A Construcao Da Identidade Adventista a Partir Das Estrategias Educacionais
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A CONSTRUO DA IDENTIDADE ADVENTISTA A PARTIR DAS
ESTRATGIAS EDUCACIONAIS
Marcos Galdino1
O presente trabalho discute os processos de construo de identidades nombito educacional, tendo como recorte a anlise da Proposta Pedaggica da
Educao Adventista para o Sul do Brasil, sob a tica da Histria Cultural. Em
especfico, analisa-se o carter identitrio das diretrizes curriculares
apresentadas em sua Proposta Pedaggica, voltadas para uma formao
alicerada sobre valores bblico-cristos. Como resultado, observou-se que a
construo de identidades no se d somente de modo espontneo, por meio
do choque de culturas, ou hibridismo cultural; outrossim, tal construo pode
ocorrer por meio de estratgias claras e conscientes oriundas de diretrizesinstitucionais.
PALAVRAS-CHAVE: CONSTRUO DE IDENTIDADES, DIRETRIZES
CURRICULARES, ESTRATGIAS.
1. Introduo
O cenrio educacional brasileiro tm sofrido grandes e importantes
mudanas no que tange construo de propostas curriculares que venham a
abarcar as principais necessidades dos educandos em seus respectivos
contextos culturais, seja em nvel pedaggico, ou de desenvolvimento
psicossocial, propondo diretrizes que visam articular a atuao de seus
agentes no engajamento s metodologias propostas pela instituio
educacional.
A LDBEN 9394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional)
cooperou sobremaneira para a consolidao de tais transformaes, incluindo,
em seu texto, as escolas confessionais2 enquanto categoria constituinte do
sistema educacional nacional, tornando-se um importante marco para o
1 Licenciado em Pedagogia pela Universidade Estadual do Oeste do Paran (UNIOESTE, 2004). Aluno
regular do Mestrado em Sociedade, Cultura e Fronteiras (UNIOESTE, turma 2013-2014).2Artigo 20, Inciso III.
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reconhecimento da contribuio da educao confessional para a construo
da identidade cultural brasileira. Tal perspectiva apresenta-se como evoluo
desta legislao, em comparao com a LDBEN 5692/71, que no apresentava
nenhuma disposio que tratasse da especificidade desta categoria. Junqueira,
Menslin e Ribeiro (2008) discutem que, entre outras contribuies, a LDBEN9394/96 promoveu uma mudana de paradigmas na concepo do Ensino
Religioso, atravs da nova redao do artigo 333 e elaborao dos PCNER4,
[...] assegurando o respeito diversidade cultural religiosa do Brasil [...]
(BRASIL, 1997).
Entretanto, a presena e influncia das escolas confessionais no Brasil
no um fenmeno recente. Segundo Schunemann (2009), as escolas
confessionais exerceram grande influncia na educao brasileira desde o
perodo colonial, a princpio, atravs da penetrao da Congregao Jesutaem nosso territrio, modelo educacional que posteriormente veio a consolidar-
se mediante o insucesso da constituio imperial em estabelecer um sistema
de educao pblica que funcionasse na prtica.
Deste modo, a educao confessional, por muito tempo, foi sinnimo de
possibilidade de educao no Brasil . (SCHUNEMANN, 2009, p. 72),
representada principalmente atravs da educao catlica, que conforme
apontado por Klauck (2013), tomou novos rumos a partir do Conclio Plenrio
Latino Americano de 1899, que reordenou o papel da Igreja no que diz respeito
s concepes educacionais, reforando os valores morais e dogmas catlicos,
representando um ato de misso implementado atravs das escolas
(KLAUCK, 2013, p. 21). De acordo com Schunemann (2009), o final do sculo
XIX foi justamente quando o Brasil recebeu em seu solo as misses
protestantes vindas dos Estados Unidos, transportando consigo seus ideais
educacionais, merecendo, de acordo com Mendona (2007), distino diante
do protestantismo luterano, que desvinculadas de quaisquer estratgias de
misso/converso, refletiam apenas as consequncias do processo histrico de
imigrao colonizadora alem e sua.
A preocupao do Estado Brasileiro com as questes inerentes
religiosidade e sua manifestao no campo educacional, demonstradas por
3Prescrita na forma da Lei 9.475/97.
4Parmetros Curriculares Nacionais para Ensino Religioso.
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intermdio da legislao, aliada s pesquisas histricas, que nos apontam a
importncia da presena religiosa na implantao de um proto-sistema
educacional brasileiro, suscita debates interessantes sobre vrios aspectos,
entre eles, sobre o processo de formao/construo de identidades a partir
das escolas de carter confessional.
2. Educao e Construo de Identidades
No desenvolvimento das ideias expostas anteriormente, procurou-se
demonstrar, de maneira sinttica, a funo exercida pelos modelos
confessionais de educao para a constituio do prprio Estado Brasileiro, no
que diz respeito cultura, e construo de sua identidade. Segundo Ribeiro
(1992), a educao Jesutica no se restringiu apenas catequizaoindgena, ao contrrio, os colgios jesuticos foram o instrumento de formao
da elite colonial (p. 25), sendo reconhecidos pela classe dominante, como a
nica via de preparo intelectual. Apesar deste trabalho no tratar
especificamente das influncias da educao jesutica em nossa formao
cultural, faz-se necessria tal meno, no sentido de afirmar que a rigidez de
seus mtodos educacionais, ligadas ao mpeto da coroa portuguesa em
considerar-se nao defensora do catolicismo (p. 27) contriburam com a
construo da viso de mundo daqueles que deteriam os meios necessrios ao
ordenamento poltico e social da nao que ainda viria a se construir. Ou seja,
a identidade brasileira, constructo social manufaturado historicamente, est
intimamente ligada ao modo como a educao confessional se posicionou e
logrou espao polticodurante o perodo colonial. A construo de identidades,
neste aspecto, tornou-se possvel por conta da relao dialgica estabelecida
entre os desejos da Coroa Portuguesa, e as estratgias claras e concisas da
Companhia de Jesus. Afinal,
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Identidade no apenas um assunto pessoal, ela precisa ser vivida
no mundo, num dilogo com outros. Segundo os construcionistas,
neste dilogo que a identidade formada. Mas no dessa maneira
que ela vivenciada. De um ponto de vista subjetivo, a identidade
descoberta dentro da prpria pessoa, e implica identidade com os
outros. O eu interior descobre seu lugar no mundo ao participar daidentidade de uma coletividade (por exemplo, uma nao, uma
minoria tnica, uma classe social, um movimento poltico ou
religioso). (KUPPER, 2002, P. 296).
Ou seja, tratar da construo de identidades s faz algum sentido ao
levarmos em considerao a relevncia dos aspectos da coletividade cuja
mesma deve necessariamente estar encadeada. A discusso em torno da
construo de identidades a partir das escolas confessionais ganha uma nova
dimenso ao elencarmos os aspectos que as caracterizam enquanto
coletividade cultural, ou mesmo, enquanto promotora de uma cultura
hegemnica. Mesmo aps a instaurao das Reformas Pombalinas em 17595,
e entre elas, a progressiva laicizao do ensino no Brasil, Fernando Azevedo
(1976) aponta que as escolas confessionais continuaram a existir, regidas,
porm, pelos mesmos princpios que a escola laica. Mas foi apenas no comeo
do sculo XIX,
[...] com o Estado Imperial brasileiro decretando legalmente a partilha
de sua responsabilidade pela educao escolar com a iniciativa
privada, devido impossibilidade financeira de prover sua
universalidade, temos o surgimento da escola privada e o incio da
expanso das escolas confessionais catlicas. Seguidas por outras
poucas confisses religiosas, as confessionais se concentram,
preferencialmente, devido s limitaes do Estado, no segmento
secundrio. (SANTOS, 2010, p. 36).
5Foi atravs do Alvar Rgio de 28 de junho de 1759 que o Marqus de Pombal, Primeiro Ministro de
Portugal, ao mesmo tempo expulsou os jesutas de Portugal e de suas colnias, suprimindo as escolas e
colgios jesuticas de Portugal e de todas as colnias; criou as aulas rgias ou avulsas de Latim, Grego,
Filosofia e Retrica, que deveriam substituir os extintos colgios jesutas, inaugurando assim, a
educao laica no Brasil.
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O fato de as Escolas Confessionais resistirem sequencialmente a
diversas reformas educacionais, e continuarem parte integrante do sistema
educacional brasileiro, suscitam questionamentos inevitveis, tais como: de
que maneira se d o processo de construo de identidades a partir do ensino
confessional protestante na atualidade?
3. Os Princpios Metodolgicos da Educao Adventista e a Construo
de Identidades
Entre os grupos protestantes americanos que adentraram o territrio
brasileiro, encontravam-se os Adventistas, comunidade religiosa organizada no
ano de 1863, e que despertava para as misses estrangeiras durante o final do
sculo XIX. Mais precisamente, aps a Conveno Educacional de HarborSprings6, no ano de 1891, tais misses foram acrescidas do elemento
educacional, que conforme demonstrado por Silva (2006), formam a causa e
efeito da expanso do programa missionrio Adventista. Ou seja, a
implantao de um modelo educacional adventista no Brasil, no surge de
maneira espontnea; ao contrrio,
A Educao Adventista j fazia parte dos planos dos primeiros
missionrios, pois entendiam que para existir crescimento consistente
no nmero de membros da igreja, era necessrio que os recm-
conversos pudessem frequentar escolas e tambm enviar seus filhos
a essas escolas com o intuito de aprenderem os mesmos princpios
ensinados pela igreja. (MENSLIN, 2013, p. 11).
Ora, uma vez que a partir das representaes levantadas, observamos
elementos no discurso oficial sobre a implantao estratgica do modelo
educacional adventista no Brasil, pautado no objetivo claro de tornar-se um
instrumento de apropriao dos princpios e valores apregoados pela Igreja,6 Conveno realizada entre Julho e Agosto de 1891. Durante esta conveno foi estudado o livro de
Romanos e Ellen White ressaltou a necessidade de um relacionamento pessoal com Cristo, de um
reavivamento espiritual entre os educadores, destacando a centralidade da educao na mensagem
crist, ou seja, as implicaes educacionais do evangelho. Foi a via da emoo reagindo e pressionando
pela adoo de uma cosmoviso biblicamente orientada como suporte para a prxis educacional. At
aquele momento havia predominado apenas uma educao com alguns elementos religiosos, mas, a
partir de ento, a Bblia passou a ocupar o lugar central na escola. Foi o marco da "adventizao" da
educao Adventista do Stimo Dia. (KNIGHT,1994 apud SILVA, 2006, p.12).
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compreendemos que as estratgias de imposio e tticas de apropriao
contriburam nitidamente para a consolidao de seus mtodos pedaggicos.
Os conceitos de estratgia e ttica, tomados de Michel de Certeau
(1990) foram de relevncia para o presente estudo, pois a estratgia, nesta
tica, refere-se a uma ao que supe a existncia de um lugar prprio, comoalgo prprio e ser a base de onde se podem gerir as relaes com uma
exterioridade (1990, p.100). Nesse sentido, Certeau possibilita, a partir dos
estudos das estratgias, levar a concentrar um olhar ao que exterior escola.
J a ideia de ttica leva interioridade, visto que, com relao s
estratgias, ele define tticas como:
[...] a ao calculada que determinada pela ausncia de um prprio.
Ento nenhuma delimitao de fora lhe fornece a condio de
autonomia. A ttica no tem por lugar seno o do outro. E por isso
deve jogar com o terreno que lhe imposto tal como o organiza a lei
de uma fora estranha.
A distino entre os dois conceitos reside principalmente no tipo de
operao que se pode efetuar. Enquanto as estratgias so capazes de
produzir e impor, as tticas s permitem utilizar, manipular e alterar algo.
A primeira Escola Adventista do Brasil foi fundada no ano de 1896, cinco
anos depois do fervor educacional de Harbor Springs, por Guilherme Stein Jr.,um Adventista recm-converso que morava na cidade de Idaiatuba, interior do
Estado de So Paulo, e que se disps a mudar-se para iniciar este projeto
educacional no Paran. Colaborando com a expanso da Educao Adventista
em outros quatro Estados Brasileiros (Santa Catarina, Rio Grande do Sul,
Esprito Santo e Rio de Janeiro), segundo Menslin (2013, p.12), Stein
considerado o patrono e principal idealizador da Educao Adventista do Brasil.
Stein, porm, est distante de ser, de fato, idealizador autnomo desta
expanso. O final do sculo XIX marcado pela importao de teorias
educacionais (Reis Filho, 1974 apud Ribeiro 1992), de modo que nossa
prpria maneira de perceber e analisar a realidade sociocultural reflexo das
ltimas teorias importadas , o que impulsiona reformas educacionais,
marcantes, como a Reforma Lencio de Carvalho (1879), que apesar de no
ter conquistado a aprovao do legislativo, v algumas de suas principais
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medidas difundidas, entre elas, a liberdade de ensino, isto , a possibilidade
de todos os que se sentissem capacitados exporem suas ideias segundo o
mtodo que lhes parecesse mais adequado (Ribeiro, 1992, p. 63), que
culmina, em termos de iniciativas particulares, com a criao de Escolas
Confessionais pelos protestantes norte americanos (Escola Americana, 1870 eColgio Piracicabano), alm das Escolas Positivistas (Escola Neutralidade,
1884).
Na verdade, transplantavam para o Brasil a experincia que os
Estados Unidos haviam desenvolvido, a partir das inovaes que
receberam da Europa. O pragmatismo americano ainda no havia
encontrado sua expresso filosfica e j a escola americana atendia
s exigncias das condies socioculturais de sua clientela. Deste
modo, a partir das sugestivas experincias de Pestalozzi, uma
notvel renovao dos mtodos de ensino atinge no sculo XIX aeducao americana. o resultado dos progressos neste campo que
as congregaes religiosas protestantes introduziram juntamente com
seus ministros quando expandiram sua ao missionria no Brasil.
No momento em que interesses comerciais americanos localizaram-
se nos principais centros comerciais e urbanos brasileiros,
comunidades estadunidenses: no Rio, So Paulo, Porto Alegre, o
aparecimento de escolas para filhos de norte americanos era
desejado num meio to carente de instituies de ensino. Por outro
lado, na maioria eram escolas sectrias religiosas, que visavam
proselitismo religioso. (REIS FILHO, 1974, p.10-11, apud RIBEIRO,
1992, p. 64).
Analisando a Proposta Pedaggica da Educao Adventista, documento
confeccionado estrategicamente com a funo de expor os eixos norteadores
fundamentadores da prtica educacional dessa rede (Menslin, 2013, p. 10),
observamos caractersticas identitrias interessantes, no que refere-se
principalmente marcao de fronteiras simblicas, que reforam seus valores
e princpios, diferenciando-os em relao aos demais grupos . necessrio
expor que, a concepo de identidade a partir da diferenciao um assunto
amplamente discutido na bibliografia de Stuart Hall, e neste trabalho far o
papel de ncora terico-conceitual. Hall, por sua vez, afirma que a
identificao, compreendida como processo que opera por meio da diffrance,
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envolvendo um trabalho discursivo, o fechamento e a marcao de fronteiras
simblicas e a produo de efeitos de fronteiras . (Hall, 2000, p. 106).
Entre os princpios metodolgicos elencados em sua Proposta
Pedaggica, encontramos a chamada Integrao F-Ensino (Menslin, 2013,
p.24) compreendida como:
[...] um processo contnuo e sistemtico mediante o qual se enfocam
todas as atividades educativas de uma perspectiva bblico-crist, a
fim de que os alunos, ao completarem seus estudos, tenham
internalizado voluntariamente uma viso de vida, do conhecimento e
seu destino. Essa viso se centraliza em Cristo, orienta-se para o
servio e projeta-se at o reino do Cu (STENCEL, 2005, p. 27).
Ou seja, a perspectiva de internalizao voluntria de uma viso de vida,conforme abordada por Stencel, se constituiria em um elemento caracterstico
da construo de identidade de maneira estratgica e posicional, como aponta
Hall (2000, p.108-109):
precisamente porque as identidades so construdas dentro e no
fora do discurso que ns precisamos compreend-la como
produzidas em locais histricos e institucionais especficos, no interior
de formaes e prticas discursivas especficas, por estratgias e
iniciativas especficas.
Uma vez que tais estratgias permeiam nitidamente o discurso
institucional adventista, cada vez mais torna-se insustentvel a ideia de que
possa haver alguma internalizao voluntria, conforme citada por Stencel, ou
mesmo qualquer espontaneidade no que diz respeito a assimilao da
identidade institucionalmente proposta. A Integrao F-Ensino enquanto
princpio metodolgico faz justamente este papel de promover as diretrizes
institucionais no interior das disciplinas, de maneira categrica e direcionada,
fazendo do indivduo, usando a linguagem de Certeau, cada vez mais
coagido e sempre menos envolvido nestes enquadramentos (1990, p. 52).
Por um lado, segundo Bourdieu e Passeron (1975), existe uma violncia
inerente e inevitvel, a violncia da educao, j que, para eles, toda ao
pedaggica uma forma de violncia simblica, pois reproduz a cultura
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dominante, suas significaes e convenes, impondo um modelo de
socializao que favorece a reproduo da estrutura das relaes de poder.
A definio de Bourdieu sobre a situao de violncia simblica , ou
seja, o desprezo da cultura popular e a interiorizao da expresso cultural de
um grupo mais poderoso economicamente ou politicamente por outro ladodominado, faz com esses percam sua identidade pessoal e suas referncias,
tornando-se assim fracos, inseguros e mais sujeitos dominao que sofrem
na prpria sociedade.
O carter simblico da violncia centra-se nas caractersticas
fundamentais da estrutura de classes da sociedade capitalista, decorrente da
diviso social do trabalho, baseada na apropriao diferencial dos meios de
produo. O autor analisa que o processo educacional apresenta dois
mecanismos destinados consolidao da sociedade capitalista: areproduo da cultura e a reproduo da estruturas de classes. O primeiro
dos mecanismos se manifesta no mundo das representaes simblicas ou
ideologia , e o outro atua na prpria realidade social.
Uma vez que tais princpios faam parte de uma rotina diria,
estabelecida atravs de planos de curso, projetos pedaggicos ou demais
mecanismos que busquem vincular princpios identitrios ao ensino formal, os
mesmos constituem-se em valores que, claramente, visam resistir outros
movimentos em sentido contrrio, erigindo significativas fronteiras simblicas
a partir da diferena.
Assim as unidades, que as identidades proclamam, so na verdade,
construdas no interior do jogo do poder e da excluso; elas so o
resultado no de uma totalidade naturalinevitvel ou primordial, mas
de um processo naturalizado, sobredeterminado, de fechamento .
(Bhabha, 1994; Hall, 1993 apud Hall, 2000, p. 111).
J Semprini (1999) ressalta que a diferena o ponto chave do
multiculturalismo, por ser antes de tudo uma realidade concreta, as quais esto
registradas nas razes histricas e atuais. Compreendemos deste modo, que as
identidades, construdas pela diferena, s podem ser construdas na relao
com o outro, ou ainda, com aquilo que no , de modo a reprimir tudo aquilo
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que o ameaa, seja atravs de discursos, seja atravs de prticas
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