A construção do espaço geográfico no Brasil

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    Captulo 3Captulo 3

    A construo de espaosA construo de espaosgeogrficos no Brasilgeogrficos no Brasil

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    Espao geogrfico eEspao geogrfico e

    economia colonialeconomia colonialEspao geogrfico ou espaoEspao geogrfico ou espaohumanizadohumanizado

    OO espao naturalnatural aqueleaquele queque atat entoentotinhatinha sofridosofrido poucapouca ouou nenhumanenhumaintervenointerveno ouou aoao humanahumana..

    OO espaoespao geogrficogeogrfico ouou espaoespaohumanizadohumanizado soso aquelesaqueles modificadosmodificadospelaspelas sociedadessociedades humanashumanas..

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    ComCom aa chegadachegada dosdos nono--indgenasindgenas ooespaoespao naturalnatural comeoucomeou aa ser sermodificado,modificado, considerandoconsiderando queque oo ndiondiopoucopouco modificavamodificava oo espaoespao..

    EntoEnto aoao longolongo dede geraesgeraes asas pessoaspessoasqueque aquiaqui chegaramchegaram produziramproduziram umumespaoespao geogrficogeogrfico..

    OO espaoespao geogrficogeogrfico umum produtoprodutohistricohistrico--socialsocial..

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    Qual perodo abrange aQual perodo abrange a

    economia colonial?economia colonial? Podemos considerarconsiderar doisdois perodosperodos::

    1)1) PerodoPerodo emem queque oo BrasilBrasil eraera colniacolnia dedePortugalPortugal dede 15321532 (incio(incio dadacolonizao)colonizao) aa 18221822 (quando(quando declaroudeclarousuasua independncia)independncia)

    2)2) PerodoPerodo entreentre 15321532 ee 18881888 (quando(quando foifoiassinadaassinada aa LeiLei urea, urea, queque proibiuproibiu aaescravido)escravido)

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    Podemos chamar dePodemos chamar de

    economia colonial pelaseconomia colonial pelasseguintes razes:seguintes razes:

    AA independnciaindependncia emem 18221822 nono provocouprovocou

    mudanasmudanas significativassignificativas nana sociedadesociedade ououeconomia,economia, continuoucontinuou aa produzirproduzir produtosprodutosprimriosprimrios:: caf,caf, acar,acar, madeira,madeira, tabacotabaco..

    FoiFoi mantidamantida aa escravidoescravido atat 18881888,, ooBrasilBrasil foifoi oo ltimoltimo paspas dada AmricaAmrica LatinaLatinaaa libertarlibertar seusseus escravosescravos..

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    Com base nas relaes deCom base nas relaes de

    trabalho podemos dividir atrabalho podemos dividir a

    economia brasileira emeconomia brasileira em

    dois perodos:dois perodos:

    PerodoPerodo colonialcolonial ((15321532 18221822),),caracterizadocaracterizado pelopelo trabalhotrabalho escravoescravo..

    PerodoPerodo dede economiaeconomia exportadoraexportadora

    tambmtambm chamadachamada dede economiaeconomiaexportadoraexportadora capitalistacapitalista ((18881888 aa 19301930),),quandoquando oo BrasilBrasil adotaadota oo sistemasistemacapitalistacapitalista..

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    AmbasAmbas possuampossuam umauma caractersticacaractersticacomum,comum, tinhamtinham suassuas economiaseconomiasextrovertidas,extrovertidas, istoisto ,, aa produoproduo eraeravoltadavoltada parapara asas necessidadesnecessidades dodomercadomercado externo,externo, exportaoexportao..

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    A construo de espaosA construo de espaos

    geogrficos nas economiasgeogrficos nas economias

    colonial e primriocolonial e primrio--exportadoraexportadoraSoSo VicenteVicente foifoi oo primeiroprimeiro povoamentopovoamentopermanentepermanente ondeonde foifoi introduzidointroduzido oo cultivocultivo

    dede canacana--dede--acar,acar, masmas foifoi realmenterealmente nononordestenordeste queque aa atividadeatividade prosperouprosperou devidodevido::

    proximidadeproximidade dada EuropaEuropa queque facilitavafacilitava oo

    transportetransporte..fatoresfatores naturaisnaturais:: solosolo dede massap,massap, climaclimalitorneolitorneo midomido..

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    ComCom aa utilizaoutilizao dede momo--dede--obraobra escravaescrava

    osos portuguesesportugueses desmataramdesmataram parteparte dada matamatanana zonazona litornealitornea ee aliali plantaramplantaram mudasmudas dedecanacana--dede--acaracar trazidastrazidas dede CaboCabo VerdeVerde..

    ConstruramConstruram engenhosengenhos parapara moermoer aa canacana eefabricarfabricar oo acar,acar, emem seguidaseguida tambmtambmconstruramconstruram:: aa casacasa dodo senhorsenhor dodoengenho,engenho, aa senzala,senzala, aa capelacapela ee caminhoscaminhos

    parapara transportartransportar oo acaracar atat oo litorallitoral eeinstalaesinstalaes porturiasporturias..

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    Os espaos geogrficosOs espaos geogrficos

    construdosconstrudosOO espaoespao dada agroindstriaagroindstria dada canacana--dede--acaracar::

    DuranteDurante oo sculosculo XVIXVI ee XVII,XVII, parteparte dada ZonaZonadada MataMata foifoi ocupadaocupada porpor plantaesplantaes dedecanacana--dede--acaracar..

    DaDa florestafloresta amaznicaamaznica foramforam extradasextradas asasdrogasdrogas dodo sertoserto:: castanha,castanha, cacau,cacau, canelacanelaee salsaparrilhasalsaparrilha..

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    OO espaoespao dada culturacultura dodo tabacotabaco::DesenvolveuDesenvolveu--sese nana ZonaZona dada MataMata aoao redorredordede Salvador,Salvador, almalm dede exportadoexportado ee tambmtambm foifoiutilizadoutilizado comocomo moedamoeda dede trocatroca nono comrciocomrciodede escravoescravo..

    OsOs espaosespaos dada criaocriao dede gadogado (pecuria)(pecuria)::AA criaocriao dede gadogado comeoucomeou pelapela ZonaZona dadaMataMata ee sese interiorizouinteriorizou pelospelos riosrios SoSoFranciscoFrancisco ee Parnaba,Parnaba, tambmtambm sese estendeuestendeu

    parapara estadosestados dada regioregio sulsul..DeuDeu origemorigem aa vriasvrias cidadescidades:: CurraisCurrais Novos,Novos,Oeiras,Oeiras, Osrio,Osrio, Pelotas,Pelotas, Charqueada,Charqueada, etcetc..

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    Os caminhos das tropas:Os caminhos das tropas:OsOs tropeiros,tropeiros, condutorescondutores dede cavaloscavalos quequelevavamlevavam aa carnecarne secaseca parapara reasreas dedeminerao,minerao, criaramcriaram osos pousospousos queque viraramviraramcidades,cidades, Sorocaba,Sorocaba, Franca,Franca, CampoCampo Largo,Largo,C

    asaC

    asa Branca,Branca, etcetc..O espao da Minerao:O espao da Minerao:AA exploraoexplorao dede ouroouro ee pedraspedras preciosaspreciosasnosnos estadosestados dede MinasMinas Gerais,Gerais, GoisGois eeMatoMato Grosso,Grosso, transformaramtransformaram osos arraiaisarraiaisemem cidadescidades:: OuroOuro Preto,Preto, Sabar,Sabar, RioRioVerde,Verde, etcetc..

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    Espao da cafeicultura:Espao da cafeicultura:SeSe expandiuexpandiu dodo RioRio dede JaneiroJaneiro parapara oointeriorinterior dede SoSo PauloPaulo pelopelo ValeVale dodoParnaba,Parnaba, parapara aa ZonaZona dada MataMata MineiraMineira eeposteriormenteposteriormente parapara outrosoutros estados,estados,

    EspritoEspritoS

    anto,S

    anto,P

    aran,P

    aran, MatoMato GrossoGrosso eeRondniaRondnia..O espao da borrachaO espao da borrachaConcentrouConcentrou--se na Floresta Amaznica. Dose na Floresta Amaznica. Doltex se obtm a borracha. Possibilitou umltex se obtm a borracha. Possibilitou ummaior povoamento dessa regio.maior povoamento dessa regio.

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    Diviso Oficial do BrasilDiviso Oficial do Brasil

    (IBGE)(IBGE)

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    Complexos regionaisComplexos regionais

    ou regiesou regies

    geoeconmicasgeoeconmicas

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    A atual organizaoA atual organizao

    espacial do Brasilespacial do BrasilA diviso em regies apresentaA diviso em regies apresentadesigualdades ou disparidades regionaisdesigualdades ou disparidades regionais

    SudesteSudeste aa regioregio maismais urbanizada,urbanizada,industrializada,industrializada, povoadapovoada ((4343%%),), rica,rica,desenvolvida,desenvolvida, ondeonde sese localizamlocalizam asas duasduas

    metrpolesmetrpoles globaisglobais dodo BrasilBrasil..

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    AA regioregio SulSul aa regioregio desenvolvidadesenvolvida

    economicamente,economicamente, possuipossui muitasmuitas indstriasindstriasee umauma agropecuriaagropecuria moderna,moderna, marcadamarcadapelopelo climaclima subtropicalsubtropical ee asas quatroquatro estaesestaesbembem definidasdefinidas..

    AA regioregio NordesteNordeste foifoi aa primeiraprimeira aa serserexploradaexplorada economicamente,economicamente, chamadachamada dederegioregio--problema,problema, marcadamarcada pelapela seca,seca, ee

    forneceuforneceu umum grandegrande nmeronmero dede imigrantesimigrantesparapara asas outrasoutras regiesregies..

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    A regio CentroA regio Centro--Oeste marcada pelaOeste marcada pelaagropecuria modernizada e onde estagropecuria modernizada e onde estlocalizado o centro polticolocalizado o centro poltico--administrativoadministrativodo pas.do pas.

    A regio Norte marcada pela presenaA regio Norte marcada pela presenada Floresta Amaznica, que est sendoda Floresta Amaznica, que est sendointensamente desmatada, possui aintensamente desmatada, possui a

    densidade demogrfica mais baixa dasdensidade demogrfica mais baixa dasregies.regies.

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    Regio Nordeste (I): aRegio Nordeste (I): a

    construo de espaosconstruo de espaos

    geogrficosgeogrficosA regio geoeconmica do Nordestebrasileiro compreende uma rea que vai da

    parte leste do Maranho at o norte deMinas Gerais, incluindo Piau, Cear, RioGrande do Norte, Paraba, Pernambuco,Alagoas, Sergipe e Bahia. Nessa grande

    regio, que abrange quase 20% doterritrio nacional, vivem cerca de 25% doshabitantes do Brasil.

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    Os motores de produoOs motores de produo

    dos espaos geogrficosdos espaos geogrficos

    (sc. XVI ao XX)(sc. XVI ao XX)

    Cinco foram as atividades que produziramo espao geogrfico durante as economias

    colonial e primrio-exportadora: aagroindstria da cana-de-acar, apecuria, as culturas de tabaco, algodo e

    cacau. O que provocou uma divisoterritorial da produo, influenciados pelacaractersticas naturais.

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    As zonas naturais doAs zonas naturais do

    NordesteNordeste

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    A Zona da Mata a principal sub-regionordestina: a mais povoada, a mais

    industrializada e a mais urbanizada.Compreende a rea litornea que vai do RioGrande do Norte at a Bahia. Na direo leste-oeste, a Zona da Mata uma estreita faixa de

    terras que vai do litoral oriental at o Planalto daBorborema.

    O clima litorneo mido , o relevo formadopor plancies, planaltos e depresses. A MataAtlntica foi quase completamente destruda,existindo hoje menos de 10% da vegetaooriginal.

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    Podemos dividir a Zona da Mata

    nordestina em trs partes distintas: Zona

    da Mata aucareira, Recncavo Baiano e

    Sul da Bahia.

    A Zona da Mata Aucareira vai do Rio Grande do Norteat parte norte da Bahia, onde predominava as grandespropriedades agrcolas os latifndios -, que comumentepraticam a monocultura aucareira, com a mo-de-obraescrava. O cultivo da cana-de-acar, voltado fabricao do acar para exportao.O cultivo da cana foi a primeira atividade econmicarealmente importante do pas. Depois do apogeu, quedurou do sculo XVI ao XVIII, a monocultura aucareira

    da Zona da Mata entrou em decadncia a partir dosculo XIX, isso se deve a grande produo de acarem outras partes do pas, especialmente em So Paulo,e tambm a grande oferta do produto no mercadointernacional.

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    O Recncavo Baiano est situado ao redor dacidade de Salvador, destaca-se pela extrao do

    petrleo e pelas indstrias, especialmente aspetroqumicas j tendo produzido cerca de 80%do petrleo nacional. Atualmente, em virtude dedescobertas e exploraes feitas em outrasreas (principalmente na Bacia de Campos RJ)

    o Recncavo contribui com cerca de 35% dototal produzido no pas. Ocorreu a uma razovelindustrializao nos anos de 1970 e 1980 comindstrias petroqumicas, mecnicas, qumicas eat automobilsticas - , o que fez do Recncavo

    hoje a principal rea industrial do Nordeste. OPlo Petroqumico de Camaari, ao norte deSalvador, uma moderna rea industrial.

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    Sul da Bahia ou Zona do Cacau

    rea com centro nas cidades de Ilhus e Itabuna, o Sulda Bahia voltado essencialmente para o cultivo docacau, importante produto de exportao. Essa rea jfoi bem mais rica no passado e sofreu um esvaziamentoeconmico nas ultimas dcadas por causa da queda do

    preo internacional do cacau, uma planta originria dafloresta amaznica que se desenvolve melhor sombrade outras rvores maiores ( cultivo sombreado). Asplantaes de cacau do sul da Bahia foram atacadaspela praga vassoura-de-bruxa.

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    Espao geogrfico da ZonaEspao geogrfico da Zona

    da Mata na atualidadeda Mata na atualidade Recncavo Baiano: plo petroqumico deCamaari.

    S

    alvador: terceira maior capital do pas empopulao. Recife: diversidade industrial (mecnica,

    borracha, papel, cimento, txtil, alimentos eoutras.

    Fortaleza: centro industrial em expanso txtil,alimentar, calados, confeces e outras.

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    O Nordeste Brasileiro

    A regio geoeconmica do Nordeste brasileiro compreende uma rea que vai d

    parte leste do Maranho at o norte de Minas Gerais, incluindo Piau, Cear, Ri

    Grande do Norte, Paraba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia. Nessa grandregio, que abrange quase 20% do territrio nacional, vivem cercade 25% do

    habitantes do Brasil.

    O Nordeste constitui uma rea de repulso populacional, que, desde o fim d

    sculo XIX, gera migrantes que se encaminham para as demais regies. Mas

    durante vrios sculos (XVI, XVII e XVIII), esse complexo regional abrigou

    grande maioria da populao do Brasil - Colnia e, at 1763, a capital poltico

    administrativa na cidade de Salvador.

    A idia que fazemos do Nordeste, como uma grande regio diferenciada n

    espao brasileiro recente, do incio do sculo XX. Nos perodos anteriores havi

    vrios Nordestes, reas muito diferentes e com economias regionai

    relativamente isoladas umas das outras: a regio aucareira da Zona da Mata

    centralizada em Recife e Olinda; o serto pecurio, servindo como complement

    da Zona da Mata, a regio do Maranho e arredores, onde houve at um

    administrao colonial diferente; e a rea hoje correspondente ao Cear e a

    Piau, que, durante sculos, manteve poucas ligaes com o restante d

    Nordeste.

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    Quando se fala em misria, em pobreza absoluta, em insuficincia alimentar,

    pensa-se logo na regio Nordeste. Mas isso apenas meia verdade. Todos esse

    problemas sociais so encontrados tambm nas demais regies brasileiras,

    embora no Nordeste eles sejam mais acentuados. O nvel de vida da populaonordestina em geral muito baixo. Alm disso, existe uma classe dominante -

    uma pequena minoria da populao que concentra em suas mos parte

    considervel das riquezas regionais, o que faz com que um grande nmero de

    nordestinos, migre a cada ano, para as demais regies do pas, em busca de

    melhores condies de vida.Dessa forma, o Nordeste, geralmente visto como uma regio problema, a rea

    decadente que necessita de ajuda governamental para desenvolver-se. Mas

    essa imagem nem sempre existiu; como vimos, ela foi criada no incio do sculo

    XX. Foi com o processo de integrao nacional, realizado a partir da

    industrializao do pas e sua concentrao em So Paulo, que o Nordestepassou a ser encarado como uma grande regio com traos em comum e

    individualizada no conjunto do Brasil. A industrializao brasileira, concentrada

    no centro-sul, coincidiu com a decadncia econmica das reas nordestinas, e

    o fluxo emigratrio da regio, que passou a ser fornecedora de mo-de-obra

    para as demais regies.

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    Contudo, essa imagem de regio problema, ou atrasada, no totalmente

    verdadeira. Existem de fato, inmeras reas nordestinas que esto entre as

    mais carentes do Brasil e, em mdia as condies de vida da sua populao taxas de mortalidade geral e infantil, ndices de escolarizao, nveis de

    rendimento, consumo de calorias por pessoas, etc. so um pouco mais

    baixas que aquelas que predominam nas demais regies, especialmente no

    centro-sul. Por outro lado, existem tambm no Nordeste algumas areas bem

    industrializadas ou com uma agricultura moderna: a regio ao redor deSalvador; o plo textil do Cear; as reas de cerrado oeste da Bahia,

    principalmente onde hoje se planta a soja; as reas de fruticultura irrigada no

    Vale do So Francisco, notadamente ao redor das cidades de Petrolina (PE) e

    Juazeiro (BA); etc.

    Assim, mesmo quando se reconhece o Nordeste brasileiro como uma grande

    regio com problemas ainda se pode perceber enormes disparidades

    econmicas e naturais entre diversas de suas reas o que, comumente,

    permite dividi-lo em quatro principais sub-regies: Zona da Mata, Serto,

    Agreste e Meio Norte.

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    Zona da MataA Zona da Mata a principal sub-regio nordestina: a mais povoada,

    a mais industrializada e a mais urbanizada. Compreende a rea litornea que

    vai do Rio Grande do Norte at a Bahia. Na direo leste-oeste, a Zona da Mata uma estreita faixa de terras que vai do litoral oriental at o Planalto da

    Borborema.

    O clima nessa rea tropical mido com temperaturas mdias

    mensais elevadas e chuvas abundantes, concentradas no outono-inverno, (de

    maro a junho). A vegetao original era a Mata Atlntica, quasecompletamente destruda.

    Durante os primeiros sculos de colonizao, essa foi a principal

    regio econmica, a mais densamente povoada do pas e a mais valorizada

    pelos colonizadores. Ainda hoje, a maioria da populao nordestina encontra-

    se nessa regio, que apresenta elevadas densidades demogrficas e na qualesto as principais metrpoles do nordeste Recife e Salvador.

    Apesar de a Zona da Mata ser a mais rica das sub-regies do

    Nordeste, nela se localizam os maiores problemas sociais da regio

    provavelmente por ser a sub-regio mais povoada e com os maiores centros

    urbanos.

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    Nas grandes cidades, so comuns as habitaes precrias, como asinvases de Salvador, os mocambos de Recife, os cortios e as moradiasantigas, que hoje esto em runas. muito grande o nmero desubempregados e mendigos. No meio rural, os salrios so baixssimosmuitas vezes inferiores ao mnimo, e o trabalho extremamente cansativo eprolongado.

    Pode-se dividir a Zona da Mata nordestina em trs partes distintas:Zona da Mata aucareira, Recncavo Baiano e Sul da Bahia.

    Zona da Mata AucareiraA Zona da Mata aucareira vai do Rio Grande do Norte at parte norte

    da Bahia. Nessa rea, predominam as grandes propriedades agrcolas oslatifndios -, que comumente praticam a monocultura aucareira. O cultivo dacana-de-acar, voltado fabricao do acar para exportao, praticado adesde a poca colonial.

    O cultivo da cana foi a primeira atividade econmica realmenteimportante do pas. Depois do apogeu, que durou do sculo XVI ao XVIII, amonocultura aucareira da Zona da Mata entrou em decadncia a partir dosculo XIX, isso se deve a grande produo de acar em outras partes dopas, especialmente em So Paulo, e tambm a grande oferta do produto nomercado internacional.

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    Recncavo BaianoA rea situada ao redor da cidade de Salvador, o Recncavo Baiano

    destaca-se pela extrao do petrleo e pelas indstrias, especialmente as

    petroqumicas j tendo produzido cerca de 80% do petrleo nacional.Atualmente, em virtude de descobertas e exploraes feitas em outras reas

    (principalmente na Bacia de Campos RJ) o Recncavo contribui com cerca

    de 35% do total produzido no pas. Ocorreu a uma razovel industrializao

    nos anos de 1970 e 1980 com indstrias petroqumicas, mecnicas,

    qumicas e at automobilsticas - , o que fez do Recncavo hoje a principalrea industrial do Nordeste. O Plo Petroqumico de Camaari, ao norte de

    Salvador, uma moderna rea industrial.

    Sul da Bahia ou Zona do Cacaurea com centro nas cidades de Ilhus e Itabuna, o Sul da Bahia

    voltado essencialmente para o cultivo do cacau, importante produto de

    exportao. Essa rea j foi bem mais rica no passado e sofreu um

    esvaziamento econmico nas ultimas dcadas por causa da queda do preo

    internacional do cacau, uma planta originria da floresta amaznica que se

    desenvolve melhor sombra de outras rvores maiores ( cultivo sombreado).

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    SertoO que mais caracteriza o Serto nordestino o clima semi-rido. Os

    rios do serto nordestino so em geral intermitentes, ou seja, secam

    completamente durante alguns meses do ano. A grande exceo o SoFrancisco, um rio perene, que corre continuamente, mesmo nos perodos deseca prolongada.

    A construo de audes ou represas em alguns rios intermitentestenta regularizar esses cursos fluviais, tornando-os permanentes por exemplo:o aude de Ors, o maior do Nordeste suas guas alimentam o rio Jaguaribe

    (CE), que nunca deixa de correr mesmo em pocas de seca.No interior do Serto encontram-se alguns locais mais midos, emencostas de serras ou em vales fluviais. So os brejos, as principais reasagrcolas dessa sub-regio onde se cultiva o milho, feijo e cana-de-acar.Em algumas reas, como no Vale do Cariri (CE), cultiva-se o algodo de fibralonga de alta qualidade, chamado serid.

    As secas, um fenmeno climtico peridico, constitui provavelmentea imagem que mais tem caracterizado o Nordeste em filmes, romances,canes, noticirios de imprensa. Mas essas imagens so, as vezes,exageradas e do origem a fantasias e mitos. comum, por exemplo,ouvirmos dizer que as secas constituem a principal causa dosubdesenvolvimento nordestino e do deslocamento de migrantes dessa regiopara So Paulo e Rio de Janeiro. Nada disso verdadeiro.

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    Com ou sem secas, o Nordeste ou pelo menos uma parte dele continuaria sendo a regio mais pobre do pas, pois essa pobreza tem causashistricas, e no climticas ou naturais. Ela se deve a decadncia das atividadestradicionais da regio, como a agroindstria aucareira e o cultivo de algodo,paralelamente a industrializao do sul do pas.

    Alm disso, as secas ocorrem somente no Serto onde vive umapequena parcela da populao nordestina. Na rea mais povoada e onde sesituam as principais metrpoles Zona da Mata -, no ocorrem secas. Aocontrrio, em certas ocasies, os ndices de pluviosidade chegam a ser bemelevadas, com enchentes peridicas em Recife, Macei e outras importantescidades da regio.

    A maioria dos nordestinos que deixam a sua regio em direo asmetrpoles do centro-sul no sai do Serto mas da Zona da Mata. Portanto, overdadeiro motivo dessa migrao no a seca, mas a estrutura fundiria. Huma extrema concentrao das propriedades agrrias no nordeste, ou seja, opequeno nmero de grandes proprietrios possui considervel parcela dos

    solos bons para a agricultura. por no terem terras para trabalhar que osnordestinos deixam sua prpria regio

    No entanto, sendo um fenmeno natural, a seca constitui umajustificativa bem mais simples e cmoda para a pobreza nordestina do que asrazes sociais. A prpria classe dominante local culpa a seca pela precriacondio de vida da maioria dos nordestino.

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    Por meio da intensa divulgao dos efeitos dramticos da seca pelosmeios de comunicao, certos grupos dominantes do nordeste polticos,fazendeiros e empresrios acabam conseguindo verbas e auxlio dogoverno.

    No entanto, eles se utilizam desses recursos muito mais para servir a seusinteresses particulares do que a populao pobre que sofre com a falta degua, os chamados flagelados da seca.

    Por exemplo, aproveitando-se da seca, alguns empresriosnordestinos deixam de pagar suas dvidas bancrias ou contraem novosemprstimos sob condies especiais, e certos fazendeiros constroem com

    dinheiro publico audes e estradas em suas terras particulares. A essasformas de tirar proveito das secas, chama-se Industria da Seca, que beneficiaapenas as pessoas poderosas, sem contribuir para resolver os terrveisproblemas da populao pobre.

    Nos ltimos anos algumas reas do Serto Nordestino conheceramum processo de modernizao, especialmente ao redor do Rio So

    Francisco, e da parte oeste da Bahia. No Vale do So Francisco, ondegrandes projetos de irrigao criaram uma agroindstria (produo de frutas,vinicultura, etc.), as cidades que mais se destacam so: Juazeiro (BA) ePetrolina (PE), na realidade interligadas, uma vez que esto em margensopostas do rio. E na parte oeste da Bahia onde existe o cerrado no lugar dacaatinga desenvolveu-se uma moderna agricultura de gros

    (principalmente soja), que se estende at o sul do Maranho e Piau.

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    AgresteO Agreste uma faixa de terras bastante estreita na direo leste-

    oeste e alongada na direo norte-sul, situada entre o Serto semi-rido (aoeste) e a Zona da Mata (a leste). uma rea de transio ente essas duassub-regies. Seu clima no to seco quanto o do Serto, nem to midoquanto o da Zona da Mata. Na sua poro oeste, geralmente, chove menos doque na parte leste. Sua vegetao, em alguns locais, assemelha-se mataAtlntica; em outros a caatinga.

    Na verdade, o Agreste uma rea relativamente alta (500 a 800 m).Corresponde regio do planalto da Borborema, com altitudes mais elevadas

    que as das demais sub-regies do Nordeste. Constitui uma espcie debarreira, impedindo a penetrao para o interior dos ventos midos que vmdo oceano Atlntico e perdem sua umidade nas chuvas frequentes queocorrem na parte oriental do Nordeste, na Zona da Mata e na poro leste doAgreste.

    Ao contrrio das demais sub-regies do Nordeste, onde predominam

    as grandes propriedades agrrias, no Agreste prevalecem as pequenaspropriedades, os minifndios. A, a atividade econmica mais importante aagricultura, desenvolvida na forma de policultura (cultivo de vrios produtos),aliada pecuria leiteira semi-intensiva. Os principais cultivos do Agresteso: algodo, caf e agave (planta da qual se extrai o sisal, fibra utilizada parafabricar tapetes, bolsas, cordas, etc.)

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    Existem no Agreste algumas importantes cidades comerciais, centrosurbanos com um intenso comrcio, que constitui sua principal atividadeeconmica. So as chamadas capitais regionais do Agreste, entre as quais sedestacam Campina Grande, na PB, Feira de Santana na BA, Caruaru e

    Garanhuns em Pernambuco.

    Meio-NorteO Meio-Norte, como o prprio nome diz, constitui uma rea de

    transio entre o Norte (Amaznia) e o Nordeste, especialmente o Serto.Apesar de todo o Maranho e todo o Piau tradicionalmente serem

    considerados Meio-Norte ou Nordeste ocidental, na verdade somente a reaque vai da bacia do rio Graja, a oeste, at a bacia do rio Parnaba, a leste,pode, de fato, ser considerada Meio-Norte, ou rea de transio entre o Sertosemi-rido e a Amaznia mida. A parte ocidental do Maranho amaznica,com um clima mais mido e matas equatoriais semelhantes florestaAmaznica. E a maior parte do Piau sertaneja, com clima semi-rido e

    vegetao de caatinga.Portanto, a rea situada entre o Serto e a Amaznia to somente

    uma faixa de terras que ocupa alguns vales fluviais: os rios Graja, Mearim eItapecuru, no Maranho, e o rio Parnaba, que serve de divisa entre oMaranho e o Piau.

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    Nessa faixa de terras encontra-se a mata dos Cocais, paisagemtpica do Meio-Norte. A zona dos Cocais, de fato, considerada umavegetao de transio entre a caatinga e a floresta amaznica. constitudapor palmeiras como a carnaba e, principalmente, o babau.

    A economia dessa sub-regio baseia-se no extrativismo vegetal e naagricultura.Do caule do babau se extrai o palmito, e de suas sementes um leo

    utilizado na fabricao de cosmticos e de aparelhos de alta preciso. Docaule da carnaba pode-se retirar uma cera, e de seu caroo extrado umleo. Tanto a cera quanto o leo da carnaba so utilizados na fabricao de

    ceras, velas, lubrificantes, etc.A agricultura do Meio-Norte tradicional, baseada no algodo, nacana-de-acar e no arroz. Mas existem algumas poucas reas que semodernizaram bastante nessa sub-regio, especialmente no Maranho. Cabedestacar, nesse aspecto, o complexo minerometalurgico interligado aoPrograma Grande Carajs, que traz minrios da serra dos Carajs para seremexportados pelo porto de Itaqui, ao redor da qual se criaram usinas de ferro-gusa e de alumnio.

    A principal cidade So Lus, capital do Maranho, com edifciosantigos que simbolizam um passado rico e um presente em decadncia. Naverdade, o Meio-Norte j teve o seu perodo de esplendor econmico nosculo XVIII e parte do sculo XIX, quando o cultivo e a exportao dealgodo lhe renderam vultuosos recursos financeiros que a foram

    parcialmente investidos.

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    Agora responda:

    O grande nmero de cidades litorneas com belas

    .............................. contribui para o desenvolvimento do turismo.

    Muitos investem na construo de parques aquticos, complexoshoteleiros e plos de .............................. Esse crescimento, no

    entanto, favorece a especulao imobiliria, que em muitos casos

    ameaam a preservao de importantes.

    A cultura nordestina um atrativo parte para o turista. Em

    cada estado, h ................... e hbitos seculares preservados. As

    rendas de bilro e a ........................ so as formas mais tradicionais de

    artesanato da regio. As ................................... em Caruaru (PE) e

    Campina Grande (PB) so as mais populares do pas. O nordeste a

    regio brasileira que abriga o maior nmero de Patrimnios Culturaisda Humanidade, ttulo concedido pela ............................. Alguns

    exemplos so as cidades de Olinda (PE), So Luis (MA) e o centro

    histrico do ............................ em Salvador (BA).

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    H ainda o Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piau,

    um dos mais importantes .............................. do pas.

    O ............................. compreende a faixa de transio entre o serto

    semi-rido do Nordeste e a regio amaznica. Apresenta clima midoe vegetao exuberante, medida que avana-se para o oeste.

    A ................................ estende-se do estado do Rio Grande do

    Norte ao sul da Bahia, numa faixa litornea de at 200 quilmetros de

    largura. O clima tropical mido, com chuvas mais freqentes nooutono e inverno. O solo frtil e a vegetao natural a

    ..............................., j praticamente extinta.

    O ................................. uma extenso de rea de clima semi-

    rido Nessa sub-regio, os terrenos mais frteis so ocupado por

    minifndios, onde predominam as culturas de subsistncia e a

    pecuria leiteira.

    O ............................. uma extensa rea de clima semi-rido

    que chega at o litoral, nos estados do Rio Grande do Norte e do

    Cear.

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    As atividades agrcolas sofrem grande limitao, pois os solos

    so rasos e pedregosos e as ...................... escassas e mal distribudas.

    O carnaval continua sendo o evento que mais atrai turistas,especialmente em Salvador, Olinda e Recife. Cada uma dessas cidades

    chega a receber um milho de turistas nessa poca. Outro grande

    destaque a nvel nacional e mundial o ............................ de Fernando

    de Noronha, com suas maravilhosas paisagens naturais e marcristalino, local que abriga os golfinhos saltadores, conhecidos em

    todo mundo.

    A vegetao tpica a ......................... O rio So Francisco a

    nica fonte de gua perene.