, entre alunos e encarregados de educação.
A angariação dos patrocínios foi um processo simples e permitiu que o
evento fosse autossustentado. Junto dos patrocinadores conseguimos angariar
alimentação (pães, bolos, fiambre, fruta), água e sumos para o lanche convívio
e uma tela alusiva ao evento.
Realizando uma avaliação geral do evento, posso afirmar que superou
as nossas expetativas iniciais. O facto de não ter ocorrido nenhum problema no
decorrer do evento deixou-nos extremamente felizes. O dinamismo que
conseguimos criar ao longo de toda a prova motivou bastantes feedbacks
positivos por parte dos participantes. Os encarregados de educação que
participaram ficaram contentes com o que viram da escola e a capacidade que
esta tem. Já nos alunos, eram visíveis os rostos de felicidade, indicativos que
adoraram as atividades realizadas. Só posso estar contente e orgulhoso do
trabalho desenvolvido pelo Núcleo de Estágio, que conseguiu demonstrar a
capacidade organizativa e de gestão em atividades escolares. Após algumas
semanas de imenso trabalho na preparação deste evento, chegamos ao fim
com o sentimento de dever cumprido.
Pessoalmente, não tenho dúvidas em afirmar que valeu a pena todo o
investimento que empreendi. Para além das aprendizagens que esta atividade
me facultou ao nível das tarefas e exigências a cumprir na organização de
atividades deste género, dei também um passo importante para me assumir
como professor e sentir parte integrante da escola.
85
5.1.2 MEXE-TE
O MEXE-TE foi uma atividade inserida no programa Rumos da escola e
visou a promoção de várias atividades desportivas para os alunos da escola,
desde o 5º até ao 12º ano de escolaridade.
A organização do MEXE-TE ficou a cargo do Grupo de Educação Física
e contou com a realização de torneios de basquetebol, voleibol, hóquei em
campo, andebol e dança (Zumba). A função do Núcleo de Estágio foi organizar
e gerir o torneio da modalidade de basquetebol destinado aos alunos dos 5º e
6º anos de escolaridade.
O processo de inscrição não era de carácter obrigatório, ou seja,
participavam os alunos que queriam, contudo teve uma enorme afluência.
Durante a atividade assumi funções de arbitragem e de gestão dos jogos
do 5º ano (basquetebol). Comparativamente à primeira atividade realizada pelo
Grupo de Educação Física (Corta-Mato), consigo facilmente perceber que a
minha intervenção foi mais importante nesta atividade. Assumi uma função de
responsabilidade que foi concretizada com êxito. A postura tímida que revelava
junto dos restantes docentes do Grupo de Educação Física desvaneceu-se,
passando a sentir-me perfeitamente integrado nas dinâmicas do Grupo.
Tudo correu conforme planeado, os jogos realizaram-se no horário
previsto e todas as equipas participaram nos jogos que estavam agendados.
Este evento tornou-se em mais um momento dedicado a atividades desportivas
promovidas pela escola e, mais uma vez, o Grupo de Educação Física mostrou
a sua capacidade de organizar eventos para um elevado número de
participantes. A dinâmica e o espírito de entreajuda que todos os Professores
do Grupo de Educação Física apresentam, permite que este tipo de eventos
possa ser realizado nesta escola.
86
5.1.3 Visita de Estudo – Convento de Mafra
Uma atividade de cariz diferente, uma visita de estudo. Tudo começou
no conselho de turma no final do 2º Período, quando a Professora de História
da turma questionou se algum Professor estaria disponível para uma
deslocação ao Convento de Mafra. Desde logo me disponibilizei a participar na
atividade (Figura 2).
Figura 2 - Visita de estudo ao Convento de Mafra
Era sem dúvida uma atividade na qual tinha muito gosto em participar no
meu ano de estágio, pois permitia-me partilhar alguns momentos com os meus
alunos fora do contexto de aula.
A visita decorreu durante todo o dia, sendo repartida em três momentos.
Durante a manhã visitamos e pudemos conhecer o Convento de Mafra. De
tarde visitamos a Tapada de Mafra, local reservado para os momentos de lazer
dos Reis, e fizemos uma breve paragem na Ericeira.
Tudo isto culminou num dia recheado de divertimento, mas também de
conhecimento. Foi uma experiência diferente, estar “do outro lado” enquanto
professor, onde as responsabilidades são outras, mas ao mesmo tempo
também muito enriquecedoras. Pude conhecer melhor os meus alunos e
partilhar momentos que em contexto de aula seriam impossíveis.
Não tenho dúvidas de que esta atividade foi mais uma que contribuiu
para o meu enriquecimento enquanto Professor ao longo deste ano letivo.
87
Creio que é importante para o Professor conhecer os seus alunos fora do
contexto de aula e numa visita de estudo são muitos os momentos de interação
entre alunos-professores.
5.1.4 Sarau
O Sarau do final de ano foi realizado pelo grupo de Educação Física e
teve o contributo do Núcleo de Estágio. O evento foi direcionado para algumas
turmas da escola, contando também com a presença de um grupo de dança e
uma equipa de ginástica artística do concelho de Espinho (Figura 3).
Relativamente ao meu contributo nesta atividade, fiquei responsável pela
gestão do material das várias apresentações, bem como pela organização e
gestão da coreografia de dança apresentada pela turma partilhada de 5º ano. A
atividade exigiu uma elevada capacidade de organização e coordenação por
parte de todos os professores do grupo de Educação Física, culminando, desta
forma, num evento de grande sucesso que contou com uma grande afluência
de alunos e familiares.
Figura 3 – Sarau final do ano letivo
88
5.2 Desporto escolar
O clube de natação do Desporto Escolar foi acompanhado pelo Núcleo
de Estágio durante todo o ano. Revelou-se uma atividade bastante produtiva no
que concerne à aquisição de competências na modalidade de natação.
Confesso que no início do ano não era a modalidade que mais gostava
de acompanhar no Desporto Escolar, pois sentia alguns receios e medos na
lecionação da modalidade, algo que se foi diluindo com o passar do tempo.
No início do ano letivo deparamo-nos com um grupo de alunos
heterogéneo - alguns alunos já estavam perfeitamente adaptados ao meio
aquático, porém outros ainda revelavam medos e receios da água. Face a
estes factos, optamos por dividir o grupo em dois. O grupo de nível 1
(adaptação ao meio aquático) e o grupo de alunos de nível 2 e 3. O primeiro
trabalhava no tanque pequeno, enquanto o segundo grupo no tanque de águas
profundas.
O grupo apresentou uma evolução natural e à medida que os alunos iam
conseguindo ultrapassar as devidas etapas subiam de nível. No final do ano,
conseguimos reduzir o nível 1 de doze para quatro alunos.
Ao longo do ano participamos ativamente nos treinos como também no
acompanhamento dos alunos às competições. Após uma reunião com a
Professora Cooperante, responsável pelo clube de natação, decidimos em
virtude do elevado número de alunos (40 alunos), a presença de 2 estagiários
em todos os treinos. No que concerne às competições, ficou estabelecido o
acompanhamento a pelo menos uma competição ao longo do ano. Neste
âmbito, tive a oportunidade de acompanhar os alunos em duas competições,
em Castelo de Paiva e Arouca. Em ambas as participações obtivemos boas
classificações, revelando uma participação positiva por parte da Escola.
Esta experiência enriqueceu de forma substancial o meu ano de Estágio
Profissional. Por se tratar de uma modalidade com um grau de especificidade
elevado, que não tem o mediatismo de outras, este acompanhamento anual
permitiu-me corrigir algumas das minhas lacunas, como por exemplo, a
emissão de feedbacks e o planeamento de situações de aprendizagens.
De facto, além de poder acompanhar e perceber a organização/gestão
de um clube de Desporto Escolar, pude colocar em prática algumas estratégias
89
de ensino que me foram úteis na lecionação da natação à minha turma no 2º
Período. Senti-me realmente melhor preparado, não só a nível da matéria de
ensino, mas também a nível de planeamento e gestão de aula.
O encontro de Desporto Escolar promovido pela Escola no 3º Período
contou com a colaboração do Núcleo de Estágio. A realização desta atividade
permitiu-me perceber o funcionamento de toda a logística necessária para a
realização de uma atividade desta dimensão. Uma atividade que requer
empenho coletivo e muita responsabilidade por parte de todos os professores,
pois mobiliza muitos alunos de escolas diferentes, sendo o planeamento e a
sua organização fulcrais.
Chego ao final do ano letivo com o sentimento de dever cumprido, ao ver
alunos que no início do ano tinham medo de entrar na piscina e que chegam ao
final do ano a nadar pelo menos uma técnica. Passaram a sentir-se totalmente
confortáveis dentro da piscina, sem medos e sem receios. Esta evolução
demonstra que contribui para a adaptação destes ao meio aquático, o que me
deixa extremamente orgulhoso e satisfeito.
93
6. CONCLUSÃO
Concluído o Estágio Profissional, resta-me referir que este foi um ano
bastante gratificante e enriquecedor, contribuindo grandemente para a minha
formação pessoal e profissional.
A possibilidade de poder lecionar neste estabelecimento de ensino,
permitiu-me crescer, pois aprendi a lidar com situações que até aqui não
faziam parte do meu dia-a-dia.
Tive oportunidade de lecionar em três níveis de ensino destintos e com
condições ótimas de trabalho. Além disso, vivenciei ao longo de todo o ano,
experiências únicas com os meus alunos, Professores e restante comunidade
educativa, que jamais serão esquecidas. Aprendi mais do que aquilo que no
início imaginei, crescendo como pessoa e docente.
O caminho não foi fácil, este foi recheado de altos e baixos. O Estágio
Profissional permitiu-me arriscar, experimentar, observar, avaliar e refletir
através de um ensino orientado. As dificuldades, os receios e a insegurança
foram ultrapassadas com uma vontade pessoal enorme. Por tudo isto, ainda
me sinto mais satisfeito e realizado, pois os obstáculos tornaram-me num futuro
profissional melhor preparado.
Quanto aos meus alunos, motivo de todo o meu trabalho e dedicação, o
objetivo centrou-se na potenciação das suas aprendizagens e neste âmbito
penso que o objetivo foi cumprido.
Face a este quadro, posso afirmar que as minhas expetativas iniciais foram
atingidas. Assim, termino com o sentimento de dever cumprido e de que tudo
fiz para realizar sempre o melhor em prol do Agrupamento, do Núcleo de
Estágio e dos alunos em especial.
Encaro, por isso, o meu futuro com otimismo e segurança. Sinto que
ocorreu uma grande evolução em diversos aspetos desde o início do ano até
agora, que todas as experiências passadas promoveram em mim um aumento
de competência e de conhecimentos.
Terminou o Estágio Profissional mas começa agora uma nova caminhada.
Será uma caminhada longa, que terá os seus altos e baixos como todas as
94
outras mas que encaro com grande vontade e entusiasmo. Serei mais um a
lutar pelos meus objetivos e pelos meus sonhos.
“Somos do tamanho dos nossos sonhos”.
(Fernando Pessoa, s/d)
97
7. Referências Bibliográficas
Almeida, A. e Ribeiro, D. (2009). Comparação dos níveis de atividade
física nas aulas de educação física quanto à morfologia e género dos
alunos, modelo estrutural das escolas, unidades temáticas e
características das aulas: estudo realizado em estudantes a frequentar o
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Porto
Wilmore, J. & Costill, D. (2001). Fisiologia do desporto e do exercício.
Brasil Manole
iii
Anexo 1 - Ficha Biográfica
FICHA INDIVIDUAL DO ALUNO
Informações Pessoais
Nome Completo:
Data de Nascimento: Nacionalidade: Naturalidade:
Morada: Localidade:
E-mail: Telemóvel:
Agregado Familiar
Nome do Pai: Idade: Telemóvel:
Nome da Mãe: Idade: Telemóvel:
Habilitações Literárias (Pai): Profissão:
Habilitações Literárias (Mãe): Profissão:
Número de Irmãos: Idades: Com quem Vives?
Tipologia da habitação:
☐ Própria ☐ Arrendada ☐ Moradia ☐ Vivenda
___________________________ ☐ Apartamento (☐ T0 ☐ T1 ☐ T2 ☐ T3 ☐ T4)
Encarregado de Educação
Nome: Idade: Parentesco:
Percurso Escolar
Escola que frequentaste no ano letivo anterior:
Já reprovaste em algum ano? Sim ☐ Não ☐ Se sim, em qual?
Pretendes seguir para o Ensino Superior? Sim ☐ Não ☐ Que profissão pretendes exercer no futuro?
Disciplinas com mais dificuldades:
Disciplinas que mais gosta:
Qual é a tua motivação para as aulas de Educação Física?
☐ Nenhuma ☐ Pouca ☐ Suficiente ☐ Bastante ☐ Total
Que nota tiveste a Educação Física no ano Letivo anterior?
Quais as modalidades que mais gostas?
Quais as modalidades que menos gostas?
Quais as modalidades que nunca praticaste, mas gostarias?
Percurso Desportivo
Praticas alguma modalidade? Sim ☐ Não ☐ Se sim, qual/quais?
És Federado? Sim ☐ Não ☐ Se sim, há quantos anos?
Quantas vezes treinas por semana? Duração de cada treino?
Em que dias da semana são os teus treinos?
Quais as modalidades que já praticaste?
Já participaste no Desporto Escolar? Sim ☐ Não ☐ Se sim, qual?
iv
Tencionas participar no Desporto Escolar neste ano letivo? Sim ☐ Não ☐
Se sim, em que modalidade?
Hábitos Diários
Que refeições fazes por dia?
Pequeno-almoço ☐ Meio da manhã ☐ Almoço☐ Lanche ☐ Jantar ☐ Ceia ☐ Outras ☐ Quais?
Onde costumas almoçar? ☐ Cantina ☐ Café ☐ Casa ☐ Restaurante
Média do nº de horas de sono diárias: Hora de deitar: Hora de levantar:
Média do nº de horas de estudo diárias: Local de estudo: Com quem estudas?
Fumas? ☐ Nunca ☐ Raramente ☐ Frequentemente
☐ Sempre
Consomes bebidas alcoólicas? ☐ Nunca ☐ Raramente
☐ Frequentemente ☐ Sempre
Áreas de Interesse: ☐ Desporto ☐ Artes ☐ Música ☐ Política ☐ Ciência ☐ Cultura ☐ Outras. Quais?
Classifica os teus hábitos de leitura? ☐ Nunca ☐ Poucas vezes ☐ Muitas vezes ☐ Sempre
Com que frequência ouves música? ☐ Nunca ☐ Poucas vezes ☐ Muitas vezes ☐ Sempre
Com que frequência vês televisão? ☐ Nunca ☐ Poucas vezes ☐ Muitas vezes ☐ Sempre
Quantas horas passas na internet por dia? ☐ menos de 1h ☐ 1h a 2h ☐ 2h a 3h ☐ 3h a 4h ☐ 4h a 5h ☐ mais de 5h
Qual o meio de transporte que usas para te deslocares até a escola?
☐ A pé ☐ Carro ☐ Autocarro ☐ Comboio ☐ Taxi ☐ Bicicleta
Quantos minutos demoras a chegar à escola? (aproximadamente) ☐ 10 ☐ 20 ☐ 30 ☐ 40 ☐ 50 ☐ 60 (ou +)
Histórico Médico
Tens alergias? Sim ☐ Não ☐ Se sim, a quê?
Já foste operado(a)? Sim ☐ Não ☐ Se sim, a quê?
Tens alguma doença crónica? Sim ☐ Não ☐ Se sim, qual?
Tens algum problema de saúde? Sim ☐ Não ☐ Se sim, qual?
Tens algum fator que condicione a prática de Educação
Física? Sim ☐ Não ☐
Se sim, qual?
v
Anexo 2 - Questionário sobre o Treino Funcional
Questionário - Treino Funcional
Responde atentamente e de forma sincera às seguintes perguntas:
1- O que mais gostas de fazer nas aulas de Educação Física? E menos?
2- Gostas da aplicação do treino funcional nas aulas?
3- De entre os exercícios que fazes quais é que mais gostas de fazer? E menos?
4- Relativamente ao trabalho da força (superior, média e inferior) é uma capacidade física muito
importante que deve ser trabalhada nas aulas de Educação Física. Que importância lhe
atribuis?
5- O que te faz gostar mais de umas aulas comparativamente a outras?
6- O facto de realizares o circuito de treino funcional influência a tua motivação para a aula?
Habitualmente ficas mais ou menos motivado? Justifica.
7- Cumpres aquilo que o Professor prescreve (tempo, repetições,…)? Ou pelo contrário tens
dificuldade em fazer o prescrito? Ou tentas “escapar” fazendo o menos possível?
8- Como defines o teu desempenho nos circuitos de treino funcional?
9- Que importância achas que poderá ter o treino funcional na tua vida extraescolar?
10- Caso te fosse dada a opção, mantinhas ou retiravas o treino funcional das aulas de Educação
Física?
vi
Anexo 3 - Cartão de registo individual
Cartão de Registo Individual Treino Funcional
Nome: Nº: Turma:
Exercícios/Data / / / / / / / / /
Cadeira isométrica
Salto à corda
Afundo estático
Escalador
Burpees
Flexões
Abdominais
Agachamento
Triceps com bola medicinal
vii
Anexo 4 - Ficha de registo de Feedback
FICHA DE REGISTO – OBSERVAÇÃO DA INSTRUÇÃO
Professor: _________________________________________________________
UNIDADES DE TEMPO Tipo de Instrução
MIN
UTO
S
0’’-5’’ 5’’-10’’ 10’’-15’’ 15’’-20’’ 20’’-25’’ 25’’-30’’ 30’’-35’’ 35’’-40’’ 40’’-45’’ 45’’-50’’ 50’’-55’’ 55’’-60’’ AT Apresentação da tarefa
9’ FC Feedback corretivo
10’ FP Feedback prescritivo
11’ FD Feedback descritivo
21’ FI Feedback interrogativo
22’ AP Afetividade positiva
23’ AN Afetividade negativa
33’
34’
35’
47’
48’
49’
61’
62’
63’
viii
Anexo 5 - Exemplo de plano de aula
Plano de Aula Nº 61
Professor Cooperante: Teresa Leandro Professor-Estagiário: Luís Limas Ano/Turma: 10º6 Nº alunos previstos: 26 Local: Escola Secundária Dr. Manuel Gomes de Almeida
Aula nº 6 de 9 Data: 28/05/2015 Hora: 11:50 h Duração: 70’ Espaço: Campo de Futebol
Material: 10 bolas de andebol, sinalizadores, 10 cones, fitas, 4 arcos, 4 cordas, 2 apitos Unidade Didática: Andebol Função Didática: Exercitação
Objetivo geral
Habilidades Motoras: Desenvolver situações de superioridade numérica (2x1 e 3x2). Trabalhar o décalage e o passe e vai. Desenvolver transições defesa-ataque e ataque-defesa. Cultura Desportiva: Identificar as regras do andebol, bem com as suas caraterísticas básicas. Identificar a terminologia da modalidade. Condição Física e Fisiologia: Desenvolver a força explosiva através da realização do remate em suspensão e/ou mudanças de direção rápidas, a velocidade de reação acompanhando as movimentações do seu adversário direto e a coordenação óculo-manual manipulando a bola de forma segura e precisa. Conceitos Psicossociais: Respeitar os colegas, professor e funcionários, cooperar com os colegas e ajudá-los a ultrapassar as suas dificuldades, envolver-se ativamente nas atividades da aula, procurando melhorar o seu desempenho.
Objetivo Comportamental Situações de Aprendizagem Componentes Críticas Organização
Alunos/Professor
PARTE INICIAL
11:55
5’
O aluno: - Prepara o organismo para a atividade física seguinte.
Mobilização articular: Organizados por equipas realizam os movimentos de aquecimento pedidos pelo seu capitão
“Não diminui a intensidade” - Os alunos deslocam-se pelo espaço definido.
PARTE FUNDAMENTAL
ix
12:00
10’
O aluno: - Ultrapassa o defensor direto através da realização de fintas de corpo e/ou rápidas mudanças de direção; - Realiza o remate em suspensão/apoio após a chamada dos 3 apoios, - Realiza o remate em suspensão/apoio com rotação do tronco e com o braço que tem a bola “armado”. - Desmarca-se, criando linhas de passe que favoreçam o ataque.
Situação de 2x1: Dois alunos que iniciam exercício no meio campo, devem ultrapassar o seu opositor, recebendo a bola em posição favorável para finalizar. O exercício deve ser realizado de ambos os lados. Nota: Defesa ativa Proibição do uso do drible 5’ troca de lado Pontuação: Arcos: 3 Pontos Cones: 2 Pontos
- “Passa e utiliza a finta de corpo”; - “Avança quando encontrares espaço”; - “Bola acima da cabeça”; - “Arma o braço de remate”; - “Cotovelo aponta para a zona de remate”; - “Não pode usar drible”;
Turma dividida por equipas, cada uma ocupa 1/4 de campo:
12:10
10’
O aluno: - Ultrapassa o defensor direto através da realização de fintas de corpo e/ou rápidas mudanças de direção; - Realiza o remate em suspensão/apoio após a chamada dos 3 apoios, - Realiza o remate em suspensão/apoio com rotação do tronco e com o braço que tem a bola “armado”. - Desmarca-se, criando linhas de passe que favoreçam o ataque. - Ataca o espaço entre defensores para criar espaço para colega penetrar.
Situação de 3x2: Três alunos que iniciam exercício no meio campo, devem ultrapassar os 2 opositores, recebendo a bola em posição favorável para finalizar. O exercício deve ser realizado de ambos os lados. Notas: Defesa ativa 5’ troca de lado Pontuação: Arcos: 3 Pontos Cones: 2 Pontos
- “Passa e utiliza a finta de corpo”; - “Avança quando encontrares espaço”; - “Bola acima da cabeça”; - “Arma o braço de remate”; - “Cotovelo aponta para a zona de remate”; - “Não pode usar drible”;
Turma dividida por equipas, cada uma ocupa 1/4 de campo:
x
12:20
15’
Em situação ofensiva: - Circula a bola através da realização de passes para colegas desmarcados; - Ataca o espaço entre defensores, superando situações de 1x1 e/ou fixando o defensor do colega, criando espaço para finalizar; Em situação defensiva: - Marca o seu adversário direto através da marcação em proximidade (quando este possui a bola) e marcação de vigilância (quando este não possui a bola); - Auxilia os companheiros quando estes são ultrapassados.
Situação 5x4+GR Os alunos realizam ataque posicional em situação de superioridade numérica. Após recuperar a bola, a equipa que se encontrava em processo defensivo tenta chegar ao meio campo com a bola controlada. Nota: Alunos que estão em espera assumem papel de árbitro e marcador. 7’ rodam as equipas. Pontuação: 1 Golo = 1 Ponto Golo através do décalage = 2 Pontos Chegada ao meio campo = 1 Ponto
- Tomar a iniciativa ofensiva; - Simular remates, passes e movimentações para iludir/fixar os adversários;
2 Equipas em cada meio campo
12:35
20’
Em situação ofensiva: - Circula a bola através da realização de passes para colegas desmarcados; - Cria linhas de passe; - Aproveita espaço livre; Em situação defensiva: - Marca o seu adversário direto através da marcação em proximidade (quando este possui a bola) e marcação de vigilância (quando este não possui a bola); - Auxilia os companheiros quando estes são ultrapassados. - Realiza rápida transição para o ataque.
Treino holandês (Transições) - 5x4+GR & Treino Funcional (3 equipas): Os alunos realizam ataque posicional em situação de superioridade numérica. Após recuperar a bola, a equipa realiza transição para o meio campo contrário (onde se encontra uma equipa em espera), realizando novamente ataque posicional. Nota: A 4ª equipa realiza durante os 5’ de jogo um circuito de treino funcional. 5’ rodam as equipas. Equipa que obter melhor score de golos vence o “torneio”. Pontuação: 10 Pontos - Equipa vencedora
- Tomar a iniciativa ofensiva; - Simular remates, passes e movimentações para iludir/fixar os adversários; - Recorrer ao drible apenas quando estritamente necessário.
Campo inteiro – 2 equipas ocupam um meio campo e a 3ª equipa encontra-se
em espera no meio campo oposto:
xi
O aluno: - Aumenta a sua força inferior, média e superior através de treino de força
Circuito de Treino Funcional (4 Estações) (30’’ de exercitação, 15’’ para trocar de estação) Estação 1: Flexões Estação 2: Salto com pés juntos - Degrau Estação 3: Abdominais Estação 4: Salto à corda
“Respira na contração” “Troca rápido de estação” “Corpo contraído” “Não diminui o ritmo”
4ª Equipa realiza o circuito de treino funcional junto à entrada do campo.
PARTE FINAL
13:05
5’
- O aluno mantém-se em silêncio enquanto os colegas realizam a sua autoavaliação.
Realizar a autoavaliação aferida com os alunos. - Refletir acerca da sua prestação durante a aula.
- Alunos dispostos em meia-lua, com o professor no centro, à sua frente.
xii
Anexo 6 - Exemplo de ficha de avaliação diagnóstica da modalidade de Andebol
LEGENDA: 1 – Não faz; 2 – Faz com dificuldade; 3 – Faz razoavelmente; 4 – Faz bem; 5 – Faz sem erros
ALU
NO
S
ANDEBOL
AP
AN
HA
DA
C/
PA
SSE
Passe (direção e altura adequadas)
Receção (apanhar a bola sem deixar
cair)
Desmarcação (criar linha de passe segura)
RO
UB
A C
ON
ES
Drible (progredir no campo com
bola controlada)
Finalização (finaliza quando tem
oportunidade)
Ocupação espaço (Ofe.) (“abre”, jogando em
amplitude)
Ocupação espaço (Def.) (“fecha”, protegendo a
baliza)