A CONSTRUÇÃO DAS RELAÇÕES HUMANAS NA ÓTICA DA INFLUÊNCIA DOS AVANÇOS TECNOLÓGICOS NA...

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UNIVERSIDADE DE UBERABA CURSO DE PSICOLOGIA EVERTON OLIVEIRA FREITAS A CONSTRUÇÃO DAS RELAÇÕES HUMANAS NA ÓTICA DA INFLUÊNCIA DOS AVANÇOS TECNOLÓGICOS NA CONTEMPORANEIDADE UBERABA MG 2012

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RESUMO Já faz algum tempo que as tecnologias deixaram de ser alguma coisa discreta em nossas vidas, produzindo hoje mudanças radicais em nossos corpos, em nossas mentes, na reorganização social e política do planeta, na definição de nossa cultura e principalmente nas relações humanas. Este trabalho, por meio de uma pesquisa bibliográfica, realizou uma reflexão sobre o impacto das tecnologias de informação nas relações humanas contemporâneas. Buscou estudar as transformações significativas na vida cotidiana resultantes do processo acelerado das inovações tecnológicas inseridas na organização social contemporânea e no espaço particular de cada um de nós. Como resultado, observa-se que mudanças importantes nos modos de relacionamento humano se operaram a partir da revolução tecnológica digital e de toda realidade histórica que a produziu. A literatura confirma que as relações humanas têm sofrido um dos maiores impactos dessa tecnologia, que um lado favorece a aproximação multiplicada pela comunicação em rede, mas que outro fragiliza as relações mais próximas, vinculares, consequentes e duradouras. As relações com o trabalho também sofreram grandes influências ao possibilitar que os lares se tornem extensão dos postos de trabalho. Novos paradigmas de visão de mundo, de vida se estabeleceram. A flexibilidade, liberdade se fortaleceram, mas trouxeram consigo a substituição rápida de interesses e de relações. O individualismo se recrudesceu. A solidão e a depressão, entre outros mal-estares da civilização decorrentes, se constituem como sofrimento coletivo. Essas constatações provocam a necessidade e reafirmam a importância de se aprofundar conhecimentos e de se buscar caminhos mais saudáveis para a relação humana e sua produção cultural e social. Palavras-Chave: Tecnologia. Relações Humanas. Psicologia.

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UNIVERSIDADE DE UBERABA

CURSO DE PSICOLOGIA

EVERTON OLIVEIRA FREITAS

A CONSTRUÇÃO DAS RELAÇÕES HUMANAS NA ÓTICA DA

INFLUÊNCIA DOS AVANÇOS TECNOLÓGICOS NA

CONTEMPORANEIDADE

UBERABA – MG

2012

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EVERTON OLIVEIRA FREITAS

A CONSTRUÇÃO DAS RELAÇÕES HUMANAS NA ÓTICA DA

INFLUÊNCIA DOS AVANÇOS TECNOLÓGICOS NA

CONTEMPORANEIDADE

Trabalho apresentado ao Curso de Psicologia da

Universidade de Uberaba, como requisito parcial

para conclusão do curso de graduação em Psicologia

sob a orientação da Profª. Ms. Eliane Gonçalves

Cordeiro.

UBERABA – MG

2012

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais Aldemir e Vilma, por me proporcionarem desde o dia que fui concebido, a

primeira forma de relacionamento humano saudável, onde encontro muito amor, carinho, atenção,

aconchego e cuidado. Por sempre incentivarem e acreditarem em mim. E também, por sempre se

fazerem presentes em minha vida, mesmo estando longe fisicamente; sei que nossos corações nunca

deixaram e deixarão de estar juntos.

A todos(as) professores(as) que contribuíram de forma significativa para o meu processo de

aprendizagem e amadurecimento profissional e pessoal. Deixaram o maior tesouro que alguém já

poderia deixar; o ensinamento.

Aos meus amigos que compreenderam a minha ausência neste período de construção deste

trabalho. Em especial à Albeneir Paulino, André Prado, Cleomar Silva, Fábio Françoso, Matheus

Oliveira, Naidson Amaral, Thiago Costa e Thiago Ribeiro pela compreensão das vezes que deixei

de estar presente com vocês e acabei não dando a atenção necessária.

Aos meus amigos(as) Ângela Guimarães, Bárbara Navarro, Elis Ane, Gabi Rezende, Jéssica

Queiroz, Khellyane Cristina, Lázaro Pessoa e Nayara por se interessarem e me incentivarem na

produção deste trabalho.

Ao meu primo, companheiro de república e amigo Gean Borges por se preocupar, cuidar e

me escutar nos momentos de angústia, desespero e aflição.

Ao Diego Pantaleão, por contribuir de forma significativa e importante para a conclusão

deste trabalho; momentos inesquecíveis ao seu lado. O meu carinho e gratidão.

A minha amiga e supervisora (do programa Fica Vivo!) Daniela Simião, por sempre me

incentivar e acreditar que esta hora fosse chegar. Muitos foram os dias de desespero e desabafo.

Ao José Lourenço Silva Júnior, inspirador do tema central (relações humanas) deste

trabalho; a homilia da Santa Missa daquele dia é que me despertou para o estudo deste tema.

A todos os companheiros(as) e amigos(as) da rede social Facebook que sempre estiveram

comigo em minhas publicações referentes a este trabalho curtindo, compartilhando e comentando.

Estes reforços positivos foram importantes para não desistir – me senti motivado. Ta aí, uma forma

positiva como as tecnologias da informação podem nos auxiliar de maneira positiva.

A minha querida orientadora Profª. Ms. Eliane Gonçalves Cordeiro, pela paciência, atenção

e disponibilidades possíveis; a levarei pra sempre como referencial positivo incondicional de

compreensão humana.

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AGRADECIMENTOS

A Deus fonte de toda inspiração, força e conhecimento.

Aos meus amigos(as), colegas e familiares pelos incentivos e orações.

Aos escritores e autores dos referencias teóricos que me oportunizaram, por meio de suas

produções, o desenvolvimento do conhecimento.

Ao Bruno Araújo, Bruno Ferreira e Fábio Júnior por me indicarem materiais (vídeos, livros,

artigos) que estimularam a construção deste.

A você caro(a) amigo(a) leitor(a), que foi uma das minhas motivações à construir este

trabalho.

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RESUMO

Já faz algum tempo que as tecnologias deixaram de ser alguma coisa discreta em nossas vidas,

produzindo hoje mudanças radicais em nossos corpos, em nossas mentes, na reorganização social e

política do planeta, na definição de nossa cultura e principalmente nas relações humanas. Este

trabalho, por meio de uma pesquisa bibliográfica, realizou uma reflexão sobre o impacto das

tecnologias de informação nas relações humanas contemporâneas. Buscou estudar as

transformações significativas na vida cotidiana resultantes do processo acelerado das inovações

tecnológicas inseridas na organização social contemporânea e no espaço particular de cada um de

nós. Como resultado, observa-se que mudanças importantes nos modos de relacionamento humano

se operaram a partir da revolução tecnológica digital e de toda realidade histórica que a produziu. A

literatura confirma que as relações humanas têm sofrido um dos maiores impactos dessa tecnologia,

que um lado favorece a aproximação multiplicada pela comunicação em rede, mas que outro

fragiliza as relações mais próximas, vinculares, consequentes e duradouras. As relações com o

trabalho também sofreram grandes influências ao possibilitar que os lares se tornem extensão dos

postos de trabalho. Novos paradigmas de visão de mundo, de vida se estabeleceram. A

flexibilidade, liberdade se fortaleceram, mas trouxeram consigo a substituição rápida de interesses e

de relações. O individualismo se recrudesceu. A solidão e a depressão, entre outros mal-estares da

civilização decorrentes, se constituem como sofrimento coletivo. Essas constatações provocam a

necessidade e reafirmam a importância de se aprofundar conhecimentos e de se buscar caminhos

mais saudáveis para a relação humana e sua produção cultural e social.

Palavras-Chave: Tecnologia. Relações Humanas. Psicologia.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 7

A CONSTITUIÇÃO DO SER HUMANO EM RELAÇÃO E COMUNICAÇÃO .................... 10

A EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA ........................................................................................... 14

UMA NOVA ERA NAS RELAÇÕES HUMANAS ................................................................. 19

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................... 29

REFERÊNCIAS....................................................................................................................... 31

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“A verdadeira base da vida está nas relações humanas”.

Henry Moore

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INTRODUÇÃO

A tarefa de se pensar em como se constituem as relações humanas na ótica da influência dos

avanços tecnológicos na contemporaneidade está entre as possibilidades de compreensão das

demandas que emergem de relações cada vez mais fragilizadas.

O homem, um ser social, se constitui em relação. Desde sempre se comunica com o coletivo

humano por meio de tecnologias. No processo histórico da humanidade, as tecnologias de

comunicação saem de uma característica mais primitiva e alcançam um patamar de sofisticação e de

globalização.

As tecnologias de informação e comunicação trazem em si o paradoxo do avanço do

conhecimento e, ao mesmo tempo, do surgimento de novos modos de relacionamento interpessoal.

Concomitantemente cada indivíduo constrói sua singularidade, formada pelos desejos,

emoções, sentimentos, motivos e interesses que, ao mesmo tempo se constituem nas relações sociais

e as influenciam num processo contínuo e dialético, e compartilha. Algo que é comum a todos os

seres humanos: a capacidade de se relacionar de forma consciente e voluntariamente uns com os

outros.

Nesse processo de inter-relação e comunicação que se inicia na infância, primeiramente

junto aos familiares e que depois se estende para ambientes mais amplos (escola, grupos de amigos,

trabalho) vai se formando a subjetividade individual. No dia-dia os valores culturais estabelecidos

como padrões vão determinando essa formação e as subjetividades resultantes. E nesse movimento

as tecnologias de comunicação e de informação vão, cada vez mais, assumindo um lugar de

significância jamais vista.

A partir do século XX as invenções tecnológicas de comunicação se especializaram e

resignificaram a forma da humanidade se relacionar.

A tecnologia estendeu a capacidade de comunicação do homem, contudo, adquiriu uma

autonomia na sociedade; as informações e serviços que antes eram restringidos há um pequeno

grupo, hoje estão mais acessíveis à toda populações e em uma escala maior. Foi a responsável pelo

aumento da capacidade de obter informações, permitindo a constante busca aos avanços

tecnológicos no campo profissional em diversos setores, trouxe à sociedade várias vantagens e

benefícios destinados aos estudos, conhecimentos e prática.

Tecnologia não é apenas instrumento ou equipamento a ser utilizado, são também meios,

métodos, técnicas pelas quais se evolui o conhecimento humano. A tecnologia é hoje parte inerente

da vida do ser humano de modo que não se consegue viver separado dela, assim vem sendo

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desenvolvida há vários anos, a cada época o homem acrescenta métodos ainda mais revolucionários

neste campo, coincidentemente trazendo benefícios e incertezas a humanidade. A tecnologia tem e

teve, em todas as sociedades, um papel substancial no domínio da natureza, no controle do ambiente

e na resolução dos problemas. As aplicações tecnológicas tornaram mais fácil e rica a vida dos seres

humanos. Mas, além dessa perspectiva ligada ou vinculada à melhoria específica, não deixaram de

se produzir fenômenos em virtude dos quais a tecnologia parece evoluir sem seguir uma pauta que a

vincule, sem qualquer dúvida, à melhoria das condições de vida das pessoas.

A pressão imposta pela tecnologia, principalmente nas comunicações, determinará o futuro

do homem moderno. O advento das tecnologias de ponta nas telecomunicações acelerou o processo

de comunicação entre os quatro cantos do mundo. Para Polistchuk e Trinta (2003, p. 62 apud

JACQUES et al.): “comunicação compõe processo básico para a prática das relações humanas, assim

como para o desenvolvimento da personalidade individual e do perfil coletivo. Pela comunicação, o

indivíduo faz pessoa, indo do singular à relação plural”.

Cada vez mais a tecnologia faz parte da vida do homem, tanto nas invenções para o bem

comum como para os meios coletivos, como por exemplo, os meios de telecomunicações, que

chegam a lugares restritos por barreiras geográficas. A globalização faz com que haja interação e

utilização dos meios tecnológicos, ou seja, os caminhos se abrem à mudança e evolução. De acordo

com Sancho e Hernández (2006), as tecnologias da informação e comunicação indicaram grandes e

positivas mudanças nas formas de se comunicar, relacionar e viver em sociedade. (p. 131).

Estudar efeitos que toda essa tecnologia contemporânea desencadeia nas relações humanas,

como todo esse aparato contribui para as mudanças dos modos de se relacionar e valores

consequentes é o objetivo do presente trabalho de conclusão de curso. Tarefa nada fácil pela

complexidade do tema, mas entendida com de relevância para o campo da psicologia.

Para tanto, por meio de um estudo bibliográfico, serão desenvolvidos três capítulos: o

primeiro tratará de questões relativas à formação das relações, perpassando os aspectos que

envolvem a existência humana, a cultura e as formas como nos relacionamos. Enfoca a

comunicação e a informação como intrínsecas à condição social do homem. O segundo capítulo,

tendo em vista que a tecnologia é uma extensão do próprio homem na sua relação com o mundo,

retrata e discute o advento das tecnologias. Na busca de melhor compreender o cenário atual em se

tratando de relações humanas e tecnologias, abordaremos no terceiro capítulo o impacto dessas

novas tecnologias, como celular, internet, televisão na ressignificação da nova era, em se tratando

das relações humanas e ainda como a evolução tecnológica na contemporaneidade modifica o nosso

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modo de ser e estar no mundo, produzindo novas configurações subjetivas. As considerações finais

tecerão uma análise e reflexão integrada desses elementos apontados nos três capítulos.

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A CONSTITUIÇÃO DO SER HUMANO EM RELAÇÃO E COMUNICAÇÃO

Pensar sobre as relações humanas requer discutir um pouco sobre a existência do ser

humano situado no mundo com o outro, como afirma Cordeiro (2011): “a relação é o fundamento

da existência do homem”.

Cordeiro (2011) explica que “a palavra existência vem do latim, do verbo ex-sistere, que

significa estar fora, transcender-se.” E ainda, que “a existência é uma condição do homem, pois se

caracteriza, diferentemente dos demais entes, como possibilidade ou como poder-ser”.

Desde épocas remotas até os dias atuais, o ser humano, em seu existir, sempre se apresentou

sob perspectivas diferentes.

Ao se tomar a questão das relações humanas, depara-se com inúmeras correntes filosóficas1,

teorias que procuram fundamentar e compreender essa necessidade que impele a espécie humana a

se constituir enquanto ser social.

Uma dessas teorias, e que norteará as reflexões propostas, é a sociocultural. Segundo ela a

existência humana é marcada pela cultura e é ela a própria fundamentação da humanidade.

(SATTO, 2011).

De acordo com Vygotsky (1978 apud Souza), “o ser humano é um ser social, que constrói

sua individualidade a partir das interações que estabelece entre com outros indivíduos, mediadas

pelos padrões da cultura vigente”.

Como ser social, o homem, passa a construir sua história a partir da apropriação dos objetos

culturais construídos pela humanidade e se constitui como ser humano por meio das relações que

estabelece com os ambientes sociais em que vive. Desde o nascimento o individuo é socialmente

dependente do outro, para que possa entrar em um processo de desenvolvimento histórico, cultural e

social e, consequentemente constituir-se como sujeito social. (VYGOTSKY, 1989).

Murray (1971, apud Macedo) “atribui à cultura tudo aquilo que foi adquirido pelo homem

como membro da sociedade”. E como processo desta cultura humana Vygotsky (1989) diz que o

aparecimento da linguagem tem sua origem em um processo histórico-cultural, isto é, a cultura

produziu a linguagem. Entende-se que a linguagem surge então da necessidade da comunicação

entre duas ou mais pessoas.

1Corrente Filosófica: É considerada como uma forma de se pensar sobre os diversos aspectos que a Filosofia discute

(existência, conhecimento, verdade, valores morais e estéticos, mente e a linguagem).

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Para Lotman 1978, (apud MARTINS, 2009) a linguagem é como um sistema de

comunicação que utiliza signos ordenados de modo particular.

A comunicação segundo esses pressupostos se constitui em processo fundamental para que a

condição humana enquanto constituição social se afirme.

Segundo Pereira (2005, apud MENDES, 2011) a “comunicação pode ser considerada o

processo social básico, primário, porque é ela que torna possível a própria vida em sociedade.

Vida em sociedade significa intercâmbio”. E todo intercâmbio entre os seres humanos só se realiza

por meio da comunicação. A comunicação preside, rege todas as relações humanas. O que é

produzido e vendido pela comunicação? Uma mercadoria cada vez mais valiosa, apesar de

imaterial: informação, ou seja, notícias, dados, ideias, conhecimento, ficção, cultura, arte.

Pereira (2005, apud MENDES, 2011) define comunicação como: “uma dessas coisas que

todo mundo sabe o que é, mas ninguém consegue definir com precisão. Ato de comunicar algo ou

de comunicar-se (com alguém). O verbo vem do latim communicare, que significa participar, fazer,

saber, tornar comum. Quando eu comunico alguma coisa a alguém essa coisa se torna comum a

ambos. Quando se publica uma notícia ela passa a fazer parte da comunidade. Comunicação,

comunhão, comunidade são palavras que têm a mesma raiz e estão relacionadas à mesma ideia de

algo compartilhado”.

A comunicação tem sido primordial nas relações humanas. A sobrevivência não subsiste

sem comunicação, a vida não existe sem a comunicação. Como ser social, o homem possibilitou e

garantiu a vida social através dos diferentes sistemas de comunicação que desenvolveu. Ao

conviver com seus semelhantes utilizando um código comum, inteligível, o homem faz mais do que

informar e ser informado sobre as coisas do mundo: ele agrega novas formas de organização do

próprio pensamento, adquire novos pensamentos e amplia a consciência de si próprio, de seu lugar

no mundo e de sua responsabilidade social. (ARAÚJO, 2009).

Embora sejam as primeiras vias lembradas quando se fala em comunicação, a fala e a escrita

não são de modo algum as únicas formas de intercambio entre as pessoas. Os gestos – caretas,

movimentos com as mãos, beijos, sorrisos – expressam mensagens fortes e relevantes à troca social.

Outras modalidades de comunicação, como trajes e modos de comportamento, também

desempenham papel fundamental na vida social, pois conferem a organização e unidade necessárias

ao convívio entre as pessoas. (ARAÚJO, 2009).

É necessário lembrar que a comunicação entre as pessoas sempre existiu. O Livro Sagrado

dos Cristãos, à Bíblia, mostra-nos no capítulo a “Gênese”, Deus tentando se comunicar com Adão e

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Eva, para mostrá-los a desobediência para com suas Leis. Pelo que se tem conhecimento essa foi à

primeira comunicação da história da humanidade.

O homem tem uma particularidade precípua: viver em comunidade. Essa particularidade fez

com que o ser humano procurasse sair da solidão e procurar novas terras e formar suas

comunidades. Do homem das cavernas até o homem sapiens um longo tempo foi percorrido, mas

sua preocupação com a comunicação não saia da cabeça. Várias maneiras foram usadas como

“Meios de Comunicação”, naquela época. (RODRIGUES).

Os homens das cavernas, com seu cérebro rudimentar, devia se comunicar através de

gestos, gritos, pulos e grunhidos dessa forma o homem primitivo se comunicava imitando os sons

da natureza, usou essas artimanhas para formar uma coletividade, visto que ele jamais poderia viver

na solidão. Certamente, quando num certo momento deste indeterminado passado, um ser aprendeu

a relacionar objetos e seu uso e a criar utensílios para caça e proteção, em seguida, a transmitir o seu

uso ou a técnica de sua feitura aos seus descendentes, criando assim, uma forma primitiva e simples

de linguagem... Assim o primeiro ato cultural se efetuou presidido pela primeira manifestação da

comunicação humana. (RODRIGUES).

O que sabemos sobre a evolução das comunicações nos foi repassado pelos nossos

antecessores, uma mensagem que se alcunhava de eternizada que tem influência sobre o cérebro

humano, onde a escrita libera o cérebro da necessidade de memorizar. Com ela, o saber pode ser

acumulado fora do corpo e é possível deixar registros mesmo depois da morte. As primeiras

comunicações escritas que se tem noticia vem das inscrições nas cavernas 8.000 anos a.C. A

comunicação pode também ser encarada como fenômeno antropológico, histórico e social. Esses

fatos sempre são tomados pelo método da estimativa, tanto é que se estima o surgimento do homem

há 500 mil anos. Embora lentamente vá evoluindo, ele tem mecanismo de comunicação por que isso

é de sua natureza. (RODRIGUES).

À medida que se comunica, o homem se descobre, descobre o mundo, o outro, cria códigos,

estabelece hierarquia. Ou seja, define–se como pessoa. Não há humano (ántropos) sem

comunicação. A história do homem é história de comunicação. Estima–se que ele começa a

escrever a cinco mil anos. A escrita é fruto de descobertas e experiências anteriores. Pela escrita, o

homem começa um relacionamento mais amplo e diferente, o que o leva a uma evolução mais

rápida. Ele passa a armazenar, transportar, difundir e perpetuar o conhecimento. A sua história

começa a ser registrada oficialmente. Antes, o caminho da comunicação humana tinha sido da:

Comunicação não verbal: sonora (tambor) e simbólica (fogo, tinta); Comunicação oral: códigos que

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expressam sensações e sentimentos; Comunicação escrita que começou com o pictograma

(representação gráfica de ideias através de desenhos); passou pelo papiro (escrita na planta); pelo

pergaminho (no couro); até chegar ao papel (descoberto na China há mais de 10 séculos, chegando

à Europa só no século XII). (RODRIGUES).

Um estágio moderno da comunicação humana é a descoberta da Tipografia (com

Guttemberg em 1445), há 500 anos, que significou multiplicação e barateamento dos escritos. Foi

uma revolução que abriu a era da comunicação social. Os componentes da comunicação são: o

emissor, o receptor, a mensagem, o canal de propagação, o meio de comunicação, a resposta

(feedback) e o ambiente onde o processo comunicativo se realiza. Com relação ao ambiente, o

processo comunicacional sofre interferência do ruído e a interpretação e compreensão da mensagem

está subordinada ao repertório. Quanto à forma, a Comunicação pode ser verbal, não-verbal e

mediada. Pensadores e pesquisadores das disciplinas de ciências humanas, como Filosofia,

Sociologia, Psicologia e Linguística têm dado contribuições em hipóteses e análises para o que se

denomina "Teoria da Comunicação", um apanhado geral de ideias que pensam a comunicação entre

indivíduos - especialmente a Mídia comunicação mediada - como fenômeno social.

(RODRIGUES).

A medida que o homem, limitado geograficamente, passa a ter relacionamentos mais amplos

que os de sua gente e terra, por conta da chegada de meios como a imprensa (tipografia), começa a

era da Comunicação Social, aos poucos se tornando comunicação de massa. O isolamento e a

dependência impostos devido a alguns tipos de limites vão acabar. E vão começar um tipo de

relacionamento bem mais amplo cujas dependências também serão outras. Hoje chegamos à

exacerbação da informação através dos meios eletrônicos, dos quais a Internet é campeã. Esse

universo novo é o da tecnologia onde predomina a sapiência humana, suas qualidades intelectuais e

sua forma de pensar e fazer as coisas. Frutos dessa tecnologia surgem o jornal impresso, o rádio, o

telégrafo, a televisão, a internet, os satélites, a fibra ótica e as comunicações interplanetárias.

(RODRIGUES). Aparatos que viriam revolucionar o mundo!

A seguir, no próximo capítulo discutiremos como a evolução dessas tecnologias tem se

configurado no decorrer dos anos.

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A EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA

Segundo Maranhão (2012), “Tecnologia (do grego τεχνη — "ofício" e λογια — "estudo") é

um termo que envolve o conhecimento técnico e científico e as ferramentas, processos e materiais

criados e/ou utilizados a partir de tal conhecimento”.

Dependendo do contexto, a tecnologia segundo Lucena (2012) pode ser:

[...] as ferramentas e as máquinas que ajudam a resolver problemas; as técnicas,

conhecimentos, métodos, materiais, ferramentas, e processos usados para resolver problemas ou ao menos facilitar a solução dos mesmos; um método ou processo de

construção e trabalho (tal como a tecnologia de manufatura, a tecnologia de infra-

estrutura ou a tecnologia espacial); a aplicação de recursos para a resolução de

problemas; o termo tecnologia também pode ser usado para descrever o nível de conhecimento científico, matemático e técnico de uma determinada cultura; na

economia, a tecnologia é o estado atual de nosso conhecimento de como combinar

recursos para produzir produtos desejados (e nosso conhecimento do que pode ser produzido).

A história da tecnologia é quase tão antiga quanto a história da humanidade, e se segue

desde quando os seres humanos começaram a usar ferramentas de caça e de proteção. A tecnologia

tem, consequentemente, embutida a cronologia do uso dos recursos naturais, porque, para serem

criadas, todas as ferramentas necessitaram, antes de qualquer coisa, do uso de um recurso natural

adequado. (MARANHÃO, 2012).

Segundo esse autor “os processos mais antigos, tais como arte rupestre e a raspagem das

pedras, e as ferramentas mais antigas, tais como a pedra lascada e a roda, são meios simples para

a conversão de materiais brutos e "crus" em produtos úteis”. (2012).

A descoberta e o consequente uso do fogo foi um ponto chave na evolução tecnológica do

homem, permitindo um melhor aproveitamento dos alimentos e o aproveitamento dos recursos

naturais que necessitam do calor para serem úteis. A madeira e o carvão de lenha estão entre os

primeiros materiais usados como combustível. A madeira, a argila e a rocha (tal como a pedra

calcária) estavam entre os materiais mais adiantados a serem tratados pelo fogo, para fazer as

armas, cerâmica, tijolos e cimento, entre outros materiais. As melhorias continuaram com a

fornalha, que permitiu a habilidade de derreter e forjar o metal (tal como o cobre, 8000 a.C.), e

eventualmente a descoberta das ligas, tais como o bronze (4000 a.C.). Os primeiros usos do ferro e

do aço datam de 1400 a.C. (LUCENA, 2012).

As ferramentas mais sofisticadas incluem desde máquinas simples como a alavanca (300

a.C.), o parafuso (400 a.C.) e a polia, até a maquinaria complexa como o computador, os

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dispositivos de telecomunicações (satélites, fibra óptica2, o motor elétrico, o motor a jato, entre

muitos outros. As ferramentas e máquinas aumentam em complexidade na mesma proporção em

que o conhecimento científico se expande. (LUCENA, 2012).

A humanidade, dá então, entre 10.000 e 5.000 anos a.C., um salto ainda maior; os homens

passam a domesticar os animais e cultivar a terra. Aprendem a moer o grão e dar polimento a seu

machado e enxadas, inventam a cerâmica e o tecido, escavam as primeiras minas. (MURARO,

1969).

Esse momento marca o fim da etapa nômade do homem, que através do cultivo da terra e da

domesticação dos animais, cria novos meios de subsistência, e como destaca Muraro (1969), o

motor desse salto foi a descoberta tecnológica dos métodos de cultivar a terra; a invenção da

agricultura muscular.

Esta etapa só foi superada no início do século XIX, onde se situa a primeira grande

Revolução Industrial. Até então o homem vivia maciçamente do trabalho dos seus músculos

cultivando o solo. A invenção das máquinas veio, num certo sentido, libertar o homem do trabalho

de seus músculos, tendo sido este substituído pelas máquinas. Com a difusão da mecanização em

grande escala e a consequente libertação do homem da terra, as cidades vão crescendo em

importância. O homem passa de figura principal nas relações de trabalho para um mero instrumento

de trabalho que, com as constantes modificações das técnicas no ambiente de trabalho, na busca de

mais produção e menos mão de obras, vem se transformando em objeto que caiu em desuso. Tem

início a civilização urbana, com novas leis psicossociais, novos sistemas econômicos. É a época do

capitalismo liberal nos países ocidentais. Criam-se então os grandes impérios econômicos no

sentido moderno do termo. E para atender a demanda econômica deste imenso sistema, a tecnologia

entra em cena na possibilidade de acrescentar ao capitalismo ainda mais expressão pois, segundo

Josgrilberg (2005) “o sistema capitalista (…) depende destas novas tecnologias para organizar as

transações de mercado financeiro, a cadeias de produção distribuída globalmente, a automação de

diversos setores, entre outras atividades”. Esse fato nos revela o motivo pela qual se dá no século

XX a maior explosão tecnológica que a humanidade já presenciou, afinal, as maiores invenções que

fazem parte do nosso dia-a-dia datam desse século.

Em um século, a humanidade inventou e construiu tecnologias mais do que em todos os

mais de dois milhões de anos de sua existência, o que nos dá a dimensão da relevância de se

2A fibra óptica baseia-se em fenômenos de reflexão total, podendo transmitir grandes quantidades de informação à

velocidade da luz, torna as comunicações mais rápidas, levando a alta velocidade de internet a todos os pontos do país.

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compreender o papel da tecnologia em nossas vidas hoje. A tecnologia, devido a velocidade com

que se renovam e se substituem, vem tomando proporções que o próprio homem não consegue

acompanhar. Quando Granham Bell inventou o telefone em 1876, será que imaginou um aparelho

portátil que lhe possibilitaria, além de encurtar distâncias, saber a previsão do tempo, mandar

informações para o outro lado do mundo em segundos, tirar fotos e compartilhá-las no mesmo

momento da ocorrência dos fatos registrados com uma rede virtual?

Os primeiros computadores surgiram na Inglaterra e nos Estados Unidos em 1945, –

contemporaneamente ao surgimento da televisão em todo mundo. Por muito tempo reservados aos

serviços militares para cálculos científicos, seu uso civil só se disseminou durante os anos 60. A

informática servia aos cálculos científicos, às estatísticas dos Estados e das grandes empresas ou a

tarefas pesadas de gerenciamento (folhas de pagamento, etc.). A virada fundamental, segundo Lévy

(1999), data, provavelmente, dos anos 70.

Nessa época, não podemos nos esquecer de que a internet foi considerada uma das maiores

invenções no final do século XX. Ela é o resultado de uma aventura que começou na década de

1960 e atingiu o grande público só na década de 1990. Foi a World Wide Web (que em português se

traduz literalmente por teia mundial) que possibilitou a sua explosão, levando até ela a multimídia3

e introduzindo o hipertexto4. A internet progrediu porque oferece serviços diferentes e melhores

do que os que são encontrados em outros veículos. Ela combina o extraordinário poder do

computador de processar e armazenar inúmeras informações a baixo custo com a capacidade da

rede telefônica de atingir milhões de pessoas ao redor do mundo. Suas utilizações principais têm

sido o correio eletrônico e a busca da informação. (SANTOS; LOPES; DINIZ).

Segundo Lévy (1999, p.31):

O desenvolvimento e a comercialização do microprocessador (unidade de cálculo aritmético e lógico localizada em um pequeno chip eletrônico) dispararam diversos

processos econômicos e sociais de grande amplitude. Eles abriram uma nova fase

na automação da produção industrial: robótica, linhas de produção flexíveis,

máquinas industriais com controles digitais etc.

Lévy ainda postula que desde então, “a busca sistemática de ganhos de produtividade por

meio de várias formas de uso de aparelhos eletrônicos, computadores e redes de comunicação de

dados aos poucos foi tomando conta do conjunto das atividades econômicas” (1999, p.31).

Segundo Santos (2008), “esta tendência continua em nossos dias. Os anos 80 viram o prenúncio do

3Multimídia é a forma de comunicação com utilização de múltiplos meios: sons, imagens, textos, vídeos, animações. 4Hipertexto é o termo que remete a um texto em formato digital, ao qual agrega-se outros conjuntos de informação na

forma de blocos de textos, palavras, imagens ou sons, cujo acesso se dá através de referências específicas denominadas

hiperlinks, ou simplesmente links.

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horizonte contemporâneo da multimídia. Isso corrobora com o fato de que, em 1977 foi lançado

nos Estados Unidos o primeiro telefone celular”.

A digitalização penetrou primeiro na produção e gravação de músicas, mas os

microprocessadores e as memórias digitais tendiam a tornar-se a infra-estrutura de produção de todo

o domínio da comunicação. Novas formas de mensagens "interativas" apareceram: este decênio viu

a invasão dos videogames, o triunfo da informática.

No final dos anos 80 e início dos anos 90, um novo movimento sociocultural, originado

pelos jovens profissionais das grandes metrópoles e dos campi universitários americanos, tomou

rapidamente uma dimensão mundial. Sem que nenhuma instância dirigisse esse processo, as

diferentes redes de computadores que se formaram desde o final dos anos 70, se juntaram umas às

outras, enquanto o número de pessoas e de computadores conectados à inter-rede começou a crescer

de forma exponencial. Será possível imaginarmos o homem com todos esses avanços, se não

existissem as técnicas? McLuhan, citado por Muraro (1969, p. 32) postula que “toda tecnologia é

extensão de nosso corpo humano ou de alguma de suas partes. As roupas são extensões da pele, os

móveis, casas, o telefone, o rádio, o cinema, a televisão etc., do nosso sistema nervoso central”.

Assim, “todas as coisas inventadas pelo homem, são extensões de seus sentidos ou de suas

faculdades” (MURARO, 1969). Isso nos remete que é impossível pensar o homem sem a

tecnologia, uma vez que essa lhe é intrínseca, e que essas extensões foram essenciais em sua

caminhada evolutiva, o que lhe proporcionou a modificação da natureza em seu favor. E são dessas

extensões de que se valem o sistema vigente de nossa sociedade, que “bombardeiam” nossos

sentidos, de estímulos de tal forma, que aceitamos cada novo invento como sendo parte de nós,

indispensáveis a nossa sobrevivência.

Segundo Lima, Pinto e Laia (2002) com o surgimento da era eletrônica, o homem

desenvolveu nova noção de tempo e espaço: o primeiro torna-se tempo real e o segundo torna-se

cada vez menor entre as pessoas. Surge a assim a chamada sociedade da informação, que prioriza a

informação e a tecnologia, influenciando estilos de vida, padrões de comportamento (lazer,

trabalho, consumo), sistema educacional e mercados de trabalho. O impacto de uma velocidade na

vida cotidiana nunca antes experimentada pela sociedade ao longo da história é observada na

transmissão da informação. As novas tecnologias informacionais, associadas às telecomunicações,

desempenham papel fundamental nesse processo. Essa ênfase causa mudanças na construção da

estrutura social e na concepção do conhecimento. O ambiente em que vivemos torna-se

permanentemente mutável, exigindo uma atualização e um alto grau de complexidade por parte dos

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sujeitos sociais e das organizações. As novas tecnologias da informação, visto que potencializam o

processo de difusão, disseminação e transferência de informações, tornam-se ferramentas

fundamentais nesse processo.

A maior parte das novidades tecnológicas costuma ser primeiramente empregadas na

engenharia, na medicina, na informática e no ramo militar. Com isso, o público doméstico acaba

sendo o último a se beneficiar da alta tecnologia, já que ferramentas complexas requerem uma

manufatura complexa, aumentando drasticamente o preço final do produto.

A tecnologia é de uma forma geral, o encontro entre ciência e engenharia. Sendo um termo

que inclui desde as ferramentas e processos simples, tais como uma colher de madeira e a

fermentação da uva, até as ferramentas e processos mais complexos já criados pelo ser humano, tal

como a Estação Espacial Internacional e a dessalinização da água do mar. Frequentemente, a

tecnologia entra em conflito com algumas preocupações naturais de nossa sociedade, como o

desemprego, a poluição e outras muitas questões ecológicas, filosóficas e sociológicas. (LUCENA,

2012).

Hoje, tudo passa pelas tecnologias: a religião, a indústria, a ciência, a educação, entre outros

campos da atividade humana, estão utilizando intensamente as redes de comunicação, a informação

computadorizada; e a humanidade está marcada pelos desafios políticos, econômicos e sociais

decorrentes das tecnologias. A tecnologia também assume essa relação direta com a vida, gerando

produções que levam o homem a repensar sua própria condição humana.

Contudo, atualmente como o desenvolvimento da ciência e da tecnologia, está havendo

diversas transformações na sociedade contemporânea, estas podem ser percebidas notoriamente

sobre diversas óticas; econômica, política, social e principalmente sobre a ótica das relações

humanas (interpessoais). Sobre essas transformações, em particular, as impactadas nas relações

humanas contemporâneas, será dedicado o próximo capítulo.

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UMA NOVA ERA NAS RELAÇÕES HUMANAS

Estamos no terceiro milênio. E como observamos no capítulo anterior, na era da tecnologia,

do avanço da ciência, do mundo da velocidade as coisas renovam-se constantemente. Com esta

nova era, as relações humanas estão sendo ressignificadas, grandes impactos podem ser notados,

está havendo uma ruptura com as formas tradicionais de trabalharmos, vivermos, nos relacionarmos

uns com os outros e muito mais. Não se pode negar a ruptura com os paradigmas anteriores

relacionados, entre outros, à convivência humana e os valores e princípios envolvidos nas formas de

vinculação. Há um nítido “divisor de águas” entre as gerações que convivem nos últimos cinquenta

anos intercortadas pela revolução eletrônica e da invasão dos aparatos cada vez mais menores, mais

potentes e “mágicos”, que as novas gerações já nem precisam ler manuais, como se esses aparelhos

já nascessem como parte de seus corpos e que a maioria das pessoas com mais de 50 anos não

conseguem se aproximar pela dificuldade de compreender o mundo do bits5.

Este fato é tão real e importante que já há uma classificação contemporânea circulante de

“tipos” de gerações, para aqueles nascidos a partir dos anos 60, após também outro tipo de geração,

identificada como a Geração de Baby Boomers. São tentativas de estabelecer as diferenças na forma

de ser, de se comportar, de se relacionar consigo e com os outros, de ver o mundo e a vida,

diferenças essas nitidamente marcadas pelo cenário do mundo e das influências sócio-históricas que

as constituíram. São, entre outras e as mais importantes para este trabalho, as gerações X, Y, Z e

Alpha. “Apesar de haver variações nas datas propostas pelos diferentes autores, pode-se

considerar que os Baby Boomers são as pessoas nascidas entre 1948 e 1963; a geração X, pessoas

nascidas entre 1964 e 1977; a geração Y aquelas que nasceram entre 1978 e 1994”.

(ENGELMANN, 2009 apud SANTOS, ARIENTE, DINIZ e DOVIGO, 2011).

Segundo esses autores a geração Baby Boomers surge no período pós-segunda guerra

mundial. Ela é formada por pessoas motivadas, otimistas, que consideram o trabalho como algo

importante para sua vida, para ascensão social, segurança e estabilidade. São disciplinadas,

respeitam os outros, são críticas e buscam seus direitos. Participavam de causas sociais.

A geração X foi marcada pelo avanço das inovações tecnológicas, principalmente a

televisão, que favoreceram a aceleração das atividades diárias, várias manifestações e organização

de movimentos revolucionários, como os hippies, estilos diferentes de modo de viver dos jovens,

5Bits (Binary digits) é a menor unidade de informação que pode ser armazenada ou transmitida. Usada na Computação e

na Teoria da Informação.

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mudanças significativas dos valores familiares, estímulo ao consumismo. Lombardia (2008, p.4

apud Santos, 2011, et all) explicita que as pessoas pertinentes a essa geração “são conservadores,

materialistas e possuem aversão a supervisão. Desconfiam de verdades absolutas, são positivistas,

autoconfiantes, cumprem objetivos e não os prazos, além de serem muito criativos”.

Conhecida como geração dos resultados, as pessoas da geração Y:

são consideradas ambiciosas, individualistas, instáveis, todavia, preocupadas com o meio ambiente e com os direitos humanos. Também são identificadas como

esperançosas, decididas, coletivas e com um bom nível de formação, geralmente

agindo sem autorização e desenvolvendo um alto poder e/ou pretensão de consumo. Tendem a fazer várias coisas ao mesmo tempo, gostam de variedade,

desafios e oportunidades. Outra característica marcante das pessoas da geração Y é

que aceita a diversidade, convive muito bem com as diferenças de etnia, sexo,

religião e nacionalidades em seus círculos de relação (LOIOLA, 2009, apud SANTOS, ARIENTE, DINIZ e DOVIGO, 2011).

São reconhecidas pessoas com muita facilidade de acesso às informações e atentas às

situações de injustiças, mas por outro lado, demonstram ser impacientes, folgados, distraídos,

superficiais e insubordinados, só fazendo o que gostam e quando percebem que há algum sentido

ou alguma recompensa. Possuem dificuldades de acatar os limites e adoram fastfoods [refeições

rápidas]. (SANTOS, ARIENTE, DINIZ e DOVIGO, 2011). O domínio da tecnologia tornou-se

fator de sobrevivência. Nenhum novo dispositivo tecnológico é agente de medo ou insegurança.

Para Engelmann (2009, apud Santos, Ariente, Diniz e Dovigo, 2011) “o mundo virtual

motivou a essa geração o desenvolvimento do pensamento sistêmico, com a possibilidade de olhar

para o global e o local, competência esta que é tão importante ao novo mundo de trabalho”.

Esperam e desejam sempre mais, o que os tornam mais livres, flexíveis e criativos, mas traz a

dificuldade decorrente de se manterem vinculados por muito tempo a uma mesma situação.

Além dessas gerações, encontramos outra divisão que nomeia a geração nascida entre os

anos 2000 e 2009 de geração Z, formada de indivíduos preocupados, cada vez mais com a

conectividade com os demais indivíduos de forma permanente, facilitada pelos dispositivos móveis.

A convivência grupal se dá no plano virtual. É a geração que produz seu espaço pessoal com sua

Tv, seu celular, seu aparelho de som, seu vídeo game. Os nascidos após 2010 já são chamados de

geração Alpha, cuja previsão é de que serão pessoas caracterizadas pela instrução e educação, uma

vez que nenhuma outra geração teve tanto acesso ao conhecimento humano e na atual velocidade

com essa nova geração que se constitui.

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Independentemente dessa classificação, o que se observa é de fato uma mudança de

paradigmas sem retorno no modo de vida contemporâneo. As mudanças na maneira de se relacionar

chama a atenção e tem sido objeto de estudos.

Como vimos, a revolução da eletrônica invade todos os campos da atividade humana. Os

inventos da era industrial, como o cinema, o impresso, o rádio, mesmo tendo incidência sobre os

processos internos de produção e pela aculturação de alguns setores dominantes, não foram

responsáveis por mudanças tão violentas como as que a eletrônica vem assumindo no momento

atual.

Atualmente, falarmos em tecnologia e relações humanas implica em discutirmos também a

questão da interação, portanto, segundo Almeida (2003) as relações humanas se desenvolvem a

partir do momento em que existe interação. Interagir faz os indivíduos reconhecerem alguém/algo

diferente de si mesmos (um agente) na construção dos significados que explicam a realidade. Como

se dá a interação mediada pelos aparatos eletrônicos tão avançados e rapidamente substituídos por

outros mais potentes e com mais opções de manejo da realidade num só aparelho?

Cabe ressalvar, que a tecnologia em si não produz nem o bem nem o mal, pois segundo

Muraro, “a tecnologia, motor do progresso do ser humano, motor (…) da própria transformação do

ser humano, é neutra em si”. (MURARO, 1969).

Dessa forma, o que define a importância das tecnologias é a significação que damos a elas, o

que explica porque as nossas relações sociais estão cada vez mais sendo influenciadas pela internet,

pelo aparelho de telefone celular, pela televisão digital. Esses recursos ao mesmo tempo no

oferecem um mundo de possibilidades ao nosso favor, como também nos oferecem relações e

resolução de questões , cada vez mais, rápidas. Através da internet, por exemplo, podemos nos

comunicar em tempo real com pessoas de todas as partes do planeta, encurtando distâncias, mas

também tem sido a única forma de diálogo entre muitas famílias. O telefone celular possibilita-nos

todas as comodidades imagináveis como presenciamos hoje na era “3G” com aparelhos cada vez

mais modernos, com mais recursos, porém, somos totalmente dependentes desses aparelhos e

quando não estamos com eles, parece que nos falta um pedaço de nós mesmos.

A televisão digital vem com uma infinidade de recursos em tempo real, que nos proporciona

uma forma nova de entretenimento, uma total interação com a máquina, mas que tem prendido a

atenção das crianças que passam mais tempo em frente da televisão do que estudando. Este

poderoso meio de comunicação, que antigamente agregava a família em torno de um programa

comum, e que agora com a facilidade de acesso há uma em cada espaço individual, traz outro

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recurso de maior impacto, que são as telenovelas, com suas encenações virtuais não muito distantes

de nossa realidade, pois tratam em seu conteúdo, episódios do cotidiano das pessoas, porém, torna-

se um importante veículo de difusão dos interesses do mercado do consumo, afinal, quem não quer

ter a mansão, a fama, a família, o emprego encenados da novela? Quem não gostaria de ter o

mesmo “carrão” daquele tal personagem? “Interagindo com os outros meios de comunicação, a

televisão traz a tona um plano emocional de existência que reúne os membros da sociedade numa

espécie de macro contexto flutuante, sem memória e de rápida evolução” (LÉVY, 1999).

Outra face do impacto da televisão em nossa vida são os realit-shows, dentre eles o Big

Brother Brasil que há tantos anos faz sucesso entre os brasileiros que se maravilham com a

possibilidade de “espiar” o cotidiano das pessoas, confinadas em seus próprios egos, mostrando-nos

o quanto buscamos ser reconhecidos socialmente pelas pessoas e quanto necessitamos estar

inseridos no padrão ideal de beleza. Temos relações que transitam do estado físico, do contato e que

são imprescindíveis na manutenção da sociedade coletiva, para relações cada vez mais virtuais,

superficiais, sendo embaladas pelas comunidades virtuais advindas da internet, como os sites de

relacionamento (Facebook, MSN, salas de bate-papo, etc.). Neste campo do relacionamento, as

relações se apresentam como superficiais, por ser o espaço em que cada um pode ser o que de fato

não é na realidade. Isso contribui para outra significação, por exemplo, das relações amorosas, haja

vista os inúmeros sites onde é possível encontrarmos nossa “cara-metade”, e com esse espaço em

ascensão, as pessoas estão transportando essa conduta para suas relações físicas, o que pode

explicar porque os relacionamentos estão cada vez menos duradouros.

Vemos as relações, marido e mulher, pais e filhos, patrões, empregados, se fragilizarem,

muitas vezes por causa do impacto que as tecnologias têm nessas relações.

A significação que damos a essas novas tecnologias tem uma repercussão nunca vista em

toda humanidade, determinam as nossas relações com o outro e com nós mesmos, pois elas são a

origem e o fruto de uma globalização massificante, e com nossa permissão, invadem as nossas casas

e nos obrigam a consumir, a pensar, a agir como ela quer. Cabe salientar, que o impacto de que

tratamos neste trabalho não é apenas apontar e demarcar seus aspectos negativos, exemplo disto é o

papel relevante que a tecnologia tem em nossas eleições, através das urnas eletrônicas, que fazem

do nosso país um modelo de seriedade e confiabilidade na apuração dos votos, um aliado

indispensável à democracia, na medicina a serviço da salvação e da melhoria da qualidade de vida;

nas nossas formas e velocidade de deslocamento a lugares que de outra forma seria impossível de

acessar, entre tantas outras questões do nosso cotidiano.

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A questão que se põe é como a revolução tecnológica contemporânea tem contribuído para a

constituição de novas formações e manifestações de subjetividades6 decorrentes.

Com o advento da internet e, principalmente, a partir de 2004 com a expansão do uso das

redes sociais, o indivíduo ganhou inúmeras possibilidades de adquirir conhecimentos que

influenciam na formação de si mesmo, bem como possibilidades de construir uma nova identidade.

A formação da nova subjetividade aparece como produto desses novos mecanismos de

interação com o exterior. Essa interação virtual, assim como a real, traz consequências positivas e

negativas.

Não podemos falar da sociedade contemporânea, sem nos referirmos ao culto ao

individualismo, marca significante do sistema vigente, onde devemos, a qualquer preço, atingir a

total autonomia pessoal, sermos bem-sucedidos, alimentando assim o nosso narcisismo. “Esse é o

cerne das relações interpessoais da contemporaneidade, onde cada um vê no outro o seu

adversário direto na busca pelo topo, pelo tão sonhado “lugar ao sol”, afogando o outro nas águas

inóspitas de nosso ego”. (SANTOS, 2009). E em função desta constante pressão que carregamos

conosco, dia após dia, surgem as principais doenças que atacam cada vez mais os brasileiros, como

a síndrome da pressa, uma doença psicológica causada principalmente pelo ritmo frenético em que

a sociedade moderna se submete nas zonas urbanas e no trabalho. Ataca pessoas que só sabem agir

sob pressão - real ou imaginária - para resolver tudo o mais rápido possível. Neste caso, o

organismo reage a estímulos ambientais, como as pressões do trabalho ou uma doença em família.

(SANTOS, 2009). Podemos acrescentar a depressão, os transtornos alimentares, como a anorexia,

decorrentes da disseminação de padrões inalcançáveis de beleza, a corrida à cirurgias plásticas, na

maioria das vezes dispensável.

O homem moderno tem incluído a alta tecnologia na sua vida cotidiana, o que faz com que

ele se isole cada vez mais, refletindo no seu convívio social. Com o advento dos computadores que

interligam todos os lugares não há separação da casa e do trabalho, as pessoas não precisam morar

nas grandes cidades para se manterem informadas, isso é facilmente conseguido com as novas

tecnologias.

A revolução digital, mais especificamente com a chegada da internet trouxe para as pessoas

o que as grandes cidades já não oferecem mais, tais como: segurança, uma vez os índices de

6Subjetividade é entendida como o espaço íntimo do indivíduo (mundo interno) com o qual ele se relaciona com o

mundo social (mundo externo), resultando tanto em marcas singulares na formação do indivíduo quanto na construção

de crenças e valores compartilhados na dimensão cultural que vão constituir a experiência histórica e coletiva dos

grupos e populações. (Silva, 2008).

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violência nas grandes cidades cresceu muito nos últimos anos; lazer sem gastar muito, hoje em dia o

lazer além de ser influenciado pelos índices de violências encontra-se cada vez mais caro; conforto,

pois sem sair de casa temos acesso a quase todos os locais do mundo na tela do computador.

Por outro lado, temos o impacto negativo, as pessoas deixam de ter um convívio social,

como por exemplo, a relações afetivas.

As redes planetárias de comunicações (ciberespaço) em tempo real têm contribuído para o

surgimento de uma sociedade estruturada através da conectividade generalizada, preocupando-se

apenas com o presente vivido coletivamente.

Outro tipo de sociedade que aparece é a sociedade da informação, esse surgimento se deve

ao fato da explosão do desenvolvimento das tecnologias de comunicação e informação. Essa

sociedade é formada por um público altamente culto e educado que tem acesso ao conhecimento.

Hoje em dia a informação se tornou vital nas vidas das pessoas, fazendo com que o poder

econômico e político fiquem nas mãos de quem detém essa informação.

As novas tecnologias podem causar muitos impactos na família dentre eles pode-se destacar

a ameaça de valores, onde o computador, em muitos casos, suprime o do convívio em família. A

internet, possui muitas informações ruins, às quais muitas vezes as crianças têm acesso.

A informática vem se tornando tão presente na vida e no cotidiano das pessoas, que as

mesmas não percebem o vínculo de dependência com a tecnologia e não percebem que sua

privacidade pode ser facilmente invadida.

A informática também é utilizada por setores de organizações empresarias responsáveis pela

seleção, contratação e controle de pessoal. Esses órgãos acumulam uma significativa quantidade de

informações funcionais dos indivíduos, incluindo suas opções religiosas, política partidária e, às

vezes, até sua orientação sexual.

A elaboração de um sistema de informações integrado pode permitir acompanhar o

indivíduo do nascimento à morte. Ao nascer a criança é cadastrada no cartório de registro civil,

grande quantidade de informações são coletadas pelas redes de ensino, ao atingir certa idade o

indivíduo vê-se “obrigado” a possuir documentos como: carteira de identidade, carteira de

motorista, documento de serviço militar além de ter que se registrar na receita federal. Ao falecer, é

extraído o atestado de óbito.

O homem acaba adquirindo muitas tecnologias para facilitar e agilizar sua vida, tendo como

principal objetivo adquirir mais tempo pra ficar com a família. Entretanto, acontece o contrário: ele

acaba adquirindo mais tempo para o trabalho.

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O homem moderno tem incluído em seu cotidiano uma série de hábitos recheados de alta

tecnologia, que o empurra cada vez mais para o isolamento, refletindo em seu convívio social,

transformando toda a sociedade. Por causa disso e do computador que nos interliga a todos os

lugares, não há mais separação da casa e do trabalho, com isso temos o contrafluxo da urbanização

– ninguém precisa viver nas grandes metrópoles para manter-se informado, pois faz isso facilmente

com as novas tecnologias.

Com a vida digital a urgência de contato pessoal está cada vez mais em segundo plano. Com

a entrada do computador na vida acadêmica, por exemplo, alunos que trocavam experiências sobre

suas disciplinas passaram a discutir só sobre programas de computador. As visitas feitas em museus

de arte, espetáculos e cinemas caíram drasticamente.

Os avanços tecnológicos proporcionaram grandes mudanças nas diversas áreas da cultura,

como no cinema, no teatro, na música ou na literatura. Podemos perceber claramente os efeitos

desses avanços nos filmes, por exemplo.

As ferramentas da informática proporcionaram uma maior liberdade para os autores

possibilitando que seu imaginário pudesse ser reproduzido de maneira nunca vista antes. Nesse

contexto, obras consagradas da literatura que se utilizavam de fantasias que até então só podiam ser

visualizadas em nossas mentes, ganham vida nas telas do cinema através dos impressionantes

efeitos especiais presentes hoje nas grandes produções. Há aqueles que acham que muitos filmes

possuem apenas tecnologia e não têm conteúdo. Mas percebe-se que um bom conteúdo fica ainda

melhor quando a tecnologia é bem aplicada e quando ela é uma ferramenta para o conteúdo e não o

centro das atenções.

A música é outro campo com grandes mudanças devido aos impactos da informática. Antes

poucas pessoas conseguiam gravar suas músicas e quando conseguiam levavam um enorme tempo

para que elas fossem ouvidas por muitas pessoas. Hoje há uma grande facilidade para se gravar

músicas, gerando muito lixo musical, é verdade, mas também dando oportunidade a bons cantores

de divulgar suas músicas. Com as facilidades das tecnologias da informação o tempo de uma

música ser gravada até estar na “boca do povo” foi drasticamente diminuído.

O texto escrito, com os dispositivos técnicos de impressão, ganhou em quantidade e em

qualidade gráfica. Nunca se publicou tanto no mundo como nas últimas décadas. A realidade

cotidiana tem posto por terra as visões alarmistas que a cada invento preconizaram o fim de uma

modalidade anterior de informação e de comunicação. Muito se lê hoje em dispositivos virtuais,

mas ainda há espaço para os livros impressos.

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As novas tecnologias afetam também as formas de entretenimento e socialização. Pode-se

hoje formar grupos de amigos online com hora marcada para se encontrarem virtualmente em

determinado local (os chamados chats). A distância parece oferecer aos “amigos virtuais” uma

segurança que um encontro pessoal não permitiria. São comuns relatos em que a relação virtual

torna-se impossível quando tornada real. Assistimos também à emergência de temas existenciais

como o tédio, o vazio e a solidão na sociedade pós-moderna, que podem estar relacionados com a

convivência na realidade virtual. (TAYLOR apud LIMA, 2002).

Lasch (1979, apud Lima, 2002) argumenta que:

seria a um desprendimento emocional que os indivíduos cada vez mais aspirariam,

em razão dos riscos de instabilidade que as relações pessoais conhecem em nossos

dias. Ter relações interindividuais sem ligação profunda, não se sentir vulnerável, desenvolver sua independência afetiva, viver sozinho, tal seria o perfil do narciso.

Na mesma linha de pensamento, Lipovetsky (1983, p.73) afirma que quanto mais se

desenvolve a possibilidade de encontros virtuais entre as pessoas, via tecnologias informacionais,

mais solitárias elas se sentem: “Por toda a parte encontramos a solidão, o vazio, a dificuldade de

sentir, de ser transportado para fora se si”. O autor define a “era” pós-moderna como a “era do

vazio”, na qual as pessoas se envolvem em encontros e discursos virtuais, construídos sobre uma

realidade esvaziada de sentido.

Sobre as relações virtuais Bauman (2003, apud Costa et al., 2005) aponta que estas “...

estabelecem o padrão que orienta todos os outros relacionamentos”. Ou seja, admite que, de seu

ponto de vista, as relações virtuais servem de modelo para os relacionamentos “reais” da era pós-

moderna.

Antes de tudo, são relações, entre pessoas que não se conhecem fisicamente, travadas e

mantidas por meio das redes digitais de telecomunicação interativa. (COSTA et al., 2005).

Bauman (2003) vê os relacionamentos “reais” modernos como “sólidos”, “profundos” e

“autênticos”. Segundo Costa (2005) por oposição, os relacionamentos virtuais – que, vale lembrar,

orientam os relacionamentos “reais” pós-modernos – são “descartáveis”, “frágeis”, “superficiais” e

“pouco autênticos”. Ainda a partir de sua ótica, os relacionamentos “reais” da modernidade eram

cimentados por diferentes tipos de solidariedade que estão ausentes tanto nos relacionamentos

virtuais quanto nos relacionamentos “reais” pós-modernos. Nas palavras de Bauman (2003):

Diferentemente dos ‘relacionamentos reais’ [leia-se modernos], é fácil entrar e sair dos ‘relacionamentos virtuais’. Em comparação com a ‘coisa autêntica’, pesada,

lenta e confusa, eles parecem inteligentes e limpos, fáceis de usar, compreender e

manusear. (...) ‘Sempre se pode apertar a tecla de deletar’.

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Segundo Costa (2005) “um outro resultado é frequentemente apontado por diversos

pesquisadores: o de que os relacionamentos virtuais são complemento para os “reais” e não

substituto para estes”.

Para Ayala (1979, apud Kreis, 2007), as pessoas, atualmente, vivem agrupadas em uma

sociedade, no entanto, não se comunicam entre si, o que acaba por transportá-las a uma imensa

solidão.

O exato sentido do que deveria ser a palavra “relações humanas”, foi completamente

destruído na era da virtualidade e precisa de uma nova e urgente definição porque o que era não é

mais!

Com namoro, encontro, descrição nem sempre verdadeiras e muitas mentiras virtuais são

feitas transmitidas pela internet em salas de bate-papo e outras formas, as “relações humanas”

precisam ganhar um novo sentido porque tudo o que se compreendia sobre o tema desapareceu

quase que completamente nos dias de hoje.

Estão desaparecendo o olho-no-olho, o cara-a-cara e os bate-papos com proximidade.

Estamos criando nova geração “conectada” e “internetizada”, mas carente de amor, carinho,

respeito, cidadania, obrigação e confiança em si mesmo como no passado. Pessoas se escondendo

por atrás de uma tela de computador, e dizendo o que querem, bobagens que desejam, usando a

linguagem que acham ser a mais correta e sendo reprovadas em exames, testes de emprego,

concursos e vestibulares para ingresso em cursos superiores são hoje uma realidade. Atualmente,

praticamente tudo é feito, produzido, veiculado virtualmente. E nessa era muitas mentiras são

difundidas também!

Os jovens, adolescentes e crianças não possuem poucas alternativas de sociabilidade; não se

relacionam mais, apenas trocam e-mails, não conversam mais, somente mandam MSN e torpedos;

não escrevem de forma correta mais e, por isso, também não falam, porque uma nova linguagem

virtual está surgindo e precisa ser decifrada e explicada, muitas vezes.

É a linguagem cibernética que está invadindo lares, mudando comportamentos, atitudes e

fragilizando cada vem mais as relações interpessoais na sociedade humana! Se de um lado, isso

pode ser encarado como modernidade, por outro lado pode ser considerado um grande atraso na

sociabilidade dos jovens e adolescentes que passam a viver isolados, presos dentro de seus

apartamentos e perdem completamente o salutar convívio social que existia antes da era da internet.

As relações humanas não são mais primordiais para o desenvolvimento individual e

intelectual de cada ser humano, pois os laços “internetizados” dificilmente constituem valores

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essenciais da sociedade atualmente existente. Uma nova sociedade está sendo construída sobre as

bases do individualismo, solidão e sem emoções verdadeiras ou inter-relações pessoais.

Para que possamos ter uma boa qualidade de vida em sociedade é imprescindível que

procuremos garantir relações saudáveis.

Parece-nos que o grande desafio é constituir uma sociedade viável do ponto de vista da

possibilidade de se assegurar nossas necessidades afetivas de convívio e complementação humana

permeada e intercortada pela tecnologia produzida por nós mesmos de forma dialética com o

mundo.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Se a tecnologia é parte determinante e ao mesmo temo tempo criação de nossa condição

humana, qual o sentido que atribuímos à essa tecnologia em nossa vida e como nos enxergamos

enquanto seres humanos a partir dela?

Um dos principais desafios da psicologia no século XXI é o de proporcionar ao homem, a

reflexão de qual é o seu papel diante desta sociedade tecnológica, na perspectiva de construirmos

um futuro diferente do que hoje pressupomos ter, diante da constante relativização do homem frente

à tecnologia, para que juntos, homem e máquina, possamos acabar com a disparidade de uma

sociedade tão desumana.

O conceito de relações humanas transformou, na era da internet um novo conceito terá que

ser criado ou acrescentado porque os vínculos hierárquicos tendem a desaparecer entre as pessoas; a

comunicação está diferente, a visualização já não é mesma, a linguística está desaparecendo...

enfim, nada está igual como já fora no passado, não muito longínquo. O paradigma estabelecido

como valores envolvidos nas relações humanas estão sendo substituídos.

É preciso que o psicólogo entenda todo este contexto em que estamos inseridos, para

compreender o quanto somos determinados pela significação dessas tecnologias e com que grau

isso afeta cada um e todos ao mesmo tempo.

Desse modo, é preciso repensar um pouco mais sobre as conquistas tecnológicas invadindo a

vida social das pessoas, talvez o fato de tornar o computador mais secundário em suas atividades

faça o indivíduo menos dependente dessa máquina conquistando novamente os contatos sociais

reais e mais produtivos para cada pessoa.

A crescente aceleração tecnológica contribui para o afastamento das relações humanas.

Como vimos anteriormente, é a tv, o celular e a internet que substituem gradativamente o encontro

entre as pessoas. As relações esfriaram e há famílias que no próprio ambiente do lar, se comunicam

através do bate-papo virtual ou do celular. Cada membro cria seu ciberespaço e nele projeta um

mundo irreal, onde a comunicação entre familiares, vizinhos e amigos torna-se fria e distante.

Notamos uma necessidade de rever conceitos e resgatar valores, abrir a “janela da alma” e

voltar a apreciar as coisas belas, concretas, com cheiros, sabores ao vivo e a cores, que a vida

oferece, como um passeio pelo parque, uma conversa entre amigos, uma visita a um familiar

distante ou até mesmo aquele que está perto de nós e que há muito tempo não vemos. Cabe aqui,

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destacarmos a importância de ficarmos atentos aos bons momentos que perdemos ao fechar a porta

do nosso quarto e convivermos com a máquina.

Por fim, é preciso buscarmos relações de afeto e de proximidade com o ser humano. Poucas

coisas substituiem, e são tão importantes e tão saudáveis como o toque, o calor humano e o abraço.

É preciso nos questionarmos e aprofundarmos estudos sobre as subjetividades constituídas na era do

mundo digital. Qual o impacto sobre a organização social futura?

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