A cidade de papel: cartografia e fotografia na formação do espaço litorâneo de Fortaleza-Ceará
A cidade e a fotografia
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CENTRO UNIVERSITÁRIO DO LESTE DE MINAS GERAIS
DICIPLINA: HUMANIDADES VI
CORONEL FABRICIANO
2012
BÁRBARA ARAÚJO DE CASTRO
CORONEL FABRICIANO
2012
OBJETIVO
O trabalho tem como objetivo mostrar a relação da cidade, um espaço
interativo, dinâmico, expressivo, formado pelas pessoas, edificações, políticas
e manifestações; com a fotografia, a principio um equipamento de registro, que
sofre influência do olhar do fotógrafo de forma que a imagem se torna muito
mais rica.
DESENVOLVIMENTO
A CIDADE
A Cidade é um espaço de interação, dinâmico, que possui vida e identidade,
ambos gerados por seus habitantes e a relação dos mesmos com esse espaço.
É necessário um usuário, alguém que habite o espaço, influencie e se deixe
influenciar por ele, caso contrário a cidade seria apenas uma área, sem
sentido. A partir dessa relação surgem as edificações, o convívio social, a
política, a necessidade de ordenar, a preocupação em respeitar o outro ser, as
manifestações culturais, o crescimento, desenvolvimento, não apenas da
cidade, mas do ser humano. O convívio em sociedade transforma, o espaço
onde isso acontece influencia e é transformado, passa então a ter as
características dessa sociedade que o habita.
Ao longo do tempo, houve várias formas de pensar em planejamento urbano,
seja por meio da técnica e mão de obra disponível, malhas ortogonais
distribuídas ao longo do espaço, distribuição de elementos urbanos em pontos
estratégicos, entre outras formas de influenciar o crescimento urbano. Mas
após a revolução industrial passou a haver uma preocupação maior ainda com
o ordenamento do crescimento da cidade, pois havia o conceito de que a
estava acontecendo um crescimento desordenado da cidade. Essas formas de
planejamento e as preocupações com a forma que acontecia o
desenvolvimento do espaço refletem os acontecimentos de cada fase.
A FOTOGRAFIA
A fotografia, utilizada principalmente como forma de registro, documentação,
pois a captura da imagem e análise das mesmas em ordem cronológica gera
um raciocínio, entendimento, do contexto histórico. Se tornando um ótimo
instrumento de trabalho, análise e registro, por capturar não apenas uma
imagem, mas um contexto, mais do que isso, um contexto, uma cena,
selecionada, interpretada pelo fotógrafo.
A imagem fotográfica não deve ser considerada uma cópia da imagem real,
pois existe um sujeito que observa o contexto e captura a cena de acordo com
sua interpretação e intenção. Para isso é necessário observar e vivenciar o
espaço e selecionar o ponto exato que se deseja registrar. Muitas vezes o ato
de fotografar está relacionada a uma sensação, uma percepção muito
particular, uma vivencia muito única, pois é uma atividade intensamente ligada
com a memória e a forma que o fotógrafo enxerga o espaço e o que nele está
acontecendo.
A CIDADE E A FOTOGRAFIA
A relação entre a cidade e a fotografia acontece de inúmeras formas, a
fotografia como forma de registro do olhar de uma pessoa, permite entender
como acontece a cidade, como aconteceram as modificações no espaço, está
ligada a memória coletiva, possuem uma riqueza de detalhes que nossa
memória não seria capaz de lembrar. Pois a medida que o espaço é
vivenciado, ele é modificado, as fotografias com um olhar de quem estava
vivenciando tal época, consegue capturar a identidade do lugar e sua história.
A fotografia não está limitada apenas a imagem, existe também uma questão
de entender o contexto da foto, o local, as pessoas e edificações que ali
aparecem, as cores ou ausência delas, o movimento, dando verdadeiro
significado a foto, criando laços com a memória individual e coletiva,
caracterizando lugares a partir do olhar do fotógrafo.
As fotografias a seguir foram retiradas do livro “Claude Lévi-Strauss Saudades
de São Paulo”. É interessante ressaltar que o fotógrafo via a necessidade de
registrar a cidade por acreditar que não há nada no mundo que é permanente
ou estável, portanto ele registra momentos e principalmente edificações de
forte significado para época (meados dos anos 30).
Prédio Martinelli
Avenida São João, próximo ao edifício do Correios e a Praça Antônio Prado.
Avenida São João próximo a esquina da Rua Ipiranga
Rua Brigadeiro Galvão
Avenida Brigadeiro Luiz Antônio
Rua 24 de Maio
Edifício Columbus
Cartazes e folhetos em locais públicos
Cartazes e folhetos em locais públicos
Pescadores usando boi para puxar rede
Bacia do Mercado
Nas imagens é possível notar edificações e situações que apontam a
identidade do lugar, no caso a cidade de São Paulo em 1935.
No caso do prédio Martinelli, esse edifício era um símbolo, o único arranha-céu
de toda a cidade, podia ser visto de toda a parte (repare nas outras fotos da
Avenida São João), se tornava uma referência. Representa o desenvolvimento
da cidade, uso de tecnologias e técnicas construtivas que eram novas para a
época.
Na imagem 2 (Avenida São João, próximo ao edifício do Correios e a Praça
Antônio Prado) as pessoas aguardam a passagem de um desfile, é possível
visualizar novamente o edifício Martinelli (no fundo à direita), o edifício dos
correios à esquerda e à direita a Praça Antônio Prado.
As imagens da Avenida São João, próximo à esquina da Rua Ipiranga (imagem
3), mostra o local de abertura dos primeiros cinemas, logo o lugar passa a ser
identificado como Cinelândia. A região também passa a receber diversos
edifícios comerciais, residenciais e mostra a importância dessa região.
A Rua Brigadeiro Galvão (imagem 4) foi fotografada durante o carnaval, mostra
um dos blocos do desfile de blocos em meados dos anos 30, a construção que
aparece apenas em partes, à direita, era sede de um grupo de escola de
samba (durante os anos 70).
É possível notar um grande fluxo de pessoas na Avenida Brigadeiro Luís
Antônio (imagem 5), além de diversos meios de transporte, sendo essa a
principal via de acesso para o centro da cidade.
Observa-se na Rua 24 de Maio (imagem 6) o Teatro Sant’Anna, região do
denominado “centro novo”, à direita do teatro um edifício abrigava a galeria
comercial Guatapará. Em primeiro plano vemos a loja Mesbla e o Touring Club
do Brasil.
Em destaque o Edifício Columbus (imagem 7) na Avenida Brigadeiro Luís
Antônio, um dos primeiros edifícios de apartamentos de São Paulo, que
possuía traços modernos.
Os Cartazes e folhetos em locais públicos (imagem 8) mostra o que estava
acontecendo na época, como a ocupação japonesa em terras do norte do
Paraná, o comício de 13 de maio e os anúncios de algodão sobre os esforços
em prol da policultura.
A fotografia de Pescadores usando boi para puxar rede (imagem 9) mostra
uma das técnica de pescaria usada na época. Logo após a Bacia do Mercado
(imagem 10) utilizada para desembarque do pescado.
A partir das fotografias de Claude Lévi-Strauss, podemos sentir a São Paulo
dos anos 30, o contexto, a expressividade, o desenvolvimento, crescimento da
cidade, manifestações da sociedade, formas de comércio, atividades culturais,
as ruas, a ocupação do espaço e até mesmo o decorrer dos fatos, a história da
cidade e as edificações.
As próximas fotos foram retiradas do livro “O corpo da cidade” de Cláudia
Jaguaribe.
Devo antes explicar que a fotógrafa trabalha com o conceito de que imagem
não é cópia do real, pois o enquadramento, luz e foco configuram a
composição.
As fotos foram tiradas durante o carnaval de 2000 no Rio de Janeiro, um
trabalho em que mais do que registrar o momento, chega ao ponto de nos
confundir o que é real e o que não é, destacando toda a manifestação,
expressividade e cores do carnaval.
O desfile das escolas de samba é um movimento urbano, faz parte da cidade,
da identidade, cultura e história da cidade, reconhecido no país e no mundo
inteiro. Cláudia Jaguaribe mistura documentos e ficção, memória pessoal e
coletiva, sugere novas formas de ver o carnaval, movimento que faz parte da
identidade da sociedade.
As próximas Fotografias foram retiradas do livro “Outras Américas” de
Sebastião Salgado. O trabalho teve um processo que demorou cerca de 7
anos, as fotos foram tiradas. Sebastião Salgado mostra que as fronteiras não
são linhas demarcadas em mapas, são perceptíveis por meio da religião,
cultura, economia, política, nítidas a tal ponto que não podem ser ignoradas.
Sebastião Salgado penetra em um mundo que se mantém pelo nascimento,
morte, fé, fatalismo, tradições e mitos. Busca por espaços e pessoas isoladas,
abandonadas e até mesmo desprezadas. Trabalhando dentro do contexto da
América Latina, expondo as outras Américas que existem dentro dessa
América com a qual já estamos familiarizados, ampliando nosso olhar.
As fotografias foram tiradas no Equador, México, Guatemala, Bolívia, Peru e
Brasil, em meados dos anos 70 e 80, um trabalho demorado, devido as
barreiras, menos físicas do que culturais. São comunidades isoladas, sem
produção de excedentes, não tem produtos a oferecer e nem dinheiro para
consumir o que vem de fora; muitas das quais possuem governo autônomo,
direcionado por xamãs ou anciões. Não possuem documentos, registros, suas
vidas são monótonas e suas mortes passam despercebidas.
Sebastião Salgado mostra como é intensa a fé, religiosidade e misticismo
nessas pequenas comunidades. Como foi possível observar nas imagens a
morte parece estar sempre presente, as tradições, o cotidiano monótono e
intenso de trabalho. As fotografias de Sebastião Salgado nos permite sentir que
a cidade são as pessoas. Suas atividades e crenças.
As imagens a seguir são fotos aleatórias, retiradas da internet ou passadas por
pessoas próximas, mas que revelam a dinâmica da cidade, um novo uso do
espaço, explora os limites entre público e privado.
Duelo de MC’s em Ipatinga
Cine Praça Marabá em Timóteo – foto por Lahís Americano
Carnaval de 2012 em Belo Horizonte – fotos por Casa Fora do Eixo BH
Duelo de MC’s e skate de rua no viaduto Santa Tereza em Belo Horizonte –
fotos por Casa Fora do Eixo BH
As fotos de Ipatinga mostra a ocupação do Parque Ipanema, pelo grupo
Conteúdo Avulso (de Coronel Fabriciano) que propõe em certo período de
tempo, essa atividade que envolve música e dança relacionados ao rap e hip
hop, integrando as cidades de Coronel Fabriciano e Ipatinga.
As imagens de Timóteo mostram o Cine Clube Marabá, que é um cinema que
acontece nas praças semanalmente, propõe a ocupação do espaço integrando
música e cinema em lugares públicos.
As imagens do carnaval de Belo Horizonte, mostra a ocupação do espaço que
realmente costuma acontecer em carnavais, toda a manifestação,
comemoração, expressividade do carnaval e a relação da população com o
espaço público, que em Belo Horizonte é muito forte.
Nas ultimas imagens acontece também em Belo Horizonte o duelo de MC’s e
skate de rua, debaixo do viaduto Santa Tereza, propondo a ocupação de novos
espaços, propondo que as pessoas se expressem nas ruas (como o caso da
imagem do grafite), o evento acontece semanalmente.
Fonte:
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=318574894899022&set=a.29496215
7260296.66082.100002395438774&type=1&relevant_count=1&ref=nf
https://www.facebook.com/media/set/?set=a.247952801958451.61356.239672
526119812&type=3
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=275312415889156&set=a.24040520
6046544.59838.239672526119812&type=3
https://www.facebook.com/media/set/?set=a.320874891336076.73943.100002
407021599&type=3
Livros:
Outras Américas, Sebastião Salgado.
O Corpo da Cidade, Cláudia Jaguaribe.
Saudades de São Paulo, Claude Lévi-strauss.