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A CONSTRUÇÃO DO DISCURSO ARGUMENTATIVO NO GÊNERO ARTIGO
DE OPINIÃO PRODUZIDO POR ALUNOS FINALISTAS DA OLIMPÍADA DE
LÍNGUA PORTUGUESA
Priscila Soares CAXILÉ
Universidade Federal do Ceará (UFC)
RESUMO
Para a presente pesquisa objetivamos: a) analisar como se constrói o discurso argumentativo no
gênero artigo de opinião produzido por participantes da Olimpíada de Língua Portuguesa, ano
2012; b) identificar as marcas do discurso argumentativo nesses textos; c) examinar as relações
entre os argumentos e os posicionamentos discursivos apresentados pelos candidatos; d) analisar
os aspectos socioculturais presentes nos artigos de opinião. Tratou-se, metodologicamente, de
um estudo descritivo- explicativo, cujo corpus foi coletado no sítio da Olimpíada de Língua
Portuguesa e constitui-se de 15 artigos de opinião, sendo três de cada região do Brasil, que
falam sobre o tema “O lugar onde vivo”. Para análise desse corpus utilizamos os pressupostos
teóricos ducrotianos da Teoria da Argumentação na Língua- TAL (1983), mais especificamente
a segunda fase desta teoria, a Teoria dos Topoi (1984), pois segundo a TAL a argumentação se
dá nas escolhas linguísticas, ou seja, há na língua certas imposições que regem a apresentação
dos enunciados e as conclusões a que eles conduzem. Analisamos os aspectos discursivos e
argumentativos dos artigos de opinião, momento em que verificamos o desenvolvimento do
tema e a construção de sentido nos textos. Por fim, os aspectos socioculturais. A análise dos
dados nos permitiu concluir que o sentido dos textos é estabelecido por enunciados-argumentos
que direcionam para enunciados-conclusão, ou seja, os candidatos se utilizam de princípios
gerais, os topoi, para proporcionar a passagem do argumento para a conclusão. Ao final, ao
analisarmos os aspectos socioculturais concluímos que o locutor, enquanto morador do lugar
sobre o qual ele escreve, assume um papel socialmente situado o que contribui para que ele
relate sobre a situação do lugar onde ele vive, produzindo desta forma atos de fala com força
ilocucionária, com a qual o locutor consegue influenciar no modo de pensar do interlocutor,
convencendo-o sobre os argumentos utilizados nos artigos de opinião.
Palavras-chave: Argumentação; Artigo de Opinião; Olimpíada de Língua Portuguesa.
1 INTRODUÇÃO
A argumentação é algo que se encontra presente diariamente em nossas vidas,
e este foi um dos principais motivos que nos levou a escrever mais um trabalho sobre o
tema. Em textos escritos ou orais a argumentação é o limiar para se defender um ponto
de vista, vender algo ou expressar desejos.
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Desta forma, observamos que alguns estudos já analisaram textos por
diferentes perspectivas teóricas sobre a argumentação, que vão desde a Retórica
aristotélica até a mais Nova Retórica, assim chamada por seu fundador Chaïm
Perelman.
Tais estudos sobre a argumentação têm ganhado bastante relevância,
principalmente, com os teóricos como Oswald Ducrot, Patrick Charaudeau, Chaïm
Perelman e Olbrechets-Tyteca. Dentre várias pesquisas já realizadas sobre a
argumentação, este trabalho terá como escopo analisar como se constrói a argumentação
em textos dos candidatos finalistas da Olimpíada de Língua Portuguesa, doravante OLP,
ano 2012, sob o enfoque da Teoria da Argumentação na Língua (TAL), desenvolvida
pelos linguistas franceses Jean-Claude Anscombre e Oswald Ducrot que, diferentemente
do que pregam os estudiosos da Retórica de que a argumentação estaria na organização
do discurso e na escolha dos enunciados, considera que a argumentação se dá pelas
escolhas linguísticas, ou seja, a argumentação é concebida como parte constituinte da
língua, e encontra-se marcada nas escolhas linguísticas do falante. Há, na língua,
portanto, certas imposições que regem a apresentação dos enunciados e as conclusões a
que eles conduzem. (CABRAL, 2010)
Para a presente pesquisa nos propomos analisar como se constrói o discurso
argumentativo em dez textos produzidos pelos candidatos finalistas da Olimpíada de
Língua Portuguesa 2012, sendo dois textos de cada região do Brasil: Norte, Nordeste,
Centro- Oeste, Sudeste e Sul, com base na Teoria da Argumentação da Língua, mais
especificamente com foco na segunda fase, a Teoria dos Topoi. Utilizaremos em nossa
pesquisa os textos referentes ao gênero Artigo de opinião, que foram produzidos por
estudantes do 2º e 3º anos do Ensino Médio.
Os problemas que instigam esta pesquisa são: Como se constrói o discurso
argumentativo dos candidatos finalistas da Olimpíada de Língua Portuguesa 2012?
Como são estabelecidas as relações entre os argumentos e os posicionamentos
discursivos apresentados pelos candidatos finalistas da Olimpíada de Língua Portuguesa
2012? De que forma os aspectos socioculturais estarão presentes nos textos produzidos
pelos candidatos finalistas da Olimpíada de Língua Portuguesa 2012? Quanto às
hipóteses desencadeadas em nossa pesquisa chegamos a uma hipótese básica: a) Através
da organização do discurso argumentativo, tentamos exercer influência sobre nossos
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interlocutores e também por meio das escolhas linguísticas que fazemos ao construir
esse discurso; e duas secundárias: b) Na perspectiva da Teoria dos Topoi1, de Ducrot, as
relações entre os argumentos e os posicionamentos apresentados em textos
argumentativos são estabelecidas através de expressões argumentativas, que se
fundamentam em princípios gerais, topos, os quais orientam para uma conclusão e/ou
posição; c) Os aspectos socioculturais, presentes nos textos dos candidatos finalistas da
Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro 2012, são possíveis de serem
analisados a partir dos atos de fala de seus produtores, principalmente, do ato
ilocucional.
2 TEORIA DA ARGUMENTAÇÃO NA LÍNGUA- TAL
A Teoria da Argumentação na Língua teve várias transformações ao longo de
sua existência. Desde seu surgimento, em 1983, com Oswald Ducrot e Jean Claude
Anscombre, em sua primeira fase Standard, em que a argumentação irá se desvencilhar
de uma concepção tradicional e Ducrot assume um posicionamento mais radical, no
qual afirma que a língua em si assume instruções que possibilitam um processo
argumentativo de um argumento a uma conclusão.
Em seguida, esta teoria sofre algumas reformulações e Ducrot e seus
colaboradores acrescentam capítulos à obra “L’ Argumentation dans la langue”
surgindo assim a segunda fase da TAL, a Teoria dos Topoi, na qual acrescentam a
noção de topos e de polifonia. E por fim, a última e atual fase da TAL, a Teoria dos
Blocos Semânticos.
Dissertaremos, brevemente, sobre as três fases nas subseções a seguir,
ressaltando que nosso estudo baseia-se na segunda fase, a Teoria dos Topoi.
2.1 A FASE STANDARD
1 Segundo Ducrot e Anscombre (1988), topos seria os encadeamentos que levam do argumento
(A) à conclusão (C), ou seja, A apresenta um segmento que justifica C. Destarte, estes
encadeamentos põem em evidência um terceiro elemento que garante a passagem de A a C ,
este terceiro elemento seria o Topos.
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Na primeira fase da TAL, a fase Standard, há uma reformulação teórica sobre a
argumentação, pois até então na concepção clássica os encadeamentos argumentativos
eram do tipo A.......} C, ou seja, o enunciado-argumento A deve exprimir um certo fato
F, sendo que este fato é uma representação da realidade que pode vir a ser verdadeira ou
falsa, mas que deve sustentar a argumentação, assim, a partir de F que se faz a
argumentação num sentido de um enunciado-conclusão C. Desta forma, o movimento
de A enunciado-argumentativo a C enunciado-conclusão é sustentado por um terceiro
elemento F fato externo à língua, sendo a origem dos encadeamentos argumentativos
meramente factual.
Vejamos um exemplo conforme a concepção tradicional de argumentação,
segundo Ducrot (1989, p. 17-18):
a- Pedro trabalhou pouco.
b- Pedro trabalhou um pouco.
Se a argumentação é sustentada por um fato F, representado pelo conteúdo
factual comunicado, temos que os enunciados (a) e (b) expressam uma quantidade
considerável de “trabalho”, na significação da frase. Logo, se o a é verdadeiro, o b
também o é.
Ducrot, defendendo sua teoria de que a língua é essencialmente argumentativa,
discorda desta concepção tradicional que um fato (F) seja suficiente para a inferência de
uma conclusão (C), pois o mesmo fato (F), em diversas línguas, num mesmo contexto,
pode gerar diferentes conclusões. Desta forma, percebemos que é retirado o F (fato), e
que em um encadeamento argumentativo enunciado-argumentativo (A) e enunciado-
conclusão (C), A orienta para uma conclusão C, logo as escolhas linguísticas que seriam
os fatores que orientariam para uma conclusão. Sendo assim, nos enunciados (a) e (b) a
inserção dos elementos “pouco” e “um pouco”, mesmo representando o mesmo fato,
parecem promover um orientação argumentativa diferente. Portanto, a argumentação
está na própria língua, não sendo necessário recorrer a elementos extralinguísticos.
A argumentação é entendida nesta primeira fase, como um resultado da relação
entre os segmentos enunciado-argumentativo A e enunciado-conclusão C, que
compõem um encadeamento argumentativo, sendo que estes dois segmentos são ligados
por operadores de frases, que constituem o ato de argumentar, logo, esta fase observa as
instruções contidas nestes operadores argumentativos.
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2.2 A FASE DA TEORIA DOS TOPOI- TT
Em 1984, Ducrot e seus colaboradores realizaram a reformulação da Fase
Standard da TAL, baseando-se na observação de que a alteração dos operadores
argumentativos não fazia com que a classe das conclusões fosse diferente.
Exemplifiquemos nos enunciados a seguir de Ducrot (1988, p. 42-94):
(7) São quase oito horas.
(8) São apenas oito horas.
(9) São oito horas.
Comparando os dois primeiros enunciados (7) e (8), que possuem operadores
argumentativos, com o (9), que não possui, de acordo com a Fase Standard da TAL,
deveríamos ter conclusões diferentes. Se encadearmos uma conclusão ao enunciado (7)
como “é tarde”; e uma ao enunciado (8) “é cedo”, observaremos que é possível
encadearmos ao enunciado (9) as mesmas conclusões que demos ao (7) e ao (8). Logo,
esta evidência fez Ducrot e seus colaboradores perceberem que há uma restrição quanto
à força dos operadores argumentativos. Desta forma, observaram que as conclusões
possíveis não dependem somente destes operadores, mas dependem muito mais da
intenção do locutor e do contexto do enunciado.
Sobre este problema na Fase Standard Ducrot (1989, p. 21) diz “O problema
geral é que as possibilidades de argumentação não dependem somente dos enunciados
tomados por argumentos e conclusões, mas também dos princípios dos quais se serve
para colocá-los em relação”.
Esta fase continua com o encadeamento argumentativo A.......} C, composto
por um enunciado-argumentativo A e um enunciado-conclusão C, porém a
argumentação passa a ser analisada nessas expressões que compõem estes segmentos
semânticos, enunciado A que justifica uma certa conclusão C, não mais por operadores
argumentativos, mas por um princípio argumentativo, topos.
Para reformular e resolver os problemas da Fase Standard da TAL Ducrot
acrescenta duas noções: a noção de topos e a noção de polifonia. O teórico sob uma
concepção estruturalista da linguagem propõe um estruturalismo do discurso, levanta a
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hipótese de que a polifonia pode ser encontrada não apenas na análise do texto todo,
mas na análise de enunciados isolados.
Segundo o teórico é através da relação locutor/enunciador, na qual o locutor
toma um posicionamento diante dos diferentes pontos de vista colocados em cena pelos
enunciadores, que surge o sentido do enunciado.
Esses posicionamentos são apresentados por Ducrot (1988, p.66/67), e
Barbisan (2002) fez uma leitura destes.
De acordo com Barbisan (2002), há quatro posicionamentos possíveis de
serem assumidos pelo locutor:
1- aquela em que o locutor se identifica com um dos enunciadores, tentando
impor um ponto de vista, como é o caso da asserção;
2- aquela em que o locutor o aprova, indicando que está de acordo com o
enunciador, mesmo se seu enunciado não tem como objetivo admitir esse
ponto de vista, como é o caso da pressuposição;
3- aquela em que há oposição entre locutor e enunciadores, como no humor,
quando o locutor rechaça o ponto de vista absurdo, sem apresentar outro
ponto de vista corrigindo o primeiro;
4- aquela em que há identificação de um enunciador com uma pessoa, como
se vê na ironia.
Como já foi dito, outra noção foi acrescentada por Ducrot a teoria, topos. Para
Ducrot e Anscombre (1988, p. 216- 233) “os encadeamentos dos segmentos A e C, em
que A apresenta um segmento que justifica C, uma conclusão, diz que estes
encadeamentos põem em jogo um terceiro termo que garante, que autoriza a passagem
de A a C. O Topos é este terceiro elemento que garante a passagem de A a C”.
Na Teoria dos Topoi o enunciado-argumentativo oferecerá conteúdo semântico
que servirá para justificar a conclusão C e também uma orientação para se chegar a ela,
esta orientação é fundamentada pelo princípio argumentativo chamado topos.
Vejamos o exemplo de Ducrot (1989, p. 23):
O tempo está bom (E). Vamos passear (C).
O conteúdo semântico E “o tempo está bom”, dito por um locutor numa
situação particular de enunciação, deve orientar para uma determinada conclusão. Esta
orientação é justificada pela ideia consensual, pelo menos numa determinada
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comunidade social, de que “o calor torna o passeio agradável”. É esta ideia, subjacente
ao processo enunciativo que permite a conclusão C, a partir da enunciação de E.
Ducrot (1980) define, ainda, a gradação dos topoi, ou seja, o topos contido no
enunciado coloca em relação à escala do tempo bom e a escala do prazer, quanto melhor
o tempo, mais prazeroso o passeio.
Os operadores argumentativos indicam a direção dos enunciados para uma
conclusão ou mais de uma, os enunciados que orientam para uma mesma conclusão,
Ducrot (1989) os designou de classe argumentativa.
Percebemos que nesta segunda fase da TAL, Teoria dos Topoi, a argumentação
se constrói a partir das noções de polifonia e de topos. O locutor do enunciado coloca
em cena os enunciadores, concordando ou não com eles, mas centrando a argumentação
em um ponto de vista, ou topoi.
Na última fase, que discorreremos na subseção seguinte, Ducrot juntamente
com Marion Carel propõem uma revisão da noção de topos e reformulam a teoria
chegando à terceira fase: a Teoria dos Blocos Semânticos.
2.3 A FASE DA TEORIA DOS BLOCOS SEMÂNTICOS- TBS
Marion Carel e Oswald Ducrot, em 1995, desenvolvem a Teoria da
Argumentação na Língua em mais uma fase, a Teoria dos Blocos Semânticos-TBS,
nesta fase a argumentação é definida como um encadeamento de dois segmentos de
discurso, eventualmente ligados por um conector. Desse ponto de vista, a argumentação
pode ser normativa ou transgressiva.
Segundo Cabral (2010, p. 118) argumentação normativa “é a argumentação
cujos segmentos que a compõem mantêm entre si a mesma interdependência semântica
que os segmentos ligados por logo”, e argumentação transgressiva “é a argumentação
cujos segmentos que a compõem mantêm entre si a mesma interdependência semântica
que os segmentos ligados por no entanto”.
São exemplos de segmentos normativos:
(3) João é competente, logo conseguirá o emprego.
(3 a) João é competente, então conseguirá o emprego.
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(3b) João conseguirá o emprego, pois é competente.
São exemplos de segmentos transgressivos:
(4) João é competente, no entanto não conseguirá o emprego.
(4 a) João é competente, entretanto não conseguirá emprego.
(4b) Embora João seja competente, não conseguirá emprego.
(4 c) Mesmo que João seja competente, não conseguirá o emprego.
Carel (2001) classificou como “aspecto” um conjunto de encadeamento que
realizam a mesma relação, sendo X lg Y, quando é normativo, e X ne Y, se
transgressivo. O aspecto diz respeito à relação estabelecida entre X e Y.
Nesta teoria, bloco semântico se constitui pelo ponto de vista que têm os
aspectos normativos e os transgressivos.
Os autores postulam a existência de dois tipos de argumentação no
encadeamento argumentativo, a externa e a interna.
Para diferenciar ambas as argumentações Ducrot (2002, p. 9-10) diz que:
Chamar-se-á argumentação externa (AE) de uma entidade a pluralidade dos
aspectos constitutivos de seu sentido na língua, e que estão ligados a ela de
modo externo. [...] Como AE, a AI é feita de aspectos, mas como se trata de
uma espécie de reformulação, é feita de aspectos cuja entidade, desta vez, não
é ela mesma um segmento.
Tomemos como exemplo o enunciado “João é prudente”, este pode ser
parafraseado por “Se há perigo, João toma precauções”. A entidade que origina o
encadeamento argumentativo é “prudente” que não faz parte do encadeamento,
realizada pelo aspecto “perigo”, portanto precauções. Logo, a principal diferença entre
a AE e a AI é que nesta a entidade não faz parte do aspecto; enquanto que naquela faz.
3 OS ATOS DE FALA PRESENTES NOS ARTIGOS DE OPINIÃO DA OLP
Os atos de fala são feitos tão somente pelas palavras em si. Bazerman (2005)
comenta que os fatos sociais dependem inteiramente de atos de fala, se certas
formulações verbais foram corretas e apropriadamente feitas.
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Segundo a Teoria dos Atos de Fala, estes estão presentes em todo enunciado,
mesmo que este esteja apenas declarando um certo estado de coisas como verdadeiro.
Logo, todo enunciado incorpora “atos de fala”.
Os teóricos Austin e Searle demonstraram que os atos de fala se operam em
três níveis: o ato locucionário, é literalmente, o que é dito, como por exemplo, “Está
pegando fogo”, um enunciado que relata um estado de coisas.
Esse enunciado poderia ter sido utilizado com a intenção de dizer que algo está
sendo queimado ou mesmo que o clima está muito quente. Minhas palavras são dotadas
de uma força ilocucionária específica que eu acredito ser reconhecida pelos outros em
função da situação imediata e do modo como eu expressei este enunciado, logo o ato
que eu pretendo que meu ouvinte reconheça é o ato ilocucionário.
Contudo, meus ouvintes podem considerar algo completamente diferente sobre
o enunciado que pronunciei fazendo outras asserções sobre, ou seja, as reações deles
levam em consideração o que eles pensaram sobre o que eu estava fazendo e não,
necessariamente, sobre o que eu pensei que estava fazendo, ou mesmo o que eu disse
literalmente.
Portanto, a maneira como as pessoas recebem os atos e determinam as
consequências deste ato para futuras interações é chamado de efeito perlocucionário.
Estes três níveis dos atos de fala, também, são aplicáveis em textos escritos e
os utilizaremos para cumprirmos o que nos propomos em nosso terceiro objetivo, deste
trabalho.
4 METODOLOGIA
O corpus foi coletado da internet, no sítio da Olimpíada de Língua Portuguesa
<https://www.escrevendoofuturo.org.br>, logo sendo de domínio público.
Vale ressaltar que o universo do nosso corpus é a Olimpíada de Língua
Portuguesa que tem caráter bienal e, em anos pares, realiza um concurso de produção de
textos que premia as melhores produções de alunos de escolas públicas, municipais e
estaduais, de todo o país.
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Utilizamos como corpus para nossa pesquisa a última edição da Olimpíada de
Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro, ano 2012, analisando os textos produzidos
pelos candidatos finalistas da OLP. Mais, especificamente, o gênero artigo de opinião
produzido por estudantes do 2ºe 3º anos do Ensino Médio.
Fizemos um recorte do corpus por se tratar de uma quantidade grande de
textos, optamos por selecionar dez textos entre esses trinta e oito artigos de opinião que
compõem o universo do corpus, sendo dois de cada região do Brasil. Utilizamos para
identificar os textos durante análise de dados a seguinte codificação: N01, N02 (Região
Norte); NE01, NE02 (Região Nordeste); CO01, CO02 (Região Centro Oeste); SE01,
SE02 (Região Sudeste); e S01, S02 (Região Sul).
Inicialmente, procuramos identificar, como categoria da primeira hipótese, a
organização do discurso argumentativo e as escolhas linguísticas feitas pelos candidatos
ao construírem seus textos. Em seguida, nos detemos a analisar o que concerne à
categoria da segunda hipótese, as relações entre os argumentos e os posicionamentos
discursivos apresentados nesses textos argumentativos pautando-se na segunda fase da
Teoria da Argumentação na Língua (TAL), Teoria dos Topoi, nesta procuramos
identificar nos textos as relações estabelecidas através de expressões argumentativas,
que se fundamentam em princípios gerais, topos, os quais orientam para uma conclusão
e/ou posição presentes nos textos produzidos pelos candidatos. Para identificar tais
relações utilizamos das noções de Classe Argumentativa e Escala Argumentativa
propostas por Ducrot (1980).
Por fim, como última hipótese, examinamos como estão presentes os aspectos
socioculturais no corpus. Observamos os aspectos socioculturais a partir da identidade
cultural e do papel social que o locutor assume em seu texto para impor seu ponto de
vista, e ainda da Teoria dos Atos de Fala, analisamos os enunciados em que se
encontravam uma maior força ilocucionária, ou seja, aqueles em que o locutor mais
pretende que seu interlocutor reconheça o que ele enuncia.
5 ANÁLISE E RESULTADOS
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Tendo em vista os objetivos aos quais nos propusemos investigar em nossa
pesquisa, temos como principal: analisar como se constrói o discurso argumentativo nos
textos produzidos pelos candidatos da OLP. E como específicos: identificar e analisar as
marcas do discurso argumentativo nos textos produzidos pelos candidatos finalistas da
OLP; examinar as relações entre os argumentos e os posicionamentos discursivos
apresentados pelos candidatos finalistas da OLP; e analisar os aspectos socioculturais
presentes nos textos produzidos pelos candidatos finalistas da OLP.
Devido às delimitações de espaço, iremos expor em nossa seção de análise,
apenas um artigo de nosso corpus.
5.1 AS MARCAS DO DISCURSO ARGUMENTATIVO
Primeiramente, iniciaremos vendo as marcas do discurso argumentativo através
dos enunciados-argumento (A) que direcionam para um enunciado-conclusão (C).
Assim, o conteúdo semântico contido em (A) servirá de justificativa para a conclusão
(C), além de oferecer um direcionamento para essa conclusão (C), está fundamentada
em um princípio geral, que conforme Ducrot é chamado topos.
Ressaltamos que iremos utilizar para análise dos textos as noções de Classe
Argumentativa (CA) e Escala Argumentativa (EA) que são propostas por Oswald
Ducrot (1980) em sua Teoria dos Topoi para analisarmos os enunciados- argumento (A)
e o enunciado- conclusão (C) que se mostram no decorrer dos textos, pois estes
colaboram para a construção do discurso argumentativo dos artigos de opinião.
Por uma questão de espaço, exporemos, neste artigo, a análise de um dos
artigos que compõem nosso corpus, o artigo de opinião da região Norte (N01),
intitulado, O Haiti é aqui, questiona a situação em que se encontra o estado do Acre
após a vinda de haitianos para o lugar. O candidato faz a seguinte pergunta a qual dá
margem a toda discussão do texto “Deve o Acre continuar dedicando esforços para
acolher os haitianos, sendo ainda um Estado em desenvolvimento?”.
Após isso, são mostrados enunciados-argumentos (A) que direcionam para o
enunciado- conclusão (C) que é proposto pelo locutor, que são:
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(1.1) “...a presença de haitianos em nosso território representa a chance de
demonstrar ao restante do Brasil toda a hospitalidade que é marca registrada de nosso
povo.”
(1.2) “Somos o único Estado da federação que lutou para ser brasileiro,
escrevendo com o sangue de “seringueiros revolucionários” uma das mais belas
páginas da história de nossa nação.”
(1.3) “Defendo veementemente que é função nossa, neste momento de
calamidade, prestar ajuda humanitária a quem dela necessita.”
Como enunciado- conclusão (C) temos:
(1.4) “penso que acolher os estrangeiros é a atitude mais coerente, porque
nós, acrianos, sabemos bem como é nos sentir 'estrangeiros em nossa própria nação’.”
Percebemos que os três enunciados (A) contém expressões argumentativas que
colaboram para a conclusão a que chega o locutor do texto “acolher os estrangeiros é a
atitude mais coerente” (C). Esta conclusão a que chega o locutor é construída através do
conteúdo semântico de (A) que é constituído por leis gerais que regem a sociedade, topos. A
primeira delas é de que quando chega alguém de fora devemos tratar com hospitalidade, pois
isto demonstra educação, o outro enunciado mostra a nacionalidade de um povo que diante de
outra nação se torna um povo mais unido e por fim a que devemos prestar ajuda aquele(s) que
necessita(m).
No enunciado (1.1) “a hospitalidade que é marca registrada de nosso povo” há a
presença de, no mínimo, dois enunciadores. Vejamos:
Enunciador 1: O povo acriano é hospitaleiro, logo é um povo generoso.
Enunciador 2: O povo acriano não é hospitaleiro, logo não é generoso.
Desta forma, observamos que o locutor ao assumir que “a hospitalidade que é
marca registrada de nosso povo”, ele assume o ponto de vista do enunciador 1, tentando
impor o seu ponto de vista, pois conclui que “acolher os estrangeiros é a atitude mais
coerente”. Assim, tem-se uma asserção, pois o locutor compartilha com o ponto de vista de
um dos enunciadores. Portanto, a conclusão a que chega o locutor constitui-se de um princípio
interno a língua e está ligado ao ponto de vista que ele assume, para a TAL, este princípio
designa-se o topos.
A partir disto, observamos que o locutor expõe mais de um argumento para chegar ao
enunciado-conclusão (C). Assim, conforme Ducrot (1980), em sua Teoria dos Topoi, há a
elaboração de uma Classe Argumentativa (CA). Vejamos:
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Conclusão (C): “penso que acolher os estrangeiros é a atitude mais coerente.”
Argumento 1: “representa a chance de demonstrar ao restante do Brasil toda a
hospitalidade que é marca registrada de nosso povo.”
Argumento 2: “Somos o único Estado da federação que lutou para ser
brasileiro...”
Argumento 3: “ prestar ajuda humanitária a quem dela necessita.”
Os três argumentos utilizados pelo locutor direcionam para uma mesma
conclusão, a de que se devem acolher os estrangeiros haitianos que chegaram ao Acre.
Ducrot (1980) ainda propõe a noção de Escala Argumentativa (EA), na qual os
enunciados possuem uma força argumentativa, logo os argumentos de uma classe
argumentativa se posicionam gradualmente em relação a sua força. Destarte, a gradualidade é
determinada pelo locutor no momento da enunciação. De posse dessa noção, Ducrot afirma
que:
Um enunciador, quando argumenta (...) faz duas coisas. Em primeiro lugar,
escolhe o topos e, em segundo lugar, situa o estado de coisas de que fala em
um certo ponto da escala antecedente do topos. Este segundo ponto significa
que o enunciador dá certo grau de argumentatividade, fraco ou forte, ao seu
argumento. (Ducrot, 1988, 109)
Isto é, a argumentação não é mais o conjunto das conclusões possíveis para uma
frase, mas tem a ver com os topoi escolhidos.
A partir desta noção de Escala Argumentativa (EA), e ainda utilizando dos
argumentos do texto (N01), vejamos:
Conclusão (C): “penso que acolher os estrangeiros é a atitude mais coerente.”
Argumento 1: “representa a chance de demonstrar ao restante do Brasil toda a
hospitalidade que é marca registrada de nosso povo.”
Argumento 2: “Somos o único Estado da federação que lutou para ser
brasileiro...”
Argumento 3: “ prestar ajuda humanitária a quem dela necessita.”
Na Escala Argumentativa (EA), para esta conclusão, teríamos:
+ Argumento mais forte
Arg. 3
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Arg. 2
Arg. 1
Percebemos que o argumento mais forte, Arg. 3, pressupõe os argumentos Arg. 1 e
Arg. 2. Assim, conforme a teoria ducrotiana, o argumento mais forte pressupõe os mais
fracos. Logo, o locutor pressupõe que o fato de os acrianos se mostrarem um povo
hospitaleiro e nacionalista, por terem lutado para que seu território fizesse parte do Brasil,
contribui para que também sejam humanitários diante daqueles que necessitam de ajuda.
5.2 OS ASPECTOS SOCIOCULTURAIS NO ARTIGO DE OPINIÃO
De acordo com Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004), cada ensino de gênero precisa
de um ensino adaptado, pois possuem características distintas, por isso devem ser agrupados
em função de determinadas regularidades linguísticas. O gênero em questão pertence à ordem
do argumentar, pois compete ao autor uma posição/sustentação diante de um assunto
polêmico. Além disto, busca várias vozes para dar mais solidez ao ponto de vista que é
defendido.
Desta forma, o locutor busca assumir uma posição dentre os vários enunciadores que
aparecem no discurso, como já foi visto, anteriormente. Assim, analisando os artigos
percebemos identidades culturais que são assumidas pelos locutores dos textos, vejamos:
No texto (N01) “Para nós, acrianos, a presença de haitianos em nosso território
representa a chance de demonstrar ao restante do Brasil toda a hospitalidade que é marca
registrada...”, “porque nós, acrianos, sabemos bem como é nos sentir “estrangeiros em
nossa própria nação”. É percebida uma identidade cultural, o locutor se identifica como
sendo um indivíduo acriano que compartilha de um sentimento que é pertencente a todo o
povo daquele estado.
Percebemos que a posição tomada pelos locutores nos artigos de opinião sobre o
tema “O lugar onde vivo” só se torna ainda mais coerente por causa da identidade cultural e
do papel social que assumem como cidadãos dos lugares onde vivem e acima de tudo
pertencentes de fato aqueles lugares, aspectos que contribuem ainda mais para a convicção
que utilizam ao relatar as situações de suas regiões em seus artigos de opinião. Além de se
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utilizarem de fatos que corroboram para seus argumentos, o que dá uma maior concretude aos
seus pontos de vista.
5.3 OS ATOS DE FALA PRESENTES NO ARTIGO DE OPINIÃO
Ao analisarmos os seguintes enunciados do artigo de opinião (N01), percebemos que
nos enunciados destacados há a presença de um ponto de vista do locutor que tenta se impor
através de atos de fala ilocucionários com a intenção de que seu interlocutor tome
conhecimento sobre a situação que o aflige na região em que vive.
(N01) “Defendo veementemente que é função nossa, neste momento de
calamidade, prestar ajuda humanitária a quem dela necessita”.
(N01) “Alguns acrianos acreditam que o dinheiro deveria ter sido aplicado em
infraestrutura nos bairros rio-branquenses”.
Observamos que todos estes enunciados são regidos por uma força ilocucionária,
pois como o locutor assume um papel socialmente situado, e isto contribui para que ele relate
sobre o “o lugar onde vive”, desta forma ele consegue influenciar no modo de pensar do seu
interlocutor, convencendo-o assim de seus argumentos. Logo, a força ilocucionária é de obter
a aceitação do ato proposicional.
6 CONCLUSÃO
A argumentação é algo que se faz presente na maioria dos nossos textos, sejam eles
orais ou escritos. Acreditando nisto percebemos o quanto é necessário compreender como se
dá a construção desse discurso argumentativo. A partir desta motivação que dirigiu a nossa
pesquisa, concluímos que o estudo do texto argumentativo é de extrema relevância para o
currículo escolar, já que, frequentemente, o aluno é colocado diante de situações que exigem
que seu discurso argumentativo seja praticado seja na tomada de posicionamentos sobre
ideias, ou até mesmo de situações comuns do cotidiano, como a venda de algo.
Destarte, acreditamos que a presença de textos do mundo do argumentar são as
ferramentas essenciais para um dos objetivos que são propostos pelos Parâmetros Curriculares
Nacionais- PCN, que é de o aluno ser um cidadão ativo em seu meio social.
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De acordo com (Ducrot 1980) consideramos que a argumentação estaria na
organização do discurso e na escolha dos enunciados, logo ela se dá pelas escolhas
linguísticas, ou seja, a argumentação é concebida como parte constituinte da língua, e
encontra-se marcada nas escolhas linguísticas do falante. Além disso, há certas imposições, na
língua, que regem a apresentação dos enunciados e as conclusões a que eles conduzem.
Baseando-se nestes pressupostos de que são as relações estabelecidas entre os
enunciados-argumentos e o enunciados-conclusão que constituem a construção de sentidos no
texto, observamos que a argumentação é descrita a partir dos enunciadores e não dos
enunciados, ou seja, ela se dá partir de um topos escolhido pelo locutor que autoriza o grau de
argumentatividade, fraco ou forte, que dará ao seu argumento.
Assim, percebemos a presença de enunciadores que denunciam uma situação
problemática que assola o local onde eles vivem e que assumem um posicionamento para
convencer seus interlocutores do ponto de vista que estão assumindo.
Deste modo, ratificamos nossa hipótese de que as relações entre os argumentos e os
posicionamentos apresentados em textos argumentativos são estabelecidas através de
expressões argumentativas, que se fundamentam em princípios gerais, topos, os quais
orientam para uma conclusão e/ou posição.
Em relação ao último objetivo que é o de analisar os aspectos socioculturais
presentes nos textos produzidos pelos candidatos finalistas da Olimpíada de Língua
Portuguesa, analisamos a identidade cultural e o papel assumido pelos locutores nos artigos de
opinião.
Verificamos que os candidatos assumem uma identidade cultural ao se colocarem
como pertencentes aquele lugar, logo tendo conhecimento suficiente para relatar sobre o
problema que discute em seu texto. Identificamos, também, o papel social que alguns
produtores assumem, como o de cidadão local, de estudante de alguma escola citada no texto.
Estes papéis sociais os tornam ainda mais situados socialmente dentro daquele contexto sobre
o qual escrevem, o que contribui ainda mais para que ele relate sobre a situação/problemática
que vivenciam.
Nos textos analisados, também, se fazem presentes atos de fala ilocucionários que
contribuem para a construção do discurso argumentativo, já que os candidatos posicionam-se
de forma que seus enunciados promovam em seu interlocutor um reconhecimento sobre o que
eles dizem, colaborando para convencê-lo de seus argumentos apresentados nos artigos de
opinião.
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O que propusemos em nossa pesquisa foi analisar como se constrói o discurso
argumentativo em uma amostra de dez textos, que por uma questão de espaço, não foi
possível expormos toda análise aqui, artigos de opinião produzidos por candidatos finalistas
da Olimpíada de Língua Portuguesa, ano 2012, tendo por base a teoria ducrotiana- TAL. Ao
finalizarmos este trabalho, acreditamos que ele servirá como contribuição para os estudos
sobre a produção textual com gêneros textuais argumentativos.
REFERÊNCIAS
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Alegre, p. 161-180, 2002.
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Judith Chambliss Hoffnagel (Org.). Tradução e adaptação Judith Chambliss Hoffnagel. 3 ed..
São Paulo: Cortez, 2005.
CABRAL, Ana Lúcia Tinoco. A força das palavras: dizer e argumentar. São Paulo: Contexto, 2010.
CAREL, Marion. Trop: argumentation interne, argumentation externe et positive. In: ANSCOMBRE,
Jean- Claude (org.). Théorie des Topoi, Paris: Kimé, 1995.
CAREL, Marion. O que é argumentar? Revista de Retórica y Argumentación. Ano 1, n. 1, p. 75-80,
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sentido na linguagem. Campinas, SP: Pontes, p. 13-38, 1989.
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