A CONQUISTA DA AMRICA

Este no um livro que procura simplesmente contar a histria da conquista da America, e sim falar da descoberta que o eu faz do outro, procurando enfatizar as mentalidades dos personagens, demonstrando as diferenas culturais existentes entre os espanhis e os habitantes da Amrica.- Duas razes fundamentaram a escolha deste tema como primeiro passo no mundo da descoberta do outro. Em primeiro lugar, a descoberta da Amrica, ou melhor, a dos americanos, sem duvida o encontro mais surpreendente de nossa histria. Na descoberta dos outros continentes e de dos outros homens no existe, realmente, este sentimento radical de estranheza. Os europeus nunca ignoraram totalmente existncia da frica, ou da ndia, ou da China, sua lembrana esteve sempre presente, desde as origens. Ele considera o ano de 1492, ano da chegada de Colombo a Amrica, como a data mais indicada para estabelecer-se uma divisria, para o incio da era moderna. Em seu primeiro capitulo, o autor faz uma viagem sobre todo o universo de pensamentos e atitudes que compe a personalidade de Colombo,tentando analisar os motivos que levaram Colombo a fazer essa viagem que na verdade foi aventura, por tratar-se de uma busca pelo desconhecido.- Podemos admirar a coragem de Colombo: alis, isso j foi feito milhares de vezes. Vasco da Gama e Magalhes talvez tenham feito viagens mais difceis, mas eles sabiam para onde iam. Apesar de toda segurana, Colombo no podia ter certeza de que no fim do oceano no havia um abismo, e, consequentemente, a queda no vazio. No podia ter certeza de que a viagem para o oeste no significava uma longa descida estamos no cume da terra e que no seria difcil demais subir de novo. Em resumo, no podia ter certeza de que o retorno era possvel.- No dia seguinte descoberta, 13 de outubro de 1492, ele anota em seu dirio: Estava atento e tratava de saber se havia ouro . E volta a isso constantemente: No quero parar , para ir mais longe, visitar muitas ilhas e descobrir ouro ( 1.11.1492 ).- ser que foi mera ambio o que levou Colombo a viajar? Basta ler todos os escritos para ficar convencido de que no nada disso. Colombo simplesmente sabe a capacidade atrativa que podem ter as riquezas, e especialmente o ouro. com a promessa de ouro que ele acalma os outros em momentos difceis.- os marinheiros no so os nicos que esperam enriquecer. Os prprios mandatrios da expedio, os Reis da Espanha. No teriam envolvido na empresa se no fosse a promessa de lucro. O ouro um valor humano de mais para interessar a Colombo, e devemos acreditar nisso quando escreve no dirio da terceira viagem: Nosso senhor bem sabe que eu no suporto toda essas penas para acumular tesouros, nem para descobri-los para mim: pois quanto a mim, bem sei que tudo o que faz neste mundo vo, se no tiver sido feito para a honra e o servio de Deus. Mas o que ele deixa transparecer que para ns poderia ser contraditrio, ao mesmo tempo parece estar preocupado a todo tempo com descoberta do ouro, ele tambm parece ser um amante da natureza e se suas belezas, e deixa evidente seu carter religioso de procurar conquistar uma vitria universal do cristianismo. Colombo muitas vezes demonstra estar sentindo-se como uma misso dada a ele por Deus, que era a de levar a histria de Jesus cristo, a aqueles homens considerados por ele como ignorantes espera do conhecimento verdadeiro de deus.- A vitria universal do cristianismo o que anima Colombo, homem profundamente piedoso ( nunca viaja aos domingos) que justamente por isso considera-se eleito, encarregado de uma misso divina, e que v em toda parte a interveno divina, seja no movimento das ondas ou no naufrgio de seu barco ( numa noite de Natal ): Por numerosos e notveis milagres deus se revelou no decorrer nesta navegao.( Dirio, 15.03.1493 ).- Mas Colombo no esquece seu projeto, e este reaparece numa carta ao para: 6 Esta empresa foi feita no intuito de empregar o que dela se obtivesse na devoluo da terra Santa Santa Igreja. Alm disso, a necessidade de dinheiro e o desejo de impor o verdadeiro Deus no se excluem. Os dois esto unidos por uma relao de subordinao: um meio. E o outro fim. O pensamento de Colombo tambm se evidencia na preocupao que ele tinha em nomear os locais, ignorando os nomes que eles j poderiam ter, dados pelos ndios, incorporando a ideia de estar chegando em um lugar novo, que ainda est em branco e ele deve preencher.- Noutra ocasio, ele se pergunta: Quanto lucro daqui se pode tirar, no escrevo. Certo senhores Prncipes, que onde a tais terras deve tambm uma infinidade de coisas lucrativas. Mas no me detenho em nenhum porto, porque quero ver todas as outras terras que puder, para relat-lo a Vossas Altezas. Os lucros que ali deve haver tem apenas um interesse secundrio para Colombo. O que conta so as terras e sua descoberta.